Cop 21
Cop 21
Cop 21
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ONU BRASIL. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/cop21> Acesso em: 18 de junho de 2018.
Ressalve-se que tais metas e ambições obedecerão sempre os princípios do Direito
Internacional do Meio Ambiente estabelecidos na Declaração de Estocolmo de 1972 2
dando ênfase aos Princípios da Responsabilidade Comum, porém Diferenciada, pois há de
se levar em conta que impor metas que prejudiquem os países menos desenvolvidos de se
desenvolverem caracterizaria uma grande injustiça 3; o Princípio da Cooperação que
tangencia o anteriormente citado visando o espírito de parceria dos Estados e povos na
promoção de um sistema econômico aberto e favorável para o desenvolvimento sustentável
das nações sem deixar de lado o tratamento adequado às questões inerentes à degradação
ambiental e o Princípio do Desenvolvimento Sustentável, principal norteador das políticas
ambientais, visando sempre a preservação dos recursos naturais sem que haja prejuízo às
presentes e futuras gerações, e não contrário, que esse desenvolvimento seja alcançado
homogeneamente pelos Estados.
Seguindo a mesma exigência prevista no Protocolo de Kyoto, o Acordo de Paris
necessitava da ratificação de pelo menos 55 países que juntos somam 55% das emissões de
Gases de Efeito Estufa (GEE) no planeta para que entrasse em vigor, o que foi alcançado
em 20174. Atualmente conta com a participação de 195 países, o que gera um resultado
muito positivo em relação ao alcance das metas estabelecidas e deixa evidente que a
preocupação com as questões ambientais deixou de ser amesquinhada pela maioria dos
Estados passando a fazer parte das agendas governamentais de políticas públicas em seus
respectivos territórios. Nas palavras do Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon, o Acordo
de Paris marca uma verdadeira transformação na esfera global: “Pela primeira vez, cada
país do mundo se compromete a reduzir as emissões, fortalecer a resiliência e se unir em
uma causa comum para combater a mudança do clima. O que já foi impensável se tornou
um caminho sem volta5”.
Em que pese os avanços sejam positivos, há de se levar em conta a saída dos EUA do
Acordo de Paris em junho de 2017, fato este que tem grande relevância pelo fato do país
2
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos. Declaração de
Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano – 1972. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/
index.php/Meio-Ambiente/declaracao-de-estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html > Acesso em: 18 de junho
de 2018.
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Nesse sentido faz-se interessante relembrar as determinações constantes do Protocolo de Kyoto, que estabelecia
uma meta igual de redução dos gases de efeito estufa em 5,2% não levando-se em consideração as diferenças
entre países em desenvolvimento e desenvolvidos. Tal disposição ocasionou discussões políticas acaloradas,
sendo um dos motivos para o fracasso nos resultados finais obtidos.
4
Ministério do Meio Ambiente. Acordo de Paris. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/convencao-
das-nacoes-unidas/acordo-de-paris> Acesso em: 19 de junho de 2018.
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ONU BRASIL. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática. Disponível em: <https://
nacoesunidas.org/cop21> Acesso em: 19 de junho de 2018.
ser um dos maiores emissores de GEE. O posicionamento do atual presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, fundamenta-se na questão econômica do país, o que segundo ele,
não poderá ser impactada pelas disposições conflitantes do Tratado; aduz ainda que
analisará uma futura rerratificação do dispositivo 6. É notório que tal fato dificulta em boa
parte o cumprimento das metas estipuladas para os anos seguintes, não só pelo grande
potencial poluidor do país, mas também por serem grandes fornecedores de tecnologias e
recursos financeiros aos países em desenvolvimento para as ações de adaptação e
mitigação do aquecimento global. Tangenciando o exposto, o artigo 28 do Acordo de Paris
dispõe sobre o procedimento de denúncia ao Tratado, que consiste na saída voluntária de
um Estado, podendo ser realizada após três anos de vigência para uma Parte, contados a
partir data da ratificação, mediante notificação de saída prévia ao Secretariado das Nações
Unidas; os efeitos da denúncia só vigorarão após um ano contados da data do recebimento
da notificação ao Secretariado, ou se houver, de data especificada conforme o caso. Como
o Acordo de Paris encontra-se no seio da Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas,
pode ainda um Estado optar pela saída da referida Convenção, estando tacitamente
excluído do Acordo, dessa forma, os efeitos da saída vigorarão após um ano da notificação
ao Secretariado Geral da ONU.
