Love Always, Wild - For Him #1 - A.M. Johnson
Love Always, Wild - For Him #1 - A.M. Johnson
Love Always, Wild - For Him #1 - A.M. Johnson
Wilder,
Quando parti naquela noite, tinha toda a intenção de voltar para você. Para
nós. Mas não importa o quanto eu deseje o que eu quero, há algumas coisas na
vida que não deveriam ser. Eu não espero que você entenda. Você já seguiu em
frente, vivendo sua vida. Mas a minha acabou naquela noite, nove anos atrás, e
ainda não posso deixar você ir. Não tenho certeza se algum dia vou. Eu me
arrependo de tantas coisas, mas machucando você, eu nunca vou me
perdoar. Desculpe-me por tudo.
Jax~
****
Jax,
Se ao menos você pudesse ter visto como eu o vi, do jeito que você era
quando pensava que o mundo não estava assistindo. Como você mudava
quando eu olhava para você, quando éramos apenas nós.
Mas acima de tudo... Eu gostaria que você pudesse ter visto o quanto me
machucou quando você desapareceu. Arrependimentos são para
covardes. Sempre foi minha crença que você deve perseguir as coisas que
deseja com ações, não palavras. Não existe tal coisa que nunca quis ser.
Então este pedido de desculpas... não aceito...
As duas torres
Por JRR Tolkien
Wilder
Antes
3 Lesões por anóxia cerebral podem levar a diversos graus de comprometimento no funcionamento do
sistema nervoso central, incluindo prejuízos no funcionamento cognitivo. Um episódio de anóxia pode ter
diversas etiologias, dentre elas uma parada cárdio-respiratória ou envenenamento por gás carbônico.
tinha os olhos postos na Duke University. Agora ele era um jovem de 25 anos que
fazia castelos de areia e eu não conseguia fazer meu carro dar partida.
—Fique aqui, estarei de volta em um segundo,— eu disse enquanto me
inclinava e puxava a maçaneta sob o painel para abrir o capô do carro.
A chuva tinha se dissipado um pouco, mas eu estava encharcado quando
dei a volta na frente do meu Hyundai bem usado. A bateria estava revestida com
uma crosta tingida de laranja que tentei retirar com o polegar e o indicador.
—Jax o que você...
Eu me assustei e quase bati com a cabeça no maldito capô. Ethan Calloway
baixou a janela do lado do passageiro e sorriu para mim como se eu fosse a
melhor coisa que ele tinha visto o dia todo. O cara era estranho se você me
perguntasse. Ele sempre foi muito legal comigo. As pessoas geralmente me evitam.
Por um lado, eu era meio idiota. E dois, o que as pessoas deveriam dizer a um cara
que tinha quase trinta anos, morava em casa com a mãe, trabalhava em uma
construção de merda e namorava uma garota que só vivia por caridade. Minha
vida estagnou aos vinte anos quando larguei a faculdade para ajudar minha mãe.
As pessoas podem sentir isso, essa desesperança, gruda em você como merda em
um sapato.
—Ei, Ethan.
—Precisa de ajuda? —ele perguntou, puxando seu carro para mais perto.
—Por acaso você não tem cabos de jumper aí, tem?
Seu nariz enrugou quando ele mordeu o lábio inferior. —Eu não, mas
posso dar a você e Jason uma carona de volta para a cidade?
Eu o encarei, inseguro. Não conhecia ele assim tão bem. Ele trabalhava na
Harley’s, a loja de ferragens que ficava perto da antiga farmácia do meu pai.
Quando comecei na JW Construction, ele não trabalhava lá, eles o contrataram
há apenas um ano. Os caras do trabalho não gostavam dele. Disse que era amor-
perfeito4 demais para trabalhar na Harley’s. Eu nunca percebi. Era um hábito que
eu tinha ao lidar com homens. Nunca olhei muito de perto. E para ser justo, os
caras com quem trabalhei chamavam todo mundo de amor perfeito por um
motivo ou outro.
—Eu prometo que não sou um assassino em série.— Ele sorriu, e suas
bochechas ficaram vermelhas quando eu ri.
