Aula 08 - Direito Processual Penal Militar

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Curso de Direito Processual Penal Militar para

Analista do Ministério Público da União

Bom, nosso propósito aqui é expor os pontos primordiais do Direito


Processual Penal Militar, necessários para sua aprovação no concurso para o
cargo de Analista do Ministério Público da União. Assim, exporemos
aspectos específicos, expondo temas que tenham maior probabilidade de
cobrança nas questões objetivas.
· O CPPM é norma especial e assim prevalece em relação as
demais leis. Logo, os rigores da lei de crimes hediondos não se aplicam à
esfera processual militar. Por outro lado, caso o CPPM seja omisso, a lei
especial ou o próprio CPP comum poderá ser aplicado. Exemplo de aplicação
de lei especial na esfera processual penal militar é a lei 8.457/92 (Lei de
Organização da Justiça Militar da União) que se aplica em complemento na
esfera processual militar. Em caso de divergência entre o CPPM e tratados
ou convenções internacionais, estes prevalecerão, conforme dispõe
expressamente art. 1º, §1º do CPPM.
· Na interpretação da lei processual penal militar, a regra é a
literalidade. Contudo, a interpretação literal será afastada,
excepcionalmente, quando for manifesto que a expressão da lei é mais
estrita ou mais ampla do que sua intenção. Por outro lado as interpretações
extensiva e restritiva não serão admitidas, quando:
ü a) cercear a defesa pessoal do acusado;
ü b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe
desvirtuar a natureza;
ü c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram
origem ao processo.

· No que tange à integração de lacunas do CPPM, o CPP comum


é a primeira fonte supressiva. Desse modo, é justamente pelo CPPM não
tratar claramente da ação penal privada subsidiária da pública que se
costuma invocar as disposições do CPP comum como forma de suprimir tal
lacuna, o que implica, por exemplo, na possibilidade do MP aditar e repudiar
a queixa subsidiária ou, em qualquer momento, no caso de negligência da
parte, retomar a ação.

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Contudo, deve-se ter cautela pra que a aplicação subsidiária do CPP e
da legislação processual comum não desvirtue a lógica processual penal
militar ou não haja previsão expressa sobre sua vedação. Exemplo de
vedação expressa é a prevista na lei 9099/95, em seu art. 90-A, que
determina o afastamento completo dos juizados especiais criminais da
esfera militar.
· O art. 4º do CPPM quase que em sua integralidade reproduz as
disposições de territorialidade e extraterritorialidade do art. 7º do CPM.
Contudo, em tempo de guerra, o inciso II do art. 4º do CPPM,
especificamente em sua alínea “b”, se verifica uma diferença. Assim,
mesmo que o fato ocorra em zona de operação militar brasileira, se houver
uma força aliada, será aplicada a lei processual brasileira, sendo um caso de
extraterritorialidade. Trata-se de extraterritorialidade irrestrita, ou seja,
independe de quem seja o autor ou a vítima.
· No tocante à aplicação da lei processual no tempo, nos
mesmos moldes da legislação comum, o CPPM adotou o princípio da
imediatidade.
· No caso de crime militar se perceberá que a autoridade, que
presidirá o inquérito policial militar, será também de natureza militar.

Crime Militar => Inquérito Policial Militar => Presidência=>


Autoridade Militar (Encarregado)

· Não há órgão específico de policial judiciária militar. A atividade


de polícia judiciária militar é exercida casuisticamente, nos moldes do que
dispõe o art. 7 º do CPPM, que lista as autoridades que exercem a polícia
judiciária militar nas respectivas armas (Marinha, Exército e Aeronáutica).
· Nos moldes do art. 7º, §2º do CPPM, o oficial que recebeu a
delegação deve ser superior ao investigado.
· CESPE – 2010 – MPE/ES: No sistema processual
castrense, não há previsão para o juiz requisitar a instauração de IPM,
entendendo a doutrina e a jurisprudência ser vedado ao juiz requisitar ou
ordenar a instauração de procedimento investigativo. Certo

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· Segundo o art. 8º do CPPM são atribuições da Polícia Judiciária
Militar:

Polícia Judiciária Militar


Atribuições

a) apurar os crimes d) representar a g) requisitar da


militares, bem como autoridades polícia civil e das
os que, por lei judiciárias militares repartições técnicas
especial, estão acêrca da prisão civis as pesquisas e
sujeitos à jurisdição preventiva e da exames necessários
militar, e sua autoria; insanidade mental do ao complemento e
b) prestar aos indiciado; subsídio de inquérito
órgãos e juízes da e) cumprir as policial militar;
Justiça Militar e aos determinações da h) atender, com
membros do Ministério Justiça Militar observância dos
Público as informações relativas aos presos regulamentos
necessárias à sob sua guarda e militares, a pedido de
instrução e responsabilidade, apresentação de
julgamento dos bem como as demais militar ou funcionário
processos, bem como prescrições dêste de repartição militar à
realizar as diligências Código, nesse autoridade civil
que por êles lhe forem sentido; competente, desde
requisitadas; f) solicitar das que legal e
c) cumprir os autoridades civis as fundamentado o
mandados de prisão informações e pedido.
expedidos pela Justiça medidas que julgar
Militar; úteis à elucidação
das infrações penais,
que esteja a seu
cargo;

· As características do inquérito são as peculiaridades que


costumam lhe diferenciar dos demais procedimentos. Vejamos:
• Inquisitividade;
• Discricionariedade: Na determinação das diligências pode as determinar
ou não, avaliando a oportunidade e conveniência da medida, podendo rejeitar as
que entender inúteis.
Contudo deve-se ter cautela em relação aos atos denominados pela lei como
instrutórios, onde naturalmente o encarregado estará obrigado a determinar sua
realização pela importância que apresentam. Segundo o CPPM: São, porém,
efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizados
regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às

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formalidades previstas neste Código (art. 9º, § único do CPPM). Assim, diante do
contexto acima e da disposição prevista no art. 315, § único do CPPM, não se
poderia negar a realização de exame de corpo de delito.
• Escrito (art. 21 do CPPM);
• Sigiloso (art. 16 do CPPM);
Súmula vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.
• Dispensabilidade (art. 28 do CPPM):
Dispensa de Inquérito
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência
requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou
outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação,
cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal Militar.
No que tange à hipótese da alínea c se verifica que o art. 341 dispõe sobre o
crime de Descato e o art. 349 tipifica o crime de Desobediência. Assim, dispensasse
o inquérito militar, haja vista a autoria e existência do crime já estarem
devidamente registradas através do flagrante no primeiro caso (Desacato) ou
certificadas no segundo (Desobediência).
Também é importante observar o disposto no art. 27 do CPM, que lista mais
uma hipótese de dispensabilidade do Inquérito Policial Militar. Confira.
• Indisponibilidade: Determina que, uma vez instaurado o inquérito, o
encarregado não pode arquivá-lo. Só o juiz arquiva inquérito policial militar, após
oitiva do MP. Conferir o art. 24 do CPPM:

· Segundo o CPPM: Art. 9º: O inquérito policial militar é a


apuração sumária de fato, que, nos têrmos legais, configure crime
militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória,
cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à
propositura da ação penal. O Direito Processual Penal Militar ainda
detém outros procedimentos de instrução provisória, como o são a
INSTRUÇÃO PORVISÓRIA DE INSUBMISSÃO (Art. 463 do CPPM) e a
INSTRUÇÃO PROVISÓRIA DE DESERÇÃO (Art. 451 do CPPM).
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· Com base no Art. 136, §3º, IV, CF, entende-se que o art.
17 do CPPM também não foi recepcionado pela CF, pois se no Estado
de Defesa, que é um estado de exceção, é vedada a
incomunicabilidade do preso, quiçá num Estado Democrático de
Direito, que é um estado de normalidade institucional.
· Prazos do Inquérito Policial Militar
Indiciado Preso Indiciado Solto
Prazo para término do 20 dias 40 dias
IPM.
Prorrogação Não admite - Por mais vinte dias pela
autoridade militar
- A critério do atual
Comandante da Força
Termo inicial A partir da execução da A partir da instauração do
ordem de prisão IPM

