Dissertação Engenharia Civil
Dissertação Engenharia Civil
Dissertação Engenharia Civil
ARMADO
JUNHO DE 2023
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2022/2023
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tel. +351-22-508 1901
[email protected]
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Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo
Autor.
Reforço de Estruturas de Betão Armado
AGRADECIMENTOS
Ao concluir esta etapa, é importante destacar e expressar a minha gratidão a todas as pessoas que
estiveram envolvidas e me apoiaram ao longo destes últimos anos.
Ao Professor Doutor João Paulo Miranda Guedes, orientador da minha dissertação, agradeço pela sua
disponibilidade, apoio, partilha de conhecimentos e informações durante todo o processo. A sua
contribuição foi fundamental para o sucesso desta dissertação.
Aos meus pais e irmãs, agradeço pelo incentivo, motivação e apoio inconstante desde o primeiro dia.
Grande parte deste sucesso devo a eles.
Agradeço à Joana, pela paciência, ajuda, por toda a compreensão e apoio incondicional no decorrer desta
etapa e nos momentos mais complicados, um obrigado especial, com carinho
Aos meus amigos, pela presença constante e por todos os momentos de convívio que partilhamos ao
longo destes anos. Sinto-me profundamente grato por fazerem parte de um número significativo de
pessoas, tornando impossível agradecer individualmente a todos os que aqui se incluem.
A todas as pessoas que fizeram parte do meu percurso na Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto, agradeço por terem tornado esta experiência única e memorável.
i
Reforço de Estruturas de Betão Armado
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
RESUMO
A intervenção em estruturas existentes tem ganho cada vez mais importância no campo da engenharia
civil devido ao envelhecimento e deterioração das construções ao longo do tempo. Muitas estruturas
alcançaram ou estão próximas de alcançar o seu limite de vida útil, o que demanda uma avaliação e em
alguns casos uma reabilitação do seu comportamento estrutural.
A reabilitação de estruturas pode ser necessária tanto para repor as condições iniciais de segurança da
estrutura quanto para realizar intervenções mais profundas, que visam elevar os níveis de segurança e
adequar a estruturas às novas exigências. Para isso, é essencial ter um conhecimento detalhado da
estrutura existente, incluindo o seu estado de degradação e o seu comportamento estrutural.
O projeto de reabilitação de estruturas de betão armado apresenta particularidades especificas devido ao
seu objetivo. É preciso desenvolver uma metodologia adequada para abordar cada projeto de
reabilitação, levando em consideração os materiais existentes, as patologias identificadas e as técnicas
de intervenção disponíveis.
Uma vez identificadas as necessidades de intervenção, existem diversas técnicas de reforço que podem
ser aplicadas. Estas incluem a adição de chapa metálicas, o uso de FRPs, o encamisamento do elemento
estrutural, utilização de um sistema de pré-esforço externo e outras soluções estruturais. A escolha da
técnica adequada depende das características especificas do projeto, da eficácia e da durabilidade
esperadas e da compatibilidade com os materiais existentes.
A presente dissertação tem como objetivo o estudo do reforço de uma viga de betão armado através da
adição de uma chapa metálica na face inferior, imposta pela necessidade de aumentar a sua capacidade
de carga, face à sua capacidade original. Para tal, a viga, original e reforçada, foi modelada com
elementos em estado plano de tensão e leis de comportamento material não linear, utilizando o software
comercial SAP2000. Foi estudado o efeito do reforço no estado de tensão dos materiais e na deformação
e fendilhação da viga. Também foi analisado a influência do comprimento da chapa metálica de reforço
nos parâmetros anteriores. Para além das análises referidas, foi também investigado a influência da
rigidez das resinas de colagem no comportamento da viga reforçada.
iii
Reforço de Estruturas de Betão Armado
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
ABSTRACT
The intervention in existing structures has gained increasing importance in the field of civil engineering
due to the aging and deterioration of buildings over time. Many structures have reached or are nearing
their limit of service life, which requires an evaluation and, in some cases, rehabilitation of their
structural behaviour.
The rehabilitation of structures may be necessary to restore the initial safety conditions of the structure
or to perform more extensive interventions that aim to enhance the levels of safety and adapt the
structures to new requirements. For this purpose, it is essential to have a detailed knowledge of the
existing structure, including its state of deterioration and its structural behaviour.
The design of rehabilitation projects for reinforced concrete structures presents specific challenges due
to its objectives. It is necessary to develop an appropriate methodology to address each rehabilitation
project, taking into account the existing materials, identified pathologies, and available intervention
techniques.
Once the intervention needs have been identified, there are various reinforcement techniques that can
be applied. These include the addition of metal plates, the use of fibre-reinforced polymers (FRPs), the
jacketing of structural elements, the implementation of an external prestressing system, and other
structural solutions. The choice of the appropriate technique depends on the specific characteristics of
the project, the expected effectiveness and durability, and the compatibility with the existing materials.
The present dissertation aims studying the strengthening of a reinforced concrete beam by adding a
metal plate at the bottom face, driven by the need to increase its original load capacity. To achieve this,
the original and reinforced beam were modelled with plane stress elements and nonlinear material
behaviour laws, using the commercial software SAP2000. The effect of metal plate on the stress state
of the materials and on the beam deformation and cracking were studied. It was also analysed the
influence of the length of the reinforcing metal plate on the aforementioned parameters. In addition, the
influence of the stiffness of the bonding resins on the behaviour of the reinforced beam was also
investigated.
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ...........................................................................................................................i
RESUMO ..........................................................................................................................iii
ABSTRACT .......................................................................................................................................v
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
1.1. OBJETIVOS DE ESTUDO ......................................................................................................... 1
1.2. ENQUADRAMENTO GERAL ..................................................................................................... 2
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................................. 2
vii
Reforço de Estruturas de Betão Armado
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
6. RESULTADOS ........................................................................................................ 45
6.1. ENQUADRAMENTO ................................................................................................................ 45
6.2. MAPAS ................................................................................................................................... 46
6.3. SECÇÃO C25/30_ Φ20 ......................................................................................................... 51
6.3.1. Tensões ............................................................................................................................... 51
ix
Reforço de Estruturas de Betão Armado
7. CONCLUSÃO.......................................................................................................... 81
7.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 81
7.2. TRABALHOS FUTUROS.......................................................................................................... 83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 85
x
Reforço de Estruturas de Betão Armado
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 8- Valores dos coeficientes de combinação das ações variáveis (NP EN 1990: 2009) ........... 19
Figura 24 - Detalhe da modelação da viga com reforço em todo o seu comprimento ........................ 40
xi
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Figura 39 – Mapa das tensões S11 no betão com 5,0 metros de chapa ............................................ 50
Figura 40 - Mapa das extensões E11 no betão com 5,0 metros de chapa ......................................... 50
Figura 41 - Mapa das tensões S11 no betão com 2,5 metros de chapa ............................................. 50
Figura 42 - Mapa das extensões E11 no betão com 2,5 metros de chapa ......................................... 51
Figura 45 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração em função do comprimento da chapa de
reforço para a secção C25/30_ ϕ20 ...................................................................................................... 52
Figura 46 - Gráfico das tensões S11 na chapa metálica para a secção C25/30_ ϕ20 ........................ 53
Figura 47 - Gráfico das tensões S11 na resina para a secção C25/30_ ϕ20 ...................................... 54
Figura 48 - Gráfico das tensões S22 na resina para a secção C25/30_ ϕ20 ...................................... 54
Figura 49 - Gráfico das tensões S12 (corte) na resina para a secção C25/30_ ϕ20 ........................... 55
Figura 50 - Gráfico das tensões S11 na chapa e na resina para a secção C25/30_ ϕ20 e diferentes
comprimentos da chapa ........................................................................................................................ 56
Figura 51 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 5 metros
de chapa ................................................................................................................................................ 56
Figura 52 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 2,5
metros de chapa .................................................................................................................................... 57
Figura 53 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 3,3 m
de comprimento de chapa ..................................................................................................................... 57
Figura 54 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 4,0 m
de comprimento de chapa ..................................................................................................................... 58
Figura 55 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração para a secção C25/30_ ϕ16 ................ 61
Figura 56 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração em função do comprimento da chapa de
reforço para a secção C25/30_ ϕ216 .................................................................................................... 61
Figura 57 - Gráfico das tensões S11 na chapa metálica para a secção C25/30_ ϕ16 ........................ 62
Figura 58 - Gráfico das tensões S11 na resina para a secção C25/30_ ϕ16 ...................................... 63
xii
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Figura 59 - Gráfico das tensões S22 na resina para a secção C25/30_ ϕ16 ...................................... 63
Figura 60 - Gráfico das tensões S12 (corte) na resina para a secção C25/30_ ϕ16 ........................... 64
Figura 61 - Gráfico das tensões S11 na chapa e na resina para a secção C25/30_ ϕ16 e diferentes
comprimentos da chapa ........................................................................................................................ 65
Figura 62 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 5,0
metros de chapa .................................................................................................................................... 65
Figura 63 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 2,5
metros de chapa .................................................................................................................................... 66
Figura 64 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 3,3 m
de comprimento de chapa ..................................................................................................................... 67
Figura 65 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 4,0 m
de comprimento de chapa ..................................................................................................................... 67
Figura 66 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração para a secção C30/37_ ϕ20 ................ 70
Figura 67 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração em função do comprimento da chapa de
reforço para a secção C30/37_ ϕ20 ...................................................................................................... 70
Figura 68 - Gráfico das tensões S11 na chapa metálica para a secção C30/37_ ϕ20 ........................ 71
Figura 69 - Gráfico das tensões S11 na resina para a secção C30/37_ ϕ20 ...................................... 71
Figura 70 - Gráfico das tensões S22 na resina para a secção C30/37_ ϕ20 ...................................... 72
Figura 71 - Gráfico das tensões S12 (corte) na resina para a secção C30/37_ ϕ20 ........................... 72
Figura 72 - Gráfico das tensões S11 na chapa e na resina para a secção C30/37_ ϕ20 e diferentes
comprimentos da chapa ........................................................................................................................ 73
Figura 73 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 5,0
metros de chapa .................................................................................................................................... 73
Figura 74 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 2,5
metros de chapa .................................................................................................................................... 74
Figura 75 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 3,3 m
de comprimento de chapa ..................................................................................................................... 74
Figura 76 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 4,0 m
de comprimento de chapa ..................................................................................................................... 75
Figura 77 - Gráfico das tensões S11 na resina em função da variação da sua rigidez material ......... 77
Figura 78 - Gráfico das tensões S22 na resina em função da variação da rigidez material................ 78
Figura 79 - Gráfico das tensões S12 na resina em função da variação da rigidez material................ 78
Figura 80 - Gráfico das extensões E11 no betão de recobrimento inferior em função da variação da
rigidez da resina .................................................................................................................................... 79
Figura 81 - Gráfico das extensões E11 na chapa metálica em função da variação da rigidez da resina
............................................................................................................................................................... 79
xiii
Reforço de Estruturas de Betão Armado
xiv
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Letras latinas
𝐴𝑐,𝑒𝑓𝑓 - Área da secção efetiva de betão tracionado.
𝐴′ 𝑝 - Área da secção transversal de armaduras pré ou pós tensionadas.
b – Largura do elemento.
c - Recobrimento nominal;
E - Módulo de Elasticidade.
𝐹𝑠 - Força de tração.
𝐹𝑠𝑟 – Força na chapa
𝐺𝑘 - Ações permanentes.
ℎ - Altura da secção.
xv
Reforço de Estruturas de Betão Armado
n - Expoente.
𝑃𝑐𝑞𝑝 - Carga atuante na combinação quase-permanente;
Letras gregas
𝛼𝑒 : relação entre o módulo de elasticidade do aço e o módulo de elasticidade secante do betão;
ε – Deformação/Extensão.
xvi
Reforço de Estruturas de Betão Armado
σ – Tensão.
