Dissertação (4) GGHHF FTH

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Universidade Departamento de Engenharia Civil

de Aveiro
2015

José Miguel de Metodologia de Avaliação da Vulnerabilidade


Mesquita e Silva Sísmica de Edifícios em Betão Armado.
Universidade Departamento de Engenharia Civil
de Aveiro
2015

José Miguel de Metodologia de Avaliação da Vulnerabilidade


Mesquita e Silva Sísmica de Edifícios em Betão Armado.

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos


requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil,
realizada sob a orientação científica do Doutor Romeu da Silva Vicente,
Professor Associado do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de
Aveiro e coorientação científica do Doutor Hugo Filipe Pinheiro Rodrigues,
Professor Adjunto do Instituto Politécnico de Leiria e coorientação científica do
Doutor Tiago Miguel dos Santos Ferreira, Investigador do Departamento de
Engenharia Civil da Universidade de Aveiro.
o júri

presidente Prof. Doutor Joaquim Miguel Goncalves Macedo


Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro

Prof. Doutor Ricardo Joel Teixeira Costa


Professor Auxiliar da Universidade de Coimbra – Faculdade de Ciências e Tecnologia

Prof. Doutor Romeu da Silva Vicente


Professor Associado da Universidade de Aveiro
agradecimentos A realização desta Dissertação de Mestrado marca o final de uma importante
etapa da minha vida que só foi possível graças à colaboração e ao contributo,
de forma direta ou indireta, de várias pessoas e instituições, às quais gostaria
de exprimir algumas palavras de agradecimento e profundo reconhecimento,
em particular:

Aos meus orientadores, Romeu Vicente, Tiago Miguel Ferreira e Hugo


Rodrigues, pela transmissão de conhecimento, pela disponibilidade, pela
paciência, pela oportunidade, pela exigência de método e rigor, pela
incansáveis orientações científicas e conselhos sempre úteis que permitiram
resolver os problemas que foram surgindo.

A todos os meus amigos que me acompanharam e motivaram ao longo deste


percurso académico, em particular Eurico Correia, Samuel Carvalho, António
Diogo, Hélder Sá, João Freitas, Francisco Roldão, Guilherme Ascensão, Edgar
Pinto, Gilberto Selores, Ana Ministro e Catarina Marques Mendes.

A todos os meus amigos e colegas que não destaquei também tenho um


agradecimento especial, porque sem eles este percurso não teria sido como
foi.

À minha namorada pela paciência e pelo apoio incondicional.

Aos meus pais, pela força, apoio, compreensão e, principalmente, por me


terem criado todas as condições para a frequência e conclusão de um curso
superior.

A todos, um profundo agradecimento.


Palavras-chave Vulnerabilidade sísmica, Edifícios de betão armado, Índice de vulnerabilidade,
Danos, Risco sísmico.

Resumo Sismos recentes, um pouco por todo o mundo, demostraram que uma grande
parte dos edifícios existentes de betão armado apresenta elevada
vulnerabilidade sísmica. A avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de
betão armado é um desafio que além de permitir a construção de cenários de
dano e perda no caso de um evento sísmico, apoia a definição de estratégias
de reabilitação do edificado. Para isso os métodos de avaliação devem estar
adaptados à escala de avaliação (edifício, quarteirão e zona urbana).

Esta dissertação tem como objetivo o desenvolvimento de uma metodologia


simplificada de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de betão
armado, em que será aplicada a um conjunto de 91 edifícios afetados por
sismos recentes, localizados em diferentes países com diferentes
intensidades. Pretende-se que esta metodologia sirva como ferramenta base a
ser usada numa primeira fase de um processo de avaliação, pela classificação
de 8 parâmetros que abordam aspetos internos dos edifícios que pode afetar o
seu desempenho e reposta sísmica, contribuindo para indicador dos edifícios
potencialmente mais vulneráveis a um cenário sísmico.
Keywords Seismic vulnerability, Reinforced concrete buildings, Vulnerability index,
damage seismic risk

Abstract Recent earthquakes, all over the world have demonstrated that a large portion
of existing reinforced concrete buildings exhibits high seismic vulnerability. The
evaluation of the seismic vulnerability of reinforced concrete buildings is a
challenge and allows the construction of damage and loss scenarios in case of
a seismic event, supports the setting of the building rehabilitation strategies.
For this evaluation methods must be tailored to the rating scale (building block
and urban area).

This thesis aims to develop a simplified methodology for assessing the seismic
vulnerability of reinforced concrete buildings, which will be applied to a group of
91 buildings affected by recent earthquakes, located in different countries with
different intensities. It is intended that this methodology may serve as a base
tool to be used in a first phase of an evaluation process, the 8 parameters
rating that approach internal aspects of the buildings that can affect the
performance and seismic response, contributing to indicator of potentially more
buildings vulnerable to seismic scenario.
ÍNDICES
Índices

Índice geral

Índice de figuras ......................................................................................xvii

Índice de tabelas ....................................................................................... xix

Lista de Símbolos ..................................................................................... xxi

Capítulo 1. Enquadramento, objetivos e organização da dissertação ... 3


1.1 Enquadramento do tema .................................................................................................... 3
1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 4
1.3 Organização da dissertação ............................................................................................... 5

Capítulo 2. Risco e vulnerabilidade sísmica ............................................ 9


2.1 Enquadramento .................................................................................................................. 9
2.2 Risco sísmico: conceitos gerais ....................................................................................... 10
2.3 Gestão do risco sísmico ................................................................................................... 12
2.4 Comportamento das estruturas de betão armado perante ação sísmica ........................... 13
2.5 Danos resultantes de problemas estruturais ..................................................................... 15
2.5.1 Confinamento Inadequado .......................................................................................... 16
2.5.2 Ductilidade inadequada ............................................................................................... 17
2.5.3 Mecanismo de aderência aço-betão ............................................................................ 18
2.5.4 Incorreta amarração e sobreposição da armadura principal ........................................ 19
2.5.5 Inadequada capacidade resistente à flexão de vigas e pilares ..................................... 20
2.5.6 Inadequada capacidade resistente dos nós de vigas e pilares ...................................... 21
2.5.7 Mecanismo tipo viga forte pilar fraco ......................................................................... 22
2.5.8 Influência das paredes de alvenaria na determinação da resposta sísmica dos
edifícios.....................................................................................................................................23
2.5.9 Irregularidades estruturais em planta ou em altura ..................................................... 24
2.6 Comentários finais ........................................................................................................... 25

Capítulo 3. Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica .... 29


3.1 Enquadramento ................................................................................................................ 29
3.2 Metodologias de avaliação da vulnerabilidade sísmica................................................... 30
3.2.1 Metodologias baseadas na vulnerabilidade observada ................................................ 30
3.2.2 Metodologias de análise baseados em modelos simplificados ................................... 34
3.2.3 Metodologias de análise detalhada ............................................................................. 38

xv
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica em edifícios de betão armado

3.3 Escolha da metodologia adotada e comparação entre as várias metodologias ................ 40


3.4 Comentários finais ........................................................................................................... 42

Capítulo 4. Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão


armado....................................................................................................... 45
4.1 Enquadramento ................................................................................................................ 45
4.2 Vulnerabilidade sísmica .................................................................................................. 46
4.3 Índice de vulnerabilidade sísmica dos edifícios de betão armado ................................... 48
4.4 Grau de confiança – Classificação EMBA ...................................................................... 70
4.5 Classificação de danos de edifícios em betão armado..................................................... 75
4.6 Comentários finais ........................................................................................................... 76

Capítulo 5. Exposição e discussão dos resultados ................................. 79


5.1 Enquadramento ................................................................................................................ 79
5.2 Classificação dos parâmetros .......................................................................................... 80
5.2.1 Parâmetro P1 – Implantação do Edifício .................................................................... 80
5.2.2 Parâmetro P2 – Posição no quarteirão ........................................................................ 81
5.2.3 Parâmetro P3 – Idade do edifício ................................................................................ 81
5.2.4 Parâmetro P4 – Irregularidade em planta .................................................................... 82
5.2.5 Parâmetro P5 – Irregularidade em altura .................................................................... 83
5.2.6 Parâmetro P6 – Existência de mecanismo de soft-storey ............................................ 84
5.2.7 Parâmetro P7 – Presença de pilares curtos.................................................................. 84
5.2.8 Parâmetro P8 – Outros elementos ............................................................................... 85
5.2.9 Índices de vulnerabilidade .......................................................................................... 86
5.2.10 Resultados das classificações ................................................................................. 87
5.3 Grau de confiança ............................................................................................................ 88
5.4 Estimativa de dano .......................................................................................................... 91
5.4.1 Grau de dano dos edifícios analisados ........................................................................ 91
5.4.2 Formulação da expressão de dano para edifícios de betão armado ............................ 92
5.5 Comentários finais ........................................................................................................... 98

Capítulo 6. Conclusões e propostas de trabalho futuro ...................... 101


6.1 Principais conclusões .................................................................................................... 101
6.2 Perspectivas de trabalho futuro ..................................................................................... 103

Bibliografia.............................................................................................. 107

xvi
Índices

Índice de figuras

Figura 2-1 - Fatores de que depende o risco sísmico. Fonte: (Santos & Vicente, 2013) ..... 10
Figura 2-2 – Pilares de betão armado com inadequada armadura de esforço transverso.
Fonte: Sismo em Bolonha, Itália (2012) e sismo no Peru (2007). ............................... 16
Figura 2-3 – Vigas com comportamento não dúctil. Fonte: Varum et al,2005 ................... 17
Figura 2-4 – Pilares com fraca aderência aço-betão. Fonte: Sismo na Nova Zelândia
(2011). .......................................................................................................................... 18
Figura 2-5 – Pormenorização deficiente das armaduras. Fonte: Sismo em Nova Zelândia
(2011) e sismo Sichuan, China (2008)......................................................................... 19
Figura 2-6 – Capacidade de deformação em pilares. Fonte: Sismo em Sichuan, China
(2008). .......................................................................................................................... 20
Figura 2-7 – Resistência inadequada dos nós viga-pilar. Fonte: Sismo em Sichuan, China
(2008). .......................................................................................................................... 21
Figura 2-8 – Mecanismo do tipo viga-forte pilar-fraco. Fonte: Sismo em Izmit, Turquia
(1999) ........................................................................................................................... 22
Figura 2-9 – Mecanismo tipo short-column devido à abertura de janelas. Fonte: Sismo em
L’Aquila, Itália (2009) e sismo na Nova Zelândia (2011). .......................................... 23
Figura 2-10 – Mecanismo tipo soft-storey. Fonte: Sismo em L’Aquila, Itália (2009) e
sismo em Izmit, Turquia (2011)................................................................................... 24
Figura 3-1 – Definição das classes de vulnerabilidade segundo o EMS-98 [adaptado de
Grünthal, 1998]. Fonte : (Vicente, 2008) ..................................................................... 33
Figura 4-1 - Desmoronamento da encosta com projeção de pedras sobre a localidade
(Sismo L’Aquila, Italia, 2009) Fonte: (Bhatt, 2007) ................................................... 50
Figura 4-2 – Plataforma de aterro e escavação. Fonte: (Bhatt, 2007).................................. 51
Figura 4-3 - Posição dos edifícios no agregado (BE - Banda Extremo, BM - Banda Meio, E
- Enclausurado, G - Gaveto, I - Isolado). Fonte: (Vicente, 2008)................................ 52
Figura 4-4 - Interação entre edifícios adjacentes com a respetiva classe de vulnerabilidade.
Fonte: Ferreira (2015) .................................................................................................. 53
Figura 4-5 - Explicação dos limites do desnível dos pisos dos edifícios adjacentes. Fonte:
Yakut et al.(2012) ........................................................................................................ 54
Figura 4-6 - Exemplos de má execução na conceção do edifício ........................................ 58

xvii
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica em edifícios de betão armado

Figura 4-7 - Edifício parcialmente devoluto ........................................................................ 59


Figura 4-8 – Supressão de elementos resistentes ................................................................. 62
Figura 4-9 - Critérios de regularidades dos edifícios com recuos do tipo a) e b). Fonte:
(CEN, 2004) ................................................................................................................. 62
Figura 4-10 - Critérios de regularidades dos edifícios com recuos do tipo c). Fonte: (CEN,
2004) ............................................................................................................................ 63
Figura 4-11 - Critérios de regularidades dos edifícios com recuos do tipo d). Fonte:(CEN,
2004) ............................................................................................................................ 64
Figura 4-12 - Alturas diferentes entre o piso do r/chão e os pisos e vazamento do piso
térreo devido ao comércio. ........................................................................................... 66
Figura 4-13 – Presença de soft-storey .................................................................................. 67
Figura 4-14 - Pilares curtos na base do edifício (Lorca, Espanha) ...................................... 68
Figura 5-1 - Distribuição dos edifícios pelas classes de vulnerabilidade do parâmetro P1 . 80
Figura 5-2 - Distribuição dos edifícios pelas classes de vulnerabilidade do parâmetro P2 . 81
Figura 5-3 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P3 .... 82
Figura 5-4 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P4 .... 83
Figura 5-5 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P5 .... 83
Figura 5-6 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P6 .... 84
Figura 5-7 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P7 .... 85
Figura 5-8 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P8 .... 85
Figura 5-9 - Distribuição dos edifícios analisados pelos intervalos de valores dos índices de
vulnerabilidade ............................................................................................................. 86
Figura 5-10 - Influência de cada parâmetro no cálculo do Iv .............................................. 87
Figura 5-11 – Distribuição dos parâmetros pelo grau de confiança médio ......................... 89
Figura 5-12 – Distribuição dos edifícios pelo grau de confiança médio associado à
respetiva classificação .................................................................................................. 90
Figura 5-13 – Relação entre o grau de confiança e o índice de vulnerabilidade atribuído a
cada edifício analisado ................................................................................................. 90
Figura 5-14 - Histograma de distribuição de dano para Intensidades VII, VIII e IX .......... 91
Figura 5-15 - Curva de melhor ajuste aos valores médios de dano avaliados aos edifícios 96
Figura 5-16 – Curvas de vulnerabilidade para os edifícios de betão armado ...................... 97

xviii
Índices

Índice de tabelas

Tabela 3-1 - Formato da matriz de probabilidade de dano (Whitman, Reed, & Hong, 1974)
...................................................................................................................................... 31
Tabela 3-2 - Definição das classes de vulnerabilidade das construções segundo a escala
MSK (Medvedev & Sponheuer, 1969) ........................................................................ 31
Tabela 3-3 – Classificação do dano dos edifícios (Medvedev & Sponheuer, 1969) ........... 32
Tabela 3-4 – Definição de quantidade de dano que os edifícios estão sujeitos à ação
sísmica (Medvedev & Sponheuer, 1969) ..................................................................... 32
Tabela 3-5 –Relação entre o tipo de estruturas com a escala de intensidade para obter uma
possível classificação do dano dos edifícios segundo (Medvedev & Sponheuer, 1969)
...................................................................................................................................... 32
Tabela 3-6 - Metodologias de avaliação da vulnerabilidade sísmica aplicadas a diferentes
escalas (T. Ferreira, 2009) ........................................................................................... 40
Tabela 3-7 – Confronto entre os parâmetros estruturais de cada metodologia de avaliação
sísmica analisada. ......................................................................................................... 41
Tabela 4-1 - Índice de vulnerabilidade (Iv), parâmetros que o definem e respetivos pesos
associados .................................................................................................................... 48
Tabela 4-2 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P1 ....................... 51
Tabela 4-3 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P2 ....................... 54
Tabela 4-4 - Os vários Eurocódigos Estruturais .................................................................. 57
Tabela 4-5 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P3 ....................... 57
Tabela 4-6 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P4 ....................... 61
Tabela 4-7 - Definição das classes de vulnerabilidade para o recuo a) e b) ........................ 64
Tabela 4-8 - Definição das classes de vulnerabilidade para o recuo c) ............................... 65
Tabela 4-9 - Definição das classes de vulnerabilidade para o recuo d) ............................... 65
Tabela 4-10 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P6 ..................... 67
Tabela 4-11 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P7 ..................... 69
Tabela 4-12 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P8. .................... 69
Tabela 4-13 - Grau de confiança da classificação da vulnerabilidade sísmica .................... 70
Tabela 4-14 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P1 ............................... 71

xix
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica em edifícios de betão armado

Tabela 4-15 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P2 ............................... 71


Tabela 4-16 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P3 ............................... 72
Tabela 4-17 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P4 ............................... 72
Tabela 4-18 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P5 ............................... 73
Tabela 4-19 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P6 ............................... 73
Tabela 4-20 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P7 ............................... 74
Tabela 4-21 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P8 ............................... 74
Tabela-4-22 - Classificação de danos de edifícios em betão armado. Fonte: (Grünthal,
1998) ............................................................................................................................ 75
Tabela 5-1 - Valor médio dos índices de vulnerabilidade obtidos....................................... 86
Tabela 5-2 - Graus de confiança e respetivos intervalos de quantificação .......................... 88
Tabela 5-3 - Índices de vulnerabilidade para cada tipologias de betão armado. Fonte:
Giovinazzi (2005) ........................................................................................................ 92
Tabela 5-4 - Atribuição da classe de vulnerabilidade às diferentes tipologias construtivas.
Fonte: Giovinazzi (2005) ............................................................................................. 93
Tabela 5-5 – Diferença percentual entre o µD médio observado e o µD médio pela
expressão ...................................................................................................................... 96

xx
Índices

Lista de Símbolos

ATC Applied Technology Council


CEN Comité Europeu de Normalização
Cvi Classe de Vulnerabilidade
EC8 Eurocódigo 8
EMS-98 Escala Macrossísmica Europeia
FEMA Federal Management Agency
GNDT Gruppo Nazionale per la Difesa dai Terremoti
Iv Índice de Vulnerabilidade
Iv,médio Índice de Vulnerabilidade médio
Lmax Maior dimensão em planta do edifício
Lmin Menor dimensão em planta do edifício
MPD Matriz de probabilidade de dano
MSK Seismic Intensity Scale
pi Peso de cada parâmetro
Q Ductilidade Estrutural
REBA Regulamento de estruturas de betão
REBAP Regulamento de estruturas de betão armado e pré-esforçado
RGEU Regulamento geral das edificações urbanas
RSA Regulamento de segurança e ações para estruturas de edifícios e pontes
SIG Sistema de Informação Geográfica
V Índice de Vulnerabilidade
VImax Maior valor de intervalo que cada tipologia construtiva pode assumir
VImin Menor valor de intervalo que cada tipologia construtiva pode assumir
µD Grau de dano médio

xxi
CAPÍTULO 1
ENQUADRAMENTO, OBJETIVOS E
ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Capítulo 1 – Enquadramento, objetivos e organização da dissertação

Capítulo 1. Enquadramento, objetivos e organização da dissertação

1.1 Enquadramento do tema

É indiscutível que em zonas de maior atividade sísmica, as perdas humanas e económicas


devem-se, em grande parte, aos danos severos nas construções e ao colapso de edifícios
devido a um comportamento sísmico inadequado motivada, não apenas por falta de
legislação específica que contemplasse a ação sísmica à data em que o edifício foi
construído, mas também pelo incumprimento das boas práticas construtivas e à deficiente
qualidade dos materiais de construção. Deste modo, é necessário que todas as ferramentas
e recursos devam ser dispostos, numa tentativa de mitigar os efeitos dos sismos
contribuindo para uma melhor perceção e desenvolvimento da avaliação do risco sísmico.
Conceptualmente, o risco sísmico é função de três componentes probabilísticas: a
perigosidade sísmica, a exposição e a vulnerabilidade. No caso das estruturas de
engenharia civil, esta última componente assume particular importância, na medida em que
uma eventual intervenção ao nível do reforço estrutural tem influência direta na sua
vulnerabilidade intrínseca e, consequentemente, no seu risco sísmico associado.

Para a avaliação da vulnerabilidade estrutural é fundamental o uso de metodologias


adequadas a cada situação, isto é, a natureza qualitativa ou quantitativa da abordagem a
adotar em cada situação condiciona a formulação destas metodologias e respetivo nível de
detalhe da inspeção e levantamento a ser realizado. As metodologias empíricas, baseiam-se
na observação de danos pós-sismo associados a diferentes tipologias estruturais e
intensidades sísmicas, e as metodologias analíticas, implicam por sua vez a modelação e
computação da resposta de uma estrutura representativa de uma dada tipologia face a uma
determinada intensidade da ação sísmica. Existe ainda uma diferente abordagem, as
metodologias heurísticas, onde a vulnerabilidade dos edifícios é atribuída com base no
conhecimento e experiência de especialistas (Vicente et al., 2014). Embora ao longo dos
últimos anos a investigação aplicada à mitigação do risco sísmico tenha vindo a ganhar
uma maior importância, ainda há muito trabalho a desenvolver e por isso, um pouco por
todo o mundo, profissionais de várias áreas, nomeadamente da engenharia e da proteção

3
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

civil, continuam a encetar esforços organizados no sentido de melhorar e estandardizar o


conhecimento técnico-científico no âmbito da avaliação e da mitigação do risco sísmico
(T. Ferreira, 2009).

