Abordagem Inicial

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ABORDAGEM INICIAL

NOS CUIDADOS DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

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ÍNDICE

Suporte Básico de Vida: Tutorial Passo-a-passo 4

Avaliação da Via Aérea 11

Fibrilhação Auricular - da Identificação ao Tratamento em Urgência e Emergência 16

Betabloqueadores e a sua Importância na Urgência e Emergência 20


Sutura - Abordagem Inicial à Ferida 24

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SUPORTE BÁSICO DE VIDA
TUTORIAL PASSO-A-PASSO

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SUPORTE BÁSICO DE VIDA
TUTORIAL PASSO-A-PASSO
A paragem cardiorrespiratória (PCR) é um acontecimento súbito e uma das principais causas de morte em todo o mundo. O
Suporte Básico de Vida (SBV) aumenta substancialmente a probabilidade de sobrevivência da vítima, quando iniciado nos
primeiros minutos após a paragem cardíaca, e consiste essencialmente em duas ações: compressões torácicas e ventilações.

A formação em Suporte Básico de Vida e Desfibrilhador Automático Externo para Profissionais de Saúde, certificada
internacionalmente pela American Heart Association (AHA) e pelo INEM, permite aumentar as suas capacidades para intervir
num contexto de emergência, consolidando procedimentos e garantindo a segurança na atuação.

Cadeia de Sobrevivência

A Cadeia de Sobrevivência é composta por quatro elos de igual importância, que traduzem o conjunto de procedimentos
vitais para recuperar uma vítima de paragem cardiorrespiratória.

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LIGAR

Ligar para 112 Reanimar Desfibrilhar Estabilizar

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Suporte Básico de Vida no Adulto

Avaliar as Condições de Segurança: Reanimador, Vítima e Terceiros

Analisar situação e assegurar que não vai correr nenhum risco:


Ambiental;
Toxicológico;
Infecioso.

Avaliar o Estado de Consciência

Coloque-se lateralmente em relação à vítima

Está-me a Vítima não reativa?


ouvir?

Permeabilizar a Via Aérea

Vítima em decúbito dorsal;


Colocar uma mão na testa e inclinar a cabeça para trás;
Elevar o queixo usando os dois dedos da outra mão colocados debaixo do queixo.

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Avaliar Respiração

Manter Via Aérea Permeável Realizar o VOS até 10 segundos:

Ver os movimentos torácicos;


Ouvir os sons respiratórios saídos da boca/nariz;
Sentir o ar expirado.

Vitima respira normalmente? Posição Lateral de Segurança

Ligar 112

Onde? O que? Quem? Como?

NOTA: Se estiverem várias pessoas no local, uma deve contactar os serviços de emergência médica, enquanto outra
inicia as manobras de SBV.

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Realizar Compressões Torácicas

Realize 30 compressões deprimindo o esterno 5-6 cm a uma frequência de pelo menos 100 por minuto e não mais que 120
por minuto.

Como realizar as compressões corretamente?


Posicionar-se ao lado da vítima;
Certificar-se que a vítima está deitada de costas, sobre uma superfície firme e plana;
Afastar/remover as roupas que cobrem o tórax da vítima;
Posicionar-se verticalmente acima do tórax da vítima;
Colocar a base de uma mão no centro do tórax (sobre a metade inferior do esterno);
Colocar a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos;
Manter os braços e cotovelos esticados, com os ombros na direção das mãos;
Aplicar pressão sobre o esterno, deprimindo-o 5-6 cm a cada compressão;
Aplicar 30 compressões de forma rítmica a uma frequência de pelo menos 100 por minuto, mas não mais do que
120 por minuto (pode contar em voz alta);
No final de cada compressão garantir a descompressão total do tórax sem remover as mãos;
Nunca interromper as compressões mais do que 10 segundos;

Realizar Insuflações

Após 30 compressões efetuar 2 insuflações:


A insuflação quando eficaz provoca elevação do tórax (semelhante à respiração normal), devendo ter a duração de
apenas 1 segundo;
Evitar insuflações rápidas e forçadas;
A posição incorreta da cabeça pode impedir a insuflação adequada por obstrução da via aérea;
Na impossibilidade de utilizar um dispositivo na via aérea (máscara de bolso ou insuflador manual), a insuflação
“boca a boca” é uma maneira rápida e eficaz de fornecer oxigénio à vítima.