𝜎𝑐 - Tensão de compressão no betão;
𝜎𝑠 : tensão no aço de tração;
EC0 – EuroCódigo 0
EC1 – EuroCódigo 1
EC2 – EuroCódigo 2
Fig – Figura.
LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil
NP EN - Norma Europeia
pH - Potencial Hidrogénico
Tab - Tabela
xvii
Reforço de Estruturas de Betão Armado
xviii
Reforço de Estruturas de Betão Armado
1.
INTRODUÇÃO
1
Reforço de Estruturas de Betão Armado
2
Reforço de Estruturas de Betão Armado
O quinto capítulo descreve a modelação da viga em SAP2000. São especificados diversos aspetos, tais
como a geometria da viga, as cargas aplicadas e as malhas consideradas no programa.
O sexto capítulo apresenta e discute os valores obtidos a partir da modelação realizada. Para as diferentes
secções estudadas, são apresentadas as tensões, deformações e abertura de fendas.
Por último, o sétimo capítulo apresenta as conclusões finais, em particular, discute o impacto da
utilização de chapas metálicas para controlar a deformação e a fendilhação. Para além disso, também
analisa a influência do comprimento da chapa metálica no comportamento da viga de betão armado.
3
Reforço de Estruturas de Betão Armado
4
Reforço de Estruturas de Betão Armado
2.
Avaliação de estruturas existentes
2.1. INTRODUÇÃO
A intervenção numa construção existente é um campo que requer uma abordagem distinta da construção
nova, para além de um conhecimento aprofundado do comportamento dos materiais e das estruturas nas
suas diversas tipologias. Para executar uma intervenção deste tipo, é necessário ter em conta certos
princípios que devem reger a tomada de decisão na intervenção. O primeiro passo para uma boa
intervenção é respeitar a estrutura existente, escolhendo uma solução que se adapte e seja compatível
com o que existe, procurando que seja o menos intrusiva possível. Um fator importante para uma
intervenção é preferir soluções mais reversíveis, pois no futuro pode ser necessário alterar a solução ou
voltar a intervir.
O objetivo deste capítulo é analisar possíveis causas responsáveis pelos danos em estruturas de betão
armado; explicar como podem ser identificadas, como proceder na avaliação estrutural e identificar
possíveis técnicas de reforço estrutural.
A abordagem defendida consiste em avaliar a estrutura em duas etapas separadas. A primeira etapa
consiste no levantamento de dados como materiais, geometria e danos. Somente após a conclusão desta
fase, é possível prosseguir para a segunda fase que que se concentra na caraterização, análise e
tratamento de dados.
5
Reforço de Estruturas de Betão Armado
2.3.1. INSPEÇÃO
O conhecimento adequado do elemento de intervenção é fundamental para a definição do modo de
intervenção. Este conhecimento pode ser obtido através da consulta de informação existente sobre o
edifício e da inspeção do edifício. A inspeção permite obter informação sobre a geometria e os materiais
do edifício, mas também sobre as características construtivas e o funcionamento estrutural dos edifícios.
Um bom levantamento de dados, evita que seja necessário improvisar soluções durante a execução da
intervenção (Sousa, 2008).
A inspeção da estrutura permite identificar os processos de deterioração e eventuais alterações nos
sistemas estruturais, o que é essencial para a realização de uma intervenção adequada.
Portanto, é importante realizar um diagnóstico detalhado da situação existente e usar essa informação
como ponto de partida para definir a metodologia de intervenção nos elementos estruturais.
2.3.2. DIAGNÓSTICO
Antes de se iniciar qualquer intervenção num edifício existente, é fundamental concretizar um
diagnóstico completo da estrutura para adquirir um entendimento total das características e do estado de
conversão do edifício, bem como da importância da sua função e do impacto das anomalias detetadas.
Para obter tal diagnóstico, é necessário realizar visitas de inspeção, estudos e análises rigorosas. Somente
com base nessas informações é possível projetar uma intervenção adequada e eficiente (Appleton, 2003).
Sendo assim, para iniciar uma intervenção num edifício existente, é imprescindível ter um conhecimento
completo da estrutura e designar a técnica de intervenção. Para isso, é importante realizar ensaios in situ
para qualificar aspetos essenciais e adquirir o máximo de informação possível sobre a estrutura.
Na realização do projeto de intervenção, é necessário ter em conta vários condicionamentos impostos
pela natureza e localização do edifício.
2.3.3. INTERVENÇÃO
Após a conclusão de toda a recolha e análise da informação relativa à estrutura, dá-se início ao processo
de intervenção no edifício. A reparação consiste em realizar um conjunto de operações que visam
corrigir quaisquer anomalias existentes, com o objetivo de restabelecer os níveis de desempenho iniciais,
ou desejados para a estrutura.
Por fim, a manutenção é composta por um conjunto de operações preventivas que têm como objetivo
garantir que a estrutura e todas as suas partes continuam a funcionar adequadamente. É importante
destacar que a falta de manutenção regular dum edifício pode representar uma grande ameaça para o
desempenho dos diferentes elementos que o compõem.
6
Reforço de Estruturas de Betão Armado
7
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Relativamente à exposição do fogo, quando o aço entre em contacto com calor intenso, embora
comumente a temperatura não alcance o ponto de fusão teórico do material, vai perdendo capacidade de
resistência, mostrando uma perda significativa a partir dos 400 °C, que se acentua à medida que a
temperatura aumenta. Este cenário ocorre apenas quando o aço está exposto diretamente ao fogo, ou
quando a camada de betão de recobrimento é insuficiente. Por norma, o betão atua como uma camada
de proteção.
8
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Quando os materiais se encontram expostos a temperaturas elevadas, eles têm tendência a dilatar,
enquanto com temperaturas baixas tendem a retrair. O problema surge quando as estruturas têm o
movimento restringido, e causam tensões de compressão, flexão, ou tração que ultrapassam os limites
de resistência da peça, levando à formação de fissuras.
Para analisar a retração, é necessário ter conhecimento de duas componentes que a compõem:
-Retração autógena;
-Retração por secagem.
A retração autógena ocorre de maneira mais pronunciada em betões com maiores relações água/cimento,
e é caraterizada pela diminuição da massa dos produtos resultantes da hidratação do cimento. Por sua
vez, a retração por secagem está mais relacionada com o tipo de betão utilizado e as condições de
aplicação, sendo caraterizada pela redução do volume da peça devido à diminuição gradual do teor de
água ao longo do tempo. Este tipo de retração é influenciado por temperaturas mais elevadas, o que
acelera o fenómeno. O EC2 auxilia os projetistas a considerarem este fenómeno, estabelecendo um fator
de segurança para garantir o cumprimento das exigências de segurança (LNEC,2010).
Para além dos processos físicos, também existem diversos processos químicos que contribuem para a
degradação do betão. Esses processos químicos podem surgir como consequência de previamente ter
acontecido processos físicos, que provocaram fissuras no material, permitindo a penetração de agentes
químicos. Esses agentes químicos podem surgir de diferentes fontes, como água, os gases presentes na
atmosfera e os produtos químicos presentes no ambiente industrial.
Um dos processos químicos mais comuns é a carbonatação do betão, que ocorre quando o dióxido de
carbono presente no ar rege com o hidróxido de cálcio no betão, formando carbonato de cálcio. Esse
processo reduz o pH de betão, o que pode potencia a corrosão das armaduras de aço (NCREP, 2020).
Outro processo químico de degradação importante é a presença de substâncias químicas agressivas,
como ácidos, sulfatos e compostos orgânicos. Essas substâncias podem reagir com componentes do
betão, causando alterações químicas e físicas que enfraquecem o material ao longo do tempo (LNEC,
2007). Além disso, reações Álcalis-Agregado resultam em fissuração e degradação do betão devido à
interação entre substâncias presentes no cimento e certos materiais presentes nos agregados (LNEC,
2007).
Para garantir a durabilidade e a resistência do betão, é essencial considerar e adotar medidas de proteção
contra os efeitos dos processos químicos. Isso inclui a seleção adequada dos materiais utilizados na
mistura do betão, a aplicação de revestimentos impermeáveis e a manutenção regular das estruturas para
evitar a penetração de agentes químicos nocivos (Cruz, 2016).
9
Reforço de Estruturas de Betão Armado
tempo de vida útil da estrutura, a existência de deformações que afetam a boa funcionalidade da estrutura
e a exposição a vibrações (Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 2010).
1. Avaliação da estrutura
i. Peças desenhadas;
1.1.1. Componentes de projeto
ii. Peças escritas;
i. Telas finais;
10
Reforço de Estruturas de Betão Armado
2. Verificação de Segurança
Após a realização das etapas anteriores, é necessário analisar os resultados obtidos. Tendo em conta essa
análise, é possível encontrar 5 situações diferentes:
• Dispensa de intervenção;
• Intervenção ao nível local;
• Intervenção ao nível global da estrutura, com eventual reforço;
• Reforço estrutural;
• Demolição.
4. Realização do Projeto de Reabilitação
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
Figura 2 - Exemplo de reforço de uma viga através da adição de elementos metálicos (Varum, H., & Guedes, J.,
2022)
A utilização desta técnica só é possível se o betão existente apresentar boas condições de preservação;
caso contrário, é necessário corrigir todas as anomalias encontradas no betão e só depois aplicar a
técnica. Em relação ao aço a utilizar na conceção dos elementos metálicos, a sua resistência não deve
ser muito elevada, pois quanto maior a resistência, maior é a deformação necessária para mobilizar a
sua capacidade resistente. De um modo geral, é aconselhável utilizar um aço do tipo S235 (Appleton &
Gomes, 1997).
A forma como estes elementos são ligados à estrutura de betão é crucial para o bom desempenho da
solução, sendo objetivo garantir uma ligação monolítica entre ambos. Embora seja praticamente
impossível obter um monolitismo perfeito, procura-se garantir o maior monolitismo possível entre os
elementos, considerando os materiais utilizados na interface de ligação e os fatores ambientais aos quais
estarão expostos. Para garantir uma maior qualidade na colagem das chapas, é crucial que a sua aplicação
seja realizada por profissionais especializados e que haja um controlo rigoroso de todas as fases de
aplicação.
A colagem das chapas metálicas é realizada através da aplicação de uma resina epóxi, que pode ser
injetada ou aplicada por espalhamento. Com o passar do tempo é possível que a resina perca a sua
12
Reforço de Estruturas de Betão Armado
eficácia; por isso, é recomendável reforçar a ligação com conectores metálicos. No caso de não ser
possível a utilização dos conectores metálicos, a chapa deve ter uma espessura entre 3 e 5 mm e uma
largura inferior a 300 mm. É importante garantir que a resina não tenha uma espessura superior a 2 mm,
pois espessuras com valores superiores levam a ligações menos eficientes (Appleton & Gomes, 1997).
Para aplicar o reforço é importante seguir alguns passos. Em primeiro lugar, é necessário remover as
impurezas depositadas, retirar o betão degradado e aumentar a rugosidade. No entanto, é importante não
exagerar na rugosidade para encontrar um equilíbrio que garanta que a nova camada adira bem e seja
eficiente (Appleton & Gomes, 1997).
A resina epóxi a utilizar na colagem deve ser selecionada consoante as propriedades que apresenta, como
a viscosidade, o período de aplicação e endurecimento, o módulo de elasticidade e a tensão de rotura.
Dependendo do reforço, deve-se escolher a resina que satisfaça os parâmetros necessários.
No caso de as chapas metálicas serem coladas por injeção de resina e serem adicionados conectores
metálicos, a implementação do sistema deve ser feita considerando os seguintes aspetos:
- Devem ser utilizadas buchas de aço para ajudar a posicionar as chapas;
13
Reforço de Estruturas de Betão Armado
- A selagem da zona onde vai acontecer a injeção da resina pode ser executada com a aplicação
de resina epóxi sob carga;
- Deve utilizar-se uma resina epóxi de baixa viscosidade.