1.2 Objetivos

O principal objetivo desta dissertação, passa pela elaboração de uma proposta para uma
metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica em edifícios de betão armado,
podendo depois ser aplicada a um grupo distinto de edifícios. Numa primeira fase,
procedeu-se à discussão e seleção dos diversos parâmetros de avaliação da vulnerabilidade,
bem como à atribuição dos seus respetivos pesos e classes de vulnerabilidade. A segunda
fase consiste na atribuição de um grau de dano médio a cada um desses 91 edifícios,
avaliado de acordo com a Escala Macrossísmica Europeia (Grünthal, 1998). Na terceira
fase, uma série de observadores procedeu à atribuição do grau de dano de cada edifício,
tendo sido obtendo desta forma o grau de dano médio para cada edifício. A quarta fase
consiste na aplicação e calibração de curvas de vulnerabilidade, as quais são ainda
utilizadas para a obtenção de uma nova função de dano calibrada para edifícios de betão
armado a partir do programa Matlab®.

Para o cumprimento dos objetivos acima enunciados, foram realizadas as seguintes tarefas:
• Estado de arte sobre as diferentes metodologias existentes para a avaliação da
vulnerabilidade sísmica de edifícios;
• Seleção do tipo de metodologia a desenvolver;
• A escolha dos parâmetros mais importantes para a elaboração da metodologia;
• A atribuição inicial dos pesos para cada parâmetro escolhido;
• Seleção dos edifícios a utilizar para a calibração dos pesos atribuídos;
• Aplicação da metodologia e obtenção do índice de vulnerabilidade;
• Aplicação e calibração de curvas de vulnerabilidade.

4
Capítulo 1 – Enquadramento, objetivos e organização da dissertação

1.3 Organização da dissertação

A presente dissertação está organizada em 6 capítulos, dando-se um enfâse particular ao


quarto e quinto capítulo, que se consideram como os mais relevantes da presente
dissertação. No capítulo 1 faz-se um enquadramento do tema, apresenta-se os objetivos da
dissertação e a forma como esta está organizada.
No capítulo 2 são apresentados os principais conceitos abordados nesta dissertação, mais
precisamente aos conceitos de vulnerabilidade e risco sísmico. Este capítulo aborda ainda o
comportamento das estruturas de betão armado, salientando os danos típicos observados
neste tipo de estruturas aquando da ocorrência de sismos e os processos para a gestão de
risco.
No capítulo 3 são apresentadas e classificadas as metodologias existentes para a avaliação
da vulnerabilidade e avaliação do risco, sendo ainda feito o confronto, em termos de
potencialidades e limitações, entre as diferentes metodologias que servem de base à
metodologia apresentada no capítulo 4.
No capítulo 4 é apresentada a metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica dos
edifícios de betão armado proposta nesta dissertação, fazendo referencia a todos os aspetos
e parâmetros que esta metodologia considera para a avaliação da vulnerabilidade. Será
também apresentado o grau de confiança para cada parâmetro a partir de uma classificação
EMBA (E – elevado; M – médio; B – baixo; A – ausente) como também a classificação de
dano em edifício de betão armado concebida por Grünthal (1998).
No capítulo 5 é aplicada a metodologia proposta nesta dissertação e a análise dos
resultados da sua aplicação a diversos edifícios de betão armado. Como resultados
apresenta-se o índice de vulnerabilidade, a análise dos graus de dano e o grau de confiança
de cada edifício, com intuito no fim destas análises desenvolver uma expressão de dano
para os edifícios de betão armado.
No capítulo 6 são apresentadas as conclusões mais relevantes do trabalho desenvolvido e,
no seguimento deste, alguns aspetos que poderão ser alvo de desenvolvimento futuro.

5
CAPÍTULO 2

RISCO E VULNERABILIDADE SÍSMICA


Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

Capítulo 2. Risco e vulnerabilidade sísmica

2.1 Enquadramento

O impacto dos sismos em áreas urbanas é um problema complexo que se tem vindo a
agravar nas ultimas décadas devido a diversos fatores tais como a concentração
populacional, densidade de construção e as atividades económicas como a industria,
comercio e turismo. A dimensão e a gravidade dos efeitos de um sismo numa determinada
sociedade dependem da extensão e do grau de danificação provocada pelo sismo aos
elementos expostos. Nesse sentido, mesmo que um local esteja sujeito a sismos intensos,
se for escassamente habitado, o risco sísmico é menor. Assim, e apesar dos sismos serem
um fenómeno natural inevitável e incontrolável, os seus efeitos não o são (Azevedo, 2008).
Como introdução à dissertação, este capítulo pretende abordar, de uma forma resumida, os
conceitos base sobre o risco e vulnerabilidade sísmica em edifícios de betão armado.
Também analisados os danos tipo mais frequentes deste tipo de construção, causados pela
ação sísmica e a importância de uma gestão de risco à uma escala urbana.

9
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

2.2 Risco sísmico: conceitos gerais

O risco sísmico pode ser definido como a possibilidade ou probabilidade de perdas, como
nível de destruição ou dano, em consequência da ocorrência de um determinado evento
sísmico (Vicente, Parodi, Lagomarsino, Varum, & Silva, 2011). A avaliação do risco
sísmico envolve a consideração de três fatores: a vulnerabilidade estrutural, a perigosidade
sísmica e a exposição (ver Figura 2-1).

Figura 2-1 - Fatores de que depende o risco sísmico. Fonte: (Santos & Vicente, 2013)

Essa conjugação pode ser transcrita pela Equação (1.1):

𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑆í𝑠𝑚𝑖𝑐𝑜 = 𝑃𝑒𝑟𝑖𝑔𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 × 𝑉𝑢𝑙𝑛𝑒𝑟𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 × 𝐸𝑥𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 (1.1)

A perigosidade sísmica é definida como a probabilidade de ocorrência de um evento


sísmico, com uma determinada intensidade, associado a um período de retorno, num
determinado local ou zona. Esta relaciona-se com o zonamento sísmico, com o tipo de solo
e, consequentemente, com a ação sísmica a que o edifício pode estar sujeito (Giovinazzi,
2005).

10
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

A exposição corresponde ao valor dos elementos em risco, proveniente dos custos diretos
dos elementos estruturais e não estruturais, bem como dos custos indiretos associados à
interrupção de serviços, comunicações e ainda custos sociais e de tempo. A exposição
abrange os custos sociais, culturais, simbólicos e económicos associados a um eventual
acontecimento (Vicente, 2008).

A vulnerabilidade estrutural é uma propriedade intrínseca da estrutura, uma característica


do seu comportamento face a uma ação sísmica, descrita através de uma relação de causa-
efeito, em que o sismo é a causa, e o efeito é o dano sofrido (Vicente et al., 2011). São de
salientar alguns aspetos em relação à construção nova e construção existente. Na
construção nova, com o respeito das normas e códigos antissísmicos, no projeto e
execução, a sua vulnerabilidade estaria, em princípio, apenas condicionada a eventuais
deficiências nos mecanismos de fiscalização de todo o processo construtivo. Em relação às
construções antigas, isto é, edifícios concessionados e construídos antes da entrada em
vigor de qualquer regulamentação sísmica, a sua vulnerabilidade sísmica será, à priori,
elevada, devido à ausência de dimensionamento sísmico especifico.

Na atualidade, a maior parte da população vive em centros urbanos localizados nas grandes
cidades devido à economia por ela gerada, contribuindo para o aumento do risco sísmico
da região. É assim compreensível que uma dada região possa ter um risco sísmico reduzido
ou elevado se esta contiver elementos, como bens construídos, atividades económicas ou
população, expostos ao risco. Não sendo possível antecipar muitas das ocorrências com
origem em fenómenos naturais, o esforço terá de ser concentrado na redução dos impactos
através de uma gestão de risco, nomeadamente a mitigação do risco e a preparação para
lidar com as consequências.

11
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

2.3 Gestão do risco sísmico

A complexidade dos processos de rotura na origem dos sismos, não permite à ciência
produzir previsões de sismos num prazo razoável que satisfaça as necessidades, tais como:
saber o tempo, localização e dimensão do próximo evento (Oliveira, Roca, & Goula,
2005). A gestão de risco é um processo que engloba uma série de ações que apoiam a
implementação de medidas que reduzam o potencial de perda, na ocorrência de um evento
sísmico. Um dos mais vulgares produtos finais na implementação de um programa de
gestão de risco é a definição de um plano de emergência (Vicente, 2008). Porém, a
avaliação do risco sísmico é apenas uma das tarefas, da teia complexa da gestão de risco de
um sistema urbano. Como instrumentos de gestão de emergência, são considerados: a
preparação, a mitigação, a resposta e a recuperação.

Na fase de preparação, desenvolvem-se ações e medidas de planeamento ao nível de gestão


de emergência, como por exemplo exercícios de simulação e o desenvolvimento de
sistemas de alerta e de evacuação (Quarantelli, 1988). A mitigação, é a fase de
implementação de medidas e ações antes da ocorrência do evento, de modo a reduzir a
dimensão do desastre (Quarantelli, 1997). A par da importância da fase de mitigação e
redução do risco de desastres naturais, também a fase posterior à ocorrência de um sismo é
importante.

O que acontece após a ocorrência de um sismo é uma consideração que devemos ter
sempre em mente. As entidades competentes devem ter sempre um plano de resposta em
caso de emergência. A fase de resposta inicia-se durante, e no período imediato, à
ocorrência do desastre, sendo uma fase claramente associada ao domínio da gestão de
emergência (Haddow, Bullock, & Coppola, 2002). As medidas iniciais prendem-se com a
emissão de alertas e de evacuação das populações, sendo que na fase posterior, se iniciam
as operações de busca e de salvamento dos feridos e a garantia da ordem nas áreas de
desastre. Já a fase de recuperação, compreende as tarefas associadas à reparação e restauro
do ambiente construído, designadamente habitações e infra estruturas básicas (Vicente,
2008).

12
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

2.4 Comportamento das estruturas de betão armado perante ação sísmica

Os estudos realizados sobre este tema, tem comprovado que as estruturas com planta
simétrica e regular em altura, apresentam um melhor comportamento sísmico do que
estruturas com irregularidades nos alçados e irregularidades em planta. Isto deve-se a um
desequilíbrio entre o centro de rigidez e o centro de massa da estrutura, o que vai levar a
que os efeitos de torção possam a induzir colapsos locais. Uma configuração em planta
complexa e irregular corresponde normalmente a estruturas de piso com baixa rigidez no
plano (Coelho, 2010). O desempenho sísmico dos edifícios de betão armado pode ainda ser
influenciado por diversos outros fatores, tais como:

• Ausência de dimensionamento sísmico específico ou conceção e dimensionamento


inadequados;
• Baixa ductilidade dos elementos de betão armado, por insuficiência ou ausência de
confinamento dos varões da armadura longitudinal, em especial nos nós viga-pilar;
• Concentração de exigências em zonas localizadas, devido a irregularidades;
• Existência de pisos vazados sem paredes resistentes;
• Interação da estrutura com paredes não-estruturais que pode induzir esforços de
torção e concentrações de tensões não previstos;
• Elevada flexibilidade de alguns edifícios, sem consideração das distâncias
adequadas entre edifícios;
• Ausência de conservação adequada das estruturas, em particular associada à
existência de danos anteriores não reparados.

Para tal não acontecer, o Eurocódigo 8 tem indicações sobre aspetos de conceção das
estruturas, de forma assegurar uma capacidade resistente suficiente, e a exigência de
comportamento para o edifício (Coelho, 2010). A escolha da exigência de comportamento
para uma dada estrutura existente, depende do nível de segurança sísmica que se pretende
atribuir-lhe. Este terá que ser definido, a montante da aplicação do regulamento, pelas
entidades competentes, como as autoridades nacionais e/ou locais, através da
implementação de programas de mitigação de risco sísmico.
As exigências fundamentais de desempenho do comportamento estão relacionadas com o
nível de danos requeridos para uma estrutura, quando sujeita à ação de um sismo. O nível

13
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

de dano é representado por um Estado Limite (LS – Limit State) e a ação sísmica de
dimensionamento associada, é definida através de uma probabilidade de ocorrência (ou, de
forma equivalente, a um período de retorno) (Marques, 2012).

No caso de estruturas existentes, o Eurocódigo 8 (CEN, 2004) apresenta três exigências


fundamentais de desempenho associadas aos seguintes Estados Limite:

• Estado de Colapso Eminente (NC – Near Collapse) – Embora mantenha a


capacidade de suportar cargas verticais, a estrutura apresenta-se fortemente
danificada, com resistência e rigidez residuais fracas. A maioria dos elementos não
estruturais sofreu colapso. Observam-se deslocamentos relativos permanentes
elevados;
• Estado de Danos Significativos (SD – Significant Damage) – A estrutura exibe
danos significativos, com alguma resistência e rigidez residual, suportando ainda
cargas verticais. Os elementos não estruturais encontram-se danificados, não se
verificando, no entanto, colapsos para fora do plano de paredes divisórias e/ou de
enchimento. Observam-se deslocamentos relativos permanentes moderados. É
provável que a reparação da estrutura não seja economicamente viável;
• Estado de Limitação de Danos (DL – Damage Limitation) – A estrutura encontra-se
ligeiramente danificada, mantendo as suas características de resistência e rigidez.
Os elementos não estruturais poderão apresentar fendilhação, cuja reparação é fácil
e económica. Não se observam deslocamentos relativos permanentes.

14
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

2.5 Danos resultantes de problemas estruturais

Sismos recentes têm demonstrado que, para garantir o bom desempenho de uma
construção face a um sismo, é necessário garantir a qualidade do projeto e da construção.
Apesar da existência de regulamentação sísmica atualizada, esta poderá não ser suficiente
para garantir a segurança. A identificação das falhas estruturais é assim essencial para
definir estratégias de reforço no sentido de aumentar a resistência sísmica dos edifícios. As
causas mais frequentes de dano severo e/ou colapso de edifícios de betão armado quando
sujeitos à ação sísmica surgem associadas aos seguintes efeitos/mecanismos (H. Varum,
Costa, & Pinto, 2005):

• Confinamento inadequado;
• Ductilidade inadequada;
• Mecanismos de aderência aço-betão;
• Incorreta amarração e sobreposição da armadura principal;
• Inadequada capacidade resistente à flexão de vigas e pilares;
• Inadequada capacidade resistente dos nós viga-pilar;
• Mecanismo tipo viga forte-pilar fraco;
• Não consideração da influência das paredes de alvenaria na determinação da resposta
sísmica dos edifícios;
• Irregularidades estruturais em planta ou em altura.

Ao longo das subsecções seguintes vai ser resumido cada causa de dano referida em cima
com figuras para melhor ilustração da situação.

15
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

2.5.1 Confinamento Inadequado

Durante um sismo o colapso dos pilares, vigas e dos nós vigas-pilar encontra-se
geralmente relacionado com a falta/deficiente pormenorização de armadura transversal. O
confinamento deverá ser mais efetivo em zonas onde é previsível a formação de rótulas
plásticas para que sejam evitados a formação de um mecanismo de colapso. Confinando
esta zona de betão com estribos, a ductilidade é melhorada, melhorando assim a resposta
dos elementos e a resposta global dos edifícios (Figura 2-2). Isto é garantido pelos
diâmetros dos estribos, do seu afastamento, da armadura longitudinal, da qualidade do aço,
da forma das seções e da forma dos estribos (H. Varum et al., 2005).

Figura 2-2 – Pilares de betão armado com inadequada armadura de esforço transverso. Fonte: Sismo em Bolonha,
Itália (2012) e sismo no Peru (2007).

16
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

2.5.2 Ductilidade inadequada

A ductilidade pode ser definida como a capacidade que um dado material, elemento
estrutural ou estrutura, possui para suportar exigências de deformação em regime
inelástico, sem rotura ou colapso. Os materiais que suportam pouca ou nenhuma
deformação no processo de ensaio de tração são considerados materiais frágeis. Esta
propriedade tem implicações diretas na capacidade de dissipação de energia de uma
estrutura, sendo fundamental para evitar, ou diminuir, a probabilidade de colapso face à
ocorrência de um sismo de determinada intensidade. Como este conceito não foi
corretamente tratado nos primeiros regulamentos de cálculo sísmico, existe um número
elevado de edifícios de betão armado que não estão concebidos para uma ductilidade
adequada, exibindo um comportamento não-dúctil (Figura 2-3), contribuindo para o
elevado risco sísmico das nossas cidades (H. Varum et al., 2005).

Figura 2-3 – Vigas com comportamento não dúctil. Fonte: Varum et al,2005

17
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

2.5.3 Mecanismo de aderência aço-betão

O desempenho das estruturas de betão armado depende em muito do comportamento do


mecanismo de transferência de tensões entre o aço e o betão. A má pormenorização da
amarração dos vários elementos estruturais poderá causar a rotura ou mesmo o colapso
durante a ocorrência de um sismo. A aderência aço-betão é assegurada por atrito entre
ambos, mas sobretudo pelo imbricamento entre o betão e a armadura que garante a
necessária transferência de tensões do betão para a superfície das armaduras. No caso de
edifícios existentes, este mecanismo de transferência de tensões é ainda mais frágil devido
á ausência de conhecimentos de engenharia sísmica, usando-se armaduras lisas e betão de
baixa resistência e compacidade (Fernandes, Varum, & Costa, 2007). Caso não seja
suficiente para assegurar um correta aderência aço-betão, a peça de betão armado poderá
simplesmente deslocar-se da zona onde estava implantada (Figura 2-4). De forma a
garantir uma melhor amarração, dever-se-á usar um maior número de varões e com menor
diâmetro pois quando são usados varões de grande diâmetro é difícil assegurar o
comprimento de amarração requerido (H. Varum et al., 2005).

Figura 2-4 – Pilares com fraca aderência aço-betão. Fonte: Sismo na Nova Zelândia (2011).

18
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

2.5.4 Incorreta amarração e sobreposição da armadura principal

Segundo Varum et al., (2005), a incorreta pormenorização em projeto, ou a má execução


em obra das zonas de amarração e de sobreposição da armadura longitudinal, constituem
uma deficiência frequente nas estruturas existentes de betão armado (Figura 2-5). Neste
contexto, apresentam-se algumas regras básicas para a sua boa realização:

• Evitar a sobreposição e amarração em locais onde o betão tende a fissurar de


modo extensivo (por exemplo, em locais de formação de rótulas plásticas, ou
em zonas de transição de betonagem);
• Dar especial atenção ao confinamento em locais com amarrações embebidas e
sobrepostas (nós), de forma a impedir o arranque das armaduras;
• Sempre que possível, executar a sobreposição na direção perpendicular aos
esforços principais de compressão;
• Para garantir uma melhor amarração deve-se optar por usar um maior número
de varões e com menor diâmetro. Quando são usados varões de grande
diâmetro, é muito difícil assegurar o comprimento de amarração requerido, uma
vez que a força nos varões aumenta proporcionalmente ao quadrado do
diâmetro, e a força de aderência é linearmente dependente do diâmetro dos
varões.

Figura 2-5 – Pormenorização deficiente das armaduras. Fonte: Sismo em Nova Zelândia (2011) e sismo Sichuan,
China (2008).

19
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

2.5.5 Inadequada capacidade resistente à flexão de vigas e pilares

O tipo de aço adotado, a sua quantidade, e os detalhes de pormenorização, têm um papel


fundamental na resposta sísmica das estruturas de betão armado (Bertero, 1982). Segundo
Varum et al., (2005), o bom comportamento pode ser conseguido:

• Limitando o esforço axial de compressão, ou aumentando a área da secção


transversal;
• Limitando a quantidade de armadura longitudinal. Quanto maior for a área da
armadura longitudinal e a tensão de cedência do aço, maiores serão as exigências de
compressão no betão;
• A capacidade em flexão pode ser melhorada com um betão de melhor qualidade,
com a adoção de armadura de compressão e, fundamentalmente, com um
confinamento adequado (Figura 2-6).

Figura 2-6 – Capacidade de deformação em pilares. Fonte: Sismo em Sichuan, China (2008).

20
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

2.5.6 Inadequada capacidade resistente dos nós de vigas e pilares

Para o bom desempenho das estruturas de betão armado, é necessário também garantir que
as vigas e pilares estejam bem ligados entre si. As deficiências associadas aos nós vigas-
pilar são comuns durante a ocorrência dos sismos, conduzindo a danos severos, ou mesmo
o colapso do edifício (Figura 2-7). Os nós viga-pilar podem sofrer uma perda significativa
de rigidez, devido à insuficiente resistência ao corte e à inadequada ancoragem da
armadura longitudinal das vigas e pilares que concorrem no próprio nó (Varum et al.,
2005). Os mecanismos mais frequentes de rotura dos nós viga-pilar, estão relacionados
com:

• A ausência ou inadequada adoção de armadura de confinamento nos nós;


• A inadequada ancoragem da armadura longitudinal dos elementos estruturais nos
nós.

Figura 2-7 – Resistência inadequada dos nós viga-pilar. Fonte: Sismo em Sichuan, China (2008).

21
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

2.5.7 Mecanismo tipo viga forte pilar fraco

Durante um sismo, os nós de ligação entre viga e pilar são sujeitos a esforços elevados e,
de forma a se obter um comportamento dúctil dos pórticos, as exigências de deformações
em regime não-linear devem ser mantidas ao nível das vigas. Em qualquer nó, os pilares
devem apresentar uma resistência superior à das vigas, isto porque, se for o inverso, as
vigas fortes vão provocar deformações inelásticas sobre os pilares fracos, levando a uma
perda de resistência da estrutura e, eventualmente, ao colapso (Figura 2-8) (Pinto, 1998).

