Consultoria Organizacional - Vol.1
Consultoria Organizacional - Vol.1
Consultoria Organizacional - Vol.1
Volume 1
Ricardo Thielmann
Murilo Alvarenga Oliveira
Apoio:
Fundação Cecierj / Consórcio Cederj
Rua Visconde de Niterói, 1364 – Mangueira – Rio de Janeiro, RJ – CEP 20943-001
Tel.: (21) 2334-1569 Fax: (21) 2568-0725
Presidente
Masako Oya Masuda
Vice-presidente
Mirian Crapez
Material Didático
T432c
Thielmann, Ricardo.
Consultoria organizacional. v. 1 / Ricardo Thielmann, Murilo
Alvarenga Oliveira. – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010.
162p.; 19 x 26,5 cm.
ISBN: 978-85-7648-627-5
1. Consultoria organizacional. 2. Disfunções organizacionais. 3.
Processo de consultoria. I. Oliveira, Murilo Alvarenga. II. Título.
CDD: 658.46
2010.2/2011.1
Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT e AACR2.
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Governador
Sérgio Cabral Filho
Universidades Consorciadas
Todos os dados apresentados nas atividades desta disciplina são fictícios, assim como os nomes de empresas que não
sejam explicitamente mencionados como factuais.
Sendo assim, qualquer tipo de análise feita a partir desses dados não tem vínculo com a realidade, objetivando apenas
explicar os conteúdos das aulas e permitir que os alunos exercitem aquilo que aprenderam.
1
AULA
Conceitos gerais sobre
Consultoria Organizacional
Meta da aula
Apresentar o ambiente onde está inserida
a Consultoria Organizacional, assim como
os conceitos gerais do tema e um breve
histórico deste tipo de atividade.
objetivos
2
reconhecer o que é um serviço de consultoria
organizacional;
3
identificar os diferentes tipos de configurações
das empresas de consultoria;
INTRODUÇÃO
O setor de serviços vem passando por uma mudança revolucionária nas últimas
décadas, sendo que a criação deste tipo de organização foi bastante acelerada,
em especial após o término da Segunda Guerra Mundial.
Segundo Gaither & Fraizer (2005), no mercado americano mais de dois terços
de toda força de trabalho estão empregados em serviços, e mais da metade
desses trabalhadores está em empregos de escritório; aproximadamente dois
terços do produto interno bruto (PIB) são produzidos pelos serviços; há um
enorme superávit comercial nos serviços; e o investimento por trabalhador de
escritório agora ultrapassa o investimento por trabalhador de fábrica.
No Brasil, a situação do setor de serviços é praticamente a mesma. A seguir, o
Gráfico 1.1 mostra a contribuição dos três principais setores da economia no PIB.
8 CEDERJ
Gráfico 1.1: Participação dos Serviços no PIB brasileiro - 2007
1
AULA
Serviços – 65,78% Agropecuária – 5,52%
Indústria – 28,71%
CEDERJ 9
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
10 CEDERJ
1
AULA
Figura 1.1: Domínio de elementos tangíveis versus intangíveis nos bens e serviços.
Atividade 1
Faça uma pesquisa em sua região e identifique pelo menos três empresas que 1
prestam serviços e três empresas que produzam bens. Obtenha os seguintes
dados destas empresas:
a) Razão social
b) Endereço
c) Ramo de atuação
d) Produto ou serviços fornecidos
Após esta pesquisa, aponte as características que você consegue identificar e que
diferenciem estes tipos de empresas. Dê exemplos destas características para cada
uma das empresas pesquisadas.
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Resposta Comentada
Um exemplo de empresas que produzam bens são as indústrias em geral. As empresas industriais
caracterizam-se por oferecer bens tangíveis. Estes bens são produzidos em um dado momento
e consumidos em outro. Um bom exemplo é uma fábrica que produz aço.
CEDERJ 11
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
!
Independente e qualificado – a
característica mais importante nesses termos
é a imparcialidade na atuação do consultor, mas esse
comportamento aumenta a complexidade no seu relacionamento
com os clientes. Nem sempre as recomendações são agradáveis
ou simples, mas deverão ser as melhores para os clientes em uma
determinada situação. A qualificação pressupõe que o consultor
esteja plenamente capacitado e fortemente embasado
para fornecer suas recomendações (CROCCO;
GUTTMANN, 2005).
12 CEDERJ
1
AULA
Figura 1.2: O serviço de consultoria.
CEDERJ 13
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
!
Resumimos a seguir
as principais características dos
serviços de consultoria:
- serviço independente (imparcialidade);
- serviço de aconselhamento (experiência);
- serviço que provê conhecimento profissional e
habilidades relevantes, com pragmatismo e
comprometimento.
14 CEDERJ
Outro conceito interessante é o oferecido pelo Institute of
1
Management Consultants apud Crocco e Guttmann (2005): consultoria
AULA
empresarial é o serviço prestado por uma pessoa ou grupo de pessoas,
independentes e qualificadas para a identificação e investigação de
problemas que digam respeito a política, organização, procedimentos e
métodos, de forma a recomendarem a ação adequada e proporcionarem
auxílio na implementação dessas recomendações.
Pode-se afirmar, então, que a atividade de consultoria organiza-
cional é uma atividade que promove a mudança, sendo realizada por
profissionais independentes e qualificados, objetivando a investigação e
a proposição de soluções de problemas organizacionais.
CEDERJ 15
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
?
Diagnóstico
organizacional – levantamento
de informações realizado na empresa
que contrata a consultoria para servir de base
para a realização da mesma. Esse levantamento
de informações pode ser feito de várias maneiras.
O diagnóstico tem uma amplitude abrangente que
vai desde um nível genérico ao mais específico
e isso irá determinar o nível de análise e da
própria implementação. Esse tema será
apresentado nas próximas aulas.
16 CEDERJ
Alguns problemas organizacionais requerem muita atenção da
1
alta administração de uma companhia por um espaço de tempo bastante
AULA
longo. Todavia, a atividade rotineira da organização deixa pouco tempo
para que a alta administração dê atenção a estes aspectos. Aí entra o
consultor como um especialista que oferece soluções no tempo requerido,
mas que se afasta da organização uma vez terminada a tarefa.
Outros problemas organizacionais, para serem resolvidos, precisam
de uma visão externa. O consultor, na sua condição de independência,
pode manter-se neutro e imparcial em situações nas quais ninguém da
organização o seria.
Pode acontecer também que os tomadores de decisões solicitem dos
consultores uma confirmação de ações que eles irão tomar. Esta confirmação
muitas vezes é necessária para obter apoio para seus pontos de vista.
Schein (1969) identifica algumas razões para utilizar consultorias
nas organizações, a saber:
1. os gestores geralmente não sabem o que está errado e neces-
sitam de uma ajuda especial para diagnosticar quais são seus
problemas atuais;
2. os gestores geralmente não sabem que tipo de ajuda os
consultores podem lhes oferecer; eles precisam ser ajudados
para descobrir que tipo de ajuda procurar;
3. muitos gestores têm uma intenção construtiva de melhorar as
coisas, porém, necessitam de ajuda na identificação do que
melhorar e como.
CEDERJ 17
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
18 CEDERJ
Atividade 2
1
AULA
A consultoria organizacional é o processo interativo entre um agente de mudanças 2
(externo e/ou interno) e seu cliente (externo e/ou interno), em que o consultor
assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e colaboradores do respectivo
cliente nas tomadas de decisão, não tendo, entretanto, o controle direto da situação
que se deseja ser mudada.
A partir deste conceito, identifique as palavras-chaves do serviço de consultoria
organizacional. Explique cada uma delas.
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Resposta Comentada
As principais palavras-chaves do conceito apresentado são:
1) Processo interativo, ou seja, exige a participação de um cliente e um agente de
mudanças.
2) Responsabilidade de auxiliar no processo de tomada de decisões, ou seja, a atividade de
consultoria pressupõe a existência de um problema organizacional que não é solucionado
de forma simples pela empresa. Ela necessita de um agente externo (consultor) para propor
alternativas para a solução dos problemas.
3) Independente, ou seja, o agente de mudança (consultor) deverá ser totalmente imparcial
nas observações e soluções propostas.
CEDERJ 19
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
Privado Público
Sociedades
simples
Sociedades
empresárias
20 CEDERJ
“caráter cruzado”, ou seja, o cruzamento entre capital e pessoas. Sem os
1
AÇÕES
dois elementos não é possível formar uma sociedade limitada.
AULA
Títulos nominativos
As sociedades anônimas são regulamentadas pela Lei 6.404, de negociáveis que
representam, para
15 de dezembro de 1976. A companhia ou sociedade anônima terá o quem as possui,
uma fração do capi-
capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas
tal social de
será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. uma empresa.
PROJETO
Existe ainda um modelo de configuração jurídica que envolve Empreendimento
o consultor autônomo. Neste caso a pessoa física executa serviços único com início e
fim determinado,
especializados em organizações. que utiliza recursos
e é conduzido por
Em relação à organização dos trabalhos de empresas de consul- pessoas, visando
toria, elas podem assumir várias configurações. atingir objetivos pre-
definidos.
Partindo-se do princípio de que as empresas que prestam consultorias
trabalham com PROJETOS, é importante conhecer as várias formas com as
quais as pessoas podem se organizar para trabalhar nas consultorias.
Projeto
Temporário Único
CEDERJ 21
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
22 CEDERJ
Gerente
1
funcional
AULA
(GF)
GF GF
Nível
operacional
de trabalho
CEDERJ 23
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
GF GF GF
Cliente
Conceito
do
produto
GP
24 CEDERJ
4. Melhor comunicação.
1
5. Foco no cliente.
AULA
As principais desvantagens das estruturas matriciais são:
1. Dualidade de relações hierárquicas.
2. Necessidade de equilíbrio de poder.
? A dualidade de
relações hierárquicas se dá na
medida em que a pessoa que atuará no
projeto estará subordinada a duas estruturas
hierárquicas. Enquanto ela estiver atuando nas
funções normais de trabalho, estará subordinada
ao gerente funcional. No momento em que assumir
alguma atividade de projeto, ela estará subordinada
tanto ao gerente funcional, quanto ao gerente de
projetos. Desse modo, os dois gerentes terão que
buscar um equilíbrio de poder na relação
com esse funcionário, assim como
este com seus gerentes.
Cliente
GF GF GF
Conceito
do
produto
GP
CEDERJ 25
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
Atividade 3
Qual é a melhor configuração organizacional para empresas de consultoria? 3
Justifique a sua resposta
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Resposta Comentada
Para empresas que atuam na atividade de consultoria organizacional, a melhor configuração
é a matricial, pois ela permite economia de recursos e, além disso, a concentração de grupos
de profissionais especializados na elaboração das consultorias. Nessa estrutura o consultor é
responsável pelos resultados do projeto, enquanto os gerentes funcionais são responsáveis
por fornecer os recursos necessários para atingir os resultados.
HISTÓRIA E TENDÊNCIAS
26 CEDERJ
A consultoria empresarial é um dos segmentos de prestação de
1
serviços que mais tem crescido no mundo. Segundo Oliveira (2006),
AULA
essa situação também tem ocorrido no Brasil, principalmente a partir
de meados da década de 1960, sendo que as principais causas são,
primeiramente, o crescimento do parque industrial e, em segundo lugar,
a necessidade de conhecimento atualizado das técnicas e metodologias de
gestão empresarial, para fazer frente ao novo contexto de concorrência
entre as empresas, resultante da globalização econômica.
Ainda, de acordo com Oliveira (2006), algumas das tendências
da consultoria empresarial são:
a) aumento da demanda de consultoria provocado pela busca
de novos conhecimentos e de inovações para enfrentar a
globalização da economia;
b) aumento da demanda de consultoria para as empresas
consolidarem suas vantagens competitivas;
c) aumento da demanda de consultoria como conseqüência dos
processos de terceirização;
d) aumento da demanda de consultoria pela necessidade de
questionamento progressivo das realidades da empresa-cliente,
visando a um processo de melhoria contínua sustentada;
e) fusões entre empresas de consultoria;
f) internacionalização dos serviços de consultoria;
g) aumento do número de professores e de universidades que
realizam serviços de consultoria.
Embora não existam dúvidas de que o mercado de consultoria
empresarial está crescendo, a identificação do tamanho desse mercado é
algo problemático por duas razões principais. Primeiramente, em função
do desinteresse das empresas de consultoria em divulgar seus números e,
posteriormente, pela dificuldade de separar o que é consultoria e o que
representa outros serviços relacionados, como auditoria, treinamento,
pesquisa etc.
Entretanto, com toda dificuldade de se quantificar o tamanho do
mercado de consultoria, “pode-se considerar que no mundo todo existe
algo como 900 empresas de grande porte, sendo que aproximadamente
50 empresas respondem por 70% do mercado total de serviços de
consultoria” (OLIVEIRA, 2006).
CEDERJ 27
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
CONCLUSÃO
28 CEDERJ
Atividade Final
1
AULA
Pesquise na internet ou em publicações especializadas empresas 1 2 3 4
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Resposta Comentada
As empresas de consultoria são caracterizadas como organizações prestadoras de
serviços. Suas estruturas organizacionais podem variar muito, porém a melhor estrutura
para este tipo de organização são as estruturas matriciais. As grandes empresas de
consultoria multinacionais atuam em diversas áreas e possuem uma carteira de
clientes muito diversificada. As pequenas empresas de consultoria procuram focar suas
atividades em setores específicos da economia e possuem uma carteira de clientes
mais concentrada. Grandes empresas de consultoria multinacionais como a Deloitte,
McKinsey, dentre outras, geralmente são sociedades anônimas. Outras empresas
nacionais geralmente são sociedades de capital limitado.
