Paisagismo e Jardinagem
Paisagismo e Jardinagem
Paisagismo e Jardinagem
romãzeira,
caramboleira…
Conheça as frutíferas
indicadas para o cultivo
em áreas enxutas
Adubação foliar
Sem segredos, o processo
garante plantas vistosas
e saudáveis
Lajes contemplativas
4 ideias com espécies adequadas
convidam à admiração da natureza
Grama-são-carlos
Versatilidade e resistência
são as marcas registradas
da espécie
Estrelítzia
De coloração laranja,
a planta chama a
atenção pelo formato
que lembra uma ave
Escultura no jardim
Leve obras de arte para o exterior
e tenha uma área incrível
editorial
[2]
[3]
Da mesma maneira que a cor da água do mar muda sob o sol, as plantas estão em constante muta-
ção: ganham formatos diferentes, exalam perfumes durante o ano e florescem na Primavera. Como um
[1
espetáculo da natureza, elas oferecem surpresas diárias. Cada transformação vale ser admirada pelos
moradores da casa. Nada pode passar despercebido. Com essa ideia mais que válida, a Paisagismo
& Jardinagem descobriu quatro superlajes transformadas em áreas contemplativas. Além de observar
Fotos [1] Acervo pessoal, [2] Alessandro Guimarães e [3] Divulgação/Denise Leão
de camarote as espécies ali próximas, é possível visualizar todo o verde ao redor. Vá até a página 28
e se jogue no verde. O difícil é sair de lá!
Frutíferas colorem os jardins, garantem aromas particulares e agregam ares nostálgicos – quem nunca
pegou uma fruta direto do pé quando era criança? Pois bem. Para desfrutar de todas essas sensações,
vai uma ótima notícia: algumas delas podem ser cultivadas em áreas enxutas. Exemplos são as acerolas, [1]
as laranjinhas e as jabuticabas. Veja em Pomar em casa (página 36) sugestões de espécies de pequeno
porte e facilidade de adaptação e cultivo. Em seguida, eleja a sua preferida e aprecie os sabores.
A inovação não para por aí. Os apaixonados por arte vão amar a edição. Nos projetos dos paisagistas
Marcelo Faisal (página 56) e Paula Bergamin (página 62) as esculturas chamam a atenção no exterior.
Cada vez mais presentes nos jardins – nós adoramos ver essas obras de arte em perfeita sintonia com
o verde –, elas levam bossa aos espaços. Preparamos uma reportagem com ideias e inspirações para
ter um recanto digno de colecionador. Confira na página 90 e invista na ideia. Todos vão amar!
Marcelo Faisal,
Paula Bergamin, Cida Cutait
e Anna Avorio Saraceni
Editora-Chefe
assinam projetos
[email protected] deslumbrantes
índice
SEÇÕES
10 espaço do leitor 42 meio ambiente 84 pelo mundo
Moradores e associações Cores e formatos
12 você sabia que… adotam jardins públicos marcam os jardins
e prezam pelo convívio canadenses do Hatley Park
26 ideias da PJ em meio à natureza
28 88 secos e molhados
plante uma ideia 46 meu jardim Verde abundante é a marca
O recanto particular registrada da piscina da
32 flores e frutos de Maria Lúcia e designer Maria di Pace
Veja as espécies do bimestre Felipe Alalou
PROJETOS
56 MARCELO FAISAL 62 PAULA BERGAMIM
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Diretores
Luiz Fernando Cyrillo
Renato Sawaia Sáfadi
Paisagismo e Jardinagem, ISSN 1518-0646, registrada no 1º RTD sob o nº 219.299 é uma publicação da
CasaDois Editora, CNPJ 00.935.104/0001-98. Ninguém está autorizado a representar o nome da revista sem
a apresentação do crachá da editora e/ou carta assinada pela diretoria. Não é permitida a reprodução total ou
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mações ou teor dos anúncios publicados. Impresso no Brasil.
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nistrativo-financeiro. Todos os contatos são feitos pelos nossos departamentos. Qualquer dúvida ligue para
(11) 2108-9000 ou mande e-mail para [email protected]
Samuel Di Paula
"Sou estudante recém-formado em paisagis-
mo e gostaria de obter algumas dicas sobre
como definir o orçamento para cada trabalho."
