Festas Judaicas 1
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Festas Judaicas 1
INTRODUÇÃO
Todas as sociedades existentes na face da terra, de alguma forma, apresentam influências de outras civilizações, em
relação ao seus usos e costumes. É notório que existem essas influências. A negação delas é uma contra-informação na educação. E não
existe, para os cristãos, influência maior do que a que é exercida pelo Judaísmo. Ela esta presente em todas as sociedades cristãs.
Estudaremos um pouco mais sobre essas influências.
Depois de preparar a terra, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e com ele teve comunhão durante algum
tempo. Tais fatos marcaram definitivamente o ser humano, o qual, depois de haver pecado, passou a ter uma espécie de saudade de seu
estado original e do seu criador. Tal vazio interior levou o homem a buscar a Deus. Essa busca deu origem a diversas religiões, que, apesar de
divergentes em muitos aspectos, possuíam várias características em comum. Por quê ? Porque a espécie humana é uma só ; teve a mesma
origem; tem os mesmos anseios e a mesma atração por Deus. Além disso, muitas práticas e conceitos foram transmitidos pela tradição oral. A
religião não pode, por si mesma, chegar a Deus. Ademais, Satanás tem enganado o homem, apresentando outras trilhas, por onde se
enveredaram muitas religiões e outras surgiram.
A primeira religião foi monoteísta. Os primeiros homens, conhecedores de sua origem, buscaram o verdadeiro Deus. Com
o passar do tempo, o pecado foi afastando a humanidade para mais longe do criador. Lembremo-nos de que Caim, mesmo depois de matar
seu irmão, ainda conversava com Deus. Qual foi sua decisão então ? Fugir da presença do Senhor. (Gn.4:8-14). Isso retrata bem o rumo da
humanidade. Depois da confusão das línguas, em Babel, os homens se espalharam por toda a face da terra. Muitos povos se formaram. Sua
organização era, inicialmente, tribal. Nesse contexto, diversas religiões surgiram. Todas essas religiões primitivas preservaram diversos
conceitos verdadeiros sobre Deus e diversas práticas de importância espiritual autêntica.
A expressão “religiões primitivas” refere-se às que surgiram na pré-história, ou seja, antes da invenção da escrita. Às que
apareceram depois, denominamos “religiões antigas”, conforme terminologia utilizada em uma de nossas fontes bibliográficas.
O que afirmamos sobre as religiões primitivas procede, principalmente, de informações fornecidas pela arqueologia. Em
casos duvidosos, os dados foram confrontados com práticas religiosas de vários povos que, ainda hoje, vivem em estado primitivo em diversas
partes do mundo. Por exemplo :
- Na Austrália : os aborígenes.
Esses povos vivem em sociedades primitivas, onde predomina o patriarcado; onde o povo vive da caça, da pesca, do
plantio ou do pastoreio; onde a estrutura da sociedade é a mais simples possível; onde não há contato com o resto do mundo e onde não
chegou a influência das descobertas científicas e tecnológicas.
As características desses povos atestam seu estado primitivo quanto às condições econômicas, sociais e religiosas.
Outra fonte de informações são escritos antigos contendo narrativas sobre períodos anteriores à invenção da escrita.
As religiões primitivas foram se desenvolvendo e se tornando cada vez mais diferentes umas das outras. Alguns povos
conservaram uma idéia sobre Deus bem próxima da original. Criam em um Ser Supremo, que havia criado o homem e morava no céu.
Algumas dessas religiões foram se corrompendo. Passaram a adorar o sol, a lua e outros astros. Entre os que viviam da caça, surgiu a
adoração aos animais. A crença na imortalidade da alma era comum a todos esses povos. Daí, alguns caíram no extremo de invocar e adorar
os mortos. Em alguns casos, a crença no Ser Supremo foi abandonada e passou-se a valorizar os objetos, as palavras e os gestos sagrados,
como se tudo isso tivesse um poder residente. Assim, surgiu a magia. Entre outros casos, passou-se a crer em vários “seres supremos”, cada
um responsável por um fenômeno da natureza. Como diz Romanos 1:21-23 : “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como
Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios,
tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes e de
répteis.”
