Das Trevas para A Luz - Livro Novo - 02.03.2024

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Das Trevas da Torre de Vigia
Para a Luz de Cristo
Categoria: Testemunho

4ª. Edição, 1º. dezembro de 2023.


Revisada e Ampliada
Copyright © por IACS – Instituto Apologético Cristo Salva
& Pr. Fernando Galli

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Este livro não será vendido. É permitida a reprodução total desta obra, sem fins
lucrativos.

Galli, Fernando.

Das Trevas da Torre de Vigia Para a Luz de Cristo. Américo


Brasiliense, SP. IACS Produções: 2023.

Endereço: Rua José Paulo Abi Jaudi, 246, Américo Brasiliense, SP.
E-mail: [email protected]
Whatsapp: 016996371225

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SUMÁRIO

Dedicatória e Agradecimentos - 07

Prefácio - 09

Introdução - 11

Capítulo 1: Minha Fé Desde Pequeno - 13

Capítulo 2: Por Que Me Tornei Testemunha de Jeová - 25

Capítulo 3 – o Poder da Boa Argumentação - 41

Capítulo 4 – O Alimento Espiritual do Servo Fiel e Prudente


das Testemunhas de Jeová – 49

Capítulo 5 – Meus Primeiros Questionamentos – 79

Capítulo 6 – O Dia da Minha Santa Inquisição – 111

Capítulo 7 – Desprogramação e Conversão a Cristo – 117

Capítulo 8 – Como o Deus Triúno se Revelou a Mim – 129

Capítulo 9 – O Espírito Santo Me Guiou Às Verdades da Bíblia – 157

Capítulo 10 – Razões Para Você Jamais Ser Testemunha de Jeová - 181

Capítulo 11 – O Privilégio de Servir a Deus – 201

Bibliografia – 207

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"Não é forma de perseguição religiosa alguém dizer e mostrar que a religião de outrem é falsa.
Não é perseguição religiosa uma pessoa informada expor publicamente uma religião falsa,
permitindo assim que outros vejam a diferença entre a falsa religião e a verdadeira... é um
serviço público em vez de perseguição religiosa, tendo a ver com a vida eterna e com a
felicidade do povo."
— A Sentinela de 15 de maio de 1964, página 304, parágrafo 3.

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AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA

Quero agradecer a Deus, em primeiro lugar, pela minha vida e pela longa
caminhada até Cristo. Agradeço a meus pais, Therezinha e António, já com o
SENHOR.

Sou grato também:

Ao Professor Clóvis Barleta de Moraes, gênio em Língua Portuguesa, que


me inspirou a ensinar com amor e alegria;

À Minha esposa, Roberta. Não é fácil suportar um apologista tão


apaixonado pela fé outrora entregue aos santos. – Judas 3.

Ao pastor Josué Nunes de Lima, que me prefaciou este livro, e não pode
mais conversar comigo por enquanto, pois já está na glória.

Ao pastor Éber Cocareli, pessoa amável e amante da palavra de Deus


como poucos.

Ao advogado Roberto Gatti, com sua amizade abnegada e amor cristão


por todos nós aqui;

Meu Colaborador Gutemberg Albino do Nascimento

Dedico este livro aos seguintes heróis da fé:

Santo Atanásio, ferrenho lutador contra os satânicos arianos;

Santo Agostinho, filho de muitas orações, que saltou do ateísmo para a


fé cristã, lutando pela verdade.

Pr. Billy Gran, depois de Cristo, talvez o maior evangelista que já viveu.

John Edmund Haggai, que devotou toda sua vida no preparo de líderes
para edificação do corpo de Cristo.

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Pr. Fernando Galli

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PREFÁCIO

Caríssimo leitor:

O livro que compulsas é produto da sapiência espiritual do prezado amigo e


irmão na fé, Fernando Galli.

Por meio do bom Jesus que o salvou mediante persuasão do Espírito Santo,
nosso Fernando escapou da heresia russelita das falsas testemunhas de Jeová,
onde atual por quase 17 anos.

Como Davi, o nosso autor saltou um muro, vindo para o lado de cá, juntando-
se a nós, cooperadores de Deus, tornando-se autêntica testemunha de Jesus. –
Salmo 22:10.

Além de escrever muito bem, portam se abrem para proferir preleções em


muitas igrejas, alertando-as sobre os perigos dos venenos das seitas.

Com ele tenho investido tempo precioso em conversas e trocas de experiências,


analisando a situação presente do mundo religioso.

Heresias são perigos que ameaçam a vida dos crentes e das igrejas fiéis à sã
doutrina. – Hebreus 13:9.

Recomendo, pois, com efusão do Espírito, esta obra literário do servo do Divino
Mestre.

Abençoada leitura.

Josué Nunes de Lima (in Memoriam)


Ex-Pastor Presidente da Igreja Batista Jardim Brasil

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INTRODUÇÃO

Este livro trata da minha história de conversão a Cristo. Aborda desde minha
infância religiosa no catolicismo romano, e mostra os motivos pelos quais me
tornei membro da organização religiosa Testemunhas de Jeová, bem como os
da minha saída desta seita. Expõe a coragem que tive de questionar os ensinos
não cristãos da liderança mundial desta seita, o Corpo Governante. Narra com
bastante clareza os acontecimentos que me levaram a ser expulso, ou
desassociado, dessa organização, relata com fidelidade meus pecados
cometidos depois de minha saída, e finalmente conta como finalmente me
tornei uma testemunha de Jesus. – Atos 1:8.

Nas três primeiras edições, o livro se chamava Das Trevas Para a Luz. Mas
como este nome acabou sendo usado em outros títulos, achamos por bem fazer
uma pequena mudança. Das Trevas da Torre Para a Luz do Cristo agora é um
livro mais teológico do que as três edições anteriores, escritas logo no início de
minha conversão, no ano de 2004, 2005 e 2006. Trata-se de uma obra que,
através da minha história, poderá ajudar muitos, testemunhas de Jeová e ex-
adeptos, a conhecer o que a Bíblia diz sobre os ensinamentos desta
organização chefiada pelo Corpo Governante. E também ajudará, como o fez
nas três edições passadas, a muitas pessoas enganadas por essa liderança
mundial a se converterem a Cristo.

Quando era membro dessa seita, deixei muitos evangélicos confusos com
minhas argumentações não-cristãs. Eu tinha uma mente cheia de textos mal
interpretados por meus líderes mundiais, e crente em que o Deus da Bíblia os
usava como canal de comunicação entre Deus e os homens, com o apoio do
“espírito-santo-das-letras-minúsculas”, eu pregava de casa em casa muitas
supostas verdades que tempos depois vim a descobrir que eram verdadeiras
mentiras. Em nome de um “outro Jesus” (2 Coríntios 11:4), todos os meses,
por quase 17 anos, gastei em média 48 horas pregando um falso evangelho, de
um falso “jesus”, garoto de recados de um falso Jeová, não onisciente, não
onipresente, logo, não onipotente. Declarava com todo afinco que só a minha
religião era a verdadeira, e que todas as outras igrejas e religiões seriam
destruídas por ação divina, que seus súditos finalmente seriam destruídos para
sempre no Armagedom. Para mim, todas as igrejas e religiões faziam parte de
Babilônia, a Grande, o império mundial da religião falsa. Ai de mim se eu
ousasse a discordar do Corpo Governante e a ensinar algo contrário ao que o
“deus” dessa seita iluminava a liderança para que interpretasse as Escrituras e
colocasse as interpretações e comentários práticos em página impressa!

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No entanto, Deus não permitiu continuar enganado, No momento certo, ele, em
sua infinita graça e misericórdia, arrancou-me com força das garras satânicas
do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. Fui, de fato, arrancado
daquele império de sofismas e falcatruas exegéticas e hermenêuticas, de um
grupo religioso que até outubro de 2023, nas minhas contas, mudou 369 vezes
de ensinos!

Deus não apenas me arrancou de lá, mas me trouxe para Jesus Cristo, o meu
Senhor e meu Deus, o meu único e suficiente Salvador! (João 20:28; Atos 4:12)
Recebê-lo em meu coração aos 24 de novembro de 2002 foi a decisão mais
sábia que fiz na minha vida.

A história de minha conversão não é de fazer ninguém chorar de emoção, mas


certamente ela tem encorajado muitos a se libertarem dos fios do Corpo
Governante que controlam os braços, as pernas e a boca de muitos
sinceramente enganados.

É com muito prazer que escrevi meu testemunho sobre quem eu era, em que
acreditava, como fui liberto, e como tenho buscado servir ao verdadeiro Deus
Pai, Filho e Espírito Santo.

Minha história também serve de alerta para aqueles incautos que enveredam
por qualquer caminho reto diante de seus olhos, mas cujos fins são os
caminhos da morte. (Provérbios 14:12) Se nossa mente estiver vazia de
verdades, nosso grande inimigo da vida eterna – Satanás, o Diabo – facilmente
semeará desvios doutrinários em nossas mentes, e ao se tornarem férteis em
nós, darão origem a todo tipo de pecado doutrinário. Ou seja, às heresias de
perdição, que têm levado muitos para a perdição eterna.

Assim, apresento uma história que para a glória de Deus ajudou provavelmente
mais de 300 pessoas a abandonarem essa organização religiosa, e entre 30 a
40 pessoas a se converterem à fé cristã. Este livro, diga-se de passagem, não
foi escrito com a missão de fazer crítica pela crítica os ensinos do Corpo
Governante, mas se propõe a vacinar a Igreja contra as heresias tejoteanas, a
capacitar os irmãos da Igreja de Jesus – a união dos salvos em Cristo – no
evangelismo e discipulado de testemunhas de Jeová. – 1 Coríntios 9:19-23;
Romanos 1:16.

Por fim, desejo que Deus abençoe sua leitura, em nome de Jesus.

Pr. Fernando Galli

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Capítulo 1
MINHA FÉ DESDE PEQUENO

“Acorda! Você está atrasado! O padre já está indo para a igreja!” Essas foram
as palavras de minha mãe logo de manhã. Era 19 de novembro de 1979, e
meus pais, bem como meus avós, todos estavam muito ansiosos pela
celebração de minha primeira comunhão. O dia estava muito ensolarado – nem
sequer uma nuvem passageira. Para mim, um dia muito especial.

Minha família era muito católica, e eu não perdia uma missa. Sempre que
possível, participava dos teatros bíblicos. Minha tia Lourdes, que era minha
professora de catecismo, dirigia nossas apresentações. Lembro até hoje, com
alegria, de cada papel representado por mim, quer um simples soldado romano,
ou talvez um humilde pastor de ovelhas, sem fala alguma, sem importância, ou
um dos reis magos, ou quem sabe um dos discípulos de Jesus. Só não cheguei
a representar o papel de Jesus porque, com nove anos, eu não era nada
barbudo como o rapaz que sempre fazia esse personagem.

Na minha infância católica apostólica romana, eu também era um assíduo


participante das procissões em torno das ruas de Américo Brasiliense, Estado
de São Paulo. Todos os meses a igreja promovia uma ou duas. Das que eu
mais gostava eram aquelas dirigidas pelo Padre Lauro, um homem muito
amoroso com as crianças. Tudo em nome de Jesus e de Maria. Confesso que a
fé que possuía me motivava a trabalhar pelo catolicismo, e isso me destacava
em relação a meus colegas de catecismo. Tudo o que fazia por Cristo e Maria,
no catolicismo, era visando a minha salvação. Eu não perdia uma missa
noturna. Na cidade pequena onde morava, naqueles idos com apenas uns vinte
mil habitantes, às 18 horas era possível, de qualquer ponto da cidade, escutar o
sino da Igreja tocar. Era hora de me aprontar e de me preparar para a missa. E
havia dias ainda em que acordava antes do sol nascer para assistir à missa das
6 da manhã.

MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO

Antes de falar da celebração da minha primeira comunhão, gostaria de avisá-los


que em minha história vocês poderão se sentir à vontade em rir e chorar,
porque Deus me fez rir e chorar desde pequeno, para a glória dEle. Percorri
uma grande caminhada até Cristo. E quero deixar claro que desde pequeno eu
desenvolvi um zelo pela Bíblia muito profundo. Tanto é verdade que, aos oito
anos, corajosamente, eu gritei para dois rapazes que brigavam na saída da
escola: Parem de brigar! Por que vocês não vão ler a Bíblia?

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Mas voltemos ao dia da minha primeira comunhão. Após um delicioso café da
manhã, fui com meus pais para a igreja católica, que distava uns trezentos
metros da minha casa. Ao chegar na igreja, às 9 horas em ponto, minha tia
Lourdes me conduziu até os bancos da frente. Eu trajava uma calça preta e
uma camisa branca de manga comprida, e uma gravata borboleta. Eu estava
lindo. Meus pais, António e Therezinha, ficaram nos bancos de trás, orgulhosos
pelo evento, preocupados com minha postura corcunda. Quando olhava para
minha mãe, ela fazia com o seu corpo a postura que eu deveria ter, pois ela
sempre implicava com a “corcunda”. Na nossa cidade, dizíamos “corcova”.

No meio da missa, eu com a minha turma fomos para o fundo da igreja, de


onde sairíamos em fila para recebermos a primeira comunhão. Eu era um dos
últimos, e o que estava na minha frente chupava uns quatro ou cinco chicletes,
e ainda por cima fazia uma bola dentro da outra. Evidentemente, arrancaram-
lhe os chicletes com um pedido bem delicado: “Tira essa ‘nojeira’ da boca,
menino!” Toda a cerimônia me fez aumentar a fé que eu tinha num Deus que
eu vim a conhecer de uma forma mais pura, bíblica. Mal sabia como Deus me
usaria décadas depois para defender o evangelho de Cristo! Este Deus
preservou-me vivo para contar a você o modo maravilhoso como cheguei a
conhecer e a amar o meu Salvador, Jesus Cristo. Espero que minha história lhe
ajude de alguma forma a seguir o Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Mas talvez você se pergunte: “Por que ‘preservou-me vivo’?” Então, vou lhes
contar sobre algumas situações que passei, as quais poderiam ter me tirado a
vida, e estas páginas estariam em branco.

UM “LOMBRIGUENTO” SEMPRE SALVO POR UM TRIZ

Nasci aos 27 de dezembro de 1969. Quando era pequeno, sempre dizia ser
muito chato ter nascido nessa data, pois ganhava o mesmo presente para o
Natal, o meu aniversário e o Ano Novo. Mesmo assim, tinha uma sacola
enorme, cheia de presentes dados por meus pais, tios e amigos. A minha mãe
era muito caprichosa nas festas de aniversário, e eu tinha o maior prazer em
“ajudá-la” a preparar os docinhos que ficariam ao redor do bolo. É claro que eu
ajudava como degustador, se possível de todos eles. Eu era tão sincero e sínico
ao me oferecer para ajudar minha mãe, que as minhas melhores testemunhas
disso eram minhas lombrigas. Hoje, minha mãe Therezinha está com o Senhor
Jesus, e eu tenho muitas saudades dos docinhos extras que ela fazia, com toda
razão!

Minha mãe era uma pessoa muito zelosa de mim. Na verdade, extremamente
possessiva. Como filho único, ela vivia para me fazer feliz. Como tenho saudade

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do piolho! Eu amava pegar esse trem, só pra minha mãe me pôr no colo dela e
mexer nos meus cabelos. Era uma sensação maravilhosa ser acariciado por ela.

Meu pai, António, era um homem trabalhador. Serralheiro e carpinteiro de mão-


cheia, de mão-de-obra disputada por muitos; Entendia de projetos e desenhos
na área de construção civil. Sempre dava um jeitinho brasileiro de me libertar
dos olhares possessivos de minha mãe. Morávamos com meus avós maternos,
José e Julieta. Mas todos os dias fazia questão de visitar os meus avós
paternos, Theodoro e Angélica. Desculpe a falta de modéstia, mas eu era o
neto preferido de ambos, e acompanhei todos os eles, cuidando deles, até a
partida deles. Enfim, eu era um filho e um neto feliz.

Mas nem tudo era alegria. Minha mãe sempre dizia que eu dei muito trabalho
para ela. Aos cinco anos, contraí hepatite. O médico havia diagnosticado
tardiamente que estava com essa doença. Ao me internar, antes do
diagnóstico, o médico prescreveu no soro uma certa dosagem de glicose. A
reação foi terrível. Sozinho num quarto de hospital, de repente comecei a ficar
gelado e a tremer sem parar. Eu gritava, mas não podia me levantar. Ninguém
vinha me socorrer. Foi quando, sem ter forças para sequer erguer a cabeça,
escutei alguém abrir a porta com força. Era o meu pai, que ao me ver naquele
estado, obstruiu a passagem do soro, e sentindo-se como um enfermeiro de
primeiro atendimento, por amor à minha vida, ousou a retirar o esparadrapo e
a agulha que perfurava o meu braço dolorido e trêmulo. Logo em seguida, os
enfermeiros chegaram e me prestaram o socorro. Eu quase morri. Minha
pulsação foi para quase 180 batimentos por minuto. Não sei dar os nomes aos
bois do que ocorreu, mas o Dr. Ednan disse a meu pai: “Ele poderia ter morrido
se o senhor não tivesse chegado a tempo!”

Nós nunca fomos ricos. Pelo fato de meu avô materno José ter se destacado na
política, um “ademarista”1 fanático, muitos pensavam que éramos de família
rica. Nada a ver. Meu sonho, aos meus oito anos, era ter uma bola de
“capotão”. Hoje, dizemos uma bola oficial de futebol. Era cara para meus pais.

Em 1978, próximo à Copa do Mundo da Argentina, eu era fã do goleiro


Émerson Leão. Como não tinha, até então, uma bola oficial de futebol,
costumava usar bolinhas de vidro, ou de gude, e chutá-las contra a parede,
para que quando retornassem a mim, eu pudesse, como que agarrando uma
dessas bolinhas de gude, gritar: “Leão!” Mas um dia, bem no aniversário do
meu avô, eu ‘franguei’. A bolinha bateu na parede, voltou, desviou num
morrinho artilheiro, e atravessando por entre minhas mãos, entrou na minha

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“Ademarista” era o nome dos seguidores políticos do Sr. Ademar de Barros.

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boca. Confesso que foi um gol que o meu maior inimigo tentou marcar, um gol
único que poderia ter me derrotado. Como é terrível ver a morte se aproximar
lentamente. Eu não conseguia mais respirar. Eu estava sozinho na parte da
frente da casa, numa área. Percebendo que ia morrer, olhei para a imagem
católica de Maria, que estava no centro da sala de entrada, e de mãos juntas
pedi o socorro a Deus. Minha tia Lourdes, cujo primeiro nome era Maria,
formada em enfermagem, estava entrando na casa onde morávamos. Eu só
tive tempo de fazer com as mãos um gesto de que algo redondo havia entrado
na minha boca. Então, vendo outras bolinas de gude no chão, entendeu o
recado. Ela me debruçou, socou-me nas costas. Que alívio! A bolinha saiu e eu
pude como que nascer de novo. Deus, o maior juiz do universo, havia anulado
aquele gol! Novamente, salvo por um triz. Meu pai me disse, em tom de ironia:
“Quase você estraga a festa.” A festa a que ele se referia era o aniversário do
meu avô, José. Dia 11 de junho! Se não fosse a minha tia, eu não estaria vivo
para ter quase morrido de novo três anos depois.

Aos 11 de novembro de 1981, por volta das 11 horas da manhã, meus amigos
e eu jogávamos bola na rua, bem próximo de casa. Não mais morava com
meus avós, mas numa casa que meu pai fez para pagar em vinte e cinco anos.
É claro que eu era o goleiro. Quando o zagueiro atrasou mal a bola para mim,
tive que sair rapidamente para não deixar o atacante dominar a bola e marcar o
gol. Depois disso, caí em mim no hospital. Lembro de estar conversando com a
minha mãe.

- Mãe, onde é que eu estou?

Fiquei sabendo de tudo, quando descobri que estava no hospital. O que


aconteceu? Os narradores da vizinhança contaram que antes que eu chegasse
até a bola, uma motocicleta havia me atropelado e me jogado contra a sarjeta.
Eu simplesmente fraturei o crânio, e evidentemente corri risco de morte.
Quando acordei no hospital, a memória foi sendo restabelecida, e lembrei-me
que tinha, após o acidente, andado até em casa cheio de sangue, e que minha
mãe gritava por socorro.

Depois, não me lembrei de mais nada. O médico disse a meus pais: “De acordo
com o raio-X, mais um centímetro e a fratura poderia ter matado o seu filho”.

Novamente, lhe digo que escapei por um triz. Se não fosse aquele um
centímetro a menos, eu não estaria aqui para contar como foi que o trem quase
me matou uns anos depois. Não estou de brincadeira, nem tentando prender
sua atenção à minha história! Eu já tinha 18 anos, e gostava muito de tocar
violão. Meu pai tocava muito bem, e certamente fora sua habilidade que me

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inspirou a entrar numa escola de violão. Ao caminhar para a casa em que
haveria um encontro entre amigos, eu tinha que atravessar uma viela que dava
para a linha do trem. Absorto com as cordas do violão, pois eu as afinava em
meio ao barulho de carros que passavam do outro lado da viela, atravessei a
linha do trem, quando, de repente, senti um vento soprar no meu traseiro. Era
um trem. Ao olhar do lado direito, observei as mãos gesticulantes e
inconformadas do maquinista para fora da janela, como que me dizendo:
“Nossa, como você toca bem!” Novamente, por uma questão de centésimos de
segundo, sem exageros, eu não fui levado pelo trem gratuitamente para várias
partes, ao mesmo tempo, da linha do trem.

DEZ TERÇOS POR PECADO!

Antes de nos mudarmos para a casa nova, na rua onde havia sido atropelado,
morávamos na Rua Manoel Borba, 420, em Américo Brasiliense. Ao lado, no
número 410, era a casa paroquial. A cada três meses, costumava me confessar
ao padre. Ele era bastante enérgico, mas sempre era camarada comigo quanto
às penitências.

Eu era muito peralta. O modo possessivo como minha mãe me tratava,


impedindo-me de ter amigos e negociando o ciúme dela com o dar muitos
presentes para eu brincar sozinho fez com que eu tentasse me autoafirmar
fazendo peripécias, artes, com meus avós e vizinhos. Mas a didática punitiva do
meu pai era perfeita. Quando não me deixava pelado na cama e convidava os
filhos de meus vizinhos para, pela janela, me ver apanhar de cinta, meu pai
usava a Bíblia. Ele lia o Apocalipse para mim, o livro da Bíblia que mais me dava
medo. Ele inculcou em mim o medo do fim do mundo. Desde meus seis anos,
ele lia o Apocalipse quase todo dia pra mim! Que medo que me dava daquelas
“marditas” (assim eu dizia pra mim mesmo) bestas do capítulo 13.

Certo dia, depois de eu ter posto fogo nas roupas da vizinha, que estavam no
varal, meu pai teve que comparecer na Delegacia. Ao retornar, meus amigos,
incluindo os filhos da dona do varal, assistiram sem pagar nenhum ingresso a
mais um espetáculo da janela. Eu sou grato a Deus – perdoe a cacofonia – por
cada cintada nas minhas costas. Elas, depois que a dor passava, vinham
sempre acompanhadas de um abraço do meu pai. Ele fazia aquilo porque me
amava! Até hoje eu sinto falta delas, e eu pagaria com tudo do pouco que
tenho para tê-lo de volta. E eu sei que o terei! No dia seguinte, Apocalipse 13!
Naqueles idos, tudo conspirava contra mim e a favor da didática do meu pai.
Minha cidade era cercada de plantação de cana-de-açúcar. O modo antigo
como eles queimavam a cana, geralmente depois das 18 horas, fazia levantar
uma fumaça avermelhada que cruzava os céus de minha cidade. Apocalipse

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9:17! Aqueles “marditos” cavalos que saíam fogo da boca deles! Que medo que
fossem eles! Eu rezava o terço da minha avó Julieta até gastar as bolinhas, até
a fumaça se dissipar. Que alívio quando era dia chuvoso! Mas meu pai
acumulava no papel as reclamações contra mim. E eu buscava o Padre Bento
Brás Beluci.

Portanto, era muito religioso. Sempre rezava antes de dormir. Pedia para Deus
abençoar os santos em que acreditava. Para mim, eles estavam no céu estarem
como meus intercessores. Participava de todas as missas e de todos os teatros
bíblicos. Até meus treze anos, minha fé na Igreja Católica Romana era
inabalável. Para mim, era o caminho de Jesus.

DECEPÇÕES E A FUGA

Meus pais sempre viveram se amando, mas em 1983 as coisas não iam bem.
Meu pai começou a beber um pouco mais do que o de costume, e a associação
íntima com amigos de trabalho o levou a se tornar uma pessoa um tanto
diferente. Foi uma fase que durou uns três anos. Ele era um homem muito
respeitado, de cabelos grisalhos, inteligente e responsável. Mas em casa,
graças à bebida um pouco acima do usual, as brigas começaram a invadir
nosso lar. Certo dia, revoltado, fui até o bar onde ele estava. Ao parar em
frente da porta, de braços cruzados, com um olhar de reprovação, eu disse:

- Que bonito!

Mas ele, zombando de minha preocupação, perguntou-me:

- Quer beber um pouco?

Foi então que percebi que meu pai não estava se comportando bem como
antes. Algo estava errado com ele. Mas minha mãe também tinha uma certa
parte na culpa. Assim como ela era ultra protetora comigo, ela era mega
ciumenta de meu pai, e isso o irritava muito. Por isso, as brigas eram infernais,
principalmente porque, com seus atrasos ao chegar em casa, minha mãe
passou a desconfiar dele. Isso me afetou na escola, pois não conseguia me
concentrar. Eu tinha medo das noites, porque eram assustadores os gritos do
meu pai, e os dela também. O jeito era fechar a porta do meu quarto, já na
casa nova em que morávamos, e ficar ouvindo música, ou sintonizar na rádio
Tupi do Rio de Janeiro, e ouvir a Turma da Maré Mansa. Pesquise no Youtube e
você saberá como esse programa poderia ajudar a aliviar minhas preocupações
advindas das brigas de meus pais.

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Certo dia, meu pai, após uma discussão em casa, pegou um revólver antigo,
que eu havia quebrado o mecanismo e ele nem sabia, e ameaçou atirar nele
mesmo ou em alguém, caso minha mãe não parasse de falar. Até um vizinho
veio saber o que estava acontecendo. Era horrível. E acabei rindo, porque o tiro
não seria dado de jeito nenhum. Mas era preocupante. Isso também tirou toda
a minha vontade de frequentar a igreja católica. Fiquei o ano todo de 1983, até
24 de dezembro, sem ir à missa. Mas fui na Missa do Galo.

Na verdade, naquela véspera de Natal, eu acordei decidido a não ir à Missa do


Galo. Naquele ano, havia acontecido tantas coisas ruins, como a morte de meus
dois avós paternos, Theodoro e Angélica, e também uma terrível pneumonia
acompanhada de sarampo que quase me fez reprovar de ano. Tudo isso me
desmotivou muito. Eu amava meu avô Theodoro e minha avó Angélica. A falta
deles havia me deixado magoado com Deus, e naquela época dificilmente um
católico romano lhe consolava com alguma mensagem de esperança contida na
Bíblia. Eu gostava tanto do meu avô que, naquele mesmo ano de 1983, depois
da primeira internação dele, antes de falecer, eu havia pedido a Deus o
seguinte:

- Meu Deus, em nome de Nossa Senhora Aparecida e de Jesus, tire dos meus
anos de vida alguns para dar ao meu avô Theodoro.

Mas de nada adiantou esse pedido. Enfim, 1983 tinha sido um ano ruim para
mim.

Mas, voltando ao dia 24 de dezembro de 1983, por volta das 21 horas da noite,
inexplicavelmente, senti uma vontade enorme de ir à Missa do Galo, mas meus
pais não queriam ir, nem me permitiram que eu fosse. Um mal-estar
inesperado me sobreveio, o que dificultou ainda mais a minha ida à igreja. Pedi,
então, aos meus pais, em tom de súplica:

- Eu queria ir à missa. Por favor, me leva. Eu queria muito ter esse momento
com Deus. Algo me diz que eu devo ir.

Convencidos pela minha sinceridade, meu pai e minha mãe autorizaram a


minha ida. Meu pai me levou de carro, uma TL azul clara, modelo 1976, placa
VL 9808.
Quando cheguei à missa, tudo estava diferente. O padre não era o mesmo. Era
um cabeludo. O modo de celebrar a missa não era como o de costume. Nada
de latim na missa. O teatro bíblico então foi um desastre – até o anjinho que
carregava a estrela de Belém escorregou e se arrebentou todo no chão. Eu
voltei da missa revoltado. Decidi não ir mais à missa e dar um tempo para

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Deus. E o pior: Havia rumores de homossexualismo de um dos padres da minha
cidade. E ele era mesmo!

No entanto, lembro-me de que no começo de 1984, logo nos primeiros dias de


janeiro, eu fui até o quintal de casa e pedi a Deus que eu pudesse conhecer a
verdade. Fiz isso porque estava confuso sobre religião. Por não ir mais à igreja
católica, havia entrado em contato com pessoas de outras denominações, como
Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e Testemunhas de Jeová.
Meus parentes paternos, que iam de vez em quando de São Paulo para Américo
Brasiliense, eram da Assembleia de Deus. Eu morava em frente de uma
Congregação Cristã no Brasil e minha mãe recebia visitas de testemunhas-de-
jeová. Assim, eu não sabia mais quem tinha a razão, com tantas divergências.
Por isso, eu pedi a Deus para conhecer a verdade.

Nesse ínterim, todas as noites as brigas começavam depois do Jornal Nacional.


Eu até achava que o Cid Moreira era a solução para os problemas dos meus
pais, pois era a única hora em que “o pau não comia solto”. Mas numa certa
noite de janeiro de 1984, meu pai ofendeu demais a minha mãe e isso foi a
gota d’água para mim. Na manhã seguinte, fui ao quintal novamente orar pela
verdade de Deus. Eu precisava de uma religião que usasse mais a Bíblia. O
catolicismo da época era uma fábrica de Bíblias sem uso.

Após quinze minutos de minha ida ao quintal para orar, em nome de Maria e de
Jesus, para conhecer a verdade, uma senhora testemunha de Jeová bateu
palmas em meu portão. Fui atendê-la. Ela se chamava Amélia, e estava
acompanhada de sua filha. Só revelo nomes de quem já morreu, combinado?
Eu tinha muitas perguntas sobre a Bíblia. Adivinha sobre qual livro,
principalmente!2 A Dona Amélia, sem saber ler direito, usando a Bíblia, cativou-
me pela sua sinceridade e bondade. Assim, ela me disse:

- Você precisa conversar com o meu genro. Ele responderá a todas suas
perguntas. Ele é um ancião3.

Marcamos uma conversa para o final de janeiro de 1984. Aquele senhor, cujo
nome prefiro não mencionar, você já sabe o motivo (pelo andar da carruagem,
acho que na próxima edição deste livro o nome dele será revelado), respondeu-

2
O livro de Apocalipse, após a minha conversão, veio a ser o que mais estudei. Tenho uma gratidão
enorme por esse livro que tanto assusta, mas quando bem entendido, encanta e fortalece a nossa fé na
volta de Cristo!
3
Ancião é o cargo eclesiástico nas Testemunhas de Jeová que corresponde ao de pastor nas igrejas
cristãs.

20
me, de um modo aparentemente satisfatório, com a Bíblia, às seguintes
perguntas:

A terra será um paraíso? Por que envelhecemos e morremos? Por que existe
tanta maldade? Qual o significado da “mardita” besta de Apocalipse 13 e dos
“marditos” cavalos de Apocalipse 9? O que significa ser cristão?

Satisfeito com as respostas, combinamos iniciar um estudo bíblico. Mas eu


havia sido bem enfático:

- Jamais irei sair falando de Bíblia de casa em casa com vocês.

Sim, eu tinha fome e sede da verdade. Qualquer religião que, usando a Bíblia,
me abordasse, me levaria como presa fácil, pois eu não sabia interpretar o que
lia nas Escrituras. Desejava ver a Bíblia me ensinar. Queria ouvir a voz de Deus.
Precisava fugir das brigas de casa e de alguma forma ajudar meus pais. Sentia-
me perdido, confuso. Ao mesmo tempo, imaginava que fazendo parte das
testemunhas de Jeová, eu poderia ditar as regras do jogo no que se referia à
minha presença ali e não ser influenciado a ser membro ativo dessa
organização religiosa. Por isso, várias vezes mostrei-me, durantes as primeiras
conversas com aquele senhor, que jamais sairia de casa em casa.

UM AMIGO MUITO ESPECIAL

Em frente à minha casa morava um rapaz muito íntegro. Ele era testemunha de
Jeová. Tornamo-nos mais amigos, mais próximos, de modo que ele, com o
tempo, veio a se tornar como um irmão para mim. E ele sempre me convidava
para ir ao Salão do Reino, nome que as TJs dão ao local de reuniões. Vou usar,
a partir daqui, o termo TJ ou TJs. Certo dia, confidenciei a ele que não
suportava mais as brigas de meus pais. Então, ele me disse:

- Olha, iremos começar a estudar um livro no Salão do Reino, às terças-feiras4,


chamado Torne Feliz Sua Vida Familiar. Você gostaria de ir?

Aceitei prontamente o convite. Aquele livro, com seu estudo por perguntas e
respostas, era tudo o que precisava até então. Ele me consolou e me ajudou a
entender os motivos pelos quais meus pais brigavam. Ir ao Salão do Reino
começou a me fazer bem, pois o estudo preenchia os vazios da minha vida. Ele

4
As TJs tiveram durante décadas, nos primeiros dias da semana, após os domingos, a chamado Estudo
de Livro de Congregação. Sempre estudavam um livro produzido pelo Corpo Governante dessa
organização, ou seja, por seus líderes mundiais. Esse estudo já não existe mais.

21
me proporcionava novos amigos, e até a chance de ter uma namorada.
Enquanto meus pais brigavam, eu estudava aquele livro e outros que havia
ganhado. Quanto ao meu amigo – esse vai demorar para eu revelar o nome
dele - nossa amizade crescia, e nos tornamos como irmãos. Nunca me esqueço
quando ele estava muito mal na cama, com uma febre altíssima. Era uma
pneumonia muito forte, bilateral. Não havia vagas no hospital. Mas graças a
meu avô materno, José, com sua influência política, conseguimos que ele fosse
internado. Que bom que ele ficou bem, mas esteve internado por sete dias.

Essa amizade entre nós terminaria quase 17 anos depois, e no final desse livro
você saberá como. Mas saiba que eu o amo muito, às vezes até sonho com ele,
e oro para que ele um dia esteja me esperando novamente para irmos juntos à
igreja – desta vez, numa igreja cristã.

A OPOSIÇÃO DE AMIGOS E PARENTES

Quanto mais ia ao Salão do Reino das testemunha-de-jeová, tanto mais


desenvolvia apreço pela Bíblia. Mas, minha família, de tão católica que era,
começou a se opor a que eu estudasse a Bíblia com esse grupo religioso. José,
meu avô materno, uma doçura de pessoa, foi o primeiro a se manifestar com a
minha mudança de religião:

- Você está sendo a ovelha negra da família.

Quando contei isso às TJs. Elas me explicaram que uma das maiores provas de
que eles eram a única religião verdadeira era as pessoas da família dos
estudantes da Bíblia se oporem à verdade ensinada pelas TJs. Elas me leram na
Bíblia delas, e eu posteriormente li na minha Bíblia católica, o seguinte:

“Não penseis que vim estabelecer paz na terra; vim estabelecer, não a paz, mas a
espada. Pois vim causar divisão; o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a
jovem esposa contra sua sogra. Deveras, os inimigos do homem serão pessoas de sua
própria família. Quem tiver maior afeição pelo pai ou pela mãe do que por mim, não é
digno de mim; e quem tiver maior afeição pelo filho ou pela filha do que por mim, não é
digno de mim. E aquele que não aceita a sua estaca de tortura e não me segue não é
digno de mim.”5 - Mateus 10:34-38, Tradução do Novo Mundo, edição de 1984.

5
Este texto pode ser interpretado corretamente da seguinte forma. Pertencer a Cristo é um privilégio
inestimável, mas que pode resultar em divisão nas famílias. O verdadeiro cristão decidirá em favor de
Cristo, amá-lo mais do que sua família, caso ela venha a se opor. Todavia, os falsos cristos também
dividem famílias, de forma destrutiva às vezes. A leitura deste livro, com certeza, lhe convencerá se o
Jesus que me dividiu de minha família era o verdadeiro ou o falso.

22
Assim, o ancião do Salão do Reino me pediu para dizer ao meu avô que eu
realmente estava me tornando a única ovelha da família. Esses versículos de
Mateus 10, sob a interpretação TJ, me fizeram elevar o amor próprio. Eu
enfrentava toda aquela oposição porque achava que as TJs estavam com a
verdade e minha família inteira com a mentira. Num dos primeiros estudos
domiciliares com aquele ancião, aprendi sobre a perseguição que Satanás, o
Diabo, causava contra aqueles que estudavam a Bíblia com elas:

“Pode acontecer que até mesmo amigos íntimos ou parentes lhe digam que não gostam
que você examine as Escrituras. O próprio Jesus Cristo até mesmo advertiu: “Deveras, os
inimigos do homem serão pessoas de sua própria família. Quem tiver maior afeição pelo
pai ou pela mãe do que por mim, não é digno de mim; e quem tiver maior afeição pelo
filho ou pela filha do que por mim, não é digno de mim.” (Mateus 10:36, 37) Os parentes
talvez procurem desanimá-lo, fazendo-o com toda a sinceridade, porque não conhecem
as maravilhosas verdades encontradas na Bíblia. Mas, se deixar de estudar a Palavra de
Deus quando surge oposição, como é que Deus vai encarar você? Também, se você
desistir, como poderá ajudar a esses amigos e entes queridos a entender que o
conhecimento exato da Bíblia é uma questão de vida ou morte? Apegar-se você às coisas
que aprende da Palavra de Deus pode, com o tempo, influenciá-los a também
aprenderem a verdade.”6

Com isso em mente, eu me deixei convencer de que era realmente uma ovelha
na família, a única, porque todos os outros membros dela, inclusive meus pais,
eram como que cabritos aos olhos de Deus, perdidos e afastados dEle. E o
modo de vida incorreto de alguns dos meus parentes muito católicos servia de
autojustificativa para mudar de religião. Para mim, eu tinha a bênção de Deus,
eles não. Eram pecadores praticantes, eu não mais!

Fazendo uma análise do modo como minha mãe me foi superprotetora, será
que decidi caminhar com as TJs só porque elas liam e estudavam bastante a
Bíblia, ou esta seria uma oportunidade, lá no meu subconsciente, de escapar
das garras amorosas e ciumentas de minha mãe? Bom, só fiz essa pergunta
para lhe aguçar sua capacidade crítico-analítica. Você decide!

AGRADEÇO PELO ALICERCE RELIGIOSO

Conforme você percebeu, nasci com uma essência religiosa que, com o tempo,
precisou sempre ser preenchida, devido a brechas mal preenchidas em minha
formação. Mesmo assim, sou muito grato a Deus de que os da minha família,
principalmente meus pais, ensinaram-me a querer mais sobre Deus. Em meio a
tristezas e alegrias, sempre o busquei e desejei aprender mais sobre ele,

6
Poderá Viver Para Sempre No Paraíso Na Terra, pp. 23, 24. Cesário Lange-SP : Torre de Vigia, 1983.

23
mesmo enveredando por caminhos que hoje sei que Jesus não aprova. Como
foi bom para mim ter sido um bom católico, porque desde criancinha, mesmo
sem saber entender a Bíblia, eu folheava e praticamente aprendi a ler com a
Bíblia católica Ave-Maria, dos meus pais. Foi ótimo ter tido um alicerce religioso,
não importando o que penso hoje sobre o Catolicismo Romano.

Como é bom também lembrar as muitas vezes que andava com meu pai, ao
redor da casa, orando o Pai-Nosso. Às vezes ele fazia isso quando percebia que
meu medo me deixava sem dormir. É bom também me lembrar as leituras do
Apocalipse, com as “marditas” bestas e os “marditos” cavalos. Eu teria feito
tudo de novo. Eu teria inclusive engolido aquela bolinha de gude novamente,
pois tudo o que me aconteceu contribuiu para o meu bem. Tudo isso estava
escrito no livro de Deus. Como disse o salmista Davi: “No teu livro os dias
foram escritos, todos os dias que me foram ordenados, quando nenhum deles
ainda havia”. (Salmo 139:16) O apóstolo Paulo também escreveu: “Sabemos
que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem daqueles que o
amam, dos que são chamados segundo o seu propósito.” – Romanos 8:28.

Daqui para frente, você terá que viajar comigo no tempo, e conhecer os
caminhos por onde andei. Sofri muito na minha caminhada até Cristo, e com
ele, o verdadeiro caminho (João 14:6), sou grato por tudo o que o Deus triúno
me permitiu viver. Minha história não é pra fazer ninguém chorar de emoção,
apenas espero que ela seja um instrumento de Deus para que você
compreenda como Deus age quando ele deseja converter um fanático religioso,
vítima de uma liderança mundial de controladores mentais, para a verdadeira fé
cristã.

A seguir, vou mostrar-lhe com mais detalhes sobre como me tornei um TJ,
convicto, defensor de crenças exclusivistas. Talvez, você verá por que muitos se
tornam membros dessa organização religiosa, os atrativos que ela oferece para
aqueles que precisam preencher vazios e estão sem rumo, e nos capítulos à
frente entenderá as terríveis consequências espirituais e até mentais que seguir
essa religião pode causar a um incauto.

Pode ter a certeza de que muitos se tornam membros desse grupo religioso
pelos mesmos motivos que eu me tornei.

24
CAPÍTULO 2
POR QUE ME TORNEI TESTEMUNHA DE JEOVÁ?

Quando era católico, até meus quatorze anos, sempre procurava estar no meio
de pessoas fervorosas naquela fé. Por agir assim, acabei aprendendo mais
sobre a fé romanista do que os outros de minha geração. No entanto, aprendi
mais sobre tradições e ritos dessa igreja, mas queria saber mais sobre Deus e
sua palavra, a Bíblia. As leituras bíblicas e comentários sobre o texto que meu
pai fazia não eram suficientes para me ajudar a interpretar as Escrituras. Quem
deveria explicar a Bíblia para mim eram os líderes católicos, mas eles não
estavam muito interessados nisso. Nas missas, fazia-se a leitura do texto
semanal, e o padre explicava muito rapidamente em sua homilia, geralmente
feita entre cinco a dez minutos.

MINHA MÃE COMEÇA A ESTUDAR A BÍBLIA COM AS TESTEMUNHAS DE


JEOVÁ.

Em novembro de 1981, minha mãe sofreu uma intervenção cirúrgica por


descolamento de retina. Ela ficou devido a isso uns tempos sem ir à Igreja
Católica. Foi quando as TJs, no início de 1982, se aproximaram e propuseram a
ela um estudo bíblico. Ela, achando se tratar de algo bom, pois falava de Deus,
aceitou o estudo.

Eu não gostava muito de que minha mãe recebesse pessoas de outras


denominações em casa, com a finalidade de evangelização, pois éramos muito
católicos, até então. As TJs me convidavam a participar, mas eu não me
interessava muito naquele momento. Em 1982, não perdia uma missa. Quanto
a minha, logo ela percebeu que os ensinos TJs eram do diabo! Ela não fazia o
menor esforço para progredir na fé TJ, e não demorou muito para descontinuar
o estudo com essa seita. Durou pouco, graças a Deus: seis meses.

EU ERA DEVOTO DE SÃO COSME E SÃO DAMIÃO.

Naquela época, eu era devoto de São Cosme e São Damião. Mas como foi que
me tornei devoto deles? Porque um primo, um pouco mais velho do que eu,
havia morrido engasgado com a comida, e somando-se o fato de que eu quase
havia morrido quando engoli aquela bolinha de vidro, complexado não queria
mais comer, com medo de, ao engolir, morrer engasgado. Meus pais,
preocupados com meu emagrecimento, levaram-me para ser benzido. O padre
também procurou me ajudar, mas nada dava certo. Assim, meus pais,
desesperados com minha saúde, me levaram a um centro de macumba, e lá o

25
pai-de-santo disse que para ser liberto desse “encosto” que me punha medo de
engolir, eu deveria me tornar um devoto de São Cosme e de São Damião.
Assim, todas as quintas-feiras, saíamos distribuindo doces para as crianças na
rua.

COMECEI A ESTUDAR A BÍBLIA COM AS TJS

Mesmo descontinuando o estudo com as TJs, elas batiam palmas sempre em


casa. Numa de suas visitas, na parte da tarde, em janeiro de 1984, uma delas
me perguntou se eu sabia que era errado usar imagens na adoração a Deus. Ao
dizer que não, ela mostrou-me vários textos bíblicos sobre o que Deus pensa a
respeito das imagens, como Salmo 115:4-8, Êxodo 20:4, 5 e Deuteronômio
7:25. Após as TJs terem lido os textos em minha própria Bíblia, versão Ave-
Maria, fiz exatamente o que a Bíblia mandava: queimei no fogo todas aquelas
imagens, inclusive as de São Cosme e de São Damião. (Deuteronômio 7:25)
Minha mãe ficou branca! Minha família, toda católica, se revoltou contra mim.
Daquele dia em diante, jamais adorei ou venerei imagens. E visto que me senti
enganado pelo Padre, porque jamais ele deveria ter permitido que imagens
fossem usadas na igreja, e também devido às brigas em casa que sempre me
incomodavam, eu desisti de frequentar a religião católica. Foi nesses dias que a
Dona Amélia, com sua Filha, passaram em casa, conforme narrei no capítulo
anterior, quando lhes fiz perguntas sobre o Apocalipse.

Um dos padres em minha cidade era homossexual, e isso me chocava muito.


Nos primeiros momentos de 1983, eu não tinha interesse nenhum de estudar a
Bíblia oficialmente com as TJs. Via nelas muita dedicação e em certo fanatismo.
Mas depois daquela conversa inicial sobre o Apocalipse, em janeiro de 1984
aceitei começar o estudo bíblico com as TJs.

Foi então que minha família começou a me desprezar, fazer gozação contra
mim. Sem querer, elas estavam alimentando o meu ego e minha vontade de
ser diferente dos outros da família. Pensava: Eu serei salvo, elas não! Estou
sendo perseguido! Jesus disse que isso iria acontecer mesmo comigo. Eu não
tinha a menor condição de perceber que todo grupo religioso exclusivista, que
se apregoa como a única religião verdadeira, acaba sofrendo esse tipo de
perseguição, e por justa causa, principalmente devido a eles fazerem
propaganda contra todas as outras religiões e as tachando como religiões
falsas.

Em 1983, eu também estive muito doente. Tive uma pneumonia muito forte,
bilateral, e sarampo ao mesmo tempo. A pneumonia depois de tratada
retornou, e outro tipo de antibiótico precisou ser administrado. Cheguei a

26
perder muito peso. Fiquei internado vários dias. Quando retornei para casa,
fiquei acamado um bom tempo, não podia nem ir à escola. E as brigas em casa
aumentaram mais em 1983. Foi quando, no final de 1983, decidi assistir àquela
Missa do Galo que me desanimou mais ainda.

Precisando de respostas para minha vida, pedi a Deus, em janeiro de 1984,


para que conhecesse a verdade. Alguns minutos depois, conforme já
mencionei, surgiram na porta de casa. Desanimado do catolicismo por
escândalos sexuais, descontente também com as gritarias dos crentes,
aterrorizado com as brigas domésticas, que com o tempo passaram e foram
vencidas pelos meus maravilhosos pais, acabei decidindo estudar a Bíblia com
as TJs, e a frequentar as reuniões de terça-feira, onde se estuda o livro Torne
Feliz Sua Vida Familiar. Não posso ser ingrato: Aquele livro me ajudou muito a
entender melhor meus pais e ajudá-los a se amarem, e não se amassarem,
melhor.

Mas uma pergunta surge: Se eu havia orado a Deus no fundo do quintal da


minha casa para conhecer a verdade, e as TJs passaram em minha casa alguns
minutos depois, não seria isso um sinal de que essa organização religiosa fosse
a única verdadeira, e que Deus, portanto, havia respondido minhas orações?
Bem, creio que Deus respondeu de fato as minhas orações. Ele quis, realmente,
que me tornasse TJ, mas tenho plena certeza de que não era por essa religião
ser a única verdadeira, mas uma das piores e mais perigosas para a fé cristã.
Deus fez isso com Moisés. Deus quis que ele nascesse no Egito, e crescesse ali,
e morasse ali por quarenta anos, para mais tarde usá-lo para libertar os
hebreus do jugo egípcio e de uma linhagem de Faraós que oprimiram o povo
de Deus por mais de quatrocentos anos. Minha história provará para você que
Deus dez o mesmo comigo. Vivi quase dezessete anos no Egito-TJ, dominado
por Faraós, que facilmente me puniriam se não concordasse com eles. Passei
todo esse tempo para aprender com essa seita, e Deus me usar posteriormente
como filho dele para libertar centenas dali. Meu Êxodo foi sofrido, minha
trajetória à terra prometida tem sido de muitas lutas. Mas eu teria feito tudo de
novo, porque hoje sei que Deus esteve no controle de minha vida.

QUANTO MAIS CRÍTICAS, MAIS FIRME!

Todos os dias, na escola e entre pessoas da minha família, eu sofria gozação e


Críticas, como já havia dito. No entanto, a pessoa que me ensinava a Bíblia
dizia que essas gozações vinham porque somente as TJs pregavam pelas casas
e faziam a vontade de Jeová. Dizia também: “Isso acontece porque Jesus
avisou que esse tipo de tratamento ocorreria com os cristãos”. Sempre que me
queixava, o meu instrutor, que era ancião, lia para mim:

27
“Felizes os que têm sido perseguidos por causa da justiça, porque a eles pertence o reino
dos céus. Felizes sois quando vos vituperarem e perseguirem, e, mentindo, disserem
toda sorte de coisas iníquas contra vós, por minha causa. Alegrai-vos e pulai de alegria,
porque a vossa recompensa é grande nos céus; pois assim perseguiram os profetas
antes de vós.” – Mateus 5:10-12, Tradução do Novo Mundo.

Assim, quanto mais eu sofria oposição, tanto mais me fortalecia. Às vezes eu


até provocava os outros só para me sentir perseguido. Fazia bem! Massageava
meu ego! A grande pergunta que as TJs fazem até hoje é:

PERGUNTA TJ 1 – Você conhece outra religião que seja tão perseguida


como as Testemunhas de Jeová? Isso não prova que somos a única
religião verdadeira? 7

Mas não era só isso que me fazia sentir forte e feliz nessa organização. As TJs
tinham e têm até hoje um programa de ensino unificado e mundial. Em mais de
230 países, elas aprendem os mesmos ensinos, e estão unidas em servir ao
deus que elas professam e adoram. Eu percebia que essa aparente unidade8
era ímpar, e que dificilmente um outro grupo religioso faria o que eles fazem.
Evidentemente, eu não me dava conta de que a chamada unidade dessa seita
levava milhões à escravidão espiritual, pois todo membro ali era obrigado, se
quisesse permanecer ali, a aceitar os ensinos de seus líderes mundiais. Sobre
isso, discorrerei mais à frente.

Ademais, embora tivesse pedido a meu instrutor da Bíblia para jamais me


convidar para pregar de casa em casa, eu via que essa forma de buscar as
pessoas era feita com um suposto amor muito grande. Como não sabia que a
fé em Cristo Jesus era o único requisito para a minha salvação (João 3:16; Atos
4:12; Efésios 2:8, 9), aquela seita me incutiu a ideia de que eu precisava
trabalhar arduamente para obter a minha própria salvação. Para as TJs, as
obras também salvam, o que a Bíblia jamais ensinou. Então, as TJs nos
desafiam:

PERGUNTA TJ 2 – Você conhece outra organização religiosa que prega


de casa em casa, e em outros locais de sua cidade, a Palavra de Deus?

7
Todas as perguntas em negrito que aparecerem são questionamentos feitos pelas TJs. Elas não serão
respondidas nesta parte da minha história. Elas serão respondidas mais à frente nos capítulos que
tratarão de minha libertação espiritual dessa seita.
8
Como teólogo e estudioso sobre seitas, hoje entendo que a unidade TJ, na verdade, é uma
uniformidade, ou seja, a liderança mundial controla a vida de milhões, recrutando-as seletivamente, e
os que permanecem no estudo bíblico e chegam ao batismo já foram moldados a pensar como os
lideres mundiais, o Corpo Governante TJ.

28
PERGUNTA TJ 3 - Conhece outra religião cujos membros têm tanto
que fazer na obra do Senhor, conforme 1 Coríntios 15:58?

PERGUNTA TJ 4 - Conhece alguma igreja que trabalha arduamente


como nós com a finalidade de ganhar a salvação?

Enganado, e também pressionado pelos constantes alertas de que o fim se


aproximava, comecei a sentir vontade de pregar aos outros. Então, em
fevereiro de 1985, pedi para ser incluído no rol de publicadores daquela
organização9.

A partir daí, tive que esperar quase dois anos para ser batizado, pois eu precisei
me “transformar” de acordo com os moldes ditados pela liderança. Lembro-me
das muitas decepções sofridas por seis vezes, quando tive o batismo rejeitado
devido a faltas, ou erros, banais. O meu sonho, desde os quinze anos, era ser
batizado como TJ, mas como eu tinha um histórico invejável de rebeldia na
minha infância e adolescência, os anciãos TJs exigiram demais de mim, até que
realmente se certificassem de que eu havia feito as mudanças necessárias para
ir ao batismo. Finalmente, aos 06 de dezembro de 1984, fui batizado na cidade
de Cosmópolis, no salão de assembleis belamente construído lá.

O QUE ME CONVENCEU DE QUE AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ ERAM A


ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA?

Para as TJs, só eles são os verdadeiros cristãos. Em 1984, comecei a estudar a


Bíblia com as TJs, usando um livro chamado Poderá Viver Para Sempre No
Paraíso Na Terra. Era um livro belamente ilustrado, com trinta capítulos. No
capítulo 22, que ensina à moda TJ como identificar a religião verdadeira, líamos
o seguinte:

“É somente lógico que haja uma só religião verdadeira. Isto se harmoniza com o fato de
que o verdadeiro Deus é um Deus não “de desordem, mas de paz”. (1 Coríntios 14:33) A
Bíblia diz que existe realmente “uma só fé”. (Efésios 4:5) Quem, então, são os que
formam o corpo de verdadeiros adoradores hoje? Não hesitamos em dizer que são as
Testemunhas de Jeová.”10

9
Para uma pessoa ser batizada nas TJs, ela precisa primeiramente começar a sair de casa em casa. No
meu tempo, pessoas que já pregavam de casa em casa eram chamadas de servos aprovados, e
posteriormente foram chamados de publicadores não batizados.
10
Torre de Vigia. Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, p. 190. Cesário Lange-SP, 1983.

29
Essa única só fé, para as TJs, são elas e seus ensinos liderados pelo Corpo
Governante, seus líderes mundiais.

Assim, as TJs me perguntavam na época:

PERGUNTA 5 – Conhece uma outra religião que tem uma só fé, sendo
tão unidos como nós na mesma mente e na mesma maneira de pensar
(1 Coríntios 1:10), tendo um só corpo de doutrina, ou será que as
outras religiões estão divididas em questões doutrinárias?

No mesmo livro, apelidado de Poderá Viver, no capítulo 22, intitulado “A


Identificação da Religião Verdadeira”, as TJs apontavam cinco formas de se
identificar a única religião verdadeira. Observe que, para um recém-
interessado, eram bem convincentes os argumentos usados naquele livro de
estudos bíblicos. Vejamos os cinco pontos para se identificar a religião
verdadeira:

O primeiro requisito seria a Santificação do nome de Deus. Segundo eles,


Jesus, na oração do Pai-Nosso, pediu para que o nome de Deus fosse
santificado. Assim, elas dizem no livro:

“Quem, então, atualmente trata o nome de Deus como santo e o torna conhecido em
toda a terra? As religiões em geral evitam o uso do nome Jeová. Algumas até mesmo o
tiraram de suas traduções da Bíblia. Contudo, se você falar a seus vizinhos e amiúde
referir-se a Jeová, usando Seu nome, com que organização acha que eles o associarão?
Existe apenas um povo que realmente segue o exemplo de Jesus neste respeito. Seu
propósito principal na vida é servir a Deus e dar testemunho do Seu nome, como Jesus
fez. De modo que adotaram o nome bíblico “Testemunhas de Jeová”. - Isaías 43:10-
12.”11

Isso me fazia muito sentido, pois na época. Éramos a única religião que tinha
na Bíblia o nome JEOVÁ escrito quase sete mil vezes! Então, as TJs me
perguntavam:

PERGUNTA TJ 6 – Conhece outra religião que usa o nome Jeová em


sua Bíblia em todas as vezes que o Tetragrama Divino YHWH aparece
nas Escrituras Sagradas, mostrando assim que apenas as TJs
santificam o nome de Deus, conforme Jesus nos ensinou a fazer na
oração do Pai-Nosso? – Mateus 6:9, 10.

11
Ibdem, p. 185.

30
Uma segunda razão para as TJs se proclamarem a única religião verdadeira diz
respeito à Proclamação do reino de Deus. No mesmo livro Poderá Viver,
afirmavam ser a única religião que prega o reino de Deus de casa em casa, em
obediência à Palavra de Deus. O livro dizia que a pregação no primeiro século
era feita de casa em casa, conforme os relatos de Atos 5:42 e 20:20, 21.
Portanto, argumentavam:

“Pergunte a si mesmo: Se uma pessoa viesse à sua casa e falasse do reino de Deus qual
verdadeira esperança para a humanidade, com que organização você associaria tal
pessoa? Será que pessoas de qualquer religião, a não ser as Testemunhas de Jeová,
falaram com você a respeito do reino de Deus? Ora, pouquíssimas dentre elas realmente
sabem de que se trata! São omissas quanto ao governo de Deus. No entanto, esse
governo é notícia de abalar o mundo. O profeta Daniel predisse que esse reino
‘esmiuçaria e poria termo a todos os outros governos e que somente ele dominaria a
terra’. - Daniel 2:44.”12

Com essa declaração em mente, as TJs que me ensinavam a Bíblia,


perguntavam:

PERGUNTA 7: Conhece alguma religião que bate na porta de sua casa


para lhe pregar o reino de Deus, assim como a Bíblia ordena, ou seja,
de casa em casa? – Atos 5:42; 20:20, 21.

Eu realmente, até os meus quatorze anos, nunca havia atendido na porta de


minha casa, alguém de outra religião visando me ensinar a Bíblia. Então,
abracei com efusão de espírito o ensino TJ: Para ser religião verdadeira, tem
que andar de casa em casa. Comprei a meia-ideia de que só as TJs pregavam o
reino de Deus como os apóstolos e discípulos de Jesus faziam.

O terceiro requisito proposto pelas TJs para provar que são a única religião
verdadeira é o Respeito Pela Palavra de Deus. Elas afirmavam no livro Poderá
Viver que as religiões da Cristandade rebaixavam a Palavra de Deus, enquanto
as TJs não. Observe:

“Como é que as igrejas da cristandade se enquadram no exemplo de Cristo neste


respeito? Têm elas profundo respeito pela Bíblia? Muitos clérigos hoje não creem nos
relatos bíblicos sobre Adão ter incorrido no pecado, sobre o dilúvio dos dias de Noé,
sobre Jonas e o grande peixe, e outros. Dizem também que o homem veio a existir por
evolução, não por criação direta de Deus. Estão desse modo incentivando o respeito pela
Palavra de Deus? Também, alguns líderes religiosos afirmam que as relações sexuais fora
do casamento não são erradas, e que mesmo o homossexualismo ou a poligamia podem
ser corretos. Diria que estão incentivando as pessoas a usar a Bíblia como seu guia? Eles

12
Torre de Vigia. Poderá Viver Para Sempre No Paraíso Na Terra, pp. 186, 187. Cesário Lange-SP, 1983.

31
certamente não estão seguindo o exemplo do Filho de Deus e de seus apóstolos. -
Mateus 15:18, 19; Romanos 1:24-27.”13

Com essa declaração acima, aprendi com as TJs a fazer as seguintes perguntas
aos membros de outras religiões:

PERGUNTA TJ 8 – Como as igrejas da cristandade podem ser igrejas


verdadeiras se elas toleram pecados de imoralidade sexual?

PERGUNTA TJ 9 – Como as igrejas da cristandade podem ser igrejas


verdadeiras se elas negam certas partes da Bíblia?

Naquela época, entre os anos de 1985 e 1987, com os rumores de que um


padre na minha cidade era homossexual, e que dois pastores evangélicos
tinham traído suas esposas, isso apenas veio a confirmar em minha mente que
as TJs falavam a verdade sobre a imoralidade nas igrejas. Confesso que incorri
no erro de generalização, pois a grande maioria das igrejas evangélicas não
prega, nem tolera, a imoralidade.

Nos debates que surgiam entre minha família e mim, fui ensinado pelo meu
instrutor a expor os erros de minha antiga religião, a católica, assim como Jesus
expunha os erros religiosos dos fariseus. Mal sabia eu dos erros absurdos que
descobriria dezesseis anos depois sobre o passado negro da seita TJ, com erros
tão graves como o da imoralidade sexual.

Nas Bíblias católicas que tinha em casa, vi comentários que realmente pareciam
negar a veracidade do relato bíblico da criação, a história do dilúvio. Então,
concluí: Realmente as TJs estão com a verdade, porque só elas creem na Bíblia
toda como a inspirada palavra de Deus.

Um quarto requisito, à moda TJ, para se reconhecer a verdadeira religião é


saber se ela se mantém separada do mundo. Nesse subtítulo, o livro Poderá
Viver mencionava que os discípulos de Jesus não faziam parte do mundo (João
17:14), que Jesus não quis ser um governante aqui na terra (João 6:15) e que
o Diabo é o governante desse mundo (João 12:31). Assim, o livro
argumentava:

“Mostram os fatos que as religiões em sua comunidade levam a sério este assunto? Será
que os clérigos, bem como os membros da congregação, realmente “não fazem parte do
mundo”? Ou estão eles profundamente envolvidos no nacionalismo, nas lutas políticas e
de classes do mundo? Estas perguntas não são difíceis de responder, visto que as

13
Ibidem, p. 187.

32
atividades das igrejas são amplamente conhecidas. Por outro lado, também é fácil
examinar as atividades das Testemunhas de Jeová. Por fazer isso, descobrirá que elas
realmente seguem o exemplo de Cristo e de seus seguidores primitivos por se manterem
separadas do mundo, de seus assuntos políticos e de seu comportamento egoísta, imoral
e violento. - 1 João 2:15-17.”14

Com esse argumento, aprendi a fazer os seguintes questionamentos aos


membros das igrejas em geral:

PERGUNTA TJ 10 – Se o diabo ofereceu todos os reinos a Jesus


(Mateus 4:8-10), e Jesus se negou a ser feito rei aqui na terra (João
6:15), não fica claro que os cristãos não podem participar da política
deste mundo, assim como fazem somente as TJs?