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Insuflações boca-a-boca: Insuflações com máscara de bolso:
Comprima as narinas usando o dedo indicador Comprima as narinas usando o dedo indicador
e o polegar da mão que colocou na testa e o polegar da mão que colocou na testa

Colocar a máscara sobre o nariz e boca da


Permita que a boca se abra, mas mantenha a vítima (a parte mais estreita da máscara de
elevação do queixo bolso deverá ficar sobre o dorso do nariz e a
parte mais larga da máscara deverá ficar sobre
a boca)

Inspire normalmente e coloque os seus lábios Colocar o polegar e o indicador na parte mais
em torno da boca da vítima, certificando-se estreita da máscara;
que não há fugas

Sopre a uma velocidade regular e controlada Colocar o polegar da outra mão na parte mais
para a boca da vítima enquanto observa a larga da máscara e usar os outros dedos para
elevação do tórax (deve durar cerca de 1 elevar o queixo da vítima, criando uma
segundo, tal como na respiração normal) selagem hermética

Mantendo a inclinação da cabeça e o queixo Soprar suavemente pela válvula unidirecional


elevado, afaste-se da boca da vítima e durante cerca de 1 segundo (por cada
observe o tórax a baixar quando o ar sai insuflação), por forma a que o tórax da vítima
se eleve

Inspire novamente e volte a soprar na boca da Retirar a boca da válvula da máscara após
vítima para conseguir um total de duas insuflar
insuflações

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Manter SBV

Manobras de reanimação (30 compressões alternando com 2 insuflações) até:


Chegar ajuda diferenciada;
Ficar exausto;
Vítima retomar sinais de vida;

Algortiemo de SBV

Condições de Segurança
Estado de Consciência
Permeabilizar a Via Aérea
Ver, Ouvir e Senti (10seg)
Ligar para o 112
30 Compressões
2 Insuflações

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AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA

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AVALIAÇÃO DA VIA AÉREA
A avaliação inicial à via aérea (VA), com recurso à história clínica e exame físico, permite identificar as
dificuldades expectáveis na sua abordagem – assim, devem ser abordados os seguintes pontos:
Antecedentes de Via Aérea Difícil (VAD) e Patologia associada à VAD;
Registos anestésicos prévios e antecedentes cirúrgicos com abordagem da VA;
Radioterapia da Cabeça e do Pescoço;
Aspeto geral do doente: problemas dentários (ex: dentes soltos e/ou procidentes ou placa dentaria);
Síndromes ou anomalias congénitas com envolvimento da cabeça, face ou pescoço;
Testes preditivos de intubação e ventilação difícil;
Co morbilidade com implicação na abordagem da VA: doenças respiratórias (ex: SAOS), doenças
reumatológicas (ex: patologia da articulação temporomandibular, espondilite anquilosante,
osteoartrite e artrite reumatoide); doenças endócrinas (ex: diabetes mellitus); doenças da coagulação
e agregação;
Doença do Refluxo Gastro-esofágico;
Identificação da membrana cricotiróidea para oxigenação de emergência.
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EXAME FÍSICO

GERAL Consciência, aspeto geral, postura e presença ou ausência de


cianose, deformidades faciais ou corporais.

Alterações da face e síndromes e doenças que podem estar


FACE associadas a via aérea difícil (ex: Sindrome de Pierre-Robin,
Treaxhwer-Collins, Klippel ou Apert´s)

Examinar a patência das narinas, a posição do septo ou a


NARIZ presença de pólipos. A intubação nasal é contraindicada na
presença de coagulopatia, LCR ou fratura da base do crânio.