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É importante observarmos que, entre as religiões que mantiveram a crença no Ser Supremo, algumas o chamavam de pai,
ou nosso pai. Outras o chamavam criador. A maioria não lhe associava a qualquer figura. Algumas ensinavam que ele era semelhante a um
homem idoso com longa barba branca.
- Comia-se carne dos sacrifícios acreditando que esse ato criaria um vínculo de parentesco entre o praticante e o Ser
Supremo ( ou deuses).
- Havia rituais de comunhão, nos quais o novato tinha seu nome trocado.
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- Cria-se no renascimento do animal a partir dos seus ossos. Por isso, não os quebravam.
- Em alguns rituais de iniciação, havia um banho sagrado, que era considerado início de uma nova vida.
Certamente, essas manifestações não se deram, todas, no meio de um só povo e na mesma época. O que temos acima é
uma seleção de crenças e rituais praticados por diversos grupos primitivos dentro de um período de tempo que não podemos delimitar com
precisão, mas que se situa, aproximadamente, entre 4000 e 3000 a.C.. Tais práticas ocorreram em diversos lugares do mundo. Entretanto, as
informações mais numerosas se referem aos povos da Mesopotâmia. Na elaboração do presente trabalho, selecionamos, preferencialmente,
as práticas que interessavam ao nosso objetivo. Outros tantos rituais existiram, mas que se distanciam do nosso enfoque. Os historiadores têm
acesso a todas essas informações, mas muitos deles fazem uma interpretação diferente de tudo o que dissemos. Nossa visão se desenvolve
sobre os pressupostos da fé em Deus e da veracidade da Bíblia.
Para localizarmos as origens judaicas, é bom mencionarmos que o tempo dos povos primitivos é dividido nos seguintes
períodos :
Cultura primordial - A sobrevivência se baseava na coleta de plantas e na caça. Já havia o clã, que era formado por
famílias monogâmicas sem organização política.
Cultura primária - Surge o cultivo de plantas, a horticultura. A caça já é mais especializada. Inicia-se o pastoreio de
animais. É a cultura dos pastores que nasce. Nela, se destaca o valor da numerosa família patriarcal e o nomadismo.
Cultura secundária - A horticultura se desenvolve para o cultivo de cereais. Para isso, as comunidades rurais vão se
fixando em determinados lugares. A caça e o pastoreio vão se desenvolvendo por outro lado. Os pastores passam a praticar grandes
migrações.
Pela fixação de moradias surgiram as cidades e posteriormente o comércio. Alguns povos cresceram muito, dando origem
às primeiras grandes civilizações.
A mais antiga civilização que se destacou pelo seu deseonvolvimento foi a dos sumérios. Em 3000 a.C., a Suméria já
possuía grandes cidades que estavam situadas na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates. Seu desenvolvimento em diversos setores foi
surpreendente em relação à sua época. Entre seus feitos notáveis destaca-se a invenção da escrita cuneiforme. Sua vida religiosa era intensa.
Em suas cidades havia grandes templos, chamados zigurates, nos quais encontravam-se sacerdotes e sacerdotisas. Havia
muitas pessoas ligadas ao serviço do templo. Entre outras coisas, se ocupavam com a arte religiosa, a música e os escritos. Estes incluíam
métodos de encantamento, descrição de rituais, lendas, lamentações e hinos. Os sumérios eram politeístas. Possuíam, aproximadamente,
3000 deuses, aos quais faziam-se sacrifícios de animais.
A religião suméria ensinava que os homens foram moldados pelos deuses a partir da argila, unicamente para serem seus
escravos.
Os templos possuíam terras e celeiros para o sustento dos sacerdotes e também dos órfãos e viúvas.