—Mesmo se você fosse, é melhor do que ficar parado na chuva esperando
por um caminhão de reboque. Deixe-me pegar algumas coisas?
—Com certeza.
Ele fechou a janela quando fechei o capô. Quando abri a porta, Jason
perguntou: —Ele vai nos dar uma carona?
—Ele é, amigo.
—Que sorte—, disse ele, e vi um vislumbre do jovem de dezesseis anos
que conhecia.
Eu tive que limpar minha garganta para falar. —Pegue algumas toalhas
na parte de trás, certo? Eu não quero estragar seus assentos.
Jason pegou duas toalhas extras e as entregou para mim. Ele pegou seus
baldes de areia, mas eu o impedi. —Vamos deixar isso. Volto mais tarde com a
mamãe quando parar de chover, ver se consigo pular no carro, se não, prometo
pegar seus baldes.
—Não se esqueça disso.
—Eu prometo e quando eu prometer ...
4 Gay demais.
—Isso é sério?— Seu sorriso aumentou.
—Isso mesmo. Você está pronto agora?
Nós dois corremos para o carro de Ethan. Abri a porta traseira para Jason,
colocando a toalha ligeiramente úmida sobre os assentos de pano.
—Não se preocupe com isso. Entre antes de ser atingido por um raio. —
Ethan pegou a toalha que eu tentei colocar no banco da frente da minha mão e
jogou para trás. Jason o pegou com uma risada, envolvendo-o em torno de seus
ombros nus. —Este é um Toyota, não um Porsche.
—Obrigado,— eu disse e fechei a porta do lado do passageiro. —Por nos
dar uma carona.
—Eu estava indo para casa, não é nem um grande negócio, e se você
quiser, acho que posso ter uma camisa lá em algum lugar, mas provavelmente é
muito pequena para você.
Jason estendeu a mão por cima do meu ombro e me entregou uma
camiseta verde. —Tudo bem, eu estou...
—Está tudo bem, Jax. Não me importo.— Ethan ergueu o olhar.
Eu me permiti notar seus olhos castanhos. Eles eram de um marrom
acobreado, claro e quente. O tipo de olhos em que eu adoraria me perder. Minha
respiração ficou presa na minha garganta com o pensamento. Cerrei minha
mandíbula e me virei em direção ao para-brisa para puxar a camisa. Cheirava a
praia e sal, com um toque de sabonete masculino. Meu pomo de adão balançou
desconfortavelmente na minha garganta.
—Tudo ok?— ele perguntou enquanto dirigia para fora do
estacionamento.
Estava muito apertado. Eu era mais alto e tinha muito mais músculos do
que Ethan, mas menti e balancei a cabeça. —Funciona,— eu disse e coloquei meu
cinto de segurança no lugar.
A tempestade tinha piorado quando chegamos à rodovia. Eu podia sentir o
joelho de Jason batendo contra o encosto do meu assento. A música geralmente o
ajudava em tempos como este. O aparelho de som estava ligado, mas o volume
estava muito baixo. Se eu não estivesse prestando atenção, teria perdido o que
estava tocando. —Isso é ‘Group Love’?
Ethan apertou um botão em seu volante, e a canção familiar se espalhou
pelos alto-falantes. —Eu amo essa música—, disse ele.
Os vocais ásperos, a batida pop, não pude evitar que meus dedos batessem
no meu joelho. —Eu esqueci o quanto eu gostei dessa música.
—Aumente,— Jason chamou de trás, e Ethan obedeceu.
A letra encheu o carro, o som dela empurrando meu coração em um ritmo
instável. Quando Ethan começou a cantar junto, eu quase o fiz também. Ele
tamborilou as mãos no volante, olhando para mim com um largo sorriso. Eu dei a
ele um sorriso próprio e minhas bochechas doeram com isso. Eu não conseguia
me lembrar da última vez que me senti assim, despreocupado e leve, mas quando
a música terminou, a sensação desapareceu com ela.
Ethan abaixou o volume quando uma música que eu não reconheci
começou a tocar. —Eu sabia que você nem sempre era tão mal-humorado—, ele
brincou.