Ante o exposto, a China e a União Europeia ganham maior protagonismo na liderança
das ações globais estipuladas pelo acordo parisiense, e não menos relevante, outros atores
como Canadá e México ganham maior representatividade no âmbito regional americano.
O Acordo de Paris institui um Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre o Acordo de Paris
para exercer basicamente as mesmas atividades que o anteriormente instituído e concluso
Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre a Plataforma de Durban para Ação Reforçada,
estabelecido pela COP-177; esse grupo funciona como um mecanismo de coordenação da
agenda global responsável pelas metas e ambições convencionadas no Tratado, bem como
administra o Green Climate Fund-GFC 8 responsável por parte da arrecadação de fundos
dos Estados desenvolvidos destinados a fomentar a implementação de tecnologias
6
BBC NEWS BRASIL. Cinco efeitos globais da saída dos EUA do Acordo de Paris. Disponível em:
<https://www. bbc.com /portuguese/internacional-40114352> Acesso em: 19 de junho de 2018.
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A COP-17 consistiu na negociação de uma “segunda fase” do Protocolo de Kyoto que tem por escopo que as
medidas de redução na emissão dos GEE alcancem todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento,
levando em consideração o Princípio da Responsabilidade Comum, porém Diferenciada, sendo assim, estabelece
que os países desenvolvidos reduzam os níveis de emissão de GEE entre 25 e 40%, enquanto que os países em
desenvolvimento devem adotar medidas de mitigação. Outra inovação trazida pela Conferência foi a criação do
Fundo Verde do Clima voltado para subsidiar apoio financeiro aos países em desenvolvimento, contando com
um aporte de US$100 bilhões. SUPERINTERESSANTE. Entenda a COP17, em três minutos! Disponível em:
<https: //super.abril.com.br/blog/planeta/entenda-a-cop17-em-tres-minutos/> Acesso em: 21 de junho de 2018
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Tradução Livre: Fundo Verde do Clima
sustentáveis nos países menos desenvolvidos e ajudar nas ações de adaptação dos países
que são mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, e também elabora
relatórios com recomendações sobre os avanços obtidos que serão apresentados nas
subsequentes COPs, acerca do que deve ser mudado nas ações para frear o aquecimento
global, exercendo assim a disposição mutatis mutandis, e por fim, delibera a respeito da
composição dos dirigentes do Grupo por meio de eleições internas.
Um importante mecanismo de fiscalização fica estabelecido pelo Acordo de Paris, são
as Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (NDCs) que consistem no
envio de relatórios periódicos por parte dos Estados-Membros (a cada cinco anos,
conforme decisão 1/CP.219) para análise nas posteriores Conferências das Partes,
apresentando os resultados das ações internas de redução das emissões de GEE, dentro de
suas possibilidades, buscando atingir um pico global o mais rápido possível. Deve-se
considerar que os países em desenvolvimento levarão maior tempo para atingirem níveis
satisfatórios de redução, no entanto, devem sempre almejar maiores ambições a cada
relatório e buscar o apoio financeiro do Órgão Subsidiário de Implementação e do Fundo
Verde do Clima para reforçar o cumprimento das metas estipuladas. No que tange os
países desenvolvidos, cabe a eles promover a redução absoluta na emissão dos gases
causadores do efeito estufa e assumir a liderança na realização das metas do modo mais
abrangente possível. O objetivo dessas ações é equilibrar as emissões antrópicas por fontes
e remoção por sumidouros de GEE até a segunda metade do século.