Pelo que estudamos até aqui, vemos que era imensa a herança religiosa que Abrão recebeu, ou seja, eram inúmeras as
influências que seriam herdadas, mais tarde, pelo judaísmo. Muito do que abordamos até aqui pode parecer ter sido extraído da Bíblia.
Normalmente, pensamos na Bíblia como fonte primária, mas, até essa altura da história, a Bíblia ainda não existia. Tendo em mente todas
essas informações, podemos compreender a ação de Abraão ao sacrificar um animal a Deus (Gn.22:13), ou a atitude de Jacó ao erigir uma
coluna em Betel (Gn.28:18). Não eram práticas inventadas por eles, mas influências herdadas. Se Deus aceitou, e algumas vezes até
prescreveu tais ações, isto significa que elas eram corretas e, provavelmente, surgiram nas relações de Deus com os povos primitivos.
Enquanto alguns desses povos degeneraram a religião verdadeira, outros ainda a praticavam. Em Gênesis 14, é citado Melquisedeque. Este
era sacerdote do Deus Altíssimo, recebeu os dízimos e ofereceu a Abraão pão e vinho. No contexto desta pesquisa, Melquisedeque já não nos
parece tão deslocado como no relato bíblico. Ele era rei e sacerdote de um povo que servia, ou havia servido, ao verdadeiro Deus.
Quase todas as crenças e rituais primitivos, citados acima, apareceram mais tarde na vida dos patriarcas ou no judaísmo,
devidamente ajustados e regulamentados pela lei mosaica. A lei tornou obrigatórias muitas daquelas práticas. Outras se firmaram pela tradição
e houve muitas que Deus proibiu que se fizessem. As proibições divinas tinham, entre outros, o objetivo de interromper o livre curso das
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influências. Por exemplo, foi proibida a fabricação e uso das imagens de esculturas. Se Deus não proibisse, o judaísmo teria incorporado essa
influência maligna.
À primeira vista, pode parecer espúrio o fato dos israelitas praticarem um rito religioso existente entre outros povos. Pode
parecer estranho e até duvidoso que Deus tenha ordenado que assim se fizesse. Essa impressão decorre da visão que temos dos povos do
passado. Vemos Israel como o povo de Deus e o resto do mundo como povos do Diabo. É verdade que Israel foi um povo escolhido para um
propósito especial. Entretanto, a própria Bíblia nos apresenta evidências das relações de Deus com outros povos. Daí surgiram rituais que só
mais tarde o judaísmo viria a praticar. Vejamos alguns textos bíblicos interessantes, entre os quais, referências a um período já avançado na
história de Israel :
- Como Israel foi liberto do Egito, Deus tirou também os filisteus de Caftor e os sírios de Quir. - Am.9:7.
- Os habitantes de Nínive jejuaram, cobriram-se de saco e cinza, e Deus perdoou os seus pecados. - Jn.3.
Tudo isso é bem coerente com o propósito divino da salvação. Seu objetivo sempre foi resgatar homens “de toda tribo,
língua, povo e nação”. (Ap.5:9). Israel foi escolhido para ser o agente de Deus entre as nações. Foi eleito, não para ser influenciado, mas para
influenciar, e levar a benção da promessa (Gn.12:3) a todas as famílias da terra.
INFLUÊNCIA EGÍPCIA
Já localizamos a origem de Abraão e as influências que vieram das religiões primitivas para o judaísmo. Vamos agora dar
um salto de alguns séculos na história. O início da religião de Israel se deu, “oficialmente”, no monte Sinai, quando Moisés recebeu os dez
mandamentos. O povo acabara de sair do Egito, onde esteve por 430 anos. Esse tempo deve ter sido suficiente para que os israelitas
absorvessem muitas características da religião egípcia. Os egípcios eram politeístas e muitos de seus deuses eram representados por
imagens de animais. Por exemplo, a deusa Hator era representada pela imagem de uma vaca. Logo ao pé do monte Sinai, vemos a
manifestação da influência egípcia : Aarão constrói um bezerro de ouro e diz : “Estes são teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do
Egito”. (Êx.32:1-5). Na seqüência, realizaram uma grande festa, o que era muito comum nos ritos sagrados das religiões primitivas e antigas.