Assim, ficava fácil, para mim, acreditar que os verdadeiros cristãos não se
envolviam na política. E o que eu via era alguns pastores evangélicos
conhecidos no país, e até em minha cidade, se envolverem em escândalos
políticos, com desvio de dinheiro. Minha conclusão era: Com uma TJ, isso
jamais aconteceria, pois nós anulávamos o voto e nenhum membro poderia se
candidatar a um cargo político. Segundo as TJs, a política é um instrumento do
diabo para desviar a atenção das pessoas para os governos humanos, não o
reino de Deus!

O quinto e último requisito apresentado pelas TJs para se proclamarem a única


religião verdadeira foi o Amor Entre Si. Como sabemos, Jesus disse que os
discípulos dele seriam reconhecidos pelo amor. (João 13:34, 35) Assim, o livro
Poderá Viver argumentava o seguinte:

“Têm este amor as organizações religiosas com as quais você está familiarizado? Que
fazem por exemplo, quando os países onde vivem vão à guerra uns contra os outros?
Você sabe o que em geral acontece. Às ordens de homens do mundo os membros das
várias organizações religiosas vão ao campo de batalha e matam seus co-crentes de
outro país. Assim, católicos matam católicos, protestantes matam protestantes e
muçulmanos matam muçulmanos.(...) Como se enquadram as Testemunhas de Jeová
neste assunto de mostrar amor entre si? Elas não imitam o comportamento das religiões
do mundo. Não matam co-crentes nos campos de batalha. Não têm sido culpadas de
representar uma farsa por dizerem ‘amamos a Deus’, ao passo que odeiam seus irmãos
de outra nacionalidade, tribo ou raça.”15

As TJs me perguntavam:

14
Ibdem, pp. 188, 189.
15
Ibdem, pp. 189, 190.

33
PERGUNTA TJ 11 - “Como uma religião poder ser correta se seus
membros supostamente cristãos servem o exército, aprendem a
matar uns aos outros, contrariando as palavras do salmista, sobre
Deus fazer cessar as guerras (Salmo 46:8, 9), as palavra de Jesus
sobre amarmos uns aos outros como ele nos amou (João 13:34, 35) e
as palavras de Isaías sobre o povo de Deus não aprender mais a
guerra?” - Veja Isaías 2:4.

Perguntas como essas, baseadas em textos bíblicos, me davam convicção de


que andava na verdade de Deus entre as TJs. São perguntas que você não
poderá dar resposta às TJs se não souber fazer uma correta interpretação
bíblica do texto e uma correta análise bíblica da questão.

Mais para o final deste meu livro, você aprenderá a dar respostas bíblicas e
exegeticamente corretas às TJs.

Eu me cegava pelo fato de as TJs ensinarem muito bem aquilo que acreditam,
principalmente aquilo aceitável diante da Bíblia. Quando se estuda verdades
realmente bíblicas ali, o ensino feito com excelência, buscando um verdadeiro
discipulado, prende você, encanta! E quando se analisa apenas as verdades
bíblicas, os incautos se apaixonam pelo ensino e se deixam cegar diante das
mentiras apregoadas pelo grupo. Ademais, se o método do ensino desencoraja
o questionamento da parte dos membros quanto ao que é ensinado, a chance
de os seguidores aceitarem os ensinos errôneos como verdades bíblicas é muito
alto, beirando os cem por cento.

Assim, esses cinco ensinos dessa organização religiosa me convenceram de que


a verdadeira religião eram as Testemunhas de Jeová. Resumindo, (1) só as TJs
santificam o nome de Deus, (2) só elas pregam de casa em casa, (3) só elas
respeitam a Bíblia, (4) só elas não se envolvem na política e (5) só elas não
matam e, por isso, demonstram amor cristão. Tudo uma grande inverdade, e
você se convencerá disso mais à frente, se for um leitor sincero. Com esses
cinco pontos em mente, abracei-os com ardor e amor a seita TJ, e prometi a
mim mesmo que, como estava na “verdade”, não iria questionar outros ensinos
mais difíceis de entender. Simplesmente, dei um salto de fé no escuro. Esses
pilares TJs me tornaram um membro convicto da seita, e um ferrenho defensor
dos ensinos de sua liderança mundial – o Corpo Governante (CG).

QUEM ERA O CORPO GOVERNANTE PARA MIM.

Conforme progredia nos estudos, foi inevitável a pergunta: Quem escreve essa
literatura toda para as TJs lerem e estudar? As TJs creem até hoje que sua

34
liderança mundial, o Corpo Governante, é o Servo Fiel e Prudente 16, de Mateus
24:45-47, composto de poucos homens de liderança, os quais são os
responsáveis em prover alimento espiritual na forma de páginas impressas para
seus liderados. Um ano antes de ser batizado, estudei uma revista A Sentinela
que dizia: “O que é ainda mais importante, devemos aprender a confiar no
escravo fiel e discreto. — Mateus 24:45-47.”17 Quando tive acesso à outras
revistas com TJs mais antigos, como um grande amigo chamado Sthefan
Steebi, encontrei a seguinte pérola: “A menos que estejamos em contato com
este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da
vida, não importa quanto leiamos a Bíblia.”18 Nesses líderes mundiais eu passei
a confiar. Tudo o que eles ensinavam, para mim era o que Jeová desejava que
eu e toda a associação das TJs aprendêssemos.

O discurso para convencer novos estudantes da Bíblia sobre as TJs serem a


única religião verdadeira era: “Jeová Deus tem um canal de comunicação usado
por ele para nos ensinar. O simples fato de toda a associação inteira dos irmãos
estar unida em aprender com Jeová os mesmos ensinos é uma prova de que
esta organização é a única religião verdadeira.” - Palavras proferidas num
discurso público por um ancião chamado António Mendonça.

UM ZELOSO PUBLICADOR.

Contrário de minha determinação inicial, não demorou muito para eu começar a


sair de casa em casa. Ou seja, tornei-me um publicador não batizado. Não
conseguia mais guardar só para mim as verdades e mentiras da seita. Os
anciãos se reuniram e aprovaram minha participação no serviço de campo, ou
seja, no trabalho de casa em casa.

Foi até insuportável para minha família, muito católica, ver-me nas ruas
pregando ensinos TJs. Mas acredite, se quiser: já em 1985, eu percebia com
nitidez que cristãos de fé protestante ou evangélica precisavam conhecer mais
da Palavra de Deus. Católicos então, pobres miseráveis em conhecimento
bíblico! Elas pareciam sem rumo espiritual, e sempre que permitiam minha
entrada em suas casas, eu entrava e lia a Bíblia para eles. Aprendi a amá-los
com a Palavra de Deus. Não ia à casa deles com a intenção de vê-los perder a
vida eterna. Importava-me, sim, com a salvação deles. Havia me tornado um
sinceramente enganado! E quanto mais trabalhava de casa em casa, ao ler
verdades realmente bíblicas para os moradores, muitos diziam: “Nunca aprendi

16
No meu tempo como TJ, o Escravo Fiel e Prudente era chamado de Escravo Fiel e Discreto.
17
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de novembro de 1985, p. 15. Cesário Lange, SP, 1985.
18
Torre de Vigia. A Sentinela de 1 de agosto de 1982, p. 27. Cesário Lange, SP, 1982.

35
tanta coisa sobre Bíblia em tão pouco tempo de conversa!” Obviamente, pois a
Igreja Cristã, nos idos de 1985, já dava ares de diminuir em muito a qualidade
e a quantidade de ensino cristão. Quando havia reações como essas, me
perguntava: Qual outra religião faz o que fazemos? Qual outra é a verdadeira?
Então, meu instrutor e todas as TJs se orgulhavam ao fazer a pergunta:

PERGUNTA TJ 12: Jesus disse que a vida eterna é esta, que absorvam
conhecimento de Deus e de seu Filho, Jesus. (João 17:3) Conhece um
povo que tem mais conhecimento da Bíblia do que as TJs?

As TJs, em todo o mundo, tinham um formulário em que cada membro relatava


mensalmente o número de horas trabalhadas na pregação19, bem como
quantas revistas e livros eram “colocados” (ou: vendidos) para os moradores.
Assim que iniciei o trabalho como publicador, meu instrutor, que era ancião na
Congregação Norte de Américo Brasiliense-SP, orientou-me para trabalhar mais
que dez horas por mês, para ter uma média exemplar, acima de dez horas
mensais. Nos quase vinte e quatro meses que trabalhei como publicador não
batizado, minha média mensal era de vinte e nove horas. De todos de minha
congregação, eu era quem mais “colocava” livros e revistas com os moradores.

A ESCOLA DO MINISTÉRIO TEOCRÁTICO ME AJUDOU

Sempre tive dificuldade em falar em público. Na escola, era tímido ao expor


trabalhos de classe. Não posso negar que as TJs me ajudaram muito a vencer
essa timidez. Neste ponto, considero-me até hoje extremamente grato às TJs.
Todas as quintas-feiras, havia na congregação de Américo Brasiliense-SP, e em
todos os 232 países em que a obra TJ estava, a chamada Escola do Ministério
Teocrático. Essa escola me ajudou muito a me tornar um hábil pregador. Ela
era presidida por um ancião (pastor) experiente, e visava treinar publicadores,
batizados ou não, a falar em público sobre sua fé, quer no trabalho de casa em
casa (o chamado serviço de campo), quer no próprio Salão do Reino, nos
discursos semanais. Meu colegas de classe não demoraram muito para
perguntar: “Come é que você perdeu o medo e está se expressando tão bem,
até mesmo fazendo gestos?” Com o passar dos anos, tornei-me instrutor dessa
escola, e então pude me desenvolver mais ainda, graças a um contato mais
intensivo com o livro Manual da Escola do Ministério Teocrático.

19
Essa prática de entregar relatórios confessando quantas horas foram gastas na pregação de cada mês
descontinuou a partir de novembro de 2023. Atualmente, as TJs entregam relatórios apenas
confessando se participaram ou não da pregação de casa em casa.

36
O DIA DO MEU BATISMO

Demorou bastante para poder ser considerado qualificado para ser batizado.
Por quê? Eu sempre gostei de falar além da conta. Como filho único, sempre
preso pela educação ciumenta de minha mãe (que saudades), acabava
descontando no meu modo extravagante de falar demais. Tinha o hábito de
aparecer demais. E isso chamava a atenção dos anciãos, que sempre achavam
um defeito em mim. Ameacei parar de ir ao Salão, até que meu instrutor
resolveu ser menos exigente. Ele foi perguntar para o meu pai se meu
comportamento em casa era exemplar e se eu podia ser batizado. Meu pai,
sempre a meu favor, disse sim.

Após ser aprovado pelo meu ancião instrutor, passei por três sessões de
perguntas e respostas. Eram cerca de duzentas perguntas sobre o que eu havia
aprendido com as TJs. Era permitido olhar nas respostas, mas quanto menos eu
olhasse, mais eu convenceria os anciãos de que eu estava apto para o batismo.
Fui aprovado com unanimidade. Meu batismo se deu aos seis de dezembro de
1986. Meus pais foram comigo. Para mim, foi uma grande alegria. Mal sabia
que eu fui batizado em nome de um “Pai”, de “um Filho” e de “um espírito
santo” que não são os da Bíblia. Você saberá o motivo mais à frente, quando
lhe mostrar por que deixei de ser TJ.

Usando o dia do meu batismo, um de meus amigos TJs me perguntou:

PERGUNTA TJ 13 – Se somos batizados em nome do Pai, do Filho e do


“espírito santo”, não está provado que as pessoas mentem ao nos
acusar de não crermos no Deus da Bíblia, em Jesus e no “espírito
santo”?

Minha resposta foi: Sim, com certeza! Afinal de contas não somos batizados em
nome de uma trindadezinha pagã!

MEU PROGRESSO NA ORGANIZAÇÃO TJ.

Após o meu batismo, saí como pioneiro auxiliar, trabalho este em que o
publicador deveria pregar e ensinar sessenta horas mensais (hoje a cota é
menor: 30 horas), e dois anos depois ingressei como pioneiro regular, com a
meta de trabalhar para a organização TJ mil horas por ano. Qual era a minha
motivação para ingressar como pioneiro regular?

Em 1988, li num folheto TJ, o seguinte: “Sim, trabalhamos arduamente com o


fim de obter a nossa própria salvação e de ajudar outros a também serem

37
fiéis.”20 Assim, eu cria, como toda TJ exemplar, que ter bastante para fazer na
obra de Jeová (1 Coríntios 15:58), junto com minha fé em Jesus, me ajudaria
muito a ser salvo, ou, se preferir, como dizem as TJs, “me candidataria a ser
salvo”. Como fui enganado! A Bíblia em momento algum ensina salvação pelas
obras, pois a salvação “não vem das obras”. – Efésios 2:8, 9.

Sobre isso as TJs perguntam:

Desde que decidi ser publicador, amava ensinar crianças e idosos. De fato, amo
até hoje. Pregar os ensinos TJs usando a Bíblia me fez arraigar-me mais ainda
nos ensinos dessa organização.

Ademais, havia uma outra forte ajuda que me atraía para essa organização.
Gostava muito da amizade entre as TJs, especialmente anciãos experientes. Era
muito próximo de anciãos conceituados em Betel, a assim chamada Sede
Brasileira das Testemunhas de Jeová. Aqui no Brasil ela se situava em Cesário
Lange, no Estado de São Paulo. Conheci pessoas importantes ali, como Erick
Katner, Sérgio Augusto Antão, John Urban, Fred Wilson e suas duas esposas
que ele teve. Uma delas, um doce de pessoa, a Sra. Grace Wilson. Outros que
ainda vivem e servem a esse deus falso – o “jeová”-TJ, que só terão seus
nomes aqui escritos você sabe quando, se leu o primeiro capítulo.

As assembleias de circuito (encontro de vinte congregações) e os congressos


de distrito (ajuntamento de dois ou mais circuitos) eram ocasiões que
realmente fortaleciam a fé de todos, tanto com ensinos bíblicos como as
doutrinas satânicas dessa seita, chamadas na Bíblia de ensinos de demônios. (1
Timóteo 4:1) O método de ensino era perfeito. Discursos educativos,
argumentação convincente (para quem só estava disposto a aprender com as
TJs), encontrar-se com gente conhecida de outras cidades, fazer novas
amizades, buscar, por que não, uma namorada – tudo conspirava para uma
perfeita paz, um “paraíso” que hoje chamo de cilada perfeita do Diabo! Os
pontos altos desses encontros eram os batismos e os lançamentos dos novos
livros do Corpo Governante. Nunca me esquecerei do lançamento do livro A
Vida – Qual a Sua Origem – A Evolução ou a Criação?, lançado pelo membro do
Corpo Governante em 1985, chamado John Barr. Ele disse assim ao lançar o
livro: “Este livro coloca a teoria da evolução direitinho onde é o lugar dela, num
caixão de defunto, e prega bem a tampa em cima”. O estádio inteiro do
Morumbi riu e aplaudiu. Eram frases bem elaboradas, que fortaleciam a fé TJ
nas crenças dessa organização.

20
Torre de Vigia. Nosso Ministério do Reino de Dezembro de 1984, p. 1. Cesário Lange-SP, 1984.

38
Tive também dois amigos especiais. Um deles, ainda vivo, e já falei dele no
primeiro capítulo. Hoje ele mora na França. Um segundo amigo, este já
falecido, foi um verdadeiro pai, irmão, amigo. Seu nome: Peter Lents. Alemão,
formado na Escola Bíblica de Gileade, escola que preparava missionários em
Brooklin, Nova York, EUA, para servirem onde houvesse a necessidade. Ex-
luterano, converteu-se à fé TJ após servir o exército nazista. Viu sua mãe ser
morta por soldados franceses. Quando ele faleceu, chorei copiosamente, mais
do que pela morte de meu pai. Peter Lents me presentou com verdadeiras
relíquias TJs, como a fita cassete de dedicação do Betel na Alemanha, quando o
então presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Trados e Líder do
Corpo Governante, Frederick William Franz, proferiu o discurso de dedicação do
local ao falso deus “jeová-TJ”. Nesta fita que possuo até hoje, Fred Franz
confessa claramente que eles erraram em esperar o Armagedom para 1975,
mas tenta ‘tapar o sol com a peneira’, ou se justificar, alegando que pelo menos
eles ficaram vigilantes.

Todas essas “ajudas” colaboraram para que me tornasse um TJ ativo e


considerado como forte na fé apregoada por esta seita.

UM BREVE RESUMO DO MEU PROGRESSO ENTRE AS TJS.

Em 1992 eu fui designado servo ministerial, cargo que as igrejas cristãs


chamam de diácono. Mas depois fui afastado do privilégio por problemas
familiares. Meu pai faleceu aos 20 de janeiro de 1992. Como filho único e agora
sem aquele pai que ajudava a lidar com minha mãe e sua forma extremista de
me amar e me proteger, tive muitos problemas de relacionamento com ela. Por
ela, jamais me casaria. Mas acabei casando no ano seguinte, em maio de 1993,
com [...], opa! Está viva ainda!

Em 1995, fui novamente designado servo ministerial. Cheguei a proferir mais


de cem palestras, conhecidas como discursos públicos, e entre 1995 e 1999,
trabalhei mais de cinco mil horas para a organização TJ. Fui usado para cuidar
de uma congregação numa fazenda, num território isolado. Nesses anos todos,
fiz tudo com amor, pois eu era convicto de que estava na verdade, e para mim
essa verdade estava só com esta organização.

Em 16 anos e meio, de 1984 a 1999, eu li a Bíblia várias vezes, estudei grego e


escrevi um livro, só para uso pessoal, que explicava o livro de Mateus versículo
por versículo. Só não o publiquei porque os anciãos me proibiram de fazer isso,
ao dizer que só a liderança mundial, o Corpo Governante dessa seita, é que
tinha a permissão de Deus para publicar livros de caráter religioso. Apesar de
ter me dedicado tanto, em 18 de novembro de 1999 eu fui expulso dessa

39
organização religiosa por apostasia, perdendo a amizade de mais de duas mil
testemunhas de Jeová de minha cidade e região, que foram proibidas de dizer
até mesmo um “oi” para mim. Depois disso, eu fiquei um bom tempo sem
pensar em religião.

Com certeza, você deve estar curioso em saber: “Como foi sua expulsão?” “O
que você aprontou?” Senta, que lá vem história! Mais à frente contarei os
detalhes sobre minha desassociação. Antes disso, gostaria muito de que você
me respondesse às seguintes perguntas:

1. O que acha de uma organização religiosa que prega seus ensinos usando a
Bíblia de casa em casa, com zelo e determinação?
2. O que dizer de uma organização religiosa que fala do nome de Deus, não
participa de guerras e da política, tem um programa unificado de ensino em
que seus membros no mundo inteiro aprendem os mesmos ensinos, e ainda
assim são treinados por uma escola semanal a levar sua mensagem a outras
pessoas?
3. O que você acha de uma organização religiosa que acredita que a Bíblia é a
Palavra de Deus e, por isso, envia seus membros para dirigir estudos bíblicos
domiciliares gratuitamente, com a finalidade de ajudar pessoas?
4. O que você pensa de uma organização religiosa que lhe provê
companheirismo e uma “unidade” difícil de se ver?
5. Você gostaria de que a sua igreja fosse assim?

Agora você entende por que motivos eu me tornei TJ. Confesso que quando
assisti a um congresso internacional das TJs, no Estádio do Pacaembu, na
cidade de São Paulo, em 1990, fiquei emocionado de ver pessoas de todas as
raças unidas em servir um único deus. Em que outra religião pode haver
tamanha união?, perguntava a mim mesmo. Assim, essa firme estrutura
religiosa, com ensinos tão cativantes, me ajudaram a superar os problemas
familiares e preencheram de um modo tão perfeito o meu coração, e me fez
aceitar, sem questionar, outros ensinos. Vejamos uma boa parte deles no
capítulo seguinte.

40
CAPÍTULO 3
O PODER DA BOA ARGUMENTAÇÃO

Uma das coisas que mais me chama atenção no ser humano é a capacidade de
alguns de convencer outros. Com esse talento, podem criar todas as
contingências e argumentações possíveis para envolver desavisados em seus
embustes, e levá-los facilmente como presa fácil. Nem todos esses vendedores
de argumentos bem trabalhados são malandros ou querem enganar para
prejudicar alguém. Infelizmente há aqueles que compraram uma ideia, e fazem
de tudo para repassá-la na maior das boas motivações. Só não sabem que
estão errados.

Imagine que alguém, bem-intencionado, desejando lhe oferecer algo que


achasse ser bom para você, lhe abordasse com a seguinte conversa:

“Vendemos terrenos num lugar afastado. Comprando um terreno ali, você


estará livre da poluição, da criminalidade e das guerras. Não há barulho
de trânsito, muito menos congestionamento.”

Mas imagine que depois de muito tempo falando sobre as vantagens de


comprar esses terrenos, e de perceber que você se tornou envolvido pela
compra desses terrenos, e de notar que você fez amizade com o vendedor e
até divulgou esses terrenos para outros, então o vendedor lhe diz: “Esses
terrenos são na lua”. Todos nós sabemos que comprar terrenos na lua é um
absurdo, pois ali não há condições de haver vida. Mas depois de tanto tempo
sendo bombardeado com argumentos plausíveis sobre as vantagens de se
adquirir tais terrenos, o comprador já não tem mais forças para negar comprá-
los. Ele, ou por orgulho próprio, ou por se sentir bem com a ideia e receber
todo o apoio para comprar os terrenos e divulgar a venda deles, se deixa
continuar levando por esse absurdo, que lhe parece algo verdadeiro.

O que quero dizer com tudo isso? Que argumentos bem elaborados, e vindos
de pessoas bem ou mal intencionadas, que sabem da verdade ou não sabem
que não sabem da verdade, podem convencer outros com qualquer proposta
absurda, se essa proposta vier acompanhada de verdades óbvias, de fácil
compreensão.

De fato, muitos acabam por se convencer de absurdos porque a argumentação


é eficaz, e porque também quem apregoa o absurdo pode até mesmo crer e
defender com convicção tal absurdo. A convicção encanta! Assim, muitos se
tornam vítimas de sofismas. Sabe no que isso pode dar? Num conjunto de

41
falsos conceitos, sustentados por ótimos argumentos, um sustentando o outro,
um provando o outro, mas o alvo de tudo isso ser um grande absurdo!

Mas o que tem a ver tudo isso com minha história religiosa? Infelizmente, as
TJs possuem muitas verdades em seu corpo de interpretações bíblicas,
defendidas com uma argumentação sempre bem convincente. Por exemplo,
para provar que Jesus não é Deus, observe as verdades que podem ser usadas
para provar a mentira de que Jesus não é Deus:

1. Você não pode ser a mesma pessoa que seu pai. (Pura verdade!)
2. Você não pode conversar com você mesmo. (Pura verdade)
3. Deus não morre. (Pura verdade!)
4. Jesus morreu por você. (Pura verdade!)

Conclusão final: Se Jesus orava a seu Pai, e morreu por você e Deus não
morre, logo, Jesus não pode ser Deus. (Pura mentira!)

Sem saber o que a Bíblia ensina sobre Jesus, a partir da sua encarnação, ser
Deus e homem, e aprender na Bíblia que Jesus morreu na carne (1 Pedro
3:18), portanto, o atributo de morrer pertence a seu lado humano, não divino,
jamais você vai saber da verdade que Jesus, enquanto Deus, jamais morreu, e
que para ser possível ele morrer, teve que, sem deixar de ser Deus, assumir a
natureza humana. Assim, ele jamais morreu enquanto Deus. – Filipenses 2:5-8.

Assim, sem conhecimento bíblico, pois o catolicismo não ensinou bulhufas


nenhuma de Bíblia, fui facilmente enganado para crer em mentiras sustentadas
por verdades inegáveis. Comprei, então, muitos terrenos na lua.

AS TJS ME CONVENCERAM A ROMPER DE VEZ COM O CATOLICISMO.

Conforme narrei nos capítulos anteriores, uma TJ me abordou na porta de casa


e mostrou-me quão errado era usar imagens na adoração. Lembra-se do que
eu fiz? Eu queimei a todas no fogo, em obediência à minha Bíblia, a versão Ave
Maria. (Deuteronômio 7:25) No entanto, qual era a minha situação como
católico naquela época? Eu estava revoltado com escândalos homossexuais na
igreja. Minha família, muito católica, estava em crise e eu me sentia
desanimado. Portanto, se aquela TJ tivesse me lido os mesmos textos sobre a
idolatria enquanto eu era forte na fé católica, talvez os argumentos dela, por
mais bíblicos que fossem, não teriam me convencido de nada. Quando somos
convictos e leais a uma fé, ou a homens, nossa mente e nossos valores, com
nossa história, lutam para não sermos convencidos do contrário, pois não
gostamos de dar o braço a torcer. Mas quando a decepção vem primeiro,

42
abrimos nosso coração para raciocinar melhor. Foi isso que aconteceu, porque
eu deixei a Bíblia falar comigo, independente de quem lia e de que religião ela
era, pois estava decepcionado com o catolicismo. Eu deixei que Deus falasse
comigo sem argumentação humana. Era o que a Bíblia pedia para ser feito.
Queimei as imagens de santos que eu tinha no fogo e me convenci de que a
igreja católica estava em erro doutrinário.

Você entendeu, então, que um vendedor de uma ideia nova, a qual pode
chocar a opinião alheia, precisa vender sua ideia usando verdades de fácil
aceitação, conforme o estado de espírito do cliente? Quando aquela senhora
soube que estava afastado do catolicismo, mas não rompido totalmente, pois
ainda era católico, ela, muito bem trinada, soube como falar uma verdade
(sobre as imagens) para provar uma mentira (que as TJs eram a única igreja
verdadeira).

Foi assim que me tornei TJ. O primeiro passo era usar verdades bíblicas contra
o catolicismo romano. Depois, conforme já narrei, foi mostrar verdades bíblicas
inquestionáveis sobre como ser feliz na vida familiar. Pronto, me conquistaram.

Todas as seitas fazem o mesmo. Cada uma delas tem suas crenças distintivas,
ou seja, ensinos que só uma religião, ou pouquíssimas delas, apregoam. Elas
nunca abordam essas crenças distintivas para seus recém-interessados, nas
primeiras lições ministradas a eles. O objetivo até então é envolvê-los com a
amizade, tratá-los cordialmente, oferecer ajuda para resolver problemas
corriqueiros. Quando os adeptos e instrutores das seitas percebem que a
pessoa se sente muito bem em suas fileiras, e já estão defendendo as verdades
bíblicas ensinadas nos estudos bíblicos, então chega o momento de se dizer a
cada novo aluno: “SURPRESA! Hoje vamos considerar um ensino que faz o
povo de Deus ser zombado, mal tratado e até perseguido. Vamos orar a Jeová
pedindo ‘espírito santo’ para nos ajudar a entender o assunto de hoje?” São
como cartas nas mangas de um Coringa do inferno!

No começo de meus estudos com as TJs, aprendi muitas verdades bíblicas. Que
a Bíblia é a palavra de Deus, que Deus existe e se importa conosco, que
Satanás é o maior inimigo da vida eterna e ele quer fazer de tudo para que as
pessoas parem de ler e estudar a Bíblia, que nem todas as religiões agradam a
Deus, que Jesus Cristo foi enviado por Deus para morrer por nós. Quanta
verdade, não é mesmo?!

Mas de repente, começam as surpresas. Por exemplo, vejamos algumas


doutrinas distintivas das TJs, pelo menos um texto que usam para fundamentar
suas crenças, e o raciocínio que usam para conduzir os estudantes da Bíblia a

43
pensar da mesma forma que elas. Vejamos rapidamente doze ensinos
distintivos TJs:

1. Proibido transfusões de sangue.

 Verdade bíblica usada para provar essa mentira: A Bíblia condena comer
sangue (Gênesis 9:4, 5; Levítico 17:10, 11) e nos ensina a abster-se de
sangue. – Atos 15:28, 29.
 Raciocínio TJ: Se é errado comer sangue, é errado por sangue no corpo
pelas veias.

2. Proibido celebrar aniversários natalícios.

 Verdade bíblica usada para provar essa mentira: Os dois relatos bíblicos
que falam de aniversários natalícios narram mortes de servos de Deus. –
Gênesis 40:1-22; Mateus 14:1-12.
 Raciocínio TJ: Se nas únicas menções bíblicas a aniversários natalícios
servos de Deus são mortos, é porque a Bíblia quer condenar a
celebração destes.

3. Jesus começou a governar nos céus em 1914.

 Verdade Bíblica usada para provar essa mentira: A Bíblia mostra que
Jesus retornou aos céus, e sentou-se à direita de Deus, esperando que
seus inimigos fossem postos debaixo de seus pés. – Salmos 110:1;
Hebreus 10:12, 13.
 Raciocínio TJ: Se Jesus teve de esperar para pôr seus inimigos debaixo
de seus pés, é porque não começou a reinar logo que chegou nos céus.

4. Jesus não é Deus.

 Verdade bíblica usada para provar essa mentira: Jesus estava com Deus
no princípio de tudo (João 1:1) e Jesus disse: “O Pai é maior do que eu”.
– João 14:28.
 Raciocínio TJ: Jesus não pode ser Deus porque a Bíblia diz que Jesus,
um deus menor, estava com o Deus maior. - João 1:1; João 14:28.

5. Satanás e seus anjos foram expulsos dos céus em 1914.

 Verdade bíblica para provar essa mentira: A Bíblia diz que Satanás
esteve com os anjos no céu nos dias de Jó. (Jó 1:6) E quando Satanás e

44
seus anjos são expulsos dos céus, a Bíblia diz que eles sabem que têm
um curto período de tempo. – Apocalipse 12:12.
 Raciocínio TJ: Se a Bíblia diz que Satanás esteve com os anjos de Deus
nos céus nos dias de Jó, e se a Bíblia diz que depois de expulsos dos
céus, Satanás e seus anjos sabem que eles têm curto período de tempo,
então eles não poderiam ter sido expulsos dos céus após o pecado de
Adão e Eva, mas sim em 1914.

6. O Espírito Santo é uma força ativa, não um ser pessoal.

 Verdade bíblica para provar essa mentira: Os discípulos ficaram cheios


do Espírito Santo (Atos 1:8) e foram batizados com Espírito Santo. -
Mateus 3:11.
 Raciocínio TJ: O ‘espírito santo’ não pode ser pessoa porque não se pode
ficar cheio de uma pessoa, nem ser batizado com uma pessoa.

7. Só 144 mil vão viver no céu e os da Grande Multidão vão viver no


paraíso na terra.

 Verdade bíblica para provar essa mentira: A Bíblia diz que os cônscios de
sua necessidade espiritual vão viver no céu (Mateus 5:3) e que os
mansos herdarão a terra (Mateus 5:5). A Bíblia fala de um pequeno
rebanho que herdará o reino (Lucas 12:32) e de outras ovelhas (João
10:16). A Bíblia fala dos 144.000 (Apocalipse 7:4-8) e de uma grande
multidão. – Apocalipse 7:9-14.
 Raciocínio TJ: Se há um pequeno rebanho que herda o reino, dos céus
evidentemente, devem ser os 144 mil cônscios de sua necessidade
espiritual, um grupo menor que os da Grande Multidão, ou outras
ovelhas que herdarão a terra.

8. Não existe vida após a morte.

 Verdade bíblica para provar essa mentira: A Bíblia diz que os mortos não
sabem de mais nada, e os pensamentos de uma pessoa perecem quando
ela morre. – Eclesiastes 9:5-10.
 Raciocínio TJ: Se existisse vida após a morte, a Bíblia não diria que os
mortos não estão cônscios de absolutamente nada.

9. Proibido se candidatar a cargos políticos e votar em alguém.

 Verdade bíblica para provar essa mentira: Satanás ofereceu os reinos


deste mundo a Jesus (Mateus 4:8-10), Jesus disse que seu reino não é

45
deste mundo (João 18:36) e os discípulos de Jesus não fazem parte
deste mundo. – João 17:14, 16.
 Raciocínio TJ: Se Satanás ofereceu os reinos a Jesus, os governantes
desses reinos não podem ser eleitos pelos cristãos, pois, como tais, não
fazem parte do mundo de Satanás.

10. Não dizem nem mesmo um oi para membros excluídos dessa


organização e evitam conversar até mesmo com a mãe se ela for
expulsa.

 Verdades bíblicas usadas para provar essa mentira: O apóstolo João


disse para não cumprimentar quem se adianta nos ensinos de Cristo e
traz um outro ensino. – 2 João 7-11.
 Raciocínio TJ: Todos os que deixam de ser TJ, mesmo que for a mãe de
alguém, deve-se evitar ter contato com ela, conversando apenas
assuntos necessários.

11. Não existe inferno de fogo.

 Verdade bíblica usada para provar essa mentira: A Bíblia diz que jogar
filhos no fogo nunca passou pela mente de Deus (Jeremias 7:31) e diz
também que o salário do pecado é a morte. – Romanos 6:7.
 Raciocínio TJ: Se a ideia de queimar pessoas no fogo nunca passou pela
mente de Jeová, como poderia ele então queimar pessoas para sempre
no fogo? E se o salário do pecado é a morte, então quando a pessoa
morre, a morte paga os pecados dela, logo, não terá de ir para o inferno
pagar por esses pecados.

12. Somente as TJs são a religião verdadeira.

 Verdade bíblica usada para provar essa mentira: A Bíblia diz que há uma
só fé (Efésios 4:5) e que devemos ser unidos na mesma mente e na
mesma maneira de pensar. – 1 Coríntios 1:10.
 Raciocínio TJ: Se a Bíblia diz que há uma só fé e que devemos ser unidos
na mesma mente e maneira de pensar, como poderia Deus usar milhares
de igrejas que brigam entre si por causa de doutrina?

Aqui dei apenas doze exemplos. Você saberia responder biblicamente a cada
um desses argumentos TJs, apontando os erros absurdos de cada um? Pois
então, você aprenderá a refutar a todos estes argumentos e mais alguns,
quando ler os capítulos onde responderei as perguntas TJs em negrito que
aparecem no decorrer deste livro.

46
UM QUESTIONAMENTO QUE MEXEU COMIGO

Nos quase dezessete anos que servi a essa organização, tornei-me um defensor
leal desses ensinos distintivos, e de outros. Acreditava com convicção que as
argumentações do Corpo Governante, usando a Bíblia, para defender cada uma
das doutrinas TJs eram verdades que provavam cada “verdade” (que era
mentira). Cada ensino acima possuía uma vasta gama de supostas provas
bíblicas para se crer assim. E assim elas me tornavam convicto cada vez mais
de eu estar na única religião verdadeira.

Num dos primeiros estudos bíblicos que recebi do ancião que me visitava,
aprendi com as TJs um argumento baseado numa ilustração. Esse argumento,
naquela época, me pôs contra a parede, e sempre que as TJs supostamente me
provavam na Bíblia que os ensinos de outras igrejas estavam errados, eu me
lembrava da ilustração. Veja:

“Qual deve ser sua reação caso se lhe apresente prova de que aquilo em
que crê é errado? Por exemplo, digamos que esteja viajando de carro pela
primeira vez para certo lugar. Você tem um mapa rodoviário, mas não
tomou o tempo para verificá-lo bem. Alguém lhe disse qual a estrada que
devia tomar. Você confiou nele, crendo sinceramente que lhe indicou o
caminho certo. Mas, suponhamos que não o seja. O que faria se alguém
lhe apontasse o erro? O que faria se este, recorrendo ao mapa que você
mesmo tem, lhe mostrasse que tomou a estrada errada? Será que o
orgulho ou a obstinação lhe impediriam admitir que está na estrada
errada? Pois bem, se ficar sabendo, pelo exame de sua própria Bíblia, que
está seguindo o caminho religioso errado, esteja disposto a mudar. Evite a
estrada larga que conduz à destruição; siga o caminho estreito que leva à
vida!”21

Uma pessoa despreparada, presa fácil da boa argumentação, não perceberá


que a intenção dos autores da citação acima e líderes religiosos TJs é preparar
o aprendiz para assimilar as crenças deles, como que se todas as outras
religiões fossem estradas incorretas e somente as TJs o único caminho. E para
inibir o questionamento, eles perguntam: “Será que o orgulho ou a obstinação
lhe impediriam admitir que está na estrada errada?”, como se eles não tivessem
erros e fossem o sinônimo da verdade, ou a própria verdade. Fazem o
estudante a crer que, como são uma religião pequena em relação às outras,

21
Torre de Vigia. Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, pp. 32, 33. Cesário Lange, SP: 1983.

47
Jesus estaria se referindo a uma única religião chamada Testemunhas de
Jeová, como se ela fosse o caminho estreito que leva à vida.

Mas a pessoa preparada desejará analisar os fatos. Ela considerará a


argumentação, a ilustração, mas não permitirá que os outros a chamem de
orgulhosa ou obstinada caso ela encontre provas de que a argumentação e a
ilustração TJ é válida para essa seita também. E o mais importante: O mapa da
salvação, que é a Bíblia, nos ensina que Jesus é o caminho (João 14:6), não
uma religião fundada por um “Zé” qualquer de vinte e dois anos, chamado
Charles Taze Russell, em 1874.

Toda a organização religiosa que se diz ser o único caminho que leva à vida
rouba ou divide com Jesus o mérito da salvação, tornando-se assim uma seita.
E quando descobrimos que a argumentação da seita é baseada em verdades
bíblicas para provarem um ensino falso, nos decepcionamos para o nosso bem,
e nos libertamos da meia ideia de comprar um terreno na lua.

Até aqui, neste livro, procurei mostrar a você o que me levou a ser TJ. Espero
que você tenha entendido. Não explorei a questão espiritual. Mas sei que Deus
permitiu que o Diabo me conduzisse a essa seita para um dia ser usado pelo
verdadeiro Deus Jeová para ajudar a muitos. Por isso, muitas emoções e
revelações lhe aguardam nessa obra. A seguir, vamos entrar mais a fundo no
alimento espiritual fornecido pelo Corpo Governante às suas testemunhas.

48
CAPÍTULO 4 – O ALIMENTO ESPIRITUAL DO SERVO
FIEL E PRUDENTE DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Quando uma pessoa quer se tornar uma TJ, ela precisa, antes de ser batizada,
estudar livros preparados pelo Corpo Governante desta organização. No meu
tempo, em 1984, estudávamos dois livros: Poderá Viver Para Sempre no
Paraíso na Terra e Unidos na Adoração do Único Deus Verdadeiro. Os livros
eram muito bem elaborados, e o estudante da Bíblia respondia as perguntas
que o dirigente de estudo lhe fazia, todas elas escritas no rodapé de cada
página, referente aos parágrafos de cada página. Então, o aluno deveria
responder conforme estava escrito em cada parágrafo dos livros.

Nestes dois livros, e em estudos posteriores, como os da revista A Sentinela,


aprendi fazer perguntas que desafiam pessoas de outras religiões,
principalmente católicos, protestantes e evangélicos. Neste capítulo, conforme
lhe apresentar os ensinos básicos das TJs, apontarei perguntas em negrito que
aprendi a fazer com essa organização religiosa. Não as responderei neste
capítulo, como ainda não respondi a algumas em capítulos anteriores, para te
despertar a curiosidade. Mas o farei num capítulo mais à frente.

QUEM É O SERVO FIEL E PRUDENTE (ESCRAVO FIEL E DISCRETO)?

Todos os ensinos básicos das TJs estão contidos nesses livros. A sequência de
estudos leva o estudante a crer que somente essa organização será salva da
destruição desse mundo mal. Mas quem são os autores desses livros, bem
como das outras publicações, incluindo as revistas A Sentinela e Despertai!? A
resposta para isso tem a ver com o primeiro ensino fundamental dessa
organização.
Certo dia, fiz uma pergunta sincera ao meu dirigente de estudo sobre quem
eram os autores do livro Poderá Viver Para Sempre. Ele me disse:

“Os nomes não aparecem por uma questão de humildade. Mas a classe
eles com certeza pertencem à classe chamada na Bíblia de escravo fiel e
discreto”.

Mais à frente, eu vim a descobrir por que os nomes dos autores não
aparecem.22

22
Na verdade, os autores não se identificam porque essa seita muda tanto de ensino que os autores,
caso fossem revelados, passariam um enorme vexame.

49
Mas, segundo as TJs, quem é esse escravo fiel e discreto e em que se baseia
essa interpretação? As TJs usam a Bíblia para nos responder:

“Quem é realmente o escravo fiel e discreto+ a quem o seu amo designou sobre os seus
domésticos, para dar-lhes o seu alimento no tempo apropriado? Feliz aquele escravo, se
o seu amo, ao chegar, o achar fazendo assim! Deveras, eu vos digo: Ele o designará
sobre todos os seus bens.” - Mateus 24:45-47.

Observe que este texto diz sobre o “escravo fiel e discreto” dar alimento. Para
as TJs, isto se refere até hoje a este escravo prover literatura bíblica e ensino
religioso a toda a comunidade.

No meu tempo como TJ, esse escravo fiel e discreto era a classe toda dos 144
mil, que começou a ser escolhida desde o Pentecostes de Atos 2. Segundo as
TJs, dentre os membros dos 144 mil de cada época, Jeová escolhia um Corpo
Governante para liderar a obra mundial e fornecer alimento espiritual em forma
de literatura. Depois que deixei de ser TJ, a seita mudou de interpretação. O
“escravo fiel e discreto” passou a ser chamado “escravo fiel e prudente”, e em
vez de ensinarem que havia um servo fiel e prudente desde o Pentecostes de
Atos 2, passaram a ensinar que, embora os 144 mil começaram a ser
escolhidos a partir desse Pentecostes, o escravo fiel e prudente que provê
alimento espiritual passou a existir apenas de 1919 para cá. Veja a mudança:

“No passado, nossas publicações diziam o seguinte: No Pentecostes de 33 EC, Jesus


designou o escravo fiel sobre seus domésticos. [...] No entanto, um cuidadoso estudo
adicional, além de meditação com oração, indica que nosso entendimento das palavras
de Jesus sobre o escravo fiel e discreto precisa ser ajustado. [...] Em 1919, um período
de reavivamento espiritual, Jesus selecionou dentre eles irmãos ungidos capazes para ser
o escravo fiel e discreto e os designou sobre seus domésticos. [...] Em décadas recentes,
esse escravo tem sido composto do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová.”23

Apenas explicando para você entender: As TJs creem que os 144 mil
começaram a ser ajuntados desde o Pentecostes de Atos 2. Creem que no
primeiro século, os apóstolos, membros dos 144 mil, constituíam o Corpo
Governante da época. No meu tempo, as TJs ensinavam que os apóstolos, além
de ser do Corpo Governante, juntos com todos os do 144 mil, constituíam o
escravo fiel e discreto. Mas em 2013, passaram a entender o escravo fiel e
discreto não mais era a totalidade dos 144 mil, mas apenas os membros do
corpo governante escolhidos a partir de 1919. O Corpo Governante enquanto
eu era TJ era composto por uns doze homens.

23
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de julho de 2013, pp. 20-22. Cesário Lange-SP, 2007.

50
Essa mudança de interpretação, na verdade, é cômica, pois, na ótica TJ, o
Corpo Governante, ou seja, o Escravo Fiel e Discreto TJ que deveria alimentar
as TJs com a verdade, errou o entendimento de quem seria ele mesmo! Se não
sabem corretamente nem a própria identidade, quanto mais interpretar a Bíblia!
Não é à toa que já mudaram 369 vezes de ensinos até outubro de 2023. Em
outras palavras, o alimento desse escravo a respeito de si mesmo, esteve
estragado de 1874 até 2013.

Enquanto TJ, eu cria que o Corpo Governante eram, por assim dizer,
sucessores dos apóstolos, embora os membros de tal corpo não fosse
inspirados por Deus na escrita de sua literatura. Observe como a função deles
era importante em minha vida, como TJ:

“Os do restante fiel da classe deste ‘escravo discreto’ (atualmente, o Corpo Governante)
fazem hoje biblicamente todo o possível para cuidar de que as testemunhas dedicadas de
Jeová, bem como os interessados do mundo, recebam alimento espiritual sustentador da
vida. (...) Além disso, o “escravo” tem organizado congregações e as tem suprido de
literatura bíblica em quantidade tal, que elas têm uma abundância de ‘sementes’ do
Reino para espalhar publicamente nos seus campos designados.”24

Assim, todas as literaturas bíblicas que as TJs publicam são alimento espiritual
no tempo apropriado, isso na opinião delas. Isso tornava para mim o Corpo
Governante, o tal canal de comunicação entre Deus e todos os membros dessa
organização. Veja:

“Mas, Jeová Deus proveu também sua organização visível, seu “escravo fiel e discreto”,
composto dos ungidos com o espírito, para ajudar os cristãos em todas as nações a
entender e a aplicar corretamente a Bíblia na sua vida. A menos que estejamos em
contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da
vida, não importa quanto leiamos a Bíblia. - Veja Atos 8:30-40.”25

Depois do meu batismo, perguntei a meu ex-dirigente de estudo bíblico o que


eu deveria fazer se caso viesse a discordar de alguma interpretação desse canal
de comunicação. E a resposta foi a mesma que esse próprio corpo governante
dá em suas revistas e publicações: “Espere em Jeová”.

Com essas crenças em mente, aprendi a perguntar, desafiando até mesmo as


outras igrejas:

24
Torre de Vigia. A Sentinela 1º. de maio de 1987, p. 15. Cesário Lange-SP, 1987.
25
Torre de Vigia. A Sentinela de 1º. de agosto de 1982, p. 27. Cesário Lange-SP, 1982.

51
PERGUNTA TJ 14: Além das TJs, qual organização religiosa possui um
escravo fiel e discreto dando alimento espiritual na forma de página
impressa e, portanto, nutrindo espiritualmente o povo de Deus?

CUIDADO COM OS QUE NEGAM O CORPO GOVERNANTE: OS


APÓSTATAS!

Frequentemente éramos alertados a não questionar os ensinos do escravo fiel e


discreto, a fim de não nos tornarmos apóstatas, ou hereges. Veja o que uma
literatura TJ disse sobre isso:

“De modo que aquele que duvida a ponto de se tornar apóstata arvora-se em juiz. Acha
que sabe mais do que seus concristãos, também mais do que o “escravo fiel e discreto”,
por meio de quem aprendeu a melhor parte, senão tudo o que ele sabe sobre Jeová
Deus e seus propósitos. Desenvolve o espírito de independência, torna-se “soberbo de
coração . . . algo detestável para Jeová”. (Pro. 16:5) Quanto aos efeitos do proceder
apóstata, um deles é a imediata perda da alegria. O apóstata fica endurecido no seu
modo rebelde. Outro é que ele deixa de assimilar o alimento espiritual provido pelo
“escravo fiel e discreto” - o que resulta em fraqueza espiritual e no quebrantamento do
espírito. (...) Vale a pena tropeçar e talvez fazer outros tropeçar?”26

Como você pode notar, era muito difícil alguém ousar a questionar os ensinos
desse “escravo”, pois significaria apostasia, ou heresia, discordar deles. Os
apóstatas, ou os que saíam das TJs, discordando de ensinos, sempre foram
diabolizados pelas TJs, como se estes estivessem discordando do próprio Jeová.

Os membros do corpo governante das TJs, naquela época sediados em Nova


York, EUA, sempre mostraram os perigos de se discordar de seus ensinos. O
perigo maior seria o de tornar-se, então, um apóstata. Quando uma TJ passa a
pensar diferente do Corpo Governante, e propagar suas ideias, mesmo que seja
a respeito de assuntos de não tão grande relevância, ela poderá ser expulsa
desta organização. Observe como isso é verdade:

“Qual é a adequada reação da congregação quando alguém abandona a verdadeira fé


cristã e adere a outra religião? Isto às vezes acontecia no primeiro século. Assim, é
compreensível que vez por outra isso aconteça hoje. Quando este é o caso, a
congregação reage apropriadamente para proteger a limpeza espiritual dos cristãos que a
compõem. (...) Eles simplesmente anunciarão à congregação que tal pessoa dissociou a
si mesma, e assim não é mais Testemunha de Jeová. Tal pessoa ‘abandonou sua anterior
lealdade’, mas, não é necessário tomar nenhuma medida formal de desassociação. Por
que não? Porque ela já se dissociou da congregação. Provavelmente não tenta manter
contato com seus ex-irmãos, para persuadi-los a segui-la. De sua parte, os irmãos leais

26
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de fevereiro de 1981, pp. 19, 20, parágrafos 11, 12 e 17. Cesário Lange-
SP, 1981.

52
não procuram companheirismo com ela, visto que ‘saiu do meio deles, pois não era dos
deles’. (1 João 2:19)”27

Portanto, Aqueles que discordam do Corpo Governante são tratados como


discordantes da verdade, ou do próprio Jeová. Nem visitar outras igrejas é
permitido, pois as TJs criam e creem até hoje que só elas são a única religião
verdadeira. Nem mesmo duvidar era permitido. Tínhamos que confiar na classe
do “escravo fiel e discreto” como se eles fossem os únicos a receberem o
entendimento correto da Bíblia, por isso, não adiantava eu ler a Bíblia sem a
ajuda deles. Só para você ter uma ideia, observe o que as TJs chegaram a
publicar sobre isso:

“Pergunta: Poderá a leitura da Bíblia... conduzir alguém à verdade?


Resposta: Não... a mais valiosa literatura para fazer alguém entender a
Bíblia é publicada pela Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia
[Testemunhas de Jeová].”28

“Se você passar 15 minutos lendo cada um dos livros de Rutherford [o


segundo presidente das tjs], terá mais prazer do que lendo a Bíblia por
um ano inteiro.”29

Assim, ensinaram para mim que Deus não se agradaria se eu viesse a


discordar, a questionar as “verdades” do Corpo Governante.

“Uma vez que verificamos qual o instrumento que Deus usa como seu “escravo” para
distribuir o alimento espiritual ao seu povo, Jeová certamente não se agradará se
recebermos este alimento como se pudesse conter algo prejudicial. Devemos ter
confiança no instrumento que Deus usa.”30

Às vezes, podia acontecer de entrarmos em contato com alguma matéria contra


os ensinos do Corpo Governante. Por isso, éramos instruídos a não ler artigos
desse tipo. Eles deveriam ser jogados no lixo. Embora fosse verdade que
muitos ex-TJs são publicavam mentiras contra a organização TJ, havia ex-
membros da seita que publicavam só verdades, e com provas concretas.
Mesmo assim, o Corpo Governante alertava seus asseclas a jogar no lixo
qualquer literatura que viesse apontar erros dessa seita. Observe como o Corpo
Governante TJ se pronunciou:

27
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de outubro de 1986, p. 31. Cesário Lange-SP, 1986.

28
Torre de Vigia. Idade de Ouro de 27 de julho de 1927, pp. 700,701.
29
Torre de Vigia. Vindicação,p. 383. Volume 3, em Inglês. New York-USA: Watchtower, 1932.
30
Torre de Vigia. .” A Sentinela 15 de agosto de 1981, p. 19. Cesário Lange-SP, 1981.

53
“Assim como ocorreu na congregação cristã primitiva, existem hoje os que se tornam
apóstatas ou extremamente críticos aos ensinos do povo de Deus. (1 Tim. 4:1) Às vezes
eles enviam cartas ou publicações que promovem a religião falsa e lançam calúnias
contra a organização de Jeová. O que fará se receber uma de tais cartas ou publicações?
Seria muitíssimo perigoso raciocinar que ler tal matéria não o afetará. (1 Cor. 10:12)
Nutrir a mente com raciocínios apóstatas pode fazê-lo cair vítima de sérias perguntas ou
dúvidas. (Tia. 1:15) (...) Se por curiosidade lesse a literatura apóstata, seria como se
convidasse um inimigo da verdadeira adoração à sua casa - um desassociado ou
dissociado - para se sentar consigo e expor suas ideias apóstatas. Há apenas um lugar
apropriado para tal tipo de matéria - jogue-a fora, no lixo!” – Nosso Ministério do Reino
de Janeiro de 1987, p. 8.

Portanto, deveríamos jogar no lixo toda matéria contrária ao Corpo Governante,


pois se tratava, segundo a seita, de mentiras, algo perigoso.

Essa tática do Corpo Governante blinda qualquer mente TJ de ler matéria que
questione suas crenças, porque sua consciência é treinada por intelectuais da fé
a acreditar que somente eles são a religião verdadeira e, por isso, tudo o que
se fala contra, constitui uma mentira. Chegam até a achar que estão sendo
perseguidas porque Jesus disse: “Mentindo dirão toda sorte de coisas contra
vós”. (Mateus 5:11) Foi assim que absorvi as “verdades” TJs. Eu interpretava as
críticas não apenas como protesto contra o Corpo Governante, mas como
perseguição, como artimanha diabólica.

Não é necessário colocar mais provas para mostrar que, realmente, depois do
batismo, era quase impossível sair dessa seita. Quem questionasse, era
expulso. Toda TJ corre dos apóstatas com medo de ser expulsa, e de perder a
fé. A nossa “fé” era firmemente fundamentada nas crenças do CG e não havia
como retroceder, ou como pensar melhor. Assim, ou você seguia ou você podia
ser expulso como apóstata, e perder o contato com centenas de pessoas em
sua cidade. Na dúvida, era melhor “esperar em Jeová”, por uma nova “luz”, ou
um novo “cardápio”, explicando melhor o assunto. Caso contrário, a pessoa
poderia perder seus melhores amigos de um dia para o outro.

PERGUNTA TJ 15 – “Vale a pena confiarmos em ex-Testemunhas de


Jeová para nos ensinar, se a Bíblia ensina que se saíram dos nossos,
não eram dos nossos?” – 1 João 2:19.

Visto que havia nessa organização uma unidade de ensino e um ambiente de


respeito mesclado com um temor muito grande, qualquer outra pessoa ali se
fechava a criticas e a questionamentos. É como se alguém fosse terrivelmente
apaixonado por uma pessoa problemática. Como esse alguém reagiria se você
falasse a ele verdades sobre o passado dessa pessoa? Esse tipo de paixão,
muitas vezes, cega, e ela só consegue ver na frente aquilo que ele quer ver. Foi

54
exatamente isso que se deu comigo. Eu acabei por aceitar apaixonadamente
todos os ensinos desse “escravo fiel e discreto”. Veja como era difícil questionar
tais ensinos, mediante suas argumentações e supostas evidências.

DEUS NÃO É UMA TRINDADE

Vou exemplificar aqui o controle mental do Corpo Governante sobre toda TJ


que não quer aprender pensar. Vimos nos parágrafos anteriores que o CG
(Corpo Governante) ordena a TJ a confiar nos ensinos dele, e proíbe TJs de
examinar literatura de ex-TJs, e evidentemente de outras igrejas, pois para as
TJs as outras igrejas são parte de Babilônia, a Grande, o império mundial da
religião falsa. Diante dessas regras, como uma TJ poderia aprender as verdades
bíblicas pregadas por outras igrejas cristãs? Ou por ex-TJs que se tornaram
cristãos?

Veja, por exemplo, o caso da Trindade e da Divindade de Jesus. Com as


proibições do CG, qualquer TJ se daria por satisfeito com as perguntas abaixo
contra essas duas doutrinas cristãs, e acharia que tais questionamentos deixam
sem resposta os teólogos cristãos. Mas o ponto é: Tais proibições impedem as
TJs de descobrir que os mestres cristãos respondem qualquer questionamento
TJ contra a Trindade e a Divindade de Cristo. Veja alguns desses
questionamentos, que serão respondidos mais adiante:

PERGUNTA 16 - Se existe a Trindade, por que Deus não se revelou nas


Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento) como sendo três Pessoas,
mas disse que era “um só Jeová”? (Deuteronômio 6:4) Por que não
ensinou haver três Jeovás?

PERGUNTA TJ 17 - Se a Trindade existe, então quer dizer que um


terço da Trindade esteve no ventre de Maria por nove meses? –
Mateus 1:20, 22.

PERGUNTA TJ 18 - Se a Trindade é uma doutrina bíblica, por que a


palavra “Trindade” não aparece na Bíblia?

PERGUNTA TJ 19 - Se Jesus é Deus, por que a Bíblia o chama de Filho


de Deus? – João 3:16.

PERGUNTA TJ 20 - Se Jesus é Deus, por que a Bíblia ensina que ele é a


primeira criatura de Jeová, ao chama-lo de “primogênito da criação”
(Colossenses 1:15) e o “princípio da criação”? – Apocalipse 3:14.

55
PERGUNTA TJ 21 - Se Jesus é Deus, e Deus não morre, pois é imortal,
como Jesus pode morrer por nós? – Lucas 23:46.

PERGUNTA TJ 22 - Se Jesus é Deus, porque Jesus disse que o Pai era


maior do que ele? – João 14:28.

PERGUNTA TJ 23 - Como Jesus e o Pai podem ser a mesma pessoa, se


Jesus orava para o Pai. (João 17:1-26) Jesus orava para ele mesmo?

PERGUNTA TJ 24 - Como Jesus pode ser Deus se a Bíblia diz: “A este


Jesus, Deus ressuscitou”? (Atos 2:32) Será que Jesus ressuscitou ele
mesmo?

PERGUNTA TJ 25 - Se Jesus é Deus, por que ele disse ao Pai: “Seja


feita a tua vontade, não a minha”? (Lucas 22:42) Se Jesus é Deus,
como poderia ter vontade diferente de seu Pai?

PERGUNTA TJ 26 - Como Jesus pode ser Deus se o próprio Jesus


ensinou que apenas o Pai é o único Deus verdadeiro? – João 17:3.

PERGUNTA TJ 27 - Como Jesus pode ser Deus se a Bíblia diz que Jesus
esvaziou-se? (Filipenses 2:7) Deus pode esvaziar-se? Pode ficar vazio
de si mesmo?

PERGUNTA TJ 28 - Como Jesus pode ser Deus se Jesus disse várias


vezes ter um Deus acima dele, isto é, o Pai? – João 20:17; Apocalipse
3:12.

PERGUNTA TJ 29 - Se Jesus é Deus, como Estêvão viu Jesus, em pé, à


direita de Deus? (Atos 7:55) Jesus estava em pé, à direta dele
mesmo? Se Jesus fosse Deus, Estêvão não teria de ter morrido, já que
a Bíblia diz que quem vê Deus morre? – Êxodo 33:20.

PERGUNTA TJ 30 - Se Deus sabe de todas as coisas, como Jesus


poderia ser Deus se afirmou não saber de todas as coisas, como por
exemplo, o dia do fim? – Mateus 24:36; Marcos 13:32.

PERGUNTA TJ 31 - Como Jesus pode ser Deus se ele vai entregar o


reino a seu Deus, e Pai? (1 Coríntios 15:24-28) Será que o Deus Jesus
vai ficar sem reinar?

56
PERGUNTA TJ 32 - Como o espírito santo31 pode ser uma pessoa, se a
Bíblia afirma que os discípulos ficaram cheios dele? (Atos 2:4) Será
que ficaram cheios de uma pessoa? Você pode ficar cheio de uma
pessoa?

PERGUNTA TJ 33 - Como o espírito santo pode ser uma pessoa, se a


Bíblia põe o espírito santo junto com substantivos impessoais? Por
exemplo, em Mateus 3:11 João Batista disse que Jesus batizaria com
“espírito santo e com fogo”. Assim como “fogo” não é pessoa, o
espírito santo também não é!

PERGUNTA TJ 34 - Como o espírito santo pode ser uma pessoa se a


Bíblia diz que cristãos foram batizados no (ou com) espírito santo? (1
Coríntios 12:13) Faz sentido acreditar que pessoas foram batizadas
numa pessoa?

PERGUNTA TJ 35 - Como o espírito santo pode ser uma pessoa se a


palavra grega para “espírito” (pneuma) é do gênero neutro, ou seja,
num gênero destinado a se referir a coisas?

PERGUNTA TJ 36 - Se o espirito santo é uma pessoa, por que a Bíblia


não aponta nenhum nome para ele? O Pai chama Jeová, o Filho é
Jesus, mas cadê o nome do espírito santo?

PERGUNTA TJ 37 - Se o espírito santo é uma pessoa, por que ele não é


visto sentado em trono, assim como o Pai e o Filho são? (Apocalipse
22:1) Será que o espírito santo é uma pessoa que não gosta de
sentar?

PERGUNTA TJ 38 - Se o espírito santo é uma pessoa, por que ele é


descrito no Apocalipse como sendo “sete espíritos de Deus’?
(Apocalipse 1:4; 3:1; 4:5; 5:6) Será que essa Trindade agora é
composta de nove espíritos?

PERGUNTA TJ 39 - Se o espírito santo é uma pessoa, por que ele foi


visto na forma de uma pomba? – Mateus 3:16, 17.

PERGUNTA TJ 40 - Se o espírito santo é uma pessoa, porque pecar


contra ele não tem perdão? (Mateus 12:32) Se ele fosse uma pessoa,

31
Como as TJs ensinam que o Espírito Santo é uma coisa, algo, e não alguém, elas grafam “espírito
santo”, em mpinúsculas.

57
então ele seria maior que o Filho e o próprio Pai, não é mesmo, já que
para pecados contra estes dois há perdão, mas contra o espírito santo
não há!

PERGUNTA TJ 41 - Se o espírito santo é uma pessoa, porque a vida


eterna é conhecer apenas o Pai e o Filho, e não o espírito santo? (João
17:3) Ou será que Jesus se esqueceu de mencionar sobre “conhecer o
Espírito Santo da Trindade?

PERGUNTA TJ 42 - Se a Trindade é uma doutrina bíblica, por que ela


passou a ser ensinada só no século IV, por Constantino?

PERGUNTA TJ 43 - Se Pai, Filho e o “Espírito Santo” são iguais em


tudo, então quando Jesus, aqui na terra, fazia xixi, cocô, mamava em
Maria, o Pai e o Espírito Santo faziam a mesma coisa no céu?

PERGUNTA TJ 44 - Não é estranho o fato de ser crer numa Trindade,


sabendo que os pagãos também adoravam deuses em forma de
Trindade?

