Do - ND DEDICACAO DELTA T9 SEMANA 6
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
Sumário
META 1 .............................................................................................................................................................. 9
DIREITO PENAL: AÇÃO PENAL E CAUSAS EXTINTIVAS DA PUNIBILIDADE ......................................................... 9
1. AÇÃO PENAL ................................................................................................................................................ 10
1.1. Espécies ................................................................................................................................................ 10
1.2 Condições da Ação Penal ...................................................................................................................... 11
1.2.1. Representação do ofendido.......................................................................................................... 12
1.2.2. Requisição do Ministro da Justiça ................................................................................................. 13
1.3. Princípios da Ação Penal Pública .......................................................................................................... 14
1.4. Ação Penal Privada ............................................................................................................................... 14
1.5. Procedimento ....................................................................................................................................... 18
1.6. Denúncia ou Queixa Crime ................................................................................................................... 19
2. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ....................................................................................................................... 24
2.1 Causas de Extinção da Punibilidade ...................................................................................................... 26
2.1.1 Morte do Agente............................................................................................................................ 26
............................................................................ 27
2.1.2 Anistia ................................................................
2.1.3 Graça e Indulto .............................................................................................................................. 28
2.1.4 Abolitio Criminis ............................................................................................................................. 31
2.1.5 Decadência..................................................................................................................................... 33
2.1.6 Perempção ..................................................................................................................................... 33
2.1.7 Prescrição ....................................................................................................................................... 34
2.1.8 Renúncia ........................................................................................................................................ 54
2.1.9 Perdão Aceito ou Perdão do Ofendido .......................................................................................... 54
2.1.10 Retratação.................................................................................................................................... 54
2.1.11 Perdão Judicial ............................................................................................................................. 54
META 2 ............................................................................................................................................................ 59
DIREITO PROCESSUAL PENAL: PROVAS (PARTE I) ........................................................................................... 59
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 60
................................................................................................................... 60
1.1 Acepções da palavra prova
1.2 Espécies de prova .................................................................................................................................. 61
1.3 Terminologia da Prova .......................................................................................................................... 67
1.4 Indícios .................................................................................................................................................. 68
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ATENÇÃO
Equipe DD
Prezado(a) aluno(a),
Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.
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META 1
CF/88
⦁ Art. 5º, XLII, XLIII e XLIV
⦁ Art. 21, XVII
⦁ Art. 48, VIII
⦁ Art. 53, §§3º a 5º
⦁ Art. 84, XII
CÓDIGO PENAL:
⦁ Art. 2º (abolitio criminis)
⦁ Arts. 100 a 120
⦁ Art. 121, §5º (perdão judicial no homicídio)
⦁ Art. 129, §8º (perdão judicial na lesão corporal)
⦁ Art. 312, §3º
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1. AÇÃO PENAL
Embora seja um tema mais afeto ao processo penal, tendo em vista que várias questões relacionadas
à ação penal implicam na extinção de punibilidade, o assunto também foi tratado pelo Código Penal, de modo
que abordaremos aqui de modo breve e objetivo apenas algumas ideias iniciais.
1.1. Espécies
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* ATENÇÃO: Os crimes de lesões corporais leves e culposas no contexto da Lei Maria da Penha são de ação
penal pública incondicionada.
Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
* ATENÇÃO: O TAC entre MP e autor de crime contra o meio ambiente de menor potencial ofensivo é causa
suspensiva de punibilidade suspendendo o período de prescrição.
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● Legitimidade: a legitimidade ativa é, via de regra, do MP. Sendo ação privada, a legitimidade é da
vítima. Já a passiva, via de regra, é a pessoa física autora do delito, podendo ser pessoa jurídica em
crimes ambientais.
● Justa causa: É o fumus comissi delicti para o exercício da função penal. É o lastro probatório mínimo.
a) Prazo: Em regra, deve ser oferecida no prazo decadencial de 6 (seis) meses, contados do conhecimento
da autoria (art. 38 do CPP).
Art. 38, CPP. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante
legal, decairá no direito de queixa (ação penal privada) ou de representação (ação
penal pública condicionada a representação do ofendido), se não o exercer dentro
do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29 (ação penal privada subsidiária), do dia em que se
esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou
representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e
31 (morte do ofendido).
ATENÇÃO: Pessoas jurídicas, se vítimas de infrações penais, podem oferecer representação por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-
gerentes.
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Em que pese estejamos tratando do oferecimento da representação, cumpre destacar que o prazo
decadencial para o exercício do direito de queixa, nos crimes que se processam mediante ação penal privada,
também é de 06 meses.
Na ação penal privada subsidiária da pública, esse prazo é contado do dia em que se esgotar o prazo
para o oferecimento da denúncia por parte do Ministério Público (art. 38, parte final, do CPP).
b) Capacidade Processual: A representação pode ser feita pessoalmente ou por procurador maior de 18
anos, desde que possua poderes especiais.
Súmula 594-STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo
ofendido ou por seu representante legal.
Na Lei Maria da Penha, a retratação da vítima demanda audiência especial, com oitiva do juiz e MP,
e é admissível até o recebimento da inicial acusatória.
a) Prazo: A lei é omissa. Logo, pode ocorrer desde que não extinta a punibilidade;
b) Destinatário: MP (PGJ);
c) Há discricionariedade do Ministro da Justiça e a requisição NÃO vincula o MP.
d) Hipóteses:
● Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil;
● Crimes contra a honra praticados contra o Presidente ou Chefe de Governo Estrangeiro.
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● Obrigatoriedade ou legalidade: O MP, titular da ação penal pública, está obrigado a oferecê-la,
sempre que constatar a presença de prova da materialidade e indícios de autoria ou participação. A
exceção se dá nas infrações de menor potencial ofensivo, em que o MP pode propor transação penal;
● Indisponibilidade: O MP NÃO pode desistir da ação penal;
● Oficialidade: O titular da ação é o órgão oficial do Estado;
● Indivisibilidade ou divisibilidade: Não é pacífico sobre o que prevalece na ação penal pública. A ação
penal deve se estender a todos aqueles que praticaram a infração penal. No entanto, o STF já
entendeu que a ação penal pública estaria regida pelo princípio da divisibilidade, pois o processo
poderia ser desmembrado, com o oferecimento de denúncia contra um ou mais réu, e posterior
aditamento para inclusão de outros;
● Oficiosidade: O MP, titular da ação penal, pode agir de ofício, não dependendo da autorização de
ninguém.
1.4. Ação Penal Privada
Ocorre quando o Estado legitima o ofendido ou seu representante legal a ingressar com ação penal,
pleiteando a condenação do agressor, em hipóteses excepcionais. O particular, portanto, passa a ter o direito
de ação, a legitimidade para o oferecimento da ação penal privada, embora a titularidade do direito de punir
permaneça com o Estado.
a) Princípios:
EXCEÇÃO: No crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236, CP), o prazo
exercício do direito de queixa começa do trânsito em julgado da sentença que anulou o casamento. Além
disso, por se tratar de ação penal privada personalíssima, so
ca haja a morte do ofendido, extingue-se a
punibilidade.
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● Disponibilidade: Iniciada a ação penal privada, a vítima pode dispor do direito de ação e desistir do
feito já em curso, pelos seguintes institutos:
o Perdão: Ato de liberalidade, que requer a aceitação pelo réu (ato bilateral).
o Perempção: É sanção processual pela desídia do querelante na ação privada (art. 60, CPP).
● Indivisibilidade: Proposta ação penal privada, o querelante deve promovê-la contra todos os que
contribuíram para o delito, não podendo deixar de processar os que sabidamente concorreram para
a prática do crime. Caso o querelante renuncie, deliberadamente, em relação a um, será reconhecida
a extinção da punibilidade de todos os agentes.
● Intranscendência ou pessoalidade: Os efeitos da ação penal privada são de natureza pessoal, não
podendo atingir outras pessoas que não aquelas que contribuíram para o delito.
Se houver morte ou declaração de ausência do ofendido, passam a ter legitimidade ativa o cônjuge,
ascendentes, descendentes e irmãos, nesta ordem de preferência (art. 31 do CPP), embora qualquer um
possa prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone (art. 36 do CPP).
Relevante julgado do STJ ventilado no informativo 654 (09/2019), estendendo o direito à
representação ao companheiro(a).
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c) Renúncia: É ato unilateral do ofendido, e ocorre quando a vítima se recusa a tomar providência contra o
seu agressor.
● Opera-se até o oferecimento da ação penal;
● É irretratável;
● A renúncia deliberada feita a um dos autores necessariamente beneficia os demais (art. 49, do CPP);
● Pode ser expressa ou tácita (atos do ofendido incompatíveis com o desejo de processar o autor).
Aqui cabe um alerta, só se pode falar em indivisibilidade da ação penal privada quando todos os agentes são
conhecidos pela vítima ou pelo seu representante legal. Somente se a vítima possuía condições de oferecer
queixa-crime todos os envolvidos e, deliberadamente, não o faz, é que poderemos falar em renúncia tácita.
● Cleber Masson ressalta que há três posições quanto à possibilidade de o Ministério Público
aditar a queixa-crime para incluir eventuais coautores e partícipes:
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3ª Posição: O aditamento não é possível e a inicial acusatória deve ser rejeitada, em razão
da renúncia tácita em relação aos não incluídos, vez que referida causa de extinção da
punibilidade se comunica aos demais.
RENÚNCIA PERDÃO
Instituto pré-processual. Instituto processual.
Ato unilateral. Ato bilateral.
A renúncia feita a um dos agentes se estende O perdão concedido a apenas um dos agentes
aos demais (art. 49, CP). delitivos não necessariamente se estende aos
demais.
ATENÇÃO: O MP também pode recorrer da sentença condenatória em ações penais exclusivamente privadas,
seja em favor ou desfavor do acusado, até mesmo pleiteando o aumento da pena fixada. Porém, haja vista
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que a ação penal privada é regida pelo princípio da disponibilidade, o MP não pode recorrer de sentença
absolutória, caso o querelante não recorra.
1.5. Procedimento
Com o inquérito policial ou outras peças de informação, o MP pode adotar as seguintes hipóteses:
● Oferecer denúncia;
● Requisitar novas diligências, com retorno dos autos à DP, indispensáveis à denúncia;
● Requerer/ promover o arquivamento;
● Propor acordo de não persecução penal;
● Suscitar conflito de atribuição caso entenda não ter atribuição para atuar no feito;
● E, ainda, declinar a atribuição para órgão do MP que entender ter atribuição no feito.
Com a reforma produzida pela Lei 13.964/19, não há mais que se falar em arquivamento indireto ou
arquivamento implícito, tendo em vista que o arquivamento passou a ser providência administrativa no
âmbito do Ministério Público e não mais depende de decisão judicial.
Entretanto, em razão da medida cautelar na ADI 6298, o novo art. 28 do CPP encontra-se com sua eficácia
suspensa.
Arquivamento indireto: O juiz, não concordando com o pedido de declinação de competência formulado
pelo MP, recebe tal manifestação como se fosse pedido de arquivamento, aplicando o art. 28, do CPP por
analogia.
DICA: INDIRETO = INCOMPETÊNCIA.
Arquivamento implícito: O titular da ação deixa de incluir na denúncia algum fato investigado ou alguns dos
indiciados – NÃO é admitido pela doutrina e jurisprudência, devendo aplicar o art. 28, do CPP.
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● Denúncia: É a peça privativa do Ministério Público que dá início à ação penal pública.
● Queixa-crime: É a peça privativa do ofendido, de seu representante legal, seu sucessor ou ainda seu
curador que dá início à ação penal privada.
No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª Turma. Inq 4506/DF, rel.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018 (Info 898).
O princípio do in dubio pro societate significa que, na dúvida, havendo indícios mínimos da autoria, deve
-se
dar prosseguimento à ação penal, ainda que não se tenha certeza de que o réu foi o autor do suposto delito.
Em uma tradução literal, seria algo como “na dúvida, em favor da sociedade”. O princípio do in dubio pro
societate contrapõe-se ao princípio do in dubio pro reo (“na dúvida, em favor do réu”). Fonte: Dizer o direito
– Comentários aos Informativo 898 do STF.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
1
Chamada de “ação penal privada concorrente”. Na visão do STJ (HC 259.870/ES), a opção por uma das vias torna a
outra preclusa. Portanto, se a vítima representa, não poderá, posteriormente, oferecer ela própria a queixa-crime.
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b) Não preenchimento dos requisitos formais: Se não preenchidos os requisitos formais da denúncia ou da
queixa e isso implicar prejuízo à ampla defesa (vício insanável), deverá ocorrer a rejeição da inicial acusatória
(art. 395, I, CPP), bem como se faltar alguma condição da ação ou pressuposto processual ou se faltar justa
causa à ação penal.
- Decisão de rejeição da denúncia ou queixa: Cabe recurso em sentido estrito (prazo de 05 dias).
Se queixa crime: Prazo decadencial de 6 (seis) meses, contados a partir do conhecimento da autoria
(art. 38, CPP), via de regra.
Atenção! Art. 42. O Ministério Público NÃO PODERÁ desistir da ação penal.
Art. 576, CPP. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
JURISPRUDÊNCIAS:
→ Rejeição de queixa-crime desacompanhada de documentos hábeis a
demonstrar, ainda que de modo indiciário, a autoria e a materialidade do crime.
Deve ser rejeitada a queixa-crime que, oferecida antes de qualquer procedimento
prévio, impute a prática de infração de menor potencial ofensivo com base apenas
na versão do autor e na indicação de rol de testemunhas, desacompanhada de
Termo Circunstanciado ou de qualquer outro documento hábil a demonstrar, ainda
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e a precisão exigidas, o dolo, em sua forma eventual, que teria animado o agente,
sendo impossível conhecer no caso em apreço as circunstâncias subjetivas STJ. 6ª
Turma. RHC 39.627-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 8/4/2014 (Info
538).
FACILITANDO:
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→ introdução ou abandono de animais em propriedade alheia, desde que o fato resulte prejuízo (art. 164
c/c art. 167);
→ Fraude à execução (art. 179 e p. único);
→ Violação de direito autoral na forma simples (art. 184, caput c/c art. 186, I);
→ Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (art. 236 e p. único); Obs.: Única ação penal
personalíssima. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão
depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
→ exercício arbitrário das próprias razões - se não houver emprego de violência (art. 345 e p. único).
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CAIU EM PROVA:
→ (Delegado PCPB 2022) Considerando o sistema de juizados especiais criminais, previsto na Lei nº
9.099/1995, e a jurisprudência do STJ e STF sobre a matéria: Tratando-se de crime de ação penal privada ou
pública condicionada à representação, a realização de composição civil dos danos entre autor e vítima gera
a extinção da punibilidade. (item correto)
AP. pública condicionada e A. P. Privada: a composição dos danos gera renúncia ao direito de representação
ou queixa; MP não pode propor transação penal.
AP. pública incondicionada: a composição dos danos não impede a transação; MP pode propor transação
penal.
2. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
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Podem ser encontradas primordialmente no rol descrito no artigo 107 do Código Penal, embora não
seja este um rol taxativo, havendo outras causas de extinção da punibilidade, como por exemplo:
Condições objetivas de punibilidade: Em alguns casos, para ocorrer a punibilidade, NÃO basta a
prática de um crime e a ausência de alguma causa de extinção da punibilidade, mas devem ser verificadas
situações objetivas exteriores à conduta. Ex.: Crimes contra a ordem tributária.
A condição objetiva de punibilidade é um elemento exterior ao fato delituoso, não integrante do
tipo penal, independente do dolo ou culpa do agente, que deve advir para a formação de um injusto culpável
e punível, ou seja, são condições exigidas por lei para que o fato se torne punível, que estão fora do injusto
penal, vinculadas à superveniência de determinado acontecimento. Trata-se de uma condição incerta e
futura. Relaciona-se ao Direito Penal.
Exemplo1: Sentença declaratória da falência, que concede a recuperação judicial e a que concede a
recuperação extrajudicial (art. 180 da Lei nº 11.101/05);
Exemplo2: Decisão final do procedimento administrativo de lançamento nos crimes materiais contra
a ordem tributária previstos no art. 1º, I a IV da Lei nº 8.137/90 (Súmula Vinculante 24 STF)
Simplificando:
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● Decorre do princípio da intranscendência da pena, segundo o qual a pena não pode passar da pessoa
do condenado. Os efeitos extrapenais subsistem, de sorte que os herdeiros respondem até o limite
da herança;
● Comprovação: Certidão de óbito;
Lembrando que se o inquérito policial for arquivado com base numa certidão
de óbito falsa, não faz coisa julgada material.
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Art. 62, CPP. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de
óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade
2.1.2 Anistia
I. Espécies:
● Própria: Concedida ANTES do trânsito em julgado;
● Imprópria: APÓS o trânsito em julgado;
● Especial: Concedida a crimes políticos;
● Comum: Aplicada a crimes comuns;
● Geral ou plena: Aplica-se a todos os agentes;
● Condicionada: É imposta a prática de algum ato como condição para concessão.
II. Efeitos: Ex tunc – Cessam os efeitos penais, mas não os civis. Isso significa que:
● Na anistia, o fato praticado deixa de ser considerado crime. Por esse motivo, na Lei de Lavagem
de Capitais, se o crime antecedente ao delito de lavagem for anistiado, o crime de lavagem não
subsistirá!!!
● Não gera reincidência.
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● Crimes hediondos; (Não esqueça que o rol de crimes hediondos foi alterado pelo pacote
Anticrime!)
● Tortura;
● Tráfico de entorpecentes;
● Terrorismo.
Art. 5º, CR. (...) XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
● Indulto: É uma forma de clemência. NÃO diz respeito a fatos, como na anistia, mas sim às pessoas,
no plural. Diz-se que indulto é a graça coletiva;
● Graça: Benefício concedido a pessoa determinada.
II) Formas:
● Total: Abrange todas as sanções;
● Parcial: Quando houver redução ou substituição da sanção penal
● Condicionados: impõe condições para ser beneficiado. Ex.: ressarcimento do dano.
● Incondicionados: não impõe qualquer requisito.
III) Efeitos: Extingue a pena, mas permanecem os efeitos penais secundários e os efeitos extrapenais.
Obs.: O réu condenado que foi beneficiado com graça ou indulto, se cometer novo crime, será reincidente.
IV) Momento da concessão: Em regra, após o trânsito em julgado da sentença, pois se refere à pena
imposta.
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V) Inaplicabilidade:
● Crimes hediondos;
● Tortura;
● Tráfico de entorpecentes;
● Terrorismo.
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12) É possível a concessão de indulto aos condenados por crime de tráfico de drogas
privilegiado (§4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006), por estar desprovido de natureza
hedionda.
13) O indulto humanitário requer, para sua concessão, a necessária comprovação,
por meio de laudo médico oficial ou por médico designado pelo juízo da execução,
de que a enfermidade que acomete o sentenciado é grave, permanente e exige
cuidados que não podem ser prestados no estabelecimento prisional.
14) O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória),
mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais. (Súmula n. 631/STJ)
Ocorre quando lei nova deixa de considerar fato como crime, havendo uma supressão formal e
material do fato criminoso do campo de incidência do direito penal.
Efeitos:
● Cessa a execução e efeitos penais da sentença condenatória
● Os efeitos extrapenais permanecem.
● NÃO gera reincidência.
CAIU EM PROVA! DELEGADO-MS 2021 - A abolitio criminis e a novatio legis in mellius são causas de extinção
da punibilidade aplicáveis para beneficiar o réu, ainda que tenha havido o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. (Item incorreto).
A lei penal nova que beneficia o réu não respeita a coisa julgada, sendo aplicada mesmo quando o agente já
tenha sido condenado definitivamente, entretanto, ela não é causa de extinção de punibilidade.
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A Lei nº 14.132/2021 acrescentou o art. 147-A ao Código Penal, para prever o crime
de perseguição, também conhecido como stalking:
Art. 147-A, CP. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-
lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção
ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou
privacidade.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Antes da Lei nº 14.132/2021, a conduta acima explicada era fato atípico? NÃO. Antes da criação do
crime do art. 147-A, a conduta era punida como contravenção penal pelo art. 65 do Decreto-lei 3.688/41,
que tinha a seguinte redação:
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houve evidente continuidade normativo-típica. Vale ressaltar, contudo, que o STJ afirmou que esse réu
deveria continuar respondendo pelas sanções da contravenção do art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688/1941 (e
não pelo art. 147-A do CP). Isso porque a lei anterior era mais benéfica. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no
REsp 1863977-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
2.1.5 Decadência
Art. 103, CP. SALVO disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito
de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º
(ação privada subsidiária da pública) do art. 100 deste Código, do dia em que se
esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Perda do direito de propor, mediante queixa, ação penal privada ou ação privada subsidiária, ou de
oferecer representação nos crimes de ação penal pública condicionada.
2.1.6 Perempção
Art. 60. Nos casos em que SOMENTE se procede mediante QUEIXA, considerar-se-
á PEREMPTA a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo
durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
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(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto
no art. 36 (CADI);
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer
ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.
Obs.: A Perempção aplica-se única e exclusivamente a ação penal EXCLUSIVAMENTE PRIVADA. Muita
atenção aos prazos na lei, cai muito!
Tal sanção processual, é imposta ao querelante omisso na ação penal exclusivamente privada,
impedindo o seu prosseguimento.
Não são todas as ações penais privadas que comportam perempção. No caso da ação penal privada
subsidiária da pública, o MP retomará a titularidade da ação (ação penal indireta).
Dar-se-á caso ocorra uma das seguintes hipóteses:
● O querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos, salvo se
houver motivo justo;
● Falecimento do querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, e ninguém compareceu para dar
seguimento ao processo, dentro do prazo de 60 dias;
● O querelante deixar de comparecer, injustificadamente, a qualquer ato do processo a que deva estar
presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
● Quando o querelante for pessoa jurídica e se extinguir sem deixar sucessor.
● Quando houver recurso da defesa e o querelante não apresentar contrarrazões recursais
(entendimento jurisprudencial).
Caso haja dois querelantes e um deles seja desidioso, haverá perempção apenas para este, não sendo
o outro prejudicado.
2.1.7 Prescrição
Decadência x prescrição:
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DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO
Atinge diretamente o direito de ação e Atinge diretamente o direito de punir ou de
indiretamente o direito de punir ou executar a executar uma punição e indiretamente o direito
punição. de ação.
Ocorre em ação penal privada ou em ação penal Poderá ocorrer em qualquer ação, seja pública ou
pública condicionada à representação. privada, condicionada ou incondicionada.
Somente ocorre antes da ação penal. Pode ocorrer a qualquer momento.
Não se suspende, nem se interrompe. Admite causas suspensivas e interruptivas.
Modalidades de prescrição:
(1) Prescrição da pretensão punitiva: antes do trânsito em julgado para ambas as partes. Extingue o direito
de punir / de condenar do Estado.
(2) Prescrição da pretensão executória: após o trânsito em julgado para ambas as partes. Extingue o
direito de executar a pena imposta. Os efeitos penais secundários continuam vigentes.
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NÚCLEO DURO
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Prescrição da Pretensão
Punitiva:
Ocorre antes do trânsito em a.2) PPP retroativa (art. 110, §1º, CP);
julgado e faz desaparecer
todos os efeitos de eventual
condenação – penais e
extrapenais. Esta espécie de a.3) PPP superveniente ou intercorrente (art.
Espécies de prescrição se divide em 4 110, §1º, CP);
Prescrição subespécies:
a. Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita / em abstrato: ocorre enquanto ainda não houver
sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação. Se regula pela pena em abstrato
cominada ao delito;
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NÚCLEO DURO
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normalmente entre outubro de 2011 e janeiro de 2012. Ou seja, independente do mês e ano, é lícito dizer
que em 2022, quando Sebastião compareceu nos autos, a imputação já estava prescrita.
Caiu na prova Delegado/RN 2021 – FGV - O termo inicial da prescrição da pretensão punitiva é o do dia em
que cessar a permanência, em crimes desta natureza. (item correto)
https://youtu.be/9LlSFBtS0fY
b. Prescrição da pretensão punitiva retroativa: Leva esse nome por ser analisada da seguinte maneira:
após a publicação da sentença condenatória, deve-se pegar a pena em concreto fixada, verificar o prazo
prescricional definido para ela no artigo 109, e voltar no tempo para ver se ele foi ultrapassado entre a
data do recebimento da denúncia e a publicação da sentença ou acórdão condenatório, ou seja, é uma
análise retroativa baseada na pena em concreto.
(Por expressa previsão legal, não há aqui o intervalo entre a consumação e o recebimento da
denúncia.)
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https://youtu.be/QkKtS-dbtc8
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Prescrição da pretensão punitiva virtual (antecipada ou em perspectiva ou prognose): Sem previsão legal.
Faz-se uma análise hipotética considerando as circunstâncias que seriam levadas em conta quando o juiz
fosse graduar a pena, para que se chegue a umarovável
p condenação, sendo tal pena virtualmente
considerada como base para se averiguar uma possível prescrição, de modo que, caso presente essa
possibilidade, não haveria interesse do Estado em dar andamento a uma ação penal que levaria à extinção
da punibilidade. Alega-se a ausência do interesse de agir. Não é admitida. Entendimento sumulado pelo STJ,
enunciado 438.
Súmula 438, STJ - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
https://youtu.be/JFtM6Fo8mZY
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● Termo inicial da prescrição da pretensão punitiva: Artigo 111 do CP. Adota-se a teoria do resultado.
- Crime consumado – regra geral: data da consumação;
- Tentativa – regra geral: data da cessação da atividade criminosa;
- Crimes permanentes e habituais: data da cessação da permanência;
- Bigamia e falsificação ou alteração de assentamento do registro civil: Data do conhecimento do
fato.
- Crimes contra a dignidade sexual contra criança e adolescente ou que envolvam violência contra
criança e adolescente, data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se já houver sido
proposta ação penal.
- Crime do artigo 2º, I da Lei nº 8.137/90 praticado com fraude: data em que a fraude é praticada,
e não a data em que ela é descoberta. Trata-se de crime formal e instantâneo de efeitos
permanentes.
- Crime do artigo 1º, I da Lei nº 8.137/90: data da constituição do crédito tributário (lançamento
definitivo). Crime material.
● Causas suspensivas da prescrição da pretensão punitiva: Art. 116 do CP. O lapso temporal anterior é
contabilizado quando cessar a causa.
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Confira a dica:
https://youtu.be/a_FRZGwzfJw
∘ Inciso I – Apesar de o presente inciso referir-se apenas à questão prejudicial obrigatória, prevalece na
doutrina a aplicação dessa causa suspensiva de prescrição também para as questões prejudiciais
facultativas, desde que o Juiz decida atacá-las.
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∘ Inciso II - A prescrição ficará suspensa enquanto o agente cumpre pena no exterior. (Atenção com as
pegadinhas aqui, pois o Pacote Anticrime substituiu a palavra “estrangeiro” por “exterior”)
∘ Inciso III – A terceira causa suspensiva foi inserida pelo Pacote Anticrime e impede o curso do prazo
prescricional na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores,
quando inadmissíveis. Com isso, evita-se que os embargos (no geral, incapazes de modificar
substancialmente a decisão) e os recursos de índole extraordinária sejam utilizados como
instrumentos meramente protelatórios para se alcançar a prescrição por meio do adiamento do
julgamento final.
Trata-se de causa suspensiva irretroativa, aplicando-se somente a fatos cometidos após sua entrada
em vigor!
Caiu na Prova Delegado ES (aplicação 11/09/22) A respeito da extinção da punibilidade, assinale a opção
correta à luz do disposto no Código Penal e da jurisprudência dos tribunais superiores: Não corre prescrição
antes do trânsito em julgado da sentença final de recurso inadmissível nos tribunais superiores e pendente
de julgamento. (item correto).
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∘ Inciso IV – Esta causa suspensiva também foi inserida pelo Pacote Anticrime, e incide enquanto não
cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal (previsto no art. 28-A, CPP).
∘ Parágrafo único – esta causa suspensiva somente é aplicada em relação prescrição da pretensão
executória, no sentido de que, após passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não
corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Obs.: Embora o rol do art. 116 não comporte analogia, não se trata de um rol taxativo, haja vista que existem
outras causas suspensivas em nosso ordenamento jurídico. Como por exemplo:
· Art. 366 do CPP, que regula a citação por edital no processo penal, suspendendo-se o curso
prescricional durante este lapso. Lembrando que o STJ entende, conforme súmula 415, que este
período de suspensão é regulado pelo máximo da pena cominada.
· Art. 386 do CPP, que regula a suspensão do prazo prescricional em caso de carta rogatória, quando
o acusado se encontra no estrangeiro.
· Art. 53, §§ 3º a 5º da CF/88, que disciplina a suspensão do processo contra parlamentares.
· Suspensão condicional da pena:
Facilitando:
Causas suspensivas da prescrição:
- questões prejudiciais
- suspensão condicional do processo parlamentar
- suspensão condicional da pena
- suspensão condicional do processo
- revel citado por edital
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Cabe destacar que a Lei n. 9.099/1995, ao tratar da suspensão condicional do processo, instituto
diverso, previu, expressamente, no art. 89, § 6º, que “não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão
do processo”.
Da mesma forma, semelhante previsão consta do art. 366 do Código de Processo Penal, que, ao cuidar da
suspensão do processo, impõe, conjuntamente, a suspensão do curso do prazo prescricional. Assim, a
permissão de suspensão do curso do prazo prescricional sem a existência de determinação legal
consubstancia flagrante violação ao princípio da legalidade”.
● Causas interruptivas da prescrição da pretensão punitiva: Art. 117 do CP. Diante da ocorrência de
uma delas, o prazo prescricional é reiniciado por inteiro e valerá contra todos os autores e partícipes
do delito.
CAIU EM PROVA – Vunesp - entre as causas que interrompem a prescrição, estão o início ou a continuação
do cumprimento da pena. (item correto).
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Considerações importantes:
SIM. É a posição atual da 1ª Turma do STF, que foi confirmada pelo Plenário do STF
em abril de 2020.
O acórdão confirmatório da sentença implica a interrupção da prescrição.
A prescrição é, como se sabe, o perecimento da pretensão punitiva ou da pretensão
executória pela inércia do próprio Estado.
No art. 117 do Código Penal que deve ser interpretado de forma sistemática todas
as causas interruptivas da prescrição demonstram, em cada inciso, que o Estado
não está inerte. Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não
faz distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório
confirmatório da decisão. Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos
díspares.
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● Prescrição dos atos infracionais: a prescrição será regulada pelos mesmos prazos. Porém, há de se
salientar que sempre incidirá a redução do prazo pela metade, prevista no artigo 115 do CP, vez que são
praticados por pessoas inevitavelmente menores de 21 anos.
Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é
necessário que, no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos.
Se ele só completou a idade após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo
que isso tenha ocorrido antes do julgamento de apelação interposta contra a
sentença. Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será beneficiado
pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a
"sentença" (sentença ou acórdão condenatório): isso ocorre quando o condenado
opõe embargos de declaração contra a sentença/acórdão condenatórios e esses
embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela
metade se o réu completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. Nesse
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NÚCLEO DURO
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sentido: STF. Plenário. AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão
Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2013 (Info 731). STF. 2ª Turma. HC 129696/SP, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).
Cuidado! O STJ entende que é possível aplicar a redução do art. 115 do CP no momento do acórdão
(ou seja, após a sentença), se a sentença foi absolutória e o primeiro decreto condenatório foi a apelação.
Ex.: João tinha 68 anos quando foi prolatada a sentença; a sentença foi absolutória; o MP apelou e o TJ
reformou a sentença, condenando o réu; ocorre que, no momento do acórdão condenatório, João já tinha
mais de 70 anos; neste caso, será possível aplicar a redução pela metade do prazo prescricional, conforme
previsto no art. 115 do CP. Nesse sentido:
"A redução do prazo prescricional à metade, com base no art. 115 do Código Penal,
aplica-se aos réus que atingirem a idade de 70 anos até a primeira condenação,
tenha ela se dado na sentença ou no acórdão, situação que não ocorreu na
hipótese”. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 491.258/TO, Rel. Min. Antônio
Saldanha Palheiro, julgado em 07/02/2019. Assim, o termo "sentença",
mencionado no art. 115 do CP, deve ser entendido como "primeira decisão
condenatória, seja sentença ou acórdão proferido em apelação" (STJ. 6ª Turma.
HC 316.110/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/06/2019).
● Pena de multa:
- Se fixada isoladamente: 2 anos.
- Se fixada cumulada ou alternativamente com pena privativa de liberdade: será regulada pelo prazo
prescricional da pena privativa de liberdade.
Caiu em prova - Vunesp - A prescrição da pena de multa ocorrerá sempre em dois anos. (item incorreto).
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● Substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos: deve ser analisada a pena privativa
de liberdade fixada antes da conversão para se chegar ao prazo prescricional.
● Causas de aumento ou diminuição para o cálculo em abstrato: utilizar a fração que mais aumente ou
que menos diminua, ou seja, pensar sempre na pior das hipóteses.
● Concurso de crimes: Art. 119 do CP: No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um, isoladamente
● Crime continuado: Súmula 497 do STF: Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se
pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
● FACILITANDO O ENTENDIMENTO:
A prescrição da pretensão punitiva propriamente dita leva em conta a pena máxima prevista de
forma abstrata para o delito. Como não há pena imposta ao indivíduo, leva-se em consideração a maior pena
que pode ser aplicada no caso, sem análise do mérito, apenas considerando qual a pena mais alta que pode
ser calculada pelo juiz em relação à conduta de que se acusa o indivíduo. Eventual qualificadora deve ser
considerada. A forma qualificada estipula uma pena abstrata diversa para o caso de sua configuração, com
novas balizas máxima e mínima. Deste modo, é o limite máximo próprio do delito qualificado que deve ser
utilizado como parâmetro para o estabelecimento do prazo prescricional daquele caso. As majorantes são
levadas em conta para se fixar o prazo prescricional de cada infração. Quando a lei prevê majorantes, pode
haver uma fixação de um mínimo e máximo para o aumento. Ex.: Nas hipóteses do roubo majorado, previsto
no art. 157, §2º, do CP, o legislador estabeleceu que a pena deve ser aumentada de 1/3 à metade. Nestes
casos, deve-se considerar o maior aumento possível para se obter a maior pena abstratamente cominada
àquele fato. Adota-se a chamada TEORIA DA PIOR DAS HIPÓTESES, já que o cálculo deve encontrar a maior
pena possível abstratamente cominada ao delito. Se o indivíduo é acusado ou investigado em relação à
prática de um delito majorado deve-se considerar o maior aumento possível. No caso de incidir uma
minorante ou uma causa de diminuição de pena considera-se a menor diminuição possível.