De forma a potencializar a capacidade de dissipação de energia, é necessário que se forme


o maior número de rótulas plásticas, sem que ocorra a formação de um mecanismo. Os
pórticos, que, em geral, correspondem a estruturas com elevado grau de redundância,
permitem explorar o comportamento não-linear e a formação de um considerável número
de rótulas plásticas. No entanto, para que tal aconteça, as rótulas plásticas devem-se
planear nas extremidades das vigas e não nos pilares. Para que as rótulas plásticas se
formem nas vigas, a soma dos momentos resistentes deverá ser superior à soma dos
máximos momentos que se podem desenvolver na viga em regime não linear. Apesar
disso, muitas das estruturas existentes não foram concebidas com esse princípio devido à
inexistência de regulamentos na época da sua construção (Marques, D.F.F, 2012).

Figura 2-8 – Mecanismo do tipo viga-forte pilar-fraco. Fonte: Sismo em Izmit, Turquia (1999)

22
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

2.5.8 Influência das paredes de alvenaria na determinação da resposta sísmica dos


edifícios

Usualmente, as paredes de alvenaria não são consideradas no dimensionamento das


estruturas de betão armado. Apesar de serem um elemento relativamente frágil, as paredes
de alvenaria de enchimento podem modificar significativamente o comportamento das
estruturas de betão armado quando sujeitas a ações horizontais, alterando a rigidez, a
resistência máxima e a capacidade de dissipação de energia (Varum, Rodrigues, Vicente,
& Costa, 2011). A não consideração da influência destes elementos no dimensionamento
de estruturas novas influência de forma significativa a resistência e rigidez lateral dos
edifícios, atraindo forcas para elementos que não foram dimensionados para tal. (Paulay &
Priestley, 1992). Observa-se, com frequência, a interrupção do preenchimento das paredes
de alvenaria, próximo de elementos verticais resistentes, para abertura de janelas ou para
outros fins. Como consequência da restrição lateral imposta pela inclusão parcial da
alvenaria, há uma diminuição da altura útil disponível para os pilares absorverem a
diferença de deslocamentos horizontais entre pisos, formando o mecanismo tipo short-
column (Figura 2-9). Quando sujeitos a uma ação sísmica, estes troços de pilar ficam
submetidos a esforços superiores àqueles que se desenvolveriam na ausência de alvenaria
com possibilidade de desenvolverem um comportamento frágil, com rotura por esforço
transverso (Lopes, 2008).

Figura 2-9 – Mecanismo tipo short-column devido à abertura de janelas. Fonte: Sismo em L’Aquila, Itália (2009) e
sismo na Nova Zelândia (2011).

23
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

2.5.9 Irregularidades estruturais em planta ou em altura

A correta conceção de uma estrutura é essencial para um adequado desempenho face as


forças de inércia horizontais que se podem desenvolver em qualquer direção no plano.
Edifícios simples, regulares e com sistemas resistentes para as forças horizontais, tendem a
exibir bom comportamento. As variações bruscas de rigidez, resistência ou massa da
estrutura, e/ou propriedades dos elementos de um edifício, quer em planta, quer em altura,
podem resultar em distribuições de forças horizontais e deformações muito diferentes
daquelas que surgem em estruturas regulares (Moehle & Mahin, 1991). Uma irregularidade
estrutural muito comum em edifícios existentes surge ao nível os pisos inferiores,
resultante da ausência de paredes de alvenaria para instalação de estacionamentos, lojas, ou
apenas opção arquitetónica. Isto fará com que estes apresentem uma rigidez inferior à dos
restantes pisos, levando a uma concentração de esforços na transição entre o piso vazado e
os pisos não vazados, originando deslocamentos relativamente grandes, entre as
extremidades dos pilares. Esta supressão de elementos estruturais produz o mecanismo tipo
soft-storey (Figura 2-10). Outra irregularidade estrutural frequente surge associada à
alteração de posição, entre pisos consecutivos, dos elementos estruturais verticais, ou até
mesmo de elementos não estruturais (Varum et al., 2005).

Figura 2-10 – Mecanismo tipo soft-storey. Fonte: Sismo em L’Aquila, Itália (2009) e sismo em Izmit, Turquia
(2011).

24
Capítulo 2 – Risco e vulnerabilidade sísmica

2.6 Comentários finais

Atualmente o betão armado corresponde ao material mais usado na construção,


principalmente nos países mais desenvolvidos. Em regiões sísmicas no projeto deste tipo
de estruturas devem ser considerados alguns cuidados que podem condicionar o seu
comportamento perante a ação sísmica. Sismos recentes têm demonstrado que certas falhas
estruturais estão relacionadas com as causas mais frequentes de danos e colapso de edifício
de betão armado, portanto a identificação destas carências estruturais é essencial para
definir estratégias de reforço com vista ao aumento da resistência sísmica dos edifícios. A
resposta sísmica de um edifício depende das condições externas, como a relação do
edifício com outros adjacentes e topografia local, e de condições internas, como a ligação
entre elementos, graus de redundância, uniformidade em planta, simetria e retangularidade,
continuidade e regularidade em altura.

A avaliação da vulnerabilidade sísmica dos edifícios existentes na perspetiva da mitigação


do risco sísmico deve ter algum cuidado em relação aos aglomerados de construções em
centros urbanos, visto que a maior parte da população vive em centros urbanos localizados
nas grandes cidades o que levará a que essa população esteja sujeita a um maior risco
sísmico. De forma a contribuir para uma redução os impactos sujeitos pelos sismos, é
necessária uma implantação de um programa eficaz de gestão de risco que integra a
mitigação do risco e a preparação para lidar com as consequências.

No capitulo seguinte será apresentado uma revisão das várias metodologias de avaliação da
vulnerabilidade sísmica, em que serão descritos os tipos vulnerabilidade existente, os
métodos de avaliação da vulnerabilidade sísmica e a sua aplicabilidade.

25
CAPÍTULO 3

METODOLOGIAS DA AVALIAÇÃO DA
VULNERABILIDADE SÍSMICA
Capítulo 3 – Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

Capítulo 3. Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

3.1 Enquadramento

O desenvolvimento de métodos de avaliação da vulnerabilidade tem como finalidade


relacionar um determinado nível de ação sísmica com as características das construções e
avaliar os eventuais danos. Várias propostas de classificação foram apresentadas por
diferentes autores, no entanto, tendo em conta o conhecimento base do qual derivaram,
todas elas convergem na identificação de 3 tipos – Metodologias baseadas na
vulnerabilidade sísmica, metodologias de análise baseados em modelos simplificados e
metodologias de análise detalhada.
Neste capítulo será elaborado uma revisão sobre os métodos de avaliação da
vulnerabilidade sísmica. Serão descritos, resumidamente, os tipos de vulnerabilidade
estrutural existentes, os métodos de avaliação da vulnerabilidade sísmica e a sua
aplicabilidade, de forma a construir uma tabela de confronto entre os mesmos.

29
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

3.2 Metodologias de avaliação da vulnerabilidade sísmica

As metodologias de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios diferem nos recursos


e no rigor associados à sua implementação, portanto a escolha da metodologia a usar
deverá ser feita em função do objetivo da avaliação, mas também da disponibilidade dos
meios tecnológicos, da informação do edifício e da escala a que vai ser trabalhado.
A sequência pela qual os métodos de avaliação serão apresentados respeita os critérios de
esforço computacional associado á implementação de cada método. Os primeiros são os
métodos de avaliação desenvolvidos na base da vulnerabilidade observada, seguidos pelos
métodos baseados em modelos simplificados e por fim serão apresentados de forma breve
os métodos de análise detalhada. Dentro de cada grupo serão ainda apresentadas propostas
desenvolvidas por diferentes autores.

3.2.1 Metodologias baseadas na vulnerabilidade observada

A Federal Management Agency (FEMA) fundou uma organização denominada por


Applied Technology Council (ATC) que serviu como estudo pioneiro para a avaliação da
vulnerabilidade sísmica a larga escala, no qual se destaca o módulo ATC-13 que teve como
objetivo fazer uma avaliação dos danos após o sismo de 1985 na Califórnia (Rojahn &
Sharpe, 1985).
Deste ATC-13 resultou a criação de uma matriz de probabilidade de dano (MPD), para 78
estruturas diferentes, entre as quais 40 edifícios. A particularidade deste método é que as
MPD, relativas a diferentes tipologias estruturais e intensidades sísmica, foram estipuladas
através da opinião de 78 especialistas, cada um deles fornecendo uma estimativa do grau
de dano mais provável numa determinada tipologia estrutural, para uma determinada
intensidade sísmica. A fraqueza desta metodologia prende-se com a obvia subjetividade
associada à forma como são elaboradas as MPD, facto que leva a que os resultados obtidos
não possam ser considerados inteiramente credíveis. No entanto, esta metodologia foi uma
das ferramentas mais utilizadas durante os anos 80. Na Tabela 3-1 apresenta-se a matriz de
probabilidade de dano mais popular naquela época para definir probabilidades de
distribuição de dano (D’Ayala & Speranza, 2002; T. Ferreira, 2009).

30
Capítulo 3 – Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

Tabela 3-1 - Formato da matriz de probabilidade de dano (Whitman, Reed, & Hong, 1974)

Estado de Dano não Rácio de


Dano Estrutural Intensidade sísmica
dano Estrutural dano (%)

0 Nenhum Nenhum 0-0.05 V VI VII VIII IX

1 Nenhum Ligeiro 0.05-0.3 _ _ _ _ _


2 Nenhum Localizado 0.3-1.25 _ _ _ _ _
3 Não assinalável Distribuído 1.25-3.5 _ _ _ _ _
4 Ligeiro Substancial 3.5-4.5 _ _ _ _ _
5 Substancial Extensivo 7.5-20 _ _ _ _ _
6 Elevado Quase total 20-65 _ _ _ _ _

7 Pré-Ruína 100 _ _ _ _ _

8 Colapso 100 _ _ _ _ _

Com o objetivo de melhorar e acelerar as inspeções de dano pós-sismo, foram elaboradas


duas metodologias semelhantes, formuladas através de escalas macrossísmicas: a Seismic
intensity scale (MSK) (Medvedev & Sponheuer, 1969) e a European Macrosseismic scale
(EMS) (Grünthal, 1998). A escala macrossísmica MSK define três classes de
vulnerabilidade decrescente A, B e C, tendo em consideração as características dos
edifícios (Tabela 3-2), os autores criaram uma tabela (Tabela 3-5) em que relaciona o tipo
de edifício com a escala de intensidade para obter uma possível classificação do dano dos
edifícios (Tabela 3-3) e ainda com a quantidade de edifícios que pode ser afetado (Tabela
3-4).
Tabela 3-2 - Definição das classes de vulnerabilidade das construções segundo a escala MSK (Medvedev &
Sponheuer, 1969)

Classe Definição

Construção em pedra natural (não aparelhada) e blocos de terra crua (adobe). Amplamente
A
utilizado em edifícios de habitação e que são mais sujeitos a maiores danos
Construção com blocos comuns e blocos de pedra aparelhada ou artificial. Utilizado em
B edifícios de habitação com um comportamento sísmico melhorado devido à utilização de
melhores materiais na constituição das alvenarias

C Construção em estrutura de betão armado

31
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Tabela 3-3 – Classificação do dano dos edifícios (Medvedev & Sponheuer, 1969)

Escala de
Tipo de dano
dano
1 Dano leve – Presença de Pequenas fissuras.

2 Dano moderado – Presença de fendas em paredes divisórias, queda de estuques.

3 Dano severo – Grandes fissuras em paredes divisórias, queda de chaminés.

4 Dano muito grave – Grandes aberturas nos elementos estruturais.

5 Colapso – Colapso total dos edifícios.

Tabela 3-4 – Definição de quantidade de dano que os edifícios estão sujeitos à ação sísmica (Medvedev &
Sponheuer, 1969)

Definição Quantidade

Poucos Cerca de 5%
Muitos Cerca de 50%

Bastantes Cerca de 75%

Tabela 3-5 –Relação entre o tipo de estruturas com a escala de intensidade para obter uma possível classificação
do dano dos edifícios segundo (Medvedev & Sponheuer, 1969)

Tipo de estruturas
Escala de Intensidade
A B C

V Poucos – 1 - -

Poucos – 2
VI Poucos – 1 -
Muitos – 1
Poucos – 4
VII Muitos – 2 Muitos – 1
Muitos – 3

Poucos – 5 Poucos – 4 Poucos – 3


VIII
Muitos – 4 Muitos – 3 Muitos – 2

Poucos – 5 Poucos – 4
IX Muitos – 5
Muitos – 4 Muitos – 3
Poucos – 5
X Bastantes – 5 Muitos – 5
Muitos – 4

32
Capítulo 3 – Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

A escala macrossísmica proposta por (Grünthal, 1998), EMS-98, foi criada com intenção
de melhorar a escala de intensidade MSK, que classificava os edifícios em três classes de
avaliação, A, B e C, passando agora a classificar as estruturas em seis classes de avaliação
diferentes (A, B, C, D, E e F) como pode ser vista na Figura 3-1. Esta proposta por estar
definida numa escala macrossísmica permite ser relacionada com o grau de dano
indiretamente (Vicente, 2008).

Figura 3-1 – Definição das classes de vulnerabilidade segundo o EMS-98 [adaptado de Grünthal, 1998]. Fonte :
(Vicente, 2008)

Apesar do elevado grau de incerteza associado às classes de vulnerabilidade descritas, o


principal método Italiano de avaliação da vulnerabilidade sísmica, desenvolvido em 1991
pelo Gruppo Nazionale per la Difesa dai Terremoti (GNDT), assenta em dois níveis de
seleção, nível 1 e 2 (GNDT-SSN, 1994). Esta metodologia foi utilizada em 1980 após o
sismo de Irpinia em Itália e baseou-se nas classificações preliminares dos edifícios, de
acordo com uma escala predefinida de 13 tipologias construtivas. Devido à vasta
quantidade de informação, foi possível desenvolver diagramas com valores de dano
provável (D’Ayala & Speranza, 2002; T. Ferreira, 2010).

33
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Esta metodologia apresenta importantes limitações como a vastidão de classes de edifícios


a considerar e a forma pouco rigorosa como cada uma dessas classes é definida. Todas as
incertezas e imprecisões conduz à obtenção de curvas vulnerabilidade incorretas (T.
Ferreira, 2010).

3.2.2 Metodologias de análise baseados em modelos simplificados

Tornando-se impossível a formulação de curvas de vulnerabilidade sem a realização de


observações e inspeções do dano pós-sísmico, é necessário utilizar outros métodos para
avaliar a vulnerabilidade dos edifícios. Estes deverão ser capazes de analisar também um
grande número de edifícios, num curto espaço de tempo. Na grande maioria dos casos,
quanto mais simples for o método, menor será o tempo consumido e menor será o rigor da
elaboração dos cenários sísmicos. No entanto, os resultados devem permanecer fidedignos,
daí que os poucos parâmetros necessários tenham de garantir uma adequada capacidade de
avaliação do comportamento perante a ação sísmica dos edifícios (T. Ferreira, 2009). Ao
longo dos últimos anos tem surgido metodologias simplificadas de avaliação da
vulnerabilidade sísmica que envolvem procedimentos de carater simples e rápido. Entre
elas destacam-se algumas como a metodologia P25 Scoring method proposta por Ball
(2005), metodologia proposta por Sucuoglu e Yazan (2003), metodologia proposta por
Yakut (2007), “Rapid Visual Screening of Buildings for Potential Seismic Hazards” (RVS)
proposta pela entidade ATC 21 (1988), metodologia proposta por Hirosawa (1993),
metodologia proposta por Rai (2008) e metodologia GNDT II (1994).

A metodologia P25 Scoring Method proposta inicialmente por Bal (2005) e posteriormente
desenvolvida e calibrada por um projeto de investigação suportado pelo TUBITAK
(Conselho Turco de Pesquisa Científico e Técnico) (Tezcan, Bal, & Gulay, 2009). Trata-se
de uma metodologia de avaliação rápida e eficaz que foi desenvolvida e testada
inicialmente em 26 casos diferentes, a fim de se prever a vulnerabilidade de colapso de
edifícios de betão armado, através da análise de vários parâmetros estruturais dos edifícios.
Este método baseia-se, numa primeira abordagem, na observação e análise dos parâmetros
estruturais mais importantes que afetam a resposta e o desempenho sísmico de um edifício.
De forma a aplicar esta metodologia são avaliadas diferentes características estruturais dos

34
Capítulo 3 – Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

edifícios, tais como: a dimensão em planta; altura do pé direito; altura total do edifício;
configuração em planta do rés-do-chão; dimensões dos elementos estruturais; aceleração
efetiva do solo; fator da importância do edifício; condições do solo de fundação; qualidade
do material; zonas de confinamento dos pilares; irregularidades estruturais como pilares
curtos, torção, descontinuidades estruturais; e choque entre edifícios adjacentes (Bal,
Tezcan, & Gulay, 2006; L. Rodrigues, 2009).

A metodologia apresentada por Sucuoglu e Yazgan (1999) faz a análise da vulnerabilidade


sísmica de edifícios existentes em betão armado com altura inferior a 8 pisos, sendo que a
sua avaliação está dividida em dois níveis, cujos parâmetros de análise podem ser
facilmente observados (Sucuoglu & Yazgan, 1999; L. Rodrigues, 2009):

• No primeiro nível de avaliação, é feito uma observação visual do edifício onde são
registados vários parâmetros, como o número de pisos acima do solo, a existência
ou não de soft-storey, a existência de pisos exteriores suspensos, tais como
varandas, a qualidade aparente do betão (boa, moderada ou má), a existência de
mecanismos do tipo pilar-curto, a possibilidade de existência de efeitos de
pounding entre edifícios adjacentes, as condições do solo e, por fim, o efeito
topográfico no edifício;
• No segundo nível de avaliação, após o primeiro nível, serão analisados alguns
parâmetros tais como a irregularidade em planta, o índice de resistência a forças
laterais e a redundância estrutural. Por forma a finalizar a avaliação da
vulnerabilidade do edifício, as acelerações sísmicas no solo servirão como basic
score para o calculo do valor do desempenho sísmico, estando este dependente da
zona sísmica em que se encontra. Através de uma interação entre os diferentes
parâmetros referidos obtém-se o valor do desempenho sísmico do edifício,
sabendo-se assim se este compromete ou não a segurança das pessoas que lá se
encontram.

A metodologia proposta por (Yakut, Erberik, Akkar, & Sucuoglu, 2012) surgiu do
procedimento desenvolvido por Sucoglu e Yazgan (2003), ao qual são acrescentados novos
parâmetros de avaliação e um tratamento de risco sísmico diferente. Nesta metodologia,
para além dos parâmetros mencionados em cima, o basic score contém ainda diferentes

35
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

estruturas dos edifícios de betão armado, servindo como modificador do valor do


desempenho sísmico do edifício.
A metodologia simplificada de avaliação da vulnerabilidade sísmica “Rapid Visual
Screening of Buildings for Potential Seismic Hazards” (RVS), referido como ATC 21
(ATC-21, 2002), proposto por essa entidade em 1988. Cerca de uma década mais tarde, em
1999, o FEMA publicou o manual FEMA 154 e, em 2002, surge a segunda edição deste
manual (ATC-21, 2002) uma versão elaborada com o intuito de facilitar a implementação
do RVS e fazer uma revisão da metodologia, com base em informações reunidas após a
primeira edição. A inspeção a um edifício, que envolve uma identificação por parte dos
inspetores, do sistema estrutural que resiste às ações laterais e o reconhecimento das
características do edifício que alteram a resposta sísmica esperada para esse sistema.
O procedimento para o cálculo estrutural consiste numa matriz de valores (Basic structural
hazard scores), que variam consoante o tipo de sistema estrutural, resistente às ações
laterais, dos edifícios em estudo e os respectivos materiais. O valor final (Final structural
score) é conseguido pela adição ou subtração de fatores modificadores de desempenho
(Score Modifiers), caso sejam detectadas certas características das construções que alteram
o comportamento sísmico esperado do sistema estrutural. Todos os valores da matriz estão
relacionados com a probabilidade de colapso do edifício. Os Final Score situam-se,
habitualmente, entre 0 e 7, sendo que um valor mais elevado corresponde a um melhor
desempenho sísmico (ATC-21, 2002; C. Ferreira, 2008)

A metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica proposta por Hirosawa (1993)


serve tanto para a avaliação de edifícios betão armado pré-sismo, como para edifícios
danificados após um evento sísmico, avaliando diferentes parâmetros como o número de
pisos, a rigidez e ductilidade dos elementos estruturais, a área da secção transversal de
elementos estruturais e não estruturais, entre outros. A vulnerabilidade é calculada para
cada um dos pisos do edifício e para ambas as direções longitudinais e transversais. Esta
depende de vários parâmetros, como a configuração estrutural do edifício, a deterioração
causada pela idade do edifício e um sub-índice sísmico da estrutura, que depende da
resistência e ductilidade. Esta metodologia é composta por três níveis de avaliação,
independentemente do nível, o conceito básico é comum nos três (Hirosawa, Sugano, &
Kaminosono, 1993; L. Rodrigues, 2009):

36
Capítulo 3 – Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

• No primeiro nível, o índice de desempenho sísmico é quantificado de forma


simplificada, através do cálculo do índice sísmico básico, o qual é determinado
através do somatório do produto das secções transversais dos vários elementos
estruturais, com base nas suas respetivas tensões médias resistentes. Caso o índice
de desempenho sísmico seja maior que o índice associado à estrutura, verifica-se
que o edifício responde com segurança a este tipo de solicitação, caso contrario não
verifica a segurança. Caso seja inclusivo, passa-se para o próximo nível.
• No segundo nível, para determinação do Índice de desempenho Sísmico, a
resistência e ductilidade dos elementos verticais é explorada até à sua resistência
máxima, para cada modo de rotura (por corte e flexão). Sendo, portanto, o valor
mais desfavorável utilizado, considerando que as lajes e as vigas são consideradas
indeformáveis. Caso o índice de desempenho sísmico seja maior que o índice
associado à estrutura, verifica-se que o edifício responde com segurança a este tipo
de solicitação, caso contrario não verifica a segurança. Caso seja inclusivo, passa-
se para o próximo nível.
• Por último, no terceiro nível, o grau de complexidade de cálculo aumenta, quer
para a obtenção do índice de desempenho sísmico, quer para determinação do
índice dos elementos não estruturais. Caso o índice de desempenho sísmico seja
maior que o índice associado à estrutura, verifica-se que o edifício responde com
segurança a este tipo de solicitação, caso contrario não verifica a segurança. Caso
seja inclusivo, é feita análise dinâmica ou outra investigação.

