Formação Docente E Inclusão Escolar: O Que Dizem Os Educadores?
Formação Docente E Inclusão Escolar: O Que Dizem Os Educadores?
Formação Docente E Inclusão Escolar: O Que Dizem Os Educadores?
EDUCADORES?
Resumo
Introdução
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Mestre em Educação pela FURB. Professora na APAE de Joaçaba/SC. Docente no curso de Licenciatura em
Educação Especial –PARFOR/UNOESC.
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para todos. Entretanto o princípio da inclusão escolar não se efetuará sem que se avaliem as
reais condições que possibilitem inserções gradativas, contínuas, sistemáticas e planejadas de
crianças com necessidades educacionais especiais2 nos sistemas comuns de ensino.
Neste sentido, destacamos que a orientação inclusiva da escola resulta da Declaração
de Salamanca (ONU, 1994), onde afirma que as escolas comuns representam, ao promover
uma educação para todos, o meio mais eficaz de combater atitudes discriminatórias. Ao
constar, nos documentos legais, o pressuposto da educação para todos, compreendemos que
essa ação se remete ao comprometimento das escolas sobre a compreensão da singularidade
que cada sujeito apresenta em seu desenvolvimento biológico, psicológico, cultural e social.
A inclusão escolar sugere que sejam criadas condições desafiadoras em sala de aula
que contemplem a diversidade, para que cada educando possa explorar a aprendizagem e as
suas possibilidades. Neste sentido, se apresenta como uma proposta de revolução na
educação. Essa revolução desestabiliza concepções e transforma a escola em um espaço para
todos, pressupondo o reconhecimento das diferenças e a promoção do desenvolvimento
intelectual.
A proposta inclusiva, ao referir-se aos processos de construção de conhecimentos, tem
como objetivo a formação de indivíduos críticos e autônomos. Dessa forma, para que se
concretize esse objetivo, é necessário elucidar o papel dos educadores frente ao processo
inclusivo, pois esses atuam ativamente no processo de ensino e de aprendizagem dos
educandos que compõem a sala de aula. Frente a essa perspectiva de inclusão escolar que diz
respeito a todos os educandos, “[...] a inclusão implica uma mudança de perspectiva
educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades
de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral.”
(MANTOAN, 2003, p. 16).
Compreendemos que a inclusão escolar permite que a escola e os educadores
construam novos paradigmas, entendendo e valorizando a diversidade em sala de aula,
reconhecendo a singularidade de cada indivíduo, com sua maneira peculiar de aprender,
permitindo trazer à tona as potencialidades e utilizar-se delas para aprender com o outro. O
paradigma da inclusão escolar propõe transformações na prática pedagógica, no papel do
educador, na compreensão das singularidades de cada educando e, consequentemente, na
reestruturação da escola, que passa a objetivar aos educandos uma educação que propicie
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Consideramos alunos com necessidades educacionais todos os aprendizes que se enquadram na Resolução
CNE/CEB n. º 02, de 11 de setembro de 2001, artigo 5º.
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condições de aprendizagem para todos. Neste sentido, Mantoan (2003, p 87) afirma que: “A
inclusão escolar provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade que por sua
vez, abala a identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a identidade do
aluno”.
Neste contexto, a concepção de “educação inclusiva” proclamada em 1994 pela
Declaração de Salamanca, na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais
Especiais, em parceria com a Unesco, enfatiza que todas as crianças, independente de suas
origens e valores sociais, devem ter acesso à educação. As escolas devem reconhecer e
responder às necessidades diversas de seus alunos, assegurando-lhes um ensino de qualidade
por meio de um currículo diversificado e da formação adequada de seus profissionais.
No Brasil, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de
1996 (Lei n. 9.394/96) a educação especial passa a ser considerada como uma modalidade da
educação escolar, devendo ser oferecida aos alunos com necessidades especiais,
preferencialmente na rede regular de ensino. Fazendo alusão à formação do corpo docente, a
LDB/1996, em seu artigo 3º, recomenda que seja composto por “professores com
especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem
como professores do ensino regular capacitados para a integração desses professores nas salas
comuns” (BRASIL, 1996).
Nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica - Resolução
CNE/CEB 02/2001 (BRASIL, 2001) há ressalvas à formação adequada dos professores.
