Habeas Corpus Iracildo 2 Vara Violencia Domestica
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FUNDAMENTO E DECIDO.
Existe uma regra em nosso ordenamento jurídico, a qual prescreve que a prisão provisória é odiosa
medida de exceção, mas infelizmente necessária em casos que seja inevitável sua decretação.
“...Não é necessário que as três condições dos três incisos coexistam. Assim, sendo a medida
imprescindível para a investigação do crime (inc. I) e havendo fundadas razões concretas da
prática de um dos delitos mencionados (inc. III), não é preciso que o autor não tenha residência
fixa ou que não forneça elementos de identificação pessoal. (inc. II)....”
No caso dos autos, diante do até aqui investigado, demonstra-se a possibilidade de decretação de
prisão temporária, modalidade especial da prisão provisória, pois, é inegável a robustez do
requisito da imprescindibilidade da custódia cautelar do suspeito para o sucesso das investigações
policiais, eis que este, em razão de sua periculosidade, teria tentado estuprar a namorada de sua
sobrinha e além, teria feito fotos intimas da vitima, e se não bastasse, após os fatos, teria invadido a
residência das vitimas, pulando o muro e as ameaçado, diante disso, a prisão temporária
desempenha um papel crucial na garantia da efetividade e da integridade do processo judicial.
O crime em tese cometido é o de estupro, o qual está dentre aqueles em que se permite a prisão
temporária (art. 1.º, III, “f” da Lei nº 7.960/89).
Assim, não há dúvidas de que com o representado preso, poderá a Polícia Judiciária levantar as
provas necessárias para esclarecer em definitivo o crime objeto das investigações, evitando-se uma
provável fulminação das provas e consequentemente de uma possível persecução penal, com o que
seria mais uma frustração social e uma demonstração de fraqueza do Estado e Juiz.
Em suma, não há dúvidas de que a prisão temporária é perfeitamente viável no caso concreto, pois
as investigações policiais estão a exigir tal procedimento em busca da verdade real.
2. Predicados pessoais não têm o condão de, por si sós, avalizar o direito à revogação ou
relaxamento do decreto preventivo do paciente, se presente pelo menos um dos requisitos
autorizadores da custódia cautelar.
3. Ordem denegada. (HC 52302/2017, DES. LUIZ FERREIRA DA SILVA, TERCEIRA CÂMARA
CRIMINAL, Julgado em 07/06/2017, Publicado no DJE 12/06/2017)
Deste modo, por tudo que dos autos consta, em consonância com o parecer ministerial, DECRETO A
PRISÃO TEMPORÁRIA do representado IRACILDO BATISTA MEDEIRO, nascido em 05/02/1958,
filho de Oscarlina Rosa de Medeiro e João Batista Medeiro, portador do CPF 282.450.759-49,
residente em Rua Missionária Zélia Brito Macalão, Nº 143, Bairro Jardim Campos Elizeus,
Cuiabá/MT CEP 78.065-752; ou Rua Seis, nº 91, Recanto dos Passaros, CEP 78075-260; Rua
Trezentos, n. 27, Jardim Imperial, Cuiabá/MT, CEP 78075-658; ou Rua Bianco Filho, nº 258, Boa
Esperança Cuiabá/MT, CEP 78068-700, qualificado, nestes termos por 5 (CINCO) DIAS, podendo ser
prorrogável por igual período, o que faço com supedâneo no art. 1º, I e III, “f”, da Lei nº 7.960/89
c/c art. 2º, §4º, da Lei n. 8.072/90.
Ao tratar da busca e apreensão domiciliar, o Código de Processo Penal, dispõe em seu art. 240, §1º,
a sua possibilidade quando fundadas razões a autorizarem para, entre outras hipóteses “descobrir
objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu (alínea e); e colher qualquer elemento
de convicção (h)”.
No caso dos autos, verifica-se que a vítima afirmou perante a autoridade policial ter sido vitima de
violência domestica, sofrendo uma tentativa de estupro, além disso, no dia 30/07/2024, o suspeito
enviou mensagens ameaçadoras pelo whatsapp, admitindo a tentativa de estupro e enviando fotos
das vítimas dormindo sem permissão, mais tarde, ele apareceu na casa e foi admitido, mas não
falou nada, que 31/07/2024, o suspeito enviou mais mensagens ameaçadoras, dizendo que havia
pulado o muro novamente, o que a fez se sentir ameaçada.
