Resposta À Acusação (Marconi X MP)
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Processo n° 0007658-65.2018.8.15.2002
I – DA SINÓPSE FÁTICA:
1.1. DOS FATOS NARRADOS NA DENÚNCIA
O denunciado foi preso (08/07/2018 – domingo) e autuado em flagrante delito, porém
colocado em liberdade provisória com imposição de medidas cautelares de direito 1, e está sendo
processado sob a acusação de ter supostamente cometido o crime de lesão corporal dolosa qualificada
pela violência doméstica (art. 129 § 9°, do Código Penal) e ameaça (art. 147 c/c art. 69, ambos do
Código Penal) contra a Sra. Jaquelyne Cardoso Alves.
Pelos relatos constantes na denúncia, o fato característico aconteceu no dia 07/07/2018 2,
por volta das 12h, na Rua Arthur Monteiro Paiva n° 23, Apartamento 402, no bairro do Bessa, na
Cidade de João Pessoa-Paraíba.
1
ID. 35886433 - págs. 22/24.
2
Data informada equivocadamente, já que o fato narrado ocorreu no dia 08/07/2018 (domingo).
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Foi firmado que tal delito ocorreu em razão de o acusado ter agredido verbalmente a
vítima, chamando-a de “burra e vagabunda”, iniciando-se uma série de agressões verbais contra esta.
Por conseguinte, o acusado passou a ameaça-la de pegar sua arma, que se encontrava em seu
automóvel, e matá-la, momento em que começou a agredi-la fisicamente, dando-lhe pancadas em sua
cabeça com seu próprio punho fechado, tapas em seu rosto, puxões de cabelo e chutes em seus pés.
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Constata-se, ainda, que as partes só se encontraram pessoalmente no dia 06/07/2018
(sexta-feira), quando o denunciado teria se dirigido a Cidade de Natal/RN para passar o fim de semana
com a mesma, com o intuito de se conhecerem melhor.
Que ambos ficaram a sexta-feira juntos no Hotel de Ponta Negra, enquanto no sábado
saíram para passear, retornando às 15h00m para o Hotel, onde permaneceu até as 9h00m do dia
08/07/2018 (domingo). Em comum acordo, as partes decidiram se dirigir à Cidade de João Pessoa e
ficarem no apartamento de veraneio do denunciado com o intuito de “se conhecerem melhor”.
Que durante o retorno para João Pessoa a Sra. Jaquelyne passou a ter dificuldades
respiratórias, já que sofria de asma, contudo, só ao chegar no apartamento do denunciado, o mesmo,
na condição de médico, ministrou o medicamento: Seretide Diskus3.
Ocorre, todavia, que após ser informada pelo réu que faltava 1 (um) minuto para que o
UBER chegasse, a Sra. Jaquelyne, de forma inesperada e descontrolada, correu em sua direção,
passando a lhe agredir fisicamente com socos/tapas em seu rosto, enquanto ao mesmo tempo gritava
caluniosamente: “SOCORRO, SOCORRO, ESTOU SENDO AGREDIDA”; por repetidas vezes.
Como reação natural, o réu passou a agir em legítima defesa com: (i) tentativas
infrutíferas de segurar as mãos da agressora Jaquelyne; (ii) quando insuficientes, mordeu uma única
vez sua mão; e, por fim, quando não conseguiu seu intento, (iii) passou a puxar seus cabelos.
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Que nesse exato momento, foram chegando inúmeras pessoas para “socorrer uma mulher
que estava aos gritos de socorro e informando estar sendo agredida”. Fato este que, aos olhos de
quem acabara de chegar, estaria sendo confirmado, quando passaram a presenciar o réu (ainda que
vítima agindo em legítima defesa), segurando as mãos da Sra. Jaquelyne e puxando seus cabelos.
Ainda sob a proteção dos 02 (dois) ex-moradores, o réu continuou a ser ameaçado pelos
motoqueiros, que logo foram advertidos de que o falso testemunho causariam prejuízos a eles.
Nesse interregno o réu tentou ligar para a polícia (190), contudo, nervoso e com medo de
ser agredido pelos motoqueiros, terminou ligando para a PRF (191). Todavia, antes de realizar nova
ligação, chegaram os policiais que participaram das diligências, ora arrolados como testemunhas.