PERGUNTA TJ 45 - Trinitários, por favor, decidam-se: Qual o resultado


dessa conta: 1 + 1 + 1? O resultado é 3? Ou 1? Vamos, decidam-se!

Bem, acredito ter despertado a sua curiosidade com essas perguntas. Mas
tenha paciência, porque mais à frente lhe ajudarei a responder a todas elas, do
ponto de vista cristão. Você verá que quando alguém é convertido ao
verdadeiro Senhor Jesus Cristo, e conhece o verdadeiro Espírito Santo de Deus
e é guiado por ele, e passa a devorar a Palavra de Deus como alimento sólido
(Hebreus 5:12-14), então as respostas a essas perguntas são facilmente
encontradas nas Escrituras.

Infelizmente, como católico romano, até meus treze anos, eu não sabia nada
de doutrina da Bíblia. Nada de Trindade. Então, não tive como refutar as TJs
com o conhecimento adquirido no catolicismo. Quando estudei a Bíblia com as
TJs, era proibido discordar do CG e ler literatura contra os ensinos TJs. Como
eu poderia, então, responder a estas trinta perguntas acima? E quanto aos
outros ensinos TJs? Como poderia ser liberto deles e conhecer a verdade se me
encontrava preso nessa seita, iludido e apaixonado por ela? Quem me libertaria
disso? Aguarde! Você saberá!

Aproveito o ensejo para lamentar pela falta de conhecimento dos cristãos de


nossos dias sobre a natureza de Deus. Sem exageros, mas são pouquíssimos

58
cristãos que saberiam dar uma resposta satisfatória às trinta perguntas contra a
Trindade. Então, além de me sentir proibido de questionar o CG e de ler
material contrário às crenças TJs, eu ainda tinha como antagonista a falta de
conhecimento do povo de Deus. (Oseias 4:6) Que triste!

Será que você, meu amado leitor, conseguiria ter me ajudado a crer na
Trindade, naqueles idos em que fui TJ? Conseguiria ter provado nas Escrituras
Sagradas que há um só Deus em três Pessoas Divinas, coiguais em poder,
majestade, eternidade e conhecimento? Continue lendo minha história! Creio
que o Espírito Santo de Deus poderá usá-la para lhe ajudar!

TRANSFUSÃO DE SANGUE PROIBIDA!

Como tive hepatite, jamais poderia doar sangue. Assim, não foi difícil aceitar o
que a organização TJ ensinava sobre transfusões de sangue. Quanto a receber
sangue, tinha médicos amigos, e eles me diziam que realmente a medicina
moderna evita ao máximo as transfusões de sangue. No entanto, quando a
situação torna necessário o uso de sangue, o paciente pode ficar entre a vida e
a morte. Como as TJs então, encaram isso? Vamos à resposta dada pelo CG TJ.

“Será que a proibição bíblica inclui sangue humano?

Sim, e os primeiros cristãos entenderam assim. Atos 15:29 diz para ‘persistir em abster-
se de sangue’. Não diz meramente abster-se de sangue animal. (Compare com Levítico
17:10, onde se proíbe comer “qualquer espécie de sangue”.) Tertuliano (que escreveu
em defesa das crenças dos primitivos cristãos) declarou: “O interdito do ‘sangue’, nós
entenderemos como sendo (um interdito) ainda mais do sangue humano.” — The Ante-
Nicene Fathers, Vol. IV.”32

PERGUNTA TJ 46 – “Onde lemos na Bíblia que apenas o sangue de


animais é condenado? A Bíblia diz para abster-se de sangue! Não
menciona se é de animais ou de homens!” – Atos 15:28, 29.

Lembro-me de ter conversado com muitos evangélicos sobre o texto de atos


15:29, inclusive pastores. Nenhum deles soube mostrar-me o motivo de a Bíblia
ordenar o abster-se de sangue.

Ademais, os líderes TJs publicaram um artigo para provar que a transfusão de


sangue era o mesmo que comer sangue. Observe:

“É uma transfusão realmente o mesmo que comer sangue?

32
Torre de Vigia. Raciocínios à Base das Escrituras, página 345. Cesário Lange-SP, 1987.

59
“Num hospital, quando um paciente não consegue alimentar-se pela boca, ele é
alimentado endovenosamente. Ora, será que alguém que jamais poria sangue em sua
boca, mas que aceitasse sangue por meio de transfusão, estaria realmente obedecendo à
ordem de ‘persistir em abster-se de sangue’? (Atos 15:29) A título de comparação,
considere o caso de um homem a quem o médico dissesse que precisa abster-se de
álcool. Estaria ele obedecendo à ordem, se deixasse de beber álcool, mas fizesse que
este lhe fosse injetado diretamente nas veias?”33

PERGUNTA TJ 47: Se um médico proibisse você de tomar bebida


alcoólica, você a injetaria em suas veias? Não, não é mesmo? Isto,
então, não prova que comer sangue é o mesmo que fazer uma
transfusão de sangue?

E agora meu caro leitor? Como você se sairia dessa? Sente agora a importância
de estudar seitas com suas heresias? Quando sabemos o que eles pensam, e
fazemos um estudo sobre o que a Bíblia ensina, Deus nos ajuda a alcançá-los
com verdades espirituais. E eu vou te deixar curioso sobre a argumentação
deles sobre o sangue e o álcool. Mais à frente ela será refutada.

O que me impressionava mais ainda era ver TJs morrerem por falta de sangue.
Eu ficava emocionado por saber que havia TJ morrendo assim. Isso fortalecia a
minha fé! Absurdo, não? Eu mesmo conheci algumas delas, que mantiveram
sua posição baseada na interpretação dada pelo CG. Na ocasião em que
morriam, em seus discursos fúnebres, os oradores se expressavam: “Morreu fiel
a Jeová”. De fato, havia uma revista Despertai! que pôs na capa fotos de
crianças que haviam morrido fieis a Jeová por se negarem a receber sangue.
Uma delas chegou até mesmo a dizer que se os médicos pusessem sangue
nela, ela consideraria isso como estupro! Antes que você duvide disso, vou te
provar:

“Crystal disse aos médicos que ela iria “gritar e berrar” se eles tentassem transfundir-lhe
sangue e que, como Testemunha de Jeová, encararia qualquer administração de sangue
forçada tão repulsiva quanto o estupro.”34

Um absurdo, não acha? Um médico, com sua equipe, tentando salvar a vida, ou
pelo menos prolongar a vida de uma tal de Crystal, e ela encarando os esforços
médicos como um estupro. Na história, uns pularam do avião de paraquedas
com bombas nas mãos, outros se explodiram como homens-bomba, outros se
suicidaram para ir a um prometido paraíso, e esta TJ morre negando uma
transfusão de sangue achando que isso a ajudaria a ser ressuscitada pelo
Jeová-TJ! Ah, religião! Ah, religião!

33
Ibdem.
34
Torre de Vigia. Despertai! de 22 de maio de 1994, p. 11. Cesário Lange, SP, 1994.

60
Certa vez, após o meu batismo, perguntei a meu instrutor se seria correto a
pessoa estocar o seu próprio sangue antes da cirurgia e ser usado numa
possível emergência. Os médicos chamam isso de sangue autólogo, ou
autotransfusão. Até isso seria incorreto para a liderança mundial TJ. Veja:

“Preocupações atuais a respeito de doenças transmissíveis pelo sangue tornaram comum


esse uso de sangue autólogo. As Testemunhas de Jeová, porém, NÃO aceitam esse
procedimento. Há muito entendemos que tal sangue estocado certamente não mais é
parte da pessoa. Foi totalmente removido dela, assim, esse sangue deve ser descartado
em harmonia com a Lei de Deus: “Deves derramá-lo na terra como água.” —
Deuteronômio 12:24.” 35

Mas por que aceitei tão facilmente esse ensino, além do fato de ter tido
hepatite? Talvez porque nunca havia questionado mais a fundo o assunto, já
que tinha visto alguns casos de TJs precisarem de sangue e ficarem firmes em
sua crença até a morte. Também, deixei o literalismo do CG me convencer.

PROIBIDO CELEBRAR ANIVERSÁRIOS NATALÍCIOS.

Toda seita precisa provar que só ela é a “religião verdadeira”. Um bom método
é criar ensinos que a diferenciem das outras religiões. Não celebrar aniversários
natalícios constitui uma das proibições TJs. Esse foi um assunto que aceitei
rapidamente, pois era ensinado a evitar as festividades e celebrações de origem
pagãs. No caso dos aniversários natalícios, veja o que se ensina até hoje:

“Será que as menções feitas pela Bíblia de celebrações de aniversários natalícios as colocam em
luz favorável? A Bíblia só faz duas menções de tais celebrações: Gên. 40:20-22: “Ora, o terceiro
dia resultou ser aniversário natalício de Faraó, e ele passou a dar um banquete . . .
Concordemente, restituiu o chefe dos copeiros ao seu posto de copeiro . . . Mas ao chefe dos
padeiros ele pendurou.

Mat. 14:6-10: “Quando se celebrava o aniversário natalício de Herodes, dançou nesta


ocasião a filha de Herodias, e ela agradou tanto a Herodes, que ele prometeu com
juramento dar-lhe tudo o que lhe pedisse. Ela disse então, sob as instigações de sua
mãe: ‘Dá-me aqui numa travessa a cabeça de João Batista.’ . . . [Herodes] mandou e fez
que João fosse decapitado na prisão.”

“Tudo o que está na Bíblia tem uma razão de estar ali. (2 Tim. 3:16, 17) As Testemunhas
de Jeová notam que a Palavra de Deus relata desfavoravelmente as celebrações de
aniversários natalícios, de modo que as evitam.”

“Os hebreus posteriores consideravam a celebração de aniversários natalícios como parte


da adoração idólatra, conceito que era abundantemente confirmado pelo que viam nas

35
Torre de Vigia. A Sentinela de 1 de março de 1989, p. 30. Cesário Lange, SP, 1989.

61
observações comuns associadas com tais dias.” — The Imperial Bible-Dictionary
(Londres, 1874), editado por Patrick Fairbairn, Vol. I, p. 225.”36

PERGUNTA TJ 48: Como vocês, da Cristandade, têm a coragem de


comemorar aniversários natalícios, se na Bíblia dois servos de Deus
são mortos enquanto se celebravam aniversários (Gênesis 40:20-22;
Mateus 14:6-10), e pior, se essas festas têm origem no paganismo?

Muitas vezes ficava chateado quando um parente ou um amigo me convidava


para um aniversário. Simplesmente dizia que não iria por uma questão de
convicção religiosa. Quando me encontrava com um aniversariante no dia do
seu aniversário, nem sequer podia dar-lhe os meus parabéns. Para disfarçar,
em vez de dizer parabéns, eu dizia “bem-feito!” Não raro, a reação deles era de
tristeza ou ironia. No capítulo seguinte, mostrarei os erros de se proibir a
celebração dos aniversários. Estou tentando apenas mostrar como minha mente
foi moldada por uma seita com argumentos falaciosos e comida de um alimento
que me fez mal e destruiu uma parte de minha vida.

PROIBIDO CELEBRAR NATAL E ANO NOVO

Desde 1928, as TJs encaram o Natal como uma festividade pagã. Assim, o CG
publicou num de seus livros:

“A New Catholic Encyclopedia reconhece o seguinte: “A data do nascimento de Cristo não


é conhecida. Os Evangelhos não indicam nem o dia nem o mês . . . Segundo a hipótese
sugerida por H. Usener . . . e aceita pela maioria dos peritos hoje em dia, designou-se ao
nascimento de Cristo a data do solstício do inverno (25 de dezembro no calendário
juliano, 6 de janeiro no egípcio), porque, nesse dia, à medida que o sol começava seu
retorno aos céus setentrionais, os devotos pagãos de Mitra celebravam o dies natalis
Solis Invicti (aniversário natalício do sol invencível). Em 25 de dez. de 274, Aureliano
mandou proclamar o deus-sol como o principal padroeiro do império e dedicou um
templo a ele no Campo de Marte. O Natal se originou numa época em que o culto do sol
era particularmente forte em Roma.” — (1967), Vol. III, p. 656.”37

Confesso que, mesmo depois de ter abandonado as TJs e ter me tornado


cristão, tive minhas dúvidas sobre se seria correto um cristão celebrar o
nascimento de Jesus num dia em que ele não nasceu.38 Cheguei a considerar o
Natal como pagão, já que sua origem é realmente pagã. Mas o tempo passou,
Deus, através de minhas pesquisas e estudos, mostrou-me que a Igreja cristã
36
Torre de Vigia. Raciocínios à Base das Escrituras, pp. 37, 38. Cesário Lange, SP, 1987.
37
Torre de Vigia. Raciocínios à Base das Escrituras, p.168. Cesário Lange, SP, 1987.
38
Na primeira edição deste livro, em 2005, ainda defendia, em partes, o ponto de vista das TJs. Mas em
2005, nem teologia eu estudava. Com o tempo, Deus me libertou desse pensamento negativo tolo sobre
o Natal.

62
cristianizou o dia 25 de dezembro, usado pelos pagãos para adorar o deus Sol
Invencível.

Fui orientado, inclusive, pelos anciãos de minha congregação que, caso eu


recebesse um presente de Natal, eu até poderia aceitar, mas desde que
deixasse claro que nos próximos anos isso não deveria mais acontecer, pois
receber presentes de Natal vinha de encontro à minha consciência treinada pela
Bíblia. Na verdade, era uma consciência controlada pelo CG.

Com respeito a comemorar o Ano Novo, o mesmo princípio me foi apresentado:


TJs não participam de festas pagãs ou daquelas que não se encontram na
Bíblia. Concordei com tal proibição devido às circunstâncias que enfrentava.
Jamais ia à casa de meus parentes nessa ocasião, porque ali era uma mistura
de catolicismo com espiritismo, esoterismo e outros “ismos”. Meu tio irmão de
minha mãe, chamado Ivo, no dia 1º. de dezembro de 1985 me presenteou com
um relógio lindo. Ele ficou feliz por ter aceitado, mas triste quando eu lhe disse:
Tio, esse é o último presente que vou aceitar do tio. Não aceito mais presentes
de aniversário natalício, páscoa, natal e ano novo.

PERGUNTA TJ 49 – Como pode um professo cristão celebrar o Natal,


se ele era uma festa pagã ao deus sol, e participar de outras
celebrações que não estão na Bíblia?

DOIS REBANHOS E DOIS LUGARES DE SALVAÇÃO

Esse era um assunto muito polêmico no serviço de casa em casa. Para a


maioria dos evangélicos, a terra jamais será um paraíso. O paraíso será no céu.
Para as TJs, o grupo dos 144 mil irá viver no céu (novo céu). E os da Grande
Multidão irá viver na terra (nova terra). Mas como as TJs provam sua crença
nos novos céus e na nova terra? Primeiro, eles dizem que há dois lugares de
salvação:

Rebanho 1: Vão para o céu.

“Felizes os cônscios de sua necessidade espiritual, porque a eles pertence o reino dos
céus.” – Mateus 5:3, TNM.

Essa classe, para mim, iria para o céu. Daí, eu aprendi a ligar esse texto a
Lucas 12:32 que diz:

“Não temas, pequeno rebanho, porque vosso Pai aprovou dar-vos o reino.”

63
Eu cria que se o grupo recebe o reino, eles viveriam no céu. Eles são em menor
número, por isso, são chamados de pequeno rebanho. Então, o grupo a seguir
deve ser maior.

Rebanho 2: Herdarão a terra.

“Felizes os de temperamento brando, porque herdarão a terra.” – Mateus 5:5, TNM.

Assim, essa classe herdaria a terra, segundo as TJs. Visto que os que vão para
o céu comporiam o pequeno rebanho, os que herdam a terra seriam chamados,
segundo o que aprendi com o CG, de Grande Multidão, de acordo com
Apocalipse 7:9-13. Nesse texto de Apocalipse, a Grande Multidão é vista depois
dos 144.000 selados. (Apocalipse 7:1-14) Para as TJs, isso indicaria que os
salvos têm realmente duas classes diferentes, uma para governar com Cristo
por mil anos lá no céu e outra classe, a maior, para viver na terra. Infelizmente,
poucos cristãos saberiam raciocinar com uma TJ sobre esse assunto.

O problema é que eles usam Apocalipse 7:4, 9, 10 para fazer essa distinção
entre dois rebanhos. Observe:

“E ouvi o número dos selados: cento e quarenta e quatro mil, selados de toda tribo dos
filhos de Israel.” – Revelação [Apocalipse] 7:4, TNM.

“Depois destas coisas eu vi, e, eis uma grande multidão, que nenhum homem podia
contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, em pé diante do trono e diante
do Cordeiro, trajados de compridas vestes brancas; e havia palmas nas suas mãos. E
gritavam com voz alta, dizendo: “[Devemos] a salvação ao nosso Deus, que está sentado
no trono, e ao Cordeiro.” – Revelação [Apocalipse] 7:9, 10.

Então, eles arrematam esse raciocínio citando outro texto de Apocalipse, para
tentar provar que uns estarão lá no céu governando sobre os que estiverem
aqui na terra. Veja:

“E fizeste deles um reino e sacerdotes para o nosso Deus, e hão de reinar sobre a terra.”
– Revelação [Apocalipse] 5:10.

Era bem fácil para mim, então, acreditar numa TJ raciocinando assim:

“Como você pode ver, se hão de reinar sobre a terra, é porque ficarão acima dela, ou
seja, no céu. Assim, outros ficarão na terra, para serem governados. Em outras palavras,
os que reinarão sobre a terra são os do 144.000, o pequeno rebanho, em comparação
com a grande multidão, que viverá na terra para sempre, cumprindo o que está
prometido no Salmo 37:29: “Os próprios justos possuirão a terra e viverão nela para todo
o sempre.”

64
É evidente, então, que para a maioria dos cristãos não é fácil dialogar com as
TJs sobre esse assunto, e não tem sido até hoje para muitos evangélicos. No
entanto, nos próximos capítulos iremos refutar toda essa construção intelectual
de textos mal interpretados.

PERGUNTA TJ 50 – “Se Jesus disse que os “cônscios de sua


necessidade espiritual herdarão o céu (Mateus 5:3), e os mansos
herdarão a terra (Mateus 5:5), e se a Bíblia diz que os “reis e
sacerdotes reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5:9, 10), não fica claro
que há duas classes de cristãos, uma que viverá nos céus e outra que
viverá aqui na terra?”

NÃO EXPULSAM DEMÔNIOS, E CORREM DELE!

A Bíblia diz: “Resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós!” (Tiago 4:7) No caso das TJs,
na Bíblia delas deveria estar escrito assim: “Resisti ao Diabo, e nós fugiremos
dele!” Por quê? Certa vez, uma pessoa endemoniada entrou no Salão do Reino
TJ, na congregação em que eu frequentava. O que elas fizeram? Nada. Apenas
puseram a pessoa para fora do local e chamaram a polícia! Por que eu
acreditava que essa era a forma correta de lidar com endemoniados? Porque o
Corpo Governante dizia que expulsar demônios não era correto para os cristãos
de hoje. Observe:

“Além disso, Jesus alertou: “Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não
profetizamos em teu nome e não expulsamos demônios em teu nome, e não fizemos
muitas obras poderosas em teu nome?’ Contudo, eu lhes confessarei então: Nunca vos
conheci! Afastai-vos de mim, vós obreiros do que é contra a lei.” (Mateus 7:22, 23) Por
que razão pessoas que imaginam estar servindo a Jesus serão rejeitadas? Porque as suas
“obras poderosas” não se baseiam em princípios bíblicos. E como se tentassem estudar
História ou Ciência sem antes aprender a ler. As suas obras são falhas, não fundadas na
verdade. Assim, são “obreiros do que é contra a lei”.39

Assim, quando uma TJ se deparava com um caso de possessão demoníaca, elas


esperavam o demônio se cansar e sair da pessoa. Ou falam para o
endemoniado tentar clamar o nome de Jeová. Ou bem de longe do
endemoniado, as TJs oram a Jeová. Por quê? Porque para a TJ, ao ler Mateus
7:21-23, Jesus está condenando o expulsar demônios e fazer outras obras
poderosas. Veja o que este texto bíblico diz:

39
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de outubro de 1988, pp. 27, 28. Cesário Lange, SP. 1988.

65
“Nem todo o que me diz Senhor, Senhor! entrará no reino do céu, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está no céu. Naquele dia, muitos me dirão: Senhor, Senhor, nós
não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? Em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; afastai-vos
de mim, vós que praticais o mal.” – Mateus 7:21-23, Almeida Século 21.

PERGUNTA TJ 51 – “Se Jesus disse que naquele dia ele rejeitaria


aqueles que expulsaram demônios em nome dele, não constitui isso
prova de que não podemos expulsar demônios em nome de Jesus, e
que essa prática cessou com a morte dos apóstolos?” – Mateus 7:21-
23.

Mas será mesmo que este texto está proibindo os discípulos de Jesus de
expulsar demônios? Mais à frente iremos responder isso. Pois vou lhes narrar
como Deus me libertou dos raciocínios errôneos do CG.

PREGAÇÃO DE CASA EM CASA E ENTREGA DE RELATÓRIOS.

De acordo com o Corpo Governante (CG), todas as TJs precisam sair no serviço
de campo, nome que eles dão ao trabalho de casa em casa. É requisito até
para a pessoa ser batizada.

“Antes do batismo, a pessoa tem de exercer fé baseada em conhecimento exato. ‘Sem fé


é impossível agradar bem a Jeová.’ (Hebreus 11:6) A pessoa que exerce fé em Deus, em
Cristo e no propósito divino desejará ser uma Testemunha de Jeová, viver em harmonia
com a Palavra de Deus e ter uma participação significativa na pregação das boas novas.
Ela falará sobre a glória do reinado de Jeová. — Salmo 145:10-13; Mateus 24:14.”40

Posso até admirar a coragem e a disposição que os membros dessa seita têm
para andar de casa em casa. Enquanto era TJ, esse trabalho me fortalecia
muito para eu crer que o Deus da Bíblia, Jeová, usava esta organização.

Todos os meses, o folheto O Nosso Ministério do Reino, analisado pelas TJs nas
famosas Reuniões de Serviço, no meio de semana, publicava a média de horas
gastas no serviço de casa em casa. Tratava-se de um relatório nacional. A
média no Brasil oscilava entre 9,5 a 10,8 horas. Quando um membro ficava
abaixo da média, os anciãos eram exortados a saber por que isso estava
acontecendo.
Mas como que se chega a essas médias? Cada membro deveria entregar
relatórios mensais. Era uma norma. Nesses relatórios, ele precisava escrever o
nome, o mês trabalhado, e depois relatar as horas trabalhadas, de preferência

40
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de março de 1992, pp. 15, 16. Cesário Lange, SP. 1992.

66
com data. Assim, os anciãos podiam identificar o total de horas gastas por
todos os publicadores de cada congregação, daí enviavam para a Sede Nacional
em Cesário Lange, SP. O pessoal da Sede, chamada de Betel, somava o número
de horas trabalhadas e dividia pelo número de publicadores, em todo o Brasil.
Com este método de entrega de relatórios, não apenas com o número de
horas, mas com o nome de cada publicador, os anciãos, principalmente o
Superintendente de Serviço de cada congregação, sabia quem estava
trabalhando, e quanto cada TJ, batizada ou não, trabalhava, e também os dias
que a pessoa saía para pregar as boas novas. Esses relatórios eram
obrigatórios, pois caso uma TJ se negasse a fazer preenchê-los, ela seria
considerada como alguém não disposta a cooperar com a Organização de
Jeová.

Observe o que foi publicado sobre relatórios:

“Todavia, não só é importante que cada um de nós relate o que fizemos cada mês, mas
também que o relatório seja exato. (...) A Sociedade [Torre de Vigia] está interessada em
saber quanto tempo é gasto na proclamação das verdades de Deus aos que não são
Testemunhas dedicadas e batizadas.”41

Nas próximas páginas desse livro vocês verão a piada que essa organização
religiosa é. Durante mais de 70 anos, o “Jeová-TJ” iluminou o Corpo
Governante a crer que era correto entregar relatórios para informar quantas
horas eram trabalhadas mensamente. Pois então, a pergunta que surge é: Será
que esse tal “Jeová-TJ” manteria os relatórios com horas, ou ele mudaria de
ideia? Por incrível que pareça, não. Em novembro de 2023, o CG disse às TJs:
“Não é correto medir os esforços dos irmãos com números”. Agora as TJs
apenas entregam relatórios dizendo se participaram ou não de alguma
modalidade de pregação. Apenas os lideres em Betel, superintendentes
viajantes e missionários entregarão relatórios com horas. Nesses casos, eles
acham certo medir os esforços desses TJs com números.

Mas voltando à questão dos relatórios, quando uma TJ ficava sem relatar
durante um mês porque não pregou de casa em casa, ela era contada como
“publicador irregular”. Se ela ficasse seis meses sem relatar, ela se tornava
“publicador inativo”.

O CG, sabendo que muitos poderiam questionar a entrega de relatórios,


escrevia, de vez em quando, sobre supostas bases bíblicas para eles. Veja a
continuação da argumentação anterior dessa liderança em favor dos relatórios:

41
Torre de Vigia. Nosso Ministério do Reino de Novembro de 1981, p. 3.

67
“Até mesmo uma pescaria requer um relato exato. Não é verdade que, quando alguém
volta duma pescaria, ele tem de satisfazer a curiosidade de todos os com quem se
encontra? Ninguém se contenta com ouvir o pescador dizer: ‘Ah! sim, pesquei alguns.’
Você sabe qual seria a próxima pergunta. E quão animador é quando o número é
elevado! Pedro e seus companheiros estavam um pouco desanimados quando tiveram de
contar a Jesus que não haviam pescado nada durante a noite inteira. Mas quão
emocionados ficaram quando Jesus lhes mandou que lançassem a rede do outro lado do
barco e eles apanharam 153 peixes grandes! (João 21:11) Note que o relato não diz que
apanharam alguns ou mesmo muitos. Antes, apresenta o relatório exato sobre 153
peixes grandes. Até mesmo o tamanho dos peixes foi relatado! Quão animados ficaram
Pedro e seus companheiros!”42

PERGUNTA TJ 52 – “Se vocês, supostos cristãos, podem entregar


relatórios de dízimos e ofertas, por que nós, TJs, não podemos
entregar nossos relatórios de horas mensais?”

Como você pode notar, usam esse relato bíblico sobre a quantidade de peixes
pescados para justificar a entrega de relatórios. Todavia, percebeu que a Bíblia
não menciona aqui quantos peixes cada um pescou? Bem diferente do que o
CG fazia na minha época, não é mesmo? Eles queriam saber quanto casa um
trabalhava, através dos números. Mediam o progresso da obra do “Jeová-TJ”
através de números. Assim, se o Corpo Governante quisesse ser bem bíblico, de
acordo com João 21:11, esses relatórios deveriam ser sem nome, a fim de se
somar apenas a quantidade do que estava sendo feito, e não controlar quanto
cada um fazia.

A DESASSOCIAÇÃO (EXCOMUNHÃO).

Numa das primeiras vezes que fui ao salão do reino, dirigi-me a uma moça que
estava isolada dos outros. Conversei com ela, mas depois fui informado que
não deveria conversar mais com ela, pois ela tinha sido desassociada. O mesmo
se deu quando fui a um salão do reino na cidade de Araraquara, SP, e, ao me
apresentar a um rapaz que estava sentado na sarjeta em frente, aguardando o
Salão do Reino ser aberto, o próprio rapaz me avisou: “Não converse comigo!
Sou desassociado.”

Logo percebi que todos os que eram desassociados e frequentavam as reuniões


TJs aceitavam humildemente a disciplina. A desassociação de uma TJ se dá
quando ela comete um pecado grave, não mostra evidência suficiente de
arrependimento para os anciãos e, por isso, é expulsa da congregação. Ou
então, deve ter se associado com outra religião, abandonando as TJs. Quando

42
Ibdem.

68
isso ocorre, a própria pessoa geralmente se dissocia. Nenhum membro dessa
seita, até que ela seja readmitida, poderá conversar mais com ela, nem dizer-
lhe um “oi”. Mas quais as bases do Corpo Governante que me convenceram
para acabar agindo assim com os que eram expulsos? Uma das literaturas TJs
dizia o seguinte sobre isso:

“Quando um homem em Corinto foi impenitentemente imoral, Paulo disse à


congregação: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for
fornicador, ou ganancioso, ou idólatra, ou injuriador, ou beberrão, ou extorsor, nem
sequer comendo com tal homem.” (1 Coríntios 5:11-13) O mesmo devia ser feito com os
apóstatas, tais como Himeneu: “Quanto ao homem que promove uma seita, rejeita-o
depois da primeira e da segunda admoestação, sabendo que tal homem foi desviado do
caminho e está pecando.” (Tito 3:10, 11; 1 Timóteo 1:19, 20) Tal rejeição é apropriada
também para com todo aquele que repudia a congregação: “Saíram do nosso meio, mas
não eram dos nossos; pois, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco.
Mas, saíram para que se mostrasse que nem todos são dos nossos”. — 1 João 2:18, 19.”
43

Você, meu leitor, saberia apontar biblicamente o erro dessa grande falácia?
Bem, em primeiro lugar, eu achava bonito expulsar pessoas, pois isso dava um
ar de pureza na congregação. Não se pode negar que a excomunhão é bíblica,
mas será que não devemos nem cumprimentar tal pessoa? O texto mencionado
acima pelo Corpo Governante, em 1 Coríntios 5:11-13, exorta-nos a não termos
convivência com o pecador. Eu e todos daquela seita achávamos que um
simples oi era sinal de convivência, mas faz isso sentido?

Hoje, quando debato esse assunto com TJs, principalmente se ela for
desassociada, raciocino assim com ela: A Bíblia diz que é para “remover o
homem iníquo” da congregação. (1 Cor 5:11-13) Mas quem disse que “cessar
de ter convivência com tal homem” significa nem conversar com ele? O verbo
grego “ter convivência” significa “ser íntimo de”. Se a Bíblia proíbe apenas ser
íntimo de tal pessoa, por que o Corpo Governante vai além disso? Não é
verdade que podemos ajudar um pecador com conselhos bíblicos sem sermos
íntimos dele?

Mas para o Corpo Governante, o tratamento que se dá a pessoas que são


desassociadas deve ser o seguinte:

“Mantemos contatos normais com vizinhos, colegas de trabalho e de escola, e outros, e


damos testemunho a eles, embora alguns deles sejam ‘fornicadores, gananciosos,
extorsores ou idólatras’. Paulo escreveu que nós não podemos evitá-los completamente,
‘senão teríamos de sair do mundo’. Ele orientou que seria diferente, porém, com “um
irmão” que vivesse assim: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame

43
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de abril de 1988, pp. 26, 27. Cesário Lange, SP.

69
irmão, que [voltou a praticar tais coisas], nem sequer comendo com tal homem.” (1
Coríntios 5:9-11; Marcos 2:13-17) Nos escritos do apóstolo João encontramos conselho
similar, que enfatiza quão cabalmente os cristãos devem evitar a tais: “Todo aquele que
se adianta e não permanece no ensino do Cristo não tem Deus . . . Se alguém se chegar
a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o
cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta [em grego: khaí·ro] é partícipe das suas
obras iníquas.” — 2 João 9-11.”44

Conforme você pode observar, fui ensinado que se um “cristão” TJ pecasse


grave e fosse expulso, não deveria cumprimentá-lo, e segundo as TJs, nem
mesmo se poderia dizer um “oi”, porque em 2 João 9-11 ordena-nos a não
recebê-lo em nossas casas e muito menos cumprimentá-lo. Enquanto fui
adepto dessa seita, obedeci rigorosamente essa norma, até o dia que passei a
reconsiderar o assunto. O que descobri?

Em primeiro lugar, 1 Coríntios 5:11-13 está falando de pecadores que precisam


ser, de fato, removidos da congregação. Não podemos “comer com eles”, ou
seja, ter convivência e associação íntima, por conveniência. Seria, assim, uma
disciplina a ser aplicada no âmbito da igreja, não ser levada, por exemplo, para
o âmbito familiar. Mas é óbvio que se uma pessoa excluída da igreja viesse a
trabalhar no mesmo local e do lado de um cristão, este poderia conversar
assuntos necessários com a pessoa em disciplina. Seria uma relação profissional
por necessidade, não conveniência.

Em segundo lugar, 2 João 9-11 aborda o caso daqueles que prevaricaram o


ensino de Cristo, ou seja, se adiantaram na doutrina, e até passaram a não
confessar Jesus vindo na carne. Era uma alusão à crença gnóstica, que negava
Cristo vindo na carne por esta, segundo os gnósticos, ser má, enquanto o
espírito era bom. Assim, não aceitavam Cristo vindo em Carne. Veja:

“Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus
Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo. Acautelai-vos, para não
perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo
galardão. Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não
tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém
vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as
boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras
más.” – 2 João 7-11, Almeida Revista e Atualizada.

Não deveríamos trazer essas pessoas para nossos lares, para elas nos ensinar.
Ou seja, o texto de 2 João 7-11 proíbe os cristãos de receberem apóstatas nos
lares, para ensino. Naqueles idos, os cultos cristãos eram feitos nos lares (1
44
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de abril de 1988, p. 27. Cesário Lange, SP. 1988.

70
Coríntios 16:19), e os gnósticos da época buscavam propagar suas crenças
heréticas nos cultos nos lares dos cristãos, como afirmar que Jesus não havia
vindo na carne. Não poderíamos recebê-los para esse fim, muito menos saudá-
lo com a paz do Senhor, pois renunciou a fé em cristo. Assim, esse
cumprimentar que 2 João 7-11 proíbe se referia àqueles cumprimentos de
cunho religioso, como os atuais “a paz de Deus”, “graça e paz”, etc. Nada a ver
com um mero bom dia.

PERGUNTA TJ 53 – Você conhece alguma outra religião como as TJs,


que disciplinam pecadores impenitentes, a ponto de até nos
negarmos, conforme 2 João 7-11, de dizer um mero “oi” para essa
pessoa?

Continuando, você ficará agora chocado ao ver as regras dessa seita sobre
como tratar parentes e amigos desassociados dessa seita.

Como os parentes TJs da pessoa desassociada devem tratá-la? Veja o que o


Corpo Governante ordena, baseado em suas interpretações errôneas de 1
Coríntios 5:11-13 e 2 João 9-11.

“O respeito pelos julgamentos de Deus e pela ação da congregação induzirá a esposa e


os filhos a reconhecerem que ele, pelo seu proceder, alterou o vínculo espiritual que
existia entre eles. Todavia, visto que a desassociação dele não rompe seus vínculos
consanguíneos ou seu relacionamento marital, os tratos e as afeições familiares normais
podem continuar. (...) A situação é diferente quando o desassociado ou dissociado é um
parente que vive fora do círculo familiar imediato ou no mesmo lar. Poderá ser possível
ter quase nenhum contato com tal parente. Mesmo que houvesse alguns assuntos
familiares que exigissem contato, este certamente ficaria reduzido ao mínimo, em
harmonia com o princípio divino: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se
chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso [ou culpado de outro grave pecado], . . .
nem sequer comendo com tal homem.” — 1 Coríntios 5:11.”45

Anos mais tarde, o Corpo Governante publicou sobre cooperar com a decisão
dos anciãos sobre a desassociação, ou expulsão, de pessoas do rol de membros
da organização:

“O que se dá, porém, quando o desassociado é amigo íntimo ou parente nosso?


Suponhamos que essa pessoa seja o pai ou a mãe, ou o filho ou a filha. Respeitamos,
apesar disso, a ação tomada pelos anciãos? É verdade que isso pode ser difícil. Mas que
mau uso da nossa liberdade seria se questionássemos a decisão dos anciãos e
continuássemos a associar-nos espiritualmente com aquele que mostrou ser uma
influência corrompedora na congregação! (2 João 10, 11)” 46

45
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de abril de 1988, p. 28. Cesário Lange, SP, 1988.
46
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de junho de 1992, pp. 18, 19. Cesário Lange, SP,1992.

71
Muitas vezes, a família que tinha um parente expulso das TJs, precisava
receber ajuda emocional da parte de seus irmãos da congregação. Assim,
muitos telefonavam para consolá-los. Nessas situações, o Corpo Governante
deu ordens sobre o que fazer se a pessoa expulsa atendesse ao telefone:

“Como seria desamoroso não fazer caso ou não ser atencioso para com tais irmãos fiéis!
Os membros leais de tal família têm necessidade especial de encorajamento. Talvez se
sintam isolados e achem sua situação muito difícil. Pode ser que você possa compartilhar
com eles uma joia espiritual ou uma experiência edificante por telefone. Se a pessoa
expulsa atender ao telefone, simplesmente peça para falar com o parente cristão.”47

Naquela época, pesquisando as publicações anteriores à minha conversão às


TJs, descobri outra revista que mostrava uma série de regras sobre como os
membros fiéis de uma família dessa organização deveria tratar um parente
expulso, mesmo que fosse pai, mãe ou filho.

“Isto significa mudanças na associação espiritual que possam ter existido no lar. Por
exemplo, se o marido for desassociado, a esposa e os filhos não se sentirão à vontade se
ele dirigir um estudo bíblico familiar ou liderar na leitura da Bíblia e na oração. Se ele
quiser proferir tal oração, como numa refeição, tem o direito de fazer isso na sua própria
casa. Mas eles poderão fazer calados as suas próprias orações a Deus. (Pro. 28:9; Sal.
119:145, 146)

O que se dá quando o desassociado no lar quer estar presente quando a


família lê a Bíblia em conjunto e tem um estudo bíblico? Os outros
poderão deixar que ele esteja presente para escutar, se não tentar ensiná-
los ou transmitir suas ideias religiosas.

Se um filho menor for desassociado, os pais ainda cuidarão de suas necessidades físicas,
provendo-lhe instrução moral e disciplina. Não dirigirão um estudo bíblico diretamente
para o filho, no qual ele participe. Contudo, isso não significa que não se requererá dele
estar presente ao estudo da família. E eles poderão trazer à atenção as partes da Bíblia
ou das publicações cristãs que contêm conselho de que ele precisa. (Pro. 1:8-19; 6:20-
22; 29:17; Efé. 6:4) Poderão fazer com que os acompanhe às reuniões cristãs e se sente
com eles, na esperança de que tome a peito o conselho bíblico.”48

E se o desassociado das TJs falecer – a família TJ poderá fazer um velório no


Salão do Reino ou proferir um discurso fúnebre? Veja que nem defunto escapa
das regras do Corpo Governante:
“Caso morra enquanto desassociado, os arranjos para o seu funeral poderão constituir
um problema. Seus parentes cristãos talvez quisessem ter um discurso no Salão do
Reino, se esse for o costume local. Mas isso não seria próprio para alguém que foi

47
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de julho de 1995, p. 27. Cesário Lange, SP, 1995.
48
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de dezembro de 1981, p. 24. Cesário Lange, SP, 1981.

72
expulso da congregação. Se ele tiver dado evidência de arrependimento e de querer o
perdão de Deus, tal como por deixar de praticar o pecado e assistir as reuniões cristãs, a
consciência de algum irmão talvez lhe permita proferir um discurso bíblico na funerária
ou no local do enterro. (...) Todavia, se o desassociado ainda tiver promovido ensinos
falsos ou conduta ímpia, nem mesmo tal discurso seria apropriado. - 2 João 9-11.”49

Portanto, ninguém gostaria de ser desassociado. O medo da desassociação


impedia pessoas de questionarem qualquer ensino do Corpo Governante, e isso
se dá ainda hoje. Quanto ao tratamento que as pessoas expulsas recebem das
TJs, posso lhes dizer que é realmente dolorido. Eu fui desassociado também, e
senti tudo aquilo que os outros desassociados sentem: desprezo, ódio.

Por exemplo, certo defensor das TJs na internet disse que conversar, sem
querer, com um desassociado, é como estar andando na rua e pisar nas fezes
de um cavalo. Mas se a TJ decidir continuar conversando com o desassociado,
sabendo que ele é expulso da “organização de Jeová”, é o mesmo que a pessoa
fazer questão todos os dias de voltar a pisar nas fezes de cavalo. Numa outra
ocasião, uma senhora TJ na internet disse numa sala de bate-papo, com áudio,
se referindo a mim: “Eu tenho nojo do Fernando Galli. Mas também, é óbvio:
Ele é apóstata!” Perdi a conta de quantas vezes fui tratado com desrespeito por
lojistas e atendentes no comércio que eram dessa seita. Uns nem quiserem me
atender, outros respondiam sem olhar para mim. Um absurdo o que essa seita
ensina seus membros fazer com quem discorda dos ensinos dela.

O pior de tudo é a seita ensinar que até mesmo os filhos devem deixar de
conversar com a mãe, caso ela seja desassociada (ou se dissocie). Só poderiam
conversar com ela a menos que um assunto importante exigisse o contato.
Observe o que um folheto desta organização publicou dois anos e meio depois
de eu sair dali:

"Depois de ouvir um discurso numa assembléia de circuito, um irmão e sua irmã carnal
se deram conta de que precisavam mudar o modo como tratavam a mãe, que morava
em outro lugar e havia sido desassociada seis anos antes. Logo depois da assembléia, o
irmão ligou para a mãe e, depois de reafirmar seu amor por ela, explicou que não falaria
mais com ela, a não ser que um assunto familiar importante exigisse esse contato. Pouco
depois, a mãe começou a assistir às reuniões e, com o tempo, foi readmitida. Também, o
marido dela, um descrente, passou a estudar e com o tempo foi batizado." 50

Defendo que haja disciplina para pecadores que não estão dispostos a se
arrepender, mas levar essa disciplina para a vida em família, isso é um absurdo!

49
Ibdem, p. 27.

50
Torre de Vigia. Nosso Ministério do Reino de Agosto de 2002, p. 4, Cesário Lange, SP., 2002.

73
É realmente horrível ser tratado como se não existisse. Pessoas que
anteriormente me amavam, frequentavam minha casa, agora passam por mim
com descaso, imaginando que essa seja uma disciplina de Jeová. Nos próximos
capítulos você saberá como tudo isso aconteceu comigo – as causas e as
consequências.

NÃO PRESTAM O SERVIÇO MILITAR

Em todos os anos, no mês de janeiro, as TJs publicavam anúncios sobre a


responsabilidade de cada jovem TJ fazer o alistamento militar. Em 1987, ano
em que eu me alistei, publicou-se o seguinte:

“Os jovens que completarem 18 anos de idade até 31 de dezembro de 1987 têm o prazo
até 30 de junho de 1987 para se alistarem na Junta do Serviço Militar ou na Prefeitura de
sua cidade. Lembramos aos interessados em solicitar eximição por motivo de convicção
religiosa que deverão entrar com requerimento nesse sentido logo após o alistamento, ou
o mais tardar durante junho de 1987.”51

Há cristãos que jamais iriam às guerras, e mesmo que fossem, fariam de tudo
para não matar alguém. Na época em que me alistei, entregávamos um
requerimento na Junta de Serviço Militar, solicitando a nossa eximição do
Serviço Militar Obrigatório, e isso nos trazia sérias complicações. Uma das
complicações era a perda dos direitos políticos, e a outra era que o jovem não
podia se candidatar a um cargo público. Assim que a eximição era deferida, o
jovem também perdia o título de eleitor.

Em São Paulo, um amigo TJ era professor e teve que abandonar um emprego


estável por ter perdido seus direitos políticos. Embora admirasse a atitude das
TJs para com as guerras, achava que em se tratando de Brasil, tal pedido de
eximição era um absurdo, pois jamais iríamos para uma guerra. No entanto,
outros fatores entravam em consideração para o Corpo Governante exigir que
agíssemos dessa forma. O problema maior era o Juramento à Bandeira. Para as
TJs, isso significava adoração a um objeto, o que violaria a consciência delas.
Também, caso o jovem fosse chamado para servir ao Exército, ele teria que
aprender a guerrear, pois pegaria em armas. As TJs ensinam até hoje que o
verdadeiro cristão, conforme Isaías predisse, não aprenderia mais a guerra. -
Isaías 2:4.

PERGUNTA TJ 54 – Se a Bíblia ensina que o povo de Deus não


aprenderá mais a guerra (Isaías 2:4), e isso já se cumpre entre nós,

51
Torre de Vigia. Nosso Ministério do Reino, Janeiro de 1987, p. 7. Cesário Lange, SP, 1987.

74
por não participarmos das guerras, que outra religião poderá ser
verdadeira como nós?

Portanto, aceitei entrar com o pedido de eximição à prestação do Serviço


Militar, porque achei que essa seria a atitude mais razoável. Imaginei que essa
tivesse sido a mesma decisão que Jesus tomaria se estivesse em meu lugar.

NÃO CREEM NO INFERNO DE FOGO

Certamente você está lembrado de que na minha infância eu morria de medo


do Apocalipse. Quando a fumaça vermelha da queimada da cana-de-açúcar
cruzava os céus noturnos de minha cidade, logo o medo do inferno de fogo me
apavorava. O deus ensinado pelo catolicismo era muito bravo. Mas quando
aprendi com as TJs que o inferno de fogo não existe, o medo logo
desapareceu. Como eu fui convencido de que não há tormento eterno de fogo?
Observe a argumentação do Corpo Governante contra a doutrina do Inferno de
Fogo:

“Será que o Deus Todo-poderoso criou tal lugar de tormento? Ora, qual era o conceito de
Deus quando os israelitas, seguindo o exemplo dos povos vizinhos, começaram a
queimar seus filhos? Ele explica na sua Palavra: “Construíram os altos de Tofete, que
está no vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e suas filhas, coisa
que eu não havia ordenado e que não me havia subido ao coração.” (Jeremias 7:31)
Pense nisso. Se a mera ideia de assar pessoas no fogo nunca subira ao coração de Deus,
parece razoável que ele tenha criado um inferno ardente para os que não o servem? A
Bíblia diz que “Deus é amor”. (1 João 4:8) Será que um Deus amoroso realmente
atormentaria pessoas para sempre? Faria você tal coisa? Conhecermos o amor de Deus
deverá induzir-nos a recorrer à sua Palavra para descobrir se o “inferno” realmente existe
como lugar de tormento eterno.”52

Mas para as TJs, o tormento eterno é a morte eterna, da qual não há


ressurreição. É o aniquilamento total. Sobre o lago de fogo, aprendi com as TJs
argumentar assim:

‘Mas a Bíblia diz que o Diabo será atormentado para sempre no lago de fogo’, poderá
alguém salientar. (Revelação 20:10) Que significa isso? Quando Jesus estava na terra, os
carcereiros eram às vezes chamados de “atormentadores” ou “algozes”. “E, indignado, o
seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.” (Mateus
18:34, Almeida, rev. e corr.; Fi) Visto que os que são lançados no “lago de fogo” vão
para a “segunda morte” da qual não há ressurreição, estão, a bem dizer, encarcerados
para sempre na morte. Permanecem mortos, como que na custódia de carcereiros, por
toda a eternidade. Os iníquos, naturalmente, não são literalmente atormentados, porque,

52
Torre de Vigia. Poderá Viver Para Sempre, pp. 81, 82. Cesário Lange, SP, 1983.

75
conforme já vimos, quando alguém morre, ele deixa de existir completamente. Não está
cônscio de nada.” 53

De fato, uma situação cômoda para mim, debaixo dessa nova interpretação.
Não tinha mais medo do inferno de fogo! Adolf Hitler e um ladrão de galinha
deixariam de existir para sempre.

PERGUNTA TJ 55 – Se a Bíblia diz que nunca passou ao coração de


Deus queimar filhos no fogo, por que crer que ele torraria pessoas
para sempre neste lugar?

PERGUNTA TJ 56 – Você acha justo uma pessoa pecar oitenta anos e


viver toda a eternidade pagando por esse pecado?

PERGUNTA TJ 57 – Se as pessoas que vão para o inferno sofrerão para


todo o sempre, então elas também terão vida eterna?

PERGUNTA TJ 58 – Como você conseguirá viver para sempre sabendo


que um parente, ou até mesmo sua mãe, pai, estão sofrendo no
inferno de fogo?

NADA DE VIDA APÓS A MORTE.

Os líderes da seita TJ me ensinaram que quando morremos, deixamos de existir


completamente. A carne se desfaz no Sheol ou Hades, que seria a sepultura, e
o espírito, o nosso fôlego de vida, sai e volta a Deus. Não há consciência após a
morte. Somente na ressurreição dos mortos é que os falecidos serão recriados
em carne e osso, e terão novamente sua consciência. Veja como fui induzido a
crer nessa mentira:

“Em termos simples, a morte é o contrário da vida. A Bíblia mostra isso em Eclesiastes
9:5, 10. Segundo a versão Almeida, revista e corrigida, estes versículos rezam:

“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma,
nem tão pouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao
esquecimento. Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças,
porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem
sabedoria alguma.”

“Isto significa que os mortos não podem fazer nada e não podem sentir nada. Não têm
mais pensamento algum, conforme a Bíblia declara: “Não confieis nos nobres, nem no
filho do homem terreno, a quem não pertence a salvação. Sai-lhe o espírito, ele volta ao

53
Torre de Vigia. Poderá Viver Para Sempre No Paraíso Na Terra, pp. 77, 78. Cesário Lange, SP, 1983.

76
seu solo; neste dia perecem deveras os seus pensamentos.” (Salmo 146:3, 4) Na morte,
o espírito do homem, sua força de vida, que é sustentada pela respiração “sai”. Deixa de
existir. De modo que os sentidos do homem, a audição, a visão, o tato, o olfato e o
paladar, que dependem de sua capacidade de pensar, param todos. Segundo a Bíblia, os
mortos entram num estado de inconsciência total.”54

PERGUNTA TJ 59 – Como pode haver vida após a morte se em


Eclesiastes 9:5, 10 diz que os mortos não estão cônscios de
absolutamente nada?

PERGUNTA TJ 60 – Como pode haver vida após a morte se a Bíblia diz:


“A alma que pecar, ela é que morrerá”. – Ezequiel 18:4.

OUTROS ENSINOS

Há muitas outras crenças que identificam as TJs. Elas não oram em línguas,
não creem no batismo com o Espírito Santo da forma correta, as mulheres não
podem usar calça comprida no salão do reino, o batismo é feito em nome do
Pai, do Filho e do “espírito santo” (sempre em minúsculas). As mulheres não
podem pregar do púlpito, mas podem explicar versículos bíblicos da assistência,
podem responder perguntas nos estudos bíblicos. Não podem fazer oração na
frente dos varões batizados.

Todos esses ensinos mencionados nesse capítulo caracterizam a organização


das TJs, ou como eles chamam tais ensinos, “a mesa de Jeová”. Quando
alguém se torna membro dessa igreja, ele crê piamente que a “organização de
Jeová” é perfeita, embora os seus membros sejam imperfeitos.

Eu realmente cria assim. Eu me alimentava do Corpo Governante TJ. Por isso,


abordei nesse capítulo o cardápio dessa seita, os ensinos básicos, e deixei
perguntas no ar, e você verá a resposta delas quando lhe contar como vim a
ser liberto dessa organização e vim a conhecer respostas bíblicas maravilhosas
para dezenas de perguntas.

Mas por que hoje eu não sou mais TJ? A partir de agora, você irá saber como
Deus fez para abrir a minha mente a respeito dessa seita. Verá o que sofri e
quão terrível é o tratamento recebido quando alguém ali discorda de ensinos.
Observará como comecei a vomitar o alimento “espiritual” desses líderes
religiosos.

54
Ibdem, pp. 76, 77.

77
78
Capítulo 5
MEUS PRIMEIROS QUESTIONAMENTOS

Durante quase 17 anos, contando desde 1983 em que andei pesquisando muito
sobre a literatura TJ até novembro de 1999, experimentei todos os privilégios
congregacionais, com exceção o de ser um ancião. Eu era tido como uma TJ
exemplar, forte na fé, pelo menos até o momento que comecei a discordar do
CG. E somente algo muito forte poderia me tirar dessa organização. Se ela
fosse do mal, só Deus na causa!

EU ERA VÍTIMA DE INVEJA.

A organização do Corpo Governante ensinava a não sentirmos inveja um do


outro. No entanto, era perseguido pelos anciãos de minha congregação, que
sentiam prazer em frear meu o progresso na Congregação Norte de Américo
Brasiliense, SP. Certo dia, queixei-me disso com um superintendente de
circuito. O nome dele era Heitor Amorim. Ele era muito conhecido entre as TJs,
pois havia sido um grande goleiro do Corínthians, nas décadas de 1960 e até
meados da de 1970. Sabe que conselho ele me deu?

“Tenha paciência. Eu sei que eles pegam no seu pé. Não nasci
ontem! Mas também, você quer o quê? Você é professor de
português, inglês e também ensina grego. Conhece um pouco de
hebraico. Discursa maravilhosamente bem. Cativa até as crianças a
prestar atenção em você. Tem presença! Já percebeu que os caras
quando discursam, eles fazem isso olhando muitas vezes para
você? Você tem tudo o que eles não tem! Assim, é covardia!”

Eu buscava o privilégio de ser usado como ancião, mas os anciãos de minha


congregação me sondavam com uma lupa, aumentando os meus erros e
dificultando as coisas. Talvez meu jeito impetuoso de agir, minha
disponibilidade em querer sempre ajudar em tudo, fosse a causa disso. No
entanto, quero deixar bem claro que a atitude deles para comigo não era culpa
do Corpo Governante. Eram os anciãos da minha congregação que estavam
agindo incorreta e exageradamente comigo.

Não tenho hoje a menor mágoa daqueles homens anciãos. Tudo o que
aconteceu comigo foi o mover de Deus em minha vida. Deus sabia que se fosse
designado ancião, a realização de seus propósitos para com a minha vida se
tardaria. Conforme narrei no começo do livro, enquanto católico, ainda criança,
fui no fundo do quintal, decepcionado com a Igreja Católica, e pedi a Deus que

79
me mostrasse a verdade. Quinze minutos depois, dei de cara com TJs na porta
de casa. E um estudo bíblico se iniciou. Deus permitiu que me tornasse TJ,
porque ele tinha um propósito muito especial na minha vida, o de me usar
poderosamente no futuro para libertar TJs das garras do CG. Assim, Deus não
iria me deixar ser ancião. Caso contrário, eu teria ficado mais tempo ali.

Dos seis anciãos que demonstravam claros sinais de inveja, quatro deles que
viviam impedindo o meu progresso, vieram posteriormente a perder seus
privilégios congregacionais por questões sexuais. Um mais tarado do que o
outro. Pouca vergonha! Um lixo! Dá até nojo de lembrar.

MEU PRIMEIRO PASSO PARA A LIBERTAÇÃO

Enquanto TJ, queria ser usado ainda mais por Deus, para ajudar as pessoas a
crescerem com Deus na fé. Queria ser ancião, não para me aparecer, mas para
colaborar com aquilo que chamava de organização de Jeová. Mas era barrado
por ciumentos. Assim, foi impossível ficar esperando no “deus-TJ”. E o
verdadeiro Deus sabia que o meu tempo nesta organização estava terminando.

Após ter comprado meu primeiro computador, em 1995, resolvi desobedecer ao


Corpo Governante. Ele já havia publicado nas suas páginas de revistas e
folhetos os alertas contra os apóstatas (ex-TJs) e a literatura deles. Ainda
morando em Américo Brasiliense-SP, com uma internet discada, com 56 kbps/s
(que coisa horrível!), decidi dar uma olhada em sites contra as TJs.

Naquela época, cartas para as congregações foram enviadas sobre o perigo de


se usar a internet, pois ali o “cristão” poderia entrar em contato com ex-TJs,
apóstatas, os quais, através da mentira e de fatos deturpados, supostamente
tentavam desencaminhar os fiéis da “mesa de Jeová”. Um artigo sobre os
apóstatas advertia sobre o perigo de consultá-los:

“O alimento na mesa dos demônios é venenoso. Por exemplo, considere o alimento


fornecido pela classe do escravo mau e pelos apóstatas. Não é nutritivo nem edificante;
não é sadio. Não pode ser, porque os apóstatas deixaram de se alimentar à mesa de
Jeová. Em resultado disso, desapareceu tudo o que possam ter desenvolvido como nova
personalidade. Não é o espírito santo que os motiva, mas uma amargura mordaz. Estão
obcecados por um único objetivo: espancar seus anteriores co-escravos, conforme Jesus
predisse. — Mateus 24:48, 49.” (...) Em primeiro lugar, algumas das publicações dos
apóstatas apresentam falsidades por meio de “conversa suave” e “palavras simuladas”.
(Romanos 16:17, 18; 2 Pedro 2:3) Não é isso o que esperaria receber na mesa dos
demônios? E embora os apóstatas talvez apresentem também certos fatos, usualmente
os tiram do contexto, com o objetivo de desviar outros da mesa de Jeová. Todos os seus
escritos simplesmente criticam e rebaixam! Nada é edificante. Jesus disse: “Pelos seus
frutos os reconhecereis.” (Mateus 7:16) Então, quais são os frutos dos apóstatas e das

80
suas publicações? Há quatro coisas que distinguem a sua propaganda. (1) Esperteza.
Efésios 4:14 diz que eles usam de “astúcia em maquinar o erro”. (2) Inteligência
arrogante. (3) Falta de amor. (4) Diversas formas de desonestidade. Estes são
justamente os mesmos ingredientes do alimento existente na mesa dos demônios, todos
destinados a minar a fé do povo de Jeová.” 55

Assim, lembrando-me de todos os “perigos” que o Corpo Governante


mencionava para aqueles que eram curiosos, confesso que meu coração, assim
que começou a pesquisar esses sites, batia mais forte. Tinha medo de ser
descoberto, que minha esposa TJ me entregasse aos anciãos, ou de descobrir
algo que viesse a me deixar com dúvidas sobre a fé no deus TJ. Eu até
imaginava que pudesse ser vítima de raciocínios de ex-TJs. Mas algo me induzia
a buscar a verdade.

Eu me questionava: Por que não deveria investigar o que não-TJs dizem de


nós, se podemos estudar a história das outras religiões, com a finalidade de
encontrar erros para criticá-las? No início, quando abria tais sites, não
conseguia terminar de ler as matérias anti-TJs, porque minha mente ficava
realmente confusa. Mas aos poucos fui me soltando, como se uma força maior
me desse a coragem necessária de investigar. Incrivelmente, as próprias
palavras dos líderes dessa seita deram-me a garantia de que eu deveria
continuar investigando o passado das TJs. Observe:

“O erro procura sempre a obscuridade; enquanto a verdade é sempre realçada pela luz.
O erro nunca deseja ser investigado. A luz sempre procura uma perfeita e completa
investigação.” 56

“Não é forma de perseguição religiosa alguém dizer e mostrar que a religião de outrem é
falsa. Não é perseguição religiosa uma pessoa informada expor publicamente uma
religião falsa, permitindo assim que outros vejam a diferença entre a falsa religião e a
verdadeira.” 57

Toda aquela inveja da qual eu era vítima me causou uma certa revolta,
portanto, desejei descobrir mais sobre essa organização, mas ao mesmo tempo
imaginava: Sabendo o que os outros pensam de nós me ajudará a estar
preparado para dar uma resposta bíblica a eles. Foi como se Deus, na sua
infinita sabedoria, tivesse usado os anciãos da congregação a que pertencia
para iniciar o processo que me conduziria à adoração do único Deus verdadeiro.
O que, então, descobri com as pesquisas sobre as TJs?

55
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de julho de 1994, pp. 11, 12. Cesário Lange, SP, 1994.
56
J. F. Rutherfod. Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, p. 16. Cedar Point, Ohio, EUA,
Watchtower, 1920.
57
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de Maio de 1964, p 304. São Paulo, SP, 1964.

81
MEU PRIMEIRO QUESTIONAMENTO: MEU CASAMENTO E
ANIVERSÁRIOS NATALÍCIOS.

Ainda no ano de 1995, meu computador deu problema, e os gastos com


internet eram altos naquela época. Assim, de 1996 a 1998, evitei usar internet.
Usava mais em casas de venda de computadores, mas para assuntos
diferentes. E na minha escola de Inglês, tínhamos internet, mas não a usava
para pesquisas religiosas. Era realmente muito caro! Então, descontinuei o uso
até que, em outubro de 1998, os pacotes de internet estavam mais em conta, e
voltei a ter internet em casa. Mesmo ficando um bom tempo sem pesquisar
sobre as TJs, o pouco que eu já tinha pesquisado abalou minha confiança nessa
organização. Eu era um servo ministerial nessa época, mas muito diferente do
que em anos anteriores. Não conseguia mais conviver com minha esposa, sem
pensar em outras mulheres. Sinto muito, mas se me propus a mostrar os erros
dessa seita nesse livro, seria um grande desonesto se eu não mostrasse os
meus.

Voltemos a fevereiro de 1993. Eu era noivo de uma jovem TJ muito bela. Sem
nomes, okey? Estávamos planejando o casamento. Mas numa visita a Betel, na
cidade de Cesário Lange, SP, fiquei hospedado numa cidade vizinha, chamada
Cerquilho. E numa casa de um casal muito hospitaleiro. Até hoje os guardo em
minha memória! E eles tinham uma filha. Ela era comprometida, quase noiva. O
homem é o fogo, a mulher é o combustível, o Diabo vem e assopra, e o fogo
pega! Foi algo incontrolável. Nós nos apaixonamos à primeira vista, e no dia
seguinte nos beijamos. Fui honesto com minha noiva, terminamos o noivado. E
os anciãos se intrometeram. Você não será servo ministerial se deixar sua noiva
para ficar com a outra. Foi assim que me casei. Deixei quem eu tanto amava,
para me casar com quem eu amava menos. Tudo por cargos na congregação.

Durante seis anos e meio, não fui sempre fiel a ela. Hoje, arrependido, sei que
destruí um casamento. Ela não merecia isso. Mas ela foi vítima de uma decisão
que não tomei tão sozinho, mas forçado por outras ameaças, opiniões.

Assim, ainda casado, usando novamente a Internet, vim a descobrir muita


porcaria sobre a organização TJ. E estas descobertas me motivaram a
questionar meu casamento. Naquele contexto de vida sem o verdadeiro Deus,
não convertido à fé cristã, pecados, revoltas, questionamentos se mesclaram
com o desejo de saber a resposta à pergunta: Quem eu sou, a final? Um
seguidor de homens? Por que não posso descobrir mais? Por que temer o
conhecimento? Por que não conhecer os dois lados da moeda? Foi então que
decidi, sem me preocupar muito com minha moral sexual, saber a verdade. E
tenho certeza absoluta que o verdadeiro Deus da Bíblia permitiu acontecer um

82
grande reboliço em minha vida, visando me tirar dali. Ele não planejou meus
pecados, mas respeitou minhas decisões e as usou para me libertar de onde eu
estava. E meu primeiro questionamento depois do meu casamento foi a
questão dos aniversários natalícios.

