INQUÉRITO POLICIAL Parágrafo único.

São, porém, recepcionada pela CF/88), e sua ao complemento e subsídio de

MILITAR efetivamente instrutórios da autoria; inquérito policial militar;
ação penal os exames, perícias b) prestar aos órgãos e juízes da h) atender, com observância
CONCEITO e avaliações realizados Justiça Militar e aos membros do dos regulamentos militares, a
regularmente no curso do Ministério Público as pedido de apresentação de
Possui as mesmas inquérito, por peritos idôneos e informações necessárias à militar ou funcionário de
características do inquérito com obediência às formalidades instrução e julgamento dos repartição militar à autoridade
policial comum. previstas neste Código. processos, bem como realizar as civil competente, desde que
É um procedimento inquisitorial OBS: a transgressão militar é diligências que por eles lhe legal e fundamentado o pedido
administrativo, de caráter apurada por meio de forem requisitadas; 1. Tratava-se da Lei de
informativo, sem contraditório e procedimento administrativo. c) cumprir os mandados de Segurança Nacional (7.170/83)
ampla defesa, visando a Aqui, há contraditório e ampla prisão expedidos pela Justiça segundo a qual a apuração de
apuração de crimes militares e defesa. Militar;3 crimes contra a segurança
de sua autoria. d) representar a autoridades nacional (crimes políticos para a
Salienta-se que a denúncia judiciárias militares acerca da CF) caberia às formas armadas
FINALIDADE poderá ser oferecida sem que prisão preventiva e da por meio de IPM. A parte riscada
tenha havido o IPM, APF, IPD ou insanidade mental do indiciado; não foi recepcionada pela CF,
Apurar a autoria e a e) cumprir as determinações da pois são crimes de competência
materialidade dos crimes IPI. Justiça Militar relativas aos da Justiça Federal, a
militares, a fim de trazer POLÍCIA presos sob sua guarda e investigação será feita pela
elementos para a propositura da JUDICIÁRIA MILITAR responsabilidade, bem como as Polícia Federal.
ação penal. demais prescrições deste
Art. 9º O inquérito policial militar A polícia judiciária militar possui Código, nesse sentido; Toda informação útil a ser
é a apuração sumária de fato, sua competência disciplinada no f) solicitar das autoridades civis prestada à Justiça Militar ou ao
que, nos termos legais, art. 8º do CPPM, vejamos: as informações e medidas que MPM será de incumbência da
configure crime militar, e de sua Art. 8º Compete à Polícia julgar úteis à elucidação das Polícia Militar, mesmo que não
autoria. Tem o caráter de judiciária militar: infrações penais, que esteja a requisitadas. Além disso, deverá
instrução provisória, cuja a) apurar os crimes militares, seu cargo;6 realizar as diligências que lhe
finalidade precípua é a de bem como os que, por lei g) requisitar da polícia civil e das forem requisitas.
ministrar elementos necessários especial, estão sujeitos à repartições técnicas civis as
à propositura da ação penal. jurisdição militar1 (não pesquisas e exames necessários Não há prisão temporária como
disciplinada no DPPC. Alguns
doutrinadores chamam a prisão Militar, a exemplo da escolta de justificadamente, sobre a Oficialidade
do art. 18 do CPPM de prisão presos. conveniência da prisão
temporária (professor discorda, 6. O encarregado do IPM pode preventiva do indiciado, nos Não é qualquer autoridade
pois não é uma prisão expedida solicitar informações de órgãos termos legais. pública que poderá instaurar,
pela Justiça Militar). Há prisão públicos (municipais, estaduais presidir e relatar IPM, APF, IPD
em flagrante, prisão preventiva e federais), das polícias federal Sigiloso e o IPI.
e a mensagem (restrição de e civil. No PP Comum, a autoridade é
liberdade, não é prisão). É um procedimento sigiloso, do delegado de polícia. No
Durante o IPM é possível conforme disposto no art. 16 do processo penal militar, a
Art. 18. Independentemente de solicitar que as perícias sejam CPPM. autoridade é chamada de
flagrante delito, o indiciado realizadas pela PC ou pela PF, a Art. 16. O inquérito é sigiloso, encarregado.
