O documento discute a construção da cidadania das minorias sexuais no contexto da necessidade de aceitação da diversidade em sociedades complexas. Apresenta os conceitos de cidadania e direitos humanos, divididos em gerações, e como esses conceitos se relacionam com a garantia dos direitos LGBT e da livre expressão da sexualidade.
O documento discute a construção da cidadania das minorias sexuais no contexto da necessidade de aceitação da diversidade em sociedades complexas. Apresenta os conceitos de cidadania e direitos humanos, divididos em gerações, e como esses conceitos se relacionam com a garantia dos direitos LGBT e da livre expressão da sexualidade.
O documento discute a construção da cidadania das minorias sexuais no contexto da necessidade de aceitação da diversidade em sociedades complexas. Apresenta os conceitos de cidadania e direitos humanos, divididos em gerações, e como esses conceitos se relacionam com a garantia dos direitos LGBT e da livre expressão da sexualidade.
O documento discute a construção da cidadania das minorias sexuais no contexto da necessidade de aceitação da diversidade em sociedades complexas. Apresenta os conceitos de cidadania e direitos humanos, divididos em gerações, e como esses conceitos se relacionam com a garantia dos direitos LGBT e da livre expressão da sexualidade.
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INTRODUÇÃO
Partindo-se da ideia da necessidade de aceitação da diversidade em sociedades
complexas como as atuais, busca-se analisar o processo de construção da cidadania das minorias sexuais. Os integrantes destes grupos encontram-se na atualidade em situação de vulnerabilidade, na medida em que ao romper com o modelo heteronormativo de orientação sexual e identidade de gênero, sofrem preconceito, discriminação e intolerância, materializada na homofobia, transfobia, lesbofobia, etc. Este artigo debruça-se sobre os conceitos de cidadania e direitos, a fim de trazer ao centro da discussão tais entendimentos, permeando o conceito de construção social da sexualidade, onde os estudiosos, dentre eles Foucault, Weeks e Bozon, demonstram que ela não é algo que pertence somente à natureza devendo ser considerado o papel da cultura. Por fim, trata-se aqui dos direitos LGBT e da sua recepção e garantia pelo Direito Brasileiro.
Necessidade de aceitação da diversidade em sociedades complexas.
Construção da cidadania das minorias sexuais. Vulnerabilidade. Homofobia, transfobia, lesbofobia e etc. CIDADANIA E DIREITOS o conceito de cidadania não é um conceito “fechado”, mas um conceito histórico, o que significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. É essa construção histórica, que faz com que na atualidade, a cidadania se vincule a ideia do direito a ter direitos – difundida por Hannah Arendt – deixando evidente o seu caráter técnico-jurídico. Desse modo, o processo histórico de construção e ampliação da cidadania deixa evidente o seu caráter de construção e de luta por direitos, o que resulta em sua atual configuração. Contemporaneamente, se por um lado, ela é um conjunto de direitos civis, políticos e sociais, por outro, constitui-se como um sentimento comunitário de participação e, portanto, significa a exclusão dos integrantes que não comungam com esses sentimentos. no século XIX, quando a expansão do conceito de “cidadão” leva a reivindicação da democracia como método capaz de possibilitar e legitimar a coexistência das diferenças. A solução encontrada visava unir as massas humanas, sob o impacto das revoluções política, industrial e demográfica, possibilitando a convivência das diferenças que emergiram. Naquele momento, acreditou-se que a aplicação de princípios gerais eliminaria os problemas oriundos das desigualdades particulares fazendo com que a cidadania emergente passasse a negar as diferenças entre os grupos. O método acabou por deparar-se com a uma realidade de ignorância, preconceitos, discriminações e perseguições ao que era considerado como diferente do padrão oficial. A cidadania está extremamente ligada a noção de direitos humanos, e é na luta e na implementação desses direitos que o ser humano se faz cidadão. Os conceitos de cidadania e de direitos