—Você não me conhece muito bem,— eu disse, mais irritado do que eu
pretendia parecer.
Eu odiava ser um idiota. Odiava não poder ser feliz, cantando no carro,
com um amigo e meu irmão. Eu paguei meu preço, não paguei? Quando seria a
minha vez de felicidade? Tive um vislumbre de Jason no espelho retrovisor e me
arrependi dos pensamentos egoístas.
—Gostaria de saber sobre isso.— Ethan manteve os olhos na estrada
enquanto virava à direita na Bell River Road. —Para te conhecer melhor.
—Eu e os caras do trabalho jogamos basquete às vezes no parque. Você é
sempre bem-vindo para se juntar a nós. — As palavras saíram da minha boca
antes que eu pensasse melhor. Os caras o odiavam e eu não precisava ou queria
nenhum amigo. Minha namorada, Mary, era o bastante para lutar. Eu não deveria
tê-lo convidado.
—Não gosto muito de bola—, disse ele, e Jason riu.
—Não. Você sempre foi o pior.
—Jason,— eu adverti. —Isso não é algo legal de se dizer.
A risada de Ethan era tão quente quanto seus olhos. —Está tudo bem, ele
está certo.— Ele olhou pelo retrovisor. —Embora eu esteja surpreso que ele se
lembre disso ...— O sorriso de Ethan empalideceu. —Com o acidente e tudo.
Ninguém jamais mencionou o acidente. Todo mundo driblou em torno
dele como Michael Jordan contra uma linha defensiva.
—Sinto muito—, ele disse, para que apenas eu pudesse ouvir. — Mas não
deveria ter vindo.
—Não, você não deveria ... mas é meio que ... Eu não sei ... refrescante?
Talvez essa não seja a palavra certa ... Todo mundo o trata como vidro. Ele é mais
forte do que isso.
—Você sabe que Jason e eu estudamos juntos?
Eu olhei para Ethan novamente, mas desta vez eu o avaliei de uma forma
que normalmente teria me dado uma merda. Ele era jovem, mas facilmente
poderia ter a idade de Jason. Seu rosto não era familiar para mim, não além do de
Harley, pelo menos. E por que seria? Eu estava na faculdade quando ele era um
calouro no ensino médio.
—Não.
— Não? —Ele pausou. —Eu acho horrível o que aconteceu ... Mas acho
que o que você fez ... foi muito altruísta. Para ficar em casa como você fez. Poucas
pessoas teriam feito isso. Acho que você é muito corajoso!
Seu respeito me irritou. Eu não fui altruísta. Eu era a pessoa mais egoísta
neste maldito carro. As coisas que eu fiz, as coisas que ainda queria trouxeram
uma terrível miséria para minha família. Pelo menos foi o que pensei por tanto
tempo. Ultimamente, porém, eu comecei a me perguntar se realmente existia
mesmo um deus, e se existisse, por que Ele me machucaria assim. Estar com um
homem era pecado, mas amor ... como isso era pecado? Eu tive que afastar o
pensamento. Não fazia mais diferença.
—Eu fiz o que tinha que fazer para ajudar minha família, não se trata de
bravura.
Os velhos carvalhos perto da minha casa apareceram. Eles se destacaram
contra o cinza da tempestade, as folhas eram um dossel sobre nosso telhado,
sangrando verde pelas telhas e revestimento branco. O Toyota de Ethan parou no
final da nossa longa estrada de cascalho.
—Obrigado Ethan,— Jason disse enquanto saía do banco de trás, rindo e
correndo pela chuva em direção à porta da frente.
—Eu realmente agradeço. Teria sido uma pena ficar preso nesta merda
esperando por um reboque. — Segurei a maçaneta da porta e Ethan tocou meu
ombro.
—Eu acho que posso ter dito algo que não deveria. Eu faço isso. É um mau
hábito quando estou nervoso. — Ele apertou os lábios, escondendo um sorriso. —
Eu divago e eu…. Eu só... Me desculpe, eu disse qualquer coisa, sobre ...