CEDERJ 29
Consultoria Organizacional | Conceitos gerais sobre Consultoria Organizacional
RESUMO
Serviços são bens intangíveis, ou seja, são experiências que o cliente vivencia,
enquanto os produtos são bens físicos que podem ser possuídos. Ainda existe a
presença e a participação do cliente no processo de realização do produto, e como
conseqüência a produção e o consumo são simultâneos. A consultoria empresarial
é caracterizada como uma atividade de serviço que promove a mudança,
sendo realizada por profissionais independentes e qualificados, objetivando
a investigação e a proposição de soluções de problemas organizacionais. Esta
atividade econômica teve seu início no século XIX e nos últimos anos apresentou
crescimento acelerado, com perspectiva de alcançar, em 2010, 85 bilhões de
dólares. A meta de uma consultoria é atender bem ao cliente, solucionando suas
dificuldades e zelando pela sua integridade administrativa. Cabe ao consultor
empresarial primar pela qualidade e pelo desenvolvimento de todo o processo.
30 CEDERJ
2
AULA
Disfunções organizacionais
Meta da aula
Apresentar as principais disfunções organizacionais
encontradas nas organizações de uma forma geral.
objetivos
2
diferenciar as principais disfunções organiza-
cionais encontradas nas empresas.
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
Consultor de ovelhas
Sujeito para o BMW ao lado de um pastor, na montanha, e pergunta:
– Pastor, se eu adivinhar quantas ovelhas tem no seu rebanho, o senhor me dá uma?
– Sim.
O sujeito puxa o notebook, acopla o celular, acessa a internet, o GPS, enfim, aciona toda sua parafernália tec-
nológica e atira:
– Pastor, o senhor tem 313 ovelhas.
– Acertou. Pode pegar sua ovelha.
O sujeito apanha um animal e volta para o BMW, quando o pastor retruca:
– Se eu adivinhar a sua profissão, o senhor devolve meu animal?
– Sim, responde o sujeito.
– O senhor é consultor!
– Como adivinhou?
– Por três razões: primeira, o senhor se meteu onde não foi chamado; segunda, falou o que eu já sabia; terceira,
não entende nada do meu negócio. Devolva o meu cachorro!
(Autor desconhecido).
32 CEDERJ
reservar o local. O hotel/pousada é uma organização. Se for comprar um
2
peixe na praia, certamente você irá a uma aldeia de pescadores, indicada por
AULA
um morador do local. Essa aldeia de pescadores possui uma cooperativa que
comercializa os peixes. A cooperativa é uma organização. Portanto, até em
férias os nossos relacionamentos se fazem por meio das organizações.
Além disso, percebe-se que as organizações têm aumentado seu tamanho e sua
abrangência, bem como sua complexidade. À medida que as organizações crescem
e se expandem em todos os domínios da vida social, em contrapartida decrescem
para os indivíduos as opções de vida extraorganizacional, fazendo com que os mes-
mos, para que possam adequadamente conviver e sobreviver, criem MECANISMOS M ECA N ISMOS
D E A COMOD A ÇÃ O
DE ACOMODAÇÃO psíquicos, sociais e tecnológicos (FOGUEL, 1995).
Formas desenvol-
vidas pelas pessoas
que participam das
organizações e que
O QUE É UMA ORGANIZAÇÃO? permitem melho-
rar a convivência
e a sobrevivência
O ser humano não vive isolado, mas em contato contínuo com seus no ambiente. Um
indivíduo que tem
semelhantes. E, nessa interação humana, ambas as partes vão envolver-se
tendência a dar mui-
mutuamente, uma influenciando a atitude da outra. Em virtude das tas sugestões e está
em um ambiente que
limitações individuais, os seres humanos veem-se obrigados a cooperar não aceita sugestões
tende a se adaptar
uns com os outros para o alcance de objetivos que, com a ação isolada, a este ambiente por
não seria possível alcançar. Para Barnard (1968), a organização é “um uma mudança de
comportamento. Um
sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais bom exemplo se dá
quando uma pessoa
pessoas”. A cooperação entre elas é imprescindível para a existência da ingressa em uma
organização, pois uma organização somente existe quando há pessoas organização e inicia
suas atividades de
capazes de se comunicar e que estão dispostas a contribuir com ação a forma muito efetiva,
porém os colegas
fim de cumprirem um propósito comum. de trabalho, que já
estão acomodados,
Na visão de Schein (1982), a organização necessita de coordenação e
começam a criar
objetivos comuns. As pessoas coordenam seus esforços e verificam que con- barreiras para esse
novo funcionário.
seguem alcançar melhor seus objetivos em conjunto do que isoladamente. A pessoa, para se
integrar melhor ao
Uma organização é a coordenação planejada das atividades de uma grupo e não ficar
deslocada, prefere
série de pessoas para a consecução de algum propósito ou objetivo
ficar menos efetiva.
comum, explícito, através da divisão de trabalho e função e através
de uma hierarquia de autoridade e responsabilidade.
CEDERJ 33
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
34 CEDERJ
De acordo com a visão de Etzioni (1976), “as organizações são
2
unidades sociais (ou grupamentos humanos) deliberadamente construídas
AULA
e reconstruídas para buscar objetivos específicos”.
Assim, as organizações se caracterizam pela divisão do trabalho,
do poder e da responsabilidade de comunicação, divisões essas que são
planejadas com o intuito de realizar os objetivos específicos; pela presença
de um poder central que controla e combina esforços; e pela substituição
das pessoas que não satisfazem os objetivos organizacionais.
A divisão do trabalho é essencial para a organização. É um pro-
cesso que se inicia, geralmente, quando se especificam os meios para se
atingir um fim. No sistema de meios e fins, do qual a organização faz
parte, os meios para um nível mais elevado da hierarquia organizacional
são os fins para grupos diretamente abaixo.
Para Schein (1982),
TIPOS DE ORGANIZAÇÕES
CEDERJ 35
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
! São exemplos de
organizações formais:
1. grandes empresas – Companhia
Siderúrgica Nacional, Grupo Votorantim,
Coca-Cola, dentre outras;
2. entidades públicas – Ministério da Fazen-
da, Ibama, Incra, dentre outras;
3. organização militar – Exército, Marinha,
Aeronáutica;
4. universidades – Universidade Federal
Fluminense, Universidade Federal
de Juiz de Fora, dentre
outras.
36 CEDERJ
Já a organização informal é frouxamente organizada, flexível, mal
2
definida e espontânea. A participação dos seus membros pode ser consciente
AULA
ou inconsciente e, muitas vezes, é difícil determinar o momento em que uma
pessoa passa a ser membro da organização. A participação ou o envolvimen-
to pode crescer com o tempo. A natureza exata dos relacionamentos entre
os membros e os objetivos da organização são inespecificados.
CEDERJ 37
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
38 CEDERJ
Atividade 1
2
AULA
Classifique, para cada um dos exemplo, o tipo de organização. Lembre-se de 1
que as organizações podem assumir mais de uma classificação. Justifique a sua
resposta.
( ) Empresa que produz aço onde cada função está claramente definida e onde o indivíduo
concentra-se total e unicamente em seu trabalho.
Resposta Comentada
1. As organizações, nas suas mais diversas formas, têm contribuído muito para
atender as necessidades das pessoas. É por meio delas que recebemos os serviços
públicos como saneamento, limpeza, ordem social. É por meio das empresas
privadas que outras necessidades individuais nos são oferecidas como alimenta-
ção, divertimento, trabalho e até mesmo aceitação social. As suas características
são diversas e são estas que definem o modo de atuação, o produto que será
oferecido e as necessidades que irão atender.
A resposta para esta atividade se segue:
CEDERJ 39
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
DISFUNÇÕES ORGANIZACIONAIS
O DO surgiu a
ilustra o ciclo de vida das empresas.
partir de 1962
como um conjunto
de ideias a respei-
to do homem, da
organização e do
ambiente, no intuito
de proporcionar
o crescimento e o
desenvolvimento
Maturidade
das organizações.
Sustentação Declínio/
No sentido restrito,
transformação
o DO é um desdo- Crescimento
bramento prático e
operacional da Teo-
ria Comportamental
em direção à abor- Figura 2.1: Fases de desenvolvimento das organizações.
dagem sistêmica.
Não se trata de uma
teoria administrativa
propriamente dita,
mas de um movi-
mento envolvendo
vários autores preo-
cupados em aplicar
as ciências do com-
portamento – e prin-
cipalmente a Teoria
Comportamental –
na Administração.
40 CEDERJ
2
AULA
As fases do ciclo
de vida das organizações
são assim apresentadas:
1) Crescimento: É a fase inicial da orga-
nização. Nesta fase os produtos e serviços
apresentam-se em fase de lançamento, apresen-
tando potencial de mercado. Os dirigentes da organi-
?
zação comprometem recursos para que o negócio cresça.
Geralmente operam com fluxo de caixa negativo e baixo
retorno sobre o investimento – ROI. O objetivo financeiro deve
ser buscar percentuais de crescimento de receita e de aumento
de vendas para determinados mercados, grupos de clientes e regi-
ões. Nesta fase é comum, depois de iniciado um negócio, surgirem
muitos momentos em que os pontos negativos superam os positivos
e que quaisquer sentimentos de satisfação não passam de pequenas
compensações. Por vezes, é só a componente emocional que mantém o
empreendedor na decisão de continuar com o negócio.
2) Sustentação: As organizações desenvolvem os projetos que são direcio-
nados a avaliar gargalos, ampliar a capacidade e buscar a melhoria contí-
nua, em lugar de grandes investimentos de retorno a longo prazo (expan-
sões). Busca-se manter participação no mercado, aumentando um pouco
a cada ano. Os objetivos financeiros estão focados na obtenção do melhor
retorno sobre o capital investido.
3) Maturidade/colheita dos investimentos: Nesta fase não são realizados
mais investimentos significativos. Os investimentos são feitos apenas para
manter equipamentos e capacidades, não para ampliar ou gerar novas
capacidades. Qualquer projeto de investimento deve ter períodos de
retorno muito bem definidos e curtos. A meta principal é maximizar o
fluxo de caixa em benefício da empresa. Os objetivos financeiros são o
fluxo de caixa operacional (antes da depreciação) e a diminuição da
necessidade de capital de giro.
4) Descontinuidade/transformação: A organização começa a apre-
sentar custos crescentes. Os retornos podem estar em declínio
(sintoma básico). A participação no mercado apresenta taxas
decrescentes. Surgem novos concorrentes e outras pressões
internas e externas. Podem ocorrer súbitas mudanças de
tecnologias, mercados ou legislações. A retomada do
crescimento se dá pela inovação e pela ênfase
para a descoberta de novos caminhos. Ocor-
rem mudanças de objetivos financeiros
e de investimentos.
CEDERJ 41
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
42 CEDERJ
Estágios
2
superiores
AULA
Forças de deterioração
Processos de
desenvolvimento
Estágio atual de
desenvolvimento da
organização
Processos de
deterioração
Forças de desenvolvimento
Estágios de regressão
“Morte”
DISFUNÇÕES DE 1º GRAU
CEDERJ 43
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
44 CEDERJ
Mesmo com as melhores das intenções, se essa disfunção existe
2
em uma organização, as decisões, quando tomadas tendo por base
AULA
objetivos divergentes aos objetivos da organização, podem conduzir a
organização à morte.
Além disso, podem ser criados indicadores de desempenho que não
se constituem em medidas válidas para a verificação do atingimento dos
objetivos perseguidos. Em consequência desse fato, os indivíduos podem
ser recompensados por atenderem aos indicadores de desempenho que
pouco tem a ver com os objetivos da organização. O contrário também
pode ocorrer, ou seja, outros indivíduos podem ser punidos por não
atenderem a tais indicadores, o que, nessas circunstâncias, não implica
que não estejam atendendo aos objetivos da organização.
CEDERJ 45
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
46 CEDERJ
g) Grande distância entre a fonte das informações necessárias para as
2
decisões e o local onde elas são tomadas
AULA
Essa disfunção está intimamente ligada ao aspecto de centralização
de decisões apresentado anteriormente.
Essa distância está relacionada ao lapso que acontece, geralmen-
te, entre a fase de busca de informações e a fase da tomada de decisão,
devido, principalmente, aos extensos organogramas verticais.
Duas consequências surgem:
• perda de agilidade no processo de tomada de decisões;
• decisões baseadas em informações de baixa qualidade, desatualizadas
e mesmo incorretas.
CEDERJ 47
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
48 CEDERJ
Atividade 2
2
AULA
A Nike foi fundada em 1964 por Phil Knight, como um negócio de fundo de 2
quintal, em Portland, Oregon. Era seu projeto de conclusão do curso de MBA em
Stanford. Começou importando calçados do Japão, até que seu sócio inventou uma
sola, cozinhando borracha na chapa de waffle.
• Os comerciantes dizem que todo mundo está vendendo os mesmos produtos. As marcas
não se diferenciam umas das outras.
• Está ocorrendo uma migração para produtos de outro tipo (sapatos esportivos e botas mar-
rons). A Reebok estima que de 15 a 20% do negócio “branco” ficou “marrom” em 1997.
• A revista Time também informou que nos Estados Unidos algumas pessoas perguntavam se era
justo pagar 100 dólares por um par de tênis feito por alguém que ganha 3 dólares por dia.
Nessa época, a Nike definiu a meta de se tornar líder mundial no futebol até a Copa
seguinte, em 2002. O futebol é um esporte mundial. A empresa percebeu que não pode
ter credibilidade como marca esportiva sem atuar com produtos para o futebol. Para ser
líder, a Nike tem que vencer Umbro, Diadora, Puma e Adidas (que é três vezes maior
que a Nike, em termos de futebol, no mundo). Nos Estados Unidos, a Nike é a
segunda no futebol.
