Estigmas - Selos Do Amor de Deus
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NDICE Introduo ........................................................................................... 3 Estigmas: definio ............................................................................. 4 Causas .................................................................................................. 4 Diversidade de ambientes .................................................................. 10 Estigmas invisveis ............................................................................. 18 Suor de Sangue .................................................................................. 19 Estigmas visveis ................................................................................ 21 Caracterstica dos estigmas visveis ................................................. 22 Estigmas: selo do amor de Deus? ..................................................... 39 Falando de mim ................................................................................. 43
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INTRODUO
recebeu as Chagas de Cristo at os dias de hoje, centenas de pessoas alegam serem portadoras das Marcas da Paixo: desde os santos das ordens religiosas aos ativistas da New Age; das bruxas medievais s sesses de hipnose; de leigos piedosos a verdadeiros charlates... Se, nas vises msticas, de outrora, havia um Ser Celestial portando uma Lana Chamejante que a cravada no peito de um santo ou o Crucificado que atravs de um raio infundia as chagas ou ainda Jesus Menino que, ao beijar a face da santa, deixa-lhe impresso seu Carinho, hoje possvel encontrar tambm mdicos ou mesmo extra-terrestres por trs de uma ou outra histria de estigmatizado... O caminho que temos a trilhar longo, mas, igualmente, fascinante! Do mundo da Bblia, ao da Medicina e da Parapsicologia; do Santo Sudrio internet... Fotos e fatos, unidos em um nico intuito tentar responder: os estigmas so o selo do amor de Deus?
m dos fenmenos mais extraordinrios que acontecem no meio catlico so os estigmas. Desde que So Francisco, em 1224, no monte Alverna, teve a viso do Serafim Crucificado e a
4 ESTIGMAS: DEFINIO D-se o nome de estigmas s marcas corporais, feridas ou sensao de dor nos locais que supostamente corresponderiam Crucificao de Cristo: chagas nas mos e ps, causadas pelos pregos; e no lado, pela Lana. Muitos estigmatizados mostram algumas ou todas as Cinco Chagas. Alguns exibem feridas na fronte, representando aquelas causadas pela Coroa de Espinhos. Outros relatos incluem lgrimas e/ou suor de sangue, feridas nas costas recordando a Flagelao ou no ombro em aluso aos ferimentos causados pelo peso da Cruz. Os estigmas enquadram-se dentro de uma gama maior de fenmenos: as dermatografias ou dermografias (do grego, dermo = pele; grafia = escrita). Seriam casos de sujeitos que tm sensibilidade da pele acima do normal. Por exemplo, basta um simples toque mais firme como passar a unha sobre a pele, sem arranh-la para que a epiderme afetada torne-se saliente, com aparncia de uma estria e colorao ligeiramente mais escura do que a pele ao redor (...) s vezes, possvel com poucos toques dos dedos escrever palavras claramente visveis nas costas de pessoas com essa condio1. Ainda se classificam nessa categoria uma espcie de urticria que aparece com mais freqncia em indivduos de pele clara com tendncia a desenvolver alergias como o eczema2. Esse seria o nvel mais comum dos fenmenos, porm existem casos menos freqentes de pessoas que apresentam na sua pele marcas dos mais variados tipos: letras, nmeros, desenhos, imagens etc.3 e, mais raramente, estigmas. sobre esses casos que iremos nos voltar. CAUSAS Qual seria a explicao para tais fenmenos? Fraudes Em um primeiro plano, no podemos descartar a fraude. As chamadas chagas de Cristo que aparecem em alguns msticos nada mais seriam do que autoflagelao, a prpria pessoa os teria feito, pelo desejo de chamar ateno, por certas doenas mentais, pelo fanatismo ou, simplesmente, a fim de converter mais pessoas sua religio. O exemplo mais famoso de uma experincia religiosa simulada nos anais do catolicismo talvez seja o da freira franciscana Magdalena da Cruz, no sc. XVI. Magdalena viveu na Espanha no mesmo perodo em que a mais importante visionria da histria da Igreja, Teresa dvila, mas, naquela poca, ela era no s mais conhecida como extremamente considerada. Os estigmas de Magdalena e suas levitaes pblicas (numerosas testemunhas oculares contaram t-la visto flutuar visto flutuar acima do cho), assim como seus xtases dramticos e profecias, causavam enorme sensao. Havia uma verdadeira corte de bispos e nobres ilustres em torno dela, no mosteiro para o qual fora designada abadessa. Todo telogo espanhol importante daquele tempo ia ao mosteiro com finalidade de investigar a suposta visionria, e todos conluiam que ela era uma mstica genuna de enorme importncia. At as freiras que viviam sob suas ordens acreditavam que a santa mulher vivera anos sem ingerir nem um pedao de alimento slido sequer.
Enciclopdia prtica de Medicina. Rio de Janeiro: Editora Globo, s/d. verbete: dermatografismo (dermografismo). Vol. 5, p. 362 Ibidem. 3 FILHO, pe. Raimundo Elias. Mistrios do Aqum e do Alm luz da Parapsicologia. So Paulo: Paulus, 2003 (2 ed.) p.64
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Estigmas: selo do amor de Deus? S na velhice, perto da morte, a freira admitiu que tudo no passara de uma fraude diablica. Ela se infligia os estigmas, confessou Magdalena, e o seu jejum de dcadas era uma farsa bem elaborada (...)4. Maria da Visitacin, conhecida como a santa monja de Lisboa, foi acusada por uma irm religiosa que a viu pintando uma ferida falsa nas mos. Embora inicialmente fosse defendida pelos mdicos, em 1587, foi levada diante da Inquisio, onde lavaro suas feridas e a colorao desapareceu; assim, se pode ver a carne imaculada, sem nenhum tipo de ferimento5. Outra fraude comprovada foi a de Paula Maria Matarelli, que no s exibiu os estigmas como tambm fez aparecer milagrosamente hstias em sua lngua. O papa Pio IX a acusou de fraude em forma privada; declarou que tinha a prova na gaveta de seu escritrio e acrescentou: ela tem enganado uma multido de almas piedosas e crdulas6. Uma condenao mais pblica ocorreu com Gigliola Giorgini (nascida 1933): desacreditada pelas autoridades da Igreja, em 1984, uma corte italiana a condenou por fraude7. A personagem Emily Rose, do filme homnimo de Scott Derick, feriu-se em uma cerca de arame farpado que lhe provocou ferimentos apresentados como estigmas. Mas existem outros mtodos menos evasivos. Um documentrio da National Geographic demonstrou que fcil forjar estigmas. Com dois produtos qumicos incolores aplicados separadamente nas palmas das mos podem, quando colocados em contato, subitamente mostrar se transformar em sangue (Fig. 01 e 02). Ou pelo menos uma mancha vermelha que parece sangue8. Demonstrou-se que, em alguns casos, no se tratava de sangue realmente9.
Fig. 01
Fig.02
Documentrio da National Geographic mostra que atravs de substncias qumicas pode-se reproduzir estigmas. Note o quanto imperfeitas so as chagas, mas possvel que com um pouco mais de treino se atinja uma perfeio relativa.
Mais simples ainda aplicar soda custica pele. Depois de um ou dois dias, aparecero marcas idnticas s de muitos dos supostos estigmatizados (fig. de 03 a 06)10. Em reportagem de 6 de janeiro de 2008, o Fantstico exibiu matria sobre os estigmas do Padre Pio, na qual se entrevista o historiador italiano Srgio Luzzatto, que em seu livro Padre Pio, milagres e poltica na Itlia dos anos 1900, afirma que nos documentos do Santo Ofcio existem provas de que o Padre comprava escondido grande
SULLIVAN, Randall. Detetive de milagres uma investigao sobre aparies divinas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005 p.48 NICKELL, Joe. Estigmas: a semejanza de Cristo. Extrado do site: http://www.dios.com.ar/notas1/creencias/religion&psi/estigmas/estigmas.htm (espanhol) 6 Ibidem. 7 Ibidem. 8 Extrado do site: http://www.ceticismoaberto.com/news/?p=1052 onde possvel tambm ver um vdeo demonstrando a tcnica. 9 POULAIN, Aug. Mystical Stigmata. The Catholic Encyclopedia, Volume XIV. New York: Robert Appleton Company, 1912. Extrado do site: http://www.newadvent.org/cathen/14294b.htm (ingls) 10 Extrado do site: http://www.ceticismoaberto.com/news/?p=1052 onde possvel tambm ver um vdeo demonstrando a tcnica.
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6 quantidade de cido fnico e veratrina, que so substncias custicas, capazes de provocar aquelas feridas. Mas tambm devemos frisar que essas substncias eram usadas na poca tambm como desinfetante11.
Fig. 03
Fig. 04 Aplicando-se substncias cidas pele, pode-se criar marcas semelhantes aos estigmas.
Fig. 06 Ampliao da do estigma da figura 05, evidenciando ainda mais as marcas de queimadura.
Tambm possvel, atravs de pequenas incises com objetos perfurantes, simular estigmas sangrantes, para isso nem necessrio cortes profundos12. Somatizao Mas, isso no significa que todo os casos de estigmatizados da histria sejam fraudes. Em alguns casos, consiste numa ao cerebral sobre o sistema nervoso que comanda os corpos capilares da pele13. Em Medicina, chama-se esse tipo de ao de somatizao: condio em que a pessoa se queixa durante muitos anos de vrios problemas fsicos para os quais no so encontradas causas fsicas. O distrbio (...) em geral, comea antes dos 30 anos e inmeros testes so feitos pelos mdicos. Com isso, vrias cirurgias desnecessrias so realizadas assim como outros tratamentos (...) os sintomas fsicos deste distrbio so causados por conflitos emocionais subjacentes, ansiedade e depresso, que a pessoa afetada incapaz de enfrentar, transferindo-os inconscientemente para o corpo (...)14. Muitas doenas so causadas pela ao da mente sobre o corpo. Por exemplo, a lcera estomacal essa leso grave pode ser causada atravs da irritao do sistema simptica, por transtornos psquicos15. Todos os manuais de dermatologia reconhecem o psiquismo como uma das causas de toda classe de doenas de pele 16.
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Extrado do site: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/Fantastico/0,,AA1668296-4005-0-0-06012008,00.html Extrado do site: http://www.ceticismoaberto.com/news/?p=1052 onde possvel tambm ver um vdeo demonstrando a tcnica. 13 FILHO, pe. Raimundo Elias. Mistrios do aqum e do alm luz da parapsicologia. So Paulo: Paulus, 2003 - 2 ed. (p.66) 14 Enciclopdia prtica de Medicina. Rio de Janeiro: Editora Globo, s/d. verbete: somatizao. Vol. 14, p.1046 15 QUEVEDO, Oscar G. O poder da mente na cura e na doena. So Paulo: Loyola, 1979 p.62 16 Idem, p.64
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Estigmas: selo do amor de Deus? Mello afirma que a pele , por si s, um dos rgos mais influenciveis por aes psquicas17. Por exemplo, com muita facilidade as emoes tornam o nosso rosto plido ou corado; algumas pessoas, em momento de raiva, podem apresentar manchas vermelhas ou roxas no corpo. A preocupao, o medo, a angstia e outros muitos sentimentos agem sobre o organismo, podendo provocar desde simples vermelhido at furnculos, eczemas, lceras, chagas. Vejamos vrios exemplos: O medo. Os neurologistas Hacke e Tuke, Toussaint e Barthelemy contam o caso de uma senhora, que vendo seu filho passar por um porto de ferro, que caiu no exato momento em que ele atravessava, assustou-se, receando que os ps do menino tivessem sido atingidos. Resultou que no corpo de mulher, nos lugares correspondentes a que ela imaginara o acidente, e principalmente nos calcanhares, apareceram riscas vermelhas18. A imaginao. Santa Catarina de Bolonha, no ano de 1445, passou a noite toda de 24 a 25 de dezembro, Natal, orando e meditando na Igreja do Convento. Precisamente meianoite, momento em que se comemora o Nascimento de Jesus, a santa projetava, arrebatada em xtase, a viso e sensao de estar presente ao Nascimento. Projetava a viso da Me recebendo nos Seus braos o Divino Menino. Tinha a viso de que beijava o Recm-nascido. E na sua viso mstica, tinha a sensao de que o Menino Jesus correspondia beijando-a ternamente no rosto. Durante toda a vida, Santa Catarina de Bolonha conservou devotissimamente o estigma, uma marca que o beijo de Jesus Menino haveria deixado no rosto dela19. [O fato de a marca adquirir forma de beijo, demonstra que o inconsciente pode modelar, plasmar as idias no corpo. A isso damos o nome de ideoplasia] Neuroses. Termo comumente usado para designar uma srie de distrbios psiquitricos em pacientes que permanecem em contado com a realidade (...) nenhuma anormalidade fsica tem se apresentado para fundament-los. A maior parte dos distrbios neurtico so formas brandas de depresso; distrbios de ansiedade, incluindo fobias e comportamento obsessivo-compulsivo; hipocondria; e dissociao20. Em alguns casos, chega-se ao extremo apresentado abaixo: Domenica de Lazzari, foi visitada logo aps ter recebido os estigmas, pelo Dr. Cloche, Diretor de um hospital de Trento (Itlia) e ele que nos conta certos acontecimentos incrveis: permanecia horas inteiras com movimentos convulsivos que afetavam a todas as partes do corpo a tal ponto que no fim parecia uma morta (...). [Depois de tanto esforo natural que se chegue exausto, o que tpico do comportamento neurtico21] Durante essas convulses, Domenica, com os punhos fechados desfechava inmeros golpes em seu peito e era incrvel o rudo que produzia. Numa oportunidade desferiu tal golpe no queixo que feriu as gengivas e o sangue jorrou abundantemente. Os golpes que se desferia eram to violentos que eram ouvidos no s dentro de casa mas tambm pelos vizinhos. Houve quem contasse, numa ocasio, os golpes que se desferiu e chegaram soma fabulosa de 409. "Masoquista e histeria"22.
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MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), p.335 18 LORENZATO, Jos. Dermografia. Extrado do site da Organizao de Estudos Parapsicolgicos (http://oepnet.sites.uol.com.br/dermografia.htm ) 19 QUEVEDO, Oscar G. Os milagres e a Cincia. So Paulo: Loyola, 2000 (2 ed.) p.406 20 Enciclopdia prtica de Medicina. Rio de Janeiro: Editora Globo, s/d. verbete: neurose. Vol. 10, p. 787 21 Ibidem. 22 LORENZATO, Jos. Estigmas. Extrado do site da Organizao de Estudos Parapsicolgicos (http://oepnet.sites.uol.com.br/estigmas.htm )
8 Ainda mais impressionante e curioso o caso da freira Lukardis, de Oberweimer, nascida em 1276 e falecida em 1309. Um extraordinrio relato de suas experincias "msticas" foi feita por um religioso annimo que a conheceu bem e escreveu por ocasio de sua morte. Relata o autor annimo que ela era objeto de constantes xtases e tinha recebido os estigmas com pouca idade. Desferia com o polegar- que substitua o martelo- fortssimas pancadas nas chagas que trazia em suas mos, ps e no lado23. Auto-sugesto. O mdico ingls Wright relatou que era capaz de produzir em seu prprio corpo urticrias em suas pernas e braos pela ao da vontade24. Um dos pacientes [de Meyer] reproduzia todas as sextas-feiras os ferimentos de Cristo nos ps, nas mos, no lado e tinha, alm disso, uma cruz na fronte e as letras IHS sobre a espdua direita25. [Sobre mais casos de inscries dermogrficas ver a sexta caracterstica dos estigmas visveis] Pierre Janet teve a oportunidade de poder estudar na Salptrire um desses pacientes durante 22 anos. Seu delrio religioso e suas excentricidades tinham-no levado a se hospitalizar (...) Madeleine, tinha xtases em que imitava as cenas da Crucificao. No dia seguinte produzia nas mos, nos ps e no peito as cinco chagas de Cristo. Janet se certificou, por meio de diversos aparelhos que esse estigmas no eram produzidos artificialmente. Mesmo sob uma atadura impermevel, os fenmenos ocorriam com corrimento de serosidades26. Quando Gema Galgani mostrou as chagas dos aoites, que sangravam profusamente, as feridas correspondiam perfeitamente, em tamanho e posio, s chagas pintadas num grande crucifixo perante o qual ela costumava orar27. Quando Ana C. Emmerich foi marcada pela primeira vez com uma cruz em seu peito, esta tinha a forma de Y, reproduzindo a forma de um crucifixo de Coesfeld que ela tinha em grande venerao desde sua infncia28. Os estigmas de Ethel Chapman, em 1974, se baseou nas ilustraes de uma Bblia que ele havia recebido29. Hipnose. Os estigmas so um fenmeno totalmente humano, tanto que podem ser reproduzidos atravs da hipnose. A preciso que se pode alcanar na vesicao sugerida (como chamado esse fenmeno na hipnose), no fica devendo em nada aos estigmas religiosos. Para realiz-la, traa-se com a ponta de uma esptula, uma palavra, uma figura ou marca sobre a pele do hipnotizado e lhe sugere que sangrar em todos os lugares onde tiver sido tocado com a ponta da esptula. E a inscrio, primeiramente invisvel, vai gradativamente avermelhando-se; depois o sangue comea a aparecer30. Charcot, empregando a sugesto hipntica, conseguiu obter inchao de uma das mos, enquanto a outra se conservava normal31.
