Familias Fortes Modulo 01
Familias Fortes Modulo 01
Familias Fortes Modulo 01
PARA FACILITADORES
DO FAMÍLIAS FORTES
MÓDULO 1
EXPEDIENTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Lucas Corrêa de Castro Foresti
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Laura Araujo
Jair Messias Bolsonaro (SEAD) Sarah Hochsteiner
Matheus May de Paula
VICE-PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Mariane Ronsani
Antônio Hamilton Martins Mourão Luciano Patrício Souza de Castro
REVISÃO TEXTUAL
MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA DOS labSEAD Supervisão: Victor Freire
DIREITOS HUMANOS COORDENAÇÃO GERAL
Damares Regina Alves Luciano Patrício Souza de Castro PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Salésio Eduardo Assi
SECRETARIA NACIONAL DA FAMÍLIA FINANCEIRO João Pedro Mendonça
Angela Vidal Gandra da Silva Martins Fernando Machado Wolf
ANIMAÇÃO
DIRETORIA DE FORMAÇÃO, CONSULTORIA TÉCNICA EAD Supervisão: Rodrigo Witte
DESENVOLVIMENTO E FORTALECIMENTO Giovana Schuelter Ariely Suptitz
DA FAMÍLIA Fabíola de Andrade
Marcelo Couto Dias COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO Jacob Faria
Francielli Schuelter Kimberly Lazzarin
COORDENAÇÃO-GERAL DE FORTALECIMENTO José Francisco Ferrari Filho
DOS VÍNCULOS FAMILIARES E SOLIDARIEDADE DESIGN INSTRUCIONAL Lucas Galvagni Benelli
INTERGERACIONAL Supervisão: Clarissa Venturieri Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Jorge Luís Barreto Pereira Joyce Regina Borges
VIDEO
CONTEUDISTAS DESIGN GRÁFICO Supervisão: Maycon Douglas da Silva
Viviane Rocha Supervisão: Douglas Menegazzi Dilney Carvalho
Clarice Madruga Ingrid Tossedo da Silva Guilherme Grolof Patriota
Robner Domenici Esprocati
Todo o conteúdo do Curso para Facilitadores do Famílias Fortes, da Secretaria Nacional da Família, Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos do Governo Federal - 2021, está licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não Comercial -
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ES
R I CO D O FAM ÍLIAS FORT
MÓDULO 1 ● INTRODUÇÃO E EMBASAMENTO TEÓ
ESTRUTURA DO MÓDULO
01 Tópico 1 - A importância da
família no desenvolvimento p. 06
05 Tópico 5 - Intervenções
preventivas e fidelidade p. 18
do indivíduo na aplicação de programas
02 Tópico 2 - Parentalidade e
os estilos parentais p. 10
06 Tópico 6 - Histórico do
Famílias Fortes p. 25
03 Tópico 3 - Comportamentos
de risco na adolescência p. 14
07 Tópico 7 - Embasamento
teórico do Famílias Fortes p. 27
04 Tópico 4 - O paradigma da
prevenção baseada em p. 15
08 Tópico 8 - Estrutura e
aspectos práticos e
p. 29
operacionais da aplicação
fatores de risco e proteção
do programa
MÓDULO 1 ●
INTRODUÇÃO E EMBASAM
ENTO TEÓRICO DO FAMÍLIAS FORTES
De forma geral, busca-se aqui preparar indivíduos para a ∙ Explorar os aspectos teóricos sobre estilos parentais que
aplicação do Famílias Fortes, oferecendo conhecimentos acerca podem auxiliar na melhora da interação entre membros da
do tema da prevenção em saúde mental e comportamentos de família e criação de vínculos.
risco, sensibilizando os profissionais para que se responsabilizem
por uma implementação fiel do programa, respeitando seu ∙ Elucidar os princípios básicos sobre prevenção em saúde
formato, conteúdo e metodologia. mental e comportamentos de risco.
Além disso, iremos apresentar as bases teóricas das intervenções ∙ Descrever intervenções preventivas, as diferenças entre ações
preventivas e os fatores que aumentam os índices de fidelidade e programas, com enfoque em estratégias
na aplicação de programas de prevenção. comprovadamente eficazes.
