Capítulo 3
Capítulo 3
Capítulo 3
CAPÍTULO 3
CIRCUITOS HIDRÁULICOS
3.1. - COMPONENTES DOS CIRCUITOS HIDRÁULICOS
a) De deslocamento não positivo
Sabe-se que as bombas têm como função converter a energia mecânica em
energia hidráulica, empurrando o fluido hidráulico pelos sistemas.
Assim, as bombas de deslocamento não positivo são usadas para transferir os
fluidos onde as únicas resistências são aquelas criadas pelo peso do fluido e pelos
atritos decorrentes do fator de agregação das moléculas nas rugosidades das
paredes das tubulações.
Nas bombas cujo tipo mencionamos, não existe uma vedação entre os pórticos de
aspiração e de descarga. Assim, o deslocamento do fluido reduz quando aumenta
a resistência ao fluxo.
Em decorrência, as bombas de deslocamento não positivo são, raramente, usadas
nos Sistemas Hidráulicos Industriais.
b) De deslocamento positivo
As bombas de deslocamento positivo fornecem uma quantidade definida de fluido
a cada rotação ou ciclo.
Portanto, a descarga, com exceção das perdas oriundas de vazamentos,
independem da pressão ou resistência oferecida à descarga, tornando-as
adequadas para transmitir força através dos fluidos nos sistemas.
As bombas mais freqüentemente usadas para transferir força através dos fluidos
são as bombas de engrenagens, de lóbulos, de palhetas, e de êmbolos axiais e
radiais.
3.1.2 - Controles direcionais
As “válvulas direcionais” constituem os “controles direcionais” usados para
controlar a direção do fluxo.
Estas válvulas variam substancialmente, tanto em operação como em construção, e
são classificadas de acordo com suas características principais, tais como:
1. Método de acionamento
2. Número de passagens de fluxo
3. Tipo de elemento interno
4. Conexões
5. Dimensões
a) Método de acionamento
OSTENSIVO - 3-1 - REV.3
OSTENSIVO CIAA-118/040
Através de solenóides e/ou pressão hidráulica, cames, êmbolos, etc.
b) Número de passagens de fluxo
Uma via, duas, três, quatro ou mais vias.
c) Tipo de elemento interno
Êmbolo, carretel (rotativo ou deslizante), esfera, etc.
d) Conexões
Roscas paralelas, cônicas, montagem em sub-placa, gaxetas, etc.
e) Dimensões
Expressas em diâmetro nominal da conexão da válvula ou placa de montagem, ou
em capacidade de vazão.
As válvulas direcionais controlam o “caminho” através do qual o fluxo deverá se
encaminhar, abrindo ou fechando passagens em posições definidas.
3.1.3 - Compõem o grupo dos controles direcionais
a) Válvula de retenção
Constitui-se em uma válvula direcional de uma só via que permite o fluxo livre
numa direção e bloqueia o fluxo no sentido oposto (Fig. 3-1).
Existem ainda as válvulas de retenção pilotadas que permitem o fluxo no sentido
oposto, a partir do momento em que uma pressão piloto desloca o êmbolo ou
esfera e a válvula se abre.
1. O fluido percorre uma trajetória indireta até chegar à aspiração da bomba. Assim,
se evita a turbulência do fluido no interior do tanque.
2. O fluido de retorno é projetado contra as anteparas do reservatório; em decorrência,
se obtém melhor dissipação de calor adquirido pelo trabalho do fluido no sistema.
3. Chicanas - evitam a aspiração direta do fluido pela bomba.
4. O fluido de aspiração - no interior do tanque - deve ser colhido pelo filtro, resfriado
e desaerado.
Fig. 3-6 - As chicanas controlam a direção do fluido no tanque
Nota.: Os plugs magnéticos retém as partículas de ferro e aço que eventualmente
evoluam na corrente fluida do sistema.
2 - Os reservatórios e suas características de resfriamento - Fig. 3-7
Fig. 3-7
Fig. 3-9
c) Na linha de retorno
Filtros instalados na linha de retorno retém as partículas finas antes que o fluido
retorne ao reservatório.
São freqüentemente encontrados nos sistemas que tem pequenos reservatórios em
que os contaminantes não assentam razoavelmente bem.
Fig. 3-11
OSTENSIVO - 3-7 - REV.3
OSTENSIVO CIAA-118/040
b) Intensificadores
Os intensificadores são dispositivos usados com finalidade de multiplicar valores
de pressão.
Assim, uma pequena quantidade de fluido, a alta pressão, deve ser suficiente para
concluir fases finais de processos industriais.
c) Pressostatos
São instalados visando ligar ou desligar circuitos elétricos, nas pressões
desejadas.
Para tal, ativam válvulas operadas por solenóides e dispositivos de princípios
afins.
d) Instrumentos
São instalados para medir as variáveis, vazão pressão, temperaturas etc.
