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APONTAMENTOS
FCTUC
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1. Introdução
1.1. Objetivos globais da Geoquímica
A Geoquímica é um ramo da Geologia relativamente novo, tendo começado no princípio do
século XX e envolve o desenvolvimento e aplicação dos princípios químicos na resolução
de problemas geológicos. Os geoquímicos estudam a química da Terra e dos seus
componentes e reservatórios: litosfera, hidrosfera, atmosfera e as interações com a biosfera.
As questões a que os geoquímicos tentam responder são: como é que os elementos químicos
se distribuem entre os vários componentes da Terra, porque se distribuem desse modo e
quais são os princípios que governam essa distribuição.
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aplicada no campo e muito do seu desenvolvimento inicial ocorreu na antiga URSS (onde
dois cientistas sobressaem: A. Y. Fersman e V.I. Vernadsky), sendo largamente aplicada na
prospeção geoquímica. Além estudos de laboratório e de campo existiram também os
estudos teóricos e experimentais (por ex. os trabalhos de Bowen).
Geoquímica Analítica – usa métodos analíticos para a análise química das amostras
geológicas e desenvolvimento de novas metodologias.
Geoquímica Teórica – Aplica as bases dos princípios químicos para fazer previsões
sobre a distribuição dos elementos e comportamento dos sistemas geológicos.
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A Geoquímica está no cerne das ciências e preocupações ambientais (chuva ácida, buraco
de ozono, aquecimento global, poluição do solo e da água são estudados e explicados pela
Geoquímica), é aplicada largamente na prospeção de recursos minerais e energéticos e é
imprescindível nos estudos das mudanças globais da Terra. A Geoquímica relaciona-se
fortemente com a Biologia e sabe-se que processos biológicos afetam a distribuição dos
elementos no ambiente, falando-se em ciclos biogeoquímicos dos elementos.
1.4. Aplicabilidade
A grande abrangência da Geoquímica faz dela uma disciplina imprescindível no campo
A Geoquímica Ambiental, com história ainda curta, tem tido um grande desenvolvimento,
com um campo muito vasto de aplicação. Técnicas geoquímicas de amostragem, análise e
análise estatística de amostras de solos, águas e sedimentos de corrente permitem separar
anomalias geoquímicas naturais daquelas originadas pelo homem, auxiliando na prevenção
e remediação de danos ambientais. Os seus utilizadores são os governos, as organizações
não governamentais com preocupações ambientais e grandes empresas privadas.
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Esta relação não é só observada no nosso sistema solar. A análise espectral das estrelas,
mesmo daquelas mais afastadas, mostra a mesma relação. É assim de admitir que o universo
é constituído essencialmente por H e He.
No sistema solar o hidrogénio é o elemento mais abundante, seguido do He, pois este é o
primeiro produto da fusão nuclear do H. Deve notar-se na figura 2.1 que:
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• os elementos com número atómico par são mais abundantes do que os elementos com
número atómico ímpar;
Este padrão de variação das abundâncias dos elementos com os vários picos e o declive
negativo observado na figura 2.1 constitui uma assinatura de todos os corpos do sistema
solar. Estes factos são explicados pelos processos de nucleossíntese. Elementos com A (nº
de massa) entre 1 e 56 são formados por fusão nuclear no núcleo de estrelas a partir de H e
He, o que provoca o decréscimo de abundância observado na figura 2.1. Elementos com A
maior que 56 só são formados em estrelas massivas, pelo que estes elementos presentes no
sistema solar foram herdados de antigas estrelas mais massivas que explodiram.
O Fe tem a mais alta energia de ligação nuclear, o que o torna o núcleo mais estável da
Tabela Periódica e assim a sua abundância é a mais alta. Núcleos com Z par são mais estáveis
do que aqueles que possuem Z ímpar (regra de Oddo-Harkins) e daí o padrão em picos
observado na figura 2.1.
Portanto depois do Big Bang emergiram núcleos de hidrogénio, hélio e traços de lítio e
berílio. A esta nucleossíntese chama-se cosmológica. Passado pouco tempo a temperatura
decaiu abaixo de 109 K, deixa de haver fusão nuclear. Cerca de 380 000-370 000 anos depois,
quando o universo arrefeceu para 3000 K, os eletrões ligam-se aos núcleos e formam-se
átomos num processo chamado recombinação.
Cerca de 0,5 Ga depois do Big Bang formaram-se protogaláxias; as primeiras estrelas ter-
se-ão formado a partir do material original do universo, ou seja de H e He. Todos os outros
elementos, com exceção do Li, Be e B têm sido criados posteriormente, nos núcleos de
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estrelas e são dispersos para o espaço no final da vida das estrelas, de modo gradual ou com
explosões de supernovas, em vários ciclos de nucleossíntese estelar.
Fig. 2.2. Exemplo de um espectro de uma estrela com riscas de absorção. Tirado de:
http://www.physics.sjsu.edu/tomley/ObjectSpectra/Rigel.html
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Os espectros das estrelas mais velhas ou de população II, possuem linhas espectrais dos
elementos pesados muito ténues (Fig.2.3). A abundância dos elementos mais pesados é
apenas 3% daquela observada nas estrelas da População I. As estrelas mais velhas formaram-
se a partir do material primordial do universo e são pobres em metais (exemplo da Fig. 2.3-
espectro da estrela S1020549). As menos massivas sobreviveram e são agora as estrelas de
população II. As mais massivas tiveram uma evolução mais rápida e já não existem ou já
não brilham.
Fig. 2.3 – Espectro da estrela S1020549, da galáxia anã do Escultor, muito pobre em metais, em comparação
com o espectro do Sol, rico em metais. Retirado de: http://space.mit.edu/home/afrebel/sculptor.html
A evolução das estrelas de massa semelhante à do Sol (baixa) ou <4 Mʘ, (1 Mʘ = 1,99
x1030 kg) produz carbono e oxigénio pela fusão nuclear do hidrogénio e hélio, mas nas
estrelas mais massivas outros elementos mais pesados são construídos. Durante a sua
evolução e quando as estrelas morrem, elas expelem estes elementos para o espaço
interestelar (Fig. 2.4), formando nebulosas planetárias. O material expelido será
eventualmente incorporado nas estrelas de população I.
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Camada externa em
expansão de material
expelido rico em C
Estas estrelas são capazes de entrar em novos e vários ciclos de reações termonucleares,
dependendo da sua massa. A queima do carbono consome carbono e produz néon, sódio e
magnésio. A queima do oxigénio origina enxofre, silício, fósforo e magnésio. Quando todo
o oxigénio tiver sido usado dá-se a queima do silício (dura cerca de um dia), originando
uma série de núcleos pesados desde o enxofre até ao ferro e níquel .
Entre cada fase de queima no núcleo, que se contrai, há um período de queima das camadas
externas da estrela, que se expande, até se formar uma supergigante. Enquanto tudo isto
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acontece a estrela vai perdendo a sua massa a grande taxa (Fig. 2.6) e libertando para o
espaço os elementos que foi construindo enquanto as reações termonucleares se
processaram.
NGC 2359
Fig. 2.6 – Perda de massa pela estrela supergigante NGC 2359, com M > 40 Mʘ, na constelação de Cão
Maior. A estrela perde massa, com um forte vento solar. Quando o vento colide com o gás e poeira
interestelar forma o bolbo que se observa - nebulosa Elmo de Thor
A tabela 2.1 faz uma síntese. Pode observar-se que com a evolução estelar de uma estrela
massiva há um aumento de densidade e um aumento de temperatura do núcleo (Fig.2.7).
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Como as estrelas muito massivas consomem elementos cada vez mais pesados para formar
outros ainda mais pesados, as reações termonucleares produzem uma grande variedade de
elementos. Algumas reações libertam neutrões e a absorção destes pelos núcleos cria vários
elementos e isótopos que não são produzidos nas reações termonucleares.
Cada estágio de fusão no núcleo (queima) gera uma nova camada de material em torno do
núcleo. Após vários estágios a estrutura interna de uma estrela muito massiva parece uma
cebola (Fig.2.8) Como as reações termonucleares podem ocorrer simultaneamente em várias
camadas, a energia é libertada a uma taxa tão elevada que as camadas externas da estrela
expandem imenso, resultando numa estrela supergigante. Várias das estrelas mais brilhantes
são supergigantes e são extraordinariamente luminosas.
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Orbita de Júpiter
Raio da Terra
Assim, núcleos de ferro não são combustível para as reações termonucleares, pelo que a
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sequência de queimas acaba na queima do Si. Um produto desta queima é Fe origina-se
uma estrela com um núcleo de ferro onde não se processam reações termonucleares.
Neste estágio a região produtora de energia da estrela está contida num volume que é mais
ou menos do tamanho da Terra, muito mais pequena que o volume global da estrela que pode
ser igual ao da órbita de Júpiter (Fig. 2.8).
Estrelas com massa baixa perdem os elementos que construíram sob a forma de nebulosas
planetárias (Fig.2.4 e 2.5). O núcleo estabiliza e a estrela transforma-se numa anã branca. As
supergigantes não passam pela fase de nebulosa planetária, são destruídas como supernovas.
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Se a massa do núcleo de ferro da estrela atinge 1,4 Mʘ dá-se o colapso do núcleo estelar em
algumas décimas de segundo. O tamanho do núcleo, semelhante ao da Terra, é reduzido para
uma esfera de 20-100 km de raio, a temperatura dispara para 109 K e a matéria no centro do
núcleo atinge a densidade da matéria nuclear (4 x1017 kg/m3).
Quando a matéria no centro do núcleo estelar atinge a densidade nuclear, fica rígida não
consegue contrair mais, as forças repulsivas entre os núcleos são mais fortes do que a
gravidade o que provoca o ressalto do núcleo, enviando uma onda de choque para a parte
externa do núcleo da estrela.
Os raios emitidos pelo núcleo muito quente possuem alta energia e quando colidem com
os átomos de ferro desintegram-nos num processo chamado fotodissociação. A
fotodissociação ocorre em segundos e desfaz os elementos que foram construídos pela
estrela ao longo de milhões de anos e cria grande quantidade de neutrões.
Os neutrões produzidos pela fotodissociação são capturados pelos núcleos atómicos e como
há grande quantidade de neutrões os núcleos também os capturam a alta taxa, antes deles
puderem decair. O resultado é a formação de núcleos instáveis ricos em neutrões, que
decaem para isótopos estáveis, capazes de captar mais neutrões. O processo terá uma duração
de 1 a 100 segundos durante o pico da explosão da supernova.
Portanto enquanto os elementos mais leves, até ao ferro, podem ser produzidos por
nucleossíntese estelar nos núcleos das estrelas, os elementos mais pesados são formados e
espalhados pela explosão de supernovas. A este material chama-se remanescente de
supernova (Fig. 2.9), que se vai espalhar pelo espaço e será a matéria prima de novas estrelas
de população I.
A parte interna do núcleo da estrela colapsa de tal modo que os eletrões e os protões se unem
formando neutrões. O resultado da explosão de uma supernova será uma estrela de neutrões
ou um buraco negro, dependendo da sua massa.
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A Tabela Periódica seguinte mostra as origens dos elementos químicos que a constituem.
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Observações astronómicas indicam que as estrelas se formam quando grandes nuvens de gás
e poeiras, ou parte delas, colapsam (Fig. 2.11). Essas nuvens são formadas por H e He
(~98%), cerca de 1% da massa consiste em partículas de poeira de tamanho inferior a micra
e cerca de 1% são moléculas gasosas mais pesadas que He.
Um equilíbrio entre a força (gravidade) que tende a colapsar a nuvem e as forças que tendem
a expandi-la pode resultar na estabilidade indefinida da nuvem. Contudo pode ocorrer
colapso da nuvem ou porque houve remoção de uma das forças que tendem a expandi-la
pela ação de uma força externa, como uma onda de choque da explosão de uma supernova
perto.
A atração gravitacional faz com que a nébula (ou a sua parte) se contraia. A contração acelera
o movimento de rotação e ao rodar mais depressa a nébula começa a achatar-se. Cerca de
105 anos depois do começo da contração, a nebulosa desenvolve uma estrutura em forma de
disco, com um proto-Sol central. A contração faz com que a maior parte da matéria se
concentre no proto-Sol, mas não toda, pois o movimento de rotação impede que toda a
matéria se precipite para o proto-Sol.
A partir da matéria do disco formam-se os planetas e a sua massa total é apenas 0,1-0,2 %
da massa do Sol. Porque se formaram a partir do mesmo disco rotativo os planetas giram
todos mais ou menos no mesmo plano e na mesma direção.
A nuvem de gás e poeira a partir da qual se formou o sistema solar possuía T próximas de
50 K, pelo que a maioria das substâncias existia sob a forma de grãos e gelo (H2O, CO2,
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CH4, NH3). Hélio e H possuem temperaturas de condensação muito perto do zero absoluto
(1 e 14 K, respetivamente) pelo que existiam sempre sob a forma de gás durante a criação
do sistema solar.
Quando se formou, o Sol aqueceu as partes mais internas da nébula para T perto de 2000 K,
pelo que apenas as substâncias com pontos de condensação mais elevados podiam aí
permanecer, tais como os compostos que formam as CAIs e compostos de Fe-Ni. Água
(H2O), metano (CH4) e amónia (NH4) foram vaporizados e só poderiam ocorrer como gelo
nas partes mais frias da nébula (Fig. 2.12). Portanto as poeiras que originaram os planetas
terrestres possuíam alta T de condensação e terão permanecido sólidas nos estágios iniciais
da acreção. Seriam semelhante às inclusões CAI, que ocorrem em condritos.
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Após a formação inicial dos protoplanetas a Terra era provavelmente um corpo poeirento,
seco, frio, estéril, continuamente bombardeado por meteoros e cometas, que lhe adicionavam
componentes voláteis. Com o passar do tempo a Terra aqueceu e fundiu, formando um ou
vários oceanos de magma por uma combinação de três processos:
Este processo de separação dos matérias de acordo com as suas densidades e afinidades
geoquímicas, chama-se diferenciação geoquímica primária e originou os núcleos de ferro
dos planetas terrestres e permitiu que os materiais de maior densidade (Fe) afundem para o
núcleo, ficando os mais leves (O, Si, Al) na superfície do planeta, envolvidos pelos voláteis.
Da diferenciação geoquímica primária resulta um planeta formado por várias camadas de
composições químicas distintas onde os elementos químicos ocorrem com abundâncias
muito diferentes.
formação do sistema solar. Após a segregação inicial num núcleo central de ferro (+ níquel)
e uma zona mais externa de silicatos, ocorreu uma diferenciação adicional num núcleo
interno interior (sólido) e externo (líquido), devido ao efeito da pressão: o ferro sólido é mais
densamente compactado do que o ferro líquido.
Nem tudo, no entanto, se explica pela densidade. O urânio e o tório são elementos muito
densos e, portanto, esperar-se-ia que eles estivessem enriquecidos no núcleo terrestre. No
entanto eles estão concentrados em crosta e manto. A razão para essa discrepância deve-se
ao tamanho grande e alta carga dos iões e às afinidades químicas de U e Th, que os impedem
de serem incorporados nas estruturas densas que o ferro assume nas altas pressões
encontradas no núcleo da Terra. O U e Th entram muito mais facilmente nas estruturas
cristalinas mais abertas dos silicatos e óxido, concentrados em crosta e manto.
Inicialmente, grandes porções da crosta podem ter sido fundidas e teriam arrefecido para
formar uma camada de crosta basáltica. É provável que a crosta inicial da Terra tenha sido
refundida várias vezes devido a impactos com grandes asteroides. (Os impactos continuaram
a ocorrer até 3,9 Ga). O último grande impacto levou à formação da Lua (cerca de 30 a 100
Ma depois da formação do sistema solar) e levou provavelmente à formação do último
oceano de magma. O núcleo de ferro do Theia terá sido englobado pelo manto, vindo a ser
incorporado no núcleo da Terra. A idade da Lua dada pelos isótopos de Sm-Nd é de 4,456
Ma
Assim que a crosta primordial se tornou fria o suficiente para não ser toda fundida, a
tectónica de placas começou. Inicialmente, como a Terra estava muito mais quente do que
era hoje, mais calor teria subido do manto. Isso criaria inúmeros pontos quentes e riftes,
resultando em muitas pequenas placas e zonas de subducção, bem como movimentos
vigorosos das placas.