É de bom alvitre ressaltar, MM Julgador, que não existe crime perfeito, e que o réu tem
plena consciência de que tudo ficará devidamente comprovado de que todas as acusações feitas pela
Sra. Jaquelyne, está sim a verdadeira autora do fato, cairão por terra.
Além do mais, seja por uma questão divina ou de justiça, dias depois de ser posto em
liberdade provisória, o réu foi surpreendido com uma ligação de um ex-vizinho, o Sr. Aldírio Gadelha
dos Santos, o qual lhe perguntou “qual teria sido o resultado do ocorrido na garagem, do dia
08/07/2018”. Sem entender, o réu lhe perguntou como ele teria tomado conhecimento daquele fato.
Na oportunidade, lhe foi explicado pelo ex-morador do prédio, que ele teria presenciado
todo o ocorrido de dentro do seu carro. Acrescentou que tinha acabado de estacionar seu veículo na
garagem do prédio, por trás de onde o réu se encontrava, e que teria deparado no momento exato
quando uma mulher teria saído de dentro do prédio em sua direção e que passou a o agredir, além de
gritar “socorro, socorro, estão me agredindo”.
Por fim, informou ter ficado até o momento em que 2 (dois) moradores teriam aparecido e
que os mesmos teriam impedido que os 2 (dois) motoqueiros o agredissem.
É a síntese do necessário.
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II – DAS PRELIMINARES:
2.1. INÉPCIA DA DENÚNCIA POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA:
Em que pese o relevante valor da palavra da vítima nos delitos perpetrados no âmbito
doméstico, o caso dos autos apresenta peculiaridades.
Conforme podemos observar, a denúncia tem sua base formada apenas pelo depoimento
da vítima, que de fato, foi à única pessoa que presenciou o acontecimento, juntamente com o réu. Pelo
menos até onde se sabia.
Sabe-se que nosso sistema processual penal é o acusatório, cabendo não ao acusado o
ônus de fazer prova de sua inocência, mas ao Ministério Público, com provas robustas, comprovar a
real existência do delito.
Ao receber uma denúncia, inicia-se a segunda fase da persecução penal, onde o juiz há
de se lembrar que tem diante de si uma pessoa que tem o direito constitucional de ser presumido
inocente, pelo que possível não é que desta inocência a mesma tenha que fazer prova.
Restou, então, ao Ministério Público, a obrigação de provar a culpa do acusado, o que não
foi feito até o presente momento, haja vista que as 02 (duas) testemunhas arroladas são os 2 (dois)
policiais que participaram das diligências e, embora tenham efetuaram a “prisão em flagrante do réu,
não presenciaram os fatos, tomando por base ouvir dizer da vítima e de pessoas que também não
presenciam os fatos.
Com efeito, podemos ver no caso em tela que apenas o depoimento da vítima embasa a
pretensão condenatória, mesmo havendo indícios de lesões mútuas das partes, e elementos
suficientes de legítima defesa, o que fere o princípio constitucional fundamental da dignidade da
pessoa humana.
Além do mais, claro se mostra que toda a situação fática tenha ocorrido na garagem do
prédio, de ampla visibilidade da via pública, contudo não restando sequer uma única testemunha
idônea, que possa corroborar com a versão narrada pela “suposta vítima”. Assim, a denúncia do
Ministério Público se funda única e exclusivamente nos fatos narrados pela suposta vítima, a Sra.
Jaquelyne.
Desse modo, mostra-se total temeridade proceder uma instrução processual, com
plausibilidade de uma condenação e a imputação de uma pena ao réu, frente à extrema fragilidade do
material probatório que tenha de comprovar a autoria de um pretenso delito que não ocorreu.
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Diante do exposto, como a instauração do processo já atenta contra o status dignitatis do
denunciado, não se pode permitir que a ação seja uma aventura irresponsável, lançando ao polo
passivo, sem qualquer critério, qualquer pessoa.
2.2. DA INÉPCIA DA DENÚNCIA – AUSÊNICA DE DESCRIÇÃO DO § 9° DO ART. 129
DO CÓDIGO PENAL:
Outro fato que merece destaque, MM Julgador, é que o Ministério Público, ao se
pronunciar acerca do caso em tela (Id. 35886625 – pág. 05) no dia 21/11/2018, assim transcreveu:
Consoante se verifica da narrativa do presente inquérito policial os fatos narrados
não se enquadram especificamente em caso de violência em virtude do gênero e
sim, em razão de a vítima ter sido lesionada por pessoa que não guarda nenhum
vínculo de afetividade com ela e nem tenha se relacionado anteriormente com a
mesma.