No Egito, havia templos e sacerdotes, os quais tinham o hábito de se purificarem nas águas de uma lagoa sagrada. O acesso ao interior dos
templos era exclusivo aos sacerdotes. Havia também entre eles o sumo-sacerdote, que proferia orações diante da imagem do seu deus; se
prostrava e também queimava incenso. No judaísmo vieram a ser praticados rituais quase idênticos a esses.
Na saída do Egito, Deus deu ao povo os dez mandamentos. Daí em diante, viria a travessia do deserto. Durante esses
quarenta anos, Deus tratou com o povo a fim de desarraigar muitas influências egípcias que não poderiam caracterizar o povo de Deus. Por
esse tempo, o Senhor começou a previni-los acerca da influência dos povos que habitavam a terra prometida. Deus deu dois tipos de ordem,
pois ele sabia que Israel não cumpriria cabalmente a primeira. Deus mandou que os cananeus fossem totalmente destruídos. (Núm.33:50-56
Dt.7:1-6 ; 25-26). Sabendo que isto não aconteceria, o Senhor prescreveu uma série de proibições a fim de que o judaísmo não se maculasse
com as influências pagãs. (Dt.17:2-5 Dt.18: 9-14).
No caminho para Canaã, Israel passou pelos termos dos moabitas. A influência maligna foi fatal. Os israelitas participaram
dos sacrifícios idólatras e se prostituíram. Provavelmente, tal prostituição era parte do culto. (Núm.25:1-3). A reação de Deus foi matar vinte e
quatro mil israelitas. É assustador. Entretanto, se Deus não fizesse assim, Israel poderia querer incluir a prostituição em seus próprios rituais.
Apesar das proibições divinas, Israel se contaminou com as práticas religiosas de Canaã e das nações vizinhas. A seguir,
relacionamos algumas dessas ocorrências, que se deram desde os tempos dos juízes até o fim da monarquia :
Foram edificados altares em vários lugares, quando só deveria haver um altar para a nação. (II Rs.17:9 II Rs. 21:1-4
Dt.12:11-14)
Queimaram incenso em vários lugares, principalmente debaixo das árvores. (II Rs.17: 10- 11 Os.4:13).
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Praticaram a adoração a diversos deuses, principalmente a Baal. (II Rs.17:7,12,16 Os.4:17). Baal era a principal divindade
dos cananeus e fenícios. Sua figura estava relacionada ao sol. Seu culto incluía sacrifícios de crianças.
Os casamentos políticos dos reis favoreceram o aumento da idolatria. (I Rs.16:31). O pior exemplo foi o de Salomão, que
tomou mulheres moabitas, amonitas, iduméias, sidônias, hetéias, etc.. ( I Rs.11:1-9).
Todas essas práticas provocaram a ira de Deus. Em conseqüência, disso ele entregou Israel nas mãos da Assíria e Judá
foi levado para a Babilônia. (II Rs. 17:20-23).
No estudo do Antigo Testamento, deparamos com o profetismo em Israel e Judá. Este fenômeno inicia-se no tempo de
Samuel e estende-se até o período pós-exílico. Entretanto, serve bem ao nosso tema salientar que esse não foi um movimento exclusivamente
israelita. As descobertas arqueológicas testificam de que havia profetas entre outros povos e religiões. Até entre os sumérios eles já estavam
presentes.
Havia, inicialmente, dois tipos de profetas : o vidente e o nabi. O vidente era parte das comunidades nômades. Tinha
visões espirituais e transmitia suas mensagens por meio de versos poéticos. Balaão é um exemplo de vidente gentio. O nabi era o profeta
extático, que estava ligado a um santuário, um templo, ou uma corte real. Os reis possuíam, geralmente, um ajuntamento de profetas a seu
serviço. Todos esses traços do movimento profético se manifestaram em Israel (I Sm.9:9). O maior representante do profetismo javista foi
Elias. Nesse tempo, havia muitos profetas, que poderiam ser encontrados profetizando isoladamente ou em bandos.