As chapas ou perfis metálicos devem ser protegidas contra a corrosão e a ação do fogo. Em relação ao
fogo, é fundamental garantir a resistência para um tempo mínimo de 30 minutos.
A ligação entre os elementos pode ser verificada através do cálculo da tensão média de corte atuante na
ligação dos elementos, supondo uma distribuição plástica das tensões de aderência (1) (Appleton &
Gomes, 1997).
2 ∗ 𝐹 𝑚𝑎𝑥 (1)
𝜏=
𝐿∗𝑏
Em que:
- τ – Tensão de aderência na ligação;
- 𝐹 𝑚𝑎𝑥 – Força na chapa;
- L – comprimento da chapa;
- b – largura do elemento.
14
Reforço de Estruturas de Betão Armado
3.
Verificações Regulamentares
3.1. INTRODUÇÃO
Como já referido previamente nesta dissertação, a técnica de reforço que será analisada no âmbito desta
tese será a introdução de chapas metálicas com o propósito de aumentar a capacidade resistente à flexão
de vigas de betão armado.
A implementação desta técnica de reforço consiste na colocação, através de uma cola e/ ou conectores
metálicos, de chapas metálicas na superfície da viga de betão armado a intervencionar. Este tipo de
implementação, permite que a técnica seja reversível.
Antes da aplicação da técnica, é necessário o conhecimento de vários fatores, tais como:
- Materiais existentes;
- Tipo e dimensões do elemento;
- Identificação das armaduras;
- Avaliação das cargas.
3.2. CARGAS
A avaliação da segurança do elemento exige o conhecimento das ações atuantes na estrutura. Existem
dois tipos de ações: as ações permanentes e as ações variáveis. Estas ações são classificadas com a ajuda
do EC0.
3.2.1 CARGAS PERMANENTES
Este tipo de ações é designado desta forma por não variar ao longo do tempo e terem de ser consideradas
durante todo o processo de dimensionamento ou avaliação de um elemento estrutural, ou do seu reforço.
Estas cargas são cruciais na avaliação de qualquer estrutura, uma vez que estão presentes durante toda
a vida útil da estrutura. A quantificação destas cargas é realizada a partir do peso específico dos
diferentes materiais utilizados na construção.
De acordo com o EC0, as ações permanentes podem ser (Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
2009):
- Peso próprio de elementos estruturais e/ou não estruturais;
- Retração e fluência do betão;
- Pré-esforço;
- Assentamentos de apoio;
15
Reforço de Estruturas de Betão Armado
- Impulsos de terra.
Dependendo da categoria, é possível obter o valor da sobrecarga, tal como se observa na figura 6.
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
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Reforço de Estruturas de Betão Armado
Figura 8- Valores dos coeficientes de combinação das ações variáveis (NP EN 1990: 2009)
3.3.2.2. Fendilhação
O controlo da abertura de fendas no betão é importante para se garantir o bom funcionamento do material
e por consequência a bom desempenho da estrutura, em particular a sua durabilidade. Esse controlo é
estabelecido no EC2.
O cálculo da largura de fendas, 𝑤𝑘 , é dade por:
𝑤𝑘 = 𝑆𝑟,𝑚𝑎𝑥 (𝜀𝑠𝑚 − 𝜀𝑐𝑚 ) (5)
Onde:
Onde:
19
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Em que:
- 𝐴𝑠 : Área da armadura de tração;
- 𝜉1 : coeficiente corrigido da resistência de aderência;
𝜙𝑠 (8)
𝜉1 = √𝜉
𝜙𝑝
Em que:
Depois do cálculo da largura de fendas, o EC2 apresenta valores recomendados tendo em consideração
a classe de exposição e a combinação utilizada (Figura 9).
20
Reforço de Estruturas de Betão Armado
3.3.2.3. Deformação
No controlo da deformação, o EC2 apresenta uma solução de controlo rápido para vigas e lajes de betão
armado, sem a necessidade de cálculos complexos. Esse método baseia-se no controlo da relação vão/
altura efetiva tendo em consideração as diferentes taxas de armaduras utilizadas.
𝑙 𝜌0 𝜌0
= 𝐾[11 + 1,5√𝑓𝑐𝑘 + 3,2√𝑓𝑐𝑘 ( − 1)3/2 ] se 𝜌 ≤ 𝜌0 (11)
𝑑 𝜌 𝜌
𝑙 𝜌0 1 𝜌′ (12)
= 𝐾[11 + 1,5√𝑓𝑐𝑘 + √𝑓𝑐𝑘 √𝜌 se 𝜌 > 𝜌0
𝑑 𝜌−𝜌′ 12 0
Em que:
𝐴𝑠 (14)
𝜌=
𝑏∗ℎ
𝐴′𝑠 (15)
𝜌′ =
𝑏∗ℎ
Onde:
- 𝐴′𝑠 :Área da armadura de compressão.
O coeficiente K que se encontra relacionado com os vários sistemas estruturais é obtido através da figura
10:
21
Reforço de Estruturas de Betão Armado
No caso da relação entre o vão e a altura ser menor que o valor calculado através das expressões
apresentadas, o controlo da deformação está verificado.
22
Reforço de Estruturas de Betão Armado
4.
DIMENSIONAMENTO DA CHAPA METÁLICA
4.2.1. BETÃO
No processo de caraterização do betão, utilizou-se o EC 2 como referência, seguindo as diretrizes e
recomendações estabelecidas pelo código. Para modelar o comportamento do betão, adotou-se uma
relação tensão-extensão que fosse consistente com as propriedades mecânicas do material.
A relação tensão-extensão escolhida foi uma aproximação representada por um diagrama parábola-
retângulo. Essa abordagem permite representar de forma simplificada o comportamento não-linear do
betão.
O diagrama parábola-retângulo (figura 11) é caracterizado por uma fase inicial onde a tensão aumenta
de forma parabólica em relação à deformação, seguida por uma fase em que a tensão de compressão
máxima permanece constante até atingir a extensão máxima do betão. A partir desse ponto, ocorre a
rotura do betão.
23
Reforço de Estruturas de Betão Armado
As características apresentadas são obtidas de acordo com a figura 12, dependendo apenas da classe de
resistência do betão a utilizar:
24
Reforço de Estruturas de Betão Armado
4.2.2. AÇO
De seguida, procedeu-se à caraterização do aço a utilizar nas armaduras, também com base no EC2. Foi
considerado o diagrama de cálculo para a armadura de betão armado, que estabelece a relação entre a
tensão aplicada e a extensão resultante. Essa relação é fundamental para compreender o comportamento
estrutural do aço, especialmente no que se refere à sua resistência e capacidade de suportar cargas.
O diagrama de tensões-extensões, de cálculo, do aço das armaduras é caracterizado por uma fase inicial
linear, em que a tensão aumenta proporcionalmente à deformação, seguida por uma fase em que a tensão
máxima cresce mais lentamente, ou permanece constante até atingir a extensão máxima do aço. A partir
desse ponto, ocorre a rotura do aço. O comportamento do aço é considerado igual para tensões de tração
e compressão. A figura 13 representa os possíveis diagramas de tensões-extensões para o aço segundo
o EC2.
Sendo:
O diagrama utilizado foi o de cálculo, e considerando que a tensão pós cedência é constante. O valor da
extensão par a qual o aço atinge a plastificação é determinado pela divisão do valor de cálculo da
resistência do aço, 𝑓𝑦𝑑 , pelo seu módulo de elasticidade do aço,𝐸𝑠 .
25
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Nesta dissertação, o objeto de estudo é uma viga de betão armado simplesmente apoiada. Portanto, o
momento fletor de calculo máximo, 𝑀𝑒𝑑 , ocorre a meio-vão e é calculado através da seguinte fórmula:
𝑃𝑒𝑑 ∗ 𝑙 2 (19)
𝑀𝑒𝑑 =
8
Onde:
- l: comprimento da viga.
Impondo os valores limites num dos materiais, ou seja, que a secção irá romper pelo betão ou pelo aço
tracionado, é possível determinar os valores das forças de compressão e das forças de tração limite que
a secção poderá suportar (Figura 14). Assumindo que a rotura da secção acontece por esmagamento do
betão, considera-se que a extensão da fibra extrema comprimida atinge o valor de 3.5‰. No caso de se
assumir que a rotura acontece no aço tracionado, considera-se que a extensão no aço atinge o valor limite
de 45.0‰.
Figura 14 - Diagramas tipo de uma secção reforçada com uma chapa metálica (LNEC, 2010)
São então calculadas as forças de compressão (negativas) e as forças de tração (positivas). A força
resultante de compressão no betão, 𝐹𝑐 , é obtida através da seguinte expressão:
𝐹𝑐 = −𝜒1 ∗ 𝑏 ∗ 𝑥 ∗ 𝑓𝑐𝑑 (20)
Sendo:
26
Reforço de Estruturas de Betão Armado
O coeficiente 𝜒1 foi calculado através de uma curva de aproximação a 3 pontos conhecidos. Essa curva
está representada na figura 15:
1
0,8
𝜒_1 0,6
0,4
0,2
0
0 1 2 3 4
ε (‰)
Figura 15 - Gráfico 𝜒1
O valor de cálculo de resistência à compressão do betão, 𝑓𝑐𝑑 , é obtido através da seguinte expressão:
𝑓𝑐𝑘 (21)
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐
Sendo:
- 𝛾𝑐 : coeficiente de minoração da resistência do betão.
Note-se que nesta análise ao nível da secção transversal, e na análise posterior com a simulação de toda
a viga em estado plano de tensão, não será feita qualquer distinção entre o betão entre estribos
(confinado) e o betão de recobrimento (não confinado).
As forças de compressão na secção incluem as forças do aço comprimido, se existir. Para calcular a
força de compressão no aço, 𝐹′𝑠 , é utilizada a seguinte fórmula:
𝐹′𝑠 = 𝐸𝑠 ∗ 𝜀 ′ 𝑠 ∗ 𝐴′𝑠 (22)
Sendo:
- 𝜀 ′ 𝑠 : Extensão no aço de compressão.
O valor da extensão do aço, 𝜀 ′ 𝑠 , é calculado através da seguinte expressão:
𝜀𝑐
𝜀 ′𝑠 = ∗ (𝑥 − 𝑟 ′ ) (23)
𝑥
Sendo:
- 𝜀𝑐 : Extensão comprimida do betão;
- 𝑟 ′ : espessura do betão de recobrimento ao eixo da armadura na zona comprimida.
27
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Com:
- r: espessura do betão de recobrimento ao eixo da armadura na zona tracionada.
Com as forças atuantes na peça determinadas, de seguida procede-se à determinação da posição do eixo
neutro (x), que é calculado através do equilíbrio das forças axiais:
𝐹𝑐 + 𝐹𝑠 + 𝐹′𝑠 = 0 (29)
Com o eixo neutro calculado, é necessário verificar se as considerações previamente realizadas para as
extensões do betão e do aço se verificam. No caso de se verificarem, é possível avançar com o processo;
se não se verificarem, é preciso reformular os cálculos.
O momento resistente, 𝑀𝑟𝑑 , já pode ser calculado e é dado por:
𝑀𝑟𝑑 = −(𝐹𝑐 ∗ 𝑧𝑐 + 𝐹′𝑠 ∗ 𝑧′𝑠 ) (30)
Com:
- 𝑧𝑐 : distância entre a força resultante de compressão no betão e a armadura de tração;
- 𝑧′𝑠 : distância entre a armadura de compressão e a armadura de tração.
As distâncias 𝑧𝑐 e 𝑧′𝑠 necessárias para o cálculo do momento resistente são obtidas através:
𝑧𝑐 = ℎ − 𝑟 − 𝜒2 ∗ 𝑥 (31)
28
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Onde:
-𝜒2 : coeficiente associado ao diagrama parábola-retângulo para a determinação da posição da
força de compressão no betão.