CEDERJ 49
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
Em 1998, a Nike aumentou seus investimentos em P&D para lançar novos produtos,
mas não comunicou isto de forma sistemática a todas as outras unidades da empresa,
espalhadas pelo mundo.
Resposta Comentada
A Nike, uma empresa multinacional, apresenta vários desafios para conseguir
competir mundialmente. Um deles é tornar ágil o processo de tomada de decisões
para que as mesmas circulem de forma rápida e coerente; além disso, deve-se
tornar o processo de comunicação interna claro para facilitar a comunicação das
estratégias para todos os níveis organizacionais e para todas as filiais da Nike, ou
seja, a comunicação deve fluir de forma limpa e clara. Ainda, a Nike deve simplificar
a sua estrutura evitando assim estruturas complicadas, infladas, macrocefálicas,
as quais, na maioria das vezes, acabam por escamotear a responsabilidade
por decisões e emperrar o processo decisório.
50 CEDERJ
DISFUNÇÕES DE 2º GRAU
2
AULA
As disfunções de 2º grau caracterizam-se por fazer com que a
organização não perceba com rapidez suas disfunções de 1º grau. Desta
maneira, elas impedem ou tornam tardio o tratamento das disfunções,
pois mantêm ativado o ciclo destrutivo apresentado na conclusão da
aula, na Figura 2.3.
São elas:
• falta de compreensão da organização como um sistema total;
• utilização de estratégias comportamentais baseadas no princípio da
unilateralidade;
• existência de tabus, formais e informais, sobre a discussão de certos
temas;
• crença de que competência técnica é mais vital para a consecução dos
objetivos organizacionais do que a competência interpessoal;
• falta de consciência de que existem causas importantes de deterioração
embutidas dentro da própria organização;
• postura dos membros da organização de encarar crenças, objetivos,
políticas e estruturas como rígidas, inflexíveis, inelásticas e imutáveis;
• “memória organizacional” muito limitada ou pouco difundida.
CEDERJ 51
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
CONTROLAR U N I L AT E R A L M E N T E
52 CEDERJ
c) Existência de tabus, formais e informais, sobre a discussão de certos
2
temas
AULA
Alguns temas que são considerados “tabus”, ao não serem dis-
cutidos, impedem a tomada de consciência das disfunções às quais tais
temas se vinculam, disfunções essas que deixam de ser tratadas e, conse-
quentemente, resolvidas. Um bom exemplo de tema que pode se tornar-se
um tabu são as proibições impostas aos membros da organização e as
orientações e fatos tidos como inquestionáveis. Ex: Em casos extremos,
podem existir empresas onde há uma regra em que as férias têm que ser
vendidas e, se o funcionário tirar férias, ele será mandado embora.
CEDERJ 53
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
54 CEDERJ
Atividade 3
2
AULA
A Amigos S/A é uma empresa de confecção de roupas íntimas femininas e pos- 3
sui a seguinte estrutura organizacional: uma gerência geral ocupada pelo dono
do negócio, uma gerência de produção ocupada por uma costureira com 30 anos de
experiência e uma gerência administrativa ocupada pela cunhada do dono da empre-
sa. A empresa tem 30 funcionários. As decisões nessa empresa são tomadas única e
exclusivamente pelo dono do negócio, o Sr. Elias, homem muito austero e seguro de
si, que tem como principais características a capacidade de conduzir o negócio, porém
de forma muito centralizadora. Para a gerente de produção, Rita, a capacidade de fazer
as roupas com qualidade e eficiência é muito importante. Ela, como mulher de grande
experiência, também é muito austera, não tolera erros e principalmente é muito exigente
com suas funcionárias, chegando ao ponto de preferir uma boa briga a uma conciliação.
A gerência administrativa, ocupada pela dona Ruth, é conduzida de forma mais leve. Ela
“passa a mão na cabeça” dos funcionários quando Dona Rita os maltrata e humilha. Ela
é uma pessoa que busca sempre a conciliação.
A partir da descrição deste caso, identifique duas disfunções de 2º grau que podem surgir
se a empresa Amigos S/A continuar sendo gerenciada da forma descrita.
Resposta Comentada
A empresa Amigos S/A pode apresentar como disfunções de 2º grau a valorização
das competências técnicas acima das competências interpessoais quando dona
Rita prefere uma boa briga a uma solução de conciliação. Além disso, decisões
centralizadas podem provocar um tabu em relação à participação dos funcionários
nas decisões organizacionais. Além disso, dona Rita pode se utilizar de estratégias
comportamentais baseadas no princípio da unilateralidade para conseguir
aquilo que ela quer do grupo de trabalho.
CEDERJ 55
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
CONCLUSÃO
À luz do que foi visto nesta aula, observa-se que o mundo é orga-
nizacional e que as organizações são entes complexos que possuem uma
série de problemas chamados de disfunções organizacionais. Estas dis-
funções podem ser distinguidas em dois grupos, segundo Foguel (1995):
disfunções de 1º grau e disfunções de 2º grau. Estas disfunções podem
criar na organização o que se convencionou chamar de ciclo destrutivo
das organizações, que se apresenta na Figura 2.3, abaixo.
Disfunções de 1º grau
• Alto grau de incongruência.
• Falta de definição clara do negócio e dos objetivos das organizações.
• Existência de políticas e diretrizes vagas e/ou ambíguas.
• Estruturas em alto grau de ambiguidade com respeito à divisão
de tarefas e à autoridade para tomada de decisões.
• Estruturas definidas anualmente.
• Estruturas com alto grau de centralização e com “macrocefalia”.
• Grande distância entre a fonte das informações necessárias para
as decisões e o local onde as decisões são tomadas.
56 CEDERJ
O papel do gestor e do consultor organizacional é romper ou, ao
2
menos, atenuar os seus efeitos. As formas para fazê-lo serão detalhadas
AULA
nas próximas aulas.
Atividade Final
Utilizando o questionário a seguir, entreviste duas organizações. Para desen- 1 2
volver bem esta atividade o aluno deverá inicialmente escolher duas orga-
nizações que atuem em ramos de atividades diferentes. Após sua escolha, solicite ao
dono das organizações ou seu representante legal que responda ao questionário. Após
a realização do levantamento de dados, analise as respostas obtidas e desenvolva um
relatório identificando como a organização se configura, ou seja, linear, linha-staff, formal,
informal e quais são as principais disfunções encontradas na mesma. Quanto maior for
o volume de informações levantadas, melhor será a análise a ser realizada.
2. Endereço Completo
CEDERJ 57
Consultoria Organizacional | Disfunções organizacionais
14. Como são determinados os requisitos aplicáveis aos processos principais do negócio
e aos processos de apoio?
Resposta Comentada
A partir desse pequeno questionário, será possível levantar informações importantes
para um levantamento inicial sobre a situação da organização pesquisada. Esse ques-
tionário permite que informações sobre algumas disfunções das organizações sejam
analisadas, principalmente aquelas relacionadas à forma de liderança, ao processo
de planejamento estratégico e o desdobramento do mesmo para as várias áreas
funcionais e ainda sobre as disfunções relacionadas com o processo de comunicação
interno e externo. Não existe uma resposta correta desta atividade. A mesma deverá
ser analisada e enviada para correção para o professor da disciplina.
58 CEDERJ
2
RESUMO
AULA
Nesta aula procurou-se analisar e explicar o mundo organizacional em que
vivemos. A partir daí, analisaram-se os conceitos de organização e então partiu-se
para estudar as disfunções organizacionais que podem ser de primeiro e de
segundo grau. As organizações são unidades sociais (ou grupamentos humanos)
deliberadamente construídas e reconstruídas para buscar objetivos específicos.
Existem várias tipificações para as organizações, dentre elas destacam-se
organizações formais de organizações informais, organizações lineares, funcionais
ou linha-staff, organizações públicas e privadas, dentre outras. À medida que as
organizações se desenvolvem e alcançam níveis de complexidade, aparecem o
que a literatura chama de disfunções organizacionais. Estas disfunções podem
ser de 1º grau e de 2º grau.
As principais disfunções de 1º grau são: alto grau de incongruência; falta de
definição clara do negócio e dos objetivos das organizações; existência de políticas
e diretrizes vagas e/ou ambíguas; estruturas em alto grau de ambiguidade
com respeito à divisão de tarefas e à autoridade para tomada de decisões;
estruturas definidas anualmente; estruturas com alto grau de centralização e com
“macrocefalia”; grande distância entre a fonte das informações necessárias para
as decisões e o local onde as decisões são tomadas; sistemas de planejamento
ineficazes; políticas organizacionais inexequíveis no ambiente ou inadequadas,
devido a mudanças ocorridas e não detectadas a tempo; descompasso entre as
intenções do primeiro escalão e as medidas implementadas pelo segundo escalão;
pouca orientação para as missões e objetivos finalísticos dos órgãos; multiplicidade
de órgãos cuidando do mesmo problema.
As principais disfunções de 2º grau são: falta de compreensão da organização como
um sistema total; utilização de estratégias comportamentais baseadas no princípio
da unilateralidade; existência de tabus, formais e informais, sobre a discussão de
certos temas; crença de que competência técnica é mais vital para a consecução dos
objetivos organizacionais do que a competência interpessoal; falta de consciência
de que existem causas importantes de deterioração embutidas dentro da própria
organização; postura dos membros da organização de encarar crenças, objetivos,
políticas e estruturas como rígidas, inflexíveis, inelásticas e imutáveis; “memória
organizacional” muito limitada ou pouco difundida. Foi apresentado também o
ciclo destrutivo das organizações.
CEDERJ 59
3
AULA
Competências do consultor
organizacional
Meta da aula
Apresentar as competências essenciais
do consultor organizacional.
objetivos
INTRODUÇÃO
62 CEDERJ
Com o consultor organizacional isso não pode ser diferente.
3
Ele deve ser dotado desses conjuntos de qualidades que chamamos de
AULA
competências.
Entretanto, não existirá a cura de uma doença se o paciente não
cooperar, pois ele deve seguir as orientações do médico. O mesmo ocorre
nas organizações: os consultores apoiam as melhorias, mas não são os
responsáveis exclusivos pela solução dos problemas enfrentados.
O consultor é o agente externo encarregado de analisar, diagnos-
ticar problemas, desenvolver e promover mudanças em diversas áreas da
EMPRESA CLIENTE e assume a responsabilidade de auxiliar a mesma no pro- EMPRESA
CLIENTE
cesso decisório; entretanto, ele não possui controle direto da situação.
Significa a empresa
que contrata os ser-
viços de consultoria
COMPETÊNCIAS DO CONSULTOR
e que geralmente se
encontra envolvida
Como se pode observar, o consultor organizacional, independen- num problema
organizacional.
temente da área em que esteja atuando, é responsável não só pela parte
exclusivamente técnica do processo de mudanças, mas também por toda a
interação e implementação das mudanças mencionadas nas diversas áreas
da empresa cliente e pela análise dos impactos destas na sociedade.
Para desempenhar todas essas atividades, o consultor organiza-
cional necessita possuir um conjunto de competências (conhecimentos,
habilidades e atitudes – CHA) como qualquer outro profissional. Esse
conjunto compõe as competências do consultor e se exterioriza nas várias
características comportamentais, administrativas e interpessoais neces-
sárias para que ele desempenhe toda essa gama de atividades envolvidas
no serviço de consultoria. Assim, GERENCIAR COMPETÊNCIAS é fundamental. GERENCIAR
COMPETÊNCIAS
Conhecimento Saber Significa desenvolver
Competência técnica o conjunto de conhe-
Habilidade Saber fazer
cimentos, habili-
Atitude Querer fazer Competência comportamental dades e atitudes
correlacionadas, que
Figura 3.1: Pilares das competências.
afetam a maior parte
do trabalho de uma
pessoa, impactando
o seu desempenho
e seus resultados,
podendo ser medido
e melhorado por
meio de treinamento
e desenvolvimento
(DUTRA, 2001).
CEDERJ 63
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
64 CEDERJ
A integridade está relacionada com o comprometimento do
3
consultor com o projeto da empresa cliente. Podemos citar como com-
AULA
petências para essa integridade: clareza e transparência dos objetivos a
serem alcançados e conhecimentos implementados, sigilo em relação às
atividades e informações de seus clientes, dentre outras.
O valor que o profissional proporciona para a empresa cliente é
aquele que resulta da mudança proporcionada pelo consultor na empre-
sa cliente, ou seja, o resultado no curto, médio e longo prazo que seu
serviço propiciará.
A felicidade em relação à sua atuação profissional é um elemento
extremamente subjetivo, uma vez que está relacionado à motivação e à
realização profissional, ou seja, às suas características pessoais e a seus
anseios.
Valor proporcionado
CEDERJ 65
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
Atividade 1
Lendo uma matéria numa revista especializada em consultoria você toma conhe- 1
cimento de uma série de atributos importantes para a profissão. Relacione as
descrições a seguir com os três elementos básicos da formação de competências de
um consultor: Conhecimento (C), Habilidade (H) e Atitude (A).
Resposta Comentada
A ordem correta é A-H-C-A-H-A.
Fazer analogias significa uma disposição em comparar uma situação com outra
(Atitude); praticar análise de problemas desenvolve a habilidade; adquirir e
atualizar os conhecimentos significa que terá mais saberes (Conhecimento);
buscar explicar resultados representa a vontade de se fazer entender (Atitude);
exercitar a tomada de decisão e como praticá-la aumenta a sua habilidade
e adaptar-se às novas situações demonstra uma disposição em lidar
com o novo (Atitude).