Em resumo: a fração de aumento decorrente de concurso formal ou crime continuado deve ser
desconsiderada. O cálculo deve ser só sobre a pena principal.
Via de regra, deve ser feita, basicamente, a seguinte análise:
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ATENÇÃO À JURISPRUDÊNCIA!
O inadimplemento da pena de multa impede a extinção da punibilidade mesmo que já tenha sido
cumprida a pena privativa de liberdade ou a pena restritiva de direitos?
Regra: SIM. Se o indivíduo for condenado a pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento
da sanção pecuniária obsta (impede) o reconhecimento da extinção da punibilidade. Em outras palavras,
somente haverá a extinção da punibilidade se, além do cumprimento da pena privativa de liberdade, houver
o pagamento da multa.
Exceção: se o condenado comprovar que não tem como pagar a multa. Se o condenado comprovar
a impossibilidade de pagar a sanção pecuniária, neste caso, será possível a extinção da punibilidade mesmo
sem a quitação da multa. Bastará cumprir a pena privativa de liberdade e comprovar que não tem condições
de pagar a multa. O STJ fixou a seguinte tese:
Aqui, SOMENTE AQUI, se o réu for reincidente, aumenta-se o prazo prescricional em 1/3, conforme
o artigo 110 do CP e Súmula 220/STJ.
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NÚCLEO DURO
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Obs1: Do mesmo modo que a PPP em abstrato, a PPP retroativa e a PPP superveniente, a prescrição
executória, havendo concurso de crimes, incide sobre cada delito isoladamente (art. 119, do CP).
Obs2: A PPE extingue a pena aplicada, sem rescindir a sentença condenatória (que continua produzindo
efeitos penais e extrapenais).
Art. 112, CP - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou
a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção
deva computar-se na pena.
O Estado tem um prazo máximo para fazer com que o réu condenado inicie o cumprimento da
pena. Caso não o faça, ocorre a prescrição executória.
Questiona-se: a partir de que dia começa a correr esse prazo que o Estado tem para fazer com que
o condenado inicie o cumprimento da pena? Dito de outra forma: qual é o termo inicial do prazo da
prescrição da pretensão executória?
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
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Art. 112. No caso do art. 110 deste Código [que trata da prescrição executória], a
prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou
a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
Desse modo, segundo o art. 112, I do CP, o termo inicial da prescrição executória é a data do
trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação.
E se o MP não recorre, mas a defesa apresenta recurso?
Nesse caso, a sentença condenatória transitou em julgado para a acusação. Logo, segundo a redação
do art. 112, I do CP, inicia-se a contagem do prazo de prescrição executória mesmo ainda estando pendente
a apreciação do recurso interposto pela defesa.
Diante desse paradoxo que pode ser ocasionado pela regra do art. 112, I, do CP, alguns
doutrinadores e membros do Ministério Público idealizaram a seguinte tese:
O início do prazo da prescrição executória deve ser o momento em que ocorre o trânsito em
julgado para ambas as partes, ou seja, tanto para a acusação como para a defesa. Não se pode dizer que o
prazo prescricional começa com o trânsito em julgado apenas para a acusação, uma vez que, se a defesa
recorreu, o Estado não pode dar início à execução da pena, já que ainda não há uma condenação definitiva.
Se há recurso da defesa, o Estado não inicia o cumprimento da pena não por desinteresse dele, mas sim
porque há uma vedação de ordem constitucional decorrente do princípio da presunção de inocência. Ora, se
não há desídia do Estado, não se pode falar em prescrição. Desse modo, foi uma tese que surgiu para
desconsiderar a interpretação literal do art. 112, I, do CP. (Fonte dizer o direito).
ATENÇÃO!!! Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal. O STF entende que a prescrição da
pretensão executória pressupõe a inércia do titular do direito de punir, razão pela qual não se inicia a
Já o STJ tinha sedimentado
contagem desse prazo até que haja o trânsito em julgado para ambas as partes.
que o termo inicial da contagem do prazo da prescrição executória é a data do trânsito em julgado para
acusação. Entretanto, houve uma mudança de entendimento para se alinhar com o STF, logo, tanto o STJ
quanto o STF agora entendem que o termo inicial da contagem do prazo para a prescrição da pretensão
executória é o trânsito em julgado para ambas as partes:
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Superior Tribunal de Justiça se alinhou com o posicionamento adotado nas decisões monocráticas
proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal, bem como nos seus órgãos colegiados:
Conforme orientação da Sexta Turma do STJ, não há que se falar em prescrição da pretensão
executória, porque, ainda que haja, no STF, reconhecimento de repercussão geral - ARE 848.107/DF (Tema
n. 788) -, pendente de julgamento, "[o] Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do AI 794.971-
AgR/RJ (Rel. para acórdão Ministro Marco Aurélio, DJe 25/06/2021), definiu que o dies a quo para a contagem
para ambas as partes.
da prescrição da pretensão executória é o trânsito em julgado
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NÚCLEO DURO
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De acordo com o parágrafo único do art. 116 do Código Penal, “depois de passada
em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em
que o condenado está preso por outro motivo”. Ao interpretar o referido
dispositivo legal, o STJ pacificou o entendimento de que o cumprimento de pena
imposta em outro processo, ainda que em regime aberto ou em prisão domiciliar,
impede o curso da prescrição executória. Assim, não há que se falar em fluência do
prazo prescricional, o que impede o reconhecimento da extinção de sua
punibilidade. O fato de o prazo prescricional não correr durante o tempo em que o
condenado está preso por outro motivo não depende da unificação das penas. STJ.
5ª Turma. AgRg no RHC 123523-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/04/2020
(Info 670).
2.1.8 Renúncia
Ato voluntário do ofendido desistindo do direito de propor a ação penal privada. A renúncia em
relação a um dos autores se estenderá a todos, se houver concurso de pessoas.
2.1.10 Retratação
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NÚCLEO DURO
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Possibilidade de o juiz deixar de aplicar a sanção penal ao autor do crime, se evidenciadas certas
circunstâncias que demonstram a desnecessidade de pena.
Requisitos para aplicar o perdão judicial:
1) As consequências podem ser físicas ou morais
2) A gravidade deve ser aferida no caso concreto.
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NÚCLEO DURO
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que só sofre intensamente o réu que, de forma culposa, matou alguém conhecido
e com quem mantinha laços afetivos.5. Entender pela desnecessidade do vínculo
seria abrir uma fenda na lei, que se entende não haver desejado o legislador, pois,
além de difícil aferição - o tão grave sofrimento -, serviria como argumento de
defesa para todo e qualquer caso de delito de trânsito, com vítima fatal.6. O que
se pretende é conferir à lei interpretação mais razoável e humana, sem jamais
perder de vista o desgaste emocional (talvez perene) que sofrerá o acusado dessa
espécie de delito, que não conhecia a vítima. Solidarizar
-se com o choque
psicológico do agente não pode, por outro lado, conduzir a uma eventual
banalização do instituto, o que seria, no atual cenário de violência no trânsito - que
tanto se tenta combater -, no mínimo, temerário.7. Recurso especial a que se nega
provimento. (REsp 1455178/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 06/06/2014)
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ATENÇÃO!! Conforme o STJ, a queixa-crime apresentada perante juízo incompetente OBSTA (impede) a
decadência, se tiver sido observado o prazo de seis meses previsto no CPP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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META 2
CF/88
⦁ Art. 5º, XI e XII
⦁ Art. 5º, LV e LVI
⦁ Art. 5º, LXIII
⦁ Art. 93, IX
CP
⦁ Art. 65, III
⦁ Art. 150
⦁ Art. 342
CPP
⦁ Art. 3º-A
⦁ Art. 3º-C, §3º
⦁ Art. 6º, III
⦁ Art. 155 a 250 (engloba teoria geral da prova e provas em espécie)
⦁ Art. 260
⦁ Art. 366 e 367
⦁ Art. 400, 401, 406, §2º, 411, §2º
⦁ Art. 422
⦁ Art. 474
⦁ Art. 532
CF/88
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CPP
⦁ Art. 3ª-A e 3ª-C, §3º
⦁ Art. 155 a 157
⦁ Ar. 158 a 159
⦁ Art. 167, 168 e 169
⦁ Art. 182 e 184
⦁ Art. 185, caput, §§2º, 5º e 10º
⦁ Art. 187
⦁ Art. 197 e 200
⦁ Art. 203, 206 e 207
⦁ Art. 217 e 221
⦁ Art. 239
⦁ Art. 240 a 245
⦁ Art. 366
1. INTRODUÇÃO
Conforme conceituação apresentada por Renato Brasileiro, o termo “prova” pode ser categorizado
conforme as seguintes acepções:
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II- Prova como resultado: caracteriza-se pela formação da convicção do órgão julgador no curso do
processo quanto à existência (ou não) de determinada situação fática, de acordo com os fatos alegados pelas
partes;
III- Prova como meio: instrumentos idôneos à formação da convicção do órgão julgador.
Por sua vez, os destinatários da prova, ainda conforme o doutrinador, são todos aqueles que devem
formar uma convicção. Assim, o destinatário é o órgão jurisdicional sobre o qual recai a competência para
julgar o delito (LIMA, 2017, p. 583).
● Provas Não Repetíveis: Uma vez produzidas, não podem ser novamente coletadas ou produzidas,
em virtude do desaparecimento da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória
e na fase judicial e em regra não dependem de autorização judicial. Ex.: exame de corpo de delito.
Obs.: Não se esqueça que as provas cautelares, antecipadas e irrepetíveis são exceções ao desvalor
probatório do inquérito policial, de modo que, quando produzidas em sede de investigação criminal, podem
ser utilizadas para fundamentar uma condenação.
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● Prova Direta: Permite conhecer o fato por meio de uma única operação inferencial.
● Prova Indireta: Para alcançar uma conclusão acerca de um fato a provar, o juiz precisa realizar ao
menos duas operações inferenciais. Em um primeiro momento, a partir da prova indireta produzida,
chega à conclusão sobre a ocorrência de um fato, que ainda não é o fato a ser provado. Conhecido
esse fato, por meio de um segundo procedimento inferencial, chega ao fato a ser provado.
● Prova Nominada: É aquela que tem previsão legal (o nomen iuris da prova tem previsão no CPP ou
em legislação especial), com ou sem procedimento probatório previsto em lei. Ex.: hipóteses
previstas nos art. 155 a 250, CPP.
● Prova Atípica: É aquela que não tem procedimento probatório previsto em lei. Ex.: reconhecimento
de pessoas - é uma prova nominada e típica.
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Obs.: o reconhecimento é uma prova nominada Obs.: é prova nominada (prevista em lei) e
(previsto em lei) e típica (procedimento atípica (procedimento não está previsto m lei).
probatório previsto em lei).
Conforme informações disponíveis no site “dizerodireito”, a “autópsia psicológica”, raras vezes utilizada na
praxis forense brasileira, consiste em exame retrospectivo que busca compreender os aspectos psicológicos
envolvidos em mortes não esclarecidas. Trata-se de um método “concebido como meio para auxiliar médicos
legistas a esclarecer a natureza de uma morte tida como indeterminada e que poderia estar associada a uma
causa natural, acidental, suicídio ou homicídio. O método também foi utilizado para conhecer as razões que
motivaram mortes autoinfligidas” (CAVALCANTE, Fátima Gonçalves; MINAYO, Maria Cecília de Souza.
Autópsias psicológicas e psicossociais de idosos que morreram por suicídio no Brasil. Revista Ciência e Saúde
Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva. Volume 17, número 8, 2012, p. 1.944).
Por se tratar de uma estratégia complexa, faz-se imperiosa a observância de critérios epistêmicos para a
redução do viés produzido pela subjetividade inerente a esse instrumento de avaliação. Daí a importância de
fixação de critérios de admissibilidade das provas científicas no processo penal.
Do contrário, o que se tem é um “recurso subjetivo, não fidedigno e com dificuldades para chegar a ser um
instrumento adequadamente validado” (WERLANG, Blanca Susana Guevara. Autópsia Psicológica,
importante estratégia de avaliação retrospectiva. Revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação Brasileira
de Saúde Coletiva. Volume 17, número 8, 2012, p. 1.956. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/9VvMztDcc7MZW6sfcw7YqyS/?lang=pt).
Nesse sentido, “a autópsia psicológica pode ser tão ampla e ilimitada como são os conteúdos possíveis de se
aplicar a ela. E é justamente essa variabilidade que faz com que a autópsia psicológica seja criticada, por se
aplicar a muitos contextos e ainda não possuir um modelo padrão universal e validado pela comunidade
científica” (GOMES, Flavia Nieto. O contributo da autópsia psicológica na investigação de mortes suspeitas.
Dissertação [Mestrado em Ciências Policiais - Criminologia e Investigação Criminal]. Instituto Superior de
Ciências Policiais e Segurança Interna. Lisboa, 2017, p. 21. Disponível em: l1nq.com/EN0wO).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Logo, enquanto a prova anômala segue o procedimento previsto em lei, embora não seja o adequado
caso, a prova irritual é típica e desrespeita o modelo legal para a produção da prova.
Segundo a International Organization of Computer Evidence (IOCE), provas digitais são “informações
transmitidas ou memorizadas em formato binário que pode ser utilizada na justiça”, abrangendo assim outras
formas de armazenamento de dados. Podem ser classificadas, entre outros, como dados que se localizam
armazenados em determinado suporte físico - computador, HD, pendrive, celular, entre outros -, podendo ser
usados para indicar elementos que demonstrem a ocorrência, ou não, de determinado fato. No processo
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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penal, tem-se que as provas digitais podem ser utilizadas como fonte de prova, onde se pode extrair
informações que venham a ser utilizadas na persecução penal.
Não há disciplina legal específica. A desmaterizalização e a volatilidade dessas provas, atraem a preocupação
com a possibilidade de destruição e falsificação. Trata-se de fonte de prova que pode ser facilmente
contaminada, apresentando alto grau de vulnerabilidade a erros. Diante disso, é preciso especial atenção em
relação à cadeia de custódia das provas digitais.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Fonte: BADARÓ, Gustavo. Os Standards Metodológicos de Produção na Prova Digital e a Importância da Cadeia
de Custódia. Disponível em: https://www.ibccrim.org.br/js/pdf-
js/web/viewer.html?file=/media/publicacoes/arquivos_pdf/revista-31-05-2021-10-44-29-869137.pdf
Ainda sobre as provas digitais e a cadeia de custódia, cabe destacar decisão do STJ: São inadmissíveis
as provas digitais sem registro documental acerca dos procedimentos adotados pela polícia para a
preservação da integridade, autenticidade e confiabilidade dos elementos informáticos. (Processo sob
segredo de justiça, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Rel. Acd. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
maioria, julgado em 7/2/2023)
Segundo a Corte Superior, em que pese a intrínseca volatilidade dos dados armazenados
digitalmente, já são relativamente bem delineados os mecanismos necessários para assegurar sua
integridade, tornando possível verificar se alguma informação foi alterada, suprimida ou adicionada após a
coleta inicial das fontes de prova pela polícia.
Conforme o precedente julgado, a autoridade policial que realiza a apreensão de um computador
(ou outro dispositivo de armazenamento de informações digitais) deve copiar integralmente (bit a bit) o
conteúdo do dispositivo, gerando uma imagem dos dados: um arquivo que espelha e representa fielmente o
conteúdo original. Ato contínuo, aplicando-se uma técnica de algoritmo hash, é possível obter uma
assinatura única para cada arquivo - uma espécie de impressão digital ou DNA, por assim dizer, do
arquivo.
Esse código hash gerado da imagem teria um valor diferente caso um único bit de informação fosse alterado
em alguma etapa da investigação, quando a fonte de prova já estivesse sob a custódia da polícia. Mesmo
alterações pontuais e mínimas no arquivo resultariam numa hash totalmente diferente, pelo que se
denomina em tecnologia da informação de efeito avalanche. Desse modo, comparando as hashes calculadas
nos momentos da coleta e da perícia (ou de sua repetição em juízo), é possível detectar se o conteúdo
extraído do dispositivo foi alterado, minimamente que seja. Não havendo alteração (isto é, permanecendo
íntegro o corpo de delito), as hashes serão idênticas, o que permite atestar com elevadíssimo grau de
confiabilidade que a fonte de prova permaneceu intacta.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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● Meios de prova: Dizem respeito a uma atividade endoprocessual que se desenvolve perante o juiz,
com a participação dialética das partes, cujo objetivo precípuo é a fixação de dados probatórios no
processo.
Cometido o fato delituoso, tudo São os instrumentos através dos Refere-se a certos procedimentos,
aquilo que possa esclarecer quais as fontes de prova são em regra extraprocessuais,
alguém cerca do crime pode ser introduzidas no processo. geralmente realizados por outros
conceituado como fonte de prova agentes que não o juiz, cujo
(ex.: pessoas, coisas). Dizem respeito a uma atividade objetivo é a identificação das
endoprocessual, que se desenvolve fontes de prova. Nesse caso, o
Portanto, a fonte de prova deriva perante o juiz, com a participação contraditório será diferido, ou
do fato delituoso em si, das partes, em fiel observância ao postergado.
independentemente da existência contraditório e à ampla defesa.
do processo, sendo que sua Esse é o trabalho da autoridade
introdução nos autos do processo Ex.: A pessoa que presenciou opolicial. Não se pode dar ciência a
ocorre através dos meios de crime praticado por Renato, ao uma pessoa da investigação,
prova. prestar o depoimento, passará a ser senão ela vai tentar dificultar a
um meio de prova. A arma da investigação.
Ex.: Renato está com uma arma na prática do crime para se tornar um
mão, aponta para alguém, atira e meio de prova, deve ser apreendida Ex.: interceptação telefônica.
a pessoa morre. Após, ele deixa a e periciada.
arma em cima da mesa. As
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NÚCLEO DURO
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1.4 Indícios
Art. 239, CPP - Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou
outras circunstâncias.
É possível condenar alguém com base em indícios (usado como sinônimo de prova indireta)?
R.: SIM, desde que se trate de indícios plurais, coerentes e coesos, e não de um único indício isolado.
Uma nota importante: A jurisprudência entende que a testemunha de “ouvir dizer” (conhecida no direito
norte-americano como hearsay rule) não produz um depoimento confiável e, portanto, não serve como
indício de autoria.
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NÚCLEO DURO
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Art. 312, CPP - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova (juízo de certeza) da
existência do crime e indício (prova semiplena) suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado.
ATENÇÃO: Delegado de polícia trabalha com indícios e não com provas no caso concreto.
● 2ªC - SIM. É possível admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do inquérito
policial, sem que isso represente afronta ao art. 155. Embora a vedação imposta no art. 155 se
aplique a qualquer procedimento penal, inclusive dos do Júri, não se pode perder de vista o objetivo
da decisão de pronúncia não é o de condenar, mas apenas o de encerrar o juízo de admissibilidade
da acusação (iudicium accusationis). Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é
a favor da sociedade que se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo juízo natural da causa. Constitui
a pronúncia, portanto, juízo fundado de suspeita, que apenas e tão somente admite a acusação. Não
profere juízo de certeza, necessário para a condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art.
155 do CPP não se aplica à referida decisão. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp
1702743/GO, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp
1609833/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 06/10/2020.
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ATENÇÃO: Termos importantes referentes às provas que não podem ser confundidos.
Vestígio Todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,
que se relaciona à infração penal (art. 158-A, §3º, CPP).
Evidência É o vestígio que, após as devidas análises, tem constatada, técnica e
cientificamente, sua relação com o fato periciado
Indício Circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize,
por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias (art.
239 do CPP).
2. OBJETO DA PROVA
É tudo o que dever ser demonstrado no processo para comprovar a verdade. Nesse sentido, em
regra, o objeto da prova são os fatos, dispensando-se a prova do Direito que se presume conhecido pelo
julgador, salvo exceções.
Vejamos em um quadro comparativo o que precisa e o que não precisa ser provado no Processo Penal,
para facilitar o aprendizado.
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NÚCLEO DURO
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3. PROVA EMPRESTADA
Segundo Renato Brasileiro, “consiste na utilização em um processo de prova que foi produzida em
outro, sendo que esse “transporte” da prova é feito por meio de certidão extraída daquele”.
Nesse sentido, temos que:
A prova deve ter sido produzida em processo com as mesmas partes que figuram no 2ª processo, ou
ao menos, no processo em que foi uma das partes quem suportou os efeitos. Nesse ponto, é preciso distinguir
duas situações, de acordo com quem a prova emprestada beneficia:
1. Como o MP é uno e indivisível, o acusado sempre poderá se valer de prova emprestada, sem que
haja prejuízo ao contraditório.
2. O Ministério Público só poderá se valer da prova emprestada se o acusado figurou como réu no
processo no qual a prova foi originalmente produzida.
Se a prova foi produzida em processo no qual o acusado não teve participação, não há falar em prova
emprestada, e sim em mera prova documental ou compartilhamento de prova.
Cumpre destacar que existem precedentes no âmbito do STJ afirmando que é possível a prova
emprestada proveniente de ação penal que não participaram as partes. No entanto, trata-se de
posicionamento minoritário. Vejamos:
(...) Consolidou-se a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça no sentido da
admissibilidade, uma vez observado o devido contraditório, de prova emprestada
(PROVA DOCUMENTAL) proveniente de ação penal da qual não participaram as
partes do feito para o qual a prova será trasladada. (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp
1.471.625/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 10/06/2015).
É necessária a observância do devido processo legal na colheita originária da prova que será emprestada
e, igualmente, quanto à produção da prova no novo processo.
“(...) a utilização da prova emprestada só é possível se aquele contra quem ela for
utilizada tiver participado do processo onde essa prova foi produzida, observando-
se, assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Só se pode considerar
como prova emprestada, portanto, aquela que foi produzida, no primeiro processo,
perante aquele que terá que se sujeitar a seus efeitos no segundo, com a
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Cuidado! Existe parcela minoritária da doutrina (Geraldo Prado e Ada Pelegrini) que agrega mais um
requisito: para que seja prova emprestada, a prova transladada do processo originário para o segundo
processo deve ser produzida perante o mesmo juiz natural.
Ensina Renato Brasileiro que:
“(...) há posição minoritária na doutrina que sustenta que, além da produção da prova em
contraditório, também se impõe o respeito ao princípio do juiz natural (CF, art. 5º, inciso LIII).
Na dicção de Grinover, “para o transporte puro e simples de uma prova, de um processo para
outro, seria necessário que o contraditório no processo originário tivesse sido instituído perante
o mesmo juiz, que também seja o juiz da segunda causa (entendendo-se, com o termo ‘juiz’, não
a pessoa física investida na função, mas o órgão jurisdicional constitucionalmente
competente)”. (in Manual de Processo Penal, edição 2020, página 669)
No âmbito constitucional, temos que a interceptação telefônica, conforme o texto da Lei Maior, só
pode ser utilizada em investigação criminal ou no curso da instrução criminal (reserva constitucional
qualificada). Assim, pelo menos em tese, NÃO é possível interceptação telefônica em processo
administrativo e em processo cível. Contudo, é perfeitamente possível ser utilizada em processo cível ou
administrativo a título de prova emprestada, eis que o contraditório já foi exercido no processo criminal.
Este é o entendimento do STF, vejamos:
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NÚCLEO DURO
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Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info
815).
CAIU EM PROVA:
Foi questionado na 2ª fase de DPC/MS (Banca FAPEC): Cabe utilização como prova emprestada de elementos
informativos produzidos no inquérito?
R.: Em regra, como os elementos informativos do inquérito são produzidos sem a observância do princípio
do contraditório, eles não podem ser utilizados como prova emprestada, ainda que seja processo contra a
mesma pessoa que figurou como investigada no inquérito. Porém, no caso de provas não repetíveis (ex.:
exames periciais) é perfeitamente possível falar-se em prova emprestada, já que, em relação a elas, o
contraditório será respeitado, ainda que de forma diferida.
Existe precedente do STF nesse sentido. No RE 328.138/MG, a 1ª turma admitiu a validade de prova pericial
produzida em inquérito distinto como prova emprestada.
Por fim, tem-se que, caso tenha sido declarada nula ou ilegal a prova originária, não se pode admitir
a mesma como prova emprestada. Lado outro, caso processo
o original tenha sido anulado por qualquer
outro motivo que não a prova, admite-se a prova emprestada.
a) Conceito
A garantia da não autoincriminação consiste no direito de não produzir prova contra si próprio, essa
garantia vem sendo muito cobrada em prova no termo em latim “nemo tenetur se detegere”, positivado no
artigo 8º, g, do Pacto de São José da Costa Rica que garante à pessoa o “direito de não ser obrigado a depor
contra si mesma, nem a declarar-se culpada”.
b) Previsão Normativa
Na CF/88 - art. 5º, LXIII, através da menção ao direito ao silêncio, que é um dos desdobramentos do
princípio do nemo tenetur se detegere.
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NÚCLEO DURO
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Artigo 8º, item 2, CADH – (...) Durante o processo, toda pessoa tem direito, em
plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:(...) g) direito de não ser obrigado
a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada;
1 Direito ao silêncio – Consiste no direito de não responder às perguntas formuladas pela autoridade,
funcionando como espécie de manifestação passiva de defesa. É uma forma de se exercer a
autodefesa.
3 Inexigibilidade de dizer a verdade ou direito de mentir – Cuidado! Mentiras defensivas são toleradas
pelo ordenamento jurídico, porém mentiras agressivas, incriminadoras de 3º não estão sob o manto
do direito de defesa.
5 Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva - A prova invasiva é aquela que
envolve penetração no organismo humano, para extração ou utilização de alguma parte dele. Ou
seja: se a prova for invasiva, a pessoa não precisa fazer. Ex. DNA, esperma, saliva, pele, unha.
Obs.1: A CF/88 prevê que o investigado/acusado seja expressamente informado sobre o direito ao silêncio,
sob pena de nulidade das provas obtidas.
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NÚCLEO DURO
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Obs.2: Testemunhas também são destinatárias da garantia da não autoincriminação? (Questão prova oral
Amapá, Delegado, 2017)
R.: Em regra, as testemunhas são obrigadas a se manifestar, sob pena de praticarem o crime de
desobediência ou falso testemunho. No entanto, quando a resposta a determinada pergunta puder importar
em autoincriminação, elas podem sim se valer do direito ao silêncio. Dessa forma, as testemunhas são
(direito à não autoincriminação), mas seu exercício é
titulares da garantia constitucional ao silêncio
realizado pontualmente em relação a perguntas cujas respostas podem importar autoincriminação.
Inf. 754, STF: Se o indivíduo é convocado para depor como testemunha em uma
investigação e, durante o seu depoimento, acaba confessando um crime, essa
confissão não é válida se a autoridade que presidia o ato não o advertiu
previamente de que ele não era obrigado a produzir prova contra si mesmo, tendo
o direito de permanecer calado. STF. 2ª Turma, 2014.
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NÚCLEO DURO
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Obs.3: O silêncio do indiciado/acusado é uma garantia constitucional e não pode ser explorado em seu
desfavor.
O princípio do nemo tenetur se detegere garante ao acusado o direito de não produzir prova contra
si mesmo sendo inviável que o exercício desse direito lhe resulte em qualquer gravame. Como a Constituição
Federal assegura ao acusado o direito ao silêncio (art. 5º, LXIII), seu exercício não pode ser interpretado como
indício de sua culpabilidade.
Por isso, o art. 186, § único do CPP, após a reforma conferida pela Lei nº 10.792/2003, dispõe que o
silêncio não pode importar confissão e não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de
1º.12.2003)
Cumpre destacar que, em que pese a reforma produzida pela Lei 10.791/2003, a redação do art. 198
do CPP ainda dispõe que “o silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento
para a formação do convencimento do juiz”. A doutrina defende a não recepção da parte final deste
dispositivo uma vez que o exercício do direito ao silêncio previsto na Carta Magna (art. 5º, LXIII) não pode
resultar em qualquer prejuízo para o acusado.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Prevalece na doutrina e jurisprudência brasileira que o direito ao silêncio não alcança a 1ª fase. O
réu não pode se negar a responder às perguntas relativas à sua qualificação.
Lado outro, na fase relativa à versão dos fatos (mérito), há plena incidência do direito ao silêncio de
modo que a autodefesa pode ser exercida de forma livre, desimpedida e voluntária. É nessa seara que surge
o denominado “direito ao silêncio seletivo”. No legítimo exercício da autodefesa, acobertado pelo direito
constitucional ao silêncio, ensina Renato Brasileiro que “ao acusado se defere o direito de não responder a
nenhuma pergunta, como responder a algumas delas e silenciar com relação a outras que entenda que
possam expô-lo a risco de autoincriminação” (in Manual de Processo Penal, edição 2020, pág. 750).
Assim, é possível que o acusado (ou investigado) opte por responder, por exemplo, apenas as
perguntas da defesa, silenciando quando as perguntas forem formuladas pela acusação.
Nesse panorama, decidiu o STJ:
Obs.5: Dever legal a interrupção imediata do interrogatório quando o imputado optar pelo exercício do
direito ao silêncio.
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NÚCLEO DURO
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Há discussão acerca do procedimento a ser adotado pela autoridade – policial ou judicial – quando
o imputado, ao iniciar o interrogatório, informa que irá exercer o direito ao silêncio ou mesmo responder
exclusivamente às perguntas formuladas pelo seu defensor.
Há o dever de interrupção imediata do ato ou é possível que a autoridade continue formulando as
perguntas que seriam realizadas, consignando-as em ata?
A redação original do art. 191 do CPP previa que deveriam ser consignadas as perguntas que o réu
deixasse de responder e as razões que invocasse para o não fazer. Tal previsão foi suprimida pela reforma
operada pela Lei n. 10.792/03, que deu nova redação ao dispositivo. Todavia, na prática, ainda é
relativamente comum em interrogatórios policiais e judiciais o prosseguimento do interrogatório e a
consignação de todas as perguntas que seriam formuladas ao interrogando.
E é nesse contexto que deve ser compreendido o novo crime de abuso de autoridade previsto no art.
15, inciso I da Lei 13. 869/19. Trata-se de tipo penal que criminaliza a conduta do agente público que
“prossegue com o interrogatório de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio.”
O novo tipo penal esclarece que, uma vez feita a opção livre e voluntária pelo direito ao silêncio, seja
em relação ao todo, seja de maneira seletiva, impõe-se a imediata interrupção do ato, sem a formulação de
mais nenhum questionamento. Toda e qualquer tentativa de dar continuidade ao ato poderá atrair a figura
delituosa em análise, desde que, logicamente, presente o elemento subjetivo especial do art. 1º, §1º, da Lei
n. 13.869/19 (“finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda,
por mero capricho ou satisfação pessoal”).
A CF, no art.5º, LXIII, diz que “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;”.
Desse inciso, ensina a doutrina que a Constituição consagra um dever estatal de informar ao acusado
os seus direitos, sob pena de ilicitude da prova. O objetivo é evitar uma autoincriminação involuntária por
força do desconhecimento da lei, atraindo o dever de prévia e formal advertência.
Esse dever de advertência do direito ao silêncio é chamado pelo direito norte-americano de “Avisos
de Miranda”, “Miranda Rights” ou, ainda, “Miranda Warnings”. Os Avisos de Miranda são três. Assim,
nenhuma validade pode ser dada às declarações feita à polícia sem que antes seja informado ao declarante
que:
1. Tem o direito de não responder;
2. Tudo que disser pode ser usado contra ele;
3. Tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado.
Observações:
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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“Se o preso deve ser prévia e formalmente advertido quanto ao direito ao silêncio,
sob pena de se reputar ilícita a prova que contra si produza, também não podem
ser consideradas válidas entrevistas concedidas por presos à imprensa, antes ou
após a lavratura do flagrante, sem o conhecimento de seu direito constitucional.
Com efeito, não raramente a conversa informal entre indiciados presos e
repórteres, antes ou depois do interrogatório, é gravada sem o conhecimento
daqueles, e, de igual modo, utilizada, judicialmente, em prejuízo da defesa. Ora, a
ausência de advertência quanto ao direito ao silêncio macula da ilicitude eventuais
declarações por ele fornecidas que lhe sejam prejudiciais, porquanto produzidas
ura o direito ao silêncio (CF, art.
com violação ao preceito constitucional que asseg
5º, LXIII).
De todo modo, queremos crer que deve se evitar a concessão de entrevistas por
presos à imprensa, salvo se, previamente advertido quanto ao direito ao silêncio, e
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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O alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas pelo Delegado, durante o interrogatório
formal, mas também pelos policiais responsáveis pela voz de prisão em flagrante, pois a todos os órgãos
estatais impõe-se o dever de zelar pelos direitos fundamentais.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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dá causa a nada, não provoca a instauração de nenhum procedimento investigatório, existindo, apenas, o
exercício do direito de defesa.
Ex.: Em caso de investigação de crime cometido em concurso de agentes, em que os acusados atribuem a
culpa totalmente aos demais.
82
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
Art. 305, do CTB - “afastar- se o condutor, do veículo do local do acidente, para fugir
à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída”.
Em que pese existirem posições na doutrina defendendo a incompatibilidade do art. 305 do CTB com
a garantia nemo tenetur se detegere, o STF, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese:
“A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é
constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o
direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da
antijuridicidade.”
STF. Plenário. RE 971959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018
(Repercussão Geral – Tema 907) (Info 923).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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não pode elidir a necessidade de proteção ao bem jurídico tutelado pelo crime
de desobediência. [...] O acusado tem direito constitucional de permanecer
calado, de não produzir prova contra si e, inclusive, de mentir acerca do fato
criminoso. Contudo, a pretexto de exercer tais prerrogativas, não pode praticar
condutas consideradas penalmente relevantes pelo ordenamento jurídico, pois
tal situação caracteriza abuso do direito, desbordando a respectiva esfera
protetiva".
Assim, o entendimento segundo o qual o indivíduo, quando no seu exercício de
defesa, não teria a obrigação de se submeter à ordem legal oriunda de
funcionário público pode acarretar o estímulo à impunidade e dificultar, ou até
mesmo impedir, o exercício da atividade policial e, consequentemente, da
segurança pública. STJ. 3ª Seção. REsp 1.859.933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha
Palheiro, julgado em 09/03/2022.