𝑧′𝑠 = ℎ − 2𝑟 (32)
O coeficiente 𝜒2 foi obtido através de uma curva de aproximação a 3 pontos conhecidos. Essa curva está
representada na figura 16:
0,42
0,39
𝜒_2
0,36
0,33
0 1 2 3 4
ε (‰)
Figura 16 - Gráfico 𝜒2
No fim, é preciso fazer a verificação de segurança dos momentos fletores, referida previamente.
29
Reforço de Estruturas de Betão Armado
O valor de cálculo da resistência à tração da chapa metálica é calculado através da seguinte fórmula:
𝑓𝑠𝑦,𝑟,𝑘 (37)
𝑓𝑠𝑦𝑑,𝑟 =
𝛾𝑠
Onde:
- 𝑓𝑠𝑦,𝑟,𝑘 : valor característico da tensão de rotura à tração da chapa metálica.
A distância anterior entra com valor negativo devido ao facto de chapa se encontrar abaixo da armadura
de tração, sendo obtida através da seguinte expressão:
𝑒
𝑧𝑠𝑟 = −(𝑟 + ) (40)
2
Tal como no cálculo prévio do momento resistente sem a chapa metálica, é necessário verificar as
condições impostas nas extensões dos materiais.
4.5. PROCEDIMENTO
30
Reforço de Estruturas de Betão Armado
eixo neutro. Este processo foi repetido várias vezes até atingir a convergência. A espessura da chapa
metálica foi pré-estabelecida com um valor de 3,0 mm.
Apesar das variações, existe outros parâmetros que permaneceram constantes para todas as secções. O
comprimento da viga é de 5 metros, independentemente da secção definida. O recobrimento nominal
também será o mesmo, com um valor de 0,03 metros. Além disso, a classe de resistência do aço não
apresenta variação, sendo escolhido um aço A400. Mais detalhes sobre os materiais podem ser
encontrados no próximo capítulo.
4.6.1 SECÇÃO C25/30_ Φ20
A primeira secção transversal escolhida é uma representação de uma viga de betão armado com uma
largura de 0,25 metros e uma altura de 0,65 metros. Nesta secção foi adotado um betão da classe C25/30.
Para a secção em questão, foi adotada uma armadura de compressão de 2ϕ20 e uma armadura de tração
de 4ϕ20. A figura 17 representa a secção em estudo
Definida a secção transversal, é possível calcular o momento resistente e de seguida como referido é
necessário verificar se as extensões dos materiais cumprem as condições de partida impostas. Utilizando
o método mencionando previamente obteve-se os seguintes valores:
31
Reforço de Estruturas de Betão Armado
𝐹𝑐 (kN) 𝐹′𝑠 (kN) 𝐹𝑠 (kN) x (m) ΣF𝑖 (kN) 𝑧𝑐 (m) 𝑧′𝑠 (m) Mrd(kNm) 𝜀𝑐 𝜀′𝑠 𝜀𝑠
-218,43 -218,43 436,87 0,065 0 -0,593 -0,590 258,43 -3,5 -1,876 30,1
Como todas as deformações, para além das do betão que foram estabelecidas como ponto de partida da
análise, são inferiores aos valores limites regulamentares, o estado de deformação e o momento
resistente da secção estão corretamente determinados. É então possível determinar o momento resistente
objetivo com o reforço e que corresponde a um aumento de 25% do momento resistente da peça.
Tendo em conta este novo momento resistente, foi dimensionado a chapa metálica, seguindo o processo
iterativo descrito e considerando um aço da classe 235, ou seja, com um módulo de elasticidade de 200
GPa e uma tensão de cálculo de cedência de 222 MPa.
Tabela 3 - Novo momento resistente da Secção C25/30_ ϕ20
𝐹𝑐 (kN) 𝐹′𝑠 (kN) 𝐹𝑠 (kN) 𝐹𝑠𝑟 (kN) x (m) ΣF𝑖 (kN) 𝑧𝑐 (m) 𝑧′𝑠 (m) 𝑧𝑠𝑟 (m) Mrd(kNm)
Largura Espessura
0,166 0,003
32
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Para a presente secção obteve-se o momento fletor resistente e as extensões indicadas na tabela 5.
𝐹𝑐 (kN) 𝐹′𝑠 (kN) 𝐹𝑠 (kN) x (m) ΣF𝑖 (kN) 𝑧𝑐 (m) 𝑧′𝑠 (m) Mrd(kNm) 𝜀𝑐 𝜀′𝑠 𝜀𝑠
-209,74 -139,83 349,57 0,062 0 -0,594 -0,590 207,12 -3,5 -1,809 31,4
Tal como considerado na secção transversal C25/30_ϕ20, foi considerado um aumento de 25% do
momento fletor resistente para dimensionamento da chapa de reforço. A tabela 6 representa o novo
aumento de momento fletor e a tabela 7 as novas dimensões da chapa metálica de reforço.
𝑀𝑟𝑑 = 207,12 + 207,12 ∗ 0,25 ⇔ 𝑀𝑟𝑑 = 258,90 kNm (44)
𝐹𝑐 (kN) 𝐹′𝑠 (kN) 𝐹𝑠 (kN) 𝐹𝑠𝑟 (kN) x (m) ΣF𝑖 (kN) 𝑧𝑐 (m) 𝑧′𝑠 (m) 𝑧𝑠𝑟 (m) Mrd(kNm)
Largura Espessura
0,143 0,003
33
Reforço de Estruturas de Betão Armado
𝐹𝑐 (kN) 𝐹′𝑠 (kN) 𝐹𝑠 (kN) x (m) ΣF𝑖 (kN) 𝑧𝑐 (m) 𝑧′𝑠 (m) Mrd(kNm) 𝜀𝑐 𝜀′𝑠 𝜀𝑠
-229,83 -207,04 436,87 0,057 0 -0,596 -0,590 259,23 -3,5 -1,648 34,8
Tal como definido na outra secção, foi considerado um aumento de 25% do momento fletor resistente
para o dimensionamento da chapa de reforço.
𝑀𝑟𝑑 = 259,23 + 259,23 ∗ 0,25 ⇔ 𝑀𝑟𝑑 = 324,0 𝑘𝑁𝑚 (45)
A tabela 9 apresenta os novos valores obtidos para a obtenção do novo momento fletor, seguido da
tabela 10 que apresenta as novas dimensões da chapa de reforço.
𝐹𝑐 (kN) 𝐹′𝑠 (kN) 𝐹𝑠 (kN) 𝐹𝑠𝑟 (kN) x (m) ΣF𝑖 (kN) 𝑧𝑐 (m) 𝑧′𝑠 (m) 𝑧𝑠𝑟 (m) Mrd(kNm)
Largura Espessura
0,177 0,003
34
Reforço de Estruturas de Betão Armado
5.
MODELAÇÃO NUMÉRICA
5.1. INTRODUÇÃO
Na sequência da dissertação, foram modelados numericamente os casos em estudo. A modelação
numérica é um processo que envolve a criação de modelos matemáticos que simulam o comportamento
real de uma estrutura e os seus materiais, face às ações atuantes na estrutura. O objetivo da modelação
é obter dados que auxiliem na tomada de decisão. No entanto, é importante notar que, mesmo com a
modelação mais rigorosa, um modelo estrutural nunca é uma replicação exata da realidade. (Pinto,
2020).
A modelação numérica consistiu na simulação de vigas de betão armada, simplesmente apoiadas,
solicitadas por cargas uniformemente distribuídas aplicadas ao longo do comprimento das vigas. As
vigas foram consideradas com e sem reforço aplicado através da colagem de uma chapa metálica na face
inferior. O modelo estrutural foi desenvolvido em estado plano de tensão.
35
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Europeias. O SAP2000 é considerado um programa de fiável, sendo uma ferramenta de trabalho para
muitos engenheiros.
5.3. MODELAÇÃO
O processo de modelação estrutural requer uma serie de etapas que devem ser seguidas cuidadosamente
para garantir a precisão e a confiabilidade dos resultados obtidos. Uma das primeiras decisões a ser
tomada é a escolha do programa de cálculo automático de estruturas. Após a seleção do programa, é
preciso definir a geometria da estrutura, os materiais a serem utilizados e o tipo de análise a ser
executado. Estas etapas iniciais são fundamentais para garantir uma modelação precisa e eficiente da
estrutura.
5.3.1 ANÁLISE NÃO LINEAR
Os programas utilizados na modelação permitem selecionar a abordagem de análise mais adequada para
uma determinada estrutura, visando uma descrição precisa e satisfatória do comportamento e das ações
esperadas. No caso de estudo de elementos de betão armado, a análise não-linear oferece a possibilidade
de simular situações mais realistas.
Dentro da análise não-linear existe três tipos de análise que podem ser feitas:
-Não-linearidade geométrica;
-Não-linearidade material;
-Não-linearidade por efeitos combinados.
Nesta dissertação, será adotada uma análise não-linear material, aplicada quer ao aço, quer ao betão.
5.3.2 MATERIAIS
Após a definição da geometria, o próximo passo consiste em caracterizar os materiais a serem simulados
no modelo. A correta representação dos materiais é essencial para obter resultados realistas na análise
estrutural. Foram selecionados os materiais mais adequados às propriedades desejadas, levando em
consideração as características estruturais e os requisitos de resistência.
5.3.2.1. Betão
O diagrama adotado para representar a lei característica do betão é o diagrama parábola-retângulo. Esse
tipo de diagrama é utilizado para descrever o comportamento não linear do betão, considerando a sua
capacidade de resistir a tensões de compressão antes de atingir a tensão de rutura. No capítulo anterior,
foi detalhado o processo necessário para obter o diagrama parábola-retângulo.
Dado que se está a utilizar um betão C25/30, foram obtidos os resultados apresentados na tabela 11 e
que resultaram no diagrama representado na figura 19: (kPa)
Tabela 11 - Valores tensões-extensões C25/30
36
Reforço de Estruturas de Betão Armado
No que diz respeito a outras propriedades mecânicas a serem incorporadas no modelo, foi estabelecido
um módulo de elasticidade de 31GPa e um coeficiente de Poisson igual a 0,2. O módulo de distorção é
calculado automaticamente pelo programa com base nas propriedades mencionadas anteriormente.
Quando o betão a utilizar foi o C30/37 obteve -se o diagrama presente na figura 20. Esse diagrama foi
obtido através dos valores apresentados na tabela 12.
Tabela 12 - Valores tensões-extensões C30/37
37
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Para a caracterização do aço, ainda foi considerado no modelo um módulo de elasticidade de 200 GPa
e um coeficiente de Poisson de 0,3.
5.3.2.3. Resina
A resina utilizada na modelação foi caraterizada com base nas informações fornecidas por uma ficha
técnica da empresa “SIKA”. Para essa caraterização, apenas foi usado o módulo de elasticidade, com
um valor de 11,2 GPa, uma vez que se considerou um comportamento linear elástico infinito. Em relação
ao coeficiente de Poisson foi utilizado o valor 0,3.
5.3.2.4. Aço da Chapa Metálica
No contexto do modelo, foi necessário caracterizar a lei de comportamento do aço da chapa metálica de
reforço. Embora apresente também um comportamento elástico-plástico perfeito, com o mesmo módulo
de elasticidade e coeficiente de Poisson, difere do das armaduras em termos de classe de resistência, foi
considerado um aço da classe de resistência A235, e também na extensão limite, sendo neste caso
38
Reforço de Estruturas de Betão Armado
adotado um valor de 220 ‰. O procedimento para calcular o diagrama de tensões-extensões é por isso
o mesmo aplicado às armaduras.