INFLUÊNCIAS NA LITERATURA
Como vimos, os videntes de diversas religiões transmitiam suas mensagens em forma de versos. Tal prática se tornou
comum em Israel. Isto pode ser facilmente constatado nos livros proféticos do Velho Testamento.
A literatura religiosa judaica assimilou influências diversas. Poderíamos citar, por exemplo, o uso de parábolas e
lamentações. A própria literatura sapiencial era corrente entre outras nações. Os reis das nações antigas mantinham muitos sábios em suas
cortes. Eram os conselheiros reais. A sabedoria foi muito valorizada no Egito, na Arábia, na Fenícia, na Babilônia e em outras nações.
Entretanto, a literatura desses povos estava cheia de magia, superstição, idolatria e licenciosidade. Muitos escritos sapienciais da antigüidade
foram recuperados pela arqueologia. Eles tratavam de questões comuns da humanidade, tais como o sofrimento, a moral e a religião. Suas
conclusões, porém, eram desalentadoras. Os sábios gentios já se dedicavam a questionar o comportamento humano e compor provérbios.
Cabe destacar, entretanto, que tais escritos perdem na essência, quando comparados aos livros bíblicos poéticos, principalmente, aos
Provérbios de Salomão. Israel apresentou a melhor essência sapiencial, mas recebeu a influência quanto ao estilo literário.
INFLUÊNCIA DA ASSÍRIA
A Assíria se localizava `as margens do rio Tigre, em suas planícies férteis. Seu povo era de descendência semita. Eram
guerreiros extremamente ferozes e cruéis. Esse foi um dos impérios mais agressivos da antigüidade. Conquistava outras nações sob a
justificativa de uma missão divina. Sua principal divindade era Assur. Entre seus rituais estavam os sacrifícios de animais. Eram imolados
leões, cabritos, gazelas, avestruzes e até macacos. Os assírios acreditavam na existência de muitos deuses e também demônios, alguns dos
quais, supostamente, possuíam asas. A crença dos israelitas nos demônios parece ter se desenvolvido durante o cativeiro, por influência da
Assíria e/ou da Babilônia. O certo é que, antes, atribuíam todos os acontecimentos à ação de Deus.
Após levar cativos os habitantes do Reino do Norte, a Assíria assentou outra população em seu lugar. Tal medida criou o
ambiente propício para influenciar o remanescente israelita que havia permanecido em sua terra. O resultado foi um povo híbrido, os
samaritanos, que, pela carga de influência estrangeira, passaram a ser discriminados pelos judeus. (Jo.4:9).
INFLUÊNCIA DA BABILÔNIA
Semelhantemente às tribos do norte, também Judá se corrompeu com todas as influências dos cananeus e povos vizinhos.
Por esta causa, Deus os entregou nas mãos da Babilônia. (II Rs.17:19-20). Os babilônios eram politeístas e se dedicavam também à magia,
astrologia, adivinhações e encantamentos. Em sua religião, havia sacerdotes, os quais possuíam grande poder político. Esse fator parece ter
influenciado os judeus. Nos dias de Cristo, os sacerdotes judaicos se encontravam em proeminência política no meio do seu povo.
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Na Babilônia, os judeus aprenderam a dura lição de que não deviam assimilar toda e qualquer influência religiosa. No livro
de Daniel já podemos observar alguns judeus com personalidade religiosa mais forte e inflexível. Notamos o caso de Daniel, que manteve seus
hábitos de oração ao verdadeiro Deus, mesmo sob risco de vida. Seus três amigos, Sadraque, Mesaque e Abdenego, recusaram-se
terminantemente a adorar a estátua de Nabucodonozor. Tais atitudes possibilitaram momentos surpreendentes em que os judeus cativos
influenciaram os reis estrangeiros, os quais ordenaram que todos reconhecessem e adorassem o Deus verdadeiro. (Dn.2:47 ; 4:1-3 ,34-37 ;
6:25-28).