Art. 260, do CPP - “se o acusado não atender a intimidação para o interrogatório,
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a
autoridade poderá mandar conduzi-lo a sua presença”.
a) Conceito
Por meio deste mandado de condução coercitiva, o investigado (ou acusado) é PRIVADO de sua
liberdade de locomoção pelo lapso temporal necessário para ser levado à presença da Polícia Judiciária (ou
MP) e participar de ato de investigação preliminar (ou ato processual penal) no qual sua presença seja
considerada imprescindível.
1ª C (Prof. Marcus Paulo): A condução coercitiva é uma MEDIDA ADMINISTRATIVA e, por isso, pode ser
determinada não só pelo juiz (medida judicial e não jurisdicional), mas também pelo delegado bem como
em sede de CPI.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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(1) Trata-se de medida de natureza urgente que irá recair sobre a liberdade de locomoção do acusado (ele
não será preso, mas terá sua liberdade de locomoção cerceada por um determinado período).
(2) Há restrição na liberdade de locomoção, porém em grau menor que as prisões cautelares, vez que
adstrita ao tempo necessário para a preservação das fontes de prova.
(3) Não pode durar mais de 24h, sob pena de assumir as vestes de prisão cautelar.
c) Autoridade Competente:
A polícia judiciária e o MP podem expedir os mandados de condução coercitiva de investigado ou
trata-se de medida que desafia prévia autorização judicial?
O mandado de condução coercitiva é muito pouco trabalhado pela doutrina processual penal. O
artigo 260 prevê: “…a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”. O CPP não diz expressamente
quem é essa autoridade. Por isso, diante dessa redação dúbia do artigo 260, que o tema provoca tantas
controvérsias.
2ª C (Renato Brasileiro): Desafia prévia autorização judicial vez que se trata de medida que importa em
restrição à liberdade de locomoção.
● Mandado de condução coercitiva É MATÉRIA SUJEITA À CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL.
● O artigo 260, CPP deve ser interpretado de maneira que a autoridade competente é a judiciária (não
pode o MP e nem a polícia judiciária). Interpretação dos artigos 260 + 282, §2º, ambos do CPP.
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probatório ao qual está a condução coercitiva atrelada. Assim, o que haverá será a inutilidade desta
medida.
(2) Ademais, por vezes a condução coercitiva pode até se mostrar benéfica ao réu, como no caso de
defensor público que solicita a condução coercitiva de seu assistido com o objetivo de viabilizar a
possibilidade de suspensão condicional do processo, ponderando-se que o réu não é obrigado a
conhecer direito processual penal e nem a possibilidade de sursis processual.
2ª C (Renato Brasileiro): É constitucional, desde que interpretado à luz da garantia a não autoincriminação,
com assento constitucional e na CADH.
Pode ser conduzido coercitivamente para a prática de atos processuais que não estejam protegidos
pela garantia a não autoincriminação, ou seja, PROCEDIMENTOS PROBATÓRIOS EVASIVOS PASSIVOS, QUE
EXIGEM APENAS UMA POSTURA PASSIVA, UM TOLERAR do acusado ou investigado. Ex.: reconhecimento
pessoal.
Não poderá ser conduzido coercitivamente para A PRÁTICA DE PROCEDIMENTOS PROBATÓRIOS INVASIVOS
OU EVASIVOS ATIVOS, QUE DEMANDAM UMA COLABORAÇÃO ATIVA, UM AGIR por parte do acusado, pois
nestes casos, há proteção constitucional. Ex.: interrogatório.
Na ADPF 444, o Ministro Gilmar Mendes, em 18/12/17, em medida liminar, proibiu a condução coercitiva
para interrogatório, com base nos seguintes argumentos:
i. O STF entendeu que a condução coercitiva viola a liberdade de locomoção;
ii. O STF entendeu que a condução coercitiva viola a dignidade da pessoa humana.
Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório,
tal conduta poderá ensejar:
⦁ Responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade;
⦁ Ilicitude das provas obtidas;
⦁ Responsabilidade civil do Estado.
Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento acima não desconstitui (não invalida) os
interrogatórios que foram realizados até a data do julgamento, ainda que os interrogados tenham sido
coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).
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Segundo Renato Brasileiro, a condução coercitiva continua cabível para outras hipóteses que não
sejam o interrogatório.
Insta salientar que, com o advento da Lei 13.869/2019 (Nova Lei de Abuso de Autoridade), conduzir
coercitivamente investigado ou testemunha, quando manifestamente descabida ou sem prévia intimação,
configura crime de abuso de autoridade.
ATENÇÃO: O tipo penal usa as expressões investigado e testemunha, portanto à luz do princípio da
legalidade, nada obsta a condução coercitiva do réu, pois seria analogia in malan partem.
Nesse sentido, o professor Rogério Sanches e Rogério Greco (Abuso de Autoridade, pg. 97):
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CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): É permitida a condução coercitiva do investigado até a
delegacia de polícia para submetê-lo ao procedimento de reconhecimento de pessoa, não havendo mácula
ao preceito nemo tenetur se detegere- item considerado correto.
5. PROVAS INADMISSÍVEIS
a) Considerações iniciais: A vedação de provas ilícitas está amparada no Estado Democrático de Direito. Não
é admissível que o Estado tenha uma postura delituosa na produção de provas. Agindo assim, o Estado
estaria se nivelando ao próprio criminoso.
De nada adiantaria a CF prever a inviolabilidade das ligações telefônicas, por exemplo, se fosse
permitido ao Estado grampear aparelhos telefônicos sem autorização judicial. Ou, ainda, não faria sentindo
proteger o domicílio e possibilitar a entrada sem mandado ou flagrante para fazer buscas.
Como todo e qualquer direito fundamental, o direito à prova não tem natureza absoluta. Está sujeito
a limitações porque coexiste com outros direitos igualmente protegidos pelo ordenamento jurídico.
● Previsão Legal
A Constituição Federal, em seu art. 5º, LVI, veda a admissibilidade de provas obtidas por meios
ilícitos.
CF, art. 5º, LVI: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos;”.
Do mesmo modo, o Código de Processo Penal dispõe no art. 157 acerca da inadmissibilidade das
provas ilícitas.
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
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§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites
típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
conduzir ao fato objeto da prova.
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta
será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.
§ 4º (VETADO) (Incluído pela Lei n. 11.690, de 2008)
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá
proferir a sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Trata-se de uma distinção doutrinária, trazida para o Brasil por Ada Pellegrini, mas sendo fruto de
uma criação de Pietro Novolone.
Há duas correntes:
1C: Interpretação extensiva - O conceito de prova
ilícita, a partir da reforma processual de 2008,
passou a abranger o conceito de prova ilegítima.
Como a lei não estabeleceu nenhuma distinção,
a prova ilícita violaria tanto uma norma legal de
direito material como também uma norma legal
de direito processual. Assim, a distinção não teria
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O reconhecimento da prova ilícita ou da prova ilegítima que enseja a nulidade absoluta tem como
consequência imediata o desentranhamento dos autos e a sua inutilização, para que não se possa
influenciar indevidamente o convencimento do magistrado.
O desentranhamento é o ato que materializa o que a doutrina chama de DIREITO DE EXCLUSÃO, para
que não se possa influenciar indevidamente o convencimento do magistrado.
O artigo 157, §3º, CPP prevê o desentranhamento da prova ilícita:
Cuidado! O que deve ser desentranhado dos autos é a PROVA, e não os autos processuais que fazem
menção à prova ilícita. Assim já decidiu o STF:
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem
ser desentranhadas do processo. Se determinada prova é considerada ilícita, ela
deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças do processo que
fazem referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser
desentranhadas e substituídas. A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais
peças judiciais não são "provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que
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determina a exclusão das provas obtidas por meios ilícitos prevista no art. 157 do
CPP. Assim, a legislação, ao tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a
exclusão de "peças processuais" que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC
137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
Contudo, existem hipóteses elencadas pela doutrina em que a prova, em que pese ilícita e, por
conseguinte, desentranhada dos autos, NÃO será inutilizada:
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− Ex. alguém viola o domicílio de alguém e pega uma carta. Se essa carta é reconhecida como ilícita
num futuro processo, ela não precisa ser destruída, pois a carta, em si, é um objeto lícito
pertencente a alguém.
2) Quando a PROVA ILÍCITA CONSISTIR NO CORPO DE DELITO em relação àquele que praticou um crime
para obtê-la.
− A prova ilícita pode ser a prova do crime da pessoa que a produziu.
− Ex. Caso dos policiais que foram apurar um crime de corrupção supostamente praticado por uma
escrivã e tiraram a roupa da mulher à força (para pegar o dinheiro de corrupção que ela
supostamente guardava na calcinha). Os policiais, inclusive, gravaram todo o fato. Se, no processo
de apuração da corrupção, essa prova for reconhecida como ilícita, não pode ela ser destruída,
porque ela prova a prática de crime de abuso de autoridade ou constrangimento ilegal por parte dos
policiais.
Com o advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), foi inserido no CPP o §5º ao art. 157, com a
seguinte redação:
Art. 157. [...] § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível
não poderá proferir a sentença ou acórdão. (NR)
O §5º positivou o que há muito tempo clamava a doutrina 2, que sempre afirmou que o mero
desentranhamento da prova ilícita não era a única solução a ser tomada, pois, o juiz que tem contato com a
prova ilícita, passa a ser impedido para o julgamento.
“Quanto ao problema da contaminação do juiz que teve contato com a prova ilícita
e que deve(ria) ser impedido de julgar, o veto ao § 4º do art. 157 deve ser analisado
a partir de seus próprios “fundamentos”, de que a exclusão desse juiz
comprometeria a “eficácia” do processo penal, gerando tumulto nas comarcas de
juízo único. Logo, a contrário senso, nas varas em que existam dois ou mais juízes,
não se justificaria a manutenção do juiz contaminado! Não havendo o motivo
apontado no veto, não há mais o menor fundamento para – erroneamente –
manter um juiz contaminado no processo, proferindo sentença a partir da
convicção formada com base na prova ilícita. É óbvio que o juiz que conheceu a
2
(Jr, 2016, p. 363)
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prova ilícita não pode julgar, pois está contaminado. Não basta desentranhar a
prova; deve-se “desentranhar” o juiz!”
Ressalta-se que parte da doutrina afirma que não haveria impedimento se foi o próprio juiz a quo
que identificou a ilicitude. Isso porque, como ele pode ser tido por impedido se ele se limitou a fazer o que
manda a Constituição, ou seja, não admitir provas ilícitas? Se ele agiu em conformidade com a Constituição,
não podemos extrair desse seu comportamento qualquer causa de impedimento. Por outro lado, se o
reconhecimento da ilicitude proveio de uma instância superior, portanto, esse juiz não pode prosseguir,
porque além de o juiz já ter assimilado aquela informação, para ele está tudo certo, ou seja, ele vai
desentranhar aquela prova contra sua vontade, dando cumprimento a uma determinação que proveio de
órgão jurisdicional de instância superior, e aí sim se justifica o seu afastamento, o seu impedimento (Marcos
Dutra).
Cumpre destacar que essa novidade legislativa se encontra com a eficácia suspensa, em sede de
medida cautelar, concedida pelo Min. Fux nas ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
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Veja uma decisão em que o STJ aborda expressamente a teoria (REsp 1.630.097/RJ – 5ª T. STJ):
Com o passar dos anos, a Suprema Corte Americana entendeu que a Teoria da Prova Ilícita por
Derivação não poderia ser aplicada de forma ilimitada. Diante disso, surgiram teorias que visam a licitude da
prova.
São elas: Teoria da Fonte Independente, Descoberta Inevitável, Nexo Atenuado e Teoria do Encontro
Fortuito de Prova.
Trata-se da prova obtida de forma independente, não sendo contaminada pelo veneno da prova
ilícita. Assim, de um lado ela tem relação com a prova ilícita, mas por outro lado tem uma fonte independente
que a torna lícita.
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Segundo Renato Brasileiro, “se o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente,
novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde qualquer relação
de dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tais
dados probatórios são admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária”.
Essa teoria tem origem no direito americano (The Independent Source Limitation) no caso Bynum X
US, onde o cidadão foi preso ilegalmente e, com essa prisão, fizeram uma identificação datiloscópica. Com a
identificação (ilegal por derivação) acharam suas digitais na cena do crime. Pela ilegalidade, a Corte exclui
essa identificação. No entanto, posteriormente, verificaram que já existia uma identificação no sistema do
FBI, de forma independente, o que possibilitou o processo e a condenação do Bynum.
A Teoria da Fonte Independente já era adotada pelo STF (RHC 90.376, HC 83921), vindo a ser inserida
no art. 157, §1º.
Art. 157, § 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as
derivadas puderem ser obtidas por uma FONTE INDEPENDENTE das primeiras.
ATENÇÃO: Segundo a doutrina, o legislador teria cometido um equívoco na redação do art. 157, §2º, pois na
verdade ele conceituou no § 2º não a limitação da fonte independente, masteoria
a da descoberta inevitável
da prova.
Essa teoria também tem origem no direito norte-americano (The Inevitable Discovery Limitation) no
julgado Nix X Williams II (1984). O cidadão era suspeito de matar alguém, porém o cadáver não era localizado.
Ele foi coagido e confessou onde estava o cadáver, que foi apreendido (prova ilícita por derivação). No
entanto, no caso concreto, 200 voluntários da cidade já estavam fazendo uma varredura atrás do cadáver. A
Suprema Corte então decidiu: Realmente o cadáver foi descoberto por meio ilícito, porém na situação
concreta, como os 200 moradores já estavam nas imediações do cadáver, a descoberta seria inevitável,
portanto, a apreensão do cadáver foi lícita.
Segundo Renato Brasileiro, “se restar demonstrado que a prova derivada da ilícita seria produzida de
qualquer modo, independentemente da prova ilícita originária, tal prova deve ser considerada válida”.
Cuidado: Não é possível se valer dessa teoria com base em dados meramente especulativos, sendo
indispensável a existência de dados concretos, que demonstrem que a descoberta seria inevitável. Em outras
palavras: a descoberta inevitável que conduz à licitude de uma prova colhida de forma irregular está pautada
em um JUÍZO DE INEVITABILIDADE. Assim, as provas ilícitas podem ser aproveitadas desde que seja
cabalmente provado que a prova chegaria nos autos de qualquer maneira (juízo de inevitabilidade),
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considerando-se o rumo regular e lícito das investigações, o que tornaria irrelevante a sua obtenção
primária ilícita.
O STJ (HC 52.995) foi o primeiro Tribunal Superior a adotar a Limitação da Descoberta Inevitável. O
STF possui alguns precedentes adotando a referida teoria (HC 91.867).
Para muitos doutrinadores, essa teoria teria sido adotada pelo legislador no art. 157, §2º, in verbis:
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Cuidado para não confundir com a teoria da fonte independente vista acima! Com efeito, quando
o referido dispositivo faz menção à fonte independente, quis, na verdade, trazer o conceito da limitação da
descoberta inevitável.
Obs.: Alguns doutrinadores (posição minoritária) afirmam que a adoção desta teoria pelo Brasil seria
inconstitucional, pois ela estaria limitando excessivamente a vedação da prova ilícita constante da CF.
III. LIMITAÇÃO DA MANCHA PURGADA, NEXO ATENUADO OU TINTA DILUÍDA (TEORIA DOS VÍCIOS
SANADOS)
Como todas as demais, essa teoria também tem origem no Direito Americano (Teoria dos Vícios
Sanados ou da Tinta Diluída ou da Mancha Purgada – “Purge Taint Limitation” ou “Atenuated Connection
Limitation”).
Ocorre quando um ato posterior, totalmente independente, afasta a ilicitude originária. O vício da
ilicitude originária é atenuado em virtude do espaço temporal decorrido entre a prova primária e a
secundária, ou por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou da vontade de um dos
envolvidos em colaborar com a persecução criminal.
Essa teoria foi adotada no caso Wong Sun v. United States (1963). Nesse caso, policiais da 'delegacia
de entorpecentes' entraram num domicílio sem 'causa provável' (indícios probatórios necessários para tal) e
prenderam ilegalmente 'A', o qual, quase imediatamente depois, acusou 'B' de ter vendido a droga. Os
policiais, em seguida, prenderam ilegalmente 'B', o qual, por sua vez, indicou 'C', que também foi preso
ilegalmente. Vários dias mais tarde, depois de 'C' ter sido libertado, 'C' voluntariamente confessou oralmente
aos policiais da delegacia de entorpecentes, durante seu interrogatório policial. A Suprema Corte excluiu a
apreensão da droga encontrada com 'B' e as declarações de 'B' por terem sido 'frutos' da entrada ilegal na
sua casa e da sua prisão ilegal.
Entretanto, rejeitou que a confissão de 'C' fosse fruto da sua prisão ilegal, pois, embora 'C' pudesse
nunca ter confessado se ele jamais tivesse sido preso ilegalmente, sua ação voluntária de confessar, depois
de ter sido solto e alertado de seus direitos, tinha tornado a conexão entre a prisão e a declaração tão
atenuada que a 'nódoa' da ilegalidade tinha se dissipado.
A prova primária e a secundária, ou por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória
ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a persecução criminal.
Segundo Renato Brasileiro, “não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se o nexo causal
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entre a prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias
supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos envolvidos
em colaborar com a persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a contaminação de um
determinado meio de prova em face da ilicitude ou ilegalidade da situação que o gerou, um acontecimento
futuro expurga, afasta, elide esse vício, permitindo-se, assim, o aproveitamento da prova inicialmente
contaminada”.
Alguns doutrinadores (Andrei Borges de Mendonça e Guilherme Madeira) entendem que essa teoria,
também, foi colocada no art. 157, §1º, in verbis:
Art. 157, § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (prova
ilícita por derivação), salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre
umas e outras (teoria da tinta diluída), ou quando as derivadas puderem ser obtidas
por uma fonte independente das primeiras (teoria da fonte independente).
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A teoria do encontro fortuito ou casual de provas é utilizada nos casos em que, no cumprimento de
uma diligência relativa a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas pertinentes à outra
infração penal, que não estavam na linha de desdobramento normal da investigação.
Fala-se em encontro fortuito de provas ou serendipidade quando a prova de determinada infração
penal é obtida a partir de diligência regularmente autorizada para a investigação de outro crime. Nesses
casos, a validade da prova inesperadamente obtida está condicionada à forma como foi realizada a diligência:
se houve desvio de finalidade, abuso de autoridade, a prova NÃO deve ser considerada válida; se o encontro
da prova foi casual, fortuito, a prova É válida.
● Se tais elementos forem obtidos de maneira fortuita, são plenamente válidos;
● Se tiver ocorrido desvio de finalidade, deve ser reconhecida a ilicitude da prova.
Ex.: Alguém mantém um tigre em casa e o IBAMA descobre, de modo que se solicita ao juiz um
mandado de busca e apreensão para o tigre. No cumprimento do mandado, a autoridade policial entra na
casa e começa a abrir gavetas, de modo que encontra documentos que comprovam um crime tributário.
Pode usar esse documento como prova? Nesse caso, como a autoridade abre gavetas, ele está
desviando a finalidade de buscar o tigre. Portanto, a prova é ilícita. Se fosse o contrário, ou seja, procurando
documentos e achasse o tigre por acaso, seria lícito.
A teoria do encontro fortuito de provas não deve ser trabalhada única e exclusivamente para as
hipóteses de cumprimento de mandados de busca e apreensão. Sua utilização também se apresenta útil no
tocante ao cumprimento de interceptações telefônicas. Isso porque é comum que, no curso de uma
interceptação telefônica regularmente autorizada pelo juiz competente para investigar crime punido com
pena de reclusão, sejam descobertos elementos probatórios relativos a outros delitos e/ou outros indivíduos.
Em tais hipóteses, verificando-se que não houve desvio de finalidade no cumprimento da diligência, dúvidas
não temos quanto à validade dos elementos assim obtidos.
▪ Serendipidade ou encontro fortuito de 1º grau: Ocorre quando os encontros fortuitos são de fatos
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conexos ou continentes com os fatos sob investigação. Nesse caso, a prova produzida pode ser
valorada pelo juiz.
▪ Serendipidade ou encontro fortuito de 2º grau: Ocorre quando se trata de fatos não conexos ou
quando não exista continência com os fatos sob investigação. Nesse caso, a prova produzida vale
como notitia criminis.
▪ Serendipidade objetiva: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da prática de outro
crime que não estava sendo investigado.
Obs.: Segundo entendimento do STF (HC 129.678), o Crime Achado é a infração penal desconhecida e não
investigada até o momento em que se descobre o delito. Em caso concreto apreciado pelo referido órgão,
apesar de ter sido autorizada para investigar um crime de tráfico de drogas, a interceptação telefônica
acabou por revelar a prática de um delito de homicídio. Nesse caso, presentes os requisitos constitucionais
e legais, a prova deve ser considerada lícita.
De acordo com a Lei 8.906/94, com redação dada pela Lei 11.767/08, o mandado de busca e
apreensão a ser realizado em escritório de advocacia deve ser ESPECÍFICO e PORMENORIZADO, a ser
cumprido na presença de representante da OAB, sendo vedada a utilização de documentos e objetos
pertencentes a clientes do advogado investigado, salvo se tais clientes também estiverem sendo investigados
como partícipes ou coautores do advogado.
Ou seja, no cumprimento de mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia NÃO se
aplica a teoria do encontro fortuito quanto a documentos não referentes ao investigado, pois estariam
protegidos pelo sigilo, não fazendo parte do objeto da diligência. Seria, assim, configurado um desvio de
finalidade da diligência, ocasionando a ilicitude das provas.
Ex.: “A” é advogado e seu escritório foi objeto de uma busca e apreensão porque “A” era suspeito de
ter praticado o crime “X”. Durante a busca e apreensão foram apreendidos documentos relacionados com
“B” (cliente de “A”) que não era investigado pelo crime “X” e, por conta desses documentos apreendidos,
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“B” foi denunciado pelo crime “Y”. “B” impetrou habeas corpus no STJ afirmando que a apreensão dos
documentos foi ilegal.
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): Uma operação policial foi deflagrada para coibir a atividade
ilícita de determinados ferros-velhos na região da Baixada Fluminense, onde, segundo as investigações,
carros, produtos de furto e roubos, eram cortados e suas peças eram vendidas no mercado paralelo em todo
o estado. Atuaram na operação 80 agentes de polícia e 10 delegados, que, munidos de mandados de busca
e apreensão e mandados de prisão, prenderam 40 pessoas, recuperaram 120 automóveis furtados e
roubados e centenas de peças diversas de automóveis, além de terem efetuado a prisão em flagrante de 60
pessoas. Na operação, também foram apreendidos telefones celulares, chips, documentos de propriedade
de veículos e diversas placas de identificação veicular. Em um desses ferros-velhos, Orozimbo, advogado,
encontrava-se ao lado de um automóvel produto de crime. Conforme filmagens apreendidas pela polícia, ele
havia chegado ao local nesse automóvel, minutos antes da chegada dos policiais. Ainda, um dos presos em
flagrante disse, no momento da prisão, que grande parte dos documentos dos carros furtados e roubados
apreendidos estava no escritório do advogado Orozimbo, guardados para serem negociados com integrantes
de quadrilha que vendia carros no Paraguai. Os celulares apreendidos com quatro dos presos foram
desbloqueados pelos titulares das linhas, espontânea e consentidamente, e mostravam conversas em grupos
de aplicativos de mensagem com o chefe de quadrilha, nominado de Thief. Fotos e vídeos de integrantes da
quadrilha, agindo nas ruas da cidade, também foram encontrados nos celulares. Os documentos pessoais de
Thief (passaporte, identidade e CPF) ficavam no escritório de Orozimbo, guardados num cofre.
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Não é lícita a prova obtida por meio de abertura de carta, telegrama ou qualquer
encomenda postada nos Correios, ante a inviolabilidade do sigilo das
correspondências. Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a
prova obtida mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo. STF.
Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 993).
É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente
em denúncia anônima. É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada
com base unicamente em denúncia anônima. Caso concreto: a diretora da unidade
prisional recebeu uma ligação anônima dizendo que Rafaela, que iria visitar seu
marido João, tentaria entrar no presídio com droga. Diante disso, a diretora
ordenou que a agente penitenciária fizesse uma revista minuciosa em Rafaela. Na
revista íntima efetuada, a agente penitenciária encontrou droga escondida na
3
Fonte: Leia mais:
https://delegadoplantonista.webnode.com.br/news/provas-obtidas-por-guarda-municipal-por-meio-de-denuncia-
anonima-sao-invalidas/
102
NÚCLEO DURO
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vagina da visitante. Rafaela confessou que estava levando a droga para seu marido.
A prova colhida é ilícita. STJ. 6ª Turma. REsp 1695349-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti
Cruz, julgado em 08/10/2019 (Info 659).
A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova
ilícita nem deve ser excluída do processo. O exame de corpo de delito deve ser
realizado por perito oficial (art. 159 do CPP). Do ponto de vista estritamente formal,
o perito papiloscopista não se encontra previsto no art. 5º da Lei nº 12.030/2009,
que lista os peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada
por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser
excluída do processo. Os peritos papiloscopistas são integrantes de órgão público
oficial do Estado com diversas atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar
da Justiça. Não deve ser mantida decisão que determinava que, quando o réu fosse
levado ao Plenário do Júri, o juiz-presidente deveria esclarecer aos jurados que os
papiloscopistas – que realizaram o laudo pericial – não são peritos oficiais. Esse
esclarecimento retiraria a neutralidade do conselho de sentença. Isso porque, para
o jurado leigo, a afirmação, pelo juiz, no sentido de que o laudo não é oficial
equivale a tachar de ilícita a prova nele contida. Assim, cabe às partes, respeitado
o contraditório e a ampla defesa, durante o julgamento pelo tribunal do júri,
defender a validade do documento ou impugná-lo. STF. 1ª Turma. HC 174400
AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 24/9/2019 (Info 953).
É ilícita a prova obtida mediante conduta da autoridade policial que atende, sem
autorização, o telefone móvel do acusado e se passa pela pessoa sob
investigação.Não tendo a autoridade policial permissão do titular da linha
telefônica, ou mesmo da Justiça, para ler mensagens nem para atender ao telefone
móvel da pessoa sob investigação e travar conversa por meio do aparelho com
qualquer interlocutor que seja se passando por seu dono, a prova obtida dessa
maneira arbitrária é ilícita. No caso concreto, o policial atendeu ao telefone do
condutor, sem autorização para tanto, e passou-se por ele para fazer a negociação
de drogas e provocar o flagrante. Esse policial também obteve acesso, sem
autorização pessoal nem judicial, aos dados do aparelho de telefonia móvel em
questão, lendo as mensagens. STJ. 6ª Turma. HC 511484-RS, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 15/08/2019 (Info 655).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados
nas ruas como agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial,
como agente infiltrado em grupo criminoso. Determinado policial militar foi
designado para participar, nas ruas, à paisana, de passeatas e manifestações, a fim
de coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em atuação
estratégica diante dos movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em
2014. Para essa atividade, não se exigia prévia autorização judicial. No curso de sua
atividade originária, o referido policial, percebendo que algumas pessoas estavam
se reunindo para planejar a prática de crimes, aproximou-se desses suspeitos,
ganhou a sua confiança e infiltrou-se no grupo participando das conversas virtuais
e das reuniões presenciais dos envolvidos. Assim, o policial ultrapassou os limites
da sua atribuição original e passou a agir como agente infiltrado. Ocorre que a
infiltração de agentes somente pode acontecer após prévia autorização judicial, o
que não havia no caso. Diante disso, o STF declarou a ilicitude e determinou o
desentranhamento da infiltração realizada pelo policial militar e dos depoimentos
por ele prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art. 157, § 3º, do CPP.
STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (Info
932).
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NÚCLEO DURO
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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19/10/2017 (Info 617). Cuidado para não confundir: Sem prévia autorização
judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e
de conversas registradas no Whatsapp presentes no celular do suposto autor de
fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão
em flagrante. STJ. 5ª Turma. RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 19/4/2016 (Info 583).
6. ÔNUS DA PROVA
O ônus da prova é o encargo (faculdade) que recai sobre a parte de provar a veracidade do fato por
ela alegado, resultando de sua inatividade uma situação de desvantagem perante o Direito. O que se prova
na verdade é a afirmativa, porque o fato em si não tem como ser provado.
O art. 156, CPP, dispõe que a prova da alegação incumbirá a quem a fizer. Nesse contexto, há duas
correntes que tratam sobre a distribuição do ônus da prova no Processo Penal. Vejamos:
1ª C (minoritária): O acusado não possui nenhum ônus da prova do Processo Penal, uma vez que a CF
consagra o princípio da presunção de inocência. Desta forma, o ônus da prova recai, integralmente, sobre a
acusação. Para essa corrente, inclusive, o art. 156, CPP seria inconstitucional, por violação ao art. 5, LVIII, CF.
Nesse sentido Aury Lopes Jr.
2ª C (majoritária): É possível haver distribuição do ônus da prova. Portanto, haverá ônus da prova para
acusação e para a defesa. Nesse sentido, tem-se:
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
(1) Pela teoria da ratio cognoscendi (ou indiciariedade) se o fato é típico, presume-se que seja ilícito.
Por isso, a acusação só prova a tipicidade, pois quanto ao resto há uma presunção iuris tantum
(relativa) da existência. Diante disso, caso provada a tipicidade, mas havendo dúvida no caso da
excludente da ilicitude, deveria o juiz condenar, pois a tipicidade é indício da ilicitude, mas não foi
esse o entendimento do CPP.
(2) Quanto à culpa, a doutrina é pacífica quanto à necessidade de prova da acusação. Já no que se refere
ao dolo, muitos autores dizem ser presumido, não precisando de prova, ou seja, cabendo à defesa
provar sua ausência. No entanto, tal entendimento não procede, principalmente em um Estado onde
vige o princípio da presunção de inocência do acusado. A prova do dolo é feita a partir da análise dos
elementos objetivos do caso concreto, até porque não é possível provar um elemento intelectivo.
Devem ser observados os elementos objetivos para chegar à conclusão da existência do dolo.
(3) Espécie de prova indireta da defesa.
A principal alteração no capítulo de provas com o advento da Lei 13.964/19, a nosso ver, foi a
reafirmação do sistema acusatório e a vedação imposta ao juiz de substituir as partes na atividade
probatória, conforme Art. 3- A do CPP:
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedada a iniciativa do juiz na
fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
Apesar do novo Art. 3-A do CPP, a Lei 13.964/19 NÃO alterou de forma expressa o art. 156 do CPP,
que positiva a iniciativa probatória do juiz. Dispõe o referido artigo que é facultado ao juiz, de ofício:
Nesse contexto, parte da doutrina considera que o art. 156 do CPP foi tacitamente revogado.
Entretanto, é preciso aguardar o posicionamento da jurisprudência a respeito do tema.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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a) Sistema das Ordálias (Ordálios) / “Juízos de Deus”: Ordálio ou ordália é um tipo de prova judiciária
usada para determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da participação de elementos da natureza
e cujo resultado é interpretado como um juízo divino. Também é conhecido como juízo de Deus (judicium
Dei, em latim).
Atribuía-se uma vontade divina na avaliação das provas. Um exemplo era a chamada prova pelo fogo,
hipótese na qual, caso o sujeito caminhasse tantos metros sobre a brasa, seria considerado inocente. Assim,
buscava-se na revelação divina a inocência ou culpabilidade do réu.
ATENÇÃO: Em regra, não é adotado no Brasil, salvo em relação aos jurados no Tribunal do Júri, que possuem
ampla liberdade para valoração das provas, dispensando-se a fundamentação da decisão, enquanto juízes
leigos. Essa disciplina não se aplica às decisões do juiz da 1ª fase do procedimento, bem como do juiz-
presidente, que devem ser fundamentadas.
1) Prova quanto ao estado das pessoas – Está sujeita às restrições estabelecidas na lei civil. Ex.: certidão
de casamento, certidão de óbito e certidão de nascimento.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Art. 155, § único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
restrições estabelecidas na lei civil.
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito,
e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
CPP, Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Encontra-se previsto no art. 93, IX da CF, art. 155 do CPP e 401, §1º, CPP (conforme informativo 918
do STF)
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Art. 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá
s:
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípio
(...)
IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
FUNDAMENTADAS TODAS AS DECISÕES, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Art. 155, CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas
as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
restrições estabelecidas na lei civil.
✔ Não existe prova de valor absoluto → ausência de hierarquia, toda prova tem valor relativo, inclusive a
confissão (outrora considerada como a rainha das provas) tem valor relativo à luz do art. 197 do CPP.
✔ Ausência de limitação quanto aos meios de prova, sendo admitidas provas inominadas;
✔ O juiz deve valorar todas as provas produzidas no processo, mesmo que para afastá-las (ex.: mesmo que
o juiz não acolha, se ele a afastar, deverá declarar o motivo). Assim, não basta o direito a produzir a
prova, surge o direito de que a prova seja apreciada pelo juiz (garantia do contraditório).
✔ Somente são válidas as provas constantes do processo, conhecimentos privados do juiz não tem
validade.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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O direito à produção de provas não é absoluto, haja vista que a própria lei
processual penal, em seu artigo 400, § 1º, faculta ao julgador, desde que de forma
fundamentada, indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou
protelatórias. STF. 2ª Turma. HC 191858, 628075, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 30/11/2020.
TURMA 9
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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É preciso conhecer a literalidade dos dispositivos que disciplinam a matéria, cuja regulamentação no
CPP advém da inclusão pela Lei 13.964/19.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
quando for necessária a realização de exames complementares.
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser
tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de
natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável,
sendo tipificada como fraude processual a sua realização.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local,
a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a
seleção, a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro
e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do
vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a
eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a
destinação, a data e horário da ação.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central
de custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária
determinar as condições de depósito do referido material em local diverso,
mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza
criminal.
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado de Goiás 2022): Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento atédescarte-
o item considerado
correto.