Você verá também o histórico do Famílias Fortes e suas ∙ Os riscos do uso do senso comum e intervenções não
experiências que trouxeram bons resultados ao redor do mundo, validadas, enfocando a importância da fidelidade.
em diversos países. Por fim, falaremos efetivamente sobre
o programa, com a apresentação do embasamento teórico, ∙ Conhecer o histórico do Famílias Fortes e a adaptação para o
estrutura e aspectos práticos da sua aplicação. contexto brasileiro.
REGRAS, RESPONSABILIDADES
O estabelecimento de regras e responsabilidades é importante
para o bom convívio familiar. É o que veremos a seguir.
A médio prazo, o que se vê é que desse contexto podemos Tão importante quanto a delimitação das regras e
esperar indivíduos com comportamentos pró-sociais, isto responsabilidades é a expressão do afeto. Veja a seguir.
é, que agregam qualidade à vida em sociedade, ao invés de
comprometê-la negativamente (MURTA, 2018).
A IMPORTÂNCIA DA EXPRESSÃO DE AFETO
Quando a família cultiva hábitos de demonstração de carinho,
Uma estrutura familiar que prevê distribuição de amor, atenção e cuidado, os componentes dessa família têm
responsabilidades entre os indivíduos contribui para maiores chances de apresentar comportamentos considerados
o senso de pertencimento e identidade de seus
exitosos, tais como: boa frequência e bom rendimento escolar
membros, proporcionando condições necessárias
na infância e na adolescência, engajamento profissional,
para o desenvolvimento de autoestima.
capacidade de iniciar e manter relacionamentos funcionais
na vida adulta.
REGRAS
inversamente proporcional à periodicidade com que os pais objetivos do indivíduo.
brincam e fazem carinho em seus filhos em casa. Isto é, quanto
Favorecem comportamentos pró-sociais - agregam na
mais os pais brincam com as crianças e expressam seu amor sociedade. Ambientes PRIVADOS de normas e regras
por elas, menores as chances de comportamentos indesejados tendem a desenvolver comportamentos antissociais.
(MATSUKURA; FERNANDES; CID, 2012).
RESPONSABILIDADES
Veja, na prática, como estabelecer regras, responsabilidades e Distribuição de responsabilidades contribui para o senso de
pertencimento e identidade -> condições necessárias para
demonstrar afeto.
o desenvolvimento de autoestima.
AFETO
-> ao bom rendimento escolar na infância e na adolescência
-> ao engajamento profissional
-> à capacidade de inicar e manter relacionamentos
funcionais na vida adulta.
OS ESTILOS PARENTAIS
A Teoria dos Estilos Parentais teve seu início em 1960, com
a psicóloga Diana Baumrind, mas vem sendo estudada,
aprimorada e aplicada até hoje (BAUMRIND, 1967; MUSSEM,
1983). A teoria parte da ideia de que as formas com que os pais
se relacionam com seus filhos variam quanto a duas dimensões:
a exigência e a responsividade. Veja a seguir:
ESTILOS
Ressaltamos que, por serem termos mais conhecidos por todos ESTILOS
Parentais
os públicos, no Famílias Fortes utilizamos os termos AMOR Parentais
(responsividade) e LIMITES (exigência).
Alta Responsividade
O balanço entre essas duas dimensões impactam diretamente o INDULGENTE AUTORITATIVO
comportamento dos filhos e a sua personalidade de forma geral. Alta Responsividade
INDULGENTE AUTORITATIVO
Assim, pode-se observar no quadro seguinte o grau de exigência
e de responsividade de cada estilo parental:
Baixa Alta
Exigência Exigência
Estilo
Autoritário Negligente Indulgente Autoritativo
Eixo
Baixa Alta
Exigência alta baixa baixa alta Exigência Exigência
https://youtu.be/XDTw4_X4dnc
CHECKLIST DE
Então podemos dizer que finalmente temos um manual de habilidades parentais
instruções para ser um bom pai ou mãe?
É preciso levar em conta as características pessoais de cada Monitora sua rotina, atividades.
indivíduo, suas predisposições genéticas, seu temperamento e
a cultura do contexto em que vive. Estabelece limites. Cumpre regras.