66 CEDERJ
• características de conhecimento;
3
AULA
• características de habilidade;
• Características de conhecimento
As características de conhecimento estão ligadas ao saber do indi-
víduo, aos conceitos e às teorias retidos ao longo dos anos. Dessa forma,
o “saber” é o ponto de partida para a atividade de consultoria. Assim,
podem ser enumerados alguns pontos referentes a essas características:
CEDERJ 67
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
! Os conhecimentos em
administração irão ajudá-lo a
realizar a Atividade 2, por isso leia
atentamente o item 2 e busque
informações nas disciplinas que
você já estudou.
68 CEDERJ
sentidas pelo mercado no que tange a novos serviços e
3
produtos.
AULA
8. Possuir raciocínio lógico e bem estruturado é funda-
mental para o profissional em consultoria, focando-se
no essencial e básico para o auxílio dos executivos da
empresa cliente na tomada de decisão.
CEDERJ 69
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
Atividade 2
Para o desempenho de suas funções, como consultor de uma grande empresa, um colega
solicitou sua orientação para melhorar a capacidade dele de desenvolver uma atividade
de consultoria, pois ele sabe que não basta apenas desenvolver o bom-senso e as habi-
lidades interpessoais e de comunicação para atender as necessidades da empresa.
A empresa para a qual ele está trabalhando é as Lojas ABS Ltda., tradicional cadeia de
lojas de roupas com filiais em diversos estados do Brasil. Ela foi obrigada a diminuir sua
estrutura devido à retração das vendas em função da conjuntura econômica. O seu diretor
de planejamento explicou que a empresa somente conseguirá sobreviver adaptando-se
a um ambiente mutável e heterogêneo, logo, o novo desenho organizacional deve ser
complexo e diferenciado para lidar com segmentos multivariados.
Você, como um bom consultor, sabe que, para que haja um serviço de qualidade e de
alto desempenho, será preciso desenvolver certos conhecimentos para enfrentar as
seguintes situações:
Redução da estrutura, queda nas vendas, crise econômica, adaptação a um novo ambiente
de negócios.
A partir dos conhecimentos do consultor organizacional sobre as funções e áreas da
administração (conceitos, modelos, técnicas etc.), elabore um conjunto de temas para
seu colega aperfeiçoar suas competências como consultor.
A seguir, é apresentado um quadro modelo que irá auxiliá-lo na atividade. Você deverá
preencher as colunas fornecendo orientações ao seu colega.
Resposta Comentada
Dentre os inúmeros conhecimentos da administração, podemos para este
caso sugerir alguns dos saberes; contudo, muitos outros podem ser
utilizados.
70 CEDERJ
3
AULA
Situação Áreas de conhecimentos Modelos e técnicas
Novos processos;
Gerenciamento de
Organização e Métodos
conflitos;
Redução da estrutura Recursos Humanos
Desligamentos;
Contabilidade
Promoções;
Análise dos custos.
Estudo da previsão de
Planejamento
demanda;
Queda nas vendas Marketing
Pesquisa de mercado;
Vendas
Análise das vendas.
Análise dos juros, da
inflação;
Economia
Crise econômica Alavancagem financeira;
Finanças
Análise de
investimentos.
Planejamento
Adaptação a um novo Planejamento
estratégico;
ambiente de negócios Estratégia
Análise de mercado.
• Características de habilidades.
As características de habilidade estão ligadas à proficiência em
determinada ferramenta ou atividade que deverá ser desempenhada pelo
profissional de consultoria e relacionam-se também diretamente com a
eficiência de suas ações dentro da organização contratante. Podemos
afirmar que as habilidades são os conhecimentos exteriorizados ou “saber
fazer”, como veremos a seguir:
1. Inovar
Estar voltado para o processo de inovação; esta é a primeira habili-
dade considerada necessária a um profissional de consultoria. Essas habili-
dades desencadeiam a necessidade de alguns fatores básicos como: senso de
oportunidade, agressividade, comprometimento, qualificação das pessoas
e flexibilidade para tomar oportunidades atualmente despercebidas.
CEDERJ 71
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
72 CEDERJ
Os consultores empresariais devem estar atentos ao mercado,
3
observando suas tendências e oportunidades, aprendendo com expe-
AULA
riências de outras empresas. Devem também, internamente, propiciar
um ambiente incentivador, voltado para as inovações em suas empresas
de consultoria e seu pessoal. Vale salientar que meras mudanças são bem
diferentes de inovação. Empresas inovadoras de alto padrão possuem
características em comum que podem ser destacadas de acordo com
Peters e Waterman Jr. apud Oliveira (2007):
2. Decidir
Ter um adequado processo de auxílio na tomada de decisões e
de estabelecimento de prioridades. Tanto na área estratégica quanto na
operacional, o consultor deve dar suporte adequado aos executivos da
empresa cliente, pois, acontecendo de outra forma, a qualidade de seus
serviços pode ser questionada. Para um efetivo auxílio, o consultor deve
RENÉ
analisar o que pode ou não ser feito, antecipando possíveis problemas; DESCARTES
deve definir os problemas e enfrentar os fatos, mesmo quando se tratar de Nascido em 1596 na
França, foi o filósofo
informações desagradáveis. Deve também promover a análise e apuração que estabeleceu um
método científico
dos fatos de forma racional, estruturando uma gama de decisões alterna-
universal, inspirado no
tivas coerentes e priorizando ações que deverão ser efetuadas, aceitando rigor matemático e em
suas “longas cadeias
a opinião de terceiros mesmo quando vão de encontro às suas. de razão”. A este
método, epistemologi-
Para o auxílio da tomada de decisões, muitos consultores utilizam camente chamou-se de
adaptações das ideias formuladas por DESCARTES em seu Discurso sobre cartesianismo. Essas
ideias e outras estão
o método. Podem ser citadas: na obra Discurso
sobre o método.
CEDERJ 73
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
3. Ter autocontrole
Ter processo adequado de autocontrole administrativo e es-
tratégico: o autocontrole e o controle administrativo possibilitam uma
maior influência do consultor nos acontecimentos, pois ele evita que as
coisas simplesmente aconteçam, de forma que o controle ocorre antes
que o fato ocorra.
Por meio do processo de controle administrativo, o consultor é ca-
paz de analisar dois níveis do planejamento: o ideal estabelecido e o real.
O controle ideal estabelecido pode ser observado em dois âmbitos:
de planejamento e organizacional. No âmbito do planejamento estão
presentes todas as ferramentas inerentes ao próprio processo de plane-
jamento, como estabelecimento dos objetivos, definição do cronograma
das atividades, orçamentos do projeto, diretrizes, estratégias e procedi-
mentos (que norteiam as atividades). O controle em nível organizacional
refere-se a relacionamento funcional (estrutura organizacional), autori-
dade e responsabilidade (definições de responsabilidade e funções) e a
descentralização (distribuição do poder decisório). O controle real está
relacionado aos dados provindos da empresa cliente e/ou do mercado
para verificação das ações em execução e tarefas determinadas. São os
dados reais apresentados pela empresa no período de atividade.
Vale lembrar a importância da integração de todos os envolvidos no
serviço de consultoria. Todos devem participar da definição do ideal esta-
belecido. Dessa forma, todos serão capazes de se autocontrolar e permitir
que controles reais sejam econômicos, completos e equilibrados.
74 CEDERJ
4. Pensar estrategicamente
3
O pensamento estratégico do consultor deve ser sustentado no
AULA
raciocínio e na lógica estratégica. Esses devem possibilitar ao consultor a
visão de como cada componente de sua estratégia consolida sua atuação
no mercado de consultoria empresarial. Em termos gerais, essa habilida-
de, como as demais, é adquirida ao longo do tempo com autotreinamento
apoiado por sistemas de informações adequados e uma equipe eficiente e
eficaz. Esse pensamento pode ser descrito como a análise do todo e das
partes que o integram, bem como as suas relações de causa e efeito.
5. Ser intuitivo
Ter intuição desenvolvida por meio de experiências: a intuição
aqui se refere à habilidade adquirida pelas experiências do consultor
organizacional. Essas experiências fazem com ele seja capaz de captar
oportunidades e estar à frente dos acontecimentos.
6. Trabalhar em equipe
Ser capaz de desenvolver trabalho em equipe: assim consegue-se
atingir os objetivos e desempenhar um serviço eficiente e eficaz, que
promova a interação entre os fatores internos e externos à empresa. O
consultor deve ser capaz de conduzir todos os esforços da empresa cliente
na mesma direção. Para isso, é necessário saber trabalhar em equipe,
respeitando a postura estratégica já estabelecida.
8. Gerenciar conflitos
Ter capacidade de resolver conflitos. Como já sabemos, para o
desempenho de suas atividades o consultor necessita interagir com um
elevado número de pessoas, e isso muitas vezes pode levar a conflitos.
CEDERJ 75
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
9. Ser visionário
A visão abrangente relaciona-se com a observação de aspectos glo-
bais, ou seja, ela não se prende aos limites de atuação da empresa cliente.
O consultor deve analisar questões como o papel das empresas privadas
na política global, as tendências sociais, os impactos da globalização e a
formação de blocos econômicos etc. Aqui, ele deve definir qual o papel
e as responsabilidades da empresa no âmbito global.
Atividade 3
O Sr. Hermano é o que podemos chamar de consultor. Ele presta serviço para a Crow
Computadores. A seguir, são mencionadas algumas das atividades e papéis executados
por ele.
Relacione as atividades do Sr. Hermano com as habilidades que apresentamos ante-
riormente.
a. Analisar e acompanhar o orçamento da empresa para propor melhorias.
b. Tentar persuadir o presidente a disponibilizar mais fundos para a divisão de notebooks
de última geração.
c. Comparecer à reunião do conselho e comentar o aumento da taxa de importação de
componentes eletrônicos e seus impactos nos custos.
d. Reunir-se com o presidente da Crow para discutir oportunidades de parcerias.
e. Decidir quais serão os segmentos de mercado primordiais de acordo com o plano
estratégico.
f. Resolver problemas no contrato com a Crow.
76 CEDERJ
3
Resposta Comentada
AULA
Das atividades exercidas pelo Sr. Hermano, podemos verificar que ele utilizou-
se, respectivamente, da habilidade de ANÁLISE no orçamento, de INOVAR
para apoiar os projetos dos notebooks, de AUTOCONTROLE para explicar um
fato negativo ao conselho, de PENSAR ESTRATEGICAMENTE para sugerir novas
parcerias, de DECIDIR sobre os novos segmentos de mercados e de GERENCIAR
CONFLITOS quando houve problemas de contrato.
CEDERJ 77
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
78 CEDERJ
Atividade 4
3
AULA
Das situações a seguir, qual não representa a atitude correta de um consultor
4
organizacional? Por quê?
Resposta Comentada
A situação que não está correta é a opção D, pois, além de demonstrar incapacidade
de trabalhar em equipe, que é uma habilidade e não atitude, o fato de não dividir
as informações é um erro comportamental imperdoável para um consultor.
CEDERJ 79
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
O papel do consultor
80 CEDERJ
Plano de carreira para atuar como consultor
3
AULA
Plano de carreira pode ser definido como as normas ou regu-
lamentos que disciplinam o ingresso e definem oportunidades para o
desenvolvimento pessoal e profissional, ao mesmo tempo que promove
meios para o aprimoramento e a qualificação dos serviços prestados pelas
instituições, constituindo assim uma política de gestão de pessoas.
Nas empresas de consultoria, esse plano de carreira é desenvol-
vido distintamente de empresa para empresa, porém, em termos gerais
observa-se uma ordem definida pelo ingresso do funcionário, que exerce
um cargo inicial de acordo com suas qualificações e competências, que
foram foco nesta aula.
A progressão da carreira profissional do consultor via de regra
inicia-se com o recrutamento do consultor em nível júnior, ocupando
este cargo por uma faixa de tempo de aproximadamente seis meses a
um ano. Posteriormente, será considerado um treinando (trainee) ou
um consultor júnior, cargo no qual deverá desenvolver as competências
necessárias para começar a tomar parte das intervenções dos serviços
de consultoria prestados.
O cargo de consultor residente é o primeiro cargo efetivo na
carreira de consultoria, cargo que representa a linha de frente, que está
diretamente realizando a maior parte das atividades com a empresa
cliente. Somente após um período de tempo que possibilite ao profis-
sional obter experiência suficiente, de aproximadamente, quatro a sete
anos, ele é designado para um cargo de nível mais elevado.
Como supervisor, ele deve ter competências que possibilitem a
ele controlar e guiar o trabalho dos consultores residentes no campo
específico em que ele obtenha elevado conhecimento, ou ele pode ter
conhecimento e experiência que lhe permita orientar trabalhos comple-
xos que requeiram perícia em várias áreas de administração.
O nível seguinte é o de consultor de diagnóstico organizacional,
que demanda competências mais desenvolvidas para análise da orga-
nização foco dos serviços de consultoria, para a identificação de seus
problemas bem como para a elaboração e negociação de contratos dos
serviços da empresa de consultoria.
CEDERJ 81
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
Executar trabalhos
Consultor 26 a 30 anos.
Operacional de consultoria em
residente Treinamento completo.
sua especialidade.
Supervisionar
32 a 38 anos.
Supervisor consultores
Mínimo de 4 a 7 anos de
Sênior residentes.
experiência profissional.
Atuar como líder
Líder de equipe Habilidades de supervisão.
de equipe.
Diagnosticar Experiência operacional.
Consultor de organizações. Conhecimento do amplo
Sênior diagnóstico Preparar e espectro de problemas
organizacional negociar novos administrativos.
contratos. Habilidades em diagnose.
Administrar uma
empresa de
Diretor, Considerável experiência
consultoria ou
Gerencial administrador, em consultoria.
uma divisão.
sócio etc. Competência gerencial.
Negociar novos
contratos.
82 CEDERJ
A seguir, apresentamos o caso da McKinsey, uma empresa de
3
consultoria norte-americana que possui 92 escritórios espalhados por 52
AULA
países, desenvolve projetos para diversas áreas como o setor automotivo,
as telecomunicações, o setor público, os setores de desenvolvimento de
alta tecnologia, o setor farmacêutico, a infraestrutura logística, entre
outros.