Os Estados ficam responsáveis pela elaboração do relatório garantindo que sejam
evitadas duplas contagens quanto aos níveis de redução das emissões observando-se
sempre os critérios da completude, exatidão, comparabilidade, integridade ambiental
consistência e transparência quanto aos dados apresentados, esse relatório deverá ser
gravado em registro público mantido pelo Secretariado das Nações Unidas que deverá
publicar as NDCs no site da UNFCCC. Faz-se pertinente pontuar que qualquer uma das
Partes poderão ajustar as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas para atingir
níveis mais ambiciosos no que tange as reduções das emissões de GEE conforme as
orientações fornecidas nas COPs, desse modo, o Acordo visa incentivar a predisposição
voluntária das Partes, especialmente as que se encontrem em desenvolvimento, em buscar
o alcance de metas cada vez mais significativas para um resultado global satisfatório.
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ONU BRASIL. Adoção do Acordo de Paris. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/acordodeparis/>
Acesso em: 21 de junho de 2018
Outro ponto relevante é quanto a possibilidade da adoção do Acordo de Paris pelas
Organizações Regionais de Integração Econômica, como por exemplo o MERCOSUL,
NAFTA, UE, entre outras, que poderão chegar a um acordo para atuarem conjuntamente
na realização das NDCs, podendo atuar tanto como a própria Organização, quanto como
em caráter individual, sendo Estado-Parte do Acordo de Paris; para tanto deverão notificar
o Secretariado sobre as medidas convencionadas, compreendendo os níveis dos quais cada
membro se compromete reduzir as emissões de GEE. O Secretariado, por sua vez, deverá
comunicar aos demais signatários do Acordo de Paris sobre os termos do referido acordo
das Organizações Regionais. Ficam responsáveis pelos seus níveis de emissões
estabelecidos no acordo as Organizações Regionais de Integração Econômica em caráter
conjunto não afastando a responsabilidade individual dos Estados signatários do Acordo de
Paris que assumiram ambos compromissos, conforme disposto no artigo 4, parágrafo 18 do
diploma.
No que tange as ações de Mitigação das emissões dos gases de efeito estufa, o
designado Grupo de Trabalho Ad Hoc desempenhará um papel consultivo aos Estados,
fornecendo orientações quanto aos métodos para apresentação das informações constantes
nos relatórios das NDCs, e também, como devem ser feitas as contabilizações das emissões
e reduções antrópicas, devendo ser utilizados métodos e métricas comumente utilizadas
pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change10), e não contrário, os Estados
devem assegurar a consistência metodológica, inclusive das linhas de base, entre a
comunicação e a implementação das contribuições nacionalmente determinadas, devem
também incluir todas as categorias de emissões ou remoções antrópicas previstas nas
NDCs, e uma vez incluídas, deverão sempre constar nos relatórios ulteriores. No caso de
alguma categoria ser excluída o Estado deverá justificar o porquê da remoção.
O artigo 6 dispõe que um Estado poderá buscar cooperação voluntária com outros
Estados para que se atinjam níveis mais ambiciosos no tocante às ações de mitigação e
adaptação, visando sempre a promoção do desenvolvimento sustentável, a preservação da
integridade do meio ambiente e a transparência, inclusive no que tange à governança, para
tanto, os Estados signatários devem aprovar essa coparticipação entre os sujeitos.