Comportamento de autolesão
14 CURSO PARA FACILITADORES DO FAMÍLIAS FORTES • MÓDULO 1
MÓDULO 1 ●
INTRODUÇÃO E EMBASAM
ENTO TEÓRICO DO FAMÍLIAS FORTES
ENCONTROS FATORES DE PROTEÇÃO FATORES DE RISCO ENCONTROS FATORES DE PROTEÇÃO FATORES DE RISCO
Encontro 1 Orientações positivas para o Estilo parental Encontro 6 Afeto positivo entre pais e filhos; Mau desempenho
futuro; estabelecimento de autoritário ou expectativas parentais claras escolar; influência
metas e planejamento; indulgente; habilidades acerca do uso de substâncias; negativa dos pares.
envolvimento familiar como de comunicação pobres. habilidades sociais; habilidades
apoio. de recusa dos pares.
Expectativas parentais Disciplina severa e Afeto positivo entre pais e filhos; Dificuldade de manejo
Encontro 2 apropriadas à idade dos inadequada; vínculo Encontro 7 reforço de habilidades de redução de estresse no adulto;
filhos; afeto positivo entre fraco entre pais e filhos. de riscos abordados no programa; habilidades sociais
pais e filhos; empatia pelos pais. reforço de fatores de proteção e fracas nos jovens.
pontos fortes dos jovens.
Habilidades de manejo Disciplina inconsistente,
Encontro 3
das emoções; inapropriada, severa ou
Encontro de Habilidades de interação Habilidades ineficazes
coesão familiar. rígida; má comunicação
acompanha- pró-social entre pares; de manejo de conflitos;
das regras;
mento 1 habilidades efetivas de dificuldade de manejo
comportamento
enfrentamento de estresse. de estresse no adulto.
agressivo ou retraído
dos adolescentes.
Fatores de risco e fatores de proteção contemplados por cada encontro do Famílias Fortes.
próprios participantes.
Controle Clima familiar O respeito mútuo Controle executivo Permissivo em
de controle da entre os membros do adulto sobre o relação ao
autoridade, da família; uma comportamento da comportamento
poder, limites, estrutura de autori- criança; manejo do do jovem; baixo
papéis, regras dade clara e regras tempo e rotinas ritmo no tempo e
e comporta- familiares; resolução familiares; papéis rotinas da família;
mento. eficaz de problemas e limites claros. papéis e limites
e tomada de decisão. obscuros.
Partiremos da ideia de que, ao reduzirmos os fatores de risco • 2ª – SELETIVA: intervém em subgrupos ou segmentos da
e/ou aumentarmos os fatores de proteção, podemos prevenir população que apresentam características consideradas fatores
comportamentos de risco ou padrões comportamentais de risco para o que se deseja prevenir.
indesejados, ou o desencadeamento de problemas com a saúde
mental de forma geral. E essa é a concepção que sustenta Exemplo: Ações com crianças e adolescentes vítimas de violência
as intervenções propostas em programas de prevenção. doméstica. A exposição à violência na infância é um fator de
Desta forma, programas de prevenção são estrategicamente risco importante para o desencadeamento de transtornos
elaborados de forma que cada informação apresentada, ou psiquiátricos e problemas de conduta na adolescência.
atividade proposta, tenha o objetivo de atuar minimizando ou
potencializando fatores de risco ou de proteção específicos, • 3ª – INDICADA: intervém em indivíduos de alto risco que já
que são universais, e comprovadamente relacionados aos apresentam sinais ou indicativos do problema. É avaliado o
comportamentos ou problemas mentais que se busca prevenir. nível de risco individual e está frequentemente associada à
prevenção terciária.
CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
quanto a intervenção quanto ao grau de
CLASSIFICAÇÃO
exposição ao risco
quanto ao grau de
INDICADA
Para indivíduos ou subgrupos que
exposição ao risco
apresentam sintomas inicais do problema. TERCIÁRIA
SECUNDÁRIA
SELETIVA TERCIÁRIA
Para indivíduos ou subgrupos PRIMÁRIA
expostos a fatores de risco. SECUNDÁRIA
PRIMÁRIA RISCO
UNIVERSAL
Para toda a população. Evita
o estabelecimento do problema.