A maior parte da crosta continental ter-se-ia formado depois, pois a formação de crusta
continental típica necessita de água. A refusão de crosta basáltica hidratada ao longo de
zonas de subducção teria causado a formação dos primeiros magmas félsicos (ricos em sílica,
K e Na) e os arcos insulares resultantes. Sabe-se, através dos isótopos de oxigénio em zircões
com 4,375 Ga, que já existiria água livre no planeta para provocar meteorização e possibilitar
a formação de magmas graníticos, que originaram crosta continental. Além disso, a fusão da
crosta nos pontos quentes também poderia ter criado magmas félsicos. Logo após o início
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O vapor de água deveria ser o gás mais abundante na atmosfera primitiva e provavelmente
foi também altamente enriquecida em CO2 (talvez até 100 vezes a quantidade atual). A água
líquida existiria até 230 ºC, devido à elevada pressão de CO2 na atmosfera.
As evidências diretas mais antigas para a presença de águas superficiais são rochas
sedimentares chamadas de banded iron formation (BIF) que estão expostas no sudoeste da
Groenlândia num local chamado Isua. A sua existência requer a presença de água superficial
estável, pelo menos localmente para a deposição química dos sedimentos há cerca de 3,8 Ga.
Contudo os zircões detríticos de Jack Hills, possuem composição isotópica de oxigénio que
indica a presença de água líquida na superfície da Terra desde há 4,3 Ga (Mojzsis et al, 2001;
Nature, 409(6817):178-181.
O jovem Sol tinha apenas 70% da luminosidade que tem hoje, o que causaria condições
glaciais em todo o mundo sob nossa atmosfera atual. O que evitou o gelo eterno foi a
presença do CO2, um gás com efeito de estufa e que permanece como gás mesmo a baixa T.
A sua quantidade na atmosfera foi suficiente para elevar a temperatura e provocar o degelo
ou evitar o gelo total.
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A abundância de CO2 na Terra primitiva deve ter sido muito grande e não foi perdido para
o espaço, foi aprisionado nas rochas carbonatadas. Este processo removeu muito CO2 da
atmosfera. Embora isto enfraquecesse o efeito de estufa a luminosidade do Sol aumentou.
Dados de Lodders and Fegley, 1998- The planetary scientist's companion. Oxford University Press.
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A BSE possui 6% Fe, 44% O, 23% Mg, 21% Si, 2,5% Ca e 2,4% Al (Fig. 2.13) sendo
constituída em + 99,5 % pelo manto. Admite-se que a BSE teria uma composição
homogénea no início da história da Terra mas tem vindo a diferenciar-se em vários sub-
reservatórios.
O manto é constituído pelo manto empobrecido, que é o manto residual depois da extração
da crusta, pelo manto não diferenciado, que possui a composição da BSE e pelos
componentes que já foram reciclados na crusta e que voltaram ao manto, constituindo o
manto enriquecido. A tabela 2.3 dá a composição destes reservatórios.
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Fig. 2.14. Abundância dos elementos na fotosfera solar versus a sua abundância nos condritos carbonáceos.
Retirado de Winter (2007)
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A Terra possui uma assinatura geoquímica semelhante à do sistema solar (comparar figuras
2.1 com 2.15), obtendo-se um diagramas com vários picos quando se projetam as
abundâncias dos elementos em função do seu nº atómico (Fig. 2.15).
Fig. 2.15- Abundancias de elementos químicos na Terra de acordo com Morgan, J. W. e Anders, E. (1980).
"Chemical composition of Earth, Venus, and Mercury". Proceedings of the National Academy of Sciences. 77
(12): 6973–6977. doi:10.1073/pnas.77.12.6973.PMC350422.PMID16592930.
Comparações entre a composição dos vários materiais que constituem a Terra são mais bem
conseguidas eliminando este efeito. Como todos os materiais do sistema solar herdaram essa
assinatura, normalizando (por divisão) para um dado material este efeito desaparece. As
normalizações mais comuns são para condritos-CI ou para “manto primitivo”.
A crusta oceânica, localizada abaixo do nível do mar, com a estrutura seguinte (Fig. 2.16):
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É uma crusta fina, com ~7-10 km de espessura média, densa (2,9 g/cm3), formada
essencialmente por basaltos, jovem (< 200 Ma) e constitui + 0,2% da BSE. A tabela 2.4
apresenta a estimativa da sua composição. A crusta oceânica inferior é mais rica em Mg, Ca,
Al e mais pobre em Ti, Fe, Na e K do que a crusta oceânica superior representada pelos
MORB.
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Os elementos traço permitem inferior os protólitos dos basaltos oceânicos, sendo possível
distinguir os basaltos MORB, derivados da fusão parcial do manto superior, dos basaltos de
ilhas oceânicas, alcalinos, derivados da fusão parcial do manto mais profundo (Fig. 2.17).
Fig. 2.17- Teores de elementos incompatíveis normalizados para BSE de basaltos MORB e basaltos OIB.
Extraído de White (2013)
A espessura da crusta continental é medida até à Moho, que marca a transição crusta –
manto a cerca de 35-40 km. Mas a passagem pode ser contínua e não descontínua, pelo que
há debate onde começa o manto. A extensão lateral da crusta continental vai até ao talude
continental.
As estimações da composição da crusta continental são feitas a partir de dados obtidos nos
continentes. Cerca 31% da crusta continental está submersa, constituindo a plataforma
continental e com acesso difícil. Isto implica que se a amostragem que se tem da crusta
continental foi feita nos continentes a composição global da crusta continental pode ser
distinta do que se admite. Contudo os dados geofísicos indicam que as propriedades físicas
da plataforma e da crusta continentais são as mesmas, pelo que a amostragem que se faz nos
continentes será também representativa da crusta submersa, que constitui a plataforma. Esta
será um local onde a crusta é mais fina.
A crusta continental é composta por vários tipos de rochas, que dão uma composição média
tipo andesítica, com densidade média de 2,7 g/cm3 e constitui + 0,6% da BSE. Os dados
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sísmicos indicam que há crusta continental superior, intermédia e inferior, sendo estas duas
últimas designadas por crusta profunda. As suas composições são dadas na Tabela 2.5.
Elementos maiores em %; elementos traço em ppm (g/g) com excepção de Ru, Pd, Ag, Re, Os, Ir, Pt que
são dados em ng/g (ppb)
A a crusta continental tem 35-40 km de espessura; crusta superior vai até 12 km, a média vai
até 23 km e aí começa a crusta inferior. Contudo a profundidade e espessura são variáveis
de acordo com o enquadramento tectónico. Em zonas de rift a crusta profunda só atinge 27
km, enquanto nas cadeias orogénicas Cenozóicas vai té aos 51 km ou mais.
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granulítica. A crusta inferior tem composição média diorítica e é constituída por mistura
heterogénea de rochas ígneas e metamórficas, metamorfizadas na fácies granulítica.
Há várias excepções a este esquema global. Em zonas de rifts a crusta intermédia e inferior
contêm rochas da fácies xistos-verdes e anfibolítica, respetivamente, enquanto em zonas
orogénicas ocorrem rochas das fácies granulítica e eclogítica na crusta intermédia e inferior,
respetivamente.
Os teores de elementos incompatíveis são muito distintos na crusta profunda, sendo mais
empobrecida nestes elementos (Fig. 2.18). Na crusta profunda os elementos Ba e Sr são
enriquecidos em relação aos elementos adjacentes, originando-se uma anomalia positiva no
perfil, enquanto na crusta mais superficial há empobrecimento nestes elementos (Fig. 2.18).
Na crusta média e superior o Sm, Nb e Ta mostram anomalia negativa, não observada na
crusta profunda.
Fig. 2.18. Teores de elementos incompatíveis normalizados para BSE da crusta continental superior, média e
inferior. Extraído de White (2013)
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Retirado de: W.F. McDonough, 2003- The compositinal model for Earth´s core. In Rudnick and
Gao (Ed)Treatise on Geochemistry.
Retirado de: W.F. McDonough, 2003- The compositinal model for Earth´s core. In Rudnick and
Gao (Ed)Treatise on Geochemistry. No sublinhado amarelo há um erro- ver tabela
seguinte com cálculos.
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Apesar de algumas exceções (por ex.: muitos depósitos metálicos originaram-se da fase
fluida aquosa e não da fase sulfureto; um elemento calcófilo não está necessariamente
concentrado em depósitos metálicos, mas a maioria está; muitos siderófilos são calcófilos e
vice-versa) esta classificação continua a ser uma referência em Geoquímica.
Fe*, Co*, Ni* Cu, Ag (Au) Li, Na, K, Rb, Cs H, N, (O) (C)
Ru, Rh, Pd Zn, Cd, Hg Be, Mg, Ca, Sr, Ba (Pb) (F), (Cl), (Br) (I)
Os, Ir, Pt Ga, In, Tl, B, Al, Sc, Y, REE He, Ne, Ar, Kr, Xe
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Os elementos litófilos ocorrem nos extremos da Tabela Periódica, nos grupos 1 a 5, 17, são
os elementos leves do grupo 13 (B e Al) e o silício do grupo 14, também é litófilo. Os
siderófilos estão nos grupos 8, 9 e 10 (e seus vizinhos). Os calcófilos estão nos grupos 11,
12 e são os elementos pesados dos grupos 13 a 16. Os gases nobres, o oxigénio, o nitrogénio
e o hidrogénio são atmófilos.
Os elementos litófilos têm eletronegatividades muito baixas ou muito altas e tendem a formar
ligações iónicas (embora a ligação Si—O seja 50% iónica). Os elementos siderófilos e
calcófilos têm eletronegatividades intermédias e tendem a formar ligações covalentes.
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do grupo 4. Outros metais ocorrem em substituição destes e são designados por elementos
traço.
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3.3.1.Voláteis
Os agses raros são quimicamente inertes e voláteis; não formam ligações nas rochas e
minerais. Com excepção do He têm grandes raios atómicos e não são acomodados nas
malhas cristalinas, logo ocorrem em concentrações muito baixas na litosfera, da ordem
de 10-1 a 10-9 ppm em condições PT normais.
Nos minerais silicatados o nitrogénio está presente como amónia (NH3) e não como N2.
Deste modo substitui facilmente K+. Amónia é muito solúvel em fluidos aquosos e pode
ser facilmente transportada por eles. Amónia e N2, são voláteis, pelo que ambos fracionam
para a fase volátil dos magmas.
A forte ligação tripla N=N faz com que o nitrogénio N2 seja não reactivo pelo que é
fortemente fraccionado para a atmosfera, assim como os gases nobres. Contudo pode
formar ligações covalentes fortes com outros elementos.
Em solução aquosa o nitrogénio está presente como N2, como ião amónio (NH4+), nitrato
(NO3-), nitrito (NO2-) e são produzidos pelo decaimento de compostos orgânicos de
nitrogénio.
3.3.2. Semi-Voláteis
Carbono (C), cloro (Cl), flúor (F), bromo (Br), iodo (I), arsénio (As), antimónio (Sb),
enxofre (S), selénio (Se), telúrio (Te).
magmas depende de fO2. Se fO2 for alta S está presente como SO2, se for baixa S está
presente como sulfureto. A solubilidade do sulfureto em magmas é muito baixa,
ocorrendo exsolvência. Estes líquidos ricos em S, são ricos em Fe e Ni e outros calcófilos
e são a fonte de depósitos metálicos. Grandes volumes de magmas ricos em S são raros,
mas gotas microscópicas ocorrem em MORB.
A solubilidade do CO2 em magmas silicatados é pequena e é fortemente condicionada
pela pressão. A baixas concentrações de CO2, este exsolve dos magmas e forma uma fase
vapor CO2-H2O. Mas a altas concentrações e altas razões CO2/H2O formam-se magmas
carbonatíticos onde a fase dominante é CaCO3.
Lítio (Li), berílio (Be), potássio (K), rubídio (Rb), estrôncio (Sr), césio(Cs), bário(Ba).
Formam ligações iónicas (com exceção do Be que forma ligações covalentes), são
solúveis em água e muito móveis no metamorfismo e meteorização. Potássio, Rb, Cs, Sr,
Ba são designados por grandes iões litófilos (LIL). O seu comportamento nos magmas é
governado pela carga do ião, que é baixa, e pelo raio iónico, que é grande.
O raio iónico dos catiões K, Rb, Cs, Sr, e Ba é superior ao do site octaédrico, pelo que
eles são excluídos da malha destes minerais na cristalização e fraccionam para a fase
líquida ou fundido (magma). São elementos designados de elementos incompatíveis -
fraccionam para o fundido quando o manto sofre fusão. Os elementos compatíveis
entram ou permanecem na fase sólida (ex. Ni, V). Ao longo da história geológica a fusão
parcial do manto fez enriquecer a crusta em elementos incompatíveis.
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DCT- FCTUC
O Be tem um raio muito pequeno e a sua substituição também não é favorecida pelo que
também é incompatível de modo moderado. O Li tem raio iónico semelhante ao do Mg e
Fe2+, mas a sua pequena carga requer uma substituição dupla, o que também é
energeticamente desfavorável, logo também é elemento incompatível de modo moderado.
Em Geoquímica é comum chamar elementos terras raras (ETR) ou REE (em inglês) aos
lantanídeos a que se junta o Y, que tem carga e raio iónico semelhantes às REE pesadas,
por isso possui características químicas semelhantes e costuma juntar-se às REE.
Costuma considerar-se as REE leves (La, Ce, Nd), de acrónimo LREE, as REE pesadas
(Er-Lu) com acrónimo HREE. A separação é feita pelo európio (Eu) e há autores que
consideram as terras raras intermédias (Sm, Gd, Tb).
Estes elementos formam ligações iónicas. Os lantanídeos têm valência 3+ num grande
leque de fO2. Mas nas altas fO2 da superfície terrestre o Ce pode estar em parte como Ce4+.
O Eu pode estar na valência 2+ no interior da Terra, onde fO2 é baixa.
Devido à sua alta carga e alto potencial iónico as REE são elementos incompatíveis, mas
o grau de incompatibilidade é variável. As HREE substituem Al3+ na granada, pelo que
podem ficar concentradas neste mineral. O Eu2+ pode substituir facilmente o Ca2+ na
plagioclase, pelo que este mineral é enriquecido em Eu de modo anómalo e os outros
minerais presentes ficam empobrecidos em Eu. As LREE são fortemente incompatíveis.
Dos actinóides, apenas o urânio (U) e tório (Th) têm núcleos estáveis para sobreviver na
história geológica. O tório tem valência 4+. O U pode ser 4+ (baixa fO2 ) ou 6+ (alta fO2).
São na maioria insolúveis devido à sua alta carga e alto potencial iónico, sendo a exceção
o U6+, que forma compostos muito solúveis. São fortemente incompatíveis.
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DCT- FCTUC
Zircónio (Zr), háfnio (Hf), nióbio (Nb), tântalo (Ta), por vezes também titânio (Ti),
urânio (U), tório(Th).
São assim chamados pela sua elevada carga iónica e pequeno raio (Fig. 3.3). Zircónio e
háfnio têm carga 4+, tântalo e nióbio têm 5+. Tântalo e Nb fazem ligações com alto grau
de covalência. Embora o seu raio permita a substituição na malha dos minerais, a sua alta
carga exige substituições múltiplas, que são energeticamente instáveis e por isso são
incompatíveis. Urânio e tório, que são actinídeos, são por vezes incluídos neste grupo, se
bem que o seu raio iónico não seja pequeno.
Fig. 3.3- Raio iónico versus carga iónica para elementos incompatíveis em magmas máficos. Elementos
com Z/r >2 são classificados como elementos de alta intensidade de campo.
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Escândio (Sc), vanádio (V), crómio (Cr), manganês (Mn), cobalto (Co), níquel (Ni),
cobre (Cu), cinco (Zn).
paládio (Pd), ósmio (Os), irídio (Ir) e platina (Pt) mais o ouro (Au).
São metais nobres, pois são raros, não reativos e estáveis na forma metálica. A sua
raridade é consequência do seu carácter siderófilo, mas são também calcófilos (Au é o
menos calcófilo). Estes elementos são também elementos de transição e podem existir
com várias valências de 0 a 8+ , com química complexa.
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DCT- FCTUC
No manto podem estar sulfuretos intergranulares, grãos de metais nativos (ex. osmirídio).
Platina, Au e Pd são incompatíveis, Rh, Ru, Os e Ir são compatíveis.