· Quem irá presidir inquérito policial militar em que figure


como investigado o oficial-general do último posto?
R.: Esclarece ou ínclito doutrinador: “Segundo o § 5º do art. 7º do
CPPM, se o posto e a antiguidade do oficial da ativa excluírem, de modo
absoluto, a existência de outro oficial da ativa e maior antiguidade, será
designado oficial da reserva de posto mais elevado. Acontece que nas
Forças Armadas não há militar da reserva de posto mais elevado do que o
oficial-general do último posto da ativa. O marechal da reserva existiu por
breve espaço de tempo, mas, em boa hora, foi extinto. Logo, o dispositivo
deve ser considerado como não escrito...”1 Assim, conclui o mestre que a
resposta se encontra na lei penal militar, no art. 24 do CPM, já que
independentemente de antiguidade, a superioridade hierárquica decorrente
da função, legitima o Comandante da Arma, e ocupante de outros
cargos, para presidir o inquérito, no qual figura oficial-general do
último posto e mais antigo da corporação.2
· O CPP e o CPPM não tratam de forma taxativa das
hipóteses de arquivamento, bem como o Direito Processual Penal

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LOBÃO, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2ª edição, 2011, p. 54.
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LOBÃO, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2ª edição, 2011, p. 54.
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comum e militar, tendem a não admitir o denominado arquivamento
implícito, figura não prevista expressamente em nenhuma das duas
legislações.
· Ação penal.
Espécies de Ação Penal
No âmbito castrense só se admitem as seguintes espécies de ação
penal:
1) Ação Penal Pública Incondicionada – Regra;
2) Ação Penal Pública Condicionada à Requisição; e
3) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.
Apesar do STF admitir a Ação penal privada subsidiária da pública o
mesmo não reputa viável a legitimação de pessoas jurídicas para tal ato.
Da mesma forma que na seara penal comum, para se admitir a
ação penal privada subsidiária da pública, é necessária a
caracterização da inércia do ministério público. Será considerado
inerte o Ministério público se, esgotado o prazo para a denúncia,
não a ofereceu, não pediu mais diligência e nem pediu
arquivamento do IPM ou das peças de informação.

· A ausência de dados qualificativos não impede que a


denúncia seja recebida. O promotor pode oferecer a denúncia com a
descrição física do acusado, ou até mesmo tratá-lo por meio de
alcunhas para facilitar a identificação.
· CESPE – 2004 – STM: A denúncia no processo penal
militar difere da denúncia no processo penal comum,
primordialmente, por exigir que o Ministério Público explicite as
razões de convicção ou presunção de delinquência. Certo
· Prazo para a Denúncia:

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· O CPPM afirma que o processo penal militar se inicia
com o recebimento da denúncia e se efetiva com a citação.
· Para o CPPM, o acusado é a pessoa que tem contra si
uma denúncia recebida.
· Toda parte é sujeito processual, mas nem todo sujeito
processual é parte.
· Dispõe o art. 36 do CPPM que O juiz proverá a
regularidade do processo e a execução da lei, e manterá a ordem no
curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força
militar. Na definição de juiz o mesmo dispositivo em seu parágrafo 1º
afirma que sempre que este Código se refere a juiz abrange, nesta
denominação, quaisquer autoridades judiciárias, singulares ou
colegiadas, no exercício das respectivas competências atributivas ou
processuais.
· As situações de impedimento (conferir art. 37 do CPPM)
são objetivas ou subjetivas e se referem a fatos e circunstâncias
encontradas dentro do processo. São tratadas no CPPM de forma
peculiar, pois são tidas como situações de inexistência de relação
jurídica processual e não como nulidades absolutas, como costuma
afirmar a maior da doutrina de direito processual penal comum.
· Casos de suspeição do juiz: conferir o Art. 38.
· Dispõe o CPPM, em seu art. 55, que cabe ao Ministério
Público fiscalizar o cumprimento da lei penal militar, tendo em
atenção especial o resguardo das normas de hierarquia e
disciplina, como bases da organização das Forcas Armadas.
· O direito a defesa técnica é indisponível, sendo que o juiz
deve, por injunção legal, nomear defensor ao acusado que não o
possua, ainda que contra a vontade deste (que poderá, a qualquer
momento, constituir outro de sua inteira confiança). Nesse âmbito
deve-se lembrar o que dispõe a súmula 523 do STF: “No processo
penal, a falta de defensor constitui nulidade absoluta, mas a sua

