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Formação

Psicomotricidade e a Educação Infantil


Módulo 3 – Importância da Psicomotricidade na
Educação Infantil

Manual do formando

Formadora:
Sofia Gonçalves

Psicomotricidade e a Educação Infantil


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Relembrando…

O desenvolvimento infantil tem um impacto crucial no desenvolvimento humano,


sobretudo nos primeiros anos de vida, em que é modelado o cérebro através da interação
genes-meio ambiente. Assim, é importante compreendermos as particularidades do
desenvolvimento e o que pode ser benéfico ou prejudicial nesta fase (Souza & Veríssimo,
2015).

Psicomotricidade

A psicomotricidade tem como finalidade potencializar as oportunidades motoras


e criativas do ser humano no seu todo, trabalhando através do corpo, tornando como
centro a sua atividade e a busca do movimento e da ação (dos Santos & Costa, 2015).
Psicomotricidade é então a ligação entre pensamento, ação, cognição,
socialização e autonomia. Tendo como objetivo, proporcionar um desenvolvimento
harmonioso, considerando as capacidades e características da criança. Esta pode ter uma
ação educativa, preventiva e/ou terapêutica (dos Santos & Costa, 2015).

Educação Infantil

Educação infantil equivale à primeira fase escolar, sendo, portanto, tida como
fundamental, uma vez que ela ensina as noções iniciais escolares. Tendo assim um papel
muito importante no desenvolvimento (dos Santos & Costa, 2015).

Psicomotricidade e a Educação Infantil


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Psicomotricidade e o desenvolvimento infantil

O desenvolvimento infantil é uma fração do desenvolvimento humano que terá


grande impacto, e é um processo exclusivo de cada ser humano que tem como objetivo
a introdução da criança no meio social envolvente a ela. Neste processo, ocorrem
inúmeras mudanças ao nível motor, cognitivo, psicossocial e da linguagem, obtendo cada
vez mais, aquisições de complexidade maior. Os primeiros anos de vida são
fundamentais para o desenvolvimento infantil e consequentemente para o
desenvolvimento humano. Se tivermos em consideração todos os aspetos importantes
para o desenvolvimento infantil, vamos potenciar as capacidades de cada criança, dando-
lhe o que necessita para se desenvolver de forma harmoniosa e adequada. Para que a
criança alcance o seu potencial máximo, os intervenientes no seu desenvolvimento têm
de estar atentos e dar todos os recursos para que a criança se desenvolva e tenha
experiências diversas. O desenvolvimento não é um processo instantâneo, este vai
decorrendo ao longo das interações, das experiências e das vivências da criança (Souza
& Veríssimo, 2015).
As interações familiares e sociais são fundamentais para o desenvolvimento, pois
quando existe afeto a formação de uma relação continua a existir mesmo quando há
separação física das pessoas em causa. Todas as interações sociais por parte da criança
são de extrema importância para o desenvolvimento, sejam estas em contexto familiar,
escolar, social, etc. (Souza & Veríssimo, 2015).
Os fatores intrínsecos da criança também são fatores que influenciam o
desenvolvimento infantil, como é o caso da prematuridade, do baixo peso à nascença, da
alimentação, do crescimento, das doenças durante a infância, entre muitos outros fatores.
São muito importantes o vínculo e a interação parental, as características do meio
envolvente, as condições socioeconómicas e culturais, assim como o tempo (Souza &
Veríssimo, 2015).
O desenvolvimento psicomotor ocorre consoante a maturação do sistema nervoso
central (SNC), deste modo, as atividades que envolvem brincadeira, não devem ser
julgadas como genéricas e subjetivas. É através do brincar que a criança prepara o seu
corpo para reagir aos estímulos dados na atividade de lúdica. Manusear a circunstância