3.1.7 Atuadores
1 - Variabilidade de velocidade
A maioria dos motores elétricos tem velocidade constante. Isto caracteriza uma situação
extremamente conveniente quando operamos equipamentos com velocidade constante.
Os atuadores hidráulicos - lineares ou rotativos - podem ser acionados com velocidades
variáveis e infinitas, mantendo-se constante a velocidade do atuador e variando-se,
apenas, o débito da bomba, ou utilizando-se uma válvula controladora de vazão.
2 - Reversibilidade
Os acionadores reversíveis não são em grande número. E os que são, normalmente,
devem ser quase parados antes que novo sentido de rotação lhes seja introduzido.
O atuador hidráulico pode ter sentido de rotação invertido, instantaneamente, sem
quaisquer danos. Neste caso, uma válvula direcional ou uma válvula de segurança
atuam no controle.
3 - Proteção de sobrecarga
A válvula de segurança protege os componentes do sistema de pressões excessivas.
Quando os valores circulantes excedem aos valores de ajuste da válvula, o débito da
bomba é enviado diretamente ao tanque.
É também por intermédio da válvula de segurança que se ajusta a força ou o torque
necessários ao equipamento.
4 - Adequação dos fluidos à vedação dos "o" rings
Alguns fluidos resistentes ao fogo atacam e desintegram certos retentores e “O” rings.
Assim, poucos destes componentes destinados à vedação são compatíveis com todos os
fluidos.
OSTENSIVO - 3-8 - REV.3
OSTENSIVO CIAA-118/040
Os fabricantes devem ser consultados se houver troca do fluido por outro de
características diferentes. Quando persistirem dúvidas pertinentes aos retentores e “O”
rings, as consultas devem ser estendidas aos mesmos.
Os aditivos dos fluidos usados pelo usuário do equipamento, também concorrem
eventualmente para que ocorra o ataque ao elementos de vedação e, assim, só devem ser
usados mediante recomendação do fabricante.
Fluidos sintéticos não são compatíveis com Nitrila e Neoprene, portanto, a troca de
fluidos derivados de Petróleo, água-glicóis ou água-óleo, por um fluido sintético requer
a desmontagem dos componentes visando à substituição do material dos elementos de
vedação.
Para a troca de fluidos a base de água para fluidos derivados de petróleo, emulsões e
glicóis são indicados os componentes a base de Neoprene e Buna N.
Quando for a troca de fluidos sintéticos para fluidos sintéticos nos quais estejam
presentes o cloro hidrocarbono, são indicados o Silicone, Viton e Teflon.
Para composto de cloro mais éster, além dos materiais indicados no parágrafo anterior
deve também ser usado o FBA Butyl; para os fluidos a base de éster e fosfatos são
recomendados o Silicone, Viton, Teflon e Butyl.
3.2 SÍMBOLOS E INTERPRETAÇÃO DE PLANOS HIDRÁULICOS
3.2.1 - Símbolos gráficos normalizados
Os símbolos mostrados estão de acordo com o ANSI (American National Standars
Institute). Os símbolos básicos podem ser utilizados para formar qualquer combinação.
1 - Linhas e suas funções
Fig. 3-12
Fig. 3-13
3 - Motores e cilindros
Fig. 3-14
4 - Métodos de operação
Fig. 3-15
Fig. 3-16
6 - Válvulas - símbolos básicos
Fig. 3-17
7 - Válvulas - exemplos
Fig. 3-18
Fig. 3-19
9 - Os cilindros são simbolizados em suas versões de simples e de dupla ação
Fig. 3-20
10 - Um quadrado é o símbolo básico de uma válvula
Fig. 3-21
Fig. 3-22
12 - Simbologia em um circuito
Fig. 3-23
3.3 – FUNCIONAMENTO DOS FREIOS HIDRÁULICOS
Os fluidos transmitem integralmente e em todos os sentidos, as pressões exercidas
(Princípio de Pascal).
Assim, os sistemas de freio hidráulico, transformam a pressão aplicada sobre o pedal de
freios, em uma pressão ampliada e gerada num sistema hidráulico para acionar as
sapatas.
Para tal, utiliza o fluido hidráulico como meio condutor desta pressão. Compondo o
sistema de freios (Fig. 3-24) e lhe emprestando funcionalidade, podem ser citados os
seguintes componentes básicos:
- Cilindro mestre - onde é gerada a pressão hidráulica.
- Tubulações - possibilita a condução da pressão.
- Cilindros de rodas - onde é recebida a pressão que é transforma em força aplicada às
sapatas contra o tambor de freio, produzindo, assim, o “efeito de frenagem”.