Para mim, nunca houve dúvidas sobre a origem pagã das festas de aniversário
natalício. Mas será que o fato de suas origens ter a ver com o paganismo que
necessariamente comemorar aniversários em nossos dias seria pecado?

Mas certo dia, em 1999, num site da internet escrito por um ex-ancião TJ, li
uma matéria sobre o assunto. Ela me abriu a mente. Será que as TJs evitavam
mesmo todas as formas de paganismo? Fiquei impressionado em saber que
não. A matéria apontava para um detalhe escrito numa obra das TJs, muito
conhecida e reestudada por mim, detalhe este que nunca havia parado para
pensar. Observe:

“Indicando a origem não-cristã de muitas das doutrinas, das cerimônias e das práticas da
cristandade apóstata, o cardeal católico romano John Henry Newman, do século 19,
escreveu no seu Essay on the Development of Christian Doctrine (Ensaio Sobre o
Desenvolvimento da Doutrina Cristã): “O emprego de templos, e estes dedicados a certos
santos, e enfeitados em ocasiões com ramos de árvores; incenso, lâmpadas e velas;
ofertas votivas ao restabelecer-se de doenças; água benta; asilos; dias santos e
estações, uso de calendários, procissões, bênçãos dos campos, vestimentas sacerdotais,
a tonsura, o anel nos casamentos, o virar-se para o Oriente, imagens numa data ulterior,
talvez o cantochão e o Kyrie Eleison [o canto “Senhor, Tende Piedade”], são todos de
origem pagã e santificados pela sua adoção na Igreja.” 58

Dentre esses costumes, realmente há aqueles que nós cristãos realmente


evitamos, por se tratar de paganismo vivo. Então, pensei: Mas o que dizer do
uso de calendários e dos anéis de casamento? Será que as TJs não os usam
também? Então, fui comentar essa dúvida e outras com os anciãos da minha
congregação, e as respostas que me deram foram as seguintes:

“Os calendários e os anéis de casamento perderam, no decorrer do


tempo, seu sentido religioso. Por isso não podem ser associados
mais com adoração falsa. Trata-se de paganismo morto, sem o
menor sentido para nós hoje. Mas quanto aos aniversários natalícios
e suas celebrações, eles ainda possuem sua relação com a religião
falsa.”

Essa resposta dada acabou me motivando a fazer mais pesquisas, para


diferenciar paganismo vivo de paganismo morto. No entanto, fiquei pensativo
58
Torre de Vigia. Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo, p. 236. Cesário Lange, SP, 1989.

83
sobre essa argumentação. Raciocinei da seguinte forma com aqueles anciãos:
Qual dos dois costumes pagãos hoje tem mais a ver com religião – o
aniversário natalício ou o anel (ou aliança) de casamento? Qual dos dois é
usado na frente de um sacerdote ou pastor, ou ancião numa cerimônia
religiosa?

Quando eu fiz essa pergunta aos anciãos, eles ficaram perplexos. Disseram:
“Escreva para Betel”. (Cada filial das TJs, em cada país, é chamada de Betel,
que em hebraico significa Casa de Deus. A filial aqui no Brasil fica na cidade de
Cesário Lange, SP.) Contudo, não quis escrever para Betel, porque eles já
haviam recebido outras cartas minhas com perguntas “picantes”, mas não
questionadoras da doutrina TJ. Então, apenas guardei essa dúvida comigo.

Semanas depois, em março de 1999, questionei esse assunto dos aniversários


novamente. Por que podíamos celebrar aniversários de casamento, mas de
nascimento não? Qual era a diferença entre as duas celebrações? Em ambas as
festas havia bolo, balinhas, convidados, havia as pessoas que eram o centro
das atenções, bem como os presentes que elas recebiam. Em julho de 1999,
questionei esse assunto com o presidente da minha congregação, mas ele
apenas disse:

“A diferença entre os aniversários de casamento e os de


nascimento é que a Bíblia diz que Jesus esteve numa festa de
casamento, mas não esteve numa festa de aniversário natalício.”

Essa resposta me soou pouco convincente, pois na época pré-cristã e próxima


do primeiro século, os aniversários natalícios realmente eram pagãos, repletos
de adoração a deuses falsos, mas hoje não é mais assim. Ademais, em minhas
pesquisas, descobri que os batismos em água tiveram sua origem no
paganismo, e nem por isso os discípulos de Jesus deixaram de batizar em água.
Evidentemente, o batismo cristão, mesmo que parecido ao pagão, era isento de
paganismo. Então, voltei a conversar com os anciãos sobre o assunto, mas eles
pediram para que eu esperasse em Jeová e calasse minha boca. De fato, hoje
sei que esse é o modo como toda seita age – é proibido discordar, porque
discordar da seita, significa discordar de Deus.

OS PROBLEMAS DA TRADUÇÃO DO NOVO MUNDO

Como amava a língua grega, e sabia razoavelmente sobre o grego bíblico, em


termos de leitura, regras básicas de gramática, interessei-me em saber o que
os críticos da Tradução do Novo Mundo das TJs tinham a dizer sobre ela.

84
Observe esses comentários de peritos renomados em língua grega do Novo
Testamento:

“A tradução é marcada por um literalismo empedernido que só vai exasperar qualquer


leitor inteligente - se é que algum dos seus leitores é inteligente - e em vez de mostrar a
reverência que os tradutores dizem ter pela Bíblia, é um insulto à palavra de Deus... este
volume é um exemplo brilhante de como a Bíblia não deve ser traduzida.”59

“A New World Translation [Tradução do Novo Mundo] da Bíblia não é de modo nenhum
uma tradução objectiva do texto sagrado para Inglês moderno, mas é em vez disso uma
tradução tendenciosa na qual muitos dos ensinos peculiares da Watchtower Society são
introduzidos sorrateiramente no texto da própria Bíblia.” 60

“Um exame detido, que vá além da aparência superficial de exegese, revela uma
verdadeira trapalhada de fanatismo, preconceito e predisposição tendenciosa que viola
todas as regras de criticismo bíblico e todos os padrões de integridade académica.” 61

De forma sincera, como conhecia um pouco de grego, procurei saber os


versículos que a Tradução do Novo Mundo pecava, com o fim de provar as
crenças das TJs. Fiquei espantado de ver inúmeros deles. Observe a seguir
alguns deles:

1. Gênesis 1:2 - “Espírito de Deus” traduzido por “força ativa de Deus”. O


motivo é impessoalizar o Espírito Santo.
2. Êxodo 3:14 - “EU SOU” traduzido por “mostrarei ser o que eu mostrar
ser”. O motivo é encobrir a clara afirmação de Jesus em João 8:58 de
que Ele é Deus, quando disse aos seus opositores: Eu sou.
3. João 1:1 - “O verbo era Deus” traduzido por “a Palavra era [um] deus”.
O motivo é ensinar que Jesus não é Deus, mas um deus menor, como se
nos céus houvessem dois deuses, Jeová (Deus maior) e Jesus (deus
menor).
4. Atos 3:15 - “O autor da vida” traduzido para “o agente principal da vida”.
O motivo é ofuscar a verdade de que Jesus é o autor da vida, ou seja,
Deus, mas provar que ele foi apenas um anjo usado por Deus como o
agente da criação.
5. Atos 10:36 - “Este é o Senhor de todos” traduzido por “o Senhor de
todos [os demais].” O motivo é ensinar que Jesus é apenas Senhor de
todos os demais seres humanos, mas não o Senhor Deus.

59
Rowley, H.H., “Jehovah’s Witnesses’ Translation of the Bible,” The Expository Times 67:107, Janeiro
1956
60
Hoekema, A., The Four Major Cults (Exeter: Paternoster, 1963) 208-9
61
Tedman, R.C., “The New World Translation of the Christian Greek Scriptures,” Our Hope 50; 34, Julho,
1973.

85
6. Romanos 15:19 - “Pelo poder do Espírito Santo” traduzido “com poder de
espírito santo”. O motivo é impessoalizar o Espírito Santo, tratando-o
como sinônimo de poder.
7. 1 Coríntios 15:2 - “Por ele também sois salvos” traduzido por “por
intermédio das quais também estais sendo salvos”. O motivo é mostrar
que a salvação em Cristo não está completa na vida do crente, mas está
incerta até o Juízo Final.
8. Filipenses 2:6 - “Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus” traduzido por “o qual, embora
existisse em forma de Deus, não deu consideração a uma usurpação, a
saber, que devesse ser igual a Deus”. O motivo era esconder a dupla
natureza de Cristo, dando a entender que ele, sendo um deus, não quis
ser igual ao “o Deus”.
9. Colossenses 2:9 - “Nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade” traduzido por “porque é nele que mora corporalmente toda a
plenitude da qualidade divina.” O objetivo é negar que Jesus é
plenamente Deus, para ensiná-lo como um anjo que se fez homem com
qualidades divinas.
10. Hebreus 1:6 - “E todos os anjos de Deus o adorem” traduzido por “e
todos os anjos de Deus lhe prestem homenagem’. O motivo é negar que
Jesus mereça a adoração de anjos, pois segundo os autores da Tradução
do Novo Mundo, Jesus não é Deus. Curiosamente, as edições d Tradução
do Novo Mundo de 1950, 1961 e 1970 rezavam “o adorem”, mas só em
1971 é que foi traduzido por “lhe prestem homenagem’.

Com o que já sabia do grego, e comparando com explicações dadas pelo CG na


literatura TJ, e também pedindo opinião de mestres em literatura grega no
Campus Universitário, e eles sempre discordando da Tradução TJ, mesmo
sendo ateus e imparciais, concluí que a TNM – Tradução do Novo Mundo não
era aquilo que imaginava.

Coisas pequenas assim foram me encorajando a querer saber mais sobre a


Tradução do Novo Mundo, e acabei descobrindo outras dezenas de textos
corrompidos. Senti nojo dessa Tradução. Constatei, em outras pesquisas,
outros absurdos do passado sujo dessa seita. Entrar na internet passou a ser
para mim uma forma de descobrir a história da organização religiosa a qual eu
pertencia. Você saberá agora como Deus começou a agir no meu ser,
arrancando-me de uma seita que escraviza milhões de pessoas, e cuja liderança
eu culpei pelo sangue de milhares que morreram vítimas de suas heresias
satânicas, produto de uma mentalidade exclusivista e desprezível.

86
A QUESTÃO DO SANGUE

De abril a julho de 1999. Até aquele mês, já tinha levantado uma série de
questionamentos e deixado de ser um servo ministerial (nome que dão ao
cargo de diácono). Eu mesmo havia entregado meus privilégios, porque minhas
dúvidas sobre a “organização de Jeová” falavam mais alto do que a suposta
verdade que eles pregavam. Recusava-me a continuar pregando sobre alguns
ensinos que não acreditava mais. Por isso, avisei ao corpo de anciãos de minha
congregação que a partir daquele mês de maio não mais iria sair no serviço de
campo - o trabalho de casa em casa.

Em vez de ir ao salão do reino, ficava sozinho em casa, pesquisando na internet


sobre o que os “apóstatas” ensinavam. Foi então que um dos ensinos mais
debatidos sobre as TJs começou a ser analisado com outros olhos por mim.
Estou me referindo à questão do sangue. O Corpo Governante ensinava que se
uma pessoa doasse ou recebesse sangue, conscientemente, ela poderia ser
expulsa da congregação, caso não se arrependesse.

“Por isso, quando um cristão recebe deliberadamente uma transfusão de sangue e assim
não se mantém livre de sangue, ele não prosperará espiritualmente. Segundo a lei de
Moisés, que apresentou sombras de coisas vindouras, quem recebe uma transfusão de
sangue precisa ser cortado do povo de Deus pela excomunhão ou desassociação. [...]
Visto que é um oponente rebelde e um exemplo infiel para os outros membros da
congregação cristã, ele precisa ser cortado dela por ser desassociado.” 62

De fato, fiquei sabendo que, por volta de 1988, um casal havia sido
desassociado por permitir que seu filho recebesse uma transfusão de sangue.
Então, perguntei-me: Será mesmo que Deus quer que não recebamos sangue
como forma de salvar a vida? Se o sangue é símbolo de vida, conforme a
própria organização crê, por que não podemos usar o sangue para salvar uma
vida?

A SEITA ESTAVA DE OLHO EM MIM!

Ao lado de minha casa, havia uma pequena loja de material escolar, e ali
trabalhava uma jovem que havia começado a estudar a Bíblia, depois de eu a
ter convencido de que a Trindade era um ensino do Diabo. Quando ela me
perguntou por que eu não estava indo mais ao salão do reino, respondi que
estava com certas dúvidas e algumas certezas sobre o passado da organização
TJ. Como ela me havia me perguntado, com espanto, quais eram essas

62
Torre de Vigia. A Sentinela 1º de dezembro de 1961, p. 735, 736. Volume Encadernado. São Paulo,
1961.

87
dúvidas, eu as mostrei. No dia seguinte, os anciãos ficaram sabendo da
conversa e um deles me procurou para pedir que eu ficasse calado. Era norma
da organização esperar em Jeová quando dúvidas nos sobrevinham. No
entanto, tinha mais dúvidas do que certezas. As certezas que tinha eram sobre
os ensinos corretos da organização, claramente ensinados na Bíblia. Mas as
dúvidas eram sobre ensinos que a Bíblia não ensinava, e que para prová-los era
necessário fazer um malabarismo enorme de textos e argumentações. Mas
apesar das dúvidas, eu não tinha o interesse de causar divisão na congregação,
e muito menos causar polêmica. No entanto, até quando eu deveria ficar
calado?

Eu ainda tinha a vontade de falar sobre Deus. Logo a seguir, fui informado de
que estava proibido de sair de casa em casa, muito embora não estivesse
saindo mais. Achei estranho virem até mim me proibirem daquilo que eu
mesmo havia pedido para não fazer mais. Acredito que essa decisão veio como
forma de me repreender, e de me alertar sobre uma possível repreensão maior.

Numa quarta-feira do mês de setembro, saí de casa, de manhã, e o


superintendente de circuito me viu e me chamou em particular. Uma pessoa
dócil, com trejeitos e fisionomia que lembravam o Mr. Bean. Ele me disse:

- Eu quero conversar com você. Eu quero te ajudar. Eu quero te livrar dessa


apostasia que você está se metendo. Vou tentar te ajudar.

No entanto, desafiei-lhe com uma certa frieza: Vocês terão que me provar onde
estou errado. Dois dias depois, fui chamado para uma reunião com dois
anciãos, pois eles queriam me ajudar. Até achei louvável a preocupação em si.
Mas quando começamos a reunião, percebi que eles estavam mais interessados
em me aconselhar para não conversar sobre minhas dúvidas com outras TJs,
do que propriamente dirimir minhas dúvidas. Assim, senti-me mais à vontade
para continuar minhas pesquisas.

Nesta reunião de aconselhamento, não procurei entrar em atrito com eles,


porque não queria ser desassociado, pois acabaria perdendo os amigos TJs que
ainda tinha. Durante quase dezessete anos, contando dos primeiros estudos
domiciliares, havia granjeado a amizade de muitas pessoas naquela
organização. Ser desassociado não seria uma boa ideia. Por isso, prometi ficar
quieto e não divulgar minhas dúvidas.

Depois disso, comecei a receber visitas de TJs, de pessoas que dificilmente


vinham a minha casa. Certo dia, um dos anciãos que gostava de barrar o meu
progresso, desassociado posteriormente por adultério, veio com sua esposa

88
até nossa casa. Certa vez ele me disse que eu não era designado ancião porque
o meu sorriso parecia com o do Coringa, do film Batman e Robin. Um absurdo!
Na opinião dele, meu sorriso chamava a atenção. Só que quando ele veio até
minha casa, ele não era mais ancião porque havia tido um caso extraconjugal.
Em outras palavras, o meu sorriso me desqualificava para ser ancião. E o mais
Incrível era que os anciãos da congregação norte de Américo Brasiliense
estavam, na verdade, usando uma pessoa em pecado e em disciplina para
bisbilhotar minhas crenças.

O MITO DOS 144.000!

No dia em que o casal veio me visitar, mostrei-lhes mais um ensino que


discordava das TJs, mediante meus estudos na internet. Eu me sentia confuso
também, e minha sinceridade em expor minhas dúvidas era uma forma de
descobrir em que poderia estar errado. Ademais, se alguém me questionasse
com os mesmos argumentos que me deixaram com dúvidas, eu teria da mesma
forma que procurar as respostas. Observe a seguir o ensino das TJs que
questionei àquele casal.

As TJs creem que Deus, do ano 33 d.C até 1935 d.C63, juntou os membros dos
144.000, sendo este um número literal, e que depois passou a juntar a grande
multidão. Isso eu cri durante quase dezessete anos. Então, lhes fiz as seguintes
perguntas sobre os 144.000, de Apocalipse 7:4-8 e 14:1-55.

Observe:

1. Onde a Bíblia diz que os 144.000 seriam ajuntados de 33 d.C. até 1935
d.C., e depois Deus ajuntaria a grande multidão só a partir dessa data?
2. Se o ajuntamento dos 144.000 se deu entre 33 d.C e 1935 d.C, vocês
não acham que pouquíssimas pessoas foram salvas em 1.902 anos de
história? Por exemplo, só em 33 d.C, naquele Pentecostes de Atos 2,
cerca de 3.000 almas se converteram a Jesus. Se nesses 1.900 anos a
grande multidão não tinha sido ajuntada ainda, mas só os 144.000,
significa que apenas 75 pessoas foram salvas por ano?

63
Por incrível que pareça, o Corpo Governante, alguns anos depois de minha desassociação, mudou de
interpretação, reconhecendo que ainda havia vagas no céu para alguém que professasse ser dos 144
mil. A Sentinela 1º de maio de 2007, p. 30 dizia: “Assim, especialmente depois de 1966, acreditava-se
que a chamada celestial havia terminado em 1935”. Mas com o tempo isso mudou. Então a mesma
revista mostrou que “por outro lado, com o passar dos anos, alguns cristãos que se batizaram depois de
1935 receberam do espírito santo o testemunho de que têm a esperança celestial. (Romanos 8:16, 17)
Sendo assim, parece que não podemos especificar uma data para o fim da chamada de cristãos para a
esperança celestial.”

89
3. Onde a Bíblia diz que “o pequeno rebanho” de Lucas 12:32 é apenas
144.000 literais, uma minoria de todos os cristãos TJs, em relação a uma
grande multidão de outras ovelhas, de João 10:16? Não seria melhor
interpretar que Jesus os chamou de pequeno rebanho porque o contexto
mostra que eram poucos ainda convertidos a Cristo, mas que eles se
tornariam uma grande multidão?

Levei à tona ao casal o fato de o CG ensinar que um membro dos 144.000 sabe
que ele pertence a esse grupo porque o “espírito santo” de Deus dá
testemunho a ele de que ele é filho de Deus. (Romanos 8:16) Então, lhes fiz
mais uma pergunta:

4. Ora, será que os discípulos de Jesus, a quem ele chamou de pequeno


rebanho, sabiam que eles fariam parte dos 144.000? Como seria isso
possível se o livro de Apocalipse, que fala dos 144.000, foi escrito depois
da morte de todos os apóstolos, com exceção de João, o escritor?
(Apocalipse foi escrito por volta de 96 d.C.)

Aquele casal ficou perplexo com minhas perguntas. Mas eles pediram para que
eu esperasse esclarecimentos em Jeová. Mas estava claro que eles vieram até
minha casa para coletar indícios de apostasia.

Depois dessas perguntas sobre os 144 mil, ainda lhes fiz uma sobre as outras
ovelhas de João 10:16, as quais são associadas pelas TJs à Grande Multidão de
Apocalipse 7:9-14:

5. Onde a Bíblia diz que as outras ovelhas (João 10:16), ou a suposta


grande multidão, não podem beber do pão e do vinho, e que só os
144.000 podem fazê-lo?

No dia seguinte, um ancião me ligou e pediu-me para colocar no papel todas as


minhas dúvidas. Hoje sei que ele fez isso para ter provas concretas de que
estava me tornando um apóstata de sua seita. Então, fui até a casa dele e pedi
que eles tivessem a paciência de esperar uma semana, a fim de que pudesse
escrever tudo o que me incomodava.

NOVAMENTE, A QUESTÃO DO SANGUE!

Passaram-se uns quinze dias e percebi que ninguém mais havia me cobrado
sobre minhas dúvidas. Foi quando a moça que trabalhava na loja ao lado de
casa veio me fazer umas perguntas. Ela estava nervosa. Imaginei que ela
poderia estar tentando colher novas evidências. Ela me perguntou:

90
- E sobre as transfusões de sangue? O que você pensa?

Respondi com sinceridade a ela. Na verdade, fiz um resumo a ela da minha


nova explicação sobre a questão do sangue. Esse resumo se baseava nos
estudos que fiz e que deveriam ter sido entregues aos anciãos. Esses estudos
me foram passados nada mais nada menos do que Raymond Franz, com alguns
comentários ainda por telefone. Ele fora membro do Corpo Governante, fora
desassociado em 31 de dezembro de 1981, juntamente com sua esposa.

Com certeza, a moça contou aos anciãos sobre o que eu havia dito a ela.
Lembro-me das seguinte perguntas, que deve ter sido uma bomba para ela:

Se comer sangue é o mesmo que transfusão de sangue, porque um paciente


que estiver morrendo de fome, se ele receber apenas transfusões de sangue,
morrerá de fome? E se comer sangue é o mesmo que transfusão de sangue,
Por que uma pessoa que perdeu três litros de sangue num acidente, se ele
comer chouriço aos montes, morrerá por falta de sangue nas veias?

No dia seguinte, os anciãos me pediram que eu entregasse os meus estudos a


eles. Eu fiz isso por volta do dia 2 de novembro de 1999. Com certeza, você
deve estar curioso em saber o que estava escrito nos estudos entregues aos
anciãos. Tudo o que lhes mandei, em forma de resumo, era baseado em mais
de duas mil páginas de pesquisas. Por isso, fiz um resumo delas, para que
pudessem se concentrar melhor nos pontos mais importantes. Neste livro, há
vários desses questionamentos, a fim de que você possa, assim como se
defender dos ensinamentos incorretos da organização religiosa testemunhas-
de-jeová e ajudá-los a se converter a Jesus. - Leia Tito 1:9; 1 Coríntios 9:20-23.

LUZES DE JEOVÁ OU DE SATANÁS?

É comum entre as TJs haver mudanças de ensinos. Segundo elas, no momento


certo, ocorrem os “lampejos de luzes” da parte Jeová para o seu Corpo
Governante, e então mudanças de ensinos são feitas para o refinamento do seu
povo. Baseiam-se em no seguinte texto: “Mas a vereda dos justos é como a luz
clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido.” –
Provérbios 4:18.

Meu primeiro questionamento naqueles estudos dizia respeito a mudanças dos


ensinos feitas pelos líderes mundiais das TJs, desde 1874 até 1999. Eu admitia
que era possível Deus aprimorar o entendimento do seu povo. Mas seria
impossível a luz que corrigia um ponto de vista ser corrigida novamente e
ensinar o que a luz anterior ensinava. O próprio Charles Taze Russell ensinava

91
que uma nova luz jamais anularia a primeira luz, mas se somaria a ela. Assim,
O primeiro exemplo que citei foi o caso das vacinas. Veja que polêmico!

VACINAS – UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE!

Até 1920, os Estudantes Internacionais da Bíblia, como eram chamadas as TJs,


permitiam que seus membros usassem vacinas para combater as doenças. No
entanto, em 1921, a “luz” de Jeová fez aqueles estudantes da Bíblia inventarem
um falso e enganoso ensino. Era proibido usar vacinas. O tom de linguagem
soava como uma proibição.

“As vacinas nunca preveniram nada e nunca o farão, e são a prática mais bárbara.... Nós
estamos nos últimos dias, e o diabo está a perder lentamente a sua influência, fazendo
entretanto um esforço enérgico para provocar todo o dano que pode, e tais males podem
ser-lhe atribuídos [...] Usem os vossos direitos como cidadãos Americanos para abolir
para sempre a prática diabólica das vacinações.” 64

Em 1929, esse ensino ainda era mantido pelo Corpo Governante da época.
Tanto que publicaram numa revista em 1929:

“Pessoas ponderadas prefeririam ter varíola em vez de serem vacinadas, porque as


vacinas propagam as sementes da sífilis, cancros, eczema, erisipelas, escrófula,
tuberculose, até a lepra e muitas outras doenças nojentas. Portanto, a prática da
vacinação é um crime, um ultraje, e um engano.” 65

Só em 1952, a “luz” resolveu apagar aquele ensino antigo e brilhar da mesma


forma que brilhava antes de 1920. Veja como agora o uso das vacinas seria
considerado correto.

“O assunto da vacinação deve ser decidido pelo próprio indivíduo. [...] E a nossa
Sociedade não tem recursos para ser envolvida legalmente no caso ou para tomar a
responsabilidade pelo modo como o caso acaba.” 66 [bold acrescentado]

Conforme você pode observar nos textos acima, além de reconhecerem o erro
da luz anterior, o Corpo Governante disse que não teria recursos para, em
outras palavras, indenizar legalmente as vítimas da “luz” anterior, pois com
certeza muitos morreram por não poder tomar vacinas contra doenças que
avançavam naquelas décadas. Ora, reconhecer o erro é uma atitude exemplar,

64
Watchtower Bible and Tracts Society. Golden Age [A Idade de Ouro], 12 de Outubro de 1921, p. 17,
em Inglês.
65
Golden Age [A Idade de Ouro], 5 de Janeiro de 1929, p. 502, em Inglês.)
66
Watchtower Bible and Tracts Society. Watchtower [A Sentinela], de 15 de Dezembro de 1952, p. 764,
em Inglês.

92
mas seria honroso e lógico, depois de um erro de entendimento desses, uma
organização religiosa se denominar a única religião verdadeira?

TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS – CANIBALISMO!

A “luz” que iluminava as testemunhas-de-jeová não era uma luz que brilhava
mais e mais, mas sim uma luz que brilhava e apagava, brilhava e apagava. Isso
eu constatei pelas mudanças de ensino a respeito dos transplantes de órgãos.
Em 1961, uma pergunta foi feita à Sociedade Torre de Vigia sobre esse
assunto. Seguem-se a pergunta e a resposta, com a devida referência para
consulta, publicada mais tarde em português:

“Existe alguma coisa na Bíblia contra uma pessoa dar os seus olhos (depois de
morta) para serem transplantados em alguma pessoa viva? — L. C., Estados
Unidos.

“A questão de a pessoa colocar o seu corpo, ou partes dele, à disposição de homens de


ciência ou médicos no momento da morte para fins de experiências científicas ou
substituição em outras pessoas, é vista com desagrado por certos corpos religiosos.
Contudo, não parece que qualquer princípio ou lei das Escrituras esteja envolvido.
Portanto, esse é um assunto que cada indivíduo tem de decidir por si mesmo. Se ele está
convencido na sua mente e consciência que esta é uma coisa certa a fazer, então pode
fazer essa provisão, e ninguém o devia criticar por fazê-lo. Por outro lado, ninguém devia
ser criticado por recusar entrar em qualquer de tais acordos.” 67

Assim, pode-se ver claramente que o Corpo Governante autorizou o uso dos
transplantes de órgãos. No entanto, uma nova “luz” bruxuleante resolveu
reconhecer que a “luz” anterior precisava ser apagada, e dessa vez ela passou
a ensinar o seguinte sobre os transplantes:

“Aqueles que se submetem a tais operações estão assim a viver da carne de outro
humano. Isso é canibalístico. Contudo, ao permitir que o homem comesse carne animal,
Jeová Deus não deu permissão aos humanos para tentarem prolongar as suas vidas por
tomarem canibalisticamente nos seus corpos carne humana, seja mastigada seja na
forma de órgãos inteiros ou partes do corpo tiradas de outros.” 68

A partir de então, uma série de artigos contra os transplantes de órgãos foram


publicados, ensinando até mesmo que a pessoa receptora do órgão acabava
por desenvolver as mesmas características de personalidade da que pessoa
doadora. Veja que absurdo!
67
Watchtower Bible and Tracts Society. The Watchtower [A Sentinela], de 1.o de Agosto de 1961, p.
480, em Inglês; A Sentinela de 1.o de Fevereiro de 1962, p. 96.
68
Watchtower Bible and Tracts Society. The Watchtower 15 de Novembro de 1967, p. 702, em Inglês, A
Sentinela, 1.o de Junho de 1968, pp. 349-350, Volume Encadernado.

93
“Um fator peculiar às vezes notado é o chamado ‘transplante de
personalidade’. Quer dizer, em alguns casos, o recebedor parece adotar
certos fatores da personalidade daquele de quem procedeu o órgão. Certa
jovem promíscua, que recebeu um rim de sua irmã mais velha,
conservadora, bem comportada, no princípio parecia muito perturbada.
Depois começou a imitar sua irmã em grande parte da conduta desta.
Outro paciente afirmou ter obtido um conceito mudado sobre a vida,
depois de seu transplante de rim. Após um transplante, um homem
brando tornou-se agressivo igual ao doador. O problema talvez seja na
maior parte ou inteiramente mental. Mas, pelo menos é de interesse notar
que a Bíblia relaciona intimamente os rins com as emoções humanas. —
Compare Jeremias 17:10 com Revelação 2:23.” 69

Assim, esse Corpo Governante decidiu questões de vida ou morte para os


membros de sua seita. Suas luzes mostraram-se ser trevas para todos que
morreram por falta de um transplante. Lamento muito pelas vidas que
morreram íntegras a homens, pensando estar servindo ao verdadeiro Deus. A
maioria dos membros TJs jamais avaliarão o perigo dessas falsas luzes porque
nunca perderam um filho, ou pai ou mãe nessas circunstâncias.

No entanto, a “luz” do Corpo Governante resolveu dar uma nova brilhada.


Como é característico dessa “luz”, ela sempre reconhece que a “luz” anterior
está errada. Assim, as TJs estiveram sempre erradas e estão sempre certas.
Qual foi então o novo lampejo dessa “luz” sobre os transplantes? Novamente,
foram liberados. Que piada!

“No que se refere ao transplante de tecido ou osso humano de um humano para outro, é
um caso de decisão conscienciosa de cada uma das Testemunhas de Jeová. Alguns
cristãos podem achar que aceitarem no seu corpo o tecido ou parte do corpo de outro
humano é canibalesco. Alguns cristãos talvez sintam que receber nos seus corpos
qualquer tecido ou parte do corpo de outro humano é canibalesco [...] Outros Cristãos
sinceros podem achar hoje que a Bíblia não proíbe definitivamente transplantes clínicos
de órgãos humanos [...] Também se pode argumentar que transplantes de órgãos são
diferentes de canibalismo visto que o “dador” não é morto para fornecer comida.” 70

Portanto, durante os treze anos de “luz” que não era “luz”, houve TJs que
sofreram consequências por não poderem receber um transplante. Sabe-se que

69
Watchtower Bible and Tracts Society. The Watchtower 1.o de Setembro de 1975, p. 519, em Inglês, A
Sentinela 1 de março de 1976, p. 135, em português, volume encadernado.
70
Watchtower Bible and Tracts Society. The Watchtower 15 de março de 1980, p. 31, em Inglês, A
Sentinela 1º de setembro de 1980, página 31, em português.

94
algumas até morreram. Isso é uma grande vergonha para uma organização que
afirma ser a única religião verdadeira.

Outras “luzes-trevas” vieram à tona em minhas pesquisas. Você observará


outras interessantes nas páginas seguintes.

3. A Proibição das Transfusões de Sangue Versus o Amor ao Próximo.

Em 1999, tive o privilégio de conversar muito por telefone com Raymond Franz,
ex-membro do Corpo Governante das TJs. Em 1981, ele foi expulso dessa seita
por discordar dos mesmos ensinos que eu vim a discordar anos depois. Ele me
indicou um site em que seu livro Crise de Consciência expunha o erro absurdo
de se proibir o uso de sangue na medicina como forma de se salvar uma vida.
Ao ler partes desse livro, cheguei às seguintes conclusões que punham por
terra as interpretações dessa seita sobre o sangue.

Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que a lei sobre “não comer sangue”
realmente foi dada por Deus. Lemos na Bíblia das TJs:

“Todo animal movente que está vivo pode servir-vos de alimento. Como no caso da
vegetação verde, deveras vos dou tudo. Somente a carne com a sua alma — seu sangue
— não deveis comer.” - Gênesis 9:3, 4.71

Por que o sangue não deveria ser comido? Porque ele simbolizava a vida do
animal abatido para o alimento. Assim, ele precisava ser devolvido ou
derramado no solo, simbolizando que a pessoa estaria devolvendo a vida do
animal a Deus. Veja como o próprio CG TJ concorda com isso:

“Após o Dilúvio, ordenou-se a Noé e a seus filhos, os progenitores de todos os que hoje
vivem, que respeitassem a vida, o sangue, dos seus semelhantes. (Gên 9:1, 5, 6)
Também, Deus lhes permitiu bondosamente acrescentar carne animal à sua alimentação.
Todavia, eles tinham de reconhecer que a vida de qualquer animal abatido como
alimento pertencia a Deus, fazendo isso por derramarem o sangue do animal qual água
sobre o solo. Isto era como devolver a vida a Deus, sem usá-la para alguns fins da
própria pessoa. — De 12:15, 16.” 72

Até aqui, podemos concordar com o Corpo Governante. Mas meus


questionamentos, baseados em pesquisas de TJs e de cristãos, fizeram-me crer
que a proibição de se “comer sangue” foi dada apenas para o sangue dos
animais mortos e cuja carne era serviria para alimentação. A Bíblia nada diz

71
Torre de Vigia. Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, Edição de 1986. Cesário Lange, SP,
1986.
72
Torre de Vigia. Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 3, p. 522. Cesario Lange, SP. 1993.

95
sobre usarmos o sangue humano de pessoas vivas. Nesses estudos dirigidos
aos anciãos de minha congregação, uma pergunta os motivou a fazer uma
reunião especial para analisar como respondê-la. Veja:

SE O SANGUE É SÍMBOLO DE VIDA, POR QUE ELE


NÃO PODE SER USADO PARA SALVAR A VIDA?

As TJs foram além das Escrituras com tal proibição. Para elas, visto que hoje
existem transfusões de sangue, é fácil citar Atos 15:29, e dizer:

- Nós nos abstemos de sangue, conforme a Bíblia diz. O texto não


diz se é sangue de animal, de pessoas, ou se é sangue para comer
ou ser transfundido. O texto diz simplesmente para nos abster de
sangue, o que envolve qualquer tipo de uso.”

No entanto, na época em que todos os textos que proibiam comer sangue


foram escritos, não havia transfusões de sangue, portanto, com que autoridade
o Corpo Governante pode afirmar que comer sangue, ou seja, tratar o sangue
de animais como alimento, é o mesmo que receber sangue doado?

Todavia, o Corpo Governante tenta de todas as formas justificar suas “luzes”


com comparações obscuras. Assim, quando se diz a uma testemunha-de-jeová
que “comer sangue” é diferente de receber sangue através de uma transfusão,
ela nos dá a seguinte resposta:

6. “Num hospital, quando um paciente não consegue alimentar-se pela boca, ele é
alimentado endovenosamente. Ora, será que alguém que jamais poria sangue em sua
boca, mas que aceitasse sangue por meio de transfusão, estaria realmente obedecendo
à ordem de ‘persistir em abster-se de sangue’? (Atos 15:29) A título de comparação,
considere o caso de um homem a quem o médico dissesse que precisa abster-se de
álcool. Estaria ele obedecendo à ordem, se deixasse de beber álcool, mas fizesse que
este lhe fosse injetado diretamente nas veias?” 73

No entanto, essa analogia, ou comparação, é uma verdadeira falácia! Sangue e


álcool não podem ser comparados. Enquanto que o álcool pode matar tanto
pela boca como pelas veias (pois receber álcool pelas veias mataria a pessoa
em poucos minutos, dependendo a quantidade), o sangue transfundido pelas
veias pode salvar uma vida. Ademais, o sangue via oral é alimento, mas nas
transfusões de sangue a medicina jamais o considerou como alimento no
sentido que a Bíblia trata o sangue como alimento. Tanto que se uma pessoa

73
Torre de Vigia. Raciocínios à Base das Escrituras, p. 345. Cesário Lange, SP, 1985.

96
que está morrendo de fome só receber sangue através de transfusão, e não se
alimentar, morrerá de fome. E outro ponto importante: As TJs tomam bebidas
alcoólicas, mas não injetam álcool nas veias, porque sabem que não se trata da
mesma coisa.

AS MUDANÇAS DE ENSINOS SOBRE AS FRAÇÕES DE SANGUE.

Com todos esses raciocínios em mente, levantei outros questionamentos. A


Sociedade Torre de Vigia proibia não só o uso de sangue, como também os
medicamentos feitos com algumas frações de sangue. Descobri isso em sites de
ex-TJs dos Estados Unidos, e confirmei isso com Raymond Franz, ex-membro
do CG, por telefone. Com o tempo, o uso de algumas frações de sangue foi
liberado. Depois foi proibido. Depois foi liberado. Depois foi proibido. Depois foi
liberado. Você acredita nisso? Pode uma “luz” que vem de Deus ser tão
parecida a um pisca-pisca de um carro que quer virar para o lado? Então veja a
verdade dos fatos.

1a. Luz – É correto aceitar remédios feitos com frações de sangue.

“... A injeção de anticorpos no sangue tendo como veículo o soro de sangue ou o uso de
frações de sangue para criar tais anticorpos não é o mesmo que tomar sangue, ...fazê-lo
não parece estar incluído na expressa vontade de Deus ao proibir o sangue como
alimento. Seria, portanto, assunto de decisão individual quanto a aceitar ou não tais tipos
de medicação.” 74

2a. Luz - É errado aceitar remédios feitos com frações de sangue.

“É errado suster a vida mediante infusões de sangue, plasma, glóbulos vermelhos ou


várias frações de sangue? Sim! ... Quer seja sangue integral quer fração de sangue [...] a
lei divina se aplica”. 75

3a. LUZ – É correto (de novo) aceitar remédios feitos com frações de
sangue.

“Que dizer, então, do uso dum soro que contenha apenas uma fração minúscula de
sangue e que seja empregado para prover uma defesa auxiliar contra uma infecção, não
sendo empregada para realizar a função sustentadora da vida normalmente
desempenhada pelo sangue? Cremos que isto deve ser decidido pela consciência de cada
cristão.” 76

74
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de fevereiro de 1959, pp. 95, 96. São Paulo, 1959.
75
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de março de 1962, p. 174. São Paulo, 1962.
76
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de outubro de 1974, p. 640.

97
4a. LUZ - É errado (de novo) aceitar remédios feitos com frações de
sangue.

“Certos fatores plasmáticos da coagulação acham-se agora em amplo uso... os que


recebem tal tratamento enfrentam outro perigo mortífero... quase 40% dos 113
hemofílicos apresentam caso de hepatite... todos receberam sangue integral, plasma ou
derivados sanguíneos que continham os fatores. Naturalmente, os verdadeiros cristãos
não utilizam este tratamento potencialmente perigoso, acatando a ordem da bíblia de
‘abster-se de sangue’”. 77

5a. LUZ - É correto (outra vez) aceitar remédios feitos com frações de
sangue.

“Alguns cristãos acham que aceitar uma pequena quantidade de derivado de sangue para
tal fim não é... desrespeito pela lei de Deus... adotamos atitude de que esta questão
precisa ser resolvida por cada pessoa, por decisão pessoal.” 78

Como me senti ludibriado pelo CG quando descobri esse pisca-pisca de luzes;


Senti pena deles, pobres miseráveis enganados por Satanás. E em meio a esse
sentimento, arrazoei no caso das frações de sangue:

Se o sangue deve ser evitado como prática errônea diante de Deus, por que
liberar as frações de sangue? Já que a Sociedade Torre de Vigia gosta tanto de
fazer comparações com o sangue e o álcool, eu perguntei aos anciãos o
seguinte: ‘A título de comparação, considere o caso de um homem a quem o
médico dissesse que precisa abster-se de sangue. Estaria ele obedecendo à
ordem, se deixasse de beber ou comer sangue, mas fizesse que este lhe fosse
injetado FRAÇÕES OU COMPONENTES DE SANGUE diretamente nas veias?’ É
óbvio que os anciãos e outras TJs ficaram sem respostas.

Assim, bombardeei os anciãos com questionamentos de uma mente cheia de


dúvidas, mas sincera. E esse meu argumento sobre o sangue e o álcool deve
ter deixado um dos anciãos, que posteriormente me julgou, bêbedo de raiva,
porque ele era bem chegado numa cerveja e numa “caipirinha”, e inclusive eu
mesmo tive o desprazer de flagrá-lo dirigindo e bebendo uma latinha de
cerveja. Muito interessante, você não acha? Eles usam o álcool para provar que
não se pode usar o sangue como forma de salvar a vida, mas a seita permite
o uso moderado do álcool. Veja:

77
Torre de Vigia. Despertai! de 22 de agosto de 1975, p. 29. São Paulo, 1975.

78
Torre de Vigia. A Sentinela de 1 de dezembro de 1978, p. 31. São Paulo, 1978.

98
“O conceito bíblico sobre o consumo de bebidas alcoólicas é equilibrado. Por um lado, as
Escrituras dizem que o vinho é uma dádiva de Jeová Deus, “que alegra o coração do
homem mortal”. (Salmo 104:1, 15) Por outro lado, condenando o excesso no beber, a
Bíblia usa expressões tais como “imoderação no beber”, ‘excessos com vinho, festanças,
competições no beber’, ‘dado a muito vinho’ e ficar ‘escravizado a muito vinho’. (Lucas
21:34; 1 Pedro 4:3; 1 Timóteo 3:8; Tito 2:3) Mas quanto é “muito vinho”? Como pode o
cristão saber qual é o conceito divino sobre as bebidas alcoólicas?(...) A Bíblia não
estabelece limites por indicar as porcentagens de concentração de álcool no sangue, nem
outra medição. A tolerância que a pessoa tem ao álcool varia de uma para outra.” 79

Na verdade, não raro, uma boa parte das TJs, a maioria os homens, enchem a
cara até quase ficarem bêbados. Essa é a fama das TJs, e eu constatei isso
entre os anciãos com quem eu jogava bola nas tardes de domingo. E diga-se
de passagem, uns deles eram bem bocas-sujas. Eram expressões do tipo “vá
chutar bosta de vaca” para cima! Quando o juiz marcava um pênalti, o ancião
que curtia beber e dirigir carro ao mesmo tempo gritava: “É pênis!”, em vez de
“pênalti”. E piadas imundas não faltavam na boca de alguns anciãos de
Araraquara, cidade vizinha da minha. E só mais um detalhe: Participava desses
jogos um servo ministerial que antes de se casar fez uma festinha de despedida
de solteiro numa casa de prostituição. Muito interessante, você não acha? Um
conselho amoroso pra ele, e tudo foi resolvido! Eu só não conto tudo o que sei
porque senão esse livro iria se chamar “O BORDEL DAS TESTEMUNHAS DE
JEOVÁ”.

Deixando de lado a hipocrisia de certos indivíduos. A verdade, para mim, jamais


deveria ter medo da mentira. Eu fui mais além. Entreguei algumas perguntas
aos anciãos:

1. Quanto aos medicamentos feitos com frações de sangue, para que eles
sejam feitos, é preciso que haja doadores. É correto usar tais
medicamentos feitos com o sangue que Deus não aprova o uso?

2. Se é correto, por que as TJs não doam sangue para ajudar a fazer
esses medicamentos?

3. Se a Bíblia condenasse o sangue como forma de salvar a vida, por que


Jesus disse, mesmo que em sentido simbólico, que quem não bebesse do
seu sangue não herdaria a vida eterna? (João 6:53) Teria ele usado uma
expressão baseada em algo pecaminoso?

79
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de dezembro de 1996, p. 27. Cesário Lange, SP, 1996.

99
Assim, acho que aqueles anciãos ficaram muito chateados com os meus
questionamentos, muito mais porque eles não tinham argumentos para mim.
Assim, escrevi nos meus questionamentos o seguinte:

CULPO O CORPO GOVERNANTE PELA MORTE DE MILHARES


DE PESSOAS QUE MORRERAM POR FALTA DE VACINAS, DE
TRANSPLANTES, DE TRANSFUSÕES DE SANGUE E DE
FRAÇÕES DE SANGUE.

A resposta foi: “Será que foram milhares mesmo? Você não está exagerando,
porque está sendo vítima de apóstatas?” E minha réplica foi: Se tivesse sido
apenas um que morreu por essas proibições legalistas do CG, ainda assim teria
sido muito. Ninguém precisa morrer devido a leis que vão além da Bíblia!

MUDANÇAS DE ENSINOS SOBRE ADORAÇÃO RELATIVA A JESUS.

A Tradução do Novo Mundo de 1967 dizia em Hebreus 1:6: “Que os anjos de


Deus o adorem”. Em versões posteriores, verteram o texto grego por: “Que os
anjos de Deus lhe prestem homenagem”. Embora as TJs nunca adoraram a
Jesus da mesma forma que adoram seu “deus-TJ”, elas acreditaram que se
podia adorar a Jeová através de Jesus, ao que chamavam de adoração relativa.
E sobre isso mudaram de opinião sobre “adorar a Jesus” de forma relativa:
1a. LUZ (a) - Jesus Podia Ser Adorado!

"Cremos que o nosso Senhor Jesus, enquanto esteve na terra, realmente foi adorado e
assim procedido corretamente." 80

2a. LUZ - Jesus Não Podia Mais Ser Adorado!

"Conseqüentemente, visto que as Escrituras ensinam que Jesus Cristo não é uma co-
pessoa trinitária com Deus, o Pai, mas uma pessoa distinta, o Filho de Deus [...],
nenhuma adoração distinta deve ser rendida a Jesus Cristo, agora glorificado no céu.
Nossa adoração deve ser apenas a Jeová." 81

3a. LUZ - Jesus Podia Ser Adorado de Novo.

"Cristo deve ser adorado como Espírito Glorioso, vitorioso sobre a morte na estaca de
tortura." 82

80
Watchtower Bible and Tract Society. A Sentinela de 15 de Julho de 1898, p. 216, volume encadernado.
81
Watchtower Bible and Tract Society. A Sentinela 1 de janeiro de 1954, p. 31, em inglês.
82
Torre de Vigia. Certificai-vos de Todas as Coisas, página 104, edição de 1960 [a edição de 1970 retirou
essa declaração].

100
4a. LUZ - Jesus Não Podia Ser Adorado! (De Novo!)

"Os trinitaristas que crêem que Jesus é Deus, ou no mínimo uma segunda pessoa do
Deus triúno, não gostam das Testemunhas de Jeová dizerem que é antibíblico para
adoradores do Deus vivo e verdadeiro render adoração ao Filho de Deus, Jesus Cristo." 83

5a. LUZ - Jesus Podia Ser Adorado! (De Novo!)

"Em vista de tudo isso, como devemos compreender Hebreus 1:6, que mostra que até
mesmo os anjos ‘adoram’ o ressuscitado Jesus, Cristo? Caso se prefira a tradução
"adorar", então se precisa compreender que tal ‘adoração’ é apenas relativa. Pois o
próprio Jesus declarou enfaticamente a Satanás que "é a Jeová, teu Deus, que tens de
adorar [uma forma de proskynéo] e é somente a ele que tens de prestar serviço
sagrado". 84

6a. LUZ - Jesus Não Podia Ser Adorado De Modo Algum!

“Portanto, a que conclusão chegamos? Que Jeová, e ninguém mais, é "o Deus verdadeiro
e a vida eterna". Somente ele merece receber a adoração exclusiva de suas criaturas. —
Revelação (Apocalipse) 4:11." 85

A pergunta que me fazia era: Como esses líderes dentre o CG conseguem


acreditar que são usados por Jeová com essas mudanças de ensinos?86 Uma
bagunça de interpretação. Durante um tempo, falavam sobre adoração a Jesus
(de forma relativa), durante outro não falavam sobre isso.

MUDANÇAS SOBRE SE OS HABITANTES DE SODOMA E GOMORRA


SERÃO RESSUSCITADOS OU NÃO.

Em questões de menor importância, as TJs mudaram várias vezes de


interpretação. O “Jeová-TJ” não se decide. O que vou lhes mostrar agora é
hilário.

1a. LUZ - Os Habitantes de Sodoma e Gomorra Serão ressuscitados.

"‘Lembrem-se’, diz Cristo acerca dos sodomitas, que ‘Deus fez chover fogo e destruiu a
todos.’ Portanto, se se fala da restauração deles, subentende a ressurreição deles." 87

83
Torre de Vigia. A Sentinela de 1 de novembro de 1964, p. 671, em inglês.
84
Torre de Vigia. A Sentinela de 1 de julho de 1971, p. 415, Volume Encadernado; A Sentinela de 15 de
janeiro de 1992, p. 23. Cesário Lange, SP, 1992.
85
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de outubro de 2004, p. 31.
86
Até novembro de 2023, já cataloguei 369 mudanças de ensinos nesta organização TJ.
87
Watchtower (A Sentinela) de julho de 1897, p. 7.

101
2a. LUZ - Os Habitantes de Sodoma e Gomorra Não serão
ressuscitados.

"Portanto, aqueles que morrerem no Armagedom sofrerão a mesma punição que os


habitantes de Sodoma; isto é, não terão uma ‘ressurreição de julgamento’ durante o dia
do juízo, de 1.000 anos; ficarão mortos para sempre." 88

3a. LUZ - Os Habitantes de Sodoma e Gomorra Serão ressuscitados


(de novo).

"Ao dizer isso, Jesus mostrou que pelo menos algumas das pessoas injustas das antigas
Sodoma e Gomorra estarão presentes na terra durante o Dia do Juízo. Embora tenham
sido bastante imorais, podemos esperar que algumas delas sejam ressuscitadas. (Gênesis
19:1-26) Jeová, em sua misericórdia, as trará de volta.” 89

4a. LUZ - Os Habitantes de Sodoma e Gomorra Não serão


ressuscitados (de novo).

"Serão essas pessoas, tão terrivelmente iníquas, ressuscitadas durante o Dia do Juízo?
Pelo que parece, as Escrituras indicam que não. [...] De fato, por causa de sua excessiva
imoralidade, as pessoas de Sodoma e das cidades circunvizinhas sofreram destruição, da
qual pelo que parece nunca serão ressuscitadas. — 2 Pedro 2:4-6, 9, 10a." 90

Quando eu estava terminando a edição deste livro, em novembro de 2023, o


Corpo Governante mudou de interpretação novamente. Agora temos mais uma
nova luz de “Jeová-TJ”:

5ª. Luz – Não Sabemos Com Certeza se Os Habitantes de Sodoma e


Gomorra.

“Nós não queremos ser dogmáticos sobre se os habitantes de Sodoma e Gomorra serão
ressuscitados ou não.” – Reunião Anual das Testemunhas de Jeová, Novembro de
2023.91

AS FALSAS PROFECIAS DO CORPO GOVERNANTE.


88
Watchtower Bible and Tract Society. A Sentinela de 1 de abril de 1955, p. 200, Volume Encadernado,
em inglês.
89
Torre de Vigia. Poderá Viver Para Sempre No Paraíso na Terra, edição de 1981, p. 179. Cesário Lange,
SP, 1981.
90
Torre de Vigia. Poderá Viver Para Sempre No Paraíso na Terra, edição de 1983, p. 179. Cesário Lange,
SP, 1983.
91
Na próxima edição deste livro colocaremos as devidas referências. Por enquanto, esta informação
consta apenas em vídeo ainda não publicado pela organização TJ.

102
Quando comecei a estudar a Bíblia com as TJs, soube que elas haviam previsto
o fim do mundo para 1975. No entanto, como nossa congregação não possuía
livros antigos, procurei saber de pessoas antigas naquela organização sobre o
que realmente havia ocorrido. Sem saber que elas já estavam treinadas para
dar a resposta que camuflava os fatos, fui levado a crer que “alguns irmãos”
haviam entendido errado as palavras do Corpo Governante, e pensaram que o
fim viria em 1975. Em minha cidade, havia uma TJ que sobreviveu a 1975.
Aliás, todas elas sobreviveram. Então, ela me disse que num congresso dessa
seita antes de 1975, o orador público disse o seguinte:

- Se o Armagedom não vier em 1975, a Bíblia é mentirosa.

Aquela TJ confessou em seguida:

- Assim também, muitos entenderam errado o que o Corpo Governante quis


dizer. Quanto a nós, tínhamos uma certa esperança.”

Bem, eu cri nela, e em outras TJs. No entanto, confesso que a declaração de


um grande amigo meu, um TJ idoso, missionário formado na Escola Bíblica de
Gileade, chamado Piter Lents, me deixou na época um pouco desconfiado. Ele
me contou o seguinte, nos meus primeiros anos como TJ:

- Quando vinham me falar sobre o Armagedom vir em 1975, eu nunca acreditei


nisso! Os anciãos quase me tiraram os cargos uma vez por eu dizer que não
cria que Jesus voltaria nessa data, já que ele mesmo havia dito que acerca
daquele dia e daquela hora ninguém poderia saber, só o Pai.

Mas eu guardei isso em minha mente. E a resposta dada pelo CG sobre esse
assunto, e repassada de boca em boca, era: “Os discípulos de Jesus também
erraram em achar que Jesus restabeleceria o reino a Israel naquela data”. (Atos
1:6, 7) Então, me conformei com mensagem subliminar: “Se eles erraram,
alguns de nós também erraram.”

Todavia, quando comecei a questionar e investigar a história de erros dessa


seita, descobri que ninguém havia entendido mal as palavras dos líderes dessa
seita. Muito pelo contrário, realmente constatei diversas falsas profecias sobre
vários Armagedons que jamais vieram e acontecimentos relacionados a isso,
todas esses com data marcada. Você agora poderá observar mais uma
sequência de flashes de luzes do Jeová-TJ que se apagaram na longa estrada
repleta de falsas profecias da suposta única religião verdadeira. Esse é o
assunto em que as TJs mais odeiam tocar.

103
FALSAS PROFECIAS DO CORPO GOVERNANTE.

“...com o fim de 1914 A.D., aquilo que Deus chama Babilônia, e aquilo que os homens
chamam Cristandade, já terá passado, como já mostrado a partir da profecia.” 92

“...o fim pleno do tempo dos Gentios... será alcançado em 1914 A. D... esta data será o
último limite para o domínio dos homens imperfeitos... a Igreja [será] levada para casa
em um arrebatamento... porque cada membro reinará com Cristo...” 93

“A data para o encerramento desta ‘batalha’ está definitivamente marcada nas Escrituras
como sendo outubro de 1914. Ela já está em progresso, seu início datando de outubro de
1874.” 94

“Nós apresentamos prova de que...a ‘batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso’


(Rev. 16: 14) ... terminará em 1914 A.D., com a vitória completa sobre o governo
terrestre...”95

“Não vemos nenhuma razão para mudar os números, nem poderíamos nós mudá-los se
quiséssemos. Eles são, nós cremos, datas de Deus, não nossas. Tenha em mente que o
fim de 1914 não é a data do começo, mas do fim do tempo de tribulação. Não vemos
qualquer razão para mudarmos de opinião...” 96

“O Tempo do Gentios prova que os governos atuais devem todos ser substituídos por
volta do fim de 1914 A.D... e, do mesmo modo, a derrota da assim chamada
‘cristandade’ deve ser esperada para se seguir imediatamente.” 97

“...a completa destruição dos poderes... deste mundo maligno - político, financeiro,
eclesiástico - por volta do fim do Tempo dos gentios, outubro de 1914.” 98

“Quando Urano e Júpiter se encontrarem no signo benigno de Aquário em 1914, a era há


muito prometida terá tido um belo começo na obra de libertar os homens na busca de
sua própria salvação e assegurará a realização final dos sonhos e ideais de todos os
poetas e sagas da História.” 99

“A ‘batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso’ (Rev. 16: 14)... terminará em 1915
A.D., com a vitória completa sobre o governo terrestre [...] consideramos uma verdade

92
Charles Taze Russel. Estudos das Escrituras III, p. 153. Watchtower Bible and Tracts Society, 1891.
93
Charles Taze Russell. Estudos das Escrituras II, pp. 76,77 (em inglês). Watchtower Bible and Tracts
Society, 1888.
94
Watchtower Bible and Tract Society.Torre de Vigia de Sião de 15/1/1892, pp. 52,53 (em inglês).
95
Estudos das Escrituras III, 1905, editorial 26 (em inglês).
96
Torre de Vigia de Sião de 15 de julho de 1894, p. 1677, Volume Encadernado (reimpressão em inglês).
97
Charles Taze Russell. Estudos das Escrituras II, pp. 242, 245 (em inglês). Watchtower Bible and Tracts
Society, 1888.
98
Charles Taze Russell. Estudos das Escrituras IV, pp. 604,622 (em inglês).
99
A Sentinela de 1/5/1903, pp. 130 e 131 ou p. 3184 na reimpressão (em inglês).

104
estabelecida que o final dos reinos deste mundo, e o completo estabelecimento do reino
de Deus, se cumprirão próximo do fim de 1915 A.D.” 100

“A data apresentada [...] à luz das Escrituras precedentes, prova que a primavera de
1918 trará sobre a cristandade um espasmo de angústia maior ainda do que aquele
experimentado na chegada de 1914.” 101

“Parece conclusivo que as ‘dores de aflição’ da Sião Nominal estão fixadas na passagem
de 1918... há razões para crer que os anjos caídos invadirão as mentes de muitos da
igreja nominal, levando-os a uma conduta excessivamente tola e culminando com sua
destruição às mãos de massas enfurecidas [...] também, no ano de 1918, quando Deus
destruir as igrejas e seus membros aos milhões...” 102

103
“...Até as repúblicas desaparecerão na chegada de 1920.”

“Seja como for, há evidência de que o estabelecimento do Reino na Palestina será


provavelmente em 1925, dez anos mais tarde do que nós uma vez tínhamos calculado
[isto é, 1915].” 104

“A data 1925 é ainda mais distintamente indicada pelas Escrituras, pois é fixada pela lei
que Deus concedeu a Israel.”105

“Temos tanta razão, ou mais, para crer que o reino será estabelecido em 1925 do que
Noé tinha para crer que haveria um dilúvio?... nosso pensamento é que 1925 está
marcado definitivamente nas escrituras [...] Quanto a Noé, os cristãos agora têm mais
sobre o que apoiar sua fé do que Noé tinha...” 106

“Por conseguinte, nós podemos esperar confiantemente que 1925 marcará o retorno de
Abraão, Isaque, Jacó e os profetas fiéis da antiguidade [...] um cálculo simples dos
jubileus traz-nos a este importante fato.” 107

“Esta cronologia não é de homem algum, mas de Deus.’108

“Não há dúvida de que muitos meninos e meninas que leem este livro viverão para ver
Abraão, Isaque, Jacó, José, Daniel e aqueles outros homens da antiguidade
chegarem...”109

100
Charles Taze Russell. Estudos das Escrituras III, editorial 101 e 99 (em inglês). Watchtower Bible and
Tracts Society, 1897.
101
J. F. Rutherford. O Mistério Consumado, 1917, p. 62 (em inglês).
102
J. F. Rutherford .O Mistério Consumado, 1917, pp. 128,129 e 485 (em inglês).
103
J. F. Rutherford . O Mistério Consumado, 1917, p. 258 (em inglês).
104
J. F. Rutherford . O Mistério Consumado, 1917, p. 128 (em inglês).
105
Watchtower Bible and Tract Society. A Sentinela de 1º de setembro de 1922, p. 262, Volume
Encadernado (em inglês).
106
Watchtower Bible and Tract Society. A Sentinela de 1º de março de 1923, p. 106, Volume
Encadernado (em inglês).
107
J. F. Rutherford. Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, 1920, pp. 88-90 (em inglês).
108
Watchtower Bible and Tract Society. A Sentinela de 15 de julho de1922, p. 217, Volume Encadernado
(em inglês).

105
“Devemos presumir, à base deste estudo, que a batalha do Armagedom já terá acabado
até o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, há muito aguardado, começará
então? Possivelmente [...] A diferença talvez envolva apenas semanas, ou meses, não
anos.” 110

Todas essas falsas profecias mostram-nos o seguinte: O Corpo Governante TJ,


por mais bem intencionado que estivesse, nunca recebeu a luz de Deus e nem
vai receber, enquanto não se converterem a Jesus, aceitando-o como Deus,
Senhor e Salvador. Infelizmente, não terão a luz de Provérbios 4:18 enquanto
não deixarem de se considerar detentores do conhecimento exato que conduz à
vida eterna, como se eles dividissem com Jesus o mérito da salvação. Sim, eles
agiram como falsos profetas. Não se deixaram guiar pelo Espírito Santo de
Deus, mas pelo “espírito santo” deles.

Pior são as desculpas que o apologistas TJs sempre deram. Do tipo: (a) “Não
foram falsas profecias, mas apenas interpretações de profecias”; (b) “Não
afirmamos categoricamente, pois em outras literaturas não fomos tão
dogmáticos”; (c) “Muitos de nós erraram quanto a essas datas porque estavam
ansiosos de verem Jeová cumprir suas profecias sobre o fim”. Tudo “conversa
pra boi dormir”, como dizemos no interior paulista. O Corpo Governante se
declara profeta de Jeová quando interpreta profecias. Assim, agiram como
falsos profetas, não por fazer novas profecias, mas por interpretá-las
erroneamente. E além de interpretar errado, levaram outros a esperar pela
volta de Jesus em três datas: 1914, 1925 e 1975. Estar ansioso pelo
cumprimento de profecias não nos autoriza a prever a volta de Jesus com data
marcada, porque nem ele fez isso! – Mateus 24:36; Marcos 13:32; Atos 1:6, 7.