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será uma forma eficaz da criança organizar as ideias e desenvolver a ação motora
apropriada ao pedido (dos Santos & Costa, 2015).
O ser humano é uma união de emoções e contacto corporal e a psicomotricidade
enriquece o desenvolvimento afetivo e emocional, o contacto corporal e as ações motoras
(dos Santos & Costa, 2015).
A psicomotricidade atua de maneira operante e com perspetiva técnica e
científica, tendo como enfoque o corpo, partindo da interpretação de que o ser humano
não é apenas algo biológico, mas sim um ser com diversas caraterísticas devendo ser
observado de forma globalizante, sendo considerados os sistemas sociais, históricos e
culturais. Alguns dos objetivos da psicomotricidade são: estimular o movimento
corporal, que tem uma função importante no desenvolvimento cognitivo; entender o
corpo, tornando-o num utensílio de ação. Este é um utensílio frisado por uma mente
pensante; e estudar o movimento – que vai muito além da ação mecânica e da própria
pessoa, sendo este o sustento para a postura; a intelectualidade – que corresponde ao
pensamento, ao raciocínio, à cognição em si; e o afeto / emoção – este envolve os
interesses, vontades, desejos, motivação, as relações inter e intrapessoais. Através da
atividade corporal, a criança consegue pensar, aprender e criar. Desta forma, a ação
corporal e a cognição têm uma relação estreita entre si, persuadindo-se uma à outra. Além
destes aspetos, a psicomotricidade favorece de forma expressiva a edificação do esquema
corporal, que auxiliará a estruturação espacial. Assim, a psicomotricidade deve ser
compreendida e percebida na sua plenitude, dado que o corpo está presente em todas as
ações do ser humano, e é por meio do movimento que interagimos com o outro e com o
mundo (dos Santos & Costa, 2015).
O desenvolvimento psicomotor ocorre de forma natural, uma vez que a
psicomotricidade ajuda e prepara o ser humano para uma melhor aprendizagem. Desta
forma, tendo por base as informações apresentadas anteriormente, a aprendizagem está
associada de modo direto ao desenvolvimento psicomotor. Este aspeto vem-nos
confirmar os benefícios de aliar a psicomotricidade à educação infantil, potenciar e
desenvolver a criança como um todo. Uma vez que a educação psicomotora é
fundamentada no movimento genuíno, ciente e automático com o objetivo de regularizar,
complementar e potencializar o desenvolvimento global da criança (dos Santos & Costa,
2015).

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A psicomotricidade pode ocorrer em contexto escolar em vários âmbitos (por
exemplo: sala de aula, sala terapêutica, …) criando um meio para a expressão corporal
(dos Santos & Costa, 2015).

Importância da psicomotricidade na educação infantil

Segundo pesquisadores como Rubio, nas fases do desenvolvimento


correspondentes à educação infantil é essencial as atividades psicomotoras, deste modo,
é possível percebermos que a escola tem um papel importante para desenvolver, através
de profissionais devidamente certificados, a estimulação psicomotora (Arantes e al.,
2014). Embora estes dados sejam conhecidos, ainda são muitas as escolas em Portugal
sem psicomotricistas nas suas equipas e também sem conhecer a área. São os
psicomotricistas, que são licenciados em Reabilitação Psicomotora ou na antiga
licenciatura Educação Especial e Reabilitação, que estão capacitados para estimular o
desenvolvimento psicomotor através de jogos e brincadeiras, tendo um foco global e
particularizo para cada pessoa.
O brincar, quando possui uma intencionalidade e orientação, vai permitir a
tomada de consciência do corpo, bem como da capacidade motora, auxiliando desta
forma o desenvolvimento nos seus diversos níveis (cognitivo, emocional, afetivo, social
e motor). Deste modo, o brincar é fundamental para a aprendizagem e desenvolvimento
das crianças (Arantes e al., 2014).
Existem fatores externos à escola que manipulam os comportamentos distintos
em crianças com uma idade cronológica igual. Estes fatores podem ser: o meio, o
contexto familiar e as oportunidades. Por este motivo, é necessário compreender e
conhecer as competências de cada aluno, possibilitando-lhe felicidade e progressão das
suas capacidades. É muito importante darmos atenção a cada criança, pois elas são seres
únicos, todas com características únicas (dos Santos & Costa, 2015).
O comportamento das crianças é essencialmente definido através das vivências
que têm e das caraterísticas destas. Por exemplo: uma criança com três anos deseja
sempre coisas que possam ser satisfeitas instantaneamente, ela não planifica algo para o
futuro, mesmo que este seja proximamente. Isto deve-se ao facto de que o período entre

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a vontade e o agrado seja muitíssimo pequeno. Por outro lado, se observarmos uma
criança com seis anos de idade, já notamos diferenças. Esta já tem vontade de algo que
não é exequível de ser executado de imediato. Vigotski constata que a necessidade do
brinquedo surge destes aspetos, que não têm uma realização imediata, ou seja, são
edificados quando a criança inicia o desejo por acontecimentos não exequíveis, usando
assim a brincadeira como um momento de escape para regular as emoções e frustração
sentidas (Rolim et al., 2008).
Através do estudo das estruturas cognitivas, Piaget evidenciou que é de extrema
importância a fase sensório motora e da motricidade, antecedente à aquisição da
linguagem, para o desenvolvimento da intelectualidade. O reconhecimento do corpo, dos
sentimentos, das capacidades e dos movimentos é fundamental para a criança na fase da
educação infantil. É nesta fase que a criança produz uma imagem corporal de si mesma,
por este motivo, é essencial que ela descubra e reconheça o seu corpo e o corpo do outro.
A psicomotricidade é primordial para que haja esta edificação, porque é a brincar e a
descobrir o meio que ela se estrutura ao nível motor, sensorial e emocional, aumentando
a sua compreensão do mundo. Nesta fase, a linguagem corporal é a mais usada pela
criança para estabelecer a comunicação (dos Santos & Costa, 2015).
É na educação infantil que a linguagem corporal começa a ser convertida em
linguagem verbal e não verbal, contudo, para que haja tal mudança, é necessária a
exploração da linguagem corporal assim como a sua utilização pertinente. Por este
motivo, a psicomotricidade tem um impacto precioso nesta fase, através desta são
trabalhados os movimentos (desde os mais simples aos mais complexos) e o ritmo que
são fundamentais para a estruturação das aprendizagens realizadas, tornando-se assim
mais aprimorada. Nesta fase do desenvolvimento, a atenção é focada sobretudo no
desenvolvimento da equilibração e dos movimentos coordenados e ritmados (dos Santos
& Costa, 2015).
Outro aspeto trabalhado na psicomotricidade é dar relevo à ligação entre a
motricidade, a cognição e a componente afetiva e emocional que está muito presente na
educação infantil e simplifica o desenvolvimento global, uma vez que o ato motor, a
intelectualidade e as componentes afetivas e emocionais, estão profundamente
associadas na criança (dos Santos & Costa, 2015).

