CP Coelt 2017 2 01

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS CORNÉLIO PROCÓPIO


DIRETORIA DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
ENGENHARIA ELÉTRICA

JOHN LENNON PAIVA RESENDE

PROJETO E MONTAGEM DE UM LABORATÓRIO DE TESTES DE ROTINA


DE TRANSFORMADORES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CORNÉLIO PROCÓPIO
2017
JOHN LENNON PAIVA RESENDE

PROJETO E MONTAGEM DE UM LABORATÓRIO DE TESTES DE ROTINA


DE TRANSFORMADORES

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação, apresentado à disciplina
TCC 2, do curso de Engenharia
Elétrica da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná – UTFPR, como
requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel.

Orientador: Prof. Esp. Edmar


Piacentini Junior

CORNÉLIO PROCÓPIO
2017
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Cornélio Procópio
Departamento Acadêmico de Elétrica
Curso de Engenharia Elétrica

FOLHA DE APROVAÇÃO

John Lennon Paiva Resende

Projeto e montagem de bancada de testes de rotina de transformadores

Trabalho de conclusão de curso apresentado às 17:30hs do dia


07082017 como requisito parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Eletricista no programa de Graduação em Engenharia
Elétrica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O
candidato foi arguido pela Banca Avaliadora composta pelos
professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca
Avaliadora considerou o trabalho aprovado.

______________________________________________
Prof(a). Esp. Edmar Piacentini Junior - Presidente (Orientador)

______________________________________________
Prof(a). Dr(a). Luiz Marcelo Chiesse da Silva - (Membro)

______________________________________________
Prof(a). Me(a). Marco Antonio Ferreira Finocchio - (Membro)

______________________________________________
Prof(a). Esp. Carlos Alberto Paschoalino - (Membro)

A folha de aprovação assinada encontra-se na coordenação do curso.


Dedico este trabalho á dona Ednéia Lima Paiva, minha mãe,
responsável por tudo que consegui conquistar.
AGRADECIMENTOS

Gostaria primeiramente de agradecer a ele, o ser que deu a vida por


nós várias vezes, mas voltou mais forte do que havia ido, um exemplo de
perseverança e que tudo em nossas vidas pode ser alcançado com vontade e
esforço. Aquele que podemos sempre contar na luta contra o mal. Son Goku.
Ao professor Edmar pela paciência na orientação, tornando possível а
conclusão desta monografia.
Aos amigos que conquistei durante todos esses duros anos de pó de
guaraná e café nas madrugadas (pelo menos no primeiro semestre).
A minha namorada que varou várias noites junto a mim, me dando
apoio, cobrando, me xingando e às vezes me batendo, para que este trabalho
fosse finalmente finalizado.
E é claro minha mãe, que mesmo quando não podia me ajudava e me
incentivava para conseguir algo que ela não teve oportunidade de fazer, que
chorou de tristeza ao me ver ir embora de casa a caminho de uma cidade
longínqua e estranha, que chorava de felicidade ao me ver em minhas voltas
pra casa, e chorava novamente em minhas idas, e que espero ver chorar
apenas mais uma vez, de orgulho de ver seu único filho se formando e se
tornando um engenheiro.
RESUMO

PAIVA, John Lennon Paiva Resende. Projeto e montagem de um laboratório


de testes de rotina de transformadores. 2017. 55 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação) – Engenharia Elétrica. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Cornélio Procópio, 2017.

Os transformadores são equipamentos vitais e de alto custo para a distribuição


e transmissão de energia elétrica. Portanto, é indispensável garantia de que
não haja falhas construtivas nestes equipamentos, sendo necessário que essas
máquinas elétricas passem por ensaios após sua fabricação. Foi projetada e
construída, para este trabalho, uma bancada para os ensaios de rotinas de
tensão aplicada, tensão induzida, perdas em carga e perdas a vazio. O projeto
mostrou-se eficiente e atendeu bem seu objetivo.

Palavras-chave: Transformador. Ensaio de rotina. Mesa de comando.


ABSTRACT

PAIVA, John Lennon Paiva Resende. Design and installation of a routine


testing laboratory for transformers. 2017. 55 f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação) – Engenharia Elétrica. Universidade Tecnológica Federal
do Paraná. Cornélio Procópio, 2017.

Transformers are vital and costly equipments for the distribution and
transmission of electricity. So, it is indispensable to make sure that there are no
constructive failures in these equipments, being necessary for these electric
machines to run through tests after their manufacture. For this work, a bench
was designed and built for routine tests of applied voltage, induced voltage,
load losses and no load losses. The project proved to be efficient and fulfilled its
objective.

Keyword: Transformer. Routine testing. Control panel.


LISTA DE ABREVIATURAS

fem Força eletromotriz


Ip Corrente no primário
Is Corrente no secundário
Np Número de espiras do primário
Ns Número de espiras do secundário
TC Transformador de Corrente
TP Transformador de Potencial
Vp Tensão no primário
Vs Tensão no secundário
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira das Normas Técnicas


AISI American Iron and Steel Institute
ANSI American National Standards Institute
IEC Comissão Eletrotécnica Internacional
IEEE Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
NBR Associação Brasileira de Normas Técnicas
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Esquema de um transformador mostrando o fluxo magnético


