Experiencias de Extensao Na Pandemia - Ebook
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Experiencias de Extensao Na Pandemia - Ebook
DE EXTENSÃO
NA PANDEMIA
Maria do Socorro Barbosa e Silva Dauci Pinheiro Rodrigues
Rochane Villarim de Almeida Ivonildes da Silva Fonseca
Rostand de Albuquerque Mélo Kalina Naro Guimarães
Antonio Augusto Pereira de Sousa Ana Isabella Arruda Meira Ribeiro
Paulo Eduardo e Silva Barbosa Sibele Thaise Viana Guimaraes
Organizadores(as)
EXPERIÊNCIAS
DE EXTENSÃO
NA PANDEMIA
Conselho Editorial
Alessandra Ximenes da Silva (UEPB)
Alberto Soares de Melo (UEPB)
Antonio Roberto Faustino da Costa (UEPB)
José Etham de Lucena Barbosa (UEPB)
José Luciano Albino Barbosa (UEPB)
Melânia Nóbrega Pereira de Farias (UEPB)
Patrícia Cristina de Aragão (UEPB)
Expediente EDUEPB
Design Gráfico e Editoração
Erick Ferreira Cabral
Jefferson Ricardo Lima A. Nunes
Leonardo Ramos Araujo
Revisão Linguística e Normalização
Antonio de Brito Freire
Elizete Amaral de Medeiros
Assessoria Técnica
Carlos Alberto de Araujo Nacre
Thaise Cabral Arruda
Walter Vasconcelos
Divulgação
Danielle Correia Gomes
Comunicação
Efigênio Moura
Copyright © EDUEPB
A reprodução não-autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violação da
Lei nº 9.610/98.
CONSELHO EDITORIAL DE EXTENSÃO
APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
COMUNICAÇÃO E INTERPROFISSIONALIDADE NA
PANDEMIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE
O PROJETO ATIVA IDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Jarda Eduarda Mendes Jerônimo
Josineide da Silva Barbosa
Williane Vitória Santos de Lima
Vânia Maria Oliveira de Farias
Renata Cardoso Rocha Madruga
PROJETO DE EXTENSÃO MAIS ACESSIBILIDADE:
UM RELATO DA EXPERIÊNCIA EM TEMPOS
DE PANDEMIA EM 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Débora Regina Fernandes Benício
Géssica Quênia de Oliveira Alves
Janielly Petrúcia Matias de Lima
GERONTOTECNOLOGIA: INTERVENÇÕES
EM PSICOEDUCAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
Maria Gabriela Pereira da Silva
Victória Maria de Freitas Nunes
Mirella Raquel Alves de Araújo Rodrigues
Virgínia Maria Bezerra Silva
Maria do Carmo Eulálio
11
Apesar dos obstáculos, a extensão não parou. Estratégias ino-
vadoras foram sendo construídas criativamente, estabelecendo
novas pontes e links com a comunidade. As barreiras de acesso aos
dispositivos e até mesmo a conexão de boa qualidade não impedi-
ram que projetos e programas de extensão continuassem presentes
na vida das comunidades atendidas. O que nos paralisou em um
primeiro momento acabou nos “empurrando” para mudanças. A
extensão, mais uma vez, exerceu o papel de resistência.
Apresentamos neste e-book “Experiências de Extensão na
Pandemia” casos exitosos de ações extensionistas desenvolvidas
durante a pandemia no contexto da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB). A obra reúne 16 relatos de experiência relaciona-
dos a projetos e programas, abrangendo seis áreas temáticas: comu-
nicação, direitos humanos, educação, saúde, tecnologia e trabalho.
Comunicação é o eixo temático de 4 relatos de experiência.
A professora Ada Kesea Guedes Bezerra e os discentes Bruna da
Silva Araújo, Deivide Eduardo de Souza Gomes, Emanuelly Lucena
Batista e Wanderson Gomes de Oliveira apresentam a experiên-
cia do projeto “Campina Cultural: A Cultura Como Inclusão Social
na Região Imediata de Campina Grande”. A iniciática foi criada em
2020 com o objetivo de utilizar as mídias digitais para conferir visi-
bilidade pública aos artistas e produtores culturais, atendendo um
dos setores mais afetados pela pandemia. A criação de um site de
jornalismo cultural e o uso da rede social Instagram estão entre as
estratégias do projeto, além da realização de oficinas, palestras e
encontros por meio do uso das plataformas digitais.
Outra iniciativa oriunda do curso de Jornalismo da UEPB é o
projeto Anti-horário, coordenado pelo professor Antônio Simões
Menezes. A proposta surgiu em 2018 com o objetivo de produzir
conteúdo jornalístico pautado por histórias positivas, colocando
em prática o conceito de “jornalismo de soluções”. A temática era
abordada também em oficinas de escolas públicas. Com a pande-
mia, o projeto foi adaptado ao contexto das atividades remotas, rea-
lizando lives no Instagram e oficinas usando a plataforma Google
Meet, além da construção de parcerias com o Instituto Federal de
12
Educação (IFPB) e a Feira Literária de Campina Grande (FLIC). O
“Anti-horário” apresentou um contraponto ao noticiário negativo
da Covid-19, com informações úteis e promovendo esperança.
O curso de Arquivologia do Campus V da UEPB também
está presente entre os relatos da área de comunicação, com o
artigo “Socializando em rede: adaptação e superação acadêmicas
em meio à crise sanitária do século XXI”. O texto é de autoria das
professoras Manuela Eugênio Maia (coordenadora do projeto) e
Jacqueline Echeverría Barrancos, do professor José Wilker de Lima
Silva, das bibliotecárias Danielle Harlene da Silva Moreno, Liliane
Braga Rolim Holanda de Souza, Milena Borges Simões de Araújo e
da bolsista Palloma Raphaely Carvalho Alves. No relato os autores
apresentam uma avaliação quanti-qualitativa sobre duas palestras
promovidas em formato on-line na pandemia, promovendo a divul-
gação do conhecimento científico.
Promovendo um diálogo entre comunicação e saúde, o projeto
“Ativa Idade” apresenta os resultados do atendimento aos idosos
da Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Cinza, em Campina
Grande. O projeto contribuiu no combate à desinformação sobre a
Covid-19, promovendo a orientação correta para um dos principais
grupos de risco. As informações foram difundidas por canais como
WhatsApp, Instagram e com a produção de um podcast. O relato
de experiência é de autoria da professora de Odontologia Renata
Cardoso Rocha Madruga, das estudantes de enfermagem Jarda
Eduarda Mendes Jerônimo e Williane Vitória Santos de Lima, da
estudante de jornalismo Josineide da Silva Barbosa e da assistente
social Vânia Maria Oliveira de Farias.
Na área de direitos humanos, o projeto “Mais acessibilidade”
apresenta o relato das atividades desenvolvidas em 2021, ainda no
contexto das atividades remotas. Vinculado ao curso de Pedagogia,
o projeto promove a inclusão social de pessoas de deficiência ou
mobilidade reduzida. A formação da equipe extensionista foi
realizada por meio de plataformas virtuais, também utilizadas
para a produção de conteúdo educativo, a exemplo da cartilha
“Acessibilidade: uma questão de cidadania”, além de podcasts para
13
divulgação via WhatsApp, vídeos e palestras. O texto é de autoria
da professora Débora Regina Fernandes Benício, coordenadora
do projeto, e das ex-bolsistas Géssica Quênia de Oliveira Alves e
Janielly Petrúcia Matias de Lima.
Outra ação vinculada à área de direitos humanos foi discutida
no texto “Em meio à covid-19, construindo possibilidades: extensão
universitária sob o chão da cidade”, de autoria da Maria Jackeline
Feitosa Carvalho, do Departamento de Ciências Sociais. Com o obje-
tivo de democratizar o debate e as decisões sobre a implementação
das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) em Campina Grande,
o projeto “Formas e expressão da participação popular nas ZEIS
em Campina Grande” realizou oficinas, rodas de diálogo e debates
abertos à sociedade civil organizada. Entre os resultados da ação
extensionista está a produção do documentário “Sob o chão de
cidade – espaço de vidas e memórias” e a elaboração da cartilha
ZEIS.
Outros três relatos tratam de ações na área de educação. É
o caso no relato “Quando a escuta chega: diálogo, subjetividade e
conscientização na pandemia”, sobre as ações do projeto “Pra te
escutar”, desenvolvido no Centro da Humanidades (CH) da UEPB
em Guarabira. A professora Rita de Cássia da Rocha Cavalcante e o
estudante João Faustino dos Santos apresentam as ações do projeto,
que ofereceu o serviço de escuta on-line por meio do Google Meet,
promoveu oficinas por meio da plataforma Even e realizou uma
campanha de conscientização nas redes sociais. Além da comuni-
dade do CH, foram atendidas pessoas da comunidade do entorno
e de outros campi, com atendimentos até em outros estados como
Pernambuco, Bahia e Goiás.
O artigo “Educação e cidadania: os direitos humanos e o ECA
no currículo escolar” destacou a realização de um ciclo de debates
com professores e docentes em formação sobre a obrigatoriedade
da inclusão do estudo do Estatuto da Criança e do Adolescente no
currículo escolar. A ação foi coordenada pela professora Lenilda
Cordeiro de Macêdo, que assina o texto juntamente com as estu-
dantes de Pedagogia Adna Berardo da Costa, Marizete Araújo dos
14
Santos, Maria Franciele Mouzinho Martins e Maria Lívia Gomes de
Almeida. Adaptado ao contexto pandêmico, o projeto promoveu
oito encontros virtuais e síncronos, com periodicidade quinze-
nal, atendendo a um total de 55 pessoas dos estados da Paraíba e
Pernambuco.
O terceiro relato da área de educação aborda a experiência
de mais um projeto desenvolvido no campus III, em Guarabira.
Trata-se do projeto “Aprofundando a escrita criativa e produção de
saberes”, coordenado pela docente Verônica Pessoa da Silva, autora
do texto ao lado da bolsista Mirella Karla Bezerra Crispim de Souza
e o estudante João Matias de Oliveira Neto. Foram realizados 13
encontros virtuais com os participantes do projeto, contando ainda
com a presença de escritores e escritoras da Paraíba, incluindo
autores vinculados ao movimento negro, movimentos de mulheres
e da comunidade LGBTQIAP+, considerando assim o lugar de pro-
dução do texto literário enquanto espaço político.
A saúde também foi tema de três textos do e-book. O relato
“Teleatendimento na cefaleia tensional e algias na coluna durante o
período pandêmico” apresenta o processo de adaptação da Oficina
de Massagem da UEPB para realizar o monitoramento virtual dos
pacientes com atendimentos semanais, via WhatsApp e Google
Meet. O acompanhamento promoveu o autocuidado e estimulou a
atividade física, resultando na redução do estresse e melhor qua-
lidade de sono. O projeto é coordenado pela professora Maria do
Socorro Barbosa e Silva, autora do texto em parceria com a pro-
fessora Kelly Soares e os estudantes Taís Santos Vieira, Elivelton
Duarte dos Santos e Wilza Aparecida Brito de Oliveira.
O projeto “Ativa Idade” foi destaque em mais um relato de
experiência, desta vez com foco no caráter interdisciplinar da
iniciativa que agrega estudantes dos cursos de Educação Física,
Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Jornalismo, Odontologia,
Psicologia e Serviço Social. A atuação integrada de uma equipe tão
plural contribuiu para a adaptação ao contexto pandêmico, garan-
tindo a continuidade do atendimento aos idosos, além de estimu-
lar uma formação humanizada e cidadã de profissionais de áreas
15
tão diversas. O relato de experiência foi escrito pelas professoras
Cláudia Holanda Moreira, Renata Cardoso Rocha Madruga, pela
assistente social Vânia Maria Oliveira de Farias e pelos discentes
Lívia Maria Almeida de Araújo e Ricarlly Almeida de Farias.
O cuidado com os idosos também é a prioridade do projeto
Conectiv-Idades 60+ que promoveu ações de saúde mental e inclu-
são digital. Para mensurar os resultados, foi aplicado um questio-
nário e uma entrevista semiestruturada com um grupo de nove
pessoas com mais de 60 anos. Além de proporcionar um espaço
virtual de acolhimento, a equipe contribuiu para o aprendizado dos
idosos sobre as tecnologias digitais e para o combate à desinfor-
mação. O relato foi escrito pela coordenadora Josevânia da Silva,
do Departamento de Psicologia, em coautoria com as estudantes
Elayne Cristina de Sousa Chagas, Amanda Kilse Macedo da Silva,
Marcela Tavares Silva Ribeiro, Anadja Michelly dos Santos Souza,
Maria Clara da Silva Nascimento e Inaiê Caldas Lins Volta.
A área de tecnologia foi representada por dois relatos e o pri-
meiro deles também destaca a preocupação com um dos principais
grupos de risco da pandemia: os idosos. Em “Gerontotecnologia:
intervenções em psicoeducação”, as autoras Maria do Carmo
Eulálio (coordenadora), Maria Gabriela Pereira da Silva, Victória
Maria de Freitas Nunes, Mirella Raquel Alves de Araújo Rodrigues e
Virgínia Maria Bezerra Silva relatam o trabalho on-line de interven-
ção psicossocial desenvolvido com idosos da Universidade Aberta à
Maturidade (UAMA) em 2021. O projeto realizou 15 oficinas apre-
sentando ferramentas digitais que poderiam auxiliá-los no coti-
diano, estimulando maior autonomia e impactando positivamente
aspectos como sociabilidade e autoestima.
Já o projeto “Marketing Digital para Alavancagem de Negócios”
busca estimular o empreendedorismo através da capacitação para o
uso das ferramentas digitais. Na pandemia, muitos negócios foram
obrigados a migrar rapidamente para as vendas on-line, mas sem
experiência em comércio eletrônico e sem condições para custear
uma consultoria. Diante desse cenário, o projeto realizou workshops
com empreendedores, com quem pretendia empreender no futuro
16
e com estudantes do ensino médio que foram estimulados a cons-
truir propostas de start ups. O texto foi escrito por Sandra Maria
Araújo de Souza, Ana Beatriz Silva de Farias, Bruna Rodrigues
Monteiro, Elissandra Gonçalves dos Santos, Emerson Gonzaga da
Silva e Maria Eduarda Ferreira de Farias.
O empreendedorismo também é o foco do projeto “Apreender
a Empreeender”, um dos dois relatos de experiência do eixo temá-
tico “trabalho”. Vinculado ao programa da Incubadora Universitária
do Campus V de João Pessoa, o projeto promoveu palestras e oficina
sobre temas como comportamento do empreendedor, modelo de
negócios, análise de mercado e marketing para um público formado
por empreendedores individuais e potenciais empreendedores.
O relato foi escrito pelas professoras de Arquivologia Jacqueline
Echeverría Barrancos (coordenadora), Manuela Eugênio Maia,
Viviane Barreto Motta Nogueira e pelos discentes Keila Silva de
Macedo, Kethlyn Queiroz Lourenço, Natasha Rosana Silva Santos e
Wanderley Junior da Silva.
Por fim, o relato intitulado “Plano de classificação do arquivo
da EECI Compositor Luiz Ramalho” discute o trabalho de reformu-
lação da gestão documental da escola da rede estadual, localizada
no bairro de Mangabeira, em João Pessoa. O projeto foi coorde-
nado pela professora Viviane Barreto Motta Nogueira do curso
de Arquivologia da UEPB, campus V, e contou com a participação
da bolsista Aline Cristina da Silva, que dividem a autoria do texto
apresentado no e-book. Mesmo no contexto de isolamento social,
foram realizados encontros presenciais e remotos com a equipe da
escola, permitindo o correto diagnóstico dos problemas e a cria-
ção de estratégias de limpeza, separação e controle dos arquivos e
garantindo o direito de acesso ao arquivo público escolar.
Diante da diversidade de estratégias e linhas de atuação, acre-
ditamos que os frutos gerados pela extensão na UEPB durante a
pandemia são fonte de inspiração para iniciativas futuras. A acele-
ração de processo de incorporação das tecnologias de informação
e da Comunicação (TICs) às práticas pedagógicas abriu novas pos-
sibilidades de atuação. Se por um lado o contato direto foi limitado
17
durante as medidas de isolamento social, por outro tivemos a
ampliação da abrangência das ações, alcançando novos públicos de
fora da universidade e até pessoas de outros estados, superando
barreiras culturais e geográficas.
O uso de linguagens e plataformas características do ambiente
digital permanecerá exercendo um papel de protagonismo, mesmo
com a tão esperada retomada às atividades presenciais. As preo-
cupações sociais, econômicas e políticas que caracterizam a atua-
ção dos projetos e programas de extensão continuam apontando a
direção para as novas propostas, em sintonia com as demandas das
comunidades. Novos canais de diálogos foram abertos e devem ser
mantidos, com o objetivo de estreitar laços e levar até a população
os saberes e serviços produzidos e disponibilizados pela universi-
dade na sua missão de transformação social.
18
CULTURA EM REDE E DEMOCRATIZAÇÃO MIDIÁTICA:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
DO PROJETO CAMPINA CULTURAL
Introdução
19
período do curso de jornalismo, do Departamento de Comunicação
Social, levantaram as seguintes problemáticas: Como trabalhar com
jornalismo cultural de modo a democratizar o conhecimento e pro-
mover o caráter reflexivo sobre pautas que contemplem a comple-
xidade da cultura de um povo, de sua identidade e fazeres diversos?
E como realizar esse feito de forma extensionista e assim fomentar
a democratização dos espaços de mídia junto a produtores cultu-
rais em tempos de pandemia?
Imersos no exercício criativo necessário à concepção de uma
proposta desta natureza, os estudantes, que ainda não eram exten-
sionistas, contataram dois de seus professores para fomentarem a
discussão e então identificarem pressupostos teóricos, metodoló-
gicos e operacionais condizentes com a ideia que então se desen-
volvia. Assim, os dois estudantes, juntamente com a professora
do curso de jornalismo Ada Kesea Guedes Bezerra, que se tornou
coordenadora do projeto e o professor e Pró-Reitor de Cultura,
José Cristóvão de Andrade, que passou a atuar como colaborador,
empreenderam exercício fundamentado nos preceitos freireanos,
com escolhas metodológicas em uma perspectiva holística, dialó-
gica e humanística, a partir de uma prática educativa alicerçada na
valorização do saber do outro, como mostrou Freire (1996).
E assim, fruto da iniciativa e autonomia de discentes, em um
fazer dialógico e colaborativo, emerge o Campina Cultural: a cul-
tura como inclusão social na Região Imediata de Campina Grande.
O objetivo geral do projeto consistia e ainda consiste em promover
a prática do jornalismo cultural nas mídias digitais como estímulo
à diversidade cultural presente na Região Geográfica Imediata de
Campina Grande, bem como no reconhecimento midiático da cul-
tura como fator de impacto para a inclusão de grupos e/ou indiví-
duos historicamente invisibilizados.
Na construção desta proposta de projeto, partiu-se, portanto,
da premissa de que é possível a prática de um jornalismo consciente
da necessidade de democratização de informação, conhecimento e
bens culturais de forma acessível a todos. Uma missão que não é do
produtor de cultura e sim daquele que comunica, que torna visível e
20
acessível aquilo que por vezes está invisibilizado ou está ao alcance
de uma elite. Ou seja, ao jornalista cabe despertar a reflexão a partir
de análises e críticas contundentes e não sectárias, sobretudo, atra-
vés de conteúdos que façam o cidadão refletir sobre uma cultura,
um povo, sobre identidade, realidades e manifestações que repre-
sentam a condição humana, e, portanto, a diversidade. Um exercício
capaz de provocar a valorização das culturas local e regional.
Está no cerne deste projeto a ideia de que a atuação consciente
de profissionais da comunicação junto às culturas locais e regio-
nais é capaz de provocar valorização em cadeia e mudar realida-
des também no âmbito econômico, político e social. É esse tipo de
prática que se pretende estimular no público-alvo desta proposta,
no sentido de contribuir para combater a invisibilidade de culturas
minoritárias e grupos artísticos marginalizados, que conforme a
Unesco (2009, p. 20), “em parte não tem acesso a cargos editoriais,
de gestão, ou de tomada de decisão quanto ao que é publicado ou
não nos veículos de mídia”.
Consciência que precisa ser despertada ainda por ocasião da
formação do jornalista, tanto como profissional como enquanto
sujeito, e a extensão universitária existe justamente para colabo-
rar com tal conduta bem como para cumprir a missão de agre-
gar, adquirir e compartilhar experiências e saberes para além dos
muros acadêmicos.
Nesse sentido, como público-alvo, destacam-se três grupos
ora alcançados: 1. Estudantes do curso de jornalismo, que atra-
vés das ações são contemplados com uma formação mais crítica
sobre os fazeres, as expressões e conjuntura sócio-política da cul-
tura em nossa região; 2. Ativistas, artistas e produtores de cultura
com quem se estabelece diálogo profícuo com ganhos multilaterais
ao enriquecermos nosso repertório de conhecimento a partir das
experiências desses sujeitos, bem como provocamos meios e espa-
ços de divulgação de seus trabalhos através do jornalismo cultural
em espaços de mídias digitais; 3. A sociedade em geral, alcançada
pelo trabalho de divulgação da equipe do projeto em forma de con-
teúdo de caráter jornalístico e de infotenimento.
21
Uma interação que se efetivou e se efetiva de forma multifo-
cada, mas articulada teórica e metodologicamente. Que concebe o
público em sua função colaborativa e não meramente passiva. Que,
sobretudo, tem se concretizado exclusivamente a partir do protago-
nismo dos extensionistas.
22
serviços públicos, como postos de atendimento
do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS,
do Ministério do Trabalho e de serviços judici-
ários, entre outros. (IBGE, 2017, p. 20).
23
(MILLER, 2018) e pelos quase desertos na Região Nordeste. De
acordo com a Iniciativa Atlas da Notícia, no ano de 2021 o Norte e
o Nordeste do país estavam enquadrados como as maiores concen-
trações de vazios de cobertura local7. Este cenário persistiu no ano
seguinte, nos estudos publicados em 2022. Mesmo com iniciativas
digitais e a presença de rádios como principais meios noticiosos,
o Nordeste se manteve com o segundo maior percentual de deser-
tos de notícias do país (64,4%), ficando um pouco atrás da Região
Norte, com 63,1%.8
Em pesquisa exploratória, verificamos pela base de dados do
Atlas da Notícia que, das 47 cidades da Região Geográfica Imediata
de Campina Grande, apenas cinco municípios estão categorizados
como não-desertos. Além disso, 13 municípios são considerados
quase desertos enquanto 29 são desertos de notícias9. Mesmo
com os veículos digitais capitaneando a redução dos desertos, o
Campina Cultural é o único portal, entre os 129 veículos on-line
ativos registrados pelo Atlas da Notícia e presentes na Região
Geográfica Imediata de Campina Grande, que é especializado em
cultura.
24
FIGURA 1 – Quantidade de municípios e sua classificação
quanto à presença de veículos locais de comunicação
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos dados do Atlas da Notícia (2022).
25
formatos, dos impressos aos digitais” (FERRARI, MACHADO, OCHS,
2020, p. 54). As atividades aqui relatadas foram desenvolvidas
entre os meses de janeiro de 2021 a janeiro de 2022.
Para fins de estruturação do projeto, foi utilizada a concepção
metodológica proposta pelo Instituto Palavra Aberta, que explora
três grandes eixos da educação midiática: ler, escrever e participar.
Ferrari, Machado e Ochs (2020) apresentam um modelo que cha-
mam de Mandala EducaMídia, que pode ser utilizado como suporte
às ações de apoio à implementação da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Ao ver que o modelo permanecera em consonância com diver-
sos elementos presentes na formação acadêmica do profissional
de jornalismo, a equipe idealizadora realizou adaptações para que
esta proposta se fizesse útil à realidade dos estudantes do Curso de
Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), congre-
gando-os às diretrizes para ações da Extensão Universitária.
Neste formato, o projeto se propôs a explorar, em suas ativi-
dades, a habilidade “escrever” em que os envolvidos exploram o
desenvolvimento avançado da autoexpressão e da fluência digital.
Neste eixo a atenção se deu para o público de estudantes extensio-
nistas e alunos envolvidos nas ações do projeto. Houve, também, o
enfoque na habilidade “participar” através da qual foi estimulado
o exercício da “cidadania digital e a participação cívica” (FERRARI,
MACHADO, OCHS, 2020, p. 58) para a promoção de conteúdo jor-
nalístico atentos às narrativas de grupos culturais, coletivos e
entusiastas que são ou atuam com a cultura na Região Geográfica
Imediata de Campina Grande.
Para fins de gestão do trabalho e reconhecimento de quais
habilidades deveriam ser exploradas no fazer extensionista do
projeto, as atividades foram estruturadas em ações programáticas
que se desdobraram em três Eixos, e redistribuídas via cronograma
anual de execução. Foram eles:
26
• Eixo 01 – Articulação projetual: composto por ações que
visaram o funcionamento interno do projeto, contemplando
atividades obrigatórias e de acompanhamento e autoavalia-
ção das ações: a) reuniões de apresentação da equipe e pla-
nejamento operacional; b) reuniões de avaliação interna; c)
produção de relatórios parciais e relatório final; d) comuni-
cação de resultados e investigações;
• Eixo 02 – Autoexpressão midiática: que corresponde à
potencialização e desenvolvimento de habilidades de autoex-
pressão midiática e, por extensão, de fluência digital atentas
para a produção de conteúdo em diversas linguagens com e
para personagens da cultura na Região Geográfica Imediata
de Campina Grande, sendo estruturado em: a) planejamento
de mídia; b) planejamento visual das plataformas; c) imersão
em conteúdo multimidiático, com atenção especial às indica-
ções de artistas e ativistas locais; d) reuniões de pauta para a
produção de conteúdo jornalístico; e) produção de matérias
jornalísticas.
• Eixo 03 – Participação cívica: composto por ações dedicadas
ao uso de recursos de mídia e promoção de narrativas. Este
eixo foi composto por: a) veiculação de conteúdo jornalístico
integrado aos personagens da cultura local; b) veiculação de
conteúdo midiático em suporte à visibilização dos fazeres na
cultura local; c) promoção e/ou mediação de encontros dia-
lógicos com produtores culturais, ativistas, artistas e pesqui-
sadores da cultura em diferentes frentes.
27
acordo com cada uma das cinco diretrizes para ações da Extensão
Universitária, propostas pela Política Nacional de Extensão
Universitária (FORPROEX, 2012).
Consideramos, para tanto: a) Interação dialógica; b).
Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade; c) Indissociabilidade
entre Ensino, Pesquisa e Extensão; d) Impacto na formação do
estudante; e) Transformação social. Em cada uma delas explana-
mos resultados que mostram o uso de habilidades de educação
midiática intrínsecos ao estímulo da cultura como inclusão social.
Além disso, segue também resultados quantitativos relacionados
ao público-alvo do projeto. Reforçamos, contudo, que tais resulta-
dos não puderam ser alcançados através de blocos temáticos isola-
dos e incomunicáveis, pois, foi o seu imbricamento que permitiu a
ampliação da proposta em momento posterior ao relatado.