Recomenda-se, ainda, que as escolas disponham de um arcabouço de recursos materiais,
pedagógicos e humanos para que se consiga promover uma educação de qualidade a seus
alunos. Compreende-se, assim, que todo o corpo docente deverá possuir formação
profissional direcionada para a diversidade de sujeitos com os quais interage no processo
educativo.
Neste sentido, compreendemos que a formação de professores é uma preocupação
constante no processo educacional. Muitas vezes, no entanto, pela forma como é apresentada,
não condiz com as reais necessidades dos professores. Frente a esse enfoque, Pimenta (2002,
p. 16), explicita que os programas têm se mostrado pouco eficientes para alterar a prática
docente, visto que não a tomam, juntamente com a prática pedagógica escolar, nos seus
contextos, impossibilitando, dessa forma, articular e traduzir os novos saberes em novas
práticas. Sob essa perspectiva, além de compreender o professor como peça fundamental no
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conhecimento para atuarem junto aos alunos com necessidades educacionais especiais,
evidenciando que “é preciso ter formação continuada constantemente.”
A matrícula de educandos com necessidades educacionais especiais nas escolas
regulares propicia indagações, principalmente entre os educadores. Os educadores, ao
receberem em sala de aula educandos com necessidades educacionais especiais, questionam
se sobre como trabalhar os conteúdos, realizar as atividades e a avaliação da aprendizagem no
processo inclusivo, sendo que, em sua formação inicial, esses aspectos, na perspectiva
inclusiva, não estiveram em pauta como menciona o educador 1: “Olha! Eu tenho magistério
e faculdade em História e especialização, mas eu não sei como trabalhar com a inclusão!”, o
educador 2: “Eu sou formada em Matemática e estou fazendo especialização, mas por
enquanto eu só tenho dificuldades, ainda não sei como trabalhar com eles.” e o educador 3:
“Tenho faculdade de Letras, mas pretendo fazer uma especialização, pois preciso de
conhecimento para trabalhar com estes alunos.”
A formação inicial se institui essencial para a efetivação da inclusão escolar. Devido à
importância dessa formação, tornam-se necessárias discussões sobre a formação dos
educadores que atuam em sala de aula. Os cursos de formação inicial
[...] parecem representar uma séria ameaça ao movimento de inclusão, pois enquanto
alguns ‘rebeldes’ teimam em lutar pela defesa e promoção da educação inclusiva, as
universidades formam anualmente ‘exércitos’ de docentes preparados para excluir.
Por outro lado, no contexto da educação das professoras em exercício, estes cursos
representam uma barreira para o desenvolvimento das práticas inclusivas porque
desvalorizam as professoras ao desconsiderarem seu repertório de experiências
docentes acumuladas durante anos, e a valorização dos docentes é o primeiro e o
mais importante fundamento da inclusão. (FERREIRA, 2006, p. 235).
25). A autora ainda menciona que a formação de professores se constitui em uma estrutura
dicotômica para o ensino regular e para o ensino especial, seja em nível de disciplinas na
graduação ou nas especializações. Sobre esta dicotomia destacamos os dizeres do educador 4
em que relata “Estou terminando uma pós em Séries Iniciais, mas vou fazer uma em
Educação Especial! Quem sabe ai eu aprendo algo sobre como trabalhar com eles.”
Em consonância com as ideias de Mantoan (2003) sobre a formação de professores,
Ferreira (1999, p. 140) posiciona-se contrariamente a visão dualista entre Educação Especial e
Comum, propondo que o projeto inicial de formação de professores seja,
O educador ao se deparar com a inclusão escolar, precisa saber criar meios para
reformular sua prática e adaptá-la as novas situações de ensino, bem como atuar como sujeito
de sua própria formação, ou seja, autoformando-se. Nóvoa (2001. P.14) afirma que, “mais
importante do que formar é formar-se; que todo conhecimento é autoconhecimento e que toda
formação é autoformação”. Para ocorrer o processo de auto formação, o educador precisa
compreender que o processo de ensinar ultrapassa o repasse de conhecimentos. Essa ideia vai
ao encontro do pensamento de Tardif (2004), ao mencionar que a função do educador não se
aplica somente ao repasse de conteúdos produzidos pelos outros. No exercício de sua
profissão, o educador elabora seus próprios saberes, dando sentido à sua experiência.