Observe como tentaram se justificar de suas profetadas:

“Os ridicularizadores talvez escarnecessem dos cristãos fiéis por estes terem expectativas
ainda não realizadas. Pouco antes de Jesus morrer, seus discípulos “estavam imaginando
que o reino de Deus ia apresentar-se instantaneamente”. Então, após a ressurreição
dele, perguntaram se o Reino ia ser estabelecido imediatamente. Também, uns dez anos
antes de Pedro escrever a sua segunda carta, alguns se sentiram animados por causa de
uma “mensagem verbal” ou “uma carta”, supostamente do apóstolo Paulo ou dos seus
companheiros, “no sentido de que o dia de Jeová está aqui”. (Lucas 19:11; 2
Tessalonicenses 2:2; Atos 1:6) Tais expectativas dos discípulos de Jesus, porém, não
eram falsas, mas apenas prematuras. O dia de Jeová viria mesmo!” 111

109
J. F. Rutherford. O Caminho para o Paraíso, 1924, p. 224 (em inglês).
110
Torre de Vigia. A Sentinela de 15 de fevereiro de1969, p. 115 (em português). São Paulo, 1969.
111
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de setembro de 1991, página 21. Cesário Lange, SP, 1991.

106
Com essas palavras, o CG tenta fazer parecer que, assim como os discípulos de
Jesus tiveram uma expectativa sobre o restabelecimento do Reino de Israel
naqueles dias, as TJs também poderiam errar em prever o fim do mundo. No
entanto, os discípulos de Jesus agiram corretamente. Em vez de anunciarem
como uma sentinela datas para a volta de Cristo, eles chagaram até o
ressuscitado Jesus e lhe perguntaram: “é neste tempo que restabeleces o reino
a Israel?” (Atos 1:6) E acataram prontamente a resposta de Jesus. Será que as
TJs agiram da mesma forma? A resposta é não! Mesmo sabendo do que Jesus
havia dito, que “acerca daquele dia e daquela hora ninguém sabia, nem os
anjos do céu, nem o filho, mais somente o Pai” (Mateus 24:36; Marcos 13:32),
ainda assim eles ousaram a prever o fim do mundo várias vezes. Por isso,
descobri porque éramos aconselhados a não pesquisar a internet material
contrário aos ensinos dessa seita – seus líderes não queriam que
pesquisássemos o passado dessa seita.

O mais engraçado foi o que descobri sobre como o Corpo Governante encarava
outros grupos religiosos que previram o fim do mundo. Veja quanta hipocrisia
nas palavras desses líderes:

“Também, durante o século 19, em resultado de maior estudo da Bíblia, grupos nos
Estados Unidos, na Alemanha, na Inglaterra e na Rússia começaram a expressar a
convicção de que o tempo da volta de Cristo era iminente. Mas a maioria das suas
expectativas resultou em desapontamento. Por quê? Em grande parte porque confiaram
demais em homens e não o suficiente nas Escrituras.” 112

Ora, em quem o Corpo Governante confiou ao prever as datas para o


Armagedom tantas vezes? Assim, descobri que esses líderes haviam errado
tanto, e ao mesmo tempo se especializaram em julgar os mesmos erros que
outros grupos cometeram. Isso me causou indignação, perplexidade. Comecei a
me sentir enganado. E essa revolta causou em mim um desiquilíbrio tamanho
que sentia vontade até mesmo de abandonar a Deus e adotar uma vida imoral,
divertida, sem compromissos com religião.

A ÚNICA RELIGIÃO VERDADEIRA?

Na opinião das TJs, apenas elas são a única religião verdadeira e elas estariam
dispostas a morrer por essa crença. Para o Corpo Governante, Deus sempre
lidou com um povo. Antes de Jesus, era a nação de Israel, a quem ele chamou
de “minhas testemunhas”. (Isaías 43:10) Depois que Jesus veio, ele continuou
lidando com um só povo, a primitiva congregação cristã do primeiro século. No
entanto, as TJs, sabendo que a seita deles tinha sido fundada por Charles Taze

112
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de maio de 1994, p. 24. Cesário Lange, 1994.

107
Russel em 1874, precisariam buscar apoio das Escrituras para responder à
seguinte pergunta:

COMO A RELIGIÃO DE VOCÊS PODE SER A ÚNICA CERTA, SE


ELA EXISTE APENAS DESDE 1874?

Como o CG estava realmente interessado em provar que só eles representavam


o cristianismo verdadeiro, eles usaram a parábola do trigo e do joio, para
provarem que eles representavam a continuação da primitiva congregação
cristã. Para as TJs, o joio representa todas as religiões que surgiram depois da
primitiva congregação cristã, simbolizada pelo trigo. Essas religiões seriam a
apostasia do cristianismo. Veja melhor essa explicação nas próprias palavras do
corpo governante:

“Jesus predisse esta apostasia na sua parábola a respeito do trigo e do joio. O próprio
Jesus explicou que “o trigo” representa os verdadeiros cristãos; “o joio” representa falsos
cristãos, ou apóstatas. “Enquanto os homens dormiam”, disse Jesus, um “inimigo” iria
semear joio no campo de trigo. Esta semeadura começou depois de os apóstolos terem
adormecido na morte. A parábola mostra que confundir os verdadeiros cristãos com os
falsos continuaria até a “terminação do sistema de coisas”. De modo que, no decorrer
dos séculos, a identidade dos verdadeiros cristãos não ficou clara porque o campo
religioso passou a ser dominado por aqueles que são cristãos apenas de nome. Todavia,
na “terminação do sistema de coisas”, ocorreria uma mudança. “O Filho do homem”
enviaria “os seus anjos” para separar os falsos cristãos dos verdadeiros. Isto significava
que a congregação cristã seria então facilmente reconhecível, estando na mesma
condição dos tempos apostólicos. — Mateus 13:24-30, 36-43.” 113

Na opinião do Corpo Governante, essa parábola explica porque houve um


tempo em que o mundo ficaria praticamente sem TJs e sem escravo fiel e
discreto, ou seja, sem religião verdadeira, de 96 d.C até 1874 d.C. Mas a partir
de 1874, os anjos começariam a reunir o trigo e daí então ficaria fácil de se
saber quem era o trigo e quem era o joio. O joio seria todas as outras religiões,
com seus ensinos e práticas antibíblicas, com exceção daqueles Estudantes
Internacionais da Bíblia, como eram conhecidos entre 1874 e 1931.

Deus me mostrou pelas minhas pesquisas ser um absurdo afirmar que entre 96
até 1874, Jesus teria ficado com sua igreja (ou congregação) obscurecida,
sendo o próprio Jesus afirmou: “Estarei convosco todos os dias, até o fim dos
tempos”. (Mateus 28:20) Assim, Jesus não ensinou de forma alguma na
parábola do Trigo e do Joio que o trigo quase desapareceria, e que em 1778
anos o joio dominaria o mundo. O próprio Jesus disse também ao edificar a sua
igreja, que as portas do inferno (hades) não prevaleceriam contra ela. (Mateus

113
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de abril de 1995, p. 6. Cesário Lange, SP, 1995.

108
16:18) Portanto, trigo (cristãos) e joio (cristãos de imitação) cresceriam juntos
até a colheita, o que sugeriria que sempre a igreja de Cristo Jesus existiu, e
isso põe por terra a interpretação do Corpo Governante de que o trigo são as
TJs - a religião verdadeira, e todo o resto da humanidade cristã o joio, e que
durante 1778 anos quase não houve cristãos na terra.

MAIS QUESTIONAMENTOS PARA OS ANCIÃOS TJS.

Quando perguntamos a um membro dessa seita qual o origem do seu


movimento, ele responderá que a religião dele existe desde os dias de Isaías.
Ora, todos sabem que antes essa seita era conhecida como Estudantes
Internacionais da Bíblia, até 1931. No entanto, o Corpo Governante explicou
que eles adotaram o nome “Testemunhas de Jeová” porque os judeus, como
Isaías, Jeremias e outros, eram Testemunhas de Jeová. Observe a seguinte
explicação:

“Com o tempo, os Estudantes da Bíblia ficaram ainda mais intimamente identificados com
Jeremias, quando, em 1931, num congresso em Columbus, Ohio, EUA, foi anunciado que
o nome bíblico desse corajoso grupo de cristãos devia ser “Testemunhas de Jeová”.
(Isaías 43:10-12) Este nome fora colocado em evidência no oitavo século AEC quando
Jeová o aplicou a Israel. Assim, uns cem anos depois, quando Jeremias serviu como
profeta, ele era também uma testemunha de Jeová. (Jeremias 16:21) Igualmente Jesus,
quando veio à terra como judeu, era testemunha de seu Pai, Jeová. (João 17:25, 26;
Revelação 1:5; 3:14) Portanto, era apropriado que, no tempo devido de Deus, seu povo
por fim se habilitasse a esse nome por Ele designado — “Testemunhas de Jeová”. —
João 17:6, 11, 12.” 114

Que interessante, não acha? As TJs se acham a única religião verdadeira


porque o nome delas aparece em Isaías 43:10-12. Assim, Charles Taze Russel
deixou de ser o fundador da seita. Quem a fundou foi o próprio Deus. Quando
um membro dessa seita se arrisca a falar comigo, e diz essa grande bobagem,
eu digo a ele o seguinte:

Vocês ensinam que os judeus TJs, porque Deus, em Isaías


43:10, os chama de “testemunhas”. Mas se os judeus eram
da sua religião, e os judeus mataram Jesus, significa isso
que foram as TJs da época que negaram Cristo e o mataram?

E sobre ser testemunha, questionei fortemente os anciãos: A Bíblia ensina que


(a) O Pai é testemunha de Jesus e (b) O Filho é Testemunha dele mesmo (João
8:17, 18); (c) O Espírito Santo é testemunha de Jesus (João 15:26); (d) Nós

114
Torre de Vigia. A Sentinela 1 de abril de 1988, p. 24. Cesário Lange, SP, 1988.

109
somos testemunhas de Jesus (Atos 1:8) – E nós temos que ser chamados de
Testemunhas de Jeová?

Junto com esses questionamentos, entreguei aos anciãos uma lista de outras
perguntas sobre a real e verdadeira história dessa seita, e com seus ensinos
polêmicos. Assim, após terem lido todas as páginas que lhes entreguei, eles
marcaram uma comissão judicativa para me julgar. Eu fiquei sabendo que
quatro anciãos estariam presentes para dar o seu veredicto final a meu
respeito. No capítulo seguinte, vocês saberão os detalhes dessa comissão.

110
CAPÍTULO 6
O DIA DA MINHA “SANTA INQUISIÇÃO”

Amanheceu nublado o dia 15 de novembro de 1999. Era uma segunda-feira.


Aquele dia mudaria completamente a minha vida. Eu sabia que os ensinos
errados das TJs me convenciam de que elas não constituíam a única religião
verdadeira. Mas também sabia que jamais quisera dividir a “religião” deles.

Os estudos que havia entregue aos anciãos pretendiam alertá-los do perigo de


se crer em homens, que haviam sido responsáveis até pela morte de pessoas.
Mas, infelizmente, não consegui ajudar ninguém. Ou melhor, quase ninguém.
Mais à frente, meus questionamentos acabaram ajudando outras TJs a
abandonarem o CG.

Os anciãos que receberam a lista dos meus questionamentos marcaram uma


comissão judicativa. Trata-se de uma reunião ultra secreta, no Salão do Reino
TJ, neste momento ninguém mais pode estar presente no local, a não ser os
anciãos (os juízes) e o pecador. A comissão foi marcada para às três horas da
tarde.

Antes de contar como foi o meu julgamento, quero lembrar-me de um


momento muito especial. Eu não me lembro a data em que isso aconteceu,
mas sei que era por volta de julho de 1999. Ao bater papo na internet com
evangélicos, numa sala chamada 100% Jesus, conheci uma evangélica, do
Estado do Amazonas. O apelido que ela usava era “amadinha”. Após contar a
ela sobre a crise de consciência que enfrentava, bem como os ensinos que
questionava, ela pediu para que eu orasse com ela pela internet. Eu ainda era
TJ, e jamais havia orado com uma pessoa que não fosse TJ. Assim, ela pediu-
me para que tudo que ela escrevesse para mim, eu deveria repetir, escrevendo
novamente. Foi então que escrevi:

Eu quero, no momento certo, conhecer o Senhor Jesus e desde já o reconheço


como o meu único e suficiente Salvador.

Assim, naquele dia, de um modo informal, aceitei ser moldado por Jesus, no
devido tempo. Para mim, não foi de fato a minha conversão a Cristo, mas tenho
plena certeza de que Deus entendeu a minha oração, e em sua infinita graça e
misericórdia, deixou essa oração guardada em meu coração. Sou muito grato a
essa “Amadinha”. No céu, quero conhecê-la um dia.

111
Mas, voltando ao dia do meu julgamento, como se deu este Tribunal do Santo
Inquérito?

O TRIBUNAL – VOCÊ RENUNCIA AOS SEUS ESCRITOS?

Antes de ser julgado, liguei para um ancião da cidade de São Carlos. Contei a
ele todas as minhas dúvidas. Ele disse-me que também discordava, mas de
pouca coisa. Atualmente, ele não é mais ancião. Mas ele me disse algo que
mostrou a mentalidade escravizada dos adeptos dessa seita. O assunto que
surgiu foi a questão do sangue. Ele me disse:

“Mesmo que estivéssemos errados em proibir as transfusões de sangue, o


que mais me impressiona é o modo como as Testemunhas de Jeová
morrem fiéis por uma causa. Você lembra da história dos Kamikases? Eles
morriam pela pátria, sendo usados como mísseis humanos. Assim também
somos nós.”

Sei que hoje ele pensa totalmente diferente disso. Mas achei a frase dele
extremamente infeliz. Mas uma pergunta eu fiz àquele ancião “kamikase”: E se
fosse o seu filho que tivesse que morrer por falta de uma transfusão de
sangue? Você já convenceu pessoas de nossa religião a não doarem sangue,
nem receberem através de transfusoes, e algumas sofreram consequências por
isso. E se fosse seu filho? O que você faria? A resposta dele foi: “NÃO SEI!”
Achei hipocrisia da parte dele, mas pelo menos vi sinais de que um dia ele
poderia ser liberto dessa organização religiosa. E realmente, com o tempo ele
se afastou.

Mas voltemos ao meu Tribunal. Os anciãos que me julgaram não têm culpa de
nada. Eles haviam sido cegados pelo Diabo, como vítimas de falsos conceitos,
da mesma forma como eu havia sido.

Após uma breve oração, o presidente da comissão judicativa, por ironia, o


mesmo que meses antes havia me dito que discordava de algumas poucas
interpretações do Corpo Governante, iniciou o julgamento me alertando:

- Você está diante de um tribunal. Qualquer ofensa contra nós poderá ser até
punida com processos contra você, pois você estivesse sendo julgado por nós,
como se estivesse num tribunal do mundo.”

Tentarei ser mais fiel possível ao narrar uma das partes do diálogo ocorrido
entre mim e o presidente da comissão. Confesso que eu tremia um pouco,

112
devido à ansiedade. O nome dele aparecerá como M.M. Um outro ancião
aparecerá com as iniciais E.L.A.

M.M. - Irmão Fernando, nós sabemos que você é uma pessoa que tem um
profundo conhecimento da Bíblia, e em matéria de Organização de Jeová,
podemos dizer que não há nada que você não venha a saber sobre ela.
No entanto, você, por própria decisão, deixou-se levar pela curiosidade e
entrou em contato com ensinos de apóstatas, que passaram a moldar sua
forma de pensar sobre Jeová. Você nos entregou uma série de dúvidas e
questionamentos, e eu sei que é difícil para você dizer um SIM à pergunta
que queremos te fazer, mas é a nossa obrigação fazê-la. Você renuncia e
se arrepende de tudo aquilo que escreveu e promete seguir cem por cento
os ensinos do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, que é o
escravo fiel e discreto a quem Jesus designou para cuidar da congregação
dele?

EU - Se vocês me mostrarem em que estou errado, eu direi um SIM.


Quando eu lhes entreguei isso, jamais quis dividir a religião, e jamais
entreguei esses questionamentos a ninguém além de vocês. Assim, eu
quero saber em que estou errado.

E.L.A - Nós não temos resposta para você. Analisando seus estudos e suas
novas crenças, achamos que você se adiantou nos ensinos de Cristo e se
tornou um apóstata.

M.M. - Mas para não dizer que não tentamos mostrar em que você está
errado, vamos falar sobre uma de suas observações. Você diz aqui o
seguinte, que o Corpo Governante é culpado pela morte de milhares de
pessoas que morreram por eles terem mudado de ensinos, no que se
refere às vacinas, aos transplantes de órgãos e às frações de sangue.
Muito bem. Então preste atenção na pergunta que eu vou te fazer. Jeová
deu para os judeus a lei para se guardar o sábado, certo?

EU - Certo, concordo com você.

M.M. - Muito bem. Segundo a lei de Moisés, o que aconteceria se alguém


não guardasse o sábado?

EU - Morreria.

M.M. - Muito bem. Mas quando Jesus veio, ele deu a entender que quem
não guardasse o sábado não morreria. Assim, ele mudou o ensino.

113
Portanto, eu te pergunto: Jesus, ensinando o contrário de Jeová, indicava
isso que Jeová era culpado pela morte daqueles que ele executou por não
guardarem o sábado?

EU - Sua pergunta é uma grande falácia! Todas as vezes que o corpo


governante muda de ensinos é para reconhecer que o ensino, ou “luz”
anterior estava incorreta. Não foi isso que aconteceu com a lei do sábado.
Jesus não mudou a lei, para reconhecer que ela estava errada, mas
segundo muitos estudiosos, pôs fim a ela porque já estava prometido na
Bíblia que a lei do sábado era por tempo indefinido, portanto, ela teria o
seu fim com a morte de Jesus.115

M.M. - Infelizmente Fernando, nossa conversa termina aqui. Por favor,


retire-se por um instante, a fim de que possamos chegar a um veredicto
final.

Pura intolerância! Quanta hipocrisia! O mesmo ancião que havia dito numa
conferência pública (discurso público) que o papa havia sido terrivelmente
intolerante com Martinho Lutero, por condenar-lhe à morte, devido à sua
recusa de se arrepender de todos os questionamentos contra a igreja católica,
sim, esse mesmo homem estava agora me expulsando da religião dele.

Um pouco irritado, mas sem ofendê-los, não esperei pela decisão deles. Saí do
salão do reino e fui chorando, de carro, para minha casa. Minha esposa havia
ficado em casa. Ela havia sido uma das pessoas que me entregou aos anciãos.
No caminho, prometi a Deus que um dia iria servi-lo de verdade. Orei a Deus:

- Deus, cuida de mim. Não me deixe longe da verdade.

Uma hora depois que havia dado a notícia à minha esposa, de como havia sido
a comissão judicativa, dois anciãos vieram em casa me dar a notícia da minha
desassociação, pelo fato de não ter esperado a decisão deles. Um deles, alguns
meses depois, veio a perder o cargo de ancião por ter se envolvido em
adultério. Para eles, eu era um anticristo. Fui acusado e julgado como apóstata.
Leram para mim os textos:

“Todo aquele que se adianta e não permanece no ensino do Cristo não tem Deus. Quem
permanece neste ensino é quem tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém se chegar a
vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis.
Pois, quem o cumprimenta é partícipe das suas obras iníquas.” – 2 João 9-11.

115
Atualmente, como teólogo e pastor, defendo, como nossas antigas confissões de fé diziam:
Precisamos guardar o domingo como dia sabático.

114
“Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos; pois, se tivessem sido dos nossos,
teriam permanecido conosco. Mas, [saíram] para que se mostrasse que nem todos são
dos nossos”. - 1 João 2:19.

Lembrei-me de Martinho Lutero. Agradeço a Deus por ter enfrentado aqueles


anciãos com coragem. Lutero, no dia 31 de outubro de 1517, pregou na porta
da Igreja de Todos os Santos, em Wittenberg, suas 95 teses, o que lhe veio
acarretar sua expulsão (excomunhão) da Igreja Católica Apostólica Romana. Eu
havia entregue minhas discordâncias e questionamentos por escrito aos
anciãos, o que me acarretou em expulsão por apostasia da organização
Testemunhas de Jeová.

OS PRIMEIROS DIAS APÓS MINHA EXPULSÃO.

Fiz questão de telefonar para amigos na Sede Brasileira das TJs, em Cesário
Lange, SP. Um deles, Sérgio Augusto Antão, lamentou muito. Outros também.
Um deles, não mencionarei sei nome pois ainda vive, me disse:

- Quando você retornar a servir Jeová, poderemos continuar nossa amizade.

TJs que muitas vezes receberam minha ajuda espiritual, outros que chegaram a
ser meus alunos de Inglês ou Português, ainda outros que faziam questão de
me abraçar quando me encontravam na rua, simplesmente me apagaram do
dia para a noite de sua memória.

Conversei por telefone com Raymond Franz. Ele compartilhou que foi muito
difícil para ele e sua esposa também, quando foram desassociados. Saíram sem
nada da família de Betel, nos EUA.

Outro problema: Os anciãos proibiram minha, até então, esposa de aprender


comigo quaisquer assuntos espirituais, principalmente minhas novas crenças.
Eu já havia casado com ela, gostando de outra pessoa, para não perder meus
privilégios e não ser impedido de adquirir outros. Ela havia sido uma das que
levaram aos anciãos minhas dúvidas. Não sentia mais nada por ela. Dói-me
profundamente na alma ter que afirmar isso. Ela era um excelente esposa, que
cumpriu fielmente com a obrigação dela de ser fiel à Torre de Vigia e seu CG.
Em três meses meu casamento acabou. Culpa minha. Assumo: 100% culpa
minha. Hoje, ela está bem casada, tem um filho lindo, mas ainda é escrava do
Corpo Governante.

115
APÓSTATA – DE QUEM?

Eu tenho umas perguntas a fazer às TJs que me evitam:

1. Por que sou eu o apóstata, ou herege, e anticristo que se adiantou nos


ensinos de Cristo, se eu descobri nas TJs justamente os ensinos que Jesus não
ensinou?
2. Onde Jesus ensinou a se prever o fim do mundo, se ele mesmo disse que só
o Pai sabia quando viria esse dia? – Mateus 24:36.
3. Por que sou eu o apóstata, ou herege, se não fui eu quem mudou de ensinos
umas 370 vezes, reconhecendo erros de interpretação, alguns erros que até
levaram pessoas à morte?
4. Por que crer num grupo de homens tão cegamente não é ser apóstata?
5. Que moral tem as TJs para reivindicar o privilégio de ser o único caminho
para Deus, se só Jesus é o caminho? (João 14:6) Ou será que Jesus é o
caminho e eles o atalho? Se forem esse atalho, por que só eles?
6. Por que fui considerado um mal exemplo quando afirmei que Jesus, nunca
ensinou a relatar aos outros quantas horas se gasta trabalhando de casa em
casa? Não disse Jesus que não deveríamos deixar os outros saber o que
fazemos? (Mateus 6:3) 116

Assim, no dia 18 de novembro de 1999, todas as congregações das TJs, em


Américo Brasiliense, SP, anunciaram:

“A partir de hoje, José Fernando Galli de Paula não é mais


Testemunha de Jeová. Ele foi desassociado.”

Para os membros dessa seita, sou um grande apóstata, um anticristo. Mas pela
misericórdia de Deus, sou hoje um filho transformado, pela graça de Deus. Meu
querido leitor, você não faz ideia do quanto eu amo a Jesus, o meu Senhor e o
meu Deus. Então, pra mim tem sido uma honra ser apóstata de uma seita!

Mas como foi que o Espírito de Deus me conduziu a fé cristã? Vou te deixar um
pouco curioso(a) ainda. No próximo capítulo, narrarei fatos sobre os anos entre
minha expulsão e minha conversão. Você entenderá que Deus é o dono
absoluto da minha história, e ele fez comigo, e permitiu que acontecesse
comigo, o que bem quis. Ele é o Soberano e sabe o que faz.

116
Em novembro de 2023, uma nova luz do “Jeová-TJ” dada ao seu CG: Não é mais necessário entregar
relatórios com horas. Ou seja, o apóstata aqui estava certo.

116
Capítulo 7
DESPROGRAMAÇÃO E CONVERSÃO A CRISTO

Entre o dia do meu julgamento e o dia do anúncio da minha expulsão, as TJs


que se encontravam comigo na rua me cumprimentavam normalmente. Elas
não sabiam de nada ainda. Mas, no dia seguinte ao anúncio, pessoas que eu
amava, até mesmo crianças que viviam nos meus braços, de tanto que
gostavam das minhas brincadeiras, foram instruídas a nem olharem para mim.

Minha ex-esposa também não escapou das regras satânicas dessa seita
escravizadora. Quando sentávamos para orar no almoço e no jantar, ela não
orava comigo, pois para ela eu não era mais cristão. Eu percebia, pelo
movimento de seus lábios, que sua oração era diferente da minha, e que ela
falava o amém junto comigo, mas apenas para a oração dela.

Ela também foi aconselhada a não ler mais a Bíblia comigo. Quinze dias depois,
fui desconvidado para uma festa de casamento, em que seria padrinho. A tia de
minha ex-esposa era TJ, e o filho dela, que não era dessa seita, iria se casar.
Assim, liguei para eles, a fim de saber do local exato do casamento. Assim que
me atenderam ao telefone, informaram-me que eu, como desassociado, não
deveria estar presente na festa, porque algumas TJs estariam no local. Daí, eu
lembrei que o Corpo Governante havia escrito uns anos atrás:

“Contudo, deve ser reconhecido que, se o desassociado vai estar numa reunião à qual
foram convidadas Testemunhas que não são parentes, isto poderá afetar o que os outros
fazem. Por exemplo, um casal cristão talvez se case num Salão do Reino. Se um parente
desassociado vier ao Salão do Reino para o casamento, ele obviamente não faria ali parte
do séquito nupcial, nem “entregará” a noiva. [...] Mas, permitir-se-á a vinda do parente
desassociado ou será até mesmo convidado? Se ele comparecesse, muitos cristãos,
parentes ou não, poderiam chegar à conclusão de que não deveriam estar ali, comendo e
associando-se com ele, em vista da orientação de Paulo em 1 Coríntios 5:11.” 117

Ser desconvidado de uma festa de TJs, porque não me consideravam mais


cristão, significou para mim uma grande demonstração de desprezo. Outros
sinais de desprezo me machucaram muito.

Apesar de ter sido desassociado, eu havia prometido a minha, até então,


esposa, que a levaria ao salão do reino de carro, quantas vezes ela quisesse.
Sempre que chegava no salão do reino de carro, a criançada toda vinha até
mim. Só que a partir da minha desassociação, nem elas me cumprimentavam

117
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de dezembro de 1981, p. 26. Cesário Lange, SP, 1981.

117
mais. Todavia, acredito que paguei um preço justo. Eu também havia tratado
TJs desassociadas (ou que se dissociavam) dessa forma.

Para tentar tapar o rombo emocional, tentei, então, visitar outras igrejas, mas
as diferenças eram muito grandes. Eu estava acostumado com o modo de ser e
até de crer das TJs. Assim, eu exigia que as igrejas tivessem os mesmos
costumes. Jamais consegui, de novembro de 1999 até setembro de 2002,
frequentar uma igreja sequer, pois passei reprovar toda forma de religião. Isto
porque, como TJ, cria que todas as religiões, menos as TJs, eram Babilônia, a
Grande – o império mundial da religião falsa. Saí das TJs crendo assim, mas
agora incluía as TJs em Babilônia. Passei, então, a crer que Deus tinha um
povo, mas que não precisava estar em templos, etc.

Eu dizia aos pastores que eles eram ladrões, e que viviam roubando o dinheiro
dos fiéis. Dizia que Deus era um incompetente, que deixou que essa confusão
religiosa dominasse os cristãos. Eu afirmava: Não preciso dessa porcaria de
religião, pois Deus não deixou religião nenhuma. Na verdade, minha mente
ainda era TJ.

Daí em diante, resolvi mudar tudo em minha vida. Cheguei até mesmo a visitar
centros espíritas e a ler livros de filosofia oriental. Uma vez, uma namorada me
levou numa igreja evangélica, e quando vi o pastor expulsar um demônio, fui
até ele e disse: “Se é demônio mesmo, manda ele entrar em mim!”

Tornei-me um grande questionador da fé cristã também. Nem lia mais a Bíblia,


pois os pecados que cometia não me motivavam à leitura da Palavra de Deus.
Comecei a beber demais e a sair com mulheres sem Deus. Afirmava que não
havia religião organizada verdadeira. Também cheguei a afirmar que Deus nem
se importava mais comigo. Eu me decepcionei com as divergências religiosas.
Até setembro de 2002, eu não sabia que a felicidade espiritual de um homem
não dependia da sua religiosidade, mas da sua profunda relação pessoal de
entrega e dependência em relação a Cristo Jesus.

Com toda a aparente liberdade a minha volta, pois havia me separado e depois
divorciado, decidi morar longe de minha mãe. Fui morar no Estado de Goiás, na
cidade de Goiatuba. Fui dar aula de Inglês e Português. Nunca fiquei tanto
tempo longe de minha mãe. Meu pai morreu em 1992 e eu, como filho único,
me preocupava com ela. No entanto, minha ida a Goiás serviu para refrescar os
ânimos entre nós dois, pois enfrentávamos uma certa crise de relacionamento.
Minha mãe me amava de uma forma extremamente possessiva, e queria me
controlar, quando eu não estava a fim de ser controlado por mais ninguém.
Mas longe dela, a saudade batia, e como sempre digo, onde há o amor, há a

118
saudade. Em 2001, morando em Goiatuba, aconteceram os primeiros sinais
visíveis de que Deus iria finalmente tender aquela oração que fiz no fundo do
meu quintal, quando pedi a ele: Quero conhecer a verdade!

SINAIS DE DEUS EM MINHA VIDA.

O ano 2000 havia sido terrível para mim. Aos 16 de fevereiro eu me separei,
perdi meus alunos de inglês, e comecei a entrar em depressão. Eu forcei a
minha separação. Peço a Deus perdão, em nome de Jesus, por tudo aquilo que
fiz minha ex-esposa passar. Eu também devia demais a bancos e a agiotas, e
não tinha nem forças para procurar emprego. Vivia à base de calmantes e da
amizade com pessoas erradas.

Lembro-me que muitas noites saía caminhando, às vezes de madrugada, pelas


ruas de minha cidade, lamentando com Deus tudo o que havia acontecido
comigo. Com muitas brigas, decidi ainda em 2000, morar uns tempos sozinho.
Fui morar em Araraquara, SP, mas em novembro de 2000 acabei voltando para
casa, por estar sem dinheiro e sem ter o que comer. Tive que vender meu carro
para pagar dívidas, e os poucos móveis que me restaram da separação, usei
para me manter por uns tempos. Eu não tinha mais nada.

No início de 2001, no dia 16 de janeiro, eu me lembro que fui até a casa em


que morava com minha ex-esposa, no fundo da casa de minha mãe, e comecei
a blasfemar contra Deus. Eu dizia:

“Seu grande idiota! Você está sentado aí na sua cadeira de ouro, rindo da
minha situação. Você deve ser parceiro do Diabo! Você é uma grande filho
de uma prostituta! Você é imprestável! Tenho nojo do modo como você
age comigo!”

Naquele mesmo dia, à noite, eu saí pela estrada entre Américo Brasiliense e
Araraquara, e disse a Deus:

“Está vendo aquele caminhão que vem vindo? Por que o Senhor não faz
ele perder a direção e me atropelar? Faça isso, porque eu não tenho
coragem de me matar. Você me tirou daquela religião (as palavras não
foram bem essas; eu blasfemava muito) para me fazer sofrer assim?”

No dia seguinte, novamente fui até a casa do fundo, e mais uma vez dirigi a
Deus palavras de maldição.

119
“Deus filho de uma prostituta! Está gostando de ver como eu me sinto? O
Senhor me odeia, tem nojo de mim! Jamais irá me salvar dessa!”

Em meio a essas palavras de blasfêmia, o meu telefone celular tocou. Era um


amigo de Goiás, que havia sido TJ. Embora esteja vivo, graças a Deus, falarei
sim o nome dele. Wesley Minare. Nós havíamos nos conhecido pela internet, e
de vez em quando ele me ligava. Mas já fazia uns seis meses que não tínhamos
contato. Ao contar ao Wesley todos os meus problemas, ele me disse que
conseguiria emprego para mim numa escola particular, e que se realmente
fosse para lá, teria seis meses de hospedagem grátis em seu hotel.

Como Deus foi misericordioso comigo. Diante de minhas blasfêmias, eu merecia


ter morrido! Como Deus foi gracioso comigo. Além de não me punir com a
morte, atendeu minha queixa, pois precisava trabalhar. Ele ainda estava
interessado em mim.

Cinco dias após, despedi-me de minha mãe. Fui para Goiatuba, uma cidade do
tamanho de Américo Brasiliense. Conheci pessoalmente aquele amigo que Deus
usou para me ajudar. Morei no hotel dele por cinco meses gratuitamente.
Tornei-me professor de Português numa escola particular, e dava aulas
particulares de Inglês.

No entanto, aquela escola em que dava aula estava indo à falência, e o que eu
ganhava mal dava para me sustentar. Duas semanas antes de ser demitido
daquela escola, isso em Julho de 2001, um rapaz me procurou, pois ele soube
que eu falava bem o Inglês. Assim, fui convidado abrir uma escola de idiomas
em Goiatuba. Eu seria um sócio minoritário. Prometeu-me um bom salário para
dar aulas e tomar conta daquela escola. Fui treinado para captar alunos, e
descobri que era bom nisso. Consegui cento e quarenta e cinco alunos para a
escola. Com isso, refiz aos poucos minha autoestima, meu salário era o dobro.

Como professor responsável por aquela escola nova de Inglês, fiquei com o
carro da escola. Não demorou muito para eu adquirir uma certa fama de
mulherengo. Deus, que tinha planos na minha vida, às vezes punha em meu
coração o desejo de visitar alguma igreja. Isso me freava nos caminhos do
pecado.

Conheci o padre de Goiatuba. Abrirei mais uma exceção. Padre Jorge


Fernandes. Ao saber que eu tocava violão, convidou-me para tocar nas missas.
Ali, fazia uma verdadeira salada de louvores: Dedilhava hinos TJs na hora da
Eucaristia, e o padre e os outros da equipe de louvor me perguntavam: “De
onde você traz esses dedilhados tão belos”? Ir à Igreja Católica, por uns

120
tempos, me ajudou muito a recobrar minha fé em Deus. Nisto, considero-me
devedor do Catolicismo Romano. O padre ficou sabendo que eu havia sido TJ, e
mesmo assim abriu as portas para ser útil nas missas. No entanto, depois de
umas oito semanas, parei de frequentar as missas.

Certo dia, um amigo me convidou para ir a sua igreja. Era uma igreja
evangélica. Ele se sentou comigo, e eu levei a minha Bíblia, e ele levou a dele.
Conforme o pastor mencionava frases da Bíblia sem mencionar os capítulos e
versículos, eu mostrava ao meu amigo onde se encontrava cada texto na Bíblia.
Ele olhou sério para mim e, admirado, falou:

- Caramba, meu! Você leu a Bíblia quantas vezes? Como você sabe todos esses
versículos?

Num outro dia, senti vontade de visitar uma pequena igreja presbiteriana,
numa quarta-feira. O pastor não pôde estar presente, e como eu havia me
vestido muito bem, pensaram que eu era pastor ou diácono. Só havia idosos
ali, com seus netos, e um casal de meia idade. A irmã mais velha que deu início
ao culto de oração comunicou a falta do pastor, e perguntou se alguém poderia
trazer uma palavra. Quando ela olhou para mim, não resisti ao pedido dela.
Mundano, pecador, sem me converter, preguei por trinta minutos uma
mensagem que muitas vezes preguei em diversos Salões do Reino das TJs:
Orações Que Deus Ouve.

Quando o culto terminou, a irmã perguntou de qual igreja presbiteriana eu era,


e eu respondi a verdade: falei-lhes que havia sido TJ, mas que estava sem
igreja. No dia seguinte, nem preciso dizer que o pastor precisou ter uma
conversa comigo. Ele foi até minha casa e me perguntou:

- O que você aprontou na minha Igreja, ontem?

Tivemos poucas conversas depois disso, mas ainda não me afirmei na fé. Mas
com certeza me freava em minha escalada de pecados e vida noturna.

No final de 2001, meu sócio e eu não combinávamos mais, e eu tive que sair
daquela escola de Inglês. Também, segundo o Wesley, que me confessou após
a minha conversão:

- Você era um perturbado!

De fato, como estava plenamente sem Deus, vivendo uma vida noturna e
imoral, eu tratava a escola com muito descaso. Com toda a certeza, eu não

121
merecia ser um dos donos daquela escola. Mas eu sou muito grato àquele sócio
um pouco menos doido do que eu, pela oportunidade de ter trabalhado naquela
escola de idiomas. Deixei a cidade de Goiatuba-GO em janeiro de 2002.
Retornei para minha cidade, do lado de minha mãe, mas desta vez com todas
as manhas de como abrir uma escola de Inglês.

De volta à Américo Brasiliense, abri minha própria escola de idiomas, e cuidei


dela com muito carinho até dezembro de 2004. Como você pode notar, Deus
me fez sofrer muito, trilhar por caminhos obscuros, tudo isso visando me
desprogramar dos ensinos do Corpo Governante. Eu precisava ser liberto do
apego que ainda tinha pela fé TJ em questões que a Bíblia claramente
concordava com o CG e vice-versa. Se tivesse me tornado evangélico assim que
saí daquela seita, jamais teria aceitado ser moldado nos caminhos do Senhor,
mas continuaria sendo um grande questionador, ao extremo.

Mas Deus, na sua infinita sabedoria, soube como conduzir tudo, e pelo meu
sofrimento, mostrou-me que a felicidade que eu buscava não estava nos
prazeres da vida, muito menos em placas religiosas, mas em Jesus Cristo.
Algumas TJs ficaram sabendo de tudo o que passei. Uma delas disse:

Em Américo Brasiliense, de vez em quando visitava umas igrejas. Aprendi a ter


um carinho muito grande pelo pastor José Arca, da Igreja Quadrangular. Ele
sabia da minha história, e sempre que nos encontrávamos, falava de Cristo e
de sua experiência com o Espírito Santo de Deus. Eu me sentia um nada perto
dele, e me perguntava se um dia Deus me usaria em sua obra, numa igreja.

UMA NAMORADA EVANGÉLICA IMORAL, UM PASTOR MALUCO, E UM


PASTOR MARAVILHOSO!

Ainda debaixo do pecado de imoralidade sexual, buscava conhecer mulheres


pela internet. As salas de bate-papo na época possibilitavam encontros entre
cristãos e falsos cristãos. Conheci uma jovem da cidade de Sorocaba, muito
linda por sinal. Ela frequentava uma igreja evangélica, e era batizada.
Assumimos o compromisso de namorar, mas ela era tão imoral quanto eu.

Íamos à igreja dela, em Sorocaba, e depois do culto praticávamos fornicação.


Ela dizia falar em línguas. Santo Deus! Certo dia, o pastor e sua esposa nos
levaram para um lanche. Ele queria me conhecer melhor. Na verdade, ele
precisava ter conhecido melhor minha namorada, antes de me conhecer mais
de perto. Disse a ele, naquela conversa, que tinha dúvidas sobre essas
experiências com o Espírito Santo. E ele me respondeu:

122
- Fernando, eu tenho experiências maravilhosas com o Espírito Santo de
Deus. Eu trabalho durante o dia, faço faculdade de Direito à noite. E ainda
sou pastor. Nos dias que eu estou cansado, falto às aulas de noite, e
durmo, mas o Espírito Santo me faz ir em espírito assistir às aulas.

Pensei: Que maluquice! Quando frequentei o espiritismo por curiosidade, isso é


chamado de viagem astral, ou desdobramento. Um pastor fazendo isso, e ainda
pela ação do Espírito Santo?

A esposa do pastor, num culto, chegou a dizer aos jovens:

- Irmãos, sexo só depois do casamento. Mas uns quatro dias antes, pode ser,
sem problemas; pois é bom saber se é isso mesmo que você quer!

Como havia reclamado com minha namorada sobre a igreja dela e seus
pastores malucos, num outro fim de semana, ela me levou na igreja Metodista
de Sorocaba. Ali eu conheci um pastor muito especial. Pastor Romeo. Um
pastor segundo o coração de Deus. Contei rapidamente a minha história. Duas
semanas depois, voltamos a nos falar no final do culto, e ele me disse algo que
sempre choro quando me lembro de suas palavras:

- Fernando, o dia que você se converter a Cristo, você será muito usado
por Deus.

Guardei isso em meu coração. Amava assistir aos cultos na Igreja Metodista. O
louvor “Os que Confiam no Senhor são como os montes de Sião” era meu
preferido até então. Será que eu me afirmaria naquela igreja? Não! O namoro
com aquela “evangélica” não estava indo bem. Eu era muito ciumento.
Decidimos ir à praia, como se fôssemos marido e mulher. Numa noite,
resolvemos andar na orla do mar. Antes, eu tinha pedido um sinal a Deus, que
se fosse para encerrarmos aquele namoro, que acontecesse algo, e eu
terminaria com ela.

Na praia, de noite, falei a ela que deveríamos orar ali para Jesus. Quando
terminei de orar, um assaltante veio até nós e levou todo o nosso dinheiro e
alguns bens. Foi então que percebi que Deus não estava contente comigo.
Aquele namoro me punha mais longe de Deus. Ele atrasava o andar de Deus
em minha vida. Não consegui terminar naquele dia o namoro com ela. Quando
retornei para casa, novamente, orei a Deus para que, se fosse da vontade dele,
nosso namoro chegasse ao fim.

123
Dois dias depois, tivemos uma briga muito forte pelo telefone. Criei coragem, e
quinze minutos depois liguei para ela, e finalmente terminamos aquele namoro
sujo e imoral. Mas eu sofri bastante com a separação. Sentia falta dela. Óbvio,
pois havíamos criados laços ilegítimos de marido e mulher.

Foi então que decidi conversar por telefone com o pastor da Igreja Metodista.
Os conselhos amorosos dele foram tão especiais, que senti o desejo muito
grande de começar a mudar a história de minha vida. Jamais me esquecerei de
um momento de nossa conversa, quando ele me dizia “é verdade!”, enquanto
eu chorava e não dizia nada. Uma forma muito amoroso de dizer “eu te
entendo”, “estou com você”, “conta comigo”.

VIVIANE – UMA AJUDA DIVINA INESTIMÁVEL.

Dias depois, sentindo-me só, entrei na internet para conhecer pessoas


evangélicas. Foi então que conheci uma moça chamada Viviane. Ela morava em
Leme, SP. Ela me deu o seu telefone, e quando liguei para ela, rimos muito,
mas o principal ela fez – soube me ouvir. E ela tinha uma voz encantadora. Ela
era cantora e dava aula de piano e teclado. Às noites, ela cantava para mim, e
eu aprendi a cantar a primeira música evangélica que decorei por inteiro.

HÁ MOMENTOS

Há momentos que na vida pensamos em olhar atrás


É preciso pedir ajuda para poder continuar
E clamamos o nome de Jesus
E clamamos o nome de Jesus
E clamamos o nome, o nome de Jesus
Ele nos ajuda a carregar a cruz.

Após ter sido expulso daquela seita, foi a primeira vez que eu chorei, não de
tristeza, mas de alegria - alegria vinda do Espírito Santo. Alguns dias depois fui
até Leme, para conhecê-la. Fiquei hospedado na casa dela. Com exceção do
pai, todos eram evangélicos. Fui muito bem tratado. Viviane e sua mãe me
convidaram para ir à Igreja Brasil para Cristo, num sábado. Ela iria tocar
teclado lá. Foi ali que Deus deu mais um passo na minha conversão. Até então,
eu sabia muito pouco sobre a graça de Deus, eleição, o chamado do Evangelho,
a regeneração, a conversão, a justificação, a adoção como filho de Deus, a
santificação, a plenitude com o Espírito Santo, e a perseverança. Mas do que
mais precisava era do que JESUS tinha a me oferecer.

124
FINALMENTE, CONVERTIDO A CRISTO.

Fomos ao culto na Igreja Brasil Para Cristo. Após o culto, procurei o pastor que
havia acabado de ministrar a Palavra. A mensagem dele falava sobre
arrependimento. A conversa durou uns quinze minutos. Quando contei ao
pastor todos os meus pecados, perguntei-lhe se Deus iria me perdoar. Quando
o pastor contou os pecados dele cometidos antes de sua conversão, tive a
certeza de que os meus não chegavam nem perto dos dele. Ele disse que no
passado havia matado muitas pessoas, sob o comando da Ditadura Militar.
Segundo ele, chegou até mesmo a matar um político evangélico! Ele orou por
mim. Com uma voz doce, amável, implorava o Deus por minha salvação, e que
Deus perdoasse os meus pecados. Mas ainda não decidi nada naquele dia.

No dia seguinte, dia 24 de novembro de 2002, Viviane e sua família me levaram


para a Igreja Batista em Leme-SP, onde eles eram membros. Depois de uma
ministração muito interessante sobre o papel de Cristo como Salvador, o pastor
fez um apelo, para que se houvesse alguém que gostaria de se entregar a
Jesus e se tornar filho dEle, que ficasse em pé. Aquele convite foi para mim!
Era como se o próprio Jesus tivesse me convidado a segui-lo, pessoalmente. Na
verdade, foi Jesus, através de sua palavra e de um pastor. Imediatamente o
meu coração se encheu do Senhor Jesus. Ele já havia me aceitado antes do
fundação do mundo, mas vim me entregar a ele como o meu Senhor, como o
Meu Deus, e como o meu Salvador aos 24 de novembro de 2002. Até hoje, na
minha Bíblia de estudo, está anotado:

“24 de novembro de 2002, o dia mais importante de minha vida”.

Então, neste dia Deus respondeu minha oração feita no terreno do fundo de
minha casa, quando eu tinha meus treze anos: Eu quero conhecer a verdade.
Para Deus, de 1983 para 2002, foram como que alguns minutos, afinal um dia
para Deus e como mil anos para nós. (Salmo 90:4) Mas para mim foi uma
jornada longa, uma escola de aprendizado. No livro de Deus estavam escritos
todos os dias de minha vida (Salmo 139:16), e os acontecimentos bons que
Deus decretou antes de haver mundo (Efésios 1:3-5): Minha saída das TJs,
minha conversão e o maravilhoso ministério em que eu seria usado anos à
frente. Falarei disso antes do final do livro. No dia de minha conversão, após
orar diante de todos confessando Jesus como meu Salvador, prometi a Deus
defender a verdade.

Antes que você pergunte, não me casei com a Viviane. Não tínhamos interesse
um pelo outro em nos namorar. Deus nos aproximou porque quis usá-la apenas

125
para me levar até Jesus. Ela veio a se casar posteriormente, e não tenho mais
contato com ela.

MEU BATISMO E MINHA PRIMEIRA CEIA.

Quando retornei para minha cidade em Américo Brasiliense, SP, passei a


frequentar a Igreja Plenitude de Vida, mas na cidade de Araraquara. Contei ao
pastor sobre minha decisão tomada em Leme, passei a receber umas aulas
básicas de doutrina, e aos 29 de dezembro de 2002 fui batizado nas águas.

Durante quase dezessete anos, fiquei sem participar da Ceia. Como eu não era
dos 144 mil, não podia tomar do vinho, nem comer do pão. Mas como parte do
corpo de Cristo, batizado, o dia 29 de dezembro de 2002 foi para mim um dia
duplamente especial. Depois do batismo, a Ceia do Senhor. Foi uma ocasião
muito emocionante para mim.

ROBERTA, UM PRESENTE DE DEUS!

A Igreja Plenitude de Vida ficava em Araraquara, então decidi frequentar a


Igreja Batista de Américo Brasiliense-SP. O ensino ali era um pouco fraco, e o
pastor problemático. Ele praticava unção de genitálias, ou seja, o pecador,
depois de confessar seus pecados sexuais, entrava no banheiro e passava óleo
em suas partes íntimas. O pastor dizia que se o óleo esquentasse (e sempre
esquenta mesmo) era porque Jesus estava queimando os pecados sexuais da
pessoa.

Então, desanimei de ir à Igreja. Ninguém se importou comigo. Mas entrando na


internet, vim a conhecer minha atual esposa. Conversamos por telefone
durante quase um mês. Mas no dia 17 de maio de 2003 nos encontramos na
Estação Rodoviária do Tietê, em São Paulo. Ela me achou feio! Mas eu tinha
certeza de que ela era um presente de Deus na minha vida. Ela me ajudou a
perseverar aos trancos e barrancos até nosso casamento, dia 1º de maio de
2004. Ela veio morar comigo em Américo Brasiliense. Então, nos afirmamos na
Igreja Batista, aquela do pastor maluco. Ele havia sido destituído, e o Pr. Abel
Resende Correa assumiu a Igreja em seu lugar. Roberta, desde o nosso
casamento, tem sido uma bênção em minha vida, e eu na dela.

O ESPÍRITO SANTO DE DEUS SE APRESENTOU A MIM.

A história que vou lhes narrar aqui, eu nunca consegui contá-la em minhas
pregações sem chorar. Durante muitos anos como TJ, não cria na
personalidade do Espírito Santo. Quando me converti a Cristo, embora

126
declarasse que cria no Espírito Santo como um ser pessoal, tinha muitas
dúvidas sobre o assunto.

Eu estava para ficar noivo da Roberta em novembro de 2003. Um pouco antes,


Roberta me falou sobre uma pregação com encenação que teria na Igreja dela,
chamada Igreja Evangélica do Brasil. Ela me avisou um dia antes. No ímpeto,
cancelei a aula de Inglês do sábado à tarde, e saí de manhã, no sábado, para
São Paulo. No caminho, de ônibus, pus minha cabeça na janela da poltrona 13,
e orei a Deus. Pedi a ele que me revelasse a verdade sobre a identidade do
Espírito Santo, e que eu tivesse convicção dessa verdade.
Ao chegar a São Paulo, fui direto para a Igreja Evangélica do Brasil, que ficava
no bairro de Moema. Um dos cultos que mais marcaram a minha vida. Talvez,
depois daquele que me levou à conversão a Cristo, o mais importante, pois era
o que faltava para Deus se revelar a mim, a fim de que ele viesse me usar em
sua maravilhosa obra de evangelismo e discipulado.

No meio da ministração, uma encenação que foi a resposta definitiva de Deus


para mim: Quem é o Espírito Santo, e o que ele faz. A cena iniciou com uma
jovem toda ferida, cheia de faixas brancas e de curativos. Ela estava sentada
numa cadeira, e chorando. Assim como eu agora! Então, o Espírito Santo
pergunta à Igreja doente sobre seus problemas, suas queixas, suas tristezas, e
conforme a Igreja confessa seus pecados ao Espírito Santo, ele lhe usa textos
para movê-la ao arrependimento. Para cada pecado confessado dessa igreja,
que aos poucos se arrepende e promete andar nos caminhos de Cristo, o
Espírito Santo nessa encenação limpa uma das feridas da Igreja, até que do
meio daquelas faixas e ferimentos surge uma Igreja linda, sendo guiada pelo
Espírito com dança e gritos de júbilo.

Essa encenação tirou todas as minhas dúvidas. Entendi, pelos textos bíblicos
usados que o Espírito Santo é um ser pessoal, que cuida, que administra a
Igreja de Jesus. Foi impossível não me emocionar. Deus havia respondido ao
meu coração sobre quem de fato é o Espírito Santo.

_____

Assim, termino aqui o relato de como fui convertido a Cristo e vim a


compreender a obra do Espírito Santo de Deus, bem como meus primeiros
passos na fé cristã.

Mas você deve estar me perguntando: E as respostas aos seus antigos


questionamentos contra a doutrina da Trindade, bem como às suas perguntas
intrigantes usadas para provar que apenas as TJs eram a única religião

127
verdadeira para você? A partir do próximo capítulo, começo a dar minhas
respostas cristãs a tudo aquilo. Que lhe seja um grande estímulo para você
estudar mais, com oração e humildade, a Palavra de Deus.

128
Capítulo 8: COMO O DEUS TRIÚNO SE REVELOU A
MIM.

Durante os anos que fui TJ, era conhecido como um dos maiores combatentes
da doutrina da Trindade. Naquela época, havia criado uma série de perguntas
contra esta doutrina. Pastores e líderes cristãos, tanto católicos como
evangélicos e protestantes, tinham muita dificuldade de dialogar comigo. Eu
devorava a literatura do CG em busca de argumentos, e havia criado os meus,
como refutação a argumentos trinitários jamais respondidos pelo CG.

Para você ter uma ideia, levei muitas cristãos incautos a negar a doutrina da
Trindade, e principalmente a divindade de Cristo. O discurso público preparado
pelo CG contra a doutrina da Trindade foi o que mais proferi como TJ, em
várias cidades da região, e eu nem tinha chegado a ser um ancião. A minha
fama em ser um opositor à Trindade chegou até mesmo às grandes cidades,
como São Paulo e região metropolitana, para onde viajei várias vezes para
pregar contra o Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

Mas a Bíblia diz: “E os que predestinou, a eles também chamou”. (Romanos


8:29, 30) Passo agora a lhes narrar como Deus arrancou o véu satânico do
Corpo Governante, que me impedia de crer fé outrora entregue aos santos. -
Judas 3.

A IGNORÂNCIA DOS CATÓLICOS ROMANOS E DOS EVANGÉLICOS.

Desde que minha mãe iniciou os estudos com as TJs, em 1983 eu já tinha
dúvidas sobre a doutrina da Trindade. Por isso, digo que “fui” TJ quase 17
anos, desde 1983, e não 1984, até 1999. Lendo a literatura TJ, passei a
desacreditar na Trindade, antes mesmo de iniciar o estudo bíblico com essa
seita em 1984.

Sabendo disso, o padre e membros de minha família tidos como católicos


exemplares tentaram me ajudar a voltar a crer na divindade de Jesus. Que
lástima! Os católicos romanos, pelo menos de minha cidade, não sabiam nada
sobre essa doutrina maravilhosa. O padre, que pelos seus estudos teológicos,
poderia ter me ajudado, se deu ao luxo de ter apenas uma conversa de dez
minutos comigo. E falou mais sobre Santo Agostinho do que da Bíblia. O que
melhor se saía para tentar provar que para mim a divindade plena de Cristo era
meu pai, António, que quase nunca ia à Igreja Católica.

129
E os evangélicos? Santo Deus! Que salada mista entre unicismo e trinitarismo!
Uma hora Jesus era Deus, outra hora era criatura. As TJs encontraram em
minha mente um terreno vazio, mas fértil, para ensinar o que bem
entendessem.

DEUS SABE O QUE FAZ!

Você se lembra certamente, conforme narrei nas primeiras páginas deste livro,
sobre um dia, decepcionado com o catolicismo, eu ter ido no fundo do quintal
orar para conhecer a verdade. E quinze minutos depois passam as TJs, batem
palma, e me abordam, propondo estudar a Bíblia comigo. Não tenho dúvidas
nenhuma. Sei que fui escolhido por ele antes de nascer (Jeremias 1:5) para
uma missão árdua, dura, de um dia defender a doutrina da Trindade com toda
minha alma, espírito, corpo, mente. Mas para isso, eu precisaria ir ao Egito-TJ,
passar uns anos ali, aprendendo todos os argumentos possíveis contra a
Trindade Santa. Deus me fez beber das águas satânicas do Corpo Governante,
comer do alimento espiritual podre e sujo dessa seita. Eu me fartava dele, e
parecia ser doce como o mel. Mais de 200 questionamentos usando a Bíblia
contra a Trindade. Uma vida de aprendizado com a escola de Satanás na terra.

O SOFRIMENTO PARA SAIR DA SEITA

Deus faz o que ele quer, como quer. Para tirar um pecador do mundo das
seitas e salvá-lo, o Espírito Santo não só permite que o sectário se decepcione
com a seita, mas também trabalha na vida do perdido para que no momento
certo o morto em pecados e delitos morra para o pecado (Romanos 6:1-7) e
receba a vida em Cristo. - Efésios 2:1, 5.

Morrer sempre dói. Uns morrem rápido, outros vagarosamente. Se dependesse


de meus próprios esforços, jamais eu teria deixado as TJs. Não conseguiria. O
processo de lavagem cerebral que sofri ali, e o modo como me aprofundei nos
ensinos dessa organização, me tornaram um TJ convicto demais, tido como um
fanático. Mas Deus sabe como explodir muros espirituais. Sem cristãos para me
ajudarem com Bíblia, Deus, para me desprogramar dos ensinos dessa seita,
permitiu que eu vivesse uma vida de pecados, mas que não fosse muito além,
para preservar minha vida e minha mente. Permitiu também que fosse
perseguido por TJs invejosos que barravam meu progresso nessa organização.
Eu precisava enfraquecer naquela fé TJ. E só depois me fez entrar em contato
com ex-TJs na internet, como Raymond Franz, ex-membro do Corpo
Governante. E bem depois, entrar em contato com cristãos de verdade que me
levaram a receber, por ação do Espírito Santo, Jesus Cristo como Deus, Senhor

130
absoluto da minha vida, e meu único e suficiente Salvador, aos 24 de novembro
de 2002.

Do meu enfraquecimento na fé TJ até minha conversão, sofri muito. Trilhei por


caminhos do pecado, trilhas perigosas, mas o Espírito Santo de Deus jamais me
deixou ir muito longe. Sempre acontecia algo que me freava. Era a doce voz do
Espírito Santo falando com um mudo ainda condenado ao inferno de fogo! Era
o modo respeitoso e suave do Espírito Santo levar ao cumprimento daquilo que
foi escrito no Livro de Deus (Salmo 139:16) antes da fundação do mundo.
(Efésios 1:4, 5) O tempo de Deus me atender aquela oração no fundo da minha
casa, de uma forma mais especial, havia chegado. Ele me conduziria a toda
verdade. (João 16:13) Queria que você soubesse meu caro leitor que estou
escrevendo essas palavras aqui vinte e um anos depois de minha conversão,
mas a lembrança dos meus sofrimentos, dos meus pecados, e o modo como
Deus me perdoou, me enchem os olhos de lágrimas. Ainda bem que você não
vai me ver chorando na foto!

Como lhes narrei, cometi muitos pecados contra Deus. Acabei com meu
casamento, com sonhos alheios, fui imoral, tive más amizades, até chegar o dia
do meu genuíno arrependimento e conversão. (Atos 3:19) Sei que os asseclas
do Corpo Governante pinçarão este trecho do livro para me acusar de pecados
cometidos enquanto eu pertencia à seita deles. Mas Jesus Cristo sepultou na
cruz do calvário meus pecados, estou muito bem casado há vinte anos, e como
diz a Bíblia, quem confessa os pecados e os abandona alcançará misericórdia.
(Provérbios 28:13) Então, quando me chamam na internet de adúltero, eu os
perdoo porque sei quem está lhes usando para me associar ao antigo
“Fernando Galli-TJ”. Sinto muito, TEJOTADA, mas esse cara morreu! Sou nova
criatura, e essas TJs nunca me calarão com conversa fiada, com lorotas de
bodegas, com fofocas de mulheres ociosas que não têm nada que fazer. Essa
raça de víboras é tão perniciosa que só acham bonito esquecer os pecados de
um não-TJ que se torna TJ, mas quando o TJ se torna ex-TJ, então eles vão
para sempre arrumar um jeitinho de atacar o dissidente. Típico de seita!

Quando fui expulso da seita, senti-me sem rumo. Perdi alunos TJs de inglês,
amigos dessa religião aos montes, que me tratam como defunto até hoje.
Graças a Deus não tive parentes dessa seita, senão nem eles conversariam
mais comigo. Mas no dia em que fui expulso por apostasia, havia prometido a
Deus que um dia eu o serviria. Fui convertido a Cristo aos 24 de novembro de
2002. A partir de então, iniciei meus estudos bíblicos com livros teológicos.

131
DEUS ME CONDUZIU PELO ESPÍRITO À VERDADE SOBRE A TRINDADE

O ano de 2004 foi muito intenso em termos de pesquisas bíblicas. Pouco antes
do meu batismo, a Bíblia, por si mesma, me convenceu sobre a divindade de
Jesus. Mas eu tinha sérias dúvidas sobre a identidade do Espírito Santo.
Comecei a comprar livros de teologia. Estudando a fundo as Escrituras, Deus
me mostrou através da interpretação dos mestres da Igreja (Efésios 4:11),
usando a Bíblia, em que consiste a fé trinitária. No início deste livro, mostrei
trinta perguntas que as TJs fazem para tentar negar essa doutrina sagrada.
Quanto mais eu lia livros teológicos sobre o tema, mais Deus me respondia aos
questionamentos TJs ainda frescos em minha mente. Assim, proponho-me a
respondê-los a seguir. Não serão respostas exaustivas, mas sucintas e
extremamente bíblicas.

A DOUTRINA DA TRINDADE.

Em primeiro lugar, precisamos elencar aqui os pressupostos da doutrina da


Trindade. Embora a Bíblia não revele a Trindade de forma explícita, afirmando
que Deus seja um só Deus em três pessoas divinas, cada cláusula que compõe
a doutrina trinitária está firmemente alicerçada na Bíblia. Vejamos:

1. O Pai é Deus. Diz a Bíblia: “Há um só Deus, o Pai”. – 1 Coríntios 8:6.


2. O Filho é Deus. Diz a Bíblia: “Tomé disse-lhe (para Jesus): ‘Meu Senhor e
meu Deus’. – João 20:28.
3. O Espírito Santo é Deus. Diz a Bíblia: “Por que Satanás encheu teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo? [...] Não mentiste aos
homens, mas a Deus’.” – Atos 5:3, 4.
4. Deus é único, um só. Diz a Bíblia várias vezes a expressão: “Único
Deus”. – João 17:3; 1 Timóteo 1:17; Judas 25.
5. As três pessoas divinas são iguais em natureza, pois são o mesmo Deus
(e por isso são chamadas de “Deus”), e compartilham do mesmo nome
(autoridade, caráter, fama, divindade). Diz a Bíblia: “Em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo”. – Mateus 28:19.
6. As três pessoas divinas são diferentes em posição, de modo que o Pai é
o cabeça de Jesus Cristo (1 Coríntios 11:3) e do Espírito Santo (João
15:26), por isso Jesus e o Espírito Santo são enviados do Pai. (João
3:16; Lucas 11:13) Lembrando que ser diferente em posição não altera
em nada a natureza da pessoa. Por exemplo, marido e mulher são iguais
em natureza humana, mas diferentes em posição, já que o marido é o
cabeça e a esposa lhe é submissa. – 1 Coríntios 11:3; Efésios 5:22.
7. Na pessoa de Jesus Cristo, após a encarnação há duas naturezas, a
divina e a humana. Por isso, lemos na Bíblia que Jesus, existindo na

132
forma de Deus, assumiu a forma humana. (Filipenses 2:5-7) Sendo
assim, ora leremos na Bíblia Jesus agindo como Deus, ora agindo como
homem.
8. Sobre o Espírito Santo de Deus, cremos ser ele uma pessoa divina, pois
Jesus, ao prometer enviar o Espírito Santo, disse que ele falaria apenas
do que tivesse ouvido. Apenas um ser pessoal pode falar do que ouve. –
João 16:13.