no núcleo ........................................................................................................ 15
Figura 2 - Representação de um sistema GTD: geração - transmissão -
distribuição .................................................................................................... 16
Figura 3 - Núcleo de um transformador trifásico ....................................... 17
Figura 4 - Núcleo de um transformador monofásico (i: intereixo; H: altura
da janela)......................................................................................................... 18
Figura 5 - Núcleo de um transformador trifásico ....................................... 19
Figura 6 - Corte da chapa a 45°. O fluxo circula com menor relutância. . 19
Figura 7 - Seção transversal de núcleo com quatro dentes ..................... 20
Figura 8 - Canal de refrigeração entre pacotes do núcleo. ....................... 20
Figura 9 - Chapas cortadas sendo empilhadas para formar o núcleo .... 21
Figura 10 - Núcleo e acessórios de um transformador trifásico de
distribuição ..................................................................................................... 22
Figura 11 - Colunas cintadas; seção do núcleo cintado ........................... 22
Figura 12 - Núcleo com culatra superior desmontado ................................ 22
Figura 13 - Transposição cíclica .................................................................. 24
Figura 14 - Bobina helicoidal ........................................................................ 25
Figura 15 - Bobina em disco ......................................................................... 25
Figura 16 - Bobina em disco ......................................................................... 26
Figura 17 - Prensagem por calços ............................................................... 27
Figura 18 - Estufa de secagem ..................................................................... 27
Figura 19 - Transformador a seco................................................................. 28
Figura 20 - Transformadora a óleo. ............................................................. 29
Figura 21 - Analisador Digital Trifásico 9443 ............................................... 32
Figura 22 - Esquema do circuito elétrico geral da mesa de comando. 33
Figura 23 - Voltímetro digital e amperímetros analógicos para teste de
tensão aplicada............................................................................................. 38
Figura 24 - Amperímetros analógicos e frequencimetro digital, para o
ensaio de tensão induzida. ............................................................................ 39
Figura 25 - Tela de monitoramento do software do JMAN, para o ensaio de
perdas a vazio................................................................................................. 39
Figura 26 - Tela de monitoramento do software do JMAN, para o ensaio de
perdas em carga. ............................................................................................ 40
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 12
1.1. Problema ................................................................................................................. 13
1.2. Justificativa ............................................................................................................ 13
1.3. Objetivos ................................................................................................................. 14
1.3.1. Objetivo Geral ...................................................................................... 14
1.3.2. Objetivos específicos ........................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 15
2.1. Transformador ...................................................................................................... 15
2.2. Linhas de montagem de transformador..................................................... 16
2.2.1. Núcleo e elemento de montagem .................................................................... 17
2.2.2. Bobinas ..................................................................................................................... 23
2.2.3. Parte ativa ................................................................................................................ 26
2.2.4. Montagem final ....................................................................................................... 28
2.3. Ensaios .................................................................................................................... 29
2.4. Transformador de corrente ............................................................................. 31
2.5. Analisador digital trifásico TRANS4 9443 ................................................ 32
3 METODOLOGIA.................................................................................. 33
3.1. Projeto elétrico...................................................................................................... 33
3.2. Montagem................................................................................................................ 36
3.3. Testes e verificações.......................................................................................... 36
4 RESULTADOS OBTIDOS ................................................................... 38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 41
REFERÊNCIAS ................................................................................... 42
ANEXO A – Esquema elétrico completo da mesa de comando de
ensaio. ................................................................................................ 44
12

1 INTRODUÇÃO

Transformadores são dispositivos criados para a conversão de energia


elétrica ou potencial elétrico de um circuito a outro, sendo seu funcionamento
baseado na indução magnética.
Segundo Fitzgerald (2006, p. 69), transformadores “consistem de dois ou
mais enrolamentos, que são acoplados por meio de um fluxo magnético
comum”. O enrolamento de entrada é chamado de primário, e o de saída
secundário, e caso houver um terceiro enrolamento, é chamado de terciário.
Seu funcionamento é baseado nas leis de Faraday e Lenz, onde é induzida
uma corrente elétrica na bobina secundária do transformador, a partir de uma
variação de fluxo elétrico na bobina primária (KOSOW, 1996).
Existem diversos tipos de transformadores, sendo estes classificados de
acordo com vários critérios. Os mais importantes são: finalidade, tipo, material
do núcleo e número de fases. Segundo a finalidade existem os
transformadores de corrente, potência, distribuição e de força; os tipos são com
dois ou mais enrolamentos e autotransformadores. O material do núcleo pode
ser ferromagnético ou núcleo de ar; e o número de fases pode ser monofásico,
trifásico e polifásico.
Os transformadores de potência são utilizados para abaixar ou elevar a
tensão de uma rede elétrica, elevando ou reduzindo a corrente do circuito de
modo que a potência do circuito não seja alterada. Esses transformadores
podem ser divididos em dois grupos: transformadores de força ou distribuição.
Os transformadores de força são usados para geração, transmissão e
distribuição de energia em concessionárias e subestações de grandes
indústrias. Sua potência varia de 5 a 300MVA, sua operação em alta tensão até
550kV e devem seguir as normas: ANSI / IEEE, IEC e ABNT (WEG, 2017).
Os transformadores de distribuição são utilizados na distribuição de
energia, como rebaixador de tensão para a energia a ser entregue aos clientes
finais (concessionárias, cooperativas, casas, e outras empresas em geral). Sua
potência varia de 15 a 300kVA, o enrolamento de alta tensão de 15; 24,2 ou
36,2kV; o enrolamento de baixa tensão em 380/220V ou 220/127V, e devem
seguir as normas: ABNT/IEC (WEG, 2017).
13

Os transformadores de distribuição são projetados e construídos de


acordo com a necessidade de aplicação. Sua construção é feita desde o corte
das chapas de silício para a montagem do núcleo, até a montagem da parte
ativa no tanque. Depois de finalizado, é levado ao laboratório de ensaio e
submetido a ensaios de rotina para certificar que não há nenhuma falha em sua
construção e que esteja conforme todos os requisitos propostos pelas normas
que deve atender (NBR5356, 1993).
Analisando a importância dos transformadores de distribuição, esse
trabalho propõe o estudo, projeto e desenvolvimento de uma bancada de
instrumentação de um laboratório de testes de rotina de transformadores, com
capacidade de teste de transformadores de até 1MVA. O projeto será
desenvolvido em parceria com uma empresa que fabrica transformadores e
inclui a construção de uma mesa de controle com instrumentos de medição,
controladores analógicos e digitais, e conexões para os cabos de ligações de
alimentação e teste dos transformadores.

1.1. Problema

Como a montagem de um transformador envolve vários processos, uma


grande quantidade de materiais, de variados tipos de ligações internas e
externas, e até mesmo a qualidade da mão de obra utilizada na construção dos
mesmos, é necessário efetuar uma variedade de testes para comprovar a
qualidade dos transformadores para que cheguem em perfeitas condições de
funcionamento aos devidos consumidores.

1.2. Justificativa

As normas NBR5356 e NBR5380 exigem que os transformadores, ao fim


de sua montagem, passem por uma gama de testes, como por exemplo, ser
submetidos a sobretensões e sobrecorrentes, cuja porcentagem varia de
acordo com a classe do transformador. Esses testes devem mostrar que o
transformador é capaz de suportar diversas adversidades, como as
sobretensões e sobrecorrentes, que estão sujeitos a sofrer devido às
descargas atmosféricas ou outros fatores.
14

Neste sentido, torna-se necessária a implementação de um laboratório


de ensaios de transformadores, para que possam entrar no mercado
operando nas condições estabelecidas pelas normas. Assim, este trabalho
objetiva o desenvolvimento de uma mesa de comando para um laboratório de
ensaios de transformadores.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

Projetar e construir uma mesa de controle, para utilização no laboratório


de ensaio de transformadores da empresa.