Boro (B) –Na natureza forma o ião borato BO33-, solúvel, sendo um ião maior na água do
mar. O B é facilmente lixiviado ou adicionado às rochas na meteorização e
metamorfismo. Nos sistemas ígneos é moderadamente incompatível. Boro é facilmente
removido da crusta oceânica e dos sedimentos na subducção, pelos fluidos libertados na
desidratação e vai enriquecer os magmas relacionados com a subducção, sendo a
turmalina um mineral frequente em magmas do tipo S, formados neste ambiente.
Rénio (Re) – Este elemento tem interesse em geoquímica isotópica, pois decai para ósmio
(187Re➔ 187
Os). É adjacente aos PGE e possui algumas das suas características, sendo
altamente refratário em condições redutoras, é fortemente siderófilo e calcófilo, tem
vários estados possíveis de valência, é resistente à oxidação e forma óxido
moderadamente volátil. Concentra-se me rochas ultramáficas e máficas. É adsorvido em
condições redutoras, o que leva à sua concentração em materiais ricos em matéria
orgânica, como shales e filitos negros e carvões.
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DCT- FCTUC
pela sua radioatividade. Podem ser usados na geocronologia. Como elementos radioativos
geram riscos ambientais e têm interesse devido a este aspeto (por. Ex. radão)
Radão (Rn) é o que causa maior preocupação, pois é um gás nobre, muito móvel e
radioactivo.
Para a maioria das rochas silicatadas O, Si, Al, Na, Mg, Ca, e Fe são elementos maiores,
mas a que se pode juntar o K, H, C, S, P, Ti, Cr, e Mn em certas rochas. Estes são
chamados por vezes de elementos menores e podem ser constituintes estequiométricos de
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fases. Todos os outros são elementos traço, com excepção de alguns a ocorrerem em
pegmatitos e depósitos minerais, por exemplo o Li em pegmatitos litiníferos.
Na água o Cl-, SO42-, CO32-, HCO3-, Mg2+, Ca2+, K+ e Na+ são considerados elementos
maiores, se bem que Sr2+, HBO32- e Br- também sejam por vezes considerados maiores
na água do mar. Incluem 99,99% do total de sólidos dissolvidos. Na atmosfera o CO2,
SO2, O3, CO, NO, NO2, NO3, etc. são gases traço.
Os elementos traço nas rochas, minerais e águas não afetam as características físicas e
químicas do sistema como um todo. Contudo podem determinar a cor de um mineral. Na
atmosfera os gases traço afetam as características físicas e químicas do sistema
(atmosfera). O CO2 apenas com +/- 400 ppm na atmosfera afeta a transparência da
radiação infravermelha e como resultado, afeta o clima da Terra. O ozono a baixas
concentrações na estratosfera controla a transparência da atmosfera à radiação ultravioleta
e como resultado afeta a proteção conferida por esta à vida.
• As variações nas suas concentrações são muito grandes, quando comparadas com
as variações dos elementos maiores.
• Em qualquer sistema há mais elementos traço do que elementos maiores
• Cada elemento tem propriedades químicas únicas.
• Contêm informação química não disponível nos elementos maiores.
• Os tipos de comportamento são vários e são sensíveis a processos aos quais os
elementos maiores são insensíveis.
• O seu comportamento é sempre mais simples do que o dos elementos maiores,
pois comportam-se como componentes de soluções ideais
Como exemplos da sua importância: a) a pressão onde ocorre fusão parcial no manto é
calculada a partir dos teores de elementos traço. Quando o manto funde os magmas
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DCT- FCTUC
b) Numa escala larga a composição do manto parece ser uniforme; só os elementos traço
permitiram mostrar que o manto é heterogéneo. Quando combinados com isótopos
indicam as assinaturas dos diferentes reservatórios terrestres.
c) Sabemos que grande parte do manto superior sofreu tem sofrido fusão parcial e estes
magmas parciais têm criado a crusta continental ao longo do tempo.
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DCT- FCTUC
3- Quando dois iões possam ocupar o mesmo site cristalino (posição na estrutura
cristalina), o ião com maior potencial iónico (maior carga e menor raio) forma
ligações mais fortes com os iões vizinhos.
A importância destas leis reside nas previsões que permitem sobre as substituições entre
elementos nas rochas. As regras descritas acima podem ser expressas de outro modo:
• Se dois iões têm o mesmo raio e a mesma carga entram numa malha cristalina
com igual facilidade.
• Se dois iões tiverem raio semelhante e a mesma carga o ião mais pequeno entra
mais facilmente na malha cristalina
• Se dois iões tiverem raio semelhante, aquele que tiver carga mais alta entra mais
depressa na malha cristalina
• Quanto mais forte a ligação mais provável a substituição.
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DCT- FCTUC
• Catiões de raio pequeno e alta carga são concentrados nos magmas félsicos por
dificuldades de substituição - HFSE. São elementos incompatíveis. Com excepção
do zircónio (Zr) não formam minerais silicatos próprios. O Zr forma zircão.
• elementos dos grupos de transição substituem Mg e Fe. O crómio, Ni e Co
substituem Mg nas rochas ultramáficas. Manganês, V e Ti têm abundância
máxima em rochas máficas.
• os elementos calcófilos podem substituir K, Fe e Ca mas a maioria são deixados
nos líquidos residuais - formam os depósitos de sulfuretos.
• alguns elementos são tão semelhantes a elementos formadores de minerais que
não se diferenciam e não formam minerais próprios. Ex, Ga, Rb, Hf, Cd.
3- Admissão – pode entrar na malha um elemento traço com potencial iónico menor
do que o do elemento maior, mas o elemento maior é preferido primeiro. Ex. Rb+
(1,57 Å; Z/r = 0,637) substitui o K+ (1,46 Å, Z/r = 0,68) no feldspato potássico.
série de hipóteses sobre raios iónicos, ligações, tipo de sites cristalinos etc. O coeficiente
de partição, ou de distribuição, toma em conta todos estes parâmetros globalmente.
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DCT- FCTUC
umas e >,1 para outras. Logo os termos compatível e incompatível só têm significado
quando se especificam as fases.
Por convenção se uma fase é líquida a razão de concentração é escrita sólido sobre
líquido. Di s/l = Cis / Cil
A geoquímica de elementos traço assume que estes estão presentes num mineral por
substituição, formando soluções sólidas muito diluídas. Como possuem concentrações
muito baixas assume-se que constituem soluções ideais, ou seja, a sua concentração iguala
a sua atividade → ai=Xi onde ai é atividade e Xi é concentração.
Di= x1 D1 + x2 D2 + xn Dn
Onde x1-n são as proporções dos diferentes minerais e D1-n são os coeficientes de
distribuição dos diferentes minerais.
Ex. uma rocha formada por 50% de olivina, 30% enstatite e 20% de augite o coeficiente
de partição global para o elemento i na rocha será
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DCT- FCTUC
Esta regra tem uso prático- podemos determinar D entre piroxena e magma e entre
Os coeficientes de partição variam com T, P, fO2, H2O do magma, química do cristal, mas
o fator mais importante é a composição do sistema. Têm sido medidos para vários
minerais para líquidos basálticos/basálticos - andesíticos, andesíticos e dacíticos/riolíticos
e existem publicados vários valores de coeficientes de partição para várias fases minerais
em magmas basálticos, andesíticos e riolíticos (Rollinson, 1993) (Fig. 3.8). O site
https://earthref.org/GERM/ possui uma listagem dos coeficientes de partição em rochas.
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DCT- FCTUC
Fig. 3.8- Extrato das tabelas dos coeficientes de partição mineral/magma, apresentadas em: Rollison, H.R
(1993). Using geochemical data: evaluation, Presentation, Interpretation. Longman Group. 352 pp.
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DCT- FCTUC
Calcular o D aparente para cada mineral em que DLapla/gra= CLapla/CLagra. Considerar que o
granito representa o líquido/magma. Calcular os D aparentes, considerando o granito
como a fase primária.
Valores de D aparentes
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DCT- FCTUC
Assim um simples gráfico de abundâncias fica com vários picos e declive negativo, como
se pode ver na figura 2.1. Para eliminar estes picos faz-se a normalização e os gráficos
ficam mais suaves. Para aplicações geoquímicas de alta temperatura, é comum normalizar
para uma hipotética composição de “manto primitivo” ou para uma composição
condrítica.
A ordem pela qual se projetam os elementos nestes diagramas, não é arbitrária; são
ordenados pelo aumento da sua compatibilidade. Contudo deve-se lembrar que a sua
compatibilidade muda em função da composição química do sistema, mas há um
consenso aceitável (Fig. 3.10). Por convenção, a ordem relativa de compatibilidades é
aproximadamente definida de modo que o diagrama spider da crosta continental
normalizado para manto primitivo (ou condrito) produz uma inclinação negativa suave.
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DCT- FCTUC
Uma característica importante da Figura 3.10 é que o padrão da crosta continental é suave,
exceto para Nb (Ta), Zr e Hf. As posições desses elementos não correspondem às suas
posições na ordem de enriquecimento observada na crosta continental. O Nb (Ta) são
projetados próximo do U enquanto Zr e Hf são próximos do Sm. Isto porque o Nb e Ta
têm uma compatibilidade muito semelhante a U e Zr e Hf ao Sm, durante a formação de
basaltos da dorsal meso-oceânica.
Projetando Nb próximo do U, vemos que a crosta continental tem uma anomalia negativa
de Nb. Isso implica que os processos petrogenéticos que controlam a partição de Nb
durante a formação da crosta continental não são os mesmos, que nos MORB.
Fig. 3.10. Abundâncias de elementos traço da crusta continental, MORB e OIB normalizadas para manto
primitivo
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Há vários valores que são usados, mas as abundâncias relativas são similares. Crê-se que
as abundâncias das REE na Terra como um todo são semelhantes às dos condritos, ou
seja, o padrão de REE da Terra global seria plano. Os MORB possuem um padrão
empobrecido em LREE (Fig. 3.12a) e as rochas da crusta continental superior um padrão
enriquecido em LREE e com forte anomalia negativa de Eu (Fig.3.12b).
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DCT- FCTUC
Figura 3.12– Exemplos de diagrama de REE para basaltos dos arcos de ilhas (triângulos negros) em
comparação com MORB (a); diagrama de REE para rochas da crusta continental (b) onde UCC- crusta
continental superior. Notar a anomalia negativa de európio.
Os coeficientes de partição das REE nos minerais que formam as rochas são muito
variáveis. A granada, ortopiroxena, olivina concentram as HREE; a clinopiroxena,
anfíbola, concentram as MREE; a plagioclase e o feldspato potássico concentram o Eu.
A anomalia de európio calcula-se pela razão EuN/Eu* onde N indica que é valor
normalizado e onde Eu* = (SmN+GdN)/2 ou preferencialmente Eu*= √𝑆𝑚𝑁 𝑥 𝐺𝑑𝑁
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Nas rochas sedimentares detríticas a normalização que se faz quando se estudam as REE
é por vezes para NASC (North American shale composite) (Fig. 3.13) ou para os valores
da crusta continental superior (CCS ou UCC em inglês).
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Fig. 3.13 –Tabela com os valores NASC e b) Exemplo de um diagrama de REE de sedimentos de linhas
de água
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DCT- FCTUC
-CLAUSIUS-
4.1. Introdução
Todas as mudanças que ocorrem na natureza são acompanhadas pela conversão de
energia de uma forma para outra. Portanto, todas as reações químicas e todas as mudanças
dos estados da matéria envolvem sempre trocas de energia. A Termodinâmica é a ciência
que faz o estudo da energia e das suas transformações, pelo que nos permite prever e
compreender muitos dos processos geoquímicos. Com ela estudam-se as relações que
existem entre a energia envolvida nas reações químicas e o estado de equilíbrio.
A limitar o sistema existe uma fronteira (também escolhida). A fronteira não tem massa,
não ocupa espaço e pode ser fixa ou móvel. O tipo de fronteira permite distinguir vários
tipos de sistemas:
Se a fronteira não permite que seja atravessada por energia ou matéria o sistema diz-se
isolado. Sistemas isolados não existem na natureza. Este é um conceito teórico.
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DCT- FCTUC
Se a fronteira permitir a troca de energia, mas não de matéria, o sistema diz-se fechado.
Os sistemas fechados que só trocam trabalho, mas não trocam calor são adiabáticos,
sendo isolados termicamente.
Podemos dizer que, na sua maioria dos sistemas geológicos são abertos, contudo as taxas
de transferência de matéria são em muitos casos tão baixas, que muitos sistemas
geológicos podem ser considerados, sem grande erro, como fechados no estudo do
equilíbrio químico. Embora sistemas adiabáticos naturais sejam também pouco
prováveis, podemos considerar que muitos sistemas geológicos estão suficientemente
isolados termicamente para se considerarem abiabáticos, pois as rochas são más
condutoras de calor.
Questão
O planeta Terra como um todo, limitado pelo espaço, pode ser considerado como um
sistema fechado ou aberto?
A litosfera cujas fronteiras podem ser consideradas a atmosfera e a astenosfera, é um
sistema aberto ou fechado?
Uma rocha pelítica a passar da fácies dos xistos verdes para a anfibolítica constitui um
sistema aberto ou fechado?
Todos os sistemas naturais tendem para uma configuração de energia mínima. Quando
um sistema está no estado de energia mínima diz-se que é um sistema estável.
Permanecerá nesse estado enquanto as condições se mantiverem. Contudo, nem todos os
sistemas naturais mudam espontaneamente para um estado de energia mínima. Podem
permanecer num estado intermédio de mais baixa energia, mas não de mínima - dizem-
se metastáveis.
Muitos minerais e rochas endógenas que ocorrem na superfície da Terra são metastáveis;
parecem estar em equilíbrio, ou seja, parecem estáveis, pois são observados em tempos
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DCT- FCTUC
muito curtos comparados com as taxas das reações que os alteram. O percurso da reação,
entre o estado metastável e o estado estável, envolve uma série de passos intermédios
difíceis de se realizarem, e só tomam lugar muito lentamente, ou não tomam mesmo lugar.
Estes passos intermédios são designados por barreiras de energia. Para ultrapassar estas
barreiras é necessária energia. O esquema seguinte (Fig.4.1), faz uma analogia.
- O estado metastável ocorre quando a rocha fica presa numa pequena depressão.
O bordo da depressão é uma barreira de energia potencial (barreira cinética).
Fig. 4.1- Estados de um sistema (modificado de White, 2013). Uma rocha desce uma encosta até ao fundo
do vale.
Exemplo:
Um cristal de cianite numa rocha metamórfica pelítica a 0,5 GPa (5 kbar) e 500 ºC constitui um sistema
estável, que está na sua energia mínima. Se a rocha for soerguida adiabaticamente e a pressão decrescer
para 1 bar, a cianite fica instável (estado de energia alta) e transformar-se-á em andaluzite, que é a fase
estável para baixas pressões. Contudo, a taxa de transformação da cianite para andaluzite é baixa e se o
soerguimento for rápido, podemos encontrar cianite na rocha à superfície da Terra, numa situação
metastável. A barreira cinética que impede a transformação da cianite em andaluzite pode ser vencida se a
rocha sofrer aquecimento.
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DCT- FCTUC
A mudança de um certo estado de equilíbrio para outro é um processo. Para haver esta
mudança o sistema tem de interatuar com a sua vizinhança, trocando energia sob a forma
de trabalho ou calor.
Uma reação espontânea é aquela que ocorre sem influência externa, sendo os produtos
favorecidos sobre os reagentes. A espontaneidade termodinâmica não está relacionada
com velocidade da reação: pode ser rápida, moderada ou muito lenta. A espontaneidade
é favorecida quando o calor é libertado na reação ou quando a reação causa um aumento
na dispersão de energia ou de matéria (este aspeto será focado no estudo da entropia).
Muitos processos naturais são irreversíveis. Isto quer dizer que em certas condições só
uma reação tem lugar, ou seja, o sistema onde se desenvolvem não está em equilíbrio.
Nestes casos a termodinâmica só pode ser aplicada admitindo-se o equilíbrio local. O
equilíbrio local considera que em pequenas partes do sistema há equilíbrio, se bem que
todo o sistema não esteja em equilíbrio.
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DCT- FCTUC
Se um sistema for constituído por uma única fase diz-se homogéneo, se tiver mais fases
diz-se heterogéneo. Estes termos também se aplicam às reações que ocorrem no sistema.