Dessa forma, obteve-se os seguintes valores (tabela 14) que resultaram no seguinte diagrama
apresentado (Figura 22):
Tabela 14 - Valores tensões-extensões A235
5.3.3 GEOMETRIA
A geometria da viga, incluindo a da armadura de tração e de compressão, foram simuladas através de
elementos quadrangulares em estado plano de tensão. As armaduras foram simuladas com elementos de
0,02 metros de altura, compostos por um material que representa o aço. Este procedimento foi adotado
porque os elementos de barra em SAP2000 com comportamento não linear mostraram-se incompatíveis
com outros elementos de volume ou área com comportamento não linear.
Para estudar a influência do comprimento da chapa metálica, para além de modelar a chapa com um
comprimento igual ao comprimento total da viga, também foi modelada considerando metade, ou dois
terços desse comprimento e um valor intermédio entre o comprimento total e os dois terços.
Para garantir a segurança da peça em relação à flexão quando acontece a variação do comprimento da
chapa metálica, foram realizados cálculos detalhados para determinar a posição ideal de colocação da
chapa. Com base nos resultados, verificou-se que a chapa deve ser colocada no máximo até uma
distância de 1,37 m a partir do apoio.
Essa distância é determinada tendo em consideração o ponto a partir do qual a secção atinge a sua
resistência máxima à flexão, sem reforço. A partir desse ponto, é necessário implementar um reforço
adicional para garantir a adequada capacidade de resistência de toda a viga. Note-se ainda que será
necessário considerar comprimentos adicionais de amarração para garantir a transferência de cargas da
viga para a chapa.
39
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Em todos os casos analisados, a chapa metálica é posicionada antes desse valor crítico de 1,37 m,
garantindo que a viga esteja adequadamente reforçada e capaz de resistir às tensões de flexão.
5.3.1.1. Secção C25/30_ϕ20
Em primeiro lugar, foi preciso escolher uma espessura do elemento plano que representasse a área
correspondente às armaduras. Para a armadura de compressão (2ϕ20), era necessário simular uma área
de 6,28x10−4 𝑚2 . Considerando que a altura dos elementos é de 0,02 metros, a espessura necessária é
calculada dividindo a área real da armadura pela altura, obtendo-se um valor de 0,0314 metros. No caso
da armadura de tração (4ϕ20), a altura permanece a mesma, mas a área real da armadura é o dobro da
armadura de compressão. Portanto, a espessura necessária para a simulação seria o dobro da espessura
anterior, ou seja, 0,0628 metros.
O betão foi divido em três partes: dois alinhamentos extremos que correspondem ao betão de
recobrimento, com uma altura de 0,02 metros, cada, e um alinhamento central correspondente ao betão
entre armaduras, com uma altura de 0,57 metros. A espessura dos elementos corresponde à largura da
viga, ou seja, 0,25 metros.
A figura 23 mostra a modelação da viga sem reforço.
Para a modelação da resina e da chapa metálica, foi adotado uma altura de 0,01 m, valor mínimo
possível, face às dimensões dos restantes elementos, tendo em consideração a capacidade do programa
em apresentar resultados confiáveis. No capítulo anterior, dimensionou-se a chapa metálica, resultando
num elemento de aço com uma área igual a 5,07x10−4 𝑚2. Considerando que a altura do elemento
escolhido para simular essa área é de 0,01 m, foi obtida uma espessura de 0,0507 m para a chapa. A
resina possui as mesmas dimensões da chapa.
A figura 24 permite visualizar o detalhe da modelação para quando a viga é reforçada ao longo do seu
comprimento total.
40
Reforço de Estruturas de Betão Armado
5.3.5 MALHA
A escolha da malha é algo crucial a definir ao realizar cálculos através de programas como o SAP2000.
A malha consiste na divisão da estrutura em elementos de menor dimensão que se interligam através de
pontos definidos ao longo do seu contorno, recriando a estrutura global. Teoricamente, malhas mais
finas permite resultados mais detalhados e precisos. No entanto, as malhas têm dimensões limites a partir
das quais podem ocorrer problemas numéricos. Portanto, a definição adequada da malha é fundamental
para garantir resultados confiáveis e precisos.
41
Reforço de Estruturas de Betão Armado
O SAP2000 oferece várias opções para a criação da malha, mas neste caso em específico foi utilizada a
opção que permite escolher o número de quadriláteros a formar ao longo do comprimento e largura da
viga. Um ponto importante, é a necessidade de garantir a ligação entre as diferentes malhas.
5.3.5.1. Betão na Zona Central
O betão na zona central corresponde a uma geometria de 0,57 m de largura e 5,0 m de comprimento. A
melhor opção encontrada foi a criação de uma malha retangular de 50x10 elementos (figura 26).
42
Reforço de Estruturas de Betão Armado
que as cargas permanentes não se alteram, o que permite determinar o valor sobrante correspondente às
novas sobrecargas.
5.3.6.1. Secção C25/30_ϕ20
No primeiro caso, o momento fletor obtido para a peça sem reforço foi de 258,43 kNm. Através desse
valor obtém se a seguinte carga:
258,43∗8
𝑃𝑒𝑑 = = 83 kN/m (46)
25
Com o reforço:
258,90∗8
𝑃𝑒𝑑 = = 83 𝑘𝑁/𝑚 (55)
25
43
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Com o reforço:
324∗8
𝑃𝑒𝑑 = = 103,7 𝑘𝑁/𝑚 (63)
25
44
Reforço de Estruturas de Betão Armado
6.
Resultados
6.1. ENQUADRAMENTO
Neste capítulo são apresentados os resultados da modelação da viga de betão armado, sem e com reforço,
realizada no programa da análise estrutural SAP2000, considerando elementos em estado plano de
tensão e as leis não lineares de comportamento material do betão e do aço descritas no capítulo 5.
Os resultados a seguir apresentados consideram que a chapa metálica foi instalada e está a funcionar em
conjunto com a estrutura desde o início da aplicação de todas as cargas, incluindo as cargas permanentes,
ou seja, que não foi colocada quando a viga já estava, pelo menos, solicitada pela carga permanente.
Alternativamente, podemos imaginar que a chapa metálica foi implementada após a aplicação de uma
carga vertical ascendente que compensou o efeito da carga permanente, até à cura total da resina de
colagem. Portanto, ao interpretar os resultados, é fundamental ter em mente esta condição.
Será analisado a resposta da viga com as 3 secções transversais estudadas para a carga limite aplicada,
nomeadamente a variação das tensões axiais longitudinais no betão, nas armaduras, na resina e na chapa
de reforço ao longo do comprimento da viga, as tensões axiais transversais à viga e de corte na resina, a
flecha e a fendilhação. Por fim, será analisado a influência do comprimento da chapa e da rigidez da
resina nos parâmetros anteriores.
Os resultados obtidos através dos elementos planos incluem as tensões nas 2 direções do plano, tal como
se apresenta na figura 28. Esta é a nomenclatura utilizada para as tensões nos textos e imagens seguintes.
Os valores das extensões correspondentes são designados pela letra E seguida dos mesmos índices
numéricos.
45
Reforço de Estruturas de Betão Armado
6.2. MAPAS
Os mapas de tensões e extensões representam a distribuição das tensões e extensões ao longo de um
elemento estrutural. Tirando partido desta representação, apresenta-se a distribuição das tensões e
extensões na viga reforçada com a chapa metálica disposta ao longo de todo o seu comprimento,
submetida à sua carga máxima. Dado que a viga é simétrica e foi carregada de forma simétrica, os
gráficos e mapas de tensões e extensões apresentados representam apenas a metade esquerda da viga.
A figura 29 mostra o mapa da distribuição das tensões S11 (axiais, longitudinais à viga) nos vários
elementos de betão e a figura 30 o mapa da distribuição das extensões E11
A partir destes mapas, identificam-se a zona de tensão máxima no betão centrada na viga, na camada de
recobrimento superior. Além disso, o mapa de tensões também identifica as zonas onde as tensões de
tração no betão são nulas, ou seja, onde o betão fendilha. Analisando o mapa também confirmou-se que
a posição do eixo neutro coincide com os resultados obtidos a partir do Excel.
O mapa de tensões axiais, longitudinais à viga, nos elementos que simulam as armaduras, encontra-se
na figura 31 e o mapa das extensões axiais na figura 32. A camada superior refere-se ao aço de
compressão e, como é possível observar, a tensão máxima ocorre na zona central, onde o momento fletor
é mais elevado.
46
Reforço de Estruturas de Betão Armado
A parte inferior da figura representa a armadura de tração, que é dimensionada para resistir às tensões
de tração na estrutura. Conforme esperado, as tensões e as extensões são maiores na zona central. À
medida que nos afastamos da zona central em direção às extremidades, as tensões e as extensões na
armadura de tração diminuem gradualmente.
A figura 33 representa o mapa de tensões axiais, longitudinais à viga, na resina e a figura 34 as extensões.
Observa-se que ambos aumentam da extremidade para a zona central, onde ocorre a maior tensão axial,
longitudinal, na resina. Toda a resina está posicionada abaixo da linha do eixo neutro, indicando que
toda a resina está sujeita a esforços de tração.
47
Reforço de Estruturas de Betão Armado
A figura 35 apresenta o mapa de tensões axiais, longitudinais à viga, na chapa metálica e a figura 36 o
mapa de extensões. É possível observar um comportamento semelhante aos demais materiais analisados:
tensões e extensões aumentam da extremidade para a zona central, que é a região critica em termos de
tensões e extensões horizontais.
É interessante notar que a chapa metálica atinge a tensão máxima antes da região central. Essa
distribuição das tensões na chapa metálica é relevante para avaliar o desempenho do reforço metálico
na estrutura. Ao atingir a tensão máxima antes da região central, a chapa metálica desempenha um papel
importante na absorção e distribuição das tensões, ajudando a reduzir as tensões nas demais partes da
estrutura.
48
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Apresentam-se a seguir os mapas de tensões S11 do betão para diferentes cenários: na viga original e na
viga reforçada com a chapa disposta ao longo de todo o seu comprimento, bem como em apenas metade
do comprimento, com o objetivo de comparar a distribuição das tensões no betão nas diferentes
situações. Para essa análise, considerou-se que a viga estava carregada com a carga máxima admissível
na viga original.
A figura 37 mostra o mapa de distribuição das tensões S11 no betão quando a viga não se encontra
reforçada. É possível verificar uma distribuição igual à figura 29, mas com a posição do eixo neutro a
uma cota superior.
Através destas figuras observa-se o traçado longitudinal do eixo neutro e constata-se que a sua posição
na secção central, assim como o valor das extensões e tensões nessa secção coincidem com os valores
obtidos na tabela 2.
De seguida apresenta-se o mapa das tensões S11 (figura 39) e extensões E11 (figura 40) no betão para
a mesma carga aplicada na viga não reforçada, para a situação em que a viga se encontra reforçada com
a chapa aplicada em todo o seu comprimento.
49
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Figura 39 – Mapa das tensões S11 no betão com 5,0 metros de chapa
Figura 40 - Mapa das extensões E11 no betão com 5,0 metros de chapa
As figuras mostram que, relativamente à figura 37, o eixo neutro situa-se numa posição mais abaixo,
havendo maiores zonas comprimidas no betão.
A figura 41 apresenta as tensões no betão para o mesmo caso de carga, mas para quando a chapa de
reforço apresenta metade do comprimento total da viga. A posição do eixo neutro é semelhante à
anterior, indicando que a variação do comprimento da chapa não apresentou uma alteração significativa
nos mapas de tensões. A figura 42 representa as extensões do betão.
Figura 41 - Mapa das tensões S11 no betão com 2,5 metros de chapa
50
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Figura 42 - Mapa das extensões E11 no betão com 2,5 metros de chapa
De seguida realizou-se uma análise mais detalhada da variação das tensões ao longo do comprimento
da viga. Para a realização dessa análise foram exportados os valores obtidos no programa para folhas de
Excel
.