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Ibidem. MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), p.325 25 SUDR, Ren. Tratado de Parapsicologia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966, p.337 26 Idem., p.338 27 LORENZATO, Jos. Estigmas. Extrado do site da Organizao de Estudos Parapsicolgicos (http://oepnet.sites.uol.com.br/estigmas.htm ) 28 Ibidem. 29 NICKELL, Joe. Estigmas: a semejanza de Cristo. Extrado do site: http://www.dios.com.ar/notas1/creencias/religion&psi/estigmas/estigmas.htm (espanhol) 30 LORENZATO, Jos. Dermografia. Extrado do site da Organizao de Estudos Parapsicolgicos (http://oepnet.sites.uol.com.br/dermografia.htm ) 31 MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), p.324
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Estigmas: selo do amor de Deus? Jendrassik fez sugesto [hipntica] de que se tratava de um ferro candente, provocando sinais de queimadura, deixando at cicatriz32. Em 1936, Platonoff aplicou no brao de uma mulher hipnotizada uma moeda de bronze, dizendo-lhe que estava aquecida em brasa, ao passo que, na realidade, a moeda se achava na temperatura ambiente. Vinte e cinco minutos aps essa sugesto apareceu uma vermelhido no brao; depois de trs horas, apareceu um ponto branco central e, finalmente, meia hora mais tarde, formou-se uma empola33. Brnnemann demonstrou ser possvel criar, por meio de sugesto hipntica, furnculos, eczemas, lceras e outras manifestaes cutneas34. Em algumas experincias, conseguiu-se, inclusive, sangramentos e chagas: O professor Artigalas sugeriu a um paciente sujeito a hemorragias naturais pelos ouvidos e olhos, que o sangue iria brotar das palmas das suas mos. A sugesto surtiu efeito e foi preciso outra em sentido contrrio para fazer desaparecer esses sintomas35. Em 1885, os doutores Bouru e Burot apresentaram no congresso de Genoble o caso de um doente no qual provocaram por sugesto, uma dermografia intensa de exudao sangunea36. Em um sentido inverso, podemos citar exemplos em que, ao invs de o inconsciente provocar esses fenmenos, cur-los: Os Drs. AHC Sinclair-Gieben e Derek Chalmers, da Universidade Aberdeen (Esccia) fizeram a experincia com 10 pacientes que sofriam com verrugas numerosas e rebeldes. Sugeriram-lhes, durante a hipnose, que desapareceriam todas as verrugas de um lado do corpo, mas ficando as do outro lado. Em nove dessas dez pessoas hipnotizadas, desapareceram de fato as verrugas do lado indicado permanecendo porm as do outro lado do corpo37. J em 1890, o Dr. Fowler comunicava Sociedade Neurolgica de New York a experincia feita com oito pacientes de tumores, inclusive mltiplos, no seio. Os cirurgies que j viram alguns desses tumores reclamaram a extirpao do seio. O Dr. Fowler, porm, percebendo que essa oito pacientes eram pessoas nervosas ou histricas, institui um tratamento psquico conseguindo a cura com o desaparecimento total dos tumores38. Que a causa da dermografia o influxo do psiquismo sobre o organismo evidente. Mas no se conhece, no estado atual da cincia, o processo desse influxo. Para realizar uma dermografia o pensamento, consciente ou inconsciente, deve por meio de um ato engenhosamente seletivo das clulas piramidais de seu crebro, agir com tal preciso sobre a hierarquia dos centros vasculares do sistema nervoso vegetativo, centros estes dispostos nos ncleos cinzentos subcorticais, na protuberncia, no bulbo, na medula espinhal, nos gnglios da coluna vertebral, etc. resultando finalmente numa dilatao dos nicos vasos capilares; devendo servir ao traado do que deve ser inscrito, continuando a circulao sangnea contgua a e efetuar-se normalmente, sem "codificao" do tnus. Ora, a exatido atingida parece extraordinria, quando se sabe que a rede capilar microscpica excessivamente enovelada, que espalha a substncia do
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Ibidem. AMADOU, Robert. Parapsicologia: ensaio histrico e crtico. So Paulo: Editora Mestre Jou, 1966 p.156 Idem., p.325 35 LORENZATO, Jos. Dermografia. Extrado do site da Organizao de Estudos Parapsicolgicos (http://oepnet.sites.uol.com.br/dermografia.htm) 36 Ibidem. 37 QUEVEDO, Oscar G. O poder da mente na cura e na doena. So Paulo: Loyola, 1979 p.100 38 Ibidem.
10 sangue no interior dos tecidos, se fosse estendida na superfcie cobriria aproximadamente sete mil e trezentos metros quadrados39. Doenas orgnicas Existem tambm chagas com aparncia de estigmas provocadas por uma doena da medula, e tendo uma origem nervosa. Seja como for, a sensao inicial provocar uma congesto local dos vasos, seu rompimento e a destruio da derme por fagocitose, sendo que este ltimo fenmeno pode ser provocado pelo primeiro40. DIVERSIDADE DE AMBIENTES As dermografias, dentro da imaginao popular, foram interpretadas de vrias formas: quando eram atribudas a Deus, tratava-se das chagas de Cristo; mas podiam tambm ser atribudas ao demnio, a bruxas, aos extra-terrestres ou simplesmente como castigo quando no se atende aos desejos de uma mulher grvida. Fenmenos ocorridos em vrios contextos, ambientes e pocas distintas, inclusive sem ligao com o Catolicismo ou com religio. Chagas de ETs. Stephen Michalak (Fig. 07) declarou que se aproximou de um OVINI aterrissado em Falcon Lake, Manitoba, em 1967. Quando chegou mais perto, foi aparentemente queimado, o que deixou em seu peito um padro de pontos em forma de Fig. 07 Stephen Michalak com as marcas feita pelos Ets (em destaque): ideoplasia ou grade41. queimaduras produzidas artificialmente (compare com a fig. 04) [ainda no se provou a existncia de seres extra-terrestres, mas no isso que est em questo aqui. Muito provavelmente o Sr. Michalak teve uma espcie de alucinao que durante o surto, somatizou o que ele acreditava ser marcas aliengenas, mas que nada mais so do que a ao do inconsciente sobre o corpo] Um caso muito famoso do italiano Giorgio Bongiovanni (fig. de 8 a 12)42. Ele nasceu na cidade italiana de Flrida (Siracusa) a 5 de setembro de 1963. Quando tinha um pouco mais de 13 anos de idade teve o seu primeiro avistamento extraterrestre (...) [Muitos distrbios psicossomticos e parapsicolgicos se iniciam na puberdade] (...) E conhece o famoso contactado Eugnio Siragusa que lhe instrui por um pouco mais de 10 anos na cultura sobre a pluralidade dos mundos habitados. [Instrui de que forma? Semelhante aos mdiuns espritas, sobre influncia de um esprito-guia?] Na localidade onde residia, no dia 5 de Abril de 1989 protagonista de uma experincia impressionante, visitado pela Me Celestial Myriam (...)
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LORENZATO, Jos. Dermografia. Extrado do site da Organizao de Estudos Parapsicolgicos (http://oepnet.sites.uol.com.br/dermografia.htm) 40 Ibidem. 41 RIPLEY, Robert L Roy. Acredite se quiser! Rio de Janeiro: Relume Dumar, 2005 (p. 17) 42 Resumo biogrfico extrado do site: http://www.amorincondicional.com.pt/resumo_biografico_de_giorgio_bon.htm
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Estigmas: selo do amor de Deus? [Nossa Senhora? Ela tambm seria extra-terrestre?] (...) Que lhe anuncia prximos encontros que chegam ao seu ponto culminante quando, obedecendo ao seu pedido, se dirige a Ftima (Portugal) e ali, na Praa do Santurio sob a azinheira perto da qual, em 1917 os trs pastorinhos viram a Virgem, a 2 de Setembro de 1989, quando Giorgio entra em xtase (...) [xtase ou auto-hipnose? Ataque de histeria? Neurose? Etc.]
Fig. 08 Fig. 09 Giorgio Bongiovanni. Comparando as duas figuras, aparentemente, a posio dos estigmas do lado encontram-se em lugares diferentes: indcio de fraude?
(...) E aceita da parte da Me Celeste a sua proposta de levar consigo uma parte do sofrimento do Seu Filho, trespassando-lhe ambas as mos com os estigmas da crucificao, para iniciar a misso de divulgar pelo mundo o Terceiro Segredo de Ftima (...) [Sempre ele: o Terceiro Segredo de Ftima! o Segredo mais vazado da histria da humanidade...] Noutra fase da sua Misso, instrudo e guiado por Jesus (...) [J no mais o esprito do Et, mas Jesus... Cristo tambm tido como extraterrestre!] Fig. 10 (...) Que o estigmatiza a 2 de Giorgio Bongiovanni: estigmas nos ps em forma de cruz Setembro de 1991, nos ps, a 28 de Maio de 1992 no lado (costelas-Corao) e a 26 de Julho de 1993 marca-o com o 6 estigma, uma cruz de sangue na testa, visvel a todos (fig. 12). Sendo analisado pela cincia mdica em vrios pases, com os seguintes resultados certificados por profissionais qualificados: no aspecto fsico, considerado um fato no explicvel para os conhecimentos atuais [Inexplicvel?! J vimos vrias explicaes para casos semelhantes, ao logo desse trabalho: fraude, somatizao, auto-sugesto, hipnose, doenas na medula...] (...) J que porta no seu corpo das feridas, desde 1989, que sangram todos os dias, no se lhe infectaram e no morreu (...) [logo mais explicaremos estes casos, quando nos referirmos a oitava caracterstica dos estigmas visveis, mas j adiantamos que no tem nada de sobrenatural] (...) No aspecto psicolgico considera-se como um homem com uma grande capacidade de sofrimento e no aspecto psiquitrico, mentalmente so, sendo descartada
12 a possibilidade de somatizao por influncia da sua prpria mente, j que, para a psiquiatria, no lhe seria possvel suportar 24 sobre 24 horas essas chagas, por tantos anos, realizando uma alta atividade fsica-psiquica-mental habitualmente (...) [Se no somatizao fraude. Inclusive, no documentrio da National Geographic se faz aluso ao fato das feridas de Giorgio Bongiovanni terem sido provocadas por substncias custicas43] (...) A 11 de Fevereiro de 2002 lhe retirado o estigma permanente, da testa. [Ou se para de fraudar ou a mente para de influir sobre as chagas. Poderamos negar tambm que se tratasse das Chagas de Cristo pelas Fig. 11 Fig. 12 Giorgio Bongiovanni: estigmas Giorgio Bongiovanni: simples anlises das formas das nas mos em forma de cruz estigma na testa chagas, o que faremos quando tratarmos das caractersticas dos estigmas visveis logo mais] Em mulheres grvidas. Uma senhora nordestina que, participando entusiasticamente na campanha pela presidncia de Jnio Quadros, deu luz uma menina com uma marca representando a vassoura na testa! (logotipo da campanha de Jnio)44. Boguet conta, entre outras, a histria da mulher que foi procurada sexualmente pelo marido disfarado com uma mscara de demnio. To apavorada ficou na sua superstio e to angustiada durante toda a gravidez, que deu luz um menino no qual, sem sombra de dvida, se distinguiam traos marcantes da mscara que o marido usara45. [Sabe-se que a criana no s reage aos estados psquicos da me, como tambm pode ser seriamente influenciada e marcada por estes estados. Chama-se ideoplasia a capacidade que o inconsciente tem de plasmar suas idias no corpo] Inclusive coisa semelhante encontrada no reino animal: Em 1921, o Sr. Duquet, um dos mais Fig. 13 Entre tantos casos comprovados pelo conceituados veterinrios de Nice, na Frana, examinou CLAP, uma menina de Louveira- SP. o estranho caso de uma gata que pariu um gatinho Nasceu e conserva por toda a vida a dermografia de um morango que sua me, marcado no peito com o nmero 1921. Soube-se que, j gestante, ansiava de noite... grvida, a gata perseguia um rato que se escondeu atrs de um saco de farinha. A dona da casa, temendo que ela rasgasse o saco, colocou outro saco por cima do primeiro, trazendo a inscrio 1921. A gata, mesmo assim, no desistiu da caada e, durante horas ficou esperando o rato, com os olhos fixos na inscrio do nmero46.
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Extrado do site: http://www.ceticismoaberto.com/news/?p=1052 onde possvel tambm ver um vdeo demonstrando a tcnica. QUEVEDO, Oscar G. Dermografia. Extrado do site do Centro Latino-Americano de Parapsicologia (CLAP): http://www.clap.org.br/artigos/demonologia/d_dermografia.asp 45 QUEVEDO, Oscar G. Dermografia. Extrado do site do Centro Latino-Americano de Parapsicologia (CLAP): http://www.clap.org.br/artigos/demonologia/d_dermografia.asp 46 FILHO, pe. Raimundo Elias. Mistrios do aqum e do alm luz da parapsicologia. So Paulo: Paulus, 2003 - 2 ed. (p.65)
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Estigmas: selo do amor de Deus? Fora do Catolicismo. Temos exemplos de alguns casos em outros ambientes religiosos no catlicos: No Hindusmo. Diz que Caitanya Mahaprabhu (1486-1533), um asceta indiano, experimentou grande suor de sangue de seu corpo em um intenso estado emocional47. [Sobre esse fenmeno falaremos quando tratarmos do suor de sangue] No protestantismo. Jos Lorenzatto nos conta o caso de uma jovem austraca de nome Elisabeth, luterana, cliente do Dr. Adalf Lechler, ele tambm luterano e psiquiatra. Elisabeth no parece ter inclinaes viciosas, e possui um carter profundamente religioso. Era sumamente neurtica. Esteve em mais de uma dezena de clnicas para tratamento. Esteve por algum tempo aos cuidados do Dr. Lechler que fez um relato minucioso dos acontecimentos. Para facilitar-lhe a cura e ao mesmo tempo para estudar o caso, ele a aceitou como empregada domstica. O fato mais importante se d na Sexta-feira Santa quando ela assiste a um filme que representa vivamente as cenas da Paixo de Cristo. Ao regressar para casa, queixava-se de dores nas mos e nos ps (...) [O filme deixou Elisabeth muito impressionada, a ponto de sua imaginao somatizar a cena] (...) Como havia feito anteriormente e muitas vezes, o Dr. Lechler hipnotizou a jovem, mas desta vez sugeriu-lhe que ela, como Nosso Senhor, tinha as mos e os ps perfurados com cravos. Fez-lhe esta sugesto repetidas vezes e o resultado foi altamente satisfatrio. Ele documenta o resultado com fotografias onde aparecem claramente as feridas nas mos e nos ps. Posteriormente, por meio de sugestes repetidas a transportou para um estado em que as lgrimas de sangue fluam livremente de seus olhos, aparecendo tambm os sinais da coroa de espinhos. Sobreveio tambm uma ferida nos ombros causada pela sugesto de que carregava a Cruz48. [Ora, pelo histrico de neurose de Elisabeth e por sua impressionabilidade, se foi fcil reproduzir tais feridas espontaneamente, nada mais lgico do que tambm serem fceis a reproduo via hipnose] Mello cita o caso de outra protestante: Helena Stewart. Ela percebeu em seu corpo manchas correspondentes s da paixo e sentiu que podia evitar que sangrassem desviando o pensamento para outros temas (...) [Prova de que se tratava do influxo do pensamento sobre o corpo] (...) e fazendo retirar o crucifixo que tinha no quarto (...) [Uma espcie de reflexo condicionado: o crucifixo era o sinal que fazia Helena recordar da Paixo, e desencadeava o pensamento nas dores que repercutiam sobre o seu corpo. Tirado o sinal, deixa-se de obter a resposta condicionada] (...) Para mostrar quanto Helena era nervosa, basta relatar que, certa vez, teve uma doena sem gravidade, mas extremamente dolorosa, que desafiou muitos tratamentos mdicos, chegando a ser indicada a interveno cirrgica. Entretanto, a cura foi obtida pela aplicao, sobre o lugar doloroso e inchado, de uma carta escrita por uma pessoa que lhe era muito simptica, tendo a dor cessado imediatamente49. Joe Nickel cita o caso da menina afro-americana, Cloretta Robinson, estigmatizada aos dez anos e membro da Igreja Batista50.