RISCO
Esta classificação está apoiada em fatores de risco e de proteção. Nesta classificação, as estratégias de prevenção podem ser
Envolvem características individuais, condição situacional ou identificadas como:
contexto ambiental que favorecem ou inibem a probabilidade do
evento que se deseja prevenir. • Prevenção primária: estratégias destinadas a diminuir a
incidência de uma doença ou do comportamento que se deseja
prevenir. Estratégias de prevenção primária buscam reduzir o
TIPOS DE INTERVENÇÃO risco de surgimento de casos novos ou da ocorrência de um
evento indesejado.
Quanto ao tipo de intervenção, podemos distinguir três
diferentes níveis, dependendo do grau de exposição ao risco Exemplo: estratégias que buscam evitar que adolescentes
envolvido, conforme mostra a figura. experimentem bebidas alcoólicas precocemente. A proibição de
venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos é uma
política pública de prevenção primária universal.
• Prevenção secundária: estratégias destinadas a diminuir O Famílias Fortes é um programa comunitário, podendo
a prevalência de uma doença ou do comportamento que se ser oferecido para a população geral de uma comunidade
deseja prevenir. Estratégias de prevenção secundária buscam (prevenção universal) ou para famílias que já se encontram em
reduzir a evolução e duração do evento que se deseja prevenir, um contexto de vulnerabilidade social e/ou de exposição a outros
minimizando assim os prejuízos a ele relacionados. fatores de risco (prevenção seletiva).
• Prevenção terciária: estratégias destinadas a evitar a No entanto, uma grande parte de programas preventivos não
incapacidade por meio de medidas destinadas à reabilitação. conseguem atingir seus resultados, como apontam estudos –
especialmente no que diz respeito à prevenção em saúde mental
Exemplo: estratégias que compõem o tratamento da e comportamentos de risco – tem resultados nulos ou até
dependência química, que buscam diminuir o risco de recaídas, ou mesmo negativos.
que busquem evitar que o indivíduo se exponha a outras doenças
em decorrência da dependência química, como a contaminação Chamamos de efeito iatrogênico quando os resultados são
por doenças transmissíveis por uso de drogas injetáveis. inversos ao que se esperava. Ou seja, uma ação preventiva, em vez
de evitar ou diminuir um evento, o gera, ou acaba aumentando-o.
DIFERENTES PROBLEMAS DEMANDAM INTERVENÇÕES Esse fenômeno é particularmente comum na área de drogas,
EM DIFERENTES NÍVEIS onde os programas preventivos não são capazes de reduzir ou
retardar o consumo de substâncias psicotrópicas e acabam por
Alguns fatores de risco demandam intervenções em contextos incentivar o seu uso (SANCHEZ et al., 2018).
sociais amplos, enquanto outros podem sofrer mudanças
mediante intervenções realizadas com os pais e/ou com estes Haja vista a gravidade que seria aplicar uma intervenção
e seus filhos no âmbito da família, que é o caso do programa que gera efeitos opostos aos desejados, estudos robustos de
aqui estudado. efetividade permitiram o desenvolvimento de diretrizes de
melhores práticas, que apontam os métodos e elementos que De uma forma geral, podemos dizer que as duas características
fazem uma intervenção mais ou menos eficaz. Programas que que melhor definem o Famílias Fortes já são componentes
incorporam tais elementos têm maiores chances de atingir suas centrais que aumentam significativamente suas chances de
metas e ter resultados positivos ainda que não tenham sido sucesso e diminuição de risco de produzir resultados negativos:
submetidos a uma avaliação específica. Entretanto, sabemos seu formato altamente interativo e o fato de trabalhar com toda
que, infelizmente, ainda vemos a replicação de estratégias que a família dentro da comunidade.
são sabidamente ineficazes e até mesmo conhecidamente
iatrogênicas. Desta forma, busca-se que tais diretrizes sejam Ao considerarmos que o risco de obtermos efeitos iatrogênicos
largamente difundidas. (resultados negativos ou inversos) é maior em programas voltados
para a prevenção do uso de drogas, faz sentido que os estudos
Além de ter sido avaliado positivamente em diferentes contextos nessa área sejam mais robustos e tenham uma maior riqueza de
e culturas, o Famílias Fortes contempla a maior parte dos evidências e diretrizes para programas com esse objetivo.
requisitos que torna uma intervenção eficaz.