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Desde o seu nascimento, a criança desenvolve-se e a motricidade e a emoção não
estão separadas no desenvolvimento, complementando-se com aspetos psicomotores,
sendo alguns deles o esquema corporal, a lateralidade e a estruturação espacial (dos
Santos & Costa, 2015).
Um desenvolvimento psicomotor adequado é extremamente importante para
prevenir dificuldades de aprendizagem e défices psicomotores. Educar uma criança deve
passar pelo movimento corporal, tendo em atenção a sua idade, a cultura e os interesses
da mesma. Para trabalhar psicomotricidade é preciso usar as competências motoras,
afetivas, sociais e cognitivas, permitindo assim a descoberta do meio, tendo vivências
reais, que são imprescindíveis ao desenvolvimento cognitivo, e possibilitando também a
consciência do meio, dos outros e a autoconsciência (dos Santos & Costa, 2015).
Os primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento psicomotor.
Desta forma, é necessária atenção sobre as crianças para que sejam despistadas
perturbações do desenvolvimento ou mesmo dificuldades que podem ser atenuadas
quando existe uma intervenção precoce, permitindo assim que a criança tenha um
desenvolvimento mais adequado, sem ser afetada pelas suas dificuldades sem sustentação
dum profissional (dos Santos & Costa, 2015).
O movimento é a primeira demonstração de vida, pois ainda no útero, o bebé já
efetua movimentos com o corpo, influenciando o comportamento. Posto isto, a
psicomotricidade é um meio fundamental que ajuda a intervir para que ocorra um
desenvolvimento apropriado, tendo também resultados favoráveis em casos de
dificuldades de aprendizagem (dos Santos & Costa, 2015).
Psicomotricidade está ligada quer ao afeto, quer à personalidade, uma vez que a
criança usa o corpo para manifestar os seus sentimentos e emoções. Daí ser tão
importante ao nível da educação infantil, dado que nesta fase a criança está em constante
exploração do meio para adquirir vivências formulando assim pensamentos, ideias e
conceitos de forma a organizar o seu esquema corporal (dos Santos & Costa, 2015).
A abordagem que a psicomotricidade propicia, é conceder a perceção da maneira
como a criança gera a autoconsciência corporal e das oportunidades de expressão através
do corpo, conseguindo orientar-se ao nível espacial e temporal. A psicomotricidade é
uma ciência ampla e pode colaborar integralmente com as finalidades educativas (dos
Santos & Costa, 2015).

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A psicomotricidade quando trabalhada ao nível educativo, antevê a edificação de
um sustento fundamental para o desenvolvimento motor, cognitivo, emocional, social e
afetivo, permitindo que através do lúdico a criança crie a autoconsciência corporal.
Educar através de atividade de caráter lúdico, ajuda a ter um desenvolvimento saudável,
enriquecendo as suas capacidades infindavelmente. Nas atividades lúdicas o mais
importante é a ação em si, a vivência, a interação intra e interpessoal e os momentos de
imaginação (dos Santos & Costa, 2015).
A psicomotricidade necessita de ser vista como um auxílio ao desenvolvimento
da criança, uma vez que o corpo e a mente estão interrelacionados (dos Santos & Costa,
2015).

Importância do brincar na educação infantil

Ser criança é aprender através da brincadeira. Cada criança compreende,


interpreta, respeita e vive profundamente, brinca e sem ter noção constrói e consolida
aprendizagens fundamentais (dos Santos & Costa, 2015).
É através do brincar que as crianças obtêm uma educação integral, uma vez que,
o brincar, auxilia para o crescimento e o desenvolvimento motor. É ao brincar que a
criança experimenta as suas fantasias, vontades, sensações e emoções, assim como
reconhece os limites corporais e interage com os outros (Arantes e al., 2014).
As brincadeiras das crianças podem ser funcionais, desde os movimentos mais
simples aos movimentos mais complexos, e assim contribuírem positivamente para o seu
desenvolvimento. Segundo Wallon (2007), as brincadeiras podem ser compreendidas
como funcionais (simples e complexas), de aquisição ou de fabricação. As brincadeiras
funcionais simples podem ser: estender e encolher os braços, agitar os vários membros
do corpo, emitir sons, entre muitas outras. Já as brincadeiras funcionais complexas
correspondem a jogar ao faz-de-conta, jogar futebol, dançar, entre outras atividades. As
brincadeiras de aquisição são entendidas e percecionadas pela criança com esforço e
atenção para que percebam e compreendam o objetivo da brincadeira. Por fim, nas
brincadeiras de fabricação, as crianças juntam e combinam brincadeiras entre si (Ribeiro
et al., 2018).