—Não há necessidade de desculpas.— Quando saí do carro, forcei um
sorriso. Abaixando-me, disse: —Vou devolver esta camisa para você na segunda-
feira, quando eu for na Harley’s para comprar suprimentos.
—Fique.— Ele me dispensou com uma risada ansiosa. —Fica melhor em
você de qualquer maneira.
—É quase um tamanho pequeno demais.
Ele deu um sorriso torto. —Exatamente.
Eu não sabia o que ele estava jogando, mas não precisava de sua camisa
ou de seus sorrisos caridosos. Eu o tirei e as gotas de chuva fria levantaram a pele
nua do meu peito em mil arrepios. Eu estremeci quando alcancei e entreguei a
camisa a ele.
—Obrigado novamente pela carona.
Fechei a porta antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa e caminhei
em direção à casa. Eu diminuí, parando antes de entrar, e deixei a chuva lavar o
resto de seu cheiro. Eu não precisava de sua maldita camisa ou seu cheiro na
minha pele.
Jax
Com o suor escorrendo pelas minhas costas de um longo dia emoldurado
no sol de verão da Flórida, tirei minhas botas de trabalho pela porta dos fundos.
Mamãe e Jay estavam sentados à pequena mesa de quatro lugares no canto perto
do fogão, colhendo feijão verde, a estação de honky-tonk favorita de minha mãe
tocando no velho rádio que ela mantinha no balcão da cozinha. Como a maioria
das casas no Sul, abençoadas com dinheiro suficiente para um ar-condicionado, a
nossa era como um freezer em comparação com o calor sufocante e úmido lá
fora. Minha camisa úmida grudou na minha pele e eu estremeci como as feias
cortinas de renda branca que pendiam da janela da cozinha sob o respiradouro.
—Você vai ficar aí o dia todo? Tenho batatas que precisam ser
descascadas.
Eu balancei minha cabeça e ri. —Ei, mamãe.— Inclinei-me e beijei sua
bochecha antes de bagunçar o cabelo de Jason.
—Não,— ele choramingou, seu humor usual preso atrás de uma carranca.
—Não sou nenhuma criancinha.
A culpa foi expelida de meus pulmões com um suspiro. —Eu sei, eu estava
apenas brincando.— Notei que os feijões verdes estavam quase transbordando da
tigela. —O que é isso tudo?— Eu perguntei, pegando um feijão e colocando-o na
minha boca.
Mamãe deu um tapa na minha perna. —Você é uma bagunça imunda,
Jaxon Stettler. Vá se lavar e ajude com o jantar.
—Jantar?— Um grande saco de batatas foi aberto e colocado no balcão.
Foi quando percebi que a luz do forno estava acesa. —Eu te disse esta manhã,
mamãe. Vou sair com Mary esta noite.
—Eu me lembro—, disse ela, levantando a sobrancelha, dando um olhar
penetrante para o meu irmão mais novo enquanto ele ria. —Eu só penso ... e me
ouça, Jax, antes que você fique todo ... dramático.— Ela quebrou o último feijão
verde, enxugou as mãos no avental e se levantou. Minha mãe não era
necessariamente uma mulher pequena. Ela estava do lado mais alto, mas era
magra como um trilho. Mesmo assim, às vezes ela me assustava. —Eu acho que é
hora de eu conhecer a garota com quem meu filho tem saído para brincar. Você
sabe, a Sra. Sinclair disse que viu vocês se beijando no parque na segunda-feira
passada, quando deveriam estar jogando basquete com os meninos com quem
trabalha.
—Jesus Cristo, mãe, da última vez que verifiquei, eu era um homem
adulto. Você não precisa ficar de olho em mim.
— Jaxon —Ela engasgou, como se eu fosse o próprio Satanás vindo para
levá-la para o Inferno. —Você não vai usar o nome do Senhor em vão nesta casa.
Eu te ensinei melhor do que isso.
—Sim, senhora, você fez.— Semana que vem era meu trigésimo
aniversário, mas hoje eu era aquele garotinho parado na cozinha com minha
cabeça baixa, desejando não ser uma decepção. —Sinto muito.