As fases são constituídas por componentes químicos. Estes podem ser definidos da
maneira mais conveniente e não precisam de ser entidades químicas reais. São as
entidades variáveis, independentes, que são necessárias para descrever a composição de
cada fase. São termos algébricos numa reação química. Os componentes são considerados
dependendo do estudo que se pretende e do grau de complexidade.
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DCT- FCTUC
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MMVG Silva Apontamentos GEOQUÍMICA
DCT- FCTUC
do sistema. Exemplos são a massa, o volume (V), a energia interna (U), o número de
moles (ni), de um dado componente químico.
Intensivas - propriedades tais como a temperatura (T), a pressão (P), o potencial químico
(i), que não dependem da quantidade de matéria no sistema, não são aditivas e tomam
os mesmos valores em cada ponto do sistema. Normalmente em Geoquímica consideram-
se as variáveis intensivas, o que trás a vantagem de não termos de considerar o tamanho
do sistema.
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DCT- FCTUC
Formas microscópicas de energia são aquelas que se relacionam com o sistema ao nível
molecular ou atómico, constituindo a energia interna, U, que é a soma de todas as várias
formas de energia microscópica, dentro do próprio sistema.
4.6.1. Trabalho
É energia mecânica e é realizado sempre que uma massa (ou corpo) é movida ao longo
de uma distância (x) pela aplicação de uma força F. Uma quantidade infinitesimal de
trabalho, dw, é definida como:
dw = Fi dxi
dw = F. dx
Fica dw = P. A . dx. como A, que é área, multiplicada por distância, dx, que é distância
fica volume dV ➔ dw = P. dV
Trabalho que é feito por expansão contra uma pressão externa. Logo o sinal do trabalho
vai ser negativo. A expressão mostra que um magma em ascensão adiabática se expande.
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DCT- FCTUC
Como um sistema sob pressão tem a capacidade para realizar trabalho sobre a vizinhança,
a pressão é uma medida da energia potencial armazenada, por unidade de volume.
Portanto, está relacionada com a densidade de energia e pode ser expressa em
joules/metro cúbico (J / m3 = Pa).
Outra forma de energia é a energia latente, que é a quantidade de energia necessária para
produzir uma mudança no estado físico. O estado físico em que a matéria se encontra
também reflete a sua energia. A passagem da fase líquida à fase vapor, requer a quebra
das ligações intermoleculares da fase líquida. Essa quebra é feita com fornecimento de
energia, pelo que a fase gasosa possuiu mais energia do que a líquida, mesmo que estejam
à mesma temperatura e a fase líquida possui mais energia do que a fase sólida. Essa
energia associada à mudança de fase, sem mudança da T, designa-se por energia latente.
A energia latente não traduz temperatura. A energia cinética mais a energia latente
constituem a energia térmica.
A energia de ligação é uma medida da força de uma ligação química específica. Energia
é libertada quando se formam ligações pelo que para quebrá-las é necessária energia.
Quanto maior a energia média da ligação, por ligação de par de electrões de uma
molécula, mais forte a ligação, mais difícil é quebrá-la e ao dar-se a reação, menor energia
o sistema terá.
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DCT- FCTUC
Cada objeto tem uma certa temperatura, e quando dois objetos estão em equilíbrio térmico
as suas temperaturas são iguais, o que implica que as temperaturas indicam se o calor se
moverá entre os objetos. A lei permite o uso de termómetros que produzem uma escala
de temperaturas. A escala usada na Termodinâmica é sempre a escala absoluta – escala
Kelvin, cujas unidades são da mesma magnitude que as da escala Celcius. No zero
absoluto (-273,15 ºC), as partículas não possuem energia cinética estão perfeitamente
estáticas.
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DCT- FCTUC
A energia pode ser transferida do sistema para o exterior e vice-versa por calor, trabalho,
radiação e advecção (energia associada à massa transferida). Considerando que o sistema
é fechado não haverá transferência de massa; em Geoquímica na maior parte das vezes a
energia associada à radiação não é importante. Assim consideramos apenas trabalho e
calor.
Supor um sistema que absorve calor, Q, da vizinhança, pelo que a sua energia E varia,
mas em contrapartida ele teve de exercer trabalho, W, sobre essa vizinhança (por ex. ao
aumentar T, aumentou o seu volume e vai exercer mais pressão sobre a vizinhança). A
primeira lei estipula que a mudança na energia do sistema é igual à diferença entre o calor
adicionado e o trabalho realizado
E = Efinal – Einicial = Q – W
Nesta expressão Q tem valor positivo porque representa energia adicionada ao sistema,
enquanto W tem valor negativo porque representa energia cedida pelo sistema, quando
ele executa trabalho sobre a vizinhança. A energia total envolvida permanece constante.
A equação pode ser escrita sob a forma E = Q-W, ou
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DCT- FCTUC
E = Q-PV
- Num sistema adiabático, e sem produção de calor interno, Q será zero; se o único
trabalho (W) for devido à variação de volume e sendo P=Pexterna então E = W. Neste
caso E pode ser determinado medindo a variação de volume e conhecendo P.
- Num sistema em que V seja constante e em que o trabalho seja só PV (que será =0)
então E = Q. Neste caso E pode ser determinado medindo a transferência de calor a
V constante. A maioria das reações na Terra ocorre com variação de V e de Q, sendo P
constante; estão envolvidas variações de calor e trabalho, por isso:
Esta equação permite definir uma nova função de estado H (entalpia) que descreve as
mudanças de calor que ocorrem a P constante.
4.9. Entalpia
A entalpia é uma medida da energia térmica e representa a quantidade de calor na
formação de uma substância. A variação da entalpia é a variação de calor mais a energia
ganha pelo cristal pelo facto de não ter podido mudar de volume. A sua expressão pode
escrever-se H = Q +VP
Nesta condição H é a variação de calor da reação, ou seja, o calor trocado mais o calor
produzido internamente na reação, a P constante (e quando apenas se considera o trabalho
PV). Se qualquer reação estiver em equilíbrio a produção de calor interno é zero, pelo que
H é o calor (reversível) absorvido da vizinhança, quando o sistema muda de um estado
para outro, a P constante.
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(Hf ). Quando os produtos de uma reação possuem menos entalpia que os reagentes, a
reação libertou calor, é exotérmica. Se os produtos possuem mais entalpia a reação é
endotérmica.
Exemplo:
Hof (CO2)(g) = - 394 kJmol –1, o que quer dizer que 394 kJ de energia são libertados
quando se forma uma mole de CO2 a partir de mole de O2 e de uma mole de C a 298 K.
Exemplo
CO (g) + ½ O2 (g) → CO2 (g) .
H (reação ) = Ho (produtos) - Ho ( reagentes)
= -394 kJ.mol–1 – (-111 kJ.mol –1 + 0) = -283 kJ.mol –1 É uma reação exotérmica.
76
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4.10. Calorimetria
O calor numa reação química, pode ser medido usando um calorímetro. O fluxo de calor
observado no calorímetro (q) é igual a H se a pressão em que ocorre a reação for
constante. O calor libertado ou absorvido na reação e a variação de T observada, estão
relacionados pela capacidade calorífica do material que sofre variação de T.
A água líquida é uma substância que possui um dos maiores calores específicos
77
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NOTA: Na Tabela 4.1 os parâmetros a, b, c referentes à capacidade calorífica CP permitem fazer o cálculo da variação
de CP com o aumento de T.
Tabela 4.1- Dados termodinâmicos de algumas fases minerais (Retirado de White, 2007)
78
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Se uma fase se torna mais ordenada durante uma reação, reduzindo sua entropia, o calor
liberado deve aumentar a entropia do ambiente exterior numa quantidade ainda maior.
A segunda lei estipula que a mudança da entropia num sistema fechado devida a um
processo reversível (processo no qual mudanças infinitésimas podem fazer com que o
processo se inverta a qualquer altura – equilíbrio), é igual ao calor absorvido nesse
processo dividido pela temperatura absoluta---ou seja S = Q/T.
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DCT- FCTUC
Do mesmo modo que se considerou para a entalpia também não é necessário, na maior
parte das questões em Geoquímica, calcular a entropia para outras temperaturas, podemos
usar os valores de entropia dados em tabelas, referentes a 298,15K.
Pode-se calcular a mudança de entropia padrão para uma reação do mesmo modo que
fizemos para a entalpia de uma reação, aplicando a Lei de Hess.
= -90 J/mol/K.
Há um decréscimo de entropia neste processo pois envolve a perda de uma meia mole de
gás. A reação é espontânea à temperatura ambiente pelo que é controlada pela mudança
na entalpia e realmente a entalpia de formação do cloreto de sódio é -411 kJ/mol.
A terceira lei estipula que a entropia de uma substância no estado cristalino, no zero
absoluto, pode ser tomada como zero. Cada substância tem assim uma entropia positiva
finita; no zero absoluto a entropia tende para zero e fica zero no caso de uma substância
perfeitamente cristalina. Isto acontece porque a capacidade calorífica tende para zero
quando T tende para zero.
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Considerar por exemplo a solução sólida feldspato alcalino, cujos membros terminais são
albite NaAlSi3O8 e ortoclase KAlSi3O8. Na estrutura há um site catiónico que tanto pode
ser ocupado ou por Na ou por K, nos membros intermédios da solução sólida. Se
quisermos tirar um catião desse site temos a probabilidade x, que seja ocupado por K e a
probabilidade 1-x, que seja ocupado por Na. Ou seja, a mistura introduz desordem que
não está presente nos membros terminais.
A entropia de mistura pode ser calculada pela fórmula (se usarmos frações molares)
onde R é a constante dos gases perfeitos (8,314 J.mol-1.K-1), mj é o número total de átomos
no site cristalográfico jth (em nº de átomos por fórmula) e Xij é a fracção molar do átomo
ith no site jth.
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DCT- FCTUC
Exemplo:
KNO3(s) ➔ K+ + NO3-
Assim a variação da entalpia não nos indica de modo infalível a tendência de uma reação.
A reação de dissolução do nitrato de potássio é controlada pelo aumento da entropia.
A formação do cloreto de sódio é uma reação onde ocorre diminuição da entropia, pelo
que a variação da entropia também não nos indica de modo infalível a tendência de uma
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reação. Para se saber qual a tendência de uma reação temos de considerar tanto a variação
da entropia como da entalpia simultaneamente.
G = H –TS
Se G > 0 a reação não põe ter lugar como está escrita, a não ser que haja energia
fornecida por fonte externa.
Questão:
H S G Resultado
Valores de G para reações simples podem ser combinados, do mesmo modo que os
valores de H e S para dar valores de reações mais complexas. Valores de Gº de
formação de compostos a partir dos seus elementos também existem tabelados para T, P
e estados padrão - energias livres de formação padrão Gºf.
Para temperaturas mais altas e para a maioria das situações geológicas que envolvem
sólidos pode admitir-se que Cpreação ≈ 0, não sendo necessário efetuar os cálculos para
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H e S a mais alta temperatura. Os erros que se cometem quando se usa H298 e S298
em vez de HT e ST para calcular GT são pequenos.
Questão:
Considerar a reação forsterite + quartzo → enstatite
Mg2SiO4 + SiO2 → 2MgSiO3
Determinar se a enstatite é produzida a 298 e a 1273 K. A mudança de entalpia do sistema
produzida pela reação de
1 mole de forsterite + 1 mole de quartzo → 2 moles enstatite
é dada pela relação:
Hºr = Henst –Hfor –Hqtz. = 2x(-1546,77)-[-2175,68+(-910,65)] =-7,21 kJ.mol-1
Sºr = Senst –Sfor –Sqtz. = 2x67,86-(95,19+41,34)=-0,75 J.mol-1.K-1
A 25º C (298 K) temos:
Gº298 = -7210 -298 x(-0,75)= - 6968,5 J.mol-1 .
A 1273 K
G = Hº -TSº fica que G1273 = -7210 -1273 x(-0,75)= -6255,25 J.mol-1.
A enstatite é produzida tanto a 298 como a 1273 K, mas tem mais tendência a 298 K.
Nota: lembrar que na cristalização fracionada, com o abaixamento de T, a olivina (forsterite) transforma-
se em piroxena (enstatite)
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DCT- FCTUC
NOTAS SOBRE VOLUMES : Quando V não é dado pode ser sempre calculado a partir
da massa específica da fase e do seu peso molecular:
V(cm3) = peso molecular/massa específica
Ex: A massa molecular do piropo (Mg3Al2Si3O12) = 403,13 g/mol e a sua massa
específica é 3,78 g/cm3 . O seu volume molar será:
403,13 / 3,78 = 106,65 cm3/mol.
Outra relação importante ➔ 1 cm3.mol-1 = 1 J.MPa-1.mol-1 ou
0,1 cm3.mol-1 = 1 J.bar-1.mol-1
que vem d: w=PV ➔ J= Pa.m3 e de 1 MPa= 10 bares
Questão:
Para a reação coesite ➔ quartzo- em que a 298 K e 1 bar temos:
Fase Sº (J.mol-1.K-1) Vº (cm3.mol-1) Hº (J.mol-1)
Coesite 40,38 20,64 851620
Quartzo- 41,34 22,69 910650
a) pressão ?
b) temperatura?
Questão:
Mostre que uma das transformações que ocorre no manto terrestre, com aumento da
profundidade, é a transformação do peridotito com plagioclase em peridotito com
espinela, de acordo com a reação:
Resolução
Calcular as energia livre Gr da reação: Gr = -6,95 k.J.mol-1
Como Gr < 0 a reação prossegue para a direita, portanto a associação dos produtos é
mais estável a 298 K e1 bar. Qual a associação que é mais estável com aumento de P?
O valor de Vr é -20,01 cc.mol-1. Gr/dP = Vr ➔ G diminui com o aumento de P, logo
os produtos são mais estáveis com o aumento de P. O volume dos produtos é menor do
que o dos reagentes, o que indica que um aumento de P os produtos são mais estáveis.
Podemos calcular a variação da energia livre de uma reação a várias pressões pela
Exemplo
A variação da energia livre desde 1 bar até 10 kbar, considerando que T é constante
(G10kbar,298 – G1bar,298 ) é de 33,35 kJ.mol-1.
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Como Vr e Sr são funções de P e T este é um declive instantâneo, mas para sólidos a
dependência de Vr e Sr de P e T não é grande e o declive será constante num grande
leque de P e T. Esta equação também se pode escrever na forma
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º S v
diópsido -3202340 143,09 66,09
Vr = -16,08 cm3.mol-1 ou
silimanite -2573570 96,78 49,9
enstatite -1546770 67,86 31,28
Vr = -1,608 J.bar-1.mol-1
anortite -4215600 205,43 100,79
reação -13540 -33,42 -16,08
Calcula-se P para 900 K, o que dá 10285 bares e podemos desenhar a curva da reação
no espaço P-T (Fig. 4.3).
Nos cálculos efetuados foi admitido que não há variação da capacidade calorífica com o
aumento de T ou seja que Hr e Sr se mantêm constantes. Por isso a linha que representa
a reação é uma reta. Tendo em conta a variação de Hr e Sr com o aumento de T a linha
que representa a reação seria representada por uma curva, designada por curva de reação
Contudo para a maioria das situações encontradas em Geologia a precisão do tipo da
figura 4.3 é suficiente. A figura 4.4 mostra da curva de reação albite ➔ jadeíte +
quartzo, construída tendo em conta a variação de de Hr e Sr com o aumento de T.
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Jadeíte +
quartzo
Fig. 4.5 – Exemplos de curvas de reação a marcar os campos de estabilidade de algumas associações
minerais. Retirado de Winter (2001).
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Gº º Sº V
3
J/mol J/K/mol cm /mol J/bar
cianite -2426910 -2581100 83,68 44,09 4,409
andaluzite -2429180 -2576780 92,88 51,53 5,153
silimanite -2427100 -2573570 96,78 49,9 4,99
reações Tequ (K) dP/dT (bar/K)
cianite-silimanite -190 7530 13,1 5,81 0,581 574,8092 22,547
andaluzite-silimanite 2080 3210 3,9 -1,63 -0,163 823,0769 -23,926
cianite -andaluzite -2270 4320 9,2 7,44 0,744 469,5652 12,366
1) Equilíbrio cianite ➔ silimanite.
Como S é positivo quanto maior for T, menor será G ➔ a silimanite é a fase estável
em altas temperaturas.