A empresa se orgulha de ter o foco na satisfação e no bom rela-
cionamento com seus clientes e no desenvolvimento de seu pessoal, o
que garante serviços de excelência para o cliente.
Analista
O analista assume uma discreta responsabilidade na solução dos
problemas dos clientes. Tem um importante papel na coleta de dados,
contribuindo ativamente para as recomendações finais do grupo e apre-
senta seu trabalho aos executivos clientes. Eles também têm importância
na determinação do ritmo do trabalho.
Consultores associados
Sócios são os líderes de um serviço a ser prestado, aplicando uma
extensa gama de soluções criativas na solução de problemas, combinando
excelência técnica e analítica. Eles sintetizam conclusões e as transfor-
mam em recomendações, trabalhando diretamente com os líderes mais
experientes na implementação das mudanças.
Gerente
É o cargo que os associados assumem quando estão prontos para
um nível maior de responsabilidade. Eles são responsáveis por assumir
o problema do cliente. São a ligação entre a empresa de consultoria e o
cliente, auxiliando-os diretamente por meio do processo de mudanças
e garantindo o sucesso sustentável dos serviços. O profissional se espe-
cializa em determinada área ou setor, buscando oferecer soluções cada
vez mais eficientes.
CEDERJ 83
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
Associados principais
Esses consultores são responsáveis pela gestão de mais de um
tipo de projeto de consultoria, em vez de se dedicar a um único serviço.
Continuam desenvolvendo especialidades, porém, trabalhando em múl-
tiplos projetos são capazes de desenvolver novos pensamentos e novas
abordagens para a solução de problemas. São responsáveis por orientar
os associados garantindo que os mesmos contribuam com o seu melhor
nas atividades a serem desempenhadas. Os consultores podem almejar
este cargo a partir de cinco anos na empresa.
Sócios
São promovidos a este cargo os associados principais que demons-
tram habilidades destacando-se no relacionamento com os clientes.
São os profissionais que desenvolveram alto conhecimento no ramo de
consultoria e são capazes de oferecer inovações para empresas líderes de
indústrias. São os responsáveis por garantir o alinhamento das atividades
de seus subordinados à estratégia e missão da empresa de consultoria.
Diretores
Diretores são os sócios mais experientes na McKinsey. Geralmente
são eleitos depois de sete anos na posição de sócios. São os responsáveis
pela gestão estratégica da empresa por meio de forte relacionamento com
os demais associados, criando oportunidades para seu crescimento. Estão
constantemente buscando colocar a empresa em um local de destaque no
mercado de consultoria, garantindo a satisfação dos clientes da empresa.
Para profissionais que possuem algum outro tipo de qualificação
como MBA, por exemplo, a McKinsey possui um plano de carreira
que começa com o cargo de especialista. Estes são profissionais que já
possuem conhecimento e experiência em determinada área ou setor. Eles
atuam tanto na interação com a empresa cliente como no desenvolvi-
mento de conhecimento. Os especialistas podem assumir futuramente
o cargo de expert, de acordo com o ritmo do desenvolvimento de suas
competências. Após o cargo de expert, o profissional pode assumir o
cargo de associado principal.
84 CEDERJ
CONCLUSÃO
3
AULA
Vimos nesta aula as principais bases de formação de competên-
cias do consultor. Elas estão dispostas a partir do modelo da gestão por
competências.
O consultor, como qualquer outro profissional, necessita ter incli-
nação, vocação e talento para desempenhar as atividades relacionadas.
Entretanto, essa vocação deve ser acompanhada de competências que
possibilitem ao profissional de consultoria executar um serviço de quali-
dade para seus clientes. Essas competências são compostas pelo conjunto
de conhecimentos, habilidades e atitudes.
Foi visto também que o consultor possui um papel e responsabili-
dades que são consolidados em seu código de ética para a execução das
atividades na empresa cliente. Dentre o papel dos consultores está todo
o processo de consultoria como: a análise e o diagnóstico organizacional,
o planejamento das atividades, bem como a implementação de inovações
e soluções para os problemas encontrados na empresa cliente.
As responsabilidades do consultor estão relacionadas a como ele
irá desempenhar seu papel por meio do relacionamento com a empresa
cliente, e isso inclui os funcionários da mesma, do sigilo no que se refere
às informações que o consultor possui acerca da empresa cliente e da
transmissão dos conhecimentos e metodologias a serem implementadas
na mesma.
Por essas questões, as empresas de consultoria elaboram planos
de carreira para orientar seus profissionais no desenvolvimento de sua
trajetória como consultor organizacional.
CEDERJ 85
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
Atividade Final
Caso Eletrônica S.A. 1 2 3 4
Hoje, além da matriz no Sul, a Eletrônica possui duas fábricas adicionais, uma no Norte
(Eletronorte) e outra no Nordeste (Eletroeste), as quais, embora sendo duas pessoas
jurídicas independentes, funcionam como filiais. A empresa conta com 1.400 funcionários
espalhados pelas três fábricas. Embora seja uma sociedade anônima de capital aberto,
tem o seu controle acionário sob o poder de algumas famílias. O diretor-presidente,
Alberto Novaes, é o maior acionista individual. Tem cinquenta anos de idade e é uma
figura excepcional que começou na empresa sob a gestão do pai, como engenheiro na
fábrica, galgando posições de destaque por seu próprio mérito. Com a aposentadoria do
pai, assumiu o cargo de presidente, exercendo-o há mais de quinze anos. É visto pelos
empregados com respeito e admiração, e possui um vasto relacionamento externo com
as pessoas influentes no mundo político, tendo ocupado, fora da empresa, cargos de
relevância em federações, associações de classes etc.
O diretor industrial, Sérgio Gomes, tem quarenta anos. É também engenheiro e já tem
cinco anos de casa. Representa a segunda família e é dos segundos maiores acionistas na
empresa, substituindo por força dos estatutos o diretor-presidente em suas ausências.
É do tipo autocrático, dispersivo e não tem poder de decisão, transferindo problemas
para os subalternos e cobrando incessantemente do seu pessoal as soluções sem lhes
dar condições adequadas para tanto.
Tendo de se afastar por um logo período da direção ativa da empresa, por motivos
de ordem política, o diretor-presidente delegou o cargo ao seu substituto, Sérgio
Gomes. Algum tempo depois, ao retornar à empresa, encontrou-a com inúmeros e
graves problemas. Na área de produção vinham ocorrendo problemas de controle
de qualidade, e o desenvolvimento de novos produtos era dificultado por
uma situação financeira apertada.
86 CEDERJ
3
Na área de recursos humanos, quase 80% dos empregados têm mais de oito anos de
AULA
empresa. O pessoal ressente-se de falta de supervisão adequada, a autoridade é rígida,
o moral dos empregados está baixo, não existe avaliação de desempenho, e todos os
operários sentem-se nivelados por baixo. A rotatividade de pessoal é muito elevada,
pois os bons operários têm deixado a empresa em busca de melhores condições de
trabalho. Os salários são considerados baixos, não existem comunicações satisfatórias
e não há intercâmbio de pessoas entre filiais.
Questões:
2) Desenvolva ações para solucionar este problema e identifique para cada ação duas
habilidades envolvidas.
Respostas Comentadas
1) Sem dúvida, este caso demandará muito conhecimento nos temas cultura organiza-
cional, gestão de pessoas e administração da produção.
2) No que se refere às ações para solucionar o problema e as habilidades necessárias,
podemos considerar as seguintes:
• promover um encontro entre os diretores. Isso sugere as habilidades para gestão de
conflitos;
• conduzir um júri de opinião ouvindo as duas partes. Para essa atividade será necessário
autocontrole;
• propor uma equipe multifuncional para tratar do controle da qualidade e da situação de
supervisão. Com isso, deve-se trabalhar em equipe e ter capacidade de adaptação.
Essas são apenas algumas das habilidades exigidas.
3) Inúmeras atitudes podem ser utilizadas neste caso, como relacionamento interpes-
soal, liderança e ética, entre outros. Uma solução viável seria propor uma atualização
para o diretor Sérgio Gomes, oferecendo a ele um curso de especialização
em Qualidade e Recursos Humanos.
CEDERJ 87
Consultoria Organizacional | Competências do consultor organizacional
RESUMO
88 CEDERJ
4
AULA
A consultoria na perspectiva do
Desenvolvimento Organizacional
Meta da aula
Apresentar os conceitos relacionados ao Desenvolvi-
mento Organizacional (DO) e a sua aplicação no con-
texto da consultoria organizacional.
objetivos
2
descrever o processo de consultoria organizacional
na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional.
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
INTRODUÇÃO Mude
Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado
da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o
novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida. Tente.
Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações. (...)
Mude.
(MARQUES, 2006)
90 CEDERJ
Os primeiros estudos de organização foram dominados pelos pensamentos da
4
escola de "administração científica", que conduziu a uma preocupação quase
AULA
que exclusiva com os elementos "estruturais" ou estáticos de organização: Que
significa uma correta divisão de trabalho? A quem devem ser atribuídas quais
responsabilidades? O departamento de produção deve reportar-se diretamente
ao presidente ou através de uma estrutura de organização com base no produto
e que envolve outras funções? Qual é a amplitude de controle correta? Quantos
níveis hierárquicos devem existir na estrutura? E assim por diante.
Essa atenção para com a estática organizacional é compreensível e adequada
porque as organizações são sistemas abertos existentes em ambientes instáveis.
A fim de sobreviver como organizações, elas têm de conservar a estabilidade, em
face das pressões desintegradoras geradas no ambiente. Da mesma forma que
as sociedades desenvolvem uma estrutura social, leis, tradições e cultura como
uma maneira de se estabilizar, também as organizações desenvolvem e precisam
conservar sua estrutura e cultura (SCHEIN, 1969).
A partir da Teoria Comportamental, um grupo de cientistas sociais e consultores
de empresas desenvolveu uma abordagem dinâmica, democrática e participa-
tiva do desenvolvimento planejado das organizações, que recebeu o nome de
Desenvolvimento Organizacional (DO).
CEDERJ 91
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
92 CEDERJ
O CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO PARA OS AUTORES DE DO
4
AULA
O conceito de organização para os autores de Desenvolvimento
Organizacional é tipicamente BEHAVIORISTA: "A organização é a coor- O BEHAVIORISMO
CEDERJ 93
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
94 CEDERJ
• adaptabilidade: capacidade de resolver problemas e de
4
reagir de maneira flexível às exigências mutáveis e incons-
AULA
tantes do meio ambiente;
CEDERJ 95
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
Forças ambientais
Competição,
clientes,
fornecedores,
Necessidades de Diagnóstico de Implementação
governo,
mudanças mudanças de mudança
concorrentes
Forças internas
Missão, objetivos,
planos, projetos,
disfunções
96 CEDERJ
Para conseguir vencer essas barreiras, é necessário reconhecer que
4
a resistência por parte das pessoas é causada pela ruptura nos rituais
AULA
e na ordem de suas vidas; enfatizar a confiança mútua com relação à
mudança; dar atenção ao treinamento e tempo para que as pessoas se
acostumem com a mudança e procurar fazer com que percebam que a
mudança se adapta ao mundo real. Portanto, para que as organizações
se adaptem às mudanças, os líderes necessitam desenvolver flexibilida-
de e capacidade de enfrentar novos problemas e, dessa forma, estarão
contribuindo diretamente com o grupo ao qual pertencem no sentido
de se integrarem às mudanças.
Segundo Freitas (1991), é importante reconhecer que, se há uma
influência dos valores e crenças no comportamento, há, por outro, lado
um reforço e uma confirmação desses valores. Sendo assim, uma maneira
eficiente de se promover a mudança cultural é atuar sobre o comporta-
mento, cuja motivação deve ser baseada em causas intrínsecas.
Para que ocorra uma mudança de comportamento, é necessário haver
uma mudança de justificativas do comportamento do indivíduo. Se forem
trabalhados apenas os motivos externos, como o sistema formal e incentivos,
as pessoas continuarão apegadas aos padrões de crenças e valores anteriores,
apesar de ser necessário trabalhar esses motivadores externos.
Sathe apud Freitas (1991) acredita também que as pessoas que
resistem ao processo de mudança devem ser removidas através de demis-
são ou transferência para outra organização, e isto porque permitir que
as pessoas saiam pode ser um grande instrumento na mudança cultural,
uma vez que demissões ou transferências limpam a companhia e fazem
com que as pessoas que ficam tenham mais dificuldades em exibir racio-
nalizações que podem atrapalhar e dificultar as mudanças.
Já Allen apud Freitas (1991)
CEDERJ 97
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
98 CEDERJ
Atividade 1
4
AULA
Estudo de Caso – Pensando o futuro do negócio de um banco
1
São dezessete horas, e o inspetor Francisco vai descansar no hotel após um
dia árduo de treinamento. Ele está achando que sua vida profissional vai sofrer
uma grande transformação.
Quando Francisco começou a trabalhar como inspetor no banco, há uns 15 anos, a
profissão era bem diferente do que é hoje. Naquele tempo, os inspetores faziam visitas
periódicas às agências, ou eram chamados pelos gerentes, ou enviados pelos inspetores-
chefes, para fazer inspeções de rotina ou resolver problemas. Seu trabalho consistia
basicamente em procurar e evitar irregularidades. Por isso, os inspetores eram vistos
como emissários da administração central, que viviam caçando coisas erradas. Francisco
sabe que os funcionários não gostavam dos inspetores e os temiam.