UM ARGUMENTO PRODUTO DA ILUMINAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

Depois de convertido a Cristo, um argumento sobre a divindade plena de Cristo


me veio à mente, e eu só posso atribuir isso à obra do Espírito Santo de nos
conduzir a toda verdade. Lemos o seguinte sobre Jesus, chamado aqui de “a
Palavra” (ou: logos):

“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do
que foi feito existiria.” – João 1:3.

Ora, se todas as coisas foram feitas por intermédio de Jesus, e nada do que foi
feito existiria sem Jesus, então Jesus fez o tempo e o espaço em qualquer
mundo possível, tanto físico, como espiritual. Se fez o tempo e o espaço físico e
espiritual, Jesus já existia antes deles. Portanto, Ele é o Deus verdadeiro,
porque só Deus pode existir antes do tempo e do espaço em qualquer mundo
possível.118 Por isso lemos que Jesus existia antes de todas as coisas. –
Colossenses 1:17.

TEXTOS QUE TRATAM JESUS COMO DEUS E HOMEM.

Outra verdade importante que o Espírito Santo de Deus me ajudou a perceber


nas Escrituras tem a ver com textos que tratam da dupla natureza de Jesus
Cristo, ou seja, a chamada União Hipostática. A partir da encarnação de Jesus,
ele é perfeitamente Deus, perfeitamente homem, para todo o sempre. Que
textos nos ensinam isso?

Texto 1: “Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi concedido. O governo está
sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai
Eterno, Príncipe da Paz.” – Isaías 9:6.

Observe que este menino que nasce (natureza humana) é Deus Forte, Pai
Eterno (natureza divina). Então, ele é Deus e homem.
118
O tempo e o espaço, em qualquer mundo possível, são criações de Deus, portanto, não podem existir
de eternidade a eternidade, pois apenas Deus não tem princípio e nem fim. – Salmo 90:2.

133
Texto 2: “A virgem engravidará e dará à luz um filho, a quem chamarão Emanuel, que
significa: Deus conosco.” – Mateus 1:23.

Veja que este filho (Jesus) que a virgem (Maria) dá à luz será chamado de
Deus Conosco. Algumas TJs poderão objetar por afirmar que servos de Deus no
Antigo Testamento tinham nomes cujo significado possuíam a palavra “Deus”,
como “Elias”, significando “O SENHOR é meu Deus”. Todavia, “Elias” era o
nome deste servo, mas no caso de “Emanoel”, nunca foi o nome de Jesus,
sendo assim, “Emanoel” apontava para a natureza divina de Jesus. Então, ele
era Deus e homem.

Texto 3: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade; e
vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”. – João 1:14.

Aqui temos um texto maravilhoso, riquíssimo em significado teológico. Em João


1:1, o Verbo é Deus (ou: divino). Este verbo se faz carne, mas ele não deixa de
ser o Verbo (a Palavra de Deus).

Texto 4: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, existindo
em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se
apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e
fazendo-se semelhante aos homens. Assim, na forma de homem, humilhou a si mesmo,
sendo obediente até a morte, e morte de cruz.” – Filipenses 2:5-8.

Este texto falou muito ao meu coração no processo de minha conversão a


Cristo. Ele mostra Jesus, existindo na forma Deus (uma forma verbal que
expressa uma ação contínua) e enquanto essa ação de ser Deus perdura, ele,
sem deixar de ser Deus, ele se humilha, e assume a forma humana. Irrefutável
isso! Só não enxerga quem é refém espiritual de uma seita e de seus líderes.

Texto 5: “Mas sobre o Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos,
e o cetro do teu reino é cetro de equidade. Amaste a justiça e odiaste o pecado; por isso
Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros; e
também diz: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obras de tuas
mãos.” – Hebreus 1:8-10.

Neste texto, o próprio Deus, o Pai, fala a respeito do Filho. No versículo 8 ele se
refere ao Filho como “Deus”, no versículo 9, se refere ao Filho como homem
ungido por Deus (Lucas 4:18), e no versículo 10 o Pai se refere ao Filho como o
Senhor que fundou a terra, e afirma que os céus são obras das mãos do Filho,
uma clara referência ao Deus Yahweh do Antigo Testamento que fez
exatamente isto. - Salmo 102:25.

134
Texto 6: “Não temas, eu sou o primeiro e o último. Eu sou o que vive; fui morto, mas
agora estou aqui, vivo para todo sempre”. – Apocalipse 1:17, 18.

Observe que Jesus se identifica como o primeiro e o último, um título divino, e


a seguir afirma “fui morto”, algo que aconteceu com a pessoa de Jesus devido
a sua natureza humana. Portanto, ele é Deus e homem. As TJs tentarão dizer
que Jesus é o primeiro e o último a ser ressuscitado diretamente por Jeová,
mas no texto em grego isso é insustentável, pois não vemos em momento
algum a oração “fui morto, mas agora estou aqui” ser um termo explicativo de
ser o primeiro e o último.

Portanto, o Espírito de Deus me conduziu a esta maravilhosa verdade bíblica: a


natureza teantrópica de Cristo, ou seja, ele é, a partir de sua encarnação, Deus
e homem. Saber disso me ajudou a compreender por que há textos bíblicos que
parecem tratar Jesus como ser inferior a Deus, quando na verdade apenas
estão apontando para a natureza humana de Jesus, sem negar a natureza
divina.

RESPOSTAS CRISTÃS AOS QUESTIONAMENTOS CONTRA A TRINDADE.

Com essas cláusulas estabelecidas, vamos responder às perguntas que as TJs


me ensinaram a fazer contra a doutrina da Trindade, mencionadas no começo
deste livro. A partir desse momento do livro, passo a considerar todas as
perguntas que deixei para dar a resposta nos capítulos finais de minha história.
As respostas são o resultado de minhas pesquisas bíblicas, orientado
evidentemente pelo Espírito Santo de Deus.

PERGUNTA 16 - Se existe a Trindade, por que Deus não se revelou nas


Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento) como sendo três Pessoas,
mas disse que era “um só Jeová”? (Deuteronômio 6:4) Por que não
ensinou haver três Jeovás?

RESPOSTA CRISTÃ – Deus não se revelou como três “Jeovás” porque há um


só Jeová. (Deuteronômio 6:4) No Antigo Testamento (Escrituras Hebraicas),
este único Deus deu pistas de ele ser uno em três pessoas. Por exemplo:

(a) Ele disse: “Façamos o homem à nossa imagem”. (Gênesis 1:26) As TJs
dizem que Jeová, o Pai, disse isso a Jesus. Nós cremos que aqui trata-se
da Trindade Santa, fazendo o homem a imagem de Deus. Quem está
com a razão! Não temos dúvidas que somos nós. Pois a Bíblia diz que o
homem foi criado à imagem de Deus. (Gênesis 1:27) Se Jesus não for o
Deus verdadeiro, mas um deus menor, então nesse “façamos” estão

135
incluídos duas pessoas: o Deus Todo-poderoso, incriado, e o deus
menor, Jesus, uma criatura. Então, seríamos feitos à imagem de dois
deuses, um grandão, todo-poderosão, e um pequenininho, só
poderosinho. Faz isso sentido a você? A mim não faz! Mas se cremos que
Pai, Filho e Espírito Santo são o mesmo Deus, então não importa
quantas pessoas sejam o mesmo Deus: Continuaremos sendo feitos à
imagem do único Deus.
(b) Jeová diz no AT ter criado tudo sozinho. (Isaías 44:24) Então, há um só
Jeová. No Salmo 102:25, lemos que o Deus Jeová (conforme o contexto
do Salmo 102) ‘fundou a terra e os céus são obras das suas mãos’.
Todavia, o Pai diz em Hebreus 1:8, 10 sobre Jesus: “O teu trono, ó
Deus, subsiste pelos séculos dos séculos” e “Tu, Senhor, no princípio
fundaste a terra, e os céus são obras das tuas mãos”. Ou seja, Jesus é o
mesmo Deus Jeová que criou tudo sozinho. Mas Jesus não é o Pai, pois
Hebreus 1:2 diz que o Pai criou tudo por meio do Filho, Jesus. (Veja
também João 1:3 e Colossenses 1:16) Então, Pai e Filho são o mesmo
Deus, Jeová, mas em pessoas distintas. Esse mesmo único Deus que
criou tudo sozinho é um só Deus em três pessoas, já que o Espírito
Santo participa da criação de todas as coisas. - Gênesis 1:2; Salmo 33:6;
104:30.
(c) Lemos no Salmo 33:6, lemos: “Os céus foram feitos pela palavra do
SENHOR, e todo o exército deles, pelo sopro da sua boca”. Quem é a
palavra do SENHOR, no Novo Testamento? Jesus! Lemos em Joao 1:1, 3
que Jesus era a palavra e por meio dela tudo foi feito. Quem é esse
fôlego? O Espírito de Deus, já que no hebraico a palavra “fôlego” é a
mesma que “Espírito”. Assim, temos aqui que Deus criou tudo através de
Jesus, por meio do Espírito Santo. Uma Trindade “escondidinha” aqui.

Portanto, com toda a Escritura em nossas mãos, cremos que a Bíblia deixa claro
haver uma Trindade, e no Antigo Testamento, Deus deixou pistas para que o
cristão, de posse do Novo Testamento, possa compreender tais pistas trinitárias
deixadas para os servos pré-cristãos.

PERGUNTA TJ 17 - Se a Trindade existe, então quer dizer que um


terço da Trindade esteve no ventre de Maria por nove meses? –
Mateus 1:20, 22.

RESPOSTA CRISTÃ – A pergunta acima demonstra que as TJs não sabem no


que cremos. Em primeiro lugar, Jesus não é um terço da Trindade, nem um
terço de Deus. Em segundo lugar, não operações da matemática na Trindade.
Então, assim cremos: (a) Pai é plenamente Deus (100% Deus), (b) o Filho
plenamente (100% Deus), mas o mesmo Deus que o Pai; (c) O Espírito Santo

136
plenamente Deus (100% Deus), mas o mesmo Deus que o Pai e o Filho. Em
terceiro lugar, Jesus, enquanto Deus, podia estar em todos os lugares (Mateus
18:20), mas enquanto homem só podia estar em um lugar de cada vez. Assim,
Jesus, o Deus homem, estava em todos os lugares ao mesmo tempo por ser
Deus, mas em apenas um lugar de cada vez por ser homem.

PERGUNTA TJ 18 - Se a Trindade é uma doutrina bíblica, por que a


palavra “Trindade” não aparece na Bíblia?

RESPOSTA CRISTÃ – No caso das TJs, elas não têm moral nenhuma para nos
questionar isso. Se perguntássemos a elas: Onde aparece na Bíblia a expressão
“Corpo Governante”? Onde lemos que na Bíblia que a Grande Multidão de
Apocalipse 7:9-14 começou a ser ajuntada em 1935? Onde lemos na Bíblia que
Jesus nasceu de novo? Todos esses são ensinos TJs. Poderíamos citar aqui
outros também.

A palavra “Trindade” realmente não ocorre na Bíblia, mas conforme já mostrei,


todas as cláusulas para essa doutrina estão claras nas Escrituras Sagradas. A
Igreja, com o passar do tempo, criou termos para dar nome a essa crença.
Usou-se a palavra “trias”, depois “trindade”. Hoje, alguns falam em
“triunidade”. Os termos pouco importam; o que importa são os conceitos.

PERGUNTA TJ 19 - Se Jesus é Deus, por que a Bíblia o chama de Filho


de Deus? – João 3:16.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia nos ensina que Jesus é “Filho de Deus” num
sentido único. Por isso ele é chamado de “unigênito do Pai” (João 1:14), “Filho
unigênito” [de Deus] (João 3:16, 18; 1 João 4:9). Mas ao mesmo tempo, é
chamado de “Deus unigênito”. Por que, então, Jesus é chamado de “Deus
unigênito” e “Filho unigênito de Deus” ao mesmo tempo? (Veja Salmo 82:6)
Jesus é o unigênito de Deus (o Pai) porque é o único Filho tão Deus quanto o
Pai, da mesma espécie.

A palavra grega usada para unigênito é “μονογενὴς” (monogenés) e significa


“único da mesma espécie”, “único da mesma família”, “único sem igual”.119 Já
que os anjos são chamados de “filhos de Deus” (Jó 1:6), assim como os crentes
(João 1:12; Gálatas 3:26), Jesus é único Filho pois na acepção de ser o único
tão Deus quanto o Pai, da mesma natureza. Por isso, quando Jesus se
proclamava “o Filho de Deus”, os judeus encaravam isso como blasfêmia.
Observe o que diz João 19:7: “Nós temos uma lei, e de acordo com essa lei ele

119
Mounce, William D. Léxico analítico do Novo Testamento Grego, p. 420. São Paulo: Vida Nova, 2013

137
deve morrer, pois declarou-se Filho de Deus.” Qual seria o problema de alguém
declarar-se filho de Deus, na acepção de ser criação de Deus? Nenhum! Mas
quando os judeus analisavam as palavras de Jesus, entendiam que ele dava a
entender ser Deus.

As TJs irão afirmar que Jesus é unigênito na acepção de ser o único criado
diretamente por Jeová. Onde a Bíblia ensina isso? Em lugar nenhum! Nem
dicionários ou léxicos darão esse significado absurdo. Portanto, como a Bíblia
chama Jesus de “Deus” (João 1:1) antes mesmo da criação, Jesus não pode ser
“Filho unigênito de Deus” por ter sido criado, logo, mas por ser o único Filho
tão Deus quanto o Pai. Por isso ele é a representação exata do ser de Deus. –
Hebreus 1:3.

PERGUNTA TJ 20 - Se Jesus é Deus, por que a Bíblia ensina que ele é a


primeira criatura de Jeová, ao chama-lo de “primogênito da criação”
(Colossenses 1:15) e o “princípio da criação”? – Apocalipse 3:14.

RESPOSTA CRISTÃ – Em Colossenses 1:15 Jesus é chamado de “primogênito


da criação”. A palavra grega usa para primogênito é “πρωτότοκος”
(protótokos). Numa família, como filho de um pai e de uma mãe, é o “filho mais
velho” dentre outros. Mas em sentido simbólico, designa aquele que é “anterior
ou precedente em geração”.120 Como em sentido literal, um primogênito era o
herdeiro de seu pai, e Jesus é herdeiro por ter sido usado pelo Pai para criar o
universo (Hebreus), então entendemos o que Colossenses 1:15 quer dizer com
Jesus ser o “primogênito da criação”. Basta perguntar ao texto: Jesus é
primogênito porque foi o primeiro filho criado, ou porque foi usado para criar
tudo? E a resposta é dada no versículo seguinte. Veja:

“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a


criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam poderes; tudo foi criado por ele e para ele.” –
Colossenses 1:15, 16.

Portanto, ele é o primogênito de toda a criação porque nele (ou por intermédio
dele) tudo foi criado, logo é primogênito por ser o herdeiro da criação.

No caso de Apocalipse 3:14, Jesus é chamado de “o princípio da criação de


Deus”. As TJs querem a todo custo insinuar que Jesus é o princípio da criação
por ser o primeiro a ser criado por Deus, o Pai. Nós, por outro lado,

120
Ibdem, p. 529.

138
defendemos que é ele o “principiador” da criação. Então, as TJs replicam: “Se
fosse principiador, a palavra grega teria sido outra, não a que aparece no texto
em grego, a saber “ἀρχὴ” (arché). Afirmam que essa palavra grega ocorre
sempre no sentido de “princípio”, não de principiador. Mas como eu sempre
digo, Bíblia nas mãos de TJs, e ainda mais em grego, é o mesmo que deixar um
laboratório de química nas mãos de uma criança de quatro anos: Você já sabe
no que vai dar! Quando lemos que Deus é “o princípio” (Apocalipse 21:6;
22:13), está se referindo que Deus é o principiador de tudo, não que faz parte
do princípio. Então, quando lemos que Jesus é o princípio da criação, significa
que ele é o principiador, o originador dela. E isto é respaldado pela Bíblia,
quando lemos em Colossenses 1:17 que Jesus “é antes de todas as coisas”.
Portanto, estamos repletos de razão de entendermos que Jesus é Deus e o
originador da Criação.

PERGUNTA TJ 21 - Se Jesus é Deus, e Deus não morre, pois é imortal,


como Jesus pode morrer por nós? – Lucas 23:46.

RESPOSTA CRISTÃ – Não há dúvidas que Deus é imortal. (1 Timóteo 1:17)


Todavia, Jesus Cristo, para morrer por nós, assumiu outra natureza além da
divina que já possuía. O apóstolo Paulo escreveu aos filipenses que Jesus:

“existindo em forma de Deus [...] esvaziou a si mesmo, assumindo a


forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens. Assim, na forma de
homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de
cruz.”

Em grego, é impossível imaginar este texto querendo afirmar que Jesus deixou
de ser Deus para se fazer homem! Ele, sem deixar de ser Deus, assumiu a
forma humana, para morrer na cruz por nós. É devido à natureza humana de
assumida por Jesus que ele pôde morrer por nós! Portanto, Jesus morre
(devido à sua natureza humana) sem deixar de ser Deus. Então, sua natureza
divina não morreu.

PERGUNTA TJ 22 - Se Jesus é Deus, porque Jesus disse que o Pai era


maior do que ele? – João 14:28.

RESPOSTA CRISTÃ – Não podemos interpretar esse texto sem lê-lo por
inteiro. Veja:

“Ouvistes o que eu vos disse: Irei e voltarei para vós. Se me amásseis,


ficaríeis alegres porque eu vou para o Pai; pois o Pai é maior do que eu.”
– João 14:28.

139
Como vimos na resposta anterior, Jesus possui duas naturezas, a divina e a
humana. Essas naturezas não podem ser separadas, pois pertencem à mesma
pessoa, mas não podem ser confundidas ou “misturadas”, ou seja, aquilo que é
próprio da natureza humana não pode ser atribuído à natureza divina, e vice-
versa. Assim, o atributo de ser igual a Deus, em natureza, pertence à natureza
divina de Jesus. O atributo de ser menor que Deus (e até que os anjos,
conforme Hebreus 2:7) pertence à natureza humana. Portanto, quando Jesus
fala de ir para o Pai, ele estava se referindo à sua natureza humana, que não
havia subido ainda para Pai. - João 20:17.

Todavia, há uma outra possibilidade para explicarmos essa passagem, sem


desconsiderar o comentário anterior. Na Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo
são iguais em natureza, mas diferentes em posição. Para ilustrar, marido e
esposa são iguais em natureza (ambos humanos), mas diferentes em posição,
pois o marido é o cabeça da esposa. Na Trindade, ocorre algo parecido: O Filho
é igual ao Pai em natureza divina (João 1:1), mas no plano de salvação do
homem, o Filho é submisso ao Pai, portanto em posição, menor que o Pai.
Assim como a esposa não se torna menos humana que o marido por lhe ser
submissa (ou menor em posição), assim também o Filho não se torna menos
Deus (um deus menor) do que o Pai por lhe ser submisso.

PERGUNTA TJ 23 - Como Jesus e o Pai podem ser a mesma pessoa, se


Jesus orava para o Pai. (João 17:1-26) Jesus orava para ele mesmo?

RESPOSTA CRISTÃ – Essa pergunta é feita por 99 por cento das TJs. Até
mesmo um membro do CG afirmou ter abandonado suas antiga igreja. Por
exemplo, Samuel Herd, um dos membros do CG afirma que, enquanto era um
jovem da Igreja Batista, perguntou para sua mãe: “Como é possível que Jesus
seja o Filho e o Pai ao mesmo tempo?”121 Ou seja, não sabem em que cremos,
nem sequer seus líderes mundiais! A Igreja Batista defende o dogma da
Trindade, e para quem o defende corretamente sabe que Pai, Filho e Espírito
Santo são pessoas distintas do (ou no) mesmo Deus. Nunca os cristãos
trinitários que conhecem a doutrina afirmam que Pai e Filho são a mesma
pessoa, ou que Jesus pode ser o Pai e o Filho ao mesmo tempo. Portanto, o
Samuel Herd, e a mãe dele, eram cristãos meia-boca em doutrina, e deve ter
sido por isso que abandonaram a fé cristã.

No caso das TJs que me fazem a mesma pergunta, em quase cem por cento
das vezes em que pergunto: O que ensina a doutrina da Trindade?, a resposta
é: “Que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a mesma pessoa”. Portanto, nessas

121
Torre de Vigia. A Sentinela (Edição de Estudo) de maio de 2018, p. 4. Cesário Lange, SP, 2018.

140
situações, os cristãos precisam conhecer bem a doutrina. Por isso, elenco aqui,
como ajuda, em que cremos, segundo nossos teólogos e mestres:

“Trindade. A Igreja define a Trindade de Deus como a crença que em Deus existem três
pessoas, que subsistem numa única natureza.”122

“Uma das melhores definições de Trindade que eu conheço é a de Warfield: “Existe


apenas um Deus único e verdadeiro, mas na unidade da divindade existem três pessoas
co-eternas e co-iguais, da mesma substância, mas de subsistência distinta”.”123

“Historicamente, a Igreja formulou a doutrina da Trindade em razão do grande debate a


respeito do relacionamento entre Jesus de Nazaré e o Pai. Três Pessoas distintas – o Pai,
o Filho e o Espírito Santo são manifestadas como Deus, ao passo que a própria Bíblia
sustenta com tenacidade o Shema judaico: “Ouve, ó Israel, o SENHOR, nosso Deus, é
o único SENHOR”. (Dt 6:4)”.124

“O Pai não é o Filho, […] O Filho não é o Espírito Santo. […] O Espírito Santo não é o Pai.
[…] O Pai é o Deus único. O Filho é o Deus único. O Espírito Santo é o Deus único.”125

“O único ser divino subsiste em três pessoas, Pai, Filho e Espírito. Esta proposição nada
acrescenta aos fatos em si, pois os fatos são: (1) Que há um Ser Divino; (2) O Pai, o
Filho e o Espírito são divinos. (3) O Pai, o Filho e o Espírito são pessoas distintas.”126

“Podemos definir a doutrina da Trindade do seguinte modo: Deus existe eternamente


como três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – e cada pessoa é plenamente Deus,
e existe um só Deus. […] Em certo sentido a doutrina da Trindade é um mistério que
jamais seremos capazes de entender plenamente. Podemos, todavia, compreender parte
de sua verdade resumindo o ensinamento das Escrituras em três declarações: 1. Deus é
três pessoas. 2. Cada pessoa é plenamente Deus. 3. Há um só Deus.”127

“Pode-se discutir melhor, e resumidamente, a doutrina da Trindade em conexão com


várias proposições que constituem um epítome da fé professada pela Igreja sobre esses
pontos. a. Há no Ser Divino apenas uma essência indivisível. Deus é um em seu ser
essencial, ou seja, em sua natureza constitucional. […] b. Neste único Ser divino há três
Pessoas ou subsistências individuais, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”128

“Ponto de partida: Cultuamos Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem nunca


confundir as pessoas nem separar as substâncias.” […] Embora exista um só Deus, ele
existe em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.”129

122
Mackenzie, John L. Dicionário Bíblico, p. 866. São Paulo : Paulus, 1983.
123
Ryrie, Charles C. Teologia Básica ao Alcance de Todos, pp. 61, 62. São Paulo: Mundo Cristão, 2004.
124
Horton, Stanley M. Teologia Sistemática – Uma Perspectiva Pentecostal, p. 158. Rio de Janeiro: CPAD,
1996.
125
Ferreira, Franklin & Myatt, Allan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética
para o contexto atual, pp. 183, 184. São Paulo: Vida Nova, 2007.
126
Hodge, Charles. Teologia Sistemática, pp. 334, 335. São Paulo: Hagnos, 2001.
127
Gruden, Wayne. Teologia Sistemática : Atual e Exaustiva, pp. 165, 169. São Paulo : Vida Nova, 1999.
128
Berkof, Louis. Teologia Sistemática, p. 83. 3a. Edição. São Paulo : Cultura Cristã, 2009.
129
Sturz, Richard J. Teologia Sistemática, pp. 172, 176. São Paulo : Vida Nova, 2012.

141
“Há três tipos distintos, porém, inter-relacionados, de evidência: a evidência a favor da
unicidade de Deus – Deus é um; a evidência de que há três pessoas que são Deus;
finalmente, as indicações ou, ao menos, aos sugestões da “triunidade” […] 2. A divindade
de cada uma das três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – deve ser assegurada. Cada
um é qualitativamente igual. O Filho é Divino da mesma forma e na mesma medida que
o Pai, e isso também se aplica ao Espírito Santo. […] 4. A trindade é eterna. Sempre
houve três – Pai, Filho e Espírito Santo – e todos eles foram divinos.” 130

“A doutrina da Trindade pode expressar-se nas seguintes seis afirmações: 1. Há na


Escritura três que são reconhecidos como Deus. 2. Estes três são descritos de tal modo
que somos compelidos a concebê-los como pessoas distintas. 3. Essa tripessoalidade de
natureza divina não é simplesmente econômica e temporal, mas imanente e eterna.
4. Essa tripessoalidade não é triteísmo; pois enquanto haja três pessoas, há apenas uma
essência. 5. As três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo são iguais. 6. Inescrutável,
embora não autocontraditória, essa doutrina fornece a chave de todas outras
doutrinas.”131

PERGUNTA TJ 24 - Como Jesus pode ser Deus se a Bíblia diz: “A este


Jesus, Deus ressuscitou”? (Atos 2:32) Jesus ressuscitou ele mesmo?”

RESPOSTA CRISTÃ – Novamente, apelamos para a verdade de que em Jesus


há duas naturezas, a humana e a divina. (Filipenses 2:6-8) O atributo de
morrer e de ser ressuscitado pertence à natureza humana, mas o atributo de
ser a ressurreição e a vida (João 11:25) pertence à natureza divina. Então,
Jesus, enquanto Deus, poderia participar de sua própria ressurreição? Sim!
Vamos ver como o próprio Jesus nos ensinou que faria isso:

“Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e eu o levantarei em três dias. Os judeus
prosseguiram: Este santuário levou quarenta e seis anos para ser edificado, e tu o
levantarás em três dias? Mas o santuário ao qual ele se referia era o seu corpo.” – João
2:19-21.

Conforme podemos notar no texto acima, Jesus claramente afirma que iria
ressuscitar o templo do seu corpo, ou seja, a si mesmo, enquanto homem. Veja
também que a Bíblia nos ensina que Deus, o Pai, ressuscitou Jesus (Atos 2:32)
e que o Espírito Santo de Deus também participa da ressurreição de Jesus.
(Romanos 8:11) Ou seja, a Trindade toda participa da ressurreição de Jesus.

PERGUNTA TJ 25 - Se Jesus é Deus, por que ele disse ao Pai: “Seja


feita a tua vontade, não a minha”? (Lucas 22:42) Se Jesus é Deus,
como poderia ter vontade diferente de seu Pai?

130
Erickson, Millard J. Teologia Sistemática, p. 317.
131
Strong Augustus Hopkins. Teologia Sistemática, p. 452, Volume 1. São Paulo : Hagnos, 2003.

142
RESPOSTA CRISTÃ – O atributo de morrer, conforme já vimos, pertence à
natureza humana de Jesus. O atributo de não querer morrer também. Jesus se
tornou um homem como nós, apenas não tinha pecado. E não ter pecado, não
o isentava do receio de ter que experimentar a morte. Este texto de Lucas
22:42 apenas realça que Jesus não era masoquista. Ninguém sente prazer em
morrer. Mas o atributo da obediência também pertencia à natureza humana, e
ele foi obediente até a morte, e morte de cruz. (Filipenses 2:8) A vontade que
vinha de seu centro de consciência humana, de sua mente humana perfeita,
não poderia sentir prazer em sua própria morte, pois perfeição e morte não se
coadunam. Portanto, a frase “seja feita a tua vontade, não a minha” deve ser
entendida como Jesus desejando fazer a vontade de seu Pai, não a sua
enquanto homem, pois homem algum, muito menos sem pecado, sente prazer
em morrer. O texto jamais contrasta a vontade de Jesus, enquanto Deus, com
a vontade do Pai, enquanto Deus, pois se assim ocorresse, iria indicar a
existência de dois deuses distintos.

PERGUNTA TJ 26 - Como Jesus pode ser Deus se o próprio Jesus


ensinou que apenas o Pai é o único Deus verdadeiro? – João 17:3.

RESPOSTA CRISTÃ – Jesus nunca disse que apenas o Pai era o único Deus
verdadeiro, mas sim que o Pai era. Observe:

“E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo,
que enviaste.” – João 17:3.

Na Trindade, cada uma das pessoas divinas é o único Deus verdadeiro, pois o
Pai é plenamente o mesmo Deus, o Filho é plenamente o mesmo Deus, e o
Espírito Santo é plenamente o mesmo Deus. Se Jesus tivesse dito “que
conheçam que só tu, o Pai, és o único Deus verdadeiro”, então teríamos que
concordar com as TJs. Mas não é isso que acontece.

Além disso, lemos em 1 João 5:20 que Jesus é o Deus verdadeiro. Veja:

“Sabemos também que o Filho de Deus já veio e nos deu entendimento,


para conhecermos aquele que é verdadeiro; e estamos naquele que é
verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a
vida eterna.” -1 João 5:20.

Embora as TJs tentem manipular o texto, no grego bíblico e nas versões


traduzidas em todos os idiomas, Jesus é o verdadeiro Deus. Pois ele disse de si
mesmo: “Eu sou a verdade” (João 14:6), e a Bíblia o identifica como Deus.

143
(João 1:1; 20:28; Hebreus 1:8) Então, se ele é a verdade e é Deus, não há
como fugir: Ele é o Deus verdadeiro!

PERGUNTA TJ 27 - Como Jesus pode ser Deus se a Bíblia diz que Jesus
esvaziou-se? (Filipenses 2:7) Deus pode esvaziar-se? Pode ficar vazio
de si mesmo?

RESPOSTA CRISTÃ – O apóstolo Paulo, depois de afirmar que Jesus,


existindo na forma de Deus, não se agarrou ao fato de ser Deus, mas esvaziou-
se a si mesmo. Como ele se esvaziou? O próprio texto responde: “Assumindo a
forma de servo, vindo a ser na semelhança dos homens”. (Filipenses 2:6, 7)
Deus, na pessoa de Jesus, pode, sem deixar de ser o Deus que é, assumir mais
uma natureza, a humana? Sim, ele é Todo-poderoso! Ele não esvaziou-se de
sua natureza divina, pois o texto diz que ele “existindo na forma de Deus [...]
assumiu a forma humana”. Mas do que ele se esvaziou?

Devido a Jesus assumir a forma humana e vir até nós, morrer pelos pecadores,
ele, sem deixar de ser Deus, conforme William Hendriksen132 aponta, esvaziou-
se de:

(a) Sua condição favorável em relação à lei divina, pois levou os nossos
pecados, as nossas culpas (2 Coríntios 5:21);
(b) Suas riquezas, pois embora fosse rico, se fez pobre (2 Coríntios 8:7);
(c) Sua glória celestial, por isso pediu ao Pai que o glorificasse com a glória que
teve junto do Pai antes de haver mundo (João 17:5);
(d) Seu livre exercício de autoridade, por isso lemos que ele aprendeu a
obediência pelas coisas que sofreu (Hebreus 5:8) e dizia que fazia tudo
conforme a vontade do Pai (João 5:30).

Portanto, deixar de usar essas prerrogativas divinas de modo algum alterou sua
divindade plena. Apenas deixou de usá-las por ter assumido a forma humana e
vir até nós, em estado de humilhação, morrer por nós.

PERGUNTA TJ 28 - Como Jesus pode ser Deus se Jesus disse várias


vezes ter um Deus acima dele, isto é, o Pai? – João 20:17; Apocalipse
3:12.

RESPOSTA CRISTÃ – Veja mais uma vez como saber sobre a União
Hipostática ajuda-nos a responder facilmente esta pergunta. O atributo de ser

132
Hendriksen, William. Comentário do Novo Testamento: Efésios e Filipenses, pp. 477, 478. São Paulo :
Editora Cultura Cristã, 2004.

144
adorado pertence à natureza divina de Jesus. Por isso que os anjos o adoram.
(Hebreus 1:6) Mas o atributo de ter um Deus e adorá-lo pertence à natureza
humana de Jesus. Então, por ser homem, Jesus pode chamar seu Pai de “meu
Deus”, sem afetar em nada sua natureza divina. No caso do Pai, por ele não ser
homem, ele apenas reconhece Jesus como Deus (Hebreus 1:8), mas não como
“seu Deus”, pois o atributo de ter um Deus pertence apenas, na Trindade, à
natureza humana de Jesus.

Outro ponto importante a ser salientado é que o Pai é “Pai” e “Deus” de Jesus
num sentido diferente que é “Pai” e “Deus” de nós. Jesus mostra isso quando
diz a Maria Madalena: “estou voltando para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e
vosso Deus”. Perceba que ele não disse “para nosso Pai e Deus”. “Ele é Filho
por natureza, eles [os discípulos] por adoção”.133 Jesus tem um Deus devido à
sua União Hipostática, eles por serem criaturas.

PERGUNTA TJ 29 - Se Jesus é Deus, como Estêvão viu Jesus, em pé, à


direita de Deus? (Atos 7:55) Jesus estava em pé, à direta dele
mesmo? Se Jesus fosse Deus, Estêvão não teria de ter morrido, já que
a Bíblia diz que quem vê Deus morre? – Êxodo 33:20.

RESPOSTA CRISTÃ – O texto diz: “Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, com
os olhos fixos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus.”
(Atos 7:55) Perceba que as três pessoas da Trindade estão nesse texto. O
Espírito Santo enchendo Estêvão com o seu poder (Atos 1:8; Romanos 15:13),
Jesus, em pé, à direita de Deus, o Pai. Também, observe que Estêvão vê Jesus.
Isto só é possível porque Jesus é homem ressurrecto. Ele ascendeu aos céus
como homem ressuscitado. (Atos 1:9) Paulo, ao se referir ao único mediador
entre Deus e os homens, o identifica como “Jesus Cristo, homem”. (1 Timóteo
2:5) Mas o texto não diz que Estêvão viu o Pai e o Espirito Santo,
evidentemente por serem o mesmo Deus que não pode ser visto. - Êxodo
33:20.

Ademais, Estêvão viu Jesus à direita de Deus, e aqui se refere ao Pai. Portanto,
é óbvio que Pai e Filho são pessoas distintas, e é nisso que a fé Trinitária
afirma. Pai e Filho são o mesmo Deus, mas em pessoas distintas. Logo, a
pergunta TJ “Jesus estava à direita dele mesmo” deveria ser feita aos hereges
unicistas, os quais defendem que Jesus é tanto o Pai como o Filho.

133
William Hendriksen. Comentário do Novo Testamento: João, p. 889. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2004.

145
PERGUNTA TJ 30 - Se Deus sabe de todas as coisas, como Jesus
poderia ser Deus se afirmou não saber de todas as coisas, como por
exemplo, o dia do fim? – Mateus 24:36; Marcos 13:32.

RESPOSTA CRISTÃ – Mais uma vez, a questão da União Hipostática resolve a


questão. Jesus tem duas naturezas, a divina e a humana. O atributo de saber
todas as coisas pertence à natureza divina. O atributo de não saber de todas as
coisas pertence à natureza humana. Mas como é possível na mesma pessoa de
Jesus Cristo ele saber de tudo e não saber? Porque as duas naturezas não se
misturam, não se confundem. Na pessoa de Jesus, há dois centros de
consciência, o divino e o humano. Eles não se misturam, por isso Jesus podia,
enquanto Deus, saber de tudo, e enquanto homem, não saber de tudo. Em
Jesus, enquanto Deus, ele é “a sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24), e nele
“estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Colossenses 2:3),
portanto, ele sabe de todas as coisas (João 16:30; 21:17); Em Jesus, enquanto
homem, ele não sabia de todas as coisas (Mateus 24:36; Marcos 13:32), de
modo que ao nascer aqui na Terra, precisou aprender até mesmo a falar, por
isso, “crescia em sabedoria”. – Lucas 2:52.

PERGUNTA TJ 31 - Como Jesus pode ser Deus se ele vai entregar o


reino a seu Deus, e Pai? (1 Coríntios 15:24-28) Será que o Deus Jesus
vai ficar sem reinar?

RESPOSTA CRISTÃ – O reinado de Jesus possui etapas. Por isso lemos na


Bíblia que Jesus, ao retornar aos céus, sentou-se à direita de Deus, esperando
que seus inimigos fossem postos debaixo de seus pés. (Salmo 110:1; Hebreus
1:13; 10:12) Mesmo esperando o tempo para destruir seus inimigos, Jesus
reina sobre sua Igreja(Mateus 28:20), por isso Deus “nos tirou do domínio das
trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado” (Colossenses 1:13)
Assim, há etapas finitas do reino de Jesus, como por exemplo, em Apocalipse
20:6, onde lemos sobre os salvos reinarem com Cristo por mil anos. Mas
enquanto Deus, seu reino como um todo é infinito, por isso lemos as palavras
do anjo Gabriel a Maria: “Ele reinará eternamente sobre a descendência de
Jacó, e seu reino não terá fim”. (Lucas 1:33) Sendo assim, seu reino finito, com
seus devidos fins, será entregue a Deus, o Pai. Esses “fins” são expressos em 1
Coríntios 15:24: “Quando ele entregar o reino a Deus, o Pai, quando houver
destruído todo domínio, toda autoridade e todo poder”.

Ao destruir todas as coisas más, “o próprio Filho se sujeitará àquele que todas
as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos (1 Coríntios 15:27),
ou seja, “a vontade do único e incomparável Deus será suprema em todos os

146
lugares e de todas as maneiras”.134 Essa passagem não diz que Jesus não é
Deus. Apenas mostra que no reino de Deus, Jesus concluirá uma etapa do reino
confiada a ele – destruir seus inimigos, inclusive a morte – e depois entregará o
reino (essa etapa concluída) a Deus. Em vez de essa passagem negar Jesus
como Deus, ela prova que ele é Deus, pois é através do agir de Jesus que Deus
será tudo em todos. Essa promessa não faria o menor sentido se Jesus fosse
uma criatura, pois como através de um ato de sujeição de uma criatura, Deus
será tudo em todos?

Assim, é como se houvesse uma troca entre Pai e Filho na divindade. Deus, o
Pai, “também sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés (de Jesus Cristo),
para que seja cabeça sobre todas as coisas, e o deu à igreja, que é o seu
corpo, a plenitude daquele que preenche tudo em todas as coisas” (Efésios
1:22, 23) Aqui, então, lemos que Jesus é o cabeça sobre todas as coisas e
preenche tudo em todas as coisas. Portanto, ele é Deus. Mas, depois de
cumprir uma etapa de seu reinado, tudo converge para Deus, o Pai. Então,
Jesus “entrega” o reino a seu Deus, ou seja, a missão cumprida numa
determinada etapa. Mas por ser Deus, seu reino não terá fim, conforme Lucas
1:33.

PERGUNTA TJ 32 - Como o espírito santo pode ser uma pessoa, se a


Bíblia afirma que os discípulos ficaram cheios dele? (Atos 2:4) Será
que ficaram cheios de uma pessoa? Você pode ficar cheio de uma
pessoa?

RESPOSTA CRISTÃ – Quando uma TJ me pergunta se posso ficar cheio de


uma pessoa, respondo: Estou começando a ficar! Uso esta resposta para
raciocinar com ela. Quando “ficamos cheios de alguém”, ficamos cheios do que
a pessoa nos faz. Da mesma forma, ficamos cheios do Espírito Santo porque
ficamos cheios do que ele nos faz.

Jesus prometeu: “Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo”. (Atos
1:8) Lemos em Romanos 15:13 a expressão “poder do Espírito Santo”.

PERGUNTA TJ 33 – “Como o espírito santo pode ser uma pessoa, se a


Bíblia põe o espírito santo junto com substantivos impessoais? Por
exemplo, em Mateus 3:11 João Batista disse que Jesus batizaria com
“espírito santo e com fogo”. Assim como “fogo” não é pessoa, o
espírito santo também não é!”

134
Gordon D. Fee. 1 Coríntios : Comentário Exegético, p. 962. São Paulo : Vida Nova, 2019.

147
RESPOSTA CRISTÃ – Este argumento TJ não faz o menor sentido. Quem
disse que o fato de o Espírito Santo estar associado a algo impessoal torna o
Espírito Santo impessoal também? Se as TJs fossem levar a sério essa regra
inventada por elas, então na expressão “batizando-as em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo”, o Pai e o Filho teriam que ser seres impessoais só pelo
fato de estarem associados ao Espírito Santo pelo verbo batizar e pela
expressão “em nome de”? As TJs simplesmente não respondem este contra
argumento satisfatoriamente.

PERGUNTA TJ 34 - Como o espírito santo pode ser uma pessoa se a


Bíblia diz que cristãos foram batizados no (ou com) espírito santo? (1
Coríntios 12:13) Faz sentido acreditar que pessoas foram batizadas
numa pessoa?

RESPOSTA CRISTÃ – Esse argumento TJ é típico de quem não conhece a


Bíblia. Lemos em 1 Coríntios 10:2 que os israelitas “foram batizados em Moisés,
na nuvem e no mar”. Então, pergunto às TJs: Como os israelitas foram
batizados em nome de uma pessoa? E elas vão responder: “Isto é simbólico!”
Então, você poderá sorrir para ela e dizer: “O batismo no Espírito Santo
também é uma linguagem simbólica”. O batismo literal na água é um ritual de
iniciação. Ele é um ato visível para indicar que a pessoa agora faz parte da
Igreja de Jesus Cristo. Ser batizado pelo (ou com, ou no) Espírito Santo
significa que o cristão é guiado, como filho de Deus, por este Espírito (Romanos
8:14), o administrador da Igreja de Jesus, assim como ser batizado em Moisés
indicava que os israelitas se deixavam ser guiados por Moisés. Nada a ver com
despersonalizar Moisés ou o Espírito Santo de Deus.

PERGUNTA TJ 35 - Como o espírito santo pode ser uma pessoa se a


palavra grega para “espírito” (pneuma) é do gênero neutro, ou seja,
num gênero destinado a se referir a coisas?

RESPOSTA CRISTÃ – Quando ouço das TJs esse argumento, principalmente


de algumas que se dizem conhecedores do grego bíblico, concluo que não
sabem lidar corretamente com o texto grego. Gêneros de palavras, em si, não
provam nada, se é ou não pessoal.

Embora seja verdade que a palavra “espírito” no grego esteja no gênero


neutro, isto nada prova contra a personalidade do Espírito Santo. Lemos em
João 4:24 que Deus é espírito. Então Deus é uma coisa, por “espírito” estar no
gênero neutro? Não! Em Mateus 2:8, Jesus é chamado de “menino”, no grego
gênero neutro. Então Jesus é uma coisa? Não! A Bíblia diz que “Deus é amor.”
(1 João 4:8) “Amor” em grego é gênero feminino. Então Deus é uma mulher?

148
Não! Portanto, as TJs precisam criar coragem, se libertar do CG que as
desencoraja para cursar uma faculdade, e buscar conhecimento confiável.

PERGUNTA TJ 36 - Se o espirito santo é uma pessoa, por que a Bíblia


não aponta nenhum nome para ele? O Pai chama Jeová, o Filho é
Jesus, mas cadê o nome do espírito santo?

RESPOSTA CRISTÃ – Em primeiro lugar, um ser não precisa de nome para


ser o que é. Nomes são apenas identificações. Por exemplo, Deus não precisa
de nome para ser o que é. Segundo o CG, Deus “Deus escolheu para si o maior
nome — Jeová — e este faz lembrar todos os seus atributos, qualidades e
propósitos.”135 Concordamos plenamente com essa declaração. Mas antes de
Deus escolher usar o nome Jeová, ele não tinha esse nome Jeová, e nenhum
outro. Então, sem nome, ele não era uma pessoa? É óbvio que era! Então, da
mesma forma, se o Espírito Santo não tivesse nome, isto em si não provaria
nada contra sua personalidade. Mas o problema para as TJs é que o Espírito
Santo tem nome sim, e é Jeová.

A Bíblia ensina em Isaías 6:1-10 que este profeta teve uma visão da glória de
Jeová. E Jeová, nos versículos 8-10 menciona a Isaías algumas frases e
palavras, no entanto, o apóstolo Paulo irá ensinar que quem proferiu essas
palavras foi o Espirito Santo. (Atos 28:25, 26) Então, o Espírito Santo é o Deus
Jeová. Sem contar que João afirma que Isaías viu a glória de Jesus, portanto
Jesus também é Jeová, por ser Deus. – João 12:39:41.

PERGUNTA TJ 37 - Se o espírito santo é uma pessoa, por que ele não é


visto sentado em trono, assim como o Pai e o Filho são? (Apocalipse
22:1) Será que o espírito santo é uma pessoa que não gosta de
sentar?
RESPOSTA CRISTÃ – Que critério mais esquisito! Quer dizer que o sujeito
sentou, ele é pessoa, não sentou é uma coisa? Falta de inteligência faz o
herege perder toda a sua credibilidade.

Em primeiro lugar, Deus não está sentado em lugar nenhum! Isto é uma mera
figura de linguagem para descrever Deus como Rei sobre todos. Os céu dos
céus não podem conter Deus (1 Reis 8:27), então qual seria o tamanho desse
trono? Na Trindade, Deus é o Rei, e cada pessoa divina reina sim sobre nós. O
fato de a Bíblia não descrever o Espírito Santo reinando, sentado num trono,
não significa que ele não seja um Rei pessoal.

135
Torre de Vigia. A Sentinela 1º de novembro de 1993, p. 5. Cesário Lange, SP, 1993.

149
Sem segundo lugar, na Bíblia, outras ações pessoais são realizadas pelo Pai,
pelo Filho e por Espírito Santo. Por exemplo, a Bíblia diz que:

(a) O Pai ama: “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” –
1 João 4:9.
(b) O Filho ama: “Pois o que nos motiva é o amor de Cristo, porque
concluímos que, se um morreu por todos, logo, todos morreram.” – 2
Coríntios 5:14.
(c) O Espírito Santo ama: “Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo
e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas
orações em meu favor diante de Deus.” – Romanos 15:30.

Então, as três pessoas da Trindade amam. Será que as TJs estariam dispostas a
crer na personalidade do Espírito Santo com esses versículos acima? Pois
poderiam raciocinar: “Se o Pai ama, então ele é uma pessoa; Se o Filho ama,
então ele é uma pessoa; Se o Espírito Santo ama, então ele também é um ser
pessoal?”

PERGUNTA TJ 38 - Se o espírito santo é uma pessoa, por que ele é


descrito no Apocalipse como sendo “sete espíritos de Deus’?
(Apocalipse 1:4; 3:1; 4:5; 5:6) Será que essa Trindade agora é
composta de nove espíritos?

RESPOSTA CRISTÃ – Quanta falta de Bíblia! A expressão “sete espíritos de


Deus” é uma alusão à atuação séctupla do Espírito Santo. Veja isto nas palavras
do profeta:

“O Espírito do SENHOR repousará sobre ele, o espírito de sabedoria e de entendimento, o


espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do SENHOR.” –
Isaías 11:2.

Assim, o Espírito Santo (1) repousa sobre nós; (2) dá sabedoria; (3) dá
entendimento; (4) dá conselho (ou aconselha); (5) fortalece; (6) dá
conhecimento; (7) dá temor do SENHOR. Então, a expressão “sete espíritos de
Deus” é uma alusão ao agir perfeito (“sete”, sendo o número da perfeição) do
Espírito Santo de Deus. Ou: “O número sete significa a plenitude do Espírito
Santo em sua Pessoa e obra.”136 Eu pergunto às TJs: Já que vocês entendem o
Espírito Santo como sendo a força ativa de Jeová, então Jeová tem sete forças
ativas? E as TJs me respondem:

136
Simon Kistemaker. Comentário do Novo Testamento : Apocalipse, p. 115. São Paulo : Editora Cultura
Cristã, 2004.

150
“Sabe, isso é uma figura de linguagem para descrever a ação plena e
perfeito da força ativa de Deus. Aqui o número sete é simbólico,
representa perfeição”.

Para você ver, meu caro leitor: Quando as TJs explicam em que sentido são
sete espíritos, elas admitem que o número sete é um símbolo de perfeição. Mas
quando é para questionar a nossa fé, então elas transformam o “sete” em
número literal, como forma de zombar da nossa fé. Haja paciência para lidar
com gente desonesta intelectualmente!

Ou então, o CG das TJs interpreta assim os sete espíritos como “a plena


capacidade ativa de observação, discernimento ou percepção do glorificado
Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, habilitando-o a inspecionar toda a Terra.”137
Mas essa interpretação é absurda! Equivale a dizer que Jesus recebe
capacitação para inspecionar a terra, sendo que a Bíblia diz que Jesus sustenta
todas as coisas pela palavra do seu poder. (Hebreus 1:3) Tudo para não admitir
a personalidade do Espírito Santo.

PERGUNTA TJ 39 - Se o espírito santo é uma pessoa, por que ele foi


visto na forma de uma pomba? – Mateus 3:16, 17.

RESPOSTA CRISTÃ – Quando uma TJ faz uma pergunta dessas, ela acredita
que se o Espírito Santo apareceu em forma de pomba, logo ele não é um ser
pessoal. Então, perguntamos: “Ele é uma pomba?” Os anjos querubins são
vistos por Ezequiel com rosto de homem na frente, de leão no lado direito, de
boi no lado esquerdo e de águia atrás. (Ezequiel 1:10) Então, esses querubins
eram seres pessoais por terem rosto de homem e ao mesmo tempo impessoais
por terem rosto de leão, boi e águia? Obviamente, não! Assim, anjos serem
vistos com rostos de animais não prova que sejam impessoais. Associar seres
espirituais com animais é uma forma de expressar qualidades divinas. Sobre
isso, lemos:

“Essas imagens expressavam os atributos transcendentes divinos da onisciência e


onipotência. Carregando o trono divino, o querubim de quatro cabeças declara que
Yahweh tem a força e a majestade do leão, a rapidez e a mobilidade da águia, o poder
procriativo do boi, e a sabedoria e a razão do ser humano.”138

Da mesma forma, o Espírito Santo aparecer como pomba já prova que ele é um
ser pessoal, pois na Bíblia seres pessoais são associados a animais para

137
Torre de Vigia. Estudo Perspicaz das Escrituras, p. 869, Volume 1. Cesário Lange, SP, 2020.
138
Daniel Block. Comentários do Antigo Testamento – Ezequiel Volume 1, pp. 118, 119. São Paulo :
Cultura Cristã, 2012.

151
demonstrar suas qualidades, boas ou más, como, por exemplo: (a) Jesus é o
Cordeiro. (João 1:29; Apocalipse 14:1); (b) Satanás é um leão procurando
quem devorar. (1 Pedro 5:8); (c) Opositores de Cristo são serpentes e raças de
víboras (Mateus 23:33). Assim, o Espírito Santo se manifesta na forma de
pomba para simbolizar, talvez, “a pureza, a bondade ou a graciosidade” de
Cristo, antes de Deus, o Pai, confirmar Cristo como seu Filho amado. (Mateus
3:17) Cristo, para perdoar pecados, tinha de ser puro; para nos perdoar,
precisava ser gracioso e bondoso. Após as águas do dilúvio baixarem, Noé
soltou uma pomba, e através dela se deduz que a paz de Deus reinava sobre o
após a ira divina. (Gênesis 8:8-12) Assim, o Espírito Santo poderia ter se
manifestado em forma de pomba para mostrar que através de Cristo a ira de
Deus seria aplacada. (Veja Romanos 3:24, 25) No entanto, afirmar que o
Espírito Santo se manifestou como pomba para dizer que ele não é um ser
pessoal não faz o menor sentido!

PERGUNTA TJ 40 - Se o espírito santo é uma pessoa, porque pecar


contra ele não tem perdão? (Mateus 12:32) Se ele fosse uma pessoa,
então ele seria maior que o Filho e o próprio Pai, não é mesmo, já que
para pecados contra estes dois há perdão, mas contra o espírito santo
não há!

RESPOSTA CRISTÃ – As TJs afirmam que o Espírito Santo é a força ativa de


Jeová, não um ser pessoal. Se levarmos a sério a pergunta TJ acima, então o
fato de não haver perdão para o pecado contra o “espírito santo” TJ, mas haver
para pecados contra o “Jeová” e “o Jesus” TJs, indicaria que a “força ativa” de
Jeová é maior que o próprio Jesus e o próprio Deus. Mas as TJs, com certeza,
não admitiriam isso!

Seria muito melhor as TJs abandonarem o CG e sua argumentação falha sobre


essa questão e seguirem a seguinte linha de interpretação cristã:

Primeiro, se pecar contra o Pai e o Filho provam que eles são seres pessoais,
então pecar contra o Espírito Santo também prova que ele é um ser pessoal. As
TJs poderão objetar por dizer: “Então, na frase ‘pequei contra o céu’, em Lucas
15:18, 21, prova que o céu é uma pessoa? Não! Céu aqui significa o próprio
Deus, que está no céu. A oração inteira diz: “Pai, pequei contra o céu e contra
ti”. Este “ti” é o Pai do filho pródigo, este céu é o Pai celestial. Ou seja, o filho
pródigo pecou contra dois seres pessoais, o Pai celestial e o pai terreno.

Segundo, o pecado contra o Espírito Santo é o mesmo que pecar contra Deus.
Em Atos 5:3, 4 prova isso. Ananias e Safira pecaram contra quem, ao terem
mentido para os apóstolos sobre o valor doado advindo da venda do terreno? O

152
relato diz que eles mentiram para o Espírito Santo e depois diz que mentiram
para Deus. E o que aconteceu com eles? Não houve perdão para eles, e foram
executados por Deus. (Atos 5:5-10) Quando os fariseus blasfemaram,
afirmando que Jesus expulsava demônios pela ação de Belzebu, Jesus
considerou isso como blasfêmia (pecado) imperdoável contra o Espírito Santo.
(Mateus 12:24-32) Assim, pecar contra o Espírito Santo é pecar contra Deus, o
Pai, e contra o Filho.

Terceiro, pecar contra o Espírito Santo implica em atacar de forma obstinada o


Espírito Santo e sua obra de tal forma que não há arrependimento diante da
pessoa da Trindade responsável em convencer o homem do pecado. (João
16:8) A pessoa simplesmente morre sem jamais se arrepender, portanto, está
condenada ao sofrimento eterno. Com certeza, cem por cento dessas pessoas
morrem sem conversão a Cristo por pura maldade de coração.

PERGUNTA TJ 41 – “Se o espírito santo é uma pessoa, porque a vida


eterna é conhecer apenas o Pai e o Filho, e não o espírito santo? (João
17:3) Ou será que Jesus se esqueceu de mencionar sobre conhecer o
‘Espírito Santo da Trindade’?”

RESPOSTA CRISTÃ – As TJs imaginam que todas as vezes que a Bíblia


menciona o Pai, então o Filho e o Espírito Santo precisam ser mencionados
juntos, quem sabe até de mãos dadas, e com movimentos sincronizados. Ledo
engano!

Na famosa oração de Jesus, em João 17:1-26, Jesus não disse: “A vida eterna é
esta, que só conheçam a ti e a mim, e mais ninguém!” Jesus também não
deixou de falar sobre o Espírito Santo para nos ensinar ser este um ser
impessoal. O objetivo da oração era mostrar o relacionamento entre o Pai e
Filho.

A questão é: Será que a Bíblia que o Espírito Santo participa em dar vida eterna
ao homem salvo? A resposta é um sonoro sim! Primeiro, o Espírito Santo
convence o homem do pecado. (João 16:8) Segundo, conforme a sua vontade,
pois sopra para onde quer, faz o homem nascer de novo, ou seja, o nascer de
novo, explicado por Jesus, é nascer do Espírito. - João 3:3-7.

As TJs vão objetar, afirmando que Jesus disse “nascer da água do Espírito”,
então se água não é pessoa, Espírito também não é. Isto é tolice, e já
refutamos. Seria o mesmo que disséssemos que na expressão “em nome do
Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, assim como o Espírito Santo não é pessoa,
o Pai também não é. Terceiro, a Bíblia é clara: “Ele nos salvou mediante o lavar

153
da regeneração e da renovação realizadas pelo Espírito Santo.” (Tito 3:5)
Quarto, somos “selados com o Espírito Santo da promessa, fostes selados com
o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança, para a
redenção da propriedade de Deus, para o louvor da sua glória”. (Efésios 1:13,
14) Portanto,

PERGUNTA TJ 42 - Se a Trindade é uma doutrina bíblica, por que ela passou


a ser ensinada só no século IV, por Constantino?

RESPOSTA CRISTÃ – Lamentável uma pergunta dessas. Vem de quem não


conhece nada de história da Igreja. Os pais da Igreja criam na Trindade, mas a
Igreja precisava formular um Dogma sobre a questão, pois havia algumas
imprecisões. Os Concílios ajudaram nesse sentido. Estabeleceram oficialmente
em que os cristãos daqueles idos criam, com as devidas bases bíblicas.

Mas é inegável que a Igreja já era Trinitária. Tanto que excomungou hereges
unicistas (criam num Deus com três títulos diferentes, Pai, Filho e Espírito
Santo) e os arianos (criam que apenas o Pai era o Deus verdadeiro, e Jesus
uma criatura. Então, ela só podia ser Trinitária.

PERGUNTA TJ 43 - Se Pai, Filho e o “Espírito Santo” são iguais em tudo,


então quando Jesus, aqui na terra, fazia xixi, cocô, mamava em Maria, o Pai e o
Espírito Santo faziam a mesma coisa no céu?

RESPOSTA CRISTA – Perguntas desse tipo são comuns. As TJs em sua


grande maioria são um povo tão inculto biblicamente que outras perguntas
assim surgem, como: (a) Se Jesus é Deus, quer dizer que um terço de Deus
ficou no ventre de Maria, e o Pai e o Espírito Santo ficaram no ventre de quem?
(b) Se Pai e Filho são o mesmo Deus, porque o Pai não chama o Filho de “Pai”?
(c) Se Pai, Filho e Espírito Santo são iguais em tudo, então por que o Pai e o
Espírito Santo não assumiram natureza humana também? Coitado deles dois,
ficaram com uma natureza a menos que o Filho!

Deixando de lado essas perguntas tolas, a questão é: As três Pessoas Divinas


são iguais em Divindade, natureza divina, e em atributos divinos, e não iguais
no que fazem. Se fossem iguais no que fazem, as três Pessoas teriam vindo
morrer na cruz por nós também.

PERGUNTA TJ 44 - Não é estranho o fato de ser crer numa Trindade,


sabendo que os pagãos também adoravam deuses em forma de
Trindade?

154
RESPOSTA CRISTÃ – Se pagãos adorarem seus deuses em forma de três
(tríades, não trindade) prova que o Deus triúno não existe, então pagãos
adorarem deuses não trinos, mas unos, provaria que o Deus da Bíblia não
existe, mas isto não faz o menor sentido. Deus pôs na mente do homem, de
qualquer época ou lugar, a consciência de haver um ser superior. Isto constitui
uma grande prova da existência de Deus. As TJs concordariam facilmente com
esse argumento. Mas não concordariam em admitir que as tríades pagãos são
uma deturpação da identidade triúna de Deus.

Assim, é esta a pergunta, então, que faço às TJs: Se o fato de quase todas as
civilizações pagãs crerem num Deus superior prova que Deus existe, então
porque o fato de haver tríades nas crenças pagãs não prova a triunidade do
Deus da Bíblia? Todavia, há TJs que tiveram a cara-de-pau de me
responderem: “Não confunda tríade com trindade!” Ou seja, quando é para
questionar nossa Trindade, as TJs gostam de confundir tríade com Trindade,
para dizer que é tudo a mesma coisa, portanto, pagão; mas quando é para
responder ao meu questionamento acima, aí me pedem para não misturar as
coisas! Vá entender a mente dessas TJs!

PERGUNTA TJ 45 - Trinitários, por favor, decidam-se: Qual o resultado


dessa conta: 1 + 1 + 1? O resultado é 3? Ou 1? Vamos, decidam-se!

RESPOSTA CRISTÃ – Em primeiro lugar, na Trindade não somas, nem


multiplicações. Chamo essas continhas de “tonteiras teológicas”. Graças a elas,
há TJs achando que Jesus é 1/3 de Deus ou 1/3 da Trindade.

Mas certa feita, uma TJ me fez a pergunta acima com ares de arrogância, típico
da fisionomia TJ, advinda do orgulho de se imaginarem a única religião
verdadeira. Veja o diálogo abaixo:

Eu: TJ, na conta 1+1+1, quantos números “1” você vê?


TJ: Vejo três!
Eu: Muito bem! Agora me responda: Quantos tipos de números você vê?
TJ: Quantos? Ah, mas o que isso tem a ver?
Eu: Vamos, coragem! Responda: Quantos tipos de números você vê nessa
conta 1+1+1?
TJ: Apenas um tipo!
Eu: Então, meu caro TJ, na Trindade 1+1+1, há três pessoas iguais em
natureza entre elas, mas há apenas um tipo de pessoa: Deus! Tanto é verdade
que 1+1+1 = 1(1+1+1), ou seja, o que esses três números “1” têm em
comum é ser igual a 1(tipo de número). Assim também: São três pessoas
divinas distintas, mas iguais em valor (ser Deus).

155
A TJ entendeu meu argumento, mas por orgulho me respondeu: “Não acho
certo fazer contas com a pessoa de Deus!” O problema é que foi ela quem veio
com essa continha besta, e se deu mal!

PROCURANDO DAR O MELHOR DE MIM PARA O DEUS TRIÚNO!

Desde o dia de minha conversão a Cristo, apresentei-me a Deus para fazer sua
vontade e defender a fé. Como forma de ser grato por tão grandiosa salvação
em Cristo Jesus (Hebreus 2:3), o mínimo que poderia fazer é defender a fé que
tanto ataquei. Às vezes lembro-me com lágrimas nos olhos de como fui usado
por Satanás, o Diabo, para divulgar as crenças diabólicas do CG das TJs.