Portanto o declive da fronteira entre a cianite e a silimanite num diagrama P-T é 22,55
bar/K e Tequ,1bar = 575 K
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Com os pares de valores constrói-se a reta da reação no espaço P-T (Fig. 4.6)
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Para as propriedades extensivas pode definir-se um valor molar parcial (dividindo pelo
número de moles) que expressa o modo como essa propriedade depende das mudanças
de quantidade de um componente numa fase não pura ou num sistema. A variável
extensiva é transformada em intensiva, dividindo pelo número total de moles (n).
Na tabela 8 vê-se que o volume molar da albite (100,07 cc.mol-1) é distinto do da anortite
(100,79 cc.mol-1); podemos definir o volume molar parcial da albite na plagioclase, que
nos indica como varia o volume da plagioclase com a adição de quantidades infinitesimais
de albite.
Estas considerações podem ser generalizadas para todas as outras variáveis extensivas.
Por exemplo a fase olivina (Mg,Fe)2SiO4 é descrita pelos seus dois componentes Mg2SiO4
e Fe2SiO4 . Se n1 = nº moles de Mg2SiO4 e n2 = nº moles de Fe2SiO4 então:
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O potencial químico indica quanto da energia livre de Gibbs de uma olivina está
relacionada com o componente de forsterite e quanto está relacionado com o componente
faialite. Portanto o potencial químico diz-nos como muda a energia livre de uma fase,
com o nº de moles (ni) de um componente i, mantendo T, P e o número de moles de todos
os outros componentes da fase constantes.
Para uma fase pura de um componente fica G=n ou =G/n. Neste caso a energia livre
molar da fase é igual ao potencial químico do seu componente. Usa-se Ga para referir a
energia livre molar ou energia livre molar da fase e 𝒇𝒂𝒔𝒆 para o potencial do
𝐜𝐨𝐦𝐩𝐨𝐧𝐞𝐧𝐭𝐞
componente i na fase a. Se a fase a for pura (só um componente i) teremos
𝒇𝒂𝒔𝒆
Ga =
𝐜𝐨𝐦𝐩𝐨𝐧𝐞𝐧𝐭𝐞
Valores absolutos de energia livre das fases ou dos potenciais químicos dos componentes
não podem e não precisam de ser determinados. As energias livre são medidas em relação
a padrões, elementos ou óxidos e foram construídas escalas de energia livres relativas ou
de potenciais químicos.
- Num sistema em equilíbrio o potencial químico de cada componente numa fase é igual
ao potencial químico desse mesmo componente em todas as outras fases nas quais está
presente.
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Considerar o equilíbrio seguinte onde os minerais (fases) estão escritos como puros
3Plagioclase → granada + 2cianite + quartzo
3CaAl2Si2O8 → Ca3Al2Si3O12 + 2Al2SiO5 + SiO2
𝒈𝒓𝒂𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒑𝒍𝒂𝒈𝒊𝒐𝒄𝒍𝒂𝒔𝒆
G = 𝐂𝐚 + 2 𝒄𝒊𝒂𝒏𝒊𝒕𝒆
𝑨𝒍 𝑺𝒊𝑶
+ – 3 𝑪𝒂𝑨𝒍
𝟑𝐀𝐥𝟐𝐒𝐢𝟑𝐎𝟏𝟐 𝟐 𝟓 𝟐𝑺𝒊𝟐𝑶𝟖
No equilíbrio G = 0.
Exemplo
𝒈𝒓𝒂𝒏𝒂𝒅𝒂
𝒂𝒍𝒎𝒂𝒏𝒅𝒊𝒏𝒂
= 𝟎𝒂𝒍𝒎𝒂𝒏𝒅𝒊𝒏𝒂 + RT ln 𝒂𝒈𝒓𝒂𝒏𝒂𝒅𝒂
𝒂𝒍𝒎𝒂𝒏𝒅𝒊𝒏𝒂
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𝒋 - i o)/RT )
Actividade de um componente será: 𝒂𝒊 = e( (ij e reflecte a diferença entre o
potencial químico de i na fase j sob certas condições de PT e composição e o potencial
químico no estado padrão io ( Po,To )
ai = (Xii).
nX +mY ➔ oZ + pQ
𝒋 𝒋
Se substituir-mos i pela equação = 𝟎 + RT ln 𝒂 no final fica
𝐢 𝐢 𝐢
𝒑
que G = Go + RT ln [(𝒂 𝒐𝐳 x 𝒂 )/( 𝒂 𝒏 x 𝒂 𝒎 )]
𝐐 𝐗 𝐘
𝒑
Se K = (𝒂 𝒐 x 𝒂 )/( 𝒂 𝒏 x 𝒂 𝒎 )
𝐙 𝐐 𝐗 𝐘
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G = Go + RT ln K
0= Gor + RT ln K ➔ Gor = - RT ln K
Outro modo de medir Gºr, que é usado nas reações de oxirredução é pela equação
Vejamos a relação entre K e Gr com o exemplo da dissolução da anidrite pura, ou seja
aanidrite = 1 CaSO4 ➔ Ca2+ + SO42-
Gor = - RT ln K ➔ K = 10-4,15
O facto de G ser positivo indica que a reação tende para a esquerda em condições padrão,
e as atividades das espécies envolvidas são consideradas =1.
______________________________________________________________________
Dependência de K de T
Ho 1 1
log KT = log KTref – x[ − ]
2,303 𝑅 𝑇 𝑇𝑟𝑒𝑓
Exercício
96
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Dependência de K de P
Vo
log KP = log KPref – x[ 𝑃 − 𝑃𝑟𝑒𝑓]
2,303 𝑅𝑇
_____________________________________________________________________
Tomando todos os componentes como sendo a fase pura a 1 bar e 298 K, a mudança de
energia livre desta reação é dada por:
O equilíbrio de qualquer associação destas 4 fases puras (ai=1) necessita desta condição
Esta equação é usada para calcular a linha P-T na qual as 4 fases coexistem em equilíbrio.
Por ex. a 900 K , P= 13,1 kbar. A 1200 K será de 20 kbar.
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Supor que: cianite e quartzo são puros, que a atividade do componente grossulária na
granada (aCa3Al2Si3O12 )=10-3,9 e que a atividade do componente anortite na plagioclase é
0,2 ➔ aCaAl2Si2O8 =0,2
Temos que a 900 K, P = 8,4 kbar. A 1200 K será de 13,7 kbar. Portanto os valores de P
são menores do que os calculados considerando que as fases são puras. Estas relações
podem ser vistas na figura 4.7.
Na figura 4.8 são mostradas algumas curvas de reação para fases puras e não puras.
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Deste modo sabendo H0, S0 e V dos sólidos pode calcular-se T para várias P e
construir a curva da reação no espaço P-T.
Fazer o cálculo para várias P e obtem-se a figura 4.9. A figura 4.10 mostra esta curva de
reação retirada de Winter (2001). Quando há componentes gasosos os declives das curvas
de reação são muito condicionados pela P (Fig. 4.9 e 4.10). Os fluidos são muito mais
compressíveis pelo que V decresce muito com o aumento de P e este decréscimo produz
um aumento em dP/dT.
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Quando um magma se forma está em equilíbrio como protólito, mas sendo menos denso
têm tendência a deixar o local de fusão e ascender na crusta, vindo a implantar-se em
câmaras magmáticas onde cristaliza, libertando energia e por vezes matéria para o
encaixante, ou se tiver energia suficiente, atinge a superfície da Terra originando rochas
vulcânicas.
O magma é muitas vezes um sistema aberto. Troca calor com a vizinhança e também
troca muitas vezes matéria, mudando a sua composição. Esta mudança na composição
ocorre por processos de recarga na câmara magmática, assimilação de rochas encaixantes,
mistura de magmas, desgaseificação, que são processos em sistema aberto. A
cristalização faccionada é um processo de diferenciação magmática que ocorre em
sistema fechado. Outro é a imiscibilidade líquida, que origina magmas muito ricos em
sulfuretos e magmas carbonatíticos, mas estes processos são raros e ocorrem em pequena
escala.
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Diagramas de variação
Os primeiros passos na identificação dos processos evolutivos começam pela construção
de diagramas de variação. São diagramas x-y, em que se projeta a variação de teores de
elementos função de um parâmetro indicador de diferenciação. Os diagramas de variação
condensam a informação e racionalizam um grande número de dados geoquímicos, que
são ininteligíveis se apresentados em tabelas. O elemento usado nas abcissas usualmente
é o SiO2 e os diagramas chamam-se diagramas de Harker. Em rochas básicas usa-se por
vezes o MgO, pois o leque de variação do SiO2 pode ser pequeno. Por vezes também se
usa FeOt, as proporções catiónicas, as % molares ou mg* = Mg/(Mg+Fe2+).
Nos diagramas de variação obtêm-se tendências que reflectem coerência na variação dos
teores dos vários elementos químicos (Fig. 6.4). O diagrama deve mostrar a variação entre
as amostras e identificar tendências. A coerência obtida nos diagramas de variação indica
que há um processo que explica as variações. Tendências contínuas, bem definidas,
regulares nos diagramas de Harker são a melhor evidência de um processo de fracionação.
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Contudo há que ter em conta que tendências de variação iguais àquelas apresentadas pela
cristalização fraccionada nos diagramas de Harker, podem também ser apresentadas em
séries de rochas relacionadas por fusão parcial. Além disso a variação da composição
química dos minerais nas várias rochas também deve seguir a mesma tendência.
A tendência observada nos diagramas de Harker pode também ser devida à a assimilação
de rochas encaixantes simultaneamente com a cristalização fraccionada - processo ACF.
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O processo ACF só é bem demonstrado nos elementos traço e nos isótopos, pois um
magma só consegue assimilar rochas que tenham um ponto de fusão inferior, ou seja
rochas mais diferenciadas. Ora estas rochas possuem composição química semelhante às
originadas por um processo de fraccionação, pelo que nos diagramas de elementos
maiores não é possível distinguir qual o processo.
Fusão parcial
Contrariamente à cristalização fracionada, num processo de fusão parcial, os magmas
mais recentes vão possuir uma composição menos evoluída (menos rica em SiO2, K2O e
mais rica em MgO, CaO, FeO), mas este processo é difícil de distinguir em diagramas de
variação pois as tendências são semelhantes às da cristalização fracionada, já que ambos
os processos representam o equilíbrio cristal-líquido. Será distinguível se tivermos as
idades das rochas originadas pela cristalização dos magmas sucessivos, com erro
pequeno.
Mistura de magmas
Magmas de diferentes reologias (possuem diferentes densidades, temperaturas de
cristalização, diferentes composições, diferentes conteúdos de fases sólidas e voláteis e
diferentes velocidades e processos de ascensão) têm dificuldade em misturar-se.
Frequentemente os magmas básicos estagnam na base crusta continental, pois apesar de
serem líquidos possuem densidade superior à da crusta continental ou estagnam na base
de câmaras siliciosas. A este processo de estagnação de magmas básicos dá-se o nome de
underplating, sendo responsável pelo aumento de T das rochas ou magmas sobrejacentes.
solidus do magma básico for inferior à da temperatura de equilíbrio entre os dois magmas.
A incorporação de água pelo magma básico é um processo pelo qual o seu solidus pode
baixar.
Nota: Os cálculos da modelização são muito demorados, pois há que fazer imensas iterações até se obter
sucesso.
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Os cristais são removidos do local de cristalização depois desta ter acontecido. Na sua
forma mais simples a cristalização fraccionada pode ser descrita pela lei de Rayleigh
CL = Co F D-1
Na figura 6.8 são dadas a variações na razão Cl/Co em função de F para a cristalização
fracionada para valores de D de 0,1, 1 e 5. Elementos compatíveis (D=5) decrescem nos
líquidos residuais e elementos incompatíveis (D=0,1) aumentam nos líquidos residuais.
XB = 1. A mistura simples entre dois magmas pode ser testada pelo método de Foucard e
Allegre (1981), que tem por base a equação
Cim – CiA = X (CiB - CiA)
aplicada a cada elemento onde X é a fração do componente B na mistura. Projetando Cim
- CiA versus CiB - CiA para todos os elementos obtêm-se uma reta (Fig. 6.10) cujo declive
dá a proporção da mistura se o coeficiente de correlação for significativo.
O teste é primeiro feito para os elementos maiores e deve ser confirmado para os
elementos traço usando a mesma equação. As diferenças entre os teores calculados e os
analisados devem ser pequenas (Fig.6.11) para que se aceite o modelo.
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9. Geoquímica Isotópica
9.1. Introdução e conceitos
A Geoquímica Isotópica é, presentemente, a mais importante subdisciplina da
Geoquímica e das Ciências da Terra, tendo explicado com grande sucesso problemas
fundamentais das Ciências da Terra, mas também problemas da Cosmoquímica.
Presentemente há muito poucas áreas da Geologia que não usem a Geoquímica Isotópica.
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Daqui vem que A= N+Z e ao número de neutrões em excesso chama-se I=N-Z. Os vários
isótopos de um elemento distinguem-se pelo número de neutrões no núcleo e como a
massa do átomo está quase toda concentrada no núcleo, os isótopos distinguem-se pela
sua massa atómica. Isótopos possuem o mesmo Z. Os isóbaros possuem o mesmo valor
de A e os isótonos têm o mesmo N
As razões isotópicas ou abundâncias isotópicas num elemento são fixas e o peso atómico
de elemento reflete estas razões isotópicas. Por exemplo o Rb possui os isótopos 85Rb e
87
Rb, cujas abundâncias são 72,17% e 27,83% respetivamente. Como a massa dos
isótopos é 84,911794 e 86,909187 temos que o peso atómico do Rb é = 84,911794 x
0,7217 + 86,909187 x 0,2783 = 85,4677, que se lê na Tabela Periódica.
172
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Há vários processos de decaimento radioactivo: beta mais (+), beta menos (-), captura
electrónica, alfa, fissão nuclear e emissão gama, que produzem novos nuclídeos que
também decairão se forem radioactivos, produzindo séries de decaimento. As séries de
decaimento acabam quando se formar um isótopo estável.
9.2.1. Decaimento
Decaimento beta negativo - - – há emissão de uma partícula - do núcleo. Isto faz com
que o número de neutrões decresça uma unidade e produz-se um protão de acordo com a
equação : neutrão ➔ protão + - + raios
Esta reação produz um novo elemento cujo número atómico é uma unidade superior ao
do seu pai. Por exemplo:
87
Rb (Z=37) ➔ 87
Sr (Z=38) + - + raio
40
K (Z=19) ➔ 40
Ca (Z=20) + - + raio
É também produzido um novo elemento, mas em que o número atómico é uma unidade
26 26
menor do que o do seu pai. Por exemplo o Al (Z=13) decai para Mg (Z=12) por
emissão +.
173
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O número atómico do elemento produzido é uma unidade menor do que o do núcleo pai.
É semelhante ao +. Por exemplo:
7
Be (Z= 4) + e- ➔ 7Li (Z=3) + raio
40
K(nº atómico 19) + e- ➔ 40
Ar (nº atómico 19) + raio
Uma partícula alfa, 2+, formada por 2 neutrões + 2 protões é ejetada do núcleo. O número
atómico decresce 2 unidades e o número de massa, 4 unidades. Por exemplo 238U (Z= 92)
decai para 234Th (Z= 90) por emissão alfa de acordo com a reação
238
U ➔ 234Th + 2+ + raios
Os isótopos produzidos num decaimento também podem decair e como resultado alguns
235 238 232
isótopos originam uma série de decaimento (Fig. 9.2). Os isótopos U, Ue Th
originam séries de decaimento, antes de serem transformados em isótopos não
radioactivos de Pb (207Pb, 206Pb, e 208
Pb, respetivamente).