Erik Degasperi, pela fanpage da
Paisagismo & Jardinagem
Erik,
Acervo pessoal
A paisagista Kátia Neves, do Rio de Janeiro, RJ dá
as dicas necessárias para quem está ingressan-
do no mercado. "Deve-se visitar o local para que
todas as medidas sejam tiradas e o croqui ou pro- CUIDADOS ESPECIAIS
jeto seja desenhado. A partir do desenho pronto, "Estou com um problema com minha palmei-
iniciam-se os cálculos de área para os quantitati- ra-azul (Bismarckia nobilis). Há um ano plan-
vos de plantas e o cálculo de volume para terra. tamos a espécie e a folha que estava nas-
"Gostaria de saber qual a quantidade máxima Com as quantidades calculadas, define-se umas cendo parou de crescer. Agora, está saindo
de orquídeas (Orchidaceae) indicada para cul- três cotações em hortos de confiança para avaliar pela lateral junto a outras com defeito."
tivo em casa." o melhor preço e até negociar algum desconto, Marcia Avanzi, pela fanpage da
Ana Maria, via Portal CasaDois dependendo da forma de pagamento. A remune- Paisagismo & Jardinagem
ração do paisagista varia bastante. Algumas tabe-
Ana, las adotadas pelos profissionais consideram o Marcia,
Conversamos com o professor René Rocha, de tamanho da área a ser trabalhada, mas muitos A paisagista carioca Kátia Neves dá algumas dicas
Areado, MG, para obter orientações sobre cultivo acabam cobrando com base nas horas estimadas sobre quais procedimentos devem ser tomados.
de orquídeas em ambiente domiciliar. "Tudo depen- de dedicação. É importante que o profissional tenha "Primeiramente, precisa-se analisar a situação do
derá de um espaço disponível e possuidor de inso- em mente o valor que deseja cobrar por hora para, terreno em que a espécie foi plantada. Ela me
lação mínima na casa, além do investimento finan- em seguida, calcular quanto tempo dedicará àque- parece sufocada por tantas pedras, confinada,
ceiro direcionado à aquisição das espécies e do le projeto. Outro ponto importante é considerar alguns mas é difícil saber ao certo o que está aconte-
tempo disponível. Com duas horas livres por sema- itens no custo, como deslocamentos, telefone, ali- cendo. Sugiro que um jardineiro cave em volta da
na, é possível dedicar os cuidados básicos às orquí- mentação e gastos com escritório. Coloque tudo espécie e libere um pouco de espaço para ver o
deas, tais como adubação, regras, inspeções fitos- em uma planilha e analise cuidadosamente cada tamanho da cova, faça uma adubação com terra
sanitárias, etc. Com esse tempo disponível, con- item até fechar o valor. Se houver emissão de nota boa e esterco de galinha - mas atenção à quanti-
sigo cuidar de mil espécies em espaço de 120 m²." fiscal, os impostos devem ser considerados." dade, siga as instruções da embalagem para não
prejudicar a planta com o excesso."
VERDE NO INTERIOR
Acervo pessoal
A leitora assídua da Paisagismo & Jardinagem,
Rosa D'Ambrosio, compartilhou conosco
alguns de seus trabalhos na área. Nesse
ambiente, a paisagista utilizou pleomele
(Dracaena reflexa) para dar cor ao jardim de
inverno, o qual recebeu também as folhas
em verde escuro do pacová (Heliconia hirsu-
ta). O outro ambiente conta com a discrição
da camadórea (Chamaedorea) e pedriscos
brancos. Para quem quiser conhecer melhor
o trabalho da profissional, basta acessar
rosadambrosio.blogspot.com.br.
Lá vem
o pato...
Orquídea rara parece
uma ave em pleno vôo
Texto Janaína Silva
Fotos Divulgação/Jaime Plaza - Royal Botanic Garden, Sidney
ACONCHEGO GARANTIDO
Como a sombra sob as árvores era muito convidativa, o paisagista italia-
no Ulisse Baggi, de Porto Seguro, BA, e a arquiteta Marcella Garcez, de
Barueri, SP, colocou a rede para que os moradores pudessem relaxar e
curtir a área verde em meio à nativa palmeira (Arecaceae).