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Extrado do site: http://en.wikipedia.org/wiki/Stigmata (ingls) LORENZATO, Jos. Estigmas. Extrado do site da Organizao de Estudos Parapsicolgicos (http://oepnet.sites.uol.com.br/estigmas.htm) 49 MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), pp.327-328 50 50 NICKELL, Joe. Estigmas: a semejanza de Cristo. Extrado do site: http://www.dios.com.ar/notas1/creencias/religion&psi/estigmas/estigmas.htm (espanhol)
14 Mello observa que no caso dos protestantes, tais feridas somem rapidamente por no darem importncia, j que os estigmas de Cristo tm um significado miraculoso para os catlicos mais que para as outras denominaes crists51. Mais se tem observado que a partir do sculo XX esse perfil tem mudado, a ponto de ser possvel encontrar as Chagas de Cristo em outras denominaes religiosas ou esotricas52, inclusive de uma catlica ortodoxa, da Igreja de Damasco, de nome Myrna Nazzour. Em ambiente demonolgico. Uma dor escruciante atacava os braos e as pernas da jovem. Era to intensa que fazia de cada passo um suplcio assim, a moa permanecia na cama at o pesadelo passar. S que o tormento voltava toda semana, e ela viveu coisas que pareciam sadas de um filme de terror. Perdeu a conscincia e passou a falar palavras sem sentido (...). [o fato de perder a conscincia mostra perfeitamente tratar-se de uma habilidade do inconsciente] (...) Manchas de sangue afloraram na sua pele e caprichosamente desenharam cruzes, letras, e pequenas frases: tenha paz, estou contigo, voc minha (...). [as frases so somatizaes dos desejos da jovem. O demnio jamais escreveria tenha paz para uma pessoa. Veremos muitos outros casos semelhantes, quando falarmos das caractersticas dos estigmas visveis] (...) Numa crise mais forte, a possuda foi levada a uma igreja catlica e atendida por um padre. Ele ps as mos sobre a cabea dela e falou algumas palavras em aramaico. O ritual prosseguiu com oraes e ordens para expulsar o demnio. No mesmo dia, a jovem estava totalmente curada53. [As possesses so geralmente histricas, e se assim a cura pode ser feita por sugesto] Vejamos mais dois casos bem interessantes justamente por serem autocontraditrios citados por Quevedo: Em um episdio com a priora do famosssimo caso das freiras endemoninhadas de Loudun, durante a ltima sesso de exorcismos, a Madre Jeanne des Anges no tinha articulado nem uma palavra. Mas de repente ela lanou um grito dilacerante e, logo em seguida, pronunciou o nome Jos: todos viram um estigma de cor vermelha, recamado de gros mais fortemente avermelhados, surgindo e percorrendo o antebrao da freira at formar a palavra Jos numa extenso de quase trs centmetros. Quando todas as testemunhas, o Rei, a Rainha, o cardeal Duc, membros da corte observavam esse estigma, a piedade de Satans acrescentou os nomes de Jesus, Maria e ainda o do fundador da congregao da endemoninhada, Francisco de Sales54. O demnio, em Louveira, no Estado de So Paulo. O Pe. Bosroger exorcizava aos gritos em nome de Jesus. Era Sexta-feira Santa. Precisamente s trs da tarde, hora em que Jesus expirou. Nesse momento, o demnio, por cima da voz do exorcista, gritou: Viva Jesus crucificado, e a endemoninhada caiu por terra como se fosse um boneco de pano. Sobre o peito dela apareceu em vermelho e como queimadura um estigma em forma de uma cruz, e sobre ela as palavras Viva Jesus55. [Os demnios iriam fazer propaganda de So Jos, Nossa Senhora, So Francisco de Sales e de Jesus?!... Veremos outros casos semelhantes a esses quando abordarmos as caractersticas dos estigmas visveis logo mais]
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Ibidem. Extrado do site Living Miracles: http://www.livingmiracles.net/Stigmata.html (ingls) Extrado da Revista SuperInteressante (novembro/2006) p.66 54 QUEVEDO, Oscar G. Antes que os demnios voltem. So Paulo: Loyola. 2005 (5 ed.) p. 193 55 Idem., pp. 193-194
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Estigmas: selo do amor de Deus? Era crena comum na poca da Inquisio o chamado stigmata diaboli: marca, sinal, mancha no corpo supostamente feito pelo demnio durante intercurso sexual com suas vtimas que depois de fixada, permanecia insensvel e no sangrava56. Eram por assim dizer o selo do pacto com o diabo. J nos referimos ao quanto as emoes podem somatizar as mais curiosas formas sobre a pele, atravs da ideoplasia (e ainda mostraremos muitos outros casos ao abordarmos as caractersticas dos estigmas visveis); portanto, a prpria tenso causada pelo rigor da Inquisio e pelo medo dos seres espirituais57, por si s, contriburam, de alguma forma, para o surgimento dos estigmas do diabo: em algumas vtimas se notavam inclusive as incises dos dentes do demnio58 (como se eles tivessem dentes para morder!), outras vezes, claramente eram como um mamilo extra ou ento disfaradas sob um estigma em forma de pssego ou de uva, as vezes um imagem de lebre; outras, uma pata de sapo; s vezes, uma aranha, um cachorrinho, uma lorpa etc59. O principal mtodo de averiguao era feito por meio de picada de alfinete em diversas regies do corpo, tanto na pele como nas mucosas. O perito comeava por tocar o acusado, que tinha os olhos vendados, com a ponta de um alfinete, cuja picada no deveria ser sentida nem produzir sangue. Era essa a grande prova, por meio da qual se descobriam marcas feitas pelo diabo e escondidas at no nariz, na boca, nas plpebras, nos dedos, nas unhas, no nus, na vagina etc60. Segundo a opinio do historiador francs Robert Muchembled, a marca torna-se o elemento primordial da construo demonolgica. Embora seja impossvel encontrar exemplos dela no sculo XV (...) ela s se impe realmente no decurso das grandes caas s feiticeiras dos sculo XVI e XVII. Deixada pela garra do diabo em um lugar qualquer do corpo, quase sempre esquerda pois seu lado preferido , muitas vezes escondida nas partes vergonhosas, ou dentro do olho do feiticeiro, ela dava prova do pacto concludo com Sat. Ou, pelo menos, meia prova, em termos judiciais, pois sua descoberta no era suficiente para decretao da pena de morte, autorizando apenas os magistrados a redobrarem seu empenho e a utilizarem a tortura em caso de teimosia do acusado. A brusca do estigma malfico efetuava-se sobre o corpo desnudo e inteiramente raspado, sobe o controle de um cirurgio (...) essa tcnica oficial [da picadas com alfinete] contaminou rapidamente as populaes que recorriam a picadores para verificar suas suspeitas a respeito de algum vizinho61. O historiador francs Jean-Michel Sallmann nos apresenta dois casos de stigmata diaboli: A viva Aldegonde de Rue (em 1601). Alguns anos antes, ela j havia sido acusada de bruxaria em seu povoado de Cateau. Essa reputao a perseguia. Assim, para pr fim aos rumores, ela decidiu ir a Rocroi, nas Ardenas, onde oficiava um carrasco renomado por reconhecer os culpados de bruxaria. Havia descoberto 274. mandou
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SALLMANN, Jean-Michel. As bruxas Noivas de Sat. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002 p.65 Sobre a questo do medo, o historiador francs George Duby assim se refere: Ningum duvidava, naquela poca, que houvesse um outro mundo, alm das coisas visveis. Impunha-se, ento, uma evidncia: os mortos continuam a viver nesse outro mundo. Postas parte as comunidades judaicas, todo o mundo estava convencido de que Deus havia se encarnado. Todas as culturas emprego o plural porque junto cultura dos membros da Igreja existiam tambm, uma cultura guerreira e uma cultura camponesa soa dominadas pelas mesmas angstias em relao ao mundo. Elas partilham um sentimento geral de impotncia para dominar as foras da natureza. A clera divina pesa sobre o mundo e pode manifestar-se por este ou aquele flagelo. O que essencial garantir a graa do Cu (...) (p.15) e em outro trecho: mais que o medo da morte, nossos ancestrais temiam o Juzo Final, a punio do alm e os suplcios do inferno (DUBY, George. Ano 1000 ano 2000, na pista de nossos medos. So Paulo: Editora Unesp,1999 p.123). Nogueira ainda mais especfico ao afirmar que o incio da Modernidade na Europa ocidental marcado por um incrvel medo do Diabo (NOGUEIRA, Carlo Roberto F. O Diabo no imaginrio cristo. So Paulo: Edusc, 2000 p.96). V-se, assim, que havia muita tenso em relao aos demnios o que sobremaneira pode conduzir ao aparecimento de curiosas dermografias. 58 QUEVEDO, Oscar G. Antes que os demnios voltem. So Paulo: Loyola. 2005 (5 ed.) pp. 191-192 59 QUEVEDO, Oscar G. Antes que os demnios voltem. So Paulo: Loyola. 2005 (5 ed.) p. 192 60 MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), pp.381 61 MUCHEMBLED, Robert. Uma histria do Diabo sc. XII-XX. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2001 p.85
16 rasparem todos os plos de Aldegonde e se ps a fur-la metodicamente. Procurava marca insensvel que o Demnio teria posto no corpo de sua cmplice para selar o pacto que os dois haviam firmado. Encontrou-a, evidentemente, no ombro esquerdo, sob a forma de cinco pequenos pontos62. Adrienne dHeur, de cerca de sessenta anos, viva de Pierre Bacqueson, ourives em Montbliard, revendedora. O seu comportamento sexual bastante irregular. A sua me e outros parentes foram suspeitos de Fig. 14 bruxaria. Em 10 de agosto de 1646 ela Analgesia hipntica: Padre Quevedo quebrando pedras com uma foi presa. O interrogatrio comeou no marreta, na barriga de um hipnotizado. dia 14. No dia 31, aps vrios interrogatrios, submetida a inspeo, nua at a cintura, picada de todos os lados com um alfinete de prata. Acabaram encontrando bem no meio das costas, um pouco abaixo dos ombros, um ponto em que o alfinete enfiado na profundidade da largura de um dedo e a mantido no perodo de mais de meio quarto de hora, sem que ela demonstrasse sentir qualquer dor, nem que a marca sangrasse. Acaba, por fim, sendo executada em 11 de setembro63. Por que as feridas no sangram e nem se sente dor? Mello nos diz que a histeria cria placas de anestesia, assim como pode impedir que sangrem picadas e outros ferimentos64. Vrios outros comportamentos tambm geram analgesia: o mstico em xtase, o mdium em transe, o iogue em libertao, o sbio totalmente mergulhado em profunda concentrao etc., nada sentem (...) so clebres os casos, entre os sbios, de Menndez y Pelayo que no sentiu o p queimando-se no braseiro; Santo Toms, sendo operado enquanto se absorvia num problema de teologia (...)65. Dor sensao. A dor um conjunto de reflexos que respondem ao estmulo externo, mas esses estmulos so interpretados pelo crebro. Qualquer sensao por mais cutnea e externa que possa parecer , de fato interpretada e de volta projetada no local da dor pelo crebro. No s objetiva, provocada do exterior; Fig. 15 mas, principalmente, subjetiva, Analgesia pela tcnica: homem quebra blocos de concreto sobre barriga e peito provocada pela reao cerebral. de uma mulher deitada sobre uma cama de pregos No conjunto dos reflexos cerebrais, de acordo com as pesquisas da reflexologia, o crebro livre e pode escolher, reagindo com dor ou prazer, com insensibilidade total (analgesia) ou com aguda dor (hiperalgia). A reao a um estmulo depender no tanto da fisiologia ou anatomia, mas do estado do crebro submetido totalidade de inmeras influncias, entre as quais tm valor predominante as influncias psquicas, por exemplo, o que se espera naquelas
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SALLMANN, Jean-Michel. As bruxas Noivas de Sat. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002 pp.45-46 Idem, pp. 66 e 67, 72-74 MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), pp.383; ver tambm: QUEVEDO, Oscar G. O poder da mente na cura e na doena. So Paulo: Loyola, 1979 p. 294 65 QUEVEDO, Oscar G. O poder da mente na cura e na doena. So Paulo: Loyola, 1979 pp.289-290
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Estigmas: selo do amor de Deus? circunstncias. Cada neurnio, como qualquer clula oscila entre um estado de atividade no qual hipersensvel e um estado de inibio no qual est insensibilizado66. Inmeras experincias analgsicas j foram realizadas atravs da hipnose (veja fig. 14). Mas a analgesia como qualquer outro fenmeno que se possa obter por hipnotismo, pode aparecer com igual intensidade em circunstncias aptas, sem a mnima pretenso de induo hipntica67. No nos esqueamos tambm de mencionar o treino e a tcnica como elementos anestsicos (Fig. 15)68. Todos esses subsdios so suficientes para explicar o porqu de as marcas das bruxas serem insensveis e no sangrarem. Nada tem a ver com o poder dos demnios, mas se trata de algo extremamente natural. Na opinio de Robert Muchembled, a marca do demnio pode ser interpretada como um smbolo de excluso da sociedade, em uma poca em que os marginais e os criminosos eram muitas vezes estigmatizados por um signo infamante, como a orelha cortada, ou um trao indelvel, feito a ferro quente sobre a carne dos ladres. Alm disso, ela permite concentrar em torno de um nico tema uma multido de crenas e de prticas populares dispersas, referente a sinais de nascena (...)69. Ataques do demnio Ainda referente ao tema das dermografias em ambiente demonaco, temos os casos de que algumas pessoas so supostamente atacadas pelos demnios a ponto de apresentarem feridas. Nos meios espritas, isso chamado zoantropia70, no somente o fato do ataque, mas, principalmente, o do demnio se tornar visvel em forma de animais horrendos. Esta palavra, em termos psiquitricos, designa o estado de algum se acreditar transformado em animal. Outros chamam essa fenmeno de infestao71 e os incluem nos poltergeister (literalmente espritos brincalhes), os quais nada mais so do que uma srie de manifestaes parapsicolgicas de efeitos fsicos. Dentre os vrios casos, citemos alguns: Consta que So Joo da Cruz recebia to pesados e dolorosos golpes do demnio que deixavam gravados em seu corpo ndoas negras, que o santo procurava ocultar aos companheiros72. Padre Pio relata em algumas de suas cartas que os demnios arrancavam sua camisa e o golpeavam de forma to brutal a ponto de o derrubar da cama. Seu corpo era todo marcado pelas pancadas73. Com a coreana Jlia Kim: Em 29 de janeiro de 1989, ao rezar continuamente pelas almas dos pecadores, a fim de resgat-las, o demnio lhe aparecia, semelhante a uma guia (...) [Todos viam ou somente ela? Se apenas Julia, certamente se trata de alucinao] (...) golpeando-a sem misericrdia com suas asas, rasgando sua cabea com suas garras e picando-a com seu bico. Em outras ocasies, relata-se que o diabo a rasgava, beliscava, mordia e a agarrava, sacudindo-a pelos cabelos74. [J vimos que a mente pode causar vermelhido, inchao, feridas etc. so todos sintomas psicossomticos]
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QUEVEDO, Oscar G. Antes que os demnios voltem. So Paulo: Loyola. 2005 (5 ed.) p. 190 QUEVEDO, Oscar G. O poder da mente na cura e na doena. So Paulo: Loyola, 1979 p.290 68 QUEVEDO, Oscar G. Antes que os demnios voltem. So Paulo: Loyola. 2005 (5 ed.) p. 190 69 MUCHEMBLED, Robert. Uma histria do Diabo sc. XII-XX. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2001 p.86 70 TAVARES, Clovis. Mediunidade dos santos. So Paulo: Prestgio, 2005 pp. 101-109 , onde h um captulo inteiro dedicado ao assunto. 71 a opinio, p. ex., de MARCOZZI, Vittorio. Fenmenos paranormais e dons msticos. So Paulo: Paulus,1993 (2 ed.), pp. 95-99 72 MARCOZZI, Vittorio. Fenmenos paranormais e dons msticos. So Paulo: Paulus,1993 (2 ed.), p. 99 73 Extrado do site: http://www.padrepio.catholicwebservices.com/PORTUGUES/O_Diabo.htm 74 Extrado do site: http://najumaria.com/s8.htm (espanhol)