poderá ficar detido, durante as finalidade é instruir o IPM. mas seu encarregado pode O CPPM preocupa-se com duas
investigações policiais, até trinta permitir que dele tome figuras: o encarregado (art. 15)
dias, comunicando-se a CARACTERÍSTICAS DO IPM conhecimento o advogado do e o escrivão do IPM (art. 11).
detenção à autoridade judiciária indiciado. Art. 15. Será encarregado do
competente. Esse prazo poderá Procedimento escrito Ressalva-se que, aqui, não se inquérito, sempre que possível,
ser prorrogado, por mais vinte Assim como ocorre no IP opõe o sigilo ao advogado do oficial de posto não inferior ao
dias, pelo comandante da comum é um procedimento investigado, aplicando-se a SV de capitão ou capitão-tenente;
Região, Distrito Naval ou Zona escrito, nos termos do art. 22 do 14 do STF. e, em se tratando de infração
Aérea, mediante solicitação CPPM. penal contra a segurança
fundamentada do encarregado Art. 22. O inquérito será SV 14 - É direito do defensor, nacional, sê-lo-á, sempre que
do inquérito e por via encerrado com minucioso no interesse do representado, possível, oficial superior,
hierárquica. relatório, em que o seu ter acesso amplo aos elementos atendida, em cada caso, a sua
O encarregado do IPM pode encarregado mencionará as de prova que, já documentados hierarquia, se oficial o indiciado.
fazer pedido de decretação de diligências feitas, as pessoas em procedimento investigatório
prisão preventiva ou de ouvidas e os resultados obtidos, realizado por órgão com Art. 11. A designação de
instauração de incidente de com indicação do dia, hora e competência de polícia escrivão para o inquérito caberá
sanidade mental. lugar onde ocorreu o fato judiciária, digam respeito ao ao respectivo encarregado, se
delituoso. Em conclusão, dirá se exercício do direito de defesa. não tiver sido feita pela
São obrigados a cumprir todas há infração disciplinar a punir ou autoridade que lhe deu
as determinações da Justiça indício de crime, pronunciando- delegação para aquele fim,
se, neste último caso, recaindo em segundo ou
primeiro-tenente, se o indiciado Marinha, nos órgãos, forças e delegar a um oficial de posto observar a antiguidade. Por
for oficial, e em sargento, unidades que lhes são superior, delega-se ao mais exemplo, um Major da ativa
subtenente ou suboficial, nos subordinados; antigo do mesmo posto. poderá investigar um Major da
demais casos. d) pelos comandantes de reserva ou reformado.
A designação dependerá da Exército e pelo comandante- Delegação do exercício
pessoa investigada (observar a chefe da Esquadra, nos órgãos,
hierarquia), nos termos do art. forças e unidades § 1º Obedecidas as normas § 4º Se o indiciado é oficial da
7º do CPPM: compreendidos no âmbito da regulamentares de jurisdição, reserva ou reformado, não
respectiva ação de comando; hierarquia e comando, as prevalece, para a delegação, a
Art. 7º A polícia judiciária militar e) pelos comandantes de atribuições enumeradas neste antiguidade de posto.
é exercida nos termos do art. 8º, Região Militar, Distrito Naval ou artigo poderão ser delegadas a Nas forças armadas quase
pelas seguintes autoridades, Zona Aérea, nos órgãos e oficiais da ativa, para fins nunca ocorre a incidência do
conforme as respectivas unidades dos respectivos especificados e por tempo §5º.
jurisdições: territórios; limitado.
a) pelos ministros f) pelo secretário do Ministério § 2º Em se tratando de Designação de delegado e
(COMANDANTE) da Marinha, do do Exército e pelo chefe de delegação para instauração de avocação de inquérito pelo
Exército e da Aeronáutica, em Gabinete do Ministério da inquérito policial militar, deverá ministro
todo o território nacional e fora Aeronáutica, nos órgãos e aquela recair em oficial de posto
dele, em relação às forças e serviços que lhes são superior ao do indiciado, seja § 5º Se o posto e a antiguidade
órgãos que constituem seus subordinados; este oficial da ativa, da reserva, de oficial da ativa excluírem, de
Ministérios, bem como a g) pelos diretores e chefes de remunerada ou não, ou modo absoluto, a existência de
militares que, neste caráter, órgãos, repartições, reformado. outro oficial da ativa nas
desempenhem missão oficial, estabelecimentos ou serviços § 3º Não sendo possível a condições do § 3º, caberá ao
permanente ou transitória, em previstos nas leis de designação de oficial de posto ministro competente a
país estrangeiro; organização básica da Marinha, superior ao do indiciado, poderá designação de oficial da reserva
b) pelo chefe do Estado-Maior do Exército e da Aeronáutica; ser feita a de oficial do mesmo de posto mais elevado para a
das Forças Armadas, em relação h) pelos comandantes de posto, desde que mais antigo. instauração do inquérito policial
a entidades que, por disposição forças, unidades ou navios; Quando o investigado for da militar; e, se este estiver
legal, estejam sob sua Os comandantes poderão reserva ou reformado iniciado, avocá-lo, para tomar
jurisdição; delegar o poder de investigação prevalecerá a hierarquia para essa providência.