6.3.1.1. Armadura de Tração
As tensões representadas no gráfico da figura 44 correspondem às tensões S11, ou seja, axiais
longitudinais à viga, nestas armaduras, ao longo do comprimento da viga, e foram analisadas para três
situações:
-Carga limite da viga sem reforço; neste caso, a viga foi submetida à sua carga máxima sem
qualquer reforço adicional.
-Mesma carga que a anterior, mas já reforçada; aqui, a viga foi reforçada com a adição da
chapa metálica e, em seguida, submetida à carga máxima do caso anterior.
51
Reforço de Estruturas de Betão Armado
-Carga limite da viga com reforço; neste último caso, a viga reforçada foi submetida à sua
carga máxima de dimensionamento.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração sem reforço ELU Armadura de tração com reforço
Armadura de tração com reforço ELU
Figura 44 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração para a secção C25/30_ ϕ20
Neste gráfico observa-se que a armadura, quando a viga não reforçada é carregada até ao seu estado
limite último, atinge a tensão máxima. No entanto, quando a viga está reforçada e é carregada com a
carga limite da viga sem reforço, a armadura de tração não atinge a tensão máxima. Em contrapartida,
quando a viga reforçada é carregada com a carga máxima limite da viga reforçada, o comportamento da
armadura é similar ao da viga não reforçada para a sua carga última
No estudo realizado, também foi analisada a variação das tensões S11 nas armaduras e da resina ao
longo do comprimento da viga, para a carga limite e para diferentes comprimentos da chapa metálica.
Essas tensões estão representadas na figura 45.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 45 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração em função do comprimento da chapa de reforço
para a secção C25/30_ ϕ20
É possível concluir que quando a chapa é colocada desde o início da viga, ela reduz as tensões na
armadura de tração logo a partir da extremidade. Nos casos em que a chapa não possui o comprimento
total da viga, observa-se um aumento mais acentuado das tensões na armadura de tração até à distância
onde a chapa é colocada. Nesse ponto, as tensões diminuem ligeiramente e tendem rapidamente para as
52
Reforço de Estruturas de Betão Armado
tensões que existem quando a chapa tem o mesmo comprimento que a viga. Quanto mais extensa a
chapa, mais precoce é a diminuição das tensões na armadura.
6.3.1.2. Chapa Metálica
Assim como na armadura de tração, as tensões a analisar na chapa metálica são as S11. Tendo em conta
a variação de comprimento da chapa metálica, obteve-se o gráfico da figura 46 de variação das tensões
S11 ao longo do comprimento da viga e em função do comprimento da chapa.
250
200
S11 (MPa)
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 46 - Gráfico das tensões S11 na chapa metálica para a secção C25/30_ ϕ20
No gráfico, mostra que a tensão S11 na chapa tem um aumento progressivo ao longo do comprimento
da viga. Quando a chapa apresenta o mesmo comprimento que a viga, a tensão aumenta de forma suave
no início, até atingir a tensão máxima. Por outro lado, quando a chapa não possui o mesmo comprimento
que a viga, a tensão aumenta de forma mais abrupta, tendendo rapidamente para a tensão máxima. A
taxa de crescimento da tensão na fase inicial é idêntica para as 3 hipóteses de comprimento da chapa,
que não a do comprimento total.
6.3.1.3. Resina
No estudo das tensões na resina, foram analisadas as variações das tensões axiais S11 e S22 e as tensões
de corte S12 longo do comprimento da viga.
O gráfico da figura 47 apresenta os resultados para as tensões S11.
53
Reforço de Estruturas de Betão Armado
100
90
80
70
S11 (MPa) 60
50
40
30
20
10
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 47 - Gráfico das tensões S11 na resina para a secção C25/30_ ϕ20
Observa-se que a resina apresenta um aumento gradual de tensões S11, até ao momento em que as
armaduras de tração atingem a tensão de cedência. A partir desse momento, as tensões S11 na resina
crescem a uma taxa bastante superior.
A figura 48 apresenta o gráfico dos resultados para as tensões S22, ou seja, axiais na direção ortogonal
à superfície de contacto entre a chapa e o betão.
12,00
10,00
8,00
6,00
S22 (MPa)
4,00
2,00
0,00
-2,00 0 50 100 150 200 250 300
-4,00
-6,00
-8,00
L (cm)
Figura 48 - Gráfico das tensões S22 na resina para a secção C25/30_ ϕ20
Observa-se que na extremidade da ligação entre a chapa e a viga, a resina suporta elevadas tensões de
tração axiais verticais, ou seja, que apontam para o destacamento da chapa em relação à superfície do
betão. Além disso, constata-se que quanto menor for o comprimento da chapa em relação ao
comprimento total da viga, maior são as tensões na direção vertical, ou seja, maior é o potencial de
destacamento da chapa. No entanto, o decréscimo das tensões em direção ao centro de viga é rápido.
É ainda interessante notar que, logo a seguir à zona da extremidade da chapa de potencial destacamento,
desenvolvem-se tensões de compressão, de muito menor intensidade, que empurram a chapa contra a
superfície de betão, repetindo-se este comportamento ao longo de o comprimento da chapa, embora para
valores de tensão ainda mais baixos; ou seja, a chapa tende a adquirir uma forma “ondulada”.
54
Reforço de Estruturas de Betão Armado
O gráfico situado na figura 49 apresenta os resultados para as tensões S12, ou seja, de corte na resina.
5,00
0,00
0 50 100 150 200 250 300
-5,00
S12 (MPa)
-10,00
-15,00
-20,00
-25,00
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 49 - Gráfico das tensões S12 (corte) na resina para a secção C25/30_ ϕ20
55
Reforço de Estruturas de Betão Armado
250
200
S11(MPa)
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Figura 50 - Gráfico das tensões S11 na chapa e na resina para a secção C25/30_ ϕ20 e diferentes
comprimentos da chapa
É possível verificar que as tensões S11 nos dois materiais não apresentam uma evolução idêntica. As
chapas apresentam uma variação inicial de tensão muito rápida, mantendo depois valores constantes
(plastificação), enquanto a resina apresenta uma evolução inicial lenta, que aumenta apenas quando as
armaduras de tração plastificam.
6.3.1.5. Armadura de Tração e Chapa
Outra comparação efetuada foi entre as tensões S11 das armaduras de tração e da chapa ao longo do
comprimento da viga. O gráfico da figura 51 apresenta os resultados para o comprimento da chapa igual
a 5,0m.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 5 metros)
Figura 51 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 5 metros de
chapa
Observa-se que quando a chapa metálica tem o mesmo comprimento que a viga, as tensões existentes
na chapa são superiores às tensões existentes na armadura até ao ponto em que a chapa atinge a sua
56
Reforço de Estruturas de Betão Armado
tensão máxima, ou seja, plastifica. A partir desse ponto, a tensão na armadura continua o seu crescimento
até atingir a tensão máxima.
O gráfico da figura 52 apresenta os resultados para o comprimento da chapa igual a 2,5m.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Figura 52 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 2,5 metros de
chapa
Quando o comprimento da chapa metálica tem metade do comprimento total da viga, a armadura de
tração apresenta uma diminuição na tensão, coincidente com a extremidade da chapa metálica. A partir
desse ponto, as tensões na chapa aumentam a uma taxa mais elevada do que a armadura, atingindo a
tensão máxima quase em simultâneo com a armadura.
Os gráficos da figura 53 e 54 apresentam os resultados para o comprimento da chapa igual a 3,3 m e a
4,0 m, respetivamente.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 3,3 metros)
Figura 53 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 3,3 m de
comprimento de chapa
57
Reforço de Estruturas de Betão Armado
400
350
300
S11 (MPa) 250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 4 metros)
Figura 54 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ20 com 4,0 m de
comprimento de chapa
Quando a relação entre o comprimento da chapa metálica e o comprimento total da viga é maior do que
1/2, neste caso 2/3 e 4/5, verifica-se um comportamento semelhante ao do caso anterior. A maior
diferença é que, a chapa ao ser colocada mais próxima das extremidades da viga, antecipa a redução nas
tensões na armadura de tração. Após esta fase, as tensões na armadura crescem a uma taxa menor até
atingirem a tensão de plastificação. Em contrapartida, as tensões na chapa aumentam a uma taxa mais
elevada do que a armadura, até atingirem a tensão de plastificação.
6.3.2. DEFORMAÇÃO
Foi também analisado o efeito da chapa metálica de reforço na deformação da viga. Para tal, primeiro
avaliou-se a deformação através da fórmula (11).
𝑙 (70)
= 8,55
𝑑
𝜌0 = 0,005 < 𝜌 = 0,0077 (71)
0,005 1 0,0039 (72)
1[11 + 1,5√25 + √25√ 0,005 ] = 21,14
0,0077−0,0039 12
Como se verifica que l/d é inferior a 21,14, o controlo da deformação está garantido.
No entanto, foram também calculadas as flechas, δ, com e sem reforço, de forma a analisar a variação
percentual da flecha ao adicionar a chapa metálica de reforço. Os resultados foram retirados da
modelação e foi utilizado como referência o valor da flecha quando a viga não se encontra reforçada e
submetida à sua carga quase-permanente máxima. A tabela 15 apresenta os resultados obtidos para a
hipótese de a chapa ter o comprimento total da viga.
58
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Para a mesma carga (combinação quase permanente correspondente à viga não reforçada), a flecha da
viga é maior quando não se encontra reforçada. Mas também é menor quando considerada a combinação
quase permanente para a situação da viga reforçada. Estes resultados também mostram que, para as
condições de análise consideradas, a flecha pode ser controlada através da colocação de uma chapa
metálica; para a mesma carga, a colocação da chapa metálica reduziu a flecha em 38%.
Quando o comprimento da chapa é metade ou 2/3 do comprimento total da viga, obtém-se os valores da
tabela 16.
Tabela 16 - Flecha da secção C25/30_ϕ20 para diferentes comprimentos de chapa
Analisando os valores obtidos, conclui-se que a variação do comprimento da chapa metálica não exerce
uma influência significativa na variação da flecha.
A título de curiosidade, todos os valores cumprem os requisitos do EC2 que estipula que a flecha tem
de ser menor que l/250 = 0,020 m.
6.3.3. FENDILHAÇÃO
Foi realizada uma comparação percentual da extensão máxima média no aço, utilizando como referência
o valor obtido quando a viga não reforçada é submetida à carga quase-permanente máxima. A
comparação foi feita em termos percentuais, visando avaliar o impacto do reforço através de uma chapa
metálica na extensão do aço.
Os valores das extensões máximas foram retirados do programa e apresentam-se na tabela 17.
Tabela 17 - Extensões da secção C25/30_ϕ20
Como é possível observar, para a mesma carga, verifica-se uma redução significativa, de 53%, da
extensão nas armaduras, o que significa que a colocação de uma chapa metálica ajuda no controlo das
extensões e, por consequência, da fendilhação.
Quando o comprimento da chapa é metade ou 2/3 do comprimento total da viga, obtém-se os valores da
tabela 18.
Tabela 18 - Extensão da secção C25/30_ϕ20 para diferentes comprimentos de chapa
59
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Pode-se concluir que, para as condições analisadas, a variação do comprimento da chapa metálica não
tem grande influência na variação das extensões máximas médias no aço.
Para o cálculo da fendilhação, utilizou-se o maior valor de extensão obtida, neste caso 1,07‰.
1,26 ∗ 10−3 (73)
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 = = 0,0310
0,1625 ∗ 0,25
0,02 (74)
𝑆𝑟,𝑚𝑎𝑥 = 3,4 ∗ 0,03 + 0,8 ∗ 0,5 ∗ 0,425 ∗ = 0,212 𝑚
0,0310
1,07
𝑤𝑘 = 0,212 ∗ = 0,000227 𝑚 (75)
1000
Ao utilizar um betão com classe de exposição XC1, verificamos na figura… que o valor máximo
permitido para abertura de fendas é de 0,4 mm. Neste caso, obtivemos um valor de 0,227 mm, o que
está abaixo do limite estabelecido. Isso indica que a estrutura está dentro dos parâmetros de segurança
em relação à fendilhação, em qualquer uma das situações analisadas.