Tardif (2004) ressalta que os saberes dos educadores são plurais, pois se originam de
várias fontes. São eles: os saberes oriundos da formação profissional, os disciplinares, os
curriculares e os da experiência. Os saberes dos educadores transformam-se e se reestruturam
a cada momento, originando novos saberes a partir das experiências vivenciadas pelo
educador no contexto escolar. Mediante o exposto, a escola e a sala de aula surgem como um
espaço de auto formação, no qual o educador constrói estratégias que o auxiliam na prática
pedagógica. Nesse processo, cada educador descobre suas maneiras peculiares de ensinar,
maneiras que possam contribuir para a inclusão escolar dos educandos com necessidades
educacionais especiais e, principalmente, para a possibilidade de uma educação para todos.
Mediante o despreparo dos educadores e as necessidades do processo inclusivo, torna-
se imprescindível a formação continuada, como menciona o educador 2: “É preciso ter
formação continuada em inclusão constantemente” e o educador 3: “eu acho difícil para
trabalhar porque eu não tenho conhecimento em inclusão. É preciso formação nessa área.”
Entendemos que a formação continuada se constitui em uma continuidade da formação
profissional que propicia reflexões sobre a ação do educador e novos meios para desenvolver
e qualificar a prática pedagógica mediante a diversidade presente na escola.
Mantoan (2003) relata que as reflexões e a busca de teorias e práticas embasadas nas
potencialidades humanas ocorrem nas situações cotidianas que desestabilizam o trabalho em
sala de aula, sendo que “esta é a matéria-prima das mudanças pretendidas pela formação.”
(MANTOAN, 2003, p. 83). A autora enfatiza a necessidade de instrumentos concretos na
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formação dos educadores que atuam no contexto inclusivo. Ainda segundo Mantoan (2003, p.
81), “ensinar na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola,
da educação e das práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do nosso
ensino, em todos os seus níveis.”.
Neste sentido, a efetivação da inclusão escolar requer transformações que dependem
dos educadores, sendo essencial que esses reconheçam a sua importância no processo
inclusivo. As transformações que possibilitam a efetivação da inclusão escolar ocorrem
mediante a formação continuada, como menciona o educador 1: “Devia ter formação sempre.
Seria melhor pra gente e pra eles também”. Em seus dizeres, o educador também ressalta a
compreensão da importância de seu papel enquanto educador na efetivação da inclusão
escolar, ao mencionar: “Se tiver mais conhecimento, mais formação, podemos ajudar mais.”
O educador, ao referir-se à obtenção de mais conhecimentos, salienta a necessidade de
formação para a consolidação de práticas pedagógicas inclusivas que possibilitem o
desenvolvimento de todos os educandos.
Para Nóvoa (1997, p.70) “a formação continuada deve ajudar na mudança
educacional, e o espaço adequado para esse processo é o professor estar inserido no grupo
profissional e numa organização escolar.” Mediante os dizeres do autor, compreendemos que
o local mais apropriado para a formação continuada é a escola, em que se encontram as
dificuldades e os profissionais que as vivenciam, sendo que, unidos, poderão encontrar
soluções para as dificuldades apresentadas no cotidiano escolar.
Rodrigues (2006) chama a atenção para que o processo de educação continuada
aconteça em serviço para ser válido, isto é, diretamente ligado à sua prática profissional, de
forma que possa avaliar, intervir e reavaliar, contando com a supervisão de uma equipe de
apoio. O autor ainda dá ênfase, à reflexão em grupo, promovida dentro da escola, pois a
construção de competências para a gestão inclusiva de uma classe só pode ser adquirida por
meio de uma prática continuada, reflexiva e coletiva.
Em consonância com as ideias de Nóvoa (1997) e de Rodrigues (2006) sobre a
formação continuada no espaço escolar, Mantoan (2003) sugere a formação de grupos de
estudos nas escolas:
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Considerações Finais
Buscamos com esta investigar o processo de formação dos professores que atuam em
salas regulares frente à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. Os
educadores entrevistados ao refletirem sobre a inclusão escolar sinalizaram necessidades na
qualificação profissional. Ao se perceberam protagonistas desse cenário, os educadores,
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REFERÊNCIAS
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Rio de
Janeiro: Vozes, 2002.
___________. Educação inclusiva com os pingos nos is. Porto Alegre: Mediação, 2004.
MANTOAN, M.T. E. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Moderna, 2003.
NÓVOA, A. Professor se forma na escola. Revista Nova Escola, maio – p. 13-16, 2001.
PIMENTA, S. G. Professor reflexivo: construindo uma crítica. 2. ed. São Paulo: Cortez,
2002.