18 E tantos outros relatos desse tipo... Mas, podemos supor tambm que muitas das feridas e escoriaes desse natureza so provocadas durantes os ataques de histeria ao se debater ou cair, ou ainda ocasionados pela prpria vtima como nos casos que j nos referimos de Domenica de Lazzari e da freira Lukardis de Oberweimer, relatados por Jos Lorenzato, as quais deferiam contra si prprias violentos golpes. ESTIGMAS INVISVEIS Dentro da classificao dos estigmas, poderamos incluir tambm os chamados estigmas invisveis: marcas ou sinais, somente visveis ao portador e que, em algumas ocasies, se manifestam atravs das dores da Paixo. Vejamos alguns exemplos: Santa Catarina de Sena. Em 1 de abril [de 1375] um domingo de Ramos, ela assitiu missa celebrada por frei Raimundo [seu confessor e primeiro bigrafo] celebrada na Capela de Santa Cristina. Depois da comunho, entrou em xtase. Seu corpo prostrado, levantouse aos poucos (...) [fenmeno de levitao] (...) p-se de joelhos, os braos se abriram em cruz, o rosto se iluminou. [Fenmeno de fotognese] Permaneceu assim or muito tempo, Fig.16 retesada, de olhos fechados; em seguida, de xtase de Santa Teresa: Belssima repente como ferida de morte, antes de escultura de Giovanni Lorenzo Berinini (1647-1652), na Igreja de Santa Maria della Vittoria (Roma), recuperar, logo depois, as foras. Ento, representando o estigma invisvel do corao. prosseguiu frei Raimundo, ela me chamou e me disse em voz baixa: saiba, padre, que pela misericrdia do Senhor, levo no meu corpo esses estigmas (...) vi o Senhor pregado na Cruz vir at mim em meio a uma grande luz. O arrebatamento de minha alma, desjosa de ir ao Criador foi tamanha que meu corpo foi obrigado a subir. Da essas cicatrizes de suas santas chagas; vi descer na minha direo cinco raios de sangue, dirigidos para as minhas mos, meus ps e meu corao. Compreendendo o mistrio, imediatamente exclamei: ah, Senhor meu Deus, eu te suplico que as cicatrizes nao apaream externamente em meu corpo. Enquanto eu dizia isso, antes de que chegasse a mim, eles mudaram de cor, de incio cor de sangue, em seguida de cor brilhante; sob a forma de pura luz chegaram aos cinco pontos do meu corpo, as mos, os ps e o corao (...) ento, perguntei: sentes agora dor em todos esses lugares? Dando um suspiro, ela respondeu: sinto muita dor em todos esses lugares, principalmente, no corao, de tal forma que, se o Senhor nao fizer outro milagre, parece-me impossvel continuar nesse estado, ento morrerei em poucos dias75. Santa Teresa de vila. O Senhor, enquanto eu estava em tal estado quis algumas vezes favorecer-me com esta viso: via junto a mim, do lado esquedo, um ajo em forma corprea, coisa que no me acontece ver seno raro (...) nesta viso agradou ao Senhor que o visse assim: nao era grande, mas pequeno e muito belo, com o rosto to
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SES, Bernard. Catarina de Sena uma biografia. So Paulo: Paulinas, 2008 pp. 58-59
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Estigmas: selo do amor de Deus? estimulado (...) via-lhe nas maos um longo dardo de ouro cuja ponta de ferro dava-me a impresso de ter um pouco de fogo. Parecia-me que o cravasse por diversas vezes em meu corao, to profundamente que me atingia at as vsceras, e quando o extraa era como se o levasse embora, deixando-me toda inflamada pelo grande amor de Deus. A dor da ferida era to viva que me fazia emitir aqueles gemidos dos quais falei, mas era to grande a doura que me provocava esta enorme dor que nao havia porque desejar o seu fim, nem a alma podia satisfazer-me a nao ser de Deus. Nao dor fsica, mas espiritual, tambmse o corpo nao deixasse de participar um pouco dela, ou melhor, muito (...)76. A portuguesa Alexandrina Costa (fig. 17), nascida e criada em uma aldeia litornea a uns 50 km do Porto, em 1934, aos trinta anos, relatou uma viso em que Jesus lhe pedira que ela O ajudasse a redimir a humanisdade, partilhando com Ele o sofrimento da Crucificao, Ela no se tornou uma estigmatizada, mas quatro anos depois, comearam os seus xtases da Paixo. Estes ocorriam todas as sextasfeiras ao meio-di e duravam trs horas e meia. Segundo relatos de testemunhas oculares, em geral, mdicos e padres, o corpo de Alexandrina se ergui como se levitasse e depois caa no cho. Ao chegar ao cho, ela recuperava os movimentos em seus braos e pernas (que permaneceiam inertes o resto do tempo), e ento comeava a se levantar e se contorcer. De joelhos, Alexandrina percorria as estaes da via-sacra, falando o que Jesus falava, segundo os relatos do Evangelho, sobre sua tortura e morte. Quando a via-crucis terminava, Alexandrina caa num estado de semiconscincia, e de novo seus Fig. 17 membros se imobilizavam. Essa situao ocorre Alexandrina Costa quase duzentas vezes, num perodo de cinco anos77. De fato, nao temos como analisar objetivamente se hove ou no estigma nesses casos, ou se se trata de mera alucinao, auto-sugesto, histerismo etc. Trata-se de tema muito polmico. Com Sata Catarina, por exemplo, a questo foi ferozmente debatida at a deciso do papa Urbano VIII, em 1630, que lhes afirmou a autenticidade. A venerao dos santos estigmas foi instituda, em 1727, por Bento XIII 78. Alguns dizem que o corao de Santa Teresa da vila, que ainda mantido como santa relquia, apresenta uma marca como se tivesse sido perfurado por uma lana 79. Mas a maioria dos casos de estigmas invisveis nao h nada de concreto para sustent-los: apenas a dor subjetiva da vtima. Sendo assim, aquilo que j afirmamos sobre a dor como sendo uma sensao interpretada pelo crebro, quando abordamos o fenmeno da stigmata diaboli, tambm vlido para os estigmas invisveis, com a ressalva de que, ao invs de ser insensibilidade total (analgesia), ser hiperalgia: dor extrema. SUOR DE SANGUE Ao definirmos, estigmas, logo no incio deste trabalho, havamos adiantado que tambm nessa categoria se incluem o chamado suor de sangue e as lgrimas de
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Citado por: MARCOZZI, Vittorio. Fenmenos paranormais e dons msticos. So Paulo: Paulus,1993 (2 ed.), p. 28 SULLIVAN, Randall. Detetive de milagres uma investigao sobre aparies divinas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005 p.52 78 SES, Bernard. Catarina de Sena uma biografia. So Paulo: Paulinas, 2008 p. 6 79 Extrado do site Living Miracles: http://www.livingmiracles.net/Stigmata.html (ingls)
20 sangue em aluso Agonia de Jesus no Horto das Olivieras, onde Ele derramou abundantes gotas de sangue sobre a terra (Lc 22,44). Baseando-nos na fenomenologia, tanto mdica como parapsicolgica, encontramos duas possveis explicaes para esse episdio, a fora, claro, as eventuais fraudes que possam existir: Em um nvel mais biolgico, exite uma possibilidade defendida pelo doutor Pierre Barbet: a hematidrose (suor de sangue) um fenmeno muito raro, mas perfeitamente documentado... ocorre em condies excepcionais (...): um esgotamento fsico acompanhado de transtorno moral, conseqncia de uma emoo profunda, de um medo atroz (...) como explicar esse fenmeno? Uma dilatao dos vasos capilares subcutneos pode provocar uma ruptura, em seu ponto de contato com a base dos milhes de glndulas sudorparas. O sangue se mistura com o suor e se coagula sobre a pele depois da exudao. essa mistura de suor e de cogulos que vai se juntando at correr por cima da pele de todo o corpo em quantidade suficiente para cair ao solo. preciso notar que a hemorragia microscpica tem lugar em toda a pele; a epiderme ento fica toda machucada, dolorida e muito sensvel (...)80. A outra explicao, defendida por padre Quevedo, seria de que o suor de sangue seria um fenmeno parapsicolgico, uma espcie de aporte inicial e simples, portanto, algo extremamente raro tambm. E cita trs exemplos: A jovem histrica Maria pertendia ter sido maltratada pelo seu patro. Alm de estigmas sangneos (hemopatias), apresentava hemorragias ao redor da raiz dos cabelos. Examinada minunciosamente, com lupa, comprovou-se que a exudao hemtica atravs do couro cabeludo se realizava sem menor escoriao cutnea. A histrica podia predizer este suor sangneo, pois sentia uma plenitude no epitlio, e dor. Tambm chorava sangue, sem ferida nenhuma nos olhos ou na glndula lacrimal. Aps algum tempo, a doente conseguia o suor e as lgrimas sangneas a vontade, provocando histericamente seu transe de violenta agitao, convulses espasmdicas, hemiplegia esquerda e arrepiantes crises nervosas81. Muito mais interessante o Fig.18 Terese Neuman e seu suor de sangue: aporte ou hematidrose? segundo exemplo: A famosa mstica alem Teresa Neumann chorava grande quantidade de sangue (...) sem nenhuma ferida nos olhos nem nas mas do rosto. Mais aindam o apaorte propriamente dito: manches de sangue apareciam repentinamente sobre as roupas da cama. E o aporte em direo contrria: depois o sangue se ia reabsorvendo. Ia desaparesaparecendo de sua roupa, s ficando nela pequena mancha que indicava que l houvera sangue. Teresa Neumann no ficava anmica (fig. 18) 82. Outro caso o da Irm Helena Aiello que algumas vezes durante a Quaresma ou em algumas sextas-feiras suava abundante sangue. O rosto todo ficava coberto de sangue. E enxarcava amplamente a roupa. Pouco depois, o sangue se reabsorvia aporte no sentido inverso: o rosto ficava limpo, as roupas s com a mancha testemunha de que l houvera, mas que no mais havia, sangue83.
Citado por: SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 266 QUEVEDO, Oscar G. Antes que os demnios voltem. So Paulo: Loyola. 2005 (5 ed.) p. 234 82 Ibidem. 83 Idem, pp. 234-235
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Estigmas: selo do amor de Deus? Essas duas explicaes possibilitam compreender melhor o que vem a ser o suor de sangue: ou natural (hematidrose) ou parapsicolgico (aporte). J havamos mostrado o poder da sugesto hipntica na exudao sangnea, nos experimentos realizados do professor Artigalas e dos doutores Bouru e Burot. Muitos casos de estigmas sangrantes podem ser explicados por esses mecanismos.
Fig.18
ESTIGMAS VISVEIS Breve histrico So Francisco de Assis (1182-1226) considerado, com freqncia, como sendo o primeiro a experimentar os estigmas em 1224. Mas ele no foi o primeiro estigmatizado, estritamente falando, seu caso foi, sem dvida, o primeiro bem documentado e pode ser considerado assim como o primeiro caso indubitvel de chagas de Cristo84. Em 1224 de setembro, dois anos antes de sua morte, tinha viajado para o Monte Alverna. Enquanto jejuava, em profunda orao, Francisco experimentou uma viso de um anjo que levava uma imagem de um homem pregado em uma cruz (...) [esse momento de debilidade fsica pode ter favorecido o fenmeno da viso e dos estigmas] (...) Quando a viso desapareceu, Francisco sentia dores agudas em vrios lugares do corpo. Percebeu que tinha cinco marcas como as das mos de Jesus, dos ps e do lado. Suas mos e ps pareciam perfurados por um prego. Alm disso, o lado do trax sangrou como se tivesse sido perfurado por uma lana. Durante os dias que seguiram, as roupas de So Francisco estavam freqentemente encharcadas de sangue. As marcas permaneceram at a sua morte. Doze anos antes de So Francisco, Maria de Oignies (1177-1213), uma freira flamenga, teve uma experincia semelhante. Supostamente, foram descobertas marcas no seu corpo quando foram sepult-la. Porm, ela era conhecida por suas autoflagelaes, bem possvel que tais estigmas tenham sido auto-infligidos85. Em 1222, um jovem que presumivelmente tinha marcas na cabea e nas mos com sinais de crucificao, foi trazido diante do Arcebispo de Canterbury, Stephen Langton. Foram acusadas a mocidade e duas mulheres de crucificar o menino e exibir os estigmas86. Observemos dois fatos interessantes: a partir do sc. XIII que se tornam mais comuns as prticas mais variadas de penitncia e auto-flagelao, bem como nessa poca tambm que as imagens da Crucificao passa a ser representadas mais vividamente e se popularizam na Cristandade87; elementos que podem ter contribudo para esse boom do que poderamos chamar de Complexo de Crucificao. Cem anos depois da morte de So Francisco, mais de vinte casos de estigmas j tinham acontecido. A tendncia continuou pelos sculos sucessivos, pelo menos 321 estigmatizados foram registrados antes de 1894. Dos quais 229 eram da Itlia, 70 da Frana, 47 da Espanha, 33 da Alemanha, 15 da Blgica, 13 de Portugal, 5 cada da Sua
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22 e Holanda, 3 da Hungria e finalmente 1 do Peru. A lista inclui 62 santos [note que as chagas no so critrio para canonizao porque se assim fosse todos os 321 estigmatizados seriam considerados santos!]. Uma proporo significante dos casos (66%) ser encontrada entre membros de ordens religiosas, em particular, os dominicanos e os franciscanos cada tem aproximadamente 100. Um fato interessante que a maioria dos 321 estigmatizados listado de mulheres (90%) [provando que pode ser quase sempre um fenmeno relacionado histeria]. A partir do sculo XX, temos uma mudana nesse padro: A Itlia passou a dominar menos os casos de estigmas, e um nmero crescente de casos foi encontrado na Gr Bretanha, Austrlia, e nos Estados Unidos88. CARACTERSTICAS DOS ESTIGMAS VISVEIS Enumeramos abaixo dez caractersticas dos estigmas visveis: 1) Quanto ao sexo: Estigmas podem ocorrer tanto em homens como em mulheres, sendo que nestas parecem ser mais freqentes, indcio de que geralmente se trata de histeria. 2) Quanto idade: Podem ocorrer em qualquer idade: Madeleine Morice (1736-169), uma pobre costureira francesa, recebeu os estigmas com apenas oito anos de idade; enquanto outros experenciaram esse fenmeno j em idade avanada: Christina Maria da Cruz de Strumble (12-42-1312) tinha 69 anos. 3) Quanto ao tempo de permanncia das chagas: No existe uma durao pr-determinada. J nos referimos aos casos no meio protestante que logo somem por no se darem importncia. Padre Pio, por outro lado, levou as feridas em seu corpo por cinqenta anos at sua morte. H casos em que as feridas s aparecem durante os surtos extticos, sendo que em seguida voltam ao normal. Outros ainda carregam as chagas por longo tempo, mas depois elas desaparecem: se verdadeira, a chaga da testa de Giorgio Bongiovanni (fig. 12) ficou visvel 24 horas por dia, em um perodo de nove anos (1993-2002), depois desapareceu. 4) Quanto freqncia dos xtases: Na maioria dos casos, ocorrem periodicamente. Em Santa Catarina de Ricci (1522-1590) os estigmas costumavam aparecer s quintas-feiras do meio-dia at s quatro da tarde da sexta, toda semana, durante doze anos. Em Teresa Neumann, contabilizou-se 780 vezes. Por razes bvias, o perodo mais sugestivo o que vai da Quinta-Feira Santa Sexta-Feira da Paixo, em aluso ao sofrimento de Cristo. Cabe aqui duas prudentes observaes do papa Bento XIV para distinguir o xtase verdadeiro: que no seja precedido por enfermidade ou de outra causa que poderia produzi-lo; e que no se produza em tempo determinado89. Esta ltima importantssima a fim de evitar os reflexos condicionados. Esclareo: a simples lembrana de que foi em uma sexta-feira que Jesus foi Crucificado, pode desencadear todo o processo de estigmatizao naquelas pessoas histricas ou sugestionveis, toda vez que se aproximar desse dia. 5) Muitos estigmatizados so portadores de doenas orgnicas: A observao do papa Bento XIV, acima citada, enquadra-se perfeitamente aqui. Quando nos referimos as causas que podem conduzir as estigmatizaes, transcrevemos o texto de Jos Lorenzzato que nos alertava para o fato de que doenas na medula poderiam gerar chagas com aparncia de estigmas.