Abaixo temos uma relação de características de programas de
prevenção associadas a resultados positivos, segundo as Nações
Unidas. Selecionamos aqui especificamente as diretrizes que
se referem a intervenções comunitárias, como é o caso
do Famílias Fortes.
Programas
Interativos
Maiores
chances de
obter
resultados
positivos
Programas
que atingem
as famílias e a
comunidade
ASPECTOS
ASPECTOSCENTRAIS
CENTRAISPARA
PARA OO
SUCESSO
SUCESSO
de intervenção com famílias
de intervenção com famílias
01
01 Foco em vários fatores de risco e proteção
Foco em vários fatores de risco e proteção
0808 Intervir precocemente em famílias
Intervir precocemente em famílias
(multicompetente). disfuncionais.
(multicompetente). disfuncionais.
02
02
Trabalhar com a família, e não somente
Trabalhar
com os jovenscom
ou a
osfamília, e não somente
pais, enfatizando-as
0909 Adaptar a intervenção à cultura
localAdaptar a intervenção
para melhorar à cultura adesão
o recrutamento,
com os
forças, jovens
fatores ou os pais,
protetores enfatizandoas
e resilência. local para melhorar o recrutamento, adesão
e efetividade.
forças, fatores protetores e resilência. e efetividade.
03
03
Incluir na intervenção técnicas para melhorar
asIncluir na familiares,
relações intervenção a técnicas paraemelhorar
comunicação o
1010 Incentivar a participação e incentivar a
Incentivar
adesão atravésado
participação
oferecimento e incentivar a
de transporte,
as relações familiares,
monitoramento parental.a comunicação e o adesão
lanches, através do
premiações oferecimento de transporte,
e certificações
monitoramento parental. das lanches,
famílias. premiações e certificações
das famílias.
04
04 Visar a mudanças familiares em nível cognitivo, 1111 Os aplicadores contribuem para a eficácia
Visar a
afetivo mudanças familiares em nível cognitivo,
e comportamental. Os aplicadores
da intervenção contribuem
quando para a eficácia
são confiantes,
afetivo e comportamental. da intervenção
verdadeiros, quando
cordiais, são confiantes,
bem-humorados,
verdadeiros,
empáticos cordiais,
e capazes bem-humorados,
de estruturar as
sessões e sereme diretivos.
empáticos capazes de estruturar as
sessões e serem diretivos.
05 Aumentar a duração da intervenção para
05 familiares
Aumentar
e menores
expostos a maiores
a duração
familiaresfatores
fatores depara
da intervenção
de proteção.
expostos
risco
a maiores fatores de risco 12
12
Ser interativos utilizando jogos e atividades
e menores fatores de proteção. lúdicas, em vez de adotarem
Ser interativos utilizandoojogos
modelo
e atividades
de palestra.
lúdicas, em vez de adotarem o modelo
de palestra.
06
06 Ser adequada à idade e à fase de
desenvolvimento
Ser adequada àdo jovem.
idade e à fase de 13
13
desenvolvimento do jovem. Adotar um modelo colaborativo em que as
famílias
Adotarsejam
um estimuladas a encontrar
modelo colaborativo em que as
soluções para
famílias seus próprios
sejam problemas
estimuladas ea
a encontrar
07
refletir sobre seus relacionamentos sem
soluções para seus próprios problemas quee a
recebem respostas prontas.
07 Ser sensível às necessidades da família. refletir sobre seus relacionamentos sem que
recebem respostas prontas.
Ser sensível às necessidades da família.
São muitas informações, não é verdade? ainda garantir que a metodologia está sendo preservada
principalmente no que se refere aos seus elementos centrais.