OSTENSIVO - 3-13 - REV.3
OSTENSIVO CIAA-118/040
Fig. 3-26 - A figura acima ilustra todos os componentes de um dos diversos tipos de
cilindros mestres à disposição no mercado
II) Funcionamento do cilindro mestre
Quando o êmbolo é acionado para frente (Fig. 3-27), a borda da gaxeta
primária veda o orifício de compensação e inicia a compressão do fluido que é
forçado, através da válvula residual, para as tubulações do sistema.
O orifício de alimentação assegura que a seção posterior do êmbolo se
mantenha em contato com o fluido do reservatório, que é exposto à pressão
atmosférica.
Fig. 3-28
III) Retorno do êmbolo
Cessando a pressão sobre o êmbolo (Fig. 3-29), as molas de retorno das sapatas
forçam o fluido, determinando o retorno do êmbolo com uma conseqüente
queda de pressão no sistema.
Fig. 3-29
A mola de retorno (Fig. 3-29 - Fig. 3-25) mantém, ao mesmo tempo, a gaxeta
primária encostada na face de êmbolo e a válvula residual encostada no seu assento.
A pressão exercida sobre o fluido pelas molas de retorno das sapatas (Fig. 3-28),
num determinado tempo, é maior que a resistência oferecida pela tensão da mola da
válvula de pressão residual (Fig. 3-30), e disso resulta um refluxo do fluido.
c) Cilindros de rodas
Existem dois tipos de cilindro de rodas: unidirecionais e bidirecionais.
1. Êmbolos
2. Gaxetas
3. Mola
4. Parafuso de sangria
5. Coifas
6. Expansores das gaxetas
Fig. 3-36 - Cilindros unidirecionais
Fig. 3-38 - A figura ao lado mostra rebites de lonas, lonas, tambor do sistema de
freios, molas de retorno e o cilindro de roda
Em decorrência, as sapatas atuam sobre as gaxetas e estas comprimem a mola
através dos tambores.
2. Acionamento
A pressão exercida pelo cilindro mestre força os êmbolos para fora,
empurrando as sapatas contra o tambor, exercendo a ação de frenagem (Fig.
3-39).
Fig. 3-40
a) Funcionamento
I) Atuação
O sistema é, da mesma forma, atuado a partir do cilindro mestre. O aumento de
pressão no sistema determinado pelo pedal, transmite-se aos cilindros das rodas e
atua nas faces posteriores dos êmbolos, forçando-os para fora.
Assim, as pastilhas são forçadas contra as faces do disco de freios, travando.
b) Recuo dos êmbolos
I) Funcionamento do vedador do êmbolo.
O vedador se aloja numa ranhura anular do cilindro, envolve o êmbolo e tem
duas funções: evita o vazamento de fluido por ocasião do aumento de pressão do
sistema; e possibilita o recuo do êmbolo quando o sistema deixa de ser atuado.
Quando a pressão aumenta (pela atuação do sistema), determinando o
deslocamento axial do êmbolo, o vedador acompanha-o neste movimento e sofre
uma deformação lateral, decorrência de sua elasticidade.
Quando o sistema conclui sua atuação, a pressão cessa; o vedador que se
encontrava deformado pela pressão e pelo deslocamento do êmbolo, se
recompõe na sua forma primária.
OSTENSIVO - 3-23 - REV.3
OSTENSIVO CIAA-118/040
Na recomposição do vedador, o atrito de aderência arrasta de volta o êmbolo,
possibilitando o recuo decorrente de sua atuação.
c) Dispositivo de auto regulagem das pastilhas
O dispositivo tem por finalidade compensar o recuo excessivo dos êmbolos nos
casos de folgas de rolamentos, desvios do disco e outras causas.
De acordo com o manual do fabricante, e na falta deste, as pastilhas devem ser
inspecionadas quanto à espessura das guarnições a cada 5.000 Km.
Se esta espessura estiver reduzida a 2,0 mm ou menos, devem ser substituídas.
Fig. 3-41
3.3.3 - Ar no sistema
Apesar das sapatas estarem convenientemente reguladas, quando a resistência sentida
no pedal for pequena, existe a possibilidade da haver ar associado ao fluido hidráulico
no interior do sistema.
Assim, sabendo-se que o ar constitui um componente inconveniente quando está
associado ao fluido hidráulico no interior dos sistemas, torna-se necessário a sua
expulsão.
Isto é obtido pelo processo de “sangria”.
a) Sangria
Sempre que os sistemas hidráulicos são abertos para reparos e/ ou manutenção,
vestígios de ar associados à carga de fluido hidráulico são admitidos nos sistemas.
Quando isto acontece, as características de resposta, logo a confiabilidade nos sistemas
se alteram, uma vez que estes vestígios se agrupam formando “balões de ar”
facilmente compressíveis.
*ESPECIFICAÇÃO ABNT-EB155