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deficiência só anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. Deve-
se registrar também que a falta de comparecimento do defensor, se
motivada, adiará o ato do processo, desde que nele seja
indispensável a sua presença. Mas, em se repetindo a falta, o juiz lhe
dará substituto para efeito do ato, ou, se a ausência perdurar, para
prosseguir no processo (art. 74 do CPPM).
· Não funcionarão como defensores: o cônjuge ou o
parente consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, do juiz,
do membro do Ministério Público ou do escrivão. Contudo, se em
idênticas condições, qualquer destes for superveniente no processo,
tocar-lhe-á o impedimento, e não ao defensor, salvo se dativo, caso
em que será substituído por outro (art. 76 do CPPM).
· Prerrogativa do posto ou graduação: Art. 73. O
acusado que for oficial ou graduado não perderá, embora sujeito
à disciplina judiciária, as prerrogativas do posto ou graduação.
Se preso ou compelido a apresentar-se em juízo, por ordem da
autoridade judiciária, será acompanhado por militar de
hierarquia superior a sua. Parágrafo único. Em se tratando de
praça que não tiver graduação, será escoltada por graduado ou
por praça mais antiga.
· Art. 60. O ofendido, seu representante legal e seu
sucessor podem habilitar-se a intervir no processo como assistentes
do Ministério Público.
· Art. 62. O assistente será admitido enquanto não passar
em julgado a sentença e receberá a causa no estado em que se
achar.
· Art. 65. Ao assistente será permitido, com aquiescência
do juiz e ouvido o Ministério Público: a) propor meios de prova; b)
requerer perguntas às testemunhas, fazendo-o depois do procurador;
c) apresentar quesitos em perícia determinada pelo juiz ou requerida

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pelo Ministério Público; d) juntar documentos; e) arrazoar os recursos
interpostos pelo Ministério Público; f) participar do debate oral.
· Segundo o CPPM, a nomeação dos peritos é competência
do juiz, sem que se admita a intervenção das partes (Art. 47).
· A Justiça Militar Federal tem recorrido a perito federal,
estadual ou federal, que estão dispensados do compromisso 3 à que
alude o parágrafo único do referido artigo e da nomeação prevista no
art. 47 do CPPM.
· Tendo em vista que o estudo da Competência da Justiça
Militar da União é, por reflexo, o estudo das atribuições do Ministério
Público Militar, devemos visualizar o seguinte:

Superior Tribunal Militar


Procurador Geral Militar da União

Conselho Juízes Auditores Conselho


Permanente Especial
Promotor de Justiça Promotor de Justiça Promotor de Justiça
Militar da União Militar da União Militar da União

Registres-se que os Conselhos de Justiça (Permanente e Especial)


atuam após o recebimento da denúncia, ou seja, com a instauração do
processo, pois durante a fase de investigação preliminar, todas as questões
suscitadas à jurisdição militar são decididas elo Juiz-Auditor
monocraticamente.
Ao Conselho Permanente incumbe o julgamento dos praças (militar
não detentor de posto de oficial) e dos civis.
Ao Conselho Especial incumbe o julgamento dos Oficias, com exceção
dos Oficiais-Generais que tem seu foro no STM.

3
LOBÃO, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2ª edição, 2011, p. 96.

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Sobre o tema, elucidativo o quadro exposto pelos professores
Cláudio Amin Miguel e Nelson Coldibelli4, que sintetizamos da
seguinte forma:
Conselho Especial Conselho Permanente
de Justiça de Justiça
Composição Juiz-Auditor e Juiz-Auditor e
Quatro Militares Quatro Militares
(de posto elevado ou mais (sendo um oficial superior e
antigos que o acusado, três oficiais de posto até
desde que haja ao menos Capitão-Tenente ou Capitão)
um Oficial-Superior ou
General)
Competência Processar e Julgar os Processar e Julgar os praças
Oficias, com exceção dos e os civis.
Oficiais-Generais.
Duração Constituição para cada Constituição a cada
processo. trimestre.

· Visando facilitar o registro, afirmamos que a Justiça


Militar da União, julga civis, mas não julga causa civis, já a
Justiça Militar Estadual, julga causas civis, mas não julga civis.

”Justiça Militar da União Justiça Militar Estadual

- Julga crimes militares - Julga crimes militares

- Julga Civis e Militares - Julga Militares do Estado

- Competência em razão da matéria. - Competência em razão da matéria e da


pessoa.