c) pelos chefes de Estado-Maior para oficiais subordinados a investigação. Aqui, contudo, Suponha que o investigado da
e pelo secretário-geral da eles. Caso não seja possível poderá ser do mesmo posto sem ativa do IPM seja um Vice-
Almirante, o encarregado Encarregado: delegadas a outro oficial, nos Assim como ocorre no IP
poderá ser um Almirante-de- termos do § 2° do art. 7º. comum, o IPM também é
Esquadra ou um Vice-Almirante Preferencialmente, Capitão. dispensável. Ou seja, a ação
mais antigo. Caso seja um Nada impede que seja um Quando o encarregado, no penal poderá ocorrer
Almirante-de-Esquadra, por Tenente. Os aspirantes a oficial, curso do IPM, descobre independentemente da
exemplo, só poderá ser os guardas, os cadetes não envolvimento de oficial de posto existência de um IPM, nos
investigado por outro Almirante- podem ser encarregados, pois superior ao seu ou mais antigo termos do art. 28 do CPPM.
de-Esquadra mais antigo no não são oficiais. no mesmo posto, não poderá Art. 28. O inquérito poderá ser
posto. Contudo, se o investigado Escrivão: subtenente, suboficial continuar nas investigações. dispensado, sem prejuízo de
for o Almirante-de-Esquadra ou sargento Deve informar seu superior para diligência requisitada pelo
mais antigo no Brasil caberá ao Investigado oficial que continue ou delegue a um Ministério Público:
Ministro (1ªC – Ministro da Encarregado: oficial de posto oficial superior ao investigado a) quando o fato e sua autoria já
Defesa; 2ªC – Comandante da superior ou oficial mais antigo ou mais antigo se no mesmo estiverem esclarecidos por
Marinha, Exército ou do mesmo posto. posto. documentos ou outras provas
Aeronáutica) competente materiais;
designar um Almirante-de- Escrivão: no mínimo, segundo d) Infrator oficial-geral b) nos crimes contra a honra,
Esquadra da reserva para ser o tenente. Não precisa ser de quando decorrerem de escrito
encarregado do IPM. posto superior e nem o mais O fato deve ser comunicado ao ou publicação, cujo autor esteja
antigo no mesmo posto. Ministro da Defesa (1ªC) ou identificado;
Parte da doutrina de PP Militar Comandante (2ªC) para que c) nos crimes previstos nos arts.
defende que este dispositivo Investigado oficial de posto tome providências. 341 e 349 do Código Penal
não possui aplicação prática. superior ou mais antigo que o Militar.
Obs.: a questão da hierarquia encarregado Art. 10, § 4º Se o infrator for
aplica-se também ao APF, ao oficial general, será sempre A doutrina e a jurisprudência
IPD e ao IPI. Não é exclusivo do Art. 10, § 5º Se, no curso do comunicado o fato ao ministro e entendem que o IPM será
IPM. inquérito, o seu encarregado ao chefe de Estado-Maior dispensável em qualquer
A seguir analisaremos os verificar a existência de indícios competentes, obedecidos os hipótese, não apenas nos casos
possíveis encarregados e contra oficial de posto superior trâmites regulamentares. do art. 28.