60
Reforço de Estruturas de Betão Armado
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração sem reforço ELU Armadura de tração com reforço
Armadura de tração com reforço ELU
Figura 55 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração para a secção C25/30_ ϕ16
No gráfico apresentado, é possível verificar que a armadura de tração atinge a tensão máxima quando é
submetida à carga limite, independentemente de estar reforçada ou não. No entanto, podemos notar
diferenças nas tensões na armadura quando a viga é reforçada.
Comparando os casos da viga reforçada e não reforçada, verifica-se que as tensões na armadura de tração
são menores quando há reforço. Isso ocorre até ao ponto em que a chapa de reforço atinge a sua tensão
máxima. A partir desse ponto, as tensões na armadura de tração são maiores quando a peça está
reforçada.
No caso em que a peça não é carregada até ao limite, as tensões na armadura de tração vão aumentando
ao longo do comprimento, mas nunca atingem a tensão máxima.
Quando a peça se encontra carregada até ao limite, mas apresenta diferentes comprimentos de reforço,
é expectável que a armadura de tração tenha um comportamento diferente. Esse comportamento
encontra-se representado no gráfico da figura 56.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 56 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração em função do comprimento da chapa de reforço
para a secção C25/30_ ϕ216
61
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Inicialmente, quando a chapa de reforço é colocada desde o início da viga, as tensões aumentam de
forma progressiva ao longo do comprimento até atingir a tensão máxima. No entanto, quando a chapa
de reforço é posicionada a uma distância especifica do início da peça, observa-se uma quebra nas tensões
na armadura de tração nesse ponto. Após tal, as tensões aumentam novamente, mas num ritmo menor.
Essa quebra ocorre porque a chapa de reforço assume parte da carga aplicada, aliviando a carga na
armadura de tração. Além disso, é de notar que a posição da quebra nas tensões da armadura varia de
acordo com o comprimento da chapa de reforço. Quanto mais longa for a chapa de reforço, mais próxima
do início da peça ocorrerá a quebra nas tensões.
6.4.1.2. Chapa metálica
O gráfico da figura 57 apresenta os resultados para as tensões S11 na chapa metálica de reforço
250
200
S11 (MPa)
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 57 - Gráfico das tensões S11 na chapa metálica para a secção C25/30_ ϕ16
No gráfico fornecido, podemos observar claramente o comportamento das tensões na chapa ao longo do
comprimento da viga. Quando a chapa possui o mesmo comprimento que a viga, a tensão na chapa
aumenta de forma mais constante à medida que percorre o comprimento da viga.
No entanto, quando a chapa não possui o mesmo comprimento que a viga, ocorre um aumento mais
repentino das tensões. Isso significa que a transição das tensões na chapa ocorre de forma mais rápida e
concentrada em um ponto específico, próximo à extremidade da chapa.
6.4.1.3. Resina
O gráfico da figura 58 representa o comportamento das tensões S11 da resina
62
Reforço de Estruturas de Betão Armado
100
90
80
70
S11 (MPa) 60
50
40
30
20
10
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 58 - Gráfico das tensões S11 na resina para a secção C25/30_ ϕ16
4,00
2,00
0,00
-2,00 0 50 100 150 200 250 300
-4,00
-6,00
-8,00
L (cm)
Figura 59 - Gráfico das tensões S22 na resina para a secção C25/30_ ϕ16
63
Reforço de Estruturas de Betão Armado
0,00
0 50 100 150 200 250 300
-5,00
S12 (MPa)
-10,00
-15,00
-20,00
-25,00
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 60 - Gráfico das tensões S12 (corte) na resina para a secção C25/30_ ϕ16
64
Reforço de Estruturas de Betão Armado
250
200
S11(MPa)
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Figura 61 - Gráfico das tensões S11 na chapa e na resina para a secção C25/30_ ϕ16 e diferentes
comprimentos da chapa
Ao analisar a relação das tensões horizontais entra a chapa metálica e a resina podemos observar um
comportamento semelhante quando ambos não têm o mesmo comprimento que a viga. Conforme
mencionado previamente, as tensões na resina apresentam um aumento progressivo, mas têm um
aumento mais significativo quando a armadura atinge a sua tensão máxima.
6.4.1.5. Armadura de tração e Chapa
O gráfico da figura 62 apresenta os resultados para as tensões S11 na chapa metálica de reforço e na
armadura de tração.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 5 metros)
Figura 62 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 5,0 metros de
chapa
65
Reforço de Estruturas de Betão Armado
No gráfico apresentado, podemos observar que as tensões na chapa metálica são inicialmente maiores
do que as tensões na armadura de tração, quando a chapa tem o mesmo comprimento que a viga. Isso
indica que a chapa assume uma parte significativa das cargas aplicas, aliviando as tensões na armadura.
No entanto, à medida que a carga aumenta e a chapa atinge a sua tensão máxima, as tensões na armadura
de tração começam a crescer progressivamente. Isso ocorre porque, após a tensão máxima da chapa ser
atingida, a armadura assume uma parcela de carga maior.
Essa transição de tensões da chapa para a armadura de tração é um processo gradual, onde a chapa
inicialmente absorve uma parte das cargas, mas à medida que atinge o seu limite de resistência, a
armadura começa a assumir um papel mais significativo na resistência estrutural.
O gráfico da figura 63 apresenta os resultados para as tensões S11 na chapa metálica de reforço e na
armadura de tração para quando a chapa tem metade do comprimento total da viga.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Figura 63 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 2,5 metros de
chapa
Ao analisar o caso em que o comprimento da chapa metálica é a metade do comprimento total da viga,
podemos observar um comportamento interessante das tensões na armadura de tração. Logo após a
colocação da chapa, a tensão na armadura diminui, coincidindo com a presença da chapa. Isso ocorre
porque a chapa assume parte das cargas e ajuda a redistribuir as tensões na estrutura.
No entanto, à medida que nos afastamos do ponto de colocação da chapa, as tensões na chapa começam
a aumentar de forma mais acentuada em comparação com as tensões na armadura.
De seguida, o gráfico da figura 64 apresenta os resultados para as tensões S11 na chapa metálica de
reforço e na armadura de tração para quando a chapa representa dois terços do comprimento total da
viga.
66
Reforço de Estruturas de Betão Armado
400
350
300
S11 (MPa) 250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 3,3 metros)
Figura 64 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 3,3 m de
comprimento de chapa
Por fim, o gráfico na figura 65 apresenta os resultados para as tensões S11 na chapa metálica de reforço
e na armadura de tração para quando a chapa tem um comprimento compreendido entre o valor prévio
e o comprimento total.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 4 metros)
Figura 65 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C25/30_ ϕ16 com 4,0 m de
comprimento de chapa
Quando existe variação do comprimento da chapa, mas essa relação é maior do que a anterior,
observa-se um comportamento semelhante. No entanto, existem algumas diferenças significativas.
Uma diferença notável é que, quando a chapa é colocada mais cedo em relação ao comprimento total
da viga, a armadura de tração experimenta uma redução nas tensões existentes em um comprimento
menor em comparação ao caso anterior.
6.4.2. DEFORMAÇÃO
Para o cálculo da flecha, primeiro era necessário a verificação do controlo da deformação. Utilizou-se a
fórmula 11 para executar tal verificação.
67
Reforço de Estruturas de Betão Armado
𝑙 (76)
= 8,55
𝑑
𝜌0 = 0,005 < 𝜌 = 0,0062 (77)
0,005 1 0,0025 (78)
1[11 + 1,5√25 + √25√ 0,005 ] = 21,36
0,0662−0,0025 12
Como se verifica que l/d é inferior a 21,36, o controlo da deformação está garantido.
Após garantir o controlo, realizou-se a análise da flecha, δ. Os resultados obtidos encontram-se na tabela
19.
Tabela 19 - Flecha da secção C25/30_ϕ16
Após a análise dos valores anteriores, podemos concluir que a flecha da viga é maior quando submetida
à carga quase-permanente máxima, especialmente quando a viga não está reforçada. No entanto, ao
comparar o caso em que a carga quase-permanente máxima é aplicada à viga reforçada, observamos
uma redução significativa na flecha. Isso indica que a colocação de uma chapa metálica pode ajudar a
controlar a deformação da viga. A introdução da chapa metálica reduz a flecha em 40% em comparação
com o caso sem reforço.
A tabela 20 apresenta os valores para quando o comprimento da chapa é metade e dois terços do
comprimento total da viga.
Tabela 20 - Flecha da secção C25/30_ϕ16 para diferentes comprimentos de chapa
Analisando os valores obtidos, pode-se concluir que a variação do comprimento da chapa metálica não
tem grande influência na flecha máxima obtida.
6.4.3. FENDILHAÇÃO
Conforme discutido no capítulo anterior, ao realizar o cálculo da fendilhação, é essencial considerar a
diferença de extensões entre o aço e o betão, bem como a largura máxima permitida para as fendas.
Uma das premissas adotadas nesse cálculo é que o betão não possui resistência à tração, o que significa
que ele não é capaz de suportar tensões de tração. Portanto, a extensão a ser considerada no cálculo é a
extensão do aço das armaduras.
Os valores apresentados na tabela 21 foram retirados do SAP2000 e representam as extensões médias
da armadura de tração.
68
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Analisando a tabela, verifica-se que a variação do comprimento da chapa metálica não tem uma grande
influencia na abertura de fendas.
Para o cálculo da fendilhação, utilizou-se o maior valor de extensão obtida, neste caso 1,08‰.
10,05 ∗ 10−4 (79)
𝜌𝑝,𝑒𝑓𝑓 = = 0,024
0,1625 ∗ 0,25
0,016 (80)
𝑆𝑟,𝑚𝑎𝑥 = 3,4 ∗ 0,03 + 0,8 ∗ 0,5 ∗ 0,425 ∗ = 0,215 𝑚
0,024
1,08
𝑤𝑘 = 0,215 ∗ = 0,00023 𝑚 (81)
1000
Ao utilizar um betão com classe de exposição XC1, verificamos na figura… que o valor máximo
permitido para abertura de fendas é de 0,4 mm. Neste caso, obtivemos um valor de 0,23 mm, o que está
abaixo do limite estabelecido. Isso indica que a estrutura está dentro dos parâmetros de segurança em
relação à fendilhação.
69
Reforço de Estruturas de Betão Armado
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração sem reforço ELU Armadura de tração sem reforço
Armadura de tração com reforço ELU
Figura 66 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração para a secção C30/37_ ϕ20
O gráfico da figura 67 apresenta os resultados para as tensões S11 na armadura de tração, mas para uma
variação de comprimento da chapa de reforço.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 67 - Gráfico das tensões S11 na armadura de tração em função do comprimento da chapa de reforço
para a secção C30/37_ ϕ20
70
Reforço de Estruturas de Betão Armado
250
200
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 68 - Gráfico das tensões S11 na chapa metálica para a secção C30/37_ ϕ20
6.5.1.3. Resina
As tensões na resina foram estudas na direção horizontal, vertical e de corte. As tensões S11 encontram-
se no gráfico da figura 69.