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Idem Citado por: MARCOZZI, Vittorio. Fenmenos paranormais e dons msticos. So Paulo: Paulus,1993 (2 ed.) pp. 32-33
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Estigmas: selo do amor de Deus? Um exemplo contemporneo o da menina Audrey Santos (da qual falaremos mais detidamente no nono tpico), em Massachusetts (EUA). Ela sofreu graves danos cerebrais, aps quase morrer afogada na piscina de sua famlia, aos trs anos de idade. Vive desde ento em um estado semelhante ao coma, incapaz de se comunicar. portadora de estigmas e, ao seu redor, ocorrem muitos fenmenos parapsicolgicos90. Ao lado das doenas orgnicas, poderamos incluir tambm as de ordem psquicas: histerias, neuroses, anorexia etc. que so responsveis pelo aparecimento de doenas orgnicas de origem psicolgica. Teresa Neumann tinha convulses, cegueira, surdez, mutismo, paralisia, ictercia... tudo de origem histrica91. Podemos incluir, em alguns casos, a Sndrome de Munchaussen: forma crnica de distrbio factcio em que o paciente se queixa de sintomas fsicos fingidos ou auto-induzidos. No se trata de simulao de uma doena, mas de vontade de representar o papel de paciente. A maioria dos que sofrem desse distrbio so hospitalizados repetidamente para exames e tratamento. Dores abdominais, hemorragias, sintomas neurolgicos (como vertigens e desmaios), erupes da pele e desmaios) e febre so as queixas mais comuns. Tipicamente, os pacientes inventam histrias dramticas e, depois de internados, comportam-se de maneira perturbada. Muitos mostram indcios de leses auto-infligidas [ aqui que entra os estigmas] ou de tratamentos anteriores (como cicatrizes numerosas ou um conhecimento mdico detalhado). difcil determinar as causas da sndrome de Munchausen; desafiada, a pessoa que sofre dela pode negar toda alegao de tentativa de engano, ou deixar o hospital imediatamente (...)92.
Fig. 19
Fig. 20 Dermografias com formas bastante curiosas: Fig. 19 apresentada no documentrio da National Geograph; Fig. 20 da mstica italiana Natuzza Evola
6) Em alguns casos, aparecem letras e smbolos: J nos referimos a trs casos de possessos com inscries com nome de santos ou mensagens, vejamos agora outros relativos vida dos santos: L-se ainda que o bem-aventurado Incio [de Antioquia, fins do sc. I e incio do II], mesmo no meio de tantos tormentos, no deixava de invocar o nome de Jesus Cristo. Como seus carrascos perguntassem por que repetia com tanta freqncia este nome, ele respondeu: trago este nome escrito em meu corao, e por isso que no posso parar de invoc-lo. Depois de sua morte, aqueles que o tinham ouvido falar isso quiseram confirmar o fato, tiraram seu corao do corpo, cortaram-no em dois e encontraram no meio, escrito com letras de ouro o nome Jesus Cristo93.
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NICKELL, Joe. Estigmas: a semejanza de Cristo. Extrado do site: http://www.dios.com.ar/notas1/creencias/religion&psi/estigmas/estigmas.htm (espanhol) 91 Ibidem 92 Enciclopdia prtica de Medicina. Rio de Janeiro: Editora Globo, s/d. verbete: Munchause, sndrome Vol. 10, p. 769 93 VARAZZE, Jacopo de. (bispo de Gnova). Legenda urea: vida dos santos (sc. XIII). So Paulo: Companhia das Letras, 2003 (p. 241-242)
24 [o mesmo mecanismo de somatizao que explica as dermografias externas, serve para explicar esse caso e outros semelhantes: ideoplasia] Depois da morte de Santa Clara de Montefalco (1268-1308) encontrou-se em seu corao, claramente impresso no tecido cardaco os instrumentos da paixo de Cristo, inclusive um crucifixo minsculo do tamanho de um polegar94. [claramente ideoplasia] Santa Juliana de Falconiere. No fim de sua vida, por causa de uma doena do estmago, no suportou mais alimento algum, nem mesmo a comunho. Na hora da morte, no podendo receber o vitico, suplicou ao Pe. Tiago de Campo Rgio que lhe trouxesse ao menos o cibrio em sua cela; ela se estendeu ento por terra, e com os braos em cruz, quis que um corporal fosse estendido sobre o seu peito e que a santa hstia fosse a depositada; esta, assim que foi depositada, desapareceu misteriosamente (...). [trata-se de um aporte] (...) e Juliana morreu dizendo: Meu doce Jesus 919/6/1341). Por ocasio da toilete fnebre, encontrou-se sobre o corao da Santa, a marca da hstia como um selo, com a imagem de Jesus crucificado95. [ideoplasia] Santa Vernica Giuliani (1660-1727) falou para seu confessor que o Deus tinha impresso vrios sinais em seu corao, inclusive uma bandeira pequena com as rubricas " J " e " M " para o Jesus e Maria. Ela desenhou esses sinais em um papel e os deu ao seu confessor que passou o desenho para o bispo local, este lacrou o desenho em um envelope. 36 horas depois de sua morte, no dia 9 de julho de 1727, o corao de Vernica era removido cirurgicamente pelo prof. Francesco Gentili e pelo mdico Francesco Bordiga. A operao foi testemunhada por vrias pessoas. O corao foi examinado e mostrou os sinais descritos como tambm imagens de uma cruz, uma coroa de espinhos, e um clice, exatamente como tinha dito a santa. [a idia consciente ou inconsciente da Santa foi plasmada em seu corao: ideoplasia] Vejamos duas experincias bem interessantes: Cooker relata a singular experincia que teve com Foster. Introduzido junto a ele, escreveu sobre bilhetes os nomes de pacientes e de amigos mortos. Estes bilhetes foram dobrados e amassados em bola antes de serem postos nas mos do paciente. Ele no s respondeu s diferentes perguntas sobre a poca e a causa de sua morte...mas ainda produziu sobre o seu brao nu os nomes e as datas escritas corretamente em grs letras vermelhas, vermelhido produzida pela inchao de pequenos vasos da pele, desaparecendo ao cabo de alguns minutos como o rubor do rosto96. A experincia a seguir relatada por Rober Amadou mostra claramente como o pensamento influi na dermografia com enorme preciso: A Senhor Olga Kahl [fig. 21] era uma mdium esprita (...) especialmente sensvel s prticas hipnticas e colocava-se facilmente em estado de transe nas sesses espritas de que participava (...) A Senhora Kahl, estudada pelo Dr. Osty, entre outubro de 1927 e maro de 1928, foi, segundo seu experimentador, um caso excepcional. tal sujeito da categoria a quem se poderia chamar detectores da pessoalidade humana, porque so capazes de revelar as caractersticas das pessoas e o sentido das suas vidas (...) s vezes essas formas de captao do pensamento da imagem percebida era substituda por outra
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Extrado do site Living Miracles: http://www.livingmiracles.net/Stigmata.html (ingls) SGARBOSSA, Mario & GIOVANNINI,Luigi. Um santo para cada dia. So Paulo: Paulus,1996 96 SUDR, Ren. Tratado de Parapsicologia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1966 pp. 335-336
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Estigmas: selo do amor de Deus? forma de manifestao: o dermografismo. Segundo o Dr. Osty, as palavras, desenhos e nmeros apareciam em linhas vermelhas muito visveis sobre a pele do sujeito, sobre o seu peito ou braos. Eis aqui, relatada pelo Dr. Osty, a ata de uma sesso com a Sra. Khal: Sesso de 22 de janeiro de 1928 s 15 horas. Tendo a Sra. K concordado em reproduzir seus fenmenos perante algumas pessoas, realizou-se nova sesso na presena do Dr. DEspiney, de Lyon, e de trs pessoas trazidas por ele. Solicitou-se do Dr. DE que pensasse em alguma coisa. Logo, sobre o antebrao estendido da Sra. Kahl, em plena luz do dia, nossos olhares atentos viram forma-se as linhas de que fiz o croquis. A princpio, o traado foi cor de rosa claro. A Sra. Kahl pediu a uma das senhoras presentes que efetuasse uma rpida frico sobre a sua pele, a fim de facilitar o aparecimento do fenmeno. Disso resultou o aumento da vermelhido das linhas mas nenhuma linha nova apareceu. Ento, o Dr. DE nos fez saber que havia pensado na palavra Franois. Depois de alguns minutos de descanso, a Sra. K props Sra. S, (uma das pessoas levadas pelo Dr. DE) que fizesse um ensaio. Pediu-lhe que se colocasse diante dela, tomasse-lha a mo e pensasse uma palavra. Depois de uns quinze segundos, como d costume, apareceu a letra Y, ocupando toda a largura do antebrao, perto da dobra do cotovelo. Olhando, como ns, o que apareceria, a Sra. K, sem dvida sugestionada por essa letra, perguntou: Foi Yvonne o que voc pensou?. A Sra. S no respondeu. Logo mais, sobre todo o comprimento do brao surgiu, traada em vermelho, bem visvel para todos, Y lande (sic). A Sra. S disse-nos ento que havia pensado na palavra Yolande. Faltava, na inscrio dermogrfica, a segunda letra da palavra, mas ficava o lugar para ela. Esse notvel sucesso de diapsiquia dermogrfica com a Sra. S decidiu-nos a fazer nova experincia, dez minutos mais tarde. A Sra. S pensou em outra coisa. E, nas mesmas condies, desenho-se no outro antebrao que a Sra. K apresentou aos nossos olhares, o que est representado no outro croquis (uma cruz de Santo Andr). Quando pareceu evidente que a inscrio havia chegado ao seu mximo de clareza, perguntamos Sr. S o que havia pensado. Pensei no nmero 8, respondeu. Olhamos de novo o dermograma para Fig. 21 Nas celebres experincias no I.M.I. com a apreci-lo melhor e ante os nossos olhares vimos Sra. Kahl, sob a direo do excelente parapsiclogo Dr. Eugne Osty traar-s uma linha que reunia os extremos inferiores da figura primitiva. Apesar dos seus esforos, a Sr. K no conseguiu o mesmo resultado para as extremidades de cima, de modo que a parte superior do 8 no foi completada. (...) Quase imediatamente depois do ltimo ensaio dermogrfico, a Sra. K me disse: Quero fazer uma experincia para o senhor. Mas como os antebraos, j tendo sido utilizados, j estavam uniformemente avermelhados, alargou com as mos o decote do seu vestido e, apresentando assim a parte superior do peito, disse-me: Pense em alguma coisa que no seja muito complicada e irei mostr-la. Desde logo devo dizer
26 que durante o curto espao de tempo que durou a experincia, as suas mos ficaram imobilizadas em seu gesto. Imaginei ento mentalmente uma linha horizontal cortada por duas linhas oblquas paralelas. Imediatamente uma risca horizontal muito ntida cruzou o colo da Sra. K num comprimento de dez centmetros. Logo ficou cortada por duas linhas como as representadas nos croquis que efetuei perante os assistentes. Esse dermografismo ficou visvel pelo menos durante um minuto e, a seguir, a zona foi invadia por um avermelhado difuso97. 7) Os estigmas obedecem vontade do dotado: O exemplo de Santa Rita de Cssia ilustra isso muito bem: As religiosas de Cssia, quando escreveram a vida de Rita para o processo de beatificao, relataram assim o fenmeno da chaga: entregando-se totalmente orao, ela se demorava voluntariamente e com muito gosto a contemplao da dolorosa Paixo do Senhor. Aconteceu que Sexta-Feira Santa, de 1442, Rita esteve na igreja, ouvindo a pregao do franciscano, beato Jcomo della Marca. Pregou ele com tanta uno que contagiou todos os ouvintes. Rita, comovida mais que todos, sentiu-se arrebatada por um fortssimo desejo de participar, de algum modo, dos terrveis sofrimentos de Cristo (...) [isso pode ter contribudo para o fenmeno que se segue] (...) Tendo voltado sua cela, prostrou-se aos ps de um crucifixo, que hoje se conserva na capela do mosteiro e, com lgrimas de amargura, comeou a pedir a Cristo que lhe concedesse ao menos uma parcela das suas penas (...) [desejo de se unir s dores de Cristo] (...) No mesmo instante, num milagre [?] singular, um espinho da coroa do Crucificado desprendeu-se e, como uma seta, atingiu a testa de Rita, causando-lhe uma feia, estranha e dolorosa ferida (...) [o movimento do espinho deve-se a telecinesia] (...) Ao mesmo tempo, Rita sentiu, no corao, uma indizvel alegria, que a levou a prolongado xtase98. A ferida acompanhou-a at a morte anos depois. Duzentos anos aps a morte de Rita, ainda se podia ver a chaga, que depois foi mumificada juntamente com o corpo99. [no caso dela no foi simples somatizao. Rita ferida pelo espinho, consciente ou inconscientemente, no queria que ele sarasse; logicamente, se o corpo foi milagrosamente foi conservado, haveria de ser conservada tambm a chaga na testa, por ser uma ferida objetiva, causada por um objeto externo, o espinho que desprendera da cruz] Sua chaga exalava um mau cheiro insuportvel, diz-se que era tomada pelos vermes! Isso obrigava Rita a se afastar de suas colegas e a confinar-se em sua cela100. [o mau cheiro pode ser evidentemente devido ao estado de putrefao da ferida, ou em ltimo caso, ao da telergia, transformada em odor (osmognese)] No Ano Santo de 1450, o papa Nicolau V promulgou o Jubileu, era tempo de indulgncias. As monjas do mosteiro de Santa Maria, onde estava Santa Rita, se preparavam para a romaria a p cidade de Roma. A superiora proibira a Santa de ir, devido a sua idade avanada e a dolorosa ferida na testa. Cheia de tristeza, Rita comeou a rezar pedindo que Deus a curasse. A chaga comeou a fechar rapidamente. Em poucos dias, a comunidade toda pde constatar que Rita estava
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AMADOU, Robert. Parapsicologia: ensaio histrico e crtico. So Paulo: Editora Mestre Jou, 1966 pp. 153-155 SOUZA, Alosio Texeira de. Vida de Santa Rita. So Paulo: Editora Santurio, 1995 p. 61 99 Idem. p. 62 100 Idem. p. 65
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Estigmas: selo do amor de Deus? curada e forte pronta para fazer a caminhada. Tendo voltado Cssia, sua chaga reapareceu com as mesmas caractersticas de antes101. [isso mostra claramente que se trata da ao da mente de Santa Rita sobre seu organismo. A chaga sararia quando ela quisesse] 8) No se conseguem curar as chagas e mesmo assim elas no se infeccionam102: A respeito das chagas de Padre Pio, Silvana Leite nos precisa que nos dois primeiro anos, [ele] foi obrigado a se submeter a interminveis exames mdicos (...) e a inmeras tentativas de curar suas feridas. Apesar de no infeccionarem, mesmo quando untadas com pomadas ou cobertas com curativos elas jamais cicatrizaram e nunca deixaram de sangrar. Delas saa um sangue vivo, que formava crostas, as quais terminavam caindo por si ss103. Mello nos diz que a imunidade influenciada por fatores psquicos 104 e que a coagulao sangnea sofre interferncia psicossomtica105. Isso j suficiente para explicar o fenmeno. 9) Muitas vezes, so acompanhadas de outros fenmenos parapsicolgicos: As palavras de Mello parecem ilustrar bem os fenmenos maravilhosos que acompanham as dermografias: no caso de estigmatizados, tem-se dito que o sangue, em vez de seguir as leis da gravidade, corre em sentido contrrio (...) [Seria isso, um aporte no sentido inverso como nos casos j citados de Teresa Neumann e Irm Helena Aiello?] (...) reproduzindo o que aconteceu nas chagas de Cristo [?]; que ele desaparece espontaneamente dos estigmas, sem ser lavado ou removido, no deixando manchas nos panos com que entra em contacto (...) [Descrio perfeita dos aportes j citados de Teresa Neumann e Irm Helena Aiello] (...) Tem-se afirmado no ser raro irradiar-se dos estigmas uma claridade brilhante, como a de um diamante resplandescendo (...) [Trata-se de um fenmeno parapsicolgico chamado fotognese] Assim como encontrar-se dentro do corao de religiosas autopsiadas, smbolos cristos, como imagen da cruz, a coroa de espinhos, a lana, letras sagradas etc., tudo autentificado por autoridades eclesisticas, por vezes baseadas em protocolos assinados por mdicos (...) [Esses casos de dermografismo j exemplificamos no sexto tpico] (...) E, quanto a milagres, h relao no caso de diversas santas (...) [Trataremos disso logo em breve] fcil citar vrios fenmenos de ordem parapsicolgica que acompanham os estigmatizados, j nos referimos as levitaes de Santa Catarina de Sena e de Alexandrina Costa; dos aportes sangneos da histrica Maria, de Teresa Neumann, da irm Aiello, de Santa Gema Galgani; do aporte da hstia em Santa Juliana de Falconiere e da telecinesia de Santa Rita de Cssia. Vejamos outros exemplos: Um caso bem impressionante e com grande gama de fenmenos parapsicolgicos o caso da menina Audrey Santos (vtima de danos cerebrais, com j tnhamos adiantado no tpico 5):
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Idem pp. 67-69 POULAIN, Aug. Mystical Stigmata. The Catholic Encyclopedia, Volume XIV. New York: Robert Appleton Company, 1912. Extrado do site: http://www.newadvent.org/cathen/14294b.htm (ingls) 103 LEITE, Silvana Cobucci. Padre Pio crucificado por amor. So Paulo: Loyola, 2006 (6 ed.) p. 41 104 MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), p.325 105 Idem, p. 326
28 Em Worcester (EUA) coisas misteriosas aconteceram. Em 1989, os enfermeiros notaram um cheiro de rosas no quarto de uma menina de seis anos de idade, chamada Audrey, embora no houvesse nenhuma rosa ali presente (...). [osmognse] (...) Durante uma missa celebrada pelo Bispo Flanagan na casa de Audrey, um anfitrio da comunho comeou a sangrar no dia 15 de janeiro de 1992 (...). [aporte] (...) E em seguida, uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe comeou a derramar lgrimas de leo. Outras imagens e esttuas no quarto comearam a se aparecer leo e sangue subseqentemente (...). [outro aporte de azeite de oliva como qualquer outro] (...) Hstias escoaram sangue (...) [Fizeram anlise do sangue e constataram que o sangue no corresponde a nenhum dos membros da famlia. Porm, sem dvida, pertence a um dos presentes seria uma das enfermeiras? que acabou sendo contaminado psiquicamente pelos fenmenos que presenciou?] (...) clices repentinamente enchida com leo doce-perfumado (...) [mais aporte] (...) Esttuas se moviam (...) [telecinesia] (...) a Virgem Maria apareceu sobre a cabea de Audrey em forma de nuvem (...) [no se tratava da Virgem Maria, mas de telergia condensada, a qual damos o nome de ectoplasma, que geralmente se apresenta como pequena nvoa] (...) e Audrey comeou a exibir os sinais da paixo de Cristo um fenmeno conhecido como estigmas (marcas nas mos e ps que representam as feridas o Cristo recebidos na cruz)106. [dermografia] Com a coreana Jlia Kim temos muitos aportes tambm: Uma noite ela, tem uma viso (...) [alucinao?] (...) de Jesus sangrando muito, nessa hora recebe os estigmas (...) [sintoma psicossomtico] (...) que durou vrios dias, mas depois desapareceu (...) [mostrando que era claramente psicossomtico] (...) que reapareceu mais tarde. Em 30 de junho de 1985, Jlia viu chorar a imagem de Nossa Senhora pela primeira vez (...) [como j ficou claro: aporte] (...) Em 18 de julho recebe a primeira mensagem de Nossa Senhora [alucinao?] (...) Em 19 de outubro de 1986, as lgrimas claras se tornam lgrimas de sangue (...) [aporte. Seguem-se outros fenmenos telrgicos: azeite desprende da imagem (aporte), cheiro de rosas (osmognese) e aparies de hstias... note que os fenmenos vo evoluindo de grau de dificuldade] Dia 24/11/1994. Uma hstia grande, dividida em duas partes aparece a Jlia Kim, trazida por So Miguel (...) [o fato de ter visto So Miguel pode ter vrias explicaes que no passa pelo milagre]
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Estigmas: selo do amor de Deus? (...) na hstia tinha impressa uma cruz entre as letras alfa e mega. Uma luz vinda de cima a faz cair (...) [fotognese] Desde o dia 14 de setembro de 1995, tornou-se comum milagres eucarsticos, na cidade de Roma (Itlia), no Santurio Me da Eucaristia. Hstias aparecem nos lugares mais inusitados: durante o percurso que a vidente Marina Rossi (fig.22) fazia para ir a Igreja, sobre as esttuas do Menino Jesus e de Nossa Senhora, em um estandarte, sobre plantas e flores... [aporte] Em 15/01/2004, Marisa Rossi, por Fig. 22 vrias vezes, emanou sangue de seus estigmas Marisa Rossi: estigma na testa, com o aporte de uma hstia. das mos, da fronte e das costas (...) [Dermografia] (...) em xtase, Nosso. Senhor [?] colocou uma hstia na fronte de Marisa, que se fixou perfeitamente e permaneceu assim por mais de vinte e quatro horas107. [no deixa de ser aporte] Alguns estigmatizados conseguem passar perodos muito longos sem se alimentarem. Isso um fenmeno parapsicolgico rarssimo, mas perfeitamente natural, chamado india. um sintoma da histeria. O mecanismo o seguinte: de um problema psicolgico qualquer (trauma, medo, esgotamento nervoso, auto-firmao etc.), a pessoa passa a ter anorexia, a qual consiste numa doena psquica, uma espcie de negao do corpo e de suas prprias necessidades. A vtima no aceita nenhum alimento e o que pe na boca posto para fora. Se com o tratamento aplicado no se resolve o problema, restam apenas duas alternativas: ou a morte (o que comummente acontece) ou a india (o que raramente acontece)108. Nesse caso, h economia de energia, a pessoa fica sempre em repouso, de preferncia deitada e, lentamente, vai suprindo a atividade digestiva, excretora e urinria. Modifica seu metabolismo e a vtima passa a se alimentar de suas prprias reservas109. Vejamos, primeiro o exemplo de Alexandrina Costa, embora aqui se trate de estigma invisvel: O ltimo xtase da Paixo foi vivido por Alexandrina na Sexta-Feira Santa de 1942. ela nunca mais saiu da cama e daquele dia em diante recusou-se a ingerir qualquer alimento ou bebida, a no ser a Eucaristia (...) [Recusou-se, ou seja, de incio no era um problema orgnico, mas apenas vontade de Alexandrina] (...) Em julho de 1943, Alexandrina foi transportada a um hospital da cidade do Porto, onde uma equipe de mdicos e enfermeiros a manteve dia e noite em observao, por seis semanas. A equipe mdica tentou persuadi-la a se alimentar. Todavia, Alexandrina recusou no s o alimento como os remdios. O chefe da equipe, especialistas em doenas nervosas e o membro da Real Academia de Medicina de Madri, atestaram que a capacidade de Alexandrina de viver sem comida ou gua por quarenta dias era cientificamente inexplicvel (...) [Eles no conheciam a india?!]
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Extrado do site: http://www.madredelleucaristia.it/esp/milagros.htm (espanhol) FILHO, pe. Raimundo Elias. Mistrios do aqum e do alm luz da parapsicologia. So Paulo: Paulus, 2003 - 2 ed. p.62 109 Ibidem.
30 (...) Alm disso, dois outros mdicos afirmaram que o peso, a temperatura, a respirao, a presso arterial e o pulso da mulher no sofreram modificaes no decorrer daquele perodo (...) [Ser? Geralmente, pessoas com india tem a temperatura corporal mais elevada que o normal110, mas parece que isso no regra. Pode ser que ela no apresentasse modificaes significativas] (...) E disseram que ela estava perfeitamente lcida e demonstrou excelente disposio (...) [Excelente disposio: de que forma? Talvez, se refira em relao ao quadro clnico dela: para algum nessa situao, ela at que ela tinha boa disposio...] (...) viveu mais de 12 anos sem se alimentar111. Vejamos agora um caso de estigma propriamente dito acompanhado de india: Luise Lateau (de cujas chagas faremos uma anlise melhor no prximo tpico) nasceu em 29 de janeiro de 1850, em Boi dHaine (Blgica). A tragdia sempre fez parte de sua vida desde os primeiros momentos do seu nascimento. O pai faleceu de varola alguns meses aps seu nascimento. Diante deste choque sua me permanece na cama por dezoito meses. Seus primeiro meses de vida foram tomados pela mesma doena do pai, sobreviveu graas a alguns vizinho caridosos. A pobreza sempre acompanhou sua famlia, passando frio e fome. Em 1867, aos dezessete anos, acometida de uma grave doena na garganta, que segundo os mdicos seria fatal. Ela prepara-se para a morte, recebendo os ltimos sacramentos. Acontece o inesperado: curada de modo sobrenatural (...) [Ser?! Ou se tratava de doena psicossomtica?] (...) Comeam os suas primeiras manifestaes msticas. Na noite de 3 de janeiro de 1868, uma sexta-feira, recebe os estigmas. E agora o fato que estamos analisando: em abril de 1871, ela deixa definitivamente de comer qualquer tipo de alimento, porque vomitava tudo o que ingeria; inmeros mdicos foram testemunhas de seus xtases e provaram o fato de que no tomou comida alguma durante doze anos. O nico alimento aceito pelo seu organismo era a Eucaristia, e esta fazia nela brotar tal unio com Cristo que logo que comungava o mundo exterior deixava de existir para Louise. Apesar do jejum total, da insnia e das perdas de sangue que no se viam reparadas mediante alimento, durante a semana, exceto s sextas-feiras, dividia seus tempo entre cuidar dos doentes, ajudar os necessitados, receber os visitantes e levar a cabo as mais penosas tarefas da casa para ajudar em todo o possvel a sua me e irm. At o dia de sua morte o seu nico alimento foi a santa Eucaristia. Em sinal de obedincia ao bispo e ao mdico tentava engolir algum alimento, que entretanto, era sempre rejeitado pelo estmago. Exames laboratoriais, pedidos pelo seu mdico concluram que em virtude da ausncia de secreo gstrica o processo de digesto estava interrompido (...) [O fenmeno j tinha atingido alto grau: no era mais s a vontade de Louise de no se alimentar, agora era uma impossibilidade orgnica!] (...) Em 1876, no consegui mais ir a igreja para participar da santa missa. Passa receber todos os dias a comunho em sua casa. Trs anos depois, v-se obrigada a ficar na cama at o dia de sua morte, 25 de agosto de 1883 (...)112. [J chegara ao limite mximo de suas foras: era preciso economizar energia]
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Ibidem. SULLIVAN, Randall. Detetive de milagres uma investigao sobre aparies divinas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005 p.53 112 GAMBARINI, Pe. Alberto. O tempo dos milagres. So Paulo: gape, 2007 pp. 95-97
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Estigmas: selo do amor de Deus? Muitos fenmenos so relatados na vida de Padre Pio: vises de anjos e demnios, incluindo ataques, introspeco das conscincias, perfume de santidade, bilocaes e milagres113. Relata-se at o caso da menina Gemma de Giorgi, ocorrido em 18 de julho de 1947 que nascera sem pupilas, e voltara a enxergar aps uma orao do padre Pio114, inclusive constando como autntico no livro do Padre Quevedo115. E nos casos onde acontecem milagres verdadeiros? inegvel que muitos estigmatizados foram canonizados pela Igreja (mas no todos!) e que outros tantos foram beatificados e que o critrio para isso a realizao de pelo menos um milagre comprovado. Tambm h relatos de vrios estigmatizados realizaram milagres em vida. Por exemplo, vrios estigmatizados tiveram o corpo incorrupto, ou seja, milagrosamente preservado aps a morte (sem nenhum tipo de conservante artificial ou natural): o corpo de So Francisco ficou incorrupto at o sc. XIX; Santa Catarina de Bolonha, a santa do estigma do beijo do Menino Jesus que j nos referimos, at hoje se encontra incorrupta e com o corpo bastante flexvel; Santa Clara de Montefalco tem ainda o corao incorrupto; Santa Rita de Cssia como citamos; e tantos outros. Sem dvida, a incorrupo e outros tantos milagres confirmam a santidade de vida dessas pessoas, mas no significa que todos os fenmenos que ocorreram em sua vida so de ordem sobrenatural, isso inclui os estigmas. Cabe aqui a observao do cardeal Pellegrinetti: a suprema autoridade da Igreja no confirma oficialmente o carter preternatural [sobrenatural] de cada um dos carismas que as testemunhas presenciaram ou os prprios santos afirmam ter-lhes sido concedidos (...) dever do historiador e do telogo, auxiliados por mdicos peritos quando o caso assim o exija, discernir em cada caso acerca da origem de certas manifestaes extraordinrias (...)116. Cabe aqui precisar que os santos no so santos pelas chagas, mas pelo testemunho de vida que conseguiram dar evidenciando uma f sem limites no Deus da Vida117. 10) Quanto anlise das formas das chagas: Os estigmas apresentam as formas mais variadas e, s vezes, at inusitadas. Tem-se mostrado que as chagas nos s de Cristo revestem forma losngica nas imagens populares, e tambm assim que tm aparecido [alguns] em estigmatizados, apesar de no poder ser verdadeiramente essa a forma produzida pelos cravos, mostrando a grande influncia que a imaginao tem sobre o formato dos estigmas. J frisamos anteriormente os casos da correspondncia perfeita dos estigmas com a iconografia nos casos de Santa Gema Galgani, de Ana Catarina Emerich e de Ethel Chapman ao abordarmos a questo da auto-sugesto como fator para o surgimento das dermografias, agora nos aprofundaremos na questo do desenho das chagas. Analisemos, primeiro, as chagas das mos. Quanto ao local dos cravos das mos. H referncias na Bblia que indicam o local das feridas da Crucificao de Jesus como sendo nas mos. Por exemplo, o salmo proftico 21,17 diz expressamente: para retalhar minhas mos e meus ps; e tanto Tom como Jesus, depois da ressurreio falam das mos: se eu no vir em suas mos o lugar dos cravos e se eu no puser meus dedos no lugar dos cravos ... no crerei. Jesus disse: pe teu dedo aqui e v minhas mos! (Jo 20,20.27). Tambm os artistas, em sua imensa maioria refletem essa opinio: colocam os cravos nas palmas das mos do crucificado, com raras
LEITE, Silvana Cobucci. Padre Pio crucificado por amor. So Paulo: Loyola, 2006 (6 ed.), especialmente das pgs. 59-84 Idem, pp. 77-79 Quevedo, Oscar Gonzlez, SJ. Milagres: a cincia confirma a f. So Paulo: Edies Loyola, 2000 (2 ed.) pp. 98-99 116 Citado por: PILAGOS, pe. Fernando. Santa Gema Galgani exemplo sublime de amor. So Paulo: Paulinas, 2004 p. 42 117 FILHO, pe. Raimundo Elias. Mistrios do aqum e do alm luz da parapsicologia. So Paulo: Paulus, 2003 - 2 ed. (p.66)
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32 excees118. E, assim, conseqentemente, muitos crucificados apresentam as chagas nas palmas. O padre Manuel Sole, S.J. narra as experincias do doutor Barbet, um renomado cirurgio que estudou a Paixo de Cristo. Ele, conta o padre, fez a seguinte experincia, acabara de amputar o brao de um homem forte. Ento, apanho um cravo quadrado, de uns 8mm de lado (...) pregou o cravo na palma da mo [veja fig. 24], no terceiro espao metacarpiano, e pendurou o brao. Ento, pendurou um peso de uns 40Kg no brao amputado. Depois de dez minutos, o ferimento da mo se havia alargado e j se encontrava a altura dos ossos metacarpianos. Ento, sacudiu moderadamente o brao pendurado, e viu que o cravo passou pelo estreito espao existente entre as duas cabeas metacarpianas, arrancando a pele at o meio dos dedos. Uma segunda sacudidela e o brao amputado caiu no cho119. Conclui-se que se Jesus tivesse sido pregado dessa forma as palmas das mos no Fig. 23 agentariam o peso e teriam se rasgado120. Crucificao de Jesus, do pintor holands Ento, o doutor Barbet realizou outra Anthony van Dick (1599-1641), no Onze-LieveVrouwekerk (Kortrijk): um dos poucos quadros a experincia: tendo amputado um brao at a tera retratar o local dos cravos das mos no pulso e no parte superior, imediatamente da operao, apanho na palma (em destaque). Van Dick agiu assim um cravo quadrado de 8mm de lado por 5cm de porque teve oportunidade de ver o Santo Sudrio pessoalmente comprimento. Estendeu a mo amputada sobre uma tbua colocou a ponta do cravo, bem vertical, no meio do ponto de flexo do punho, e martelou forte, com uma ferramenta pesada, procurando manter sempre o cravo na vertical. Apesar de apertar o pulso amputado com a mo esquerda, notou que o cravo saa de lado mais para dentro, penetrava o carpo sem resistncia nem rudo, e ento se inclinava um pouco (a cabea em direo aos dedos e a ponta virada para o lado do cotovelo), saindo pela pele dorsal a um centmetro do ponto correspondente ao da entrada. Imediatamente tirou uma radiografia da mo trespassada pelo cravo121. Ao comear a operao, Barbet temia que o cravo pudesse atravessar o osso semilunar destruindo-o. mas os movimentos do cravo, medida que penetrava, permitiam suspeitar que eu havia encontrado um caminho mais anatmico. De fato, na radiografia de perfil (fig. 25) vemos que o cravo, ligeiramente inclinado para trs e para cima, passa por entre as projees semilunar e do grande osso, que permanecem intactos. A radiografia de frente mais interessante: a sombra do cravo quadrado parece retangular, por causa de sua obliqidade. O cravo entrou no espao de Destot e, sem romper nenhum deles, separou os quatro ossos que o limitam122.
SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 278 Idem, p. 192 Ibidem. 121 Idem, p. 193 122 Ibidem.
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Estigmas: selo do amor de Deus? Efetivamente, repetiu a experincia uma dzia de vezes, mudando o ponto de implantao da ponta do cravo na rea de flexo do carpo. Em todos os casos, a ponta do cravo orientou-se por si mesma. Parecia deslizar sobre as paredes de um funil, dirigindo-se espontaneamente para um Fig. 24 - Estrutura da mo: formada pelo pulso (carpo), palma (metacarpos) e dedos (falanges) espao prefixado, o de Destot123. E prosseguiu o ilustre cirurgio: se tentarmos fixar o cravo mais abaixo, no ligamento anular anterior do carpo, no o perfura, e o cravo escorrega, seja para cima, em busca do espao de Destot, seja em direo palma onde no poder sustentar o peso de um corpo sem rasgar a pele124. O padre Manuel conclui essa longa exposio dizendo: tenhamos em mente que esse ligamento anular (ligamentum carpi transversum volare) [ que juntamente com o carpo, sustenta todo o peso do corpo fixado pelo cravo] to forte que pode sustentar, sem se rasgar, at 200Kg125. Devemos frisar que o Santo Sudrio revela precisamente a marca do cravo da mo esquerda (a nica visvel) exatamente nesse ponto. Verdade que se a maioria dos estigmatizados apresentaram estigmas na palma, a partir da divulgao das fotos do Sudrio, alguns passaram a apresentar as Chagas no pulso, o que confirma nossa opinio de se tratar de um fenmeno ideoplasmtico. H ainda as novas descobertas trazidas pelas investigaes arqueolgicas acerca dos mtodos de crucificao dos romanos no primeiro sculo de nossa era. Padre Manuel nos relata a descoberta de Fig. 25 Yehohann, um judeu crucificado no incio Esquema oda radiografia, fente e lado feita por Barbet. Em destaque Espao de Destot. da era crist: no dia 4 de janeiro de 1971, foi dada publicidade uma sensacional descoberta: na coluna rochosa de Givat haMivtar (em Jerusalm), a uns 1700 metros da porta de Damasco, sobre a estrada para Naplusa, foi encontrado o esqueleto de um homem crucificado no princpio de nossa era (...). E agora o ponto que nos interessa neste momento: Yehohann apresenta sinais de violncia [no] rdio do antebrao direito. Na parte inferior e j perto do extremo contguo do pulso, esse osso apresenta uma pequena eroso causada por um objeto dura. Evidentemente, tinha sido fixado ao patbulo, ou madeira transversal da cruz, por crava que penetrou por entre o cbito e o rdio do antebrao, na proximidade do pulso. O osso est gasto e polido, segundo [o anatomista e antroplogo Dr.] Haas, por frico... que deve ter aumentado pouco a pouco... entre o rdio e o cravo at o final da crucificao126 (veja fig. 26)
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34 De posse de todas essas informaes ainda nos resta uma pergunta: por que, ento, se diz, na Bblia, que as marcas da Paixo so nas mos? Isso verdade, contudo, os textos sagrados que mencionamos no falam explicitamente das palmas das mos, mas das mos em geral. Pois bem, a mo e o brao, no pensamento semtico, so considerados como unidade, de sorte que freqentemente se emprega um pelo outro. Assim em hebraico, yad (palma da mo), encontra- Fig. 26 se junto e no lugar de zeroa (brao)127. Esquema da Crucificao de Yehohann, segundo o anatomista e antroplogo Dr. Nicu Haas. Em destaque, o local dos cravos. Essa tambm a opinio de Alonso Schkel, em seu dicionrio, no verbete ele diz que usa-se em sentido estrito, mo, e amplo, antebrao, brao, e mais a frente, no tpico sentido prprio, o autor d outros sinnimos: mo, pulso, antebrao, brao, punho (...)128. A prpria palavra grega, cheir, usada no texto original de Joo, tambm significa mo, punho, palma, brao129. Na Enciclopdia Prtica de Medicina, l-se: a mo formada pelo pulso, a palma, e os dedos130 (ver fig. 24). E o doutor Barbet categrico ao afirmar que os anatomistas de todos os tempos e de todos os pases concordam neste ponto: a mo se compe de carpo (pulso), metacarpo (palma) e dedos131. Com base em todas essas informaes precedentes, analisemos alguns estigmas: Como j afirmamos anteriormente, a grande maioria dos estigmatizados carrega as chagas na palma das mos. Alguns poucos como a vidente argentina Gladys Herminia Quiroga de Motta (fig. 27) carrega os ferimentos no pulso desde 1984. Curioso o caso da mstica italiana Natuzza Evola (fig. 28): ela traz os estigmas no antebrao, quase idntico a Yehohann (fig. 26).
Fig. 28 A mstica italiana Natuzza Evola com estigmas no antebrao como Yehohann (fig. 26)
Idem, p. 278 SCHKEL, Luis Alonso. Dicionrio bblico Hebraico-Portugus. So Paulo: Paulus, 1997 (2 ed.) p. 198 verbete: (yad) SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 278 130 Enciclopdia prtica de Medicina. Rio de Janeiro: Editora Globo, s/d. verbete: mo. Vol. 9, p. 711 131 Citado por: SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 278
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Estigmas: selo do amor de Deus? Com base na anlise do Santo Sudrio, percebemos que a ferida do punho esquerdo tem 15x19mm132 (fig. 29). Estudos inferem que os cravos seriam de ferro, agudo, grosso, quadrado e comprido133 (fig. 30), entre 12 e 18cm134. Podemos observar as mais diferentes formatos de corte nas palmas das mos: Os estigmas de Maria Esperanza135 (fig. 31) so em forma de risco, indo do dedo mdio ao mnimo, grande demais para corresponder as indicaes Fig. 30 Representao dos cravos romanos (12-18cm) do Santo Sudrio, o que lembra um pouco a tcnica do corte superficial, ensinado Fig. 29 pelos cientistas do documentrio da National Geograph. Nas Santo Sudrio: ferida no punho esquerdo (15x19mm) mos de Mirna Nazzour (fig. 32) s se v um risco ainda maior do que o de Maria, ocupando toda a palma, porm no parece no haver corte, s mancha de sangue! Em alguns estigmas, v-se que a ferida tem marca de cruz (figs. 11, 19, 28 e 33). Na fig. 19, v-se claramente que a cruz foi impressa sob o metacarpo do dedo anelar: a chaga de Cristo teria atravessado o osso?! Nesse local, seria muito mais frgil que no centro da palma! E a profecia que diz que nenhum osso de Cristo foi quebrado? A estigmatizada no levou em conta esse detalhe. Compare a fig.19 com as queimaduras de cido feitas nas figs. de 4 a 7. Na fig. 33, uma estigmatizada chamada Mariane, apresenta apenas um corte cruciforme superficial, grande demais para corresponder s Fig. 31 chagas de Cristo. Estigmas de Maria Esperanza: grande demais com relao ao Sudrio. Seria um simples corte? H tambm o caso de alguns estigmatizados, cujas feridas mudam de forma: Na fig. 11, Giorgio Bongiovanni sua chaga na mo esquerda tem forma de cruz. J nas figuras 8, 9 e 12 aparecem apenas uma mancha escura, enquanto na fig. 34 se v uma ferida circular, cercada de cogulos (ou ser queimaduras?). No caso de Teresa Neumann, diz-se que inicialmente suas chagas eram redondas e foram se tornando retangulares136. E ainda, o padre Manuel Sole destaca que no dorso [das mos] se desenhava a cabea quadrada do Fig. 32 Estigma da catlica ortodoxa Mirna Nazzour: grade cravo, e na palma, sua ponta, exatamente, ao demais, no se v corte! S mancha contrrio do que acontecia nos crucificados, (compare com a fig. 02) nos quais a cabea estava adiante e a ponta
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Idem, p.196 Idem, p.277 134 Idem, p.403 (nota 109) 135 Sobre ela veja o site: www.mariaesperanza.com 136 NICKELL, Joe. Estigmas: a semejanza de Cristo. Extrado do site: http://www.dios.com.ar/notas1/creencias/religion&psi/estigmas/estigmas.htm (espanhol)
36 para trs137. No caso de pe. Pio, os estigmas surgiram em 20 de setembro de 1918, uma sexta-feira: o mesmo Personagem [um anjo? Jesus?] lhe aparece com as mos, os ps e o lado vertendo sangue, quando este sumiu, estava impresso no corpo do padre as marcas que vertiam sangue. Pelo resto de sua vida, pe. Pio carregaria consigo essas marcas. As palmas e o dorso das mos traziam buracos arredondados com cerca de dois centmetros de dimetro [tamanho bem perto do indicado pelo Sudrio, mas local errado], dando a impresso de que estavam realmente transpassadas. Por causa dessas chagas, o padre no podia fechar completamente as mos e escrevia com muita dificuldade138 (fig. 35).
Fig. 33 Estigmas cruciforme: apenas um risco superficial (compare com a fig. 31)
Fig. 34 Giorgio Bongiovanni: estigma em circular cercado de cogulos (ou ser queimadura?). Veja os mltiplos formatos de suas chagas nas figs. 8, 9, 11 e 12
Fig. 35 Padre Pio: estigmas circulares, quase do tamanho dos encontrado no Sudrio, mas lugar e formato diferentes
As feridas dos ps A localizao da chaga do p direito pode ser vista claramente no Sudrio (fig. 36). O p direito deixou sua marca completa sobre o Pano. Do esquerdo s se vem o calcanhar e a parte central, isso parece indicar que o p esquerdo esteve cruzado sobre o direito. A Fig. 37 marca do p direito norma, como Dorso e planta do p, ilustrando o a que deixada por um p molhado formato e onde seria aplicado o cravo sobre o assoalho, com a concavidade da planta nem pouco pronunciada nem oca demais. Nesta marca pode-se ver em Fig. 36 Pernas e p da imagem do Santo caprichosas sinuosidades os Sudrio, marcando o ponto do cogulos da ecloso de sangue, de cravo uma tonalidade carmim, que se destaca da cor do p. At a metade pode-se ver uma mancha retangular, um pouco mais perto da beirada interior do que Fig. 38 do extremo da marca; e os vrios fluxos de sangue parecem Esquema mostrando o lugar do cravo ter seu centro nesse ponto. Essa mancha quadrangular central (figs. 37 e 38), mais escura, seguramente o ferimento provocado pelo cravo. Encontra-se na base do espao
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SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 279 LEITE, Silvana Cobucci. Padre Pio crucificado por amor. So Paulo: Loyola, 2006 (6 ed.) pp.40-41
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Estigmas: selo do amor de Deus? que separa o segundo do terceiro metatarsiano. As experincias do doutor Barbet mostraram que fcil a introduo dos cravos neste ponto139. No caso de Yehohann, encontrou-se o cravo dos ps: tinha a ponta curvada em forma de gancho medindo 9,8cm (em posio reta deveria ter uns 11,5cm). Ele havia transpassado o p em sentido lateral; primeiro o calcanhar direito e depois o esquerdo140 (veja fig. 26).
Fig. 39 Mirna Nazzour: pequeno corte no p, representando a Chaga de Cristo, no local errado (ver fig. 38)
Fig. 40 Os estigmas dos ps de Jlia Kim so apenas um pontinho vermelho, localizados alto demais, atingindo os ossos
Com relao aos estigmatizado, podemos ver a variedade de formatos e posies que esses estigmas ocupam. Na fig. 10, Giorgio Bongiovanni traz estigmas em forma de Cruz. Em Mirna Nazzour v-se um pequeno corte em forma de risco. J em Jlia Kim, tm-se um minsculo pontinho, localizado em uma regio alta demais. H inclusive o caso da boliviana Katya Rivas, onde se nota discrepncias entre as feridas de entrada e de sada (as do p esquerdo no estavam alinhadas)141, o que no se justifica, j que nesse ponto no h nada que desvie o cravo (veja fig. 38). Sobre as chagas dos ps de padre Pio se diz que eram semelhantes a das mos e causavam-lhe enorme desconforto ao andar. Ele nem sequer podia utilizar as sandlias prescritas pela regra franciscana e era obrigado a usar sempre sapatos fechados, confeccionados sobre medida142. Chagas da Coroa de espinhos Outro erro histrico com relao a Coroa de espinhos, todos os artistas a reproduzem de forma errada. A palavra coroa nos leva a pensar num crculo de espinhos ao redor da cabea. E assim que os crucifixos nos mostram a coroa. A frase empregada por Marcos, tecendo uma coroa de espinhos, poderia parecer uma confirmao dessa hiptese. Mas Mateus (como igualmente Joo) diz: Plxantes stphanon ex acanthn... epthekan ep tes kefals auto: tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em sua cabea (27,29). No se diz per, ao redor; mas se diz ep, sobre143. As coroas orientais eram em forma de mitra ou Fig. 41 Representao da Coroa de capacete e no em forma de aurola144 (fig. 41). Mas todos espinhos, em forma de estigmatizados a reproduzem como grinalda. capacete, moda oriental Em Giorgio Bongiovanni, a chaga da testa (fig. 12) desapareceu e tinha forma de cruz. Em Marisa Rossi, foi coberta por uma hstia (fig. 22). Em Mirna Nazzour, vse apenas um ponto de onde escorre o sangue (fig.42), mas, em outra (fig. 43), ao
SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 198 Idem, p. 236 141 NICKELL, Joe. Estigmas: a semejanza de Cristo. Extrado do site: http://www.dios.com.ar/notas1/creencias/religion&psi/estigmas/estigmas.htm (espanhol) 142 LEITE, Silvana Cobucci. Padre Pio crucificado por amor. So Paulo: Loyola, 2006 (6 ed.) p. 41 143 SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 270 144 Ibidem
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38 analisar-se de perto, no se observa corte, apenas mancha! O mesmo pode-se afirmar com relao a Mariane (fig. 44), onde temos manchas de sangue muito afastados. Em Julia Kim (fig. 45) o sangue parece escorrer dentre os cabelos.
Fig. 42
Fig. 43 Mirna Nazzour: o sangue escorre de apenas um ponto, mas no se percebe corte fraude, hematidrose ou aporte? (compare com a fig. 02)
Santa Gema Galgani vivenciou esse fenmeno: em uma cara datada de 9 de janeiro de 1901, ela descreve uma viso na qual recebe uma coroa de espinhos145. A chaga de Santa Rita, como j nos referimos, parece ter sido causada por um fenmeno fsico: o espinho que desprendeu da Cruz. Em Georgetta von Schnitenburgs se diz que se pode ver ainda hoje as marcas da coroa de espinhos em seu crnio146, fato que se pode explicar da mesma forma dos que comentamos no sexto tpico: ideoplasia. No dia 4 de maro de 1926, Theresa Neumann teve sua primeira viso de Jesus no Jardim de Getsmane e continuou at o dia de sua morte em 18 de setembro de 1962. As vises surgiam inesperadamente: enquanto estava conversando, dando um passeio, senta no carro ou no meio do trabalho, ela entrava em xtase despercebidamente (...) [vises tem sempre uma explicao natural] (...) Durante essa primeira viso, Theresa sentia dor no lado e percebeu que dele gotejava sangue. Feridas de pregos nas mos e ps haviam aparecidos. Em 1926 de novembro ela comeou a sentir a coroa de espinhos, e duas semanas depois oito feridas comearam a sangrar. Em uma sexta-feira de 1927, seus olhos sangraram at ficarem inchados (...) [sem nenhuma ferida nos olhos, nem nas mas do rosto, como j havamos nos pronunciado; trata-se simplesmente de aporte, pois manches de sangue apareciam repentinamente sobre as roupas da cama; e inclusive aporte no sentido contrrio: depois o sangue se ia reabsorvendo. Ia desaparecendo de sobre a roupa, s ficando nela pequena mancha que indicava que l houvera sangue. Teresa Neumann no ficava anmica147] As cinco feridas permaneceram abertas durante os prximos 14 dias. As feridas no infeccionavam e nem eram purulentas (...)