Mas não se assuste. No módulo seguinte você vai perceber
como todos esses elementos permeiam os temas e atividades A esse processo de preservação dos elementos, chamamos
do programa naturalmente, e a condução dos encontros será fidelidade de implementação e para isso devemos responder:
guiada passo a passo, sempre com a possibilidade de obter o o que foi planejado foi executado? Colocamos em prática o que
apoio necessário através das orientações aqui discutidas e de está previsto no programa? Tudo o que foi previsto foi entregue?
todo material disponível. Caso contrário, não se deve esperar eficácia da ação.
internacional, propõe os seguintes parâmetros para a avaliação Tipo de programa Universal (qualquer família, de qualquer
da fidelidade de programas adaptados e implementados em população pode participar).
ESTRUTURA
diferentes línguas e culturas:
Público-alvo Adolescentes com idade entre 10 e 14 anos
e seus pais ou responsáveis.
Estrutura: como o programa é construído e organizado,
número de encontros, tempo, sequências e divisões.
Facilitadores 3 facilitadores treinados em todos os encontros.
DELIVERY
Estrutura dos encontros 1h com pais ou responsáveis + 1h filhos
+ 1h família.
Conteúdo: como e quais informações, habilidades e
estratégias são apresentadas. Dinâmica/ jogos de As atividades propostas em cada encontro.
conteúdos
Conforme você for pegando a prática na implementação do
Vídeos Apresentação de todos os vídeos, incluindo
programa, pode ser que surjam algumas ideias e uma certa atividades propostas.
CONTEÚDO
vontade de modificar alguns encontros, bem como alguns temas.
Mas cuidado! Alterações poderão comprometer os elementos Temas de cada encontro - Conteúdo dos vídeos;
base do programa e impactar profundamente os seus resultados. - tópicos para discussões;
- atividades de cada tema.
TÓPICO 6 – HISTÓRICO DO FAMÍLIAS A adaptação cultural do Famílias Fortes foi um trabalho extenso,
aprofundado e cuidadoso. Ao longo da experiência no Brasil, ele
FORTES sofreu ajustes com o intuito de deixar a metodologia cada vez
mais adequada à cultura e à realidade brasileira.
O programa foi originalmente desenvolvido como parte de um Esses ajustes foram feitos em conjunto com o estudo de
grande projeto de prevenção do Instituto de Abuso de Drogas universidades brasileiras e com profissionais das redes de
dos Estados Unidos (NIDA, 2020) por Kumpfer, DeMarsh e Child assistência social e saúde que aplicaram os primeiros ciclos
(1989) ainda nos anos 80. Foi concebido inicialmente para do Famílias Fortes. Nesse período, o programa foi aplicado
prevenção seletiva, para diminuir a vulnerabilidade de crianças em pequena escala a fim de colher avaliações e sugestões de
de 6 a 12 anos de famílias de pacientes em tratamento para adaptação (MURTA, 2018; MIRANDA; MURTA, 2016).
dependência de heroína.
Todos os elementos centrais e o conteúdo do programa
Posteriormente, o programa passou por uma reformulação mantiveram-se inalterados em relação à sua versão original.
pela Universidade Estadual de Iowa, Estados Unidos, pela qual Ainda que os vídeos utilizados tenham sido gravados em sua
o programa teve seu currículo adaptado para famílias com terra natal (Inglaterra), desde o princípio todo cuidado foi
crianças com idade entre 10 e 14 anos e o número de encontros tomado para que os elementos culturais fossem neutralizados,
reduzido de 14 para 7 encontros. e que qualquer população, de qualquer país pudesse facilmente
se identificar com seus protagonistas. O fato de trazer temas
A adaptação do programa no Brasil parte da versão do que são naturalmente universais (questões de relacionamento
Strengthening Families Program (SFP) 10-14 adaptada no Reino comuns em qualquer família) e resoluções/conclusões baseadas
Unido, na década de 90, pela School of Health and Social Care em teorias e princípios igualmente universais faz que este
na Universidade Oxford Brookes. material seja facilmente adaptável em qualquer cultura.