ARTICULAÇÃO Testes de Protusão Mandibular: avaliar a função a ATM. É


EMPOROMANDIBULAR pedido ao doente para avançar a mandibula o máximo
(ATM) possível:
Classe A – os dentes incisivos inferiores ficam anteriores aos
Abertura da boca (distância interincisivos): superiores;
. 40 a 60mm - normal
. < ou = a 25mm – dificuldade a visualizar a Classe B – os dentes incisivos inferiores ficam ao nível dos
laringe superiores;
. < 20mm – impossível com lâmina de Classe C – os dentes incisivos inferiores ficam posteriores aos
Macintosh 3 ou 4 superiores.

Classificação de Mallampati: modificada por Samsoon and


ABERTURA DA BOCA Young:
Classe I: visualização do palato mole, úvula, pilares
Realizado com a cabeça numa posição
neutra. Sentado à frente do doente ao amigdalinos
mesmo nível ocular e observa as estruturas Classe II: visualização do palato mole e úvula
da cavidade oral. Classe III: visualização do palato mole e da base da úvula;
Classe IV: visualização apenas do palato duro.

Tamanho e procidência: podem restringira visualização da via


aérea e dificultar a laringoscopia.
Dentes soltos ou danificados: risco de aspiração ou ingestão.
DENTES Prótese dentária: risco de obstrução da via aérea. A ausência
de dentes aumenta o risco de ventilação difícil.
Documentação dentária: deverá ser prévia ou procedimento
anestésico.

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EXAME FÍSICO

LÍNGUA Avaliar o tamanho em relação à cavidade oral e à mobilidade.


A macroglossia ode dificultar a laringoscopia.

PAVIMENTO Avaliar a complacência dos tecidos.


MANDIBULAR

Distância tiromentoniana: > ou = a 6,5cm com extensão da


articulação atlanto-occipital;
DISTÂNCIAS Distância do mento ao ângulo da mandibula: > ou = a 9cm
mm
nos adultos;
Distância esternomentoniana: > ou = a 13,5cm em adultos.

Avaliar cicatrizes (ex: traqueostomia), massas, desvio e


mobilidade da traqueia, sinais de irradiação do pescoço.
PESCOÇO Perímetro: medido ao nível da cartilagem tiroideia em posição
neutra. A previsão de VAD acontece quando o valor é superior
a 60 cm ou a 45 cm, se associado a SAOS.

ARTICULAÇÃO >= a 35º de extensão cervical (ângulo criado pela superfície de


oclusão dos incisivos superiores).
ATLANTO-OCCIPITAL

Ouvir o som e associar à fase respiratória


QUALIDADE VOCAL Por exemplo: o estridor em repouso em adultos indica que o
diâmetro da VA está reduzida em 50%.

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EXAMES COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO

Gasimetria Arterial - Pode indicar consequências funcionais da via aérea anormal e má reserva
pulmonar com hipoxemia e hipercapnia crónica;
Estudos Imagiológicos (RX, TAC, RMN e ecografia) - Permitem definir uma estratégia de
abordagem antes do doente ser anestesiado;
Laringoscopia - permite definir a natureza ou extensão de qualquer doença antes do doente ser
anestesiado;
Provas de Função respiratória - Ajudam a determinar o grau e o local da obstrução da via aérea.

Com base na “avaliação clínica”, “exame físico” e “meios complementares de diagnóstico”, podemos definir
os fatores ou sinais indicativos de via aérea normal ou anormal em adultos:

Fatores de via aérea normal Fatores de via aérea anormal


História de uma ou mais intubações prévias sem lesões; Trauma, deformidade, queimadura, irradiação, infeção,
Face de aparência e características regulares; edema, tumefação da face, boca, faringe e/ou pescoço;
Vocalização normal sem rouquidão; Estridor;
Ausência de cicatrizes, queimadura, edema, tumefação Rouquidão ou alteração da voz;
ou hematomas; ou de irradiação do pescoço e cabeça; Ortopneia;
Capacidade de estar deitado em posição supina Anomalias mandibulares: incapacidade ou diminuição da
assintomático sem historia de roncopatia ou apneia do sono abertura da boca, micrognatia, distância <9cm do ângulo
Narinas patentes; da mandibula ao mento;
Capacidade de abertura da boca>4cm com boa Macroglossia;
mobilidade da articulação temporomandibular; Orofaringe profunda, arqueada e estreita;
Mallampati classe I; Protusão dentária;
Pelo menos 6,5cm do mento ao bordo superior da Mallampati classe III ou IV;
cartilagem tiroideia com o pescoço em extensão; Pescoço curto e largo, limitação na mobilidade (artrite,
Pelo menos 9cm do mento ao angulo mandibular; espondilite ou discopatia); fratura (possível subluxação)
Pescoço complacente, sem massas e com mobilidade total ou trauma;
preservada; Anomalias torácicas: cifoescoliose, tórax com diâmetro
Mobilidade laríngea com a deglutição e mobilidade antero-posterior aumentado ou peito volumoso,
manual lateral (cerca de 1,5cm); obesidade mórbida ou gravidez de termo;
Constituição corporal equilibrada; Idade entre os 40 e os 59 anos;
Sexo masculino;
Capacidade de extensão máxima da articulação
atlantoccipital (extensão normal de 35º); Roncopatia e Síndrome de Apneia do Sono.
Via aérea de aparência normal em perfil.

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FIBRILHAÇÃO AURICULAR
DA IDENTIFICAÇÃO AO TRATAMENTO
EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

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FIBRILHAÇÃO AURICULAR: DA IDENTIFICAÇÃO
AO TRATAMENTO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA
COM FILIPE FRANCO

Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia, a fibrilhação auricular (FA) corresponde à arritmia crónica mais frequente,
apresentando uma prevalência superior a 6% a partir da sexta década de vida. Estima-se que aumente pelo menos para o
dobro nos próximos cinquenta anos, acompanhando o envelhecimento da população.

A FA aumenta cinco vezes o risco de acidente vascular cerebral (AVC) - 15% -, três vezes o risco de insuficiência
cardíaca congestiva (ICC), duas vezes o risco de demência e duplica o risco de morte. Segundo estudos recentes,
nos últimos 20 anos as admissões hospitalares por FA aumentaram cerca de 66%, traduzindo uma causa
importante de despesa para a saúde.

A FA caracteriza-se por uma atividade elétrica totalmente


dessincronizada e anárquica das aurículas, levando a uma
ausência de sístole auricular efetiva e a um ritmo
ventricular acentuadamente irregular. Para além da idade,
associa-se um maior risco de FA no género masculino,
história familiar desta disritmia, alcoolismo, obesidade,
tromboembolismo pulmonar (TEP) e diversas patologias
cardiovasculares como a cardiopatia coronária
aterosclerótica, valvulopatias (principalmente da válvula
mitral), hipertensão arterial (especialmente se associada
a hipertrofia ventricular esquerda) e as miocardiopatias
(hipertrófica ou dilatada). O hipertiroidismo é a causa não
cardíaca mais frequente.

O mecanismo de ação pelo qual os fatores de risco cardiovasculares predispõem à ocorrência da FA permanece em
investigação. Níveis elevados de catecolaminas, stress hemodinâmico ou metabólico, isquemia ou inflamação auricular e
ativação da cascata neuro-humoral podem promover o desenvolvimento desta patologia.

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Esta pode ser classificada como:

1 1º Episódio Diagnosticado de FA
Quando é identificada pela primeira vez.

2 FA Recorrente Paroxística
Se termina espontaneamente nas primeiras 48h, mas pode ter uma duração até 7 dias.

3 FA Recorrente Persistente
Se durar mais de 7 dias, podendo ir até 1 ano.

2 FA Persistente
Arritmia permanente com diagnóstico estabelecido há anos, com cardioversões sem sucesso.

Clinicamente, o doente pode estar assintomático (FA silenciosa) ou manifestar palpitações, dor torácica, hipotensão,
tonturas, cansaço, e/ou dispneia de início ou agravamento recente, acompanhada de pulso irregular.