Um toque a mais
Aproveite todos os detalhes e aposte nos jardins
nas lajes para deixar o paisagismo mais encantador
Tarso Figueira
jeto. “O dia em que a nova impermeabilização for necessária, desmonta-se
tudo, ensaca-se os seixos e pedriscos, finaliza a obra e monta o jardim nova-
mente”, explica. Fang ensina que são necessárias regas semanais, remoção
de folhas secas, adubação adequada e eventual substituição de mudas para
manter a saúde do jardim e, ainda, no caso das bromélias, produtos espe-
cíficos para controle de larvas de mosquito. “Afinal, hoje a dengue é uma
realidade. Isso, no entanto, não é motivo para não usá-las”.
RELAX TOTAL
O pedido dos proprietários era de um jardim limpo, amplo, de baixa
manutenção e com fácil acesso. Assim, os arquitetos Ana Patricia Azambuja
Divulgação/Alexandre Fang
tempo de...
para avaliar como está o desenvolvimento das plantas. Segue abaixo
uma lista das flores que vão colorir o jardim e dos frutos que poderão
ser colhidos neste bimestre, lembrando que pequenos adiantamentos
e atrasos são comuns dependendo da região do País. Bom cultivo!
DEZEMBRO
[1] [2]
[1]
[1]
Abacaxi (Ananas comosus)
[1]
[5]
Limão
[1]
[1]
[1]
[2]
Verdejante e uniforme
34*Paisagismo & Jardinagem
Para atender o pedido dos proprietários
que desejavam um extenso tapete verde, a
engenheira agrônoma e paisagista Daniela
Infante, da Arteiro, de Petrópolis, RJ, apostou
na espécie para dar homogeneidade ao projeto
[1]
De tonalidade intensa e originária da América do Sul, incluindo o A professora indica a adubação de cobertura duas vezes por ano, uma
Brasil, a grama-são-carlos (Axonopus compressus) adapta-se muito bem completa no início da Primavera, época das chuvas, constituída por uma
às condições climáticas do país. “Ela é muito usada na região sul por mistura de matéria orgânica, calcário e nutrientes, nitrogênio (N), fósfo-
suportar baixas temperaturas e umidade”, explica Aline Chagas Fini, ro (P), potássio (K), e outra apenas química (N-P-K), que deve ser reali-
engenheira agrônoma e professora do Instituto Brasileiro de Paisagismo zada no final do Verão e início do Outono, que coincide com o fim do
(IBRAP), de São Paulo, SP. Segundo ela, outra característica favorável período chuvoso. Além disso, mesmo sendo resistente a pragas e doen-
para o plantio da gramínea nos jardins é o sucesso obtido no cultivo em ças, é importante observar e monitorar o estado do gramado regularmente
ambientes de meia-sombra e pleno-sol. para evitar ataques.
Conhecida popularmente como grama-missioneira, grama-tapete e Por não ser resistente à seca, a grama-são-carlos necessita de irriga-
grama-sempre-verde, a espécie apresenta tom verde-escuro, folhas mais ções periódicas para se manter uniforme. Uma solução eficiente é a auto-
grossas e levemente mais duras quando comparadas à esmeralda (Zoysia matização para garantir o cultivo saudável e a manutenção em dia. “Por
japonica), a preferida atualmente para revestir as áreas gramadas. “Possuem meio de temporizador, válvulas e aspersores especialmente desenvolvi-
um pouco de pelos nas folhas e podem causar coceiras em pessoas mais dos, o gramado recebe água na frequência, quantidade e horário apro-
sensíveis”, alerta a engenheira agrônoma. priados”, esclarece Frederico Maia Haun, gerente de serviços da Rain
Tem crescimento pouco intenso para o alto e forma um gramado bas- Bird, de Uberlândia, MG.
tante denso, sendo indicada para casas de campo. O solo para o plantio De acordo com o especialista, o período ideal é o noturno, quando
deve ser fértil e bem preparado e as ceifas devem ser frequentes para con- não há tráfego de pessoas e a evaporação é baixa. “Aconselha-se, sempre
servar o bom aspecto o ano todo. “Entre os cuidados, a gramínea neces- que possível, um intervalo maior entre irrigações, chamado turno de rega,
sita de 10 a 12 cortes anuais, de acordo com as condições climáticas e da que pode variar entre dois e cinco dias. Assim, evita-se problemas devi-
manutenção”, orienta Aline. do ao excesso de umidade, como a ocorrência de fungos”, finaliza.