Ela exalou um longo suspiro e se sentou à mesa. Seus olhos azuis pareciam
cansados. —Não quero que você perca seu tempo, pensando que precisa cuidar
de mim ou de Jason. Você tem que começar a viver sua vida. Essa menina Mary ...
Ouvi dizer que ela é uma boa menina, e Deus sabe que não há muitos deles por
aqui que ainda não tenham se casado ou engravidado. Agora, vá se limpar e ligue
para aquela sua namorada. — Ela me dispensou. —Apenas diga a ela que os
planos mudaram e convide-a para conhecer sua mãe como o bom filho que criei
para ser.— O sorriso que ela me deu foi como um martelo de madeira no
tribunal. Caso encerrado.
Eu não estava falando sério sobre Mary. Eu não estava falando sério com
ninguém. Eu odiava mentir para minha família, para mim mesmo, mas era mais
fácil fingir. Fingir que beijar Mary era tudo para mim, que quando estávamos
sozinhos e nus de uma forma que deveria significar algo, que eu realmente queria
estar lá, que era mais do que apenas brincar. Mas não foi. Era eu, cumprindo
minha parte no trato com Deus, e estava cansado disso.
Quando olhei para meu irmão mais novo, batendo o pé ao som da música,
disse a mim mesmo que não era sobre mim. —A que horas devo dizer a Mary que
vou buscá-la?
—Seis parece razoável.— Ela sorriu e piscou para Jason.
Saí do quarto para me limpar, jogando minhas roupas cobertas de
serragem no cesto de roupa suja perto do armário de linho do banheiro. Liguei o
chuveiro e, antes de entrar, pensei na mensagem que precisava enviar para Mary.
Este jantar precisava soar o mais casual possível. Isso não era uma besteira
venha-encontrar-os-pais-vamos-trazer-nosso-relacionamento-para-o-
próximo-nível. Nós nos conhecemos em um bar no ano passado. Eu tinha ido
para casa com ela naquela noite porque tinha ficado na cara de pau com Chuck e
Hudson depois do trabalho. Eu normalmente não bebia muito por causa do que
aconteceu com meu pai. Na noite em que conheci Mary, eu estava me sentindo de
alguma forma. Isolado e sozinho. Chuck me deu uma ração de merda sobre como
eu nunca tive uma garota que ele pudesse se lembrar, fez algum comentário
homofóbico e, claro, eu tive que provar a ele que ele estava errado sobre mim. Ou
talvez eu estivesse tentando provar para mim mesmo. Mary foi o alvo mais
próximo. Ela era pequena, loira, seios grandes e quadris curvilíneos. O oposto
absoluto do que eu gostava. Uma imagem de Wild, comprido e magro, músculos
cortados esticados sob a pele pálida contra seus lençóis cinza me agrediram.
Fechei meus olhos e deixei o sangue bombear através de mim enquanto pensava
sobre nossa última noite juntos. A última chance que tive de ser eu. Eu não pensei
sobre a briga que tínhamos travado, ou o quão bravo ele estava quando eu parti.
Agora, enquanto agarrava a borda do balcão com uma mão e meu pau com a
outra, tudo que eu queria pensar era em Wild e em como ele sempre me fazia
sentir bem.
— A gente pode conversar disso depois?— Eu perguntei, puxando minha
camisa pela cabeça e jogando-a no chão. Amanhã saí para as férias de inverno.
Quatro semanas sem Wild. Eu não acho que seria capaz de lidar com isso. De pé
apenas com a minha cueca, alcancei o elástico e me acariciei com um gemido. —
Eu preciso disso. Preciso de você!