O diagnóstico da FA requer a documentação do ritmo através da realização de um eletrocardiograma (ECG), mostrando


intervalos RR irregulares, sem ondas “p” visíveis, ondas de fibrilhação (ondas f) que variam em morfologia, amplitude e
intervalo, numa frequência habitual de 350-600bpm (ver figura 1).

A abordagem aos pacientes com FA em contexto de urgência visa reduzir a sintomatologia e as complicações graves desta
disritmia, assentando no controlo do ritmo ou frequência e na prevenção de eventos tromboembólicos. Um princípio
primordial passa pela avaliação da estabilidade hemodinâmica do paciente.

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Deve promover-se a anticoagulação na FA com duração igual ou superior a 48h, ou de duração indeterminada durante 3
semanas antes da cardioversão (elétrica ou farmacológica) e 4 semanas após a mesma (alto risco de embolização neste
período). Nos doentes que recusem a anticoagulação oral, pode considerar-se a antiagregação plaquetária. Sabe-se, nos dias
de hoje, que a estase sanguínea associada à disfunção auricular própria desta arritmia, favorece a formação de trombos que
facilmente embolizam e atingem o cérebro - daí a necessidade de anticoagulação (redução de 65% dos AVC s). O valor alvo
do INR será entre os 2 e os 3.

Se o paciente apresentar critérios de instabilidade (hipotensão, alteração do estado de consciência, dor torácica, sinais de
ICC) deve-se proceder ao controlo do ritmo através da Cardioversão Elétrica Sincronizada com sedação, utilizando uma carga
energética 120-150J.

Porém, se estivermos perante um doente sem critérios de instabilidade, deve proceder-se ao controlo da frequência
ventricular (frequência cardíaca alvo dos 80-100bpm).

Assim:

Se o doente estiver estável, devemos utilizar beta-bloqueadores orais (bisoprolol, atenolol, carvedilol);
Se o doente se apresentar sem comorbidades, é indicada a utilização de beta-bloqueadores, Diltiazem e
Verapamil;
Se doente com insuficiência cardíaca, recorrer ao uso de beta- bloqueadores, Amiodarona e Digoxina.

BIBLIOGRAFIA & FONTES


1.)Gomes, E. et al (2015): Estudo FATA: prevalência da fibrilhação auricular e terapêutica antitrombótica nos cuidados de saúde
primários de um concelho do norte de Portugal. Acta Médica Portuguesa.
(2.) Costa, J.T. (1999): Tratamento Antitrombótico na Fibrilhação Auricular. Acta Médica Portuguesa
(3.)Oliveira, D. et al (2014): Fibrilhação Auricular num ACES da Região Norte – sua prevalência e proporção de terapêuticas
ntitrombóticas.
(4.)O Guia do Jovem Internista (2016). Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
(5.)Castro, G. (2016): Fibrilhação Auricular: recomendações europeias para a fibrilhação auricular. Sociedade Portuguesa de
Cardiologia
(6.)Reis, P. et al (2006)Fibrilhação auricular: das gueidlines à realidade.

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BETABLOQUEADORES E A SUA
IMPORTÂNCIA NA URGÊNCIA
E EMERGÊNCIA

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BETABLOQUEADORES E A SUA
IMPORTÂNCIA NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
São um grupo de fármacos muito heterogéneos quimicamente e farmacologicamente, que têm em comum
dificultar a transmissão do impulso elétrico, que provoca a contração miocárdica. São agentes pró-arrítmicos,
pelo que a sua utilização envolve riscos e deve ser limitada aos casos em que o benefício é claro. Deve-se
evitar, na medida do possível, a associação entre eles devido às suas propriedades pro-arritmicas. Durante a
sua administração deve-se monitorizar a pressão arterial (PA) e eletrocardiográfica (ECG).

