Romantismo PV
Romantismo PV
Romantismo PV
Minha terra tem primores, Que auroras, que sol, que vida,
Que tais não encontro eu cá; Que noites de melodia
Em cismar — sozinho, à noite — Naquela doce alegria,
Mais prazer encontro eu lá; Naquele ingênuo folgar!
Minha terra tem palmeiras, O céu bordado d’estrelas,
Onde canta o Sabiá. A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
Não permita Deus que eu morra, E a lua beijando o mar!
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores Oh! dias da minha infância!
Que não encontro por cá; Oh! meu céu de primavera!
Sem qu'inda aviste as palmeiras, Que doce a vida não era
Onde canta o Sabiá. Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
2) SONETO De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada, Livre filho das montanhas,
Como a lua por noite embalsamada, Eu ia bem satisfeito,
Entre as nuvens do amor ela dormia! De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Era a virgem do mar, na escuma fria Correndo pelas campinas
Pela maré das águas embalada! À roda das cachoeiras,
Era um anjo entre nuvens d'alvorada Atrás das asas ligeiras
Que em sonhos se banhava e se esquecia! Das borboletas azuis!
Não permita Deus que eu morra, “Já da morte o palor me cobre o rosto,
Sem que eu volte para lá; Nos lábios meus o alento desfalece,
Sem que desfrute os primores Surda agonia o coração fenece,
Que não encontro por cá; E devora meu ser mortal desgosto!
Sem qu'inda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabiá. Do leito embalde no macio encosto
DIAS, G. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Tento o sono reter!… já esmorece
Aguilar, 1998. O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!
TEXTO B
Canto de regresso à Pátria O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
Minha terra tem palmares E tenha os olhos meus na escuridade.
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Não cantam como os de lá Volve ao amante os olhos por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!”
Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores (AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro:
Minha terra tem mais ouro Nova Aguilar, 2000)
Minha terra tem mais terra
O núcleo temático do soneto citado é típico da
Ouro terra amor e rosas segunda geração romântica, porém configura um lirismo
Eu quero tudo de lá que o projeta para além desse momento específico. O
Não permita Deus que eu morra fundamento desse lirismo é:
Sem que volte para lá
a) A angústia alimentada pela constatação da
Não permita Deus que eu morra irreversibilidade da morte.
Sem que volte pra São Paulo b) A melancolia que frustra a possibilidade de
Sem que eu veja a Rua 15 reação diante da perda.
E o progresso de São Paulo c) O descontrole das emoções provocado pela auto
piedade.
ANDRADE, O. Cadernos de poesia do aluno d) O desejo de morrer como alívio para a desilusão
Oswald. São Paulo: Círculo do Livro. s/d. amorosa.
e) O gosto pela escuridão como solução para o
Os textos A e B, escritos em contextos históricos e sofrimento.
culturais diversos, enfocam o mesmo motivo poético: a
paisagem brasileira entrevista a distância. Analisando-os, 4) O canto do guerreiro
/cursoprogressaocg /progressaocampogrande/ Rua Viúva Dantas, 656 – Cpo. Grande +55 21 993-788-781
Colégio e Curso Progressão Campo Grande
Elaine Arariba Linguagens
Gonçalves Dias.
Macunaíma
(Epílogo)
Mário de Andrade.