Isso porque, o suspeito frequentemente consome álcool e drogas, tornando-se uma ameaça
constante. Ademais, à míngua de maiores elementos probatórios não há que se determinar com
certeza se o acusado possui outras fotos/vídeos íntimos da vítima em sua posse, tampouco se o
mesmo continua ameaçar a vítima a divulgá-las ou se, inclusive, já divulgou, sendo necessário,
portanto, o deferimento da medida pleiteada a fim de evitar que as ameaças de exposições íntimas
da vítima se concretizem.
Sendo assim, e reconhecendo que a situação ora noticiada pela autoridade policial, coaduna com o
permissivo constitucional, o presente pedido se encontra em condições de ser deferido, sendo certo
que a quebra de sigilo dos dados telefônicos em tela é medida destinada a fazer prova na
investigação criminal, sendo imprescindível para a comprovação da ocorrência ou não do crime
atribuído ao requerido.
Ademais, a proteção ao sigilo telefônico não consubstancia direito absoluto, cedendo passo quando
presentes circunstâncias que denotem a existência de interesse público relevante, como ocorre no
caso dos autos, onde a medida se mostra imprescindível para o esclarecimento do crime.
Deste modo, por tudo que dos autos consta, em consonância com o parecer ministerial, diante dos
elementos fáticos e dos indícios da prática de crimes, em tese, de violência psicológica (art. 147-B,
CP), ameaça (art. 140, CP), lesão corporal (art. 129, §13º, CP), registro não autorizado da
intimidade sexual (art.216-B, CP), injúria (art. 140, CP) e tentativa de estupro de vulnerável (art
217-A c/c art. 14, II, CP) e, considerando que, a medida se faz necessária para evitar divulgações de
fotos, vídeos e apreender o instrumento utilizado na prática do supracitado crime, bem como, a
garantia da integridade psíquica da vítima, com fundamento no artigo 5º, inciso X e XII, da
Constituição Federal c/c o artigo 240, §1º, “d” e “h” do Código de Processo Penal, DEFIRO O
PEDIDO e DETERMINO A EXPEDIÇÃO DO MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO DE
CELULAR/APARELHOS ELETRONICOS BEM COMO SLOT DE ARMANEZAMENTO DE DADOS, bem
como DEFIRO A QUEBRA DOS DADOS TELEFÔNICOS dos celulares/equipamentos de
armazenamento apreendidos com o representado IRACILDO BATISTA MEDEIRO, a ser cumprido
no seguinte endereço:
a) Rua Missionária Zélia Brito Macalão, Nº 143, Bairro Jardim Campos Elizeus, Cuiabá/MT CEP
78.065-752.
b) Rua Seis, nº 91, Recanto dos Passaros, CEP 78075- 260; d) Rua Trezentos, n. 27, Jardim
Imperial, Cuiabá/MT, CEP 78075-658;
Por fim, DETERMINO, igualmente, seja o mandado e ofício entregue pessoalmente à Autoridade
Policial, para resguardo do sigilo das investigações e dos dados até então colhidos.
EXPEÇA-SE o necessário.
Advirto que o preso temporário deverá permanecer, obrigatoriamente, separado dos demais
detentos (art. 3º, da Lei 7.960/89).
Às providências.
CUMPRA-SE.
Juíza de Direito
Neste aspecto primeiramente, deve ser observado que durante todo este lapso
temporal de 14 dias NÃO ocorrera NENHUM indicio das suposições transcritas pela
autoridade policial que basearam a decisão da autoridade coatora.
primeiro grau na qual operou-se a análise dos conteúdos de áudio, vídeos, textos,
de arquivos contendo áudios, vídeos, texto aonde não foram localizadas mensagens
A casa em que residia o paciente ora citada pela suposta vítima junto ao BO nº
2024.227815, não se trata de residência familiar e sim era alugada pelo mesmo junto a senhora
Maria.
DECIDO.
Com efeito, conforme se observa dos elementos até então carreados aos autos e, conforme relatado
pela Autoridade Policial no id. 168877037, que, apesar dos esforços empreendidos pela unidade
policial, em razão de não possuir o Software Cellebrite (ou análogo) capaz de realizar a extração
dos arquivos apagados além de outras funções, se viu obrigado a promover o encaminhamento do
aparelho celular para perícia perante POLITEC, uma vez que apesar de ter sido localizado no
celular diversos arquivos com conteúdo pornográfico, não foi visualizado nenhum contendo as
vítimas.
Outrossim, a análise dos fatos narrados nos autos evidenciam que a prorrogação da prisão do
representado é imprescindível para a investigação criminal, uma vez que a sua liberdade poderá
comprometer a colheita de elementos de informação, especialmente quanto à autoria e
materialidade do delito (art. 1º, I, Lei n.º 7.960/89).