* Tem competência civil, acrescentada pela


*Não tem competência Civil EC 45/04, onde se conferiu o julgamento para
ações judiciais contra atos disciplinares
militares.

4
MIGUEL, Claudio Amin e COLDIBELLI, Nelson. Elementos de Direito Processual Penal Militar. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2011, 3ª edição, p. 10.
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Órgão Jurisdicional Órgão Jurisdicional

- Conselho de Justiça: - Conselho de Justiça:


> 04 militares oficiais; - Juiz de direito do Juízo Militar
> Juiz-Auditor (juiz concursado): este possui Aqui, tanto o juiz militar quanto o conselho
competência singular? R.: Não. podem julgar separadamente.
Todos os crimes militares são julgados pelo Sendo que compete ao juiz de direito julgar
respectivo conselho, ou seja, o juiz-auditor não singularmente os crimes militares cometidos:
possui competência singular. # contra civis;
# ações judiciais contra atos disciplinares
militares.
ð Ao conselho de justiça cabem os
demais.

- Aqui o Presidente é o Oficial de posto - Presidente é o juiz de direito.


mais elevado. Em caso de igualdade de
posto será o oficial mais antigo.

- O conselho pode ser permanente ou


especial, Vejamos as diferenças:

# O conselho permanente delibera por 03


meses (sorteia os militares da região), sendo
que tem competência para julgar crimes
cometidos por: Civis, soldados, cabos,
sargentos (qualquer militar, menos
oficial).

# O conselho de justiça especial cabe julgar os


crimes cometidos por Oficiais. (artigo 16 da
Lei da Organização da Justiça Militar –
8457/92).
- Ministério Público Militar (ramo do - Ministério Público Estadual
Ministério Público da União ao lado do:
MPDFT, MPT e MPF).
MPM: MPE:
*1ª instância: Promotores de justiça 1ª Instância – promotor de justiça
militar e Procuradores 2ª instância: depende dos estados, sendo
*2ª instância: Atuam os Sub-procuradores e que em 03 (RS, MG e SP) quem exerce é o
o Procurador-Geral da Justiça Militar da Tribunal de Justiça Militar, nos outros o
União perante o STM, que é o órgão de 2ª próprio Tribunal de Justiça.
instância.
Orientação jurídica: Orientação jurídica:
Defensoria Pública da União Defensoria Pública Estadual” 5

5
BRASILEIRO, Renato. Competência criminal. Salavador: Juspodivm, 2010, p.
129/130.
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· Crime propriamente militar é aquele cujo bem jurídico é
exclusivo da vida militar e estranho à vida civil, de que é exemplo o dever
militar. Assim, só pode ter como sujeito ativo o militar da ativa. Além disso,
só é previsto na lei penal própria. Exemplos: Deserção (art. 187),
embriaguez em serviço (202) e dormir em serviço (203) todos do CPM.
· Por outro lado, o crime impropriamente militar, também
conhecido como crime acidentalmente militar ou crime militar misto,
envolve bem jurídico comum, tutelável pelas esferas penal comum e penal
militar. Desse modo, qualquer pessoa pode cometê-lo, embora o crime seja
considerado militar. Logo, encontra previsão no CPM, mas há previsão
idêntica ou semelhante na lei comum.
· Critérios Legais para Definir o Crime Militar: No que tange
ao critério para definir o crime militar, afirma-se que o legislador militar
adotou um critério processualista para definir o crime militar, pois
considerou aspectos comumente utilizados para definir competência (lugar,
matéria, pessoa). O critério prevalente é o da ratione legis. O legislador,
para trazer uma ideia do que seria o crime militar, faz uma soma de
critérios, sendo este preponderante e que sempre estará presente. Ou seja,
o crime militar é o que a lei militar assim define.
· Crimes Militares em Tempo de Paz (art. 9º do CPM)
Crimes Tipicamente Militares: São exemplos de crimes propriamente
militares: 1) Deserção, 2) Insubmissão (entendimento majoritário e do
STM), 3) Pederastia, 4) Motim e revolta, 5) Reunião ilícita.
· Art. 9º, II, alínea a: O contexto alínea acima é o seguinte:
Militar da ativa pratica crime contra militar também da atividade. Segundo o
STM, para que incida essa alínea, basta que os dois sejam militares,
mesmo que não estejam em serviço ou em local administrado pela
instituição militar. Assim, o militar da ativa é militar 24 horas por dia. Nesse
sentido decidiu recentemente o STM: Desnecessária a conjugação da
condição funcional com os demais elementos circundantes do crime,
bastando que o agente e a vítima sejam militares das Forças Armadas para
a fixação da competência da Justiça Castrense, em consonância com o
art.9º,inciso II, alínea a, do CPM. Cuidado deve ter o candidato caso a
questão indague sobre o posicionamento do STF. Pedimos cuidado, pois o