De uns tempos para cá, o organização passou a treinar os inspetores para serem menos
fiscais e mais parceiros dos funcionários. Dentro das diretrizes da qualidade total, os
inspetores devem orientar os funcionários para fazer as coisas certas da primeira vez,
de maneira a seguir corretamente os procedimentos da organização e trabalhar para a
satisfação do cliente.
Agora, a organização está propondo o que Francisco acha uma revolução. Ele vai tra-
balhar praticamente sem chefe, monitorando as agências de sua região através de um
computador portátil. O computador vai lhe dar acesso a todas as operações e ele poderá
detectar as irregularidades a distância. Porém, como as operações são muito numerosas,
ele deverá ser capaz de selecionar aquelas que pareçam fugir dos padrões normais para
determinadas agências. Por exemplo, depósitos muito elevados em agências de peque-
no movimento devem ser pesquisadas. Antes, o inspetor só descobria essas operações
quando visitava a agência, ou quando o gerente chamava. Agora, ele deverá ser capaz
de criar seus próprios critérios de análise e decisão, de modo a descobrir problemas que
indiquem a necessidade de orientação ou correção.
Além disso, ele deverá ser dono de seu próprio tempo, de sua programação de visitas e
de suas tarefas. Ele deverá ser capaz até mesmo de escolher as tarefas a realizar. Enfim,
ele deverá ser seu próprio administrador e depender menos do inspetor-chefe de sua
região. Aliás, no treinamento de hoje, os chefes insistiram nesse ponto. Até mesmo um
dos diretores da organização esteve presente, dizendo que a cultura da autogestão deve
substituir a cultura da subordinação em nossa empresa. E assim, no caminho para o hotel,
Francisco vai pensando nas mudanças em seu trabalho e sua vida profissional.
QUESTÕES
a. Descreva como é a cultura atual da empresa descrita.
b. Como deverá ser a cultura da empresa após a implementação de mudanças?
c. Quais são as causas dessas mudanças?
d. Quais foram as principais mudanças ocorridas na organização?
CEDERJ 99
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
Respostas Comentadas
Com base na teoria apresentada, o aluno deverá identificar inicialmente quais
são os aspectos importantes para conhecer a cultura de uma organização.
Após levantar quais são esses itens, o aluno deverá apresentar as características
culturais da empresa antes e após as mudanças ocorridas.
a. O banco antes do processo de mudança apresentava uma cultura de controle
e centralização. Os inspetores de qualidade eram vistos como fiscais que estão
ali para verificar os erros e punir aqueles que erraram.
b. A nova cultura organizacional, pós-realização do processo de mudança, deverá ser
uma cultura de respeito e confiança no trabalho das pessoas. As atividades deverão
ser feitas de forma descentralizada. Isso não quer dizer que a empresa não terá
controle. Ele continuará existindo não como forma de punição, mas como forma de
contribuir com o desenvolvimento organizacional da empresa.
c. As principais causas das mudanças são a necessidade de as instituições finan-
ceiras ganharem flexibilidade, agilidade e rapidez no processo de tomada de
decisão para obterem vantagens em um mercado cada vez mais competitivo.
Isso possibilitará uma melhor gestão e poderá trazer vantagens competitivas.
d. Pode-se apontar como principal mudança a substituição da cultura da
subordinação por uma cultura de autogestão.
100 C E D E R J
Essa definição inclui os seguintes significados:
4
AULA
• Processos de solução de problemas: são métodos através
dos quais a empresa se defronta com ameaças e oportu-
nidades no seu ambiente e soluciona impasses.
C E D E R J 101
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
102 C E D E R J
4
Colheita de dados
AULA
Ação de intervenção Diagnóstico organizacional
Educação
Consultoria e treinamento
Avaliação
C E D E R J 103
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
104 C E D E R J
Além disso, Beckhard (1969) lista as condições necessárias para
4
esforços bem-sucedidos de DO: existe pressão do ambiente interno ou
AULA
externo para realização da mudança; existe liderança; existem resultados
intermediários tangíveis; existe alguma disposição para assumir riscos na
tentativa de implementar novas formas de relacionamento; o esforço de
mudança é recompensado, assim como os resultados de curto prazo.
O outro modelo, que foi desenvolvido pelo autor, pode ser dividido
nas seguintes fases: diagnóstico organizacional; elaboração do plano de
ação; implementação das ações; análise e avaliação; e encerramento.
Para a construção do diagnóstico organizacional, os consultores
devem realizar observação direta dos fenômenos, entrevistas e pesquisas
de informação com as pessoas envolvidas e consulta à documentação
interna da empresa.
O item que deverá ser analisado para o levantamento do diag-
nóstico organizacional é a apresentação geral ou perfil da empresa.
O perfil é uma apresentação geral da organização evidenciando aspectos
do processo de transformação de insumos em produtos com valor agrega-
do, por meio de recursos disponíveis, para atendimento a mercados-alvo,
estando submetido às influências do ambiente. O perfil deve propiciar
uma visão global da organização inserida nos seus mercados, destacando
os principais elementos do seu negócio ou atividade organizacional, suas
particularidades, bem como as de seu ramo de atuação e os seus principais
desafios. Inclui aspectos sobre o relacionamento da organização com as
suas partes interessadas e uma descrição do histórico da busca da exce-
lência. Nesta definição de perfil, deve-se inserir os propósitos e porte da
organização, produtos e serviços, força de trabalho, clientes, mercados
e concorrência, fornecedores e insumos, organograma, dentre outros.
Segundo Claro (2002), o diagnóstico visa levantar as necessidades
(carências em termos de preparo profissional) passadas, presentes ou futu-
ras por intermédio de pesquisas internas, a fim de descrever o problema e
prescrever uma intervenção. Envolve a coleta e o cruzamento de dados e
informações, a definição dos pontos fortes e fracos e o detalhamento dos
problemas por meio de uma análise aprofundada, visando identificar as
suas causas e definir ações para os pontos passíveis de melhoria.
C E D E R J 105
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
106 C E D E R J
A Figura 4.5 mostra um modelo de um plano de ação:
4
AULA
Quanto
O quê? Por quê? Quem? Quando? Como? Onde?
custará?
PONTOS
AÇÃO/ IMPORTAN-
OBJETIVO RESPONSÁVEL PRAZO LOCAL R$
ATIVIDADE TES/DE QUE
MANEIRA
Deve-se
deixar Colo-
Aqui só se
claro aqui Aqui camos
coloca Informe
Aqui você o coloca- Colocamos o local
o nome e não aqui o
coloca as objetivo mos a passo a de
um valor
contrame- do que data de passo a busca
grupo ou uma a ser
didas será feito. término metodologia e
sigla. desem-
provenien- As pessoas da que usare- reali-
O responsável bolsado
tes querem tarefa ou mos para zação
deve para rea-
do brains- saber ativida- resolver as de
ser uma lização
torming. por que de. tarefas. ativi-
pessoa. da ação.
fazer cada dades.
coisa.
C E D E R J 107
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
Atividade 2
108 C E D E R J
4
daquele estado tem ondas enormes e que é comum as pessoas enjoarem naquele
AULA
trecho. Fiquei chateado porque imaginei que alguém poderia ter nos avisado, de tal
sorte que poderíamos nos preparar tomando um remédio antecipadamente."
Além disso, com o andamento das operações do Projeto Master, o gerente comercial da
Pegasus decidiu que já havia tempo suficiente para avaliar o nível de retorno e de interesse
trazido pelo projeto. Para isso pediu um levantamento de todos os pacotes de viagem
vendidos nos últimos seis meses, de modo que pudesse, através de gráficos, preparar
uma análise dos resultados obtidos e fazer uma atualização da estratégia da Pegasus.
Os gráficos são apresentados a seguir:
C E D E R J 109
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
110 C E D E R J
4
Comentário
AULA
A partir do caso apresentado, o aluno deverá ser capaz de elaborar um
diagnóstico inicial da Pegasus, apontando os principais pontos relacionados
ao andamento do Projeto Master. Após a montagem do diagnóstico, o aluno
deverá propor quatro ações a serem desenvolvidas para a melhoria do Projeto
Master. Feito isso, o aluno elaborará um plano de ação para um dos projetos
a serem desenvolvidos. Este plano de ação deverá conter, no mínimo, cinco
ações detalhadas pela ferramenta 5W2H.
C E D E R J 111
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
Quanto
O quê? Por quê? Quem? Quando? Como? Onde? Custará?
PONTOS IMPOR- R$
AÇÃO/
OBJETIVO RESPONSÁVEL PRAZO TANTES/DE QUE LOCAL
ATIVIDADE
MANEIRA
Levantar Verificar Gerente de Um mês Realizar uma No depar- Não há
informações necessi- Gestão de a contar entrevista com tamento de custos para
sobre a dade de Pessoas da data todos os acom- Gestão de esta ativi-
capacitação capacita- atual panhantes que Pessoas dade
dos acom- ção dos fizerem viagens
panhantes acompa- internacionais
em línguas nhantes
Levantar Verificar Gerente de Um mês Realizar pesquisa No depar- R$50,00
informações quais Gestão de a contar na internet e nas tamento de para trans-
sobre cursos são as pessoas ou da data listas amarelas Gestão de porte, se for
de capaci- empre- pessoa por ele atual Pessoas necessário
tação em sas que designado
línguas possuem
cursos de
línguas
Solicitar pro- Para Gerente de Dez dias Solicitar as pro- No depar- R$50,00
postas para realizar Gestão de após o postas por fax, tamento de para trans-
as empre- avaliação pessoas ou término telefone, e-mail. Gestão de porte, se
sas sele- de custos, pessoa por ele da ativi- As propostas Pessoas necessário
cionadas conte- designado dade 2 deverão ser
oferecerem údos e escritas
o curso prazos
Apresentar Para rece- Gerente de Cinco dias Negociar junto No depar- Não há
as propos- ber apro- Gestão de após o ao departamento tamento custos para
tas recebi- vação e Pessoas término financeiro a reali- financeiro esta ativi-
das para orçamen- da ativi- zação dos treina- dade
o gerente to para a dade 3 mentos mostran-
financeiro realização do a importância
da empresa dos trei- de sua realização
Pégasus namentos para o sucesso do
projeto Máster
Negociar Oferecer Gerente de Quinze Fazer contato com No depar- R$100, 00
e contratar cursos de Gestão de dias após as empresas e tamento de para trans-
cursos de línguas Pessoas o término após a escolha da Gestão de porte, se for
línguas "in com- da ativi- empresa fechar Pessoa necessário
(Inglês, pany" dade 4 contrato escrito
Francês,
Espanhol)
112 C E D E R J
CONCLUSÃO
4
AULA
Discutiu-se até aqui que o Desenvolvimento Organizacional é um
modelo que introduziu conceitos importantes relacionados à Consultoria
Organizacional. O foco desse modelo está na realização de mudanças
estruturais e aprofundadas nas organizações que possam produzir efeitos
duradouros para as elas. As empresas de consultoria têm adotado mode-
los de Desenvolvimento Organizacional. Mesmo de forma inconsciente,
todas as atividades de consultoria organizacional são desenvolvidas a
partir do modelo de Desenvolvimento Organizacional. Sendo assim,
pode-se observar o conhecimento e o aprofundamento nesse modelo de
gestão para os profissionais de consultoria em empresas.
Com base nos modelos analisados, pode-se observar algumas
características comuns que se identificam como um modelo para reali-
zação de consultorias organizacionais. Essas fases são: (1) diagnóstico
organizacional; (2) elaboração do plano de ação; (3) implementação das
ações; (4) controle e avaliação; (5) encerramento.
Esses aspectos formam a abordagem proposta de Desenvolvimento
Organizacional, conforme detalhado na Figura 4.6:
Diagnóstico organizacional
Implementação
Controle e avaliação
das ações
C E D E R J 113
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
Atividade Final
Selecione uma empresa de qualquer ramo de atuação (pode ser uma 1 2
Esse instrumento foi desenvolvido pelo Sebrae-MG para coleta de informações para
iniciar os trabalhos do Programa Sebrae de desenvolvimento de fornecedores e leva
em consideração a estrutura dos instrumentos de coleta de informação da Fundação
Nacional da Qualidade. Os critérios 1 e 2, utilizados neste instrumento de diagnóstico,
serão analisados e aprofundados na Aula 13.
Critérios:
Tabela de Pontuação
Grau de
Critérios 1 e 2
atendimento
1 Não atende a nenhum requisito.
2 Atende parcialmente.
Atende a todos os requisitos, mas faltam algumas
3
evidências objetivas.
Atende a todos os requisitos, e há evidências objetivas para
4
comprovação.
Atende plenamente a todos os requisitos, e há evidências
5
objetivas de práticas pró-ativas, inovadoras e refinadas.
114 C E D E R J
4
Critério 1 – Liderança
AULA
Este critério examina o sistema de liderança da empresa, verificando o envolvimento
pessoal do empresário na criação e disseminação de valores e diretrizes, tendo em
vista as necessidades de todas as partes interessadas.
C E D E R J 115
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
Use este espaço para fazer comentários sobre o que você encontrou na empresa
pesquisada:
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116 C E D E R J
4
AULA
O empresário se envolve diretamente na solução
8 dos problemas para garantir o cumprimento das
metas estabelecidas.
A missão, visão e política da qualidade são
analisadas criticamente para verificação de sua
9
contínua adequação às mudanças do mercado e da
empresa.
As práticas acima, utilizadas para o gerenciamento
10 do critério Estratégias e Planos, são avaliadas
criticamente quanto à sua eficácia.
Use este espaço para fazer comentários sobre o que você encontrou na empresa
pesquisada:
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Agora faça uma análise geral da empresa pesquisada e tire conclusões em relação à
situação atual da mesma.