A cadeia de custódia é um conceito que já era utilizado em todas as disciplinas que integram as
ciências criminalísticas e consiste, segundo o art. 158-A do CPP, no conjunto de todos os procedimentos
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas
de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
A cadeia de custódia possui a função de garantir a integridade da prova. Nesse contexto, assegura
a idoneidade e rastreabilidade dos vestígios com a finalidade de preservar a confiabilidade e transparência
até que o processo seja concluído.
Sobre o tema, ensina Aury Lopes Jr4:
A discussão acerca da quebra da cadeia de custódia adquire especial relevância nas provas que tem
pretensão de ‘evidência’, ou seja, aquelas obtidas ‘fora do processo’, sob as quais não há o contraditório.
Nestas situações, é crucial que se demonstre de forma documentada a cadeia de custódia e toda a
trajetória feita, da coleta até a inserção no processo e valoração judicial. Isso porque, por exemplo, se um
4
(Jr, A importância da cadeia de custódia para preservar a prova penal, 2015)
116
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
acusado reponde pelo crime de tráfico e o laudo pericial definitivo ainda não foi realizado, é imprescindível
que se tenha a garantia de que a substância apreendida em poder do acusado seja a mesma submetida a
análise.
Geraldo Prado traz essa demonstração como exigência dos princípios da “mesmidade” 5 e da
“desconfiança”.
I. Princípio da Mesmidade
Por “mesmidade” (forma aproximada a empregada na língua espanhola, que não possui
correspondente em português e não pode ser traduzido como ‘mesmice’), entende-se a garantia de que a
prova valorada é exatamente e integralmente aquela que foi colhida, correspondendo, portanto, “a
mesma”. Não raras vezes, por diferentes filtros e manipulações feitas pelas autoridades que
colhem/custodiam a prova, o que é trazido para o processo não obedece a exigência de “mesmidade”, senão
que corresponde ao signo de ‘parte do’, que constitui, em última análise, ‘a outro’ e não ‘ao mesmo’.
Questão recorrente nas interceptações telefônicas está na violação da “mesmidade” e, por via de
consequência, do direito da defesa de ter acesso a integralidade da prova na sua originalidade (manifestação
do contraditório = direito à informação e paridade de armas), na medida em que a prova é ‘filtrada’ pela
autoridade policial ou órgão acusador, que traz para o processo (e submete ao contraditório diferido) apenas
o que lhe interessa. Não é ‘a mesma’ prova colhida, mas apenas aquela que interessa ao acusador, subtraindo
o acesso da defesa. A manipulação (e aqui se emprega no sentido físico do vocábulo, sem juízo de desvalor
ou atribuição de má-fé ao ‘manipulador’) é feita durante a custódia e viola exatamente as regras de
preservação da idoneidade.
5
(Prado, Ainda sobre a quebra da cadeia de custódia das provas, pp. 16-17)
117
NÚCLEO DURO
TURMA 9
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a) Fase Externa:
A fase externa compreende todos os passos entre a preservação do local de crime ou apreensões
dos elementos de prova e a chegada do vestígio ao órgão pericial encarregado de processá-lo.
Compreende, portanto, a preservação do local de crime, a busca dotígio,
ves seu reconhecimento,
isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte e recebimento.
I. Do isolamento
Antes mesmo de se realizar o reconhecimento, o local deve ser isolado para que, após uma análise
pelo perito, possa ser identificado o que é relevante ou não na compreensão da cena do crime.
O isolamento do local deve ser um isolamento físico, através de fitas, cordas ou outros meios,
abrangendo o local propriamente dito e as vias de acesso. Quando o tiro ocorreu em local fechado, uma
residência, por exemplo, muitas vezes os familiares da vítima, na tentativa de socorrê-la ou de preservar sua
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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imagem, alteram o local. Em locais abertos os populares também podem alterar o local6. É o art. 169 do CPP
que determina o isolamento, nos seguintes termos:
Art. 169. Para efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias,
desenhos ou esquema elucidativos.
A atuação da autoridade policial na preservação do local é de vital importância. Essa atuação, por
vezes, deve ser firme, enérgica, evitando a alteração ou a subtração de vestígios materiais importantes,
relacionados com o fato. A própria autoridade policial ou seu agente deve respeitar o local evitando o
deslocamento ou o recolhimento, antes da chegada dos peritos, de qualquer vestígio material. O perito oficial
deve ser a primeira pessoa a adentrar no local.
Cabe ressaltar que, segundo o Art. 158-C do CPP, o ingresso em local isolado pode tipificar o crime
de fraude processual:
II. Do reconhecimento
O reconhecimento da importância de cada elemento deve ser feito pelo perito criminal que analisará
a cena do crime, NÃO devendo ser feito pelo policial militar ou mesmo pela autoridade policial e seus
agentes. O próprio CPP estabelece que cabe à Autoridade Policial preservar o local do crime para que o perito
criminal possa realizar a análise de cada um dos elementos.
6
(Baldasso)
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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IV. Da coleta
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por
perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia,
mesmo quando for necessária a realização de exames complementares.
V. Do acondicionamento
Acondicionar significar “pôr ou guardar em” e, no processo penal, possui o sentido de embalar o
vestígio de modo que não haja contaminação ou desnaturação do mesmo. Sendo assim, o acondicionamento
possui a finalidade de manter íntegras as características físicas, químicas e biológicas do vestígio.
A alteração legislativa é salutar, entretanto esbarra na falta de estrutura do Estado. Isso porque, na
maioria dos entes da federação, sequer há disponibilização de recipientes plásticos adequados para o
acondicionamento de vestígios.
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NÚCLEO DURO
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Importante, ainda, que todo recipiente utilizado para acondicionar o vestígio será selado com lacre
e, sempre que necessário, os lacres violados serão acondicionados em outro recipiente, mantendo o registro
da cadeia de custódia.
Obs.: Em 2017 (Informativo 608), o STJ entendeu que a ausência de lacre em todos os documentos
e bens apreendidos durante uma busca e apreensão, NÃO torna automaticamente ilegítima a prova obtida.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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apreendida no local dos fatos foi a mesma apresentada para fins de realização de
exame pericial e, por conseguinte, a mesma usada pelo Juiz sentenciante para
. Não se garantiu a inviolabilidade e a
lastrear o seu decreto condenatório
idoneidade dos vestígios coletados (art. 158
-D, § 1º, do CPP). A integralidade do
lacre não é uma medida meramente protocolar; é, antes, a segurança de que o
material não foi manipulado, adulterado ou substituído, tanto que somente o
perito poderá realizar seu rompimento para análise, ou outra pessoa autorizada,
quando houver motivos (art. 158-D, § 3º, do CPP). (HC 653515-RJ, 6ª Turma, Rel.
Min. Laurita Vaz, DJe 23/11/2021).
Ressalta-se que, embora o tema ainda não seja uniforme (como será visto detalhadamente adiante),
o STJ tem entendido, conforme o referido julgado, que as “irregularidades da cadeia de custódia devem ser
sopesadas pelo magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova é
confiável”. Logo, para a Corte Superior, a inobservância dos procedimentos relativos à cadeia de custódia
não implica, por si só, na nulidade dos elementos probatórios produzidos.
VI. Do transporte
Como condição de validade da prova, o vestígio coletado e acondicionado deve ser transportado de
forma adequada. Ganha relevo o transporte dos vestígios biológicos, que devem ser transportados em
veículo que assegure a manutenção das características originais do vestígio, inclusive quanto à temperatura.
Por fim, a fase externa se encerra com o recebimento do vestígio no órgão responsável pelo
armazenamento do vestígio. Portanto, a fase de recebimento é, ao mesmo tempo, o momento em que se
encerra a fase interna e que dá início à fase externa.
b) FASE INTERNA
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NÚCLEO DURO
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A fase interna compreende todas as etapas entre a entrada do vestígio no órgão pericial até sua
devolução juntamente com o laudo pericial, ao órgão requisitante da perícia. Compreende, portanto, a
recepção e conferência do vestígio, a classificação, guarda e/ou distribuição do vestígio, análise pericial
propriamente dita, guarda e devolução do vestígio de prova, guarda de vestígios para contraperícia, registro
da cadeia de custódia.
I. Do recebimento
Conforme dito, a fase de recebimento é, ao mesmo tempo, o momento em que se encerra a fase
interna e que dá início a fase externa. É o momento da transferência da posse do vestígio, que também deve
guardar o procedimento adequado.
II. Do processamento
III. Do armazenamento
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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O vestígio que serviu de base à perícia deverá ser disponibilizado no ambiente do órgão oficial para
exame pelo assistente técnico, conforme o CPP:
Art. 159. § 6o. Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu
de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá
sempre sua guarda, e na presença de Perito Oficial, para exame pelos Assistentes,
salvo se for impossível a sua conservação.
Com a Lei 13.964/19, surgiu a imposição aos institutos de criminalística de criar suas respectivas
centrais de custódia, que serão responsáveis pelo armazenamento e registro da manipulação dos vestígios.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central
de custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária
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NÚCLEO DURO
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IV. Do descarte
A Lei 13.964/19 chama de “descarte” a fase de liberação do vestígio. É nessa fase que pode ocorrer
a restituição do objeto ao proprietário, a destruição propriamente, como no caso das drogas ou ser dada
outra destinação conforme a lei, dependendo, em alguns casos, de autorização judicial. Perceba que a fase
do descarte é o momento em que o vestígio sai da guarda da central de custódia.
1ªC: Ilicitude da prova (Aury Lopes Jr. e Geraldo Prado) – A quebra da cadeia de custódia leva a
declaração de ilicitude da prova e a sua exclusão dos autos, bem como das demais provas dela
derivadas.
2ª C: Menor valor probatório (Gustavo Badaró e Renato Brasileiro) – A quebra da cadeia de custódia
não leva, obrigatoriamente, à ilicitude ou à ilegitimidade da prova, devendo ser analisado o caso
concreto.
CAIU EM PROVA: O tema foi objeto de questionamento na prova discursiva de Delegado de PCMG 2021.
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NÚCLEO DURO
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a) Conceitos
● Corpo de delito: trata-se do conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. A
expressão “corpo de delito” não necessariamente significa o corpo de uma pessoa, mas sim os
vestígios deixados pelo crime, ou seja, diz respeito à materialidade da infração penal. Ex.: Crime de
Latrocínio (art. 157, §3º, CP) em um apartamento. Nesse caso, o corpo de delito não se resume ao
cadáver, abrangendo também todos os vestígios perceptíveis pelos sentidos humanos, tais como
eventuais marcas de sangue deixadas no chão, a arma de fogo utilizada para a prática do delito,
eventuais sinais de arrombamento da porta do apartamento, etc.
● Exame de corpo de delito: é uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos ou
científicos sobre os vestígios deixados pela infração penal, seja para f comprovação da
ins de
materialidade do crime, seja para fins de comprovação da autoria.
Renato Brasileiro explica que, como o magistrado não é dotado de conhecimentos enciclopédicos, e
se vê obrigado a julgar causas das mais variadas espécies, afigura-se necessário recorrer a
especialistas, os quais, dotados de conhecimentos específicos acerca do assunto, podem auxiliar o
juiz no esclarecimento do fato delituoso (2017, pág. 654).
Obs.: O exame de corpo de delito NÃO é a única espécie de exame pericial. Ex.: perícia de insanidade mental
(não é exame de corpo de delito).
● Laudo de exame de corpo de delito: refere-se a uma peça técnica elaborada pelos peritos durante
ou após a conclusão do exame pericial.
Estrutura:
. Preâmbulo: qualificação do perito oficial ou dos peritos não oficiais e do objeto da perícia;
. Exposição: narrativa de tudo que é observado pelos experts;
. Fundamentação: motivos que levaram os experts à conclusão final;
. Conclusão técnica: resposta aos quesitos.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Dessa forma, temos que, em regra, o laudo pericial pode ser juntado durante o curso do processo,
desde que o seja com a antecedência mínima de 10 dias em relação a audiência una de instrução e
julgamento, pois este é o prazo mínimo exigido para pedir os esclarecimentos.
Na AIJ é possível esclarecimentos dos peritos, contudo, para que esses esclarecimentos ocorram é
necessário que o pedido seja feito com antecedência mínima de 10 dias (CPP, art. 159, § 5º, I).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Nos moldes do art. 158 do CPP, “quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”.
A obrigatoriedade da realização do exame pericial é exemplo nítido de resquício do sistema da prova
tarifada, incidindo quando a infração deixar vestígio, ou seja, quando envolver infrações penais não
transeuntes, não passageiras ou delito de fato permanente.
● Infração não transeunte: É aquela que deixou vestígios. Portanto, será obrigatória a realização do
exame de corpo de delito. Ex.: crime de homicídio cujo cadáver foi encontrado.
● Infrações transeuntes: É aquela que NÃO deixa vestígios. Portanto, não será possível o exame de
corpo de delito. Ex.: injúria verbal que não tenha sido objeto de captação.
● Exame de corpo de delito direto: É aquele realizado diretamente pelo perito oficial (ou por dois
peritos não oficiais) sobre o próprio corpo de delito.
● Exame de corpo de delito indireto: Há divergência quanto a sua definição.
1ªC (minoritária): Trata-se de exame feito por peritos com base no relato de testemunhas ou com
base na análise de documentos.
2ªC (majoritária): NÃO é um exame propriamente dito, mas apenas a prova testemunhal ou
documental suprindo a ausência do exame direto.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
A Lei nº 13.721/2018 acrescentou o §único ao art. 158 do CPP afirmando que deverá ser dada
prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva:
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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f) Peritos:
g) Assistente Técnico:
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É auxiliar das partes. Logo, a sua atuação é É auxiliar do juízo. Logo, a sua atuação deve ser
parcial. imparcial.
Sua atuação ocorre na fase processual. Sua atuação ocorre na fase investigatória ou
processual.
Não é considerado funcionário público. É considerado funcionário público para fins
penais, tanto o perito oficial quanto o perito
não oficial.
Não responde por falsa perícia. Responde pelo crime de falsa perícia, tipificado
ao teor do art. 342 do Código Penal (crime de
mão própria).
O momento da persecução penal em que o assistente técnico pode atuar é tema que sofreu alteração
pelo Pacote Anticrime (Lei 13. 964/2019).
● Antes da Lei 13. 964/2019: A atuação do assistente técnico estava restrita à fase judicial e
condicionada à previa autorização judicial (art. 159, §3º do CPP). Não se admitia a intervenção do
assistente técnico na fase investigatória.
● Após a Lei 13. 964/2019: O art. 3º-B, inciso XVI passou a prever a competência do juiz de garantias
para deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção de perícia.
Considerando que a atuação do juiz das garantias está restrita à fase investigatória da persecução
penal, a admissão do assistente técnico indicado pelas partes poderá ocorrer desde a fase de investigação,
não se limitando à fase processual.
Obs. 1: Aplica-se subsidiariamente o art. 474 do CPC, de modo que o juiz das garantias deve dar
ciência às partes da data e do local por ele designados (ou indicados pelo perito) para ter início a produção
de prova.
Obs.2: A realização de simples perícia na fase investigatória não está condicionada à previa indicação
de assistente técnico. O inciso XVI autoriza o juiz das garantias a deferir a admissão de assistente técnico para
acompanhar a produção da perícia já na fase investigatória, mas não transforma essa intervenção em
requisito para a realização de exames periciais nesse momento da persecução penal.
Por fim, cumpre destacar que os artigos introduzidos pela Lei 13.964/2019 que dizem respeito ao juiz
das garantias estão com a eficácia suspensa por força de medida cautelar concedida pelo Min. Fux em sede
de ADI.
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Amazonas 2022): O Art. 158 do CPP ilustra a importância do exame de corpo de
delito, necessário nos casos em que a infração deixar vestígios. Sobre o corpo de delito, é correto afirmar
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que o corpo de delito é a base residual do crime e pode corresponder a pessoas ou coisas – item considerado
correto.
(Delegado do Estado do Amazonas 2022): De acordo com o Art. 160 do CPP, os peritos elaborarão o laudo
pericial, no qual deverão descrever minuciosamente o que examinarem e responder aos quesitos formulados
o laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais,
a requerimento dos peritos – item considerado correto.
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): No que se refere à prova pericial no curso do processo judicial,
é permitido às partes:
I- requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos.
II- demandar esclarecimentos dos peritos desde que os quesitos ou questões sejam encaminhados com
antecedência mínima de 15 dias.
III- arguir o impedimento legal do perito.
Itens considerados corretos: I e III.
É o ato processual por meio do qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que
lhe é feita.
-se em duas fases: a
Parte da doutrina argumenta que o interrogatório judicial atualmente divide
sobre a pessoa e a segunda fase que é o questionamento
primeira fase correspondente aos questionamentos
sobre a imputação.
Nesse sentido, a legislação:
Além disso, desde 2016, em decorrência de alteração legislativa ocasionada pelo Estatuto da 1ª
Infância, exige-se o questionamento a respeito da existência de filhos da pessoa do interrogado. Nessa
esteira, o art. 185, §10 do CPP.
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ATENÇÃO: O interrogatório de qualificação NÃO está abrangido pelo nemo tenetur se detegere, podendo
caracterizar, inclusive, o crime de falsa identidade (Súmula 522 do STJ).
A 2ª parte do interrogatório, por sua vez, diz respeito aos fatos imputados.
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constitucional que assegura ao réu o direito ao silêncio e de não produzir provas contra si (meio de defesa),
aliado a possibilidade de que o juiz leve em conta as declarações do acusado em sua sentença, seja
absolutória ou condenatória, estando o ato previsto no capítulo relativo às provas no CPP.
Cumpre recordarmos ainda que, a ampla defesa divide-se na defesa técnica (exercida por meio do advogado)
e autodefesa (exercida pelo acusado), que inclui o direito de presença, direito de audiência e capacidade
postulatória autônoma.
b) Características do interrogatório:
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou
algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o
entender pertinente e relevante.
Exceção na 2ª fase do procedimento do júri: por força do artigo 474, do CPP, na 2ª fase do júri, as
perguntas também começam pelo juiz, mas as partes fazem perguntas diretamente. Além disso, depois é
conferida aos jurados a oportunidade de realizar perguntas por intermédio do juiz.
1º) perguntas do juiz
2º) perguntas das partes, diretamente;
3º) perguntas dos jurados, por intermédio do juiz.
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c) Ausência do interrogatório:
Uma vez caracterizado como meio de defesa, a ausência do interrogatório é causa de nulidade
absoluta em decorrência da violação ao exercício do direito de defesa, sem prejuízo da opção do próprio
acusado pelo não exercício do direito de audiência, hipótese em que não haverá nulidade a ser declarada.
É importante lembrar que trabalhar com nulidade é sempre trabalhar com prejuízo, de modo que,
com uma sentença absolutória não existe prejuízo, logo, não existe nulidade. Lado outro, haverá prejuízo
evidente caso haja sentença condenatória.
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Inobstante a previsão do CPP, há leis especiais que preveem o interrogatório ainda no início da
instrução probatória. São elas:
⦁ Lei de Drogas: art. 57, Lei 11.343/2006;
⦁ CPPM: art. 302;
⦁ Procedimento originários dos tribunais: Lei nº 8.038/90.
Diante desse cenário, havia questionamento acerca de qual a regra a aplicar, a norma geral do CPP
ou as respectivas leis especiais. Contudo, o STF manifestou-se sobre a problemática e pacificou a questão
entendendo que a mudança introduzida em 2008 não possui somente o status de lei ordinária, mas vem
ao encontro da ampla defesa, afastando, pois, a regra hermenêutica, a qual preceitua que a lei especial
prevalece sobre a lei geral. Assim, sob a ótica da ampla defesa é melhor ao acusado ser interrogado ao final.
Em suma, o STF passou a entender que todas as regras especiais acima perderam a razão de ser:
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Ainda sobre o entendimento jurisprudencial acerca do interrogatório, cabe destacar que o STF
entende que o acusado não pode assistir interrogatório do corréu mesmo que seja advogado.
Se houver mais de um acusado, cada um dos réus não terá direito de acompanhar
o interrogatório dos corréus. Segundo o CPP, havendo mais de um acusado, eles
deverão ser interrogados separadamente (art. 191). Ex.: João e Pedro são réus em
uma ação penal. No momento em que forem ser interrogados, um não poderá ouvir
o depoimento do outro. Logo, quando João for ser interrogado, Pedro terá que sair
da sala, ficando, contudo, seu advogado presente. No instante em que Pedro for
prestar seus esclarecimentos, será a vez de João deixar o recinto, ficando
representado por seu advogado. Se o réu for advogado e estiver atuando em causa
própria, mesmo assim deverá ser aplicada a regra do art. 191 do CPP. Em outras
palavras, quando o corréu for ser interrogado, o acusado (que atua como
advogado) terá que sair da sala de audiência. STF. 2ª Turma. HC 101021/SP, Rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 20/5/2014 (Info 747) (Fonte: Dizer o Direito).
ATENÇÃO! Há exceção quando envolver delação premiada. Nesse caso, de acordo com
entendimento do STF, o advogado do réu delatado deverá, obrigatoriamente, estar presente no
interrogatório do corréu delator.
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O interrogatório por videoconferência é regulamentado no art. 185, CPP e tem caráter excepcional, ou
seja, só ocorre em casos específicos previstos em lei (art. 185, §2º).
Não pode ser um risco genérico, que é inerente a qualquer transporte de preso.
Deve ser demonstrada fundada suspeita no sentido de o réu integrar organização
ou que vá fugir.
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Seja por enfermidade ou qualquer circunstância pessoal que dificulte sua presença
na sede do juízo, como localização diversa e longínqua da comarca onde corre a
causa.
OBS: Vale lembrar que a videoconferência não serve apenas para interrogatório,
mas para garantir a presença do acusado em qualquer ato processual.
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escolta. Em obediência ao princípio pas de nullité sans grief, que vigora plenamente
no processo penal pátrio (art. 563 do CPP), não se declara nulidade de ato se dele
não resulta demonstrado efetivo prejuízo para a parte. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC
125373/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 18/08/2020.
Há excesso de prazo em caso de réu preso há mais de quatro anos sem ter sido
sequer realizado seu interrogatório. Em um caso concreto, o réu foi preso
preventivamente pela suposta prática de delitos previstos na Lei nº 11.343/2006
(Lei de Drogas). Ocorre que já se passaram mais de quatro anos desde a prisão
preventiva sem haver, sequer, audiência de interrogatório. Diante disso, o STF
entendeu que havia flagrante excesso de prazo na segregação cautelar e, por essa
razão, concedeu habeas corpus para determinar a soltura do paciente. Embora a
razoável duração do processo não possa ser considerada de maneira isolada e
descontextualizada das peculiaridades do caso concreto, diante da demora no
encerramento da instrução criminal, sem que o paciente, preso preventivamente,
tenha sido interrogado e sem que tenham dado causa à demora, não se sustenta a
manutenção da constrição cautelar. STF. 2ª Turma. HC 141583/RN, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 19/9/2017 (Info 878).
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META 3
9.3 Confissão
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá
-la com as
demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade
ou concordância.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz. (não recepcionado)
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo
nos autos, observado o disposto no art. 195.
a) Conceito:
Ocorre quando o próprio acusado admite a veracidade da imputação, quer perante a autoridade
policial quer perante a autoridade judiciária.
Alguns autores afirmam que a confissão é um testemunho duplamente qualificado, uma vez que:
● Do ponto de vista objetivo, a confissão recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa;
● Do ponto de vista subjetivo, a confissão provém do próprio acusado e não de terceiros.
b) Natureza Jurídica:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
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c) Valor Probatório:
Antigamente, a confissão possuía valor absoluto, por isso era chamada de “rainha das provas”. Assim,
diante da confissão do réu (que muitas vezes acontecia mediante tortura) sua condenação era imperativa.
Atualmente, qualquer prova tem valor relativo, inclusive, a confissão, conforme o art. 197:
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as
demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade
ou concordância.
d) Espécies:
I. Confissão extrajudicial: É a confissão feita fora do processo e sem observância do contraditório e da ampla
defesa.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, NÃO podendo fundamentar sua decisão EXCLUSIVAMENTE
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
II. Confissão judicial: É feita no curso do processo penal, perante a autoridade judiciária. Seu valor probatório
é maior do que o da confissão extrajudicial, pois o acusado está perante o juiz, assistido por um advogado e
confrontado pela acusação.
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IV. Confissão implícita: Ocorre quando o acusado pratica um ato que importe no reconhecimento da culpa,
como pagar a indenização a vítima. Não tem valor probatório, não sendo admitida no processo penal.
V. Confissão simples: O acusado confessa a prática do delito sem invocar qualquer tese de defesa.
VI. Confissão qualificada: O acusado confessa a prática do delito, mas opõe algum fato modificativo, impeditivo
ou extintivo do direito de punir. Ex.: excludente da ilicitude ou culpabilidade.
VII. Confissão ficta ou presumida: NÃO existe confissão ficta no processo penal, como no processo civil,
decorrente da revelia. Tal presunção não ocorre, pois vige no processo penal o nemo tenetur se detegere
(direito ao silêncio).
Art. 366. Se o acusado, citado por EDITAL, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo
o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for
o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
Todavia se o acusado foi citado ou intimado pessoalmente e não compareceu, será decretada sua
revelia (art. 367).
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
PESSOALMENTE para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado,
ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
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Ou seja, há a possibilidade de revelia no processo penal, contudo, ela não produz a confissão ficta e
tem como único efeito prático a desnecessidade de intimação do acusado para prática dos atos processuais,
salvo em relação à sentença condenatória, da qual deve ser cientificado.
VIII. Confissão delatória: Também é conhecida como CHAMAMENTO DE CORRÉU ou DELAÇÃO PREMIADA.
● Materialização da delação premiada: Na prática (de lege ferenda) vem sendo lavrado um acordo
sigiloso entre a acusação e a defesa (quase um contrato), a ser submetido à homologação do juiz.
● Valor probatório da delação premiada: Para a jurisprudência do STF, uma delação premiada, por si
só, NÃO é fundamento idôneo para a condenação, devendo estar respaldada por outros elementos
probatórios.
e) Características:
● Ato personalíssimo: Não se pode transmitir o poder de confessar, apenas o acusado pode confessar.
● Ato livre e espontâneo: O acusado possui direito ao silêncio, irá optar por confessar ou não o ato
criminoso.
● Ato retratável: Acusado pode se retratar da confissão a qualquer momento, no todo ou em parte
(art. 200).
● Ato divisível: O acusado pode confessar um delito e negar outros. O juiz pode considerar verdadeira
apenas uma parte da confissão, não valorando a parte que considerar inverossímil. Ex.: Juiz aceita a
confissão do ato, mas repudia a alegação de fato impeditivo (excludente de culpabilidade).
a) Conceito de Testemunha:
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É toda pessoa humana capaz de depor e que seja estranha ao processo, chamada a se manifestar
sobre fato percebido por seus sentidos e relativos à causa.
Qualquer pessoa física pode ser testemunha, conforme art. 202 do CPP:
b) Deveres da Testemunha:
I. Dever de Depor:
Em regra, toda pessoa possui a obrigação de depor. Percebe-se que a testemunha, ao contrário do
acusado, não tem direito ao silêncio, com exceção das hipóteses em que sua manifestação puder lhe
incriminar (nemo tenetur se detegere).
No entanto, aqui também existem exceções ao dever de depor. Vejamos: O art. 206 enumera alguns
parentes do acusado que PODEM SE RECUSAR a prestação de depoimento, salvo quando não existir outros
meios de comprovar o fato probando. Estão incluídos neste rol o ascendente ou descendente, o afim em
linha reta, o cônjuge, ainda que separado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado (art. 206)
Conforme o art. 207 do CPP, SÃO PROIBIDAS de depor as pessoas que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
quiserem dar o seu testemunho. São exemplos o advogado, o padre, o psicólogo, o médico etc.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho.
O advogado, mesmo desobrigado pela parte interessada, está proibido de depor (art. 7º, inc. XIX, da
Lei 8.906/94).
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Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os
documentos do caso, não pode depor como testemunha no processo porque a
conduta da parte demonstra que ela não liberou o causídico do sigilo profissional
que ele deve respeitar. STF. 2ª Turma. Rcl 37235/RR. Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/2/2020 (Info 967).
Uma vez intimada, a testemunha é obrigada a comparecer (na mesma comarca em que reside), sob
a pena de não o fazendo ser conduzida coercitivamente.
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453,
sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao
pagamento das custas da diligência.
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1. Pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou velhice, serão inquiridas onde estiverem (art. 220);
2. Pessoas enumeradas no art. 221 serão inquiridas em dia, hora e local previamente ajustados
entre elas e o juiz.
STF (AP n. 421 - QO) entendeu que a prerrogativa deve ser observada, mas não
significa que o juiz tenha que ficar indefinidamente aguardando a boa vontade das
autoridades listadas.
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ATENÇÃO: o art. 221 está inserido no Capítulo que disciplina a prova testemunhal. Portanto, o dispositivo
NÃO se aplica às hipóteses em que essas autoridades figurarem como acusadas no processo, mas sim
quando forem testemunhas (e o STF admite quando elas forem vítimas). E mais: caso a autoridade não
utilize a prerrogativa do art. 221 no prazo de 30 dias, o STF entende que esse direito se perde.
3. Pessoas residentes em comarcas diversas da que se desenvolva o processo, caso no qual poderão ser
inquiridas pelo juiz de sua comarca, mediante CARTA PRECATÓRIA, ou pelo meio de
VIDEOCONFERÊNCIA.
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz
do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a
precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser
realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e
podendo ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e
julgamento.
É indispensável a intimação quanto a expedição da carta precatória, sob pena de nulidade relativa.
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Porém, cabe a parte diligenciar junto ao juízo deprecado para saber a data da oitiva no juízo deprecado
(Súmula 155 do STF e Súmula 273 do STJ).
Aqui, entra, também, a CARTA ROGATÓRIA, prevista no CPP. O artigo 222-A foi introduzido ao CPP
pela Lei n. 11.900/09. Na AP. n. 470 – QO n. 4, o Supremo entendeu que o dispositivo seria plenamente
constitucional em razão da boa-fé.
Toda testemunha tem o dever de prestar o compromisso de dizer a verdade (art. 203 do CPP).
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Lembrando que, quando o depoimento puder lhe incriminar, a testemunha poderá fazer invocar o
direito ao silêncio, desdobramento do princípio da não autoincriminação.
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade
do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu
estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é
parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer
delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as
circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
As exceções são:
1. Parentes próximos do réu (art. 206 c/c 208 do CPP);
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e
deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se
refere o art. 206.
2. Menor de 14 anos;
3. Deficientes mentais (art. 208 do CPP).
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho.
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NÚCLEO DURO
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CP Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu
o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
Pergunta-se: A testemunha que não presta compromisso, chamada de informante, pode praticar o
delito do art. 342 CP?
R.: Há divergência de entendimento.
1ª C: Toda testemunha, compromissada ou não pode ser sujeito ativo do crime do art. 342, a lei não
diferencia, logo não cabe ao intérprete fazê-lo. Não bastasse, a testemunha não compromissada, pode servir
como argumento de condenação ou absolvição. Quem falou que o juiz não pode utilizar o testemunho de
um informante para basear seu julgamento? Em outras palavras: qualquer testemunha poderá praticar o
crime do art. 342 do CP, pois este tipo penal não traz o compromisso de dizer a verdade como uma elementar
do crime de falso testemunho.
2ªC: Se a lei não submete a testemunha informante ao compromisso de dizer a verdade, NÃO pode
cometer o ilícito do art. 342. Ora, se a própria lei não colhe delas o compromisso de dizer a verdade, a lei
não pode cobrar. PREVALECE.
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NÚCLEO DURO
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c) Espécies de Testemunhas:
● Testemunhas Numerárias: São aquelas arroladas pelas partes e que prestam o compromisso legal, sendo
computadas para efeito de aferição do número máximo de testemunhas legalmente permitido.
● Testemunhas Extranumerárias: São aquelas que não são computadas no número de testemunhas
legalmente permitido, podendo ser ouvidas em número ilimitado. Incluem-se as testemunhas ouvidas
por iniciativa do juiz, testemunhas arroladas pelas partes que não prestam compromisso legal e
testemunhas que nada sabem dos fatos (art. 209 do CPP).
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além
das indicadas pelas partes.
§1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas
se referirem.
§2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse
à decisão da causa.
● Testemunhas Diretas: São aquelas que depõem sobre fatos que PRESENCIOU. São as chamadas
testemunhas visuais.
● Testemunhas Indiretas: São aquelas que depõem sobre fatos que OUVIU DIZER (hear say). Seu
depoimento possui menor valor probatório.
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NÚCLEO DURO
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● Testemunhas Próprias: São aquelas que prestam declarações sobre a infração penal.
● Testemunhas Laudadoras ou de Beatificação: São aquelas que prestam declarações relacionadas aos
antecedentes do réu.
● Testemunhas Impróprias, Instrumentárias ou Fedatárias: São aquelas que prestam declarações sobre a
regularidade de um ato do processo ou do inquérito policial, e não sobre a própria infração penal. Ex.:
testemunhas de apresentação que são chamadas para presenciar o auto de prisão em flagrante.
● Informantes: São aquelas testemunhas que não prestam o compromisso legal, como por exemplo, o filho
ou a mãe do réu, que são chamadas para depor (art. 206 CPP).
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● Testemunhas Referidas: São aquelas mencionadas (referidas) por outras testemunhas já ouvidas, não
entrando no número permitido (art. 209, §1º CPP).
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além
das indicadas pelas partes.
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas
se referirem.
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado de Goiás 2022): As testemunhas referidas não devem ser computadas para fins do
número máximo de testemunhas a serem ouvidas - item considerado correto.
De acordo com o STF, não há nenhuma inconstitucionalidade, tendo em vista que visa à preservação da
integridade da testemunha.
● Testemunhas Ausentes: São aquelas que não comparecem para depor em juízo. Assim, elas podem até
já ter sido ouvidas durante a fase investigatória, mas por algum motivo não compareceram em juízo para
prestar seu depoimento. Ex.: morreram, estão com medo.
● Testemunhas da Coroa: São aqueles depoimentos prestados pelo agente infiltrado. Esta figura foi
prevista em alguns diplomas, como a Lei n. 12.850/2013 e a Lei n. 11.343/2006. O agente infiltrado é o
policial que, mediante autorização judicial, ingressa em uma organização criminosa, colhendo material
probatório acerca das práticas delitivas.