A classificação de Vaughan Williams, baseada em propriedades eletrofisiológicas, permitem identificar as


características do fármaco, e é útil na investigação de novos agentes, já que uma vez classificados pode-se
prever o seu comportamento, mas não ajuda na seleção do medicamento segundo a clínica, e não inclui
alguns fármacos importantes:

1 Grupo I: atuam bloqueando os canais de sódio (inclui 3 subgrupos):

A Atrasam a frequência na fase da despolarização, alargando a duração do potencial de ação e retrasa a


repolarização. Prolonga o intervalo PR, QRS e o intervalo QT do ECG: quinidina, Procainamida;

B Aceleram a repolarização, encurtando a duração do potencial de ação e aumentando o limiar de


fibrilhação: Lidocaína, Fenitoina;

C Sem efeitos sobre a repolarização, não alterando o potencial de ação. Prolongam os intervalos PR e
QRS: Propafenona, Flecainida.

2 Grupo II: antagonistas da ação cardíaca das catecolaminas. Atividade beta-bloqueante, que produz
diminuição da frequência cardíaca, da contractilidade e da frequência de condução elétrica: bloqueantes b.

3 Grupo III: prolongadores da duração da fase de repolarização do potencial de ação: Amiodarona.

4 Grupo IV: produz bloqueio dos canais de cálcio: Verapamil e Diltiazem.


Uma classificação clínica simplificada consiste em diferenciar segundo onde atuam:
Sobre arritmias ventriculares e supraventriculares: amiodarona, B-bloqueantes, Procainamida, quinidina;
Principalmente sobre arritmias ventriculares: Lidocaína e Fenitoina;
Principalmente sobre arritmias supraventriculares: Verapamil.

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Beta-Bloqueadores: Propranolol

Neste e-book, vamos abordar um fármaco anti-arrítimico pertencente ao Grupo II, amplamente utilizado na
urgência e emergência - os beta bloqueadores. Sabe quando e em que quantidade deve administrar este
fármaco? Descubra-o nas próximas linhas.

Os beta-bloqueadores são antagonistas competitivos dos efeitos das catecolaminas mediados por recetores
beta-adrenérgicos. Os recetores beta-1 localizam-se principalmente no coração, e os beta-2 nos tecidos não
cardíacos (brônquios, útero, pâncreas, vasos periféricos). Tradicionalmente, foram classificados em função
da sua afinidade pelos recetores beta-1 (cardioseletivos) e pela sua atividade Simpaticomimética intrínseca;
porem, a seletividade depende da dose e diminui ou desaparece se forem utilizadas doses maiores.

Diminuem a frequência e a contratilidade cardíaca em repouso (mas quando esta ativado o sistema nervoso
simpático, com o exercício e o stress), e a velocidade de condução dos impulsos através do sistema de
condução.

Indicações

Utilizam-se fundamentalmente no tratamento das doenças cardiovasculares. No caso de arritmia, o seu


efeito é o resultado direto dos seus efeitos eletrofisiológicos. O Propranolol é um beta-bloqueador não
cardioseletivo, que se utiliza no tratamento da hipertensão, feocromocitoma, angina de peito, EAM e
arritmias cardíacas, na estenose subaórtica hipertrófica e hipertiroidismo. Pode ser utilizado via oral e em
situações de emergência, por via endovenosa. Em contexto de urgência está indicado no tratamento da TSV,
FA e TV (induzidas pelo stress, EAM, peri-operatório e IC, assim como na prevenção da morte súbita
cardíaca).

Contraindicações

Deve evitar-se em doentes com hipersensibilidade, broncospasmo, DPOC grave e agudizado, asma, acidose
metabólica, arteriopatia periférica grave, choque cardiogénico, hipotensão arterial, ICC descompensada,
bradicardia sinusal e BAV de 2.º e 3.º grau, doença do nódulo sinusal sem pacemaker permanente, depressão
grave e nos pacientes com feocromocitoma não tratado.