RESULTADOS DO
Famílias Fortes
RELACIONADOS AO RELACIONADOS A
CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS COMPORTAMENTOS DE RISCO GERAL
DO FAMÍLIAS FORTES MODELO DA São fatores protetivos para O Famílias Fortes adota
ECOLOGIA SOCIAL o uso de drogas: autocontrole, procedimentos que estimulam
DO ABUSO DE autoeficácia acadêmica, vínculo o autocontrole e autoeficácia;
O Famílias Fortes é baseado em diferentes teorias e modelos SUBSTÂNCIA NA familiar, supervisão familiar, discutem a qualidade das
de abordagens. No quadro seguinte apresenta-se um resumo ADOLESCÊNCIA normas familiares e dos pares,
comunidades com rede de suporte
amizades, encorajam o estilo
parental autoritativo (amor e
dos modelos e suas implicações para o programa. e normas desfavoráveis ao uso limites) e coesão familiar;
de drogas. favorecem a busca de
recursos comunitários.
TEORIA DOS A família deve ser discutida como O formato do Famílias Fortes
SISTEMAS um sistema funcional, em vez de prevê a realização de
FAMILIARES um agrupamento de indivíduos. encontros familiares,
O comportamento do individuo só antecedidos por encontros
pode ser compreendido na relação simultâneos e separados
com os demais membros da família para pais e filhos.
e outros contextos sociais.
IMPLICAÇÕES PARA Tenha este quadro em mãos quando precisar e, caso queira
MODELO PRESSUPOSTOS
O FAMÍLIAS FORTES saber mais sobre os modelos de embasamento teóricos
TEORIA A busca de proximidade e proteção Os procedimentos do Famílias
utilizados no Famílias Fortes, não deixe de ver as referências
DO APEGO é necessidade básica humana. Fortes foram desenhados para bibliográficas deste curso.
Cuidadores sensíveis que desenvolver a sensibilidade
percebem, interpretam e reagem parental, de modo a criar
responsivamente às necessidades condições para que os filhos
da criança, favorecem o possam perceber os pais
desenvolvimento da segurança como fontes de confiança,
(apego seguro). Falhas no cuidado apoio e proteção.
parental, como negligência,
inconsistência, superexigência e
maus-tratos favorecem um senso
de insegurança (apego inseguro).
O apego inseguro é fator de risco
para a saúde mental e a qualidade
das relações estabelecidas ao longo
da vida.
Os encontros são altamente interativos e baseados em - Lidar com a pressão dos pares.
atividades de grupo, jogos e observação de episódios de
interação familiar em vídeo, a partir dos quais ocorrem
discussões e o desenvolvimento de habilidades importantes, - Melhorar as habilidades
parentais.
cujos objetivos estão indicados na sequência. PAIS OU
RESPONSÁVEIS
- Promover estilos parentais
eficazes.
- Melhorar a capacidade de
resolver problemas em família.
Cada encontro tem duração de duas horas e é organizado em O Famílias Fortes é estruturado em sete encontros semanais
três momentos conforme descrito na imagem. com duração de duas horas cada um. O programa prevê
ainda quatro encontros opcionais de reforço, que podem ser
ministrados de 3 a 12 meses após os sete encontros básicos.
Ao longo da primeira hora do programa, pais e filhos participam
DESCRIÇÃO DOS MOMENTOS DE UM ENCONTRO de atividades específicas em grupos separados. Em seguida, as
do Famílias Fortes famílias reúnem-se no mesmo espaço para a segunda parte do
encontro e praticam atividades que envolvem habilidades como
comunicação, realização de reuniões familiares, planejamento
1º MOMENTO
de ações, expressão de afeto e disciplina eficaz.
Os responsáveis e os jovens se reúnem
separadamente, de forma que cada
grupo tenha um espaço entre iguais
para se expressar. Os temas são
O grupo de filhos concentra-se em habilidades sociais e de
tratados com linguagem adequada vida (por exemplo, habilidades de resistência de pares, resolução
ao público.
de problemas, resolução de conflitos, tomada de decisão e
habilidades de comunicação).
responsáveis, seja mãe, pai, avó, avô, tia, tio, desde que seja
alguém que more com o/a filho ou que seja presente em sua
vida e participe de sua educação.
FOXCROFT, D. R. et al. Motivational interviewing for alcohol JONES, D. et al. Impact of the fast track prevention program on
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Acesso em: 26 jan. 2021.
CURSO
PARA FACILITADORES
DO FAMÍLIAS FORTES
REALIZAÇÃO: