Arcaísmos e Neologismos

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Ficha 9

ARCAÍSMOS E NEOLOGISMOS
ARCAÍSMOS
Os arcaísmos são palavras ou expressões que deixaram de ser usadas numa dada
fase da evolução de uma língua.
É a comunidade linguística a entidade responsável por considerar esses termos
antiquados. As palavras «asinha» (depressa), «coita» (sofrimento), «ca» (porque), «agu-
çoso» (diligente), «fiacre» (tipo de carruagem) são hoje sentidas como arcaísmos porque
deixaram de ser usadas pelos falantes.
Mas os arcaísmos não são apenas formas lexicais. Além de palavras, há construções
sintáticas que deixaram de ser usadas numa dada época e que já estão obsoletas (ultra-
passadas). Dois exemplos de arcaísmos sintáticos são «Nenhum não veio.» e «Este é o
melhor prato que nunca comi.» (mas a expressão «que jamais comi» ainda é hoje usada).
Nas duas primeiras estrofes do soneto «Língua Mater Dolorosa», de Natália Correia,
encontramos arcaísmos que a poetisa usa deliberadamente: leda (v. 2), joalhada
(coberta de jóias) (v. 4), sôbolos (v. 6):

Tu que foste do Lácio a flor do pinho


dos trovadores a leda a bem-talhada
de oito séculos a cal o pão e o vinho
de Luís Vaz a chama joalhada

5 tu o casulo o vaso o ventre o ninho


e que sôbolos rios pendurada
foste a harpa lunar do peregrino
tu que depois de ti não há mais nada,

eis-te bobo da corja coribântica:


10 a canalha apedreja-te a semântica
e os teus verbos feridos vão de maca.

Já na glote és cascalho és malho és míngua,


de brisa barco e bronze foste a língua;
língua serás ainda... mas de vaca.

NEOLOGISMOS
Os neologismos consistem na criação de novas palavras ou expressões numa
língua ou na atribuição de novos significados a vocábulos já existentes.
Um exemplo do primeiro caso é o termo «eurodeputado»; do segundo, «rato» (dis-
positivo informático). Assim, são exemplos de neologismos atuais da língua portuguesa:
blogue, ciberespaço, hemodiálise, software, infoexcluído, pluriemprego. Como pode veri-
ficar, os neologismos são frequentemente gerados por processos de formação de novas
palavras, nomeadamente os «irregulares», como o empréstimo de línguas estrangeiras
(blogue, software), a amálgama (borbotixa: borboleta + lagartixa; portunhol: português +
espanhol), a truncação (metro por metropolitano, foto por fotografia), a extensão semân-
tica (rato do computador), o acrónimo [OTAN: Organização do Tratado do Atlântico
Norte (ou NATO: North Atlantic Treaty Organisation); PALOP: Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa; FENPROF: Federação Nacional de Professores] e mesmo a sigla
(CGTP: Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses; SLB: Sport Lisboa e Benfica).

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