Baygon,+Gerente+Da+Revista,+CAMPOS+737 2481 1 LE
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IV
Resumo: Este trabalho pretende discutir a autoria e as condições de produção do filme O Conde
de Monte Cristo (2002), tendo como base conceitos propostos pela Análise de Discurso
materialista. Este estudo é resultado do seguinte questionamento: é possível trabalhar em sala de
aula conceitos discursivos através de filmes não tão conhecidos pelos alunos? A fim de responder
à questão, foi analisada uma cena do filme (relacionada às condições de produção), considerando-
se principalmente a importância do objeto simbólico livro na trajetória (construção) do
personagem principal (Edmond Dantès – Conde de Monte Cristo). Em seguida, foram observados
os efeitos de sentido produzidos por alunos a partir da cena analisada.
Palavras-chave: Análise de Discurso, autoria, ensino, cinema, O Conde de Monte Cristo.
Introdução
Justificativa
Referencial Teórico
Condições de Produção:
1
As informações sobre Alexandre Dumas foram obtidas em “Alexandre Dumas: vida e
obra” In. DUMAS, A. (1844). O Conde de Monte Cristo (Vol. II). Martin Claret, SP, 2008.
150
numa época em que a França começava a sua Revolução Industrial, sendo
caracterizado por uma monarquia constitucional favorável à burguesia, ou seja,
um regime de inspiração liberal que acabou, na França, com os princípios de
uma monarquia absolutista. Este período é denominado Idade de Ouro da
burguesia francesa, na qual circulavam os princípios liberais e nacionalistas.
O enredo (tanto do livro quanto do filme) compreende os anos de 1814 a
1830. As primeiras cenas se situam em 1814 e remetem a um fato histórico
muito conhecido: o exílio de Napoleão Bonaparte na Ilha de Elba. Uma grande
parte do romance ocorre já no ano de 1830, quando o Conde de Monte Cristo
(rico e estabelecido em Paris) coloca em prática seu plano de vingança contra
aqueles que o traíram.
Na França, em março de 1830, começou o conflito com a assembleia, que
se opunha à designação, pelo rei Carlos X, de Auguste Polignac como ministro.
A Câmara, havendo negado voto de confiança ao ministério do Polignac, foi
dissolvida, mas as eleições foram favoráveis à oposição. As ordenações de julho
de 1830, que dissolveu a Câmara e suprimiu a liberdade de imprensa,
provocaram a revolução de 1830, na qual Alexandre Dumas participou
ativamente, culminando na abdicação de Carlos X.
Neste ponto, podemos estabelecer um paralelo com a ficção: Dantès
consuma sua vingança e faz justiça, em 1830, mesmo ano em que Alexandre
Dumas lutou (Revolução de 1830) para melhorar o sistema político da França e
fazer justiça quanto ao governo repressor de Carlos X - de uma monarquia
conservadora, para um sistema de governo mais liberal, aliado à burguesia
crescente.
Alexandre Dumas e sua obra foram por muito tempo ignorados na França.
Por ser neto de uma negra escrava, ser um homem do povo e por escrever
romances também populares, a obra literária de Alexandre Dumas foi por muito
tempo negligenciada. A crítica afirmava que suas obras não tinham
profundidade e precisão histórica. É por este motivo que, em 2002, a França
reconheceu seu talento. Neste ano (que também é o ano do lançamento do
filme), a França comemorou o aniversário de 200 anos do nascimento do
escritor. O país, que é muito conhecido pela reverência ao passado literário,
realizou uma cerimônia de três dias (que começou na cidade natal de Dumas)
autorizada pelo presidente da França, Jacques Chirac. Dentre as homenagens, o
caixão do escritor foi transportado pelas ruas de Paris a fim de ser enterrado
novamente (desta vez no Panteão, junto aos escritores Émile Zola e Victor
Hugo)2.
2
Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2002/12/04/001.htm (Último acesso
em 06. 12. 2008).
151
No ano de 2002 o filme de Kevin Reynolds estourou não só nos Estados
Unidos, mas também no país de origem do autor do livro homônimo. Alguns
críticos acreditam que o filme tenha conseguido uma simpática bilheteria por
ainda estar à margem do episódio de 11 de setembro e cumprir uma função
escapista. O orçamento do filme foi de US$ 35 milhões3.
3
Fonte: http://cinema.uol.com.br/dvd/2003/01/01/conde_de_monte_cristo_o.jhtm (Último
acesso em 06. 12. 2008).
152
a lutar e a ser menos ingênuo. Abade Faria exerce uma função importantíssima
no filme. É por meio dele que Dantès adquire a sua liberdade. É também através
dessa personagem que o protagonista do filme descobre o mapa do tesouro de
Espada, tornando-se membro da nobreza francesa.
Mais adiante Edmond escapa da prisão, encontra o tesouro e torna-se o
Conde de Monte Cristo. A partir deste momento vinga-se de todos os seus
inimigos, mata Fernand Mondego (após tentar mandá-lo para a prisão), recupera
sua família (Mercedes e o filho) e tem de volta sua reputação, liberdade e
riqueza.
Questões de Autoria:
153
Análise da cena:
154
a) O padre Abade Faria chega à cela de Edmond Dantès
b) Abade Faria sobe nos ombros de Edmond Dantes para contemplar o céu
Abade Faria aparece nessa cena iluminado e como uma figura angelical. É
como se o padre representasse uma resposta divina à inscrição de Edmond na
parede: “Deus me trará justiça”. O Abade oferece a Edmond o conhecimento
de que ele precisava para fazer justiça. Ele é o iluminado (ou iluminista) que
leva Dantès ao caminho do conhecimento.
Quando Edmond e o padre chegam à cela, inicia-se uma música suave, que
nos faz pensar em esperança. É como se Abade Faria, seu conhecimento, sua
companhia, os livros, tudo fizesse renascer em Edmond Dantès a esperança de
sair daquele lugar, reconquistar sua liberdade e fazer justiça.
155
A cela do padre é bem mais espaçosa e iluminada. Há uma cadeira que o
próprio Abade confeccionou e uma pequena mesa, onde se encontram os livros,
uma pedra bem semelhante a um giz, o prato de comida e uma caneca de água.
Ou seja, os livros estão próximos dos lugares onde se sacia a fome e a sede, bem
como de um instrumento utilizado por educadores: o giz – que em outra cena do
filme é usado pelo padre para escrever na parede conteúdos de disciplinas
ensinadas a Dantès.
e) O diálogo, os livros...
156
Experiência Piloto - Algumas Considerações
Filmografia:
O CONDE de Monte Cristo (The Count of Monte Cristo). Direção: Kevin Reynolds. Produção:
Birnbaum/Barber. Intérpretes: Jim Caviezel, Guy Pearce, Richard Harris, James Frain, Dagmara
Dominczyk, Luis Guzman. Roteiro: Jay Wolpert. Buena Vista Home Enterainment; Touchstone
Pictures e Spyglass Enterainment, 2002. 131 min. aprox. – Cor.
4
Projeto realizado pela Unicamp, que proporciona a estudantes de Ensino Médio da rede
pública de ensino a oportunidade de terem contato com a universidade (e seus institutos e
faculdades) durante o período de férias escolares.
157
Sites:
Site da UOL sobre cinema:
cinema.uol.com.br
Último acesso em 06.12.2008
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