PILAGOS, pe. Fernando. Santa Gema Galgani exemplo sublime de amor. So Paulo: Paulinas, 2004 p. 75 Extrado do site da Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Stigmata (ingls) 147 QUEVEDO, Oscar G. Antes que os demnios voltem. So Paulo: Loyola. 2005 (5 ed.) p. 234
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Estigmas: selo do amor de Deus? [exatamente porque se trata da ao da mente sobre o corpo: a psique influi tambm no sistema imunolgico148] Em 1929, uma leso apareceu no ombro de Theresa no lugar que ela imaginou que Cristo teve a marca feita ao levar a cruz (...) [ou seja, ideoplasia] Toda sexta-feira os fenmenos se repetiam, ao todo foram 780 vezes. Durante suas vises, as feridas dos aoites da flagelao e as feridas da coroa de espinho tambm sangravam149. Estigma do lado Anlises no Santo Sudrio revelam que o ferimento da Lana foi do lado direito (fig.46): 4,4cm de comprimento por 1,4cm de largura, em formato elptico150 (fig. 47). Porm, alguns estigmatizados a chaga do lado esquerdo: Em padre Pio: O primeiro sinal dos prodgios que Deus pretendia fazer em sua alma foi a transverberao, ou seja, uma ferida no corao, que antecede a verdadeira Fig. 46 Sudrio: mancha de Santo sangue do lado direito, estigmatizao ocorrida entre 5 e 7 de causada pela Lana agosto de 1918. Pe. Pio estava confessando um rapaz quando de repente viu a figura de um Fig. 47 Esquema do ferimento da Personagem com uma lana flamejante que o atingiu no lado Lana esquerdo do peito (...) [j vimos que, segundo o Santo Sudrio, a chaga do lado foi direita] (...) Depois de se despedir do rapaz, retirou-se para sua cela e ali sofreu durante toda a noite, sentia como uma se ferida Fig. 49 Mirna Nazzour: Estigma do lado estivesse sempre aberta151. grande demais Um pouco abaixo do mamilo, a chaga do peito embora parecesse menos profunda era a Fig. 48 Lanas romanas que mais sangrava. Ele a cobria sempre com panos, ou com um leno branco, que, ao serem retirados, mostravam-se sempre empapados de sangue. O sangue que escorria das feridas em algumas biografias se diz que Padre Pio chegava a verter at uma xcara de sangue por dia152. [quantidade to grande assim seria natural ou um Fig. 49 Jlia Kim e seu minsculo estigma do aporte?] lado: apenas um pontinho vermelho Em Louise Lateau: Na sexta-feira, 24 de abril de 1868, Louise Lateau (1850-1883) notou sangue que flui de uma mancha no lado esquerdo do trax dela. Nos dias seguintes aconteceu a
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MELLO. A.da Silva. Mistrios e realidades deste e do outro mundo. Rio de Janeiro: Editora Civilizao Brasileira S.A, 1960 (3 ed.), p.325 149 Extrado do site Living Miracles: http://www.livingmiracles.net/Stigmata.html (ingls) 150 SOL, Manuel. O Sudrio do Senhor sua autenticidade e transcendncia. So Paulo: Edies Loyola, 1993 p. 213 151 LEITE, Silvana Cobucci. Padre Pio crucificado por amor. So Paulo: Loyola, 2006 (6 ed.) p. 39 152 Idem, pp. 41-42
40 mesma coisa. Notou-se tambm sangue no topo de cada p. Durante a noite da segunda sexta-feira seguinte, 8 de maio, sangue escoou do lado esquerdo (...)153. Em Giorgio Bongiovanni, as chagas tambm do lado esquerdo, em fotos diferentes, aparecem em posies diferentes (fig. 08 e 09). Em Mirna Nazzour (fig. 49) o corte muito grande. E em Julia Kim (fig. 50) demasiadamente pequeno, se resumindo ao minsculo ponto vermelho. ESTIGMAS: SELO DO AMOR DE DEUS? Ao longo de todo esse nosso breve passeio por esse fascinante enigma, j esboamos uma resposta a nossa pergunta inicial: os estigmas so selos do amor de Deus? Cabe-nos, agora, conclu-la. A metfora do selo carrega um simbolismo muito rico que nos conduzir em nossa reflexo. Vale a pena nos deter por um instante no que escreveu Jean Chavalier: o selo um objeto capital nas antigas civilizaes orientais (...) o rei imprime seu selo sobre documentos que expressam suas decises. O selo , portanto, sinal de poder e autoridade154 e continua mais adiante: um selo autentica um tratado pblico ou privado155. Em linguagem teolgica, poderamos dizer: confirma a revelao... o prprio Jesus quem diz que sinais acompanharo aquele que crem: expulsaro demnios em meu nome, falaro novas lnguas, se pegarem cobras ou beberem algum veneno, no sofrero nenhum mal; quando colocarem as mos sobre os doentes, estes ficaram curados (Mc 16,17s). Em Hebreus, l-se que Deus confirmava o testemunho deles por meio de sinais (Hb 2,4). Deus sela suas instrues (J 33,16), sua doutrina. O selo continua Chavalier marca uma pessoa ou um objeto como propriedade indiscutvel daquele cuja estampinha trazem156. Em Teologia, h algo que se enquadra perfeitamente nessas descries: o milagre. A questo, agora, se coloca e, outro plano: os estigmas so milagres? Selos de Deus? O que seria necessrio para afirm-lo? Delimitemos, ento, que seria um milagre: 1) Milagre um evento incomum, surpreendente ou extraordinrio157. Todo milagre extraordinrio, mas nem todo extraordinrio milagre158 porque pode ser uma anomalia rara ou um fenmeno parapsicolgico. O milagre tem que ser tambm um evento maravilhoso (...) mas nem tudo que provoca admirao milagre159. Um truque de mgica pode causar admirao, mas nunca pode ser considerado milagre porque a mgica sempre uma tcnica. Sem dvidas, os casos de estigmas possuem essa caracterstica. 2) Raridade. Milagre um fenmeno raro, deve-se desconfiar dos casos onde fenmenos supostamente miraculosos so freqentes. Nesse ponto, tambm concordamos que os estigmas no so muito freqentes. Contudo, questionvel a srie de repeties com que o evento se repete: Alexandrina Costa teve quase 200 vezes os xtases da Paixo, Teresa Neumann, 480! Mas nem tudo que raro pode ser considerado milagre. Ganhar na loteria, por exemplo, temos que admitir que algo raro, ainda mais ganhar sozinho, mas no pode ser considerado milagre porque o jogador estatisticamente tem chance e concorre para
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Extrado do site Living Miracles: http://www.livingmiracles.net/Stigmata.html (ingls) CHAVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionrio de smbolos. Rio de Janeiro: Jos Olympio Editora, 2005 (19 ed.) p.811 verbete: selo, sinete 155 Ibidem 156 Ibidem. 157 MEIER, John P. Um judeu Marginal Vol. II, Livro 3: milagres. Rio de Janeiro, Imago Ed., 1998 (p.17) 158 QUEVEDO, Oscar G. Milagres, a cincia confirma a f. So Paulo: Loyola. 2000 (2 ed.) p.212 159 Idem, p.216
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Estigmas: selo do amor de Deus? isso160. Existe uma probabilidade para isso, mas o milagre verdadeiro no pode ser previsvel estatisticamente. 3) Sacralidade. Os milagres so entendidos como efeitos do sagrado no mundo161: Ocorre em contexto religioso162. Jamais poderia haver um milagre numa pista de dana de uma discoteca ou numa quadra de escola de samba ou mesmo numa roda de chopp163. Deve-se desconfiar de supostos milagres que ocorram em ambiente indecoroso ou que exponham ao ridculo o ato sagrado. Assim, fica desconsiderado os estigmas que ocorreram, por exemplo, durante as sesses de hipnose. O comportamento do estigmatizado deve ser virtuoso, do contrrio, j algo a se desconfiar. J houve casos, em cujo carter do mstico era, no mnimo, suspeito. Por exemplo, Teresa Helena Higgenson (18-44-1905), uma estigmatizada inglesa, que foi demitida do cargo de professora por acusaes de roubo, embriagueis e conduta imprpria164. Mas nem tudo que maravilhoso e ocorre em ambiente religioso pode ser considerado milagre: fenmenos parapsicolgicos, por exemplo, tambm podem ocorrer na vida de qualquer santo. Tambm no em qualquer contexto religioso que acontece milagres (veja a ltima caracterstica). 4) Milagres so sinais e, por essa razo, apontam sempre para uma realidade mais profunda e invisvel. Eles so indcios experienciveis de constelaes mais complexas dos acontecimentos165. Mas tenhamos em mente que, embora sinal, o milagre no deixa de ser real, mesmo podendo ter uma interpretao simblica. Logicamente, nem todo smbolo milagre. 5) O milagre tem que ser perceptvel166, um fenmeno observvel167 a toda e qualquer pessoa. Estigmas invisveis, no podem ser estudados e analisados concretamente. 6) Inexplicabilidade. Milagre no encontra explicao nas habilidades humanas ou em outras foras conhecidas que agem em nosso mundo 168, nem nas habilidades tcnicas, cientficas, naturais, extranormais ou paranormais. J vimos tantas explicaes possveis para os estigmas: fraude, somatizao, auto-sugesto, hipnose, doenas orgnicas... Mas nem tudo que inexplicvel pode ser considerado milagre porque pode nem ser raro e nem ter qualquer ligao com a religio. 7) Todo milagre perfeito169 e h tantas discrepncias entre as informaes da Crucificao com as chagas dos estigmatizados: quanto ao formato, ao local da inciso, o tamanho do corte!. 8) Milagre um evento resultante de um ato especial de Deus, fazendo o que nenhum poder humano consegue fazer170. Os milagres so exclusivos de Deus171. Os estigmas so facilmente reproduzidos atravs da hipnose. 9) Finalidade. O evento (...) lhe confere um significado ou propsito religioso (p.ex., um smbolo de salvao)172. o que Carlo Mota chama de justa causa173. Milagres no acontecem toa, tem sempre uma razo de ser.
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MOTA, Carlo. Extrado do site: http://revistacatolica2.vilabol.uol.com.br/seriemil.html BERGER,Klaus. possvel acreditar em milagres? So Paulo: Paulinas, 2004 p.157 162 MEIER, John P. Um judeu Marginal Vol. II, Livro 3: milagres. Rio de Janeiro, Imago Ed., 1998 (p.18) 163 MOTA, Carlo. Extrado do site: http://revistacatolica2.vilabol.uol.com.br/seriemil.html 164 NICKELL, Joe. Estigmas: a semejanza de Cristo. Extrado do site: http://www.dios.com.ar/notas1/creencias/religion&psi/estigmas/estigmas.htm (espanhol) 165 BERGER,Klaus. possvel acreditar em milagres? So Paulo: Paulinas, 2004 p.14-15 166 QUEVEDO, Oscar G. Milagres, a cincia confirma a f. So Paulo: Loyola. 2000 (2 ed.) p. 223 167 Idem, p. 220 168 MEIER, John P. Um judeu Marginal Vol. II, Livro 3: milagres. Rio de Janeiro, Imago Ed., 1998 (p.33 nota 8) 169 MOTA, Carlo. Extrado do site: http://revistacatolica2.vilabol.uol.com.br/seriemil.html 170 BERGER,Klaus. possvel acreditar em milagres? So Paulo: Paulinas, 2004 p.17 171 QUEVEDO, Oscar G. Milagres, a cincia confirma a f. So Paulo: Loyola. 2000 (2 ed.) p. 216
42 10) Por ser assinatura de Deus o intuito principal do milagre confirmar doutrina e a legitimidade da revelao e, conseqentemente, a verdadeira religio. Sendo assim os milagres acontecessem somente em um contexto religioso especfico: primeiramente, no judasmo at a poca de Cristo, da passou a ocorrer no cristianismo, continuando a existir exclusivamente no meio catlico, desde as pocas dos cismas do oriente e do ocidente at hoje. Os estigmas acontecem em tantos ambientes diversos: no hindusmo, no esoterismo, no espiritismo, no protestantismo, na Igreja ortodoxa, em ambiente demonaco etc. S podemos considerar milagre, selo, se o fenmeno observado englobar todas essas caractersticas ao mesmo tempo, mas os estigmas contradizem tantas delas... de fato, no so selos do amor de Deus. Alguns dizem, porm, que eles so dons msticos, porm o fenmeno verdadeiramente mstico quando observvel milagre174. Ento, os estigmas so selos de quem? As pesquisas sobre o somatismo demonstram grandemente que os estigmas so um fenmeno verdadeiramente humano e que, na maioria das vezes, tm sua origem psquica, patolgica ou no. No duvidamos da sinceridade e do carter de alguns santos. Contudo, os santos no so santos pelas chagas, mas pelo testemunho de vida que conseguiram dar evidenciando uma f sem limites no Deus da Vida175. Os estigmas, inclusive, no so contabilizados como milagres nos processos de beatificao e canonizao176. Porm, eles nos oferecem, ao menos, duas grandes lies: a primeira a de que os santos so pessoas to reais, de carne e osso, como qualquer um de ns, com suas limitaes, fragilidades emocionais, ansiedades, transtornos, preocupaes...; a segunda, consiste na radicalidade de seu amor para com Deus e com o prximo mesmo na sua pequenez, inclusive nos momentos de enfermidade, nunca deixaram de amar a Deus com todo o seu corao, com toda sua alma e com toda a sua fora (Dt 6,4). Os verdadeiros estigmatizados, aqueles cujas chagas foram sentidas nos momentos de maior devoo, amaram a Deus com a totalidade de seu ser. As palavras do papa Bento XVI so imprescindveis neste momento: o homem torna-se realmente ele mesmo, quando corpo e alma se encontram em ntima unidade (...) se o homem aspira a ser somente esprito e quer rejeitar a carne como uma herana apenas animalesca, ento esprito e corpo perdem a sua dignidade. E se ele, por outro lado, renega o esprito e conseqentemente considera a matria, o corpo, como realidade exclusiva, perde igualmente a sua grandeza (...) Mas, nem o esprito ama sozinho, nem o corpo: o homem, a pessoa [inteira], que ama como criatura unitria, de que fazem parte o corpo e a alma. Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade, que o homem se torna plenamente ele prprio (Deus Caritas est, 5). Geralmente, frisa-se o aspecto doentio dos estigmatizados, eu gostaria de destacar a sublimidade do mistrio humano, que corresponde ao amor do Crucificado... Estigmas: Selos de amor?, sim, mas amor extremamente humano...
MEIER, John P. Um judeu Marginal Vol. II, Livro 3: milagres. Rio de Janeiro, Imago Ed., 1998 (p.18) MOTA, Carlo. Extrado do site: http://revistacatolica2.vilabol.uol.com.br/seriemil.html 174 QUEVEDO, Oscar G. Milagres, a cincia confirma a f. So Paulo: Loyola. 2000 (2 ed.) p. 66 175 FILHO, pe. Raimundo Elias. Mistrios do Aqum e do Alm luz da Parapsicologia. So Paulo: Paulus, 2003 (2 ed.) p.66 176 POULAIN, Aug. Mystical Stigmata. The Catholic Encyclopedia, Volume XIV. New York: Robert Appleton Company, 1912. Extrado do site: http://www.newadvent.org/cathen/14294b.htm (ingls)
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FALANDO DE MIM...
eu nome Srgio Gleiston Nicolete de Freitas, nasci em Campina Grande (PB), no dia 25 de fevereiro de 1982.
Mas desde muito pequeno moro em Fortaleza (CE). Sou estudante de Histria pela Universidade Estadual do Cear (UECE), onde j apresentei alguns trabalhos acadmicos sobre religio e histria. Desde 1997, sou catlico por opo: um apaixonado pela Bblia, a Igreja, Nossa Senhor e Jesus Eucarstico. H dez anos perteno Comunidade Filhos da Misericrdia, atravs da qual desempenhei servio de catequese de Crisma nos anos de 98, 2003, 2004, 2005 e 2007. Tambm fui coordenador do Grupo de Crescimento em 99, 2000, 2001, 2004, um grupo de formao bblico-doutrinal. Em 2004, participei do belssimo projeto Escola de Maria, onde era responsvel pela parte de estudo bblico. Em 2006, trabalhei com a formao bblica da Comunidade de Vida dos Filhos da Misericrdia. Em dezembro de 2007, ministrei curso de estudo bblico-doutrinal para minha Comunidade. Ano passado, tambm elaborei os textosbase para as formaes de Crisma. Sempre gostei muito de ler e escrever, meu autor preferido Rubem Alves. Gosto sempre de aprender coisas novas. Sou um apaixonado pela boa msica, pelas artes e por meus amigos... e amo incondicionalmente, minha me e minha irm: santurio de Deus em todos os momentos de minha vida. elas s tenho que agradece e ao Meu Deus reder graas!
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