1.3.2. Objetivos específicos

 Aprofundar a pesquisa bibliográfica sobre transformadores, bem como


os materiais que o envolvem e suas características e também sobre os
ensaios aplicados na fase final da montagem do transformador.
 Especificar os componentes utilizados na mesa de comando do
laboratório de ensaio dos transformadores.
 Desenvolver o circuito elétrico empregado na construção da bancada.
 Confeccionar a mesa de comando.
 Testar, corrigir e modificar a mesa de comando.
 Documentar o trabalho.
15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Transformador

Nesse capítulo será explicado o funcionamento de uma linha de


montagem de transformadores de força de modo geral, bem como suas
principais partes construtivas.
Transformador é um equipamento de operação estática que através de
uma indução eletromagnética transfere energia de um circuito, chamado
primário, para um ou mais circuitos denominados secundário e terciário,
alterando os valores da tensão e corrente e mantendo a mesma frequência
(MAMEDE, 2005).
O funcionamento do transformador é explicado através da Lei de
Faraday da Indução Eletromagnética, a qual mostra que em um circuito
atravessado por uma corrente variável forma-se um campo magnético em volta
do condutor. Quando um circuito fechado é atravessado por um campo
magnético variável, induz-se uma fem (força eletromotriz), fazendo com que
se forme uma corrente elétrica no circuito (KOSOW, 1996).
A Figura 1 mostra um circuito magnético fechado representando um
transformador na sua forma mais simples.

Figura 1- Esquema de um transformador mostrando o


fluxo magnético no núcleo.

Fonte: Daniels (1976).


16

No enrolamento primário circula uma corrente alternada , gerando um


campo magnético que atravessa o enrolamento secundário. Assim é gerada
uma corrente alternada , quando o circuito secundário estiver fechado, com
a mesma forma da corrente que atravessa o circuito primário, mas com
tensão igual ou diferente, para mais ou para menos, de acordo com a
relação no número de espiras dos circuitos ( ). As bobinas são
montadas em uma estrutura de material ferromagnético para aumentar o
acoplamento.
Os transformadores são classificados de acordo com o posicionamento
que ocupam no sistema elétrico, como pode ser observado na Figura 2. A
figura mostra um esquema de geração, transmissão, sub-transmissão e
distribuição de energia elétrica.

Figura 2 - Representação de um sistema GTD: geração - transmissão –


distribuição.

Fonte: Adaptado de MAMEDE 2005.

2.2. Linhas de montagem de transformador

Os transformadores são construídos com diversas características, que


irão depender da necessidade de aplicação. Características como: tipo de
carga, potência, corrente, frequência, tensões de trabalho e o ambiente que se
pretende instalar. Há vários tipos de transformadores, como: transformadores
de força, de distribuição, subterrâneos, subestações móveis e a seco.
Seu processo de fabricação e a linha de produção são, de maneira
geral, semelhantes nas fábricas, porém, apresentando pequenas diferenças
quanto aos recursos técnicos disponíveis, que muitas vezes implicam a
qualidade final do equipamento (MAMEDE, 2005).
O seu processo de fabricação pode ser descrito pelas seguintes
etapas:
17

 Montagem do núcleo;
 Bobinagem;
 Montagem da parte ativa (composta pelo núcleo e pelas bobinas);
 Tratamento térmico (dependendo do tipo de transformador);
 Montagem final;
 Ensaios.

Esse capítulo irá descrever essas etapas, bem como as


características das principais partes dos transformadores.

2.2.1. Núcleo e elemento de montagem

O núcleo é composto por:

 Lâminas de material ferroso sobrepostas no formato do núcleo;


 Armadura;
 Tirantes;
 Sapatas;
 Cinta de fibra de vidro.

Alguns desses elementos podem ser identificados na Figura 3.

Figura 3 - Núcleo de um transformador


trifásico.

Fonte: Autoria própria.


18

O núcleo é constituído por chapas de aço silício de grãos orientados,


montadas uma sobreposta a outra.
As chapas são cortadas de uma bobina de aço silício em lâmina,
fornecida em várias espessuras, de acordo com sua necessidade. As bobinas
são fabricadas de acordo com padrões internacionais, e classificadas de
acordo com sua corrente de excitação e perdas por histerese. Essa
classificação é feita segundo a AISI (American Iron and Steel Institute),
designadas pela letra M associada a um número. As chapas são feitas de
uma liga de ferro com 5% de silício, cuja função é reduzir as perdas por
histerese e aumentar a resistividade do núcleo, permitindo, desta forma,
reduzir as correntes parasitas.
As chapas são laminadas a frio, e em seguida é feito um tratamento
térmico, que faz com que os grãos magnéticos sejam orientados no mesmo
sentido da laminação. Uma fina camada de material isolante é inserida sobre
as lâminas e sua fabricação é feita dentro de limites máximos de perdas
eletromagnéticas (RIES, 1977).
O núcleo é formado pelas colunas e culatras, como são mostradas nas
Figuras 4 e 5, em que as chapas utilizadas têm o corte transversal a 90º. As
figuras mostram as camadas sobrepostas montadas de maneira a evitar os
pequenos entreferros coincidentes na montagem.

Figura 4 - Núcleo de um transformador


monofásico (i: intereixo; H: altura da
janela).

Fonte: RIES ( 1977).


19

Figura 5 - Núcleo de um transformador trifásico.

Fonte: RIES ( 1977).

O corte das chapas é feito segundo a especificação do projeto, de


acordo com cada transformador. É feita uma programação de corte das
bobinas de aço silício, para o melhor aproveitamento da largura da bobina. Na
primeira etapa é executado o corte longitudinal nas chapas na largura
necessária. Em seguida é feito o corte transversal, deixando as chapas nas
dimensões e formatos desejados, e por fim, é feita a remoção das rebarbas, a
fim de evitar curtos-circuitos entre chapas adjacentes.
Nas Figuras 4 e 5 observa-se que as chapas tem um corte de 90° em
suas extremidades. Em chapas de grãos orientados, tal fato faz com que o
fluxo nos cantos não percorra todas as chapas no sentido da orientação dos
grãos, o que resulta em uma maior corrente de magnetização e maior perda
magnética nos cantos. Por isso é feito um corte de 45° nos cantos e a
montagem é feita como mostrada na Figura 6, a fim de reduzir estas perdas.
Na Figura 6 pode ser observado que as junções das lâminas são
desencontradas reduzindo assim, o efeito do entreferro, que representam uma
relutância magnética muito grande, aumentando a força magnetomotriz de
excitação e, portanto, a corrente de excitação.

Figura 6 - Corte da chapa a 45°. O fluxo circula com menor relutância.

Fonte: RIES ( 1977).


20

Idealmente a seção transversal do núcleo deveria ser circular, para uma


melhor distribuição do fluxo. Como este tipo de construção é antieconômico,
são empregadas as seguintes soluções:

 Para transformadores pequenos é utilizada seção quadrada ou


retangular.
 Para transformadores de médio e grande porte é utilizada a seção tipo
cruz, onde as chapas são cortadas em dois ou mais tamanhos
escalonados, de forma a serem empilhadas de maneira que a seção
fique inscrita em uma circunferência. Assim tem-se um melhor
aproveitamento das chapas, além de aumentar a superfície de
refrigeração do núcleo, diminuindo as perdas e a corrente de excitação.
A Figura 7 mostra a seção tipo cruz com quatro degraus.

Figura 7 - Seção transversal de


núcleo com quatro dentes.

Fonte: RIES ( 1977).

Em transformadores de alta potência, o núcleo é montado com


separadores feitos de material isolante entre pacotes de lâminas, criando
canais de óleo para melhor refrigeração do núcleo, mostrado na Figura 8.

Figura 8 - Canal de
refrigeração entre
pacotes do núcleo.

Fonte: RIES ( 1977).


21

Após o corte é feita a montagem do núcleo, em que as chapas são


empilhadas de modo que resultam nas colunas e culatras (Figura 9), de acordo
com a especificação do projeto.
Em núcleos de grande seção, além do verniz que isola as chapas, são
colocadas folhas de papelão isolante de 0,3mm de espessura a cada 15 mm
de pacote de chapas, para reforçar a isolação, evitando o curto-circuito entre as
lâminas devido a sobretensão transitória.

Figura 9 - Chapas cortadas sendo empilhadas para formar o núcleo.

Fonte: Autoria própria.

Após o empilhamento das chapas, é feita a prensagem das mesmas


com as armaduras e os tirantes. A prensagem é feita através de furos
previamente feitos nas colunas ou culatras, que será também um canal no
núcleo melhorando sua refrigeração. Porém, o estrangulamento nesta região
dos furos estreita o fluxo, aumentando as perdas e a corrente de
magnetização.
Após a prensagem é passada uma resina em todo o núcleo, para a
melhor sustentação. Após a secagem da resina, o núcleo é colocado em pé
(na Figura 10 é mostrado um núcleo trifásico em pé), e em suas colunas são
amarradas cintas de fibra de vidro para garantir que suas chapas não se
desprendam e também para garantir uma sustentação extra, como mostrado
na Figura 11.
22

Figura 10 - Núcleo e acessórios de um transformador


trifásico de distribuição.

Fonte: RIES ( 1977).

Figura 11 - Colunas cintadas; seção do núcleo cintado.

Fonte: RIES ( 1977).

Então o núcleo é pintado pra não ocorrer oxidação em suas partes


metálicas, e a culatra superior do núcleo é desmontada para a colocação das
bobinas como mostrado na Figura 12.

Figura 12 – Núcleo com culatra superior desmontado.

Fonte: Autoria própria.


23

2.2.2. Bobinas

As bobinas são os componentes mais complexos do transformador, e


constituem a parte mais importante de seu projeto, já que estão sujeitas aos
altíssimos esforços derivados das forças eletromagnéticas que ocorrem durante
curtos-circuitos no sistema elétrico em que o transformador faz parte. Devem
possuir características de isolamento para sua classe de tensão e temperatura
de operação compatível com sua classe de temperatura.
As bobinas podem ser montadas com diferentes tipos e formatos de
material, como:

 Fios de diversas bitolas de cobre ou alumínio.


 Fios de seção circular, quadrada ou retangular.
 Lâminas de alumínio ou cobre.

Há diversas formas de se construir uma bobina, feitas de acordo com o


tipo e a potência do transformador. Em transformadores a óleo normalmente os
enrolamentos das bobinas de alta e de baixa são feitas de fios enrolados de
maneira contínua do início ao fim da bobina. Já nos transformadores a seco, as
bobinas de baixa são feitas de lâminas e as de alta são feitas de fios e
divididos em várias partes, chamadas de panquecas. As panquecas são
montadas em uma base, uma sobre a outra, em uma ordem específica, e então
é feita a emenda e soldagem do final de uma panqueca com o início da outra.
Os fios de seção circular normalmente são usados até 8mm², pois acima
disso costuma ser usada a forma retangular. Em seções maiores, usam-se
dois ou mais condutores enrolados em paralelo. Nesse caso, é necessário
fazer a transposição entre eles, sendo que todos os condutores devem ter o
mesmo comprimento, e devem ocupar relativamente o fluxo disperso em
todas as posições, no sentido radial, em igual número de vezes. Com isso é
garantido que os condutores tenham a mesma resistência ôhmica e a mesma
reatância de dispersão. Desse modo, a corrente é distribuída igualmente entre
os condutores em paralelo.
24

Na Figura 13 pode-se observar como é feita uma espira com


transposição de 4 condutores em paralelo. Em (a) é observado como os
condutores são bobinados em um cilindro bobinador. Na imagem (a) os
condutores com números entre parênteses são os que se encontram por baixo.
Na imagem (b), os condutores são mostrados em uma vista lateral, detalhando
uma transposição cíclica.

Figura 13 - Transposição cíclica.

Fonte: RIES ( 1977).

Os condutores quando usados em paralelos, normalmente são isolados


com tiras de papel Kraft ou fio de seda. A espessura do isolador é determinada
de acordo com o dielétrico nos enrolamentos das bobinas. Esse isolamento é
projetado não somente para tensão de operação nominal, mas também para
sobretensões, a que os transformadores estão sujeitos, tanto em operações,
como nos ensaios de laboratórios em que são simuladas as possíveis
ocorrências em operações.
Em operação o transformador está sujeito a dois tipos de sobretensões:

 Sobretensões transitórias, causada por descargas atmosféricas e


chaveamento (manobras do sistema);
 Sobretensões de curtos-circuitos no sistema.

Essas sobretensões são simuladas em laboratório conforme observado


no tópico 2.3.
Os fios normalmente são de cobre eletrolítico ou de alumínio, isolados
com esmalte, fitas de algodão ou papel especial. O isolamento tem as
seguintes classes:
25

 Classe A – limite: 105°C;


 Classe E – limite: 120°C;
 Classe B – limite: 130°C;
 Classe F – limite: 155°C;
 Classe H – limite: 180°C.

Há dois tipos de enrolamentos:

 Helicoidal, ou em camadas. As espiras são feitas de maneira a ficarem


sucessivas e adjacentes, tendo uma bobina única ao final (Figura 14).
 Em discos. São constituídas de várias seções ou pequenas bobinas
enroladas de forma espiral, e posteriormente ligadas em série (Figura
15).

Figura 14 - Bobina helicoidal.

Fonte: RIES ( 1977).

Figura 15 - Bobina
em disco.

Fonte: RIES ( 1977).

As bobinas são construídas sobre um cilindro que serve de base. São


colocados longarinas ou estecas sobre o cilindro de madeira, papelão ou fibra
de vidro, conforme mostrado na Figura 16. Os espaçadores possuem um
formato que possibilita seu encaixe nas longarinas, evitando que os
mesmos não saiam de sua posição.
26

Figura 16 - Bobina em disco.

Fonte: RIES ( 1977).

Os canais criados entre os discos pelos espaçadores têm duas funções:


isolamento entre discos e em transformadores a óleo, permitir a passagem de
óleo refrigerante. A dimensão desses espaçamentos varia de acordo com a
necessidade do projeto.
Ao final de suas montagens, as bobinas passam por um tratamento de
secagem das colas e vernizes que são utilizados para fixação dos isolantes nas
bobinas, e também para a retirada de umidade que os materiais absorvem do
ambiente. Esse tratamento é realizado em uma estufa, com temperatura entre
90 a 100°C e durante 24 a 36 horas.

2.2.3. Parte ativa

A parte ativa deve constituir um conjunto mecanicamente rígido, capaz


de suportar condições adversas de funcionamento.
Após a secagem das bobinas, elas são montadas no núcleo uma
sobre a outra concentricamente, sendo que a bobina de baixa normalmente é
posta na parte interna, entre o núcleo e a bobina de alta. Depois de acertadas
as bobinas nos lugares, elas são calçadas e é montada novamente a culatra
superior do núcleo.
Com a culatra montada, é instalada a viga superior e feita a prensagem
das chapas da culatra. As bobinas são prensadas no núcleo através de
parafusos presos na armadura e calços, para a fixação. A Figura 17 mostra um
corte da parte ativa com os detalhes dos materiais isolantes.
27

Figura 17 - Prensagem
por calços.

Fonte: RIES ( 1977).

A parte ativa de transformadores a óleo, após seu término, novamente é


levada para a estufa para retirada de toda a água absorvida pelo ambiente, para
não contaminação do óleo e melhor isolamento. Os processos de secagem
variam de acordo com cada fabricante, podendo ser desde a secagem por ar
quente até a secagem através de solvente. O tempo de secagem pode variar de
10 horas a 5 dias, dependendo do tamanho do transformador. A Figura 18
mostra uma estufa de secagem.

Figura 18 - Estufa de secagem.

Fonte: Autoria própria.

Após a secagem, os parafusos devem ser reapertados e deve-se


verificar a prensagem das bobinas, pois o material isolante perde uma grande
quantidade de água, diminuindo assim o seu tamanho.
28

2.2.4. Montagem final

Concluindo os processos da montagem da parte ativa nos


transformadores a seco, são montados os barramentos de ligação e os
equipamentos de monitoramento solicitados pelo cliente, finalizando assim a
montagem do transformador a seco (na Figura 19 tem-se um exemplo de
transformado a seco finalizado).

Figura 19 – Transformador a seco.

Fonte: Megabarre Transformadores (2015).

Já nos transformadores a óleo, a parte ativa é colocada dentro do


tanque. Então são feitas todas as instalações dos equipamentos de
monitoramento, ligações das entradas e saídas do transformador e a vedação
para que não haja vazamento do óleo. Após esse processo é colocada a
tampa no tanque (parafusada ou soldada), e o mesmo é preenchido com
óleo isolante na quantidade adequada ao projeto do transformador. Com as
buchas e acessórios instalados, o transformador a óleo é finalizado (A Figura
20 mostra um exemplo de transformador a óleo finalizado).
29

Figura 20 – Transformadora a óleo.

Fonte: Megabarre Transformadores (2015).

Após a finalização, o transformador é levado ao laboratório onde é


submetido a ensaios que serão melhor descritos no próximo tópico.
Terminados os ensaios e a inspeção, o transformador é embalado e
armazenado, esperando o transporte para seu destino.

2.3. Ensaios

Segundo a norma NBR-5380 (1993), os ensaios devem ser realizados


pelo fabricante, cabendo ao comprador o direito de designar um inspetor para
assistir os ensaios. Este procedimento consiste em determinar as
características do transformador e dos acessórios, de acordo com um
procedimento especificado.
Todos os componentes externos e acessórios que podem ter influência
no funcionamento do transformador devem estar instalados durante os
ensaios.
Para todas as características, exceto as de isolamento, os ensaios são
baseados em condições nominais, a menos que seja especificado de outra
forma de acordo com o ensaio.
Os ensaios baseiam-se nas seguintes normas:

 NBR 5356 - Transformador de Potência: Especificação;


30

 NBR 5380 - Transformador de Potência: Método de Ensaio;


 NBR 10295 - Transformadores de Potência Secos;
 IEC 76;
 ANSI;
 IEEE.

A ABNT classifica os ensaios em três tipos:

 Ensaios de Rotina: Deve ser executado em todas as unidades de


produção, e consistes dos seguintes ensaios:

- Medição da resistência dos enrolamentos;


- Relação de tensão;
- Medição da resistência de isolamento;
- Medição da polaridade;
- Deslocamento angular e frequência de fases;
- Medição das perdas em vazio;
- Medição das perdas em carga;
- Corrente de excitação;
- Impedância de curto-circuito;
- Ensaios dielétricos;
- Estanqueidade e resistência à pressão (se transformador a óleo);
- Verificação do funcionamento dos acessórios;
- Verificação da espessura e aderência da pintura da parte externa.

 Ensaios de Tipo: Somente é executado mediante especificação do


cliente, ou quando solicitado pela seção de projetos, e conta com os
seguintes ensaios:

- Elevação de temperatura;
- Tensão suportável nominal de impulso atmosférico;
- Nível de ruído;
- Ensaios do óleo isolante;
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- Medição da potência absorvida pelos motores das bombas de óleo e


ventiladores;

 Ensaios Especiais: Só é executado mediante a compra do cliente, ou


quando solicitado pela seção de projetos, sendo eles os seguintes:

- Ensaio de curto-circuito;
- Impedância de sequência zero em transformadores trifásicos;
- Medição de harmônicos na corrente de excitação;
- Análise cromatográfica dos gases dissolvidos no óleo isolante;
- Fator de potência do isolamento;
- Vácuo interno;
- Tensão de radiointerferência (RIV);
- Verificação do esquema de pintura das partes internas e externas do
transformador;
- Medida da resposta em frequência e impedância terminal: este
ensaio é o único não previsto em norma, por ser recente. Por isso
quando solicitado devem ser definidas suas especificações de modo
que o fabricante e o cliente estejam em comum acordo.

2.4. Transformador de corrente

O transformador de corrente (ou TC) é um equipamento cuja função é


constatar ou medir a corrente elétrica que circula no enrolamento primário, e
reproduz parte desta corrente em seu circuito secundário, sendo esta com
proporções definidas e sem alterar a posição vetorial. O uso do TC se faz
necessário por ser inviável a utilização de altas correntes em circuitos
eletrônicos ou em um instrumento de medição, sendo preciso então reduzir
tais correntes, a ponto de serem passíveis de utilização (TOROID, 2015).
Uma das características necessárias para a especificação do TC é a
relação nominal, a qual se dá através da divisão da corrente nominal primária,
pela corrente secundária. As relações mais utilizadas no mercado são de
xx/5A e xx/1A, ou seja, a corrente do primário é amostrada e tem como saída
no secundário 5A ou 1A (SIEMENS, 2006).
32

O TC é amplamente utilizado em sistemas elétricos, pois


informa as condições reais de corrente em regime normal, picos e
faltas de energia, proporcionando um maior controle sobre o
sistema. Também possui outra grande vantagem, que é a isolação
entre o medidor e o circuito a ser medido (TOROID, 2015, P. 1).

Neste trabalho serão utilizados diferentes tipos de TCs, de diversas


especificações. Estes TCs serão usados para rebaixar os valores das tensões
e correntes que serão medidos nos transformadores ensaiados, de modo que
possa ser feita a leitura por meio de aparelhos utilizados na bancada.

2.5. Analisador digital trifásico TRANS4 9443

O Analisador Digital Trifásico TRANS4 9443 (Figura 21), é um


wattímetro que recebe a leitura das correntes e tensões do transformador em
ensaio, calcula e exibe todos os dados lidos em um computador. Essas leituras
são feitas com o auxilio de TPs e TCs (transformador de potencial e
transformador de corrente respectivamente), diminuindo os valores das tensões
e correntes de modo que o aparelho possa fazer as leituras desejadas.

Figura 21 - Analisador Digital Trifásico 9443.

Fonte: Autoria própria.

O Analisador Digital Trifásico 9443 tem três conexões de entradas de


corrente e três de tensão, para análise de circuitos trifásicos. Ele tem uma
entrada para ser conectada ao computador, utilizando um conversor de RS485
para USB. Também conta com um software que exibe as medidas e valores
necessários para o ensaio, na tela do computador, e ao finalizar o ensaio, gera
um relatório com os dados obtidos.
33

3 METODOLOGIA

O procedimento metodológico desenvolvido no seguinte trabalho pode


ser dividido em três etapas:

3.1. Projeto elétrico

Primeiramente foi elaborado o projeto elétrico com os materiais


disponíveis em estoque. O mesmo foi revisado pelo engenheiro responsável e
realizado os ajustes necessários. O projeto final é apresentado na Figura 22.

Figura 22 – Esquema do circuito elétrico geral da mesa de comando.

Fonte: Autoria própria.

Na Figura 22 é mostrado o esquema elétrico unifilar geral da mesa de


ensaios de alguns testes de rotina. O esquema completo é mostrado no Anexo
A.
34

Pode-se observar no diagrama que a alimentação do sistema passa por


um disjuntor geral (DJ1) de 100A e por uma contatora (C10), que energiza o
sistema quando a chave geral (CH6) é ligada. A saída da contatora (C10) então
é ramificada para duas partes do circuito. A ramificação da direita alimenta um
motor (M1) que está acoplado a um gerador de 220V com frequência de
120Hz, utilizado pra o ensaio de tensão induzida. O circuito do motor é
protegido por um disjuntor de 16A e somente entra em funcionamento por meio
de uma botoeira no painel com o contato de selo, que comuta a contatora
(C1B), liberando o seu funcionamento.
O circuito do gerador (G1) acoplado ao motor é protegido por um
disjuntor de 40A (DJ3) e passa por uma contatora (C1C) acionada por um
contato de selo. Em funcionamento o circuito é ligado ao variador (V1).
A ramificação da esquerda que sai da contatora (C10) passa por uma
contatora (C1A), ligada diretamente no variador (V1), junto ao circuito do
gerador (G1).
O variador (V1) eleva e abaixa a tensão em sua saída de 0 a 220V, tanto
em 60Hz, a frequência da rede que vem pela comutadora (C1A), quanto em
120Hz, gerado pelo gerador (G1). O mesmo possui um motor elétrico (M2)
comandado por uma chave seletora (CH7), que controla a subida e descida da
tensão na saída. Esta chave está ligada em série com um pedal, que energiza
a chave (CH7) quando pressionado, e quando não pressionado fecha o circuito
do motor (M2), a fim de que diminua a tensão de saída do variador (V1) a zero,
para a segurança do usuário.
A saída do variador (V1) é ligada a três contatoras, sendo que a primeira
(C2A) alimenta um TP elevador (TR1) por onde é feito o ensaio de tensão
induzida pela alta do transformador em teste. O monitoramento deste ensaio é
feito através de três amperímetros (A1/A2/A3) e um voltímetro (kV1), ambos
analógicos, localizado no painel frontal da mesa de comando. A leitura dos
amperímetros é feita por três TCs (TC1/2/3) montados na saída do TP (TR1), o
voltímetro mede a entrada de uma das fases do mesmo, e mostra o valor da
saída do TP com base na em sua relação de transformação.
A segunda ramificação na saída do variador V1 é ligada a uma contatora
(C2B), que alimenta um autotransformador com três variações (taps): 400V,
35

880V e 1500V. A saída de cada tap é ligada a uma contatora (C3A/B/C),


selecionada através de uma chave seletora (CH4).
As saídas das três contatoras são ligadas juntas e ramificam para duas
malhas que se juntam novamente. A primeira passa por três amperímetros
analógicos localizados no painel frontal da mesa de comado e vai diretamente
para a tomada de saída de teste. Este circuito é usado para o ensaio de tensão
induzida pela baixa do transformador em teste, habilitado por uma contatora
(C5), comandada por uma botoeira localizada no painel frontal da mesa de
comando.
A segunda ramificação que sai das contatoras dos taps do
autotransformador passa por três contatoras (C4A/B/C), que são ligadas a três
TCs (TC4/5/6) com três taps (relações) de 25A, 50A e 125A para 5A. As
contatoras selecionam qual relação de corrente vai ser usada através do
comando de uma chave seletora. As saídas dos transformadores de corrente
se unem e passam por outra contatora (C6), que é habilitada por uma botoeira
de contato de selo. Este circuito tem a finalidade de efetuar o ensaio de curto-
circuito e a vazio. A saída da contatora (C6) é ligada junto a saída da contatora
(C5) na tomada de saída para os ensaios. Esta saída de teste é protegida por
um disjuntor (DJ5) de 50A.
Os TCs (TC4/5/6) abaixam a corrente do circuito para que possa ser
feita a leitura da corrente por um medidor eletrônico (JMAN), protegido por um
disjuntor (DJ8) de 10A.
A terceira ramificação do circuito após o variador (V1), é feita apenas por
uma fase, alimentando um TP (TR3) monofásico elevador, de saída ligada ao
transformador em teste para o ensaio de aplicada. Este circuito é habilitado
através da contatora (C2C) comandada por uma botoeira de contato de selo, e
é protegido por um disjuntor (DJ6) de 63A.
O monitoramento deste ensaio é feito através de um voltímetro digital,
ligado à entrada do TP (TR3), para controlar a tensão aplicada; um
amperímetro ligado a um TC montado na entrada do TP (TR3), pra monitorar a
corrente do circuito; e um mili amperímetro, ligado a um transformador de
corrente localizado no TP (TR3), para monitorar se há fuga de corrente na
saída do transformador em teste. Estes medidores são localizados no painel
frontal da mesa de comando.
36

Em paralelo ao circuito de ligação dos ensaios, há um circuito para a


medição das tensões geradas no transformador em teste. Este circuito é ligado
ao transformador em teste através da tomada (T11). Esta medição passa por
um TP (TR4) abaixador com três relações; 2/1, 4/1 e 6/1. A relação é
selecionada através de uma chave seletora, que habilita uma das três
contatoras (C7A/B/C), fechando o circuito da relação desejada. Na saída do TP
(TR4) há duas ramificações, onde a primeira passa por uma contatora (C8) que
vai para o medidor digital (JMAN), protegido por um disjuntor (DJ9) de 10A. A
segunda ramificação passa por uma contatora (C9) ligada a um frequencímetro
e uma chave seletora (CH8), ligado a um voltímetro (V). A chave seletora
(CH8) seleciona qual o par de fases das três que chegam da contatora (C9) vai
ser monitorado pelo voltímetro (V).

3.2. Montagem

O projeto foi adaptado a duas mesas de comando usadas, onde em uma


foram realocados os instrumentos já existentes para um lado do painel frontal,
e no outro lado foram alocados os instrumentos de medições, botoeiras,
chaves e o sinaleiro, referentes aos ensaios de tensão aplicada e induzida. As
botoeiras utilizadas para os ensaios de curto-circuito e a vazio, junto ao JMAN,
foram alojadas a outra mesa de comando, junto ao computador utilizado para a
ligação do JMAN.

Com os instrumentos organizados e instalados nas mesas de comando,


foram fixadas as contatoras dentro da mesa de comando, as tomadas de
entrada e saída de energização, e as de comando e monitoramento na parte de
trás da mesa de comando.

Como tudo fixado, foram feitos os cabeamentos e suas ligações.

3.3. Testes e verificações

Após a montagem do projeto, foram verificadas todas as ligações e


conexões. Então o circuito de comando foi energizado e testado o
37

funcionamento das chaves, botoeiras, selos e se as contatoras estavam


fechando corretamente os circuitos de ligação.
Com os comandos e fechamentos verificados, o circuito de ligação foi
energizado. Primeiramente foi testado o circuito do gerador, alimentando o
motor acoplado ao mesmo e observando a frequência mostrada no
frequencímetro, que correspondeu ao esperado de 120Hz. Então foi alimentado
o circuito do variador elevando-se a tensão de saída do mesmo, observando a
tensão indicada no voltímetro da mesa de comando e confirmando as leituras
com outro multímetro calibrado na saída do variador.
O próximo circuito testado foi o de ensaio de tensão induzida da alta.
Primeiramente foi ligada a contadora (C1A), que energiza diretamente o
variador, depois foi fechado o circuito que energiza o TP elevador (TR1),
subindo a tensão aplicada no transformador e observando a tensão de saída
através do voltímetro da mesa de comando e confirmando a leitura com outro
TP abaixador ligado na saída do TP (TR1). Foi feita também a leitura com um
multímetro calibrado, com a relação do transformador abaixador foi feita a
equivalência da tensão observada e comparada com a leitura do voltímetro da
mesa de comando. Este procedimento foi feito da mesma maneira para os
testes dos circuitos do TP (TR3) e nos circuitos de saída de 880V e 1500V do
transformador (TR2). Já na saída de 400V foi possível fazer sua verificação
apenas com o multímetro ligado na mesma.
Posteriormente foi testado o circuito de teste através do fechamento da
contatora (C5) e assim verificado se a tensão estava chegando corretamente
até a saída de teste. Então foi feito o mesmo teste utilizando o fechamento da
contatora (C6), e o fechamento das contatoras (C4A), (C4B) E (C4C), uma de
cada vez mudando a chave que as seleciona.
Os medidores de corrente nesta fase de teste não foram verificados,
pois não havia carga ligada na saída para teste, sendo assim, sem circulação
de corrente os amperímetros mantinham-se em zero.
Com todo o circuito funcionando corretamente, foram testados os cabos
ligados ao aparelho JMAN, e então com o software devidamente instalado e o
cabo de comunicação do aparelho ligado ao computador foram verificadas
suas leituras e comparadas as leituras feitas pelo multímetro.
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4 RESULTADOS OBTIDOS

Com todos os equipamentos já verificados, foi iniciado o ensaio de um


transformador que já havia sido ensaiado anteriormente sem a bancada.
O primeiro ensaio foi o de tensão aplicada pela baixa tensão do
transformador em teste, foram aplicados 10.300V na baixa, como pode ser
observado na Figura 23, e contabilizado 60 segundos, observando os
amperímetros se havia corrente de fuga. Depois foi feito o ensaio de tensão
aplicada na alta tensão, e foi aplicada uma tensão de 34.100V, como pode ser
observado na Figura 23, e feito o mesmo procedimento do ensaio anterior.

Figura 23 – Voltímetro digital e amperímetros analógicos para teste de


tensão aplicada.

Fonte: Autoria própria.

O próximo ensaio realizado foi o ensaio de tensão induzida. Neste teste


foi aplicado o dobro da tensão nominal no enrolamento de baixa tensão do
transformador, neste caso 400V. Na Figura 24 nota-se que a tensão indicada
no voltímetro é de 100V, porém esse valor deve ser multiplicado por 4, pois a
tensão lida pelo voltímetro passa pelo transformador (TR4) que nesse caso
39

está com o tap de relação 4X1 acionado. Este ensaio é feito a 120Hz
(observado na Figura 24) para não forçar o transformador em teste. Depois que
é alcançada a tensão desejada através do variador, é feita uma contagem de
60 segundos e observa-se o amperímetro do painel frontal da mesa de
comando se não há fuga de corrente.

Figura 24 – Amperímetros analógicos e frequencímetro digital, para o ensaio de tensão


induzida.

Fonte: Autoria própria.

O ensaio seguinte foi o de perdas a vazio. Para este ensaio utiliza-se o


software do computador junto ao JMAN para fazer o acompanhamento. Neste
ensaio é aplicado corrente nominal pelo lado da baixa tensão do transformador
em teste, e então são observadas através do software, as perdas do entreferro,
a corrente de magnetização e se as correntes estão em equilíbrio. Na Figura 25
pode ser observada uma tela do software em funcionamento.

Figura 25 – Tela de monitoramento do software do JMAN,


para o ensaio de perdas a vazio.

Fonte: Autoria própria.


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O último ensaio foi o de curto-circuito ou perdas em carga, também feito


com o auxílio do software do JMAN. Neste ensaio foi curto-circuitado o lado de
baixa tensão, e então aplicada uma tensão trifásica na alta tensão, até que a
corrente nominal do transformador fosse alcançada. Foi observado o valor da
tensão necessária para o valor da corrente nominal, os equilíbrios das
correntes e das tensões e as formas de ondas senoidais, como mostrado na
Figura 26.

Figura 26 – Tela de monitoramento do software do JMAN,


para o ensaio de perdas em carga.

Fonte: Autoria própria.


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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi proposto o projeto e execução da montagem de uma


mesa de comando para alguns dos ensaios de rotina de transformadores de
média potência, como o de tensão aplicada, tensão induzida, perdas em carga
e a vazio, para a melhoria do laboratório de ensaio da empresa parceira deste
trabalho.
O projeto foi feito com base nos materiais disponíveis, e na aquisição de
novos materiais com o menor custo possível. O projeto inicial contava com uma
única mesa de controle para os quatro ensaios. Porém, ao fim do projeto do
circuito elétrico e da listagem dos materiais faltantes, foi solicitado pela
empresa que o projeto fosse executado em uma mesa de comando usada, com
os comandos de outros ensaios de rotina. Foram reorganizados os aparelhos já
existentes na mesa de comando e organizado os que seriam instalados. Os
aparelhos restantes foram alocados em uma segunda mesa de comando
menor, junto ao computador que seria utilizado para as leituras do JMAN.
Com os comandos reorganizados, foi necessária uma pequena mudança
no projeto, onde foram adicionadas mais três chaves seletoras para facilitar as
manobras ao fazer os ensaios. Estas chaves foram colocadas de modo que as
duas mesas tivessem o controle: do tap do transformador (TR2), para
selecionar o valor da tensão aplicada no transformador em teste; do tap do
transformador (TR4), para controle da relação de tensão lida pelos aparelhos; e
do controle do variador. Estas mudanças foram feitas para facilitar o momento
em que os ensaios forem feitos, para que cada mesa funcione de forma
independente.
Os resultados obtidos foram satisfatórios, as mesas de comando
funcionaram da maneira esperada, os ensaios realizados ocorreram sem
nenhum imprevisto, e os valores obtidos são iguais aos valores ensaiados
anteriormente.
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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-5356:


Transformador de Potência. Rio de Janeiro, 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-5380:


Transformador de Potência. Rio de Janeiro, 1993.

DANIELS, A. R. Introduction to Electrical Machines. Macmillan, London


1976.

FITZGERALD, A. E., KINGSLEY Jr., Charles, UMANS, Stephen D. Máquinas


Elétricas: Com introdução à eletrônica de potência. Porto Alegre:
Brookman, 2006.

KOSOW, I. L. Máquinas Elétricas e Transformadores. Porto Alegre: Editora


Globo, 1996.

KULKNARNI, S. V.; KHAPARDE, S. A. Transformer Engineering: Design


and Practice. CRC Press, 2004.

MAMEDE, J. Manual de Equipamentos Elétricos. Rio de Janeiro: LTC,


2005. 778 p. ISBN 85-216-1436-5.

MEGABARRE TRANSFORMADORES. Catálogo. 2015. Disponível em: <


http://files.megabarre.com.br/catalogs/catalog_20151028_catalogo_mbtrafo_we
b.pdf>. Acesso em: 20 de abril de 2017.

RIES, W. Apostila de Transformadores. Rio de janeiro: Editora


Independente, 1977.

SIEMENS. Transformadores de corrente, 2006. Disponível em:


<http://w3.siemens.com.br/automation/br/pt/dispositivos-baixa-tensao/
transformadores/transformadores-de-corrente/pages/transformador-de-
corrente.aspx>. Acesso em: 20 abril 2017.
43

TOROID. Produtos, 2015. Disponível em:


<http://www.toroid.com.br/produtos/transformadores-de-corrente/>. Acesso em:
20 abril 2017.

WEG. DT-11: Características e Especificações de Transformadores de


Distribuição e Força. WEG Equipamentos Elétricos S.A.

WEG. Transformadores de Distribuição, 2017. Disponível em: <


http://old.weg.net/br/Produtos-e-Servicos/Geracao-Transmissao-e-Distribuicao-
de-Energia/Transformadores/Transformadores-de-Distribuicao>. Acesso em: 20
abril 2017.

WEG. Transformadores de Força, 2017. Disponível em: <


http://old.weg.net/br/Produtos-e-Servicos/Geracao-Transmissao-e-Distribuicao-
de-Energia/Transformadores/Transformadores-de-Forca >. Acesso em: 20 abril
2017.
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ANEXO A – Esquema elétrico completo da mesa de comando de ensaio.


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