Assim que me casei em 2004, com minha amada esposa Roberta, mudamos
para São Paulo. Daí, surgiu a possibilidade de estudar teologia. Fiz algumas
matérias em 2005. Em 2007, tive a alegria de conhecer uma jovem chamada
Edvânia, que me ensinou a montar um blog. Neste site, cujo endereço era
iacs33.blogspot.com, e depois em 2011 se tornou ia-cs.com, Deus me usou
para aniquilar com todos os argumentos TJs contra a Trindade. Congregações
TJs chegaram a proibir os asseclas do CG de ler minhas matérias. Na Sede
brasileira da seita, chamada de Betel (Casa de Deus, em hebraico), houve
cochichos entre os betelitas: “O blog desse Fernando Galli, o apóstata, é o mais
perigoso de todos!”

Depois, em 2017, desativei o blog. Hoje tenho um site mais modesto, embora
poderoso contra as heresias TJs. Mas é no Youtube que vim a ser usado pelo
Deus Triúno para demolir as argumentações antitrinitárias dessa seita. Tanto
que os apologistas TJs vivem correndo de debater comigo ali e em qualquer
outro local. Eles têm medo, pois sabem que não há um argumento deles contra
a Trindade que eu não conheça. Meu canal se tornou um portal anti-heresias-
TJs, e mais de 200 argumentos dessa seita já foram refutados. Glória de Deus!

Dentre as vitórias do meu ministério apologético (defesa da fé) sobre as TJs foi
o fato de ter sido instrumento de Deus para arrancar dessa seita centenas de
pessoas enganadas pelo Diabo! E dezenas delas se converteram a Cristo.
Atualmente, dedico tempo integral na luta contra seitas, principalmente a seita
TJ. São atualmente mil vídeos (fora os removidos), a maioria ajudando TJ a
saírem da seita, e ex-TJs a entrarem na Igreja de Cristo.

Peço perdão a Deus, em nome de Jesus, por minha saúde não me permitir a
dedicar mais tempo ainda no combate aos ensinos do CG. Mas declaro a Deus,
aqui, o meu amor para cada TJ. Que elas venham a se converter ao Deus
triúno e serem salvas!

156
CAPÍTULO 09: O ESPÍRITO SANTO ME GUIOU ÀS
VERDADES DA BÍBLIA.

Deus é o Senhor Supremo de nossa história. Ele faz conosco o que bem
entende. Ele nos usa como quer. Você certamente percebeu isso em minha
história. Ele permitiu que me tornasse TJ porque ele tinha um propósito
maravilhoso para mim. Assim como fez com Moisés, deixando-o no Egito para
depois usá-lo para libertar os israelitas escravizados por 430 anos, Deus
permitiu que eu vivesse quase 17 anos em meio às TJs, para um dia me usar
poderosamente na libertação delas.

Conforme você leu até aqui sobre meu testemunho, deixei em meio às páginas
da primeira metade deste livro perguntas em negrito que as TJs me ensinaram
a fazer para defender as crenças do Corpo Governante. Eu usava tais perguntas
contra todas as religiões e pessoas que tentavam provar que as TJs eram uma
religião errada. Mas com o tempo, Deus me libertou de lá e, através do seu
Todo-poderoso Espírito Santo, me conduziu às verdades da Bíblia, de modo que
pouco a pouco aprendi como a Bíblia podia facilmente responder a todas as
perguntas. Que tal, então, considerar comigo as respostas cristãs para minhas
perguntas?

PERGUNTA TJ 1 – Você conhece outra religião que seja tão perseguida


como as Testemunhas de Jeová? Isso não prova que somos a única
religião verdadeira?

Resposta Cristã – As TJs são desonestas quando se promovem como a


religião mais perseguida na face da terra. Quando me fazem uma pergunta tola
dessas, educadamente convido as TJs a me responderem: Na Segunda Guerra
Mundial, quem foram mais perseguidos – os judeus, ou vocês? É óbvio que
foram os judeus! Morreram aos seis milhões! E complemento: Que dados
estatísticos vocês têm para nos apresentar que apontam vocês como a religião
mais perseguida? É óbvio também que não possuem dados nenhuns! Um
bando de asseclas do Corpo Governante espalhando mentiras! A igreja mais
perseguida é a de Jesus, ou seja, a união de todos os salvos nEle! Quando a
Igreja Católica ainda era uma igreja genuína, mesmo entre os idos dos séculos
V e XIV, os cristãos foram duramente perseguidos por povos pagãos. Após a
reforma protestante, os cristãos continuaram sendo perseguidos, condenados e
mortos às mãos até mesmo de católicos romanos a serviço dos papas.
Atualmente, os cristãos são perseguidos na Zona 10-40, e há relatos de
milhares de cristãos dando suas vidas por Cristo em países onde o Cristianismo
é avassaladoramente perseguido.

157
No entanto, as TJs são perseguidas, e em muitos dos casos, por justa causa,
devido a seus ensinos absurdos, antibíblicos, que fazem qualquer governo
humano se posicionar contra. Por isso, as TJs já tiveram suas propriedades
religiosas confiscadas em vários países, e muitas delas até mortas, não por
pregarem Jesus Cristo como único Salvador, mas por ensinar o povo a não
votar nas eleições (ou anular o voto), ensinar os pais TJs a jamais permitir que
seus filhos recebam transfusões de sangue. Ou seja, as TJs são perseguidas
pelas mentiras que apregoam, diferentemente da Igreja de Cristo, que sofre
pelas verdades que pregam!

PERGUNTA TJ 2 – Você conhece outra organização religiosa que prega


de casa em casa, e em outros locais de sua cidade, a Palavra de Deus?

Resposta Cristã – Pregar de casa em casa não serve de prova que o ensino
oferecido seja a verdade. Não há esse requisito na Bíblia. Mesmo porque as TJs
não pregam apenas a Bíblia, mas os ensinos de sua liderança mundial, o Corpo
Governante. Por exemplo, de 1958 a 1975, as TJs ensinavam que Jesus voltaria
até outubro de 1975, ou numa data bem próxima. Anteriormente, haviam
ensinado que Jesus retornaria em 1914 e, depois da decepção, ensinaram que
ele voltaria em 1925. Mas Jesus ensinou que ninguém sabe o dia e a hora, a
não ser o Pai (Deus). (Mateus 24:36) Então, perguntamos às TJs: Conhece um
só apóstolo de Cristo, nas páginas da Bíblia, que pregou a volta de Jesus com
data marcada? Não, não é mesmo? Então, diante dessas falsas profecias e de
outras, como espera que encaremos vocês como a única religião verdadeira?

PERGUNTA TJ 3 - Conhece outra religião cujos membros têm tanto


que fazer na obra do Senhor, conforme 1 Coríntios 15:58?

Resposta Cristã – Fazer bastante também não prova nada! Em Mateus 7:21-
23, Jesus afirma que condenará aqueles que, em sua volta, lhe disserem:
“Senhor, Senhor, nós não profetizamos em teu nome? Em teu nome não
expulsamos demônios? Em teu nome não fizemos muitos milagres?” Quanta
coisa, não é mesmo? De que valeu? Nada! Por quê? Porque NUNCA haviam
sido cristãos de verdade! Jesus lhe confessará: “Nunca vos conheci! Apartai-vos
de mim, vós que praticais o mal”, diz o versículo 23. Assim, a seita TJ já
praticou muito o mal. Lançaram uma “bíblia” com erros absurdos, proibiram o
uso de vacinas entre as décadas de 1920 e 1950, proibiram transplantes de
órgãos por acharem que isso era o mesmo que canibalismo, e pior, saíram
ensinando isso de casa em casa! Ou seja, o fazer muito acabou sendo um
péssimo exemplo de quem NÃO TINHA O QUE FAZER, e incomodava as
pessoas pelas casas com ensinos aberrantes!

158
PERGUNTA TJ 4 - Conhece alguma igreja que trabalha arduamente
como nós com a finalidade de ganhar a salvação?

RESPOSTA CRISTÃ – Claro que conhecemos: Todas as seitas que ensinam


salvação pelas obras. A Bíblia é muito clara em dizer que a salvação é pela
graça de Deus, por meio da fé, não das obras. (Efésios 2:8, 9) As obras são
apenas uma consequência de quem recebeu Cristo em sua vida, sendo “criados
em Cristo Jesus para as boas obras, previamente preparadas por Deus para que
andássemos nelas”. (Efésios 2:10) Assim, fazemos boas obras não para sermos
salvos, mas para agradecer a salvação em Cristo Jesus. Se uma pessoa afirmar
ser cristã salva em Cristo, mas não praticar boas obras, sua fé será morta
(Tiago 2:26), ou seja, poderá ser sinal de que a pessoa nunca foi salva.

Outro ponto é que fazer boas obras, além de não salvar, pode ser uma
característica de seitas. Por exemplo, há grupos sectários que praticam obras
assistenciais de dar inveja! Ajudam pobres e necessitados como ninguém!
Então, uma coisa é a pessoa fazer boas obras, porque entender ser isso
importante, ou porque isso lhe dá um senso de realização maravilhoso, mesmo
sem nunca ter sido salva; outra coisa é a pessoa fazer obras como resultado de
sua conversão a Cristo, pela atuação do Espírito Santo em sua vida. Uma coisa
é a pessoa fazer obras para tentar ganhar a salvação; outra coisa é ela fazer
obras, sem o menor interesse, mas por pura gratidão a tão grandiosa salvação
em Cristo Jesus. Uma religião, então, que ensina seus membros trabalharem
arduamente para ganhar a salvação não pode ser considerada como igreja
cristã, pois apregoa algo além da graça por meio da fé como forma de se obter
a salvação.

PERGUNTA 5 – Conhece uma outra religião que tem uma só fé, sendo
tão unidos como nós na mesma mente e na mesma maneira de pensar
(1 Coríntios 1:10), tendo um só corpo de doutrina, ou será que as
outras religiões estão divididas em questões doutrinárias?

Mal sabia eu que essa suposta uma só fé TJ, de julho de 1874 até outubro de
2023, teria mudado 369 vezes de interpretação de 1874 a 2023! Assim, as
lideranças mundiais TJs, no decorrer da história desta organização, divergiram
umas das outras em vários pontos de doutrina. Sem contar o fato de ter havia
divisões e surgido seitas menores do grupo principal, como os Russelitas, os
Estudantes da Bíblia e os Auroristas do Milênio, e mais uns vinte grupos
menores de pouquíssima expressão. Em 1984, eu jamais sonhava em ter
acesso a essas informações. Assim, me ensinaram a me orgulhar de estar numa
religião que fazia todos os seus membros pensarem exatamente a mesma coisa
sobre questões de fé, em qualquer parte do mundo.

159
PERGUNTA TJ 6 – Conhece outra religião que usa o nome Jeová em
sua Bíblia em todas as vezes que o Tetragrama Divino YHWH aparece
nas Escrituras Sagradas, mostrando assim que apenas as TJs
santificam o nome de Deus, conforme Jesus nos ensinou a fazer na
oração do Pai-Nosso? – Mateus 6:9, 10.

O nome que Jesus orou pela santificação, na oração do Pai-Nosso, não se


referia ao nome pessoal de Deus, pois a palavra grega para nome significava
“fama”, “reputação”, ou “autoridade”. Significa engrandecer a Deus, não ficar
pronunciando o nome dele, em hebraico. Significa ter reverência pelo próprio
ser de Deus, honrá-lo, glorifica-lo e exaltá-lo.139 Além disso, se o nome do qual
Jesus falava na oração do Pai-Nosso era o nome Jeová, por que Jesus não usou
esse nome na própria oração do Pai-Nosso?

Outra informação importante: As TJs nos acusam de negarmos a santidade do


nome Jeová por omitirmos o nome Jeová de nossas versões bíblicas, por
trocarmos Jeová por SENHOR, com todas as letras maiúsculas. Mas será que a
intenção dos responsáveis por nossas versões bíblicas foi de esconder o nome
de Deus das pessoas para que elas não viessem a santificar esse nome? A
resposta é um sonoro NÃO! Por não sabermos quais vogais os judeus usavam
no Tetragrama YHWH, por respeito a esse nome santo, preferiu-se usar o
nome-título SENHOR, assim ninguém pronunciaria de forma duvidosa o nome
de Deus. Foi pensando em santificar esse nome que se decidiu verter o
Tetragrama YHWH por SENHOR. As TJs que nos acusam assim, na verdade,
são reféns do ensino sem valor delas, de se proclamarem como a única religião
verdadeira, como se apenas elas santificassem o nome de Deus. Uma seita que
já mudou 369 vezes de ensinos, de 1874 a 2023, deveria realmente pôr a mão
na consciência e pensar: Mudando tanto de ensino, será que estamos
santificando o nome de Deus, ou será que estamos causando um verdadeiro
motivo de escárnio contra esse nome?

PERGUNTA 7: Conhece alguma religião que bate na porta de sua casa


para lhe pregar o reino de Deus, assim como a Bíblia ordena, ou seja,
de casa em casa? – Atos 5:42; 20:20, 21.

Quem conhece o grego bíblico sabe provar que a Bíblia jamais ordena a se
pregar de casa em casa, no sentido consecutivo, uma casa após a outra, como
fazem as TJs. Se fosse assim, a Bíblia usaria a expressão “ἐξ οἰκίας εἰς οἰκίαν”,
como aparece em Lucas 10:7, quando Jesus proibiu os discípulos de ficarem se

139
William Hendriksen. Comentário do Novo Testamento. Mateus, p. 461. Volume 1. São Paulo, SP :
Cultura Cristã, 2001.

160
transferindo “de casa em casa”. Mas nos textos de Atos 5:42 e 20:20, a
expressão usada é: “κατ’ οἶκον” e “κατ’ οἶκον” respectivamente. Nestes últimos
dois casos, o sentido não é consecutivo, mas distributivo. Ou seja, não é uma
casa após a outra, em sequência, mas conforme a casa, como um médico, que
ia atender de casa em casa, mas apenas onde ele era chamado. Assim também
eram feitos os cultos nos lares cristãos, nas chamadas “casas-igrejas”. - 1
Coríntios 16:19.

Portanto, Atos 5:42 e 20:20, além de não serem versículos prescritivos, não
falam do ir “de casa em casa” à moda TJ. Por isso, a melhor forma de traduzir
seria “nas casas”, como fazem algumas versões da Bíblia.

PERGUNTA 8 – Como as igrejas da cristandade podem ser igrejas


verdadeiras se elas toleram pecados de imoralidade sexual?

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia é muito clara em alertar os cristãos a fugir da


imoralidade sexual. (1 Coríntios 6:18) E para aqueles que se negam a ser
corrigidos, a Bíblia ensina a correta disciplina: Ser excluído da igreja, ou a
excomunhão, chamada pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 5:7-11 de entregar
tal homem a Satanás. Igrejas sérias agem dessa forma. E há muitas delas,
felizmente. Quando as TJs veem uma pessoa não ser disciplinada numa igreja
cristã após ter cometido imoralidade sexual, elas generalizam, e colocam os
erros daquela igreja e os acertos de uma igreja genuinamente cristã num saco,
e misturam sem dó! E chamam esse saco de Babilônia, a Grande, o império
mundial da religião falsa. Isso é desonestidade! Isso é uma mentira típica de
quem age como filho do diabo, o pai da mentira. – João 8:44.

PERGUNTA 9 – Como as igrejas da cristandade podem ser igrejas


verdadeiras se elas negam certas partes da Bíblia?

RESPOSTA CRISTÃ - Sobre afirmar que as igrejas da Cristandade


desrespeitam a Bíblia, isto não passa de uma generalização. Há, sem dúvida,
igrejas, lideradas por falsos cristãos, que negam partes da Bíblia, achando se
tratar de mitos e de lendas. Todavia, há igrejas sérias, principalmente as de
origem histórica, que defendem a crença de que a Bíblia é nossa única regra de
fé e prática (Atos 17:11) e que toda ela é a verdade de Deus (João 17:17),
inerrante (Salmos 19:7) e inspirada pelo Espírito de Deus. - 2 Timóteo 3:16, 17;
2 Pedro 1:21.
No meio cristão há pessoas como joio, e outras como o trigo. (Mateus 13:24-
30, 36-43. Cristãos falsos, lobos vorazes, convivem no meio da igreja de Jesus,
afirma o apóstolo Paulo, em Atos 20:28-31. O fato de eles ensinarem coisas
pervertidas ou “ensino de demônios” (1 Timóteo 4:1) não significa que todas as

161
igrejas façam o mesmo. Julgar o trigo todo (cristãos verdadeiros) de forma
negativa devido aos erros dos da classe do joio (cristãos de imitação) é uma
lástima!

Mas uma pergunta importante às TJs não quer calar: Qual a diferença entre
não crer no relato bíblico da criação, ou no relato de Jonas ser engolido por um
grande peixe, e não crer nas palavras de Jesus sobre não ser correto estipular o
dia e a hora do fim? (Mateus 24:36; Marcos 13:32) As TJs, pelo que parece,
não acreditaram muito nelas, e previram a volta de Cristo para 1914, 1925 e
1975! Coisas de seita, não é mesmo? Faz lembrar até um ditado popular: “O
sujo falando do mal lavado”.

A Bíblia claramente diz em Romanos 13:1 que “todos devem sujeitar-se às


autoridades do governo, pois não há autoridade QUE NÃO VENHA DE DEUS, e
as que existem foram ordenadas por ele”. Embora Deus não participe
ativamente, por exemplo, de nossas eleições e do voto, ele concede autoridade
a quem nós elegemos, então, se um político é do diabo ou não dependerá de
como ele usará a autoridade que Deus lhe concede.

PERGUNTA TJ 10 – Se o diabo ofereceu todos os reinos a Jesus


(Mateus 4:8-10), e Jesus se negou a ser feito rei aqui na terra (João
6:15), não fica claro que os cristãos não podem participar da política
deste mundo, assim como fazem somente as TJs?

RESPOSTA CRISTÃ – Jesus fugir dos judeus que quiseram proclamá-lo rei na
terra (João 6:15) em nada proíbe cristãos de ser uma autoridade ordenada por
Deus aqui na terra, já que o próprio Jesus afirma: “Meu reino não é deste
mundo”. (João 18:36) Afirmar também que o fato de Satanás ter oferecido os
reinos a Jesus, ao tentá-lo (Mateus 4:8-10), isto não constitui prova de que não
podemos ser líderes políticos. Trata-se aqui de uma mentira do Diabo, tão
grotesta, que nem precisou que Jesus o desmentisse. A Bíblia diz que Jesus é o
governante sobre os reis da terra. - Apocalipse 1:5.

Ademais, a Bíblia claramente diz em Romanos 13:1 que “todos devem sujeitar-
se às autoridades do governo, pois não há autoridade QUE NÃO VENHA DE
DEUS, e as que existem foram ordenadas por ele”. Embora Deus não participe
ativamente, por exemplo, de nossas eleições e do voto, ele concede autoridade
a quem nós elegemos (no caso do Brasil), então, se um político é do diabo ou
não dependerá de como ele usará a autoridade que Deus lhe concede, se para
praticar o bem, ou o mal.

162
É mais ou menos como no caso dos comerciantes. Em Apocalipse 18:3, 11, 23,
lemos que os comerciantes da terra se enriquecem à custa de Babilônia, e
lamentam depois pela queda de Babilônia. O fato de a Bíblia condenar o
proceder desses comerciantes significa que não podemos atuar no comércio? É
óbvio que podemos, desde que sejamos honestos e ajamos como cristãos.
(Provérbios 21:8; 2 Coríntios 8:21; Filipenses 4:8) Da mesma forma é a política.
Podemos ser políticos, mas precisamos imitar a Cristo e dar bom exemplo.

Outro argumento que uso com as TJs: É correto orarmos para uma pessoa ir
bem nos negócios sobre venda de produtos roubados? Não, pois roubar é
pecado. (Efésios 4:28) Mas a Bíblia diz o seguinte sobre os políticos: “Antes de
tudo, exorto que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por
todos os homens, pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que
tenhamos uma vida tranquila e serena, em toda piedade e honestidade.” (1
Timóteo 2:1, 2) Então, com certeza, não é pecado ser político, em si, pois
podemos até mesmo orar por eles, para que façam o bem ao povo.

PERGUNTA TJ 11 - “Como uma religião poder ser correta se seus


membros supostamente cristãos servem o exército, aprendem a
matar uns aos outros, contrariando as palavras do salmista, sobre
Deus fazer cessar as guerras (Salmo 46:8, 9), as palavra de Jesus
sobre amarmos uns aos outros como ele nos amou (João 13:34, 35) e
as palavras de Isaías sobre o povo de Deus não aprender mais a
guerra?” - Veja Isaías 2:4.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia realmente diz em Isaías 2:4: “Ele julgará entre
as nações e será juiz entre muitos povos; e estes converterão as suas espadas
em lâminas de arado, e as suas lanças, em foices; uma nação não levantará
espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra”. Mas se olharmos
atentamente para o texto, perceberemos que o cumprimento dele aponta para
uma época em que Deus fará o que os homens não conseguem fazer140, como
acabar com as guerras. Em Miqueias 4:4, fala-se de uma condição de paz com
a expressão “cada um se assentará debaixo da sua videira e da sua figueira, e
ninguém os afugentará dali”. Ou seja, não haverá guerra porque em todo o
reino de Deus não haverá mais inimigos. Mas enquanto há inimigos, não há
como não haver guerras. Cabe ao cristão, então, decidir se participará de uma
guerra ou não. Há guerras que são o produto do egoísmo entre nações, e
destas um crente poderia não se envolver ativamente, por participar da luta
armada. Mas poderia participar em trabalhos assistenciais no campo de guerra,
como prestar socorro a soldados feridos. Noutras, o cristão poderia participar
140
R. N. Champlin. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, p. 2794, Volume V. São
Paulo: Hagnos, 2000.

163
ativamente, como por exemplo, ao defender sua nação contra uma invasão
injusta de um país vizinho.

Mas e se o cristão decidisse participar de uma guerra, como ficaria a questão


do amor ao próximo ensinado por Jesus em João 13:34, 35? Se a participação
do cristão numa guerra for por defesa justa de uma nação, então ele estará
participando da guerra por uma questão de amor ao próximo, estando disposto
a morrer pela defesa de seu país e de seus irmãos compatriotas. Nesses casos,
ele agirá como uma autoridade constituída por Deus, autorizado por Ele a usar
a espada. – Romanos 13:1-4.

Em conversas com TJs sobre esse assunto, de matar o próximo em guerras, eu


pergunto a elas: Com que moral vocês acusam nossas igrejas de apoiar a morte
de pessoas nas guerras, se vocês foram capazes de ensinar pais a não doarem
sangue a seus filhos? Muitas crianças TJs morreram fieis a essa doutrina
absurda! Proibiram no passado vacinas e transplantes de órgãos também! Há
relatos de pessoas que morreram como vítimas disso também!

PERGUNTA TJ 12: Jesus disse que a vida eterna é esta, que absorvam
conhecimento de Deus e de seu Filho, Jesus. (João 17:3) Conhece um
povo que tem mais conhecimento da Bíblia do que as TJs?

RESPOSTA CRISTÃ – No texto grego do Novo Testamento não lemos “isto


significa vida eterna: Que absorvam conhecimento...”, mas sim “a vida eterna é
esta, que conheçam a ti” (αὕτη δέ ἐστιν ἡ αἰώνιος ζωὴ, ἵνα γινώσκωσιν σὲ). E
por que traduziram por “absorvam conhecimento”, na Tradução do Novo
Mundo de 1961 em diante? Para incutir na mente dos asseclas a necessidade
do estudo bíblico fornecido pelo CG como alimento espiritual. Mas na verdade,
o correto é dizer que a vida eterna é conhecer a Deus e seu Filho Jesus Cristo,
denotando não informação adquirida, mas relacionamento pessoal. O
comentarista bíblico LOPES afirma: “Conhecer aqui não é uma mera adoção de
ideias corretas sobre Deus, mas um apreender essencial mediante uma entrega
plena e um relacionamento vivo.”141

Que é um erro absurdo essa tradução fica evidente que nenhuma outra comete
tal erro, e por incrível que pareça, na Tradução do Novo Mundo Revisada de
2015, eles passaram a traduzir como nós: “Que conheçam a ti”, mas puseram
um asterisco e na nota de rodapé afirmam que se pode traduzir por: “que
assimilem conhecimento de ti”, pois, segundo o CG TJ, como o verbo grego
“conhecer” está no presente e indica uma ação contínua, então estaria presente

141
Lopes, Hernandes Dias. João: As Glórias do Filho de Deus, p. 421. São Paulo: Editora Hagnos, 2015.

164
a ideia de adquirir conhecimento progressivamente. Isto demonstra como o CG
não sabe absolutamente nada de grego! O verbo grego “conhecer” indica ação
contínua, não para indicar que se precisa estudar a Bíblia continuamente, mas
que é necessário um contínuo “conhecer”, ou relacionamento pessoal com
nosso Deus e seu agente de salvação, Jesus Cristo. Este relacionamento
pessoal, resultado da fé em Cristo Jesus, obviamente resultará em a pessoa ter
mais conhecimento sobre Deus. Assim, conhecer a Deus e seu Cristo é a vida
eterna, e ter conhecimento bíblico é uma consequência disso.

PERGUNTA TJ 13 – Se somos batizados em nome do Pai, do Filho e do


“espírito santo”, não está provado que as pessoas mentem ao nos
acusar de não crermos no Deus da Bíblia, em Jesus e no “espírito
santo”?

RESPOSTA CRISTÃ – O simples fato de mencionar no batismo a expressão


“em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” não prova, em si, que a
religião que pratica esse batismo está correta. Se assim fosse, as TJs teriam
também que admitir nossas igrejas como cristãs. A questão é saber quem é o
Pai, o Filho e o Espírito Santo para a organização religiosa. Quando uma TJ é
batizada, ela crê num “pai” que: (1) Não é onisciente; (2) Não é onipresente;
(3) não é Todo-poderoso por não ser onisciente e onipresente. Crê também
num “filho” que não é o mesmo Deus com o Pai e o Espírito Santo, mas sim
uma criatura e um deus menor. Crê também num falso “espírito santo”, que:
(1) não é um ser pessoal, mas uma força ativa; (2) não é o mesmo Deus que o
Pai e o Filho, e não salva a ninguém; (3) faz nascer de novo apenas os
144.000, que irão viver no céu, não os da grande multidão. Então, conforme
veremos nas perguntas respondidas durante este livro, as TJs não fazem um
batismo verdadeiro. Portanto, quando dizemos que as TJs não creem no Pai, no
Filho e no Espírito Santo, estamos cobertos de razão, pois criaram um falso pai,
um falso filho e um falso espírito santo das letras minúsculas.

PERGUNTA TJ 14: Além das TJs, qual organização religiosa possui um


escravo fiel e discreto dando alimento espiritual na forma de página
impressa e, portanto, nutrindo espiritualmente o povo de Deus? –
Mateus 24:45-47.

RESPOSTA CRISTÃ – Em Mateus 24:45-47, Jesus nos ensina sobre a função


do “servo fiel e prudente”: Dar alimento a seus conservos. Com isso,
entendemos que todo cristão pode agir como tal, alimentando a outros com a
palavra de Deus. Jesus deixou a Grande Comissão para seus discípulos, de irem
a todas as gentes e fazer discípulos delas, ensinando-os a observar todas as
coisas que Jesus ensinou. (Mateus 28:19, 20) Jesus, quando voltar, quer

165
encontrar a Igreja agindo assim, ensinando, ou alimentando uns aos outros
com as verdades da palavra de Deus.

Mas quando lemos Mateus 24:45-51, entendemos que, muito mais do que nos
alimentar uns aos outros, Jesus quer nos ensinar a estarmos preparados para a
sua volta. O servo fiel e prudente alimenta, mas Jesus depois fala de um servo
mau. Este, por achar que Jesus está demorando para voltar, começa “a
espancar seus conservos, e a comer e beber com os bêbados”. (vv. 48, 49) Por
agir assim, quando seu Senhor volta, recebe o castigo merecido. (vv. 50, 51)
Então, Jesus não nos deu esta parábola, a dos Dois Servos, para ensinar que
haveria uns “dez carinhas idosos”, ou um colegiado de líderes, ditando o que a
Igreja deve crer e não crer.

Nos tempos bíblicos, cada senhor dono de propriedades tinham seus servos, e
eles, na ausência de seu senhor (amo), eram incumbidos de cuidar dessas
propriedades e das pessoas que ali moravam. Quando o senhor retornava, ele
desejava encontrar seu servo preparado, executando corretamente suas
tarefas. É simples assim. Mas o que o CG TJ fez com a parábola de Jesus?
Tomou um detalhe da parábola – dar alimento – e transformou isso em algo
maior do que o objetivo central da narrativa: Estar preparado para sua volta.
Sobre isso, o comentarista bíblico Lopes pergunta:

“Como você está vivendo: em santidade ou desprezando o seu senhor,


porque julga que ele vai demorar? Acerte sua vida com Jesus. Em breve,
ele chamará você para prestar contas de sua administração. Viva hoje
como se ele fosse voltar amanhã. O dia final se aproxima!”142

E para piorar a situação das TJs, o CG já mudou de opinião em sua história


sobre a identidade desse “servo fiel e prudente”. Antes, os 144 mil por
completo, escolhidos desde o Pentecostes de Atos 2, constituía a classe desse
escravo, e dentre eles, o “Jeová-TJ” escolhia quem iria fazer parte do CG. Mas
com uma recente suposta nova “luz” deste falso deus, este “servo fiel e
prudente” se referem apenas aos membros do CG, e apenas do ano de 1919
para cá. Prezado leitor, você conhece algum texto na Bíblia que ensine essas
diabruras da Torre de Vigia TJ? Eu não conheço, nenhum!

PERGUNTA TJ 15 – “Vale a pena confiarmos em ex-TJs para nos


ensinar, se a Bíblia ensina que se saíram dos nossos, não eram dos
nossos?” – 1 João 2:19.

142
Lopes, Hernandes Dias. Mateus – Jesus, o Rei dos reis, p. 716. São Paulo : Editora Hagnos, 2019.

166
RESPOSTA CRISTÃ – Concordamos que nem todo “ex” é confiável. Ex-
esposa, ex-marido, ex-corintiano, ex-qualquer coisa – quase todos acabam
“cuspindo no prato que comeu” com mentiras e meias-verdades. Mas quando o
“ex” afirma ter provas concretas de suas queixas e denúncias, ele merece ser
escrutinado. Afinal de contas, e se ele estiver com a razão?

De fato, há muitos ex-TJs que denunciaram as centenas de mudanças de


ensinos do CG, as falsas profecias para as voltas do “cristo-TJ” que jamais veio
– muito ocupado, quem sabe! Então, o CG e seu líder-mor, Satanás, devem
ficar com muita raiva de ex-TJs que se propõe a denunciar as bizarrices e
contradições dessa organização religiosa. Vejamos um exemplo:

1. Ensinam que em 1918, o “Jesus-TJ” purificou sua organização TJ (o


templo espiritual aqui na terra) dos erros religiosos. Mas comemoraram o
Natal e os aniversários natalícios, tidos por eles como celebrações pagãs,
até 1928. Que purificação meia-boca foi essa? Veja as provas:

“Desde a sua entronização, em 1914, Jesus é também o Juiz e Executor


designado por Jeová. Em 1918, três anos e meio depois de sua
entronização, ele purificou o templo espiritual de Jeová, representado na
Terra pela congregação de cristãos ungidos. (Malaquias 3:1-5)”143

“Por exemplo, nos anos 20, muitos Estudantes da Bíblia (nome antigo
das TJs) usavam um broche com o emblema de cruz e coroa, e
celebravam o Natal e outros feriados pagãos.”144

Entretanto, depois de uma investigação mais a fundo do assunto, os


membros da equipe da sede da Sociedade, bem como as equipes das
filiais da Sociedade na Inglaterra e na Suíça, decidiram deixar de
participar das festividades do Natal, de modo que nunca mais se
celebrou ali o Natal depois de 1926.”145

Assim, quando o CG e os líderes TJs (Satanás, demônios e anciãos


congregacionais) observam essas denúncias que fazemos, a resposta deles é
dizer que os apóstatas (ex-TJs como eu) são perigosos e devem ser evitados.
Mas na verdade, não estamos aqui para mentir, enganar, como se fôssemos
filhos do pai da mentira. Estamos denunciando a seita TJ com a intenção de

143
Torre de Vigia. Profecia de Isaías, p. 348, Volume 2. Cesário Lange, SP, 2001.
144
Torre de Vigia. A Sentinela de 1º. de janeiro de 2000, p. 9. Cesário Lange, SP, 2000.
145
Torre de Vigia. Testemunhas de Jeová – Proclamadores do Reino de Deus, p. 199. Cesário Lange, SP,
1993.

167
salvar vidas. E graças ao Deus Jeová, centenas de TJs foram libertas através de
nossas literaturas e cursos distribuídos pela internet gratuitamente. Nossa
apostila RAZÕES PARA VOCÊ JAMAIS SER TESTEMUNHA DE JEOVÁ já foi lida,
partes ou inteira, por mais de 100 mil pessoas só aqui no Brasil. E este livro que
você está lendo, em suas três primeiras edições, ajudaram mais de 100 TJs a
abandonar essa seita, e isso baseado naqueles ex-TJs que nos procuraram
agradecidos pelo livro. Imagine se somarmos com os que não se manifestaram
após a leitura. A questão é: Saímos de fato das TJs, porque não éramos deles
mesmos, mas eles NUNCA FORAM CRISTÃOS, então, nós, apóstatas das TJs,
convertidos ao Deus-Triúno, temos a plena certeza de que as TJs não são a
única religião verdadeira!

PERGUNTA TJ 46 – “Onde lemos na Bíblia que apenas o sangue de


animais é condenado? A Bíblia diz para abster-se de sangue! Não
menciona se é de animais ou de homens!” – Atos 15:28, 29.

RESPOSTA CRISTÃ – De fato, qualquer tipo de sangue é condenado como


alimento. Como o sangue é símbolo de vida, não se deve tratá-lo como comida.
Sua santidade devia ser respeitada. Por isso a Bíblia condena comer o sangue,
mas sempre de animais mortos para serem comidos. Por isso, os cristãos
prisioneiros do Império Romano eram obrigados a beber o sangue dos
gladiadores mortos nas arenas romanas, os cristãos se recusavam a fazer isso,
pois equivalia a tratar o sangue de forma desrespeitosa. Afinal, seria um contra
senso se alimentar do símbolo da vida que foi tirada de alguém.

Nos textos de Atos 15:20, 28, 29, o sangue do qual se deveria abster, conforme
decisão dos apóstolos e anciãos em Jerusalém, orientados pelo Espírito Santo,
era o sangue daquilo que estava morto. Quando lemos “que vos abstenhais da
carne de animais sacrificados aos ídolos, do sangue, da carne de animais
sufocados” (v. 29), perceba que a palavra “sangue” encontra-se entre “animais
sacrificados a ídolos” e “carne de animais sufocados”. Ou seja, o sangue aqui é
de animais que foram mortos. E em todos os textos bíblicos, o sangue
condenado é daquilo que é morto para servir de alimento.

Até mesmo, na primeira vez que Deus ordenou a não comer sangue, Deus
disse a Noé: “Tudo quanto se move e vive vos servirá de alimento [...] Mas não
comereis a carne com sua vida, isto é, com seu sangue.” (Gênesis 9:3, 4)
Portanto, todas as vezes que a Bíblia condena comer sangue, ou nos ordena a
abster-se de sangue, ela está se referindo ao sangue daquilo que for morto
para servir de alimento, e não ao sangue de doadores vivos, que intencionam
salvar a vida de alguém.

168
As TJs poderão objetar, citando Levítico 17:11, 12, onde se afirma que o
motivo de Deus proibir comer sangue seria o fato de ele usar o sangue dos
animais no altar para fazer expiação pelos pecados. Mas isto apenas reforça o
que já dissemos: O sangue, como símbolo da vida, não deveria ser tratado
como satisfação pessoal, como alimento para matar a fome, e ainda mais pelo
fato de ele ser usado em rituais de expiação de pecados. Ele de fato era um
símbolo do que Cristo faria na cruz: derramar o seu sangue para nos salvar. Era
por isso que ele era tido como sagrado, como símbolo da vida. E é por isso que,
em nosso contexto, ele pode ser usado para se salvar uma vida, através da
transfusão de sangue, já que ele é símbolo da vida.

PERGUNTA TJ 47: Se um médico proibisse você de tomar bebida


alcoólica, você a injetaria em suas veias? Não, não é mesmo? Isto,
então, não prova que comer sangue é o mesmo que fazer uma
transfusão de sangue?

RESPOSTA CRISTÃ – Será que beber álcool é o mesmo que injetá-lo nas
veias? As TJs deveriam fazer o teste para ver se é. Todas elas, sem exceção,
poderiam experimentar injetar álcool nas veias, na mesma quantidade que
bebem pinga, cerveja, whisky, etc. Nunca mais seríamos incomodados aos
domingos por nenhuma delas!

Da mesma forma, beber sangue (ou comer sangue) não é o mesmo que
receber uma transfusão de sangue. Poderíamos provar isso, usando duas TJs. A
primeira, deixaríamos sete dias sem comer nada. Quando ela estivesse
morrendo de fome, faríamos uma transfusão de sangue nela. Será que isso
mataria a fome dela? Não! E ela morreria! A segunda, retiraríamos dela três
litros de sangue. Quando o corpo dela implorasse pela reposição sanguínea,
daríamos a ela três quilos de chouriço. O que aconteceria? Morreria por falta de
sangue nas veias, e de barriga cheia!

O mais lamentável de tudo é descobrir que as TJs, até 1945, permitiam


transfusões de sangue, e até mesmo faziam matérias nas revistas contando
como pessoas foram salvas pelas transfusões de sangue! Veja um exemplo
disso:

"Na cidade de Nova York, uma dona de casa, ao mexer nas coisas de um pensionista,
acidentalmente atirou em si mesma no coração com o seu revólver. Ela foi levada às
pressas para um hospital, eles cortaram em volta do seu seio esquerdo, quatro costelas
foram cortadas, o coração foi exposto, fizeram três furos em seu coração, um dos
médicos de atendimento nesta grande emergência deu um litro de seu sangue para

169
transfusão, e hoje a mulher vive e sorri alegremente sobre o que aconteceu com ela nos
23 minutos mais agitados de sua vida." 146

A pergunta que surge é: Onde estava o Jeová TJ, que demorou de 1874 a 1945
para proibir as transfusões de sangue, já praticadas nos hospitais americanos
desde 1822? Talvez estivesse tão ocupado quanto Baal, conforme o relato de 1
Reis 18:27. Na privada, quem sabe!147

PERGUNTA TJ 48: Como vocês, da Cristandade, têm a coragem de


comemorar aniversários natalícios, se na Bíblia dois servos de Deus
são mortos enquanto se celebravam aniversários (Gênesis 40:20-22;
Mateus 14:6-10), e pior, se essas festas têm origem no paganismo?

RESPOSTA CRISTÃ – Atualmente, como cristão liberto do CG, pergunto-me:


Como eu consegui acreditar numa bobagem de argumentação dessas? Será
mesmo que a Bíblia proíbe aniversários natalícios pelo fato de dois personagens
do bem, dentre o povo de Deus, serem mortos nessas celebrações? A resposta
é não! Nada no texto sugere essa proibição. Não se menciona ninguém dentre
os personagens bíblicos servos de Deus arrazoando dessa forma.

Sobre a origem pagã das festas de aniversários, precisamos descobrir se esse


paganismo se mantém vivo, ou se essas celebrações, em muitos lares, foram
cristianizadas. Ademais, dou a minha palavra em nome de Jesus: Nunca mandei
matar ninguém nessas festas, muito menos adorei deuses falsos. E você –
andou matando pessoas em festas de aniversário? Acredito que não! Também,
quando celebro meu aniversário ou de algum amigo cristão, peço a palavra,
prego o nome de Cristo, agradeço a Deus por mais um ano de vida, louvamos a
Deus, oramos pelo alimento, e colocamos Deus Pai, Filho e Espírito Santo no
centro das atenções. Nada de paganismo!

Algo importante a ser salientado é que as TJs fazem usos de objetos e


costumes vindo do paganismo. Veja o que uma de suas literaturas comentou
sobre isso:

“O emprego de templos, e estes dedicados a certos santos, e enfeitados em ocasiões


com ramos de árvores; incenso, lâmpadas e velas; ofertas votivas ao restabelecer-se de
doenças; água benta; asilos; dias santos e estações, uso de calendários, procissões,
bênçãos dos campos, vestimentas sacerdotais, a tonsura, a aliança nos casamentos, o
virar-se para o Oriente, imagens numa data ulterior, talvez o cantochão e o Kyrie Eleison

146
Torre de Vigia. Consolação de dezembro de 1940, p. 19.
147
No hebraico, quando Elias zomba dos adoradores de Baal, pelo fato de o “deus” deles não ter feito o
altar fumegar, Elias diz: “Talvez ele tenha excremento”. Elias literalmente estava afirmando que Baal
não atendeu às orações de seus adoradores por estar defecando, portanto, muito ocupado.

170
[o canto “Senhor, Tende Piedade”], são todos de origem pagã e santificados pela sua
adoção na Igreja.” 148

Veja que alianças de casamento estão incluídas na lista de objetos e costumes


pagãos, e mesmo assim as TJs as usam. Irão afirmar que as alianças perderam
o sentido religioso dos tempos dos pagãos. O mesmo podemos dizer dos
aniversários natalícios entre os cristãos.

PERGUNTA TJ 49 – Como pode um professo cristão celebrar o Natal,


se ele era uma festa pagã ao deus sol, e participar de outras
celebrações que não estão na Bíblia?

RESPOSTA CRISTÃ – O Natal foi uma festa cristianizada pela Igreja. Apesar
de muitas famílias comemorarem o Natal de forma errada, dando mais ênfase
ao Papai Noel do que a Cristo, os verdadeiros cristãos celebram o nascimento
de Jesus no dia 25 de dezembro. Não adoramos o “deus-Sol”, mas a Cristo! As
TJs perguntarão: “Você nadaria num rio se soubesse que em sua nascente há
um depósito de lixo e de excremento?” E nossa resposta será: Sim, desde que
no percurso desse rio, as águas foram purificadas e chegam límpidas até nós. É
exatamente isto que ocorreu com o Natal e outras festas de origem pagã: A
Igreja, através do curso da história, eliminou o paganismo praticado no dia do
deus-Sol, e direcionou a adoração a Deus certo, o verdadeiro. - 1 João 5:20.

Um ponto importante é que o próprio Jesus deu exemplo em cristianizar um


ritual pagão. O batismo em água era praticado entre povos pagãos. Mesmo
assim, nos ordenou a batizar os novos discípulos em nome do Pai, e do Filho e
do Espírito Santo. - Mateus 28:19.

As TJs ainda objetarão: “Só participamos de celebrações mencionadas na


Bíblia”. E nós respondemos: Mentira! As TJs acham correto um cristão celebrar
as bodas de 25, 50, 75 anos de casamento. A Bíblia não menciona essa
celebração, mas as TJs celebram. Veja o que disseram oficialmente sobre isso:

“Quando o casamento é bem sucedido, é só natural o casal lembrar-se anualmente de tal


evento feliz. Com efeito, isto pode contribuir para fortalecer a relação matrimonial. —
João 2:1-11. Fica ao critério dos que estão envolvidos decidir quais arranjos devem ser
feitos para marcar o aniversário e até que ponto devem estes se estender” 149

Não faço a menor ideia de qual desculpa as TJs irão inventar para se justificar
dessa tremenda hipocrisia: “Não celebramos festas que não estão na Bíblia”.

148
Torre de Vigia. Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo, p. 236. Cesário Lange-SP, 1989.
149
Torre de Vigia. A Sentinela 1º. de janeiro de 1962, p. 31. São Paulo, 1962.

171
Mas onde a Bíblia menciona bodas de determinado número de anos de
casamento? Em lugar nenhum!

É importante salientar também que em todas as celebrações que a Igreja


cristianizou, os cristãos devem celebrá-las pondo Deus Pai, Filho e Espírito
Santo em primeiro lugar. Diz a Bíblia: “Portanto, seja comendo, seja bebendo,
seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. – 1
Coríntios 10:31.

PERGUNTA TJ 50 – “Se Jesus disse que os ‘cônscios de sua


necessidade espiritual’ herdarão o céu (Mateus 5:3), e os ‘mansos’
herdarão a terra (Mateus 5:5), e se a Bíblia diz que os ‘reis e
sacerdotes reinarão sobre a terra’ (Apocalipse 5:9, 10), não fica claro
que há duas classes de cristãos, uma que viverá nos céus e outra que
viverá aqui na terra?”

RESPOSTA CRISTÃ – Em Mateus 5:3 há a promessa de um local para os


salvos: O reino dos céus. Estes irão para o céu morar com Cristo para todo o
sempre. (João 14:1-3) Mas a expressão “herdarão a terra” não significa de
forma nenhuma uma promessa de paraíso aqui, separado de um paraíso
celestial. Herdar a terra é uma expressão que significa herdar o local preparado
por Deus para todos os salvos, já que essa terra já nos foi dada. (Salmos
115:16) É o mesmo que dizer “novos céus e nova terra” (2 Pedro 3:13), os
quais Pedro aguardava. Jesus, ademais, ensinou que haveria um só rebanho,
um só pastor. (João 10:16) Então, as TJs não têm a menor base Bíblica para
ensinar dois rebanhos, um no céu, outro na terra.

Outro ponto importante: Se entendermos literalmente Mateus 5:3, 5 como


promessa de vida nos céus para uns e vida na terra para outros, então teremos
que admitir que os cônscios de sua necessidade espiritual herdarão os céus, e
que entre os salvos para viver na terra não haverá nenhum cônscio de sua
necessidade espiritual. E também que os mansos herdarão a terra, mas
nenhum dos que viverão no céu será manso. Um absurdo!

Com respeito ao texto de Apocalipse 5:9, 10, Deus constitui reis e sacerdotes
que reinarão sobre a terra. A palavra “sobre”, em grego, é “ἐπὶ” (epí), e de
modo algum sugere que uns estarão lá no céu e outros aqui. Essa palavra
grega apenas sugere domínio régio sobre algo ou alguém, não sobre na
acepção de estar lá em cima. Por exemplo: O Presidente da República governa
sobre nós. Será que ele está lá no céu? Não! Está junto com a gente aqui na
terra. A mesma palavra aparece em Apocalipse 9:11, ao e referir à praga de
gafanhotos: “Tinham um rei sobre eles”. Aqui apenas quer dizer que o anjo do

172
abismo, conforme o contexto, domina sobre eles, não lá no céu sobre eles. E
quem admite isso são as próprias TJs. Veja:

“O assunto deste texto é a regência; portanto, logicamente, a palavra grega epi não traz
a atenção o lugar onde estão os regentes, mas o domínio sobre o qual exercem
autoridade.” 150

As TJs poderão contra argumentar: “Mas se a Bíblia diz que Deus criou novos
céus e nova terra (Isaías 65:17, 22), então é porque os 144 mil irão viver nos
céus e a grande multidão viverá na terra!” No entanto, a Bíblia não ensina nada
disso! Em lugar nenhum lemos que os 144 mil viverão no céus e os da grande
multidão viverão na terra. Além disso, a expressão “novos céus e nova terra” se
refere ao mesmo local de salvação preparado para os salvos, e não a lugares
diferentes de salvação. Jesus chama de “casa do meu Pai”, que é nos céus. –
João 14:1-3.

É interessante notar que, na ótica TJ, elas deveriam acreditar que “os novos
céus e a nova terra” deveriam ser o mesmo lugar de salvação. Por exemplo, os
novos céus de Isaías 65:17, 22, para o CG TJ, teve um cumprimento nos dias
em que os Israelitas retornaram do exílio babilônico para Jerusalém. Afirmam
que os novos céus eram o novo governo em Jerusalém, como Josué e
Zorobabel no poder, e a nova terra ali eram a nova sociedade de pessoas a
reconstruir e habitar em Jerusalém. Veja:

“Zorobabel, descendente do Rei Davi, era governador, e Josué era sumo sacerdote.
(Ageu 1:1, 12; 2:21; Zacarias 6:11) Estes constituíam os “novos céus”. Por cima de quê?
Os “novos céus” estavam por cima de “uma nova terra”, a purificada sociedade de
pessoas que estava de volta na sua terra para reconstruir Jerusalém e seu templo para a
adoração de Jeová.”151

PERGUNTA TJ 51 – “Se Jesus disse que naquele dia ele rejeitaria


aqueles que expulsaram demônios em nome dele, não constitui isso
prova de que não podemos expulsar demônios em nome de Jesus, e
que essa prática cessou com a morte dos apóstolos?” – Mateus 7:21-
23.

RESPOSTA CRISTÃ – Se olharmos atentamente para o texto de Mateus 7:21-


23, Jesus dirá àqueles que afirmam ter expulsado demônios em nome dele:
“Nunca vos conheci!” Na verdade, eles “milagreiros fraudulentos” nunca foram
cristãos genuínos, e suas obras em nome de Cristo não terão valor nenhum. Se

150
Torre de Vigia. A Sentinela 15 de julho de 1975, p. 448 (Volume Encadernado). Cesário Lange, SP,
1995.
151

173
Jesus nunca os conheceu, é porque nunca Jesus expulsou nada, através deles.
E por quê? Porque Jesus os considerará como obreiros do que é contra a lei
(praticantes da iniquidade). Falsas curas, falsos milagres, falsas expulsões de
demônios! Portanto, o fato de serem falsos cristãos que nunca, na verdade,
expulsaram demônios coisa nenhuma não serve de proibição para cristãos
verdadeiros expulsar demônios em nome de Jesus, caso isso seja necessário. E
sobre a alegação de que a obra de expulsar demônios terminou com a morte
do último apóstolo, a Bíblia em lugar nenhum ensina isso. É pura invenção das
TJs e de seu CG.

PERGUNTA TJ 52 – “Se vocês, supostos cristãos, podem entregar


relatórios de dízimos e ofertas, por que nós, TJs, não podemos
entregar nossos relatórios de horas mensais?”

RESPOSTA CRISTÃ – O problema não está na entrega do relatório de horas


mensais, ou de dízimos e ofertas, em si. O problema é a motivação por trás
disso. Uma igreja cristã que usa esses relatórios de dízimos e ofertas para
controlar vidas, explorar pessoas, medir o progresso delas, está em pecado
diante de Deus. Particularmente, não acho correta essa prática entre nós,
cristãos. Acho que os envelopes com dízimos e ofertas poderiam ser entregues
sem nome. A mulher que ofertou tudo o que tinha ficou conhecida como
“viúva”, assim, seu nome não precisou ser exposto. (Lucas 21:2) O mesmo
poderia ser feito nos anos em que fui TJ. Em novembro de 2023, o CG mudou a
forma de os relatórios serem preenchidos, e em vez de omitirem os nomes e
manterem o número de horas, pois assim se saberia quanto está sendo feito,
mantiveram os nomes, e omitiram o número de horas trabalhadas
mensalmente. Assim, ainda continuam controlar nomes, pessoas. Bem diferente
do padrão bíblico, de se revelar quantias e omitir nomes.

PERGUNTA TJ 53 – Você conhece alguma outra religião como as TJs,


que disciplinam pecadores impenitentes, a ponto de até nos
negarmos, conforme 2 João 7-11, de dizer um mero “oi” para essa
pessoa?

RESPOSTA CRISTÃ - Como eu usava a Tradução do novo Mundo, que em 2


João 11 se usa o verbo cumprimentar, assim, eu nem dizia “oi” para os
desassociados quando eles passavam por mim. Essa era a norma. Como não
sabia grego o suficiente para lidar bem com a ferramenta, não tive condições
de raciocinar que o verbo usado ali é khaíro, e segundo a Concordância de
Strong, verbete 5463, muito usada pelo Corpo Governante, esse verbo
significava nos tempos bíblicos: “1) regozijar-se, estar contente; 2) ficar

174
extremamente alegre; 3) estar bem, ter sucesso; 4) em cumprimentos,
saudação!; 5) no começo das cartas: fazer saudação, saudar.

O texto, assim, proibia a associação íntima e a saudação cristã, tipo “paz do


Senhor” ou “graça e paz”, e não um mero oi. Reconheço que uma igreja cristã
séria deve disciplinar pecadores incorrigíveis, mas o grande problema das TJs é
que elas levam essa correção para fora da organização TJ, ou seja, para o
âmbito familiar, e daí pais expulsam filhos, filhos expulsam pais de casa,
parentes param de se relacionarem, por questões religiosas. A Bíblia não parece
apoiar esse exagero, que na verdade é uma estratégia do CG para proteger TJs
de quaisquer questionamentos de ex-TJs.

PERGUNTA TJ 54 – Se a Bíblia ensina que o povo de Deus não


aprenderá mais a guerra (Isaías 2:4), e isso já se cumpre entre nós,
por não participarmos das guerras, que outra religião poderá ser
verdadeira como nós?

RESPOSTA CRISTÃ – No texto de Isaías 2:4, o “não aprender mais a guerra”


vem após Jeová julgar as nações. Isto se ocorrerá no reino dos céus, onde nem
morte mais haverá. (Apocalipse 21:4) Enquanto isso, as autoridades existentes
são constituídas por Deus, e ele lhes dá permissão de a espada (armas) para
disciplinar. (Romanos 13:1-4) Quando uma TJ tem sua casa invadida por
assaltantes, ela acha correto chamar a polícia, que virá até o local, e armada, e
não com um par de revistinhas na mão. Se precisar, a polícia poderá atirar no
bandido, e até matá-los. Então, a autoridade que cuida de invasão de casa,
podendo até matar, é a polícia. E as autoridades que defendem o país inteiro
contra ataques de uma outra nação chamam-se Exército, Marinha e
Aeronáutica. Se a Argentina nos invadisse, as TJs não fariam nada pela nossa
nação. Mas os cristãos fariam. No entanto, há guerras em que eu, não
participaria, como as guerras produtos do egoísmo a avareza humanos. Mas de
guerras justas, não vejo razão bíblica para não fazê-lo.

PERGUNTA TJ 55 – Se a Bíblia diz que nunca passou ao coração de


Deus queimar filhos no fogo, por que crer que ele torraria pessoas
para sempre neste lugar?

RESPOSTA CRISTÃ - O texto de Jeremias 7:31 mostra que o que jamais


havia subido ao coração de Deus foi queimar filhos no fogo nos Altos de Tofete,
ou seja, nos altares de sacrifícios. E em Jeremias 32:35, lemos que os israelitas
chegaram mesmo ao cúmulo de sacrificar filhos no fogo, nesses altares, aos
deuses Moloque e Baal. Deus jamais permitiria sacrifícios humanos de crianças.
Mas queimar pessoas no fogo, inclusive crianças, como expressão de

175
julgamento, ora, isso passou diversas vezes no coração de Deus, tanto que Ele
o fez. Em Sodoma e Gomorra desceu fogo e enxofre dos céus. (Gênesis 19:24)
Não havia crianças nessas cidades? Certamente que sim. Morreram queimadas
no fogo. Assim, por esse ângulo, o inferno é bíblico, pois ele é expressão do
julgamento de Deus. Infelizmente, por ser proibido ler matéria contrária às TJs,
demorou 17 anos para eu raciocinar da forma correta. Deus promete
claramente um tormento eterno para aqueles que não são seus filhos, da
seguinte forma:

“O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e


enxofre, onde já se encontram não só a besta como também o falso
profeta; e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos
séculos.” – Apocalipse 20:10.

“Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos.” – Mateus 25:41.

É preciso fazer muito malabarismo para pôr no texto a crença das TJs. Graças a
Deus, fui liberto desses malabarismos do CG, e deixo a Bíblia falar comigo.

PERGUNTA TJ 56 – Você acha justo uma pessoa pecar oitenta anos e


viver toda a eternidade pagando por esse pecado?

RESPOSTA CRISTÃ – Os critérios de Deus não são os nossos. Deus, por


causa de um pecado de quarenta dias de murmuração de Israel, fez com que
eles peregrinassem no deserto por quarenta anos. Ou seja, transformou
quarenta dias em quarenta anos, e isso para corrigi-los. No inferno, e depois no
lago de fogo, não haverá correção, nem os que vão para lá estarão pagando
por seus pecados. Para todo o sempre estarão condenados, por um único
pecado: Ter morrido, sem receber Jesus como seu único e suficiente Salvador.
Morrer negando a Cristo não tem perdão, é impagável! Por isso o sofrimento é
eterno.

PERGUNTA TJ 57 – Se as pessoas que vão para o inferno sofrerão para


todo o sempre, então elas também terão vida eterna?

RESPOSTA CRISTÃ – Estão vivas para todo o sempre, mas sem a vida
eterna. Como assim? A vida eterna é uma recompensa, um estado eterno de
felicidade, advindas de uma comunhão jamais tida aqui na terra com a natureza
divina. (2 Pedro 1:4) Os condenados ao tormento eterno estarão vivos, mas
espiritualmente mortos em pecados e delitos, perecendo em corpo e alma para

176
sempre na Geena, ou lago de fogo. (Mateus 10:28) Um estado eterno de
corrução, por terem sido ressuscitados, mas não ter tido seus corpos
glorificados. – Romanos 8:11.

PERGUNTA TJ 58 – Como você conseguirá viver para sempre sabendo


que um parente, ou até mesmo sua mãe, pai, estão sofrendo no
inferno de fogo?

RESPOSTA CRISTÃ - Desde já é possível convivermos com a ideia de que


alguns de nossos familiares, ou até nossos pais, possam estar no inferno, caso
tenham morrido sem Cristo. Quanto mais nos novos céus e na nova terra, onde
“não haverá recordação das coisas anteriores”. (Isaías 65:17) Os motivos de
felicidade na eternidade serão tantos que nossas mentes só pensarão no
privilégio da vida eterna. Deus seja louvado por isso.

PERGUNTA TJ 59 – Como pode haver vida após a morte se em


Eclesiastes 9:5, 10 diz que os mortos não estão cônscios de
absolutamente nada?

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia, às vezes, trata apenas o corpo, ou a alma, ou


o espírito como se fosse a pessoa por inteiro. Por exemplo, Jesus disse que “o
filho do homem iria ficar três dias e três noites no coração da terra, quando
morresse”. (Mateus 12:40) Mas o que esteve no coração da terra foi o seu
corpo. Jesus disse ao ex-ladrão ao seu lado na cruz: “Em verdade, em verdade,
te digo: Hoje estarás comigo no paraíso”. (Lucas 23:43) Mas foi seu espírito
que esteve no paraíso com o espírito do ex-ladrão, já que seus corpos foram
sepultados. Da mesma forma, em Eclesiastes 9:5, 10, se diz que vamos para o
Sheol (a sepultura), e que ali “os mortos não sabem de nada; não haverá
recompensa para eles e não se tem mais lembrança deles [...] não há trabalho,
nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria”. É como diz Salmo 143:10:
“Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os
seus desígnios [ou pensamentos]”. Evidentemente, está se referindo ao corpo
da pessoa que é sepultado, que volta ao pó, corpo este que deixa de pensar na
morte. Assim, nNão há vida no Sheol, enquanto sepultura.

Mas quanto ao mundo dos mortos, ou o além espiritual, o equivalente de Sheol,


no grego, é “hades”, e Jesus usou esta palavra associada com vida após a
morte. Na parábola do Rico e do Mendigo, Lázaro. “O mendigo morreu, foi
levado pelos anjos para junto de Abraão”. Mas o que do mendigo foi levado
pelos anjos para junto de Abraão? O espírito (e/ou alma) dele. O Rico morreu,
“e no inferno, em meio aos tormentos, o rico ergueu os olhos e viu de longe
Abraão, e Lázaro junto dele”. Era na sepultura que havia tormentos? Não! Mas

177
no “hades”, traduzido aqui por inferno. Como há consciência após a morte aqui,
este “hades” não a sepultura para os homens, mas um lugar espiritual de
condenação eterna, de onde o Rico conversa com Abraão. Foi o espirito dele
que estava nesse hades.

Assim, quando lemos que alguém vai ao sheol e não há vida ali, se trata do
corpo ser sepultado. E é ali que não há mais nada para fazer, pois não há vida.
Mas quanto ao espírito da pessoa, a Bíblia mostra que há vida sim após a
morte, tanto para os ímpios, quanto para os justos.

PERGUNTA TJ 60 – Como pode haver vida após a morte se a Bíblia diz:


“A alma que pecar, ela é que morrerá”. – Ezequiel 18:4.

RESPOSTA CRISTÃ – As TJs, e seus primos sectários adventistas, e outros


mortalistas, têm dificuldade de entender que a palavra “alma”, tanto no
hebraico, como no grego, têm significados distintos. Quando lemos que a “alma
morre” (Ezequiel 18:4), trata-se da pessoa: “A pessoa que pecar, ela é que
morrerá”. Quando lemos “quem quiser achar a sua alma irá perdê-la”, “alma”
significa “vida”: “Quem quiser achar a sua vida”. (Mateus 10:39) E quando
lemos sobre “as almas dos que haviam sido mortos por causa da palavra de
Deus e do testemunho que deram” e que elas conversam com seres celestiais
no céu, então “almas” vistas ali são os espíritos dos que morreram nos dias
pré-diluvianos: “Vi os espíritos dos que foram mortos”. - Apocalipse 6:9-11.

Observe, a seguir, alguns textos que apoiam nossa crença de vida após a
morte:

“Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e


habitar com o Senhor.” – 2 Coríntios 5:8.

Se você deixar a Bíblia falar com você, sem pitacos de outros, deixar o corpo é
morrer e habitar com o Senhor é ter vida após a morte na presença de Deus.
Simples assim!

“Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei
o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo
o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne.” –
Filipenses 1:22-24.

O que seria melhor para Paulo, segundo esse texto? “Partir (morrer) e estar
com Cristo”. Por que seria melhor morrer e estar com Cristo, se não houvesse

178
vida após a morte? Não seria nada melhor, porque a pessoa deitaria de existir.
Mas como é muito melhor morrer e estar com Cristo, então que venham os
caçadores de mártires!

Conclusão

Evidentemente, as respostas dadas aqui não são de modo algum exaustivas.


Mas foi assim que o Espirito Santo me ensinou através da Bíblia a responder às
perguntas que o Corpo Governante TJ me ensinou a fazer, através da literatura
publicada pela organização religiosa TJ.

Entendo que as TJs não dispostas a se arrepender de ter crido no CG irão


tentar refutar minhas respostas cristãs, mas se elas fizerem isso darão um
ótimo motivo para este livro ficar mais encorpado de páginas em futuras
edições. Costumo dizer de brincadeira, mas tem sido uma verdade, que cada
vez que uma TJ me refuta, minha mente pensa dez páginas de tréplicas, tudo
por amor a elas, porque quero vê-las salvas do inferno, do CG, e ganhas para
Jesus Cristo.