Ele avançou seu corpo nu para trás sobre o colchão e descansou sobre os
cotovelos. Era todo o convite de que precisava. Eu empurrei minha cueca e
rastejei sobre seu corpo, prendendo-o na cama com meu peso. Arrastando o
comprimento do meu eixo ao longo da pele macia de seu quadril, engoli seu
pequeno suspiro silencioso e mergulhei minha língua em sua boca. Os dedos de
Wild correram pelo meu cabelo, torcendo-me, puxando-me para mais perto. Ele
ergueu os quadris, com fome de fricção. Eu segurei seu rosto em minhas mãos,
nossos lábios lutando um com o outro por mais. Mais dentes. Mais língua, até que
ele estivesse sentado, até que eu estivesse montado em torno de sua cintura. Suas
mãos percorreram minhas costelas e eu estremeci. Ele agarrou meus quadris, me
puxando até que estivéssemos quase peito a peito.
Abaixei-me, desesperado para tocá-lo, querendo a satisfação de tê-lo
deixado louco também, mas ele me impediu. Sorrindo contra meus lábios, ele
disse: —Espere.
Ele colocou minha mão em seu peito e eu podia sentir seu coração
batendo sob o músculo. Alisando minha palma sobre sua pele macia, meu polegar
circulou seu mamilo. Ele gemeu em minha boca quando sua pele se arrepiou e
seus dedos cravaram em meus quadris. O toque de Wild era forte como eu
precisava. Ele poderia me beijar com lábios suaves o dia todo, porra, mas eu
precisava de suas mãos. Forte e firme. Seus braços cortados e magros, longos o
suficiente para me envolver e me segurar firme.
Wild estava sem fôlego quando estendeu a mão e abriu a gaveta da
mesinha de cabeceira. Aproveitei sua posição e me inclinei para lamber a cabeça
de seu pênis.
—Você vai me fazer gozar se continuar fazendo isso.
Mas ele não protestou quando coloquei todo o seu comprimento em
minha boca. Ele caiu de costas no colchão, apoiando-se em um cotovelo para me
observar. Deixando cair um pequeno frasco de lubrificante na cama, ele passou
os dedos da mão direita pelo meu cabelo.
—Jax,— ele implorou, seus olhos escuros e desejosos. —Espere,— ele disse
novamente, e eu quase não parei.
Eu amei assistir a tensão em sua mandíbula, seu pescoço, Wild me deu um
poder que eu nunca pensei que tivesse. Mas eu também não estava pronto para
isso acabar. Eu não estava pronto para as quatro semanas que teria sem ele. Ou a
solidão que se instalaria no minuto em que pusesse os pés na casa dos meus pais.
Tirar esta noite era a única coisa que nos restava. Eu ouvi a tampa da garrafa se
fechar e levei minha boca ao seu quadril, deixando beijos molhados em sua pele.
Ele deslizou sua mão escorregadia, lenta e deliberadamente, pelo comprimento do
meu pau enquanto nós dois nos sentávamos. Montando nele novamente, ele me
beijou, acariciando nós dois ao mesmo tempo. Nosso beijo se tornou nada mais do
que gemidos e lábios ofegantes pressionados um contra o outro. Eu parei sua mão,
precisando de mais tempo, e ele descansou sua testa na curva do meu pescoço
para recuperar o fôlego. Sua pele estava quente, úmida e perfeita. Peguei a
garrafa da cama e abri. Pegando a mão de Wilder na minha, ele encontrou meus
olhos enquanto eu derramava mais líquido em seus dedos.
Colocamos nossos corpos em posição como se nos conhecêssemos, assim,
abertos e vulneráveis, por toda a vida. Wilder sabia o que eu queria sem nem
mesmo perguntar, e quando me deitei, ele levantou meu joelho, seus dedos
marcando um caminho para algo que só ele poderia me dar. Meus olhos se
fecharam enquanto seus dedos deslizaram dentro de mim, meu rosto
instantaneamente corando com o calor. Os longos dedos de Wild se moveram
lentamente, encontrando aquele local, aquele local que só ele poderia encontrar, e
eu estava perdido nele. O calor de sua boca me cobriu, a curva lisa de sua língua
ao redor da cabeça do meu pau e eu fui embora.
—Oh merda,— eu sussurrei com os dentes cerrados, olhando para mim
mesmo no espelho enquanto gozava em minha mão.