28
da mesa, tivemos ainda a participação do ativista cultural, então
Contramestre de Capoeira Evaldo Batista dos Santos (Evaldo
Morcego), da Coordenadora do Campina Cultural Drª Ada Guedes
e do professor Dr. Antônio Roberto Faustino da Costa. O público-
-chave do encontro foi composto por estudantes dos componentes
curriculares Jornalismo Impresso e Comunicação Comunitária.
Destacamos pautas importantes apresentadas nas falas de
Evaldo Morcego. Com a apresentação “O ativismo cultural, a resis-
tência da capoeira e das culturas populares no Brasil”, os discen-
tes puderam discutir acerca da importância do ativismo cultural
na Paraíba em diferentes frentes. Ele também promoveu reflexões
sobre a representatividade da população negra no cenário da cul-
tura local, destacando as representações da capoeira enquanto luta,
jogo e dança.
O II Encontros & Diálogos foi concebido a partir do convite da
Escola Cidadã Integral Técnica Agenor Clemente dos Santos, locali-
zada no município paraibano de Alagoinha. O intuito da proposta
foi a articulação da III Mostra de Literatura, Arte, Multiletramento
e Cultura (III LAMCULT), intitulada “O Nordeste e sua cultura por
toda parte”. O evento foi realizado em formato on-line entre os dias
21 e 24 de setembro de 2021. Na oportunidade também estive-
ram envolvidos o poeta e cordelista Chico Mulungu, a atriz parai-
bana Zezita Matos e o Diretor do Memorial Augusto dos Anjos, José
Aderaldo Elias.
Os extensionistas promoveram a divulgação do evento entre os
estudantes do Curso de Jornalismo da UEPB. Além disso, a extensio-
nista Bruna Araújo e a coordenadora do projeto Ada Guedes apre-
sentaram o tema “Redes Culturais – Estratégias de fortalecimento e
visibilidade da cultura e seus representantes”. Nesta oportunidade
mostramos como redes culturais existentes no contexto paraibano
são importantes para a consolidação do próprio fazer cultural.
A segunda frente dialógica foi constituída através de deman-
das que não estavam previstas no projeto, mas que trouxeram
contribuições significativas para a promoção de personagens e
29
saberes culturais. Entre estas atividades estão os convites rece-
bidos pelo projeto para dialogar em disciplinas do Curso de
Jornalismo, a exemplo do que ocorreu junto ao componente curri-
cular Folkcomunicação e Cultura Popular, no qual o extensionista
Eduardo Gomes foi requisitado pelo professor da disciplina, Dr.
Luiz Custódio da Silva, para mediar um encontro com a turma, em
parceria com um dos interlocutores e fonte jornalística do projeto,
o professor, contador de histórias e ativista cultural Radamés Alves
da Rocha Silva.
A terceira frente dialógica tomou como fundamento a entre-
vista, enquanto técnica jornalística, como meio para a promoção do
conhecimento entre pessoas da cultura e estudantes extensionis-
tas. A cada encontro, houve a promoção de novos conhecimentos e
a ressignificação de saberes que estimularam olhares plurais para à
cultura como inclusão social e para o jornalismo como instrumento
da democratização da informação. Neste sentido, foram realizadas
nove entrevistas com produtores culturais e artistas, e vale destacar
que parte deles, se tornaram parceiros do projeto, sempre trazendo
contribuições para o desenvolvimento de conteúdo jornalístico do
projeto. Tais entrevistas culminaram em matérias publicadas no
website Campina Cultural, com divulgação também via perfil do
projeto na rede social Instagram para fins de engajamento para as
páginas das redes sociais dos interlocutores.
30
conhecimentos distintos, nos propomos a uma experiência forma-
tiva que não busca apenas uma hiperespecialização, mas, sobrema-
neira, o conhecimento técnico e científico plural.
Neste espectro, mãos parceiras se somaram ao desenvol-
vimento e continuidade da proposta e fomentaram a diretriz da
interprofissionalidade (FORPROEX, 2012). Do ponto de vista da
Sociologia, estabelecemos colaboração direta com o então Pró-
Reitor de Cultura e Mestre em Ciências Sociais José Cristóvão de
Andrade, que nos auxiliou no entendimento sobre cultura como
elemento de inclusão social. Além disso, houve as contribui-
ções do Doutor em Artes Visuais Radamés Alves Rocha da Silva,
com sua experiência e estudos atentos a práticas de valoriza-
ção da cultura em comunidades locais e do professor Doutor em
Educação e Membro do Grupo de Pesquisa Comunicação, Cultura
e Desenvolvimento (CNPq/UEPB) Antônio Roberto Faustino da
Costa, que fomentou a exploração de conhecimentos relacionados
aos estudos da Folkcomunicação.
Com cada uma destas contribuições, buscamos “imprimir às
ações de Extensão Universitária a consistência teórica e opera-
cional de que sua efetividade depende” (FORPROEX, 2012, p. 32).
Assim, o conhecimento na produção jornalística especializada em
cultura, que fundamenta as bases do projeto, foi capaz de alcançar
resultados tanto na formação dos discentes envolvidos como no
desenvolvimento de produtos experimentais que protagonizaram
as pessoas da cultura na Região Geográfica Imediata de Campina
Grande. São alguns dos produtos desenvolvidos o website, editorias
especializadas em cultura e o perfil no Instagram.
A concepção do website11 se deu a partir de um duplo interesse
dos estudantes extensionistas do projeto: exercer a prática do jor-
nalismo cultural no adverso contexto epidemiológico da COVID-19
no ano de 2021 e, ao mesmo tempo, mobilizar a sociedade para as
demandas da cultura local a partir das vozes daqueles que atuam no
31
setor cultural. Houve investidas na identidade visual da proposta,
perpassando pela criação do logotipo, seleção cromática, desenvol-
vimento de conceito-manifesto, além de investidas nos estudos da
arquitetura da informação e de atualizações de SEO - Search Engine
Optimization (otimização para mecanismos de busca).
Com o site criado, o projeto também foi capaz de desenvolver
três editorias próprias de cultura: a Editoria Feito, composta por
reportagens que tratam da força criadora, dos feitos de artistas e
ativistas culturais, sobretudo, a partir da narrativa de seus idea-
lizadores; a Editoria Fato, articulada em entrevistas temáticas no
formato pingue-pongue e que evidenciam as relações entre cultura
e aspectos sociais relacionados a grupos minorizados e populações
vulneráveis; e a Editoria Gente, constituída por perfis jornalísti-
cos com olhares para personagens que estão fora dos holofotes da
mídia tradicional.
Diante destes resultados, os extensionistas desenvolveram
uma rotina produtiva atenta à produção de conteúdo com caráter
jornalístico, informativo e de entretenimento, publicizados, tam-
bém, por meio de um perfil na rede social Instagram12. Nesta pla-
taforma, os estudantes desenvolveram produtos que não estavam
previstos no texto do projeto, a exemplo das colagens digitais que
“tornou-se exitosa de modo que contribuiu para que o perfil do pro-
jeto pudesse alcançar, antes de completar o terceiro mês de ativi-
dades on-line, o segundo maior número de seguidores” (ARAÚJO
et al, 2021, p. 6) entre as atividades de Extensão nas quais tinham
estudantes de Jornalismo envolvidos em seus fazeres.
32
al (2021, p. 29) que a compreende como “a quarta dimensão da
tríade constitutiva” e seguem apontando que o Ensino, a Pesquisa,
a Extensão e a Cultura são “dimensões articuladas que ampliam a
compreensão da função social” da universidade.
O estímulo à autonomia e à dignidade do estudante com vistas
a tal indissociabilidade possibilitou que o aluno extensionista deste
projeto fosse compreendido como “protagonista de sua formação
técnica” e, também, de sua “formação cidadã – processo que lhe
permite reconhecer-se como agente de garantia de direitos e deve-
res e de transformação social” (FORPROEX, 2012, p. 32).
A sala de aula, portanto, esteve na comunidade e junto a ela.
Buscamos construir caminhos para que o estudante extensionista
do Campina Cultural pudesse adquirir um perfil profissional com
“sólida formação acadêmica na especificidade do jornalismo e,
igualmente, com formação cultural, ética, humana, crítica e cientí-
fica que permita lidar com os fundamentos da profissão tanto no
campo profissional quanto no campo científico” (UEPB, 2016, p.
35).
33
e aproximar o jornalismo da cultura. Em nossa rotina produtiva, a
entrevista – fazer comum no jornalismo – foi o recurso estratégico
de diálogo e de ênfase no aspecto de inclusão social visto nos feitos
de nossa gente.
Uma terceira conquista é sem dúvida, o fato do projeto con-
seguir conceber um veículo experimental que, a cada dia, se for-
talece como fonte jornalística, tanto para estudantes do Curso
de Jornalismo como, também, para a própria mídia tradicional,
que poderá acessar conteúdo especializado em cultura que possa
escapar às suas pautas cotidianas e inseri-los em suas produções.
Assim, novas oportunidades de midiatização de saberes da cultura
e valorização de artistas, ativistas e produtores culturais estarão
disponíveis para acesso, produção e consumo na Região Geográfica
Imediata de Campina Grande.
A quarta e última conquista se apresenta aqui como um cons-
tructo de resultados que contempla alcance de público, cobertura
midiática e produtos desenvolvidos somente no primeiro ano de
atuação do projeto. Com a criação de 01 website, 01 perfil na rede
social Instagram, 20 cidades contempladas, 06 treinamentos inter-
nos, 04 produções técnicas/instrucionais, 04 participações/media-
ções de eventos, 07 produções artísticas, 09 matérias jornalísticas,
01 relato de experiência, 01 artigo científico, 42 notas sobre artis-
tas/eventos, 458 peças gráficas e 587 pessoas envolvidas direta
e indiretamente. Um trabalho, feito majoritariamente através de
mídias digitais, capaz de fazer circular debate e reflexão sobre a cul-
tura local e regional mesmo em tempos de distanciamento social.
Considerações finais
34
auto reconhecimento de habilidades tanto dos estudantes envolvi-
dos quanto dos artistas e produtores culturais locais. Uma inicia-
tiva fruto dos esforços e protagonismo dos discentes envolvidos
e do fomento do Programa de Concessão de Bolsas de Extensão
(PROBEX), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Um trabalho que cresce e se fortalece a cada dia, a cada traba-
lho desenvolvido, não apenas interagindo com as redes culturais,
mas sendo também um mecanismo de fortalecimento dessas redes.
Assim, mesmo surgindo a partir da intenção de ser campo de visi-
bilidade, o projeto hoje é agente do fazer cultural, integra uma rede
de agentes culturais. De modo que, as bases iniciais não comportam
mais as ideias que surgem, bem como as ações que se desenvolvem.
Neste trabalho, que é extensionista, se faz também pesquisa,
se dialoga com o ensino de forma constante, se apresenta com múl-
tiplas potencialidades e já busca ocupar novos espaços e imple-
mentar novos fazeres, numa emergente necessidade de ampliação
de suas ações.
Referências
35
IBGE, Coordenação de Geografia. Divisão Regional do Brasil
em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas
Intermediárias 2017. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-territorio/
divisao-regional/15778-divisoes-regionais-do-brasil.html?=&t=a-
cesso-ao-produto. Acesso em: 14 out. 2022.
36
ANTI-HORÁRIO E ESTUDANTES DE ESCOLAS
PÚBLICAS DESENVOLVEM NARRATIVAS POSITIVAS
EM CONTRAPONTO AO NOTICIÁRIO SOBRE COVID-19
Introdução
37
período em que 619.056 brasileiros morreram3 em decorrência da
Covi-19.
Não foi uma decisão fácil, em meio ao caos provocado pela
pandemia, continuar com esse viés noticioso propositivo que marca
o projeto Anti-horário desde a sua criação, em 2018. Mas, havia a
percepção de que dar visibilidade para ações, projetos e demais res-
postas aos desafios sociais seriam essenciais para demonstrar que,
mesmo no meio de um acontecimento tão avassalador e imponde-
rável, há histórias inspiradoras para serem contadas e encherem o
público de esperança
Com o claro objetivo de produzir conteúdos inspiradores e
capacitar estudantes de escolas públicas de Campina Grande para
produção de histórias positivas sobre seu cotidiano, o projeto tinha
o desafio de jamais colocar em risco qualquer pessoa envolvida
na execução de suas ações. No total, dez estudantes de graduação
(sendo um bolsista e nove voluntários) participaram das ações do
projeto, que capacitaram cerca de 60 alunos de escolas públicas.
Dessa forma, em julho de 2020, o projeto foi completamente
adaptado para ser desenvolvido de forma remota. Em 2021, embora
já houvesse a expectativa da vacinação contra a doença permitir o
retorno das atividades presenciais nas instituições de ensino4, o
projeto foi estruturado para ocorrer novamente de maneira remota.
Nos próximos tópicos, serão apresentadas as atividades de
extensão, que tiveram como referencial teórico principal o gênero
jornalístico Entrevista (LAGE, 2011), jornalismo live streaming
(SILVA, 2008) e jornalismo de soluções (LOOSE, 2019), realizadas
nesse período. Espera-se que este relato possa contribuir para a
preservação da memória dos processos, narrativas e produtos
midiáticos, materializados graças aos esforços de jovens universitá-
rios, de estudantes e de educadores de escolas públicas de Campina
38
Grande, que ousaram construir uma realidade inspiradora em meio
ao caos da Covid-19.
5 O artigo foi publicado na revista Leia Escola e está disponível em: http://revis-
tas.ufcg.edu.br/ch/index.php/Leia/issue/view/N%C3%BAmero%20Especial.
Acesso em: 03 out 2022.
39
na maior parte da população, o Anti-horário resistia e ainda em
março elaborava e submetia, de forma remota, resumo ao 9º CBEU6.
Com o gradativo aumento da gravidade da pandemia, as ativi-
dades do Anti-horário ficaram suspensas durante os meses de abril,
maio e junho. A única exceção foi a redação do artigo “Produção de
narrativas audiovisuais em sentido anti-horário: empoderamento
de estudantes de escolas públicas”, efetuada pelo coordenador
e pela bolsista do projeto. Ele foi submetido e publicado no livro
“Mídias sociais, gênero e política no cenário brasileiro”.
Mesmo sabendo da importância desse tipo de produção
bibliográfica, havia o desejo de retomar o contato com a comuni-
dade e desenvolver produtos e serviços para beneficiá-la direta-
mente. Em julho de 2020, a equipe do Anti-horário participou de
uma videoconferência, por meio da plataforma Google Meet, para
avaliar a retomada das atividades e ficou decidido o caminho para
atingir esse objetivo: ministrar oficinas de jornalismo móvel, origi-
nalmente planejadas para ocorrerem presencialmente, via internet.
Aliás, todo o processo, desde a preparação das oficinas até a apre-
sentação dos trabalhos desenvolvidos pelos estudantes, ocorreu de
forma remota. Antes, os professores de escolas públicas foram son-
dados sobre a pertinência da execução do treinamento na modali-
dade remota.
Com a resposta positiva dos profissionais das instituições de
ensino, a equipe do projeto começou a definir a reconfiguração das
oficinas. Elas seriam ministradas por meio da plataforma Google
Meet. Esta foi escolhida por já ser adotada institucionalmente pela
UEPB e, assim, facilitar o desenvolvimento das atividades pelos
estudantes de jornalismo. Com relação aos secundaristas, a plata-
forma escolhida, por ser bastante intuitiva e amplamente conhe-
cida, provavelmente melhoraria o engajamento e a participação
desses adolescentes ao longo do curso.
6 O trabalho foi aceito, apresentado e faz parte dos anais do evento. Disponível em:
https://www.ufmg.br/cbeu/wp-content/uploads/2022/09/AnaisCBEU-ufmg-
unifal-com.pdf. Acesso em: 05 out 2022.
40
No mesmo mês de julho, também foi oficializada a parceria
do projeto com a FLIC, por meio do Repórter Literário. Mais uma
vez, os estudantes de jornalismo iriam capacitar adolescentes de
escolas públicas para participarem da cobertura do evento. Mas,
dessa vez, em acordo com a equipe da FLIC, ficou acertado que os
secundaristas iriam ser capacitados por meio do ensino remoto e o
produto final do treinamento seria uma série de entrevistas7 com
autores paraibanos. Elas seriam produzidas por meio do Google
Meet e publicadas em formato de texto no Blog da FLIC.
O conteúdo das oficinas de jornalismo móvel também preci-
sava ser redefinido. Foram realizadas duas reuniões para debater
ideias referentes ao novo formato do treinamento direcionado aos
secundaristas. Uma com a bolsista e voluntários do Anti-horário e
outra, para fechamento das propostas e encaminhamentos, dos uni-
versitários com o coordenador do projeto. Nela, foi definida a nova
proposta para o produto final da oficina, o qual teria como tema
central das narrativas, que seriam produzidas pelos adolescentes, a
“Beleza nas pequenas coisas”. O objetivo era desafiar o adolescente
a enxergar a beleza existente no cotidiano domiciliar, mesmo em
pleno isolamento social. Em seguida, cada equipe usaria o conhe-
cimento adquirido na oficina para construir um vídeo, com até um
minuto de duração, sobre essas belezas “invisíveis”.
Betto (2018) garante que o processo de ensino e aprendi-
zagem deve ir além do material didático convencional. O conte-
údo audiovisual seria apresentado aos colegas de turma e havia a
expectativa de ajudá-los a enfrentar a quarentena com mais suavi-
dade, percebendo o belo que insiste em ficar escondido dos olha-
res menos atentos, mas que permeia a nossa vida todos os dias. A
questão era como captar tudo isso sem sair de casa, construir uma
narrativa caracterizada pela sensibilidade e com a intenção de levar
à audiência para a reflexão sobre a invisibilidade desses episódios
41
cotidianos, os quais, paradoxalmente, são tão importantes para
vida de cada pessoa.
Dessa forma, mais uma vez, o projeto buscou contribuir para
a construção de narrativas que apresentem um lado da realidade
quase que totalmente esquecido pela maioria da mídia hegemô-
nica: a beleza inerente à vida social.
42
jornalísticos como estratégias didáticas, mas, sobretudo, o diálogo
e troca de saberes era a prioridade do processo de ensino oferecido.
Partia-se do pressuposto de que ensinar não significa transferir
conteúdo, mas gerar condições para a produção do conhecimento
pelos próprios estudantes (FREIRE, 1996).
Assim, sempre houve o cuidado de levar em consideração e
aproveitar o conhecimento que os estudantes já possuem, por
exemplo, sobre a produção audiovisual com smartphones, um dos
dispositivos digitais mais comuns na produção de conteúdo base-
ado na perspectiva do jornalismo móvel (SILVA, 2015). A ideia é
que a aula fosse tão interativa quanto uma live8.
A oficina abordou conteúdos teóricos e práticos para a produ-
ção de narrativas jornalísticas audiovisuais, com uso de smartpho-
nes, dentro do escopo do projeto, que é o jornalismo propositivo,
adequando a temática abordada ao período de isolamento social
vivenciado. Ela ocorreu nos dias 01, 03 e 08 de setembro de 2020,
na plataforma Google Meet.
Ao longo desse período, a equipe manteve o contato perma-
nente com os adolescentes de forma remota, já que foi criado um
grupo no WhatsApp, onde ficaram disponibilizados arquivos com
o conteúdo sobre a oficina. No grupo, os universitários também
acompanharam a produção dos vídeos pelos estudantes, sempre
prontos para tirar dúvidas durante toda a execução do trabalho.
O conteúdo produzido foi apresentado e debatido pelos pró-
prios estudantes. Sem dúvidas, um espaço enriquecedor para per-
ceber que o belo resiste até mesmo em um momento tão doloroso
da história da humanidade. As narrativas desenvolvidas pelos
estudantes contribuíram para fazer um contraponto, junto à comu-
nidade escolar, à avalanche de notícias perturbadoras sobre a Covid-
19 e seus impactos econômicos, sociais e políticos. Embora estas
8 Transmissão audiovisual pela internet. Elas podem ser feitas por meio de platafor-
mas específicas ou a partir de ferramentas disponíveis em redes sociais como, por
exemplo, Instagram e Facebook.
43
notícias da grande mídia tenham sido relevantes para o combate da
doença, os relatos de esperança desenvolvidos pelos adolescentes
apresentavam uma espécie de luz no fim do túnel em meio ao caos.
Nos primeiros dias de setembro, simultaneamente, a equipe
do projeto preparou a oficina a ser ministrada para estudantes
do Ensino Fundamental que participariam da cobertura da FLIC.
A oficina do Repórter Literário teve início no dia 10 de Setembro,
também na plataforma Google Meet, contando novamente com a
participação dos alunos beneficiados anteriormente e que, por isso,
já possuíam habilidades necessárias para assumir uma nova mis-
são: entrevistar autores paraibanos pela internet.
O primeiro conteúdo abordado foi a entrevista pingue-pon-
gue . Os adolescentes aprenderam noções básicas desse gênero
9
44
entrevistas. Finalmente, foi estabelecido um prazo para a entrega
das entrevistas10 editadas.
Depois da edição das entrevistas, a equipe do projeto de exten-
são, juntamente com uma das professoras dos secundaristas, revi-
sou todo o material encaminhado pelos alunos e realizou os ajustes
necessários para a publicação do material, que ocorreu ao longo da
3ª edição da FLIC, realizada on-line de 08 a 12 de outubro de 2020.
Ao final de todo esse processo, ficou a evidente ser possível
trabalhar com a extensão mesmo sem sair de casa. Sobretudo, ape-
sar de um ano tão difícil, havia a doce sensação de dever cumprido
e a alegria de contribuir para melhorar o ensino nas escolas públi-
cas, além de construir narrativas positivas em plena pandemia da
Covid-19.
45
Estudantes da rede municipal de ensino de Campina Grande,
mais uma vez, foram beneficiados. Com a parceria da Secretaria de
Educação de Campina Grande (SEDUC), ficou mais fácil e rápido
divulgar a proposta para o público-alvo. Com o know-how adquirido
no ano anterior, a equipe do Anti-horário rapidamente desenvolveu
o formulário de inscrição, que foi disponibilizado on-line. A divul-
gação do curso contou com material audiovisual e banners, desen-
volvidos pelos integrantes do Anti-horário e da FLIC.
Na tarde de 9 de março de 2021, durante aproximadamente
uma hora e meia, estudantes do curso de jornalismo apresenta-
ram conceitos sobre fotojornalismo e, principalmente, informaram
como usar smartphones e aplicativos para melhorar a produção de
fotografias. Várias imagens foram usadas para inspirar os secun-
daristas. Afinal, eles teriam como missão, para colocar em prática
o conhecimento construído coletivamente, registrar “Todas as for-
mas do ler”.
Exatos 20 dias foram destinados para o trabalho ficar conclu-
ído. Houve, obviamente, a orientação para os estudantes não corre-
rem riscos, como fazer aglomerações ou deixar de usar máscaras,
na execução da atividade. O resultado apresentado demonstrou
que as recomendações foram seguidas e que os adolescentes efetu-
aram um excelente trabalho sem correr riscos. Por exemplo, houve
um percentual considerável de autorretratos. As fotos foram anali-
sadas, selecionadas e publicadas por integrantes do Anti-horário e
da FLIC, que compuseram a curadoria da mostra fotográfica11.
Em paralelo, já estava sendo efetuado o mapeamento de pos-
síveis entrevistados a participarem das “Lives inspiradoras”. O
objetivo principal era dar visibilidade para ações que contribuem
com a execução dos ODS. Assim, os integrantes do projeto pratica-
vam o jornalismo de soluções, caracterizado por dar visibilidade
46
às respostas para problemas sociais (LOOSE, 2019), e o chamado
jornalismo live streaming.
Conforme Silva (2008), este foi possível com o avanço dos dis-
positivos digitais e o contínuo processo de renovação do jornalismo
amparado pela evolução tecnológica. O autor foi o primeiro a expli-
car essa nova modalidade jornalística.
47
sustentável. Um dos destaques do diálogo foram as dicas sobre
como economizar, ficar na moda e ainda contribuir para um mundo
mais sustentável.
O próximo bate-papo enfocou uma questão ainda mais urgente
durante a pandemia da Covid-19: “Educação de qualidade”. Dessa
vez, a educomunicadora e uma das idealizadoras da FLIC, Iasmin
Mendes, explicou como superar os desafios para melhorar o ensino
e a aprendizagem nas escolas. Ela destacou como agentes da socie-
dade civil organizada podem ajudar nessa tarefa e detalhou como a
FLIC ajuda a melhorar a qualidade da educação pública em Campina
Grande.
Na véspera de São João, no dia 23 de junho de 2021, foi a vez
de aprender mais sobre agroecologia. A produtora agroecológica,
Marlene Pereira, e o professor do Departamento de Biologia da
UEPB, Simão Lindoso, conversaram com o Anti-horário sobre agri-
cultura sustentável. Em tempo real, as pessoas que acompanhavam
a entrevista, podiam fazer perguntas e faziam comentários, apro-
veitando a maior interatividade com o público proporcionada pela
apropriação dessa tecnologia. Essa interatividade foi buscada em
todas as lives.
A última entrevista teve como convidado Carlos Thadeu, res-
ponsável pela área de advocacy da ONG Pimp My Carroça e do App
Cataki. As várias ações realizadas pela organização foram aborda-
das na conversa, que tinha como temática principal “Comunidades e
cidades sustentáveis”. Ele salientou a importância vital das pessoas,
que percorrem as ruas das grandes cidades em busca de material a
ser reciclado, para um mundo mais sustentável.
Depois da realização de quatro lives, todas as entrevistas
tinham recebido em torno de 500 visualizações. A equipe percebeu
que o formato não havia agradado o público-alvo do projeto e resol-
veu cancelar a realização de novas entrevistas e investir na produ-
ção de outros tipos de conteúdo sobre os ODS. De todo modo, sete
mil visualizações das postagens realizadas baseadas nos 17 ODS,
no perfil do Anti-horário no Instagram, foram obtidas até setembro
48
de 2021. Os Reels elaborados alcançaram mais de 6 mil pessoas.
Dados que demonstram a grande visibilidade alcançada pelos ODS,
graças ao conteúdo produzido pelos universitários.
No mês seguinte, começou o planejamento de mais uma ação
para colocar os ODS em pauta principalmente perante a comu-
nidade estudantil de ensino Médio e Superior. Em parceria com
a FLIC e o IFPB, campus Campina Grande, o projeto Anti-horário
iria viabilizar a construção de um podcast sobre os ODS, que seria
produzido por estudantes de escolas públicas de Campina Grande.
Novamente, todas as ações seriam desenvolvidas on-line, desde a
inscrição dos estudantes até a divulgação e difusão dos episódios
que eles produziriam.
As oficinas, que capacitaram os alunos de escolas públicas
sobre a teoria e práticas inerentes ao processo de elaboração de
podcast jornalístico, ocorreram durante o mês de novembro na
plataforma Google Meet. A novidade desse curso foi a criação de
uma sala no Google Classroom, onde todo material oferecido nos
encontros síncronos estavam disponíveis, além de conteúdos com-
plementares. A plataforma também podia ser usada para os discen-
tes tirarem dúvidas com os universitários, que ainda respondiam
as demandas dos futuros podcasters em um grupo no WhatsApp.