Que estas respostas possam lhe incentivar a buscar os tesouros da sabedoria


de Deus. (Provérbios 2:1-6) Jamais tenha preguiça de conhecer mais da Palavra
de Deus. Não seja como aquele povo israelita que sofria, que padecia por falta
de conhecimento. (Oséias 4:6) Não esteja entre aqueles que se alimentam do
leite da Palavra, mas não do alimento sólido. (Hebreus 5:12-14) Quanto mais
conhecimento da Bíblia e da sã doutrina você tiver, maior será o seu
relacionamento com o Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e mais equipado para
toda boa obra – incluindo o evangelismo e discipulado de TJs – você estará. – 2
Timóteo 3:17.

179
180
CAPÍTULO 10
RAZÕES PARA VOCÊ JAMAIS SER
TESTEMUNHA DE JEOVÁ

Muitas TJs me acusam de praticar perseguição, ódio e intolerância religiosa


contra a religião delas. Mas isso em hipótese alguma é verdadeiro. Eu amo as
TJs, oro por elas, respeito a liberdade religiosa delas. Os termos religiosos que
uso em relação ao Corpo Governante são praticamente os mesmos que ele usa
contra a nossa fé cristã. Assim, quando dialogo com as TJs, procuro convencê-
las de que discordar de uma fé não constitui, necessariamente, em
perseguição, ódio ou intolerância, pois se assim fosse, nós também estaríamos
sofrendo o mesmo das TJs quando elas discordassem de nossas crenças.

A questão é: Da mesma forma como as TJs se acham no direito garantido pela


Constituição Brasileira de, no exercício de sua liberdade religiosa, afirmar que
nossas igrejas cristãs fazem parte de Babilônia, a Grande, moradia de demônios
(Apocalipse 18:1-4), nós também temos o direito de alertar aos cristãos sobre o
perigo espiritual para aqueles que se arvoram em se tornam membros dessa
organização composta por pessoas tão queridas e especiais.

POR QUE DEIXAR A TORRE DE VIGIA E SEU CORPO GOVERNANTE?

Com isso em mente, propus-me nesta edição do meu livro DAS TREVAS DA
TORRE DE VGIA PARA A LUZ DE CRISTO presentear você com algumas poucas
dentre tantas razões para você JAMAIS SER da organização TESTEMUNHA DE
JEOVÁ. Na verdade, cada razão é uma crença absurda delas, seguida de uma
resposta cristã.

RAZÃO 1 - As TJs negam que Deus seja onipresente e onisciente.


Afirmam que Deus não sabia que Adão e Eva pecariam, e que Deus
não está em toda parte, mas apenas no céu, conforme a oração do
Pai-Nosso.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia diz que Deus conta o final desde o princípio.
(Isaías 46:9, 10) Jesus sabia, em seu estado de humilhação aqui na terra, que
Pedro iria negá-lo três vezes. (Mateus 26:34, 75) Então, Deus é onisciente sim!
Sobre Deus estar apenas nos céus, isto não é verdade! Jesus, na oração do Pai-
Nosso, não disse que Deus está só nos céus, mas que está nos céus. (Mateus
6:9) Lemos em 1 Reis 8:27 que os céu dos céus não podem conter Deus.
Assim, ele está em todo o universo. Conforme diz o Salmo 139:7-10, para onde

181
formos, Deus lá estará. Jesus disse também poder estar onde dois ou mais
estiverem reunidos em nome dele. (Mateus 18:20) Assim, Deus é onipresente
sim!

RAZÃO 2 – As TJs ensinam que Deus não é uma Trindade.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia ensina que o Pai é Deus (João 17:3), que o
Filho é Deus (João 1:1; 20:28; Hebreus 1:8), que o Espírito Santo é Deus (Atos
5:3, 4), mas Deus é um só. (Efésios 4:6) Portanto, Deus é um só Deus em três
pessoas distintas, mas não separadas, porque elas são o mesmo Deus.

RAZÃO 3 – As TJs ensinam que Jesus é uma criatura, portanto, negam


que ele seja o Deus verdadeiro.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia ensina que Jesus é o Deus verdadeiro. (1 João


5:20) Se Jesus é a verdade (João 14:6) e é Deus (João 1:1; 20:28; Romanos
9:5), logo ele é Deus verdadeiro. Sobre ele ser uma criatura, a Bíblia ensina
que ele é o Criador. Lemos em João 1:3 que tudo foi feito por intermédio dele,
e nada do que foi feito existe sem ele. Em Colossenses 1:15-17, lemos que
Jesus é chamado de primogênito da criação não porque foi criado, mas porque
por intermédio dele tudo foi criado, portanto, ele é antes de todas as coisas. Só
Deus pode ser antes de tudo, inclusive do tempo e do espaço em qualquer
mundo possível. É também chamado de “primogênito da criação” porque, ao
ter sido usado pelo Pai para criar tudo, tornou-se herdeiro da criação (Hebreus
1:2), o que tido primogênito é. Sendo herdeiro, está sobre toda a criação, sem
fazer parte dela.

RAZÃO 4 – As TJs ensinam que Jesus foi o primeiro filho de Jeová que
precisou nascer de novo.

RESPOSTA CRISTÃ – Jesus disse que seus discípulos precisavam nascer de


novo para ver o reino de Deus (João 3:3) Jesus não precisava nascer de novo
para ver o reino de Deus, pois ele já pertencia a ele antes de vir até nós, por
isso dizia que seu reino não era deste mundo. (João 18:36) Nascer de novo é
para pecadores, os quais, após se converterem a Cristo, deixam de estar
mortos em pecados e delitos e passam a receber vida em Cristo. – Efésios 2:1,
5.

RAZÃO 5 – As TJs ensinam que Jesus não foi ressuscitado com o


mesmo corpo que morreu, mas apregoam que Jeová fazia Jesus
apenas se materializar em seus aparecimentos após sua ressurreição.
Ainda argumentam que era por isso que seus discípulos não o
reconheceram prontamente após a sua ressurreição, e que se Jesus

182
tivesse pegado seu corpo de volta, o sacrifício dele não teria valido
nada.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia não ensina que os discípulos de Jesus não o


reconheceram porque ele não fora ressuscitado no mesmo corpo, mas porque
seus olhos estavam como que fechados (Lucas 24:16); e quando reconheceram
Jesus, diz-se que seus olhos foram abertos. (Lucas 24:31) Afirmar que se Jesus
tomasse seu corpo de volta seu sacrifício não teria valor é ridículo, pois Jesus
disse: “Dou a minha vida e a tomo de volta”. (João 10:17) E que foi o mesmo
corpo fica claro pelo fato de se profetizar que seu corpo não veria a
deterioração, ou seja, ele seria ressuscitado antes de se deteriorar. (Atos 2:27,
31) Se Jeová tivesse dado outro corpo a Jesus, teria que ter sumido com o
primeiro corpo, o qual já teria se deteriorado.

RAZÃO 6 – As TJs não creem que Jesus, após a sua encarnação, possui
duas naturezas, a divina e a humana, mas afirmam que ele, ao vir até
nós, deixou de ser anjo e se tornou homem.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia ensina que o Verbo, Jesus, se fez carne (não se
transformou em carne) e habitou entre nós. (João 1:14) Lemos também que
Jesus, existindo na forma de Deus (ou seja, em grego: sem deixar de ser
Deus), assumiu a forma de servo, vindo a ser na semelhança dos homens.
(Filipenses 2:5-8) Portanto, a partir da encarnação, Jesus é Deus e homem para
sempre. Por isso lemos na Bíblia textos que mostram Jesus como Deus e
homem. Por exemplo, em Hebreus 1:8-10, Jesus é descrito pelo Pai como Deus
e Senhor (vv. 8, 10) e como homem que fora ungido e tendo um Deus (v. 9).
Em Apocalipse 1:17, 18, Jesus se descreve como “o primeiro e o último”, sendo
este um título divino (Apocalipse 22:13) e como o que ‘esteve morto e vive’,
uma referência à sua morte e ressurreição. Quando compreendemos que na
pessoa de Jesus há duas naturezas, e que elas não se separam por pertencer à
mesma pessoa, mas não se misturam porque cada uma delas têm seus
atributos próprios, entendemos por que Jesus podia ao mesmo tempo ser
aquele em quem estão contidos todos os tesouros da sabedoria (Colossenses
2:3) e ser aquele que não sabia de todas as coisas (Mateus 24:36). Ou seja,
sabia de tudo em sua natureza divina, não sabia de tudo em sua natureza
humana.

RAZÃO 7 – As TJs ensinam que apenas Jeová é o Salvador de fato, e


que Jesus é apenas um agente ou meio de Jeová salvar, não o
Salvador.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia ensina que não há Salvador além de Jeová. O


Pai é Jeová (Isaías 64:8) e é o único Salvador (Isaías 43:11). A Bíblia ensina
que Jesus é Jeová (Isaías 6:1-3; João 12:39-41), e que Jesus é o único

183
Salvador. (Atos 4:12) Jesus fez a parte mais difícil da salvação, que foi sofrer
morte de cruz. (Filipenses 2:7, 8) A Bíblia ensina que o Espírito Santo é Jeová
(Isaías 6:8-10; Atos 28:25, 26), e que ele salva, pois faz o homem nascer de
novo (João 3:3), convence o homem do pecado (João 16:8) e sela o salvo,
tornando-se a garantia da herança dos salvos. (Efésios 1:13, 14) Assim, as três
Pessoas da Trindade são o único Jeová Salvador.

RAZÃO 8 – As TJs ensinam que Jesus não foi ressuscitado com o


mesmo corpo, mas que foi ressuscitado em espírito, e apareceu e foi
visto pelos discípulos por ter se materializado num corpo parecido
com o que tinha antes. Alegam que se Jesus tivesse sido ressuscitado
no seu próprio corpo, o sacrifício dele não teria valido nada, já que
deu seu corpo por nós. Ainda afirmam que não foi no mesmo corpo
que apareceu aos discípulos porque eles não o reconheceram por
várias vezes.

RESPOSTA CRISTÃ – A argumentação TJ é falha em tudo. Primeiro, ninguém


é ressuscitado em espírito, pois o que é ressuscitado é o que morre. Todas as
ressurreições na Bíblia, em sentido literal, ocorrem no próprio corpo da pessoa.
Segundo, Jesus disse: “Dou a minha vida para retomá-la”. (João 10:17) Então,
se ele a toma de volta, o sacrifício dele não valeu nada? Obviamente que valeu.

Segundo, a Bíblia não diz que os discípulos não reconheceram o ressuscitado


Jesus por ele estar num corpo materializado. Em vez disso, ela explica: “Mas os
olhos deles estavam como que fechados, de modo que não o reconheceram”.
(Lucas 24:16) Mais adiante, quando perceberam que era Jesus, numa casa em
Emaús, diz o relato: “Então os olhos deles foram abertos, e o reconheceram”.
(Lucas 24:31) Portanto, nada a ver com Jesus se materializar em outro corpo.

Terceiro, a profecia bíblica sobre o corpo de Jesus não ver a deterioração (ou:
corrupção) prova que Jesus ressuscitou com o mesmo corpo. Lemos: “Pois não
deixarás a minha vida no túmulo, nem permitirás que teu santo sofra
deterioração”. (Salmo 16:10) Pedro, em seu famoso discurso em Atos 2, mostra
que o Salmo 16:10 cumpriu com Jesus, nas seguintes palavras: “Davi previu
isso e falou da ressurreição de Cristo, cuja vida não foi deixada no túmulo e
cuja carne não sofreu deterioração”. (Atos 2:31) Como a carne de Jesus não
sofreu deterioração? Porque Jesus foi ressuscitado com o mesmo corpo. Dizer
que foi porque Jeová sumiu com o corpo de Jesus para dar outro
momentaneamente a ele é tolice, pois o corpo morto de Jesus deterioraria do
mesmo jeito, a menos que o “Jeová-TJ” tivesse guardado ele no freezer
celestial!

Quanto, Paulo confirma que foi o mesmo corpo, nas seguintes palavras: “E, se
o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós,

184
aquele que ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos há de dar vida também
aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito, que em vós habita”. Perceba que
Paulo diz: “Há de dar vida TAMBÉM aos nossos corpos mortais”. Por que disse
“TAMBÉM”? Por que assim como o Espírito deu vida ao corpo mortal de Jesus,
ele dará também a nós. A qual corpo mortal de Jesus, senão aquele que foi
dado por nós, e ressuscitado depois?

RAZÃO 9 – As TJs ensinam que o Espírito Santo não é um ser pessoal,


mas a força ativa de Jeová. E perguntam: Como pode uma pessoa ficar
cheia de outra pessoa, o espírito santo? (Atos 2:4) Como pode uma
pessoa ser batizada na outra?

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia ensina que o Espírito Santo é um ser pessoal


porque fala a nós do que ouve do Pai (João 16:13), e só uma pessoa pode falar
do que ouve. Lemos também que se pode mentir para o Espírito Santo, assim
como se pode mentir para homens e para Deus. (Atos 5:3, 4) Lemos também
que podemos entristecer o Espírito Santo, mas uma força ativa não fica triste.
(Efésios 4:30) E observamos o Espírito Santo ter vontade própria (Atos 13:2) e
compartilhar sua vontade própria com outras pessoas. – Atos 15:28.

Quanto às duas perguntas, podemos ficar sim cheios do Espírito Santo, pois
significa ficarmos cheios do que ele nos faz, ou seja, nos dá poder. (Atos 1:8) E
em sentido simbólico e espiritual podemos ser batizados numa pessoa, assim
como os israelitas foram batizados e Moisés. – 1 Coríntios 10:2.

RAZÃO 10 – As TJs ensinam que o Espírito Santo de Jeová ilumina a


liderança mundial desta organização, de modo que sempre se faz
mudanças de ensinos, como se fossem novas luzes, conforme sugere
Provérbios 4:18.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia não ensina que o Espírito Santo faz as TJs
mudarem de ensinos como se fossem novas luzes. Essa é uma desculpa que as
TJs dão porque elas já mudaram 369 vezes de ensinos. Provérbios 4:18 diz que
a vereda dos justos é uma luz que brilha mais e mais até ser dia. Assim, uma
nova luz não pode apagar a luz anterior, mas no caso das TJs, diversas
mudanças de ensinos apagaram a interpretação dada anteriormente, tornando
os ensinos dessa organização uma verdadeira escuridão, de modo que
Provérbios 4:19 diz: “Eles nem sabem onde tropeçam”.

RAZÃO 11 – As TJs ensinam que para se entender a Bíblia é preciso ter


confiança no Corpo Governante delas, ou seja, em seus líderes
mundiais, os quais, segundo elas, são chamados na Bíblia de Servo

185
Fiel e Prudente (Mateus 24:45-47), o qual dá alimento espiritual às
TJs através de livros e revistas publicados. Assim, sem o Corpo
Governante delas, não se pode avançar na estrada da vida, não
importa quantas vezes se leu a Bíblia.

RESPOSTA CRISTÃ – O Servo Fiel e Prudente de Mateus 24:45-47 refere-se a


todo membro da Igreja que está pronto para a volta de Cristo. Nos tempos
bíblicos, quando o amo saía de viagem, ele deixava a responsabilidade de
alimentar a família e todos os outros servos nas mãos de seus servos. Quando
o amo retornava, ele ficava feliz em ver o servo cumprindo com as
determinações do amo. Isso mostrava que o servo estava preparado para a
volta do amo, a qualquer momento. Jesus deixou nas mãos da Igreja a
responsabilidade de alimentar outros com a palavra de Deus, fazendo discípulos
e ensinando-lhes a palavra de Jesus. (Mateus 28:19, 20) O Servo Fiel e
Prudente, assim, nada tem a ver com líderes mundiais que publicam revista e
livro, que sempre precisam ser trocados devido a tantas mudanças de ensinos!
Com certeza, o Corpo Governante, com tantas mudanças de ensinos, não é o
canal de comunicação entre Deus e os homens, mas o canal de bagunça entre
Satanás e seus seguidores.

RAZÃO 12 – As TJs ensinam que o homem não tem uma alma imortal
que sobrevive à morte do corpo, porque a Bíblia diz que “a alma que
pecar, ela é que morrerá”. – Ezequiel 18:4.

RESPOSTA CRISTÃ – A palavra “alma”, tanto no hebraico (nephesh) como


em grego (psikhê), podem ter vários significados. Um deles é “pessoa”, assim,
a pessoa (alma) que pecar, ela é que morrerá. Pode também significar “vida”,
assim “quem achar a sua vida (alma, em grego) irá perdê-la, e quem perder a
sua vida por causa de mim a achará”. (Mateus 10:39) Mas há textos em que a
palavra “alma” significa a parte imaterial e consciente do homem que sobrevive
à sua morte, e é até capaz de se comunicar com Deus. É o caso das “almas dos
que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que
deram” estarem clamando a Deus por justiça, para que Deus vingasse o sangue
delas derramado aqui na terra, e Deus responde a elas, pedindo que esperem
um pouco mais. (Apocalipse 6:9-11) E a crença que a alma sobrevive à morte
do corpo é apoiado pelas palavras de Jesus ao ex-ladrão na cruz: “Em verdade,
em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43), e na
parábola do Rico e do Lázaro, onde ambos, após a morte, são descritos como
vivos, um no seio de Abraão, o outro em tormentos no hades (mundo dos
mortos). – Lucas 16:19-31.

186
RAZÃO 13 – As TJs não creem na doutrina bíblica do inferno de fogo
(as penas eternas), por não crerem na vida após a morte e afirmarem
que num Deus de amor não passa a ideia de queimar filhos no fogo
(Jeremias 7:35), e um Deus justo não faria pecadores pagarem
durante uma eternidade os seus pecados cometidos em algumas
dezenas de anos. Afirmam também que se o salário do pecado é a
morte, assim, quando a pessoa morre, sua morte paga seus pecados,
então, não há razão para ser punida com o tormento eterno.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia ensina vida após a morte, tanto que na


parábola do Rico e do Lázaro, o Rico morre e vai sofrer tormentos no Hades.
(Lucas 16:23) Jesus dirá aos condenados: “Malditos, afastai-vos de mim para o
fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos”. (Mateus 25:41) Em
Apocalipse 20:10 lemos que “o diabo, a besta (pessoas más) e o falso profeta
(pessoas más) serão atormentados dia e noite, pelos séculos dos séculos”. Isto
ocorrerá no lago de fogo, que é a segunda morte. (Apocalipse 20:14; 21:8)
Chama-se “segunda morte” porque é uma morte espiritual sem fim, onde todos
os que ali estão eternamente na condição de mortos em pecados e delitos.
(Efésios 2:1, 5) Na ressurreição, suas almas (espíritos) retornarão a seus
corpos, e, como injustos (João 5:28, 29), serão condenados a uma destruição
que nunca termina, uma corrupção sem fim, chamada por Daniel de
ressurreição “para vergonha e desprezo eterno” (Daniel 12:2) e por Jesus de
destruição da alma e do corpo. - Mateus 10:28.

Sobre Deus ser amoroso e não passar na mente dele a ideia de queimar filhos
no fogo, isto só se diz respeito a não oferecer crianças no fogo como sacrifícios
a deuses falsos. (Jeremias 7:37; 32:35) Mas queimar pessoas no fogo, Deus fez
muitas vezes, como em Sodoma e Gomorra. (Gênesis 19:24) Sobre a afirmação
de ser desproporcional o castigo eterno em relação a algumas décadas de vida
em pecado, a resposta é: Os critérios de Deus são outros. Deus transformou
quarenta dias de murmuração em quarenta anos de peregrinação no deserto
(Números 14:34), visando corrigir os israelitas. O que dizer de pessoas que
jamais se deixarão ser corrigidas! Na verdade, ninguém vai para o fogo eterno
pagar pecados, pois jamais haverá perdão para eles. (Veja Mateus 12:31, 32) O
pecado imperdoável e de consequências eternas que os levou para o fogo
eterno é morrer sem se converter a Cristo, deliberadamente.

Por fim, a morte da pessoa não paga seus pecados. Se assim fosse, Jesus não
precisaria ter vindo morrer por nós para nos salvar. Quando lemos na Bíblia que
o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23), significa que quando o homem
pecou, o pecado deu ao homem, como salário, a morte. Já em Romanos 6:7,
“aquele que morreu foi absolvido do pecado” precisa ser entendido de acordo

187
com o contexto. A morte no contexto tem a ver com morrer para o pecado,
assim, aquele que morreu para o pecado foi absolvido dele, pois não
permanece nele, por ter se convertido a Cristo, o qual salva a pessoa através
de sua morte vicária.

RAZÃO 14 – As TJs afirmam que Charles Taze Russell reuniu as


verdades espalhadas entre as seitas numa única igreja ou religião
verdadeira.

RESPOSTA CRISTÃ – Todas as seitas são exclusivistas, de algum modo. No


caso das TJs, elas se declaram a única religião verdadeira. Todavia, foram
fundadas por Charles Taze Russell em 1874, nos EUA. Segundo livros da
própria organização TJ, Russell teria reunido as verdades espalhadas nas
Igrejas numa só religião. Todavia, ficou conhecido em toda terra por suas falsas
profecias sobre a volta de Cristo para 1914. Falava tanto de suas supostas
verdades, mas se esqueceu da verdade de que não se pode saber o dia e a
hora da volta de Cristo. O próprio Jesus ensinou a não se estipular datas para a
sua volta. (Mateus 24:36; Marcos 13:32; Atos 1:6, 7) Na verdade o que Russell
fez foi reunir as mentiras de outras seitas apocalíticas, como as da Igreja
Adventistas do Sétimo Dia, numa só seita, pois negou as doutrinas da Trindade,
negada na época pela maioria dos adventistas, da imortalidade da alma e das
penas eternas. Sem contar o fato de sua esposa, Maria Russell, ter se
divorciado dele, acusando-o de adultério com sua empregada doméstica
chamada Rose Ball. Belo recomeço da adoração verdadeira!

RAZÃO 15 – As TJs previram a volta de Cristo com datas marcadas


para 1914, 1925 e 1975. Todavia, negam que se tratou de falsas
profecias, porque sempre afirmaram não ter o dom da profecia.

RESPOSTA CRISTÃ – Todo falso profeta não tem o dom da profecia. Se


tivesse, não seria falso profeta, não é mesmo? Na verdade, as TJs,
principalmente seus apologistas da internet, tentam incutir na mente dos
incautos que elas nunca profetizaram nada, mas apenas, desejosas de ver
cumpridas as profecias sobre o fim, acabaram tendo falsas expectativas e
interpretaram erroneamente as profecias. Só um trouxa para cair numa
conversa dessas! Por quê?

O problema é que, de acordo com a Bíblia, o falso profeta não apenas é


identificado por fazer profecias que não se cumprem, mas também por
interpretar erroneamente a profecia. Quando Deus mostrou aos profetas que
Jerusalém enfrentaria um período de guerras e derrotas, os falsos profetas
interpretaram mal as profecias divinas, dizendo ao povo: “Há paz, há paz!”

188
(Jeremias 6:14; Ezequiel 13:1-10) O mesmo ocorreu com as TJs. Seu Corpo
Governante interpretou erroneamente a profecia, e estipulou datas para a volta
de Jesus. Era simples ter crido nas palavras de Jesus: “Eu venho como ladrão.”
(Apocalipse 16:15) Os apóstolos, como Pedro, criam que Jesus voltaria como
ladrão. Paulo escreveu: “Porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do
Senhor virá como o ladrão.” (1 Tessalonicenses 5:2) Pedro também escreveu:
“O dia do Senhor virá como ladrão”. (2 Pedro 3:10) Isto significava que não se
podia saber quando Jesus viria. Mas as TJs não se importaram com essas
palavras, e interpretaram erroneamente a profecia, tornando-se uma religião de
falsos profetas.

Para piorar as coisas, a literatura TJ aponta que elas, e principalmente sua


liderança mundial, constitui o profeta Ezequiel moderno. Com esses fatos em
mente, será que o são mesmo? Ou será que estão mais para os profetas de
Baal? – 1 Reis 18:19, 22, 25.

RAZÃO 16 – As TJs deturpam Atos 5:42 e 20:20, 21, por ensinar que a
religião, para ser verdadeira, precisa andar de casa em casa, como
elas fazem.

RESPOSTA CRISTÃ – Na língua grega, há dois tipos de “de casa em casa”. O


primeiro é o sentido distributivo, o segundo é o sentido consecutivo. O sentido
distributivo indica que ir de casa em casa equivale, por exemplo, ao mesmo que
o médico faz: Ele vai de casa em casa, mas apenas onde é chamado, ou seja,
segundo (ou conforme) a casa. Este é o sentido da expressão “de casa em
casa”, em Atos 5:42 e 20:20, 21. Em grego é kat’ oikon. Mas o de casa em casa
do modo como as TJs fazem é o sentido consecutivo, ou seja, uma casa após a
outra. No grego é “eks oikías eis oikian”, usado em Lucas 10:7. Portanto, em
Atos 5:42 e 20:20, 21, não está se referindo ao ir de casa em casa à moda TJ,
mas é o de “casa em casa” equivalente a “pelas casas”. Nos tempos bíblicos,
havia os cultos (reuniões) nos lares, nas chamadas casas-igrejas. (1 Coríntios
16:19) O evangelho era pregado no tempo e nas casas (nos cultos nos lares).
Portanto, o que as TJs fazem, além de interpretar mal o texto em grego, é
transformar um dos métodos de se pregar o evangelho em doutrina, em regra
de fé e prática. Perguntamos: Valeria a pena para a fé de um cristão recebê-los
para nos ensinar a Bíblia em nossos lares? A resposta é não!

RAZÃO 17 – As TJs apregoam que são a única religião verdadeira


porque não pegam em armas nas guerras (Isaías 2:4) e,
consequentemente, não matam o próximo. Portanto, se julgam a
única religião que realmente ama o próximo como Jesus nos amou. –
João 13:34, 35.

189
RESPOSTA CRISTÃ – Existem guerras que, talvez, não fosse correto o cristão
participar, como aquelas resultado do egoísmo e da avareza entre nações. Mas
há guerras em que o cristão poderia participar, como as que resultam de uma
invasão injusta ao seu país da parte de uma nação vizinha. Neste caso, seria
uma autodefesa. A participação do cristão em guerras justas encontra
jurisprudência nas guerras santas nos idos do Israel antigo, quando Deus é
conhecido como “Jeová dos exércitos” (Salmo 24:10), o qual convocava Israel
para a guerra: “Preparai a guerra, convocai os guerreiros. Aproximem-se todos
os homens de guerra e ataquem”. - Joel 3:9.

Com respeito a Isaías 2:4, as TJs insistem que não se deve ir à guerra porque o
texto diz para transformamos nossas espadas em relhas de arado, e que o povo
de Deus não aprenderá mais a guerra. Essa profecia ainda é, em sua grande
parte, para o futuro. Por isso o texto reza: “Ele julgará entre as nações e será
juiz entre muitos povos; e estes converterão as suas espadas em lâminas de
arado, e as suas lanças, em foices; uma nação não levantará espada contra
outra nação, nem aprenderão mais a guerra”. (Isaías 2:4) Portanto, o não
aprender mais a guerra virá após o julgamento final, quando só houver salvos.

O interessante a ser observado é que, embora as TJs sejam contra usar armas
e não peguem em armas para guerrear, quando observam suas casam sendo
invadidas por ladrões ou assassinos, não fazem a menor objeção em chamar a
polícia, e com certeza não serão contra a polícia vir armada. Se usar armas é
fazer a vontade do diabo, então porque se valer da ajuda de quem
supostamente estaria a serviço dele? Portanto, da mesma forma como é correto
chamar a polícia para defender suas casas, também é correto, quando o motivo
é justo, o Estado convocar o exército para defender nossa casa, a nossa pátria.

Algumas TJs poderão objetar, por afirmar que Jesus disse a Pedro, após este
cortar a orelha do soldado Malco com a espada: “Guarda a tua espada; porque
todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão”. (Mateus 26:52)
Todavia, Pedro não era autoridade constituída por Deus para fazer uso da
espada, como instrumento de punição. Mas a Bíblia diz que há autoridades
constituídas por Deus que podem agir como “servas de Deus e agentes de
punição de ira contra quem pratica o mal”. – Romanos 13:1, 4.

E para sacramentar a resposta, “havia um homem em Cesareia, cujo nome era


Cornélio, centurião do regimento militar chamado Italiano”. (Atos 10:1) O relato
de Atos 10 mostra a conversão deste homem ao Senhor Jesus, e a Bíblia não
ensina em momento algum que ele abandonou seu posto militar.

RAZÃO 18 – As TJs afirmam ser errado um cristão votar em alguém


nas eleições, ou se candidatar a cargos políticos, já que o Diabo

190
ofereceu todos os reinos a Jesus. (Mateus 4:8-10) Então, arrazoam
que participar da política significa fazer parte do mundo de Satanás.

RESPOSTA CRISTÃ – Em todas as áreas da sociedade humana, há cristãos e


não cristãos. Por exemplo, no comércio há pessoas que fazem a vontade do
diabo por roubarem, serem desonestas. Diz a Bíblia: “O SENHOR odeia pesos
fraudulentos, e balanças enganosas são perversas”. (Provérbios 20:23)
Apocalipse mostra que “os comerciantes da terra se enriqueceram à custa de
seu [o de Babilônia] luxo excessivo”, uma figura do anticristo. (Apocalipse 18:3)
Significa isso que um cristão não pode ser comerciante? Obviamente que pode!
Da mesma forma, ocorre com a política. Quando cristãos de verdade são eleitos
pelo voto de outros cristãos, os casos de corrupção diminuem. Portanto, a
Bíblia nunca proíbe servos de Deus de participar na política. Pelo contrário, no
Egito, José só estava abaixo do Faraó, e era chamado de “senhor da terra”.
(Gênesis 42:30) Daniel, Sadraque, Mesaque e Abdenego ocupavam cargos
políticos em Babilonia. Diz a Bíblia: “O rei nomeou Sadraque, Mesaque e
Abednego como superintendentes dos negócios da província da Babilônia; mas
Daniel permaneceu na corte real.” (Daniel 2:49) Obviamente, os cristãos não
participaram da política romana em períodos de perseguição contra a fé, como
não participariam hoje também.

Quanto a se candidatar e ser eleito para cargos políticos, encontramos respaldo


bíblico para isso. Lemos em Romanos 13:1-4, já citado anteriormente. Lemos
ali que as autoridades são constituídas por Deus, e que não há autoridade que
não venha de Deus. Como Deus as constitui? Por permitir que elas exerçam a
autoridade conferida a elas pelo povo, quando é democracia, ou pela família,
quando se trata de reis. Então, como podem as TJs acharem errado votar em
alguém, se quando eleitas, sua autoridade vem de Deus?

Mas e quanto à alegação de que o Diabo ofereceu todos os reinos do mundo a


Jesus? Bem, o Diabo é o Pai da mentira. (João 8:44) E disposto a tudo para
fazer Jesus pecar, algo impossível por sinal, foi capaz até mesmo de negar o
fato de que Jesus, como Deus, é o “governante dos reis da terra”. (Apocalipse
1:5) Embora o mundo inteiro jaz no maligno (1 João 5:21), a autoridade para
haver reis neste mundo mau vem de Deus. Portanto, as TJs não deveriam ter
caído no conto do vigário de Satanás, e usar isso como desculpa para não
eleger nenhum político. E pior, se ser político, em si, é fazer parte do mundo de
Satanás, então por que as TJs, de vez em quando, pedem favores aos políticos
deste mundo? Quanta contradição!

191
RAZÃO 19 – As TJs ensinam que há dois rebanhos, os 144 mil (número
literal) que viverão no céu, e os da grande multidão que viverão no
paraíso na terra.

RESPOSTA CRISTÃ – Em primeiro lugar, Jesus ensinou que haveria um só


rebanho, um só pastor. (João 10:16) Apelar para Mateus 5:3, 5, onde lemos
que os pobres de espírito herdam o reino dos céus e os mansos herdam a terra
não é correto, pois daria a impressão que quem vai para o céu é pobre de
espírito, mas não é manso, e quem viverá na terra é manso mas não é pobre
de espírito. Na verdade, herdar o reino dos céus e herdar a terra são meio que
sinônimos, já que Pedro aguardava novos céus e nova terra (2 Pedro 3:13), ou
seja, ele considerava novos céus e nova terra como um só lugar de salvação,
debaixo das bênçãos de Deus.

Em segundo lugar, em momento algum a Bíblia ensina que os 144 mil viverão
no céu e os da grande multidão viverão no paraíso na terra. Apelar para o texto
de Apocalipse 5:10, onde se diz que reis e sacerdotes reinarão sobre a terra é
tolice, já que a proposição grega para “sobre” (epí) não indica uns lá em cima e
outros aqui embaixo, mas indica superioridade de posição, como na frase: “O
Presidente do Brasil governa sobre o povo”. É óbvio que o presidente não está
no céu e nós aqui na terra! (Compare com Apocalipse 9:11) A Bíblia, por
exemplo, fala que os da grande multidão estão diante do trono de Deus.
(Apocalipse 7:9-14) Se o trono de Deus está no céu, a grande multidão estará
no céu também. E lemos também sobre uma grande multidão nos céus
louvando a Deus, gratos pela salvação. (Apocalipse 19:1) Os 144 mil são vistos
no Monte Sião com Jesus. (Apocalipse 14:1-4) Não se trata do Monte Sião
literal, mas dos salvos que estão na Nova Jerusalém: “Mas tendes chegado ao
monte Sião, à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, ao incontável número
de anjos em reunião festiva”. (Hebreus 12:22) Assim, todos os salvos se
reunirão no céu – chamado de novos céus e nova terra, e nas palavras de
Jesus, “a casa de meu Pai”. – João 14:1-3.

RAZÃO 20 – As TJs ensinam que apenas os 144 mil delas nascem de


novo, e que os membros da grande multidão não nascem de novo pois
o novo nascimento seria só para quem tem esperança de vida
celestial. – João 3:3-6.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia não ensina isso em lugar nenhum! Jesus disse
“que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”. (João 3:3) O
novo nascimento está disponível para todo o pecador que desejar receber
Cristo em sua vida. Por isso, lemos em Efésios 2:1, 5, 6: “Ele vos deu vida,
estando vós mortos nas vossas transgressões e pecados [...] estando nós ainda

192
mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo (pela graça
sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez assentar
nas regiões celestiais em Cristo Jesus”. Em momento algum lemos que o novo
nascimento destina-se apenas aos dos 144 mil, na ótica TJ, e que os da grande
multidão não precisam nascer de novo. Os da grande multidão, segundo a
Bíblia, lavam suas vestes e as embranquecem no sangue do Cordeiro.
(Apocalipse 7:14) Dependem, assim, exclusivamente de Jesus para sua
salvação. E não nascem de novo? Não irão ver o reino de Deus? Irão ver qual
reino, então? Coisas de TJs!

RAZÃO 21 – As TJs ensinam que apenas os 144 mil podem comer do


pão e beber do vinho (ou: suco de uva) na Ceia do Senhor. Os da
grande multidão podem estar presentes, mas irão apenas passar
esses elementos de mão em mão. Atualmente, apenas umas 20 mil
TJs – um restante dos 144 mil ainda vivos na terra – participam
desses “emblemas”, como afirmam.

RESPOSTA CRISTÃ – Temos a certeza absoluta de que a Bíblia, em versículo


algum, apregoa que apenas os 144 mil podem participar do pão e do vinho.
Lemos em Mateus 26:26: “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e,
abençoando-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei; isto é o
meu corpo”. Assim, o pão, e certamente o vinho, é destinado aos discípulos de
Jesus. Os da grande multidão não são discípulos? Sim, pois lavaram sus túnicas
(vestes) e “as embranqueceram no sangue do Cordeiro”, e são conduzidas por
ele “às fontes de águas da vida”. (Apocalipse 7:14, 16) Se embranqueceram
suas vestes no seu sangue, como não podem participar ativamente do beber do
cálice da nova aliança?

Observe também o relato das palavras de Jesus ao instituir a Ceia, antes de sua
morte sacrificial: “E, tendo recebido um cálice e dado graças, disse: Tomai-o e
reparti-o entre vós [...] Este cálice é a nova aliança em meu sangue, derramado
em favor de vós.” (Lucas 22:17, 20) Portanto, beber do cálice significa aceitar o
sangue derramado em nosso benefício. Os da grande multidão são beneficiados
pelo sangue de Jesus? São, pois lavam suas vestes no sangue do Cordeiro, ou
seja, são declarados limpos do pecado. Então, como não podem tomar do pão
e do vinho?

Por fim, Jesus disse: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer
deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a
minha carne” e “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. (João 6:51, 54) Então, onde na

193
Bíblia se diz que há uma exceção a essa regra, e para um grupo majoritário,
aos seus 99.8 por cento da organização TJ? Em lugar nenhum!

Diante dessas palavras, não é lamentável que das praticamente 9.000.000


(nove milhões) de TJs no mundo, apenas umas 20.000 (vinte mil) participam
ativamente do Pão e do Vinho?

RAZÃO 22 – As TJs ensinam que apenas os membros dos 144 mil já


são filhos de Deus na terra, enquanto que os membros da grande
multidão são apenas amigos de Jeová, e se tornarão filhos de Deus
depois dos 1000 anos literais. – Apocalipse 21:7.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia ensina que “a todos que o receberam, aos que
creem no seu nome, deu-lhes a prerrogativa de se tornarem filhos de Deus”.
(João 1:12) Se os membros da grande multidão receberam Jesus em suas
vidas, como não são filhos de Deus ainda? A Bíblia também diz: “Pois todos sois
filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus”. (Gálatas 3:26) E ainda fala: “Pois todos
os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. (Romanos 8:14)
Assim, quando encontramos TJs da grande multidão, o que é muito fácil por ser
99,8 por cento das TJs, perguntamos: Como você: ‘Você recebeu Jesus em sua
vida?’ A resposta é sim! ‘Você tem fé em Jesus?’ E a resposta é sim! ‘Você é
guiado pelo Espírito Santo?’ A resposta é sim! E então, a pergunta final, lendo
os três textos citados neste parágrafo: ‘Como, então, você não se declara filho
de Deus?’ E a resposta é: “Não sei!”, na maioria dos casos.

Mas algumas TJs, desesperadas, tentam responder: “A Bíblia diz que não
somos ainda filhos de Deus, mas que seremos.” Daí, citam Apocalipse 21:7.
Lemos ali: “Aquele que vencer herdará essas coisas; e eu serei seu Deus, e ele
será meu filho”. É aí que percebemos como as TJs não sabem ler direito o
texto. Se a frase no futuro “ele será meu filho” indica ele não é filho ainda,
então a frase “eu serei seu Deus” indicara também que Jeová não é ainda da
TJ. Na verdade, o que o texto quer dizer é: “Eu já sou seu Deus, mas o serei de
uma forma mais especial, e você já é meu filho, mas será filho de uma forma
mais especial”. Isto ocorrerá quando os filhos de Deus herdarem a vida eterna
e passarem desfrutar da “liberdade da glória dos filhos de Deus”. – Romanos
8:21.

Uma outra pergunta que podemos fazer às TJs é: Em Romanos 8:16 diz que o
“próprio Espírito dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de
Deus”. Onde você lê na Bíblia que Deus, ou seu Espírito Santo, testifica que
você é apenas amigo de Jeová?

194
O mais curioso de tudo isso é que as TJs – todas elas – chamam Jeová de Pai,
mas o CG (Corpo Governante) TJ ensinou elas a pensarem que podem chamar
Jeová de Pai, não porque já são filhos de Jeová, mas por acompanharem os
membros dos 144 mil que ainda estão vivos na terra e que, portanto, já seriam
filhos de Deus. Onde a Bíblia ensina isso? Em lugar nenhum!

RAZÃO 23 – As TJs ensinam que Jesus começou a governar nos céus


em 1914, e a primeira coisa que ele fez foi expulsar Satanás e seus
anjos para a terra.

RESPOSTA CRISTÃ – Em primeiro lugar, a Bíblia ensina que Jesus é Rei dos
reis. (Apocalipse 17:14; 19:16) Só nos falta essa, o Rei dos reis governar
apenas há 119 anos, de 1914 a 2023.

Em segundo lugar, o cálculo para se chegar a essa data, transforma os sete


tempos (ou sete anos) em que Nabucodonosor passou vivendo como animal
(Daniel 4:16, 23, 25, 32) em 2520 anos. O que tem a ver Jesus com
Nabuconodosor? Nada! E pior, partes a contagem do ano 607 A.C., data
atribuída erroneamente à destruição de Jerusalém por Babilônia, e somam os
2520 anos, para cair no ano 1913. Como não teve ano ZERO, soma-se um ano
a mais aos 1913, e chega-se em 1914. No entanto, a profecia original feita por
Charles Taze Russell previa que Jesus voltaria em 1914 para buscar os
seguidores de Russell. Como isso não aconteceu, após um bom tempo explicou-
se que haviam acertado a data, mas errado o acontecimento. Em vez de Jesus
voltar literalmente para buscar a igreja TJ, chamada na época de Estudantes
Internacionais da Bíblia, Jesus começou a governar nos céus.

Em terceiro lugar, sobre Jesus expulsar Satanás e seus anjos dos céus em
1914, ou um pouquinho depois disso, nada na Bíblia indica isso. Pois quando
Jesus esteve na terra, disse: “Eu vi Satanás cair do céu como um raio”. (Lucas
10:18) O profeta Ezequiel, comparando o rei de Tiro com Satanás no Éden, diz:
“por isso te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda
te expulsou do meio das pedras resplandecentes”. (Ezequiel 28:16) Portanto,
embora tivesse acesso aonde os anjos se reuniam em algum ponto do universo
espiritual (Jó 1:6), do céu propriamente dito ele fora expulso depois da rebelião
no Éden. Diante da eternidade que ele poderia ter tido, Satanás passou a ter
noção de que lhe restava um curto período de tempo até ser lançado no lago
de fogo. – Apocalipse 12:12; 20:10.

RAZÃO 24 – As TJs ensinam e creem também que as obras podem


salvar uma pessoa, juntamente com a fé.

195
RESPOSTA CRISTÃ – As TJs já chegaram a dizer que precisam trabalhar
arduamente a fim de obter a própria salvação. No entanto, a Bíblia ensina que
somos salvos pela graça de Deus por meio da fé, e isto não vem das obras.
(Efésios 2:8, 9) A salvação vem da graça de Deus, pois é um favor imerecido.
Nenhuma obra nossa pode nos tornar merecedores da salvação. A fé sem obras
é morta (Tiago 2:26) porque as obras são um termômetro da nossa fé, que nos
avisa se estamos na fé ou não. Enquanto as TJs precisam também fazer obras
para serem salvas, como pregar de casa em casa, por exemplo, os cristãos
creem que se a salvação é pelas obras, então a graça não é mais graça.
(Romanos 11:6) Assim, praticamos obras como resultado da nossa salvação,
obras estas “previamente preparadas por Deus para que andássemos nela”. –
Efésios 2:10.

RAZÃO 25 – As TJ ensinam que todas as nossas igrejas, juntamente


com outras seitas e todas as religiões mundiais, constituem o Império
Mundial da Religião Falsa, chamado na Bíblia de Babilônia, a Grande,
por isso, pregam as boas novas para nós na esperança de que saiamos
de Babilônia e nos tornemos parte da única religião verdadeira. –
Apocalipse 18:1-4.

RESPOSTA CRISTÃ – Quando as TJs caíram de paraquedas na história da fé


cristã, muitas igrejas já existiam. Todas elas, inclusive o Catolicismo Romano,
fizeram algo de bom e louvável (apesar dos erros) para proclamar o nome de
Jesus Cristo. Para as TJs, tudo isso não lhes significa nada, porque puseram na
mente que a partir da morte do último apóstolo, um período de apostasia muito
grande começou, vindo a terminar quando Charles Taze Russell foi usado por
Deus para restabelecer a única religião verdadeira.

Com isso em mente, perguntamos às TJs qual era, então, a única religião
verdadeira na terra entre a morte do único apóstolo e Charles Taze Russell, e
elas nos respondem que não havia, mas que as verdades da Bíblia estavam
espalhadas entre as muitas religiões de Babilônia, a Grande. Então, pergunto
novamente às TJs: Onde a Bíblia ensina que a Igreja de Jesus Cristo não
existiria entre a morte do último apóstolo e Russell, se o próprio Jesus disse
que estaria com sua igreja até o fim (Mateus 28:20)? É óbvio que a Bíblia não
ensina nada disso! Sempre houve igreja de Jesus.

Outro ponto importante: As TJs dizem que não fazem parte de Babilônia, a
Grande, porque não faz sentido que todas as igrejas ensinem a verdade, se elas
discordam entre si. Perguntam: Como Deus irá considerar povo dele pessoas
que pensam de forma diferente? Mas as TJs também discordam entre si, tanto
que mudaram 369 vezes de ensinos! E ainda apregoam que antes de Russell

196
fundar sua organização, as verdades estavam espalhadas nas várias igrejas que
pertencem à Babilônia.

Então, isso significa que da morte do último apóstolo até Russell, Jeová tinha
um povo (o trigo) espalhado pelas igrejas da Cristandade (o joio), e que eles,
portanto, criam em pontos diferentes, mas pela fé em Jeová eram o povo dele!
Mas de Russell para cá, Jeová decidiu mudar tudo, e passou a reunir as
verdades num lugar só. Numa seita que mudou 369 vezes de ensinos? Que
confusão, não é mesmo?

Sair de Babilônia é não ter nada a ver com o anticristo, que existe desde os dias
de João. (1 João 2:18) Sair de Babilônia é uma ordem para todos os cristãos,
de todas as épocas. E em todas as épocas, Deus teve um pouco que sempre
saiu de Babilônia, que permaneceu fiel à verdade. Este foi a Igreja de Cristo,
composta por todos os salvos em Cristo. - Efésios 5:25.

RAZÃO 26 – As TJs ensinam ser proibido doar ou receber sangue


através de uma transfusão.

RESPOSTA CRISTÃ – Todas as vezes que a Bíblia condena comer sangue, ou


fazer uso de qualquer tipo de sangue, está se referindo ao sangue do que se
mata para servir de alimento. (Gênesis 9:3, 4; Levítico 17:10-12; Atos 15:28,
29) O sangue, para o povo de Deus, é símbolo de vida, portanto, quando se
usa o sangue de alguém vivo para salvar a vida de outra pessoa, não há a
violação da lei de Deus. Quem recebe a transfusão (ou quem doa o sangue)
não participa do comer sangue, que é tratar o símbolo da vida como comida –
algo para a satisfação pessoal. Não está também deixando de abster-se de
sangue, conforme Atos 15:28, 29, já que o sangue mencionado ali se refere ao
de animais sacrificados a ídolos ou sufocados. Portanto, nada como usar o
símbolo da vida para salvar uma vida.

As TJs passaram a proibir as transfusões de sangue a partir de 1945. Antes,


elas até elogiavam quem salvava a vida de outros por doar sangue. Visto que
as transfusões de sangue existem na medicina com sucesso desde 1840, por
que o “Jeová-TJ” não proibiu isso antes, mas esperou até 1945?

RAZÃO 27 – As TJs ensinam que a Tradução do Novo Mundo é a


melhor e a mais exata versão da Bíblia entre todas já publicadas.

RESPOSTA CRISTÃ – Os maiores especialistas em hebraico e grego bíblicos


deploram essa tradução. A fama mundial que ela adquiriu é: (1) Os
responsáveis por essa “bíblia” não têm formação nenhuma comprovada em

197
línguas originais da Bíblia; (2) Adulteram o texto sagrado para defender suas
crenças. Portanto, por ser uma manipulação do texto sagrado para se coadunar
com os ensinos do Corpo Governante, tornou-se um perfeito exemplo de como
não se traduz uma Bíblia.

RAZÃO 28 – As TJs ensinam que os filhos nessa organização devem


evitar conversar com a mãe caso ela seja desassociada ou se dissocie
dessa organização.

RESPOSTA CRISTÃ – Muitos abusos religiosos têm sido cometidos contra


famílias, graças a essa interpretação do CG TJ. A Bíblia realmente ensina a
disciplina eclesiástica, mas ela não deve ser levada para as famílias. É óbvio
que se um filho excluído de uma igreja cristã estiver trazendo criminosos para
dentro do lar, os pais poderão sim solicitar que ele se mude de casa, mas não
porque deixou de ser TJ. Graças a esse exagero das TJs, filhos excluídos dessa
organização acabaram tendo que sair de casa, debaixo de palavras do tipo: “Só
volte a morar conosco quando você voltar a servir a Jeová”.

RAZÃO 29 – As TJs ensinam que é pecado ser policial armado e


participar de guerras.

RESPOSTA CRISTÃ – A Bíblia não ensina nada disso! As guerras um dia


cessarão, no reino de Deus. (Isaías 2:4) Mas enquanto elas existem, e se forem
guerras justas, os cristãos devem participar sim delas, para defender a nação
de uma nação maligna e maldosa. Ou seja, como patriotas, fazemos o mesmo
que as TJs fazem quando elas veem suas casas serem invadidas por bandidos:
Elas chamam a polícia, e não fazem a menor questão de que a polícia venha
armada! De fato, a Bíblia outorga direitos às autoridades, que podem usar até a
espada (instrumento de morte ou punição) para salvaguardar o povo de Deus.
– Romanos 13:1-4.

RAZÃO 30 – As TJs ensinam que se deve confiar plenamente em seu


Corpo Governante como o canal de comunicação usado por Jeová,
para lhes interpretar e ensinar a Bíblia, e que sem estar em contato
com esse canal de comunicação usado por Deus, não avançarão na
estrada da vida, não importa quanto leiamos a Bíblia.

RESPOSTA CRISTÃ – As TJs tentam apoiar essa crença com relatos onde a
Bíblia mostra que uma liderança, ou alguém da liderança da Igreja Cristã
primitiva interpretou a Bíblia para outras pessoas. Então, perguntam: Será que
a Igreja teria aprendido a verdade se os apóstolos não tivessem se reunido
para, sob a direção de Deus, decidir que a circuncisão era coisa do passado?

198
(Atos 15:22-29) Ou será que o Eunuco Etíope teria aprendido a verdade se não
fosse Filipe ter lhe ensinado a verdade sobre Jesus? - Atos 8:26-40.
Todavia, a resposta é: Os apóstolos de Jesus nunca mudaram 369 vezes de
ensinos. E se você, meu leitor, quiser rir um pouco, acabei de ser informado, ao
escrever essas linhas, que o Corpo Governante TJ acabou de mudar mais uma
vez de ensino. São, nas minhas contas, 370 mudanças agora. Se eu ficasse
corrigindo o número a cada mudança, eu não conseguiria lançar esse livro
nunca! A mudança anunciada em novembro de 2023 é: Antes, o CG cria que
durante a grande tribulação, a porta da salvação se fecharia, e ninguém mais
poderia ser salvo. Mas agora estão crendo que poderão.

Assim, quando as TJs comparam crer nos apóstolos com crer no Corpo
Governante, e ainda por cima chamam os apóstolos de Corpo Governante da
época, só temos que sorrir, e orar por elas!

CONCLUSÃO

Existem mais motivos, mas se fôssemos expor todos aqui, seria uma
enciclopédia. Mas como você agora sabe que há pelo menos TRINTA RAZÕES
para você não ser TJ, então você precisa se preparar para ajuda-las na
conversão a Cristo. O Espírito Santo convence pecadores de seus pecados. E
isto inclui pecados doutrinários. Prepare-se, então, para essa maravilhosa obra
de defender a fé cristã dos ataques TJs, mas com mansidão e com a sã
doutrina. – 1 Pedro 3:15, 16.

199
200
CAPÍTULO 11
O PRIVILÉGIO DE SERVIR A DEUS!

Como palavras finais neste livro, quero ser grato a Deus por tão grandiosa
salvação em Cristo Jesus. Pergunto-me a ele sempre: Por que eu? Deus, desde
antes da fundação do mundo pensava em mim, assim como pensava em todos
aqueles que iriam ser salvos. – Efésios 1:3-5.

Quando saí do Catolicismo Romano, Deus não me levou para a fé cristã-


evangélica. Mas ele permitiu que me tornasse TJ. Ele simplesmente decidiu não
me proteger dos ensinos dessa organização religiosa, para que nela ficasse por
quase dezessete anos. Quando me tirou de lá, foi com o pior dos sofrimentos.

Há uma lenda que aprendi quando era adolescente. A do pássaro que canta
uma única vez da vida. Vi essa lenda no filme pássaros feridos, e fiz dela um
lema de minha vida. O pássaro, desde que deixa o ninho, procura uma árvore
para cantar. E quando a encontra, pousa nela, e canta muito belamente. Mas
enquanto canta, enfia-se num longo e afiado espinho. Vendo que morreria, ele
reúne todas as suas forças, e canta mais lindamente ainda, que todas as
criaturas dos céu por perto param para ouvi-lo. Aquele pássaro paga com sua
vida por uma única canção. E Deus, lá do céu, sorri. A moral da história? Muitas
vezes conseguimos o sorriso de Deus com o pior dos sofrimentos! Foi assim
com Jesus, é assim com muitos.

Minha história foi repleta de espinhos longos e afiados. Eu sei que vou morrer,
a menos que Jesus volte enquanto viver. E enquanto caminho para a morte,
minha canção tem sido:

Sou um pecador,
Salvo pela graça e misericórdia de Deus,
Que me amou antes mesmo de haver mundo,
Que me conheceu antes de eu nascer,

Deus triúno de amor, Pai, Filho e Espírito Santo,


Leve-me em teus braços para tua glória,
Pois no teu reino eterno quero estar,
Com tantos salvos que animaram esta terra!

Deus Triúno! Louvado seja teu nome, Jeová!


Cuida de mim!
Grato pela salvação em Cristo Jesus,

201
Anseio pela eternidade,
Pelas bênção sem fim!
Santo, Santo, Santo, Amém!

Meu sonho é morrer como mártir, não para ser conhecido, mas para ser grato.
Mas Deus sabe de todas as coisas.

O CHAMADO PARA A APOLOGÉTICA CRISTÃ

Assim que fui morar em São Paulo, em 2005, conheci o Instituto Cristão de
Pesquisas. Fiquei uns tempos por ali, dando palestras e divulgando os materiais
apologéticos. Aprendi com eles a defender a fé cristã. Então, percebi que Deus
me chamava para o ministério apologético.

Quando fui desassociado das TJs, antes que os anciãos me dessem a sentença
mais preciosa que poderiam ter me dado – a minha excomunhão – fui de carro
para casa, chorando, prometendo a Deus que um dia eu o serviria. Entendo
que desde minha conversão aos 24 de novembro de 2002, comecei a servir a
Deus mais intensamente como apologista. E como tal, tive a alegria de ajudar
centenas de TJs, hoje ex-tjs, a saírem dessa organização sectária e exclusivista.
E vários deles se converteram à fé cristã.

Como apologista, lancei livros e cursos, e hoje eles estão todos gratuitos no
meu site www.prfernandogalli.com. Como Youtuber, ou influenciador cristão,
tenho dado mais de mil aulas sobre defesa da fé cristã, outrora entregue aos
santos. – Judas 3.

O CHAMADO PASTORAL

Em 2007, entendi que Deus estava me chamando ao ministério pastoral, e que


para isto eu precisaria me capacitar. Com o tempo, me matriculei no Seminário
Batista Regular, hoje conhecido como Faculdade Logos. Ali me formei em 2013.
Em 2017, aos 30 de dezembro, fui ordenado ao ministério pastoral. No
momento, minha casa e meu lar tem sido a igreja onde congregamos. Mas já
pastoreei em outra igreja. Mas isso é uma outra história.

Ser pastor para mim um modo mais especial de amar as ovelhas de Cristo, e se
importar mais com a doutrina. Lamento o caos em que muitas igrejas se
tornaram por abandonarem a sã doutrina em busca de uma igreja mais light,
com culto hedonista, sem pregação expositiva, sem falar contra o pecado, tudo
como uma estratégia de crescimento, como se Deus não fosse capaz de fazer o
menor se tornar mim e uma nação forte! – Isaías 60:22;

202
Ser pastor para mim tem sido um motivo a mais para chorar pela Igreja, se
entregar a Cristo para ser instrumento dele na edificação do Corpo de Cristo –
sua amada igreja.

MEU AMOR PELA BÍBLIA – A PALAVRA DE DEUS

Meu trabalho de evangelismo e discipulado para com adeptos de seitas me fez


devorar, no bom sentido, a Palavra do SENHOR! Jeová, o meu querido Deus
Pai, Filho e Espírito Santo, me pede nas Escrituras que eu a leia e medite nela
(Salmo 1:1, 2) e que eu a cumpra. (Josué 1:8) É o que tenho feito.

Minha grande alegria é ver que meus irmãos estão andando na verdade. (3
João 1-4) Fico feliz quando conheço irmãos que examinam as Escrituras
diariamente. (Atos 17:11) Mas não me conformo com o descaso para com a
Bíblia da parte de uma grande maioria de crentes, ou quem sabe, não-crentes.
Custa-me acreditar que uma pessoa genuinamente convertida a Cristo não
conheça a Bíblia, muito menos suas doutrinas.

Paulo disse a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera


nessas coisas. Dessa forma, salvarás tanto a ti mesmo como os que te ouvem.”
(1 Timóteo 4:16) Timóteo, através de cuidar do ensino, salvou muitas pessoas
das heresias daqueles idos, no começo da Igreja. E certamente salvos também
na acepção de levar muitos a Cristo, o único e suficiente Salvador. – Atos 4:12.

Portanto, peço a você: Junte-se a mim! Vamos ler a Bíblia, vamos retornar aos
tempos em que o povo cristão era conhecido como verdadeiros estudantes da
Bíblia. É o mínimo que podemos fazer para sermos gratos pela provisão deste
maravilhoso livro.

MEU IMENSO AMOR PELA SANTÍSSIMA TRINDADE

A doutrina que mais amo estudar é a Trindade. Quando era TJ, diziam que eu
deixava qualquer líder religioso descrente na Trindade. Bem, se isso acontecia,
não posso afirmar. Sei que meus argumentos eram fortes, mas para quem não
conhece Bíblia e a sã doutrina.

Em meu trabalho apologético, tenho ajudado muitas testemunhas de Jeová a


se converterem ao Deus triúno. Quantos já me agradeceram por meus estudos,
aulas, livros e cursos, onde abordo este importante tema.

Quando deixei de crer na Trindade, para me tornar TJ, cometi um dos maiores
pecados de minha vida. Ajudei levar a muitos para o inferno, com meus

203
argumentos satânicos. Eu era um sinceramente enganado. Graças a Deus,
aprendendo com o Espírito Santo, e esse aprendizado nunca acaba, digo-lhes:
Sou profundamente grato a Deus pelo que tenho aprendido. Nenhum
argumento TJ contra essa doutrina me separará do amor que sinto pelo Deus
triúno.

ÀS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, COM AMOR

Se você for TJ e leu minha história, entenda que te amo muito. Desejo
decoração que a vida lhe presenteie com o amor e a graça de Deus. A
verdadeira religião não é uma instituição religiosa, nem uma organização cristã,
mas pecadores, cheio de falhas e erros, que entregaram suas vidas a Cristo.

Pense com carinho: (a) Como pode uma seita que mudou 370 vezes de ensinos
(vou terminar logo esse livro antes que mude para 371) ser uma religião
verdadeira? (b) Como você tem coragem de ensinar que só a sua religião é a
verdadeira, com três datas marcadas para a volta de Cristo: 1914, 1925 e
1975? (c) Como você pode crer que Jesus é uma criatura, se ele foi usado para
criar tudo, inclusive o tempo e o espaço em qualquer mundo possível?
(Lembre-se que só Deus precede ao tempo e ao espaço) (d) Como você
consegue crer que o Espírito Santo mão é um ser pessoal, se ele fala do que
ouve? Ora, como uma força ativa pode falar do que ouve? (e) Como você
consegue acreditar e sustentar na Bíblia o ensino de que apenas os 144 mil já
são filhos de Deus, e que os da grande multidão só serão adotados como filhos
de Deus depois dos mil anos? (f) Como você pode acreditar num Deus que não
sabia que Adão e Eva iriam pecar, se a Bíblia diz que antes da fundação do
mundo do mundo os cristãos foram predestinados à salvação (Efésios 1:3-5;
Romanos 8:29, 30)? Se Deus predestinou pessoas (ou um grupo, como você
quiser) a serem salvos antes de haver mundo, então é porque ele sabia que o
homem iria pecar e que este precisaria ser salvo do pecado e da morte!

Eu teria inúmeras perguntas para você. Mas se você quiser conhecer a verdade,
estudar a Bíblia comigo, estou à sua disposição. Meu whatsapp é 016
996371225. Tenho muito para conversar com você.

CONCLUSÃO

Creio que falta muito pouco para Jesus voltar. Nos novos céus e na nova terra
– o lugar que Deus preparou para os salvos, é meu sincero e maravilhoso
desejo rever minha mãe, meu pai, e encontrar ali com personagens bíblicos
especiais para mim, como Maria, minha personagem bíblica favorita, depois de

204
Jesus. Mas quero encontrar muitas ex-TJs, salvas em Cristo Jesus. A Deus toda
honra, toda glória, todo o louvor, hoje, e sempre, amém! Vem Senhor Jesus!

________________

Acabei de saber da mudança de ensino número 371! Deixa para a próxima


edição! Senão, o nome desse livro vai ser: HISTÓRIA SEM FIM!

Fernando Galli

205
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BIBLIOGRAFIA
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Fernando Galli é casado com a irmã
Roberta desde 1 de maio de 2004. De
origem e formação cristã batista,
atualmente serve a Deus como pastor,
ajudando outras Igrejas com suas aulas de
teologia, liderança cristã, evangelismo e
discipulado, e também com seus
seminários e palestras sobre seitas.

É teólogo pelo Seminário Batista Regular


Logos, de São Paulo, SP.

É também graduado no Instituto Haggai,


em Maui, Havaí, EUA, onde se especializou
em Liderança, Evangelismo e Discipulado
Cristão.

É presidente do Instituto Apologético


Cristo Salva e Influencer Cristão no
Youtube.

Apaixonado por ganhar vidas para Cristo,


principalmente aquelas nas garras de
seitas, tem um lindo testemunho de
conversão, pois por quase 17 anos foi
membro do movimento religioso
“Testemunhas de Jeová”.

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