Fechei os olhos com força, respirando através da memória, do orgasmo,
tentando controlar a náusea. A vergonha. Todos os anos entre nós, e eu nunca fui
capaz de suprimir a necessidade que tinha por ele. Abri os olhos, evitando meu
reflexo, e lavei as mãos na pia. Não era como se eu não tivesse me sentido atraído
por outros homens. Eu tenho lutado com meu fardo da verdade desde os doze
anos. E depois que meu pai morreu e eu saí da escola, não era como se eu pudesse
simplesmente virar um botão e voltar a fingir imediatamente. Desta vez, tive que
ser mais cuidadoso. Eu era gay, mas nunca havia agido sobre isso antes de Wild.
Ele foi meu primeiro e meu último. Depois de tudo o que aconteceu, prometi a
mim mesmo, a Deus e a quem mais estivesse ouvindo naquela noite, que seria o
homem que meu pai criou e o filho que minha mãe precisava. Não foi fácil tentar
apagar uma parte de mim assim. Era uma luta do dia a dia e ultimamente eu
estava perdendo a batalha. Como me masturbar com a memória de algo que eu
nunca deveria ter desejado em primeiro lugar. Este foi o motivo exato pelo qual
tive de interromper as coisas com Mary. Eu não a queria assim, e não era justo
com ela, toda essa mentira que eu estava fazendo. Ela era uma garota bonita,
inteligente como o inferno, ela poderia conseguir um cara bom, não algum idiota
doente como eu.
O vapor do chuveiro começou a encher a sala, mas eu peguei meu
telefone e enviei a ela uma mensagem.
PARA: [email protected]
Eu nem tenho certeza de que você vai entender isso. E não sou um
grande escritor, não como você. Mas hoje é meu aniversário e eu pensei
que diabos? Na pior das hipóteses, não recebo resposta, mas pelo menos
tenho que dizer o que queria dizer a você. Em primeiro lugar, gostaria de
pedir desculpas pela falta de saudação. Eu não sabia se eu deveria dirigir
isso para Wilder, Wild ou Sr. Welles, tudo isso parecia um pouco errado
Seu livro me fez pensar. Não sei se você já viu o filme Redenção de
Shawshank, mas há esta frase, é uma citação bastante popular do filme,
‘Ocupe-se vivendo ou ocupe-se morrendo’. Eu não quero ser como o seu
Jake. Eu não quero morrer vivendo uma meia-vida. Estou cansado de me
esconder. Mas ainda não estou pronto para sair, por motivos que não
deveria dizer a um estranho. Sei que seu livro é ficção, inspirado em sua
vida, e queria dizer o quanto admiro o que você fez. Estou com ciúme da
sua coragem. Quem sabe, talvez um dia eu encontre alguma coragem para
mim.
PS: Concordo com o que você disse sobre Sam e Frodo em seu livro.
A última frase me fez rir alto, o sorriso no meu rosto crescendo quando
comecei a reler o e-mail imediatamente. Havia algo nesta carta que era familiar,
suas palavras atingindo algum acorde dentro de mim. Eu queria responder a ele,
mas não tinha certeza se deveria. A Internet era um campo minado e ele era um
estranho. Eu tamborilei meus dedos sobre as teclas, debatendo comigo mesmo.
Decidi abrir alguns dos outros e-mails que recebi de leitores para ver se eram
todos tão elogiosos e pessoais. Os primeiros que abri eram simples, consistindo
principalmente em ‘obrigado por escrever este livro’, enquanto outros que eu
gostaria de nunca ter aberto em minha vida. Depois de abrir uma mensagem com
uma foto nua do que parecia ser um adolescente, fechei totalmente o programa
de e-mail.
—O que diabos há de errado com as pessoas?— Sussurrei para mim
mesmo, completamente horrorizado com o que tinha visto.
Achei melhor não responder ao e-mail de Jordan. Sua carta foi doce e meu
coração doeu por ele, doeu pelo fato de que ele pensava que tinha que esconder
quem ele era em sua vida. Uma coisa que aprendi escrevendo este livro, pensando
em Jax e como ele ficava assustado o tempo todo, foi o quão sortudo eu era.