Estas foram experiências particulares, mas que exemplificam uma tendência do povo cativo. Após o retorno, os judeus se
mostraram definitivamente imunizados contra a influência politeísta. Durante o cativeiro, eles repensaram suas relações com Deus e seus
valores religiosos. Tais reflexões produziram o Talmude da Babilônia.
No cativeiro surgiram as sinagogas, que, até hoje, são, em todo o mundo, centros da cultura e da religião judaica.
INFLUÊNCIA DA PÉRSIA
Em 538 a.C. o império da Babilônia foi conquistado pela Pérsia. Essa nação praticava uma religião monoteísta, o
zoroastrismo, com características que nos parecem surpreendentes, como passamos a transcrever :
“Os soberanos persas - pelo menos Dario, e talvez Ciro e Câmbises - adotaram uma religião de Estado. todas as
conquistas eram realizadas em nome de um Ser Supremo, Ahuramazda, criador do céu e da terra. No obscuro passado persa, Ahuramazda
fora uma dentre várias divindades da natureza. Os rituais incluíam sacrifícios de animais, uma cerimônia do fogo e a ingestão de uma bebida
sagrada e alucinógena chamada haoma. Mas, em algum momento anterior a 600 a.C. , surgiu das estepes do nordeste da Pérsia um profeta
que iria revolucionar a religião daquele povo. Esse profeta era Zaratustra, ou Zoroastro, como os gregos o chamavam. Ahuramazda
manifestara-se a Zoroastro numa visão, revelando-se como a divindade suprema, onisciente e onipotente. Ele era o representante da luz e da
verdade, o criador de todas as coisas, a fonte de toda a virtude. Voltados contra ele estavam as potências das trevas, os anjos do mal e os
guardiães da mentira e da falsidade. O universo era visto como o campo de batalha em que essas forças opostas se digladiavam, tanto na
esfera das conquistas políticas quanto nas profundezas da alma humana. Mas, com o tempo, a luz voltaria a brilhar, dispersando a escuridão e
fazendo prevalecer a verdade. No dia do ajuste de contas, os abençoados alcançariam a salvação celestial, e todos os outros assariam nas
chamas do purgatório.
O conceito de um deus único e todo-poderoso não era inteiramente novo. Os egípcios haviam considerado essa idéia
durante o reinado de Aquenaton, e os judeus caminhavam nessa direção havia séculos. Mas Zoroastro deu ao monoteísmo um poderoso
impulso. E seu padrão ético - a luz contra as trevas, a verdade contra a falsidade - constituía uma inovação espiritual de enorme importância.
Num sentido imediato, essa visão pode ter sido um reflexo da animosidade entre um reformador visionário e um povo tradicionalista. Zoroastro
condenou o sacrifício de animais, por exemplo, e elevou o culto do fogo à eminência de símbolo de purificação e verdade. Mas foi no plano
ético que ele obteve seu verdadeiro triunfo, promovendo um modelo de comportamento virtuoso.
O zoroastrismo sofreu inúmeras modificações no decorrer dos séculos, e seu monoteísmo essencial acabou minado por
uma hierarquia cada vez maior de santos e demônios. Alguns de seus rituais pareceram excêntricos aos contemporâneos: a aparente
adoração do fogo, em elevadas torres ao ar livre; a ausência de templos e ídolos; uma veneração pela natureza tão difundida que os
zoroastristas ortodoxos abandonavam seus mortos nos topos das montanhas em vez de macularem a terra com um sepultamento. Mas a
essência abstrata do zoroastrismo afetou profundamente o pensamento religioso do Oriente Médio. Ela influenciou os escribas judeus que, na
Babilônia, estavam editando os antigos textos da lei mosaica, proporcionado-lhes novos conceitos de céu e inferno e inspirando-os com um
novo sentido de responsabilidade individual perante um Deus único e verdadeiro.
