Anabriza, 35-56 PDF
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Resumo Abstract
Bédarida (1968, p.54) por exemplo, referindo-se ao universo francês, aponta o fato de que,
desde 1929, a publicação periódica Annales d'Histoire Economique et Sociale teria
0 grupo de Leicester
As questões centrais
Não confundir com o Journal of Urban History, publicado nos EUA, comentado mais adiante.
nas irmãs; até mesmo pelo desaparecimento provisório dos limites discipli-
nares; e que ela (a história), continua a ser um saber global, ecumênico,
reunindo as condições de inteligibilidade máxima dos fenômenos sociais». 7
nesse contexto evolutivo da disciplina histórica que surge o espaço para
a articulação de constituição da história urbana, à semelhança do que já
havia acontecido, por exemplo com a história econômica, constituída após
a primeira guerra mundial e consolidada a partir da segunda guerra (FRASER
e SUTCLIFFE, 1983c, p.11). Tunnard (1963), por outro lado, vê a necessidade
de uma história urbana exatamente em decorrência de uma negligencia
dos historiadores (salvo exceções) em relação ao papel da cidade.
Se, por um lado, a necessidade de transdisciplinaridade foi uma
questão consensual, o mesmo não pode ser dito em relação à inserção
da história urbana em relação ao conjunto da ciência histórica. Duas
posições antagônicas se delinearam. De um lado, aqueles que viam na
história urbana um campo de conhecimento especifico e diferenciado do
resto da produção historiográfica. A tomada em conta dos processos
ligados ao fenômeno urbano complementaria e forneceria elementós
explicativos a dimensões não cobertas pelo conjunto da história social. 0
adjetivo "urbano" não se aplicaria de uma maneira simplista ao objeto
cidade. "Urbano" aplicar-se-ia a uma determinada dimensão da história
não explicável nos outros quadros de referência, analogamente à história
econômica ou à história cultural (HERSHBERG, 1978). Ainda que não for-
malmente pertencentes ao grupo de historiadores urbanos, Henri Pirenne
e Fernand Braude' encarnavam e exemplificavam uma certa visão que
privilegiaria uma dimensão urbana como elemento de explicação do de-
senvolvimento histórico. Essa posição ficou rotulada como a visão "cida-
de enquanto processo". Esse rótulo de "processo" advém principal-
mente da contraposição à antiga abordagem das biografias urbanas,
que justamente não levavam em conta processos mais gerais. Segundo
algumas interpretações, que à primeira vista não me parecem total-
mente justificadas, Dyos ocuparia inclusive uma posição extrema den-
tro desse "paradigma". Para ele, a perspectiva da história urbana con-
sistiria uma estratégia operacional para uma "história total", 8 um ponto
de convergência das contribuições transdisciplinares para a interpreta-
7 FURET, F. L'Atelier de l'histoire. Paris : Flammarion. 1982, p.9 citado por Lepetit (1996,
p.19), tradução minha.
Sutcliffe (1984, p.124), aliás nesse aspecto baseado em BURKE, P. The early modern town
— Its history and historians: a review article in: Urban History Yearbook, p.55-57.
1981. Ainda, referindo-se à concepção de história urbana de Dyos, Fraser e Sutcliffe (1983
b, p. 9) afirmam: "...to his vision of urban history as a great forum of the historical
sciences, a 'central place' at which an unusually variety of disciplines, interests and
tendencies could converge."
9 Em inglês 'urban as a site'.
i° Publicado na Mississipi Valley Historical Review, v. XXVII, p.43-66, jun.I940.
" Studies in the Development of Capitalism. Nova York: International Publishers. 1963,
p.33-127.
I2 "so far as the growth of the market exercised a disintegrating influence on the structure of
feudalism and prepared the soil for the growth of forces in which were to weaken and
supplant it, the story of this influence can largely be identified with the rise of towns"
(DOBB, op. cit., p.70) citado por Abrams (1978, p.11).
explicada, por DOBB, como uma relação entre essa `townness' e as re-
lações sociais feudais. ABRAMS, por sua vez, propõe que:
Capitalism and material life. p.439-440, citado por Abrams (1978, p.24).
' 4 Tornou-se emblemática a esse respeito uma entrevista de Thernstrom a Stave no Journal
of Urban History na qual ele renuncia não s6 ao rótulo de historiador urbano como a
própria existência de uma nova história urbana (HERSHBERG, 1978).
0 tom geral dos artigos que procuram fazer o balanço das quase
duas décadas anteriores de produção historiográfica é de franca decep-
ção em relação às expectativas da década de 60. BÉDARIDA (1983, p.397),
por exemplo menciona especificamente o caráter disperso e desconexo
dessa produção que, apesar de crescente, careceria de obras de síntese.
Referências bibliográficas
DYOS, H. J. Agenda for urban historians. In: DYOS, H. J. (ed.) The study
of urban history. Londres/Beccles: Edward Arnold Publishers Ltd., 1968.