[3]
[4]
[4]
[3]
1, 2, 3 e pronto!
[2] Projeto paisagístico Alalou Paisagismo
Manter flores e folhagens belas e vistosas nas áreas ajardinadas é uma As substâncias se dividem em macronutrientes primários – o Nitrogênio
atividade que exige cuidados constantes, além de depender de fatores que atua no crescimento, o Fósforo no enraizamento e o Potássio, duran-
variáveis, como a localização, a iluminação, o tipo de solo, o substrato e te a fase de florescimento e frutificação – e os secundários, entre eles o Cálcio
também a adubação. Por vezes, a falta de nutrientes pode comprometer que é o responsável pela saúde celular, o Magnésio está ligado a fotossínte-
o desenvolvimento dos exemplares. se e o Enxofre age diretamente no metabolismo da planta. “Há também os
Assim, para corrigir eventuais deficiências de fósforo (P), nitrogênio micronutrientes que são absorvidos em menor escala com atividades espe-
(N), potássio (K) e cálcio (Ca), entre outras substâncias, com distribuição ciais dentro da planta. A ausência não mata, porém prejudica a saúde e o
uniforme e sem depender da umidade do solo, aplicá-las diretamente nas crescimento”, ensina Gurgel. Nessa categoria, estão o Ferro, o Cloro e o
folhas é uma solução prática que apresenta resultados rápidos para dei- Manganês que participam ativamente da fotossíntese, o Zinco e o Boro na
xar as espécies sempre com boa aparência e sadias. sanidade e boa formação de raízes, folhas, flores, frutos, sementes e brota-
“A planta apresenta melhor absorção pela parte de baixo das folhas, mento das plantas, o Cobre e o Níquel que estão associados à resistência
graças a aberturas chamadas estômatos, que consistem em pequenos poros de doenças e adversidades climáticas, o Molibdênio e o Cobalto, na fixa-
pelos quais ocorre a transpiração”, explica o engenheiro agrônomo Marcos ção do nitrogênio pelos microrganismos do solo e disponibilização para
Estevão Feliciano, da Tecnutri do Brasil, de Tietê, interior paulista. absorção radicular e o Silício para maior resistência ao ataque de pragas.
Os nutrientes possuem funções específicas e a assimilação completa “As quantidades dos nutrientes dependem de cada espécie e fase de
propicia plantas mais saudáveis, bonitas e produtivas. “A carência pro- desenvolvimento, mas a forma de aplicação é sempre a mesma, usando
voca amarelecimento e queimadura foliar, má formação de caules, bro- borrifador para pulverizar as folhas”, esclarece o especialista Pedro Maicá
tos, raízes, folhas, frutos e sementes, maior suscetibilidade a pragas e dos Santos da Isla Tecnutri, de Porto Alegre, RS.
doenças e, em muitos casos, a morte da planta”, esclarece o engenheiro Os fabricantes oferecem fórmulas específicas para cada fase de desen-
agrônomo e responsável técnico Rafael Lucas da Silva Gurgel da Terral volvimento, seja crescimento, reprodução ou floração, e também para
Biofert, de Belo Horizonte, MG. cada tipo, como hortaliças, flores e até orquídeas.
Divulgação/Tecnutri
2. Produto e preparo
a) Se o fertilizante for concentrado, deve-se diluí-lo em água de acor-
do com a recomendação da embalagem. Em seguida, coloque a mistura
em um pulverizador.
b) As embalagens com gatilho estão prontas para uso e não necessi-
tam ser manuseadas.
c) Se fizer compostagem em casa, o líquido produzido no processo CUIDADO INTENSIVO
de decomposição é rico em nutrientes e pode ser pulverizado nas plan- O Biofert Universal é o alimento completo
tas, como adubo e pesticida, dissolvido na proporção um para dez. para as plantas, pois possui os nutrientes neces-
É importante seguir a dosagem corretamente, pois o excesso de subs- sários para um desenvolvimento saudável, seja
tâncias pode prejudicar as espécies. crescimento, florescimento e frutificação, tanto
3. Aplicação em hortaliças, ornamentais, frutíferas, quanto
Borrife o líquido nas folhas tanto na parte de cima como na parte em plantas de interior, como bonsais, jardins
PARA ORQUÍDEAS
Da Terral, o Biofert Orquídeas possui 15
nutrientes essenciais para todos os gêneros e
espécies de orquídeas. O produto regula o
metabolismo vegetal e protege contra defi-
ciências nutricionais. É rapidamente absorvi-
Divulgação Terral Biofert
Se essa praça
fosse minha...