100
90
80
70
S11 (MPa)
60
50
40
30
20
10
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 69 - Gráfico das tensões S11 na resina para a secção C30/37_ ϕ20
71
Reforço de Estruturas de Betão Armado
12,00
10,00
8,00
6,00
S22 (MPa) 4,00
2,00
0,00
-2,00 0 50 100 150 200 250 300
-4,00
-6,00
-8,00
L (cm)
Figura 70 - Gráfico das tensões S22 na resina para a secção C30/37_ ϕ20
5,00
0,00
0 50 100 150 200 250 300
-5,00
S12 (MPa)
-10,00
-15,00
-20,00
-25,00
L (cm)
L = 5 metros L = 2,5 metros L = 3,3 metros L = 4 metros
Figura 71 - Gráfico das tensões S12 (corte) na resina para a secção C30/37_ ϕ20
72
Reforço de Estruturas de Betão Armado
250
200
S11(MPa)
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Figura 72 - Gráfico das tensões S11 na chapa e na resina para a secção C30/37_ ϕ20 e diferentes
comprimentos da chapa
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 5 metros)
Figura 73 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 5,0 metros de
chapa
A figura 74 apresenta o gráfico com os resultados para as tensões S11 na chapa metálica de reforço e na
armadura de tração para quando a chapa tem metade do comprimento total da viga.
73
Reforço de Estruturas de Betão Armado
400
350
300
S11 (MPa) 250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Figura 74 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 2,5 metros de
chapa
O gráfico que apresenta os resultados para as tensões S11 na chapa metálica de reforço e na armadura
de tração para quando a chapa tem dois terços do comprimento total da viga, encontra-se na figura 75.
400
350
300
S11 (MPa)
250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 3,3 metros)
Figura 75 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 3,3 m de
comprimento de chapa
Por último, o gráfico que se situa na figura 76 representa a armadura de tração e a chapa metálica quando
ela apresenta um comprimento de 4,0 m.
74
Reforço de Estruturas de Betão Armado
400
350
300
S11 (MPa) 250
200
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Armadura de tração Chapa (L = 4 metros)
Figura 76 - Gráfico das tensões S11 na armadura e na chapa para a secção C30/37_ ϕ20 com 4,0 m de
comprimento de chapa
Todas as conclusões retiradas da análise desta secção são semelhantes aos casos anteriores, o que
comprova um comportamento igual do material indiferentemente da relação da armadura.
6.5.2. DEFORMAÇÃO
𝑙 (82)
= 8,55
𝑑
𝜌0 = 0,005 < 𝜌 = 0,0077 (83)
0,005 1 0,0039 (84)
1[11 + 1,5√30 + √30√ 0,005 ] = 22,11
0,0077−0.0039 12
Após analisar a tabela anterior, podemos concluir que a deformação da viga é maior quando a peça é
submetida à carga quase-permanente máxima quando a viga não se encontra reforçada. No entanto, ao
comparar o caso em que a carga quase-permanente máxima é aplicada à viga reforçada, observamos
uma redução significativa na flecha. Isso indica que a adição de uma chapa metálica, para além de
aumentar a capacidade resistente, pode ajudar a controlar a deformação da viga. Neste caso a flecha
diminui em cerca de 40 %.
75
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Como é possível observar, a deformação encontra-se controlada pois a relação entre o comprimento
total da viga e a altura efetiva, encontra-se abaixo do valor de referência
6.5.3. FENDILHAÇÃO
Para o cálculo da fendilhação, é necessário a obtenção dos valores das extensões médias do aço. Esses
valores encontram se na tabela 25 para quando a chapa de reforço tem o mesmo comprimento que a
viga e na tabela 26 para quando o comprimento da chapa varia
Tabela 25 - Extensões da secção C30/37_ϕ20
Como é possível verificar neste caso, a fendilhação também se encontra controlada e com uma redução
significativa quando aplicado o reforço.
76
Reforço de Estruturas de Betão Armado
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Figura 77 - Gráfico das tensões S11 na resina em função da variação da sua rigidez material
Como se observa, quanto mais rígida for a resina maior são as tensões horizontais atuantes na resina ao
longo do comprimento.
Isso ocorre porque, quanto mais rígida for a resina menor será a sua capacidade de deformação sob
cargas aplicadas, resultando numa transmissão maior de tensões para a resina. Em contrapartida, uma
resina mais flexível terá uma maior capacidade de deformação, distribuindo as tensões ao longo da sua
extensão e reduzindo as tensões horizontais em pontos específicos.
A figura 78 apresenta o gráfico com as tensões S22 na resina.
77
Reforço de Estruturas de Betão Armado
6,00
5,00
4,00
3,00
S22 (MPa) 2,00
1,00
0,00
-1,00 0 50 100 150 200 250 300
-2,00
-3,00
-4,00
L (cm)
Figura 78 - Gráfico das tensões S22 na resina em função da variação da rigidez material
Ao examinar os valores fornecidos pelo gráfico, observa-se que a resina com uma rigidez de 8,4 GPa
exibe tensões S22 ligeiramente maiores na região junto ao apoio. No entanto, é de destacar que não
existe uma variação de tensões significativa para as resinas estudadas, concluindo-se que não existe uma
relação direta entre a rigidez da resina e as tensões S22 sentidas pelo material.
O gráfico da figura 79 apresenta as tensões S12 na resina.
2,00
0,00
0 50 100 150 200 250 300
-2,00
S12 (MPa)
-4,00
-6,00
-8,00
-10,00
-12,00
L (cm)
Figura 79 - Gráfico das tensões S12 na resina em função da variação da rigidez material
Com base nos resultados obtidos, é possível concluir que a variação de rigidez da resina não apresenta
uma grande influência sobre os resultados das tensões de corte, S12, na própria resina. Ao analisar a
região critica, que é a zona do apoio onde as tensões de corte são mais influentes, observa-se que as
tensões S12 são ligeiramente maiores para a resina com o menor valor de rigidez; porém a diferença é
mínima.
Para além das tensões na resina, também foram analisadas as extensões horizontais, E11, da face inferior
do betão (betão de recobrimento) e da chapa de reforço, de forma a perceber o efeito da variação da
rigidez da resina na transferência das extensões do betão para a chapa.
A figura 80 apresenta o gráfico da variação das extensões E11 na face inferior do betão.
78
Reforço de Estruturas de Betão Armado
16,00
14,00
12,00
10,00
E11 (‰)
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Resina (E = 11,2 GPa) Resina (E = 8,4 GPa) Resina (E = 5,6 GPa)
Figura 80 - Gráfico das extensões E11 na face inferior do betão em função da variação da rigidez da resina
Os resultados mostram que a rigidez da resina exerce uma influência significativa nas extensões do
betão: quanto menor a rigidez da resina, maior é a extensão do betão. Ou seja, quando a rigidez da resina
aumenta, diminui a sua deformabilidade, restringindo a deformação do betão que apresenta extensões
menores. Por outro lado, uma resina mais flexível apresenta uma maior deformabilidade, permitindo
que o betão se deforme mais livremente, resultando em maiores extensões no betão.
Também foi analisado o comportamento das extensões ao longo da chapa metálica (figura 81).
16,00
14,00
12,00
10,00
E11 (‰)
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0 50 100 150 200 250 300
L (cm)
Resina (E = 11,2 GPa) Resina (E = 8,4 GPa) Resina (E = 5,6 GPa)
Figura 81 - Gráfico das extensões E11 na chapa metálica em função da variação da rigidez da resina
Estes gráficos mostram que a chapa metálica apresenta o mesmo comportamento que a face do betão
onde cola: quanto mais rígida é a resina, menor são as extensões na chapa metálica de reforço. Este
comportamento resulta do facto de uma menor rigidez na resina implicar uma maior deformação do
betão e, por inerência, uma maior deformação da chapa, que não é compensada pelo maior
escorregamento que a chapa sofre em relação à superfície do betão. A título de curiosidade, a
deformação a meio vão da viga para as rigidezes da resina de 11,2 GPa e 5,6 GPa, é igual a 0,0247 m e
0,0371 m, respetivamente.
79
Reforço de Estruturas de Betão Armado
Os resultados mostram ainda que, mesmo para resinas menos rígidas, a extensão na chapa é maior do
que a extensão registada na face de betão onde cola. Este efeito resulta do facto do aumento da
deformação da chapa resultante da rotação da secção extrema da viga ser superior à redução da
deformação da chapa resultante da rotação em sentido contrário da espessura da resina.
80
Reforço de Estruturas de Betão Armado
7.
Conclusão
81
Reforço de Estruturas de Betão Armado
equilibrada das tensões nas várias camadas de aço até atingirem a tensão máxima. Ou seja, contribui
para uma distribuição mais uniforme das cargas ao longo da estrutura e minimiza o surgimento de
concentrações de tensões em pontos específicos.
Foi também analisado o estado de tensão axial e de corte na resina. Na direção longitudinal da viga,
observou-se um aumento progressivo das tensões axiais, sendo o valor máximo encontrado na zona
central da peça, que se encontra mais solicitada. Na direção transversal, verificou-se um valor muito
elevado das tensões axiais na zona de apoio. Isso ocorre porque a chapa metálica tem tendência a se
destacar-se da peça, e a resina desempenha o papel de cola, evitando essa separação. No que diz respeito
às tensões de corte, observam-se tensões mais elevadas na zona de apoio. Isso indicia um maior
“escorregamento” da chapa metálica nessa região. As tensões verticais e de corte elevadas na zona
extrema das chapas justifica a boa prática de colocação de conectores mecânicos nessa área, garantindo
um melhor desempenho do reforço. Tal como acontece na chapa metálica, também na resina a
consideração de chapas mais curtas causam variações das tensões mais abruptas. Esses resultados
evidenciam a importância de considerar esses fatores ao utilizar a resina numa técnica de reforço. A
compreensão desses efeitos é fundamental para garantir o desempenho adequado da estrutura reforçada
e adotar medidas complementares, como a utilização de ligadores mecânicos, se necessário. Em relação
ao impacto na viga da variação da rigidez da resina, constatou-se que quanto mais rígida for a resina,
maiores serão essas tensões axiais S11 na própria resina. Isso ocorre porque uma resina mais rígida
possui uma capacidade de deformação mais reduzida quando submetida a cargas aplicadas, resultando
numa transmissão maior de tensões para a resina. Proveniente disso, também se verificou que quanto
maior será a rigidez menor serão as extensões sofridas pela face inferior do betão e pela chapa metálica
de reforço.
Ao analisar as condições de serviço, como a fendilhação e a deformação, observou-se que a colocação
da chapa metálica resulta numa redução significativa da flecha e das extensões máximas no aço. Em
comparação com o caso sem reforço, a utilização da chapa metálica reduz em cerca de 38% a flecha e
53% a extensão média do aço de tração, para a mesma carga aplicada. Esses valores indicam uma
melhoria na rigidez e no comportamento estrutural da viga quando é utilizado o reforço com chapa
metálica. Por outro lado, a variação do comprimento da chapa metálica não demonstrou uma influência
significativa nestes parâmetros; independentemente do comprimento da chapa metálica, a redução a
flecha e nas extensões médias do aço foi semelhante. Portanto, pode-se concluir que o reforço com chapa
metálica é eficaz na redução da deformação e na prevenção da fendilhação da viga, mesma quando
consideradas chapas de menor extensão. Estes resultados indicam que a adição da chapa metálica como
reforço estrutural pode melhorar significativamente o desempenho da viga em termos de deformação e
fendilhação, proporcionando uma melhor funcionalidade e uma maior durabilidade à estrutura.
Em relação às secções analisadas, observou-se que, independentemente da quantidade de armadura
presente na secção original, os efeitos do reforço com chapa metálica, dimensionada para o mesmo
aumento relativo da capacidade resistente da viga, nos parâmetros avaliados foram semelhantes. Da
mesma forma, a alteração da resistência do betão não causou variações significativas nestes resultados,
que indicam que o uso de chapa metálica como reforço estrutural foi eficaz, independentemente da
quantidade de armadura e da resistência do betão considerada na secção original analisada. No entanto,
é fundamental que o dimensionamento da chapa metálica seja adequado, face às cargas atuantes e os
requisitos de segurança e normativos aplicáveis.
82
Reforço de Estruturas de Betão Armado
83
Reforço de Estruturas de Betão Armado
84
Reforço de Estruturas de Betão Armado
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