174
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DCT- FCTUC
Durante um intervalo de tempo fixo (dt) uma proporção de isótopos pai, P, muda para
isótopos filho (D) e a taxa de decaimento (nº de átomos P que decai por unidade de tempo)
é proporcional ao número de átomos P presentes, designando-se a constante de
proporcionalidade por constante de decaimento, Esta constante expressa a
Rearranjando a equação
dP/dt = -P ➔ dP/P = -dt e integrando desde t=0, no final vem que
em que metade dos isótopos pai decaem. Como ln P/Po = -t, se P=Po/2 fica
175
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DCT- FCTUC
Como podem haver alguns isótopos filho já presentes (Do), além dos que resultam do
t
decaimento então D = Do + P (e - 1) esta é a equação básica da geocronologia,
mas necessitamos de saber qual o valor de Do
1 - Medir as razões isotópicas em minerais que não contenham o isótopo filho quando se
formaram, de tal modo que todos os isótopos radiogénicos (filho), só provêm do
decaimento radioactivo dos isótopos radioativos.
origem dá-nos Do. A linha recta chama-se isócrona e representa pontos com igual tempo
176
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DCT- FCTUC
Isto é a equação de uma recta com declive =(eλt-1) e a ordenada na origem é 87Sr /86Sro
Tendo no mínimo 6 amostras é possível traçar a recta de regressão pelo método dos
mínimos quadrados e obter o seu declive e ordenada na origem. Como os dados nunca se
ajustam totalmente a uma recta é necessário saber os erros na estimação do declive e da
ordenada na origem. Os métodos estatísticos usuais permitem calcular estes erros, mas
assumem que x é variável independente e que se conhece de modo absoluto. Ora os dados
das razões isotópicas são obtidos por análises que possuem sempre um erro associado e
não são independentes.
177
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DCT- FCTUC
Tanto as abcissas como as ordenadas possuem erros analíticos que devem ser tomados
em conta para uma estimação o mais correta e precisa do declive (que dá a idade das
rochas) e do intercepto (ordenada na origem). Há que considerar para cada ponto da reta
os erros na sua determinação analítica, o que não é um procedimento linear.
York (1969) deu uma solução para a determinação do erro associado à construção de uma
isócrona. Usa-se o MSWD (mean squares weight desviation) que tem em conta os erros
associados à determinação de 87Sr/86Sr e 87Rb/86Sr. Este cálculo é feito com um programa
Isoplot, pois os cálculos à mão são muito trabalhosos. O MSWD deve ser o mais baixo
possível, podendo admitir-se até 1. Se forem analisados os minerais as suas razões
isotópicas devem alinhar-se na isócrona, se o sistema não tiver sido perturbado. Nestas
condições podem obter-se as idades de cristalização pelas análises isotópicas de pares de
minerais (Fig.9.4).
O manto possui baixas concentrações de Rb, o que origina razões Rb/Sr baixas e razões
87
Rb /86Sr também baixas, pelo que magmas derivados da fusão do manto possuem razões
87
Sr/86Sro baixas enquanto os derivados da fusão da crusta possuem razões elevadas. A
87
razão Sr/86Sr no manto é baixa e mais ou menos uniforme enquanto os valores desta
razão na crusta são muito variáveis e são mais elevados. Por isso a razão 87Sr/86Sro é usada
como indicador petrogenético.
A razão 87Sr/86Sr do material que originou o sistema solar, quando este se formou, e que
se admite ter composição representada pelos condritos é de 0,69897+0,00003. Este valor
é referido como BABI (Basaltic Achondrite Best Initial).
O Sm e o Nd são elementos pouco móveis, que formam compostos refractários, pelo que
as idades e as razões iniciais não são sensíveis à meteorização e ao metamorfismo,
contrariamente ao que acontece no sistema Rb-Sr. A razão Sm/Nd no manto é maior do
que na crusta pelo que a razão 143Nd/144Nd é maior no manto do que na crusta.
A bulk Earth tem evoluído ao longo do tempo de modo semelhante aos condritos. A
crusta, que é formada pela fusão do manto tem menor razão Sm/Nd logo tem menor razão
143
Nd/144Nd. A fusão do manto faz com que ele fique empobrecido em Nd, o que faz com
que fique com maior razão Sm/Nd e logo maior razão 143Nd/144Nd.
Como sabemos o valor de 143Nd/144Nd da bulk Earth em qualquer tempo, é útil considerar
143
os desvios de Nd/144Nd de qualquer rocha, relativamente a este valor. Esses desvios
são expressos pela notação épsilon ()
180
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DCT- FCTUC
Podemos calcular o valor de CHUR em qualquer tempo (t) no passado pelas equações:
143
Nd/144Nd CHUR (t) = 143Nd/144Nd CHUR (presente) - 147Sm/144NdCHUR (presente) (et-1)
Ou 143
Nd/144Nd CHUR (t) = 0,512638 – 0,1967(et-1).
O modelo CHUR pode ser usado para calcular o tempo em que o Nd presente numa dada
rocha crustal se separou do seu reservatório condrítico- determina-se o tempo em que a
razão 143Nd/144Nd na rocha era igual à do CHUR- a esse tempo chama-se a idade modelo
CHUR ou tCHUR.
Sabemos que o manto é heterogéneo, tendo o manto inferior uma composição semelhante
ao CHUR, mas o manto superior tem Sm/Nd maior do que o CHUR, logo a razão
143
Nd/144Nd será maior no manto superior empobrecido em relação ao CHUR (Fig. 9.6a).
Durante a formação da crusta há uma grande fraccionamento na razão Sm/Nd, mas uma
vez formado, um bloco crustal vai manter a razão Sm/Nd (a razão 147Sm/144Nd da grande
181
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DCT- FCTUC
maioria das rochas crustais é próxima de 0,13). Na figura 9. 6b, quando se usa a notação
épsilon vemos que as rochas crustais tem evoluído com um declive negativo ao longo do
tempo, enquanto as rochas do manto têm evoluído com declive positivo no mesmo
diagrama.
Fig. 9.6- linha de evolução do CHUR e a do manto empobrecido, usando valores da razão isotópica (a) e
valores de épsilon (b). (Extraído de White, 2013).
143
Nd/144NdCHUR= 0,512638 e 147Sm/144Nd CHUR= 0,1967
Sabemos que o manto não é uniforme e que tem ficado continuamente empobrecido na
sua parte superior. O modelo do manto empobrecido pode ser usado para calcular o tempo
em que o Nd presente numa dada rocha crustal se separou do manto empobrecido-
143
determina-se o tempo em que a razão Nd/144Nd na rocha era igual à do manto
empobrecido – idade tDM.
182
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DCT- FCTUC
143
Nd/144NdDM= 0,51315 e 147Sm/144Nd DM= 0,2137
143
A figura 9.7 mostra o significado das idades modelo. Os valores de Nd/144Nd são
147
extrapolados para trás (com declive que depende de Sm/144Nd) até encontrarem as
rectas de evolução de CHUR e DM.
Fig. 9.8- Razões isotópicas dos principais reservatórios geoquímicos. Retirado de White (2013).
A maior parte das rochas mantélicas possuem valores de 143Nd/144Nd ( ou Nd) maiores
87
e de Sr/86Sr menores que a bulk Earth, o que implica que as razões Sm/Nd têm sido
superiores no manto em relação à Terra, enquanto as razões Rb/Sr têm sido inferiores, e
principalmente nos MORB. Tal implica que o protólito dos MORB (manto superior) tem
sido empobrecido ao longo do tempo em elementos mais incompatíveis daí se chamar a
esse manto de empobrecido. Esse empobrecimento tem ocorrido devido à fusão parcial,
que vai extraindo os elementos mais incompatíveis (Rb e Nd).
238
U ➔ 206Pb com t1/2 = 4,468 x109 anos e 238 = 1,551 x 10-10 a-1
184
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DCT- FCTUC
235
U ➔ 207Pb com t1/2 = 0,7038 x109 anos e 235 = 9,849 x 10-10 a-1
235𝑈 1
92
238𝑈 = esta é a razão atual entre 235U/238U
92 137,88
232
Th ➔ 208Pb com t1/2 =14,01 x109 anos e 232 = 4,948 x 10-11 a-1
Para evitar erros na determinação da razão inicial 206Pb/204Pb , usa-se um mineral que não
permita Pb na sua malha - zircão, monazite, uraninite, titanite, apatite de modo que o todo
o Pb que contem proveio do decaimento do U e Th. Um bom mineral para usar o sistema
U-Th-Pb é o zircão, que é resistente à meteorização e permanece como sistema fechado.
Além disso tende a concentrar U e excluir Pb da sua malha durante o crescimento, logo
tem uma razão pai/filho alta necessária para datação precisa.
Então com os 3 sistemas temos 3 equações e será possível calcular as 3 idades para uma
amostra e deveriam ser iguais ou concordantes. Contudo muitas vezes as idades não
concordam – são discordantes - pois o sistema pode não ter sido perfeitamente fechado e
ter havido perda de isótopos intermédios ou de Pb.
Apesar disto podem calcular-se as idades a partir das equações respetivas para o U,
mesmo que tenha havido perda de Pb, pois como as taxas de decaimento são diferentes
as razões dos isótopos filho são uma medida do tempo. Isto é feito usando um diagrama
de concórdia.
206
Pb* = 238U (et -1) ➔ 206Pb* /238U = (et -1)
207
Pb* = 235U (et -1) ➔ 207Pb* / 235U = (et -1)
Calculando estas razões para vários tempos (Fig. 9.9a) e projetando os valores, obtêm-se
o diagrama de concórdia (Fig. 9.9 b). A curva de concórdia é a linha que define os locais
onde as idades são concordantes pelos dois métodos. Se não tiver havido perda de Pb os
pontos projetam-se todos na concórdia. Como a perda de Pb não é a mesma para todas as
amostras do mesmo mineral há que fazer várias análises. Se a perda de Pb ocorreu num
único episódio, obtém-se uma linha recta - discórdia- que cruza a concórdia em dois
pontos (Fig. 9.9 c).
A discórdia indica perda de chumbo e tanto a intercepção superior com a concórdia como
a inferior têm significado petrológico. O prolongamento da discórdia até interceptar a
concórdia dá a idade da formação inicial da série de amostras. O prolongamento para
baixo dá a intercepção inferior e representa a idade de perda de chumbo, se esta tiver sido
única. Se tiver havido perda contínua de P, não há intercepção inferior. A idade pode ser
calculada ancorando a discórdia em zero.
Fig. 9.9- Valores de 296Pb/238U e 207Pb/235U para várias idades (a), diagrama concórdia (b) e diagrama
concórdia com discórdia (c)
186
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DCT- FCTUC
Portanto a idade de zircões magmáticos sem núcleos herdados é dada pela intercepção
superior e a intercepção inferior indica-nos uma perda episódica de Pb, que se deve a uma
perturbação do sistema, por ex. a rocha ter sofrido aquecimento. Se a rocha tiver zircões
herdados que também foram analisados a intercepção superior dá-nos a idade do protólito
e a intercepção inferior a idade de cristalização da rocha.
O SHRIMP (microssonda iónica) tem permitido datar cristais isolados. Na figura 9.10
mostram-se análises de zircões de metassedimentos da fácies granulítica. A idade 3,2 Ga
é a idade da fonte dos zircões detríticos, que foi estabelecida a partir dos zircões
arredondados e dos núcleos de zircões com sobrecrescimentos. Esta discórdia intercepta
a concórdia em 1,1 Ga - tempo do metamorfismo da fácies granulítica. Grãos irregulares
e os sobrecrescimentos definem outra discórdia que indica a idade do metamorfismo da
fácies granulítica (1,1Ga).
Esta técnica permitiu obter as idades mais antigas, até agora, na Terra, nos zircões
detríticos de uma sequência metassedimentar detrítica, no oeste da Austrália, os zircões
de Jack Hills (Fig. 9.11).
Fig. 9.10 – Diagrama da concórdia e análises de zircão por SHRIMP (retirado de Rollinson, 1993)
Zircões magmáticos nas rochas félsicas podem ser usados para datar o tempo de
cristalização no intercepto superior da discórdia. Nas rochas graníticas que possuem
zircões herdados o intercepto superior dá a idade da fonte crustal e o intercepto inferior
pode dar a idade de cristalização. Zircões detríticos em sedimentos podem datar a área-
mãe dos sedimentos e zircões nas rochas metamórficas podem datar o protólito ou no
caso de metassedimentos a área-mãe dos sedimentos.
187
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DCT- FCTUC
Fig. 9.11. Diagrama de concórdia das análises obtidas nos zircões de Jack Hills (Wilde et al., 2001) e
imagem de catodoluminescência de dois cristais datados, indicando as idades obtidas.
188
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DCT- FCTUC
208
e Pb/204Pb= 29,476. Estes valores são semelhantes aos determinados em condritos, e
incluindo os côndrulos de Allende. Chen e Wasserburg (1983) confirmam esses
206
resultados, ou seja: Pb/204Pb=9,3066; 207
Pb/204Pb=10,293 e 208
Pb/204Pb= 29,475,
respetivamente.
Entre os isótopos leves do mesmo elemento há grande diferença de massa. Por exemplo
18
no caso do oxigénio e do hidrogénio: a massa do O= 17,999160 e a massa do
16
O=15,994915, ou seja a massa do 18O é 12,5% maior do que a massa do 16O. O isótopo
2
H (2,014102 ) tem o dobro da massa do 1H (1,007825).
194
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DCT- FCTUC
No equilíbrio a razão 18O / 16O será aproximadamente igual no CO2 e na água. Não será
exatamente igual porque as forças das ligações são diferentes. Um ex. geológico é dado
18
pela troca isotópica entre soluções hidrotermais com baixo valor O e feldspato ou
quartzo que têm alto 18O, num plutão em arrefecimento. Como regra geral o isótopo mais
leve forma uma ligação mais fraca.
18𝑂 18𝑂
16𝑂 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 − 16𝑂 𝑉𝑆𝑀𝑂𝑊
18O (%0) = 18𝑂 x 1000 (equação I)
16𝑂 𝑉𝑆𝑀𝑂𝑊
A água dos rios tem valor de 18O = –60 %o, sendo empobrecida na razão 18O/16O em
relação ao VSMOW, o que quer dizer que é empobrecida no isótopo mais pesado e
enriquecida no mais leve. O oxigénio do ar tem valor de +23,5 %o, sendo mais
18 16
enriquecidos em O do que O, em relação ao VSMOW, porque a respiração
195
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DCT- FCTUC
16
preferencialmente consome O e a fotossíntese produz também algum enriquecimento
em 18O. O CO2 tem 18O =+41%o.
A fraccionação entre 2 fases é muitas vezes reportada como A-B = A- B
Exemplo: Quando a calcite precipita da água do mar sob condições de equilíbrio a troca
de isótopos de oxigénio entre a calcite e a água do mar pode ser expressa pela reacção:
196
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DCT- FCTUC
Pode-se também calcular sabendo os valore de 18O das fases envolvidas tendo de ter
em conta se os valores de 18O são >10 ou <10.
Exemplos:
1) Os minerais quartzo-ortopiroxena coexistentes num granulito, possuem as seguintes
razões isotópicas: 18Oqtz= 10,2%o e 18Oortopirx= 7,9%o. Calcular o valor da temperatura
de equilíbrio. O valor da constante A para a fracionação quartzo/ortopiroxena é de 2,75 e
o valor de B é zero. Como 18Oqtz>10 usa-se:
quartzo/ortopiroxena = ( + 103) / (+ 103)=1,0028
103 ln (1,0028) = 2,279
2,279= 2,75 x106/T2 ➔ T = 1098 K ou 825 ºC.
Como 18O é sempre <10 usa-se 103 ln = 18OF1- 18OF2 = A-B = Ax106/T2 + B
Resolução
18
Valores de O quartzo biotite +B T2 T (K) T (ºC)
Amostra 1 +6,5 +4,0 2,5 3,1 1190323 1091 818
Amostra 2 +8,1 +4,1 4 4,6 802173,9 896 623
Amostra 3 +9,0 +4,4 4,6 5,2 709615,4 842 569
Resposta
As temperaturas variaram entre 818 ºC (temperatura inicial da cristalização) e 569 ºC,
que será a temperatura do fluido hidrotermal.
198
MMVG Silva Apontamentos GEOQUÍMICA
DCT- FCTUC
Ou seja, a estimação da temperatura da água do mar tem de ter em conta esta variação.
Durante as glaciações a água do oceano fica mais rica em 18O (18O=1,5%o), pelo que as
conchas também ficam mais enriquecidas neste isótopo. A água fria é mais rica em 18O,
o que também faz com que as conchas fiquem enriquecidas neste isótopo.
Fig. 9.17- a) Esquema mostrando a variação das razões isotópicas do oxigénio na água do mar. b)
Variações isotópicas nos sedimentos de 5 sondagens e média dos 5 valores
200
MMVG Silva Exercícios Geoquímica
DCT-FCTUC
A análise com microssonda eletrónica EMPA ou EPMA produz análises rápidas e precisas em áreas
muito pequenas (1-2 m), pelo que os minerais individuais numa rocha podem ser estudados em
detalhe. A análise é feita em lâminas delegadas ou superfícies polidas.