Moradores, associações de bairro e
iniciativa privada adotam jardins públicos
para intensificar o verde na cidade
Texto Janaína Silva
Fotos Hamilton Penna
Jardim
em família
Mãe e filho realizam
projeto paisagístico
com inspiração italiana
Texto Carolina Pera
Foto Raphael Criscuolo
Rabo-de-gato
Orquídea
Orquídea chuva-de-ouro
Alpínia
Apesar da inspiração vir de fora, foram utilizadas muitas espécies nia (Wisteria sp). O toque toscano fica por conta da falsa-vinha
nativas brasileiras devido ao clima. “Algumas foram podadas em topia- (Parthenocissus tricuspidata), que fecha parte da parede. O jardim con-
ria, acompanhadas de outras plantas mais naturais, livres”, esclarece. ta, ainda, com uma fonte ao fundo. Na entrada o convite fica por con-
ta de vasos com licuala (Licuala grandis ), flor-de-leopardo (Belamcanda
CORES DO JARDIM chinensis), dionela (Dianella tasmanica) e um pândano (Pandanus veit-
Para dar sombra e poder almoçar ao ar livre, foi utilizada a árvore chii) grande que se destaca.
flamboyant (Delonix regia). A pata-de-vaca (Bauhinia variegata) faz muro Para Alalou, o projeto aproveitou a grande área verde e a deixou con-
com o vizinho e ainda produz flores. Jabuticabeiras (Myrciaria cauliflo- vidativa. “O local deixa todos a vontade para festas e eventos”. Um jar-
ra) trazem beleza ímpar ao espaço, além de dar frutos. Na composição dim feito em família e para a família e que se faz presente na vida da pro-
com a frutífera, exemplares de palmeira-fênix (Phoenix roebelenii) foram prietária, já que Maria Lucia nunca teve cortinas nas salas de estar e jan-
plantados. Os buxos (Buxus sempervirens) e as caliandras (Calliandra tar para ter a sensação de continuidade entre a morada e o espaço verde.
tweedii) podados em bola dão forma ao jardim. Já nas áreas com som- “Como as portas externas são amplas, estou sempre dentro do meu jar-
bra foram cultivadas barba-de-serpente (Ophiopogon jaburan) e alpínia dim. Dentro e fora, rodeada de verde. O que nunca nos faltou foi a natu-
(Alpinia purpurata). Sobre o pergolado de ferro sobe a trepadeira glici- reza a nossa volta”, conclui Maria Lucia.
[3]
ESTRELÍTZIA
NOME CIENTÍFICO: Strelitzia reginae
NOME POPULAR: Estrelítzia, ave-do-paraíso,
flor-ave-do-paraíso e flor-rainha
ORIGEM: África do Sul
PORTE: De 1,20 a 1,50 m
FOLHAS: firmes e coriáceas (espessas,
consistentes e mais flexíveis)
FLORES: alaranjadas e muito duráveis,
que se abrem dentro de uma espata em
forma de barco, com antera e estigma
azuis em forma de flecha
CULTIVO: Isolamento, em canteiros e
formando renques ou conjuntos
CLIMA: Subtropical e Tropical
SOLO: fértil e úmido
LUMINOSIDADE: sol pleno
DIFICULDADE DE CULTIVO: não há segredos.
Basta realizar podas de limpeza
IRRIGAÇÃO: com frequência para manter
o solo sempre umedecido
MULTIPLICAÇÃO: por sementes e divisão
de touceira
CURIOSIDADE: muito utilizada
como flor de corte
[2]
ACESSOS VERDEJANTES
Após a definição da tendência a ser empre-
gada no projeto paisagístico, Faisal relata que
criou o traçado para os carros e as alamedas para
a circulação dos pedestres, executados com para-
lelepípedos que remetem às lembranças de outro-
ra, com encanto e charme rústico em composi-
ção equilibrada com o entorno. “O próximo pas-
so foi delimitar e definir as espécies para com-
por e colorir as diversas áreas verdes”, relata.
