Evolução Histórica Da Sociologia Do Direito

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O capítulo evolução histórica da sociologia do Direito, assim como o próprio

nome indica, visa construir, para o leitor, linhas gerais para a compreensão do
desenvolvimento da sociologia do Direito.

O autor inicia o capítulo demonstrando que as bases fundamentais da Sociologia


do Direito são similares as da própria Sociologia, uma vez que, observando os
sociólogos Durkheim e Weber, é possível verificar que estes debruçaram parte de sua
obra no espaço que o Direito ocupa no mundo gerado pela Revolução Industrial.

No contexto da sociologia do direito, surge o nome de Ehrlich, autor que, a


priori, foi o primeiro a escrever sobre o tema através da obra Fundamentos da
Sociologia do Direito, de 1913. Os autores mais clássicos, Durkheim, Weber e Marx,
referem-se ao direito como o sendo o direito positivo, o direito formalmente em vigor.

Ehrlich, por outro lado, aborda o direito por meio de uma concepção
radicalmente social. É que o autor aduz que o verdadeiro direito é aquele observado
através dos usos e costumes dos grupos sociais, não apenas aqueles oficialmente
reconhecidos.

O autor chama esse fenômeno de direito vivo, o qual poderia ser observado por
meio de pesquisas empíricas, conferindo à disciplina status científico. Parte dos
fundamentos dessa teoria se sustenta na concepção de que direito, tido unicamente
como a letra da lei, não é capaz de suportar todas as especificidades da vida real e do
socialmente praticado.

A ideia de que o direito, como ordenamento jurídico oficial, deve atentar-se ao


tempo e ao povo aos quais ele se aplica, não é recente. Monstesquieu, no ocidente, já
sustentava que o direito deveria estar relacionado à geografia, clima e extensão do país.
Contudo, a Sociologia do Direito trazida por Ehrlich valoriza práticas jurídicas
concretas como sendo o verdadeiro direito, essa sociologia assumiu uma visão
sociologista sobre o fenômeno.

Uma das características mais essenciais ao sociologismo jurídico é de que este é


um enfoque que se define por encontrar nas profundezas da vida social a única fonte do
direito.

Contudo, o conceito elegante apresentado, se observado sem críticas, pode


conduzir a ideias capazes de legitimar injustiças, em busca do ‘’verdadeiro’’ direito. Há
a equivocada sensação de que as ciências sociais, no ponto que toca as vinculações
epistemológicas entre o sociologismo e o positivismo, são tidas como símiles às
ciências naturais, onde os fatos sociais deveriam de ser tidos como inquestionáveis,
submetendo-se a eles como se leis naturais fossem.

Ampliando o objeto de observação, trazendo-a ao Brasil, é possível verificar o


dilema oposto, uma vez que, socialmente e culturalmente, o jogo do bicho, por exemplo,
possui raízes populares, entretanto, são juridicamente ilegais. Do ponto de vista de
Ehrlich, tal fato poderia ser considerado como um ‘’direito vivo’’.

Nesse raciocínio, deve se ter em consideração que, designar determinadas


práticas como ‘’direito vivo’’ esconderia, em verdade, injustiças, como o uso e costume
de violência por parte da polícia em ações policiais.

A sociologia do direito, apesar da concepção apresentada do direito visto como


fato social passível de captação pelo sociólogo, independentemente deste ter o status de
direito oficial, também pode adotar uma visão monista, trazendo como objeto de
observação o ordenamento jurídico oficial. Ao realizar isso, ele pode dividir-se ao
abordá-lo. Maria Lucia Sabadell explica que teríamos a Sociologia do Direito, onde o
fenômeno seria observado de fora pra dentro, a partir do exterior; e a Sociologia no
Direito, onde seria analisada a partir de dentro pra fora, em seu interior. A primeira seria
palco para os sociólogos, enquanto a segunda teria a atenção dos juristas.

Ao fim e ao cabo, a Sociologia do Direito se caracterizaria como da sociologia,


sendo que, por outro lado, a Sociologia no Direito – ou sociologia jurídica – seria o
saber crítico sobre o Direito gerado a partir das análises feitas por juristas.

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