Em um dos encontros da oficina, ficou decidido com os estu-
dantes que o nome do podcast seria ODS Cast Literário, a duração
de cada episódio deveria ser de 15 a 20 minutos e quais os ODS
abordados. No total, foram produzidos quatro programas que estão
disponíveis na plataforma Spotify12. Em cada um deles foi entre-
vistado um escritor paraibano, indicado pela FLIC. A conversa teve
como tema central uma das obras desses escritores, que dialogava
com ODS. Os entrevistadores precisavam ter lido o livro previa-
mente e também estudaram sobre os 17 ODS.
49
Dessa forma, o projeto Anti-horário, junto com a FLIC e o IFPB,
conseguiu estimular a leitura de autores paraibanos, a interação
dos estudantes de escolas públicas com esses escritores e a apro-
priação pelos discentes de técnicas jornalísticas para a produção de
conteúdo que colocava em pauta alguns dos ODS. Mesmo ainda em
um contexto de ensino remoto, foi possível incentivar a cooperação
e a divisão de responsabilidades entre os adolescentes, por meio
do trabalho em equipe que resultaria na materialização do podcast
planejado anteriormente. Além disso, os estudantes capacitados
passavam a ser multiplicadores dos ODS em suas escolas, famílias
e comunidades.
Considerações finais
50
Graças ao trabalho árduo dessas pessoas, foi possível chegar
até a comunidade por meio da internet. Ir a campo ganhou outra
dimensão nesse período. Sem sair de casa, os discentes do curso
de jornalismo mostraram que as tecnologias digitais conectadas
à internet, como já previa Lévy (1990), permitem superar barrei-
ras geográficas e viabilizam ferramentas para melhorar o ensino e
aprendizagem de estudantes de escolas públicas.
Os futuros jornalistas também produziram conteúdo inova-
dor de forma remota. Comprovaram que é possível se apropriar de
gêneros clássicos do jornalismo, como a Entrevista, e a ressignifica-
ram ao instigarem uma participação mais ativa do público na con-
versa com o entrevistado. Afinal, por meio de sites de redes sociais,
a audiência tem um maior potencial de interagir com entrevistador
e entrevistado.
Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, as ações remo-
tas de extensão aconteceram de forma relativamente tranquila,
após a criação de rotinas de trabalho específicas para o momento
vivenciado, e apresentaram resultados significativos. Universitários
e comunidade continuaram a aprender mutuamente e desenvolve-
ram conjuntamente diversos bens simbólicos que vislumbram a
existência de um mundo mais justo e fraterno em gestação.
Referências
51
LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista. São
Paulo: Record, 2011.
52
SOCIALIZANDO EM REDE: ADAPTAÇÃO
E SUPERAÇÃO ACADÊMICAS EM MEIO
À CRISE SANITÁRIA DO SÉCULO XXI
Introdução
53
pois tal enfermidade atingira escalas globais (ORGANIZAÇÃO PAN-
AMERICANA DA SAÚDE, 2020; ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE
SALUD, 2020).
As medidas de prevenção e as formas de contágio logo foram
disseminadas e compartilhadas por meio da internet. Pesquisadores,
infectologistas e profissionais de saúde foram unânimes em orien-
tar a população quanto aos hábitos de higiene e ao urgente distan-
ciamento social. As relações laborais logo foram substituídas pelo
trabalho remoto, incluindo escolas e universidades, atendendo as
medidas emergenciais (ALVES, 2020). Nessa direção, de acordo
com Maia, Dorneles, Barrancos e Llarena (2021):
54
Na sequência, publicou a Portaria nº 0014/2020, que “dispõe
sobre a suspensão das atividades letivas na UEPB, em face à pro-
pagação e infecção iminentes do Coronavírus” (UNIVERSIDADE
ESTADUAL DA PARAÍBA, 2020b, on-line). E, visando orientar a
comunidade universitária, efetivou protocolos de segurança laboral
acerca da adaptação das atividades universitárias, também aprova-
dos pelo CONSEPE/UEPB via Resolução nº 0229/2020:
55
Assim como as demais atividades acadêmicas e serviços pro-
movidos pela instituição em tela, o nosso projeto extensionista
também se reconfigurou, adequando-se ao uso exclusivo das tecno-
logias da informação e comunicação. Nesse contexto, os objetivos
específicos foram: (a) selecionar temas atuais e palestras pales-
trantes de alta performance; (b) organizar equipe para o manu-
seio das tecnologias da informação e comunicação em ambiente da
transmissão dos eventos on-line; (c) criar e gerenciar o Instagram
como mecanismo de marketing e de divulgação das palestras; (d)
realizar eventos de alta performance.
Assim, buscamos nesse documento relatar a nossa experi-
ência, oriunda do processo de socialização do conhecimento no
ambiente digital, adaptando-nos e superando os desafios impostos
em meio à crise sanitária do século XXI.
56
de base de dados no fazer da ciência” e “A construção do conheci-
mento remoto em tempos de infobesidade”, somando 363 inscritos,
238 participantes on-line e 202 certificados emitidos, perfazendo o
nosso universo de análise.
No tocante aos formulários e aos questionários aplicados,
seguiram as seguintes estruturas:
57
gráficos em estilo de colunas, tornando didática a sua apresentação
e a sua análise interpretativa.
Descrição e análise
58
QUADRO 1: Levantamento das 20 publicações da BRAPCI, ano 2020-2020
Título Revista
59
Assim, visando atender os temas big data, ciência aberta aberta
e fake news, construiu-se a primeira palestra “Caminhos da pes-
quisa científica: acesso e uso de base de dados no fazer da ciência”,
cujas palestrantes foram duas doutoras; 1 (uma) da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB) e a outra da UEPB.
A segunda palestra, nominada “A construção do conheci-
mento remoto em tempos de infobesidade”, ministrada também
por 2 (duas) doutoras, a época ambas vinculadas à UEPB, incluía os
temas infobesidade, saúde mental e informação e trabalho remoto
(home office).
Foi com base nos currículos (CONSELHO NACIONAL DE...,
2020), prezando pela excelência acadêmica, que selecionamos tais
palestrantes para os dois eventos.
60
Do alcance das palestras: instituições inscritas
e formação acadêmica / área de atuação
61
As instituições participantes em sua maioria foram públicas,
a exemplo da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte
e de uma Escola Pública de nome não especificado no formulário.
Estando vinculadas às instituições, as áreas de formação acadêmica
e/ou de atuação dos participantes também foram diversificados por
meio dos seguintes cursos: Arquivologia (125), Biblioteconomia
(27), Letras – Espanhol/ Língua Portuguesa (15), História (8),
Ciência da Informação (7), Biologia e Contabilidade / Ciências
Contábeis (5), Relações Internacionais (4), Pedagogia / Ciência da
Educação (3), Gastronomia (2) e Administração, Agronomia, Arte,
Comunicação, Hotelaria, Memória Social, Mestrado em Formação
de Professores, Psicologia Social e Organizacional, Nutrição,
Odontologia, Psicologia Social e Organizacional e Serviço Social (1),
dispostas na FIGURA 2:
62
“Caminhos da pesquisa científica: acesso e uso de base de dados
no fazer da ciência” e palestra 2 “A construção do conhecimento
remoto em tempos de infobesidade”, em momentos distintos deste
estudo.
63
Quanto ao conteúdo da palestra, se foram apresentadas de
maneira dinâmica e objetiva, como demonstrado na FIGURA 4, a
resposta mais prevalecente com 81,5% de adesão foi a de maior
nível (5) concordando totalmente, já 16% concordaram embora
não totalmente (4), 1,7% nem concordaram nem discordaram (3),
enquanto 0,8 discordaram totalmente (1).
64
Ainda avaliando as palestrantes, outra questão quis revelar se a
linguagem usada fácil e compreensível, entendendo que a proposta
da palestra 1 era atender um público heterogêneo, englobando
diversos níveis e áreas do conhecimento. Os resultados dispostos
no gráfico a seguir (FIGURA 6) podem consideram que a proposta
foi atendida, contemplando que 73,1% concordam totalmente que
sim (5), 21%, concordaram (4), 5,9% nem concordaram nem dis-
cordaram (3), as duas outras opções (1 e 2) não foram marcadas
pelos participantes.
65
FIGURA 7: Processo de mediação colaborou com o desenvolvimento da palestra 1
66
Podemos asseverar, com base nas respostas do questionário
fechado, que o evento foi satisfatório na escolha dos temas e das
palestrantes.
67
Da avaliação da palestra 2: plataforma, conteúdo, palestrante,
mediação e tempo
68
Para a questão, com intuito de saber se o conteúdo da pales-
tra foi apresentado de maneira dinâmica e objetiva, a resposta mais
presente foi a de nível 5 com 89,2% de adesão concordando total-
mente, 8,4% concordaram (4) e 1,2% discordaram totalmente (1),
como explicitado na FIGURA 10.
FIGURA 10: Conteúdo da palestra 2 foi apresentada de maneira dinâmica e objetiva
69
“As palestrantes usaram linguagem fácil e compreensível?” foi
a pergunta que deu origem a FIGURA 12, cujas respostas eviden-
ciaram que: 89,2% consideram totalmente que sim (5), 9,6%, con-
cordaram (4), 1,2% discordam totalmente e as respostas 2 e 3 não
foram marcadas pelos participantes.
70
A última pergunta para compreender se o tempo para os pales-
trantes foi suficiente, observou que 77,1% concordam totalmente
(5), 21,7% consideram que sim (4) e 1,2% discordaram (1) desse
aspecto e as outras duas outras opções (2 e 3) não foram marcadas
pelos participantes (FIGURA 14).
71
palestra anterior, de acordo com os comentários, o evento deixou
uma excelente impressão nos participantes.
As sugestões de temas de interesse vinculadas à comunicação
científica e à metodologia da pesquisa possuem temas diversos
de interesse dos participantes, tais como: Ciência da Informação/
Biblioteconomia, arquivo / Arquivologia, pós-humanismo, pós-
-modernidade, inclusão escolar, aprendizado on-line, entre outros.
Algumas sugestões convergem para temas que abordam a pande-
mia, tecnologia da informação/ internet e pesquisa científica.
Como resultados, além de atender à comunidade do Campus V
da UEPB, os eventos promoveram a participação de várias universi-
dades brasileiras. Desta forma, esses dados apontam que foram ele-
vados o debate e a reflexão de temas acerca da ciência e da pesquisa
científica, ultrapassando os limites territoriais da região nordeste,
disseminando de forma amplificada a UEPB como almejado. Diante
dos resultados obtidos com os instrumentos de coleta de dados,
podemos afirmar que essa proposta alcançou o desenvolvimento
técnico-científico, conseguindo atingir os objetivos propostos no
processo de reformulação estrutural do projeto.
Considerações finais
72
e nacionais. Portarias e resoluções foram aprovadas legitimando
que as atividades universitárias fossem efetivamente remotas.
Professores tiveram que atender tais demandas e reconfigurar as
formas de ensino, de pesquisa e de extensão. Assim, o nosso projeto
foi redirecionado a cumprir metas exequíveis dentro da proposta
extensionista e considerando a nova forma de operar exclusiva-
mente de modo remoto.
Assim, em meio a uma reconfiguração abrupta em 2020 das
atividades universitárias, superamos as adversidades impostas
pelo momento pandêmico, reinventando-nos enquanto proposta
extensionista, atendendo academicamente 238 usuários-inter-
nautas, que participaram on-line de nossos 2 (dois) eventos pro-
movidos, a saber, “Caminhos da pesquisa científica: acesso e uso
de base de dados no fazer da ciência” e “A construção do conheci-
mento remoto em tempos de infobesidade”. Destes, emitimos 202
certificados aos seus participantes.
Contribuímos notoriamente para divulgação da UEPB
enquanto produtora e disseminadora de saberes, envolvendo a
comunidade universitária interna e externa de forma direta, origi-
nando reflexões e a percepção diferenciada acerca de temas atuais
no âmbito da produção científica em tempos de pandemia.
Referências
73
BRAPCI, 2022. Disponível em: https://www.brapci.inf.br/. Acesso
em: 22 ago. 2022.
74
int/csr/disease/swineflu/frequently_asked_questions/pandemic/
es/. Acesso em: 8 fev. 2021. Acesso em: 10 ago. 2022.
https://periodicos.ufpb.br/index.php/tematica/article/
view/58296/33085. Acesso em: 22 ago. 2022.
75
RICHARDSON, Roberto Jerry. Pesquisa social: métodos e técnicas.
São Paulo: Atlas, 1999.
76
COMUNICAÇÃO E INTERPROFISSIONALIDADE
NA PANDEMIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
SOBRE O PROJETO ATIVA IDADE
Introdução
77
O projeto Ativa Idade - Envelhecimento Saudável na
Comunidade atua na UBS Antônio Aurelio Ventura, a unidade faz a
cobertura dos conjuntos habitacionais: Rogério Lustosa (conhecido
por Cinza) e João Agripino. Possui seis micro áreas geográficas. A
renda familiar da população assistida é entre ½ e 4 salários míni-
mos, sendo uma média de 2 salários mínimos. A população esti-
mada é de 3.100 habitantes, sendo 360 pessoas idosas, destes 15
domiciliados e 17 acamados, sendo entre eles as doenças mais pre-
valentes: hipertensão, diabetes, artroses, artrites e outras (depres-
são, doenças respiratórias). A Equipe assiste a população idosa por
meio de atendimentos na UBS e em domicilio, atividades grupais,
realização de eventos, passeios e em parceria com as Universidades,
através dos projetos de extensão ATIVA IDADE e PET SAÚDE.
Antes do advento da pandemia, o Projeto tinha o objetivo
de estimular o envelhecimento ativo e saudável da comunidade.
Contudo, diante do contexto adverso pandêmico criou-se grandes
desafios no que se refere ao controle das fake news, da falta de
informações acerca da COVID-19 e de como devem ser efetivados
os cuidados preventivos. Logo, uma infodemia foi consolidada, pois
muitos indivíduos ficaram confusos e inseguros diante dessa situa-
ção. Vale salientar que, o uso excessivo das mídias sociais e da inter-
net contribuiu para esse fenômeno (INOUE et al., 2022).
Com isso, pode-se enfatizar que o grupo geriátrico ficou ainda
mais vulnerável, pois apesar do amplo acesso da sociedade a infor-
mações sobre a COVID-19, se sabia muito pouco como ocorria a
interpretação do conteúdo e qual era a sua fonte de recebimento
(ROE et al., 2022). Deste modo, os integrantes (docentes, precep-
tores e discentes de diferentes áreas de atuação) do projeto se
preocuparam e por meio de diálogos em reuniões, notou-se que,
apesar do distanciamento social, era de suma importância que o
cuidado à saúde do idoso se efetivasse. Assim, a promoção da saúde
foi somada as orientações sobre prevenção contra a Covid, combate
as fake news no âmbito da saúde pública, bem como, o incentivo à
prevenção por meio da utilização de álcool e máscara de proteção
facial.
78
Nesse sentido, se reinventar foi necessário, não só para que
o vínculo com os idosos da Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr.
Antônio Aurélio de Oliveira Ventura localizada no bairro Cinza,
município de Campina Grande – PB permanecesse, como também,
para realizar a perpetuação de conhecimentos verídicos sobre os
cuidados de prevenção da COVID-19, bem como, incentivar a per-
manência destes em casa e sempre reafirmando a importância de
se cuidar. Portanto, utilizou-se dos meios como as ligações telefôni-
cas, as redes sociais, como, por exemplo: o Instagram, aplicativo de
mensagem (WhatsApp) e as plataformas digitais, para também dis-
seminar conhecimentos relacionados ao trabalho interprofissional.
É importante salientar que a educação interprofissional em
saúde possui estratégias de ensino e aprendizagem, que são de
suma importância não apenas para os universitários se preparem
/ capacitarem para o mercado trabalho, como também, para que
seja efetivado um cuidado integral às necessidades da pessoa idosa
(JÚNIOR; MONTANARI; ÁVILA, 2018). Assim, para a criação de
conteúdos educativos em saúde para o Instagram, por exemplo, os
estudantes de cursos diferentes se uniam e elaboravam postagens
com linguagem clara e objetiva, imagens ilustrativas que visavam
o fácil entendimento, além disso, as letras utilizadas na produção
prezavam por facilitar a leitura e a compreensão do público idoso.
Torna-se evidente, portanto, que o Projeto Ativa Idade teve
papel fundamental na disseminação de informações da COVID-19
para idosos. Logo, a articulação do ensino-serviço-comunidade
proporcionou aos acadêmicos a ideia de que estes estão suscetíveis
a se transformarem e a construirem um olhar de saúde expandido,
uma vez que, oportuniza a realização de contribuições por meio
das práticas, que podem se transformar em práticas cada vez mais
articuladas e humanizadas. Assim, o presente relato de experiên-
cia tem o objetivo de mostrar o quão importante é uma comunica-
ção efetiva para esclarecer determinadas informações e para isso a
interprofissionalidade revelou-se essencial no Projeto Ativa Idade.
79
Descrição e análise teórico-metodológica
80
suas visitas domiciliares que ocorreram antes da consolidação da
pandemia da COVID-19, logo verifica-se que essa prática foi crucial
para a continuidade das atividades do projeto. Pois, o contato tele-
fônico era repassado para os extensionistas, logo depois, tendo em
vista a quantidade de membros da equipe e quantidade de idosos
interessados, era realizado a distribuição de forma igualitária dos
contatos telefônicos para iniciar as atividades.
Segundo Pereni-Santos (2022): “Aqui está o nó do problema: a
pandemia nos pede mais e mais confiança, ao mesmo tempo em que
ela cria um ambiente de profunda desconfiança”. Portanto, diante de
um contexto tomado pela desinformação, o projeto se propôs for-
necer orientações e dar suporte ao público de idosos com os recur-
sos que tinham. Com isso, vale frisar que fontes do Ministério da
Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) foram utilizadas,
tendo em vista que estes órgãos forneciam informações confiáveis.
Desta forma, nota-se que o projeto passou a contactar os idosos que
fazem parte do território da UBS do Cinza e compartilhou todos os
cuidados de prevenção que são necessários para interromper o
ciclo de contaminação da COVID-19.
Ademais, devido ao isolamento social se utilizou também do
aplicativo Instagram para proliferar informações relevantes, vale
enfatizar que o projeto já possuía uma conta na rede social (@
ativa_idadeuepb), mas que passou a utiliza-lá de forma ainda mais
ativa. Pois, a comunidade precisava ainda mais de uma iniciativa
que olhasse pela causa da pessoa idosa, já que estes foram consi-
derados do grupo de risco em razão das comorbidades e doenças
preexistentes. Todavia, infelizmente, poucas informações se tinham
sobre o vírus. Logo, é evidente que era algo muito novo para todos,
assim o projeto buscou de forma efetiva combater as desinforma-
ções que circulavam na época.
Nesse sentido, por meio de conteúdos educativos buscou-se
levar informações para os idosos da comunidade do Cinza, deste
modo estes receberam conteúdos de forma direta por meio de
aplicativos de mensagens, por meio de ligações telefônicas e ou
até mesmo os que acompanhavam por meio das redes sociais. É
81
evidente que por um lado foi proporcionado uma limitação explí-
cita no contato humano, porém pelo outro permitiu o alcance de
um grupo maior, inclusive, extramuros ao Projeto Ativa Idade e aos
acadêmicos da UEPB.
A respeito das postagens do Instagram, que conta com 507
seguidores hodiernamente (incluindo os idosos que foram atendi-
dos), tendo no total 139 publicações no feed (incluindo Reels), além
de corriqueiramente produzir conteúdo para os stories. As publi-
cações abordam temas distintos, todos pensados de acordo com
a proposta do projeto de contribuir para o envelhecimento ativo
e saudável da comunidade. O post que retrata sobre cuidados pós
vacina da covid foi o mais curtido (62 curtidas) e os posts sobre o
Estatuto do Idoso e 10 Motivos para celebrar a vida foram os mais
comentados com (13 comentários cada). Além de curtir e comentar,
a informação também pode ser divulgada, através do compartilha-
mento de postagem, sendo que o post referente ao porquê faz mal a
superproteção foi o mais compartilhado com (23 compartilhamen-
tos). Por se tratar de um perfil ligado a um projeto de extensão é
nítido o seu crescimento e sua aceitação social neste pouco tempo,
bem como a relevância dos conteúdos abordados e a sua contribui-
ção para a sociedade.
Para melhor exemplificar os dados obtidos pela atuação do
projeto no contexto pandêmico um quadro sinóptico com algumas
das publicações realizadas nessa rede social foi feito, com intuito
de fazer a coleta dos dados acerca dos seguintes componentes: pos-
tagem, data de publicação, curtidas, comentários, compartilhados,
salvamentos (Quadro 1).
Em parceria com o PET Saúde Interprofissionalidade UEPB,
extensionistas de ambos os projetos desenvolveram o Podcast A
Voz do Cinza, a iniciativa buscou trazer informações educativas
em saúde para a comunidade do Cinza, interagir com o público,
tirar dúvidas e incentivar a prevenção de doenças e o cuidado com
a saúde. Alguns dos temas abordados no podcast foram: como o
Diabetes afeta a saúde bucal, papo sobre a semana do bebê, dia
82
internacional do idoso e quem pode ser vacinado com a Coronavac,
a cada episódio os extensionistas buscavam trazer informações téc-
nicas sobre a saúde de forma acessível e com uma linguagem clara.
Especialistas eram convidados a participar do podcast para tirar
as dúvidas mais comuns sobre os temas abordados, além disso, o
contexto (apresentação dos temas) também era realizado.
Levando em consideração as limitações técnicas, qualidade
dos equipamentos dos idosos e do público em geral e para que de
fato o maior número de pessoas possível tenha acesso aos conte-
údos produzidos, os áudios dos podcasts eram enviados para os
idosos que não possuíam acesso às plataformas de podcasts, assim
como as artes educativas produzidas e veiculadas nas redes sociais
do projeto também eram encaminhadas para o grupo de whatsapp
da equipe da UBS do cinza para serem socializadas e compar-
tilhadas, como também para os idosos que recebiam as ligações
telefônicas.
No dia 18 de junho de 2021, foi realizada uma “live” com a
temática: “Violência contra a pessoa idosa” no Instagram do pro-
jeto, com a participação da Assistente Social Vânia Farias que é
especialista em Política Social e Saúde da Família e Verônica Santos
que também é Assistente Social especialista em gerontologia e mes-
tre em educação. Essa “live” foi mediada pelos extensionistas Túlio
Chaves e Raquel Andrade. Organização e convidados trataram de
temas como tipos de violência e onde procurar ajuda em casos de
violência. Com isso, nota-se que conhecimentos importantíssimos
foram disseminados para todos os seguidores e não seguidores do
nosso Instagram, visto que, ocorreram inúmeros compartilhamen-
tos durante a live.
83
QUADRO 1. Algumas postagens e suas respectivas datas de publicações, curtidas,
comentários, compartilhados, salvamentos e alcances.
Data de
Postagem Curtidas Comentários Compartilhados Salvamentos
Publicação
Práticas do
12/03/21 17 6 0 0
autocuidado
Dia Mundial
07/04/21 21 2 1 0
da Saúde
Vacinação dos
idosos do Bairro 07/04/21 24 1 1 0
do Cinza
Cuidados pós
- vacina da 14/04/21 62 1 19 13
COVID-19
Cuidados
necessários para a 06/05/21 22 0 2 0
prótese dentária
Conscientização
da violência contra 15/06/21 26 2 6 0
a pessoa idosa
Horta medicinal
06/07/21 27 4 4 3
e seus benefícios
Impactos saudáveis
com a prática de 05/08/21 31 10 6 1
atividade física
10 motivos para
13/09/21 48 13 6 6
celebrar a vida
Conheça o Estatuto
01/10/21 50 13 1 5
do Idoso
Alimentos que
auxiliam na saúde 21/12/21 28 5 11 0
bucal
Janeiro branco
e a saúde mental 27/01/21 26 5 11 0
e emocional
Março lilás e a
conscientização ao
14/03/21 35 6 8 0
câncer de colo de
útero
84
Data de
Postagem Curtidas Comentários Compartilhados Salvamentos
Publicação
Dicas de como
ter uma vida 07/04/22 29 4 12 1
saudável
A importância da
assistência social 18/05/22 33 4 7 3
para a pessoa idosa
Vacinação contra
COVID- 19 e 09/06/22 17 1 4 0
Influenza
Por que a
superproteção em 16/06/22 35 4 23 7
idosos faz mal?
Receita saudável
para o São João: 23/06/22 27 5 2 0
Bolo de Milho
Conheça mais
29/07/22 28 4 4 1
sobre o Alzheimer
Dia Nacional da
Saúde e suas 05/08//22 34 3 4 0
curiosidades
Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.
85
de forma direta por meio de aplicativos de mensagens, por meio
de ligações telefônicas e/ou até mesmo os que acompanhavam por
meio das redes sociais. A partir do momento que o projeto passa a
ter uma presença mais ativa nas redes sociais não só acadêmicos da
UEPB passam a acompanhar o projeto e suas ações, como também,
a comunidade em geral. Além de produções com temáticas acerca
do uso do álcool em gel, a importância da máscara e do isolamento
social, também foram produzidos conteúdos sobre saúde em geral.
Desse modo, podemos afirmar que devido este contexto, as
medidas adotadas pelo projeto, com o objetivo a se adaptar à nova
realidade pandêmica vivida pelo mundo, foram efetivas e que via-
bilizaram a continuidade das ações propostas pelo projeto, fazendo
com que as ações de extensão continuassem a promover a produ-
ção e disseminação do conhecimento universitário, sendo de suma
relevância para a sociedade (Falcão; Gomes, 2020). De fato, com
essas novas modificações, o projeto continuou a ganhar visibili-
dade. E enquanto projeto de extensão para a comunidade acadê-
mica e geral, além de apresentar suas ações, isso tudo através do
olhar dos extensionistas do projeto.
Buscando dar visibilidade as ações extensionistas, a Pró-
Reitoria de Extensão e a Coordenadoria de Comunicação da UEPB
planejaram e executaram o Concurso Meu Projeto em 3 Minutos,
o concurso convidou estudantes da universidade a apresentarem
seus projetos de extensão e projetos de pesquisa de forma que o
que é desenvolvido pela UEPB ultrapasse os muros da universi-
dade, ou seja, que a sociedade conheça o que é desenvolvido de
projetos de extensão, Iniciação Científica, bem como pesquisas de
Mestrado. Inicialmente, a categoria Extensão foi dividida em sub
categorias (áreas do conhecimento) desse modo, na primeira fase
do concurso o Ativa Idade teve uma representação homologada na
categoria saúde e uma na categoria comunicação. Em seguida, o
projeto seguiu no concurso na área de Comunicação.
O Ativa Idade teve 2 representações na 1ª fase (dois vídeos
aprovados na competição), os vídeos das extensionistas Maria
86
Aparecida6 e Josineide Barbosa, o projeto seguiu para a 2ª fase da
competição, fase de votação popular do Meu projeto em 3 minu-
tos, e foi premiado levando o terceiro lugar na categoria projeto de
extensão7, área de comunicação ao todo foram mais de 2.300 (duas
mil e trezentas curtidas) e 221 comentários. Com essa visibilidade
adquirida durante a competição foi possível propagar as ações
desenvolvidas pelo projeto.