Na escolha das plantas para a composição “A grande estrela e alegria do jardim
dos canteiros alinhados entre os troncos das pal- é a escultura construtiva de ferro do
meiras-imperiais, que acompanham toda a exten- artista plástico brasileiro Amilcar de Castro”
são frontal da morada, o arquiteto paisagista
apostou nos buxos (Buxus sempervirens) topia-
dos no formato quadrado que dão um toque
moderno ao antigo. “Os buxos redondos foram
muito banalizados”, comenta ele.
Na fachada, para garantir uma vegetação
mais próxima, as grumixamas (Eugenia brasi-
liensis), típicas da Mata Atlântica, produzem fru-
tos arroxeados que podem ser degustados, além
de atraírem pássaros, foram escolhidas para sepa-
rar a região.
O profissional utilizou ainda tumbérgia
(Thunbergia erecta) em cercas-vivas que colo-
rem os entornos e barba-de-serpente (Ophiopogon
jaburan) em touceiras que alegram com contraste
de tons.
Outro destaque no projeto é o uso da sibi-
puruna (Caesalpinia pluviosa), espécie nativa do
País, que floresce especialmente a partir do mês
de agosto.
OBRAS DE ARTE
Esculturas pontuam os espaços ajardinados para apreciação, enri-
quecendo o local com cores, materiais e formas. Pelo passeio, é possível
se deparar com estrutura diagonal de aço pintada de amarelo, da coleção
do artista austríaco radicado no Brasil Franz Weissmann. Além de outras
em bronze, como a Donzela, assinada pela artista gaúcha Sônia Ebling.
*o jardim
ganhou
vida com:
Azaléia Ixora
Alpínia Hortelã
Manjericão Pimenta
*o jardim dentale) foram preservados, pois, de acordo com a profissional, não tole-
ram o transplante após atingirem a fase adulta. Assim, as formas irregu-
ganhou lares das copas e caules levaram charme ao setor combinadas às folhagens
vida com:
e cores intensas das plantas selecionadas para compor o jardim.
Por estar na praia e bastante exposta à maresia, o critério para a esco-
lha da vegetação considerou a adaptação das plantas às condições climá-
ticas e ao tipo de solo, colorindo a ampla área verde ao redor da casa, com
os tons das exuberantes flores e folhagens tropicais, como bromélias
(Bromeliaceae), primavera (Bougainvillea glabra), bulbine (Bulbine fru-
tescens), clúsia (Clusia fluminensis), guaimbê (Philodendron bipinnatifi-
dum), helicônia (Heliconia rostrata) e orquídea-bambu (Arundina bam-
busifolia). “Adotei a vegetação tropical pois se adapta melhor às condi-
Guaimbê Primavera
ções litorâneas”, fala Cida.
O porte das plantas contribuiu ainda para levar privacidade à pis-
cina e preservar a vista privilegiada, como as folhas recordadas e de ver-
de intenso da guaimbê. A estrutura de concreto armado possui 45 m2
e ao redor, com decoração da designer de interiores Silvia Guedes
Moraes, de São Paulo, SP, confortáveis espreguiçadeiras e cadeiras con-
vidam para admirar a paisagem litorânea e usufruir de amplo descan-
Orquídea-bambu Tumbérgia
so ao ritmo das ondas.
ESCOLHIDAS A DEDO
Com a intenção de valorizar a entrada principal, a ideia foi investir
em um jardim contemporâneo. Os clientes escolheram espécies tropicais
com diferentes tons e que dialogam com a arquitetura da casa.
Para decorar o jardim, diferentes exemplares marcam presença. Na área
da piscina, a escolha foi por palmeira-garrafa (Hyophorbe lagenicaulis) e
bromélias do tipo porto-seguro (Aechmea blanchetiana) e bromélia-verme-
lha (Neoregelia fireball). Já a entrada social ganhou vida com pata-de-ele-
fante (Beaucarnea recurvata) e bromélia-imperial (Alcantarea imperialis).
Árvore-do-viajante (Ravenala madagascariensis), bola-de-neve-mexi-
cana (Echeveria elegans), fórmio rubro (Phormium rubro) e agapanto
(Agapanthus africanus) foram utilizado na parte posterior do terreno. Com
a intenção de dar mais privacidade, já que o condomínio não possui muros,
a opção foi por pinheiro-de-buda (Podocarpus macrophyllus).
O paisagismo se destaca pelo jardim jovem e ampla utilização de espé-
cies vegetais com cores fortes. “É um projeto paisagístico que respeitou
a arquitetura contemporânea e incorporou espécies vegetais que valori-
zaram o local. Além disso, por meio do colorido, a área transmite o alto
astral dos clientes”, afirma a profissional.
O resultado ficou bastante satisfatório e alcançou o objetivo que
era a valorização da residência e convívio familiar, respeitando o per-
fil dos proprietários.
[2]
Os caminhos a
levaram ao paisagismo
O setor não estava em seus planos, agora com experiência,
Renata quer aprofundar-se em sustentabilidade
Texto Carolina Pera
Fotos [1] Alessandro Guimarães, [2] Evelyn Müller e [3] Gui Morelli
[2]
[2] [1]
A fantástica
árvore de 144 anos
Localizada em parque japonês, glicínia mais
antiga se tornou a principal atração turística Texto Rafaela Rebouças e Vanessa Barcellini
Divulgação/KPG Payless2
Quem passeia pelo parque Ashikaga Flower Park, em Tochigi, no maio – Primavera no Japão. No parque o efeito é possível porque a árvo-
Japão, se impressiona com a beleza da centenária árvore glicínia. Imagine- re está apoiada sobre estruturas metálicas que, além do suporte, dese-
se andando sob as coloridas flores em tons de rosa, com um misto de luz nham caminhos encantados.
e sombra, que formam um tipo de guarda-chuva de flor e permite ao visi- Datada de 1870, a árvore de 144 anos é a mais antiga e a maior da sua
tante momentos mágicos e encantadores. espécie localizada no arquipélago asiático. Há uma década, ocupava ape-
De grande valor ornamental, com inflorescências longas, pendulares nas uma área de 72 m² do parque. Hoje ela segue por uma área de mil m²
e carregadas de delicadas e numerosas flores, a glicínia tem uma beleza e é considerada um espetáculo à parte por quem visita o local. Pode ser
quase hipnótica quando floresce totalmente, entre os meses de abril e definida como um pedaço de paraíso no Japão.
188
PÁGINAS EM
ACABAMENTO
DE LUXO
22 gêneros
e 14 espécies
Delicadas e com uma beleza
ímpar, as orquídeas desper-
tam a curiosidade e enfeitam
os espaços. Para adentrar o
universo desta planta, o livro
Cultivo de Orquídeas chega
para contar as particularida-
des da família Orchidaceae.
Saiba tudo sobre a origem, for-
ma e cor das flores e cultivo
adequado.
Confira as dicas
e bom cultivo!
Um parque,
diversos jardins
Os centenários jardins do Hatley Park trazem
beleza à Royal Roads University, no Canadá
UM JARDIM DE HISTÓRIA
O primeiro jardim da propriedade foi o Japonês, um dos primeiros
da América do Norte, projetado por Isaburo Kishida. Na parte inferior
há um pântano com muitas plantas típicas e notáveis prímulas (Primulaceae).
Na continuação deste jardim, há o Rose, que conta com mais de 300 rosas,
inclusive as de David Austin.
Há uma região próxima a este jardim que foi área de produção de ali-
mentos, na qual havia árvores frutíferas, hortas, um conservatório (demo-
lido em 1950) e uma estufa – utilizada até hoje. A propriedade foi vendi-
da para o governo canadense em 1939 e foi um colégio militar até 1995.
Atualmente abriga a Royal Roads University.
Mix
de cores
A área de lazer ganhou
destaque com a piscina
cercada pelo muro colorido
e presença constante de verde
Texto Vanessa Barcellini
Fotos Gui Morelli
[1]
[2]
EM PERFEITA HARMONIA
Assinada pela escultor e artista plástico Renato
Primi, a obra de arte feita de aço corten é o des-
taque do jardim composto por samambaia-ame-
ricana (Nephrolepis exaltata), jabuticabeira
(Myrciaria cauliflora) e grama-esmeralda (Zoysia
japonica). Segundo o paisagista e engenheiro
agrônomo Marcelo Bellotto, de São Paulo, SP, a
escolha da peça foi devido a sua forma que se
integra naturalmente à paisagem local.
FUTURISTA
O jardim situado em um condomínio em Embu das
Artes, SP, ganhou um toque futurista no projeto do
paisagista e engenheiro agrônomo Marcelo Bellotto,
de São Paulo, SP. A escultura feita de aço pelo escul-
tor e artista plástico Renato Primi insere-se na vege-
ração do entorno composta por arvore-do-viajante
(Ravenala madagascariensis), liríope (Liriope spica-
ta) e grama-esmeralda (Zoysia japonica) dando exclu-
sividade. “Sua tonalidade e forma permitem um
destaque natural ao meio de uma paisagem mono-
cromática”, revela Bellotto.
[3]
ES
A
ADQUIRA
O
pécie e confere dicas para deixar MP UA
suas plantas sempre saudáveis. LETE A S
Acervo Pessoal
“Espécies exóticas
invasoras configuram
a segunda causa
de perda de
biodiversidade
em todo o mundo”
Jane Pilotto é arquiteta paisagista e Dra.
em Gestão Ambiental, de Florianópolis, SC.
Contatos: (48) 3234-4238 e [email protected]
Quem poderia imaginar que em tempos de conscientização ambien- quilibrado, já que no continente de origem, a maria-sem-vergonha tinha
tal o slogan “plante uma árvore” seria um vilão? Isso mesmo. Hoje a ciên- predadores inexistentes em nosso País e outros fatores limitantes, como
cia comprova que algumas plantas, e aí incluímos também determinadas condições climáticas e geográficas.
árvores, correm o risco de se transformar em uma tragédia ambiental, Espécies exóticas invasoras configuram a segunda causa de perda de
gerando um expressivo impacto negativo ao meio ambiente. biodiversidade em todo o mundo. A falta de conhecimento público do
Na natureza, cada habitat possui uma dinâmica própria. Nas flores- assunto contribui para o agravamento do problema. O uso de tipos ina-
tas brasileiras encontram-se algumas árvores diferentes das espécies nati- dequados na arborização causa prejuízos em diversos aspectos. Outro
vas das áreas verdes do norte dos Estados Unidos, por exemplo, e cada exemplo são as coníferas do gênero Pinus que não ameaçam as demais
uma delas com sua biodiversidade. Apesar da dinâmica ser similar, exis- espécies encontradas no Hemisfério Norte, mas nos demais locais se carac-
tem diferenças fundamentais na forma de reprodução dos animais e vege- terizam como o maior contaminante das áreas de dunas, restingas, cam-
tais, com estratégias peculiares para garantir a preservação. pos abertos e matas em geral.
Uma planta como a maria-sem-vergonha (Impatiens sultanii) é ori- A presença de áreas verdes e a arborização de vias nas malhas urba-
ginária da África e chegou ao Brasil, por ser considerada bonitinha e nas são consideradas importantes no planejamento das cidades, na ten-
apresentar cores variadas e fácil reprodução. Quem já andou pela tativa de uma convivência harmônica entre o espaço natural e o espaço
Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, RJ, deve ter admirado sua bele- construído. Porém, a seleção adequada de tipos para evitar impactos nega-
za e exuberância. Pois é, a aparentemente inofensiva florzinha, que já tivos em ambientes naturais próximos às cidades é um conceito ainda ino-
colore as bordas dos riachos do País, é uma peste! Encontra aqui a vador. Paisagistas, arquitetos, comerciantes e produtores de plantas orna-
capacidade de se reproduzir de forma impressionante, ocupando o mentais são lideranças na incorporação desses conceitos e iniciativas para
lugar de endêmicas, matando e até exterminando muitas delas. Agora, conscientização estão em desenvolvimento.
imagine que alguns animais ou insetos dependiam para se alimentar Portanto, temos que mudar o slogan para “Plante a árvore certa!”. Só
daquelas espécies que foram eliminadas e acabam também morrendo assim realmente contribuiremos com a preservação do Planeta e para a
por falta de comida. Assim, todo o ciclo natural fica ameaçado e dese- melhoria da qualidade de vida de todos nós.