● Testemunhas Vulneráveis e “depoimento sem dano”: Salienta-se que não são apenas as pessoas do art.
217-A do CP. Segundo a doutrina, também podem ser incluídas como testemunhas vulneráveis pessoas
idosas ou em situações de vulnerabilidade, como a de violência doméstica ou familiar contra a mulher.
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Durante muitos anos as pessoas vulneráveis eram ouvidas sem nenhum cuidado. Para contornar as
consequências, como a revitimização, foi construído doutrinariamente o que se chamou de depoimento sem
dano. Posteriormente, foi positivado, sendo denominado de Depoimento Especial.
Lei 13.431/17:
Art. 7º: Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de
violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado
o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade.
Art. 8º: Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente
vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária.
Art. 9º: A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda
que visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente
ameaça, coação ou constrangimento.
Art. 10: A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local
apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a
privacidade da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência.
Art. 11: O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível,
produção antecipada de prova judicial,
será realizado uma única vez, em sede de
garantida a ampla defesa do investigado.
§ 1º: O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova:
I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;
II - em caso de violência sexual.
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conversa em tom mais informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma
relação de confiança entre ele e a vítima. O juiz, o Ministério Público, o réu e o
Advogado/Defensor Público acompanham, em tempo real, o depoimento em outra
sala por meio de um sistema audiovisual que está gravando a conversa do técnico
com a vítima. A Lei nº 13.431/2017 trouxe regras para a realização do depoimento
sem dano. No entanto, mesmo antes desta Lei, o STJ já entendia que era válida, nos
crimes sexuais contra criança e adolescente, a inquirição da vítima na modalidade
do “depoimento sem dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em
desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecução penal, mediante
prova antecipada. Assim, mesmo antes da Lei nº 13.431/2017, não configurava
nulidade por cerceamento de defesa o fato de o defensor e o acusado de crime
sexual praticado contra criança ou adolescente não estarem presentes na oitiva da
vítima devido à utilização do método de inquirição denominado “depoimento sem
dano”. STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
24/2/2015 (Info 556).
O art. 212 estabeleceu o método de inquirição direta das testemunhas (sistema de inquirição direta
ou cross examination). Isso porque, com a reforma do CPP, operada pela Lei nº 11.690/2008, a participação
do juiz na inquirição das testemunhas foi reduzida ao mínimo possível. A ideia é justamente que o
depoimento não seja conduzido pelo juiz e sim pelas partes, podendo o juiz intervir apenas excepcionalmente
a título complementar. Desse modo, as perguntas agora são formuladas diretamente pelas partes (MP e
defesa) às testemunhas.
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Pergunta-se: O que acontece se o juiz não obedecer a esta regra? O que ocorre se o juiz iniciar as
perguntas, inquirindo a testemunha antes das partes?
R.: Existem duas correntes sobre o tema.
1ª C: Se o juiz inicia as perguntas há inobservância do art. 212 do CPP, o que gera a nulidade do ato. É
como se fosse uma nulidade absoluta.
2ª C: O fato de o juiz iniciar a inquirição das testemunhas pode gerar, quando muito, nulidade
relativa, cujo reconhecimento depende da demonstração do prejuízo para a parte que a suscita. Assim, não
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deve ser acolhida a alegação de nulidade em razão da não observância da ordem de formulação de perguntas
às testemunhas, estabelecida pelo art. 212 do CPP, se a parte não se desincumbiu do ônus de demonstrar o
prejuízo decorrente da inversão da ordem de inquirição das testemunhas. A demonstração de prejuízo, a
teor do art. 563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade.
Jurisprudência em Teses (Ed. 69): Tese 12: A inquirição das testemunhas pelo Juiz
antes que seja oportunizada às partes a formulação das perguntas, com a inversão
da ordem prevista no art. 212 do Código de Processo Penal, constitui nulidade
relativa.
Não é possível anular o processo, por ofensa ao art. 212 do Código de Processo
Penal, quando não verificado prejuízo concreto advindo da forma como foi
realizada a inquirição das testemunhas, sendo certo que, segundo entendimento
consolidado neste Superior Tribunal, o simples advento de sentença condenatória
não tem o condão, por si só, de cristalizar o prejuízo indispensável para o
reconhecimento da nulidade. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1493757/SP, Rel. Min.
Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/04/2020.
A inquirição das testemunhas pelo juiz antes que seja oportunizada a formulação
das perguntas às partes, com a inversão da ordem prevista no art. 212 do Código
de Processo Penal, constitui nulidade relativa. Não havendo demonstração do
prejuízo, nos termos exigidos pelo art. 563 do mesmo estatuto processual, não se
procede à anulação do ato. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 578.934/SP, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 02/06/2020.
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IMPORTANTE!
(1) Por quanto tempo o prazo prescricional ficaria suspenso?
O tema era alvo de divergência jurisprudencial. No entanto, o STF, aderindo à posição já consolidada e
sumulada do STJ, passou a entender que, no caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso
pelo tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime. Veja:
Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes previstos na
Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo
prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o
processo permanecer suspenso. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a
produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no art. 312. STF. Plenário. STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 438) (Info 1001).
No mesmo sentido: Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo
da pena cominada.
(2) Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada a sua
oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências
e, se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse argumento é aceito pela
jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins
do art. 366 do CPP?
SIM. É a posição do STJ.
O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate à criminalidade faz com que ele
presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma das ocorrências acabam se
perdendo em sua memória. Essa peculiaridade justifica que os policiais sejam ouvidos como produção
antecipada da prova testemunhal, pois além da proximidade temporal com a ocorrência dos fatos
proporcionar uma maior fidelidade das declarações, possibilita ainda o registro oficial da versão dos fatos
vivenciados por ele, o que terá grande relevância para a garantia da ampla defesa do acusado, caso a defesa
técnica repute necessária a repetição do seu depoimento por ocasião da retomada do curso da ação penal.
Nesse sentido: AgRg no AREsp 1.995.527-SE, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 19/12/2022, DJe 21/12/2022.
O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos. Exemplos:
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· Não admitindo: STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015;
· Admitindo: STF. 2ª Turma. HC 135386, Rel. Ricardo Lewandowski, Relator(a) p/ Acórdão: Gilmar Mendes,
julgado em 13/12/2016.
O valor probatório da prova testemunhal é RELATIVO. O juiz deve confiar nos depoimentos, posto
que prestados sob compromisso, desde que não estejam em desacordo evidente com os demais elementos
de prova constante nos autos.
Sempre houve intensa divergência na doutrina e jurisprudência a respeito da credibilidade do
depoimento policial enquanto prova testemunhal. Vejamos:
1ª C (doutrina majoritária / Tribunais Superiores): Não há ressalvas, em princípio, quanto à prova
policial, porque como se dá credibilidade ao depoimento de qualquer cidadão comum, não há de ser
diferente com o policial até porque, enquanto agente da administração pública, goza de fé pública
(presunção relativa de legitimidade dos seus atos).
Jurisprudência em Teses STJ – Ed. 105, nº 6: É válido e revestido de eficácia
probatória o testemunho prestado por policiais envolvidos em ação investigativa
ou responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia com as
demais provas dos autos e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla
defesa.
2ª C (Camargo Aranha): Como a investigação foi conduzida pelos policiais é certo que possuem
interesse na condenação do réu, o que legitimaria toda a investigação realizada, não sendo tais depoimentos,
portanto, desinteressados. Entendimento que não tem penetração jurisprudencial.
No informativo 756, a 5ª Turma do STJ trouxe um importante julgado a respeito do tema:
O testemunho prestado em juízo pelo policial deve ser valorado, assim como
acontece com a prova testemunhal em geral, conforme critérios de coerência
interna, coerência externa e sintonia com as demais provas dos autos. (5ª T. STJ,
AREsp 1.936.393-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 25/10/2022, DJe 08/11/2022.)
Trata-se do procedimento disciplinado nos art. 226 a art. 228, do CPP e que merece especial
destaque em razão das diversas discussões jurisprudenciais pelas quais a temática passou nos
últimos anos.
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2ª C: SIM, pois o procedimento constitui garantia mínima ao acusado. Nesse sentido, julgado da 6ª
Turma do STJ, que promoveu uma virada jurisprudencial e fixou as seguintes conclusões:
● O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226 do Código de
Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem se encontra na
condição de suspeito da prática de um crime;
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NÚCLEO DURO
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Ainda, houve decisão do STF sobre o reconhecimento de pessoas no mesmo sentido da 6ª Turma:
Nesse sentido, tem-se que o reconhecimento (fotográfico ou presencial) efetuado pela vítima, em
sede inquisitorial, não constitui evidência segura da autoria do delito, dada a falibilidade da memória
humana, que se sujeita aos efeitos tanto do esquecimento, quanto de emoções e de sugestões vindas de
outras pessoas que podem gerar “falsas memórias”, além da influência decorrente de fatores, como, por
exemplo, o tempo em que a vítima esteve exposta ao delito e ao agressor; o trauma gerado pela gravidade
do fato; o tempo decorrido entre o contato com o autor do delito e a realização do reconhecimento; as
condições ambientais (tais como visibilidade do local no momento dos fatos); estereótipos culturais (como
cor, classe social, sexo, etnia etc.).
Note que, acerca da temática de reconhecimento fotográfico, ainda, a 6ª Turma do STJ decidiu que
“no caso em que o reconhecimento fotográfico na fase inquisitorial não tenha observado o procedimento
legal, mas a vítima relata o delito de forma que não denota riscos de um reconhecimento falho, dá-se
ensejo a distinguishing quanto ao acórdão do HC 598.886/SC, que invalida qualquer reconhecimento
formal - pessoal ou fotográfico - que não siga estritamente o que determina o art. 226 do CPP.” (STJ. 6a
Turma. REsp 1.969.032-RS, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 17/05/2022, DJe 20/05/2022. - Info 739)
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Note, por oportuno, que o Julgado no informativo 739 não supera o entendimento do Info 684 (O
art. 226 do CPP estabelece formalidades para o reconhecimento de pessoas - reconhecimento pessoal - e o
descumprimento dessas formalidades enseja a nulidade do reconhecimento), pois, no julgamento do HC
598.886/SC, da relatoria do Min. Rogério Schietti Cruz, decidiu a Sexta Turma, revendo anterior
interpretação, no sentido de que se "determine, doravante, a invalidade de qualquer reconhecimento formal
- pessoal ou fotográfico - que não siga estritamente o que determina o art. 226 do CPP, sob pena de
continuar-se a gerar uma instabilidade e insegurança de sentenças judiciais que, sob o pretexto de que outras
provas produzidas em apoio a tal ato - todas, porém, derivadas de um reconhecimento desconforme ao
modelo normativo - autorizariam a condenação, potencializando, assim, o concreto risco de graves erros
judiciários".
Além disso, é importante observar que o entendimento do STF (2ª Turma. RHC 206846/SP) conforme
exposto acima também é pela nulidade.
Por fim, a título de complementação, a posição pacífica da 5ª Turma ERA em sentido contrário de
que as disposições contidas no art. 226 do CPP configuram uma recomendação legal, e não uma exigência
absoluta. Assim, entendia que era válido o ato mesmo que realizado de forma diversa da prevista em lei (STJ.
5ª Turma. AgRg no AREsp 1665453/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/06/2020). Contudo, a
Turma se ajustou no HC 694.083/PB, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado
em 23/11/2021, DJe 29/11/2021:
O reconhecimento fotográfico serve como prova apenas inicial e deve ser
ratificado por reconhecimento presencial, assim que possível. E, no caso de uma
ou ambas as formas de reconhecimento terem sido efetuadas, em sede inquisitorial,
sem a observância (parcial ou total) dos preceitos do art. 226 do CPP e sem
justificativa idônea para o descumprimento do rito processual, ainda que
confirmado em juízo, o reconhecimento falho se revelará incapaz de permitir a
condenação, como regra objetiva e de critério de prova, sem corroboração do
restante do conjunto probatório, produzido na fase judicial.
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É ilícita a prova obtida por meio de reconhecimento fotográfico judicial que não
observou o art. 226 do Código de Processo Penal, sendo devida a absolvição
quando as provas remanescentes são tão somente a confissão extrajudicial,
integralmente retratada em Juízo, e a apreensão de um dos bens subtraídos,
meses após os fatos, efetivada no curso das investigações, o qual estava com um
dos acusados que não foi reconhecido por nenhuma das vítimas. REsp 1.996.268-
GO, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 11/4/2023
CAIU EM PROVA - Delegado - PCAM (2022): Sobre o reconhecimento fotográfico, de acordo com a atual
orientação do STJ, é correto afirmar que o reconhecimento fotográfico realizado na investigação serve
apenas como prova inicial, dependendo de posteriormente haver reconhecimento pessoal (item correto).
Desse modo, se declarada a irregularidade do ato, eventual condenação já proferida poderá ser
mantida, se fundamentada em provas independentes e não contaminadas.
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A busca é uma diligência cujo objetivo é encontrar pessoas ou coisas. Por outro lado, apreensão é
uma medida de constrição, em que a pessoa ou a coisa será colocada sob a custódia do estado.
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NÚCLEO DURO
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● Objeto: Podem ser objeto tanto pessoas quanto coisas, nos termos do art. 240 do CPP.
● Espécies de Busca:
● Busca pessoal por razões de segurança: Relacionado ao Poder de Polícia. Cita-se, como exemplo, a
busca pessoal feita antes de entrar em estádios, em parques, em festas. Não há necessidade de
fundada suspeita. A pessoa pode se recusar e, com isso, ser impedida de entrar no local.
● Busca pessoal de natureza processual penal: Prevista no §2º do art. 240 do CPP.
Art. 240, § 2º: Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de
que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f
e letra h do parágrafo anterior.
Perceba que, para haver busca pessoal, é necessária a fundada suspeita. Nesse sentido:
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NÚCLEO DURO
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STF: “(...) A fundada suspeita prevista no art. 244 do CPP não pode fundar-se em
parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a
necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso,
de elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de
que trajava, o paciente, um ‘blusão’ suscetível de esconder uma arma, sob risco de
referendo a condutas arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e
caracterizadoras de abuso de poder”. (STF, 1ª Turma, HC 81.305/GO, Rel. Min. Ilmar
Galvão, DJ 22/02/2002 p. 35).
Além disso, a busca pessoal de natureza processual penal não depende de autorização judicial
prévia, nos termos do art. 244 do CPP:
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NÚCLEO DURO
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ATENÇÃO: O entendimento do STJ é no sentido de que a realização de busca pessoal só pode ser feita por
forças policiais, não sendo lícita busca por pessoas que não sejam policiais, pois violaria o princípio da
legalidade (art. 5º, II, CF/88), ou seja, deve ser dada uma interpretação restritiva. REsp 2.005.007-TO, Dje
19/09/2022.
Policiais não podem fazer a revista pessoal unicamente pelo fato de acharem que
o suspeito demonstrou nervosismo ao avistá-los. 1. A percepção de nervosismo
do averiguado por parte de agentes públicos é dotada de excesso de subjetivismo
e, por isso, não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca
pessoal, medida invasiva que exige mais do que mera desconfiança fundada em
elementos intuitivos. 2. À falta de dados concretos indicativos de fundada suspeita,
deve ser considerada nula a busca pessoal amparada na impressão de nervosismo
do Acusado por parte dos agentes públicos. 3. Recurso especial provido, a fim de
anular as provas obtidas ilicitamente, bem como as provas delas decorrentes e, em
consequência, absolver o Recorrente, nos termos do art. 386, inciso II, do Código
de Processo Penal. (REsp n. 1.961.459/SP, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta
Turma, julgado em 5/4/2022, DJe de 8/4/2022.)
Segundo o inciso II do art. 5º da Constituição Federal “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Na hipótese, o agente não tinha a obrigação de se sujeitar à
revista pessoal. Isso porque não existe lei autorizando que esse ato seja feito pelos seguranças privados do
metrô. Vale ressaltar que esses agentes de segurança não podem nem sequer ser equiparados a guardas
municipais, já que são empregados de uma sociedade de economia mista operadora de transporte ferroviário
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– CLT.
no Estado de São Paulo, sendo regidos, portanto, pela Consolidação das Leis do Trabalho
Inviolabilidade domiciliar: A CF, em seu art. 5º, XI, prevê que a casa é o asilo inviolável do indivíduo.
Art. 5º, XI: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
ATENÇÃO:
O simples fato de o acusado ter antecedente por tráfico de drogas não autoriza a
realização de busca domiciliar, porquanto desacompanhado de outros indícios
concretos e robustos de que, nesse momento específico, ele guarda drogas em
sua residência. Mesmo se ausente coação direta e explícita sobre o acusado, as
circunstâncias de ele já haver sido preso em flagrante pelo porte da arma de fogo
em via pública e estar detido, sozinho - sem a oportunidade de ser assistido por
defesa técnica e sem mínimo esclarecimento sobre seus direitos -, diante de dois
policiais armados, poderiam macular a validade de eventual consentimento para a
realização de busca domiciliar, em virtude da existência de um constrangimento
ambiental/circunstancial (HC 762.932-SP, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta
Turma, por unanimidade, julgado em 22/11/2022, DJe 30/11/2022).
A confissão do réu, por si só, não autoriza a entrada dos policiais em seu domicílio,
sendo necessário que a permissão conferida de forma livre e voluntária pelo
morador seja registrada pela autoridade policial por escrito ou em áudio e vídeo.
AgRg no AREsp 2.223.319-MS, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 9/5/2023, DJe 12/5/2023
a) Conceito de casa:
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NÚCLEO DURO
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O conceito de “casa” pode ser extraído do art. 150 do CP, que prevê o crime de violação de domicílio.
ATENÇÃO: Salienta-se que, de acordo com o STJ, a habitação em prédio abandonado de escola municipal
pode caracterizar o conceito de domicílio em que incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da
Constituição Federal.
ATENÇÃO: Salienta
-se que, de acordo com o STF, os estabelecimentos empresariais podem ser considerados
como “casa”, quando não forem abertos ao público.
STF: “(...) Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, IX, CF). Busca e apreensão em
estabelecimento empresarial. Estabelecimentos empresariais estão sujeitos à
proteção contra o ingresso não consentido. Não verificação das hipóteses que
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NÚCLEO DURO
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ATENÇÃO: NÃO há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em
apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a
aparente ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática
de crime permanente. STJ. 5ª Turma. HC 588445-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
25/08/2020 (Info 678).
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): Agente de polícia civil não poderá realizar buscas sem
- item considerado correto.
mandado judicial em trailer estacionado onde se domicilia pessoa
IMPORTANTE!
Pergunta-se: Na hipótese de suspeita de flagrância delitiva, qual a exigência, em termos de
standard probatório, para que policiais ingressem no domicílio do suspeito sem mandado judicial?
R.: A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do
suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que
autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a
operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo. STJ, 6ª Turma.
HC 598051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
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b) Conceito de dia:
Não há na doutrina consenso acerca do que seria dia em virtude das dimensões continentais do
território brasileiro de modo que o nascer e o pôr do sol ocorrem em horários diversos a depender da região
do país.
Parte da doutrina advoga a utilização de um critério cronológico, por ser mais seguro, considerando
como dia o período compreendido entre às 6h e 18h ou entre às 6h e 20h (pautado no art. 212 do CPC). De
outro lado, há quem defenda a adoção do critério físico-astronômico, considerando como dia o período
compreendido entre a aurora e o crepúsculo (enquanto houver luz solar).
A Lei de Abuso de Autoridade trouxe previsão do prazo de: “III - cumpre mandado de busca e
apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas)”. Positivou, pelo menos
para fins de tipificação de abuso de autoridade, o conceito de “noite” e, a contrário sensu, também o de “dia”
– entre 5h e 21h.
Já existem vozes na doutrina defendendo a inconstitucionalidade do conceito de noite (e de dia)
constante do art. 22, §1º, III, da Lei n. 13.869/19. Se a Constituição Federal autoriza o ingresso em domicílio
alheio exclusivamente durante o dia, é inadmissível que o legislador infraconstitucional venha a afirmar que
um mandado de busca domiciliar possa ser cumprido às 20h59min, quando certamente o sol já terá
desaparecido no horizonte. (AZEVEDO, André Boiani).
Em sentido contrário, defende Renato Brasileiro que:
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competente, poderá invadir o domicílio entre as 5h (cinco horas) e 21h (vinte e uma
horas), pouco importando se já há, ou ainda perdura, respectivamente, a luz solar,
eis que a lei não fez nenhuma referência ao critério físico-astronômico, hipótese
em que a prova obtida será considerada lícita. Por outro lado, cumprido o mandado
antes das 5h (cinco) horas e depois de 21h (vinte e uma horas), para além da
ilicitude das provas então obtidas, o crime restará caracterizado, mesmo quesol
o
já tenha raiado, naquele caso, ou que ainda perdure a luz do sol, nesta última
hipótese” (in Manual de Processo Penal, edição 2020, páginas 797 e 798)
De todo modo, o importante é que o início do cumprimento do mandado se dê durante o dia, ainda
que eventualmente se prolongue por um período durante a noite.
Segundo o Professor Leonardo Barreto, a busca exploratória é a permissão conferida, por meio de ordem
judicial, a agentes policiais ou executores para realizarem diligência sem qualquer arrecadação ou apreensão
de elementos informativos considerados pertinentes às investigações. Ela pretende apenas e tão somente
efetuar o registro dos elementos no ambiente ou promover a instalação de equipamentos de captação
ambiental, de forma discreta, para melhor avaliação quanto à deflagração da operação.
O ingresso e a exploração na busca domiciliar exploratória do local deve ser delineado pela ausência de
publicidade e sigilo total, sem incluir o que preconiza o art. 245 do CPP, que disciplina o procedimento de
busca e determina a ciência ao morador ao teor do mandado judicial.
O instituto da busca exploratória, implementada no curso da denominada “Operação Hurricane”, no Inquérito
2.424 (STF), em investigação que visava desarticular organização criminosa envolvendo magistrados (entre
eles um ministro do Superior Tribunal de Justiça), um procurador regional da República e um advogado, na
suposta prática dos crimes de quadrilha, corrupção passiva e prevaricação. Trata-se, portanto, de um meio
(excepcional) de obtenção de prova. Como um meio atípico e oculto de produção de provas consistente na
busca de elementos probatórios em local de acesso restrito e, na hipótese de sua localização, na realização
dos devidos registros sem que os investigados tenham conhecimento da ação realizada. Na hipótese
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submetida ao crivo do Excelso Pretório houve, ainda, a instalação de equipamento de captação ambiental.
Com relação à realização da busca exploratória em período noturno, pode ser excepcionada, como o fez o
Supremo Tribunal Federal no referido julgamento, a regra do art. 5º, XI, da Constituição da República,
permitindo-se sua realização com fulcro na aplicação do princípio da proporcionalidade, “pois a situação não
se encontrava acobertada pela inviolabilidade constitucional”, considerando-se, ainda, a manifesta
impossibilidade de realização da diligência durante o período diurno, quando o escritório desenvolve
regularmente suas atividades. Vale lembrar que foi autorizado o ingresso sigiloso da autoridade policial,
durante a noite, a fim que procedesse ao registro e análise de sinais obtidos no escritório do investigado,
mediante duas modalidades de diligências: primeiro, a busca exploratória, em que se diligenciou a fim de
identificar elementos de prova no local, efetuando-se os devidos registros; segundo, para instalação de
equipamentos de captação de sinais acústicos.
A partir desse julgado, desde 2010, tem-se uma inovação jurisprudencial no instituto da busca domiciliar: o
agente policial ingressa no local e não efetua arrecadação ou apreensão de elementos considerados
pertinentes, mas apenas efetua o registro deles por fotografias, filmagens ou mesmo scanners portáteis. Em
razão de lógica investigativa, o ingresso e a exploração têm por diretriz a ausência de publicidade e sigilo, sem
a aplicação do artigo 245 do Código de Processo Penal.
O mandado de busca e apreensão só pode ser executado durante o dia. Por outro lado, em havendo
flagrante delito, desastre ou necessidade de prestar socorro, será possível afastar a garantia da
inviolabilidade domiciliar.
Veja um dos exemplos fixados em repercussão geral pelo STF:
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Obs.: Destaca-se que o STF entendeu que, excepcionalmente, no caso de Interceptação ambiental,
seria possível o ingresso no período noturno, justamente para garantir a efetividade da medida.
c) Reserva de jurisdição:
Certos direitos e garantias só podem sofrer restrição com base em ordem de autoridade judiciária
competente. É o que acontece com a violação do domicílio, sujeita à cláusula de reserva de jurisdição, de
modo que apenas o juiz pode determinar.
ATENÇÃO!
Para o STJ, a ausência de individualização das medidas de busca e apreensão contraria diversos
dispositivos legais, como os arts. 240, 242, 244, 245, 248 e 249 do CPP, bem como o art. 5º, XI, da CF/88, que
traz como direito fundamental a inviolabilidade do domicílio. É indispensável que o mandado de busca e
apreensão tenha objetivo certo e pessoa determinada, não se admitindo ordem judicial genérica.
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(2) NÃO existe exigência legal de que o mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de documento a ser
apreendido, ainda que de natureza sigilosa.
Situação hipotética: João, médico, estava sendo investigado por, supostamente, ter adulterado
prontuários de pacientes internados em clínica psiquiátrica, com o objetivo de camuflar ilicitudes que
ocorriam no local. A autoridade policial formulou representação ao juiz pedindo a busca e apreensão na
clínica psiquiátrica e na residência do investigado. O magistrado deferiu a medida e a polícia apreendeu
diversos prontuários médicos que haviam sido assinados pelo investigado.
João impetrou habeas corpus alegando que a apreensão foi ilícita, considerando que na decisão que
autorizou a medida não existia autorização específica para a apreensão de prontuários médicos. Segundo a
defesa, os prontuários são documentos sigilosos e, portanto, só poderiam ter sido recolhidos com
autorização judicial específica.
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Além da ordem judicial, a autorização expressa do morador para a busca e apreensão constitui a
outra exceção à garantia da inviolabilidade domiciliar.
Para ser válido, o consentimento tem que ser dado pela pessoa que tem o poder de disposição da
intimidade e da vida privada. Entretanto, em havendo divergência entre os moradores presentes,
prevalecerá sempre o dissenso, pois não se pode dispor da intimidade.
Quanto ao tema, o STJ entendeu ser válida a autorização expressa para busca e apreensão em sede
de empresa investigada dada por pessoa que age como sua representante.
Imagine a seguinte situação hipotética: Foi instaurado inquérito policial para apurar crimes contra a
administração pública que teriam sido praticados pelos sócios de uma sociedade empresária. Após
representação da autoridade policial, o juiz deferiu medida cautelar de busca e apreensão a ser cumprida na
sede da empresa. No mandado de busca e apreensão, constou o seguinte endereço: Rua Um, nº 418, Bairro
Nova Paulista. Os policiais se dirigiram até o local e fizeram o cumprimento do mandado. Ocorre que foram
informados de que naquele imóvel funciona apenas a filial da empresa e que os documentos contábeis
(objeto do mandado) ficavam em outra unidade, situada no Centro, esta sim a sede da empresa. O Delegado
de Polícia foi até a Delegacia para preparar nova representação dirigida ao juiz para estender a autorização
judicial de busca e apreensão para esse outro local. Enquanto isso, uma equipe da Polícia resolveu se dirigir
até a sede da empresa, no Centro, a fim de já localizar o imóvel e se preparar para a chegada da ordem
judicial. Chegando até a sede da empresa no Centro, os policiais foram recebidos por Talita, que se
apresentou como pessoa responsável pela empresa. Talita concedeu autorização por escrito, assinada por
ela e mais duas testemunhas, permitindo a entrada dos policiais e a realização da busca e apreensão no
interior do imóvel.
A medida foi cumprida, tendo sido apreendidos diversos documentos da empresa. Posteriormente,
alegou-se a nulidade da prova considerando que a mulher que concedeu a autorização não seria mais sócia
da empresa, sendo mera funcionária, sem poderes para permitir a entrada dos policiais no imóvel.
Nesse caso, a autorização foi válida? SIM. A mulher que concedeu a autorização, embora tenha
deixado de ser formalmente sócia, continuou assinando documentos como representante da empresa. A
evidência de que ela ainda agia como representante da empresa é reforçada pelo fato de que tinha a chave
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do escritório sede da empresa e livre acesso a ele, não tendo sido barrada por nenhum dos empregados que
estavam no local, nem mesmo pelo advogado da empresa que acompanhou toda a diligência.
● Conceito: Fishing expedition consiste em “uma investigação especulativa indiscriminada, sem objetivo
certo ou declarado, que ‘lança’ suas redes com a esperança de ‘pescar’ qualquer prova, para subsidiar
uma futura acusação. Ou seja, é uma investigação prévia, realizada de maneira muito ampla e genérica
para buscar evidências sobre a prática de futuros crimes. Como consequência, não pode ser aceita no
ordenamento jurídico brasileiro, sob pena de malferimento das balizas de um processo penal
democrático de índole Constitucional.” (MELO SILVA,
E Philipe Benoni. Fishing Expedition: a pesca
predatória por provas por parte dos órgãos de investigação).
Nas palavras do Min. Gilmar Mendes, a prática da fishing expedition consiste em “investigações genéricas
para buscar elementos incriminatórios aleatoriamente, sem qualquer embasamento prévio” (HC 163461).
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busca e apreensão. (HC 674.139/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 15/02/2022, DJe 24/02/2022).
CAIU EM PROVA:
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): De acordo com o entendimento dos tribunais superiores, é
lícita a prova obtida:
a) em revista pessoal feita por agentes de segurança privada que trabalham em estação de metrô.
b) por busca e apreensão de documento no interior de veículo automotor utilizado para passeio, sem prévia
autorização judicial.
c) pela polícia, por meio da extração de conversas do celular apreendido do preso no momento do flagrante,
sendo desnecessária prévia autorização judicial.
d) por meio de revista íntima realizada em visitante de estabelecimento prisional, ainda que motivada por
denúncia anônima.
e) por meio de abertura de cartas, correspondências ou qualquer encomenda postada nos Correios.
Gabarito: letra b.
Não é possível aplicar multa contra o WhatsApp pelo fato de a empresa não
conseguir interceptar as mensagens trocadas pelo aplicativo e que são protegidas
por criptografia de ponta a ponta. Caso concreto: o juiz expediu ordem para que o
WhatsApp interceptasse as mensagens trocadas por determinados investigados,
suspeitos de integrarem uma organização criminosa que estariam ainda praticando
crimes. O WhatsApp respondeu que não consegue cumprir a determinação judicial
por impedimentos de ordem técnica. Isso porque as mensagens trocadas via
aplicativo são criptografadas de ponta a ponta. O magistrado não concordou com
o argumento e aplicou multa contra a empresa. Segundo a opinião dos
especialistas, realmente não é possível a interceptação de mensagens
criptografadas do WhatsApp devido à adoção de criptografia forte pelo aplicativo.
Ao utilizar a criptografia de ponta a ponta, a empresa está criando um mecanismo
de proteção à liberdade de expressão e de comunicação privada, garantia
reconhecida expressamente na Constituição Federal (art. 5º, IX). A criptografia é,
portanto, um meio de se assegurar a proteção de direitos que, em uma sociedade
democrática, são essenciais para a vida pública. A criptografia protege os direitos
dos usuários da internet, garantindo a privacidade de suas comunicações. Logo, é
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A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova
ilícita nem deve ser excluída do processo. O exame de corpo de delito deve ser
realizado por perito oficial (art. 159 do CPP). Do ponto de vista estritamente formal,
o perito papiloscopista não se encontra previsto no art. 5º da Lei nº 12.030/2009,
que lista os peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada
por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser
excluída do processo. Os peritos papiloscopistas são integrantes de órgão público
oficial do Estado com diversas atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar
da Justiça. Não deve ser mantida decisão que determinava que, quando o réu fosse
levado ao Plenário do Júri, o juiz-presidente deveria esclarecer aos jurados que os
papiloscopistas – que realizaram o laudo pericial – não são peritos oficiais. Esse
esclarecimento retiraria a neutralidade do conselho de sentença. Isso porque, para
o jurado leigo, a afirmação, pelo juiz, no sentido de que o laudo não é oficial
equivale a tachar de ilícita a prova nele contida. Assim, cabe às partes, respeitado
o contraditório e a ampla defesa, durante o julgamento pelo tribunal do júri,
defender a validade do documento ou impugná-lo. STF. 1ª Turma. HC 174400
AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 24/9/2019 (Info 953).
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3) A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366
do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o
mero decurso do tempo. (Súmula n. 455/STJ)
Tese mitigada: “2. A Terceira Seção desta Corte, flexibilizando o disposto no verbete
sumular n. 455 do STJ, tem entendido que a fundamentação da decisão que
determina a produção antecipada de provas pode limitar-se a destacar a
probabilidade de que, não havendo outros meios de prova disponíveis, as
testemunhas, pela natureza de sua atuação profissional, marcada pelo contato
diário com os fatos criminosos que apresentam semelhanças em sua dinâmica,
devem ser ouvidas com a possível urgência (...) 3. No caso concreto, a única
testemunha de acusação ouvida (um Agente Fiscal de Rendas) exerce profissão que
lida cotidianamente com uma série de fatos tributários semelhantes que, com o
decurso do tempo, podem se nublar ou esvanecer em sua memória, o que justifica
a sua oitiva com urgência. (...) (STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 101.881/SP, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 12/05/2020).
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META 4
CF/88
⦁ Art. 2º
⦁ Art. 76 ao 91
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CF/88
⦁ Art. 2°
⦁ Art. 80, 81 e 83
⦁ Art. 84 a 86 (importantíssimos!!!)
⦁ Art. 90
1. SISTEMA DE GOVERNO
O sistema de governo adotado pela CF/88 é o presidencialista, influenciado pelo sistema norte-
americano.
· No sistema presidencialista, as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo encontram-se nas
mãos de uma única pessoa, o Presidente da República.
· No parlamentarismo, a função de Chefe de Estado é exercida pelo Presidente da República
(República parlamentarista) ou Monarca (monarquia parlamentarista), enquanto a função de Chefe
de Governo, pelo Primeiro-Ministro, chefiando o gabinete.
https://youtu.be/LHbjJ9KV5vc
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a) Âmbito Federal – Exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
b) Âmbito Estadual – Exercido pelo Governador de Estado, auxiliado pelos Secretários e
substituído pelo vice, com as seguintes regras:
· Mandato de 04 anos;
· Eleição no 1º domingo de outubro, e no último domingo de outubro em segundo turno;
· Perderá o mandato o governador que assumir outro cargo ou função na administração direta ou
indireta, salvo posse em concurso público e o art. 38, I, IV e V;
· Subsídio fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa.
d) Âmbito Municipal:
Eleição para prefeito e vice, para mandato de 04 anos, em um só turno, no primeiro domingo de
outubro, e em segundo turno para Municípios com mais de 200 mil eleitores, permitida a reeleição para um
único período subsequente.
e) Âmbito dos Territórios: Governador nomeado pelo Presidente da República, após aprovação do Senado
Federal.
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Conforme já se manifestou o STF, quem tem competência para nomear também tem competência
para “desnomear”.
STF: Reconhece a existência de decretos autônomos e admite o controle por ADI Genérica, em caso
de decreto autônomo revestido de conteúdo normativo.
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Art. 82. O mandato do Presidente da República é de 4 (quatro) anos e terá início em 5 de janeiro
do ano seguinte ao de sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
Presidente da República:
· Sucedido pelo Vice – VACÂNCIA (Impossibilidade definitiva para assunção do cargo)
· Substituído – IMPEDIMENTO (Substituição em caráter temporário – Férias, doença, etc.)
O Vice é o sucessor e substituto natural do Presidente, além de possuir outras atribuições conferidas
em LEI COMPLEMENTAR.
Substitutos eventuais ou legais: Segue a seguinte ordem SUCESSIVA, SEMPRE EM CARÁTER
TEMPORÁRIO:
· Presidente da Câmara dos Deputados;
· Presidente do Senado Federal;
· Presidente do STF.
ÂMBITO ESTADUAL:
· Presidente da Assembleia Legislativa;
· Presidente do TJ local.
Âmbito DF:
· Presidente da Câmara Legislativa;
· Presidente TJDFT.
MUNICÍPIOS:
· Presidente da Câmara Municipal;
· Em alguns casos, Vice- Presidente da Câmara Municipal
* Para Lenza, NÃO seria razoável que o Presidente do TJ assumisse em âmbito Municipal, já que NÃO existe
judiciário Municipal!
2.5.1. Mandato-Tampão
VACÂNCIA DE AMBOS OS CARGOS NOS PRIMEIROS 02 ANOS DE MANDATO: Eleição em 90 dias
depois de aberta a última vaga. Será eleição direta, pelo sufrágio universal, e voto direto e secreto;
VACÂNCIA NOS 02 ÚLTIMOS ANOS DE MANDATO: Eleição em 30 dias após a última vaga, pelo
Congresso Nacional, sendo eleição indireta.
Os eleitos deverão apenas completar o período de seus antecessores => MANDATO TAMPÃO!
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STF: Os Estados podem legislar na hipótese de eleição indireta, definindo o procedimento, mesmo NÃO
havendo lei federal sobre o assunto. Entenderam os Ministros que o modelo federal NÃO é de observância
compulsória e, havendo previsão na CE, poderia a Assembleia Legislativa local disciplinar a matéria, pois no
caso não seria lei materialmente eleitoral (de competência da União), pois apenas regula sucessão
extravagante do Chefe do Executivo.
Obs.: Segundo o STF, réu em processo criminal não pode assumir, como substituto, o cargo de
Presidente da República
Obs.: Constituição Estadual não pode prever que o Governador (ou o Vice) precisará de autorização
para se ausentar do país "em qualquer tempo"; a autorização só pode ser exigida se o período afastamento
for superior a 15 dias
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3. MINISTROS DE ESTADO
3.1. Atribuições
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Logo:
· Crimes de responsabilidade praticados SEM conexão com o Presidente e crimes comuns –
julgamento pelo STF (SEM necessidade de autorização da Câmara);
· Crimes de responsabilidade praticados COM conexão ao Presidente – Julgamento pelo SENADO
FEDERAL (COM necessidade de autorização da Câmara).
4. CONSELHO DA REPÚBLICA
Órgão Superior de consulta do Presidente, e suas manifestações NÃO terão caráter vinculatório aos
atos a serem tomados pelo Presidente.
Se reúne quando convocado e é presidido pelo Presidente da República.
Competências - Se pronunciar sobre:
· Intervenção Federal;
· Estado de Defesa;
· Estado de Sítio;
· Questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
Composição:
· Presidente da República;
· Vice-Presidente;
· Presidente da Câmara;
· Presidente do Senado;
· Líderes da maioria e minoria da Câmara;
· Líderes da Maioria e minoria do Senado;
· Ministro da Justiça;
· 6 cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos, para mandato de 03 anos, sendo:
▪ 02 nomeados pelo Presidente;
▪ 02 pelo Senado;
▪ 02 pela Câmara.
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NÚCLEO DURO
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Órgão de consulta para assuntos relacionados à soberania nacional e defesa do Estado Democrático.
Composição:
· Presidente;
· Vice-Presidente;
· Presidente da Câmara dos Deputados;
· Presidente do Senado;
· Ministro da Justiça;
· Ministro da Defesa;
· Ministro das relações exteriores;
· Ministro do planejamento;
· Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.
Competência:
▪ Opinar sobre as hipóteses de declaração de guerra e celebração de paz, bem como
decretação de estado de defesa, estado de sítio e intervenção nacional;
▪ Propor os critérios e as condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do
território nacional e opinar sobre o seu efetivo uso, especialmente faixa de fronteira;
▪ Estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias à independência
nacional e defesa do estado democrático.
6. CRIMES DE RESPONSABILIDADE
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6.1. Procedimento
Indagações probatórias deverão ser feitas no Senado, órgão que julga e processa o presidente, e não
na Câmara, que apenas verifica a procedibilidade da acusação.
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b) Senado Federal
Aqui, a letra da lei e a doutrina afirmam que, havendo autorização da Câmara dos Deputados, o
Senado deverá instaurar o processo sob a presidência do Presidente do STF, submetendo o presidente ao
julgamento e com garantia do contraditório e ampla defesa, podendo absolve-lo ou condená-lo pelo crime
de responsabilidade.
Assim, - havendo autorização da Câmara dos Deputados, o Senado deverá instaurar o processo. Não
cabe ao Senado decidir se abre ou não o processo. Não cabe mais a esta Casa rejeitar a denúncia. Sua função
agora será apenas a de processar e julgar, podendo absolver o Presidente, mas desde que ao final do processo
(José Afonso da Silva, Pedro Lenza, Bernardo Gonçalves Fernandes, Juliano Taveira Bernardes).
Contudo, o STF entendeu (ADPF 378) que se o processo de impeachment for autorizado pela Câmara,
o Senado é obrigado a processar e julgar a Presidente. Nas palavras do DoD: A CF/88 afirma que compete ao
Senado, privativamente, “processar e julgar” o Presidente (art. 52, I, da CF/88). Segundo entendeu o STF,
esta locução abrange não apenas o julgamento final, mas também a realização de um juízo inicial de
instauração ou não do processo, isto é, de recebimento ou não da denúncia autorizada pela Câmara. No
regime atual, a Câmara não funciona como um “tribunal de pronúncia”, mas apenas implementa ou não uma
condição de procedibilidade para que a acusação prossiga no Senado.- A atuação da Câmara dos Deputados
deve ser entendida como parte de um momento pré-processual, isto é, anterior à instauração do processo
pelo Senado. Nas palavras do Min. Roberto Barroso: "a Câmara apenas autoriza a instauração do processo:
não o instaura por si própria, muito menos determina que o Senado o faça". - Os arts. 23, §§ 1º e 5º; 80 e 81,
da Lei nº 1.079/50 não foram recepcionados por serem incompatíveis com os arts. 51, I; 52, I; e 86, § 1º, II,
da CF/1988.
- Votaram neste sentido: Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo
Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello.
Desta forma, caso a Câmara autorize a instauração do processo de impeachment, esta será ainda
uma autorização "provisória" (mera condição de procedibilidade), considerando que o Senado ainda irá
examinar o pedido nos termos do art. 52, I, da CF/88. Nas exatas palavras do Min. Roberto Barroso (redator
para o acórdão):
"(...) a Câmara dos Deputados somente atua no âmbito pré-processual, não valendo
a sua autorização como um recebimento da denúncia, em sentido técnico. Assim,
a admissão da acusação a que se seguirá o julgamento pressupõe um juízo de
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NÚCLEO DURO
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Resumindo:
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Essa autorização não deve ser entendida como
Deputados: recebimento da denúncia, em sentido técnico.
I - autorizar, por dois terços de seus membros, Caberia à Câmara apenas verificar se há
a instauração de processo contra o Presidente condição de procedibilidade, ou seja, se a
(...) acusação deve ser admitida. Essa decisão da
Câmara não vincula o Senado.
Quem decide se instaura ou não o processo é o
Senado.
(Tabela DoD)
Instaurado o processo, o Presidente ficará suspenso de suas atividades pelo prazo de 180 dias,
cessando o afastamento se o julgamento não for concluído nesse período.
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Sentença condenatória: Será sob a forma de RESOLUÇÃO DO SENADO, proferida por 2/3 dos votos,
limitando-se a condenação à perda do cargo e inabilitação para o exercício de qualquer função pública por
08 anos, SEM PREJUÍZO DAS DEMAIS SANÇÕES CABÍVEIS.
Pelo art. 15 da Lei nº 1.079/50, a denúncia só poderá ser recebida enquanto o denunciado não tiver,
por qualquer motivo, deixado definitivamente o cargo. No entanto, o STF entendeu que a renúncia ao cargo
NÃO extingue o processo quando já iniciado.
7. CRIMES COMUNS
Da mesma forma que nos crimes de responsabilidade, também haverá controle político de
admissibilidade pela Câmara dos Deputados, que autorizará ou não o recebimento de denúncia pelo STF
através do voto de 2/3 de seus membros.
Admitida a acusação do Presidente da República, por 2/3 dos membros da Câmara, será ele
submetido a julgamento perante o STF.
A denúncia será ofertada pelo PGR.
Recebida a denúncia ou queixa, o Presidente ficará suspenso de suas funções por 180 dias, voltando
a exercê-las, decorrido tal prazo.
O Presidente da República, durante a vigência de mandato, NÃO poderá ser responsabilizado por
atos estranhos ao exercício de suas funções. => Logo, O PRESIDENTE SÓ PODERÁ SER RESPONSABILIZADO
PELA PRÁTICA DE INFRAÇÃO PENAL COMUM NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.
As infrações penais praticadas antes do exercício do mandato, ou que não guarde relação com a
função presidencial NÃO poderão ser objeto da persecutio criminis, acarretando a suspensão da prescrição
=> IRRESPONSABILIDADE PENAL RELATIVA.
Quanto às infrações de natureza civil, política, administrativa, fiscal ou tributária, poderá o
Presidente ser responsabilizado, pois a imunidade só se restringe à persecutio criminis por ilícitos penais.
Oferecida a denúncia no STF, havendo autorização da Câmar
a, julgando-se procedente o pedido
formulado pelo PGR, a condenação aplicada será a prevista no tipo penal e não a perda do cargo, esta se
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NÚCLEO DURO
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dará pela via reflexa, em virtude da suspensão temporária dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos
da sentença criminal condenatória, transitada em julgado.
Enquanto NÃO sobrevier sentença condenatória, nas infrações penais comuns, o Presidente NÃO
estará sujeito à prisão.
OBSERVAÇÕES
STF: As regras sobre a imunidade formal em relação à prisão e à imunidade penal relativa NÃO podem ser
estendidas a Governadores de Estado, DF e Prefeitos por atos normativos próprios, já que essas regras são
de competência exclusiva da União.
A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os
codenunciados que não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente
da República e Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses
cargos, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções.
STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em
14 e 19/12/2017 (Info 888).
Regras:
· Crime Comum – TJ Local (possui foro por prerrogativa de função fixado pela própria CF/88 – Art.
29, X, CF/88)
o Crimes Dolosos contra a vida;
o Crimes comuns do art.1º, Dec-Lei 201/67;
o Crimes funcionais;
o Abuso de autoridade;
o Ações de natureza civil;
o Crime de prefeito em detrimento de bens, serviços ou interesses do Município.
SÚMULA 209/STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio
de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
TURMA 9
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Alexandre de Moraes: NÃO há a possibilidade de criação pelas Constituições Estaduais, nem pelas
Leis Orgânicas dos Municípios, de imunidades formais em relação aos vereadores, ou ampliação da
imunidade material, já que a competência para legislar sobre direito civil, penal e processual penas é privativa
da União.
Ressalta-se que, em recente decisão, o STF entendeu que não é possível que as Constituições
Estaduais prevejam foro por prerrogativa de função para agentes políticos que não estejam previstos, direta
ou indiretamente, na Constituição Federal. Dessa forma, não pode mais a Constituição Estadual prever foro
por prerrogativa de função para os chefes do Poder Executivo Municipal, em razão da aplicação do princípio
republicano que exige uma interpretação restrita sobre o tema.
Como o tema foi cobrado em concursos públicos: CEBRASPE – PCRJ/2021 – Delegado de Polícia:
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Em conformidade com a CF e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, uma constituição estadual que
estabelecesse: (i) novas hipóteses de foro por prerrogativa de função para o cargo de delegado, (ii) previsão
de lei orgânica da polícia civil ser veiculada por lei complementar, (iii) determinação ao legislador de
observância de isonomia remuneratória entre policiais civis e policiais militares, seria considerada:
Resposta: constitucional em relação à previsão de lei complementar para regência da polícia civil e
inconstitucional em relação às demais previsões.
7.3. Governadores
⮚ Crimes Comuns: STJ (art.105, I, “a”) – sem necessidade de autorização da Assembleia Legislativa:
Não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o STJ receba denúncia
criminal contra o Governador do Estado
Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ
receba denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por
crime comum. Em outras palavras, não há necessidade de prévia autorização da
ALE para que o Governador do Estado seja processado por crime comum. Se a
Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja
processado criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional. Assim, é
vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem a instauração de
ação penal contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa
Legislativa. Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele
ficará automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual?
NÃO. O afastamento do cargo não se dá de forma automática. O STJ, no ato de
recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma fundamentada, se há
necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo. Vale
ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma
das medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, proibição de ausentar-se da
comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF. Plenário. ADI 4777/BA, ADI
4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 9/8/2017 (Info 872). STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863).
Plenário confirma que não é necessária autorização prévia para STJ julgar
governador
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, na sessão desta quinta-feira
(4), o julgamento de três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 4798, 4764
e 4797), e confirmou o entendimento de que as unidades federativas não têm
competência para editar normas que exijam autorização da Assembleia Legislativa
para que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) instaure ação penal contra governador
e nem para legislar sobre crimes de responsabilidade. Também foi confirmado que,
no caso de abertura de ação penal, o afastamento do cargo não acontece
automaticamente.
Ao pacificar esse entendimento, os ministros aprovaram, por unanimidade, uma
tese segundo a qual “é vedado às unidades federativas instituírem normas que
condicionem a instauração de ação penal contra governador, por crime comum, à
previa autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de Justiça
dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas cautelares penais,
inclusive afastamento do cargo”. De acordo com os ministros, o texto será usado
como base para a propositura de uma Súmula Vinculante sobre a matéria.
Quanto aos crimes de responsabilidade, os ministros mantiveram entendimento já
resumido na Súmula Vinculante 46, segundo a qual a definição dos crimes de
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Normas questionadas
As ações questionavam as Constituições do Piauí (ADI 4798), do Acre (ADI 4764) e
de Mato Grosso (ADI 4797), nos trechos em que tratam da definição de crimes de
responsabilidade (infrações político-administrativas), normas sobre processo e
julgamento das acusações populares objetivando a decretação de impeachment de
governador e que condicionam à prévia autorização da Assembleia Legislativa a
instauração, perante o STJ, de ação penal em caso de crime comum supostamente
cometido por governador.
Autor das três ações, o Conselho FederaladOrdem dos Advogados do Brasil (OAB)
sustentava que os dispositivos questionados nas constituições estaduais violariam
o artigo 22, inciso I, da Constituição Federal, que atribui à União a competência
privativa para legislar sobre direito processual. Além disso, segundo a OAB, as
assembleias legislativas não teriam isenção política para decidir sobre a autorização
necessária para a abertura de processo por crime comum contra governador no STJ
e também para julgá-lo na própria assembleia nos crimes de respo
nsabilidade.
O julgamento das ações no Plenário do STF começou em agosto de 2015, quando o
relator dos três casos, ministro Celso de Mello, alinhou-se à jurisprudência
dominante à época no sentido de que eram válidos artigos de constituições
estaduais que condicionavam a abertura de ação penal contra governador à
autorização prévia da Assembleia Legislativa do respectivo estado. O decano votou,
ainda, no sentido de que as unidades federativas não podem editar normas sobre
crimes de responsabilidade, uma vez que compete privativamente à União legislar
sobre o crime de responsabilidade – entendimento que acabou sendo condensado
na Súmula Vinculante 46. O julgamento foi suspenso por pedido de vista do
ministro Luís Roberto Barroso.
Na sessão desta quinta-feira (4), o ministro Barroso apresentou voto-vista em que
divergiu parcialmente do relator. Ao defender uma mudança na jurisprudência do
Supremo quanto à necessidade de autorização das casas legislativas para a
abertura de ação penal contra governadores, salientou que existem três situações
que legitimam uma mutação constitucional e a superação de uma jurisprudência
consolidada: quando há uma mudança na percepção do direito, quando existem
modificações na realidade fática e por força das consequências práticas negativas
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NÚCLEO DURO
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Atuação individual
Ao final da sessão, os ministros decidiram que os relatores dos demais casos em
tramitação no Supremo sobre a mesma matéria poderão decidir
monocraticamente as ações, aplicando o entendimento registrado na tese
aprovada.
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NÚCLEO DURO
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https://youtu.be/--GY3QysdHE
Regra Geral: Desmembramento do processo, devendo cada réu ser julgado pelo eventual Tribunal
competente no caso de ter prerrogativa de foro, ou ser julgado em primeiro grau de jurisdição se não exercer
qualquer função que enseje a prerrogativa.
Exceção: Em circunstâncias especiais, demonstradas e justificadas em cada caso concreto, será
negado o desmembramento, predominando a de maior graduação, com fulcro em alguns fundamentos:
· Devido processo legal e duração razoável do processo;
· Risco de, admitido o desmembramento, serem prolatadas decisões inconciliáveis e contraditórias;
· Em razão da complexidade e volume de informações.
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NÚCLEO DURO
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do STF após eventual autorização da Câmara dos Deputados. STF. Plenário.Inq 4483
QO/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 20 e 21/9/2017 (Info 878).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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CF/88
⦁ Art. 2º
⦁ Art. 92 ao 126
⦁ Art. 127 ao 135
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CF/88
⦁ Art. 2°
⦁ Art. 95 e 96
⦁ Art. 101 a 103
⦁ Art. 104 e 105
⦁ Art. 109
⦁ Art. 127 a 129
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CF/88
⦁ Art. 2º
⦁ Art. 92 ao 126
⦁ Art. 127 ao 135
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CF/88
⦁ Art. 2°
⦁ Art. 95 e 96
⦁ Art. 101 a 103
⦁ Art. 104 e 105
⦁ Art. 109
⦁ Art. 127 a 129
1. PODER JUDICIÁRIO
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NÚCLEO DURO
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incumbe consolidar princípios supremos e direitos fundamentais, imprescindíveis à certeza e segurança das
relações jurídicas.
O Poder Judiciário tem funções típicas e atípicas. A função típica, primária ou própria é simplesmente
julgar, ou seja, dirimir conflitos de interesses, aplicando a lei das hipóteses concretas, produzindo coisa
julgada, formal e material, no que substitui a vontade das partes. É a função jurisdicional ou jurisdição. Já a
função atípica, secundária ou imprópria, ocorre quando o Judiciário desempenha atividades legislativas ou
administrativas. Desempenha função legislativa quando edita normas regimentais, por exemplo, e
desempenha função administrativa quando organiza o quadro de pessoal, provendo cargos, por exemplo.
Ingresso na carreira, no cargo de juiz substituto, exigindo-se do bacharel, no mínimo 03 anos de atividade
jurídica
Para Lenza trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, por depender de lei
infraconstitucional.
Segundo a Resolução 75/2009 CNJ, considera-se atividade jurídica:
▪ Aquela exercida por bacharel em Direito;
▪ Efetivo exercício da advocacia, inclusive voluntária, mediante participação anual mínima em
05 atos privativos de advogado em causas ou questões distintas;
▪ Exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a
utilização de conhecimento jurídico;
▪ Exercício da função de conciliador junto aos Tribunais Judiciais, juizados, Varas Cíveis, anexos
de juizados ou varas, no mínimo de 16 hrs mensais, durante 01 ano;
▪ Exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição dos litígios.
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NÚCLEO DURO
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A comprovação de atividade jurídica, pode considerar o tempo de exercício em cargo não privativo
de bacharel em Direito, desde que, ausentes dúvidas acerca da natureza eminentemente jurídica das funções
desempenhadas (STF, MS 28.226, j. 4-8-2015).
Excepcionalidade do requisito dos três anos:
- Exercício do cargo de escrivão e de oficial de Justiça;
- STF: Preenchido o requisito da quarentena de entrada, por faltar 45 dias para o candidato do MP comprovar
os 03 anos, e pela demora em conseguir a OAB não ter sido ocasionada pelo candidato.
O STF declarou inconstitucional a Lei Distrital que estabeleceu requisito mínimo (25 anos) e máximo
(50 anos) de idade para ingresso na carreira da magistratura do TJDFT.
O art. 52, V, da Lei 11.697/2008, ao estabelecer como requisito para ingresso na
carreira da magistratura do Distrito Federal ou dos Territórios a idade mínima de
25 anos e máxima de 50, viola o disposto no art. 93, I, da Constituição Federal. Em
assuntos diretamente relacionados à magistratura nacional, como as condições
para investidura no cargo, a disciplina da matéria deve ser versada pela
Constituição Federal ou pela LOMAN, não podendo lei ordinária federal inovar e
prever norma de caráter restritivo ao ingresso na magistratura que não encontra
pertinência nos citados diplomas normativos. A Constituição Federal não exige
idade mínima para o ingresso na magistratura, mas sim a exigência de ‘três anos de
atividade jurídica’ ao bacharel em direito (CF, art. 93, I). O limite de 50 anos de
idade para ingresso em cargo de magistrado não guarda correlação com a natureza
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NÚCLEO DURO
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Segundo dispõe a CF/88, a promoção de entrância para entrância se dará, alternadamente, por
antiguidade e merecimento, atendidas as normas a seguir:
▪ É obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas
em lista de merecimento;
▪ A promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e
integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo se não houver com tais
requisitos quem aceite o lugar vago;
▪ Aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de
produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos
oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; (Redação da EC 45/2004)
▪ Na apuração de antiguidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada
ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; (Redação da EC 45/2004)
▪ Não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo
legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; (Incluída pela
EC 45/2004)
3. GARANTIAS DO JUDICIÁRIO
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NÚCLEO DURO
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A) VITALICIEDADE:
O magistrado (e o membro do MP) só perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado,
sendo-lhe asseguradas todas as garantias do processo jurisdicional.
Em 1º grau de jurisdição, a vitaliciedade se adquire após 02 anos do efetivo exercício do cargo, desde
que o magistrado supere o estágio probatório. Nos 02 primeiros anos, a perda do cargo dependerá de
deliberação do Tribunal ao qual esteja vinculado.
Membros dos Tribunais têm a garantia independente da forma de acesso, com a posse.
Exceções à regra da vitaliciedade (e perda do cargo por sentença judicial transitada em julgado):
● MINISTROS DO STF – EM CRIME DE RESPONSABILIDADE, QUANDO SERÃO JULGADOS PELO SENADO;
▪ CONSELHEIROS DO CNJ – EM CRIME DE RESPONSABILIDADE, JULGADOS PELO SF.
O CNJ NÃO PODE DECLARAR A PERDA DO CARGO DE MAGISTRADOS VITALÍCIOS, JÁ QUE OS ATOS DO CNJ
SÃO ADMINISTRATIVOS E NÃO JUDICIAIS.
B) INAMOVIBILIDADE:
O juiz NÃO pode ser removido sem o seu consentimento de um local para outro, de uma comarca
para outra, ou mesmo sede, cargo, tribunal, câmara, grau de jurisdição.
Essa regra não é absoluta, pois o magistrado pode ser removido por interesse público, em decisão
por voto da maioria absoluta do respectivo Tribunal ou CNJ, assegurada a ampla defesa.
A inamovibilidade se aplica aos juízes substitutos.
O subsídio dos magistrados NÃO poderá ser reduzido, sendo, segundo o STF, garantia é nominal e não
real, ou seja, os magistrados NÃO estão livres da corrosão de seus subsídios pela inflação.
NÃO serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios as parcelas de caráter indenizatórios
previstas em lei.
O subsídio está sujeito à tributação, devendo ser fixado em parcela única.
· Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
· Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
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NÚCLEO DURO
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Mas atenção: Os Desembargadores dos Tribunais de Justiça continuam sendo julgados pelo STJ mesmo
que o crime não esteja relacionado com as suas funções. Assim, o STJ continua sendo competente para julgar
quaisquer crimes imputados a Desembargadores, não apenas os que tenham relação com o exercício do
cargo.
Quem julga os crimes cometidos por Desembargadores?
O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas
hipóteses em que, não fosse a prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o
desembargador acusado houvesse de responder à ação penal perante juiz de
primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal. Assim, mesmo que o crime cometido
pelo Desembargador não esteja relacionado com as suas funções, ele será julgado
pelo STJ se a remessa para a 1ª instância significar que o réu seria julgado por um
juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o Desembargador. A
manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo preservar a isenção
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NÚCLEO DURO
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A questão está pendente de julgamento pelo STF que reconheceu a repercussão geral da matéria
(Tema 1147 – Competência do STJ para processar e julgar desembargador de Tribunal de Justiça por crime
comum, ausente relação com o cargo público ocupado.
Lembre-se que os magistrados, juntamente com os membros do Ministério Público, não podem
ser indiciados, em razão de expressa previsão legal:
▪ Magistrados - art. 33, parágrafo único, da LC 35/79
▪ Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41,
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).
O STF decidiu que os magistrados que se aposentam perdem a prerrogativa de foro, mesmo em
relação a atos praticados no exercício da função e em virtude desta, pois:
CEBRASPE – PCPB/2021 – Delegado de Polícia: Suponha que determinado magistrado esteja sendo
processado e julgado no Superior Tribunal de Justiça, por supostamente ter cometido crime comum.
Suponha, ainda, que, no curso do processo, ele se aposente voluntariamente. Nessa situação, a competência
para processá-lo e julgá-lo será do
d) primeiro grau de jurisdição.
4. ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO
A REGRA DO QUINTO CONSTITUCIONAL: A CF estabelece (art. 94) que 1/5 (20%) dos lugares dos
TRF’s, Tribunais dos Estados e do DFT será composto por membros do MP, com mais de 10 anos de carreira,
e de advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada com mais de 10 anos de efetiva atividade
profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das classes – abrange os Tribunais
do Trabalho e orienta o STJ (nesse caso, advogados e MP compõem 1/3 e não 1/5 do Tribunal).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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STF: Se a lista sêxtupla apresentada contiver nomes que não preencham os requisitos constitucionais,
o Tribunal pode recusar a lista, desde que fundado em razões objetivas, devendo a lista ser devolvida ao
ente emanado para que refaça, total ou parcialmente. Discordando a entidade, a ela restará questionar em
juízo, na via processual adequada, a rejeição total ou parcial do Tribunal competente as suas indicações.
OBS.: Órgãos de convergência e órgãos de superposição – pode-se afirmar que o STF e os Tribunais
Superiores (STJ, TST, TSE e STM) são órgãos de convergência, têm sede na Capital Federal e exercem
jurisdição sobre todo o território nacional, nos termos do art. 92, § 2º, da CF/88. Denominam-se órgãos ou
centros de convergência visto que, segundo ensina Dinamarco, “cada uma das Justiças especiais da União
(Trabalhista, Eleitoral e Militar, acrescente-se), tem por cúpula seu próprio Tribunal Superior, que é o
cia dessa Justiça — ressalvado o controle de
responsável pela última decisão nas causas de competên
constitucionalidade, que sempre cabe ao Supremo Tribunal Federal. Já os órgãos de superposição, na medida
em que não pertencem a nenhuma Justiça, podemos classificar o STF e o STJ (Tribunais da União) não só
como órgãos de convergência, como já visto, mas, também, como órgãos de superposição. Isso porque,
embora não pertençam a nenhuma Justiça, as suas decisões se sobrepõem às decisões proferidas pelos
órgãos inferiores das Justiças comum e especial. As decisões do STJ se sobrepõem àquelas da Justiça Federal
comum, da Estadual e daquela do Distrito Federal e Territórios, ao passo que as decisões do STF se
sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Antes mesmo de adentrarmos nas características dos diferentes órgãos que compõem o Poder
Judiciário, chamo a atenção do aluno para as inovações trazidas pela EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 122, de
17/05/2022 que alterou os artigos 73, §1º, I, 101, 104, 107, 111-A, 115 e 123 da CR/88, aumentando o limite
de idade de 65 para 70 anos de idade para escolha e nom
eação para os cargos de ministro do STF, do STJ,
do TST, do TCU e ministros civis do STM. A alteração do limite etário também abrangeu a nomeação para os
cargos de desembargador dos TRFs e TRTs.
Ressalta-se que a imposição de limite de idade não abrange os Tribunais de Justiça dos Estados.
5.1 STF
· COMPOSIÇÃO: 11 Ministros
· INVESTIDURA: Presidente da República escolhe e indica nome, devendo ser aprovado pelo Senado
Federal pela maioria absoluta (sabatina). Aprovado, passa-se à nomeação, sendo o Ministro
vitaliciado.
· REQUISITOS PARA OCUPAR O CARGO:
▪ Ser brasileiro nato;
▪ Ter mais de 35 e menos de 70 anos de idade (ATENÇÃO – NOVIDADE LEGISLATIVA – EC nº
122/2022 – art. 101, caput, CR/88);
▪ Ser cidadão;
▪ Notável conhecimento jurídico e reputação ilibada – desde o parecer de João Barbalho, de
1984, entende-se que o Ministro do STF deverá ser jurista, tendo cursado a faculdade de
Direito.
· COMPETÊNCIAS DO STF: Decorar art. 102 CF!!!
· OBSERVAÇÕES – EC 45/2004:
▪ A competência para homologação de sentenças estrangeiras e concessão de exequatur às
cartas rogatórias passa do STF para o STJ;
▪ Criação da repercussão geral;
▪ Competência do STF para processar e julgar, originariamente, ações do CNJ e CNMP.
5.2. STJ
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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▪ 1/3 dentre desembargadores dos TJs, indicados em lista tríplice elaborada pelo STJ;
▪ 1/3, sendo 1/6 dentre advogados, 1/6 dentre membros do MPF, MPE, MPDFT, alternados,
segundo a regra do Quinto Constitucional.
OBS: O STF decidiu que os membros da magistratura não precisam ser egressos da magistratura de carreira,
podendo ser advogado ou MP posteriormente investido de Desembargador, pelo Quinto Constitucional.
· INVESTIDURA: Escolhidos e nomeados pelo Presidente da República, após sabatina do Senado e voto
da maioria absoluta;
· REQUISITOS PARA O CARGO:
▪ Ser brasileiro nato ou naturalizado;
▪ Ter mais de 35 e menos de 70 anos de idade (ATENÇÃO – NOVIDADE LEGISLATIVA – EC nº
122/2022 – art. 104, p.ú., CR/88);
▪ Ter notável conhecimento jurídico e reputação ilibada.
· COMPETÊNCIA DO STJ: Art. 105 CF (decorar).
· ESCOLA NACIONAL DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE MAGISTRADOS (ENFAM): Criada pela
EC 45/2004, funcionando junto ao STJ para regulamentar cursos oficiais de ingressos e promoção na
carreira.
· CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL: Funcionamento junto ao STJ, segundoCE45/2004, cabendo-lhe
exercer supervisão administrativa e orçamentária da JF de 1º e 2º graus, como órgão central do
sistema e com poderes correcionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
PARA FACILITAR A FIXAÇÃO DOS ARTIGOS 102 E 105 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, UTILIZE A SEGUINTE
TABELA:
TABELA DE COMPETÊNCIAS DO STF E DO STJ
STF (ART. 102, CF/88) STJ (ART. 105, CF/88)
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
ADI (lei/ato normativo federal ou estadual), ADPF Nos crimes COMUNS: Governadores de Estado e
e ADC (lei/ato normativo federal); DF;
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Nas infrações penais COMUNS e nos CRIMES DE HC quando coator ou paciente forem pessoas
RESPONSABILIDADE (não conexo com o referidas acima, ou quando coator for Tribunal
Presidente): Ministros de Estados e Comandante do sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou
Exército, Marinha e Aeronáutica; Comandante do Exército, Marinha e Aeronáutica,
salvo a competência da justiça eleitoral;
Nas infrações penais COMUNS e nos crimes de
RESPONSABILIDADE: membros dos Tribunais MS e HD contra ato de Ministro de Estado,
Superiores, do TCU, chefes de missão diplomática Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica,
de caráter permanente; ou Ministros do STJ;
HC quando os pacientes forem as pessoas acima Revisões criminais e ações rescisórias de seus
referidas; julgados;
HC, quando o coator for o Tribunal Superior ou Reclamação para preservação de sua competência
o paciente for autoridade/funcionários cujos atos e garantia da autoridade de suas decisões;
estejam sujeitos à jurisdição do STF, ou crime
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; Conflitos de competência entre quaisquer
Tribunais (ressalvado art. 102, I, ‘o’ – Tribunal
MS e HD contra atos do: Presidente da R., Mesas da Superior), e entre juízes vinculados a tribunais
Câmara e do Senado, TCU, PGR, STF; diversos;
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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HC, MS, HD, MI, decididos em única instância pelos HC decidido em única ou última instância e MS em
TRIBUNAIS SUPERIORES, quando DENEGATÓRIA a única instância pelos TRF’s, TJ’s, quando
decisão; DENEGATÓRIA a decisão;
TURMA 9
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Organizada em dois graus de jurisdição, sendo composta pelos Tribunais Federais e Juízes Federais.
Os TRFs instalarão a Justiça itinerante, para a realização de audiências e demais atividades, bem como
poderão funcionar descentralizadamente.
5.4.1. TST
231
NÚCLEO DURO
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● REQUISITOS PARA O CARGO – Escolhidos após sabatina no Senado por maioria absoluta:
▪ Ser brasileiro nato ou naturalizado;
▪ Ter mais de 35 e menos de de 70 anos de idade (ATENÇÃO – NOVIDADE LEGISLATIVA – EC
nº 122/2022 – art. 111-A, caput, CR/88)
Funcionarão junto ao TST a Escola Nacional de formação e aperfeiçoamento de Magistrados do
Trabalho e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
5.4.2. TRTs
5.5.1. TSE
5.5.2. TRE
232
NÚCLEO DURO
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São os próprios juízes de Direito em exercício, e cabe a jurisdição em cada uma das zonas eleitorais,
sendo competente para processar e julgar os pedidos de retificação e dados cadastrais da Justiça Eleitoral
(Súmula 368/STJ).
Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por 02 anos, no mínimo, e nunca
por mais de 02 biênios consecutivos.
5.6.1.STM
Possui atribuição para julgar as apelações e os recursos das decisões dos juízes de 1º grau da Justiça
Militar da União.
● O STM NÃO examina matérias provenientes da Justiça Militar Estadual ou distrital.
● COMPOSIÇÃO: 15 Ministros vitalícios, sendo:
▪ 03 dentre oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira;
▪ 04 dentre Oficiais-generais do exército;
▪ 03 dentre Oficiais-generais da aeronáutica;
▪ 05 dentre civis, sendo 03 escolhidos dentre advogados de notório saber jurídico e conduta
ilibada, com mais de 10 anos de atividade profissional, 01 dentre juízes auditores, 01 dentre
membros do MP da Justiça militar.
Serão nomeados pelo Presidente e sabatinados pelo Senado, após aprovação da maioria absoluta.
● REQUISITOS:
▪ Ser brasileiro nato ou naturalizado;
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Com competência exclusivamente penal, incumbe-lhe processar e julgar os crimes militares definidos
em Lei.
É constituída em primeira instância pelos Conselhos de Justiça Militar e, como órgão recursal e de
jurisdição superior, pelo Superior Tribunal Militar.
São Órgãos da Justiça Militar da União:
· STM;
· AUDITORIA DE CORREIÇÃO;
· CONSELHOS DE JUSTIÇA;
· JUÍZES-AUDITORES;
· JUÍZES-AUDITORES SUBSTITUTOS.
Para efeito de Administração da Justiça Militar em tempos de paz, o território nacional de divide em
12 circunscrições judiciárias militares, existindo em cada as correspondentes auditorias (órgão de primeira
instância da Justiça Militar), com jurisdição mista, cabendo conhecer feitos da Marinha, exército e
aeronáutica.
· Competência Residual.
· O TJ pode funcionar descentralizadamente, constituindo Câmara Regionais, e possuindo o dever de
instalar a Justiça itinerante.
· É competente para julgar os crimes comuns entre silvícolas.
A União, no DF e nos Territórios, e os Estados, criarão juizados especiais, providos por juízes togados,
ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas
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NÚCLEO DURO
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de juízes de primeiro grau (art. 98, I, CF). A Lei que regula os Juizados Especiais Cíveis e Criminais é a Lei
9.099/95.
A Lei n. 12.153, de 22.12.2009, dispôs sobre os Juizados da Fazenda Pública. Assim, o sistema dos
Juizados Especiais dos Estados e do Distrito Federal passou a ser formado pelos:
· JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS;
· JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS;
· JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA.
Em se tratando de Juizados Especiais, de acordo com a lei, o segundo grau de jurisdição é exercido
pelas Turmas Recursais, compostas por três juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição,
reunidos na sede do Juizado (Colégio Recursal). Mais tecnicamente, poderíamos dizer que as Turmas
Recursais funcionam como segunda instância recursal, podendo ser enquadradas como órgãos colegiados de
primeiro grau. Assim, como não se trata de Tribunal, mas de Turma Recursal, o STJ firmou o seguinte
entendimento na Súmula 203: “não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo
grau dos juizados especiais”.
Apesar de não caber recurso especial para o STJ, o STF editou a Súmula 640, afirmando a possibilidade
do RE: “é cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de
alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal”. O art. 102, III, diferentemente do art.
l”. Assim, englobadas estão as causas
105, III, fala em “causa decidida”, e não em “causa decidida por tribuna
decididas por Turma de Colégio Recursal.
E pacífica é a jurisprudência do STJ, materializada na S. 376, editada pela Corte Especial, em
18.03.2009, e que tem o seguinte teor: “compete a Turma Recursal processar e julgar o mandado de
segurança contra ato de juizado especial”, e, analisando os precedentes, mesmo se o ato coator tiver sido
praticado por Juiz da Turma Recursal (cf., no STJ, CC n. 38.020 ou CC n. 39.950).
5.9. CNJ
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NÚCLEO DURO
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▪ 01 membro do MPE, escolhido pelo PGR dentre nomes indicados por órgão competente de
cada instituição estadual;
▪ 02 advogados, indicados pelo CFOAB;
▪ 02 cidadãos, de notável conhecimento jurídico e reputação ilibada.
· Apenas o Ministro do STF será membro nato do STJ, pois todos os demais deverão ser nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela Maioria Absoluta do Senado Federal
(Sabatina).
· O Conselho será presidido pelo Presidente do STF e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-
Presidente do STF, e não mais por um Conselheiro por ele indicado.
· O CNJ foi declarado constitucional pelo STF, afinal: (i) integra o Judiciário; (ii) em sua composição, os
integrantes da Magistratura superam a maioria absoluta; (iii) existe a possibilidade de revisão das
decisões do CNJ pelo STF.
· ATRIBUIÇÕES:
✔ ATENÇÃO: O CNJ NÃO exerce função jurisdicional e seus atos poderão ser revistos pelo STF,
sendo o CNJ órgão meramente administrativo do Judiciário. No entanto, não pode funcionar
o STF como mera sede recursal dos atos do CNJ. Segundo Gilmar Mendes: Não poderia o STF
substituir o CNJ no exame discricionário dos motivos das suas decisões, quando estas NÃO
ultrapassem os limites da legalidade e da razoabilidade. Também decidiu o Supremo que não
cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente
administrativas, o controle de controvérsia que está submetida à apreciação do Poder
Judiciário (info 885).
· Importante anotar que a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) para processar e julgar
ações que questionam atos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) limita-se às ações tipicamente constitucionais: mandados de segurança,
mandados de injunção, habeas corpus e habeas data. Isso porque é somente nessas ações que o CNJ
e o CNMP efetivamente figuram no polo passivo, podendo-se afirmar de fato tratar-se de ações
contra o CNJ e o CNMP.
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NÚCLEO DURO
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· Os membros do CNJ têm prerrogativa de foro. Assim, juiz estadual ou cidadão podem cometer crime
de responsabilidade, desde que seja membro do CNJ. Para infrações penais comuns, será apurada
seguindo a regra individual de prerrogativa de função de cada membro.
STF: As deliberações negativas do CNJ NÃO estão sujeitas a revisão por meio de mandado de segurança
impetrado diretamente no STF, pois o STF NÃO deve ser considerado mera instância revisora das decisões
do CNJ.
STF: Os Estados Membros carecem de competência para instituir, como órgão interno ou externo do
Judiciário, Conselho destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva
justiça.
Ainda sobre o CNJ, o STF já decidiu que é regular a designação de juiz auxiliar, seja ele originário do
Judiciário estadual ou federal, para a condução de sindicância, por delegação do Corregedor-Nacional de
Justiça, ainda que o investigado seja magistrado federal (MS 28513).
Em outra decisão, o STF afirmou que o CNJ possui jurisdição censória, termo utilizado para designar a
atuação do CNJ em matéria correcional, disciplinar e/ou administrativa, voltada para apurar a
o das sanções devidas.
responsabilidade disciplinar de magistrados (à exceção do próprio STF) e aplicaçã
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NÚCLEO DURO
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infração não justificar punição mais grave”. STF. 2ª Turma. MS 30364/PA, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 17/3/2020 (Info 970).
O STF entende que não é possível a revisão do mérito das decisões do CNJ, cujos
atos e procedimentos estão sujeitos apenas ao controle de legalidade daquela
Corte. O STF entende que não é seu papel fazer a revisão do mérito das decisões
do CNJ. Assim, os atos e procedimentos do CNJ estão sujeitos apenas ao controle
de legalidade por parte do STF. O mandado de segurança não se presta ao reexame
de fatos e provas analisados pelo CNJ no processo disciplinar. A LOMAN não
estabelece regras de prescrição da pretensão punitiva por faltas disciplinares
praticadas por magistrados. Diante disso, deve ser feita a aplicação subsidiária da
Lei nº 8.112/90. STF. 2ª Turma. MS 35540/DF e MS 35521/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgados em 12/3/2019 (Info 933).
STF mantém punição aplicada pelo CNJ à juíza envolvida no caso de prisão de
adolescente em cela masculina no Pará
Deve ser mantida a decisão do CNJ que aplica pena de disponibilidade (art. 42, IV,
da LC 35/79) à magistrada que, mesmo depois de informada que uma adolescente
mulher estava presa em uma mesma cela com homens, demora a tomar as
providências necessárias para corrigir essa situação e, além disso, procura se eximir
de responsabilidade produzindo documento falso com data retroativa, na tentativa
de comprovar que teria adotado providências que, na realidade, não adotou. STF.
1ª Turma. MS 34490/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 5/2/2019 (Info 929).
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NÚCLEO DURO
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CNJ pode avocar PAD que tramita no Tribunal se não há quórum suficiente para
se atingir maioria absoluta. O TRF condenou juiz federal à pena de aposentadoria
compulsória. Ocorre que, em virtude de alguns Desembargadores terem se
averbado suspeitos, este juiz foi condenado com um quórum de maioria simples. O
CNJ reconheceu a irregularidade da proclamação do resultado e anulou o
julgamento de mérito realizado pelo TRF. Isso porque o art. 93, VIII e X, da CF/88
exige quórum de maioria absoluta do tribunal. Ocorre que o CNJ, após anular o
idiu avocar o processo administrativo
julgamento de mérito realizado pelo TRF, dec
para que o magistrado fosse julgado diretamente pelo Conselho. O juiz impetrou
MS contra essa avocação, mas o STF afirmou que o CNJ agiu corretamente. A
Constituição, expressamente, confere ao CNJ competência para avocar processos
de natureza disciplinar em curso contra membros do Poder Judiciário. Assim, não
há óbice para que o CNJ anule o julgamento do Tribunal e inicie lá um outro
procedimento. Uma das causas legítimas de avocação de procedimentos
administrativos pelo CNJ é justamente a falta do quórum para proferir decisão
administrativa por maioria absoluta em razão de suspeição, impedimento ou falta
de magistrados. O CNJ poderia ter devolvido o processo ao TRF2, mas optou por
exercer sua competência concorrente, dentro da discricionariedade conferida pela
Constituição, para julgar o processo e evitar novas questões de suspeição e
impedimento. STF. 1ª Turma. MS 35100/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o
acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 8/5/2018 (Info 901).
CNJ não pode examinar controvérsia que está submetida à apreciação do Poder
Judiciário
Não cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são
exclusivamente administrativas, o controle de controvérsia que está submetida à
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NÚCLEO DURO
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Art. 37, CR. (...) XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e
empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito,
e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
Defensores Públicos; (...)
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos
Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
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NÚCLEO DURO
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O CNJ, ao regulamentar a matéria, estabeleceu que nos órgãos do Poder Judiciário dos Estados, o
teto remuneratório constitucional é o valor do subsídio de Desembargador de TJ, que NÃO pode exceder
90,25% do subsídio mensal de Ministro do STF.
Em 2007, a AMB ajuizou ADI questionando essa diferenciação. À época, o Supremo, por maioria,
deferiu a liminar pleiteada, para dar interpretação conforme à Constituição ao art. 37, XI e § 12, , bem como
para suspender a eficácia do art. 2º da Resolução 13/2006 e do art. 1º, parágrafo único, da Resolução 14, do
CNJ, que regulamentavam esse subteto.
Em 2020, o Plenário do STF confirmou a medida cautelar anteriormente deferida e julgou procedente
o pedido formulado para dar interpretação conforme à CF/88 ao art. 37, XI (redação dada pela EC 41/2003)
e § 12 (incluído pela EC 47/2005), da CF/88, a fim de afastar a submissão dos membros da magistratura
estadual da regra do subteto remuneratório e declarar a inconstitucionalidade do art. 2º da Resolução
13/2006 e do art. 1º, parágrafo único, da Resolução 14/2006, ambas do Conselho Nacional de Justiça.
Não é possível o estabelecimento de subteto remuneratório para a magistratura
estadual inferior ao teto remuneratório da magistratura federal. A correta
interpretação do art. 37, XI e § 12, da Constituição Federal exclui a submissão dos
membros da magistratura estadual ao subteto de remuneração. STF. Plenário. ADI
3854/DF e ADI 4014/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 4/12/2020 (Info
1001).
Para o STF, o caráter unitário da magistratura nacional, determinado pela CF/88, sujeita todos os
magistrados — federais e estaduais, da justiça comum e da justiça especializada — a princípios e normas que
devem ser idênticos para todos, de modo a preservar sua unidade sistêmica. O art. 93, V, da CF/88, revela
expressamente o caráter nacional da estrutura judiciária brasileira, inclusive no escalonamento vertical dos
subsídios.
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NÚCLEO DURO
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Art. 93, CR. (...) V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá
a noventa e cinco por cento (95%) do subsídio mensal fixado para os Ministros do
Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em
lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias
da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser
superior a dez por cento (10%) ou inferior a cinco por cento (5%), nem exceder a
noventa e cinco por cento (95%) do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º.
Se a própria Constituição define os mesmos princípios e normas fundamentais para conformar toda
a magistratura, notadamente na disciplina dos subsídios, não há como ela mesma impor tratamento
diferenciado em relação ao teto de vencimentos. Os magistrados federais e estaduais desempenham iguais
funções, submetidos a um só estatuto de âmbito nacional, sem qualquer superioridade de mérito suficiente
a justificar esse tratamento diferenciado.
A fim de facilitar a compreensão das disposições contidas no art. 37, inciso XI e §12, colacionamos
abaixo tabela extraída do site “Dizer o Direito”, nos comentários ao Informativo nº 1001 do STF:
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NÚCLEO DURO
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PROCEDIMENTO:
· A revisão, edição e cancelamento seguem rito específico, NÃO se admitindo a interposição de recurso
extraordinário para esse fim, o uso da ADI ou ADPF.
· Recebendo a proposta de edição, revisão ou cancelamento, a Secretaria Judiciária autuará e
registrará ao Presidente para apreciação, em 05 dias, quanto à adequação formal da proposta.
· O relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de terceiros (amicus curiae).
· Preenchendo os requisitos formais, a Secretaria Judiciária publicará edital no Tribunal e no Diário de
Justiça eletrônico para ciência e manifestação de interessados, no prazo de 05 dias, encaminhando
os autos ao PGR para manifestação, salvo nas propostas em que houver formulado.
· Devolvidos com manifestação do PGR, o Presidente submeterá a proposta e manifestações aos
Ministros da Comissão de Jurisprudência, para que se manifestem no prazo comum de 15 dias.
Decorrido o prazo, com ou sem manifestação, será submetida por meio eletrônico aos demais
Ministros, e depois será ordenada a inclusão em pauta para deliberação do pleno.
· A edição, revisão e cancelamento de enunciado de súmula, com efeito vinculante, dependerá da
decisão tomada por 2/3 dos membros do STF, manifestando-se no mesmo sentido pelo menos 08
dos 11 ministros.
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NÚCLEO DURO
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· Após 10 dias após a sessão em que editar, rever ou cancelar a súmula com efeito vinculante, o STF
fará publicar em seção especial do Diário de Justiça Eletrônico e no Diário Oficial da União o
enunciado respectivo.
OBS: A proposta de edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula vinculante NÃO autoriza a
suspensão dos processos em que se discuta a mesma questão.
· Efeitos da súmula: A partir da publicação terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual,
distrital e municipal.
· STF: Se determinado Tribunal de segundo grau estiver analisando um recurso, ou o juízo
monocrático decidindo determinada questão em relação a fato praticado em momento anterior
à edição da súmula vinculante, deverá necessariamente aplicar o entendimento firmado na
referida súmula, mesmo que se trate de matéria penal e de interpretação menos benéfica.
· O STF pode modular os efeitos, por decisão de 2/3 de seus membros, tendo em vista razões de
interesse público excepcional ou razões de segurança jurídica.
· Revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição de enunciado de súmula vinculante,
o STF, de ofício ou por provocação, procederá à sua revisão ou cancelamento.
· Da decisão ou ato administrativo de contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe
vigência ou aplica-la indevidamente, caberá reclamação ao STF, sem prejuízo de outros meios
admissíveis de impugnação. NÃO caberá reclamação se a decisão judicial ou ato administrativo
que se pretende atacar for anterior à edição de súmula vinculante, já que a vinculação ocorre a
partir da publicação em Imprensa Oficial.
· Se for omissão ou ato da Administração Pública, o uso da reclamação só será admitido após o
esgotamento das vias administrativas.
· Acolhida a reclamação, será dada ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para
julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos
semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
· A lei não fixou sanção ao magistrado em caso de descumprimento de súmula vinculante, garantindo
a liberdade ao magistrado de apreciar a questão. No entanto, se o desrespeito à sumula vinculante
for infundado, doloso e desproporcional, caracterizando violação dos deveres funcionais, viabiliza-
se a abertura de procedimento administrativo disciplinar, com possibilidade de aplicação de
penalidades legais.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Se o Tribunal aplica censura para magistrado que praticou conduta grave, essa
decisão enseja revisão disciplinar do CNJ por ser contrária ao texto expresso da
lei considerando que o art. 44 da LOMAN afirma que a censura será aplicada se a
infração não justificar punição mais grave
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NÚCLEO DURO
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Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro que restringiu o
ingresso de pessoas portando arma de fogo nas dependências do Fórum
tada pelo Juiz Diretor do Foro da Comarca de
Inexiste ilegalidade em portaria edi
Sete Quedas que restringiu o ingresso de pessoas portando arma de fogo nas
dependências do Fórum. STJ. 1ª Turma. RMS 38090-MS, Rel. Min. Gurgel de Faria,
julgado em 10/03/2020 (Info 667).
Para os fins do art. 102, I, “n”, da CF/88, o impedimento deve ser afirmado nos
autos do processo cujo deslocamento se pretende
Existe uma decisão proferida pelo TJ em processo coletivo que beneficia diversos
servidores do Poder Judiciário. Esses servidores começam a ingressar com
execuções individuais pedindo o pagamento dos valores reconhecidos no acórdão
do TJ. João é um deles e ajuíza pedido de cumprimento de sentença. O TJ remete a
execução individual de João para o STF afirmando que mais da metade dos
Desembargadores possui alguma relação de parentesco com outros servidores
beneficiados pela decisão. Logo, para o TJ, a competência para julgar todas as
execuções individuais seria do STF, com base no art. 102, I, “n”, segunda parte, da
CF/88. O STF, contudo, não concordou com a decisão. O STF não é competente para
julgar originariamente a execução de João, pois não há impedimento dos
Desembargadores. Nenhum deles mantêm relação de parentesco com João,
servidor que figura especificamente no processo de execução individual. STF. 1ª
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NÚCLEO DURO
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Turma. AO 2380 AgR/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 25/6/2019 (Info 945).
O STF entende que não é possível a revisão do mérito das decisões do CNJ, cujos
atos e procedimentos estão sujeitos apenas ao controle de legalidade daquela
Corte
O STF entende que não é seu papel fazer a revisão do mérito das decisões do CNJ.
Assim, os atos e procedimentos do CNJ estão sujeitos apenas ao controle de
legalidade por parte do STF. O mandado de segurança não se presta ao reexame de
fatos e provas analisados pelo CNJ no processo disciplinar. A LOMAN não
estabelece regras de prescrição da pretensão punitiva por faltas disciplinares
praticadas por magistrados. Diante disso, deve ser feita a aplicação subsidiária da
Lei nº 8.112/90. STF. 2ª Turma. MS 35540/DF e MS 35521/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgados em 12/3/2019 (Info 933).
STF mantém punição aplicada pelo CNJ à juíza envolvida no caso de prisão de
adolescente em cela masculina no Pará
bilidade (art. 42, IV,
Deve ser mantida a decisão do CNJ que aplica pena de disponi
da LC 35/79) à magistrada que, mesmo depois de informada que uma adolescente
mulher estava presa em uma mesma cela com homens, demora a tomar as
providências necessárias para corrigir essa situação e, além disso, procura se eximir
de responsabilidade produzindo documento falso com data retroativa, na tentativa
de comprovar que teria adotado providências que, na realidade, não adotou. STF.
1ª Turma. MS 34490/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 5/2/2019 (Info 929).
Ainda no tocante ao estudo do Poder Judiciário, cumpre destacar o STF reconheceu ser constitucional a
vedação do exercício da advocacia imposta a servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público:
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NÚCLEO DURO
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META 5
CF/88
⦁ Art. 5º, XLVII, “e”; XLVIII; XLIX;
⦁ Art. 5º, LXXV
⦁ Art. 21, XXIII, “d”
⦁ Art. 37, §5ºe 6º
⦁ Art. 225, § 3º
Código Civil
⦁ Art. 206, § 3º e §5º, I
⦁ Art. 927
⦁ Art. 929 e 930
⦁ Art. 935
⦁ Art. 944 e 945
Código Civil
⦁ Art. 206, § 3º e §5º, I
⦁ Art. 927 e 935
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NÚCLEO DURO
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1. INTRODUÇÃO
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NÚCLEO DURO
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Cuidado: Fique atento a nomenclatura e os fundamentos de cada teoria, bem como quais e quando
tem incidência no Brasil, pois são pontos frequentemente cobrados em provas.
250
NÚCLEO DURO
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7
A menina Agnès Blanco, ao atravessar uma rua em Bordeaux, foi colhido por uma vagonete da Cia.
Nacional de Manufatura do Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização, com base no princípio de
que o Estado é civilmente responsável por prejuízos causados a terceiros, em decorrência de ação danosa
de seus agentes. Suscitado conflito de atribuições entre a jurisdição comum e o contencioso administrativo,
o Tribunal de Conflitos decidiu que a controvérsia deveria ser solucionada pelo tribunal administrativo,
porque se tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de funcionamento do serviço público.
Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos princípios do Código Civil, porque
se sujeita a regras especiais que variam conforme as necessidades do serviço e a imposição de conciliar os
direitos do Estado com os diretos privados.
251
NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Note que NÃO precisa comprovar DOLO/CULPA. Esse é o grande diferencial da Responsabilidade
Civil Objetiva. Para comprová-la, basta a mera relação causal entre o comportamento de um agente e o
dano.
Surgiu no ordenamento jurídico brasileiro na Constituição de 1946 e foi consagrada na Constituição
de 1988, no art. 37, § 6º (regra geral da responsabilidade);
Teorias legitimadoras:
a) Teoria do risco administrativo;
b) Teoria da repartição dos encargos sociais.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCPR 2021): Em face de dano causado por disparo de arma de fogo de agente policial, caso
este não se encontre em serviço, aplica-se a teoria da faute du service para responsabilização do Estado (item
considerado incorreto).
TURMA 9
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Logo, incide sobre todos os agentes que atuam na prestação de serviços públicos:
⋅ Pessoas jurídicas de direito público da administração direta;
⋅ Autarquias e fundações de direito público;
⋅ Empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço público (portanto,
excluídas as estatais que exploram atividade econômica);
⋅ Prestadores de serviço público por delegação (concessionárias e permissionárias do serviço
público), hipótese em que o Estado é responsável subsidiariamente.
União não tem legitimidade passiva em demanda que envolve erro médico e SUS.
A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos
decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante
atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei
8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é
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NÚCLEO DURO
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Conforme o dispositivo constitucional, é necessário que a conduta seja perpetrada por agente
público atuando nessa qualidade. Isso significa que não é preciso que o agente esteja no exercício da função,
atuação mais restrita que a exigida na Lei Maior. Além disso, a expressão utilizada envolve qualquer pessoa
que exerça função pública, independentemente do vínculo com a Administração. Nesse sentido, até mesmo
um voluntário que auxilia o Poder Público pode ensejar dano pelo qual o Estado será responsabilizado.
Para o STJ, o Estado responde por atos de terceirizados contratados por interposta pessoa para
prestar serviços aos Órgãos Públicos (REsp 904127).
O tabelião e o registrador são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o
exercício da atividade notarial e de registro. Logo, na classificação dos agentes públicos, são considerados
particulares em colaboração. Assim, de acordo com o STF, o Estado possui responsabilidade civil direta e
primária pelos danos que tabeliães e oficiais de registro, no exercício de serviço público por delegação,
causem a terceiros.
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NÚCLEO DURO
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CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCSP 2022): As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos
somente respondem de forma objetiva a danos causados aos usuários do serviço público. (item
considerado incorreto).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCRJ 2022): Delegado de polícia de estado da Federação, estimulado por amigos em momento
de descontração, apresentou a carteira funcional para entrar, sem pagar, em sofisticado evento esportivo
a do evento que precisava
internacional organizado pela iniciativa privada. O delegado argumentou na entrad
ingressar com um grupo de pessoas para, em conjunto, apurarem eventual prática de ilícitos. Após o
constrangimento causado, o delegado ingressou com mais dez amigos no referido recinto e assistiu ao evento
sem ser importunado. Alguns dias depois, os organizadores do evento ajuízam ação em face do Estado
pedindo que o ente público pague pelos ingressos e indenize os organizadores por danos morais. Tudo com
base no art. 37, § 6.º da CF, que prevê a responsabilidade civil objetiva do Estado. Considerando-se essa
situação hipotética, é correto afirmar que o referido artigo da CF é inaplicável à hipótese, haja vista que o
255
NÚCLEO DURO
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delegado, a despeito do seu discurso, não estava no exercício de suas funções públicas. Sem embargo, o
servidor pode responder diretamente pelo prejuízo que causou (item considerado correto).
4. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
a) Conduta (fato administrativo): Deve ser praticado por determinado agente público que atue nesta
qualidade ou que dela se aproveite para causar dano (Teoria da Imputação).
A conduta que enseja a responsabilidade objetiva é a conduta comissiva. Em caso de omissão, a
responsabilidade é subjetiva (conforme a doutrina majoritária que será aprofundada adiante).
A conduta pode ser ilícita ou lícita (causadora de danos desproporcionais).
● Para condutas ILÍCITAS: fundamento na legalidade.
● Para condutas LÍCITAS: fundamento na isonomia. A doutrina admite em duas situações:
i. Expressa previsão legal. Ex.: responsabilidade da União por danos provocados por
atentados terroristas contra aeronaves de matrícula brasileira;
ii. Sacrifício desproporcional ao particular. Ex.: determinação estatal de que em uma rua no
centro da cidade não será possível a circulação de carros, de modo que o dono de um
estacionamento rotativo tem sua atividade econômica inviabilizada.
Teoria do duplo efeito dos atos administrativos: ocorre quando um mesmo ato administrativo causa dano
específico, anormal a uma pessoa e para a outra NÃO causa dano passível de indenização.
b) Dano:
É indispensável o dano jurídico, ou seja, dano tutelado pelo direito, ainda que exclusivamente moral.
Na hipótese de danos decorrentes de atos lícitos, é necessário comprovar que os danos são anormais
e específicos. Isso porque, diante do risco social, danos normais e genéricos, que decorram de condutas
lícitas do Poder Público, NÃO ensejam responsabilidade civil do Estado.
O ressarcimento engloba os danos morais e materiais (dano emergente ou lucro cessante). Além
disso, conforme entendimentos sumulados do STJ:
Súmula n. 43: Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data
do efetivo prejuízo.
Súmula n. 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de
responsabilidade extracontratual.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
c) Nexo de causalidade
Em regra, o Brasil adotou a teoria da causalidade adequada, em que o Estado responde desde que
a sua conduta tenha sido determinante para o dano causado ao agente.
A responsabilidade civil do Estado pressupõe:
i. Previsibilidade do evento danoso;
ii. Evitabilidade do evento danoso.
Condutas posteriores, alheias à vontade do Estado, apesar de causar dano a terceiro, implicam na
incidência da teoria da interrupção do nexo causal, a excluir a responsabilidade estatal, quando configurado
caso fortuito, força maior, culpa exclusiva.
257
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
2) Fato de terceiro que não possui vínculo com o Estado: Quem causou o dano foi terceiro. Ex.:
arremesso de pedras por terceiros contra passageiros.
3) Caso fortuito e força maior: Podem decorrer da ação humana ou de eventos da natureza, sendo
imprevisíveis, inevitáveis e estranhos à vontade das partes.
Há autores que diferenciam o caso fortuito da força maior, e só admitem a força maior como causa
excludente. Nesse sentido, Maria Sylvia Di Pietro sustente que força maior decorre de ação da natureza
(ato externo) e o caso fortuito decorre de ato humano ou falha da natureza. Somente a força maior
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
excluiria a responsabilidade do Estado. Contudo, esse entendimento não encontra ressonância no STF,
que afasta a responsabilidade do Estado nas duas hipóteses.
Além disso, a doutrina vem diferenciando o fortuito externo (risco estranho à atividade) do fortuito
interno (risco inerente ao exercício da própria atividade). Para aqueles que fazem essa distinção apenas
no fortuito externo o Estado NÃO será responsabilizado. Ou seja: há exclusão do nexo causal no caso
fortuito externo.
Em caso de omissão do Estado, ainda que verificada situação de caso fortuito ou força maior, o Poder
Público poderá ser responsabilizado. Ex.: chuva forte que causa enchente na cidade, quando o Estado
negligenciou o serviço de limpeza dos bueiros.
4) Causas excludentes e atenuantes: Ocorre quando duas causalidades contribuem para o resultado
danoso. Fala-se em culpa concorrente da vítima e do Estado. Nesse caso, ainda há responsabilidade
estatal, mas que deve ser graduada no caso concreto.
OBS.: Para o STJ a existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei n. 6.880/1980) não isenta a
responsabilidade do Estado pelos danos morais causados em decorrência de acidente sofrido durante as
atividades militares.
É a teoria adotada como regra para os casos de responsabilidade civil objetiva do Estado.
Aquele que desempenha uma atividade de risco responde de forma objetiva. As atividades estatais
possuem um risco inerente, e se o Estado assume esta atividade, na hipótese de sobrevir um dano ou prejuízo
ao particular, havendo um nexo causal entre o dano e a atividade do Estado, ele vai ter que indenizar o
particular.
Responsabiliza o ente público, objetivamente, pelos danos que seus agentes causarem a terceiros,
mas admite a exclusão se ausente um dos elementos dessa responsabilidade.
259
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
Parte da premissa de que o ente público é o garantidor universal e a simples existência do dano e
nexo causal é suficiente para que surja a obrigação de indenizar.
Responsabilização absoluta do Estado por danos ocorridos em seu território, de modo que a teoria
do risco integral NÃO admite as hipóteses de excludentes de nexo causal.
Ex.:
. Atividade nuclear (art. 21, XXIII, “d”, da CF/88);
. Danos ao meio ambiente (art. 225, § 3º da CF/88);
. DPVTA (nesse caso, a seguradora fica no polo passivo);
. Crimes a bordo de aeronaves no espaço aéreo brasileiro e danos decorrentes de ataques terroristas.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCSP 2022): Ainda que a conduta estatal seja lícita, ficará caracterizada a responsabilidade
do Estado quando comprovada a ilicitude do dano. (item considerado correto).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
A doutrina diverge sobre a natureza da responsabilidade civil nos casos de omissão estatal. Também
há oscilação na jurisprudência:
1ª Corrente: responsabilidade objetiva, pois o art. 37 NÃO faz distinção entre condutas comissivas e
omissivas. Assim, para essa corrente, as duas espécies de atos (comissivos e omissivos) estariam sob a égide
a responsabilidade objetiva, independente de culpa. (Hely Lopes Meirelles)
2ª Corrente: responsabilidade subjetiva, com presunção de culpa do poder público, tendo em vista
que na omissão o Estado NÃO é causador do dano (ou seja: a omissão não causa nada), mas atua de forma
ilícita (com culpa) quando descumpre o dever legal de impedir a ocorrência do dano. Para essa corrente,
deve-se demonstrar que o agente que se omite viola o dever objetivo de cuidado. (Di Pietro, Celso Antônio
Bandeira de Melo, Carvalho Filho e precedentes do STJ).
Importa ressaltar, ainda, que o professor Matheus Carvalho traz uma variação acerca da
responsabilidade subjetiva do Estado por atos omissivos. Para ele, a responsabilidade é subjetiva, mas não
com base na teoria civilista (direito privado), mas sim com base na “culpa do serviço”, de modo que o Estado
responderá pelo dano desde que o serviço público não funcione quando deveria funcionar ou funcione de
forma tardia. Em suas palavras:
261
NÚCLEO DURO
TURMA 9
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3ª Corrente: diferencia omissão genérica e especifica. Nos casos de omissão genérica, relacionadas
ao descumprimento do dever genérico de ação (relacionado a um dever geral do Estado), a responsabilidade
é subjetiva. Porém, em casos de omissão específica, quando o Estado descumpre dever jurídico específico,
consubstanciado em um dever concreto e individualizado, a responsabilidade é objetiva (Rafael Carvalho,
Cavalieri, doutrina moderna e precedentes do STF).
Rafael Oliveira entende ser a responsabilidade por omissão é objetiva, pois o art. 37, §6º, CRFB NÃO
faz distinção entre responsabilidade por ação e omissão, bem como a inação do Estado colabora para a
consumação do dano. No entanto, somente será possível responsabilizar o Estado nos casos de omissão
específica, ou seja, nos casos em que o Estado tem a possibilidade de prever e evitar o dano (há
previsibilidade e evitabilidade). Nas omissões genéricas, não há responsabilidade estatal, na medida em que
o Estado NÃO é segurador universal.
Essa corrente tem orientado o entendimento do STF.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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Vamos esquematizar?