No caso dos autos também não restou demonstrado que o crime ocorreu em virtude
da situação de vulnerabilidade da vítima, no âmbito da unidade doméstica ou
mesmo que havia relação de afeto entre as partes.
Não houve, pois, violência de gênero contra a mulher, prevista no art. 5°, da Lei
Maria da Penha, afastando-se a competência deste Juizado da Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher.
Ora, a vítima foi lesionada por homem, todavia, inexistir vínculo afetivo ou
relacionamento entre eles, ao contrário, ao ser indagada sobre o agressor apenas
disse que “(...) conheceu pessoalmente na sexta-feira, 06/07/2018 ... (...), fls. 04,
tendo o delito ocorrido em 8 de julho de 2018, ou seja, dois dias depois do casal se
conhecer.
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favoravelmente ao réu. E, como já tido anteriormente, tal intento foi com o único objetivo de manter o
presente processo na Vara Criminal e retirar da competência do JECRIM.
Diante do exporto, requer desse Douto Juízo chame o feito a ordem, para desclassificar a
qualificadora do § 9° do art. 129 do Código Penal, haja vista que o suposto crime não se enquadrar em
caso de violência doméstica, no âmbito doméstico ou tenha havido relação de afeto entre as partes.
2.3. DA REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES:
Com efeito, observa-se que as medidas cautelares para a concessão da liberdade
provisória do réu até o presente momento vigoram. Ora, no presente caso, não subsistem elementos
que indiquem fundamentos idôneos para aplicação das medidas cautelares impostas, conforme o
termo de audiência de custódia de (Id. 35886433 – págs. 25/27).
Ademais, elas foram aplicadas no dia 09/07/2018 e, por sua vez, perduram até o presente.
Com a devida vênia, tal medida não pode prosperar, pois é notório o seu excesso.
Depreende-se dos autos que a medida em tela, restringe o direito constitucional de
locomoção, ou seja, não podendo ser aplicada sem necessidade ou de forma prolongada, sem a
observância aos princípios constitucionais da proporcionalidade e razoabilidade, devendo haver uma
ponderação a fim de salvaguardar as garantias fundamentais do indiciado, bem como, resguardar o
sistema acusatório, conferindo maior densidade constitucional ao feito, conforme o julgado a seguir
oriundo do STJ, vejamos:
Para a imposição de qualquer das medidas alternativas à prisão previstas no art.
319 do CPP é necessária a devida fundamentação (concreta e individualizada). Isso
porque essas medidas cautelares, ainda que mais benéficas, representam um
constrangimento à liberdade individual. (STJ. 5ª Turma. HC 231817–SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 23/4/2013 – Info 521).
Neste mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal, em sede de Habeas Corpus entendeu
pela necessidade de proporcionalidade e razoabilidade das medidas cautelares impostas, não sendo
possível a configuração de prazo excessivo para a sua duração.
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. 2. Processual
Penal. 3. Medida cautelar. Monitoramento eletrônico. Excesso de prazo
configurado. Ausência de contemporaneidade entre os crimes praticados e a
medida de monitoramento eletrônico implementada ao paciente. 4. Agravo
regimental provido, concedida a ordem de habeas corpus, a fim de determinar a
retirada do monitoramento eletrônico, mantidas as demais cautelares impostas
ao paciente. (STF/HC 196702 AgR).
A Lei nº 13.964/2019 acrescentou dois parágrafos criando requisitos para essa motivação:
Art. 315 (...)
A Lei nº 13.964/2019 acrescenta o inciso V ao art. 564, prevendo que haverá nulidade em
caso de decisão carente de fundamentação:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
(...)
V - em decorrência de decisão carente de fundamentação. (Incluído pela Lei
13.964/2019)
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de serem interditados judicialmente. E, em ambos os casos, corre o risco de necessitar viajar
urgentemente para tratamento médico próprio e de seus pais.
Face ao exposto, a defesa reitera o pedido de revogação das medidas cautelares
impostas, visto que configuram constrangimento ilegal, pois foram aplicadas de modo excessivo e
desproporcional.