escrivães de acordo com o ao seu, ou mais antigo, tomará
investigado: as providências necessárias para PRESIDÊNCIA DO IPM E
que as suas funções sejam Dispensabilidade INVESTIGAÇÃO PELO MPM
a) Investigado civil ou praça
A presidência do IPM será ESPÉCIES INSTAURAÇÃO DO IPM • • Ex officio
sempre do encarregado, • Requisição do MPM
tratando-se de autoridade . Imediata ou espontânea No DPP Comum o IP pode ser
militar da ativa (salvo o caso instaurado por portaria (quando No CPP há previsão de
citado do §5º). Alguém dentro da própria não há flagrante) ou através de requisição de instauração de IP
Como já vimos acima, o MPM instituição militar toma um APF (quando há flagrante). pelo juiz (embora haja discussão
possui poder de investigação conhecimento da prática do Como vimos acima, o IPM será acerca da recepção), não há tal
militar. Inclusive, por promotor delito militar. instaurado apenas quando não possibilidade no CPPM.
de justiça estadual que exerça houver situação de flagrância,
atividade junto a auditória Mediata desde que não seja crime de CRIME DE AÇÃO PENAL
militar estadual ou distrital. deserção e de insubmissão, por MINLITAR CONDICIONADA
VÍCIOS DO IPM O comandante toma meio de portaria. À REPRESENTAÇÃO DO
conhecimento do delito por GOVERNO FEDERAL
Eventuais vícios no IPM não alguém de fora da instituição CRIME DE AÇÃO PENAL
contaminam futura ação penal, militar. Por exemplo, o MPM MILITAR PÚBLICA A representação federal poderá
desde que a justa causa não requisita investigação. INCONDICIONADA ser feita pelo Ministro da Justiça,
seja viciada. Coercitiva pelo Ministro da Defesa e pelo
Ocorre quando o agente é preso Destaca-se que nos crimes Presidente da República, a
NOTITIA CRIMINIS em flagrante. militares não existe ação penal depender do caso concreto, nos
privada e nem crimes de ação termos do art. 31 do CPMM.
CONCEITO NOTITIA CRIMINIS penal pública condicionada à Art. 31. Nos crimes previstos nos
É a comunicação de um crime INQUALIFICADA representação do ofendido ou arts. 136 a 141 do Código Penal
militar à autoridade de seu representante legal. Militar, a ação penal; quando o
competente. Trata-se da denúncia anônima. Aqui, tanto os crimes contra a agente for militar ou
É o mesmo procedimento do honra quanto os crimes de dano assemelhado, depende de
Processo Penal Comum. simples serão de ação penal requisição, que será feita ao
pública incondicionada. procurador-geral da Justiça
Assim, o IPM poderá ser Militar, pelo Ministério a que o
instaurado: agente estiver subordinado; no
. caso do art. 141 do mesmo
Código, quando o agente for
civil e não houver coautor
militar, a requisição será do da autoridade policial militar, Por fim, a investigação será feita
Ministério da Justiça. far-se-á sem demora ao juiz pela PM ou pelo Corpo de
. competente, nos termos do art. Bombeiros.
O IPM será instaurado, 20.
devendo comunicar ao Súmula 53 STJ - compete à
PGJM que irá comunicar ao Não há lavratura de TCO, bem Justiça Comum Estadual
PGR. como não se aplica os institutos processar e julgar civil
da Lei 9.099/95, nos termos do acusado de pratica de crime
AUTO DE PRISÃO EM art. 90-A da própria lei, contra instituições militares
FLAGRANTE vejamos: estaduais.
Art. 90-A. As disposições desta
É o procedimento instaurando Lei não se aplicam no âmbito da
para investigar um crime militar Justiça Militar.
quando o agente estiver em Sabe-se que os civis podem ser
situação de flagrância, processados e julgados pela
independente do agente (civil Justiça Militar, o APF será
ou militar, ativa ou na reserva), lavrado pela instituição militar.
salvo nos casos de deserção e Contudo, a prisão cautelar será
insubmissão. em estabelecimento penal
comum.
Art. 27. Se, por si só, for OBS.: Civil pode cometer crime
suficiente para a elucidação do contra a Justiça Militar Federal,
fato e sua autoria, o auto de será julgado por ela. Por outro
flagrante delito constituirá o lado, mesmo não podendo ser
inquérito, dispensando outras processado e julgado pela
diligências, salvo o exame de Justiça Militar Estadual poderá
corpo de delito no crime que cometer crimes militar contra as
deixe vestígios, a identificação instituições militares estaduais e
da coisa e a sua avaliação, distrital, oportunidade em que
quando o seu valor influir na será processado e julgado pela
aplicação da pena. A remessa Justiça Comum Estadual, nos
dos autos, com breve relatório termos da Súmula 53 do STJ.