Considerações finais
87
de transmitir conhecimento, informações verídicas e de relevância
para a comunidade.
Desse modo, este diferencial se apresentou como a base para
a efetivação das ações propostas pelo projeto de extensão Ativa
Idade. A interprofissionalidade possibilitou por meio da comuni-
cação potencializar as ações do projeto de modo que a iniciativa
extensionista beneficiou ainda mais pessoas.
Tendo em vista que o objetivo da extensão seja a propaga-
ção de ações universitárias na comunidade, podemos afirmar que
este projeto conseguiu efetivar este objetivo com êxito e excelên-
cia ultrapassando os muros da universidade, trazendo benefícios
não só para a comunidade, mas contribuiu significativamente para
que estudantes dos cursos de graduação tivessem um contato ainda
maior com suas áreas de atuação de forma prática e efetiva.
Referências
88
JÚNIOR, N. C.; MONTANARI, P. M.; ÁVILA, L. K. DE. Apresentação -
Educação interprofissional em saúde na integração ensino e traba-
lho: apontamentos e contribuições da professora Regina Marsiglia
para esse campo. Saúde e Sociedade, v. 27, n. 4, p. 976–979, out.
2018.
89
PROJETO DE EXTENSÃO MAIS ACESSIBILIDADE:
UM RELATO DA EXPERIÊNCIA
EM TEMPOS DE PANDEMIA EM 2021
Introdução
91
foi o caso da UEPB, para que estudantes com poucos recursos finan-
ceiros pudessem iniciar ou dar continuidade aos seus estudos.
Dentro deste contexto acima exposto, estivemos ao longo do
ano de 2021 com atividades remotas para realização de ativida-
des de extensão universitária, com bolsas mantidas pela Emenda
Parlamentar nº. 153/2021. As atividades aqui relatadas foram
desenvolvidas pelo Projeto de Extensão Mais Acessibilidade, vin-
culado ao curso de Pedagogia da UEPB Campus III, localizado na
cidade de Guarabira-PB.
Considerando a necessidade de uma discussão sobre a temá-
tica, preparamos duas bolsistas ao longo de três meses para que
pudessem elaborar uma cartilha, quatro vídeos e seis podcasts e
organizar duas palestras envolvendo a temática da Acessibilidade
voltada para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
Perseguimos como objetivo geral: Contribuir com a inclusão
social de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida,
favorecendo a reflexão sobre a necessidade de ampliação das con-
dições de acessibilidade deste público. Adotamos como objetivos
específicos: a) favorecer a formação de educadores comprometidos
com a inclusão social e escolar; b) promover ações que colaborem
com a acessibilidade física e na comunicação para pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida.
Este trabalho se justifica pela necessidade de sensibilização
das pessoas no que diz respeito aos direitos das pessoas com defi-
ciência e mobilidade reduzida e a de difusão de orientações impor-
tantes para colaborar com um processo de inclusão social mais
amplo.
Quanto aos procedimentos teórico-metodológicos, trabalha-
mos com encontros semanais para formação das bolsistas, na pri-
meira etapa do projeto, contando também com a contribuição de
colaboradores durante a referida formação e, na segunda etapa,
fomos produzindo os materiais audiovisuais e organizando duas
palestras previstas no Projeto. Ao longo da formação, foram estu-
dados alguns documentos legais que tratam da acessibilidade, tais
92
como: a NBR 9050, o ECA, o Estatuto do Idoso, a Lei Brasileira de
Inclusão e textos de autores, como: Sassaki (2009), Feijó e Pinheiro
(2021), Tangarife (2007) e Araújo (2015). As contribuições dos
colaboradores contemplaram assuntos voltados para a escrita
acadêmica e uso de ferramentas tecnológicas, a saber: Normas da
ABNT para trabalhos acadêmicos, organização de vídeos e pod-
casts e Power Point. Além disso, contamos com duas professoras
do Campus III da UEPB para a revisão da cartilha, elaborada pela
equipe do Projeto Mais Acessibilidade.
A seguir, apresentamos uma fundamentação teórica sobre a
temática e, logo depois, o relato de experiência acerca das ativida-
des desenvolvidas pelas bolsistas e pela coordenadora do Projeto
Mais Acessibilidade.
Acessibilidade e inclusão
93
Na década de 60, algumas universidades ame-
ricanas iniciaram as primeiras experiências de
eliminação de barreiras arquitetônicas existen-
tes em seus recintos: áreas externas, estaciona-
mentos, salas de aula, laboratórios, bibliotecas,
lanchonetes etc.
Na década de 70, graças ao surgimento do
primeiro centro de vida independente do
mundo (que aconteceu na cidade de Berkeley,
Califórnia, EUA), aumentaram a preocupação
e os debates sobre a eliminação de barreiras
arquitetônicas, bem como a operacionalização
das soluções idealizadas.
Na década de 80, impulsionado pela pressão
do ano internacional das pessoas deficientes
(1981), o segmento de pessoas com deficiên-
cia desenvolveu verdadeiras campanhas em
âmbito mundial para alertar a sociedade a res-
peito das barreiras arquitetônicas e exigir não
apenas a eliminação delas (desenho adaptável)
como também a não-inserção de barreiras já
nos projetos arquitetônicos (desenho acessí-
vel). Pelo desenho adaptável, a preocupação é
no sentido de adaptar os ambientes obstruti-
vos. Já pelo desenho acessível, a preocupação
está em exigir que os arquitetos, engenheiros,
urbanistas e desenhistas industriais não incor-
porem elementos obstrutivos nos projetos de
construção de ambientes e utensílios. Tanto
no desenho adaptável como no acessível, o
beneficiado específico é a pessoa com defi-
ciência. Na segunda metade da década de 80,
surgiu o conceito de inclusão contrapondo-se
ao de integração. Na década de 90, começou
a ficar cada vez mais claro que a acessibili-
dade deveria seguir o paradigma do desenho
universal, segundo o qual os ambientes,
os meios de transporte e os utensílios fossem
projetados para todos e, portanto, não apenas
para pessoas com deficiência. E, com o advento
94
da fase da inclusão, hoje entendemos que a
acessibilidade não é apenas arquitetônica, pois
existem barreiras de vários tipos também em
outros contextos que não o do ambiente arqui-
tetônico. (SASSAKI, 2005).
95
Segundo Sassaki (2009, p. 1), a acessibilidade tem seis
dimensões:
96
deficiência, a escola contribuirá com a aprendizagem dos demais
estudantes.
O Projeto ora apresentado tem por objeto de estudo a acessibi-
lidade, tendo por objetivo geral contribuir com a inclusão social de
pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo
a reflexão sobre a necessidade de ampliação das condições de aces-
sibilidade deste público, especialmente nas escolas. A proposta de
trabalho deste Projeto foi executada em 2021 e a seguir apresenta-
mos o relato da experiência desenvolvida nesse período.
97
transportes; Acessibilidade na comunicação; Tecnologias assisti-
vas/ ajudas técnicas; Como elaborar cartilha; Como produzir vídeos
acessíveis; Como produzir áudios educativos.
A coordenação assumiu a parte inicial de estudo de conceitos
e aspectos históricos e legais da acessibilidade e alguns colabora-
dores (uma bibliotecária e um monitor de Tecnologia da Educação)
contribuíram com a formação relacionada às Normas Técnicas da
ABNT para trabalhos acadêmicos, à produção de cartilhas, à produ-
ção de vídeos e podcasts.
Nessa etapa, foi possível perceber a importância das ativi-
dades extensionistas, que trazem a oportunidade de favorecer o
aprofundamento de determinados conteúdos para garantirem uma
boa articulação com a prática a ser vivenciada pelos extensionistas
junto à comunidade.
Entre julho e agosto, após a formação, a equipe passou a discu-
tir como organizar a cartilha “Acessibilidade: uma questão de cida-
dania” (ver FIGURA 1), primeiro recurso didático a ser elaborado.
Combinamos que as imagens seriam de acesso público, retiradas
da internet, feita pelo Canva (ferramenta on line de design gráfico),
e com informações que orientassem as pessoas quanto à questão
da importância da acessibilidade para pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida.
98
A produção desse tipo de recurso, assim como os demais que
foram desenvolvidos pela equipe do Projeto Mais Acessibilidade,
envolveu atividade de pesquisa, estudo e planejamento para que
os bolsistas pudessem apresentar um resultado satisfatório para a
realização da atividade.
Nos dias 11 e 12 de agosto, a equipe participou do SEMEX –
Semana de Extensão da UEPB, que também aconteceu de forma
remota. A participação nesses eventos abre novos horizontes para
a troca de experiências vivenciadas ao longo da graduação.
Em setembro, após a elaboração da cartilha, passamos a orga-
nizar a primeira palestra intitulada: “Acessibilidade e Atendimento
Educacional Especializado (AEE) em Tempos de Pandemia”. Esta
palestra foi proferida por duas professoras do AEE, uma que tra-
balhava em escola pública de Dona Inês e outra em Cuitegi e
Guarabira, todos municípios paraibanos. A Cartilha foi lançada
durante a palestra.
O evento, realizado em 24 de setembro de 2021, foi rico em
trocas de experiências sobre o atendimento educacional especia-
lizado em tempos de pandemia. Participaram dele estudantes de
licenciatura, professores e gestores. O que foi importante porque:
“Formar o professor na perspectiva da educação inclusiva implica
ressignificar o seu papel, o da escola, o da educação e o das práti-
cas pedagógicas usuais do contexto excludente, em todos os níveis”.
(MANTOAN, 2015, p. 81)
Ao longo do mês de outubro de 2021, produzimos sete áudios.
No formato de podcasts, que foram divulgados à comunidade por
meio do Whats App. Esses materiais educativos versaram sobre as
dimensões da Acessibilidade baseadas nas contribuições de Romeu
Sassaki, a saber: Arquitetônica, Comunicacional, Metodológica,
Instrumental, Programática, Atitudinal e Natural. Assim, semanal-
mente, foram divulgados áudios curtos e objetivos acerca desta
temática.
99
Sassaki (2009, p. 06) apresenta o que diz a Resolução CNE/
CEB nº 02, de 11/09/2001 acerca desta questão:
100
Com o intuito de facilitar o acesso aos conceitos da
Acessibilidade, foi organizado o primeiro vídeo. O segundo e o ter-
ceiro vídeo registraram de forma prática o que fora apresentado no
primeiro vídeo de abertura. Participaram destes vídeos duas esco-
las estaduais do Município de Guarabira/PB, que são referência
para os demais municípios como escolas que promovem a inclusão
e a acessibilidade. Nas referidas escolas, pesquisamos a situação
de acessibilidade e recebemos fotos de professoras que atuavam
nelas. Em seguida, foram feitos os vídeos que ilustravam e relata-
vam as condições acessíveis desses espaços.
O quarto e último vídeo falou sobre o desenho universal, sua
origem e história, assim como a sua importância para toda a socie-
dade. Assim, foram mostrados nesse vídeo os sete princípios do
desenho universal. De acordo com Sassaki (2009, p. 02), o desenho
universal beneficia tanto as pessoas com deficiência com as que
não apresentam deficiência. Vejamos:
101
claro por meio das apresentações, que todos procuravam promo-
ver a inclusão das pessoas através da cultura, do esporte e do lazer,
especialmente daquelas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Ao longo da realização das atividades, houve participação
ativa de todas as bolsistas, desde o planejamento à execução das
atividades. Ao final de cada etapa de trabalho, fomos avaliando as
atividades desenvolvidas pela equipe.
Considerações finais
102
Referências
103
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l10098.htm Acesso em 10 dez. 2021.
104
EM MEIO À COVID-19, CONSTRUINDO
POSSIBILIDADES: EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
SOB O CHÃO DA CIDADE
Introdução
105
como de maneira mais institucional a Secretaria de Planejamento
(SEPLAN) da Prefeitura Municipal de Campina Grande(PMCG)
através da Coordenadoria de Habitação e o Fórum ZEIS. A Extensão
teve por ÁREA: Direitos Humanos (organizações populares), a
LINHA DE EXTENSÃO: Desenvolvimento Urbano e OBJETIVOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL — OD: Objetivo 11 — Tornar
as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resi-
lientes e sustentáveis.
Metodologia
106
Fundamentação teórica
107
Com base nas definições estabelecidas pelo Estatuto da Cidade,
passa a ser exigido a nível dos movimentos sociais uma prática do
planejamento urbano enquanto instrumento de direito humano
posto através do direito à moradia. Assim se torna relevante com-
preender que as ZEIS têm uma distinção em relação a outras áreas
da cidade, seja pela forma de sua ocupação ou pelo tipo de uso
do solo para os diferentes tipos, em função de situações urbanas
diferenciadas, de tal maneira que devem incidir sobre áreas cen-
trais mais bem servidas de infraestrutura e com maior potencial
de adensamento, ou em áreas intermediárias, onde seja mais ade-
quado adotar um potencial de adensamento médio, em relação aos
padrões vigentes no município. (MIN. CIDADES, 2009, p. 25).
As ZEIS necessitam ser priorizadas enquanto um instrumento
urbanístico e regulatório, incluído no zoneamento da cidade, que
incide sobre territórios precários ou áreas destinadas à produção
de novas moradias para segmentos de baixa renda, com parâme-
tros urbanísticos específicos que deveriam, por um lado, facilitar
a implementação de projetos de regularização urbanística e fun-
diária e de habitação de interesse social e, por outro, inviabilizar
os empreendimentos imobiliários de grande porte voltados para
outros grupos de renda.
A partir do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) é difun-
dido o instrumento jurídico ZEIS como um direito fundamental de
combate ao padrão de urbanização excludente reproduzido nas
cidades brasileiras, posto que os territórios precários refletem a
forma desigual como as cidades brasileiras se urbanizaram, entre
omissões e ações autoritárias e sem participação nas decisões
do planejamento da cidade. Tais processos caracterizaram um
modelo de cidades onde “as ideias estão fora do lugar, e o lugar fora
das ideias”(Maricato, 2001) e a moradia como um direito. Estes
assentamentos e seus moradores, no contexto da financeirização
e mercantilização das cidades, têm se tornado, cada vez mais, vul-
neráveis a remoções e despossessões, visto que há uma guerra dos
lugares (Rolnik, 2014), ampliando o desafio de garantir o direito
à cidade para todos (Lefebvre, 2001). Nesse sentido, as ZEIS se
108
tornam um importante instrumento para a proteção de direitos.
Nesse sentido:
109
De acordo com Rolnik (1998) as ZEIS têm os seguintes obje-
tivos: a) permitir a inclusão de parcelas da população que foram
marginalizadas na cidade; b) permitir a introdução de serviços e
infraestrutura urbana nos locais onde eles não chegavam, melho-
rando a condição de vida da população; c) regular o conjunto do
mercado de terras urbanas, pois com a redução das diferenças de
qualidade entre os diferentes padrões de ocupação, reduz-se tam-
bém as diferenças de preço entre as terras; d) introduzir mecanis-
mos de participação direta dos moradores no processo de definição
dos investimentos públicos em urbanização para consolidar os assen-
tamentos; e) aumentar a arrecadação do município, visando que
as áreas que são regularizadas passam a pagar impostos e taxas
como o caso do IPTU, o que não acontece nas favelas; e por fim, f)
aumentar a oferta de terras para o mercado urbano de baixa renda.
(ROLNIK apud DANTAS, 2015).
Em termos locais, a Secretaria de Planejamento da Prefeitura
Municipal de Campina Grande (PMCG/ SEPLAN,2008) definiu os
seguintes critérios para uma área se tornar ZEIS : 1. A área ter uso
predominantemente habitacional; 2. Abrigar população predomi-
nantemente de baixa renda; 3. Apresentar precariedade de infraes-
trutura urbana e/ou de infraestrutura de suas habitações;4. Deve
ter existência, em suas imediações, de imóveis vazios, inutilizados
ou subutilizados capazes de abrigar a população a ser relocada
após reurbanização e redução do adensamento da área.
Em Campina Grande, as ZEIS foram regulamentadas em
dezembro de 2009, através da Lei Municipal nº. 4.806, com a ins-
tituição de dezenove (19) assentamentos precários, destes dezes-
sete (17) regulamentadas. A saber: 01 ZEIS Califon / Estação Velha;
02 ZEIS Catingueira / Riacho do Bodocongó / Bairro das Cidades;
03 ZEIS Ocupação Macaíba / Ocupação Novo Horizonte; 04 ZEIS
Ocupação Santa Cruz; 05 ZEIS Ocupação do Alto Branco; 06 ZEIS
Ocupação do Pelourinho; 07 ZEIS Ocupação Verdejante; 08 ZEIS
Ocupação Brotos; 09 ZEIS Três Irmãs; 10 ZEIS Vila de Santa Cruz; 11
ZEIS Novo Cruzeiro ; 12 ZEIS Catolé de Zé Ferreira 13 ZEIS Jardim
110
Europa; 14 ZEIS Ocupação Ramadinha II; 15 ZEIS Pedregal; 16 ZEIS
Jeremias 17 ZEIS Nossa Senhora Aparecida; 18 ZEIS Beira Rio; 19
ZEIS Ocupação Jardim Tavares.
Entretanto, em Campina Grande, as ZEIS ainda não foram
implementadas em conformidade com a previsão da lei, sendo
imprescindível que a comunidade possa participar e intervir no
processo de planejamento e gestão das ZEIS, algo que não está
ocorrendo. Uma vez que a participação social tem sido reduzida,
tanto em relação ao controle social das organizações e movimentos
de luta pela moradia na cidade como das decisões que possam vir
a favorecer a inclusão socioterritorial da população de baixa renda,
a ampliação do acesso e permanência à moradia, ao solo e aos ser-
viços urbanos. Daí a importância em subsidiar a participação e o
trabalho de diferentes atores sobre o desenvolvimento urbano e as
questões da cidade.
Resultados
111
FIGURA 1: Em tempos pandêmicos, a Extensão resiste. (card de divulgação)
112
VIDAS E MEMÓRIAS: mudanças e desafios das ZEIS em Campina
Grande (PB). O documentário terminou por fortalecer a inserção
da universidade no processo participativo e efetivamente demo-
crático, ao articular a troca de experiências na busca do direito à
cidade. Ainda trabalhou a formação de lideranças nos territórios
ZEIS, de maneira a contribuir para o avanço de políticas públicas
que potencializem a reforma urbana, a autonomia, a capacidade de
mobilização e de intervenção propositiva dos atores sociais popula-
res e da universidade como mediadora de saberes e práticas inova-
doras do diálogo propositivo com a sociedade. Conforme registros
e imagens a seguir.
113
A produção dos micro-documentários3 teve por objetivo trazer
as falas e memórias de moradores e moradoras dos territórios pop-
ulares de Campina Grande, de maneira a resgatar o processo de luta
pela moradia e inserir uma cartografia social da cidade quase sem-
pre silenciada, oculta e não valorizada. SOB O CHÃO DA CIDADE
resgata uma memória urbana importante à compreensão das várias
Campina Grande, um olhar atento que busca dar voz, trazer discur-
sos historicamente negligenciados e, assim, fortalecer o direito à
cidade através da luta pelo solo urbano em Campina Grande.
Discussões
114
FIGURAS 5;6;7: Extensionistas em prática: da universidade às comunidades ZEIS.
115
FIGURA 8: Lançamento de 15 micro-docs
116
De tal modo apontamos em três direções o envolvimento da
universidade nesse processo: 1) a inserção da UEPB como meto-
dologia horizontal de participação das comunidades ZEIS; 2) a
visibilidade e construção do debate público local sobre a preca-
riedade urbana e regularização das ZEIS no processo decisório
de planejamento urbano; 3) o fortalecimento da função social da
UEPB na mediação da luta pelo direito à cidade e, em todo o pro-
cesso, a inserção dos discentes dos Cursos de Sociologia, Geografia,
História, Serviço Social, Letras e Jornalismo na agenda urbana local,
com ênfase na discussão teórica e metodológica do direito à cidade.
117
O processo da Extensão resultou em uma relevante incidên-
cia junto à gestão urbana local no sentido de tentar democratizar a
participação com fins à urbanização e regularização das ZEIS; tra-
balhar junto às Organizações de Bairros, através da UCES; estimular
a participação nas SAB’s; estabelecendo, ainda, colaborações com
outros protagonistas da agenda urbana local, a exemplo da Frente
Pelo Direito à Cidade e o Fórum ZEIS.
Considerações finais
118
Referências
119
QUANDO A ESCUTA CHEGA: DIÁLOGO,
SUBJETIVIDADE E CONSCIENTIZAÇÃO NA PANDEMIA
Introdução
121
matrizes curriculares, cujo objetivo geral foi o de conscientizar as
pessoas sobre a importância de ressignificar o processo educativo
por meio da escuta. A ideia inicial era de focar nas questões trazi-
das pelo público-alvo — estudantes, professores e demais profis-
sionais da educação - que atuavam nas escolas públicas do entorno
do CH-UEPB e na comunidade acadêmica.
Ressalte-se, contudo, que, no período da pandemia, quando
a proposta foi executada, repercutiu em medidas para proteger a
vida e, consequentemente, na suspensão das atividades presen-
ciais, abrindo novos espaços de intervenção e reduzindo as dis-
tâncias interpostas pelos limites geográficos e físicos das salas de
aula. Nesse sentido, com a divulgação, nas redes sociais (Instagram,
Facebook e WhatsApp), de escutas on-line por meio do Google
Meet, várias pessoas de diferentes campis universitários e escolas
públicas procuraram informações e participaram das atividades
propostas, sobretudo das oficinas realizadas ao longo do ano (pela
plataforma Even, de forma gratuita e sem qualquer pré-requisito).
Neste artigo, pensamos em apresentar os detalhamentos do
projeto acima indicado e intitulado “Pra te escutar: novos hori-
zontes para a formação humana”, que foi aprovado em cota espe-
cial e funcionou no período de março a dezembro de 2021. Para
tanto, marcamos, nas palavras de abertura, o chamado para o foco
“a chegada da escuta” e os aspectos importantes que julgamos que
deveriam ser recolhidos desse processo educativo — diálogo, sub-
jetividade e conscientização. Houve algumas discussões sobre a
escuta na escola e a exposição de aspectos destacados para refletir-
mos sobre a educação em tempos difíceis e atuais e as apreensões
das pessoas sobre o “Fique em casa”.
122
Projeto pra te escutar: delineamentos
de uma proposta de extensão universitária
123
CH-UEPB percebeu que não poderia intervir, de forma adequada e
responsável, por extrapolar a área pedagógica, e que que exigiam
conhecimentos de outros profissionais, sobretudo os que envol-
viam questões relativas aos aspectos psicológicos, foram indicados
os serviços de atenção aos estudantes da Pró-Reitoria Estudantil -
PROEST - e aos promovidos através do serviço público por meio do
Serviço Único de Saúde - SUS (psicólogos e médicos).
Segundo Cerqueira3 (2006, p. 32-33), é importante que, nesse
processo, haja
124
‘II oficina do Projeto de Extensão pra te Escutar - a importância da
escuta na escola’, que ocorreu em novembro de 2021.
Os referidos eventos foram amplamente divulgados e com
intensa participação. As vagas ofertadas foram preenchidas rapi-
damente. O público participante inicialmente foram estudantes e
professores do CH-UEPB e da educação básica. Com o passar do
tempo, esses eventos foram se ampliando, atingiram outros campi
da universidade e extrapolaram os limites físicos da UEPB e do pró-
prio Estado da Paraíba.
125
Por meio da escuta sensível, entendida como a possibilidade
de criar novos vínculos, podem-se desenvolver múltiplas dimen-
sões humanas. Uma das tarefas da aprendizagem interativa é de
desenvolver o conhecimento cognitivo, afetivo e social mediados
pela escuta.
Nesse sentido,
126
ao gosto do outro, às diferenças do outro. (...)
A verdadeira escuta não diminui em mim, em
nada, a capacidade de exercer o direito de dis-
cordar, de me opor, de me posicionar.
127
A incerteza sobre a vida humana no planeta veio nos rodear.
Um mundo imprevisível, com cenários de extremas dificuldades
nos foi revelado, como apontam diferentes estudos. A morte esteve
mais presente em diversos lugares, e as dores e os sofrimentos
invadiram as casas de muitas famílias. De repente, vimo-nos sem
perspectivas.
Um inimigo invisível e desconhecido colocou em cheque a
forma de vida humana (KRENAC, 2020). De seres superiores e evo-
luídos, como muitos afirmaram que somos, vimo-nos em meio às
agruras da impossibilidade de vencer e conquistar o direito à vida.
Para alguns, a perversa lógica capitalista e a cruel pedagogia
do vírus vêm nos levando à destruição (KRENAC, 2020, SANTOS,
2020). Desrespeitamos a natureza, envenenamos o meio ambiente
e nosso habitat, isolamos populações e subjugamos grupos inteiros
ao longo de nossa história.
Assim, a humanidade adoeceu ou deixou transparecer que, há
muito, estava necessitando de cuidados. Preocupados em acumu-
lar riquezas materiais, fomos abrindo mão de outros horizontes
que deveriam fazer parte desse novo olhar mais amplo e alimen-
tar o ser humano. Reduzimos pessoas a mercadorias, como obje-
tos em que colocamos rótulos com preços para serem negociadas
no mercado cada vez mais atônito e feroz. Escravos de uma lógica
perversa, construímos um mundo que não nos cabe ou onde não
cabem todos os seres, principalmente os despossuídos da Terra e
os não humanos.
Nesse contexto, o olhar das ciências humanas e sociais para a
crise sanitária, numa relação social de desigualdade e vulnerabili-
dade que estão expostos grupos humanos, alerta-nos que
128
de luxo. Praticar isolamento em casa implica
em ter casa, e ter cômodos separados em
quantidade suficiente para os seus moradores
(SEGATA, 2020, p. 01, Grifos do autor).
129
O cenário da educação na pandemia: mudanças, desafios e propostas
130
e nas práticas pedagógicas adotadas por seus
professores. Gestores e professores devem
possuir competências digitais que englobam
habilidades pedagógicas, de cidadania digital e
de desenvolvimento profissional. A escola deve
possuir um repertório de recursos digitais sele-
cionados alinhados ao currículo, e disponibili-
zar infraestrutura adequada ao uso pedagógico
da tecnologia, tanto em termos de equipamen-
tos quanto de conectividade (DELLAGNELO,
2020, p. 01).
131
Das escutas realizadas em tempo de pandemia —
quando a escuta chega
132
não se tinha condições financeiras de manter esse espaço, porque
muitasfamílias perderam seus empregos, e algumas delas sobrevi-
viam com o pagamento do auxílio emergencial ou no subemprego.
Outras, oriundas dos povoados e dos sítios, ocupavam-se em cuidar
das terras e dos animais, para garantir seu sustento.
133
me vem um certo desespero. Também não abro
mais as janelas e não consigo fazer minhas
caminhadas. E não consigo falar com ninguém
sobre isso em minha casa, muito menos na sala
de aula. Alguns colegas meu estão estranhando
meu jeito de ser agora.
134
ajudar na manutenção da casa, para além do que vinham realizando
quando moravam sozinhos/as ou com outros estudantes.