III – DO MÉRITO
3.1. DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PELA LEEGÍTIMA DEFESA:
Caso sejam ultrapassadas as preliminares acima lançadas, urge esclarecer, ainda, que a
denúncia não merece prosperar, pois conforme narrado no depoimento do réu, ora confirmado pela ata
notarial anexa (Doc. 05), resta configurada a legítima defesa, senão vejamos.
(i) O réu tentou segurar as mãos da Sra. Jaquelyne, como forma de cessar a injusta
agressão; o que lhe ocasionou o arranhão em seu braço de 5cm (id. 35886433 – pág. 8);
(ii) Não obtendo êxito, o réu mordeu a mão da Sra. Jaquelyne, também como forma de
cessar a injusta agressão; o que lhe ocasionou escoriação ungueal (Id. 35886433 – pág. 8); e
(iii) Também não obtendo êxito, o réu puxou o cabelo da Sra. Jaquelyne, a qual só assim
passou a diminuir as agressões, de forma inversamente proporcional ao aumento da intensidade com
que o réu puxava; o que lhe gerou, com as tentativas de pegar as mãos e cabelos, uma escoriação na
região zigomática esquerda.
A bem da verdade, Douto Julgador, os exames traumatológicos são conflitantes com as
alegações narradas no termo de declarações da “suposta vítima”, seja pelos supostos murros
inventados por ela em sua cabeça, os quais não apresentaram de forma compatível com a lesão
apresentada, seja pela suposta retirada do prédio a reboque, a qual também não apresenta qualquer
lesão compatível com as forças dos fictícios puxavantes, as quais o evento exigiria.
Outrossim, caso o réu tivesse o objetivo de agredir verdadeiramente a Sra. Jaquelyne, o
desfecho seria completamente diferente: (i) as agressões seriam realizadas tão-somente dentro do seu
apartamento, longe dos holofotes de terceiros (comprovante a premeditação); e (ii) as lesões descritas
no laudo traumatológico seriam mais contundentes, tais como traumatismo, hematomas em várias
regiões da cabeça e nos braços etc.
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No caso em tela, o réu afirmou ter revidado as agressões que a Sra. Jaquelyne iniciou
criminosamente com o intuito de forjar uma agressão praticada por ele. Diferentemente dela, o réu não
premeditou a agressão, razão pela qual não ser exagero concluir-se que o réu agiu em legítima defesa
ao revidar, logo em seguida, as agressões iniciadas por ela.
Em outras palavras, a Sra. Jaquelyne deu causa para que o acusado revidasse as suas
agressões, de modo que agiu em legítima defesa. Ou seria ilusão acreditar que, em momentos dessa
natureza, as pessoas envolvidas devam permanecer plácidas, só porque a agressora é uma mulher?
Ora, aquele que usa moderadamente dos meios necessários para repelir atual e injusta
agressão física, independente de exercê-la contra uma mulher, estar diante de causa excludente de
ilicitude, conforme prescreve os arts. 23, II, e 25, ambos do Código Penal:
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
(...)
II – em legítima defesa;
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Dessa forma, incontroversa a excludente da ilicitude, uma vez que presente os elementos
que configuram a legítima defesa própria, quais sejam:
a) repulsa a agressão atual e injusta;
b) defesa de direito própria;
c) emprego moderado dos meios necessários; e
d) orientação de âmbito do agente no sentido de praticar atos defensivos.
Tais fatos são perfeitamente verificáveis no (i) depoimento do acusado; (ii) dos laudos
traumatológicos de ambos, onde comprovam lesões de natureza leve mútuas; e (iii) a prova
testemunhal que presenciou o fato desde o início, o qual atesta ter presenciado o início das agressões
por parte da “suposta vítima”, ora transcritas na ata notarial anexa (Doc. 05).
Nesse sentido, cabível a absolvição sumária, conforme precedentes sobre o tema:
APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL. VIOLÊNICA DOMÉSTICA.
MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. LEGÍTIMA DEFESA.
ABSOLVIÇÃO. POSSIBILIDADE. Se a dinâmica dos fatos narrados pelo suposto
ofensor e vítima, assim como o laudo pericial, demonstram que esta última primeiro
agrediu o réu, o qual passou a agir em legítima defesa, utilizando-se
moderadamente dos meios necessários, é de se manter a sentença que a
reconheceu. Recurso conhecido e não provido. (TJDF; Rec 2012.05.1.001863-4; Ac.