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Para Wallon, brincar é uma atividade inerente à criança, é nesta fase que tem a
liberdade de se exercitar espontaneamente sem objetivos pré-definidos. Tal consideração,
leva-nos a refletir que o lúdico na criança tem particularidades diferentes da lógica do
adulto e das atividades que têm objetivos pré-definidos. Pela lógica dos adultos, educação
infantil é um serviço escolar com uma finalidade e objetivos pré-definidos. Enquanto que
o brincar é visto como algo prazeroso e de caráter recreativo. Neste seguimento, é
importante que as pessoas percebam que existe uma relação de interdependência entre a
brincadeira e o desenvolvimento infantil, para que assim seja mais percetível que as
brincadeiras das crianças não seguem as predisposições dos adultos. Através do brincar
das crianças, conseguimos entender a complexificação das suas capacidades e evoluções
(Ribeiro et al., 2018).
As brincadeiras podem desenvolver várias competências da criança, desde a
destreza, precisão, rapidez, memória, interação social, entre muitos outros aspetos
(Ribeiro et al., 2018).
Piaget entende que a criança pode realizar um gesto, movimento ou atividade
através da imitação (ou seja, tem prazer por repetir aquilo que observa) ou por
assimilação daquilo que observa no seu quotidiano. Desta forma, o jogo, segundo Piaget,
é uma atividade que associa prazer, autotelia, liberdade, motivação e adaptação. Para ele,
também as brincadeiras decorrem consoante a fase de evolução e os estágios de
desenvolvimento atuais da criança, ou seja, podemos ter brincadeiras simples, simbólicas
e com regras. As brincadeiras simples, envolvem aspetos desde os sensoriomotores aos
aspetos cognitivos. Estas correspondem à reprodução de uma atividade que lhe dá prazer
por conseguir realizá-la, conforme a criança vai evoluindo estas brincadeiras passam a
ter combinações realizadas pelas crianças. Nesta fase, as crianças exploram os seus
limites e capacidades sem propósito. Posteriormente, são visíveis brincadeiras em que já
há um objetivo, como por exemplo, empilhamento de objetos ou ordenação. Nas
brincadeiras simbólicas, estão implícitas as capacidades de interpretação e a atuação, a
criança tem a possibilidade de extrair as suas características internas de forma livre. As
brincadeiras simbólicas ocorrem por volta dos dezoito meses, tendo um intervalo de
iniciação até aos vinte e quatro meses. Neste tipo de brincadeiras, a criança cria através
da sua imaginação objetos, modifica os objetos do real para algo que idealiza, atribui
qualidades e pormenores ao meio envolvente, entre muitos outros aspetos. O jogo

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simbólico sinaliza o ápice das brincadeiras infantis e dá ênfase ao papel que as
brincadeiras têm na vida das crianças. As brincadeiras com regras ocorrem
essencialmente dos quatro aos onze anos, tendo especial destaque dos sete aos onze anos
de idade. Piaget entende as brincadeiras com regras como uma atividade lúdica que
envolve interação social (Ribeiro et al., 2018).
Já Vigotski, lança algumas reflexões para que os adultos pensem acerca da
brincadeira.
1º - o prazer não pode ser um atributo que define jogo/brincadeira, uma vez que
existem outras atividades que também propicia felicidade e prazer na sua realização;
2º - o brincar complementa as carências da criança, é por este motivo que surgem,
sobretudo em idade pré-escolar, as vontades que não são satisfeitas instantaneamente,
sendo nesta fase que a criança usa o jogo simbólico para satisfazer as suas vontades
através da ficção;
3º - brincar não é somente um ato metafórico, este pode ser visto como um
conjunto de ícones que universalizam o contexto real (Ribeiro et al., 2018).
Contrariamente aos autores Wallon e Piaget, Vigotski afirma que o faz-de-conta
não é apenas uma proporção do brincar, é, principalmente, uma qualidade que define
brincar. Imaginação é um recurso de caráter psicológico, que simboliza uma ação
humana racional e perspicaz. Esta competência não existe nos primeiros anos de vida,
pois como todas as outras competências mais complexas, surge com a maturação e
desenvolvimento. Por tal motivo, podemos deduzir que uma criança até aos três anos de
idade não possui competências para brincar ao faz-de-conta com intencionalidade, uma
vez que, a sua perceção está dependente do ato motor. Brincar ao faz-de-conta revela
mais que a própria imaginação da criança, demonstra independência e autonomia por
parte desta (Ribeiro et al., 2018).
As brincadeiras das crianças não acontecem apenas pela conceção instantânea,
ocorre também pela relevância da circunstância. Com o desenvolvimento vai ocorrendo
a fragmentação entre o pensamento e a ação e entre o instrumento e a significação
(Ribeiro et al., 2018).
A criança é pessoa em desenvolvimento que através do brincar se constitui com
sustentação nas suas competências em cada fase do desenvolvimento. Com o decorrer do
desenvolvimento, ela vai edificando capacidades através das experiências que lhe