Nos termos do artigo 2º, parágrafo 4º, da Lei nº 7.960/89, expeça-se mandado de prorrogação de
prisão, em duas vias, dando-se ciência ao representado.
Anote-se no mandado de prisão que o preso temporário, a quem a autoridade policial informará os
direitos constitucionais, de acordo com o artigo 2º, § 6º, da Lei supramencionada, deverá
permanecer obrigatoriamente separado dos demais detentos, segundo artigo 3º, da mesma lei,
bem como que, decorrido o prazo da detenção temporária, deverá ser ele imediatamente colocado
em liberdade, consoante estabelece o artigo 2º, § 7º, do citado diploma legal.
Intimem-se.
Expeça-se o necessário.
Cumpra-se.
Juíza de Direito
imprescindível para a investigação criminal, uma vez que a sua liberdade poderá
comprometer a colheita de elementos de informação, especialmente quanto à
autoria e materialidade do delito
Primeiramente Excelências, data máxima vênia a decisão proferida pela
autoridade coatoara, esta fora totalmente equivocada, não possuindo fundamentação idônea
para a presente manutenção da prisão do paciente visto ser contraditória com o próprio
relatório policial juntado nos autos que cita de maneira clara e contundente que o paciente de
vez de TENTAR comprometer a colheita de elementos de informações de seu aparelho celular
quando da realização da busca e apreensão do mesmo FORNECEU A SENHA não buscando em
nenhum momento prejudicar as investigações, pelo contrario ajudando na celeridade
desta.
“VISTOS.
Compulsando os autos do pedido de prisão temporária verifica-se que a prisão temporária foi
decretada, em 23.8.2024, pelo prazo de 30 dias e, antes do término do prazo estabelecido, foi
determinada, por este juízo, a prorrogação da prisão temporária por mais 30 (trinta) dias, o que
ocorreu em razão do pedido entabulado pela autoridade policial.
Diante disso, e, considerando o exposto pela Autoridade Policial, aliada a gravidade dos fatos,
supostamente, praticados pelo acusado, foi determinada a prorrogação da prisão temporária, em
razão da necessidade de sua prorrogação visto que as investigações estão em curso e em estágio
avançado, porém, ainda precisam ser melhor esclarecidas, o que se dará com a conclusão do Laudo
perante a POLITEC.
Entretanto, necessário se faz esclarecer que houve uma falha técnica por essa secretária, ao
expedir novo mandado de prisão temporária com data futura, motivo pelo qual, o autuado foi
colocado em liberdade e preso na data de hoje, tratando-se somente de erro material, não havendo
se falar em nulidade.
Outrossim, a análise dos fatos narrados nos autos evidenciam que a prorrogação da prisão do
representado é imprescindível para a investigação criminal, uma vez que a sua liberdade poderá
comprometer a colheita de elementos de informação, especialmente quanto à autoria e
materialidade do delito (art. 1º, I, Lei n.º 7.960/89).
Desta forma e considerando o que consta nestes autos, no presente momento, entendo presentes os
pressupostos e requisitos para a manutenção da prisão do custodiado, especialmente diante da
regularidade da prisão, mantenho incólume a decisão anteriormente proferida, pelos seus próprios
fundamentos, MANTENDO a custódia temporária de IRACILDO BATISTA MEDEIRO, qualificado nos
autos, pelo prazo de 30 (trinta) dias, o que faço com fulcro no artigo art. 1º, I e III, “f”, da Lei nº
7.960/89 c/c art. 2º, §4º, da Lei n. 3 8.072/90.
Às providências.
O Supremo Tribunal Federal, na ADI 3360/DF e ADI 4109/DF, Rel. Min. Carmen
Lúcia, redator para o acórdão Min. Edson Fachin, julgados em 11/2/2022 (Info 1043),
estabeleceu alguns requisitos para a decretação da referida prisão cautelar: (i) for
imprescindível para as investigações do inquérito policial; (ii) houver fundadas razões de autoria
ou participação do indiciado; (iii) for justificada em fatos novos ou contemporâneos; (iv) for
adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às condições pessoais do
indiciado; e (v) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas.
Quanto a uma possível fuga do distrito da culpa pelo Paciente, esta não se
demonstra plausível, visto que o mesmo fora posto em liberdade e quando de sua prisão
forneceu inclusive aos policiais o local onde se encontrava.
DOS PEDIDOS