Os Problemas de Fala

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OS PROBLEMAS DE FALA

Prof. Dr. Jaime Luiz Zorzi

O que são os problemas da fala?

Os problemas de fala podem ser caracterizados como toda e qualquer alteração que dificulte
ou impeça

a produção dos sons que compõem as palavras, os fonemas. As alterações mais graves dizem
respeito

a atrasos no desenvolvimento, ou seja, as crianças começam a falar muito tarde. Problemas


mais

simples e mais freqüentemente encontrados referem-se a trocas, omissões e distorções de


sons (uma

imprecisão na pronúncia do som).

Quando podemos dizer que uma criança tem problemas de fala?

A aprendizagem de todos os sons da língua pode levar, normalmente, até os 6 anos de idade.
O fonema

"r", como na palavra "barata", está entre um dos mais difíceis de serem aprendidos,
principalmente

quando está no que chamamos de grupos consonantais: pra, bra, tra, etc. Portanto, palavras
como

"parede" podem virar "paiede" , assim como "prato" pode estar sendo pronunciado como
"pato". Como

os sons são aprendidos progressivamente, afirmar que uma criança apresenta problemas
depende de

verificarmos se sua dificuldade é ou não esperada para sua faixa etária. Trocar palavras como
"bola" por

"pola", "dedo" por "teto", "gato" por "cato", podem estar caracterizando dificuldades de
pronúncia, mesmo

em crianças pequenas. O mesmo ocorre no caso de trocas como "janela" por "zanela" e
"chapéu" por

"sapéu".

Quais as causas dos problemas de fala?

Os problemas de fala podem ser acarretados por 3 grandes grupos de causas:


a. Problemas de natureza neurológica: áreas motoras do sistema nervoso podem estar lesadas,

dificultando a geração e transmissão de impulsos nervosos, acarretando prejuízos na


movimentação da

musculatura responsável pela produção dos sons da fala. Dificuldades deste tipo são comuns
em

crianças com lesões motoras, como na paralisia cerebral.

b. Problemas de natureza músculo - esqueletal: nestes casos, a fala estará prejudicada por

deformidades ou alterações nos órgãos responsáveis pela produção da fala, como é o caso da

musculatura facial, lingual, do palato e demais estruturas envolvidas. Podemos citar, como
exemplo, os

problemas decorrentes das fissuras labias e palatais.

c. Desvios fonológicos, que se caracterizam por alterações sem uma causa orgânica. Embora a
criança

possua uma integridade neurológica e das estruturas envolvidas na fala, existe como que uma

dificuldade específica para a pronúncia de alguns fonemas. Na maior parte das vezes, são
problemas

deste tipo que levam as crianças ao tratamento fonoaudiológico.

Qual o papel do ambiente nestes tipos de problemas?

Os atrasos de fala estão, como foi apontado, ligados a problemas de origem orgânica, como as
lesões

neurológicas ou de estruturas da fala, assim como a problemas específicos de produção de

determinados sons da fala. Principalmente neste último caso, o papel do ambiente é


importante. Muitas

vezes a criança pode estar sendo tratada de uma forma mais infantil e as dificuldades de fala
refletem

uma possível imaturidade.

O ambiente familiar pode influenciar, de fato, em alguns problemas de fala. Se tratamos uma
criança

como se ela fosse um bebê, provavelmente ela venha a se comportar como um bebê. E como é
a regra,

bebês falam errado. Se, ao invés de darmos padrões corretos de pronúncia das palavras,
ficamos
pronunciando-as de forma errada, como se fossemos crianças pequenas falando, este é o
modelo que

nossos filhos estarão recebendo e é ele que será tomado como referência. Por outro lado,
podemos

também estar exigindo acima das possibilidades da criança, ou seja, não estarmos aceitando
os

problemas que são normais em determinada idade acreditando que eles sejam, de fato,
grandes problemas. Este tipo de exigência ou de expectativa, a qual a criança não tem como
responder, pode

torná-la insegura em relação à sua fala, o que pode agravar ou dificultar ainda mais a
aprendizagem dos

sons. Pior ainda, a criança pode criar, de si mesma, uma imagem negativa de falante e passar a
evitar

situações de comunicação, a fim de não expor suas "dificuldades".

Se perguntarmos para nossos pais o que foi que eles fizeram para que aprendêssemos a falar,

certamente eles estranharão tal pergunta. Dirão que, embora não saibam como, nós
começamos a falar.

Pelo contrário, poderão até mesmo dizer que, muitas vezes, pediram para que parássemos de
falar.

Podemos dizer que, para a maioria das crianças, a idade média com que começam a falar é a
de 18

meses de idade, ou seja, um ano e meio. Algumas são mais apressadas, iniciam as primeiras
palavras

por volta de um ano, outras, um pouco mais lentas, por volta dos dois anos. Portanto, de 1 a 2
anos de

idade, é a variação de tempo em que se espera que as crianças comecem a falar as primeiras
palavras.

Se seu filho está nesta faixa de idade, a qualquer momento as primeiras palavras poderão
surgir. Porém,

se ao chegar aos dois anos de idade, ainda não estiver falando, convém procurar um
fonoaudiólogo para

uma avaliação de rotina. Mas não é necessário ficar esperando até os dois anos de idade para
se saber
se uma criança terá problemas em relação à fala. Observe se seu bebê gosta de brincar com
sons, como

se estivesse falando sozinho. Verifique se, apesar de não falar, ele é comunicativo ou não.
Bebês muito

silenciosos podem vir a apresentar dificuldades para se comunicar. De qualquer forma, sempre
que

houver uma dúvida, um fonoaudiólogo pode orientar apropriadamente a família. Orientações


para melhor

estimular o bebê, quando necessário, pode ser feita.

As causas podem ser congênitas?

Uma série de problemas congênitos pode vir a afetar o desenvolvimento da fala,


principalmente se

comprometerem o sistema nervoso central ou as partes do corpo que são utilizadas para a
fala, como é

o caso da musculatura da face ou da boca. Crianças com síndromes que prejudicam a parte
motora ou

mesmo o desenvolvimento da inteligência têm alta probabilidade de virem a apresentar


dificuldades

quanto à comunicação.

Qual o papel da audição?

Muita atenção deve ser dada à audição porque problemas deste tipo podem repercutir na
aprendizagem

da fala. Devemos lembrar que as palavras são faladas e que chegam até nós na forma de sons.
Por sua

vez, os sons são percebidos pelo ouvido. Portanto, se tivermos algum problema de audição,
não

estaremos recebendo os sons das palavras de uma forma adequada, o que significa que
também

estaremos produzindo os sons de uma forma errada, como eles são ouvidos. Há uma forte
relação entre

problemas auditivos e problemas de fala. É até mesmo recomendável uma avaliação auditiva
nas
crianças que têm problemas na fala. Recomendamos que, ao levarem seus filhos ao pediatra,
muita

atenção seja dada à audição.

Como os pais podem colaborar em um tratamento fonoaudiológico?

Muito freqüentemente, crianças podem necessitar de tratamento fonoaudiológico. Nestes


casos os pais

podem ajudar, o que não significa que serão técnicos da fala, como os fonoaudiólogos. Mais
importante,

muitas vezes, são as atitudes que devem ser tomadas e que facilitarão a aprendizagem por
parte da

criança. Embora cada tipo de problema possa demandar um tipo especial de orientação,
podemos dizer

que, de modo geral, existem alguma regras básicas. Se nossos filhos estão com problemas de
fala

infantilizada porque estamos oferecendo para eles padrões também infantilizados de


pronúncia, o papel

dos pais será o de fornecer modelos mais apropriados, de fala não alterada. Se os pais são
muito

exigentes e seus filhos estão com dificuldades para falar em função de tal nível de
expectativas, devem

se tornar mais compreensivos e tolerantes. Qualquer que seja a situação, a criança deve ser
incentivada

a falar e sentir que há um clima de expectativa saudável no sentido de que ela aprenda a
pronunciar as

palavras de uma forma correta. Elas podem ser corrigidas indiretamente, não havendo a
necessidade de

ficar treinando palavras. Se, por exemplo, uma criança diz para mim algo que não entendo,
basta dizer,

de modo natural, sem uma carga de ansiedade ou de ridicularização, "O que foi que você
disse? ". É

desta forma que nós agimos quando não entendemos o que alguém fala. Solicitamos
repetição. Caso a criança diga algo de forma errada, posso corrigi-la dando-lhe, de uma forma
indireta e bastante eficiente,
o modelo correto. Por exemplo ,se a criança diz "O caio da mamãe quebo" (O carro da mamãe
quebrou),

eu repetirei a mesma frase, mostrando, ao que compreendi o que ela queria dizer e, ao
mesmo tempo,

dando-lhe o padrão de pronúncia correta: "Puxa! O carro da mamãe quebrou?". Estas podem
ser formas

eficientes e naturais de se ajudar alguém que tem dificuldades.

É necessário que os pais façam exercícios em casa?

A maior parte dos problemas de fala não requer que a família faça exercícios em casa para que
sejam

solucionados. Mais importante são as atitudes dos pais frente à fala de seus filhos: incentivar
os filhos a

falarem, mesmo que seja de uma maneira errada; saber compreender que existe uma
dificuldade e que

ela requer algum tempo para ser superada; oferecer modelos apropriados de fala; criar uma
expectativa

no sentido de valorizar tudo o que a criança aprende, mesmo que seja de forma mais lenta, e
assim por

diante. Por outro lado, alguns problemas mais acentuados ou graves podem exigir uma
orientação

específica, como nos casos neurológicos, sindrômicos, ou outros que venham a dificultar a
produção da

fala e que podem ser beneficiados por exercícios ou procedimentos facilitadores. A prescrição
de tais

exercícios depende, obviamente, das características e dificuldades de cada criança, assim


como da

disponibilidade de cada família em levá-los adiante.

Existem difierenças entre meninos e meninas?

Embora não exista uma estatística precisa, observa-se, de uma forma geral, que os meninos
tendem a

apresentar mais dificuldades do que as meninas. Não sabemos ainda, com certeza, se as
meninas são
mais hábeis para falar ou se os meninos são mais exigidos pelos seus pais e, neste caso,
qualquer coisa

pode se tornar um problema. De qualquer forma, existem fatores como sexo e


hereditariedade que

podem ser determinantes da freqüência de tal tipo de problema.

Qual o melhor método de tratamento?

O tratamento ideal é aquele que procura compreender, da melhor forma possível, qual o tipo
de

problema a ser tratado, ou seja, quais as dificuldades específicas que a criança tem e também,
se

possível, suas causa. Um bom tratamento leva em conta o perfil comunicativo da criança, em
termos de

suas dificuldades e habilidades e deve ser traçado de acordo com suas necessidades e
possibilidades

de superação. Não há uma fórmula geral e generalizada que sirva para todas as crianças, uma
vez que

elas podem estar funcionando de formas diferentes. Portanto, o que é bom para algumas,
pode ser

totalmente ineficaz para outras. Em síntese, há necessidade de um ajuste entre a proposta e as

característica de cada criança.

Em caso de dúvidas quanto ao bom desenvolvimento da comunicação de seu filho, o

fonoaudiólogo é o profissional indicado para ouví-lo e orientá-lo.

Entrevistado

Jaime Luiz Zorzi

Fonoaudiólogo, Mestre em Distúrbios da Comunicação e Doutor em Educação

Diretor e professor do CEFAC – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica

Endereço

Rua Cayowaá, 664 – Perdizes – São Paulo

CEP – 05018-000

PABX 011 3765-1677 Fax- Ramal 222

e-mail: [email protected] home-page: www.cefac.br


Obs.: Entrevista concedida para publicação de matéria na Revista Âmbito Farmacêutico.

6. Orientação aos Professores:

Aprenda tudo o que puder sobre deficiência intelectual. Procure quem possa aconselhar
na busca de bibliografia adequada ou utilize bibliotecas, internet, etc.
Reconheça que o seu empenho pode fazer uma grande diferença na vida de um aluno
com deficiência ou sem deficiência. Procure saber quais são as potencialidades e
interesses do aluno e concentre todos os seus esforços no seu desenvolvimento.
Proporcione oportunidades de sucesso.
Participe ativamente na elaboração do Plano Individual de Ensino do aluno e Plano
Educativo.
Seja tão concreto quanto possível para tornar a aprendizagem vivenciada. Demonstre o
que pretende dizer. Não se limite a dar instruções verbais. Algumas instruções verbais
devem ser acompanhadas de uma imagem de suporte, desenhos, cartazes. Mas também
não se limite a apoiar as mensagens verbais com imagens. Sempre que necessário e
possível, proporcione ao aluno materiais e experiências práticas e oportunidade de
experimentar as coisas.
Divida as tarefas novas em passos pequenos. Demonstre como se realiza cada um desses
passos. Proporcione ajuda, na justa medida da necessidade do aluno. Não deixe que o
aluno abandone a tarefa numa situação de insucesso. Se for necessário, solicite ao aluno
que seja ele a ajudar o professor a resolver o problema. Partilhe com o aluno o prazer de
encontrar uma solução.
Acompanhe a realização de cada passo de uma tarefa com comentários imediatos e úteis
para o prosseguimento da atividade.
Desenvolva no aluno competências de vida diária, competências sociais e de exploração e
consciência do mundo envolvente. Incentive o aluno a participar em atividades de grupo e
nas organizações da escola.
Trabalhe com os pais para elaborar e levar a cabo um plano educativo que respeite as
necessidades do aluno. Partilhe regularmente informações sobre a situação do aluno na
escola e em casa.

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