A crença numa vida celestial após a morte para os bons e nos tormentos infernais para os maus pode ter sido, em parte ,
responsável pela maneira esclarecida com que os soberanos persas tratavam as nações conquistadas.”
É impressionante a semelhança entre o zoroastrismo e o judaísmo em diversos pontos. Além da influência que os judeus
receberam no cativeiro, parece que outras tantas influências foram trocadas entre essas religiões. É difícil tirar uma conclusão. Algumas
perguntas não encontram respostas. Por exemplo : Teriam tido os persas uma experiência com o Deus verdadeiro ? Essa hipótese é
fascinante e não pode ser descartada. Principalmente, quando lembramos que o Deus de Israel se referiu ao rei Ciro como servo e ungido.
(Is.45:1). De qualquer modo, algumas características do zoroastrismo são biblicamente reprovadas.
Durante o domínio persa, os cativos judeus foram autorizados a retornar para sua terra.
INFLUÊNCIA DA GRÉCIA
Em 333 a.C., Alexandre, o Grande, conquistou a Pérsia. Nesse período, estava em franca ascensão o domínio grego sobre
o mundo conhecido da época.
Em 175 a.C. , o rei Antíoco IV construiu um ginásio em Jerusalém e ensinou os jovens judeus a praticar o atletismo. Além
disso, tirou os vasos do templo em Jerusalém e colocou nele a imagem de Zeus, seguindo uma prática que fora bem sucedida em todos os
outros domínios gregos. Antíoco resolveu estirpar a religião judaica, acabando com a circuncisão e com a observância das leis relativas aos
alimentos. A tudo isso o povo de Jerusalém se submeteu. Sacrificaram aos ídolos gregos e profanaram o sábado. Entretanto, fora da cidade,
os judeus resistiam obstinados. Esses fatos são narrados no primeiro livro dos Macabeus.
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Muitos servos de Deus fiéis, que resistiram a Antíoco Epifanes, foram por ele executados. Até então, os judeus esperavam
a recompensa divina em vida. Essas mortes de pessoas virtuosas fizeram com que fosse desenvolvida a fé na imortalidade e na ressurreição.
Apenas os saduceus resistiram a essas conclusões.
Além desses episódios, a influência grega sobre o judaísmo se deu mais através da cultura. A língua grega foi difundida
em todo o mundo. Até em Israel se falava grego.
Havia colônias judaicas em muitos lugares. Em Alexandria, no Egito, estava uma das principais e lá foi feita , em 270 a.C.,
a tradução do Antigo Testamento para o grego. Essa versão recebeu o nome de Septuaginta, sendo utilizada mais tarde por Jesus e seus
discípulos.
INFLUÊNCIA DE ROMA
Israel conseguiu se libertar do jugo da Grécia, mas logo foi conquistado pelos romanos. Estes, em seus primórdios,
praticaram uma espécie de culto da natureza. Depois, foram “adotando” deuses e práticas religiosas de outras nações, principalmente da
Grécia.
Como influência romana no judaísmo, podemos citar o templo que Herodes contruiu em Jerusalém. A construção era em
estilo helenístico, com pilares coríntios e com a imagem de uma águia sobre a entrada principal.
No ano 70 d.C. os judeus se rebelaram contra Roma, que revidou, invadindo Jerusalém e derrubando o templo.
O cristianismo é fruto do judaísmo. Cristo é um judeu. Tal influência é tão abrangente, que poderíamos dizer que herdamos
tudo o que o judaísmo tinha e passamos a selecionar o que seria utilizado ou não.
Do judaísmo recebemos o Antigo Testamento e , com ele, toda a nossa base religiosa. Cremos no mesmo Deus; cremos
no céu, no inferno, na existência das hostes celestiais, na recompensa para os justos e no castigo para os ímpios. Uma lista completa seria
bastante extensa.
Em alguns segmentos considerados, estatísticamente, cristãos, tais como os adventistas do sétimo dia, o vínculo com o
judaísmo se torna ainda mais evidente, pois tais igrejas procuram seguir , ainda hoje, alguns preceitos da lei mosaica, que nós, batistas, não
observamos.
Os padres católicos, por sua vez, usam vestes que nos lembram os sacerdotes bíblicos.
Muitas igrejas, inclusive batistas, mantêm a tradição de apresentar crianças recém-nascidas. Tal prática não é um preceito
cristão, mas está relacionada ao rito judaico da circuncisão. (Lc.2:21-58).
Enquanto algumas denominações guardam o sábado, outras guardam o domingo como dia do Senhor. Em ambos os
casos, está a influência do sábado judaico.
O Novo Testamento ensina que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas e que o templo de Deus somos
nós. Entretanto, existe, ainda hoje, uma forte valorização dos templos de concretos como se fossem sagrados. Muitos se referem a eles como
“Casa de Deus”. Os púlpitos ou altares são, às vezes, considerados lugares santos. Tais pensamentos são herança judaica. Alguns as
receberam “via catolicismo”.
A comemoração da páscoa é outra herança. Nós, como cristãos, não temos o dever de comemorá-la. A ceia do Senhor
absorveu os significados dessa festa e não tem data determinada para sua realização.
Há alguns grupos evangélicos que chegam a comemorar pentecoste e tabernáculos sem, contudo, seguir todos os ritos da
lei em relação a essas festas.
Muitas influências judaicas são necessárias e foram endossadas pelo Senhor Jesus (Mt.5). Outras, porém, são pesos
desnecessários e totalmente incompatíveis com a revelação da Nova Aliança. (At.15:28-29 Gl.5:3-4).
CONCLUSÃO
O judaísmo se ergueu sobre os fundamentos das religiões primitivas. No seu desenvolvimento, foram adotadas
características próprias de outros povos. Pode-se perguntar então : Onde está a originalidade ou a vantagem do judaísmo ? Está na eleição de
Abraão, na revelação que Deus fez de si mesmo a Israel, e nas alianças do Senhor com o seu povo.
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“Qual é logo a vantagem do judeu ? Ou qual a utilidade da circuncisão ? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente,
as palavras de Deus lhe foram confiadas.” (Rm.3:1-2).
A lei judaica brilha por suas características gerais, avançadas para a época. A legislação mosaica exaltou o que o mundo
antigo rebaixava; dogmatizou a questão da unidade de Deus; protegeu o estrangeiro, que outros povos consideravam inimigo; amparou o
pobre; dignificou a mulher; prescreveu a caridade; estabeleceu castigo para o homicídio e o furto; e moderou a escravidão.
Através dos mandamentos, o Senhor mostrou que a moral, a santidade, o amor, a justiça e a misericórdia são a essência
do seu caráter e os elementos mais importantes da verdadeira religião. Isto não viria por influência humana, mas somente através de uma
comunhão real com Deus, sem a qual, qualquer judeu ou cristão perde todo o seu valor. Sua religiosidade cai então ao nível de outra qualquer
que tem sido praticada pela humanidade em todos os tempos. Como disse o profeta Samuel, a rebelião é semelhante à feitiçaria e a iniquidade
é como a idolatria. (I Sm. 15:23).
A história de Israel serve-nos como advertência. Que tipo de influência temos recebido ? Estejamos vigilantes.
Examinemos todas as coisas, retendo somente o que for bom. (I Ts.5:21).
Sobretudo, precisamos cultivar nosso relacionamento com Deus. É a nossa aliança com ele que nos faz diferentes. Assim,
poderemos influenciar a muitos, levando-os a encontrar o caminho da salvação e da vida eterna.
JUDAÍSMO