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possibilitam entender e assimilar de forma mais coerente o mundo. Por este motivo,
brincar é fundamental para que a criança se desenvolva e aprenda de forma mais natural
e autónoma (Ribeiro et al., 2018).
São vários os autores que defendem que o brincar, é uma situação de realce na
infância, pois este cria uma íntima ligação entre evolução e aprendizagem, tendo grande
impacto em contexto escolar. Segundo Wallon, brincar é algo benéfico em todos os
momentos e fases do desenvolvimento infantil, acarretando benefícios ao nível cognitivo,
motor, afetivo e social. Através do jogo faz-de-conta, a criança consegue obter recursos
necessários para a transitar para situações da realidade, tendo assim mais confiança e
certeza das suas capacidades. Para Piaget, brincar é um momento indispensável para o
desenvolvimento infantil, este no começo é individualista e instintivo, transformando-se
com o decorrer do tempo numa atividade mais social. É através da brincadeira que a
criança assimila o que compreende no contexto real. Consoante a perceção de Piaget e
Inhelder, o jogo simbólico, além de todas as outras formas de brincar, tem um papel
fundamental na vida da criança, permitindo que esta cria uma realidade, ainda que
imaginária, de acordo com as suas vontades e idealizações. No jogo faz-de-conta, a
criança completa as suas necessidades, pois através da imaginação, ela exerce as suas
vontades, que é fundamental para a sua estabilidade emocional e intelectual. De acordo
com Vigotski, a criança brinca dada a sua necessidade de atuar relativamente ao meio
que a rodeia, dado que é por meio da brincadeira que ela estende ao mundo adulto
(Ribeiro et al., 2018).
As crianças através do brincar, percebem como agir num ambiente cognitivo
dependente de impulso intrínseco. Na idade correspondente ao pré-escolar, sucede uma
distinção entre a área da visão e da interpretação, é neste momento que a conceção com
base nos objetos que a rodeia passa a ser baseada pelas idealizações (Ribeiro et al., 2018).
Vigotski, vem-nos mostrar que todos os jogos faz-de-conta têm regras, uma vez
que as crianças ao criarem uma situação imaginária tentam aproximar-se o máximo
possível do real, ou seja, seguem as regras que observam e consequentemente assimilam-
nas. De acordo com este autor, a criança desenvolve-se sobretudo por meio da brincadeira
e as suas maiores aprendizagens são obtidas através dos brinquedos inseridos nas suas
brincadeiras. Vigotski define o brincar como uma excelente maneira de estruturação do
comportamento emocional, pois a brincadeira estimula emoções fortes e nítidas, sendo

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assim um dos primeiros formatos de comportamento racional dos aspetos emocionais
(Ribeiro et al., 2018).
Existem vários estudos que evidenciam que experiências lúdicas e recreativas
estão pouco presentes na creche, e que quando estão presentes, na sua maioria, são
incompatíveis com as atividades educacionais, restringindo-se assim ao horário do
intervalo. Desta forma, é percetível que existe uma desarmonia entre as preferências /
motivações da criança e os planos educacionais em que estão inseridas (Ribeiro et al.,
2018).
Tendo em consideração a espontaneidade da brincadeira infantil e o fato de que o
brincar tem uma função essencial na mediação de hostilidades intrapsíquicas resultantes
das imposições do meio externo, não podemos considerar o brincar como algo
suplementar ao desenvolvimento de uma criança (Ribeiro et al., 2018).
Quando nos referimos a brincar, também está englobada a brincadeira de forma
livre e espontânea, sem regras e mediação do adulto. Desta forma, devem ser postas em
prática três premissas:
1- Reservar mais tempo para brincar no dia a dia;
2- Estruturar um espaço com um ambiente social e afetivo adequado ao
movimento, participação, expressão e à interação.
3- Providenciar materiais agradáveis e adequados às carências infantis.
(Ribeiro et al., 2018).

Vigotski afirma que não é coerente que, o brincar, seja considerada uma atividade
que operacionaliza a prática de atividades idealizadas com uma finalidade objetiva.
Brincar livre não consiste em atividades pedagógicas lúdicas com objetivos inerentes
(Ribeiro et al., 2018).
A brincadeira livre deve ser sempre uma ação iniciada espontaneamente por parte
da criança, ou seja, sem um objetivo forçado pelo responsável. O brincar apenas se
concebe como uma atuação inata da criança, quando está separada das exigências por
parte do adulto. O brincar, para uma criança, é inato e colabora diretamente no
desenvolvimento psíquico, motor, emocional e social. Ao brincar as crianças conseguem,
através da ludicidade, absorver e integrar a realidade sem necessitarem de esforço para

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se adaptarem e sem estarem sujeitos à ansiedade psicológica imposta (Ribeiro et al.,
2018).
Dada toda a importância do brincar no quotidiano das crianças é fundamental que
as escolas tenham em atenção a distribuição e construção das rotinas, permitindo assim
mais tempo de brincadeira livre, sobretudo ao ar livre quando possível, e maior
preocupação por parte de quem acompanha as crianças em incrementar e proporcionar
uma aprendizagem mais lúdica e interessante para as crianças nos seus primeiros anos
escolares (Ribeiro et al., 2018).
Brincar é algo muito característico da infância e acarreta inúmeros benefícios
através das experiências a que a criança tem acesso. Vigotski diz-nos que o brinquedo
vai facilitar à criança a distinção entre o ato e a interpretação. Inicialmente, a criança
brinca tendo em conta o estímulo que o brinquedo ou a ação lhe fornece, posteriormente,
com a evolução em termos desenvolvimentais, passa a criar uma ligação entre o brincar
e a ideia que tem deste. Brincar está também relacionado com a aprendizagem, pois
através do brincar as crianças aprendem competências que se vão complexificando com
o decorrer do desenvolvimento. As atividades de caráter lúdico, são fundamentais ao
nível da educação, sobretudo quando aplicadas a crianças com dificuldades para aprender
(Rolim et al., 2008).
Se pesquisarmos num dicionário, BRINCAR, aparece caracterizado como
diversão, distração, agitação, prazer, entre outras características. Porém, brincar não é
somente recreio, pode ser uma atividade de caráter lúdico. Brincar é importantíssimo em
todas as faixas etárias, contudo, tem uma importância mais relevante na infância, pois
além das crianças estarem entretidas com algo que gostam também estão a aprender
(Rolim et al., 2008).
Através da brincadeira, conseguimos observar os gestos e atitudes das crianças
que estão cheias de significados e características próprias de cada uma. Desta forma,
podemos afirmar que o brincar, é uma ação poderosíssima e séria, sendo fundamental até
na observação das nossas crianças. Através dos brinquedos, elas exteriorizam as
emoções, sentimentos, medos, mostrando como é o seu mundo interior. Na realidade,
elas já nascem com várias regras impostas, tendo de ser elas a adaptarem-se às regras. A
brincadeira é um meio de escape ao mundo real, em que a criança cria as suas próprias

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regras e um mundo à sua medida. Por meio deste escape, as crianças tentam conhecer e
entender o mundo real para se integrarem (Rolim et al., 2008).
Também através dos brinquedos, as crianças conseguem exteriorizar
acontecimentos menos bons que tenham passado e assim mostrar que nem tudo está bem.
Normalmente, nestas situações, a criança tenta alterar o final amargurado para algo mais
feliz (Rolim et al., 2008).
Brincar de uma forma livre, sem regras e imposições por parte do outro,
possibilita à criança estar numa bolha imaginária consciente, manifestando as relações
que observa no dia a dia e abstraindo-se das regras, que são muitas das vezes exageradas
para a idade em que são aplicadas (Rolim et al., 2008).
Como a brincar a criança contacta com diversas emoções e sentimentos, o brincar
vai ajudá-la a edificar a sua personalidade e a enfrentar sentimentos menos bons. A
brincadeira apronta a criança para atividades de trabalhos na vida adulta das mesmas,
visto que a brincar ela trabalha a capacidade atencional e a concentração, a autoestima,
as relações sociais, a confiança nos outros e a autoconfiança. Ou seja, nesta atividade
prazerosa vai trabalhar a sua relação com ela própria, com os outros e com o meio
envolvente, estimulando capacidades muito importantes para o futuro (Rolim et al.,
2008).
Todos os benefícios de brincar devem ser tidos em consideração quando falamos
de educação. Já que brincar simplifica e ajuda na aprendizagem, além de estimular a
criatividade. Por outro lado, também através da observação das brincadeiras, quem
acompanha as crianças consegue perceber como está o seu desenvolvimento e também
as suas caraterísticas, podendo assim intervir duma forma mais coerente (Rolim et al.,
2008).
O brincar transfere a criança para outros locais de conceção que a incentiva a
evoluir, desenvolver-se e aprender (Rolim et al., 2008).
Segundo Vigotski, aprendizagem e desenvolvimento estão correlacionados desde
o nascimento. Por este motivo, é simples afirmar que a aprendizagem inicia-se muito
antes da criança entrar para o ensino escolar. Assim sendo, as aprendizagens escolares já
terão, à priori, um acontecimento prévio com o qual vão ser relacionadas (Rolim et al.,
2008).

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Aprendizagem é um sistema pelo qual as pessoas obtém conhecimentos,
capacidades, aptidões, princípios, ações, etc., através da sua relação com o meio
envolvente e com os outros. Este recurso é distinto das capacidades inatas do ser humano
e do processo desenvolvimental do organismo (Rolim et al., 2008).
Através da afirmação de Vigotski, Oliveira afirma que a aprendizagem é uma
condição imprescindível para o progresso das funcionalidades psicológicas, que são
fundamentalmente estruturadas pela cultura, tornando-se assim uma característica única
dos humanos. O processo de desenvolvimento está fortemente ligado à conexão com o
meio envolvente, com a sociedade e com a cultura, sendo que este só irá prosperar com
convivência e alicerce dos outros. Quando não existem condições favoráveis para
aprender, torna-se inviável haver desenvolvimento (Rolim et al., 2008).
Brincar é fundamental para uma criança se desenvolver de forma harmoniosa e
adequada. Além disso, brincar é uma ação natural da infância, requerendo atenção e
comprometimento por parte dos pais e adultos que interagem diariamente com a criança.
A infância é um período do desenvolvimento que tem impacto na vida daquele ser
humano, por isso mesmo não deve ser ignorada nem menosprezada, deve ser incentivada
e estimulada (Rolim et al., 2008).
Com a evolução e desenvolvimento, a criança vai mostrar que, através do brincar,
alivia o seu pensamento, desligando-se dos estímulos sensitivos. A conexão entre o
brincar, o desenvolvimento e a mediação são essenciais para a aprendizagem. Há um
estreito laço entre o lúdico e as aptidões psicológicas superiores, podendo assim
proclamar a sua pertinência social e cognitiva para a educação infantil. Aliado a este
aspeto, as atividades lúdicas têm um grande potencial para agilizar a interação entre a
criança e o adulto e entre as crianças, concebendo assim outras maneiras de
desenvolvimento e de reedificação de aprendizagens (Rolim et al., 2008).

Importância do brincar para o desenvolvimento infantil


Para compreendermos o desenvolvimento infantil temos de ter em conta as
intenções e carências da criança que a colocam em ação. O seu progresso
desenvolvimental está associado a incitação e encorajamento (Rolim et al., 2008).

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Por exemplo: os bebés têm interesses distintos de uma criança com seis anos de
idade. Enquanto que para o bebé um peluche colorido e que emite sons lhe desperta
curiosidade, para uma criança de seis anos um jogo de equilíbrio desperta maior
curiosidade que o peluche (Rolim et al., 2008).

Assim sendo, a criança corresponde às suas necessidades através da brincadeira e


dos brinquedos com que interage. Estas necessidades vão evoluindo com o decorrer do
tempo, daí as brincadeiras também evoluírem. Por este motivo, é que é tão importante
conhecermos as necessidades das crianças para que possamos reconhecer e perceber
quais as suas necessidades e as próprias formas de brincar e interagir (Rolim et al., 2008).
O brincar está incutido de regras, mesmo que estas estejam despercebidas, elas
estão presentes nas brincadeiras, contudo, não são impostas por outrem. Por exemplo:
quando uma criança brinca e “cria” uma loja de roupa, apesar de ser a criar na sua
imaginação a loja e as suas caraterísticas, ela vai basear a sua imaginação na realidade,
ou seja, naquilo que observa. Assim, podemos afirmar que embora esta seja uma
brincadeira livre em que nenhum adulto lhe impos como criar a sua loja, a brincadeira
tem regras inerentes (Rolim et al., 2008).
Nas crianças mais novas, idade pré-escolar, por norma os objetos é que impõem
a ação. Por exemplo: uma porta já tem movimentos implícitos, abrir e fechar,
estimulando assim a ação da criança. Já nas crianças mais velhas, a partir da idade
escolar, o estímulo por parte do objeto já não tem tanta interferência, elas já não prestam
tanta atenção aos estímulos exteriores, voltando-se mais para os fatores cognitivos e
criativos (Rolim et al., 2008).
Ao brincar, as crianças desagregam o significado do objeto, a atividade aparece
da consciência idealizada. Por exemplo: um bocado de terra pode tornar-se num bolo. E
é isto que nos revela a maturação desenvolvimental (Rolim et al., 2008).
Oliveira interpreta que no jogo de faz-de-conta, a criança determina a ação pela
interpretação que faz do brinquedo. Ou seja, se ela vai brincar fazendo de conta que é
médica, incluindo uma mala de primeiros socorros e um estetoscópio, e não considerando
o meio externo em que realiza a brincadeira, demonstra que ela realiza a brincadeira
através da interpretação que tem do brinquedo e não da apreciação que faz do meio
envolvente. Neste seguimento, o brinquedo em questão possibilita a mudança entre a

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atividade da criança com objetos físicos e as atividades com sentido. Sendo este um
agente importante para o desenvolvimento infantil. Esta distinção da interpretação do
objeto é automática, ou seja, não há perceção por parte da criança que esta evolução
psicológica ocorreu. Como resultado, a criança começa a entender a determinação prática
de conceitos ou objetos, passando as palavras a transformar-se componente de algo
preciso (Rolim et al., 2008).
Vigotski declara que quando uma criança abdica da sua vontade, ela está a ser
sujeita às regras, e é a abdicação de atuar sob impulsão instantânea que irá mediar a
obtenção do contentamento ao brincar (Rolim et al., 2008).
A brincadeira gera uma área de desenvolvimento adjacente na criança. Esta área
de desenvolvimento é uma área psicológica em contínua mudança, explanando o
caminho de maturação das funcionalidades, isto é, as ações que a criança realiza no
momento com auxílio de outrem, realizará futuramente de forma autónoma. Na
brincadeira, a criança realiza ações que estão adiante da sua idade cronológica, tendo
assim maior liberdade neste contexto. É através desta liberdade que vai estimulando
novas aprendizagens que posteriormente consolidará (Rolim et al., 2008).
A natureza do brinquedo, para Vigotski, é estabelecer uma nova relação entre a
interpretação do mesmo e o campo visual, ou por outra forma, entre episódios de conceito
e episódios da realidade (Rolim et al., 2008).
Brincar completa a infância, faz parte dela e é por meio da brincadeira que a
criança vivencia, estrutura, media e edifica regras para si e para os outros. Brincar é um
meio de comunicação usado pelas crianças para entenderem e interatuarem com elas
mesmas, com o meio e com o outro (dos Santos & Costa, 2015).
A brincar a criança dá um novo significado ao seu mundo, pois ao mesmo tempo
que brinca vivencia coisas diferentes que permitem a reorganização interna
continuamente. Posto isso, potenciar e estimular o brincar ao nível da educação infantil
é imprescindível, uma vez que na atividade lúdica o que interessa não é somente o objeto
da atividade, mas também o resultado e o desenvolvimento da mesma (a ação, o
momento, a imaginação, …) (dos Santos & Costa, 2015).
É importante os profissionais de educação estarem alerta e aplicarem-se para dar
importância às atividades de caráter lúdico e à ligação entre a brincadeira e aprender a
aprender (dos Santos & Costa, 2015).

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Com todas as afirmações lidas anteriormente, conseguimos compreender que
brincar ajuda a criança a aprender, dado que vai possibilitar episódios imaginários em
que acontecerá progressão cognitiva e assim tornar-se-á mais acessível a interação social.
Por este motivo, é imprescindível utilizar brincadeiras no âmbito pedagógico, sendo que
o brincar deve ser um dos alicerces da estruturação escolar. E cada vez mais este aspeto
tem um maior impacto, visto que as crianças têm se tornado mais sedentárias e se isolado
cada vez mais. Nos dias de hoje, é muito observável crianças que não brincam na rua,
mantendo-se sempre dentro de casa. Este facto também se deve à condição laboral dos
pais, cada vez se observa mais, pais com rotinas de trabalho muito amplas, acabando por
ter menos tempo para realizarem atividades lúdicas e ao ar livre com os seus filhos. Além
disso, também é bastante visível crianças com rotinas muito preenchidas, deixando de ter
tempo para brincarem livremente sem um horário ou atividade imposta. Por exemplo:
uma criança que sai da escola às 17 horas, tem aula de natação das 17:30 às 19:00 e
depois ainda vai realizar os trabalhos de casa. Chega à hora de jantar sem ter tido um
tempo sem imposição de atividade. Após o jantar tem de tomar banho e praticamente
deitar-se, pois ao outro dia levanta-se cedo, devido aos trabalhos dos pais, e vai para o
ATL. Esta criança só tem tempo para brincar livremente ao fim-de-semana, sendo que é
recomendado brincadeira diária (Rolim et al., 2008).

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Referências bibliográficas
Arantes, M., Junior, C., Ferreira, A., Monteiro, C., Prado, M., & Fernani, D. (2014). Influência da
atividade psicomotora no desenvolvimento infantil. Colloquium Vitae, 6(2), 71-78.
https://doi.org/10.5747/cv.2014.v06.n2.v099
dos Santos, A., & Costa, G. (2015). A psicomotricidade na educação infantil: Um enfoque
psicopedagógico. Revista De Educação Do IDEAU, 10(22). Retrieved 16 January 2021,
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Ribeiro, D., Castro, J., & Lustosa, F. (2018). Brincadeira e desenvolvimento infantil nas teorias
psicogenéticas de Wallon, Piaget e Vigotski. Lecture, Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte.
Souza, J., & Veríssimo, M. (2015). Desenvolvimento infantil: análise de um novo
conceito. Revista Latino-Am. Enfermagem, 23(6), 1097-1104.
https://doi.org/10.1590/0104-1169.0462.2654

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