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Efeitos adversos

Insuficiência cardíaca, bradicardia e bloqueio AV, hipotensão (inotropismo negativo), broncospasmo,


extremidades frias e fenómeno de Raynaud, insónia, depressão e fadiga. A sua remoção brusca pode originar
angina e provocar morte súbita.

Interações

Não associar ao verapamil. Cuidado na associação com a amiodarona, amlodipina, iões de cálcio, AINE´s
(risco de hipercalcemia) ou Dobutamina (diminui o efeito da mesma).

Posologia

Propranolol (ampolas de 1mg/1ml) que devem ser conservadas protegidas da luz. É compatível com SF e
SG5% (1mg/ 10ml de SF – 0,1mg/ml).
Adultos: dose: 1mg em 1minuto via endovenosa lenta. Se precisar de repetir, esta pode ser administrada cada 2
minutos, até um máximo de 10mg ou 0,15mg/kg (se o paciente esta consciente) ou 5mg (se o doente está
anestesiado).
Crianças: 0,025-0.05mg/kg.

Precauções de emprego

1 Suspender o fármaco se surgir algumas das seguintes situações durante a sua administração (bradicardia
<50bpm, BAV 2.º e 3.º grau, hipotensão :PAs<100mmHg);

2 Tomar medidas especificas, se necessário (Dobutamina e pacemaker provisório); 3) a paragem súbita dos
beta-bloqueadores pode desencadear SCA.

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SUTURA
ABORDAGEM INICIAL À FERIDA

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MAS QUAIS OS PONTOS MAIS RELEVANTES
NA GESTÃO DA FERIDA ANTES DE SUTURAR?

! Timing da lesão

As feridas devem ser abordadas em MENOS de 6-8 horas!


Entre as 8-12 horas, algumas feridas podem ser fechadas sem risco significativo de infeção.
Feridas que ocorreram há mais de 16 horas NÃO devem ser fechadas, a não ser por razões osméticas.

Limpeza da pele

Reduzir a contagem bacteriana em torno da ferida.


Limpar a área envolvente da ferida para remover coágulos, corpos estranhos e debris de tecido
para promover cicatrização.
Limpeza é essencial para a punção e instilação da anestesia.

Clorexidina

Bactericida e antiviral.
TÓXICO em feridas abertas – EVITAR!
Excelente para a limpeza e desinfeção da pele envolvente.

BETADINE
Iodo-povidona

Antisséptico de espectro amplo e de rápida ação.


TÓXICO em feridas abertas – EVITAR ! Reduz a resposta imune e com isso aumenta o risco de infeção.
Excelente para a limpeza e desinfeção da pele.

ÁGUA
OXIGENADA
Água oxigenada

Peróxido de Hidrogénio.
FRACA atividade antimicrobiana.
TÓXICO em feridas abertas – EVITAR!
NÃO deve ser usado na desinfeção da pele ou na irrigação da ferida.
Pode ser usado para limpar sangue seco ou cabelo emaranhado.
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Álcool
ÁLCOOL

FRACA atividade antimicrobiana.


TÓXICO para os tecidos.
Provoca DOR significativa no doente.
NÃO deve ser usado na desinfeção da pele ou na irrigação da ferida.

Barbear – tricotomia

Barbear NÃO está recomendado em torno da ferida.


Aumenta o risco de infeção.
Se o cabelo precisar de ser removido para visualização adequada da ferida, deverá ser cortado /
aparado com uma tesoura.
As sobrancelhas NUNCA deverão ser cortadas (podem não voltar a crescer).

Barbear – tricotomia

Feridas muito contaminadas (fezes, saliva ou matéria orgânica) precisam de uma extensa
descontaminação com desbridamento (cirúgico ou não) e irrigação.
Todo o material estranho, incluindo coágulos, deve ser removido.
Garante que a ferida tem boa vascularização.
Usa SORO FISIOLÓGICO ou ÁGUA!
Essencial usar altos volumes e alta pressão na irrigação.

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