A metodologia proposta por Rai (2008) é baseada numa abordagem prescritiva de


engenharia que está de acordo com a prática Indiana, derivando de metodologias como
ATC 40, FEMA 310, FEMA 273 (atual FEMA 356), UCBC (atual GSREB) de ICBO, ASCE
31-03, Eurocódigo 8 e nova norma Neozelandesa. Para além de permitir a avaliação
sísmica de edifícios de betão armado, esta metodologia fornece também um método para
avaliar a capacidade de um determinado edifício obter níveis de desempenho adequados.
De acordo com esta metodologia, a avaliação sísmica de um edifício é um processo que
pode ser dividido em dois passos (Rai, 2008; L. Rodrigues, 2009):

37
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

• Avaliação preliminar – Avaliação global da vulnerabilidade sísmica, isto é,


verificações relacionadas com a resistência e com a configuração. Se os critérios
forem aceites não será necessário reforço, caso contrário, é necessário reforço;
• Avaliação detalhada – avaliação efetuada quando os resultados não são satisfatórios
na avaliação preliminar, isto é, verificação geral para uma resistência a forças
laterias e avaliação complementar ao edifício. Se os critérios forem aceites não será
necessário reforço, caso contrário é necessário reforço.

A metodologia de (GNDT-SSN, 1994), iniciada em 1976, foi aplicada a vários centros


históricos de diversas regiões de Itália, nomeadamente na região da Catania em 1999 e na
região de Molise em 2001. Esta metodologia baseia-se num vasto estudo e levantamento
de danos pós-sismo, que teve em atenção outros parâmetros importantes que controlam a
construção de danos e devem ser pesquisados individualmente. Tem como base o cálculo
de um índice de vulnerabilidade (Iv) (Equação 3.1) a partir da soma ponderada de 11
parâmetros, considerados importantes no controlo dos danos em edifícios devidos às ações
sísmicas.

?@
(3.1)
𝐼𝑣 = 𝐶𝑣𝑖 ×𝑃𝑖
AB?

Os parâmetros da metodologia do GNDT II são: i) tipo de sistema estrutural; ii) qualidade


do sistema estrutural; iii) resistência convencional; iv) localização e condições do solo; v)
diafragmas horizontais; vi) configuração em planta; vii) configuração em altura; viii)
distância máxima entre paredes; ix) tipo de cobertura; x) elementos não estruturais; e xi)
estado de conservação.

3.2.3 Metodologias de análise detalhada

As metodologias de análise detalhada são apenas aplicadas a edifícios que apresentam


rigorosa informação sobre o próprio, nomeadamente no que diz respeito à geometria dos
seus elementos, das tecnologias construtivas envolvidas e das propriedades mecânicas dos
seus materiais. Para estas situações recorre-se a modelos numéricos pormenorizados para

38
Capítulo 3 – Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

avaliar edifícios representativos de uma determinada tipologia estrutural, com um grau de


detalhe que não se adequaria a uma avaliação de um cenário sísmico pois teria de abranger
um grande número de edifícios. Os procedimentos de análise podem ser divididos em
análise estática lineares, análise estática não-lineares, análise dinâmicas lineares e análise
dinâmicas não-lineares (T. Ferreira, 2009; Lang, 2002).

1) Análise estática linear - É utilizada para o dimensionamento e conceção de


estruturas, e está considerada na maioria dos códigos de dimensionamento e
verificação da segurança sísmica. A limitação desta análise é o facto de ser
adequada para o estudo de edifícios regulares;
2) Análise estática não-linear - A grande vantagem desta análise é a maior
aproximação em termos de esforços e deformações provocadas pela ação sísmica,
devido à contabilização dos efeitos da não linearidade do comportamento material.
No entanto, estes métodos só são válidos para edifícios regulares, em que o
primeiro modo de vibração é preponderante na resposta da estrutura;
3) Análise dinâmica linear - A grande vantagem destes métodos está na consideração
de modos de vibração mais ajustados para edifícios irregulares;
4) Análise dinâmica não-linear - A ação sísmica é modelada por histogramas
temporais de movimento e a resposta da estrutura é determinada com base em
procedimentos de integração passo a passo. Este é o procedimento mais completo
no cálculo de forças internas e deslocamentos de estruturas sujeitas à ação sísmica.

39
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

3.3 Escolha da metodologia adotada e comparação entre as várias


metodologias

Esta breve apresentação das várias metodologias de avaliação da vulnerabilidade sísmica


permite retirar algumas conclusões sobre o tipo de análise que cada uma faz. Como
referido anteriormente, a escolha da metodologia de avaliação a utilizar dever-se-á ter em
atenção a natureza do edifício, da escala a que é aplicado e dos recursos que consume
(Tabela 3-6).
Tabela 3-6 - Metodologias de avaliação da vulnerabilidade sísmica aplicadas a diferentes escalas (T. Ferreira,
2009)

Campo de aplicação Esforço computacional


Metodologia Grupo de Edifício
Baixo Moderado Elevado
edifícios individual
Vulnerabilidade
x x
observada
Modelos de
análise x x x
simplificada

Análise
x x
detalhada

Como na presente dissertação pretende-se fazer a avaliação da vulnerabilidade de grandes


áreas urbanas, os métodos simplificados serão os que se melhor enquadram para essa
análise. As metodologias são classificadas de forma diferente por diversos autores em
função das estratégias de avaliação, destacando que a sua combinação poderá ser favorável
em favor do rigor e confiança dos resultados dos estudos de avaliação da vulnerabilidade
sísmica. A Tabela 3-7 apresenta o confronto dos vários parâmetros estruturais de cada
metodologia de avaliação sísmica anteriormente mencionada.

40
Capítulo 3 – Metodologias da avaliação da vulnerabilidade sísmica

Tabela 3-7 – Confronto entre os parâmetros estruturais de cada metodologia de avaliação sísmica analisada.

Metodologias
P25 Sucuoglu
Yakut
Scoring Rai and Hirosawa GNDT II
et al RVS (2002)
Method (2008) Yazgan (1993) (1994)
(2007)
(2005) (2003)
Parâmetros

Torção x x x x x x x

Diferentes
alturas entre x - - - - - x
pisos

Qualidade do
material de x - - x x - x
construção

Pilar curto x x - - x x -

Soft-storey x x x x x x x

Pounding x x x - x x -

Tipo de solo x - x x x x x

Topologia do
x - x - x - x
terreno

Irregularidade
x - - x x x x
em altura

Irregularidade
x - x x x - x
em planta

41
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

3.4 Comentários finais

Este capitulo serviu para fazer uma síntese do que se tem vindo a realizar no âmbito de
diversos estudos de avaliação da vulnerabilidade sísmica, procurando descrever os
procedimentos que estão na base de algumas metodologias aplicadas em vários países. As
metodologias baseadas na observação exigem grande dispêndio de tempo e são
excessivamente particulares. As metodologias de análise baseados em modelos
simplificados são capazes de analisar um grande número de edifícios, num curto espaço de
tempo. Para que os resultados devem permanecer fidedignos, os parâmetros terão de
garantir uma adequada capacidade de avaliação do comportamento perante a ação sísmica
dos edifícios. Por fim, as metodologias de análise detalhada são apenas aplicadas a
edifícios que apresentam rigorosa informação sobre o próprio, nomeadamente no que diz
respeito à geometria dos seus elementos, das tecnologias construtivas envolvidas e das
propriedades mecânicas dos seus materiais.

O objetivo desta dissertação passa pela avaliação um conjunto de edifícios de betão


armado, localizados em meio urbano e que foram sujeitos ao impacto dos sismos, optou-se
pela elaboração de uma metodologia de análise baseada em modelos simplificados. Deste
modo, a avaliação da vulnerabilidade sísmica de um determinado edifício é realizada com
base no conhecimento de alguns parâmetros, tornado assim o método rápido e simples para
o rastreio do risco sísmico em larga escala. Para que os resultados obtidos permaneçam
fidedignos é necessário que os parâmetros escolhidos sejam obtidos com qualidade,
garantindo desta forma uma adequada capacidade de avaliação do comportamento sísmico
dos edifícios.

No capítulo seguinte será proposto uma metodologia de avaliação da vulnerabilidade


sísmica dos edifícios de betão armado com base na metodologia de modelos simplificados
tratados neste capítulo, com os referentes parâmetros usados e a sua aplicabilidade.

42
CAPÍTULO 4

AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DE
EDIFÍCIOS EM BETÃO ARMADO
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Capítulo 4. Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão


armado

4.1 Enquadramento

Como foi mencionado no Capítulo 3, na escolha da metodologia de avaliação da


vulnerabilidade a utilizar, dever-se-á ter em atenção a natureza dos edifícios, a sua função
e a sua tipologia construtiva. A análise diferenciada destes tipos de edifícios, no que diz
respeito aos aspetos a avaliar, é orientada por diferentes critérios e sensibilidades que terão
repercussão na avaliação da vulnerabilidade e, consequentemente, na estimativa do grau de
dano.

O presente capítulo é dedicado à formulação de uma nova metodologia simplificada para o


estudo da vulnerabilidade sísmica de edifícios de betão armado, tendo por base a
metodologia apresentada por Vicente (2008) para edifícios de alvenaria de pedra. Nesta
metodologia vão ser analisados 8 parâmetros, sendo que os parâmetros encontram-se
divididos em três grupos: solo, localização do edifício no enquadramento urbano e edifício
individual. O primeiro grupo inclui o parâmetro P1, onde será analisada a implantação do
edifício no solo. O segundo grupo inclui o parâmetro P2, que trata essencialmente a
interação entre construções vizinhas. Por fim, o terceiro grupo inclui os parâmetros P3 ao
P8, onde será analisada a idade do edifício, as suas irregularidades em planta e em altura, a
existência de potenciais mecanismos de soft-storey e de pilares curtos e de outros
elementos constituintes do comportamento sísmico do edifício. Toda a informação está
apresentada no Anexo I em formato de handbook.

45
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

4.2 Vulnerabilidade sísmica

Segundo Sandi & Floricel (1995), a vulnerabilidade sísmica pode ser definida como uma
propriedade intrínseca das estruturas, uma característica do seu próprio comportamento
sendo sujeitas à ação sísmica, descrita através de uma lei causa-efeito em que a causa é
ação sísmica e o efeito é o dano estrutural. Sismos recentes têm contribuído para o
desenvolvimento de modelos mais eficientes na avaliação do comportamento das
estruturas. Dependendo das características do uso, tipo e valor do edifício, os diferentes
níveis de avaliação da vulnerabilidade assumem uma importância relativa, ou seja, tanto os
objetivos da avaliação da vulnerabilidade como a profundidade com que é conduzida este
avaliação, serão sempre definidos em função da exposição e das preocupações
socioeconómicas (Vicente, 2008). Descrevem-se sumariamente os três níveis de
vulnerabilidade associados aos edifícios:

i. Vulnerabilidade estrutural, associada à suscetibilidade dos elementos ou


componentes que formam o sistema resistente, sofrerem determinado grau de dano.
A natureza desse dano pode ser descrita de forma quantitativa, utilizando
parâmetros definidores da resposta estrutural e definindo os índices de dano, ou
qualitativa, recorrendo à observação visual e descrição de danos característicos
após um sismo (Yepez, Barbat Barbat, & Canas Torres, 1995).

ii. Vulnerabilidade não estrutural, associada à suscetibilidade dos elementos


arquitetónicos (paredes divisórias, portas, janelas, elementos decorativos, etc.) e
componentes do edifício (instalações e equipamentos) sofrerem danos (Staehlin,
1997).

iii. Vulnerabilidade funcional, definida como uma potencial perturbação de


funcionamento de uma instalação, em consequência do aumento da exigência sobre
os serviços prestados. Pretende-se avaliar a capacidade de resposta pós-sismo dos
edifícios considerados essenciais como hospitais, escolas, quartéis de bombeiros ou
esquadras de polícia, sobre os quais é exigida manutenção de funções. A
funcionalidade dos edifícios essenciais depende de alguns fatores, como: a

46
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

distribuição de atividades dentro dos espaços do edifício, a ausência de um plano


de emergência e de evacuação, os inadequados meios de resposta a situações de
emergência e ainda falha dos sistemas de comunicação, sinalização e
acessibilidades (OPS, 1993).

Neste trabalho dar-se-á maior relevo ao estudo da vulnerabilidade estrutural. Assim, no


que se segue, será tratado em detalhe apenas este nível de vulnerabilidade. De modo a
avaliar esta vulnerabilidade proceder-se-á a uma visualização exterior do edifício em
estudo, sendo que, tal como foi já referido anteriormente, este está dividido em 3 grupos:
terreno, quarteirão e edifício (Vicente, 2008):

1) Terreno – O terreno é um elemento que pode comprometer o desempenho de um


edifício perante um sismo, pois o solo em que este se encontra fundado pode
amplificar a ação sísmica. Inversamente, a capacidade resistente das fundações
pode mitigar este impacto, razão pela qual a avaliação do comportamento do solo
de fundação é tido em conta no desenvolvimento desta metodologia.
2) Quarteirão – A avaliação da vulnerabilidade à escala do quarteirão permite
identificar situações de risco originadas, ou até agravadas, pela interação entre as
construções. As interações entre edifícios com altura diferentes dão origem a
frequências de oscilação diferentes podendo levar a danos estruturais graves e até
mesmo ao colapso da estrutura.
3) Edifício – Onde o objetivo fundamental é avaliar a vulnerabilidade estrutural do
sistema resistente principal do edifício, avaliando explicita e implicitamente o
desempenho de todos os componentes e materiais constituintes, bem como a
eficácia das suas ligações.

Com a presente dissertação pretende-se dar o primeiro passo para o desenvolvimento de


uma metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica do edificado existente em betão
armado.

47
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

4.3 Índice de vulnerabilidade sísmica dos edifícios de betão armado

Esta metodologia baseia-se no cálculo de um índice de vulnerabilidade para cada edifício,


em que cada parâmetro é classificado em 4 classes de vulnerabilidade, Cvi, nomeadamente:
A, B, C e D. Cada parâmetro avalia um aspeto que influência o desempenho sísmico do
edifício (escolhendo a classe de vulnerabilidade que melhor a caracteriza). A cada
parâmetro é associado um peso, pi, variando desde 0.5, para os parâmetros menos
importantes, até 2, para os parâmetros com maior impacto na vulnerabilidade do edifício
*
(Tabela 4-1). O valor do índice de vulnerabilidade final, Iv , varia entre 0 e 500. De forma
a facilitar a sua interpretação, este índice é posteriormente normalizado para variar no
intervalo entre 0 e 100 (soma ponderada normalizada), assumindo o símbolo Iv.

Tabela 4-1 - Índice de vulnerabilidade (Iv), parâmetros que o definem e respetivos pesos associados

Classe Cvi Peso


Parâmetro
A B C D pi
P1 Implantação do Edifício 0 5 20 50 1.5

P2 Posição no Quarteirão 0 5 20 50 0.5

P3 Idade do Edifício 0 5 20 50 1.5

P4 Irregularidade em Planta 0 5 20 50 2.0

P5 Irregularidade em Altura 0 5 20 50 2.0

P6 Existência de Mecanismo de Soft-storey 0 - - 50 2.0

P7 Presença de Pilares Curtos 0 5 20 50 2.0

P8 Outros elementos 0 5 20 50 0.5

Em seguida, apresentar-se-ão os 8 parâmetros de avaliação da vulnerabilidade utilizados e


as respetivas definições de classe de vulnerabilidade associadas a cada um deles.

48
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Parâmetro P1: Implantação do edifício

Aspetos a avaliar:
• Localização.
• Tipo de solo.

Como parâmetro inicial desta metodologia, as características do terreno onde o edifício


está implantado são de grande importância. Em casos onde não está disponível informação
detalhada do tipo de solo para cada edifício, e considerando a atendendo às dificuldades de
avaliação da interação terreno-edifício, deve ser assumida uma classificação o mais correta
possível (observação visual), adotando para todos os edifícios da zona em estudo a mesma
classe de vulnerabilidade para este parâmetro, tal como sugerido por Vicente (2008).
Embora seja difícil obter dados precisos durante a avaliação visual, os dados geotécnicos
fornecidos pelas entidades locais, deverão ser uma fonte fiável para classificar as
condições locais do solo. A designação usada para o tipo de solo está de acordo com a
proposta no EC8 (CEN, 2004), classificando os terrenos como tipo A (melhor tipo de
solo), B, C, D e E (pior tipo de solo), em que:

• Solo tipo A – Rocha ou outra formação geológica de tipo rochoso, que inclua, no
máximo, 5 metros de material mais fraco à superfície.
• Solo tipo B – Depósitos de areia muito compacta, de seixo (cascalho) ou de argila
muito rija, com uma espessura de, pelo menos, várias dezenas de metros,
caraterizados por um aumento gradual das propriedades mecânicas com a
profundidade.
• Solo tipo C – Depósitos profundos de areia compacta ou medianamente compacta,
de seixo (cascalho) ou de argila rija com uma espessura entre várias dezenas e
muitas centenas de metros.
• Solo tipo D - Depósitos de solo não coesivos de compactidade baixa a média (com
ou sem alguns estratos de solos coesivos moles), ou de solos predominantemente
coesivos de consistência mole a dura.
• Solo tipo E – Perfil de solo com um estrato aluvionar superficial.

49
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Os solos do tipo S1 e S2 não são considerados porque estão associados a fenómenos de


liquefação, os quais, neste primeiro nível de avaliação, não foram tidos em conta.
A implantação de edifícios deve ser feita em terrenos planos e afastados de grandes
declives, pois esses edifícios vão ficar sujeitos ao risco de deslizamento de terra (Figura
4-1). Mediante uma análise de viabilidade económica, e de modo a evitar este desfecho, é
possível proceder-se à estabilização da encosta.

Figura 4-1 - Desmoronamento da encosta com projeção de pedras sobre a localidade (Sismo L’Aquila, Italia, 2009)
Fonte: (Bhatt, 2007)

A construção em aterro (Figura 4-2) não é considerada como uma fonte de vulnerabilidade,
pois, tipicamente são zonas sensíveis por serem passíveis de assentamentos. Um sismo
provocará uma vibração do solo que poderá originar a sua compactação, produzindo
assentamentos ou deslizamentos (Bhatt, 2007).

50
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Figura 4-2 – Plataforma de aterro e escavação. Fonte: (Bhatt, 2007)

Para este parâmetro, a escolha da classe dependerá do tipo de solo onde o edifício está
inserido e localização, isto é, se o edifício está em zona de aterro, zona plana ou em zona
com terreno inclinado. Optou-se por unir o solo do tipo B com o C e o solo do tipo D com
o E, pois como esta avaliação é apenas visual torna-se complicado aferir qual dos solos
usar e, nesse sentido, esta união diminui a margem de erro. Assim, as classes de
vulnerabilidade para estes parâmetros estão definidas como indicado na Tabela 4-2.

Tabela 4-2 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P1

Localização do Edifício
Terreno de
fundação Terreno plano Aterro Solo inclinado

Solo do tipo A A B C

Solo tipo do B e C B C D

Solo tipo do D e E C D D

51
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Parâmetro P2: Posição no quarteirão

Aspetos a avaliar:
• Posição do edifício.
• Interação com outros edifícios.
• Desníveis do pavimento superior a 0.5 metros entre edifícios adjacentes.

A interação entre edifícios contíguos inseridos num contexto urbano, quando exposto a um
sismo, implica que a avaliação da sua vulnerabilidade não seja analisada de forma
individual. A resposta do edifício é influenciada pela sua inserção num agregado de
edifícios, podendo o confinamento e interação produzidas, atuar de forma benéfica ou
prejudicial em determinadas situações, como no caso dos edifícios isolados, nos de banda
extremo, nos de gaveto de quarteirões e nos edifícios em contacto com outros de dimensão
diferente (Vicente, 2008). Estes exemplos estão ilustrados na Figura 4-3.