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C E D E R J 117
Consultoria Organizacional | A consultoria na perspectiva do Desenvolvimento Organizacional
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Comentário
Este diagnóstico apresenta os dados obtidos junto à empresa selecionada pelo aluno
e tem como objetivo de conhecer o sistema de gestão da mesma. O instrumento está
baseado nos critérios do Prêmio Nacional da Qualidade. O instrumento utilizado forma
o embasamento para o conhecimento e a retroalimentação das empresas que adotam
modelos de gestão da qualidade e da excelência. A esse objetivo somam-se três outros
importantes papéis no fortalecimento da competitividade da empresa:
• auxiliar a melhoria das práticas de desempenho e da capacitação das organizações;
• facilitar a comunicação e o compartilhamento das melhores práticas entre todos os
tipos de organizações;
• servir como ferramenta de trabalho para entender e pôr em prática a gestão do desem-
penho, para planejamento, treinamento e avaliação.
Os critérios estão construídos sobre um conjunto de valores e conceitos. Esses valores
e conceitos são os fundamentos para a integração dos requisitos principais do negócio
dentro de uma estrutura orientada para resultados. Os fundamentos da excelência
que servem de referencial para os critérios deste diagnóstico são os seguintes: gestão
centrada nos clientes, foco nos resultados, comprometimento da alta direção, visão
de futuro de longo alcance, valorização das pessoas, responsabilidade social, gestão
baseada em processos e informações, ação pró-ativa e resposta rápida e
aprendizado contínuo.
RESUMO
118 C E D E R J
4
AULA
Com base nos modelos analisados, pode-se observar algumas características
comuns que identificam-se como um modelo para realização de consultorias
organizacionais. Estas fases são: (1) diagnóstico organizacional; (2)
elaboração do plano de ação; (3) implementação das ações; (4) controle e
avaliação; (5) encerramento. Estes aspectos formam a abordagem proposta
de Desenvolvimento Organizacional conforme detalhado na Figura 4.6.
C E D E R J 119
5
AULA
O processo de consultoria
Meta da aula
Apresentar ao aluno o processo de consultoria, bem
como as etapas para seu desenvolvimento, os métodos
e as técnicas de consultoria a serem considerados no
desempenho dos serviços.
objetivos
INTRODUÇÃO Como já foi visto, os serviços de consultoria são contratados a partir de uma
constatação, por parte de uma empresa, de que alguma de suas áreas apresenta
disfunções ou necessidade de mudanças que ela não é capaz de resolver devido
à falta de conhecimento especializado para realizar as ações necessárias.
Imagine que uma determinada empresa constata a necessidade dos serviços
de consultoria, que a negociação acontece e que se fecha o negócio. Logo, os
serviços de consultoria foram contratados pela empresa cliente, o contrato de
prestação de serviços foi assinado e o problema da empresa cliente foi apresen-
tado à empresa de consultoria. Então, “mãos à obra”. Ou ainda não! Muitas
vezes essa é a atitude de muitos consultores, que, no ímpeto da assinatura do
contrato e na preocupação do cumprimento do prazo estabelecido, iniciam a
solução do problema e esquecem atividades que devem preceder a solução
do problema em si.
O consultor deve sempre ter em mente que, antes da execução de qualquer
atividade na empresa cliente, ele deve ter, previamente definido, um cronogra-
ma das atividades que pretende desempenhar, bem como as metodologias e
técnicas a serem utilizadas no serviço de consultoria. O consultor ou a empresa
de consultoria é contratado para a solução de um determinado problema na
empresa cliente, porém a solução é mais fácil na teoria do que na prática.
Devido a essa complexidade, é extremamente necessário que os consultores
saibam qual o verdadeiro foco da atividade de consultoria, pois em algumas
situações o verdadeiro problema não se torna aparente até que diversos outros
subproblemas nas áreas administrativas específicas tenham sido examinados,
causando distorções acerca do mesmo. Para nortear suas ações, o consultor
organizacional deve sempre ter em mente que ele está, de certa forma, desen-
volvendo um projeto para seu cliente e respeitar algumas etapas, estabelecer
métodos e técnicas para o correto desempenho do serviço a ser prestado, que
são exatamente o foco desta aula.
122 C E D E R J
5
1. Diagnóstico organizacional
AULA
(descoberta e análise
dos fatos)
2. Elaboração de soluções
alternativas
(recomendações)
3. Implementação
O DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL
C E D E R J 123
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Melhorias possíveis
• setor de atividade;
• funções principais;
124 C E D E R J
• história da organização: aquisições, fusões, tecnologia;
5
AULA
• espécie: pública, privada, cooperativa etc.;
• volume de recursos;
• localização;
• influências políticas.
• análise da concorrência;
C E D E R J 125
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Fábrica e
Capital Pessoas Conhecimento técnico
equipamentos
Volume Categorias Conhecimento pró- Parque Fabril
Estru- principais prio Conhecimento Capacidade pro-
tura Conhecimentos externo à organiza- dutiva Maquinário
Habilidades ção (terceirizado) Tecnologia
Competências
Motivação
126 C E D E R J
5
Objetivos
AULA
podem ser definidos
como orientações que estabelecem
o que vai ser atingido e quando os resulta-
dos devem ser obtidos, porém não estabelecem
como esses resultados serão alcançados.
Políticas podem ser definidas como regras ou dire-
trizes que expressam os limites dentro dos quais a
ação deve ocorrer.
Planos são ações previamente estabelecidas e
especificadas em sequências, necessá-
rias para atingir os objetivos.
C E D E R J 127
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Marketing
Erro na previsão de
Redução da
demanda errada
margem de lucro
Finanças
Produção
128 C E D E R J
6) Marketing: O consultor deverá analisar a estratégia de marke-
5
ting da empresa cliente, a adequação da mesma ao seu mercado potencial.
AULA
Assim, ele analisará a relação da empresa com seu mercado e os impactos
dessa relação nas demais áreas como: investimentos em P&D, produção,
demanda de insumos etc.
Uma relação poderia ser averiguar a proporção entre previsão de
demanda e volume da aquisição de insumos, por exemplo.
7) Produção: A área de produção é uma das áreas mais extensas
no que diz respeito ao volume de atividades e possíveis problemas. Dessa
forma o consultor poderá encontrar problemas para levantar informações
nessa área específica. Kurb (1980) apresenta dois itens para orientar as
ações do consultor nesta avaliação:
C E D E R J 129
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
• fatores de motivação.
130 C E D E R J
• o processo da tomada de decisão;
5
AULA
• a participação dos funcionários na tomada de decisão e
na gestão;
Atividade 1
Relacione os pontos para a análise do diagnóstico organizacional com seus 1
respectivos objetivos:
1. a empresa cliente
2. o ambiente
3. disponibilidade relativa a recursos
4. objetivos, políticas, planos
5. finanças
6. marketing
7. produção
8. pesquisa e desenvolvimento
9. recursos humanos
10. desempenho global
11. administração e organização
C E D E R J 131
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
( ) A análise desta área busca examinar o contexto econômico e social no qual a empre-
sa cliente está inserida e abrange os fatores que influenciam e são influenciados pela
organização, como por exemplo: análise da concorrência, análise dos recursos naturais,
análise do mercado de trabalho, análise do governo etc.
( ) Análise das informações gerais sobre a empresa: setor de atividade, funções princi-
pais, história da organização, influências políticas, localização.
( ) Analisa quantitativa e qualitativamente a adequação dos recursos à sua finalidade,
aos objetivos organizacionais, bem como sua adequação às oportunidades de cresci-
mento da empresa cliente. Analisa recursos como: capital, pessoas, conhecimentos,
fábrica e equipamentos etc.
( ) Analisa quantitativa e qualitativamente a adequação dos recursos à sua finalidade,
aos objetivos organizacionais, bem como sua adequação às oportunidades de cresci-
mento da empresa cliente.
( ) Nessa análise, deve focar-se nos relatórios financeiros de períodos anteriores, assim
avalia a situação financeira em períodos passados, destaca pontos fortes e fracos e por
meio disso estabelece tendências.
( ) A análise desta área tem como objetivo examinar a relação da empresa com seu
mercado e os impactos dessa relação nas demais áreas como: investimentos em P&D,
produção, demanda de insumos etc.
( ) A avaliação desta área foca principalmente pontos como: principais fluxos de mate-
riais e produtos, capacidade instalada, tempo de ciclo dos principais produtos, taxa de
refugo, dentre outros.
( ) Este ponto tem o objetivo de avaliar a gestão da organização. Devem ser avaliados
pontos como: sistemas de informação utilizados, órgãos e a estrutura da direção, perfil
de liderança da empresa, o processo da tomada de decisão.
( ) Nesta área da organização, o objeto de análise serão as decisões referentes ao impacto
das decisões de treinamento, seleção, motivação e os impactos dessas decisões no cres-
cimento da empresa cliente.
( ) O consultor deve analisar nesta área o investimento da empresa no desenvolvimento
da oferta, averiguando quanto investimento é feito em promoção de vendas, propaganda
e patrocínio, e qual o impacto desses investimentos nas vendas da organização.
( ) Este ponto de avaliação tem como objetivo definir as áreas que necessitam de inter-
venções ou que possuam pontos fortes que devem ser explorados. Ele será resultado do
desempenho dos pontos: disponibilidade relativa a recursos, objetivos, políticas e planos,
e da avaliação das áreas específicas – marketing, produção, finanças, P&D e recursos
humanos.
Respostas Comentadas
Analisando as onze áreas-chaves para a elaboração do diagnóstico organizacional,
pode-se verificar que a relação correta para o aspecto é 2-1-4-3-5-8-7-11-9-6-10.
A ordem inicia com a análise do ambiente, das características da empresas, a
disponibilidade de recursos, os objetivos e planos, as finanças, a pesquisa e o
desenvolvimento, a produção, alta administração, os recursos humanos,
marketing e o desempenho global da empresa.
132 C E D E R J
INÍCIO DO DIAGNÓSTICO
5
AULA
Já foram apresentados nesta aula os tópicos a serem considerados
para o diagnóstico organizacional, porém o consultor deve estruturar
e planejar a fase a fim de desenvolver uma melhor distribuição e orga-
nização do trabalho. O diagnóstico organizacional é dividido em duas
etapas distintas:
?
Fatos
significam as informa-
ções coletadas no início do processo
de consultoria. Eles podem ser qualitativos,
obtidos na forma de discursos e declarações
dos representantes da empresa cliente, ou
quantitativos obtidos por meio de regis-
tros e relatórios empresariais.
C E D E R J 133
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
- introdução do consultor;
- averiguar o problema.
INTRODUÇÃO DO CONSULTOR
134 C E D E R J
Outro ponto a ser considerado é o estabelecimento de um sistema
5
de apoio para o consultor, pois será necessário espaço físico, ou seja,
AULA
pode ser necessária uma sala para o consultor, assim como uma pessoa
responsável por marcar entrevistas e disponibilizar acesso a arquivos,
quando necessário.
Por fim, o profissional deverá buscar informações francas com seus
apoiadores sobre o ambiente político informal da organização como:
Quem são os formadores de opinião? Quem foi a favor dos serviços de
consultoria ou contra? Quais as pressões existentes e em quais funcio-
nários são feitas essas pressões?
C E D E R J 135
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
136 C E D E R J
AVERIGUAR O PROBLEMA
5
AULA
O termo “problema” aqui tem um sentido mais amplo, sendo
considerado para todos os efeitos o problema de pesquisa. Até agora
todas as atividades do consultor abrangeram diversas variáveis organi-
zacionais, menos o problema em si. Nessa etapa cabe ao profissional
dar atenção ao problema. Porém, vale lembrar que ainda não é hora de
se aprofundar e tirar conclusões – que a essa altura seriam precipitadas
– para a solução do problema, para a inovação ou qualquer que seja o
outro foco da consultoria.
?
O problema de pes-
quisa não está relacionado a coi-
sas negativas. O problema denota dúvi-
da, a qual leva à necessidade de pesquisar. Em
suma, o problema de pesquisa é a pergunta que
o pesquisador busca responder durante a execu-
ção do estudo. O problema, no que diz respeito à
consultoria organizacional, pode ser uma dis-
função, uma melhoria ou até mesmo a ela-
boração de um determinado projeto
para a empresa cliente.
C E D E R J 137
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Atividade 2
Cite as quatro etapas que antecedem a fase de descoberta dos fatos – presentes
2
no diagnóstico organizacional – e cite, também, pelo menos dois problemas que
podem ocorrer caso essas etapas não precedam a solução do problema do cliente.
_____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
138 C E D E R J
5
Resposta Comentada
AULA
Em termos gerais, o relacionamento com a empresa cliente pode ser preju-
dicado ocasionando uma coleta de fatos de qualidade questionável e, conse-
quentemente, um serviço de consultoria de qualidade também questionável.
Dentre os principais problemas que o consultor pode enfrentar com a não
execução das etapas estão:
1. Na fase de introdução:
- Falta de um elo (porta-voz) entre a empresa cliente e o consultor, para facilitar
suas atividades.
- Possíveis omissões de informações devido à insegurança do pessoal.;
- Falta de espaço físico e de pessoal de apoio para que o consultor possa
executar suas atividades e manter seus documentos.
C E D E R J 139
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
COLETA DE DADOS
140 C E D E R J
e que, ao mesmo tempo, não comprometa o foco da coleta, fazendo com
5
que ele tenha excesso de informações ao final desta etapa.
AULA
- Detalhamento
O consultor deve também atentar para o grau de detalhamento
de sua coleta. Uma coleta mais detalhada e minuciosa demandará, evi-
dentemente, mais tempo para os dados serem levantados, bem como
analisados. Por outro lado, uma análise superficial poderá demandar
menor tempo, porém poderá dar ao consultor uma visão incompleta
e até mesmo descartar alguma relação de causa efeito do problema
organizacional.