humanos3 vão se tornando ao longo do tempo indissociáveis. Todavia, serão as modificações dos direitos fundamentais do homem no decorrer do tempo que irão dificultar a definição de um conceito preciso e sintético. Os doutrinadores também divergem quanto às gerações de direitos. Adotar-se-á a divisão histórica clássica, como se encontra em Norberto Bobbio, e as atualizações e nomenclaturas desenvolvidas pelos doutrinadores contemporâneos. Bobbio (1992) dividiu os direitos fundamentais em gerações de direito, nas quais os direitos de primeira geração são os direitos individuais – (pressupõem a igualdade formal perante a lei e consideram o sujeito abstratamente), os direitos de segunda geração são os direitos coletivos – (os direitos sociais, segundo os quais o sujeito de direito é visto no contexto social, ou seja, analisado em uma situação concreta), os direitos de terceira geração são os direitos dos povos ou direitos de solidariedade – (os direitos transindividuais, também conhecidos como direitos difusos ou coletivos, compreendendo os direitos do consumidor e relacionados às questões ecológicas e de meio ambiente) e os direitos de quarta geração são os direitos de manipulação genética – (os direitos relacionados à biotecnologia, bioengenharia, questões relacionadas à vida e morte). Ressaltamos que Bobbio (1992, p. 9), à época (primeira edição em língua portuguesa em 1992), delimita as gerações e descreve até a terceira geração de direitos, mas sinaliza que “já se apresentam novas exigências que só poderiam chamar-se direitos de quarta geração” referindo-se aos direitos vinculados à engenharia genética. A primeira dimensão de direitos fundamentais é entendida como a dimensão que compreende os direitos a vida, a propriedade, a liberdade de locomoção, de participação política, são direitos que representam a vitória, ao menos parcial, do Estado Liberal sobre o Estado absolutista (MOTTA FILHO, 2007, p. 149). Lafer (1988, p. 126) ainda ressalta que essa dimensão é caraterizada pela individualidade e autonomia do ser frente ao Estado. Em consonância a isso descreve Sarlet (2003, p. 52), “a nota distintiva destes direitos é a sua dimensão positiva, uma vez que se cuida não mais de evitar a intervenção do Estado na esfera da liberdade individual, mas, sim, de propiciar um ‘direito de participar do bem-estar social’”. Trata-se de um direito a liberdade do indivíduo frente ao Estado e frente ao outro indivíduo, é em suma, a observação da liberdade e o não agir do Estado em face desta. A segunda dimensão de direitos fundamentais está ligada ao ideal de igualdade, de direitos sociais, econômicos e culturais, e ao Estado cabe instrumentalizar para que tais direitos se realizem. Assim, segundo Bonavides (1992, p. 518) são os direitos sociais, culturais, e econômicos, bem como os direitos coletivos ou de coletividades, introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado social [...]. Ainda, Sarlet (2003, p. 53) cita estes direitos como sendo “liberdades sociais, do que dão conta os exemplos de liberdade de sindicalização, do direito de greve, bem como dos direitos fundamentais dos trabalhadores [...]”. Nessa dimensão de direitos, ressalta-se que são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente (SILVA, 2000, p, 289). Fazendo com que essas prestações positivas proporcionadas pelo Estado sejam responsáveis por uma amenização ou equalização da desigualdade combatida. Nessa ótica afirma Bobbio (1992, p. 60) que, A história tem apenas o sentido que nós, em cada ocasião concreta, de acordo com a oportunidade, com nossos desejos e nossas esperanças, atribuímos a ela. E, portanto, não tem um único sentido. Refletindo sobre o tema dos direitos do homem, pareceu-me poder dizer que ele indica um sinal do progresso moral da humanidade. Assim posta a questão, é possível perceber que o livre exercício da sexualidade está contemplado em pelo menos duas gerações de direitos fundamentais, na primeira geração, a qual abarca os direitos de liberdades individuais, direitos de característica negativa, contra intromissões abusivas. Como também, na segunda geração de direitos, de característica positiva, que devem promover a liberdade e a igualdade.