Ainda no bojo do artigo 6, fica estabelecido no parágrafo 4 um mecanismo para
contribuir nas ações de mitigação das emissões de GEE para utilização das Partes que
optarem pela cooperação voluntária, ficando sob as orientações das subsequentes COPs
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Tradução livre: Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
inerentes ao Acordo de Paris. O referido mecanismo terá por objetivo: (a) Promover a
mitigação das emissões de gases de efeito estufa, fomentando simultaneamente o
desenvolvimento sustentável; (b) Incentivar e facilitar a participação na mitigação das
emissões de gases de efeito estufa por entidades públicas e privadas autorizadas por uma
Parte; (c) Contribuir para a redução dos níveis de emissão na Parte anfitriã, que irá
beneficiar de atividades de mitigação, resultando em reduções de emissões que também
podem ser utilizadas por outra Parte para cumprir sua contribuição nacionalmente
determinada; e (d) Entregar uma mitigação conjunta em emissões globais. Ressalve-se que
se uma Parte utilizar do mecanismo para demonstrar o cumprimento das metas estipuladas
em sua NDC, a Parte Anfitriã não poderá utilizar dos mesmos dados para demonstrar o
cumprimento de suas metas, tendo em vista que se tratam de territórios diferentes, não
havendo possibilidade de atingirem exatamente os mesmos níveis. Ainda visando os
princípios norteadores das ações de mitigação das emissões de GEE e reduções antrópicas,
fica assegurado que parte dos recursos obtidos pelos entes colaboradores públicos e
privados deverão ser remanejados para cobrir despesas administrativas, e principalmente
destinados aos países mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global, colaborando
para atender os custos de adaptação.
As ações de adaptação dirigem-se especialmente aos países menos desenvolvidos, que
por vezes, são os mais vulneráveis aos reflexos das mudanças climáticas; a comunidade
internacional deve reconhecer que as ações de adaptação dessas nações constituem um
grande desafio global, devendo ser enfrentado por todos, em todos os âmbitos e dimensões
nacionais e internacionais, para obtenção de níveis significativos a longo prazo. As ações
de adaptação devem ser orientadas pela melhor ciência, não desprezando os conhecimentos
locais, incluindo o dos povos indígenas, mantendo sob enfoque os grupos mais
vulneráveis, comunidades étnicas e ecossistemas, buscando uma integração nas políticas
socioambientais e econômicas relevantes.
A cooperação internacional das Partes nas ações de adaptação será imprescindível para
a efetivação das mesmas, compreendendo o compartilhamento de informações, boas
práticas, experiências e boas lições aprendidas no que tange o planejamento e políticas
exercidas nesse sentido, articulação do reforço dos Arranjos Institucionais que fazem parte
do Acordo de Paris, aprimoramento dos conhecimentos científicos sobre o clima, métodos
de pesquisa, observação sistemática do sistema climático e sistemas de alerta precoce, de
uma maneira que informe os serviços de clima e apoie a tomada de decisões, e a busca pelo
melhoramento e maior durabilidade dos trabalhos realizados.
Para verificar o progresso referente as ações de adaptação, cada Parte deverá
apresentar e atualizar comunicações acerca das prioridades, necessidades de
implementação e apoio, planos e ações pretendidas, sem que sejam criados encargos
adicionais aos Estados-Partes em desenvolvimento; tais comunicações deverão ser
gravadas em registro público e encaminhadas ao Secretariado das Nações Unidas que as
manterão sob seu domínio na qualidade de depositário.
Os Recursos financeiros adquiridos pela arrecadação de fundos destinadas a auxiliar
os países em desenvolvimento ficarão sob tutela do Mecanismo Financeiro da Convenção,
ora designado como Órgão Subsidiário de Implementação, determinando que os países
desenvolvidos deverão comunicar a cada dois anos informações quantitativas, qualitativas
e indicativas acerca dos recursos financeiros públicos a serem fornecidos aos países em
desenvolvimento, devendo essas informações serem transparentes e consistentes. Cabe
ainda lembrar que os países em desenvolvimento contarão também com o apoio do Fundo
Verde do Clima para financiar os custos de planejamento, aplicação de programas e
projetos identificados por eles, e não contrário, o Acordo incentiva a participação de outras
Partes que não sejam adeptas à Convenção.
Reconhecendo a importância da transferência de tecnologias para viabilização dos
programas, projetos e ações de mitigação e adaptação fica designado um Mecanismo de
Tecnologia, ora designado como Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e
Tecnológico que terá por objetivo melhorar a resiliência às mudanças climáticas e por
conseguinte, reduzir as emissões de GEE, objetivo precípuo do Acordo, que atuará
paralelamente com o Mecanismo Financeiro da Convenção.
Outra abordagem significativa se observa na prorrogação do Mecanismo Internacional
de Varsóvia para Perdas e Danos ocasionados por mudanças climáticas pelo Acordo de
Paris, que fora instituído na anterior COP19, fato que gerou grande truculência entre os
Estados durante as negociações a respeito do tema,11 a criação deste mecanismo já se fazia
presente na agenda das COPs anteriores, o estopim para o estabelecimento definitivo desse
mecanismo se deu após o desastre natural causado pelo Tufão Hayan no litoral das
Filipinas, causando milhares de mortes e diversos danos a população da região; tal
mecanismo tem o objetivo de reagir rapidamente aos possíveis impactos das mudanças
11
OBSERVATÓRIO DO CLIMA. Cop 19: os resultados. Disponível em:
<http://www.observatoriodoclima.eco.br/cop-19-os-resultados-2/ > Acesso em: 13/07/2018.
climáticas em nações pobres, ficando convencionado a partir do evento que ficará sob a
tutela da Plataforma de Adaptação da UNFCCC pelos primeiros três anos, e após
transcorrido esse período, atuará em caráter independente, o que é pouco provável que
ocorra por divergências políticas. O Acordo de Paris mantém o Mecanismo Internacional
de Varsóvia para as eventuais Perdas e Danos advindas de mudanças climáticas, para tanto,
determina que este ficará sob orientação das COPs na qualidade de reunião das Partes que
deverão aprimorar a compreensão, ação e apoio do Mecanismo, compreendidas pelas ações
de: (a) Sistemas de alerta precoce; (b) Preparação para emergências; (c) Eventos de início
lento; (d) Eventos que podem envolver perdas e danos irreversíveis e permanentes; (e)
Avaliação e gestão de riscos abrangentes; (f) Instalações de seguros de risco, mutualização
de riscos climáticos e outras soluções de seguros; (g) Perdas não econômicas; (h)
Resiliência das comunidades, meios de subsistência e ecossistemas 12. O Mecanismo
Internacional de Varsóvia, deverá ainda colaborar com os grupos de especialistas
agregados ao Acordo, e não contrário, com as Organizações e Órgãos relevantes para o
mesmo fim.
Todas essas ações deverão ser avaliadas ao todo no Global Stocktake13, que deverá ser
realizado periodicamente para avaliar o progresso dos objetivos de longo prazo. O primeiro
Balanço Global deverá ser realizado em 2023, e depois deste, num período de cinco em
cinco anos daí em diante, salvo decisões em contrário proferidas pela Reunião das Partes, é
importante lembrar que todos as ações decorrentes desse Tratado serão baseadas na
transparência, e deverão ser apresentadas de forma facilitada e abrangente, guiadas pela
melhor ciência e à luz da igualdade formal entre as Partes. O resultado do Balanço Global
deverá ser apresentado às Partes na Conferência das Partes contendo recomendações feitas
pelo Grupo de Trabalho Ad Hoc, bem como deverá conter, inter alia, os resultados dos
esforços de adaptação dos países em desenvolvimento Partes destinados a: aprimorar a
implementação de ações de adaptação tendo em conta a comunicação de adaptação referida
no parágrafo 10 do artigo 7 do Acordo de Paris, revisar a adequação e eficácia da
adaptação e o apoio fornecido para adaptação, e revisar os progressos gerais realizados na
consecução do objetivo global sobre adaptação referido no parágrafo 1 do artigo 7 do
Acordo.
12
ONU BRASIL. Adoção do Acordo de Paris. Disponível em:<https://nacoesunidas.
org/wp-content/uploads/2016/04/Acordo-de-Paris.pdf> Acesso em: 13/07/2018.
13
Tradução Livre: Balanço Global
Para promover a fiscalização geral do cumprimento das disposições, e não obstante,
tendo a finalidade de facilitar a implementação das mesmas, instituiu-se no artigo 15 da
Convenção, um Comitê especializado que atuará de maneira transparente e não terá caráter
punitivo nem acusatório, devendo fornecer aos Estados atenção especial às respectivas
capacidades e circunstâncias peculiares nacionais. Faz-se necessário ainda pontuar que
todos os mecanismos instituídos para coordenação das ações deverão funcionar mediante
aplicação da disposição mutatis mutandis, tendo em vista as revisões e adaptações
contínuas necessárias para eficácia das ações a longo prazo.
Analisando todo o conteúdo exposto, podemos notar as inovações trazidas pelo
Acordo de Paris em relação ao que fora estabelecido no Protocolo de Kyoto, pois pela
primeira vez fica estabelecida uma meta para todos os países cumprirem em conjunto de
manter a temperatura da Terra bem abaixo dos 2 C º até o ano de 2100 por meio da redução
dos gases de efeito estufa, o que segundo as previsões da comunidade científica do IPCC
reduz a estimativa pela metade do que seria sem o Acordo, de forma que sejam respeitadas
as limitações dos países em desenvolvimento, mas sem excluir as responsabilidades
comuns, porém diferenciadas em relação as potências desenvolvidas, o que não ocorria nas
disposições da primeira fase do Protocolo de Kyoto que estipulava metas obrigatórias
apenas para os países desenvolvidos e para os países em desenvolvimento eram feitas
apenas recomendações, não criando obrigatoriedade a eles. Outro ponto relevante é que o
custo dessas ações, bem como o fomento para implementação de tecnologias e
conhecimento científico compete integralmente aos países desenvolvidos que contribuirão
com US$100 bilhões para que os objetivos do presente Acordo sejam de fato executados,
ainda que esse objetivo certamente sofrerá sérias alterações levando em consideração a
saída dos Estados Unidos da Convenção. O Protocolo de Kyoto teve sua vigência
prorrogada até 2020 conforme convencionado na COP17, caracterizando uma segunda fase
para alcançar objetivos, portanto suas disposições ainda são aplicáveis, no entanto, deverão
ser superadas pelo Acordo de Paris após o seu término. Não menos relevante, outro ponto
cirúrgico que o Acordo de Paris congratula em suas disposições são as Contribuições
Nacionalmente Determinadas Pretendidas (NDCS) que caracterizam a instituição de um
sistema de revisão periódica dos resultados obtidos, a cada cinco anos ocorrerão as
reuniões das Partes para avaliar se os resultados obtidos estão sendo satisfatórios e eficazes
para conter o aquecimento global, em caso negativo, os países serão alertados a agirem de
maneiras mais estritas e reduzir com maior rigor os níveis de emissões.
O Acordo de Paris marca uma grande quebra de paradigma nas políticas internacionais
ambientais que eram feitas anteriormente à sua criação após um longo período de
negociações que se deram desde 2011 e finalmente conclusas em 2015. Fica evidente o
envolvimento dos países com a temática e a preocupação com o futuro das gerações, a
grande maioria das Nações ratificaram o Acordo e se comprometeram em reduzir
significativamente suas emissões de GEE, até mesmo as que já eram Partes no Protocolo
de Kyoto ratificaram o Tratado sem que tivessem aceito a segunda fase do mesmo, medida
positiva para os futuros resultados.
É evidente que não será possível reparar em sua totalidade os danos causados ao Meio
Ambiente, pois foram séculos de exploração desenfreada sem que fossem colocadas na
balança as consequências das atividades, todavia as políticas ambientais visam amenizar
esses reflexos sem deixar de buscar o desenvolvimento econômico das nações de uma
forma sustentável que garanta meios de sobrevivência para as presentes e futuras gerações
almejando manter a habitabilidade do planeta em condições dignas de sobrevivência.