- Horizonte de tempo
De acordo com os objetivos de seus serviços, o consultor deve
efetuar a coleta de dados referentes a um período de tempo maior ou
menor nos arquivos da empresa cliente. Por exemplo, em uma consulto-
ria, em nível estratégico, o consultor deve ter em mente o longo prazo.
Assim, tratando-se de projeções de receita, ele deve considerar em média
um horizonte de tempo de dois a três anos. A preocupação do consultor
aqui é garantir que o período de tempo seja longo o suficiente para que
se estabeleça um padrão sólido para as receitas da empresa, para que
assim se possa estabelecer índices que revelem flutuações no mercado,
comportamento das variações sazonais, ciclos econômicos etc. Num
nível mais operacional, uma coleta de dados referente a um período
de tempo tão longo não seria de tanta importância pelo fato de serem
de curto prazo, mas como são dados primários requerem uma análise
mais específica.
Segundo Kurb (1980), a escolha de um período próximo ao começo
da consultoria admite que a simples presença do consultor possa afetar os
resultados apresentados. Nesse caso, pode haver reduções no desperdício de
material, aumento da produção por trabalhador etc., a partir do momento
em que o consultor começa a questionar sobre o problema e mesmo antes
que haja qualquer ação do consultor sobre o mesmo.
C E D E R J 141
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
- Amplitude e cobertura
O consultor precisa decidir se irá coletar dados acerca do total
(sobre todo o portfólio de produtos, de todos os funcionários da empre-
sa, de todos os departamentos da organização), ou se apenas uma parte
específica que ele achar interessante para o desenvolvimento do processo
será alvo de coleta de consultoria.
142 C E D E R J
d) Por produtos e materiais: aqui o consultor deve alocar os
5
dados referentes a produtos e materiais utilizados, como:
AULA
tamanho, origem, características técnicas, valor agregado
etc. Assim, podemos obter como agrupamento: valor do
estoque de produtos acabados – ou matéria-prima – ao final
de cada trimestre; variação do estoque ao início e final de
cada período etc.
Atividade 3
Analise os serviços de consultoria a seguir e, de acordo com as características de
3
suas ferramentas, responda o que se pede:
Caso 1. Um serviço de consultoria foi contratado por um cliente para averiguar a quali-
dade no processo produtivo. Inicialmente, o consultor responsável definiu como
parâmetro de avaliação o índice de defeitos nos produtos acabados.
Caso 2. Uma empresa de consultoria foi contratada para averiguar problemas no fluxo
de caixa de um cliente. O consultor definiu como fonte inicial de informações as
variações das vendas de cada classe de produto ofertada no mercado.
Caso 3. Um serviço de consultoria foi contratado para analisar os impactos nos resul-
tados da empresa cliente, após ela ter lançado um novo produto no mercado.
O lançamento desse novo produto foi feito no ano anterior.
a. De acordo com os casos relatados e com os fatores a serem analisados na coleta dos
dados, assinale os seguintes quadros de acordo com o que cada caso demanda na coleta
dos dados e dê uma breve justificativa para cada opção escolhida:
Caso 1
Limitada Ampla
Quantidade
Baixo Alto
Detalhamento
Curto Médio Longo
Horizonte de tempo
Total Específica
Amplitude e cobertura
Justificativa:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
C E D E R J 143
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Caso 2
Pouca Grande
Quantidade
Alto Baixo
Detalhamento
Curto Médio Longo
Horizonte de tempo
Total Específica
Amplitude e cobertura
Justificativa:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Caso 3
Pouca Grande
Quantidade
Alto Baixo
Detalhamento
Curto Médio Longo
Horizonte de tempo
Total Específica
Amplitude e cobertura
Justificativa:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Caso 1
a. ( ) Por indivíduos
b. ( ) Por eventos
c. ( ) Por produtos e materiais
d. ( ) Por recursos, inputs, output, processos
Caso 2
a. ( ) Por indivíduos
b. ( ) Por eventos
144 C E D E R J
5
c. ( ) Por produtos e materiais
AULA
d. ( ) Por recursos, inputs, output, processos
Caso 3
a. ( ) Por indivíduos
b. ( ) Por eventos
c. ( ) Por produtos e materiais
d. ( ) Por recursos, inputs, output, processos
Respostas Comentadas
a. Caso 1
Limitada Ampla
Quantidade X
Baixo Alto
Detalhamento X
Curto Médio Longo
Horizonte de tempo X
Total Específica
Amplitude e cobertura X
Justificativa
Quantidade: é limitada, pois as informações podem ser coletadas por meio de
amostras, e não de todos os produtos produzidos no intervalo de tempo deter-
minado, pois teriam o mesmo efeito.
Detalhamento: o detalhamento das informações deverá ser alto, pois procura-se
aqui obter qualidade nos produtos finais; portanto, todos os aspectos do produto
deverão ser analisados.
Horizonte de tempo: este deverá ser curto, pois o que se busca analisar aqui é a
amostra que pode ser colhida em semanas ou meses.
Amplitude e cobertura: específica, por se tratar somente da área de qualidade na
produção em si, e serão necessárias, a priori, informações de outros setores.
Caso 2
Limitada Ampla
Quantidade X
Alto Baixo
Detalhamento X
Curto Médio Longo
Horizonte de tempo X
Total Específica
Amplitude e cobertura X
C E D E R J 145
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Justificativa:
Quantidade: será coletada ampla quantidade de dados, uma vez que são
inúmeras as variáveis e os fatores que influenciam as vendas de uma empre-
sa e de seus diferentes produtos. Exemplo: sazonalidade, renda, atividade
econômica etc.
Detalhamento: alto, pois serão necessárias todas as informações sobre as
vendas de cada classe de produto.
Horizonte de tempo: será longo, uma vez que, para uma análise de variações nas
vendas, deverão ser considerados vários períodos de exercício, o que nos levará a
coletar informações das vendas ao longo de no mínimo três anos. Exemplo: avaliação
das vendas de determinado produto nos meses de novembro e dezembro, nos
últimos três anos, para se obter uma média de demanda nessa época do ano.
Amplitude e cobertura: será específica, pois a coleta de informações, inicialmente,
estará limitada à área de vendas.
Caso 3
Limitada Ampla
Quantidade X
Alto Baixo
Detalhamento X
Curto Médio Longo
Horizonte de tempo X
Total Específica
Amplitude e cobertura X
Justificativa:
Quantidade: neste exemplo seria ampla, uma vez que deveriam ser coletadas
informações dos diversos agentes internos da empresa cliente – a fim de analisar
impactos por toda a organização – bem como as de agentes externos, buscando
avaliar a aceitação do produto pelo cliente, por exemplo.
Detalhamento: aqui é alto, uma vez que cada impacto – por menor que seja – é
de vital importância para avaliar o lançamento do produto.
Horizonte de tempo: é longo, pois mesmo que o produto tenha sido lançado no
ano anterior, para análise dos impactos teriam que ser levantadas informações
acerca de anos anteriores para comparação.
Amplitude e cobertura: total, uma vez que todos os setores da empresa
cliente devem ser avaliados para medir os resultados trazidos pelo
novo produto.
146 C E D E R J
5
b)
AULA
Caso 1- produtos e por processos.
Caso 2- Por saídas e por eventos.
Caso 3- Por indivíduos; por eventos; por produtos e materiais; por recursos,
entradas, saídas ou processos.
Entrevista
C E D E R J 147
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Questionário
148 C E D E R J
Outra situação em que se aconselha o uso do questionário se dá
5
quando o consultor dispõe um curto espaço de tempo para o levanta-
AULA
mento dos dados em questão.
Por se tratar de um instrumento que não possibilita o contato
direto entre o consultor e os indivíduos, o questionário pode provocar
ambiguidades nas respostas, falta de compreensão da questão levantada
e muitas vezes o esquecimento da entrega do questionário por parte dos
participantes. Assim sendo, algumas recomendações são dignas de serem
mencionadas, segundo Araújo (2006).
Observação pessoal
C E D E R J 149
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
• ritmo de trabalho;
150 C E D E R J
CONCLUSÃO
5
AULA
Nesta aula, foi possível identificar as etapas para o desenvolvimen-
to do processo de consultoria, como o diagnóstico que é a apresentação
da situação organizacional. Para tanto, deve-se realizar a descoberta dos
fatos que referem-se à análise e ao reconhecimento da situação da empresa
cliente. Essa é a fase mais importante de todo o processo de consultoria:
os métodos e ferramentas para a descoberta dos fatos como entrevista,
questionário e a observação pessoal. Assim, o consultor deve realizar um
diagnóstico eficiente para iniciar os trabalhos de consultoria.
Atividade Final
CASO DA FARMAERVAS S/A
1 2 3
Observação: Este caso será utilizado nas Aulas 6 e 7. Informações mais detalhadas serão
apresentadas em cada uma das aulas, de acordo com os objetivos de aprendizagem.
A Farmaervas S/A é uma empresa do setor farmacêutico voltada para a linha da medicina
natural, que conta com 5.120 funcionários distribuídos pelos vários departamentos.
A partir de 2008, a empresa passou a perder mercado para seus rivais e a diretoria
percebeu que inúmeros problemas afetavam o seu desempenho competitivo, desde a
área produtiva, passando pela financeira, pelo marketing e até pelos recursos humanos.
Assim, sua diretoria decidiu solicitar os serviços de uma empresa de consultoria para
resolver esta situação.
A ideia é desenvolver uma série de consultorias nas respectivas áreas com intuito de
equalizar os problemas de forma coerente e sistemática, porém a diretoria não sabia
por onde começar e quais seriam as prioridades.
A diretoria estava inclinada a organizar a empresa para que pudesse ter uma ideia
geral de como os problemas deveriam ser atacados, mas ela não poderia se dar o
luxo de parar suas atividades para que uma reformulação fosse feita. Ela tinha o
claro desejo de que as vendas aumentassem em simultaneidade a uma melhoria
da produtividade e redução dos custos.
C E D E R J 151
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
Um outro fator de pressão sobre a Farmaervas era o sindicato, que já havia sinalizado
que, caso houvesse demissões de forma unilateral, sanções legais seriam levantadas,
pois haviam sido verificados problemas no recolhimento de FGTS e demais encargos
sociais. Logo, uma simples política de demissão não resolveria o problema.
Os primeiros encontros com a consultoria foram feitos e foi explicado aos diretores
a forma de trabalho, o perfil da consultoria, as informações que seriam relevantes e
que após esses encontros um diagnóstico seria gerado e apresentado junto com uma
proposta de serviços.
Questões:
3. Sabendo que a forma da coleta ocorreu por meio de entrevistas, descreva o processo
de entrevista que deverá ser adotado para os diretores e os funcionários-chaves.
Respostas Comentadas
Para a questão 1, o modelo do plano do diagnóstico contendo os tópicos seria o apre-
sentado a seguir. O quadro irá ajudá-lo a identificar no texto as informações
necessárias para a elaboração do plano de diagnóstico.
152 C E D E R J
5
AULA
1 A organização cliente
2 O ambiente
7. Recursos
5. Finanças 6. Marketing
Humanos
Objetivos, políticas e planos
Atividades
Desempenho
10 Desempenho Geral
11 Administração e organização
Para a questão 2, por se tratar de uma consultoria geral, o modelo de coleta de dados
será o mais amplo possível como o quadro a seguir retrata. A quantidade de informa-
ções para a elaboração do diagnóstico deve ser ampla. Por ser um caso geral, o grau
de detalhamento precisa ser alto; no quesito temporal essa análise precisa ser de longo
prazo e a amplitude de análise passa a ser total.
Limitada Ampla
Quantidade X
Baixo Alto
Detalhamento X
Curto Médio Longo
Horizonte de tempo X
Total Específica
Amplitude e cobertura X
C E D E R J 153
Consultoria Organizacional | O processo de consultoria
3. Marketing e Produção será tanto por produtos e materiais quanto por recursos, entradas,
saídas, processos, já que são atividades centrais da empresa
Na questão 3, para qualquer entrevista as etapas e a consideração que deverão seguir são:
Antes: Preparar perguntas a serem feitas. Obter informações sobre o entrevistado e
informar previamente o propósito da entrevista
Durante: Explicar mais detalhes do propósito da entrevista. Enfatizar a colaboração
do entrevistado no estudo. Não interromper o entrevistado. Fazer anotações. “Quebrar
o gelo”. Encorajá-lo a propor críticas e sugestões. Não parecer crítico às colocações do
entrevistado. Confirmar com o entrevistado as informações anotadas.
Depois: Ler as notas feitas durante a entrevista. Transcrever informações confiáveis.
Listar pontos a serem verificados.
RESUMO
154 C E D E R J
5
AULA
Já as principais ferramentas para a coleta dos dados num processo de
consultoria são as entrevistas, o questionário e a observação pessoal.
C E D E R J 155
Consultoria Organizacional
Referências
CEDERJ 157
Aula 1
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KUBR, Milan. Consultoria: um guia para a profissão. Rio de Janeiro: Guanabara, 1979.
Aula 2
158 CEDERJ
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lidades culturais: contrastes franco-americanos. In: CHANLAT, Jean-François (Coord.). O
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BYRNE, John A. The craze for consultants. Business Week, n. 61, july 25, 1994.
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Aula 4
FREITAS, Maria Ester de. A questão conceitual. In: ______. Cultura organizacional: formação,
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KUBR, Milan. Consultoria: um guia para a profissão. Rio de Janeiro: Guanabara, 1979.
Aula 5
ARAÚJO, Luis César Gomes de. Organização sistemas e métodos: modernas ferramentas de
gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2006.
KUBRB, Milan. Consultoria: um guia para a profissão. Rio de Janeiro: Guanabara, 1980.
160 CEDERJ
SCHEIN, Edgar H. Consultoria de procedimentos: seu papel no desenvolvimento organiza-
cional. Cambridge: Mass, 1969.
CEDERJ 161