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STF, tem alterado seu entendimento desde o ano de 2011. Assim, segundo
os últimos informativos do STF a respeito do tema, se tem considerado que
a qualidade de crime militar se afasta caso, por exemplo, os militares
envolvidos desconhecessem a situação funcional dos envolvidos. (STF,
Informativo 626)
· Art. 9º, II, b: Súmula 172 do STJ: Compete à Justiça Comum
processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que
praticado em serviço.
· Súmula da jurisprudência do STJ: Súmula: 75, STJ: COMPETE A
JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR O POLICIAL MILITAR
POR CRIME DE PROMOVER OU FACILITAR A FUGA DE PRESO DE
ESTABELECIMENTO PENAL.

· Art. 9º, III: O STF e o STJ têm adotado uma interpretação


bastante restritiva em relação aos crimes militares cometidos por civis,
somente se caracterizando o crime como militar em hipóteses excepcionais,
e desde que esteja presente o intuito de atingir de qualquer modo as Forças
Armadas (STF - HC 86.716).6 Contudo o STM ainda detém entendimento
literal, no sentido da inexigibilidade dos requisitos apontados acima
(Excepcionalidade e Intenção de atingir as Forças Armadas).
· Aproveitamos a oportunidade par alertar o leitor sobre a
recente disposição legal (lei 12.432/117) que, ampliando as competências
da Justiça Militar, incluiu o julgamento do crime de homicídio doloso contra
civil, se sua prática se dê no âmbito de ação militar realizada contra
aeronave que se encontre em uma das hipóteses do tiro de destruição,
conhecida lei do abate.
· Sobre o tema, crime contra a vida e competência da justiça
militar, a CESPE seu como certa a seguinte assertiva: (STM – 2004) De
acordo com a legislação penal militar, os crimes culposos contra a
vida, em tempo de paz, praticados por militar em serviço são
considerados crimes militares.

6
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 541.
7
Alterou o § único do art. 9º do Código Penal Militar que passou a ter a seguinte redação: Art. 9o ...
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e cometidos contra
civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar
realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de
Aeronáutica.” (NR)

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· Em 2012 o STF se manifestou no informativo 655:
Militar e tribunal do júri: Compete à justiça comum processar e
julgar crime praticado por militar contra militar quando ambos
estiverem em momento de folga.
· Segundo entendimento recente do STF, compete à justiça
federal comum processar e julgar civil, em tempo de paz, por delitos
alegadamente cometidos por estes em ambiente estranho ao da
Administração castrense e praticados contra militar das Forças
Armadas na função de policiamento ostensivo, que traduz típica
atividade de segurança pública.
· Segundo entendimento recente do STF, a justiça
castrense é absolutamente incompetente para processar e julgar civis
que, em tempo de paz, tivessem cometido fatos que, embora em tese
delituosos, não se subsumiriam à descrição abstrata dos elementos
componentes da estrutura jurídica dos tipos penais castrenses que
definiriam crimes militares em sentido impróprio.
· Segundo entendimento recente do STM, a Justiça Militar
é competente para julgar crime contra Força de Pacificação, haja
vista os militares da Força de Pacificação exercerem função
tipicamente militar, relacionada à garantia da lei e da ordem,
conforme previsto no artigo 142 da Constituição Federal.
· Segundo entendimento recente do STM, a Justiça Militar
tem como missão proteger as instituições militares e,
consequentemente, a soberania estatal em sentido amplo, sendo o
réu civil ou militar.

Grande abraço e Sucesso!


Mantemos-nos à disposição!
Prof. Pablo Farias Souza Cruz

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