135
O horário de estudo também se flexibilizou, e a disciplina, nem
sempre vivida, dava espaço às influências do meio sobre o ser. As
atividades ampliaram-se. Elas estavam a ocupar mais tempo, tempo
de vida. Essa foi a mais forte constatação que as escutas trouxeram.
Muitos professores e estudantes não estavam dando conta de tan-
tos trabalhos. Essa não seria uma questão local e específica, mas
apontada anteriormente em vários estudos.
A princípio, podemos dizer que o retorno a casa, nas condições
como as aludidas, negou o direito à aprendizagem. Muitos estudan-
tes afirmaram dificuldades de acompanhar o ensino on-line, e os
professores sentiram-se pouco à vontade para lidar com as tecnolo-
gias. Ambos não tinham conhecimentos suficientes para enfrentar
a nova situação. Além disso, devido a essas dificuldades menciona-
das, não tinham a base necessária para investir tempo e dinheiro.
Estavam no mesmo barco. Apesar das ofertas de cursos e de treina-
mentos, essa nova história teimava em não ser bem escrita.
Considerações finais
136
educativo e promover uma pedagogia mais humana, o que corro-
bora o pensamento de Freire (1996) sobre a escuta.
Para tanto, forças extraordinárias que extrapolariam os limites
do trabalho e do cognitivo teriam que ser descobertas e praticadas
no sentido de reconstituir os vínculos afetivos e emocionais. Isso
poderia possibilitar saltos no encontro do elo perdido ou de nós
mesmos. Esse esforço exigiria ressignificar os espaços educativos,
desde a casa até as salas de aula. Nesse exercício, a escuta atenta,
sensível e empática foi uma possibilidade educativa e de formação
permanente, aludida ao longo deste artigo em diferentes autores.
Referências
137
CERQUEIRA, Teresa Cristina Siqueira. O professor em sala de
aula: reflexão sobre os estilos de aprendizagem e a escuta sensí-
vel. Psic, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 29- 38, jun. 2006. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1676-73142006000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 03
mar. 2021.
138
NASCIMENTO, Erica Ferrari do; et al. Uma escuta diferenciada:
a inserção da Psicologia no hospital. In: Congresso de Extensão
Universitária, 6, 2011, Águas de Lindóia. Anais... São Paulo:
PROEX; UNESP, 2011, p. 1066. Disponível em: <http://hdl.handle.
net/11449/145618>. Acesso em: 17 de jun. 2022.
139
EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OS DIREITOS HUMANOS
E O ECA NO CURRÍCULO ESCOLAR
Introdução
141
como diretriz a Lei 8.069, de 13 de julho de
1990, que institui o Estatuto da Criança e do
Adolescente, observada a produção e distribui-
ção de material didático adequado. (BRASIL,
1996, art. 32, §5).
142
a formação cidadã e a vivência dos direitos e deveres no contexto da
escola e da sociedade.
Nossa proposta metodológica foi a realização de um curso,
com a duração de 40 horas, na modalidade remota, para docentes,
gestores e coordenadores pedagógicos, que atuam na educação
básica e para os estudantes, futuros docentes. O curso foi coorde-
nado pela professora do Departamento de Educação do Centro de
Educação da UEPB/ Campus I, Dra. Lenilda Cordeiro de Macêdo e
ocorreu entre junho e novembro de 2021, totalizando oito encon-
tros, realizados quinzenalmente, com uma duração de 2 horas, com
aulas síncronas, pela plataforma google meet, nas quais realizáva-
mos palestras, seguidas de debates.
143
Além das atividades síncronas, tínhamos o ambiente virtual de
aprendizagem (AVA), pela plataforma classroom, onde disponibili-
zamos materiais, tais como: o ECA, tratados internacionais, livros
em PDF e/ou e-books, videoaulas e slides, para que fossem consulta-
dos, previamente à realização das aulas síncronas e, após os encon-
tros colocávamos propostas de atividades, a exemplo de resenhas
críticas, estudos dirigidos, dentre outras. Ao final do curso, propo-
mos a realização de um projeto didático, para ser implementado
nas escolas com a temática dos direitos humanos e/ou do ECA. A
quantidade de atividades previstas para a realização das leituras e
propostas de atividades foi de 24 horas aulas.
144
trabalhar, ir a lugares de convívio público, nem exercer sua cidada-
nia através do voto. No entanto, lentamente, essas barreiras foram
sendo rompidas e as pessoas com deficiência foram conquistando,
através da luta, seus direitos, sendo um marco internacional impor-
tante a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), pro-
mulgada em 1948, pela Organização das Nações Unidas (ONU), na
qual estão presentes os direitos ao respeito, à valorização e à inclu-
são das pessoas com deficiência.
Segundo o palestrante, a Convenção Internacional sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência tem como propósito “promo-
ver, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os
direitos humanos e as liberdades fundamentais para todas as pes-
soas com deficiência, além de promover o respeito pela sua digni-
dade inerente” (BRASIL, 2009, art.1º), rompendo com os estigmas
de incapacidade e dando maior autonomia aos sujeitos.
Em seguida, o palestrante enfatizou a importância da quebra
de estigmas, que dificultam o processo de aprendizagem e inclu-
são no ambiente escolar. “A aprendizagem e desenvolvimento das
pessoas com deficiência, ao contrário do que se pensou, por muito
tempo, se dá com mais ênfase na interação, nas trocas mútuas de
conhecimentos (informação verbal6). Para que isso aconteça, a
família, a comunidade e a escola devem ser parceiras na busca de
garantir uma educação inclusiva. A educação inclusiva é um pro-
cesso social que defende um espaço de aprendizagem onde todos
os indivíduos, independentemente de suas limitações e particula-
ridades possam ser sujeitos ativos no processo de ensino aprendi-
zagem, de modo que as diferenças deixem de ser vistas de forma
negativa e sejam compreendidas do ponto de vista da diversidade.
A educação inclusiva, atualmente, ainda enfrenta muitos obs-
táculos, como a escassez de recursos destinados à melhoria e manu-
tenção de espaços públicos, falta de investimento em equipamentos
145
no processo educativo, a falta de preparo por parte dos professores
e da comunidade escolar no convívio com pessoas com deficiência,
um lapso na formação docente, por exemplo, poucos profissionais
sabem a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e o Braille, além de
desconhecerem metodologias para desenvolver habilidades dos
alunos com deficiência.
Diante do exposto, compreendemos que há um longo percurso
a ser percorrido no Brasil para a garantia dos direitos da pessoa
com deficiência. Muito já foi feito, porém, a educação inclusiva
ainda precisa percorrer um longo caminho para que consiga garan-
tir a todos uma educação de qualidade, que todos possam aprender,
levando-se em consideração as especificidades dos sujeitos em tur-
mas heterogêneas. Para que isso aconteça, é de suma importância
que, cada vez mais, as pessoas tenham acesso à informação e apren-
dam a conviver com pessoas com deficiência para que possamos
aprender a lidar com as especificidades de cada sujeito e a romper
com as barreiras do preconceito.
O segundo Encontro aconteceu no dia 27 de julho de 2021, no
formato remoto e teve como tema “O Processo Histórico das Leis
Menoristas no Brasil e a Consagração das Crianças e Adolescentes
como Sujeitos de Direitos”. A exposição foi realizada pela pedagoga
Evanda Helena Bezerra Sobral e pela licencianda em Pedagogia
Edvania Soares Policarpo.
A pedagoga Evanda Helena B. Sobral discorreu sobre as Leis
elaboradas para as crianças e adolescentes no Brasil, destacando
que “até os anos de 1990, foram excludentes e desprovidas da garan-
tia de direitos” (informação verbal7). No contexto da Proclamação
da República, no final do século XIX, não havia uma única legisla-
ção voltada, especificamente, para proteger as crianças no Brasil.
Éramos uma sociedade que tinha libertado os escravos, por força
da Lei Áurea (1888), portanto, havia uma população de crianças
7 Evanda Helena Bezerra Sobral, “O Processo Histórico das Leis Menoristas no Brasil
e a Consagração das Crianças e Adolescentes como Sujeitos de Direitos” (palestra)
Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB, 27 de jul. de 2021
146
filhas de ex escravos, órfãs e abandonadas, chamadas de desvalidas,
cujo atendimento era de cunho caritativo e religioso. As crianças e
adolescentes que cometiam algum tipo de delito recebiam o mesmo
tratamento dado aos adultos, tendo como parâmetro o código penal
de 1890. Foi nesse contexto político da República que médicos e
juízes, influenciados pelos discursos internacionais, passaram a
defender a causa da infância. A criança que não era bem nascida,
passou a ser compreendida, ao mesmo tempo, como problema e
solução para o país. (FALEIROS, 2009, p. 47)
Apesar de algumas iniciativas pontuais, privadas, para aten-
der a infância desvalida, o Estado brasileiro aprovou a primeira Lei
regulamentando o atendimento das crianças e adolescentes em
1927, o Código de Mello Matos. Até o momento, as crianças e ado-
lescentes eram objeto de caridade, por parte da Igreja e de filantro-
pia, da parte de juristas, que criaram algumas instituições no Rio
de Janeiro e, em algumas capitais, as quais foram organizadas com
base em uma ideologia de nação moderna que cuida das crianças
porque são o futuro da nação. Nesse sentido, as chamadas Casas
Correcionais tinham uma proposta de cuidar da saúde, corrigir e
educar as crianças e adolescentes abandonados, órfãos e “delin-
quentes”. Inferimos que o Código de Mello Matos é a expressão mais
marcante da ideologia da classe dominante da época: combinando
repressão, higienismo e instrumentalização da criança pobre para
o trabalho, pois a infância era um privilegio das crianças bem nas-
cidas (RIZZINI, 2009).
Em 1979, em plena Ditadura Militar, o Código de Mello Matos
foi substituído pela Lei n.6.697, de 10 de outubro de 1979, ficando
instituído o Novo Código de Menores que adotou a doutrina da situ-
ação irregular, ou seja, os menores só seriam atendidos pelas ações
do Estado apenas quando se encontrassem em um estado de pato-
logia social. “A doutrina da situação irregular era entendida como
privação de condições essenciais a subsistência, saúde, educação,
por omissão ou irresponsabilidade dos pais / responsáveis ou
por maus tratos e/ ou exploração” (FALEIROS, 2009, p. 70). Neste
sentido, a pobreza e/ou falta de condições objetivas de vida, além
147
do abandono era culpa da família e/ou da criança, fazendo-se da
vítima réu. O Código de 1979 é considerado mais repressivo do que
o Código de Mello Matos.
A partir dos anos de 1980, teve início um lento processo
de redemocratização no país com a instalação da Assembleia
Constituinte, em 1985. A sociedade civil organizada foi chamada a
participar da elaboração da nova Constituição. Os principais atores
deste processo foram: o Movimento de Meninos e Meninas de Rua
(MMMR), a Pastoral do Menor, entidade ligada à Igreja católica, enti-
dades de direitos humanos, dentre outras organizações, que colo-
caram como pauta, “o reconhecimento constitucional da criança
como sujeito de direitos, através da apresentação de Emendas
Constitucionais em defesa dos direitos das crianças e adolescen-
tes brasileiros, que refletiam discussões internacionais, a exemplo
da Convenção Internacional das Nações Unidas sobre os Direitos
da Criança de 1989” ( informação verbal8). Em 1987, a Conferência
Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) exerceu um papel de destaque
em defesa das crianças e adolescentes, visto que “a Campanha da
Fraternidade teve como tema, Quem Acolhe o Menor, a Mim Acolhe”
(FALEIROS, 2009, p. 75).
É importante destacar que a luta da sociedade civil em prol
da defesa das crianças e adolescentes reverberou na Assembleia
Constituinte, através de forte articulação da Comissão Nacional
Criança Constituinte, criada a partir de uma portaria interminis-
terial, formada por vários órgãos do governo e da sociedade civil,
que conseguiu cerca de 1.200.000 assinaturas para aprovação
da Emenda Constitucional, além de realizar um forte lobby junto
aos parlamentares para a instauração da Frente Parlamentar
Suprapartidária, pelos direitos das crianças e adolescentes.
Ademais, foram organizados vários Fóruns em Defesa dos Direitos
da Criança e do Adolescente (DCAs) por todo o Brasil.
148
A partir da grandiosa luta dos atores supracitados, o artigo 227
da Constituição Federal expressou a concepção de criança cidadã
de direitos e garantiu prioridade absoluta na promoção, proteção
e defesa dos direitos, cuja responsabilidade é tripartite: família,
Estado e sociedade:
149
social do Brasil, tem se negligenciado os direitos fundamentais à
dignidade humana de grupos que são oprimidos e marginalizados.
A professora destacou como Paulo Freire defendia os direitos
humanos e sua contribuição para se educar em direitos humanos.
No livro Pedagogia do Oprimido (FREIRE, 1987), o autor discute
sua luta em Defesa dos direitos e da humanização daqueles que
ele nomeia desumanizados. “A desumanização, que não se verifica,
apenas, nos que têm sua humanidade roubada, mas também, ainda
que de forma diferente, nos que a roubam, é distorção da vocação
de ser mais. É distorção possível na história, mas não vocação his-
tórica.” (FREIRE,1987, p. 15).
Freire assume uma postura de reconhecimento da desumani-
zação e negação de direitos como algo cabível de luta e transfor-
mação. Nesta perspectiva, cabe a importância da educação como
uma das principais ferramentas de transformação desta realidade.
“O que quero repetir, com força, é que nada justifica a minimização
dos seres humanos, no caso, das maiorias compostas por minorias
que não perceberam ainda que, juntas, seriam a maioria” (FREIRE,
2021, p. 98). Segundo o autor, a educação é fundamental para a
construção da autonomia e para o respeito da diversidade. Ele res-
salta a importância de que a educação seja libertadora, respeite as
diferenças, busque conhecer e entender o educando.
A professora também ressaltou alguns princípios da escola
cidadã, afirmando que “foi a partir da experiência da educação em
direitos humanos da gestão de Paulo Freire, na secretaria de educa-
ção de São Paulo, que esta proposta educativa passou a ser conce-
bida e disseminada em nosso país” (informação verbal9). A escola
cidadã traz um currículo que estimula a aprendizagem com base
nas experiências acumuladas ao longo da vida de cada educando e
enfatiza o respeito às diferenças e às diversidades culturais
150
No dia 28 de setembro de 2021, foi realizado o sétimo Encontro,
na modalidade remota com o tema “O ECA e as Questões Étnico-
Raciais e de Gênero no Currículo Escolar”. Realizaram a palestra, as
professoras: Dra. Margareth Maria de Melo e Dra. Lígia Pereira dos
Santos.
Em relação às questões de gênero no currículo escolar, a pro-
fessora Dra. Lígia Pereira ressaltou que “a situação das mulheres
varia na história, dependendo do espaço e do tempo, explicitando a
mulher como agente ativo na história da humanidade e pautando a
necessidade da busca pelas origens da hierarquia e das desigualda-
des presentes nas relações que se estabelecem entre as mulheres e
os homens na sociedade” (informação verbal10).
Nesse sentido, se apresentam como contribuições do femi-
nismo, a compreensão da existência de variadas concepções acerca
de mulher e do homem no ambiente escolar, cujas relações esta-
belecidas no lar se estendem à escola. A começar pela decoração
das escolas que, por vezes, são realizadas como se fossem a con-
tinuação do quarto da criança, despertando a reflexão de que as
escolas deveriam provocar maiores incentivos, no que diz respeito
às questões relacionadas à ciência. Tendo como base essa reflexão
acerca da organização e ornamentação do espaço escolar, infere-se
que elas refletem a concepção pedagógica da instituição educacio-
nal. Desse modo, quando as salas e os demais espaços escolares são
organizados imitando decorações de quarto feminino ou mascu-
lino, reforça-se a ideia de segregação de gêneros.
Sarti apud Silva e Podolak (2021, p. 199) discorre que a par-
tir de 1970, “abriu-se espaço tanto para a reivindicação no plano
das políticas públicas, quanto para o aprofundamento da reflexão
sobre o lugar social da mulher, desatualizando-o, pela consolidação
da noção de gênero como referência para a análise”. Nesse sentido,
o gênero é tido como indicador social de como se dá a educação
10 Dra. Lígia Pereira dos Santos, “O ECA e as Questões Étnico- Raciais e de Gênero no
Currículo Escolar”, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB, 28 de
set. de 2021.
151
pautada nos papeis/concepções do que é ser homem e o do que é
ser mulher. Tais concepções, estruturadas na percepção do gênero,
culminam na construção do “ser mulher” que designa a mulher
como sujeito do cuidado, gerando a necessidade da elaboração de
instrumentos políticos educacionais para a transformação da situ-
ação social da mulher.
A professora Margareth Maria de Melo, ao tratar da questão
étnico-racial no currículo escolar, fez um breve relato de sua inser-
ção no movimento negro e como esta experiência reverberou na sua
formação como pesquisadora e na atuação docente. Após o ano de
1988, a professora se inseriu no movimento negro, participando de
vários eventos, como seminários e encontros da Nova Consciência,
em Campina Grande, dentre outras atividades. A palestrante rela-
tou que, a cada ano, era realizado algo que marcasse o grupo.
Posteriormente, passou a compor o quadro de professores da UEPB
(em 1992, como professora substituta e, em 1993, como efetiva),
no Departamento de Educação. A partir deste período, formou um
grupo de mulheres que funcionou durante seis meses. As dificul-
dades sentidas na sustentação do grupo diziam respeito à falta de
prática de grupo de pesquisa. Porém, o que se tentou reproduzir, a
partir da experiência no movimento negro, nesse novo grupo foi a
militância. Entretanto, a sobrecarga de trabalho não permitiu que
tal grupo perdurasse e, com o ingresso no mestrado, acabou se
ausentando do grupo.
Em 2006, participando da comissão de reformulação do
curso de Licenciatura em Pedagogia, foi questionada, pela comis-
são, por que não se discutia a questão do negro no currículo do
curso tendo, como referência a Lei 10.639 de 2003, que trata das
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira
e Africana emergindo, a partir desse processo, as inquietações para
direcionar suas pesquisas e ensino para as questões étnico-raciais.
É importante destacar que a Lei 10.639/2003, “Altera a Lei no
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, para incluir, no currículo oficial das
152
redes de ensino a obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura
Afro-Brasileira’, e dá outras providências” (BRASIL, 2003, art. 26-A).
Dentre as providências, a Lei garante que:
153
brancos, diferentemente de como se mostravam nos livros didáti-
cos” (informação verbal11)
A professora Margareth Melo ressaltou que outras docentes
do Departamento passaram a realizar estudos e discussões rela-
cionadas a diversidade, gênero e questões étnico-raciais, as quais
possibilitaram que ocorresse a inserção do componente curricu-
lar que tratasse das questões étnico raciais, no Projeto Pedagógico
do curso de Licenciatura em Pedagogia (CEDUC/UEPB), com uma
carga horária de 30 horas aulas, insuficiente, em relação à impor-
tância e a complexidade do tema.
Considerações finais
154
atividades assíncronas, disponíveis na sala do google classroom. Ou
seja, grande parte dos cursistas não realizaram as propostas de ati-
vidades, o que os impediu de serem certificados.
Em linhas gerais, avaliamos que o curso contribuiu com a for-
mação continuada dos futuros e atuais profissionais da educação
básica, isto porque tiveram a oportunidade de estudar e debater
questões necessárias e urgentes sobre os direitos humanos, direi-
tos das crianças e adolescentes e sobre cidadania. Esperamos ter
contribuído para a construção de conhecimentos sobre os direitos
humanos e, especificamente sobre o ECA e, para a formação críti-
co-cidadã das crianças e adolescentes e, demais atores da comuni-
dade escolar, visando promover e fortalecer a cultura do respeito
pelos direitos humanos e das crianças, na escola e na sociedade em
geral, e, sobretudo, para uma formação cidadã crítica, responsável
e comprometida com a cultura da não violência.
Em face do exposto, concluímos que um modelo de escola
inclusiva e comprometida com a defesa dos direitos humanos é a
escola que promove uma educação libertadora, na qual os sujeitos
tenham a possibilidade de exercer sua cidadania, de saírem da con-
dição de oprimidos, tornando-se emancipados.
Referências bibliográficas
155
BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes
e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da
Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura
Afro-Brasileira’, e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 10 jan. 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm>. Acesso em: 17 out. 2021.
156
FERREIRA, Luiz Antônio Miguel. O Estatuto da Criança e do
Adolescente e o professor: reflexos na sua formação e atuação.
São Paulo: Cortez, 2008.
157
Irene; PILOTTI, Francisco. A arte de governar crianças: a histó-
ria das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no
Brasil (orgs). 2. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2009, p. 97-150.
158
ESCRITA CRIATIVA E PRODUÇÃO DE SABERES
DE ESCRITORES(AS) PARAIBANOS(AS):
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO CÂMPUS III
Introdução
159
do que criar projetos da extensão “de dentro para fora”, também
o faz de “fora para dentro”, reforçando o diálogo com a realidade
social.
Atentos ao fato de que o Campus III da UEPB é referência na
formação de professores, constituindo-se em cursos que priorizam
a licenciatura, o ensino e o aprendizado que nos conduz a repen-
sar o modelo de universidade que queremos, tal projeto também
objetiva a inclusão de novos conhecimentos na própria prática
pedagógica. Quais seja: o conhecimento sobre a produção de livros
artesanais, novas técnicas e saberes sobre a produção de literatura,
além de refletir sobre gêneros literários e a literatura paraibana, e
de sua aplicação na prática diária do professor.
Os resultados apontaram a importância de abordagens que
aprofundem os diálogos entre literatura e educação, especialmente
junto aos estudantes de graduação. Ao formar-se professores e pro-
fessoras nos cursos que abrangem o Campus III da UEPB, notada-
mente História, Geografia, Letras, Pedagogia e Direito, ofertamos
a oportunidade de vivência da linguagem da literatura aos nossos
estudantes enquanto uma “ontologia do presente”, isto é, um espaço
através do qual podemos refletir sobre questões sociais, políticas e
educacionais ao nos dispor a tomar contato com a própria experi-
ência do que é estar no mundo.
É através da literatura, sobretudo, que podemos tomar con-
tato com realidades das mais diversas. Daí a importância de ter-
mos, entre o grupo de escritores que integrou este projeto, escritas
e vivências negras, LGBTQIAP+, mulheres e de autores e autoras
paraibanas contemporâneos. Nesse diálogo com sua produção, os
estudantes foram instigados a, igualmente, produzir seus textos e
refletir sobre como se poderia dialogar com autores tão diversos
em sala de aula.
Ora, é a partir do legado deixado pela literatura que se pode
levar questões tão tangenciais à nossa formação histórica, geográ-
fica, linguística e educacional para a sala de aula. Os textos literários
e os autores contemporâneos que respondem por eles puderam
160
oferecer aos estudantes envolvidos no projeto um outro olhar
sobre a história local, sobre nossa própria geografia humana, sobre
a natureza e diversidade da linguagem no texto literário, bem como
da viabilidade de apropriação do texto literário como instrumenta-
ção e prática pedagógica, seja de letramento, seja de construção do
olhar crítico sobre o oprimido, a realidade nacional e suas imbrica-
ções com os problemas da sociedade brasileira.
Metodologia
161
Isto é, discutimos, em debates, questões contemporâneas relacio-
nadas à identidade de nossos autores e autoras, bem como de que
maneira essa identidade se articula com categorias de articulação
da diferença por gênero, raça, origem etc.
Também conformamos uma apreciação da lógica dos oprimi-
dos através da literatura, enfocando que muitos dos textos trazi-
dos por nossos autores e autoras convidadas abordavam questões
sociais e problemáticas psicossociais associadas ao negro, à mulher,
ao LGBTQIAP+ e ao nordestino num sentido geral. Refletir, pois,
sobre a experiência da literatura nordestina é parte de uma refle-
xão socio-histórica, mas também de como o reflexo do oprimido na
obra encontra ressonâncias na produção material de nossas vidas,
nas objetificações da realidade cotidiana em termos políticos e
sociais, como nos ensina Paulo Freire.
A experiência de debate dos textos literários nos trouxe ainda
o contato com esse lugar do “outro” que nos fala, isto é, dos autores
e autoras paraibanos e paraibanas contemporâneos que escrevem
a partir de seus lugares e à sua própria maneira vão se tornando
conhecidos pelos seus leitores. Tal proposta nos instiga a conhe-
cer, nos alunos e alunas extensionistas, escritores e escritoras em
formação. Daí apostarmos nos debates dos textos literários dos
escritores como formas de deslocamento e descentramento para a
compreensão da experiência cultural de um “outro” de forma hete-
rogênea e dinâmica.
Considerando a continuidade e, de certo modo, aprofunda-
mento da pandemia, bem como seguindo o protocolo da UEPB,
instituindo medidas de segurança sanitária da comunidade aca-
dêmica, os encontros permaneceram sendo realizados através da
Plataforma Google Meet. Importante considerar que tais encontros
constituíam também um acalento a jovens estudantes durante o
período de isolamento social suscitado pela pandemia da Covid-19.
Assim, os encontros eram permeados por um clima de reencontros
e de trocas afetivas importantes, sobretudo para aqueles e aquelas
cujo isolamento social lhes levava a se afastar de amigos e familia-
res próximos.
162
Os debates, por sua vez, foram sempre marcados por uma par-
ticipação ativa dos estudantes, que analisavam desde a trajetória
dos escritores e escritoras até as edições, cartografias e conteúdos
de suas obras literárias. Além da ampliação das formas de intepre-
tação dos escritos, sentimos, igualmente, a motivação de alguns
alunos participantes para se aventurarem no exercício da escrita.
Nesse ínterim, muitas ideias para futuros trabalhos de conclusão de
curso, estratégias pedagógicas e estímulo à leitura de obras literá-
rias contemporâneas também puderam ser percebidos.
A cada encontro, fazíamos uma avaliação, mapeando os ganhos
advindos do processo e extraindo as lições dos aprendizados. Com
uma frequência bastante regular, contando com uma média de 40
participantes, percebia-se um clima de cooperação, ânimo e curio-
sidade pelos escritores e escritoras convidados. Longe de haver
uma prática da pedagogia de viés bancário, com o autor ou autora
convidada falando para uma turma de alunos silenciosos, o diálogo
era algo recorrente e necessário para o aprendizado mútuo.
Ao final, utilizamo-nos do método de leitura dirigida no intuito
de promover esse deslocamento para o lugar do autor do texto e do
texto em si, como também nos utilizamos dos debates e das entre-
vistas com os escritores e escritoras convidados para dar o lugar de
voz a esse “outro” que nos fala. Assim, após o debate, os escritores e
escritoras convidados eram sempre instados a refletir para os par-
ticipantes sobre sua experiência como autor e autora, suas obras, os
detalhes dos textos socializados, seu processo de autodescoberta e
suas expectativas como autor e autora de literatura na e da Paraíba.
Concluindo as etapas mês a mês, resta que a experiência da lingua-
gem é uma experiência de pertença no mundo e, através dele, uma
forma de sentir-se nele.