26
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DCT-FCTUC
As limitações são: não pode analisar com precisão elementos leves como oxigénio, determinar
a quantidade de água presente e não pode determinar os estados de valência (por exemplo, Fe2+
vs. Fe3+). Geralmente assume-se que todo o ferro é ferroso (FeII ou Fe2+). Para alguns minerais
é possível desdobar os teores de FeOt obtidos por microssonda em teores de FeO e de Fe2O3,
tendo em conta a estequiometria. Outro modo de o fazer é separar o mineral e fazer uma análise
química clássica do teor de FeO, por titulação. Este procedimento é questionável, pois é comum
os minerais terem inclusões, o que dá pouco rigor ao método.
27
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DCT-FCTUC
Com os dados analíticos obtidos por EMPA calculam-se as fórmulas estruturais dos minerais e as
proporções das moléculas isomorfas presentes nas fases minerais. No livro de Deer, Howie e
Zussman, (1992) An introduction to the rock-forming minerals, é ensinado como se calculam as
fórmulas estruturais.
Exercício 19
Na tabela são dados os resultados obtidos por EMPA em olivina. Qual o conteúdo em
forsterite desta olivina?.
% peso
SiO2 41,05
TiO2 0,01
Al2O3 0,05
Cr2O3 0,31
FeO 8,72
MnO 0,22 % Fo= Mg/(Mg+Fe+Mn)
MgO 48,71
NiO 0,53
CaO 0,34
TOTAL 99,94
Exercício 20
Foi analisada uma anfíbola por microssonda e o valor de FeO(t) determinado foi de
12,45%. A anfíbola não possui inclusões e por isso foi separada da rocha e analisada para
determinar a sua quantidade de FeO, por titulação. O valor foi de 11,42 %. Determinar
quais as quantidades de FeO e de Fe2O3 da anfíbola.
Exercício 21
Calcular as fórmulas estruturais (em apfu) das piroxenas e dos feldspatos cujas análises
químicas são dadas e fazer a sua classificação no diagrama de classificação de piroxenas
de Morimoto et al. (1988) e no diagrama de classificação dos feldspatos.
28
MMVG Silva Exercícios Geoquímica
DCT-FCTUC
29
MMVG Silva Exercícios Geoquímica
DCT-FCTUC
As análises de micas por EMPA são usadas paar calcular as fórmulas estruturais e é possível
também fazer a distribuição do ferro, estimar o conteúdo em H2O e em Li2O. Há equações para
a biotite e moscovite. Bruiyn et al. (1983) [The estimation of FeO, F and H2O+ by regression
in microprobe analyses of natural biotite, Journal of Trace and microprobe techniques, 1(4)]
apresentaram uma equação para distribuição do ferro e estimação da água em biotites e
Tischendorf et al. (1999) [The correlation between lithium and magnesium in trioctahedral
micas: Improved equations for Li2O estimation from MgO data Mineralogical Magazine 63(1)]
aprentaram equações para estimar o Li2O em biotites.
Exercício 22
As análises químicas de biotites ocorrentes num granitóide são dadas na tabela seguinte.
Estimar o seu conteúdo em Li e determinar a que tipo de série de rochas o granitóide
pertence, usando o diagrama de Nachit et al. (1985) [Composition chimique des biotites et
typologie magmatique des granitoïdes. C.R. Acad. Sci. Paris, Ser. II 301]
30
MMVG Silva Exercícios Geoquímica
DCT-FCTUC
Análises de biotites
Amostra nº
SiO2 34,10 34,32 35,15 34,81 34,86 34,92 34,44 34,92 35,09
TiO2 3,73 3,49 3,28 3,65 3,93 3,50 3,94 4,11 3,82
Al 2O3 18,63 18,64 18,99 18,94 18,72 18,71 18,59 18,89 19,01
Cr2O3 0,05 0,00 0,05 0,03 0,05 0,04 0,03 0,07 0,02
FeO t 20,56 19,02 19,24 19,93 20,61 20,70 20,57 20,38 19,75
MnO 0,20 0,17 0,20 0,18 0,14 0,21 0,21 0,15 0,12
MgO 7,58 7,66 8,20 7,71 7,10 7,83 6,91 7,19 7,48
ZnO 0,08 0,14 0,10 0,06 0,12 0,08 0,06 0,11 0,07
NiO 0,00 0,05 0,01 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04
CaO 0,01 0,08 0,02 0,02 0,02 0,00 0,02 0,00 0,02
Na 2O 0,17 0,24 0,15 0,24 0,21 0,18 0,17 0,17 0,27
K2O 9,03 8,70 9,22 8,74 9,23 9,03 9,07 9,36 9,12
BaO 0,13 0,11 0,16 0,09 0,09 0,16 0,19 0,13 0,14
Rb2O 0,11 0,13 0,15 0,13 0,13 0,14 0,14 0,13 0,15
Cs2O 0,09 0,08 0,09 0,09 0,11 0,09 0,09 0,08 0,07
F 0,23 0,27 0,22 0,18 0,14 0,23 0,16 0,16 0,11
Cl 0,04 0,07 0,05 0,09 0,05 0,03 0,08 0,06 0,07
total 94,73 93,17 95,26 94,93 95,48 95,82 94,69 95,90 95,35
1,8
Ms
alu
1,6
AlIV+AlVI (nº catiões)
1,4
1,2
0,8
0 0,5 1 1,5 2
Mg- nº catiões
Ms- moscovite
alu- aluminossilicatos (andaluzite, cordierite, estaurolite, silimanite)
S
Granadas
As granadas não hidratadas são um grupo de minerais com a fórmula geral
andradite Ca3Fe3+2(Si,Ti)3O12
grossulária Ca3Al2Si3O12 que formam série isomorfa
uvarovite Ca3Cr2Si3O12
Exercício 23
Considere as granadas cujas análises químicas, obtidas por microssonda electrónica, são
dadas na tabela. Recalcule as análises distribuindo o ferro pelos dois estados de oxidação,
escreva as fórmulas químicas das granadas e determine se há diferenças no tipo de
granadas em termos das proporções de moléculas isomorfas presentes.
32
MMVG Silva Exercícios Geoquímica
DCT-FCTUC
Estes materiais têm de ser, normalmente, dissolvidos ou fundidos antes de puderem ser
analisados. A dissolução ou digestão é geralmente ácida, sendo usados ácidos concentrados. Os
mais usados são o nítrico, o clorídrico, o perclórico e também o fluorídrico. O pó da amostra é
misturado com os ácidos, a quente ou frio até ficar todo dissolvido.
O ácido fluorídrico é o único que consegue destruir os silicatos e libertar para a solução os
elementos químicos que constituem a amostra. Contudo há minerais resistentes (ex. zircão,
cassiterite, barite) que o HF não consegue dissolver. A digestão ácida pode ser feita em cadinhos
dentro de hotte, processo que pode levar vários dias ou usando micro-ondas, que é mais rápido.
Depois de dissolvida a amostra em solução pode ser analisada por vários métodos, normalmente
espectrométricos, como absorção atómica (AAS), espectrometria de emissão óptica com
plasma acoplado (ICP-OES), espectrometria de massa com plasma acoplado (ICP-MS),
espectrometria de UV-Vis, espectrometria de emissão óptica com microplasma (MP-OES), que
são os mais difundidos.
A dissolução total eficiente e rápida só é conseguida com fusão. Neste caso o pó da amostra é
misturado com um fundente ou fluxo, para baixar o ponto de fusão, e vai a fundir num forno,
mufla ou queimador mecker. Depois de a amostra estar fundida ou se deixa arrefecer e o vidro
resultante é analisado por fluorescência de raios-X (FRX) ou o vidro é dissolvido com ácido,
obtendo-se também uma solução que é analisada por métodos espectrométricos. A análise por
FRX é a aconselhada para elementos maiores, mas possui limites de deteção muito altos para
os elementos traço. A activação neutrónica permite fazer análises de pó de amostra sem ser
necessário fusão ou digestão, mas os limites de deteção são também altos.
33
MMVG Silva Exercícios Geoquímica
DCT-FCTUC
Esquema de uma curva de calibração, onde os pontos azuis são os padrões e o ponto cor de laranja é a incógnita
ou seja a amostra. A amostra tinha um absorvância de 59050, que corresponde a 295 mg/L.
Exercício 24
Quinze amostras de granitóides foram analisadas para o CaO por absorção atómica (AA)
de acordo com o seguinte procedimento:
massa ppm Ca no
amostras ppm Ca no aparelho depois % Ca da % CaO da
(mg) aparelho da diluição amostra amostra
a1 100,2334 7,3 0,73 1,02
a2 100,9001 8,34 0,83 1,16
a3 100,3445 4,11 0,41 0,57
a4 99,9899 7,12 0,71 1,00
a5 100,5411 6,34 0,63 0,88
a6 101,218 7,78 0,77 1,08
a7 100,0761 8,08 0,81 1,13
a8 99,912 8,52 0,85 1,19
amostras com concentrações acima da zona óptima de trabalho
a9 101,0021 9,2 2,13 2,11 2,95
a10 100,987 9,35 2,04 2,02 2,83
a11 100,871 12,39 3,11 3,08 4,32
a12 100,513 16,46 4,02 4,00 5,60
a13 101,002 9,66 1,82 1,80 2,52
a14 99,9999 11,46 1,99 1,99 2,79
a15 101,259 12,21 3,05 3,01 4,22
34
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Geoquímica
Aulas de laboratório
1
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
A moagem é feita com vários tipos de moinhos e introduz sempre alguma contaminação na
amostra. Essa contaminação resulta da abrasão que a amostra provoca no almofariz do moinho,
sendo que material do almofariz é introduzido na amostra. Temos de admitir um grau para esta
contaminação e o grau permitido depende do objetivo da moagem:
1- Análise química, elementos traço e isótopos – requer contaminação mínima
se houver contaminação detetável introduzida pelos moinhos não vale a pena fazer…
2
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Compressão da amostra com macaco hidráulico (figuras seguintes). Este procedimento é o que
que introduz o menor grau de contamiançao.
A amostra fica dentro de almofariz de aço e é comprimida com um pilão de aço.
Como a abrasão do almofariz pela amostra é mínima a contaminação é mínima.
3
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
A amostra deve ser totalmente moída até à granulometria que se pretende, sendo esta controlada
por crivagem, que deve ser feita ao longo do processo, o que melhora a eficiência do processso.
Por precaução deve usar-se um crivo de malha larga para protecção do crivo de malha fina.
4
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Quando toda a amostra foi moída à granulometria pretendida limpa-se o almofariz e o pilão
com lixa, no final com acetona e devem ser guardados em exsicador, pois oxidam-se facilmente.
O macaco hidráulico, a banca e o chão devem ser aspirados.
5
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Moinhos de ágata
Os moinhos de ágata podem ser rotativos e de bolas. O moinho rotativo do DCT admite grãos
com granulometria até 0,5 mm e o moinho de bolas admite grãos com granulometria até 2 mm.
6
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
A amostra tem de ser totalmente moída até 150 m e a granulometria é controlada por crivagem
que deve ser feita ao longo do processo, pois o material fino impede a moagem. Os crivos de
malha fina devem ser manuseados com cuidado para não danificar a malha e o crivo.
Nestes moinhos se houver contaminação esta é em SiO2, que pode ser desprezada pois é
geralmente pequena, além de que o SiO2 é o principal constituinte das rochas ígneas e
metamórficas.
No final do procedimento a limpeza é feita com acetona mas o almofariz e as bolas de ágata do
moinho de bolas podem ser limpos com água. Se houver material agarrado às paredes do
moinho faz-se um moagem de quartzo e depois procede-se à limpeza.
Deve limpar-se com quartzo (moer uma mão cheia de quartzo com granulometria < 0,5 mm)
se a rocha que deixou resíduos agarrados às paredes do almofariz. Geralmente a moagem de
um granito fresco não requer limpeza com quartzo
7
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
No final da moagem fica-se com a amostra totalmente moída a <150 m ( ex. 2 kg) e para o
laboratório são necessários cerca de 30-50 g. Há que retirar uma porção – a amostra laboratorial,
com cerca de 30-50 g - de uma amostra muito maior e a amostra laboratorial tem de ser
representativa.
A moagem é feita em várias tomas, pois a dimensão do almofariz não permite que seja moída
numa única vez, o que causa heterogeneidades na amostra moída. Daí ser necessária uma
homogeneização, que é feita por rolamento do pó da amostra num papel liso (papel kraft por
exemplo). Depois da homogeneização faz-se o quarteamento ou esquartejamento
Com o quarteamento retira-se uma amostra mais pequena de outra maior garantindo a
representatividade. A amostra mais pequena deve ser retirada de modo aleatório (figura
seguinte).
No final fica-se com a amostra laboratorial que tem cerca de 30-50 g. Esta amostra será
pulverizada até <75 m num moinho com almofariz de ágata, rotativo. Os minerais também
são pulverizados neste moinho e pode haver necessidade de no final moer quartzo de 150 m
para a sua limpeza.
8
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Atenção: a magnetite pode ficar agarrada à espátula. Se a rocha tiver magnetite usar espátula
de plástico.
Em rochas com megacristais (tanto ígneas como metamórficas) o pó destes pode ser difícil de
se misturar com o resto do pó da amostra. Calcar o pó com a espátula e ver se tal acontece. Pode
ser necessário ajudar a homogeneização com a espátula.
9
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Separação de minerais
Podem usar-se moinhos que introduzem contaminação mas o material introduzido na amostra
é depois retirado no processo de purificação dos minerais. Têm a vantagem de serem muito
rápidos.
Estes moinhos também podem ser usados para preparar amostras para a análise química de
elementos que não façam parte das ligas que constituem as maxilas ou os anéis. Por exemplo
análises de K, Ar, U, Th.
No DCT há um moinho de maxilas, com maxilas em aço-Mn e um moinho de anéis, com anéis
de carboneto de W, de cerâmica e Cr-Ni. O moinho de maxilas pode moer esquírolas. Para que
se possa moer no moinho de anéis a amostra deve estar moída a < 0,5 cm. Ou seja primeiro tem
de ser moída no moinho de maxilas.
Moinho de maxilas
Neste moinho a amostra é moída essencialmente por compressão contras as maxilas, sendo a
fricção pequena. Por isso pode-se usar este moinho até uma granulometria de < 2 mm antes de
se moer nos moinho de ágata, as mostras para análise química.
No moinho de maxilas pode moer-se as amostras até várias granulometrias, basta ir apertando
as maxilas, mas se a amostra tiver uma fração fina significativa, a admissão da amostra no funil
alimentador deve ser lenta ou as maxilas podem encravar. Se a amostra tiver alguma alteração
(minerais de argila) as maxilas podem também encravar.
Com a moagem neste moinho os minerais acessórios de menores dimensões separam-se quase
inteiros, do resto dos minerais principais. Este é o moinho que deve ser usado quando se
pretende separar zircão ou monazite. Além disso neste moinho podem moer-se amostras de
grandes dimensões (10-15 kg), que são normalmente as usadas para a separação dos minerais
acessórios.
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
A limpeza deste moinho é muito complicada, pois é necessário limpar no interior das maxilas.
Usa-se lixa para retirar material que fique agarrado às maxilas e depois acetona. NUNCA
USAR ÁGUA. O moinho é limpo com ar comprimido e aspirador.
O chão e a banca devem ser aspirados e a banca limpa com pano húmido.
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
A moagem pelo moinho de anéis é muito rápida, conseguindo fazer- se pulverização em poucos
minutos. Contudo provoca uma grande fragmentação de todos os minerais e só deverá ser usado
se esta característica não for importante. Provoca também uma contaminação muito
significativa se a rocha tiver quartzo.
A amostra não deve ultrapassar 2/3 da capacidade do almofariz .
A limpeza do almofariz e anéis faz-se com acetona; havendo material incrustado usa-se quartzo
de limpeza e depois acetona. NUNCA ÁGUA. No final o moinho é aspirado. O almofariz e
respetivos anéis devem ser sempre guardados em exsicador.
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Limpeza no laboratório
Imprescindível para evitar a contaminação cruzada
O exaustor deve estar sempre ligado para limpeza e segurança
Usar compressor para retirar o pó dos crivos- fazer este procedimento dentro
da hotte e sempre no fundo no crivo.