Figura 4-3 - Posição dos edifícios no agregado (BE - Banda Extremo, BM - Banda Meio, E - Enclausurado, G -
Gaveto, I - Isolado). Fonte: (Vicente, 2008)

A interação entre edifícios origina o choque entre edifícios, efeito pounding, dificultando a
análise sísmica das estruturas, devido à difícil quantificação da energia transmitida durante
o choque. Devido a este fenómeno, os edifícios de topo de banda ou de canto dos
quarteirões, como não encontram continuidade com outro edifício, vão ter à priori piores
resposta sísmica (Bhatt, 2007). Na Figura 4-4, está demonstrada a localização do edifício
no agregado e a classe atribuída ao mesmo. Para a classe A, considerou-se que os edifícios
adjacentes são de igual altura. Para a classe B e C, o edifício está inserido no agregado em

52
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

que os edifícios adjacentes são de menor altura. O piso do edifício mais alto que colide
com o mais baixo, é aquele que mais vai sofrer com o movimento dos edifícios, devido à
ação horizontal dos mesmos (Cole, Dhakal, Carr, & Bull, 2010). Para a classe D, o edifício
está localizado em banda extrema, sem continuidade, e o edifício com o qual contacta é de
altura inferior.

Figura 4-4 - Interação entre edifícios adjacentes com a respetiva classe de vulnerabilidade. Fonte: Ferreira (2015)

O impacto entre edifícios provoca efeitos de maior gravidade do ponto de vista estrutural
quando os pavimentos não se encontram ao mesmo nível. Na Figura 4-5, está
exemplificado a altura mínima suficiente para originar este efeito. Uma diferença da altura
da laje entre edifícios adjacentes de pelo menos 0.5 metros, já pode ser suficiente para
originar este fenómeno (Vicente, 2008). Esta situação surge, por exemplo, quando a
implantação dos edifícios é feita em terrenos inclinados (Yakut et al., 2012).

53
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Lajes dos edifícios sem desnível entre pisos.

Lajes dos edifícios no limite aceitável para


ser considerado sem desnível.

Lajes dos edifícios com desnível entre pisos.

Figura 4-5 - Explicação dos limites do desnível dos pisos dos edifícios adjacentes. Fonte: Yakut et al.(2012)

Para este parâmetro, a classificação das classes de vulnerabilidade proposta apresenta-se na


Tabela 4-3, em que a escolha da localização do edifício é atribuída à classe inicial.

Tabela 4-3 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P2

Classe Localização

A Edifício de banda meio

B Edifício isolado

C Edifício de gaveto

D Edifício de banda extremo

54
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

A interação dos edifícios adjacentes será um fator de penalização da classe de


vulnerabilidade atribuída anteriormente. Caso o edifício em análise se encontre numa
situação como ilustrada na Figura 4-4, dever-se-á penalizar a classe de acordo com os
critérios referidos anteriormente. Como exemplo, um edifício de banda meio tem uma
classe inicial A. No entanto, caso se encontre localizado entre dois edifícios de diferentes
alturas, a sua classe de vulnerabilidade deverá passar a classe C.

O desnível dos pavimentos é aplicável apenas nos casos em que a classe de vulnerabilidade
não sofra alterações da interação dos edifícios adjacentes, deste modo evita-se que a classe
um edifício agrave duas vezes. Como forma de penalização, com recurso à Figura 4-5, um
edifício que tenha diferença de altura das lajes deverá ser penalizado na diminuição de um
nível da sua classe de vulnerabilidade.

Parâmetro P3: Idade do edifício

Aspetos a avaliar:
• Consideração da ação sísmica no projeto.
• Qualidade da construção.
• Parcialmente devoluto.

Este parâmetro pretende aferir em que regulamento sísmico o edifício em análise está
enquadrado, procurando avaliar desta forma a sua resistência sísmica. Os primeiros
edifícios de betão armado construídos em Portugal foram executados de modo pouco
rigoroso no que respeita à consideração dos efeitos da ação sísmica. A ductilidade
associada às estruturas não era levada em conta e a utilização betões de fraca resistência
mecânica e com armaduras de aderência normal era recorrente. Com a falta de
regulamentação sísmica nas construções, em 1951 surgiu o primeiro regulamento que
estabelecia as condições necessárias à segurança sísmica das estruturas, o Regulamento
Geral das Edificações Urbanas (RGEU).

Em 1958, surgiu o “Regulamento da Segurança das Construções contra os Sismos”, o


primeiro especificamente dedicado aos sismos, veio complementar o Regulamento Geral

55
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

das Edificações Urbanas, que estabeleceu o zoneamento sísmico do território nacional em


três zonas; obrigou à realização de uma verificação específica para as forças laterais e
estabeleceu algumas condições qualitativas, nomeadamente, a introdução, em edifícios de
pequeno porte, de elementos de confinamento, confinamento e de melhoria da ligação das
paredes aos pavimentos, e a inclusão de alguns montantes de betão armado, entre outras.
Na década de 60 começou-se a considerar os efeitos da ação sísmica no dimensionamento
de estruturas, com o aparecimento e aprovação do Regulamento de Solicitações em
Edifícios e Pontes (RSEP), em que foram introduzidos métodos de dimensionamento
sísmico algo rudimentares, mas que já contabilizavam os efeitos da ação sísmica sobre as
estruturas. Em 1983 é aprovado o Regulamento de Segurança e Ações para Estruturas de
Edifícios e Pontes (RSA) que estabelece os princípios gerais de segurança que se deve
verificar no projeto de estruturas e ao mesmo tempo que define as ações a considerar, entre
as quais, a ação sísmica e o Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado
(REBAP) que substituiu o Regulamento de Estruturas de Betão Armado (REBA) (C.
Ferreira, 2008).

No início da década de oitenta, a Comissão das Comunidades Europeias lançou uma série
de trabalhos que visavam a elaboração de um conjunto de regras técnicas – Os
Eurocódigos Estruturais – que permitissem a harmonização do projeto estrutural de
edifícios e de obras de engenharia em geral. Esta harmonização apresenta como principais
objetivos estratégicos os seguintes pressupostos (Carvalho, 2004; Romãozinho, 2008):

1. Proporcionar critérios e métodos de projeto harmonizados, através da eliminação de


barreiras técnicas à prestação de serviços.
2. Estabelecer uma base de entendimento comum entre donos de obra, promotores,
utilizadores, projetistas, empreiteiros e fabricantes de materiais.
3. Facilitar as trocas de serviços de construção entre os vários Estados-Membros.
4. Facilitar a colocação no mercado de materiais, produtos e componentes estruturais
para a construção.
5. Estabelecer uma base comum para a investigação e desenvolvimento no sector da
construção.
6. Aumentar a competitividade internacional do sector da construção europeia.

56
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Este trabalho foi conduzido inicialmente pela própria Comunidade Europeia sendo que, em
1989, esta responsabilidade foi transmitida para o Comité Europeu de Normalização
(CEN). Os Eurocódigos Estruturais foram sendo publicados ao longo da década de 90,
tendo em 1999 a Comissão Europeia mandatado de novo o CEN para elaborar o processo
de conversão dos Eurocódigos em Normas Europeias definitivas.

Estes 9 Eurocódigos Estruturais, estando subdivididos em várias partes cada, cobrem os


aspectos relativos à definição das ações, ao dimensionamento e pormenorização estrutural
e aos conceitos gerais de segurança, para vários materiais estruturais.

A Tabela 4-4 refere de uma forma muito sucinta os vários Eurocódigos e o seu âmbito de
aplicação, assim como o número de partes que compõe cada um destes:

Tabela 4-4 - Os vários Eurocódigos Estruturais

Eurocódigo Título/âmbito

Eurocódigo 0 Bases de projeto


Eurocódigo 1 Ações e estruturas

Eurocódigo 2 Projeto de estruturas de betão


Eurocódigo 3 Projeto de estruturas de aço

Eurocódigo 4 Projeto de estruturas mistas aço-betão

Eurocódigo 5 Projeto de estruturas de madeira

Eurocódigo 6 Projeto de estruturas de alvenaria

Eurocódigo 7 Projeto geotécnico

Eurocódigo 8 Projeto de estruturas sismo-resistentes

Com base no exposto, a classificação proposta para este parâmetro apresenta-se na Tabela
4-5:
Tabela 4-5 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P3

Classe Intervalo de tempo da construção do edifício

A Edifício construído depois de 1998


B Edifício construído entre 1983 e 1998
C Edifício construído entre 1961 e 1983
D Edifício sem dimensionamento sísmico

57
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

A qualidade da construção do edifício influencia o seu comportamento sísmico. Os


detalhes construtivos são fundamentais para garantir a resistência sísmica projetada para os
elementos estruturais, e para tal, é necessário ter certos cuidados, assim como (Bhatt,
2007):

• Alinhamentos de armadura, espaçamento bem orientado das cintas ou estribos e


comprimentos de amarração de armadura longitudinais;
• Garantir uma boa qualidade de betão e cuidado na aplicação em obra, garantindo
assim uma boa capacidade de resistência, bem como a aderência necessária ás
armaduras;
• Boa cintagem, sobretudo nas extremidades das vigas e de pilares, e correta
amarração de todos os elementos estruturais entre si;
• Garantir uma boa de execução das paredes de alvenaria.

Na Figura 4-6 encontram-se ilustrados alguns exemplos de má conceção na construção do


edifício. Caso exista alguma deficiência dos pontos acima referidos, dever-se-á penalizar a
classe previamente atribuída na Tabela 4 de acordo com os seguintes critérios:
• Se o edifício apresentar boa qualidade construtiva, a classe previamente atribuída
não sofrerá alterações;
• Se o edifício apresentar uma qualidade de construção moderada, a classe
previamente atribuída passará para uma classe abaixo;
• Se o edifício apresentar fraca qualidade construtiva, a classe previamente atribuída
passará para duas classes abaixo.

Figura 4-6 - Exemplos de má execução na conceção do edifício

58
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

No caso de edifícios que se encontram parcialmente devolutos, isto é, que apresentam


sinais evidentes de degradação/abandono, como no caso apresentado na Figura 4-7, dever-
se-á penalizar com a atribuição de uma classe abaixo. A título de exemplo, um edifício
construído entre 1983 e 1998 e com uma qualidade de construção moderada ser-lhe-á
atribuído uma classe C. Se este apresentar evidências de parcialmente devoluto, passará
então para uma classe final de D.

Figura 4-7 - Edifício parcialmente devoluto

Parâmetro P4: Irregularidade em planta

Aspetos a avaliar:
• Localização excêntrica da caixa de elevador.
• A maior dimensão do edifício em planta é inferior a 4 vezes à menor dimensão do
edifício em planta.
• Edifício apresenta uma configuração em planta compacta.

Este parâmetro avalia a forma e disposição em planta do sistema resistente do edifício. A


regularidade em planta é um aspeto que condiciona o desempenho estrutural e
consequentemente a vulnerabilidade sísmica, de tal modo que pode ser avaliada de forma
expedita, recorrendo a relações geométricas baseadas em critérios de simetria de

59
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

dimensões da envolvente em planta do edifício (Vicente, 2008). De acordo com o


Eurocódigo 8, para que um edifício possa ser considerado regular em planta, este deverá
satisfazer as seguintes condições:

1) Assegurar, aproximadamente, a simetria em relação a dois eixos ortogonais, no que


refere à rigidez lateral e à distribuição de massas;
2) Garantir uma forma compacta em planta, isto é, cada piso deve ser delimitado por
uma linha poligonal convexa (no que respeita à forma estrutural em planta definida
pelos vários elementos verticais não contando, portanto, por exemplo, com
varandas em consola, caso estas existam), sendo que, caso existam reentrâncias ou
bordos recuados, estas não deverão afetar a rigidez do piso em planta e a área entre
a linha exterior do piso e a linha poligonal convexa não deverá exceder em 5% da
área do piso;
3) Garantir que a rigidez dos pisos no plano seja suficientemente grande em relação à
rigidez lateral dos elementos estruturais verticais, para que a deformação do piso
tenha um efeito reduzido na distribuição das forças entre os elementos;
4) A esbelteza do edifício, λ, em planta deverá respeitar a seguinte condição:

𝐿𝑚𝑎𝑥
𝜆= ≤4
𝐿𝑚𝑖𝑚

Com:
- Lmax – Maior dimensão em planta do edifício;
- Lmin – Menor dimensão em planta do edifício;
(medidas nas direções ortogonais)

Quando um edifício tem uma caixa de elevador ou núcleo de escadas, no primeiro nível de
avaliação pretende-se saber se está localizado no centro do edifício. Isso contribui para um
melhor comportamento, pois são elementos de elevada rigidez, essenciais e
condicionantes, para a resistência global do edifício a ações horizontais (Santos, 2011). Na
atribuição de uma classe de vulnerabilidade a este parâmetro, começa-se pela atribuição da
classe inicial A e posteriormente analisa-se se o edifício tem ou não as seguintes fontes de
irregularidade em planta:

60
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

• Localização excêntrica da caixa de elevador;


• Maior dimensão do edifício em planta superior a 4 vezes a menor dimensão do
edifício em planta;
• Configuração em planta não compacta.

Cada uma destas fontes de irregularidade vai servir como penalizador da classe inicial, isto
é, a falha de uma delas levará a que a classe diminua um nível, como demonstrado na
Tabela 4-6:
Tabela 4-6 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P4

Classe Identificação do nº de irregularidades geométricas no edifício

A Edifício sem qualquer irregularidade

B Edifício com uma fonte de irregularidade

C Edifício com duas fontes de irregularidades

D Edifício com três fontes de irregularidades

Parâmetro P5: Irregularidade em altura

Aspetos a avaliar:
• Presença de recuos.
• Descontinuidade do caminho de carga.
• Altura diferente entre pisos.

O seguinte parâmetro faz uma avaliação da variação de massa ou da área entre pisos
consecutivos, propondo-se ainda uma forma de análise mais rigorosa, recorrendo à
avaliação da variação da rigidez em altura. Os edifícios que apresentam uma estrutura em
pórtico ao nível do rés-do-chão introduzem uma irregularidade estrutural em relação aos
pisos superiores. Esta diferença de rigidez e resistência é avaliada também de forma
simplificada pelo critério da variação de área entre pisos consecutivos. Pelo Eurocodigo 8,
um edifício é regular em altura desde que sejam cumpridos os seguintes critérios:

61
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

1. O seu sistema de resistência lateral deverá ser contínuo, desde as fundações até ao
topo do edifício, como exemplificado na Figura 4-8;

Figura 4-8 – Supressão de elementos resistentes

2. A massa e a rigidez lateral de cada piso deverão ser constantes ou decrescerem


gradualmente, sem variações abruptas, desde a base até ao topo do edifício;
3. Nos edifícios em pórtico, não deverá haver uma variação abrupta entre pisos
adjacentes relativamente à resistência exigida pela análise;
4. Caso ocorram recuos, será necessário verificar as seguintes disposições:
• Se ocorrerem recuos graduais da fachada em altura, preservando a simetria
axial da estrutura em qualquer piso, o recuo não deverá exceder em 20% a
dimensão relativa à direção do recuo, do piso anterior, como demonstrado na
Figura 4-9.

Figura 4-9 - Critérios de regularidades dos edifícios com recuos do tipo a) e b). Fonte: (CEN, 2004)

62
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

• A estrutura poderá ainda ser regular em altura mesmo que ocorra um recuo
maior que os supracitados 20%, desde que este seja inferior a 50% da dimensão
paralela na base do edifício e esteja situado nos 15% inferiores da altura total
do edifício (acima do nível de aplicação da ação sísmica), assegurando-se
igualmente que a simetria é mantida. Note-se que, neste caso, será necessário
que a estrutura, na zona de projeção vertical da parte superior do edifício acima
do recuo, seja capaz de resistir a pelo menos 75% da força de corte horizontal
que apareceria entre pisos, num edifício idêntico, mas sem o alargamento da
base, como demonstrado na Figura 4-10.

Figura 4-10 - Critérios de regularidades dos edifícios com recuos do tipo c). Fonte: (CEN, 2004)

• Caso ocorram recuos que não preservem a simetria, a soma dos recuos em
todos os pisos não deverá ser maior do que 30% da dimensão em planta do
primeiro piso, sendo que em cada piso o recuo que surja não poderá exceder
10% da dimensão do piso anterior como demonstrado na Figura 4-11.

63
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Figura 4-11 - Critérios de regularidades dos edifícios com recuos do tipo d). Fonte:(CEN, 2004)

As diferenças da altura, ou pé direito, dos andares introduzem descontinuidades na rigidez


da estrutura em altura. A diminuição do pé direito em determinados andares provoca
nestes, um acréscimo do esforço transverso.
Para a escolha a da classe de vulnerabilidade do edifício, primeiro deve-se proceder à
visualização da geometria do edifício, ou seja, avaliar se este apresenta recuos. Numa
primeira avaliação, um edifício que não apresente qualquer tipo de recuo, é-lhe atribuída a
classe de vulnerabilidade A. Caso apresente algum recuo, para cada tipo é atribuído uma
determinada classe de vulnerabilidade, tal como indicado nas Tabela 4-7,Tabela 4-8 e
Tabela 4-9.
Tabela 4-7 - Definição das classes de vulnerabilidade para o recuo a) e b)

Classe Geometria do edifício em altura


Edifício que apresenta um recuo em qualquer piso que varia entre 20% a 30% da
B dimensão em planta do nível inferior na direção do recuo. Edifício com uma torre de
altura inferior a 10% da altura total do edifício.
Edifício que apresenta um recuo em qualquer piso que varia entre 30% a 40% da
C dimensão em planta do nível inferior na direção do recuo. Edifício com uma torre de
altura superior a 10% e inferior a 40% da altura total do edifício.
Edifício que apresenta um recuo em qualquer piso superior a 40% da dimensão em
D planta do nível inferior na direção do recuo. Edifício com uma torre de altura igual ou
superior a 40% da altura total do edifício.

64
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Tabela 4-8 - Definição das classes de vulnerabilidade para o recuo c)

Classe Geometria do edifício em altura


Edifício que apresenta um único recuo localizado nos 15% inferiores da altura total do
sistema estrutural principal, o recuo varia entre os 50% e inferior a 60% da dimensão
B
em planta do nível inferior. Edifício com uma torre de altura inferior a 10% da altura
total do edifício.
Edifício que apresenta um único recuo localizado nos 15% inferiores da altura total do
sistema estrutural principal, o recuo varia entre os 60% e inferior a 70% da dimensão
C
em planta do nível inferior. Edifício com uma torre de altura superior a 10% e inferior a
40% da altura total do edifício.
Edifício que apresenta um único recuo localizado nos 15% inferiores da altura total do
sistema estrutural principal, o recuo é superior a 70% da dimensão em planta do nível
D
inferior. Edifício com uma torre de altura igual ou superior 40% da altura total do
edifício.

Tabela 4-9 - Definição das classes de vulnerabilidade para o recuo d)

Classe Geometria do edifício em altura


Edifício que apresenta recuos não simétricos, em cada lado, dos recuos de todos os pisos
varia entre 30% a 40% da dimensão em planta ao nível do piso acima da fundação ou
B acima do nível superior de cava rígida, e cada recuo não deve ser superior a 10% da
dimensão em planta do nível inferior. Edifício com uma torre de altura inferior a 10%
da altura total do edifício.
Edifício que apresenta recuos não simétricos, em cada lado, dos recuos de todos os pisos
varia entre 40% a 50% da dimensão em planta ao nível do piso acima da fundação ou
C acima do nível superior de cava rígida, e cada recuo não deve ser superior a 10% da
dimensão em planta do nível inferior. Edifício com uma torre de altura superior a 10% e
inferior a 40% da altura total do edifício.
Edifício que apresenta recuos não simétricos, em cada lado, dos recuos de todos os pisos
superior a 50% da dimensão em planta ao nível do piso acima da fundação ou acima do
D nível superior de cava rígida, e cada recuo não deve ser superior a 10% da dimensão em
planta do nível inferior. Edifício com uma torre de altura superior a 40% da altura total
do edifício.

A existência de pisos comerciais no rés-do-chão dos edifícios, ou de pisos técnicos, lojas,


escritórios em pisos superiores pode introduzir alterações significativas das secções dos
elementos resistentes de andar para andar como mostra a Figura 4-12. As descontinuidades

65
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

das secções de elementos estruturais como paredes resistentes e pilares introduzem


descontinuidades na resposta e agravam os esforços nas zonas de transição. As alterações
da altura do pé direito dos andares introduzem descontinuidades na rigidez da estrutura em
altura. De forma a penalizar a classe previamente atribuída, se o edifício em análise
apresentar alguma destas situações, dever-se-á escolher uma classe de vulnerabilidade
acima, até ao máximo de duas penalizações (H. Rodrigues, 2005).

Figura 4-12 - Alturas diferentes entre o piso do r/chão e os pisos e vazamento do piso térreo devido ao comércio.

Parâmetro P6: Existência de mecanismo de soft-storey

Aspetos a avaliar:
• Edifício com possível formação de mecanismo tipo soft-storey.

O mecanismo soft-storey está associado a uma irregularidade de rigidez ou resistência em


altura, e em muitos casos introduzida pela descontinuidade dos painéis de alvenaria em
altura. Este mecanismo ocorre geralmente no piso do rés-do-chão por questões
arquitetónicas ou para espaços reservados para função comercial. Este tipo de estruturas
apresenta o seu piso térreo muito fraco e flexível do que os restantes pisos superiores,
concentrando naquele as deformações devido à ação sísmica (Romãozinho, 2008). Os
pilares do rés-do-chão ficam sujeito a grandes deslocamentos horizontais entre as suas

66
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

extremidades, com efeitos de segunda ordem consideráveis que ditam muitas vezes a sua
rotura e o consequente colapso dos edifícios. Na Figura 4-13 apresenta-se um edifício
colapsado devido à inexistência de paredes de alvenaria por causa das garagens levando á
descontinuidade de rigidez em altura (Marques, 2012). A classificação proposta para este
parâmetro, o qual apresenta apenas com 2 classes de vulnerabilidade, encontra-se
sintetizado na Tabela 4-10.