163
Fundamentação teórica
164
O lugar de produção do texto literário, enquanto um lugar de
pertença também político, nos leva a refletir sobre como a experi-
ência do autor e do texto dialoga com nossos próprios lugares de
pertença. É via que entendemos a literatura como um processo de
tradução de experiências de mundo, como o retrata Boaventura
de Sousa Santos, e como uma ontologia do presente, como destaca
Soares; ou seja, ao apresentar-se como um modo de ler o presente,
a partir de sujeitos e sujeitas subalternizados, podemos ter contato
com experiências vívidas de constituição do presente vivido por
elas. Assim, preocupamo-nos em dar uma conformação aos nossos
encontros de modo que não se excluísse mulheres, pessoas pretas
e pardas e LGBTQIAP+. Buscou-se, sobretudo, uma adequação da
seleção dos escritores às demandas contemporâneas, com vistas à
abertura da universidade para todos e todas.
Resultado e discussão
165
além de disponibilizar um e-mail oficial do projeto e um grupo de
um aplicativo de mensagens para fins de comunicação.
Os alunos envolvidos na execução do projeto participaram de
reuniões quinzenais para avaliação e aperfeiçoamento das vivên-
cias, oficinas e demais atividades resultantes deste processo. As
ações deste Projeto, por fim, estiveram vinculadas às realizações do
Grupo de Pesquisa PELEJA – Pesquisas e Estudos em Letramentos
de Jovens e Adultos, registrado desde o ano de 2013, com ações
diversas no campo da Educação Popular/Educação de Jovens e
Adultos.
Considerações finais
166
Referências
167
TELEATENDIMENTO NA CEFALEIA TENSIONAL E
ALGIAS NA COLUNA DURANTE O PERÍODO PANDÊMICO
Introdução
169
estudos que apontam uma maior frequência desse tipo de cefaleia
no gênero feminino, em pessoas com idade inferior a 55 anos e
uma estreita relação com o estresse (FRIEDMAN, 2010; MEDEIROS,
2013; QUEIROZ, 2008).
Uma das causas de algias musculares e cefaleias do tipo tensio-
nal podem estar associadas a má postura, causando encurtamento
muscular e dores. A má postura pode ser ocasionada por uma vida
estressante, maus posicionamentos laborais, maus hábitos postu-
rais, o que pode acarretar uma vida sedentária. Os maus hábitos
posturais estão intimamente ligados à limitação da amplitude das
articulações, da extensibilidade dos músculos e da plasticidade dos
ligamentos e tendões (MOLINARI, 2000).
Devido à pandemia da COVID-19, no Brasil, as primeiras medi-
das de isolamento social começaram a ser adotadas em março
de 2020 (GARCIA; DUARTE, 2020 apud SILVA et al, 2020). Sendo
assim, as restrições sociais impostas interromperam ou limitaram
a realização de atividades de vida diária das pessoas, impactando,
inclusive, no cotidiano daquelas que necessitavam deslocar-se até
centros de reabilitação especializado (CUBO, 2020; REQUIA et al.
2020 apud SILVA et al, 2020).
Diante desse cenário, as atividades presenciais do projeto de
extensão cefaleia do tipo tensional e algias na coluna - Oficina de
Massagem foram paralisadas, como alternativa de manter o projeto
ativo e manutenção do atendimento a comunidade, tomou como
medida tomadas a adesão ao Teleatendimento/Telereabilitação,
tendo como objetivo, atenuar algias musculares na coluna ver-
tebral e cefaleia do tipo tensional através do desenvolvimento de
materiais de orientações posturais, vídeos de automassagem ela-
borados pelos discentes, bem como alongamentos que poderiam
ser realizados pelos participantes em seus próprios domicílios. O
teleatendimento elimina esse tempo para pacientes e médicos, tor-
nando a experiência mais confortável. Além disso, o apoio familiar
aumenta a efetividade do paciente para aderência ao tratamento
(ALMATHAMI et al., 2020.
170
O teleatendimento, recurso que abrange a telereabilitação
pode ser definido como o uso de tecnologias de telecomunicação
para levar cuidados de saúde a pacientes que estão distantes de um
profissional e aprovada pela resolução no 516 de 20 de março de
2020 pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(COFFITO). Esta estratégia de telereabilitação não se mostra supe-
rior à qualidade do atendimento presencial tradicional, no entanto,
a prática de telereabilitação é associada com resultados compará-
veis e foi a solução encontrada para a situação pandêmica (SILVA et
al, 2020).
A telessaúde se dá pelo contato entre o profissional de saúde e
o paciente, quando os dois estão separados por distância. Esse con-
tato pode ocorrer de maneira síncrona, ou seja, em tempo real, por
meio de chamadas telefônicas ou videochamadas; ou de maneira
assíncrona na qual a informação é armazenada e encaminhada
por mensagens instantâneas (SMS) e e-mails (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2017). Sendo assim, as ferramentas voltadas para
telessaúde/telereabilitação possuem potencial para impactar posi-
tivamente os serviços de atenção à saúde, aumentando a acessibili-
dade, proporcionando manutenção dos cuidados de reabilitação e
reorganização dos serviços (AQUINO et al., 2020).
A relevância dos atendimentos e ações realizadas pelo projeto
dá-se através de medidas eficazes que possibilitam a promoção
da saúde, tendo por finalidade contemplar a comunidade campi-
nense e circunvizinha, além de docentes, funcionários e estudan-
tes da própria instituição de ensino. Assim, este projeto atinge uma
das principais metas do programa de extensão universitária, que
é integrar e interagir educação, cultura e saber científico de forma
indissociável através do ensino e da pesquisa, executando o vínculo
transformador entre universidade e sociedade.
171
Fundamentação teórica
172
comprimento das estruturas encurtadas, objetivando um aumento
da flexibilidade e de amplitude de movimento (ADM).
Além disso, outra abordagem baseada nas evidências cien-
tíficas para melhorar a qualidade de vida destes indivíduos é a
educação em saúde desenvolvida por meio das orientações postu-
rais. Nestas orientações, trabalha-se a conscientização sobre man-
ter uma relação adequada entre os segmentos do corpo e entre o
corpo e o ambiente para realizar uma determinada tarefa. Jornadas
longas de trabalhos e de estudos favorecem a maiores tempos na
postura sentada, o que ocasiona sobrecarga dos músculos e arti-
culações, levando a fadiga muscular e dores na coluna vertebral
(BRAGA, 2011).
Diante do cenário pandêmico, Darzi et al. (2016) afirmam que
aumentar o acesso e otimizar o uso dos serviços de saúde já dispo-
níveis por meio da oferta de “reabilitação baseada na comunidade”
e “reabilitação em casa” são modalidades viáveis e aceitáveis para
melhorar os resultados da reabilitação. O uso dessas tecnologias
de informação e comunicação (TIC) possui um importante papel
na promoção da cobertura universal de saúde, podendo ocorrer
de diferentes formas, como por exemplo, através da Telessaúde e
do m-Health (mobile-Health) (DIAS, 2019). O m-Health é definido
como o uso de dispositivos móveis, como telefones celulares, nas
práticas de saúde. Esta modalidade tem aumentado seu potencial
devido ao crescimento exponencial mundial do uso de dispositivos
móveis (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017).
O teleatendimento é uma aliada importantíssima no sistema
de saúde do Brasil, principalmente no enfrentamento do COVID-19,
pois ela forneceu serviços direcionados para o setor da saúde, auxi-
liando o atendimento dos profissionais além disso, durante esse
período pontual, esse sistema foi indispensável na comunicação
dos usuários/pacientes para com os profissionais sem precisar rea-
lizar o deslocamento até os serviços de saúde, conseguindo levar
mais conforto e paz para o equilíbrio emocional dos indivíduos (
BRITO BO e LEITÃO LPC,2020).
173
Metodologia
174
acordo com as queixas mais comuns entre os participantes que já
haviam sido avaliados e os atendimentos tiveram início via disposi-
tivo móvel, mais especificamente utilizando o aplicativo WhatsApp,
que foi ode melhor adaptação por parte dos participantes.
Quanto ao protocolo de atendimento, a conduta terapêutica
proposta/aplicada tinha embasamento científico e os mesmos
objetivos terapêuticos dos encontros presenciais. Os atendimen-
tos duravam em média, 30-40 minutos, sendo realizado uma vez
por semana. A cada sessão era encaminhado, aos participantes,
um material produzido pelos extensionistas com o tema proposto
do dia, de acordo com o cronograma. A partir disso, o material
era apresentado ao participante para sanar as possíveis dúvidas
durante a reunião on-line e/ou por meio de áudios e mensagens
de texto. Após oito encontros online, o cronograma era encerrado e
iniciava-se um novo ciclo de atendimentos com outros participan-
tes, totalizando dois ciclos.
Quanto ao cronograma, foram elaborados portable document
format, folders e vídeos sobre respiração consciente, orientações
posturais, auto massagem facial, no couro cabeludo e nos segmen-
tos cervicais, torácicos e lombares da coluna vertebral, além de
alongamentos para a região cervical, torácica, lombar e medidas
de autocuidado. Os métodos descritos anteriormente eram aplica-
dos de acordo com a necessidade de alívio álgico do participante.
Pensando na divulgação e alcance de um público maior, todo os
materiais que eram compartilhados com os pacientes durante o
teleatendimento eram divulgados também na rede social Instagram.
Resultados
175
composta por 18 estudantes, 1 doméstica, 2 jornalistas, 1 aten-
dente de telemarketing, 1 motorista, 7 professores, 5 assistentes
administrativos, 3 técnicos laboratoriais, 1 auxiliar de biblioteca, 1
advogada, 1 agente comunitário de saúde, 1 analista de sistemas,
2 aposentadas, 1 assessora de cerimonial, 2 assistentes técnicos, 1
auxiliar de serviços gerais, 2 funcionários públicos, 1 nutricionista,
2 psicólogas, e 2 vendedoras.
No que diz respeito à localização da dor, 25,5% (n=14) usuá-
rios queixavam-se de cefaléia do tipo tensional e 74,5% (n=41) se
queixavam de dores na coluna. Dentre os 41 usuários que se quei-
xavam de dor na coluna, 7,3% (n=3) usuários referiram dor ape-
nas na coluna cervical, 2,4% (n=1) referia dor apenas na torácica e
4,9% (n=2) referia dor apenas na lombar. Adicionalmente, 56,1%
(n=23) dos pacientes relataram dores em mais de uma região (ex.:
cervical e torácica, torácica e lombar, cervical e lombar) e 29,3%
(n=12) pacientes apresentavam dor nas regiões cervical, torácica
e lombar.
De acordo com estes dados, a localização da dor entre os par-
ticipantes foi em mais de uma área da coluna vertebral. Assim, as
sessões de teleatendimento foram direcionadas aos participantes
de acordo com a sua sintomatologia individual, para um maior
aproveitamento e efetividade. Todavia, ao longo dos atendimentos
e em meio à difícil situação pandêmica, alguns participantes desis-
tiram dos atendimentos, e assim, permaneceram até o último aten-
dimento apenas 50,9% (n=28) dos participantes.
Apesar destas desistências, obtivemos bons resultados com os
pacientes que se mantiveram frequentes aos 8 atendimentos de 30
minutos de duração cada um. Uma forma de comprovar foi através
da análise dos dados da Escala Visual Analógica (EVA) (FIGURA 1),
sendo a inicial coletada na inscrição do usuário e a final coletada no
último dia de atendimento, considerando de 0 a 2 sem dor ou dor
leve, 3 a 7 dor moderada e 8 a 10 dor intensa:
176
FIGURA1 - Eva dos pacientes atendidos no período 2020.1
177
EVA dos pacientes atendidos no período 2020.1
S.A.S. 7 5
T.B.R 7 5
T.S.A. 4 2
Y.S. 7 5
Fonte: Elaborada pelo autor, 2022.
178
Discussão
179
falta de segurança em meios virtuais e pela dificuldade ou falta de
habilidades com os equipamentos/meios digitais (PORTNOY J, et
al., 2020).
Os participantes que compuseram a nossa amostra relataram
redução do quadro álgico e consequentemente, melhora em aspec-
tos da qualidade de vida. Araújo, et al (2020) relataram que durante
o teleatendimento de pacientes que tiveram COVID -19 durante a
pandemia era percebida a satisfação do atendimento por meio das
mídias digitais, sanando dúvidas sobre sintomas e características
da COVID-19, com alívio dos sintomas e gratidão pela prestação
desse tipo de assistência, além da possibilidade da continuidade
do cuidado e do vínculo paciente-profissional. Aqui, observamos o
mesmo nível de satisfação e gratidão ao final de cada ciclo de pro-
jeto, por parte dos participantes e extensionistas.
Conclusão
180
Referências
181
CASELLATO, T. F. L., DIOGO, L. C., ZAVARIZE, S. F. Fisioterapia nas
coletividades humanas: uma revisão sistemática. Revista Pesquisa
Em Fisioterapia, v. 10, n.2, p. 317–323, 2020.
182
MOLINARI, Bruno. Avaliação médica e física: para atletas e pra-
ticantes de atividades físicas. 2000.
183
RELATO DE EXPERIÊNCIA PROJETO ATIVA IDADE:
INTERDISCIPLINARIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA
Introdução
1 ([email protected])
2 ([email protected])
3 ([email protected])
4 ([email protected])
5 ([email protected])
185
impactar “anulando, inclusive, os pressupostos teóricos e metodo-
lógicos de um campo do conhecimento’’ (p. 464).
Nos cursos de bacharelados de progressão linear, apesar de
ser comum haver a orientação para que certas disciplinas sejam
ministradas de modo interdisciplinar, é a fragmentação do saber,
indo na contramão da interdisciplinaridade e impactando sobre a
formação do futuro profissional (PEREZ, 2018). Dessa forma, mui-
tos discentes recorrem aos projetos de extensão universitária inter-
disciplinares disponibilizadas pela sua instituição de ensino, para
ter essa experiência prática mais ampliada.
Nesse sentido, como abordado por Ribeiro e colaboradores:
186
aplicação dos protocolos de isolamento social como medida sani-
tária para deter o contágio deste vírus até então desconhecido, o
desenvolvimento das atividades interdisciplinares de extensão
universitária, principalmente aquelas voltadas às pessoas idosas,
tendo em vista que essa população é a mais susceptível ao vírus,
tornou-se um desafio. Assim, além dos vários setores que tiveram
suas atividades paralisadas, o meio acadêmico também teve que se
adaptar a essa nova realidade (ROMÃO; DA SILVA JÚNIOR, 2022;
NUNES et al., 2021).
O presente artigo tem por objetivo descrever as atividades
interdisciplinares realizadas pelo projeto de extensão “Ativa Idade
- Envelhecimento Saudável na Comunidade” durante a pandemia.
187
Esse artigo trata-se de um relato de experiência com idosos
de uma comunidade na Cidade de Grande-PB. As atividades que
serão aqui relatadas ocorreram entre os anos de 2021 e meados de
2022, que foram adaptadas à nova realidade advinda da pandemia
do Covid-19.
Vale salientar que:
188
como também informações relativas a saúde dos idosos; avaliar as
informações referentes ao acesso aos serviços de saúde, autoper-
cepção e morbidade referida; motivar os idosos a serem agentes
multiplicadores de saúde; propor ações de promoção de saúde geral
e Educação em Saúde, propiciando a aquisição de conhecimentos
básicos de saúde e desenvolvimento crítico sobre saúde; estimular
a criatividade dos extensionistas durante a socialização de saberes,
na perspectiva da formação do futuro profissional enquanto cida-
dão; articular as atividades de extensão em Saúde Coletiva com o
ensino e a pesquisa; e fornecer a integração entre a universidade e
a comunidade.
Nesse sentido, é importante ressaltar que a proposta da exten-
são não se resume apenas em prestar serviço à população/comu-
nidade, mas levar o extensionista a refletir sobre o seu papel diante
do compromisso social e os pressupostos teóricos e metodológicos
(RIBEIRO et al., 2016).
Diante da pandemia da Covid-19, visando manter o vínculo
com os idosos e dando continuidade às atividades propostas, o
projeto precisou reinventar-se, recorrendo ao contato por meio de
ligações telefônicas e/ou vídeo chamadas através de aplicativos de
mensagens, como o WhatsApp. Essas adaptações foram necessárias
para que as atividades pudessem ser continuadas e, como apontado
por Romão e Da Silva Júnior (2022), “a forma mais convencional
durante esse período foi a transferência dos trabalhos presenciais
para a forma remota” (p. 10686). Para isso, contaram com o auxílio
da supervisora do campo, que, através dos demais agentes de saúde
da unidade básica, realizou o levantamento dos contatos telefôni-
cos dos idosos da comunidade advinda. Posteriormente, ocorreu
uma divisão dos contatos entre a equipe de acadêmicos extensio-
nistas, onde cada um ficou responsável pelo contato, semanal ou
quinzenal, e de acordo com o interesse dos idosos dos quais fica-
ram responsáveis, realizando o feedback das ligações no grupo do
WhatsApp da equipe.
Essa mudança foi de suma importância, principalmente no que
diz respeito ao momento em que se encontrava a pandemia, tanto
189
para o acompanhamento da saúde dos idosos, as desmistificações
sobre o vírus e as informações sobre o acesso à saúde quanto para
a criação de vínculos afetivos, permitindo o compartilhamento
remoto de vivências e experiências durante a pandemia.
O levantamento das demandas das ligações realizadas auxiliou
na realização das posteriores atividades, tendo em vista que essa
estratégia, como citado por Rios, Sousa e Caputo:
190
da Pessoa Idosa (2006), além do seu objetivo de garantir e promo-
ver a autonomia e a independência à saúde dessa população requer
uma abordagem global e interdisciplinar, tendo em vista a influên-
cia de diversos fatores na qualidade de vida, como os aspectos psi-
cossociais e físicos.
Com o avançar das campanhas de vacinação, a garantia da ter-
ceira dose da vacinação dos idosos e a queda da curva de contágio do
vírus, foi possível a realização de três encontros presenciais, respei-
tando o distanciamento social e uso de equipamentos de proteção
individual. O primeiro encontro teve como pauta principal o cui-
dado, onde, após o acolhimento inicial, apresentação da equipe do
projeto e as contribuições dos relatos dos idosos participantes, foi
realizada a lavagem dos pés dos idosos como simbolismo de afeto,
vínculo e cuidado. O segundo encontro foi direcionado ao comparti-
lhamento tanto das experiências vivenciadas durante a pandemia e
suas repercussões à saúde física, mental e bucal, quanto abordando
as arboviroses que estavam em alta na cidade, tendo em vista que
essa população foi uma das mais atingidas e impactadas nesses
quesitos. Já no terceiro e último encontro foi abordada a questão da
saúde mental, a importância de uma rede de apoio fortalecida e do
cuidado da mente, do corpo e do espírito, enfatizando os serviços
onde eles poderiam recorrer em caso de urgência.
Todo planejamento para essas atividades foram realizados
remotamente e cada extensionista, de acordo com o seu curso de
origem, fez a sua contribuição nas dinâmicas e apresentações pro-
postas. Essa possibilidade de integração propiciada pela extensão
entre a equipe e a comunidade é de grande importância para a for-
mação dos futuros profissionais, desenvolvendo e potencializando
habilidades como a comunicação, escuta e o trabalho em equipe.
O incentivo a participação da equipe em eventos e publica-
ções que são relevantes para a agregação de conhecimentos sobre
o envelhecimento e a interprofissionalidade, para além das práticas
interventivas mencionadas, proporciona reflexões sobre a prática,
o compartilhamento de conhecimentos com outras realidades e
torna o saber mais significativo, visto que esse conhecimento sobre
191
as necessidades tanto físicas quanto psicológicas da população
idosa contribui para a formação do profissional de saúde que inevi-
tavelmente terá esse público aos seus cuidados futuramente.
Além disso, eram produzidos conteúdos informativos para o
perfil do Instagram, conteúdos esses que também eram comparti-
lhados com os idosos, estimulando a criatividade e a socialização
dos saberes dos extensionistas, na perspectiva da formação integral
do futuro profissional enquanto cidadão, e motivando os idosos a
serem agentes multiplicadores de saúde. Nesse sentido, Da Silva e
Meinhardt (2018) apontam que com a globalização e as novas tec-
nologias, há uma maior facilidade de acessar e disseminar grandes
números de informações em qualquer lugar do mundo, que por um
lado torna-se um aspecto positivo, mas que exige um pensamento
crítico e reflexivo para filtrar essas informações.
Com isso, os meios tecnológicos passaram a ser utilizados com
a intenção de diminuir os efeitos da distância social entre os ido-
sos e seus familiares. Além disso, essas ferramentas ajudaram con-
sideravelmente nos atendimentos da saúde, visto que, suprimiu a
locomoção desses indivíduos e os possibilitou uma maior indepen-
dência perante esse cenário desordenado. Desta forma, nota-se que
a tecnologia se encontra cada vez mais inserida no cotidiano desses
indivíduos e que proporcionou consequências relevantes (COSTA et
al, 2021; HAMMERSCHMIDT; SANTANA, 2020; VELHO et al, 2020).
Torna-se evidente, portanto, que essas ações educativas volta-
das aos idosos, por meio das tecnologias de informação e comuni-
cação no contexto pandêmico do Projeto de Extensão “Ativa Idade
– Envelhecimento Saudável na Comunidade” para a comunidade
idosa, contribuiu para a troca de conhecimento sobre a saúde sistê-
mica e um aprofundamento sobre os cuidados em saúde em geral,
além de trabalhar temas relacionados à prevenção de agravos em
saúde, onde foi possível perpetuar as ações educativas para melho-
ria do autocuidado, prevenção contra a Covid-19 e solução de dúvi-
das com interação social.
192
Assim, destaca-se a relevância e compreensão da extensão
universitária “como uma parte integrante da formação, indissoci-
ável e não menos importante que o ensino e a pesquisa, de forma a
compreender e reverberar em suas práticas o seu caráter político,
social e científico” (RIBEIRO et al., 2016, p. 66).
Conclusão
Referências
193
DA SILVA, C. R. Interdisciplinaridade: conceito, origem e prática.
Revista Artigos. Com, v. 3, p. e1107, 2019.
194
RIBEIRO, M. A. et al. A extensão universitária na perspectiva de
estudantes de cursos de graduação da área da saúde. Interagir:
Pensando a extensão, n. 21, p. 55-69, 2016.
195
CONECTIV-IDADES 60+: PROMOVENDO SAÚDE MENTAL
E INCLUSÃO DIGITAL DE PESSOAS IDOSAS
Josevânia da Silva1
Elayne Cristina de Sousa Chagas2
Amanda Kilse Macedo da Silva3
Marcela Tavares Silva Ribeiro4
Anadja Michelly dos Santos Souza5
Maria Clara da Silva Nascimento6
Inaiê Caldas Lins Volta7
Introdução
197
que se tratava de um novo tipo de infecção respiratória aguda, cau-
sada pelo coronavírus SARS-CoV-2, denominada Covid-19 (WU et
al., 2020). Logo, foi instaurado um estado de alerta em razão dos
elevados índices de contágio da doença, bem como seus impac-
tos em processos de adoecimento e morte, o que vinha contri-
buindo para sobrecargas nos serviços de saúde (OMS, 2020). É
frente a esse cenário que, mediante decreto, em 30 de janeiro de
2020, a OMS anuncia Emergência de Saúde Pública de Importância
Internacional (ESPII).
No Brasil, em 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde confirmou
o primeiro caso de coronavírus no estado de São Paulo (UNA-SUS,
2020). Anteriormente, conforme padrões de contaminação eviden-
ciados nos demais países, em 3 de fevereiro, através da Portaria nº
188, foi declarada Emergência em Saúde Pública de Importância
Nacional (ESPIN) em face à confirmação do novo coronavírus em
território brasileiro (BRASIL, 2020).
Embora a população geral tenha sofrido as consequências da
pandemia, alguns grupos apresentaram maior suscetibilidade aos
impactos físicos, psíquicos e sociais decorrentes desse contexto,
dentre eles, a população com 60 anos ou mais. Segundo dados da
Fiocruz, até o início de outubro de 2020, as pessoas idosas corres-
pondiam a 53,1% do total de casos e 75,2% dos óbitos confirmados
por Covid-19 no Brasil, contabilizando respectivamente 210.007 e
100.059 em número de casos e óbitos confirmados no país (2020),
interferindo diretamente na representação dessa população sobre
a doença e sobre a incorporação social das medidas preventivas.
Para mitigar os impactos da pandemia de Covid-19, algumas
medidas foram tomadas, tais como o isolamento e distanciamento
social, a recomendação para evitar locais de alta circulação e/ou
manuseio de objetos contaminados, o fechamento de academias
e shoppings, entre outras recomendações (Ministério da Saúde,
2020). Essas medidas, no entanto, romperam bruscamente com os
moldes cotidianos de vida até então estabelecidos por cada sujeito.
Na população idosa, tais medidas impactaram processos de socia-
lização, no convívio familiar e no exercício das suas atividades
198
diárias, gerando sofrimento psíquico e estresse (VAN et al., 2020
apud SANTOS; SILVA; PACHÚ, 2020).
Pesquisas realizadas com idosas em cidades rurais da Paraíba
(SILVA, 2015; SILVA; PICHELLI; FURTADO, 2017) evidenciaram
que, mesmo em períodos anteriores a pandemia da Covid-19, havia
uma prevalência de Transtornos Mentais Comuns nessa população,
apontando para sintomatologias como as de ansiedade e depres-
são, consumo elevado de álcool e tabaco. A pandemia da Covid-19,
além de gerar sofrimento psíquico, contribuiu para o agravamento
das demandas em saúde mental já existentes.
Propostas interventivas precisaram ser levantadas, dentre as
quais destacam-se os grupos de ajuda mútua, que tem por objetivo
proporcionar espaços de convívio e suporte social, como também
de circulação da palavra e amparo empático entre os seus partici-
pantes (VASCONCELOS; WCCK, 2020). Partindo do contexto de iso-
lamento social ao qual foi proposto como medida de saúde durante
a pandemia da Covid-19, os grupos de ajuda mútua tiveram de ser
adaptados ao virtual/online, mediados pelo uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC`s).
Quando utilizadas de maneira efetiva pelas pessoas idosas, as
TIC`s podem ser importantes ferramentas de promoção à saúde e
qualidade de vida dessa população (MENDES, 2019). Desse modo,
a ação de extensão “Conectiv-idades60+: promovendo saúde men-
tal e inclusão digital de pessoas idosas” foi desenvolvida enquanto
uma gerontecnologia por se caracterizar como grupo online de
ajuda mútua. Tendo em vista evidenciar os benefícios da ação
extensionista, este artigo tem por objetivo analisar a percepção de
idosos sobre suas vivências no projeto Conectiv-Idades 60+ e como
estas contribuíram para a promoção da saúde mental e da inclusão
digital.
199
Metodologia
200
identidade dos participantes, utilizou-se nomes fictícios que fazem
referência à mitologia grega.
Para a coleta de dados, foram utilizados os seguintes instru-
mentos de pesquisa: I. Questionário sociodemográfico: contendo
questões relativas à escolaridade, região onde reside, idade e sexo,
buscando traçar o perfil dos participantes; II. Entrevista semiestru-
turada: composta por oito questões norteadoras, do tipo abertas,
relacionadas às vivências das pessoas idosas e sua percepção sobre
os grupos de convivência online. Após aprovação da pesquisa pelo
comitê de ética (CAAE: 38256720.3.0000.5187), deu-se início ao
processo de coleta de dados, que ocorreu de forma remota, durante
os meses de novembro de 2021 e abril de 2022, por meio do recurso
chamada de vídeo, na plataforma Google Meet. O pesquisador res-
ponsável estava localizado na cidade de Campina Grande - PB, e os
participantes estavam distribuídos entre as cidades de Esperança,
Lagoa Seca, Campina Grande e João Pessoa, no estado da Paraíba, e
um participante residia na cidade de Pindamonhangaba, no estado
de São Paulo.