OMISSÃO GENÉRICA OMISSÃO ESPECÍFICA
Responsabilidade Subjetiva Responsabilidade Objetiva
⦁ Há o descumprimento de um dever ⦁ São as omissões juridicamente relevantes. O
genérico de agir. Estado tem o dever de agir em relação a
⦁ Casos em que não há previsibilidade e determinadas pessoas ou determinadas
evitabilidade do dano. situações.
⦁ Não há nexo causal, não há ⦁ Há previsibilidade e evitabilidade do dano.
responsabilidade do Estado. ⦁ Surge um dever jurídico de evitar o dano.
⦁ Estado não pode ser segurador ⦁ Há responsabilidade objetiva pautada no
universal – não há previsibilidade e art. 37, §6º.
evitabilidade.
⦁ A regra é a adoção do risco
administrativo e não risco integral.
Omissão genérica é um dever genérico de ação. Ex.: Dever de prestar um bom serviço de esgoto.
Mas todo ano, sabidamente naquela época do ano, chove a mesma quantidade de água e sempre
alaga. E todo mundo sabe que alaga e que ocasiona inúmeros prejuízos.
Nesse caso, parte da doutrina defende que há responsabilidade objetiva. Isso porque não houve
uma violação ao dever de ação genérico, mas sim uma violação reiterada do dever de ação.
Assim, a violação reiterada do dever de ação, consiste no sucessivo
descumprimento do dever
objetivo de cuidado e de ação. Trata-se de uma violação sistemática que quase aproxima da violação
específica, ensejando, portanto, responsabilidade objetiva do estado.
Trata-se de construção doutrinária que ainda não foi enfrentada pelos Tribunais Superiores.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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CASO (1): Responsabilidade por omissão e teoria do risco criado (risco suscitado) quando o Estado cria
situações de risco que levam à ocorrência do dano
Nesse caso, o Estado responde objetivamente, ainda que não se demonstre conduta direta de um
agente público ou que haja situação de caso fortuito, bastando a comprovação de que este fortuito só foi
possível ante a custódia do ente estatal (fortuito interno ou caso fortuito). Se o dano for completamente
alheio e independente da situação de custódia, há o fortuito externo ou força maior, que exclui a
responsabilidade civil do estado.
Ressalta-se que a responsabilização dependerá somente da comprovação de que a custódia é uma
condição sem a qual o dano NÃO teria ocorrido, mesmo que situações supervenientes tenham contribuído
para o dano. Aplicação da teoria da conditio sine qua non para responsabilizar o Estado em caso de custódia.
Ex.: O Estado é responsável pela guarda e segurança das pessoas submetidas a encarceramento,
enquanto ali permanecerem detidas. Assim, é dever do Poder Público mantê-las em condições carcerárias
com mínimos padrões de humanidade estabelecidos em lei, bem como, se for o caso, ressarcir os danos que
daí decorrerem.
O dever do Estado de garantir a segurança pessoal, física e psíquica dos detentos é imposto não
apenas no ordenamento nacional, mas também por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
Observe o fundamento constitucional, legal e convencional:
. Constituição Federal: art. 5º, XLVII, “e”; XLVIII; XLIX;
. Lei 7.210/84 (LEP): arts. 10; 11; 12; 40; 85; 87; 88;
. Lei 9.455/97 (Lei de tortura);
. Lei 12.874/2013 (Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura);
. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas de 1966: art. 2; 7; 10; e 14;
. Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969: art. 5º; 11; 25;
. Princípios e Boas Práticas para a Proteção de Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas –
Resolução 01/08, aprovada em 13 de março de 2008, pela Comissão Interamericana de Direitos
Humanos;
. Convenção da ONU contra Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou
Degradantes de 1984;
. Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros – adotadas no 1º Congresso das Nações Unidas
para a Prevenção ao Crime e Tratamento de Delinquentes de 1955.
A jurisprudência do STF entende que o Estado possui responsabilidade objetiva pela integridade
física e psíquica daqueles que estão sob sua custódia.
TURMA 9
SEMANA 06/16
Assim, ocorrido o dano e estabelecido o nexo causal com a atuação da Administração ou dos seus
agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado.
NÃO aplicação do princípio da reserva do possível. Segundo esse princípio, os recursos públicos são
limitados e as necessidades ilimitadas, de forma que não há condições financeiras de o Estado atender a
todas as demandas sociais.
Ocorre que só faz sentido considerar este princípio em ações judiciais nas quais está sendo pleiteada
a implementação de direitos fundamentais a prestações, especialmente direitos de natureza social (ex.:
saúde, educação etc.). Em tais casos, discute-se se é possível conceder o direito suscitado mesmo que não
haja, em tese, capacidade financeira do Estado.
Aqui, contudo, a situação é diferente. Neste caso, a matéria jurídica se situa no âmbito da
responsabilidade civil do Estado de responder pelos danos causados por ação ou omissão de seus agentes,
nos termos previstos no art. 37, § 6º, da CF/88. Trata-se de dispositivo autoaplicável (de eficácia plena), que
não depende de lei ou de qualquer outra providência administrativa. Ocorrendo o dano e estabelecido o seu
nexo causal com a atuação da Administração ou dos seus agentes, nasce a responsabilidade civil do Estado.
CASO (2): Responsabilidade civil do Estado por morte de detento (caso peculiar que depende das
circunstâncias do caso concreto e passou por evolução jurisprudencial)
265
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
Em um primeiro momento, o STF entendia que a responsabilidade civil do estado em caso de suicídio
de preso era objetiva, por ter ocorrido dentro de estabelecimento prisional mantido pelo Estado, com base
na teoria do risco criado (Info 520 de 2013).
No entanto, em um segundo momento, o STF passou a decidir no sentido de que somente ocorreria
a responsabilização objetiva do Estado em caso de morte de detento quando houvesse a inobservância do
dever específico de proteção, previsto no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal (RE 841526/RS).
Vale ressaltar, no entanto, que a responsabilidade civil neste caso, apesar de ser objetiva, é regrada
pela teoria do risco administrativo. Desse modo, o Estado poderá ser dispensado de indenizar se ficar
demonstrado que ele não tinha a efetiva possibilidade de evitar a ocorrência do dano. Nas exatas palavras
do Min. Luiz Fux: "sendo inviável a atuação estatal para evitar a morte do preso, é imperioso reconhecer que
se rompe o nexo de causalidade entre essa omissão e o dano. Entendimento em sentido contrário implicaria
a adoção da teoria do risco integral, não acolhida pelo texto constitucional".
Assim, atualmente, de acordo com a jurisprudência dominante, temos que em regra, o Estado é
objetivamente responsável pela morte de detento. Isso porque houve inobservância de seu dever específico
de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da CF/88. Contudo, excepcionalmente, o Estado poderá ser
dispensado de indenizar se ele conseguir provar que a morte do detento não podia ser evitada. Neste caso,
rompe-se o nexo de causalidade entre o resultado morte e a omissão estatal.
Ex.: Imagine que um detento está doente e precisa de tratamento médico. Ocorre que este não lhe
é oferecido de forma adequada pela administração penitenciária. Há claramente uma violação ao art. 14 da
LEP. Neste caso, se o preso falecer, o Estado deverá ser responsabilizado objetivamente, considerando que
houve uma omissão específica e o óbito era plenamente previsível.
Ex.2: Suponha, no entanto, que o preso estivesse bem e saudável e, sem qualquer sinal anterior,
sofre um mal súbito no coração e cai morto instantaneamente no pátio do presídio. Nesta segunda hipótese,
o Poder Público não deverá ser responsabilizado por essa morte, já que não houve omissão estatal e este
previsibilidade e
óbito teria acontecido mesmo que o preso estivesse em liberdade. NÃO havia, nesse caso,
evitabilidade.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
Para que o Município seja responsável por acidente em loja de fogos de artifício, é necessário
comprovar que ele violou dever jurídico específico de agir. Ou seja, que concedeu licença sem as cautelas
legais ou tinha conhecimento de irregularidades que estavam sendo praticadas pelo particular.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCPR 2021): O Estado será responsabilizado em caso de acidente em comércio de fogos de
artifício quando forem de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo
particular (item considerado correto).
Para o STJ o Estado NÃO responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema
penitenciário, SALVO quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.
De acordo com a teoria da causalidade direta/imediata, para que haja responsabilidade civil
decorrente da fuga do preso, é necessário que esta esteja imediata e diretamente ligada com o resultado.
Ex.1: A fuga está relacionada ao crime cometido após 2 anos? NÃO. Não há responsabilidade pois não há a
causalidade direta e imediata.
Ex.2: A fuga está relacionada ao crime cometido após 48 horas? SIM. Há responsabilidade objetiva do Estado.
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCRN 2021): João cumpria pena em estabelecimento prisional do Estado Alfa quando foi morto
por estrangulamento praticado por outro apenado, sendo certo que, durante o homicídio, praticado no
horário de banho de sol, não interveio qualquer agente penitenciário, presente no local, para tentar impedir
a morte de João. A família do falecido João procurou a Defensoria Pública, que lhe esclareceu que a
Constituição da República de 1988, em seu artigo 5º, inciso XLIX, assegura aos presos o respeito à integridade
física e moral. Assim, seguindo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os filhos de João devem ajuizar
ação indenizatória em face do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil objetiva pela inobservância do seu
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
dever específico de proteção previsto no citado artigo inciso da Constituição da República de 1988. (item
considerado correto).
CASO (5): Responsabilidade civil do Estado por danos causados em obras públicas
As obras públicas podem ser executadas diretamente ou indiretamente, neste caso, por empresa
contratada. Na execução direta, o Estado responde objetivamente pelos danos causados a terceiros, na
forma do art. 37, § 6°, da CF/88.
Já na execução indireta, a doutrina diverge sobre a responsabilidade civil do Estado:
1ª corrente: O Estado responde diretamente pelos danos causados por empresas por ele
contratadas, uma vez que a obra pública, em última análise, é de sua responsabilidade (Cavalieri Filho).
2ª corrente: É preciso fazer uma distinção entre dano causado pelo simples fato de a obra existir e
o dano oriundo da má execução da obra.
a) No dano pela existência da obra, verifica-se que ela causaria dano mesmo diante da inexistência
de culpa, já que haveria prejuízo independentemente de quem executasse a obra. Por esse
motivo, deve haver responsabilidade direta e objetiva do Estado.
b) No dano pela má execução da obra, é preciso analisar quem executou mal a obra:
⦁ Se a obra não foi bem executada pela Administração Pública: responsabilidade direta e
objetiva do Estado.
⦁ Se a obra não foi bem executada pelo contratado (licitação ou contrato administrativo):
há responsabilidade subjetiva da contratada.
Cuidado: Nessa segunda hipótese, pois, ainda que haja responsabilidade subjetiva da contratada,
poderá haver responsabilidade civil do Estado em 2 hipóteses:
1) Responsabilidade objetiva subsidiária, caso o contratado não tenha subsídio ou patrimônio
para indenizar a vítima.
2) Responsabilidade subjetiva solidária, caso fique demonstrada a omissão do Estado na
fiscalização. Para José Santos Carvalho Filho, a ação deve ser movida apenas contra o empreiteiro,
sem a participação do Estado, nos moldes do direito civil. A responsabilidade do Estado decorre da
omissão na fiscalização (subjetiva).
6. RESPONSABILIDADE DO AGENTE
O art. 37, §6º, CRFB consagra dois regimes jurídicos distintos de responsabilidade:
1) Responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviços públicos;
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
O dano provocado pelo Estado gera para a vítima o direito a indenização que pode ser feita pela via
administrativa ou judicial. Não havendo reparação administrativa, a vítima ingressa com ação judicial em
face do Estado.
Por sua vez, a ação de regresso é a ação do Estado contra o seu agente, causador do dano.
O conceito de agentes públicos, conforme visto, engloba toda e qualquer pessoa no exercício da
função pública, desde que verificada ligação direta entre o dano e o exercício da função pública, ainda que o
servidor esteja fora de sua jornada de trabalho.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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2ª Corrente (JSCF, Celso Antônio, Gasparini, Rafael Oliveira): A ação pode ser proposta em face do
Estado, agente público ou ambos, em litisconsórcio passivo. Com isso, haveria a possibilidade de só cobrar
do Estado, só do agente ou do Estado e agente (em litisconsórcio).
CAIU EM PROVA:
(Delegado de PCRJ 2022 - adaptada): Maria trafegava em seu carro na Ponte Rio
-Niterói, durante a manhã,
a caminho do trabalho, sentido Rio de Janeiro, quando, em meio ao trânsito lento, foi surpreendida por uma
viatura da polícia civil, que passou de forma brusca e acelerada ao lado de seu veículo, causando um leve
abalroamento, que levou a motorista a colidir contra o veículo à sua frente, o que, afinal, causou graves
danos a esses dois carros. Apesar do acidente e dos danos materiais aos dois veículos, não houve feridos.
Após confeccionar a declaração de acidente de trânsito no site da Polícia Rodoviária Federal, Maria resolveu
comparecer ao plantão da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, para noticiar o ocorrido, tendo indicado o
número da unidade policial inscrito na viatura, assim como o horário em que o abalroamento havia
acontecido. Em sua apuração preliminar, a corregedoria identificou os policiais civis que estavam na viatura,
assim como constatou que eles não se dirigiam a nenhuma diligência policial na ocasião, apenas buscavam
fugir do engarrafamento. Após regular sindicância administrativa disciplinar, os policiais foram punidos. Ao
tomar conhecimento do resultado da apuração da Corregedoria-Geral de Polícia Civil, Maria decidiu ajuizar
ação para obter do Estado reparação civil, tendo em vista os danos causados ao seu veículo.
A partir dessa situação hipotética, a ação por danos causados por agente público deve ser ajuizada contra o
Estado ou contra pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para
a ação o autor do ato, em observância ao princípio da dupla garantia, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa (item considerado correto).
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
(Delegado de PCPR 2021 – Questão Discursiva): Foi questionado, à luz do entendimento do STF, sobre a
possibilidade de ajuizamento de ação contra agente público por danos causados no desempenho de suas
atribuições.
Analisando o caso e considerando o tema Ato Administrativo, qual seria o elemento de ato administrativo
que mais se destaca e por quê?
Como se pode classificar o vínculo do estagiário com a administração pública, na qualidade de agente
público? Por quê?
Tendo em vista os fatos apurados, pode-se cogitar de responsabilidade do estagiário? Fundamente.
R.: Os atos administrativos contam com cinco elementos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
A competência se refere à atribuição funcional para a prática do ato administrativo; a finalidade é o elemento
de missão institucional do Estado que se pretende atingir com o ato administrativo; a forma corresponde aos
requisitos de composição, procedimento e suporte do ato administrativo; o motivo são as circunstâncias de
fato que levam à prática do ato administrativo; e o objeto constitui-se pelo núcleo de efeitos do ato
administrativo. Certamente, no caso relatado, o elemento de competência se destaca, uma vez que é
evidente que o estagiário não conta com atribuição funcional para a prática dos atos analisados.
Nesse particular, é de se destacar que o estagiário não conta com vínculo de cargo público, reservado aos
agentes estatutários, ou de emprego público, próprio dos agentes celetistas. No entanto, pode-se considerar
que, ao menos para alguns fins –como apuração de responsabilidade –, o estagiário se caracteriza como
agente que exerce função pública, na medida em que, com frequência, exerce atividade própria de agente
público.
Por fim, os fatos tais como descritos permitem sim a caracterização de responsabilidade pessoal do
estagiário. Isto porque o regime jurídico dos agentes públicos, seja em normas específicas ou em previsões
gerais, como o Código Penal e a Lei de Improbidade Administrativa, caracterizam como agente público para
fins de responsabilidade qualquer pessoa que exerça atividade pública por meio de contrato, como é o caso
dos estagiários. Assim, é possível cogitar de responsabilidade civil, penal e administrativa do estagiário no
caso em tela.
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
Ainda em relação ao caso anteriormente descrito, o proprietário do automóvel e vítima do dano causado
pela colisão pode buscar e obter indenização junto ao Município? Por quê?
Diante das provas presentes e do grau de irregularidade na conduta do estagiário, pode o Município
reconhecer o pleito do proprietário lesado? Por quê?
O eventual direito de o proprietário buscar uma indenização junto ao Município é prejudicado pela condição
de estagiário do condutor do trator? Justifique.
R.: Sem dúvidas, o caso em tela representa hipótese clássica de responsabilidade civil do Estado. Isto porque,
buscando suas raízes no Caso Blancò julgado pelo Conselho de Estado Francês ainda em 1873, o art. 37, § 6º,
da Constituição Federal de 1988, prevê a responsabilidade objetiva do Estado, independente de dolo ou
culpa, bastando que seja demonstrado o nexo causal. Neste particular, os fatos tais como descritos na
questão permitem concluir que há claro nexo causal entre os danos experimentados e a condução em via
pública do trator do Município.
Neste particular, tendo em vista os fatos descritos, em havendo provas suficientes e diante da tamanha
irregularidade consistente em uma máquina ser conduzida em via pública por um estagiário da
Administração e colidir com um veículo estacionado, pode o Município lançar mão do contrato de transação
instituído pelos arts. 840 e seguintes do Código Civil ou de instituto análogo e proceder com a firmatura de
acordo com o proprietário, buscando uma solução consensual e mais econômica para o caso.
Por fim, não há qualquer prejuízo ao direito de indenização do proprietário lesado frente ao Município pelo
fato de o condutor não contar com vínculo de Servidor Público, uma vez que, pelo princípio da aparência, o
ato foi efetivamente praticado pela Administração. Caso assim não fosse, pode-se cogitar ao menos de culpa
in vigilando por parte de agentes municipais, em todos os casos sendo possível ação de regresso pelo
Município em face dos agentes responsáveis.
OBS.: O CPC 15 regulamenta a denunciação à lide, prevendo que em nenhum caso será obrigatória
(diferentemente do CPC 73), o que justifica o entendimento do STJ no sentido de que se trata de uma
faculdade.
273
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
2ª Corrente: (Di Pietro): Possibilidade apenas em ação na qual o autor identificar o agente público
causador do dano, imputando-lhe culpa. Assim, não seria cabível quando a responsabilidade for fundada na
culpa anônima, sem individualização do agente causador do dano, pois nesse caso o Estado estaria incluindo
na lide novo fundamento não levantado pelo autor: culpa ou dolo do agente público.
3ª Corrente (JSCF, Diogo Figueiredo, Rafael Oliveira e STF): Impossibilidade de denunciação da lide
pelo Estado, pois a responsabilidade do Estado é objetiva e a do agente público subjetiva, razão pela qual a
denunciação acarretaria a inclusão da discussão de culpa na demanda, prejudicando a celeridade processual.
Doutrina majoritária: NÃO admite, pois geraria ampliação subjetiva do mérito, acarretando ao autor
manifesto prejuízo à celeridade.
STJ: Admite a denunciação, mas o Estado NÃO está obrigado a fazê-la.
8. PRAZO PRESCRICIONAL
TURMA 9
SEMANA 06/16
2ª Corrente: 3 anos (previsto no CC), por ser mais benéfico à Fazenda, com base em 2 argumentos:
⋅ Interpretação sistemática e histórica, uma vez que a intenção do legislador ao fixar o prazo
quinquenal era proteger a segurança jurídica e beneficiar o Estado;
⋅ O próprio art. 10 do Decreto 20.910/1932 estabelece que o prazo quinquenal NÃO altera as
prescrições de menor prazo, o que revelaria a aplicação do prazo de 03 anos.
275
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
⦁ Se o inquérito policial tiver sido arquivado (não foi ajuizada ação penal): o
termo inicial da prescrição da ação de indenização é a data do arquivamento
do IP.
STJ. 2ª Turma. REsp 1443038-MS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em
12/2/2015 (Info 556).
IMPORTANTE: Imprescritibilidade
Súmula 647-STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 10/03/2021.
STJ: São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão
.
de perseguição política praticada na época da ditadura militar
São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão de
atos de exceção praticados durante o regime militar. Ex: João era servidor da ALE/PR. Em 1963, João foi
demitido em razão de perseguição política perpetrada na época da ditadura militar. Em 2011, João ajuizou
ação ordinária contra o Estado do Paraná pedindo a sua reintegração ao cargo. Esta pretensão é
considerada imprescritível considerando que envolve a efetivação da dignidade da pessoa humana. Vale
ressaltar, contudo, que a imprescritibilidade da ação que visa reparar danos provocados pelos atos de
exceção não implica no afastamento da prescrição quinquenal sobre as parcelas eventualmente devidas ao
autor. Não se deve confundir imprescritibilidade da ação de reintegração com imprescritibilidade dos
efeitos patrimoniais e funcionais dela decorrentes, sob pena de prestigiar a inércia do Autor, o qual poderia
ter buscado seu direito desde a publicação da Constituição da República. Em outras palavras, o recebimento
dos “atrasados” ficará restrito aos últimos 5 anos contados do pedido. STJ. 1ª Turma. REsp 1.565.166-PR,
Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 26/06/2018 (Info 630).
IMPORTANTE: É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil. STF.
Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 3/2/2016 (repercussão geral) (Info 813).
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As ações propostas pelo Estado buscando o ressarcimento ao erário decorrente de ilícito civil são
prescritíveis. A pergunta que surge em seguida é: Qual o prazo prescricional?
1ª Corrente (Rafael Oliveira, José Santos Carvalho Filho e STF): 3 anos, com base no art. 206, § 3º, V,
do CC (prescreve em três anos a pretensão de reparação civil).
Acórdão mantido pelo STF no (RE 669069/MG). O Tribunal de origem adotou a 1ª corrente
(prazo de 3 anos) e o STF manteve a decisão. Vale ressaltar, no entanto, que o objeto do
recurso extraordinário não era esse, de forma que a questão ainda se encontra em aberto
na Corte. Penso que não é possível afirmar ainda que se trata da posição do STF. No entanto,
como foi trazido no Informativo, poderá ser cobrado nas provas. Fique atento com o
enunciado da questão ("segundo o STF" ou "segundo o STJ").
Rafael Oliveira e José Santos Carvalho Filho: “Entretanto, se o caso é de ilícito civil, a ação é
prescritível, aplicando-se o art. 206, § 3º, V, do Código Civil, que fixa o prazo de três anos. A
regra, pois, é a prescritibilidade da pretensão ressarcitória em nome da segurança jurídica.”
2ª Corrente (Celso Antônio Bandeira de Mello, Maria Sylvia e STJ): 5 anos, aplicando-se, com base
Este dispositivo prevê que o prazo
no princípio da isonomia, o prazo trazido pelo Decreto 20.910/32.
prescricional para ações propostas contra a Fazenda Pública é de cinco anos. Logo, o mesmo prazo deveria
ser aplicado para as ações ajuizadas pela Fazenda Pública.
Posição pacífica do STJ:
Em regra, a atuação legislativa NÃO acarreta responsabilidade civil do Estado, já que o caráter
genérico e abstrato das normas jurídicas afasta a configuração dos efeitos (danos) individualizados, principal
óbice à responsabilidade civil. Assim, a responsabilidade civil pode surgir em quatro situações excepcionais:
● Leis com danos desproporcionais;
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1) Lei de caráter geral com dano desproporcional individualizado: Lei de caráter geral que causar dano
desproporcional a determinado indivíduo ou grupo de indivíduos pode configurar responsabilidade
objetiva do Estado, pautada na teoria da repartição dos encargos sociais.
2) Lei de efeitos concretos: Engloba tanto lei em sentido formal, já que a sua produção pelo legislador
observa o processo de criação de normas jurídicas, quanto ato administrativo em sentido material,
em virtude dos efeitos individualizados.
As leis de efeitos concretos podem ocasionar prejuízos a pessoas determinadas, ensejando
responsabilidade objetiva do Estado.
Ex.: lei que determina a transformação de uma rua em travessa de pedestres, impossibilitando o
exercício da atividade econômica de um posto de gasolina lá localizado.
3) Lei declarada inconstitucional: O ato legislativo é ilícito, pois o Estado tem o dever de legislar
conforme a Constituição. No entanto, para que haja responsabilidade civil, o particular deve provar
os danos advindos daquela lei. Deve, portanto, observar 2 requisitos:
i. Comprovação do dano individualizado, do prejuízo concreto pela incidência da norma
inconstitucional;
ii. Declaração de inconstitucionalidade pelo STF, em sede de controle concentrado, em virtude
da presunção de constitucionalidade das leis.
OBS.1: Caso ocorra a modulação dos efeitos em sede de ação de controle de constitucionalidade,
NÃO é possível a responsabilidade civil do Estado, tendo em vista que esta decisão implica no
reconhecimento da legalidade dos efeitos produzidos pela norma inconstitucional.
OBS.2: Parcela da doutrina admite a responsabilização também em caso de inconstitucionalidade
declarada em sede de controle incidental, contudo, nesta hipótese a indenização fica adstrita às partes
atingidas pela decisão.
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inexistência de prazo impõe a necessidade de reconhecimento judicial da mora legislativa por decisão
proferida em mandado de injunção ou ADI por omissão.
Contudo, a responsabilidade do Estado por atos judiciais pode ocorrer, de forma excepcional, em
três hipóteses:
● Erro Judiciário: deve ser erro substancial e inescusável.
● Prisão além do tempo fixado na sentença
● Demora na prestação jurisdicional: erro judiciário praticado por omissão, que causa dano
desproporcional.
CF. Art. 5º. LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
Lembrando que a ação de regresso em face do agente público, em regra, depende da demonstração
-se de juiz, conforme o art. 143, CPC, a responsabilidade da
de dolo ou erro grosseiro. Contudo, tratando
autoridade depende de dolo ou fraude.
1) Erro Judicial: Discute-se se a responsabilidade se restringe ao erro judiciário limitado à esfera penal
ou se é possível a responsabilização do Estado na hipótese de erro judiciário no processo civil:
1ª Corrente (JSCF, Odete Medauar, Diogo Figueiredo Moreira): A responsabilidade restringe-se a
seara penal, inexistindo na área cível.
2ª Corrente (Cavalieri, Rafael Oliveira): A responsabilidade abrange a jurisdição penal e a civil, pois
não teria havido qualquer distinção.
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foi obrigado a continuar exercendo suas funções por mais tempo do que o
necessário. Exemplo de demora excessiva: mais de 1 ano. STJ. 2ª Turma. AgRg no
REsp 1469301/SC, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 21/10/2014. STJ. 1ª
Turma. AgInt no AREsp 483398/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
11/10/2016.
2) Prisão cautelar e posterior absolvição: Em caso de prisão ilegal, caracteriza-se a atuação ilícita e a
responsabilidade do Estado. Em se tratando de prisão cautelar, há controvérsias:
1ª Corrente (Diogo Moreira, Ruy Rosado de Aguiar): Possibilidade de responsabilização do Estado,
com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana.
2ª Corrente (Cavalieri, Rui Stoco, Rafael Oliveira): Impossibilidade de responsabilidade do Estado,
pois a prisão cautelar, decretada conforme ordenamento jurídico, não configura ato ilícito. Destina-se a
garantir a instrução criminal.
STF: Em decisão de 2019 definiu a tese em sede de repercussão geral (posicionamento a ser adotado
em prova objetiva):
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STJ: Possui decisões conflitantes, ora reconhecendo a responsabilidade pessoal e objetiva do Estado,
ora afirmando a responsabilidade pessoal e objetiva dos notários e registradores e subsidiária do Estado.
Em regra, os danos causados por atos de multidões NÃO geram a responsabilidade civil do Estado,
ante a ausência do nexo de causalidade, inexistindo omissão estatal causadora do dano.
Excepcionalmente, o Estado será responsabilizado quando comprovada a ciência prévia da
manifestação coletiva e a possibilidade de evitar a ocorrência de danos.
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REsp 1354536/SE, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado
em 26/03/2014, DJe 05/05/2014.
Para o STJ, há responsabilidade civil do Estado nas hipóteses em que a omissão de seu dever de
fiscalizar for determinante para a concretização ou o agravamento de danos ambientais.
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14. RESPONSABILIDADE DE AGENTES PÚBLICOS POR ATOS RELACIONADOS COM A PANDEMIA DA COVID-
19
Vale ressaltar que a MP não trata de crime ou de ato ilícito. Assim, qualquer interpretação do texto
impugnado que dê imunidade a agentes públicos quanto a ato ilícito ou de improbidade deve ser excluída.
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STF. Plenário. ADI 6421 MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 20 e 21/5/2020 (Info 978).
15. JURISPRUDÊNCIA
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Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos
foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a
responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado
por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal
direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE 608880,
Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em
08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).
O art. 927, parágrafo único, do Código Civil pode ser aplicado para a
responsabilidade civil do Estado
Aplica-se igualmente ao estado o que previsto no art. 927, parágrafo único, do
Código Civil, relativo à responsabilidade civil objetiva por atividade naturalmente
perigosa, irrelevante o fato de a conduta ser comissiva ou omissiva. STJ. 2ª Turma.
REsp 1869046-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 09/06/2020 (Info 674).
Pretensão dos acionistas de serem indenizados pela União e pela Petrobrás pelos
prejuízos causados em decorrência da desvalorização dos ativos da Companhia,
por conta da Lava Jato, deverá ser ajuizada na Justiça Federal de 1ª instância (e
não por arbitragem)
A União, na condição de acionista controladora da Petrobras, não pode ser
submetida à cláusula compromissória arbitral prevista no Estatuto Social da
Companhia, seja em razão da ausência de lei autorizativa, seja em razão do próprio
conteúdo da norma estatutária. Caso concreto: um grupo de acionistas da
Petrobrás formulou requerimento para instauração de procedimento arbitral
perante a Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM-BOVESPA) contra a União e a
Petrobrás, no qual pedem o ressarcimento pelos prejuízos decorrentes da
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2) O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações de responsabilidade civil em face do Estado por
ilícitos praticados por seus agentes é a data do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
3) As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais ocorridas durante o regime militar
são imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto no art. 1º do Decreto n. 20.910/1932.
4) O prazo prescricional das ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública é quinquenal (Decreto
n. 20.910/1932), tendo como termo a quo a data do ato ou fato do qual originou a lesão ao patrimônio
material ou imaterial. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema 553)
5) A responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a
negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.
6) Há responsabilidade civil do Estado nas hipóteses em que a omissão de seu dever de fiscalizar for
determinante para a concretização ou o agravamento de danos ambientais.
7) A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, ainda que
estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal.
8) É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em razão de tiroteio
ocorrido entre policiais e assaltantes.
9) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de custodiado em unidade prisional.
10) O Estado responde objetivamente pelo suicídio de preso ocorrido no interior de estabelecimento
prisional.
11) O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário,
salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga.
12) A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de segurança e vigilância
contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma constante, passível de ser elidida tão
somente quando cabalmente comprovada a culpa exclusiva da vítima. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C
do CPC/73 - Tema 517)
13) No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas, impondo a
redução da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária do transporte ferroviário
descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos,
adotando conduta negligente no tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a
ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local
inapropriado. (Tese julgada sob o rito do art. 543
-C do CPC/73 - Tema 518)
14) Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de quebra de
instituição financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo Banco Central no mercado
de capitais.
15) A existência de lei específica que rege a atividade militar (Lei n. 6.880/1980) não isenta a responsabilidade
do Estado pelos danos morais causados em decorrência de acidente sofrido durante as atividades militares.
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Referências Bibliográficas:
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CF/88
⦁ Art. 5º, XLII, XLIII e XLIV
⦁ Art. 21, XVII
⦁ Art. 48, VIII
⦁ Art. 53, §§3º a 5º
⦁ Art. 84, XII
CÓDIGO PENAL:
⦁ Art. 2º (abolitio criminis)
⦁ Arts. 100 a 120
⦁ Art. 121, §5º (perdão judicial no homicídio)
⦁ Art. 129, §8º (perdão judicial na lesão corporal)
⦁ Art. 312, §3º
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TURMA 9
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CF/88
⦁ Art. 5º, XI e XII
⦁ Art. 5º, LV e LVI
⦁ Art. 5º, LXIII
⦁ Art. 93, IX
CP
⦁ Art. 65, III
⦁ Art. 150
⦁ Art. 342
CPP
⦁ Art. 3º-A
⦁ Art. 3º-C, §3º
⦁ Art. 6º, III
⦁ Art. 155 a 250 (engloba teoria geral da prova e provas em espécie)
⦁ Art. 260
⦁ Art. 366 e 367
⦁ Art. 400, 401, 406, §2º, 411, §2º
⦁ Art. 422
⦁ Art. 474
⦁ Art. 532
CF/88
⦁ Art. 5º, XI e XII
⦁ Art. 5º, LV e LVI
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CPP
⦁ Art. 3ª-A e 3ª-C, §3º
⦁ Art. 155 a 157
⦁ Ar. 158 a 159
⦁ Art. 167, 168 e 169
⦁ Art. 182 e 184
⦁ Art. 185, caput, §§2º, 5º e 10º
⦁ Art. 187
⦁ Art. 197 e 200
⦁ Art. 203, 206 e 207
⦁ Art. 217 e 221
⦁ Art. 239
⦁ Art. 240 a 245
⦁ Art. 366
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NÚCLEO DURO
TURMA 9
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CF/88
⦁ Art. 2º
⦁ Art. 76 ao 91
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CF/88
⦁ Art. 2°
⦁ Art. 80, 81 e 83
⦁ Art. 84 a 86 (importantíssimos!!!)
⦁ Art. 90
293
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
CF/88
⦁ Art. 2º
⦁ Art. 92 ao 126
⦁ Art. 127 ao 135
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!
CF/88
⦁ Art. 2°
⦁ Art. 95 e 96
⦁ Art. 101 a 103
⦁ Art. 104 e 105
⦁ Art. 109
⦁ Art. 127 a 129
294
NÚCLEO DURO
TURMA 9
SEMANA 06/16
CF/88
⦁ Art. 5º, XLVII, “e”; XLVIII; XLIX;
⦁ Art. 5º, LXXV
⦁ Art. 21, XXIII, “d”
⦁ Art. 37, §5ºe 6º
⦁ Art. 225, § 3º
Código Civil
⦁ Art. 206, § 3º e §5º, I
⦁ Art. 927
⦁ Art. 929 e 930
⦁ Art. 935
⦁ Art. 944 e 945
Código Civil
⦁ Art. 206, § 3º e §5º, I
⦁ Art. 927 e 935
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