Figura 4-13 – Presença de soft-storey

Tabela 4-10 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P6

Classe Identificação de mecanismo soft-storey

A Edifício sem mecanismo soft-storey

D Edifício com mecanismo soft-storey

67
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Parâmetro P7: Presença de pilares curtos

Aspetos a avaliar:

• Sem mecanismo tipo Pilar curto.


• Possível mecanismo tipo Pilar curto no piso superior do edifício.
• Possível mecanismo tipo Pilar curto na base do edifício.

O aparecimento e /ou desaparecimento súbito de elementos considerados não resistentes,


como caso das paredes de alvenaria, ou de elementos resistentes não considerados
diretamente no estudo do comportamento sísmico do edifício mesmo quando os andares
apresentem o mesmo pé direito, a existência de paredes de alvenaria que não preenchem a
totalidade da altura do pilar origina o mecanismo pilar curto (short column). Esta condição
conduz ao aumento da suscetibilidade ao corte, durante a ocorrência de um sismo severo.
A parede de alvenaria restringe a deformação lateral da parte inferior dos pilares, o que faz
diminuir a altura útil disponível para estes absorverem a diferença de deslocamento
horizontal entre pisos e leva a uma grande concentração de esforços de corte nestas zonas,
como é demonstrado na Figura 4-14 (Bhatt, 2007; Lopes, 2008).

Figura 4-14 - Pilares curtos na base do edifício (Lorca, Espanha)

68
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Para este parâmetro, a classificação proposta apresenta-se pela Tabela 4-11.


Tabela 4-11 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P7

Classe Identificação de pilares curtos

A Edifício que não apresente pilares curtos

B Edifício que apresente pilares curtos num dos seus pisos superiores.

Edifício que apresente pilares curtos em vários pisos ou um edifício que apresente um
C
pilares curtos na base do edifício

Edifício apresente mais que um pilar curto em pisos semi-enterrados capazes de criar
D
um mecanismo de piso

Parâmetro P8: Outros elementos

Aspetos a avaliar:
• Platibandas.
• Avançados.

Este parâmetro avalia os efeitos dos elementos não estruturais dos edifícios, tal como as
platibandas, avançados e varandas que, em caso de colapso, podem pôr as pessoas em risco
ou agravar o nível de dano nos elementos estruturais (CEN, 2004). A definição das classes
de vulnerabilidade associadas a este parâmetro está expressa na Tabela 4-12.

Tabela 4-12 - Definição das classes de vulnerabilidade para o parâmetro P8.

Classe Identificação de elementos não estruturais no edifício

A Edifício sem elementos não estruturais vulneráveis.

B Edifício com platibandas na cobertura e/ou nas varandas.

C Edifício com avançados.

D Edifício com avançados e platibandas na cobertura e/ou nas varandas .

69
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

4.4 Grau de confiança – Classificação EMBA

Uma vez que existe um nível de incerteza associado à escolha da classe de vulnerabilidade
de cada parâmetro na definição do Iv como consequência do modo como foram efetuadas
as inspeções, pelo facto de não se conseguir visualizar nitidamente determinados
elementos, foi estabelecido uma classificação para um grau de confiança, com o intuito de
associar a cada parâmetro avaliado uma medida da fiabilidade da escolha efetuada para a
classe de vulnerabilidade. A Tabela 4-13 apresenta quatro níveis para o grau de confiança
da classificação do parâmetro (E-M-B-A), cuja sigla corresponde à primeira letra de 4
graus de confiança, que permite distinguir o rigor presente na classificação dos vários
parâmetros (Vicente, 2008). De seguida são apresentadas as tabelas referentes a cada
parâmetro e a designação de cada grau de confiança de forma a ter um melhor apoio na
decisão a tomar quando for analisado o edifício.

Tabela 4-13 - Grau de confiança da classificação da vulnerabilidade sísmica

Grau de
Informação
confiança

Informação de origem direta, ou seja, através de observação e medições "in situ",


E implicando um conhecimento preciso da geometria, materiais e soluções construtivas do
(elevado) edifício. Inclui consulta de informação escrita e peças desenhadas do projeto.
Informação com um grau de confiança próximo do exato.

Informação apoiada na avaliação indireta por meio de: visualização de fotografias,


M consulta de informação direta de situações análogas bem documentadas e quantificadas,
(médio) consulta de bibliografia da especialidade, conhecimento de opiniões técnicas e de
informação oral credível.

Impossibilidade de observação direta. Informação baseada em hipóteses cognitivas


B razoáveis de procedimentos comuns de projeto e execução, no que respeita à época e
(baixo) regionalidade da construção, ou baseada em informação oral não consensual. Estimativas
resultantes de observação visual.

A Informação adoptada com um grau de incerteza próximo do da escolha casual. A


(ausente) atribuição da classe do parâmetro é puramente indicativa.

70
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Tabela 4-14 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P1

Grau de
Parâmetro Informação
confiança

Informação de origem direta, isto é, através da observação visual in-


situ por meio de prospecções locais para avaliar o tipo de terreno, a sua
consistência, (abertura de valas de inspeção para sondagens com ou
sem extração para avaliar o solo subjacente à fundação, consulta de
E
cartas geológicas, etc.), ou ainda, pela consulta do projeto (se
existente) das suas peças desenhadas, pormenores e informação escrita
referente às soluções. Informação com um grau de confiança próximo
P1 – do exato.
Implantação Informação predominantemente deduzida, através da consulta de
do edifício fotografias, consulta de informação acerca das condições do terreno,
M
medição do declive dos arruamentos e ainda de informação oral
credível.

Informação presumida em hipóteses cognitivas razoáveis de


B
procedimentos usuais e comuns de execução à época.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha casual.


A
Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente indicativa.

Tabela 4-15 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P2

Grau de
Parâmetro Informação
confiança

Informação de origem direta, isto é, através da observação visual pelo


E
exterior do edifício.

Informação predominantemente deduzida, através da consulta de


P2 – M
fotografias e ainda de informação oral credível.
Contexto
urbano
B Baseada em informação oral, em que não é possível visitar o local.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha casual.


A
Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente indicativa.

71
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Tabela 4-16 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P3

Grau de
Parâmetro Informação
confiança

Informação de origem direta, isto é, através da consulta de um registo


E ou projeto de com a referente data de construção (se existente).
Informação com um grau de confiança próxima do exato.

Informação predominantemente deduzida, através da consulta de


fotografias, consulta de informação direta de construções semelhantes
M
P3 – Idade do na vizinhança, conhecimento e recolha de opiniões técnicas e ainda de
edifício informação oral credível.

Informação presumida em hipóteses cognitivas razoáveis de


B
procedimentos usuais e comuns de execução à época.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha casual.


A
Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente indicativa.

Tabela 4-17 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P4

Grau de
Parâmetro Informação
confiança

Informação de origem direta, isto é, através de medição in-situ ou


ainda pela consulta de um registo geométrico à escala pós-construção
E
(se existente) ou informação escrita referente à geometria. Informação
necessária ao rigoroso cálculo das excentricidades em planta

P4 – Informação predominantemente deduzida, através da consulta de


M
Irregularidade fotografias e elementos sem escala e ainda de informação oral credível.
em planta
Informação presumida em hipóteses cognitivas razoáveis de
B
procedimentos usuais e comuns de execução à época.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha


A casual. Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente
indicativa.

72
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Tabela 4-18 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P5

Grau de
Parâmetro Informação
confiança
Informação de origem direta, se for possível a identificação de todas
as soluções construtivas através da observação visual, consulta de um
E registo geométrico rigoroso (se existente) das suas peças desenhadas,
pormenores e informação escrita referente a tipologia e constituição
das soluções. Informação necessária ao rigoroso cálculo.

Informação predominantemente deduzida, através da consulta de


P5 –
M fotografias e elementos sem escala e ainda de informação oral
Irregularidade
credível.
em altura
Informação presumida em hipóteses cognitivas razoáveis de
B
procedimentos usuais e comuns de execução à época.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha


A casual. Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente
indicativa.

Tabela 4-19 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P6

Grau de
Parâmetro Informação
confiança

Informação de origem direta, isto é, através da observação visual in-


E situ ou ainda pela consulta do projeto (se existente) das suas peças
desenhadas. Informação com um grau de confiança próxima do exato.

Informação predominantemente deduzida, através da consulta de


P6 - fotografias, consulta de informação direta de construções com
M
Existência de elementos não-estruturais semelhantes na vizinhança, conhecimento e
Mecanismo recolha de opiniões técnicas e ainda de informação oral credível.
de Soft-storey
Informação presumida em hipóteses cognitivas razoáveis de
B
procedimentos usuais e comuns de execução à época.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha casual.


A
Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente indicativa.

73
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

Tabela 4-20 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P7

Grau de
Parâmetro Informação
confiança

Informação de origem direta, isto é, através da observação visual in-


E situ ou ainda pela consulta do projeto (se existente) das suas peças
desenhadas. Informação com um grau de confiança próxima do exato.

Informação predominantemente deduzida, através da consulta de


fotografias, consulta de informação direta de construções com
P7 - Presença M
elementos não-estruturais semelhantes na vizinhança, conhecimento e
de Pilares
recolha de opiniões técnicas e ainda de informação oral credível.
Curtos
Informação presumida em hipóteses cognitivas razoáveis de
B
procedimentos usuais e comuns de execução à época.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha casual.


A
Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente indicativa.

Tabela 4-21 - Descrição dos níveis de confiança para o parâmetro P8

Grau de
Parâmetro Informação
confiança
Informação de origem direta, isto é, através da observação visual in-
situ por meio de prospecção localizada e desmontagem local ou ainda
E pela consulta do projeto (se existente) das suas peças desenhadas,
pormenores e informação escrita referente aos elementos não
estruturais.
Informação predominantemente deduzida, através da consulta de
P8 – Outros fotografias, consulta de informação direta de construções com
M
elementos elementos não-estruturais semelhantes na vizinhança, conhecimento e
recolha de opiniões técnicas e ainda de informação oral credível.

Informação presumida em hipóteses cognitivas razoáveis de


B
procedimentos usuais e comuns de execução à época.

Informação adoptada com um grau de certeza limiar, de escolha casual.


A
Neste caso, a atribuição da classe do parâmetro é puramente indicativa.

74
Capítulo 4 – Avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

4.5 Classificação de danos de edifícios em betão armado

O modo como um edifício se comporta perante um abalo sísmico depende da sua tipologia
construtiva como diferentes graus de danos podem ser observados para os edifícios de
betão armado. Como se pode verificar na Tabela-4-22, quando um edifício apresenta danos
leves é de classificação D1, enquanto o colapso já é classificado como D5.
Tabela-4-22 - Classificação de danos de edifícios em betão armado. Fonte: (Grünthal, 1998)

Grau de Dano (D)

D1 – Danos negligenciáveis a leves


Não há danos estruturais. Danos não estruturais ligeiros.
Presença de algumas fissuras. Queda de estuques.

D2 – Danos moderados
Danos estruturais ligeiros. Danos não estruturais
moderados. Presença de fendas em colunas, molduras e
paredes estruturais. Fendas em paredes divisórias. Queda de
estuques.

D3 – Danos severos
Danos estruturais moderados. Danos não estruturais graves.
Presença de fendas em colunas, juntas, etc. Descasque do
recobrimento de betão, encurvadura das armaduras
comprimidas. Grandes fissuras em paredes divisórias.

D4 – Danos muito graves


Danos estruturais graves. Danos não estruturais muito
graves. Grandes aberturas nos elementos estruturais.
Inclinação de colunas e/ou colapso de algumas colunas ou
de um piso superior.

D5 – Colapso
Destruição Colapso total ou parcial da estrutura.

75
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

4.6 Comentários finais

A metodologia proposta para a avaliação da vulnerabilidade sísmica assenta na junção de


uma metodologia tipológica com uma convencional, baseada na observação de danos, com
uma componente estatística que a torna interessante como metodologia de primeiro nível.
Conhecendo a sua aplicabilidade, torna-se útil para a análise de regiões ou grandes áreas.
Esta metodologia identificar 8 parâmetros fundamentais que regem o comportamento e a
resposta sísmica dos edifícios, permitindo desta forma identificar fragilidades e problemas
estruturais recorrentes em estruturas de betão armado.

A maior fonte de incerteza encontra-se na definição e atribuição dos pesos aos parâmetros,
incerteza essa que, apesar de não ter sido tratada matematicamente, foi objeto de uma
análise de sensibilidade. Os parâmetros foram então agrupados por grau de importância, de
forma a facilitar a relativização entre os pesos atribuídos a cada um dos parâmetros
definidos.

Ao longo do Capitulo 5 será aplicada a metodologia a edifícios de diferentes características


e localizações, sendo ainda apresentados os resultados da sua aplicação. Para este efeito,
será utilizado um vasto conjunto de informação de dano pós-sismo.

76
CAPÍTULO 5
EXPOSIÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

Capítulo 5. Exposição e discussão dos resultados

5.1 Enquadramento

O procedimento da metodologia de análise da vulnerabilidade sísmica foi aplicado a 91


edifícios de betão armado danificados na sequência de sismos fortes nas últimas quatro
décadas, nomeadamente no Japão, China, Itália, Peru, Espanha, Turquia, Estados Unidos
da América, Haiti, Nova Zelândia, Indonésia, Índia e México. Para a análise destes
edifícios, foram utilizados registos fotográficos de relatórios de visitas técnicas de
instituições e especialistas, que se deslocaram às zonas afetadas, produzindo “post-seismic
reports”, que são amplamente divulgados pela comunidade científica e técnica. Algumas
conseguiram ter acesso a outros tipos de registo, como o projeto de solução estrutural,
materiais usados e características do solo, em que todos esses aspetos importantes serviram
para maior fiabilidade dos resultados obtidos.
No presente capítulo são apresentadas, inicialmente, para cada um dos oito parâmetros que
compõem metodologia, as classificações obtidas para o universo total dos edifícios
avaliados. A exposição é concluída com a indicação e justificação dos pressupostos tidos
em conta na classificação e com a discussão dos resultados obtidos. A classificação dos
parâmetros também permitiu o calculo de um índice de vulnerabilidade para cada edifício
analisado, a partir da soma ponderada das pontuações obtidas. Foi também elaborada a
análise dos graus de confiança para cada parâmetro, tendo em conta o tipo e a
fiabilidade/rigor da informação.
Após a análise do índice de vulnerabilidade para os edifícios de betão armado, interessou
também estimar o grau de dano para cada um deles, sendo que, o grau de dano médio foi
obtido a partir da média dos graus de danos atribuídos por um conjunto de investigadores
que colaboraram no estudo, de forma a esse valor de dano ser mais fiável. Por fim,
procedeu-se ao desenvolvimento da expressão analítica de dano, permitindo assim fazer
estimativa de dano nos edifícios de betão armado.
Toda a informação está apresentada no Anexo II onde estão todos os edifícios analisados
com os respetivos graus de dano médio, a intensidade, a classificação EMBA e o índice de
vulnerabilidade de que cada edifício.

79
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

5.2 Classificação dos parâmetros

5.2.1 Parâmetro P1 – Implantação do Edifício

A análise deste parâmetro envolve o conhecimento relativo do tipo de solo em que o


edifício se localiza. A falta de informação acerca do tipo de solo existente nas regiões em
estudo, obrigou a que a atribuição das classes fosse modificada, isto é, não havendo
informação do solo, optou-se por considerar um solo B como valor médio para este
parâmetro, dado ser desconhecido. Depois, com a presença de situações modificadoras,
como por exemplo, a inclinação do solo, a classe de vulnerabilidade aumenta. Como os
tipos de solo B e C estão associados à classe de vulnerabilidade B, é de esperar que esta
seja a classe dominante para este parâmetro. Após a análise dos resultados obtidos pelas
fichas de inspeção, a classe de vulnerabilidade B foi atribuída em 81 dos 91 edifícios
analisados (em cerca de 89% dos casos). Os casos das classes de vulnerabilidade C e D,
são referentes àqueles em que o edifício estava em zona com moderada/elevada inclinação,
ou zonas de aterro ou vale. Estas classes atribuídas a poucos casos, pois só a partir do
registo fotográfico, por vezes, não era suficiente para identificar se o edifício se encontra
edificado sobre um solo inclinado, ou em zona de aterro. Os resultados da classificação
deste parâmetro encontram-se expostos na Figura 5-1.

Parâmetro P1 - Implantação do Edifício

81
nº de Edifícios

0 3 7

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-1 - Distribuição dos edifícios pelas classes de vulnerabilidade do parâmetro P1

80
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

5.2.2 Parâmetro P2 – Posição no quarteirão

A análise deste parâmetro envolve o conhecimento relativo ao quarteirão onde o edifício


está inserido. A Figura 5-2 ilustra os resultados da classificação do presente parâmetro.
Como se pode observar, a classe de vulnerabilidade B é a que foi atribuída à maioria dos
edifícios, enquanto que as classes de vulnerabilidade A, C e D nesta amostra tiveram a
mesma expressão. O destaque na classificação da classe de vulnerabilidade B sucede
devido à disposição dos edifícios, em agregados. Sendo que a maior parte dos edifícios
analisados são edifícios de “banda meio”, a interação entre os edifícios adjacentes penaliza
a classe de vulnerabilidade inicial que lhe é atribuída, e por essa razão, a classe de
vulnerabilidade B apresenta uma discrepância acentuada em relação às restantes classes.

Parâmetro P2 - Posição no quarteirão


74
nº de Edifícios

5 10
2

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-2 - Distribuição dos edifícios pelas classes de vulnerabilidade do parâmetro P2

5.2.3 Parâmetro P3 – Idade do edifício

A análise deste parâmetro envolve o conhecimento relativo ao período em que o edifício


foi construído, e implicitamente à qualidade da sua construção. Mais uma vez, a falta de
informação acerca da data/época em que o edifício foi construído, assumiu-se que a
atribuição das classes fosse modificada, isto é, caso não houvesse informação sobre a data
de construção, sugeria-se que o edifício fosse classificado como tendo sido construído
entre 1983 e 1998, uma vez que nesse período os edifícios já seriam projetados segundo o
regulamento de segurança e ações para estruturas de edifícios e pontes (RSA) e pelo
regulamento de estruturais de betão armado e pré-esforçado (REBAP), em que já são
quantificadas as ações sísmicas no projeto dos edifícios, tornando-se assim não

81
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

beneficiador, nem prejudicante da classe, em caso de dúvida. A esse período (1983-1998) é


atribuído a classe de vulnerabilidade B.
No entanto, como a qualidade da construção dos edifícios identificados era,
maioritariamente medíocre, fazia com que a classe fosse penalizada e lhe fosse atribuída a
classe de vulnerabilidade C. A Figura 5-3 ilustra os resultados da classificação do presente
parâmetro e, como se pode verificar, a classe de vulnerabilidade C foi a mais expressiva,
54 em 91 edifícios, e como se esperaria a classe de vulnerabilidade A não apresenta
qualquer edifício.

Parâmetro P3 - Idade do edifício


54
nº de Edifícios

26
11
0

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-3 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P3

5.2.4 Parâmetro P4 – Irregularidade em planta

A análise deste parâmetro envolveu o uso de critérios de excentricidade e de critérios


geométricos. Os edifícios analisados são maioritariamente regulares logo era expectável
que as classes de vulnerabilidade predominantes fossem as classes de vulnerabilidade A ou
B. Os resultados obtidos pela classificação do parâmetro podem ser visualizados na Figura
5-4. Através da análise dessa Figura 5-4, é de referir uma grande discrepância entre a
classe de vulnerabilidade A e B porque, apesar de ter sido analisado um conjunto alargado
de fotografias onde as informações dos relatórios, muitas vezes não era suficiente para
poder fazer uma análise mais assertiva do edifício, nomeadamente em relação à
localização, excêntrica ou não, da caixa de elevador. Neste caso em particular, seriam
necessárias fotografias mais reveladoras da entrada do edifício para retirar qualquer dúvida
sobre o posicionamento da caixa de elevador.

82
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

Parâmetro P4 - Irregularidade em Planta

58
nº de Edifícios

17
10 6

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-4 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P4

5.2.5 Parâmetro P5 – Irregularidade em altura

Os resultados da classificação deste parâmetro estão expostos na Figura 5-5. É possível


constatar que a maioria dos edifícios analisados são de classe de vulnerabilidade B e C. O
motivo pelo qual existem poucos edifícios avaliados com classe de vulnerabilidade A
prende-se com a existência de espaços comercias ou garagens no piso térreo dos edifícios,
sendo a altura entre esse piso e os pisos superiores diferente. Apenas 3 edifícios foram
avaliados com a classe de vulnerabilidade D, sendo estes os que apresentaram algum tipo
de recuo, e outros 4 edifícios foram avaliados com classe de vulnerabilidade A,
apresentando regularidade em altura.

Parâmetro P5 - Irregularidade em altura

45
39
nº de Edifícios

4 3

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-5 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P5

83
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

5.2.6 Parâmetro P6 – Existência de mecanismo de soft-storey

A Figura 5-6 ilustra os resultados obtidos após a classificação dos 91 edifícios


inspecionados relativamente à presença de mecanismo soft-storey. Como se pode analisar
pela Figura 5-6, apenas se classificou em classes de vulnerabilidade A e D, isto porque, a
classificação é binária, pois o edifício ou apresenta, ou não apresenta, grande
suscetibilidade a este mecanismo. A classe de vulnerabilidade D foi atribuído ao maior
número de edifícios, porque os edifícios analisados apresentaram pisos vazados com
grandes aberturas ao nível do rés-do-chão, devido aos espaços com funções comerciais, ou
apenas por uma questão estética.

Parâmetro P6 - Existência de mecanismo de soft-storey

64
nº de Edifícios

27

0 0

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-6 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P6

5.2.7 Parâmetro P7 – Presença de pilares curtos

Os resultados da classificação deste parâmetro estão expostos na Figura 5-7. É possível


constatar que a maioria dos edifícios analisados, 63 dos 91 edifícios, não possui pilares
curtos na estrutura, sendo estes classificados com classe de vulnerabilidade A. É de realçar
que não houve edifícios classificados com a classe de vulnerabilidade B, isto porque os
edifícios analisados não apresentavam pilares curtos nos pisos superiores. Muitos desses
pilares curtos encontravam-se no piso térreo ou enterrados, devido às janelas ou entradas
de ar para as garagens.

84
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

Parâmetro P7 - Presença de pilares curtos

63
nº de Edifícios

22
6
0

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-7 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P7

5.2.8 Parâmetro P8 – Outros elementos

A Figura 5-8 ilustra os resultados obtidos após a classificação dos 91 edifícios


inspecionados relativamente à existência de elementos não estruturais com risco de queda
e dano. A maioria dos edifícios isto devido à não existência de elementos não estruturais
com risco de dano ou queda, classe de vulnerabilidade A, ou de apresentarem apenas
platibandas, classe de vulnerabilidade B. É de salientar que apenas 8 dos 91 edifícios foi
atribuído a classe mais desfavorável, classe de vulnerabilidade D, devido à existência de
platibandas e avançados.

Parâmetro P8 - Outros elementos

39
nº de Edifícios

36

8 8

A B C D
Classe de Vulnerabilidade

Figura 5-8 - Distribuição dos edifícios por classes de vulnerabilidade do parâmetro P8

85
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

5.2.9 Índices de vulnerabilidade

A classificação dos 8 parâmetros da metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica


permitiu calcular um índice de vulnerabilidade para cada edifício analisado, a partir de
uma soma ponderada normalizadas das pontuações, referentes às classes de
vulnerabilidade atribuídas a cada parâmetro. Como foi exposto na Seção 4.3, o valor do
*
índice de vulnerabilidade, Iv ,varia entre 0 e 500 e por uma questão de interpretação, é
comum usar-se o valor do índice de vulnerabilidade normalizado, Iv, em que os valores
variam entre 0 e 100. Na Tabela 5-1 apresenta o valor médio e desvio padrão do índice de
vulnerabilidade obtidos para todos os edifícios em análise.
Tabela 5-1 - Valor médio dos índices de vulnerabilidade obtidos

Iv,médio Desvio padrão

38.73 12.3

A Figura 5-9 apresenta-se um histograma que associa os valores calculados dos índices de
vulnerabilidade, agrupados em intervalos, com a número de edifícios analisados. Verifica-
se que o intervalo entre 30 a 40 é o que apresenta o maior número de edifícios e verifica-se
que cerca de 45.1% dos edifícios possui um Iv acima do valor 40, enquanto cerca de 17.6%
tem um índice de vulnerabilidade acima do valor 50. O valor máximo e mínimo obtido
para o Iv, foi de 75 e 7.5, respetivamente.

35
30
30
25
25
Nº de Edifícios

20

15 12 13

10
6
5 2 2 1 0
0
0 a 10 10 a 20 20 a 30 30 a 40 40 a 50 50 a 60 60 a 70 70 a 80 Superior a
Iv 80

Figura 5-9 - Distribuição dos edifícios analisados pelos intervalos de valores dos índices de vulnerabilidade

86
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

5.2.10 Resultados das classificações

De seguida é apresentado na Figura 5-10 a distribuição das classes de vulnerabilidade dos


parâmetros da metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica, pela percentagem de
edifícios analisados. Após a análise da figura, é possível perceber quais os parâmetros que
mais influência apresentam no cálculo do Iv. Atendendo à figura, conclui-se que o
parâmetro P6, correspondente à existência de mecanismo de Soft-storey, possui o maior
número de edifícios pertencentes à classe de vulnerabilidade D (cerca de 70% dos edifícios
analisados), seguido pelo parâmetro P3 que corresponde à idade do edifício, com cerca de
28% dos edifícios analisados, enquanto que o parâmetro P7, que avalia a presença de
pilares curtos detêm o maior número de edifícios pertencentes à classe de vulnerabilidade
A (cerca de 69% dos edifícios analisados), ao qual se segue o parâmetro P8, referente aos
outros elementos não estruturais, com 43% dos edifícios.

Classe A Classe B Classe C Classe D


100%

90%

80%

70%
% de Edifícios

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Parâmetros

Figura 5-10 - Influência de cada parâmetro no cálculo do Iv

87
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

5.3 Grau de confiança

A classificação de cada parâmetro na análise dos vários edifícios envolveu a associação de


um grau de confiança à mesma, que traduz a confiança na classificação efetuada tendo em
conta o detalhe e a fiabilidade da informação na qual se baseou. A incerteza na atribuição
da classe do parâmetro é influenciada por diferentes razões, tais como, a falta de
observação direta de um elemento ou solução construtiva, a ausência de informação, etc.
Os graus de confiança atribuídos são: E (elevado); M (médio); B (baixo) e A (ausente). A
subdivisão e a atribuição de um valor numérico aos graus de confiança proporcionaram
uma definição mais pormenorizada e esclarecedora da confiança associada à classificação
dos parâmetros da metodologia de análise da vulnerabilidade sísmica. A Tabela 5-2
apresenta as classes consideradas e os respetivos limites quantitativos.

Tabela 5-2 - Graus de confiança e respetivos intervalos de quantificação

Graus de confiança Intervalo numérico

E 4.00

E- 3.99 – 3.75

E/M 3.74 – 3.25

M+ 3.24 – 3.01

M 3.00

M- 2.99 – 2.75

M/B 2.74 – 2.35

B+ 2.34 – 2.01

B 2.00

B- 1.99 – 1.75

B/A 1.74 – 1.25

A+ 1.24 – 1.01

A 1.0 – 0.00

88
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

Com base nestes intervalos de quantificação, obteve-se o grau de confiança médio


associado à classificação de cada parâmetro e a cada edifício no universo analisado.
Como se pode ver na Figura 5-11, o grau de confiança médio com maior
representatividade é o E/M, sendo que constitui o grau de confiança médio dos parâmetros
P2, P5 e P7 (posição no quarteirão, irregularidade em altura e presença de pilares). O grau
de confiança que lhe segue é o E-, com dois parâmetros P6 e P8 (existência de mecanismo
soft-storey e outros elementos estruturais). O parâmetro P1, que corresponde à implantação
do edifício, apresenta o grau de confiança médio mais baixo (A+), devido à falta de
informação acerca do tipo de solo existente nas regiões em estudo.

P2, P5, P7
3
Nº de parâmetros

P6, P8
2

P1 P3 P4
1

0
A A+ B/A B- B B+ M/B M- M M+ E/M E- E
Grau de confiança médio

Figura 5-11 – Distribuição dos parâmetros pelo grau de confiança médio

A Figura 5-12 expõe o grau de confiança médio na classificação dos edifícios, ou seja,
corresponde à média do grau de confiança atribuído em cada parâmetro na classificação
de um determinado edifício. Verifica-se que os conjuntos mais substanciais de edifícios
possuem um grau de de confiança médio de E/M, com 24 edifícios (cerca de 22%), e M+,
com 23 edifícios (cerca de 21%). Nesta análise verifica-se que existe 5 edifícios com grau
de confiança medio baixo. O Grau de confiança médio de B- apresenta 3 edifícios (cerca
de 3%), enquanto que os graus de confiança médio de B e B+ apresentam 1 edifício cada
(cerca de 1%).

89
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

30

24
25 23

19
20
Nº de edificios

15
10 10
10

5 3
1 1
0 0 0 0 0
0
A A+ B/A B- B B+ M/B M- M M+ E/M E- E
Niveis de Confiança

Figura 5-12 – Distribuição dos edifícios pelo grau de confiança médio associado à respetiva classificação

Numa análise do grau de confiança médio em relação aos índices de vulnerabilidade de


cada edifício analisado, como se pode ver na Figura 5-13, o intervalo 2,75 até 4 apresenta
um elevado número de edifícios. Visto que até a esse intervalo, o grau de confiança médio
corresponde ao M-, consegue-se dizer que esses valores do Iv estão corretos. Cerca de 15
edifícios (13 % dos edifícios) apresentam um Iv com alguma discrepância visto que o grau
de confiança começa a ser relativamente baixo.

Edificios

80
70
Índice de vulnerabilidade

60
50
40
30
20
10
0
0 0.25 0.5 0.75 1 1.25 1.5 1.75 2 2.25 2.5 2.75 3 3.25 3.5 3.75
Grau de confiança médio

Figura 5-13 – Relação entre o grau de confiança e o índice de vulnerabilidade atribuído a cada edifício analisado

90
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

5.4 Estimativa de dano

5.4.1 Grau de dano dos edifícios analisados

Após a análise do índice de vulnerabilidade para os edifícios de betão armado, interessa


estimar o grau de dano médio, µD, para cada um deles. A atribuição do grau de dano a cada
edifício, foi atribuído individualmente por um grupo de investigadores, assumindo depois à
media desses valores. Com este procedimento, alcançou-se um grau de dano mais fiável
para a obtenção da expressão de dano. Não existindo quaisquer curvas desenvolvidas e
validadas para o caso dos edifícios de betão armado, que correlacionassem a severidade da
ação sísmica com o dano atribuído, procedeu-se à utilização de informação e
documentação dos 91 edifícios atingidos pelos sismos escolhidos em diferentes partes do
mundo, mas atingidas com diferentes intensidades. Esta avaliação realizada aos 91
edifícios, permitiu, obter uma correlação entre o índice de vulnerabilidade obtido, a
intensidade macrossísmica registada no local, e o dano observado. A Figura 5-14
demonstra a variação do grau de dano médio por intensidade sísmica de cada edifício. Os
sismos de intensidade V e VI foram excluídos para a obtenção das curvas de
vulnerabilidade por terem sido analisados um número muito reduzido de edifícios.

I(EMS-98)=VII I(EMS-98)=VIII I(EMS-98)=IX


13
8 7 7 12 10 14 12
10 12
6 8
Nº de edifícios

Nº de edifícios
Nº de edifícios

8 10
6
8
4 3 6 5
6
4 3
2 1 1 4
2 0 0 2 0
0 0 0
D1 D2 D3 D4 D5 D1 D2 D3 D4 D5 D1 D2 D3 D4 D5
Grau de dano Grau de Dano Grau de Dano

Figura 5-14 - Histograma de distribuição de dano para Intensidades VII, VIII e IX

A análise da figura permite-nos verificar que para um cenário com intensidade sísmica
igual ou superior a VIII, os edifícios apresentam um elevado número de grau de dano

91
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

médio na ordem de Dk = 4 e Dk = 5. Isto significa que a maioria destes edifícios, em


cenário sísmico, iria apresentar danos severos ou até mesmo o colapso.

5.4.2 Formulação da expressão de dano para edifícios de betão armado

A metodologia utilizada na elaboração do estudo de vulnerabilidade sísmica constitui uma


versão adaptada da Escala Macrossísmica Europeia, EMS-98, por Giovinazzi e
Lagomarsino (2004). Os autores elaboraram um índice de vulnerabilidade para cada
tipologia construtiva com 5 valores representativos do valor da vulnerabilidade que pode
assumir: VI*,VI-,VI+,VImin e VImax. Desses valores, o VI* corresponde ao valor mais provável
para uma tipologia especifica de construção e os valores de VImin e VImax correspondem ao
menor e ao maior valor de intervalo que cada tipologia construtiva pode assumir, como se
pode verificar na Tabela 5-3. A cada tipologia construtiva associa-se um índice de
vulnerabilidade, V, que assume valores entre 0 e 1 e descreve a mesma em termos da
percentagem que representa para as várias tipologias, classificadas de A a F sendo que a
tipologia A aquela que representa o pior comportamento à ação sísmica e a tipologia F o
melhor comportamento sismo-resistente. O que foi referido anteriormente pode ser visto na
Tabela 5-4, onde a atribuição das classes às diferentes tipologias construtivas é
representado pela atribuição de cores: Cinzento escuro representa a classe mais provável, a
cinzento representa a classe possível e a cinzento claro representa a classe improvável.
Tabela 5-3 - Índices de vulnerabilidade para cada tipologias de betão armado. Fonte: Giovinazzi (2005)

Indicador de vulnerabilidade
Tipologia construtiva
VImin V I- V I* V I+ VImax

Estrutura de betão armado sem resistência


0.3 0.49 0.644 0.8 1.02
sísmica (RC1)

Estrutura de betão armado com moderada


0.14 0.33 0.484 0.64 0.806
resistência sísmica (RC2)
Estrutura de betão armado com elevada
-0.02 0.17 0.324 0.48 0.7
Betão resistência sísmica (RC3)
armado Paredes de betão armado sem resistência
0.3 0.367 0.544 0.67 0.86
sísmica (RC4)
Paredes de betão armado com moderada
0.14 0.21 0.384 0.51 0.7
resistência sísmica (RC5)
Paredes de betão armado com elevada
-0.02 0.047 0.224 0.35 0.54
resistência sísmica (RC6)

92
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

Tabela 5-4 - Atribuição da classe de vulnerabilidade às diferentes tipologias construtivas. Fonte: Giovinazzi (2005)

Indicador de vulnerabilidade
Tipologia construtiva
A B C D E F
Estrutura de betão armado sem resistência
sísmica (RC1)
Estrutura de betão armado com moderada
resistência sísmica (RC2)
Estrutura de betão armado com elevada
Betão resistência sísmica (RC3)
armado Paredes de betão armado sem resistência sísmica
(RC4)
Paredes de betão armado com moderada
resistência sísmica (RC5)
Paredes de betão armado com elevada resistência
sísmica (RC6)

Como se apresenta na Equação 5.1, baseada na equação proposta por Vicente (2008), a
partir deste valor do índice de vulnerabilidade, V, é construída a função de vulnerabilidade,
traduzida por uma expressão analítica para o edifício, ou tipologia de edifícios para
diferentes intensidades macrossísmicas, EMS-98 (Grünthal, 1998), com o grau de dano
médio, µD, que assume valores entre 0 e 5.

𝑥 + 𝑏 × 𝑉 − 11.6
𝜇𝐷 = 𝑎 × 1 + tanh (5.1)
𝑄

Este valor de grau de dano médio, µD, depende das variáveis a e b que serão obtidas
através de repetidas calibrações de forma a obter melhores valores da variável x, que
representa a intensidade macrossísmica, da variável V, que é o índice de vulnerabilidade, e
de um coeficiente Q que é referente à ductilidade de uma determinada tipologia estrutural.
Com base no índice de vulnerabilidade, V, é possível calcular as probabilidades de serem
alcançados ou excedidos cada um dos diversos graus de dano propostos na EMS-98 (D1 a
D5) em função da intensidade. O valor de V é obtido através da Equação (5.2), onde d e e
são variáveis dependentes dos valores de Giovinazzi e Lagomarsino para cada tipologia e o
Iv é o índice de vulnerabilidade obtido da análise de cada edifício.

93
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

𝑉 = 𝑑 + 𝐼𝑣 × 𝑒 (5.2)

Para a obtenção do valor do índice de vulnerabilidade, V, referente à metodologia


macrossísmica foram formuladas três hipóteses. Numa primeira hipótese obteve-se a
Equação (5.3) usando os valores do VImin e o VImax referente à tipologia RC1, da Tabela 5-3.
Para a variável d utilizou-se o maior valor do VImin e para a obtenção do valor da variável e,
atribui-se ao V o valor de 1.02, referente ao maior valor do VImax, e ao Iv o valor máximo de
100 obtendo assim o valor de 0.0072 para a variável e. Esta hipótese foi excluída porque
não englobava todos os casos dos tipos de construção presentes na Tabela 5-3 pois no caso
de o Iv ser 0 o valor de V seria 0.3.

𝑉 = 0.3 + 𝐼𝑣 × 0.0072 (5.3)

Da segunda hipótese resultou a Equação (5.4), usando os valores médios do VImin e do VImax
da Tabela 5-3. Para a variável d utilizou-se o maior médio do VImin e para a obtenção do
valor da variável e atribui-se ao V o valor médio do VImax e ao Iv o valor máximo de 100
obtendo assim o valor de 0.0066 para a variável e. Esta hipótese também foi excluída
porque não englobava todos os valores que do índice de vulnerabilidade, VI, presentes na
Tabela 5-3.

𝑉 = 0.2 + 𝐼𝑣 × 0.0066 (5.4)

Finalmente, na terceira e última hipótese analisada, a Equação (5.5) resulta da utilização do


valor mais baixo do VImin e do valor mais elevado do VImax, apresentados na Tabela 5-3.
Para a variável d utilizou-se o menor valor do VImin e para a obtenção do valor da variável e
atribui-se ao V o valor de 1.02, referente ao maior valor do VImax, e ao Iv o valor máximo de
100 obtendo assim o valor de 0.0104 para a variável e. Esta foi a hipótese escolhida pois
assim consegue abranger todos os índices de vulnerabilidade, V, para todas as tipologias
dos edifícios de betão armado presentes na Tabela 5-3.

94
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

𝑉 = −0.02 + 𝐼𝑣 × 0.0104 (5.5)

Depois de conseguido chegar à expressão para a obtenção do valor de V, utilizou-se o


programa informático Matlab® para a realização de sucessivos ajustes e calibrações.
Procedeu-se à importação dos dados sobre os edifícios para a ferramenta de curve fitting
tool. Esta ferramenta permite comparar vários modelos de aproximação para equações
personalizadas, fornecendo como output os valores que, para cada uma das variáveis livres
da equação, conduzem ao melhor ajuste entre a expressão analítica e as observações. Na
utilização deste programa procedeu-se à escolha de certos dados para a obtenção da
expressão de dano. Para a lista x utilizou-se a intensidade macrosísmica e, na lista y,
utilizou-se o grau de dano médio obtido para cada um dos 91 edifícios avaliados.
Utilizando como valor fixo o valor médio do índice de vulnerabilidade (Ivmédio=38.73) e
admitindo que a curva apresenta um desenvolvimento do tipo hiperbólico, chegou-se à
expressão analítica de grau de dano médio, µD, dada pela Equação 5.6, onde as variáveis a
e b assumem, respetivamente, os valores de 2.839 e 10.79. Importa ainda acrescentar
que foi atribuído o valor de 5.0 ao coeficiente Q, valor este estipulado em consonância com
as indicações REBAP (REBAP, 1983) para os edifícios de betão armado.

𝐼 + 10.79 × 𝑉 − 11.6
𝜇𝐷 = 2.839 × 1 + tanh (5.6)
5

A Figura 5-15 apresenta a aproximação obtida para um índice de vulnerabilidade de 38.73


(o índice de vulnerabilidade médio para os 91 edifícios analisados), através de uma curva
polinomial de 3º grau. Os 3 pontos representados a azul escuro foram obtidos através da
média dos valores resultantes da aplicação Iv aos edifícios avaliados para as intensidades
VII, VIII e IX. Como se pode verificar o desenvolvimento da curva obtida ajusta-se bem
aos pontos resultantes da observação. Como se pode observar na Tabela 5-5, esta diferença
é mais significativa apenas para a intensidade VIII.

95
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

5.0

4.0
Grau de dano médio

uD atribuido a cada
edificio
3.0
uD médio obtido pelo
Ivmédio
2.0 uD médio obtido pela
observação
1.0

0.0
5 6 7 8 9 10 11 12
Intensidade

Figura 5-15 - Curva de melhor ajuste aos valores médios de dano avaliados aos edifícios

Tabela 5-5 – Diferença percentual entre o µD médio observado e o µD médio pela expressão

Intensidade µD médio observado µD médio pela expressão Diferença %

VII 2,5 2,573 2,92%


VIII 3,6 3,138 12,81%
IX 3,7 3,681 0,49%

Na Figura 5-16 apresentam-se as curvas de vulnerabilidade, construídas com o valor médio


do índice de vulnerabilidade definidos pela adição e subtração, simples ou dupla, do valor
obtido para o desvio padrão de valor 12.3 da distribuição do índice de vulnerabilidade
médio dos 91 edifícios avaliados. A análise das curvas de vulnerabilidade permite concluir
que o intervalo de variação do grau de dano para uma determinada intensidade sísmica é
considerável.

Com a análise do gráfico da Figura 5-16 é de notar que, quando um edifício apresenta um
índice de vulnerabilidade elevado, superior a 51, valor alcançável se o edifício em análise
apresentar problemas estruturais como soft-storey, pilares curtos ou certas irregularidades
estruturas, para uma intensidade macrosísmica de V, este já poderá apresentar um grau de
dano de valor 2 ou 3, o que levará a danos severos no edifício. Já se for sujeito a
intensidades macrosísmicas VIII ou IX, este já poderá apresentar grau de dano de valor 4,
ou até mesmo superior, levando o edifício a apresentar danos muitos graves na sua
estrutura, ou até mesmo ao colapso do edifício. Um edifício que não apresente problemas

96
Capítulo 5 – Exposição e discussão dos resultados

estruturais relevantes conduzirá a um índice de vulnerabilidade baixo, com valores


inferiores a 26. Caso esse edifício seja sujeito a uma intensidade sísmica V, vai apresentar
um grau de dano médio de valor 1 e, mesmo sendo sujeito a intensidades macrosísmicas de
VIII ou IX, o edifício não vai apresentar graus de dano superiores a 2 e 3. Desta forma, o
edifício poderá apresentar danos severos, mas não colapsa.

Curvas de Vulnerabilidade

4 Ivmédio = 38,73
Grau de dano médio

3 Iv = 51,08 (Ivmédio
+ Desvio padrão)

Iv = 26,38 (Ivmédio
2 - Desvio padrão)

Iv = 63,43 (Ivmédio
+ 2.Desvio padrão)
1
Iv = 14,03 (Ivmédio
- 2.Desvio padrão)
0
5 6 7 8 9 10 11 12
Intensidade I (EMS-98)

Figura 5-16 – Curvas de vulnerabilidade para os edifícios de betão armado

97
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

5.5 Comentários finais

Após a avaliação e análise dos resultados obtidos, é possível retirar algumas conclusões
sobre todo este processo. A análise do índice de vulnerabilidade sísmica permitiu
identificar os parâmetros que mais influenciam o comportamento dos edifícios quando
sujeitos a um sismo, permitindo assim, uma calibração dos pesos de cada parâmetro na
formulação do Iv. Em relação ao grau de confiança médio dos parâmetros, a sua análise
permitiu saber quais os parâmetros que deverão ter um estudo mais detalhado, de modo a
melhorar e controlar a qualidade dos resultados do índice de vulnerabilidade. O
desenvolvimento e calibração de uma expressão de grau de dano médio permitiu obter o
grau de dano do edifício, quando este é sujeito a uma certa intensidade. De forma geral,
quando o edifício apresenta um índice de vulnerabilidade elevado, este estará mais
propenso a sofrer mais danos, mesmo que sujeito a uma intensidade sísmica reduzida.

Por fim, a metodologia proposta para a avaliação da vulnerabilidade sísmica baseada na


observação de danos, assume-se como uma abordagem de tipo first level, pois identifica 8
parâmetros fundamentais neste tipo de construção, que regem o comportamento e a
resposta sísmica dos edifícios, sendo de grande interesse para a análise de regiões ou
grandes áreas, numa perspetiva de mitigação, sendo que a sua maior vantagem passa por
ser aplicada, mesmo com limitada utilização de recursos.

98
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE TRABALHO
FUTURO
Capítulo 6 – Conclusões e propostas de trabalho futuro

Capítulo 6. Conclusões e propostas de trabalho futuro

6.1 Principais conclusões

O objetivo principal desta dissertação consistiu numa proposta e desenvolvimento de uma


metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de betão armado
existentes. Este trabalho foi desenvolvido em 4 fases: na primeira fase, procedeu-se à
discussão e seleção dos diversos parâmetros de avaliação da vulnerabilidade, bem como à
atribuição dos seus respetivos pesos e classes de vulnerabilidade. Na segunda fase,
aplicou-se a metodologia a um grupo de edifícios com danos observados em sismos
recentes, com objetivo de se obter o índice de vulnerabilidade de cada um. Nesse ponto,
também se atribuiu a cada parâmetro analisado um grau de confiança, tendo em conta o
tipo e a fiabilidade da informação adquirida. Com a análise do grau de confiança
conseguiu-se saber se os índices de vulnerabilidade anteriormente obtidos estavam
adequados. Já na terceira fase, uma série de observadores procedeu à atribuição do grau de
dano de cada edifício, tendo sido obtendo desta forma o grau de dano médio para cada
edifício. Na quarta e última fase, procedeu-se à análise dos valores obtidos e à sua
introdução no programa Matlab®, para a obtenção da equação do grau de dano para os
edifício de betão armado, bem como as respectivas curvas de vulnerabilidade.

Esta metodologia, utilizando poucos elementos e de fácil expedita e sem necessidade de


entrar dentro dos edifícios, torna-se rápida e simples de aplicar na análise do rastreio do
risco sísmico em larga escala. Através dela é possível desenvolver cenários de dano que
permitem ter uma visão global de um risco sísmico desta tipologia.

A análise dos resultados da aplicação do índice de vulnerabilidade dos edifícios de betão


armado contribuiu para identificar os parâmetros que mais influenciam o comportamento
destas estruturas quando sujeitos a um sismo, permitindo assim, uma melhor calibração
dos pesos de cada parâmetro na formulação do Iv. Numa análise global aos parâmetros
obtidos em todos os casos de estudo, verifica-se uma maior vulnerabilidade para os
edifícios mais antigos. Esta vulnerabilidade surge associada às soluções estruturais

101
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

inadequadas adotadas no projeto e construções tradicionais. Para que os resultados obtidos


permaneçam fidedignos é necessário que os parâmetros escolhidos sejam recolhidos com
qualidade, garantindo desta forma uma adequada capacidade de avaliação do
comportamento sísmico dos edifícios. O desenvolvimento e calibração da expressão de
vulnerabilidade sísmica permitiu determinar um grau de dano associado ao edifício,
quando este é sujeito a uma certa intensidade sísmica. De forma simplificada, quando o
edifício apresenta um índice de vulnerabilidade elevado, este estará mais propenso a sofrer
mais danos, mesmo que sujeito a uma intensidade sísmica reduzida.

Embora os resultados obtidos sejam adequados, estão naturalmente afetados por eventuais
erros e imprecisões associados às suposições admitidas, sendo por isso considerado que é
necessária uma avaliação mais rigorosa e abrangente, de modo a tornar esta metodologia
mais robusta. Será assim necessária uma revisão mais aprofundada para os parâmetros
associados a problemas do solo, com intenção de compreender melhor a interação existente
entre o edifício e o próprio solo de forma a avaliar o seu verdadeiro comportamento numa
eventual ocorrência de um sismo. Já no parâmetro associado à idade da sua construção,
aplicada ao regulamento sísmico da sua época, será também necessária uma avaliação mais
detalhada a partir da consultada dos projetos, ou informação do quarteirão em que este está
inserido.

Apesar disso, esta metodologia foi aplicada com sucesso aos vários edifícios estudados,
fornecendo indicações acerca de quais os edifícios potencialmente mais vulneráveis e que
eventualmente poderão necessitar de alguma intervenção de reforço estrutural, de modo a
cumprirem os critérios de segurança impostos pelas atuais normas sísmicas. Por fim, esta
metodologia pode ser considerada como uma ferramenta base a ser aplicada numa primeira
análise, first level, de um processo de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de
betão armado sendo que, a sua maior vantagem, passa por ser aplicada mesmo com
limitada utilização de recursos.

102
Capítulo 6 – Conclusões e propostas de trabalho futuro

6.2 Perspectivas de trabalho futuro

Ao longo desta dissertação, foram identificadas diversas linhas de desenvolvimento futuro.


Indicam-se de seguida, alguns trabalhos de interesse desenvolver:

• Aplicação da metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios de


betão armado a outros casos de estudo, de preferência a uma localidade onde for
feito o estudo, de forma a poder deslocar-se ao local para a recolha de informação,
contribuindo assim para melhorar a avaliação dos parâmetros analisados e obter
uma avaliação da vulnerabilidade sísmica mais rigorosa. Essa informação recolhida
pode ser integrada numa plataforma SIG e construir cenários de dano e de perda;
• Elaboração de um segundo nível de avaliação, sendo esta uma análise mais
detalhada do edifício quando este apresenta valores de índice de vulnerabilidade
elevados;
• A partir da equação de dano obtida nesta dissertação, realizar o estudo para vários
coeficientes de ductilidade;
• Aumentar a base de dados aqui fornecida nesta dissertação para sismos de
intensidade V e VI, e aferir a sua influência na curva de grau de dano médio.

103
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Bibliografia

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Varum, H., Rodrigues, H., Vicente, R., & Costa, A. (2011). A influência das paredes de
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Universidade de Aveiro. Dissertação de Doutoramento em Engenharia Civil.
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Vicente, R., Ferreira, T. M., Maio, R., Costa, A. A., Estêvão, J., Varum, H., Oliveira,
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Coimbra, Portugal. Bulletin of Earthquake Engineering, 9(4), 1067–1096.
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vulnerabilidad sísmica de edificios de mampostería. Centre Internacional de Mètodes
Numèrics en Enginyeria (CIMNE).

111
ANEXO I

FICHAS DE INSPEÇÃO
Anexo I – Fichas de inspeção

INFORMAÇÃO GERAL

1. APRESENTAÇÃO DO EDIFÍCIO

Edifício nº _______________________________________________________________
Morada : ________________________________________________________________
Proprietário : ____________________________________________________________
Inquilino : _______________________________________________________________
Ano de construção: _______________________________________________________
Edifício devoluto: Sim Não
Comercio
Utilização do edifício:
Habitacional
Data da inspeção : ________________________________________________________
Inspetores :
Nome : ________________________________________________________
Email : ________________________________________________________

Nome : ________________________________________________________
Email : ________________________________________________________

2. PREENCHIMENTO

O preenchimento das fichas visa o cálculo do índice de vulnerabilidade sísmica do edifício inspecionado. As
fichas P1 à P8 incidem sobre aspetos do edifício relevantes na avaliação da sua vulnerabilidade,
correspondendo a cada ficha um parâmetro de avaliação. O índice de vulnerabilidade é posteriormente
calculado tendo em conta a análise de cada parâmetro. Para auxilio, no handbook está a descrito o
procedimento de avaliação de cada parâmetro com mais detalhe.

No preenchimento das fichas atente às seguintes orientações:


-Existem 4 classes de vulnerabilidade por parâmetro de avaliação. A classe A é a mais favorável, ou seja, um
edifício classe A em relação a um determinado parâmetro apresenta as melhores condições, respeitantes aos
aspetos em análise, para responder a um eventual sismo, enquanto que a classe D é a mais desfavorável;
-Em cada parâmetro assinale com um "X" a classe a que pertence o edifício à frente da respetiva letra;
-Em caso de dúvida entre duas classes, opte sempre pela mais desfavorável, indicando nas observações essa
dúvida;
-Existe uma classificação designada de EMBA, a qual deve utilizar para indicar o grau de confiança de cada
parâmetro. Para isso, assinale com um "X" no espaço correspondente ao grau de confiança em causa.

Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
1

115
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

3. REGISTO FOTOGRÁFICO

Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
2

116
Anexo I – Fichas de inspeção

PARÂMETRO P1 - IMPLANTAÇÃO DO EDIFÍCIO

1.1 - Localização

Construção em terreno plano

Construção em aterro

Construção em terreno inclinado

1.2 - Tipo de solo

Solo A
Solo B
Solo C
Solo D
Solo E

Notas:

• Solo tipo A – Rocha ou outra formação geológica de tipo rochoso, que inclua, no máximo, 5 metros de
material mais fraco à superfície.
• Solo tipo B – Depósitos de areia muito compacta, de seixo (cascalho) ou de argila muito rija, com uma
espessura de, pelo menos, várias dezenas de metros, caraterizados por um aumento gradual das propriedades
mecânicas com a profundidade.
• Solo tipo C – Depósitos profundos de areia compacta ou medianamente compacta, de seixo (cascalho) ou de
argila rija com uma espessura entre várias dezenas e muitas centenas de metros.
• Solo tipo D - Depósitos de solo não coesivos de compactidade baixa a média (com ou sem alguns estratos de
solos coesivos moles), ou de solos predominantemente coesivos de consistência mole a dura.
• Solo tipo E – Perfil de solo com um estrato aluvionar superficial.

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
3

117
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

PARÂMETRO P2 - CONTEXTO URBANO

2.1 - Posição do edifício

Banda do meio (BM)

Banda extremo (BE)

Gaveto (G)

Isolado (I)

2.2 - Interação com outros edifícios

Interação com apenas um edifício pequeno (Só aplicado para o


caso BM)

Interação com 2 edifícios pequenos (só aplicado para o caso


BM)

2.3 - Desníveis do pavimento superior a 0.5 metros com o edifício adjacente

Notas:

Posição do edifício:

Desníveis do pavimento com o edifício


adjacente:

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
4

118
Anexo I – Fichas de inspeção

PARÂMETRO P3 - IDADE DO EDIFÍCIO

3.1 - Consideração da ação sísmica no projeto

Construído depois de 1998

Construído entre 1983 e 1998

Construído entre 1961 e 1983

3.2 - Qualidade da construção:

Boa

Moderada

Fraca

3.3 - Parcialmente Devoluto

Notas:

Qualidade da construção do edifício:

• Alinhamentos de armadura, espaçamento bem orientado das cintas ou estribos e comprimentos de amarração
de armadura longitudinais;
• Garantir uma boa qualidade de betão e cuidado na aplicação em obra, garantindo assim uma boa capacidade
de resistência, bem como a aderência necessária ás armaduras;
• Boa cintagem, sobretudo nas extremidades das vigas e de pilares, e correta amarração de todos os elementos
estruturais entre si;
• Garantir uma boa de execução das paredes de alvenaria.

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
5

119
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

PARÂMETRO P4 - IRREGULARIDADE EM PLANTA

4.1 - Localização excêntrica da caixa de elevador

4.2 - A maior dimensão do edifício em plantar é inferior a 4 vezes à menor


dimensão do edifício em planta (ver notas)

4.3 - Edifício apresenta um configuração em plantar compacta

Notas:

λ=Lmax/Lmim ≤4

Com:
Lmax – Maior dimensão em planta do edifício;
Lmin – Menor dimensão em planta do edifício;
(medidas nas direções ortogonais)

Para garantir uma forma compacta em planta, isto é, cada piso deve ser delimitado por uma linha poligonal
convexa (no que respeita à forma estrutural em planta definida pelos vários elementos verticais não contando,
portanto, por exemplo, com varandas em consola, caso estas existam), sendo que, caso existam reentrâncias ou
bordos recuados, estas não deverão afetar a rigidez do piso em planta e a área entre a linha exterior do piso e a
linha poligonal convexa não deverá exceder em 5% da área do piso

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
6

120
Anexo I – Fichas de inspeção

PARÂMETRO P5 - IRREGULARIDADE EM ALTURA

5.1 - Presença de recuos

Tipo A

Tipo B

Tipo C

Tipo D

5.2 - Descontinuidade do caminho de carga

5.3 - Altura diferente entre pisos

Notas:

Recuo Tipo A e B:

Recuo tipo C:

Recuo tipo D:

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
7

121
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

PARÂMETRO P6 - EXISTÊNCIA DE MECANISMO SOFT-STOREY

6.1 - Edifício com possível formação de mecanismo soft-storey

Notas:

Formação de
mecanismo soft-storey

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
8

122
Anexo I – Fichas de inspeção

PARÂMETRO P7 - PRESENÇA DE PILARES CURTOS

7.1 - Sem mecanismo do tipo pilar curto

7.2 - Possível mecanismo tipo pilar curto no piso superior

7.2.1 - Mais que um piso superior com presença de pilares curtos

7.3 - Possível mecanismo tipo pilar curto na base do edifício

7.3.1 - nº de pilares curtos suficientes para criar um mecanismo


de piso

Notas:

Mecanismo de piso criado pelos pilares


curtos presentes na base do edifício

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
9

123
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

PARÂMETRO P8 - OUTROS ELEMENTOS

8.1 - Presença de platibandas

Na cobertura

Nas varandas

8.2 - Avançados

Notas:

Tipos de Avançados

E (Elevado)
M (Médio)
Grau de confiança (EMBA):
B (Baixo)
A (Ausente)
Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
10

124
Anexo I – Fichas de inspeção

Avaliação do edifício

Grau de
Classe Observações
confiança

Parâmetro P1

Parâmetro P2

Parâmetro P3

Parâmetro P4

Parâmetro P5

Parâmetro P6

Parâmetro P7

Parâmetro P8

Iv Final

Iv Normalizado

Notas:

Folha nº
FICHAS DE INSPEÇÃO
11

125
ANEXO II

CLASSIFICAÇÃO E ÍNDICES DE
VULNERABILIDADE DOS EDIFÍCIOS AVALIADOS
Anexo II – Classificação e índices de vulnerabilidade dos edifícios analisados

Edifícios Grau de
Intensidade Iv Grau de dano confiança
Localidade Código EMBA
Pag04 8 24 3,0 M+
pet07 7 24,5 3,0 M-
pet01-02 7 10,5 2,6 M-
L'Aquila pet04-05-06 7 64 4,8 M-
pet03 7 7,5 2,2 M+
l'aquila comercio 8 33,5 2,6 M+
san gregorio 9 39 4,8 M
Emilia_ed1 7 39,5 1,0 M/B
Emilia_ed2 7 63 1,8 M-
cavezzo_ed1 8 41 5,0 E/M
cavezzo_ed2 8 34 2,2 M+
cavezzo_ed3 8 47,5 4,0 M-
cavezzo_ed4 8 47 5,0 B
cavezzo_ed5 8 38,5 3,2 M+
Bolonha
modena_ed1 7 38,5 2,0 E/M
modena_ed2 7 75 2,0 M+
modena_ed3 7 42,5 1,4 E/M
modena_ed4 7 32,5 1,8 M-
modena_ed5 7 32 2,2 M+
san_possidono_ed1 6 20 1,0 M/B
san_possidono_ed2 6 10 2,0 M
bairro de la vina ed1 7 29 2,6 M-
bairro de la vina ed2 7 38,5 2,4 M/B
Lorca
lorca ed1 7 54,5 1,8 M
lorca ed2 7 40 1,8 M-
photo1 6 59,5 4,0 M+
photo2 5 26 2,8 M
photo3 6 20 3,2 M+
photo5 5 32,5 3,4 M
Fukushima photo6 5 20,5 3,6 E/M
photo8 5 18 3,4 E/M
photo10 5 26 3,2 E/M
photo14 5 24,5 2,6 E/M
photo19 5 26,5 3,4 E/M
photo1 9 47,5 5,0 B-
photo2 9 40,5 5,0 M/B
photo3 9 47,5 4,4 M/B
photo4 9 50,5 4,4 M/B
Turquia photo5 9 52 5,0 M-
photo6 8 38,5 5,0 M-
photo7 8 53,5 5,0 E/M
photo8 8 44 5,0 M
photo9 8 41 3,4 M-

129
Metodologia de avaliação da vulnerabilidade sísmica de edifícios em betão armado

photo10 8 45,5 3,2 E/M


photo11 8 36,5 2,8 M+
photo12 9 45,5 5,0 E/M
photo13 9 47 5,0 B-
NZ 1 9 41,5 3,6 M+
NZ 2 9 32 3,6 M+
NZ 3 9 46 3,6 M+
NZ 4 9 38,5 2,6 E/M
NZ 5 9 32 2,6 M
Nova
Zelândia NZ 6 9 35 3,8 E/M
NZ 7 9 41 4,6 M-
NZ 8 9 30,5 1,4 M/B
grand chancelor 8 45,5 3,6 M/B
7-story vshape 8 34 3,4 M+
11-story bluiding 8 46 3,2 M-
India hinalchuli hotel 6 52 3,4 M-
elementary school 7 32,5 3,2 M+
Indonésia 8-story building 7 56 3,6 E/M
precast apartment 5 30 3,0 M/B
México nuevo leon 8 52 4,8 B+
school 7 40,5 3,0 E/M
peru
university 7 55,5 3,8 M+
erzincan 8 40 2,4 E/M
Turquia Bingol (dual system school) 8 27 2,6 E/M
5-story 9 47,5 3,6 M+
cal state 9 38,5 3,0 M+
USA Barrington hospital 8 32 3,2 E/M
Champagne 8 24,5 3,0 M+
2-story classroom 8 55,5 3,4 M-
Haiti teleco 8 38,5 3,2 E/M
school cafeteria 8 38 3,0 M+
Sichuan_photo1 9 32 3,6 M-
Sichuan_photo2 9 47,5 5,0 M/B
Sichuan_photo3 9 18,5 3,2 M
Sichuan_photo4 9 54,5 5,0 B-
Sichuan_photo5 9 41 4,4 M-
Sichuan_photo6 9 38,5 3,0 M-
Sichuan_photo7 9 40 4,0 E/M
China
Sichuan_photo8 9 27,5 3,4 M
Sichuan_photo9 9 18 2,0 M-
Sichuan_photo10 9 41,5 3,4 M+
Sichuan_photo11 9 38 3,8 E/M
Sichuan_photo12 9 40 1,8 M+
Sichuan_photo13 9 41,5 3,4 E/M
Sichuan_photo14 9 51,5 4,4 M+

130
Anexo II – Classificação e índices de vulnerabilidade dos edifícios analisados

Sichuan_photo15 9 42,5 1,2 E/M


Sichuan_photo16 9 56 2,4 E/M
Sichuan_photo17 9 44,5 4,0 M

131

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