Os dados decorrentes das entrevistas foram analisados a par-
tir da análise de conteúdo do tipo categorial temática, proposta
por Bardin (2011), cujo objetivo é analisar comunicações ou dis-
cursos diretos e simples, por meio do desmembramento do texto
em unidades, em categorias segundo reagrupamentos analógicos.
Ressalta-se que foram considerados todos os preceitos éticos de
pesquisas com seres humanos, conforme a Resolução nº 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS).
Fundamentação teórica
201
existem diversos modos de se envelhecer, motivo pelo qual a expec-
tativa de vida varia entre os diversos países e entre regiões de um
mesmo país, o que é observado na realidade brasileira. Aspectos
como renda, lugar de moradia, acesso a saneamento básico, condi-
ções de trabalho, acesso aos serviços de saúde são marcadores que
repercutiram na longevidade das pessoas (SILVA; LEITE, 2020).
Mais que acrescentar anos de vida, é preciso acrescer qualidade de
vida aos anos.
No cenário da Covid-19, a população idosa foi categorizada
como de risco, o que repercutiu no bem-estar e na saúde mental
desse grupo etário (BONSAKSEN et al., 2021). Em razão da necessi-
dade de maior rigidez no cumprimento do isolamento social, foram
observadas diversas repercussões psicossociais para a população
idosa, a saber: quebras de rotinas, sentimentos de medo, ansie-
dade, estresse, sentimentos de solidão, entre outros (PARKS et al.,
2023; AMERIO et al., 2023).
Nos últimos anos, no Brasil, ocorreu o aumento da problemati-
zação das questões relacionadas ao envelhecimento, demandando
a ampliação de estudos no campo da Gerontologia (ALMEIDA et al.,
2012), que tem como objetivo a descrição e a explicação das mudan-
ças típicas, ou não, do processo de envelhecimento, abarcando seus
determinantes biológicos, psicológicos e socioculturais. Ademais,
esses estudos permitem pensar em ações que minimizem proces-
sos de fragilização do sujeito, seja decorrente de questões bioló-
gicas, como as doenças crônicas, seja por falta de redes de apoio,
promovendo assim a qualidade de vida da pessoa idosa (AZEREDO;
AFONSO, 2016).
A gerontotecnologia caracteriza-se como um campo do saber
interdisciplinar cujos estudos são direcionados ao processo do
envelhecimento humano em seu amplo espectro e necessidades e,
também, a partir do desenvolvimento de tecnologias que podem
servir como solução para uma gama de situações vividas pela popu-
lação idosa, impactando de forma positiva em suas vidas (CASTRO,
2010). Refere-se à utilização de ferramentas que possam promover
o desenvolvimento de um modelo assistencial potencializador das
202
habilidades de cuidado, auxiliando na promoção de estratégias efe-
tivas quanto à manutenção das práticas de cuidado, aprimorando a
assistência à saúde (CARLETO; SANTANA, 2017). Nessa direção, os
grupos online de ajuda mútua podem ser caracterizados como uma
gerontecnologia na promoção de saúde mental e inclusão digital
das pessoas idosas (PRADO; SAYD, 2006).
203
vários contextos e realidades geográficas. Ademais, levando em con-
sideração o contexto pandêmico, os grupos online de ajuda mútua
funcionaram como uma rede de apoio e de laços afetivos, podendo
ser uma forte alternativa para amenizar o isolamento social pre-
sencial, dados os riscos de contágio (VASCONCELOS, WECK, 2020).
Resultados e discussão
Idade 63 a 70 anos 06
71 a 77 anos 03
Fundamental incompleto 01
Médio incompleto 01
Escolaridade Médio completo 03
Superior incompleto 02
Superior completo 02
Paraíba 08
Estado 01
São Paulo
Fonte: dados da pesquisa.
204
mútua, seguido dos relatos sobre a importância dos grupos durante
a pandemia da Covid-19, totalizando 32,6% das unidades de conte-
údo, conforme figura 2 abaixo:
A experiência de participação
205
“Eu me sentia super bem e super assim…, não
sei se a palavra é valorizada. Acho que é valo-
rizada, assim… é respeitada, respeitada na
minha idade” (Plutão de Ares, 69 anos).
“No acolhimento de acolher a gente nessa
idade, que a gente nem sempre tem esse aco-
lhimento, né!” (Plutão de Ares, 69 anos).
“Quando a gente se sente acolhida, a gente
melhora significativamente. (...) Sou impor-
tante para você (...), eu sou importante para o
outro” (Mercúrio de Atena, 68 anos).
206
“Hoje eu me dou valor, e hoje eu sei que eu sou
importante. Hoje eu sou uma pessoa idosa,
mas eu tenho outra cabeça, outros pensamen-
tos, e a minha vida não termina por aqui. Eu
tenho muita ainda coisa a fazer e a participar”
(Mercúrio de Atena, 68 anos).
“Eu gosto de um grupo assim bem plural e bem
eclético, embora a gente seja idosa a gente se
sente jovem (...) Não jovem na idade né, mas
jovem assim no pensamento, no desenvolvi-
mento intelectual, tudo (...) Dá oportunidade a
todo mundo né, todo mundo falava e foi muito
bem pensado” (Saturno de Zeus, 74 anos).
“Esse grupo eu achei fantástico, né! E a criação
do grupo foi de muita importância. Eu acredito
que salvou a vida de todos nós que estivemos
participando sabe?” (Plutão de Ares, 69 anos).
“Me fez e me faz muito bem (...) é como um
refúgio sabe.” (Urano de Ártemis, 66 anos).
207
período, sendo possível perceber que o grupo auxiliou as pessoas
idosas nos cuidados da saúde mental e enriqueceu a rotina dos par-
ticipantes, conforme pode ser observado nos relatos abaixo:
208
benefícios advindos do uso das tecnologias digitais e virtuais. Com
isso, Sun et. al. (2020) reforça que níveis mais elevados de utiliza-
ção da Internet são preditores significativos de níveis mais eleva-
dos de apoio social, redução da solidão, melhor satisfação de vida e
bem-estar psicológico em idosos.
209
sujeitos de que possuem pessoas com as quais possam confiar, sen-
tir-se amparadas, valorizadas, bem como a percepção de que estas
pessoas se preocupam com ela (CARVALHO et al., 2011).
Considerações finais
210
pelo aumento dos níveis de ansiedade, de estresse e de solidão.
Assim, este artigo teve por objetivo analisar a percepção de ido-
sos sobre suas vivências no projeto Conectiv-Idades 60+ e como
estas contribuíram para a promoção da saúde mental e da inclusão
digital.
Os resultados evidenciaram que as pessoas idosas participan-
tes, perceberam o grupo de ajuda mútua online como um espaço de
acolhimento, valorização, inclusão digital e socialização. Ademais,
o grupo de ajuda mútua online foi concebido, pelos participantes,
como um meio de enfrentamento ao sofrimento psíquico, ao dis-
tanciamento social e à solidão.
A partir desses dos achados evidenciados, considera-se que o
grupo de ajuda mútua online, criado a partir do projeto de extensão
Conectiv-Idades 60+, permitiu às pessoas idosas a construção de
novos vínculos, o fortalecimento da autoestima, o sentir-se valori-
zado e aceito pelo outro e a diminuição dos sentimentos de solidão
e isolamento. A percepção positiva das pessoas idosas participan-
tes foi baseada, sobretudo, nas vivências durante os encontros, as
quais caracterizaram-se como espaço de fala, acolhimento e valori-
zação da velhice.
Considerando a relevância social do projeto de extensão
Convectiv-Idades 60+, ao se propor desenvolver e aplicar uma
gerontecnologia para a promoção de saúde mental de idosos, os
grupos online de ajuda mútua configuram-se como estratégia de
inovação, de fácil acesso, podendo ser aplicada em outros contextos
com o objetivo de promover saúde e qualidade de vida às pessoas
idosas, além de poder contemplar outros grupos, tais como familia-
res, cuidadores e profissionais de saúde.
211
Referências
212
não participantes de um grupo de convivência da terceira idade de
Catanduva (SP). Estud. interdiscip. envelhec, v.20, n.2, p.583-596,
2015.
213
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ. (2020). Vacinas contra
Covid-19. Dez. Rio de Janeiro.
214
SILVA, Josevânia; LEITE, Késia de Macedo Reinaldo Farias Leite.
Pessoas idosas em contextos rurais: estilo de vida e vulnerabilida-
des às IST`S/Aids. Revista de Psicologia da IMED, v.12, n.2, p.1-19,
2020.
SUN, Xiran, YAN, Wenxi., ZHOU, Hao. et al. Internet use and need
for digital health technology among the elderly: a cross-sectional
survey in China. BMC Public Health 20, 1386, 2020.
215
WICHMANN, Francisca Maria Assmann, et al. Grupos de convivên-
cia como suporte ao idoso na melhoria da saúde. Revista Brasileira
de Geriatria e Gerontologia, v.16, n.4, p.821-832, 2013.
216
GERONTOTECNOLOGIA: INTERVENÇÕES
EM PSICOEDUCAÇÃO
Introdução
217
potencial de risco, reforçando os preconceitos a este grupo etário,
como o emblemático caso que foi divulgado nas redes sociais do
carro da “cata véio” (HAMMERSCHMIDT; SANTANA, 2021) como
também acentuando o fenômeno de exclusão digital (BONETTI;
BICA, 2022).
Tal fenômeno pode provocar diversos prejuízos à saúde do
idoso, uma vez que o uso das tecnologias vem se constituindo como
uma possibilidade de aprimoramento das relações, como a produ-
ção de novas tecnologias na saúde e qualidade de vida da popu-
lação e expansão do conhecimento científico (SOARES, COLARES,
2020). O uso das TDICs por idosos em situação de isolamento social
pode proporcionar o aumento das sensações de segurança, prote-
ção, independência e do prazer, bem como a redução da solidão
(BONETTI; BICA, 2022).
No entanto, é importante considerar que por mais que o uso
dessas ferramentas apresentem benefícios, como a aproximação
social, historicamente, a população idosa brasileira apresenta baixa
escolaridade e dificuldade de acesso aos recursos tecnológicos
(HAMMERSCHMIDT; SANTANA, 2021). Logo, surge a necessidade
de criar conteúdos direcionados e adequados ao público idoso para
suprir os obstáculos ocasionados pela pandemia e pela exclusão
digital (BONETTI; BICA, 2022).
Nesse sentido, ao se deparar com a temática e com relatos de
idosos sobre as dificuldades no uso das TDICs, o Grupo de Estudos
e Pesquisas em Envelhecimento e Saúde - GEPES realizou interven-
ções online em psicoeducação sobre o uso das TDICs com um grupo
de idosos durante o período de isolamento social. Assim, o presente
estudo tem como objetivo apresentar o plano de intervenções rea-
lizado e analisar quais os efeitos de intervenções em psicoeducação
com um grupo de idosos durante a pandemia da Covid-19. Os obje-
tivos específicos consistem em discutir sobre a relação de TIDCs e
pessoas idosas no contexto pandêmico e apresentar possibilidade
de recursos para realização de oficinas no formato remoto com pes-
soas idosas.
218
Metodologia
Participantes
Procedimento
219
dos participantes e o número de oficinas destinadas ao tema foi de
acordo com o tempo e desenvolvimento do grupo.
A proposta engloba não só atividades nas oficinas, compreen-
dendo o fornecimento de apoio informativo e instrumental através
do Whatsapp de forma individual e grupal, bem como o envio de
materiais de apoio e atividades de treino do conteúdo estudado a
serem realizadas durante a semana. Os materiais de apoio foram
constituídos por um material escrito didático e vídeos tutoriais.
Foram realizadas 15 oficinas de forma didática com dura-
ção média de 90 minutos. Foram estruturadas em 4 momentos:
Apresentação estilo tutorial dos principais recursos e ferramen-
tas do tema escolhido; Aplicações da tecnologia para o cotidiano;
Dúvidas e esclarecimentos; Discussão sobre a atividade da semana.
Registro e avaliação
Considerações éticas
220
Fundamentação teórica
Envelhecimento e Gerontotecnologia
221
2010). No entanto, o surgimento da gerontotecnologia traz diver-
sas alterações ao campo do envelhecimento, com os novos métodos
de apoio e monitorização de idosos.
222
Ao adentrarmos na questão das redes sociais, percebemos um
grande espaço que elas vêm ocupando na vida das pessoas, princi-
palmente com a intensificação do uso após o momento de reclusão
social causado pela quarentena devido a pandemia do COVID-19.
Assim como para Marteleto (2001), entendemos por redes sociais
um espaço de comunidade não físico, em que um grupo de indiví-
duos se agrupam por afinidades que compartilham entre si.
Na sociedade atual contemporânea, há uma grande circulação
de informações e de produções, o que acarreta em um ambiente
social mais plural e diversificado. (SETTON, 2005). Dessa forma, há
diversos grupos possíveis para que o indivíduo interaja e crie novos
vínculos a todo momento. E as pessoas idosas no tempo atual, tam-
bém se deparam com essa nova configuração da realidade e de
novas possibilidades de conexão com os outros.
Neste contexto, a pandemia modificou não somente as estrutu-
ras socioeconômicas, mas também as interações humanas. Devido
ao distanciamento social, o uso das TDICs proporcionou a automa-
ção da comunicação, sendo utilizadas como ferramentas media-
doras de ensino e aprendizagem. Frente a isso, foram percebidos
desafios e oportunidades perante ao uso das tecnologias, visando
possibilitar um cenário de inclusão digital com maior acesso para
público da pessoa idosa. A interação online contribuiu para que
algumas dificuldades relacionais, escolares e profissionais fossem
minimizadas. As conversações na internet com amigos e familiares,
a educação a distância e o teletrabalho certamente não resolveram
as limitações impostas pelo isolamento social, mas permitiram que
a crise não fosse ainda maior (PRIMO, 2020).
Assim têm-se constatado que a pandemia do novo coronaví-
rus alavancou as tecnologias digitais como um marco que passou a
ser utilizado de forma precisa no “novo normal”, sendo que antes
essas eram usufruídas apenas de forma voluntária e até mesmo
dispensável mesmo já sendo de conhecimento de uma parcela da
sociedade.
223
Resultados e discussão
224
A equipe facilitadora foi percebida como importante fonte de
suporte social proporcionando apoio informacional e instrumental,
uma vez que o apoio informacional está associado à ajuda e à assis-
tência em tarefas e o apoio informacional compreende a orientação
e informação (SIQUEIRA; BETTS; DELL-AGLIO, 2006).
Projeto de intervenções
225
Oficinas Temas trabalhados Recursos utilizados
Google Maps O que é o Google Maps; como Material audiovisual, imagens
utilizar; principais recursos e do aplicativo e a técnica
ferramentas. “Cada pesquisa, uma história”
(elaborada pela equipe como
treino para as atividades
trabalhadas na oficina
anterior). Cada participante
pesquisou sobre algo que
lhe marcou e compartilhou
com o grupo, como poemas
e músicas, indicando como
pesquisou e o site em que
encontrou.
O mundo na Treino e aplicação dos Técnica elaborada pela equipe
palma das mãos assuntos trabalhados na em que cada participante
- Conhecendo oficina anterior. escolheu um lugar que
lugares com o gostaria de conhecer e o
Google Maps encontrou no Google Maps,
visualizando as ruas através
do recurso “visão imersiva” da
plataforma.
Identificando Como saber se um site é Material audiovisual e
sites seguros e seguro; verificando notícias imagens ilustrativas.
fake news de fontes confiáveis;
identificando fake news.
Desvendando o O que é um status, como Material audiovisual,
Whatsapp atualizar, apagar, silenciar e vídeos tutoriais e imagens
visualizar; como fixar, apagar ilustrativas com recortes do
ou arquivar uma conversa; aplicativo.
como enviar arquivos; como
enviar emojis e figurinhas;
o que é uma imagem
temporária e como enviar;
como realizar ligações de voz
e áudio em grupo e individual.
226
Oficinas Temas trabalhados Recursos utilizados
Desvendando o Configurações; privacidade; Material audiovisual,
Whatsapp explorando as ferramentas vídeos tutoriais e imagens
de uma conversa individual; ilustrativas com recortes do
explorando as ferramentas aplicativo.
de uma conversa em grupo;
configurações de conversa;
whatsapp e armazenamento.
Abrindo as Como realizar chamadas pelo Material audiovisual,
janelas virtuais Gmail, Google meet, Whatsapp vídeos tutoriais e imagens
- Como realizar e Instagram. ilustrativas com recortes do
chamadas pela aplicativo.
internet
Youtube Layout do youtube; principais Material audiovisual,
recursos e ferramentas; como vídeos tutoriais e imagens
pesquisar por texto e por ilustrativas com recortes do
voz; como transmitir para aplicativo.
TV; como ativar notificações,
se inscrever em um canal e
compartilhar o vídeo; como
curtir e comentar um vídeo;
como salvar; como ter mais
informações sobre o vídeo;
como acessar o histórico dos
vídeos que visualizou; como
publicar um vídeo.
Google Drive O que é o Google drive; Material audiovisual e
principais recursos; como imagens ilustrativas com
inserir um arquivo no drive; recortes do aplicativo.
como criar uma pasta no
drive.
Google Fotos O que é o Google Fotos e como Material audiovisual e
utilizar; como entrar em sua imagens ilustrativas com
conta; o que é um backup e recortes do aplicativo.
como fazer; lixeira; download
de arquivos; pesquisa e
favoritos.
227
Oficinas Temas trabalhados Recursos utilizados
Instagram Como criar uma conta; Material audiovisual,
como vincular ao Facebook; vídeos tutoriais e imagens
configurações iniciais; ilustrativas com recortes do
aprendendo o significado aplicativo.
dos termos do aplicativo:
Feed, Story, reels, live, direct,
boomerang e perfil; como
postar uma foto; como enviar
uma mensagem; como seguir
alguém; como interagir com
as publicações de outras
pessoas; configurações de
privacidade.
Gmail Como criar uma conta no Material audiovisual e
Gmail; como fazer login; como imagens ilustrativas com
deixar a conta mais segura; recortes do aplicativo.
como realizar uma chamada
pela conta do Gmail; como
excluir a conta.
Encerramento Retrospectiva do Material audiovisual.
desenvolvimento do grupo;
avaliação e feedback;
agradecimento da equipe e
encerramento do grupo.
Fonte: Elaboração própria.
Sociabilidade
228
Esse apontamento das redes sociais serem espaços de socia-
bilidade foi motivo para os participantes demandarem aprender
como mexer nessas redes, principalmente no Instagram que foi bas-
tante requisitado para ser tema das aulas. E, após essa demanda ser
acolhida, às pessoas idosas relataram sobre a facilidade com que
se pode conversar com os outros nessa rede social, principalmente
em ser fácil de acompanhar as atualizações na vida das pessoas por
quem eles têm apreço, seja familiares, amigos e colegas da UAMA, e,
até mesmo entre eles, o grupo que fez parte dos encontros.
Com as atividades e os treinos nas oficinas, os participantes
relataram maior facilidade na utilização. Ao ser trabalhado sobre o
Instagram, os participantes puderam aprender não só a postar atu-
alizações, fotos e compartilhar publicações, mas também interagir
com as outras pessoas e suas publicações. Já no que diz respeito
ao whatsapp, foi possível perceber maior desempenho e habili-
dade até mesmo nas conversas do grupo virtual e na realização das
atividades..
Compreendendo a universidade como um meio de socializa-
ção e responsável por promover também não apenas um espaço
em que essa sociabilidade apareça, mas que seja responsável em
aprimorar esse aspecto para os indivíduos idosos se incluírem nas
novas formas de socialização que surgem através da internet e as
plataformas online que buscam priorizar a conexão entre os indiví-
duos como no caso das redes ditas sociais.
Além da socialização proporcionada com a utilização das
TDICs, foram percebidos benefícios nesse aspecto com o desenvol-
vimento do grupo. Os idosos, por vezes, manifestaram o sentimento
de pertencimento do meio, além de se sentirem felizes por conse-
guir realizar pequenas atividades no meio digital, como afirma uma
das participantes: “O que vocês me ensinaram, me serve hoje e para
frente também. Fico muito feliz por postar no feed do Instagram,
mandar mensagens, filmar alguma coisa, mexer no Whatsapp foram
muito úteis. Tô aproveitando bastante!” (Mulher 8, 67 anos).
229
Sendo assim, verificou-se pelos relatos que os participantes
do grupo de extensão, conseguiram aprofundar suas habilidades
sociais no âmbito virtual. Assim como essa mesma questão trouxe
sensações de pertencimento, reforçando ligações/conexões já
existentes entre eles e pessoas quistas por eles. Ademais, há uma
integração dessas pessoas idosas ao cenário das redes sociais que
geralmente são mais habitadas por pessoas mais jovens, o que per-
mite incluir mais pessoas a essas redes, rompendo com o estereó-
tipo de que esses locais virtuais são para um público mais jovem,
quando na verdade, essa afirmação esconde a realidade de que as
pessoas idosas desejam estar presentes nesses meios virtuais de
sociabilidade, mas, podem não estar presentes neles por não serem
devidamente instruídos acerca de como mexer nesses aplicativos,
como também foi relatado pelos participantes, além de que apon-
taram sobre a falta de paciência das pessoas em ensinarem como
mexer nesses aplicativos e redes sociais. Ao pedirem para aprender
outras coisas, é percebido que eles querem ser incluídos no meio
digital, rompendo com o estereótipo de que ali não é o lugar de
idoso.
Autonomia
230
também participavam de aulas online, havia a dificuldade de abrir
o microfone, a câmera, além de não terem conhecimento de todos
os recursos. Foi nesse sentido que nos colocamos como facilitado-
ras e estimuladoras, tirando dúvidas e interagindo de maneira com
que eles pudessem usar recursos não apenas do Google meet, mas
também do Instagram e Whatsapp, Youtube e outros aplicativos.
São dificuldades que refletem, por exemplo, em situações do coti-
diano como na impossibilidade de pessoas idosas em gerenciar seu
dinheiro, comprometendo mais uma vez a independência e autono-
mia dos mesmos, condição direta da qualidade de vida. Transferir
dinheiro até entrar em redes sociais se torna dificultoso por pos-
suírem uma interface menos amigável, foi visto que a falta de segu-
rança, o crescente números de golpes em idosos por aplicativos
aliados a fake news se tornaram mais um obstáculo que os faziam
resistir a novas facilidades que a tecnologia pode oferecer.
Conhecer e dominar a linguagem, os recursos eletrônicos,
torna-se passaporte para o ingresso na modernidade (KACHAR,
2003). Então, quanto mais ele adentrar nesse mundo, mais se sen-
tirá seguro, além de saber se prevenir contra golpes. Nos encon-
tros também foram apresentadas algumas maneiras de se proteger,
como reconhecer números oficiais do banco no Whatsapp e verifi-
car fake news, além de procurar sites seguros, sempre trazendo o
estímulo para que perguntassem e apre.
Era pedido que eles tentassem postar uma foto no instagram,
tentar criar um grupo no whatsapp, ou algo relacionado ao que foi
dado. Esta independência ou autoeficácia adquirida com o uso da
internet gera nos idosos um sentimento de utilidade, ou seja, pas-
sam a perceber que são capazes de realizar diversas atividades sem
ajuda de terceiros (PIRES, 2015).
A oficina também funcionava como um estímulo coletivo para
aprender, ir atrás de outros cursos, estudar e levar dúvida para o
grupo, um dos alunos relata: “Eu aprendi as coisas, mas eu queria
aprender mais a partir do que vocês trouxeram e acabei fazendo um
cursinho, aí eu aprendi muitas coisas, eu já sabia de alguma coisa, e
aprendi um pouco mais” (Homem 3, 71 anos).
231
Considerações finais
232
Referências
233
DA SILVEIRA, Michele Marinho et al. Educação e inclusão digital
para idosos. RENOTE, v. 8, n. 2, 2010.
234
PRIMO, Alex. Afetividade e relacionamentos em tempos de isola-
mento social: intensificação do uso de mídias sociais para intera-
ção durante a pandemia de COVID-19: Emotions and relationships
during social isolation: intensifying the use of social media for inte-
raction during the COVID-19 pandemic. Comunicação & Inovação,
v. 21, n. 47, 2020.
235
ESTRATÉGIAS DE MARKETING DIGITAL
PARA ALAVANCAGEM DE NEGÓCIOS
Introdução
237
no direcionamento da comunicação, seja para vender um produto,
receber feedbacks, estar por dentro de tendências, realizar parce-
rias, entre diversas outras possibilidades. Por isso, muitas funções
exercidas pelos gestores de vendas necessitam passar por adap-
tações para lidar com a realidade da modernidade, demandando
um novo perfil de profissional que se adapta aos canais midiáticos
dinâmicos das gerações Z e Millennials.
Os anos de 2020 e 2021 ficaram marcados como os momentos
mais delicados da crise sanitária causada pelo vírus da COVID-19,
em relação a este período o portal Agência Brasil (2022) observa os
efeitos da pandemia no acréscimo considerável no percentual das
micros e pequenas empresas, com aumento de 53,9% se comparado
a 2018, evidenciando que este fato histórico afetou profundamente
a vida das pessoas e da economia. Boa parcela das motivações deste
fenômeno se devem por questões de necessidade, porém o encon-
tro de oportunidades também ocorreu. Nesta perspectiva, o posi-
cionamento do empreendedor inexperiente por ainda não estar
consciente do cenário que se moldou e a falta de desenvolvimento
da sua maturidade digital podem acarretar em grandes dificulda-
des na adaptação ao necessitar criar um canal de comunicação bem
elaborado e moderno.
Justificativa
238
agilidade e o aprendizado organizacional para construir relações
sólidas e duradouras com seus clientes. Entretanto, por ser uma
prática em sua essência mais experimental que técnica, surgem,
sobretudo para empreendedores individuais, algumas lacunas no
que tange à aplicar conceitos do marketing digital em seus negócios.
A partir então do reconhecimento dessas carências à adapta-
ção aos meios digitais em face do fomento na utilização das redes
sociais como ferramenta de vendas de produtos e serviços, é que
se buscou criar um projeto de estudo das estratégias fundamen-
tais para utilização do marketing digital como vetor comercial. O
estudo buscou fornecer conceitos e informações a respeito das fer-
ramentas básicas do marketing digital, a fim de capacitar pequenos
empreendedores e pessoas com o interesse de empreender para
utilizá-las em seus negócios.
Dessa forma, conseguimos traçar o objetivo central de desen-
volvimento e impulsionamento de cada negócio por meio desta
macro estratégia. Essa tendência digital, portanto, vem designando
um rumo essencial às pequenas empresas atualmente, qual seja,
estarem conectadas.