773.946; Segunda Turma Criminal; Rel. Des. Souza e Ávila; DFDFTE: 02/04/2014;
pág. 509)
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ACÓRDÃO NE 472.338: PENAL E PROCESSO PENAL. LEI MARIA DA PENHA.
LESÕES CORPORAIS. AGRESSÕES FÍSICAS RECÍPROCAS. INICIATIVA DA
VÍTIMA. RETORSÃO IMEDIATA E PROPORCIONAL. LEGÍTIMA DEFESA
CONFIGURADA. SENTNEÇA REFORMADA. 1. A Lei Maria da Penha, que veio em
boa hora, foi um grande avanço no sentido de conferir proteção às mulheres, vítimas
de violência por parte dos homens com que mantêm convivência em ambiente
doméstico e familiar. Isso não significa que o homem, quando agredido pela mulher,
não possa reagir. 2. Comprovado, nos autos, ter sido a varoa quem dera início à
contenda, desferindo uma bofetada na cara do réu, tendo este retorquido com um
único soco, o suficiente para fazer cessar a agressão, resta configurada a legítima
defesa, de molde a excluir a ilicitude da conduta. 3. Recurso provido, para absolver
o acusado.
É de bom alvitre ressaltar, Douto Julgador, conforme se faz prova de processos criminais,
a Sra. Jaquelyne é bastante conhecida em sua localidade por praticar condutas semelhantes ao caso
aqui discutido. É de seu costume, quando se sente ameaçada ou passível de prejuízo, se colocar em
posição de vítima e, logo em seguida, promover ação criminal contra as pessoas. Tal fato é
perfeitamente comprovado através dos processos n°s 0100746-78.2019.8.20.0129, 0010851-
40.2008.8.20.7001 e 0845225-78.2021.8.20.5001 (Docs. 09, 10 e 11).
Diante de todas estas evidências, requer a absolvição sumária, nos termos do Art. 413 do
Código de Processo Penal.
Diante do exposto, amparado no art. 413 do CPP, requer seja julgado procedente os
pedidos formulados nesta petição, com a consequente absolvição sumária, por excludente de ilicitude
do fato que lhe foi imputado, haja vista que agiu em legítima defesa, conforme estabelece os arts. 23,
II, e 25, ambos do Código Penal, c/c 397, I, do Código de Processo Penal.
IV – DO REQUERIMENTO
Diante do exposto, vem requerer a Vossa Excelência, seja esta resposta à acusação
recebida em toda sua extensão, com as seguintes providências:
a) Seja acolhida todas as preliminares aqui levantadas: (i) inépcia da denúncia por
ausência de justa causa; e (ii) inépcia da denúncia por ausência de descrição do § 9° do art. 129 do
CP.
b) Seja revogada todas as medidas cautelares impostas, visto que configuram
constrangimento ilegal, pois foram aplicadas de modo excessivo e desproporcional.
c) Sendo rejeitadas as preliminares ora destacadas anteriormente, seja acolhida, com
base no art. 397, III, c/c art. 386, II e VII, do CPP, a absolvição sumária do acusado, em face da
atipicidade da conduta narrada na peça acusatória.
d) Seja julgado totalmente procedente o pedido de absolvição quanto ao crime de
ameaça. Contudo, não sendo este o entendimento, que se diz apenas por argumentar, reservar-se ao
direito de proceder em maiores delongas suas justificativas defensivas nas considerações finais,
protestando, de logo, provar o alegado por todas as provas em direito processual penal admitida,
valendo-se, sobretudo, do depoimento das testemunhas aqui arroladas.
e) Seja encaminhada cópia do presente processo para apuração do possível cometimento
do crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do Código Penal, por parte da Sra. Jaquelyne
Cardoso Alves.
f) Sucessivamente, pede-se, na remota hipótese de não aceitação dos pleitos anteriores,
seja considerada a primariedade do denunciado, aplicando pena em seu mínimo legal e ainda
substituída, por ser de direito e inteira Justiça.
ROL DE TESTEMUNHAS:
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1) ALDÍRIO GADELHA DOS SANTOS, brasileiro, casado, aposentado, portador do CPF n°
338.700.124-04 e RG n° 539.093 SSP/PB, residente e domiciliado na Rua Odívio Mendonça n° 40, Rio
Mamoré, Apto 101, Miramar (CEP: 58.043-210), João Pessoa -PB.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
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