Nos crivos grosseiros se houverem grãos entre as malhas, estes devem ser
retirados com agulha – sempre no sentido contrário ao da entrada do grão
na malha.
Crivos são lavados com água corrente e escova e secos na estufa a < 40 ºC.
Limpeza das bancas com aspirador e pano húmido. Lavar o pano e colocá-lo
a secar
Limpeza do chão com aspirador.
Lavagem e secagem dos pincéis e dos tabuleiros usados.
Os restos das amostras devem ser colocados no contentor de inertes
14
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Separação de minerais
Faz-se separação de minerais por várias razões: datação radiométrica; análises de isótopos
estáveis; medição de propriedades específicas do mineral, tais como densidade, elasticidade,
expansão térmica, compressibilidade, capacidade calorífica, etc.
A análise química de minerais, presentemente é feita com microssonda electrónica (EMPA) ou
microscópio electrónico de varredura (SME) em que se analisa o mineral, sem necessidade de
o separar da rocha. Para a datação os minerais que se separam são:
15
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Moer a rocha a uma granulometria de grão de uma areia e selecionar a fração a crivar
dependendo do tamanho do grão: o crivo deve ser ½ do tamanho de interesse.
A fração < 75 m é geralmente inútil a não ser que se queiram separar minerais de argila.
Normalmente deve ser retirada por decantações sucessivas a fim de se obter uma areia bem
calibrada. Depois da decantação a amostra deve ser seca em banho – maria ou em estufa.
Normalmente as frações entre 0,5 e 0,25 mm são as mais usadas, especialmente se se usar o
separador Frantz. Observar à lupa todas as frações e ver qual aquela onde o mineral de interesse
se concentra mais. Pode haver necessidade de fazer mais moagem.
Quando se tiver a fração que mais nos convém, lavá-la com álcool, ou água desprezando o
líquido sobrenadante. Secar e a amostra está pronta para a separação.
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Copo alimentador
Copo B Copo A
Qualquer mineral paramagnético que seja colocado na proximidade do campo magnético vai
deslocar-se nele e o deslocamento será tanto maior quanto maior a sua suscetibilidade
magnética. A intensidade do campo magnético é tanto maior quanto maior a intensidade da
corrente elétrica que percorre as espiras.
17
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
A figura de cima mostra foto de um separador magnético. Este possui uma calha, que está
colocada perpendicular à direção do campo magnético. Notar que o separador e a calha estão
inclinados (slope ou declive da calha), de tal modo que os grãos que são colocados dentro do
copo alimentador possam escorregar pela calha, por ação da gravidade e ajudados por um
vibrador colocado na extremidade da calha.
A calha está dividida longitudinalmente em duas partes. Os minerais com maior suscetibilidade
deslocam-se para a metade exterior da calha e são recolhidos no copo A, enquanto os minerais
com menor suscetibilidade não se deslocam e são recolhidos no copo B.
A calha, além de poder ter maior ou menor declive (slope), de modo a aumentar ou diminuir a
velocidade de queda dos grãos, pode também ser inclinada lateralmente (tilt) de modo a
melhorar a separação dos grãos. Quando se aumenta o tilt os grãos minerais com a maior
suscetibilidade e que serão deslocados para a parte externa da calha têm de vencer uma força
maior (por causa da gravidade) do que aqueles que se deslocam na parte interna da calha e desse
modo melhora-se a separação.
18
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
19
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Cada mineral é separado com uma amperagem característica, dada numa tabela que acompanha
o separador. Ligar a corrente elétrica com uma intensidade que permita a geração de um campo
magnético com intensidade suficiente para separar o mineral de interesse. A intensidade da
corrente elétrica é medida com o amperímetro, que está no separador.
• Depois de saber qual a amperagem que permite a separação do mineral de interesse ligar
a corrente elétrica com essa amperagem. VER NOTA
• Ligar o vibrador
• Depois de ter uma fração já separada retirar uma pequena porção do copo A, colocá-la
num papel branco e observar na lupa binocular, para ver se separação é satisfatória. Se não o
for ajustar o tilt. Pode também ser necessário ajustar o slope.
• Quando estiver bem deixe passar toda a amostra.
• No final reduzir a amperagem para 0,1 A (nunca desligue diretamente para zero
amperes), desligar o vibrador e desligar a corrente.
• Colocar cada fração num saco ou cartucho, identificando cada uma delas.
• Colocar um papel por baixo da calha e com a ajuda de um pincel recolher os grãos de
minerais que ficam agarrados no separador- pode guardá-los para o futuro.
• Desligar o separador.
• Aspirar todo o separador, os copos, a calha, o copo alimentador e a base e depois usar
ar comprimido para limpeza final. Se precisar pode usar álcool, mas NUNCA ÁGUA.
• Aspirar a bancada.
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Na tabela seguinte são dadas algumas características físicas que permitem a identificação de
minerais densos com a lupa binocular.
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
Quando as amostras de grandes dimensões, o que acontece quando o mineral que se pretende
separar ocorre em quantidades muito pequenas, o separador é usado em queda-livre sem calha,
sem o vibrador e usando a amperagem máxima. Este tipo de procedimento separa os minerais
paramagnéticos dos diamagnéticos. Se bem que a separação seja pouco eficiente a rapidez do
processo compensa.
Baseia-se no facto dos minerais possuírem diferentes densidades. Usando líquidos com
densidades conhecidas podemos fazer a separação, pois um mineral com uma densidade A pode
depositar-se ou flutuar num líquido com densidade B.
22
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
As densidades típicas dos minerais variam entre 2,2 a 8 g/cm3, mas geralmente para a maioria
dos silicatos estão entre 2,5 e 3, 5 g/cm3. Os líquidos orgânicos usados são:
Estes líquidos são corrosivos, tóxicos, sendo absorvidos pela pele, libertam vapores tóxicos e o
bromofórmio e o tetrabromoetano são carcinogénicos. Como tal é indispensável usar hottes,
luvas e óculos durante o seu manuseamento. NUNA PODEM SER DEITADOS FORA, pois
além de serem muito caros são um perigo para o ambiente.
Líquidos densos não tóxicos podem ser preparados pela dissolução de poli-tungstatos em água.
Podem prepara-se com várias densidades, bastando variar a quantidade de água, mas nas suas
densidades máximas (+ 2,8 g/cm3) são muito viscosos, o que impossibilita a separação.
O SPT (sódio-metatungstato) e LMT (lítio metatungstato), são 25 vezes mais viscosos do que
a água. O LST (lítio heteropolitungstato) é o menos viscoso; a 25 ºC para uma densidade de 2,9
g/cm3, a sua viscosidade é de 11 cP.
A grande desvantagem é o seu preço e o tempo de operação que pode ser muito longo devido à
alta viscosidade. Usando centrífugas pode acelerar-se o processo de separação.
23
DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
(*) A densidade dos líquidos orgânicos pode ser diminuída pela adição de acetona e a
densidade dos politungstatos pela adição de água
A superfície de separação tem uma série de ranhuras, cortadas a um ângulo com o tilt da mesa
(ver figura)
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DCT-FCTUC MM Vinha G Silva Geoquímica Prática
A mistura de minerais é colocada na parte mais elevada da mesa e a água escorre sobre a
mistura, movimentando os grãos, enquanto a mesa vibra. Os grãos mais pesados são recolhidos
nas ranhuras e os mais leves são lavados ao longo do declive. Este tipo de separação é usado
extensivamente para fins comerciais e na extração mineira.
25
Respostas de Exame
GEOQUÍMICA
Três Processos:
• Decaimento radioativo de 26Al, U, Th e 40K provoca a diminuição da
geração de calor com o tempo, pois há cada vez menos elementos
radioativos disponíveis;
• Compressão gravitacional da Terra, sendo a energia potencial da gravidade
convertida em calor durante a compactação;
• Impactos de meteoritos que aquecem a superfície do planeta.
Consequências:
• Foi atingida a temperatura de fusão do ferro, sendo que a mistura aleatória
de partículas, poeiras e gases se começou a diferenciar de acordo com as
suas densidades (diferenciação geoquímica primária);
• Do evento do ferro acima referido resultou o núcleo de ferro e a
estratificação composicional e térmica da Terra (motor da tectónica de
placas e campo magnético da Terra).
1
4. Explique o conceito de Bulk Silicate Earth (BSE).
Representa a parte sólida rochosa da Terra menos a massa do núcleo (manto + crusta),
representando também a composição do manto antes da diferenciação para originar a
crusta (manto primitivo), sendo que ao início teria composição homogénea, mas tem
vindo a diferenciar-se em vários subreservatórios.
Existem 2 tipos de basaltos sendo que os OIB (Ocean Island Basalts) têm como
origem a fusão parcial do manto mais profundo e os MORB (Mid Ocean Range
Basalts) que são originados pela fusão parcial do manto superior.
Os elementos terras raras (REE) são litófilos uma vez que estes são elementos
incompatíveis, ou seja, elementos que tem têm dificuldade a entrar na malha de
cristalização dos minerais, ficando estes no magma. As REE possuem alta carga
dificultando a sua substituição na malha dos minerais. Desse modo, a crusta é rica em
elementos incompatíveis pois esta tem preferência por terras diferenciadas.
2
estequiométricos de fases. Todos os outros são elementos traço, com exceção de
alguns a ocorrerem em pegmatitos e depósitos minerais, por exemplo o Li em
pegmatitos litiníferos.
Para que os materiais analisados possuam uma melhor precisão dos resultados uma
vez que utilizando materiais de referência certificados melhoram a qualidade dos
procedimentos laboratório não contaminando amostras e conferindo ensaios
padronizados.
Não consegue fundir a crusta granítica encaixante uma vez que não fornece o calor
latente necessário à reorganização estrutural/destruição do granito para que este possa
fundir.
Para existir fusão seria necessário: 700 °C + calor latente.
Dá-se o processo ACF em que consiste num calor extra superior à temperatura de
fusão para destruir a rocha, reorganizando-a.
O2 + 2H2 – 2H2O
ΔHH2O – (ΔHO2 - ΔHH22) ››› ΔHO2 = 0 e ΔHH22 = 0
-241,81 0 = -241,81 kJ/mol
A reação é deste modo endotérmica.
3
12. A aragonite forma-se em rochas da fácies dos xistos azuis (baixa T e alta
P) enquanto a calcite forma-se em rochas da fácies zeolítica ou dos xistos
verdes (T baixa a moderada e P baixa a moderada). Mostre porquê.
Xistos azuis são compostos por aragonite , logo o aumento de pressão favorece os
xistos azuis.
Nota: Xistos azuis = fácies de pressões elevadas, que favorecem a formação de
aragonite.
Xistos verdes = fácies de baixas pressões.
13. O isótopo 𝟒𝟎
𝟏𝟗𝑲 decai para Ca e para Ar, sendo estes dois tipos de
decaimento usados em geologia. Explique-os.
𝟒𝟎
𝟏𝟗𝑲 -> 𝟒𝟎 +
𝟏𝟖𝑨𝒓 : neutrão transforma-se em protão ( ) por captura elétrica.
𝟒𝟎
𝟏𝟗𝑲 -> 𝟒𝟎 -
𝟐𝟎𝑪𝒂 : átomo perde protão logo temos ( ).
Decaimento beta negativo - ß - : há emissão de uma partícula - do núcleo. Isto faz com
que o número de neutrões decresça uma unidade e produz-se um protão.
Decaimento beta positivo - ß + : há emissão de um positrão, formando-se um neutrão.
Captura eletrónica: Um novo elemento é produzido quando um protão é convertido
num neutrão, por ter capturado em eletrão localizado perto do núcleo. (É semelhante
ao ß+).
4
14. O que se entende por discórdia no sistema U-Pb?
Se a perda de Pb ocorreu num único episódio, obtém-se uma linha reta - discórdia-
que cruza a concórdia em dois pontos.
A discórdia indica perda de chumbo e tanto a interceção superior com a concórdia
como a inferior têm significado petrológico. O prolongamento da discórdia até
intercetar a concórdia dá a idade da formação inicial da série de amostras. O
prolongamento para baixo dá a interceção inferior e representa a idade de perda de
chumbo, se esta tiver sido única. Se tiver havido perda contínua de P, não há
interceção inferior. A idade pode ser calculada ancorando a discórdia em zero.
5
17.Explique a importância dos elementos traço em geoquímica.
Os elementos traço fornecem muita mais informação do que os elementos maiores e o seu
contributo tem sido enorme para se conhecer a evolução da crusta, do manto e do núcleo da
Terra.
• As variações nas suas concentrações são muito grandes, quando comparadas com as
variações dos elementos maiores.
• Em qualquer sistema há mais elementos traço do que elementos maiores
• Cada elemento tem propriedades químicas únicas.
• Contêm informação química não disponível nos elementos maiores.
• Os tipos de comportamento são vários e são sensíveis a processos aos quais os elementos
maiores são insensíveis.
• O seu comportamento é sempre mais simples do que o dos elementos maiores, pois
comportam-se como componentes de soluções ideais.
6
21. Dos seguintes elementos químicos quais os que estão enriquecidos na
crusta continental em relação à crusta oceânica: Ca, Fe, K, Na, Mg, Sr,
Ba, Li, La, Cr, Ni, Cu, Pb.
A crusta oceânica é enriquecida em Mg, Ca e Fe e empobrecida em Si em relação à crusta
continental. Essa diferença é expressa na mineralogia e litologia da crusta oceânica. Além
disso a estrutura das duas crusta é também muito distinta.
23. Explique por que razão os elementos Zr, Hf, Nb, Ta (elementos de alta
força de campo) são elementos litófilos.
Zircónio e háfnio têm carga 4+, tântalo e nióbio têm 5+. Tântalo e Nb fazem ligações
com alto grau de covalência.
Háfnio e Zr são moderadamente incompatíveis, Nb e Ta são muito incompatíveis.
Os elementos litófilos têm eletronegatividades muito baixas ou muito altas e tendem a
formar ligações iónicas.
26. Explique por que razão os valores de 18O são fortemente positivos nas
rochas sedimentares. (pag 195).
Um valor positivo de 18O significa enriquecimento da amostra em relação ao VSMOW.
A água dos rios tem valor de 18O = –60 %o, sendo empobrecida na razão 18O/16O em
relação ao VSMOW, o que quer dizer que é empobrecida no isótopo mais pesado e
enriquecida no mais leve.
7
27. Qual a relação que se espera entre a dureza de um mineral e o sua
entropia ?
A entropia (S) e é uma propriedade extensiva. É uma medida da uniformidade na
concentração da energia num sistema. A entropia está relacionada com o grau de
desordem interna. Quanto maior a entropia maior a desordem. Os sólidos possuem menos
entropia do que os líquidos e estes possuem menos entropia do que os gases.
28. No final da sua vida o Sol pode sintetizar no seu núcleo Fe. Porquê?
A fusão nuclear liberta energia, como resultado da força de atração nuclear que liga os
nucleões. Contudo os protões também se repelem devido à força elétrica. Devido a esta
repulsão elétrica a adição de mais protões a núcleos que tenham mais de 26 protões (ferro)
não liberta energia, mas consome energia.
Assim, núcleos de ferro não são combustível para as reações termonucleares, pelo que a
sequência de queimas acaba na queima do Si. Um produto desta queima é 56Fe origina-
se uma estrela com um núcleo de ferro onde não se processam reações termonucleares.
O núcleo estabiliza e a estrela transforma-se numa anã branca.
29. Por que razão os basaltos que estruem presentemente nas dorsais médio
oceânicas são empobrecidos em terras raras leves?
30.Porque razão o lítio (raio iónico de 76 pm) e o césio (raio iónico de 167
pm) possuindo raios iônicos tão distintos se concentram nas micas de
pegmatitos graníticos?
O raio iónico dos catiões Cs é superior ao do site octaédrico, pelo que eles são
excluídos da malha destes minerais na cristalização e fracionam para a fase líquida ou
fundido (magma). São elementos designados de elementos incompatíveis - fracionam
para o fundido quando o manto sofre fusão.
O Li tem raio iónico semelhante ao do Mg e Fe2+, mas a sua pequena carga requer
uma substituição dupla, o que também é energeticamente desfavorável, logo também
é elemento incompatível de modo moderado.
8
31.Dos seguintes elementos indique aqueles que se concentram
preferencialmente na crusta continental superior em relação à crusta
inferior.( pag 27)
Rb, Li, Zr, Cs, Ce, U, Th.