Graças a seu grande poder de propagação, a internet pode ser-
vir, portanto, para os pequenos empreendimentos, como elemento
estratégico básico para a divulgação de informações, que pode ser
feita diretamente para o público-alvo das empresas, aumentando
as possibilidades de repercussão na medida em que os receptores
da mensagem tendem a compartilhá-la (COLNAGO, 2014).
Referencial teórico
A Pandemia
239
período, as organizações foram compelidas a deslocar suas ativida-
des do ambiente físico para o meio digital.
Houve uma retração nas receitas em até 85% e a queda de
leads em até 83% das 500 empresas brasileiras estudadas pela
Ramper, plataforma de prospecção digital, Cruvinel (2020) aponta
a carência de investimentos em inovação e desenvolvimento nas
vendas como o principal motivo deste infortúnio, por outro lado
as companhias que já tinham agregado ferramentas de marketing
digital sofreram menos impactos durante a pandemia.
Empresas que souberam manusear bem ferramentas de
comunicação como as redes sociais despontaram no mercado e
conseguiram melhor administrar o momento adverso em favor do
seu negócio, melhorando até mesmo processos como é o caso do
atendimento ao cliente, ou customer success. Bezerra e Gibertoni
(2021) mencionam o fato de que metade da população atual utiliza
as mídias sociais e no ano de 2021 este número cresceu em 13%
durante um dos momentos mais delicados da crise global, alcan-
çando cerca de meio bilhão de usuários novos.
240
promovendo a aproximação das empresas e de seus públicos, além
de ser utilizada no posicionamento estratégico de marcas e na
diminuição de custos (COLNAGO, 2014).
Segundo Marques e Vidigal (2018), explorar o potencial das
redes sociais por meio da criação de valor na construção de relacio-
namentos; cuidar do conteúdo disponibilizado; integrar a estraté-
gia das redes sociais às estratégias da organização, principalmente,
de relacionamento; e estar apto a dar respostas rápidas aos clien-
tes, para Dong-Hun (2010), é um diferencial para as organizações
estarem à frente em seus mercados de atuação. Este mercado pro-
pulsor para pequenos negócios ficou mais evidente durante a pan-
demia do Covid-19.
Marketing Digital
241
QUADRO 1 - Técnicas abordadas pela extensão
242
especialmente para o empreendedor inexperiente. Scandolara
(2018) demonstra a visibilidade como um grande aliado na impul-
são de vendas, entretanto é imprescindível segmentar para atin-
gir o público alvo com o menor dispêndio de recursos e facilitar
a implementação da comunicação personalizada, a qual possibilita
uma interação mais próxima do consumidor. A empresa, de marke-
ting de recompensas, Minu (2022) reforça em seu blog que consu-
midores online interagem em até 72% mais com marcas que estão
atreladas aos seus interesses, ademais, brasileiros tendem a recom-
prar em lojas com atendimento personalizado em até 73%.
Objetivos
Objetivos alcançados
243
Obtivemos um feedback positivo dos participantes, no qual 81,6%
classificaram o projeto como sendo ótimo e 18,4% como bom.
Na segunda edição, o projeto foi desenvolvido junto a estudan-
tes do segundo ano do ensino médio, da cidade de Campina Grande,
que tinham como objetivo a construção de uma ideia para a forma-
ção de uma start up. Dessa forma, foi realizada uma parceria com
o Ouse Criar, um projeto desenvolvido pelo Governo do Estado da
Paraíba, no qual foram realizadas diversas oficinas que serviram
como base para a formação das startups, tendo sido o “Estratégias
de Marketing Digital para alavancagem de Negócios” uma dessas.
Foram repassadas para esses alunos informações a respeito do que
é marketing digital, sobretudo o que é voltado às redes sociais e que
pudessem contribuir para que os alunos ampliassem suas visões
sobre o assunto. Outro objetivo alcançado foi o de familiarizar os
alunos com termos e métricas próprias do marketing digital e que
fazem parte do dia a dia do profissional de marketing, a fim de que
pudéssemos demonstrar melhor a rotina e as ferramentas de traba-
lho utilizadas nesta área.
Metodologia
Descrição metodológica
244
Através do Revolução Criativa (RECRIA) – nome dado ao pro-
jeto na rede social, de emails aos alunos do Curso de Administração
da UEPB e representantes de turma, a extensão teve seus conteú-
dos divulgados com plenitude. Os materiais criados na plataforma
tinham temáticas específicas sobre o Marketing Digital e para orde-
nar a linha de raciocínio das postagens um calendário foi criado
entre os integrantes, com a seguinte divisão das demandas: (a) fon-
tes e conteúdos; (b) criação de artes, (c) legendas e revisões e (d)
interações e parcerias. A cada 2 dias eram realizadas pesquisas que
culminaram em publicações, interações e/ou mapas mentais para
serem divulgados no feed ou nos stories do perfil RECRIA.
Em um segundo momento, as aplicações das atividades pas-
saram a ser realizadas com a parceria de professores locais, junta-
mente com professores da Universidade Estadual da Paraíba- UEPB,
que atuam no curso de administração. O esquema desta colabora-
ção foi de levar informações científicas sobre o Empreendedorismo
Digital, sendo assim, os petianos ficaram responsáveis em gerir um
evento online que integrasse tanto os alunos, quanto os professores
e empreendedores convidados. As tarefas operacionais planejadas
eram: a divulgação, as inscrições, o evento, emissão de certificados
e coleta de dados.
Os workshops permitiram aos ouvintes uma troca de conhe-
cimentos muito enriquecedora com os profissionais da área. A
primeira edição foi dividida em dois dias, com os workshops
gratuitos que ocorreram nos dias 12 de maio de 2021, às 19
horas, com a consultora empresarial Pamela Abreu, a qual pales-
trou sobre o Empreendedorismo no Meio Digital, e 13 de maio
de 2021, no mesmo horário, com o social media Dyego Naque,
enunciando os conteúdos do Instagram para pequenos e futuros
empreendedores.
245
Análise metodológica
Considerações finais
246
por estarem iniciando no ramo e enfrentarem dificuldades para
tornar seu empreendimento sustentável economicamente.
Outro ponto de destaque a se mencionar neste relato, trata-se
da segunda edição do projeto, com alunos do ensino médio da rede
pública de ensino. Nesta etapa do projeto, podemos apresentar a
estratégia digital não apenas como uma ferramenta para difusão de
marcas e modelos de negócios, mas também como um novo âmbito
profissional, onde, diariamente, surgem inúmeras oportunidades
de trabalho.
Com este foco, o público jovem, que está buscando qualificação
profissional e direcionamento de carreira pode enxergar as novas
possibilidades que o mercado apresenta e os caminhos flexíveis
que podem ser seguidos nesta área de tecnologia da informação
e marketing, mais especificamente. Assim, buscamos apresentar a
importância do marketing digital para os negócios e, com isto, gerar
o sentimento de oportunidade nestes jovens, uma vez que quando
criamos um mercado, também criamos necessidades, e nesse caso,
necessidades latentes de profissionais preparados e munidos de
boas informações.
Referências
247
php/EIGEDIN/article/view/13904/9693.pdf. Acesso em: Acesso
em: 18 ago. 2022.
248
FILHO, J. E. B.; NASCIMENTO, R. M. L. L. A importância do marke-
ting digital no contexto de pandemia. pg. 10.UniEvangélica -
Centro Universitário. 2021. Disponível em: http://repositorio.aee.
edu.br/bitstream/aee/18123/1/TCC%20FINAL%20JORGE%20
E%20BAZI%20FILHO.pdf. Acesso: 17 fev. 2023
249
7. UNISUL. Repositório Anima Educação. Disponível em: https://
repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/3619/1/
CHAIANA_CARDOSO_SCANDOLARA-%5B48345-11301-1-
696814%5Dartigo_finalizado_e_corrigido_-_CHAIANA_C._
SCANDOLARA.pdf. Acesso em 26 fev. 2023.
250
APRENDER A EMPREENDER: DESAFIOS
E CONQUISTAS NO PERÍODO DA PANDEMIA
Introdução
251
perfil do empreendedor para solucionar os problemas da melhor
forma possível junto com o público empreendedor.
Compreende-se que, nesse contexto, o mundo vive momen-
tos de crise provocados pelo surto da doença causada pelo novo
coronavírus (SARS-COV-2), que, segundo a Organização Mundial
da Saúde (OMS), trata-se de uma emergência da Saúde Pública de
importância internacional – que é o mais alto nível de alerta consi-
derado por esse órgão como uma pandemia que levou as pessoas a
cumprirem medidas de isolamento social (OPAS, 2020). Essa rup-
tura gerada pelo coronavírus também impulsionou a mudança
dentro das empresas de qualquer porte. Se, antes, havia certa relu-
tância em abraçar as transformações digitais, agora se compreende
que é preciso inovar (FILHO, 2020).
Em resposta a esse novo panorama, a Universidade Estadual
da Paraíba (UEPB) promoveu, imediatamente, uma série de dis-
cussões e debates remotos junto com a comunidade para instituir
normativas para o funcionamento das atividades técnico-acadêmi-
cas, como a Instrução Normativa/UEPB/GR nº 001/2020 (UEPB,
2020a), que
252
pesquisa e extensão, por meio de atuação não
presencial, na graduação, pós-graduação e no
ensino médio/técnico. (UEPB, 2020b)
253
novo coronavírus, na perspectiva de ‘Aprender a Empreender’, para
disseminar a cultura empreendedora na comunidade acadêmica,
fazer uma revisão bibliográfica e selecionar as estratégias de forma
a conduzir o minicurso com êxito.
Cenário
254
O uso do Instagram (lives), do WhatsApp (reuniões, cursos
com inteligência artificial), do Tiktok, do Youtube (vídeos),
da Plataforma Zoom (palestras) e da Plataforma Google
Meet (oficinas e palestras) foi um novo processo de ensi-
no-aprendizagem que resultou em novas vivências e expe-
riências na educação.
» Relação entre o tempo, o espaço e o custo: nas ativida-
des de trabalho como ‘home office’, o processo de ensino-
-aprendizado ficou mais flexível para organizar horários.
O espaço não chega a impor uma estrutura, para entender
que, com um smartphone, um celular, um tablet, um com-
putador ou um notebook, podem oferecer condições de
trabalho com o menor custo para obter os melhores resul-
tados e condições no processo educacional.
255
Nesse transcurso de tempo e dos novos desafios, o minicurso
‘Aprender a Empreender’ foi ofertado de forma virtual, seguindo a
metodologia recomendada pelo SEBRAE (LOPES, OROFINO, 2016).
Porém, o percurso não foi realizado completamente, com as dinâ-
micas e uma série de práticas, simulações e jogos de negócios que
só poderiam ser feitos presencialmente (SEBRAE, 2022).
Ressalte-se, entretanto, que os participantes foram informa-
dos do uso de algumas estratégias relevantes que complementam
o processo, como: Design Thinking, Oceano Azul e Modelo Canvas.
A primeira tem o objetivo de auxiliar o empreendedor a entender
as demandas reais do mercado e a adotar estratégias para atender
a dessas demandas; a segunda visa conhecer o mercado da concor-
rência, com reais condições para que ele possa criar produtos que
ainda não foram ofertados no mercado; e a terceira objetiva facili-
tar a compreensão e visualizar o negócio como um todo, mediante
um mural que expõe nove ações para o empreendedor.
A metodologia baseia-se nos novos paradigmas, em que o
empreendedorismo adota as redes sociais em um sentido amplo,
sistêmico e sustentável. Como a metodologia empregada foi semia-
berta, os participantes adequaram o empreendedorismo à realidade
cultural e social, aprimorando e ampliando as vivências propostas
para que os participantes tivessem a oportunidade de trabalhar os
hemisférios cerebrais de forma harmônica.
Descrição e análise
256
QUADRO 1: Estrutura do minicurso ‘Aprender a Empreender’
Carga
Oficina Temas Palestras
horária
Empreendedorismo e
Oficina 1 O Empreendedor características do comporta- 4h/a
mento empreendedor
O Empreendedor e Análise do mercado e a
Oficina 2 20h/a
as oportunidades identificação de oportunidades
Modelo de Negó- Simulação do modelo
Oficina 3 06h/a
cios de negócios Canvas
Unidades informacionais
Oficina 4 Marketing 10h/a
no Arquivo
Fonte: Dados da pesquisa - 2022
257
disponibiliza ferramentas de comunicação, colaboração, adminis-
tração e interação.
A Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) disponibilizou
gratuitamente, para toda a comunidade (professores, estudantes
e técnicos administrativos), a plataforma G Suite. Para a UEPB, foi
uma adesão, sem custos, da Instituição aos serviços Google que pas-
sam a ter acesso a e-mail ilimitado, Google Drive, Agenda, Hangouts,
Meet, Fóruns, Google Sala de Aula, entre outras ferramentas dispo-
níveis pela plataforma (LIMA; et al 2020).
Partindo dessa perspectiva, Valle e Marcom (2020) observa-
ram que o “novo normal” abriu um chamado para investigar os
Projetos Políticos (PP) que se apresentam como campo fecundo
para pensar a respeito do momento histórico vivenciado pela edu-
cação em 2020.
Nesse escopo e com a finalidade de realizar novas ações, tendo
em vista que o curso foi ofertado de forma virtual, iniciou-se um
processo de comunicação com o público para que conhecesse os
eventos ofertados pelo Projeto de Extensão.
Para essa etapa, foram realizadas diversas ações com a equipe
do projeto, como: design, logotipo e alimentação das informações. A
ferramenta utilizada para tal foi o Instagram @empreenderuepb, por
meio do perfil do projeto, postagens no feed, dias antes do evento, e
pelos stories diariamente durante o período de inscrição. (FIGURA 1)
258
Identificação das ações desenvolvidas
259
• Avaliando as vendas do seu negócio
• Será que sou empreendedor? (Finalizado)
• Empreendedor de sucesso
• Controle de movimentação financeira
• Marketing digital: planejar para vender pela Internet
(Iniciado)
260
Na Oficina 1, o tema foi ‘O Empreendedor’, se trabalhou com
um curso básico sobre empreendedorismo e características do
comportamento empreendedor, a oficina durou 4 h/a”. (FIGURA 3)
261
desse esforço, a fim de que os estudantes de RI ampliem sua visão e
tomem a iniciativa de empreender, transferir e aproveitar o conhe-
cimento na comunidade e inseri-lo em empresas e outros tipos de
atores.
262
FIGURA 5: Perfil empreendedor de características
263
Como pode ser visto na FIGURA 6, os desafios para quebrar a
rotina e experimentar o diferente podem ser realizadas no dia a dia,
em casa, e foram exemplos de atitudes que os participantes assumi-
ram e aprenderam a desvencilhar da zona de conforto, aprendendo
a explorar novas possibilidades, ampliar a capacidade do cérebro,
perceber oportunidades e vislumbrar soluções.
A Oficina 3 – ‘Modelo de Negócios’ – em que se trabalhou
com o Ensino de Empreendedorismo, foi organizada em formato
de palestra, intitulada ‘Empreendedorismo: a arte de empreen-
der em ‘arquivos”. Com um público mais abrangente, a oficina foi
promovida em parceria com a professora Manuela Eugênio Maia,
em 20 de agosto de 2021, e divulgada pelo Instagram. Foram ins-
critas 100 pessoas, por meio do link https://drive.google.com/
file/d/1MMs7-
Nessa oficina, trabalhou-se com a metodologia do Oceano Azul,
cujo objetivo é de possibilitar que qualquer organização – grande
ou pequena, estreante ou veterana – assume o desafio de criar oce-
anos azuis para maximizar oportunidades e minimizar riscos (KIM;
MAUBORGNE, 2019).
A estratégia do oceano azul rompe com o estrangulamento da
competição. O ponto nevrálgico da oficina é a noção de mudança
da visão de competir para criar uma nova oportunidade de mer-
cado e tornar a competição irrelevante (KIM; MAUBORGNE, 2019;
OROFINO; LOPES, 2016).
A Oficina 4, em que foi abordado o tema ‘Marketing’, foi
organizada em formato de palestra, intitulada ‘Marketing para
Unidades de Arquivos: usos e usuários da Informação’. A oficina,
da qual participou um público mais abrangente, foi promovida
em parceria com a professora Manuela Eugênio Maia, em 27 de
agosto de 2021. Foi divulgada via Instagram e teve um alcance
de 75 inscritos. Link da palestra: https://drive.google.com/
file/d/1CCNnr_zJEOt0Rxr-s7IDhN6NR1qPJ-1C/view
264
FIGURA 7: Divulgação das palestras no Instagram
265
Finalizando o projeto de extensão, com a viabilidade e a execu-
ção das ações, convém afirmar que o empreendedorismo pode ser
ensinado a qualquer pessoa, desde que sejam utilizadas metodolo-
gias de ensino apropriadas, com procedimentos, vivências e técni-
cas adequados ao processo de ensino-aprendizagem.
Maia et al (2021) asseveram que, além das instituições de
ensino e das organizações que focalizam os processos de aprendi-
zagem, a educação é um importante ambiente em transformação
que demanda uma reflexão profunda sobre os modelos de aprendi-
zado mais adequados para essa nova era.
Considerações finais
Com o estudo de extensão, foi possível concluir que o fenô-
meno empreender já vinha se expandindo no Brasil, quanto aos
desafios de aprender e empreender. Mesmo antes da pandemia
do coronavírus, mas, devido ao isolamento social, os cursos online
passaram a ser bastante procurados, e isso gerou demandas.
Considerando que o minicurso ‘Aprender a Empreender’ é
curto e que teve algumas limitações devido ao isolamento social, o
projeto-piloto teve excelentes resultados, demonstrados na satis-
fação dos participantes, que declararam que as oficinas trazem
abordagens inovadoras para o desenvolvimento de competências
empreendedoras. Nesse contexto, as oficinas promovidas acenam
para um caminho viável quando se trata de ensinar empreendedo-
rismo para vários públicos, vão além da formação em negócios e
possibilitam que a atitude de empreender seja desenvolvida dentro
dos princípios da educação contidos nos quatro pilares da UNESCO.
Com a pandemia, no que diz respeito ao processo de ensino-
-aprendizagem no âmbito online, a educação passou a ser uma nova
realidade para muitas organizações, um cenário que antes parecia
distante da realidade. Manter esse vínculo pode ser uma chave para
as grandes empresas abrirem as portas do futuro pós-pandemia
e para que os pequenos empreendedores tenham acesso a novos
mercados e novos clientes.
266
É importante destacar o desempenho da UEPB, que, por meio
de Portarias e de Resoluções, manteve as suas atividades universi-
tárias em formato remoto. O corpo docente teve que se adaptar às
novas formas de promover o ensino, a pesquisa e a extensão, visto
que contribui para fazê-los perceber que podem ser os protagonis-
tas de mudanças no universo das atividades acadêmicas.
No caso do SEBRAE, ao cooperar com a UEPB, oferece acor-
dos e parcerias para implementar a educação empreendedora, com
soluções metodológicas e a expertise na capacitação dos professo-
res para difundir uma cultura mais empreendedora nas IES e pro-
mover oportunidades.
No caso específico do minicurso ‘Aprender a Empreender’,
um novo caminho a ser percorrido e não pavimentado desafiou-
-nos a saber fazer as coisas em momentos muito críticos de enfren-
tamento da saúde pública mundial e a superar as adversidades
impostas pela crise da pandemia. Como proposta extensionista,
foram atendidos, aproximadamente, 130 usuários-internautas, que
participaram on-line de nossas quatro oficinas promovidas, para
cujos participantes foram emitidos certificados.
Referências
BRUCE, Sinclair. IoT: como usar a internet das coisas para alavan-
car seus negócios. São Paulo: Autêntica Business, 2018.
267
FILHO, Aluizio Falcão. Lições da megalive: o autoconhecimento é
fundamental para crescer. Exame. 2020 https://exame.com/colu-
nistas/money-report-aluizio-falcao-filho/licoes-da-megalive-o-au-
toconhecimento-e-fundamental-para-crescer/ Acesso em: 8 ago.
2022.
268
de Rosto. Juazeiro do Norte, n. 7, v. 3, p 194-230, set./dez. 2021.
Disponível em: https://periodicos.ufca.edu.br/ojs/index.php/
folhaderosto/article/view/709/589. Acesso em: 22. ago. 2022.
269
preendedor,638b5d27e8fdd410VgnVCM1000003b74010aRCRD .
Acesso em: 11 de outubro de 2022.
270
PLANO DE CLASSIFICAÇÃO DO ARQUIVO DA EECI
COMPOSITOR LUIZ RAMALHO-JOÃO PESSOA/PB
Introdução
271
de transações documentais realizadas e estão
relacionados com os direitos e deveres destas
instituições ou pessoas (LOPES, 2004, p.1).
272
imperativo de determinar qual o destino a dar
aos diferentes tipos de documentos, condu-
zem-nos a considerar a classificação como um
elemento fundamental para a definição de pra-
zos de conservação de toda a informação pro-
duzida e recebida pelas instituições (GAIATO,
2012, p.14).
273
Fundamentação teórica
Arquivo Escolar
274
novas séries correntes. O documento intermediário é aquele que já
cumpriu sua função mais imediata, permanecendo em custódia da
secretaria escolar, para consulta e função probatória.
Cada tipo de documento possui um período de guarda, deter-
minado pela legislação que rege a atividade documentada. No caso
dos documentos escolares, a duração da idade intermediária é
de até oito anos após a emissão para séries e até oito anos após a
última consulta para prontuários. A partir do final da idade inter-
mediária, os documentos perdem sua função principal, ou seja, seu
efeito social e probatório, e passam a configurar a documentação
permanente.
Recolhidos ao Arquivo Permanente Escolar, na situação ideal,
os documentos passam a ter cuidados especiais, para a proteção de
seus suportes originais. A sua ordenação, organização, invólucro
e arranjo vão privilegiar a melhor conservação, mas também vão
viabilizar a recuperação de cada documento e da informação docu-
mental. Os recursos das Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC) apoiam a gestão documental do Arquivo Escolar Permanente,
por meio de procedimentos que visam dinamizar a sua consulta, ao
mesmo tempo que apoiam a preservação do suporte em papel, que
será menos manuseado e melhor armazenado, sendo necessário, por-
tanto o conhecimento voltado para a classificação dos documentos.
275
subfunção e atividade (classificação funcio-
nal), ou de acordo com o grupo, subgrupo
e atividade (classificação estrutural), res-
ponsáveis por sua produção ou acumulação.
(BERNARDES; DELATORRE, 2008, p. 14, grifo
nosso)
276
Processo de Classificação Documental
277
dos documentos; e, agilidade na recuperação da informação ou
documento.
A avaliação de documentos de arquivo permite identificar
os documentos a serem eliminados de forma criteriosa para que
não haja um acúmulo desnecessário, possibilitando a liberação de
espaço físico, preservação dos documentos de guarda permanente,
estimulando a pesquisa e uso de dados retrospectivos.
Dessa forma, entende-se que o método de classificação do
documento escolhido deve ser o mais eficiente, econômico e adap-
tado para cada instituição, além de ser o mais simples, de fácil com-
preensão para os usuários, flexível e que permita expansibilidade
de incorporação de novas classes e subclasses.
O fator de escolha do método possibilita dentre outros benefí-
cios: fácil compreensão e entendimento pelos usuários quando da
recuperação das informações; valorização das funções e necessida-
des operacionais dos setores aos quais se prestam serviço; sepa-
ração e segurança para as informações que requerem proteção
especial.
Assim, de acordo com Campos (2014), os processos classifica-
tórios dos documentos podem ser definidos como:
278
O processo classificatório é dividido em duas partes: inte-
lectual e física. O intelectual refere-se à classificação, ordenação e
codificação. A parte física em arquivamento dos documentos onde é
determinado pela classificação e ordenação do local a serem arqui-
vados os documentos, resultando em um plano de classificação.
Aspectos metodológicos
279
Cenário do Estudo
Resultados e discussões
280
proposta e implantação do plano de classificação documental rea-
lizada em 2021.
281
serem aplicadas na Escola Estadual EECI Compositor Luiz Ramalho,
foram redefinidas pela coordenadora do projeto junto aos discen-
tes (bolsista e voluntários), por meio de encontros remotos, e, por-
tanto, pode-se desenvolver as ações elencadas abaixo:
282
Implantação do Plano de Classificação (2021)
283
• Retirada de grampos, criação de cintas, separação em menor
quantidade para manter a integridade dos documentos e
armazenamento nas caixas arquivos.
• Ordenação dos documentos seguindo as normas de
classificação.
• Implantação do plano de classificação dos arquivos da
Escola Estadual EECI Compositor Luiz Ramalho.
284
em vista que um arquivo bem estruturado, traz benefícios diretos
para a Instituição, e para seus usuários.
Espera-se, que o plano de classificação adotado pela escola,
seja acessível e incentive os gestores a zelar pela documentação
escolar, transformando o arquivo escolar permanente em uma uni-
dade de informação viva, ativa e disseminadora da memória institu-
cional na comunidade servida e entre os pesquisadores, estudiosos,
gestores e dirigentes da Educação.
Deseja-se que este plano de classificação seja o ponto de par-
tida para a busca de uma gestão de arquivos escolares eficientes na
instituição e disponibilize informações com qualidade, garantindo
pleno acesso aos documentos públicos, destaque o papel da admi-
nistração pública e dos gestores escolares como atores na cons-
trução de arquivos escolares capazes de preservar a memória da
sociedade, favorecendo a tomada de decisões e a boa gestão das
instituições pública escolares, além de diminuir a distância entre
o cidadão e a escola, aumentando a confiança da sociedade no ser-
viço público.
Considerações finais
285
corretamente e seu acesso seja garantido tanto para os usuários
internos, quanto para os externos sem complicações.
Apesar das limitações e adaptações sofridas nas ações de
extensão, provenientes basicamente da pandemia da Covid-19, a
exemplo do fechamento das escolas e distanciamento social, pode-
-se afirmar que foi possível realizar a gestão documental e a implan-
tação do plano de classificação para os arquivos da Escola Estadual
EECI Compositor Luiz Ramalho com êxito, proporcionando uma
conquista e visão prática para os gestores da Escola e discentes do
curso de Arquivologia da UEPB.
Este estudo representou uma tentativa de ampliar a discus-
são na comunidade científica para que o direito de acesso aos
documentos de arquivos públicos escolares seja assegurado. O
que pressupõe arquivos organizados, pessoal qualificado, recur-
sos financeiros, legislação adequada e específica que conservem
os documentos escolares, além de programas de preservação de
documentos.
Como sugestão para estudos futuros, deve-se realizar um
estudo específico que trate da destinação/eliminação dos arquivos
da referida escola, com a atuação de arquivistas e técnicos, bem
como de estagiários do curso de Arquivologia, a fim de desenvol-
ver e promover a gestão documental integrada dentro do ambiente
escolar como um ato de utilidade pública, beneficiando os usuários
e facilitando o acesso de forma rápida, fator extremamente impor-
tante para o controle dos arquivos no âmbito geral das instituições
de ensino públicas.
286
Referências
287
LOPES, Uberdan dos Santos. Arquivos e a Organização da Gestão
Documental. Rev. Acb: Biblioteconomia em Santa Catarina,
Florianópolis, v. 1, n. 9, p.113-122, jan. 2004. Disponível em:
https://revista.acbsc.org.br. Acesso em: 23 nov. 2020.
288
Sobre o livro