Nunca me importei com o que os outros pensavam de mim. E quando decidi
publicar o livro, depois que meus pais disseram que eu não deveria, e então me
rejeitaram por continuar com ele de qualquer maneira, percebi que era melhor
para mim. Eu não precisava de pessoas assim. Nunca estive perto de meus pais de
qualquer maneira. Eu construí minha própria família, com pessoas que se
importavam comigo como eu era. Sempre fui mais Wilder e nunca me
desculparia por isso, por ser eu.
Pensei em como Jordan havia dito que eu era corajoso para escrever o
livro, e aqui estava eu com medo de escrever de volta. Não precisava ser
elaborado. Eu poderia simplesmente enviar a ele um rápido agradecimento por
suas palavras gentis. Afinal, era o aniversário do cara.
PARA: [email protected]
Mas, falando mais sério, gostaria de lhe dizer que admirei suas
palavras sinceras. Estou humilhado, na verdade. É fácil para mim esquecer
a sorte que tenho de poder viver e ser orgulhoso, e desejo, para você, que
um dia você também possa. A vida é muito curta para viver em bolhas.
Espero que você consiga quebrar o seu logo.
E, para responder à sua pergunta, eu vi esse filme. A cena no esgoto
sempre me dá ânsia de vômito. Não acho que haja algo que eu queira tanto
que rasteje por quilômetros de merda e mijo por isso. Além disso, por favor,
me chame de Wilder, como o Sr. Welles me faz pensar em meu pai e seu
bigode crescido ... e algo pessoal para você, já que você foi tão aberto
comigo, ‘Jake’ é a única pessoa que teve permissão para me chamar Wild
Wilder
6 Halfling é outro nome dado a raça fictícia hobbit, criada por J.R.R. Tolkien. É uma raça humanoide fictícia
que ocasionalmente é encontrada em histórias de ficção e jogos. Muitas das vezes são similares aos humanos,
exceto pelo seu tamanho.
—Ele mandou um e-mail de volta?— June estava muito animada com
minha correspondência de madrugada.
Rasguei meu croissant ao meio e coloquei no prato de June. —Por que ele
o faria?
—Como você terminou a carta?— ela perguntou, retirando a embalagem
de um pacote de geléia.
—Eu disse a ele obrigado e feliz aniversário.
Ela fez uma pausa. Sua faca de plástico, coberta com geléia de morango,
pairava sobre a massa. —Você nunca me disse que era aniversário dele.
—Faz diferença?— Eu perguntei, irritado com todas as suas perguntas. Ela
estava tornando isso um problema maior do que precisava ser. —Isso não é
grande coisa.
June encolheu os ombros. —Um completo estranho lhe envia um e-mail
para agradecer por escrever um personagem com o qual ele se identifica. Jake
sendo o referido personagem, também conhecido como Jax, o cara que obliterou
seu coração, transformou você no homicida insensível que você é, um estranho
que, devo acrescentar, está reconhecidamente no armário também, e você não se
sente pelo menos desencadeado por isso?
—Nem um pouco,— eu menti, tomando um gole da minha xícara de café
para esconder minha expressão facial. June era um detector de mentiras
ambulante. —E eu não sou um homicida.
Ela enxugou as mãos em um guardanapo e estreitou os olhos. —O que
Anders disse?
Merda. Ela era como um cão de caça.
—Eu não contei a ele sobre isso.
— Sério.— Ela sorriu. — Isso é interessante.
—June, você é exaustiva.— Exalando, perguntei: —Por que eu contaria a
Anders que respondi a alguns emails de fãs? Não é grande coisa, então corte a
merda. Você não tem que começar a trabalhar? Não há alguns bebês que
precisam nascer hoje?
—Meu turno só começa em meia hora.— Ela brincou com o barbante
pendurado em sua xícara de chá.
—Ótimo.— Eu dei a ela um sorriso largo e falso, e ela jogou um pacote de
açúcar em mim. —Jesus, temos doze anos agora?
—Wilder, eu conheço você há cinco anos. E eu sei quando algo está
errado.
—Eu nunca deveria ter feito amizade com você. Eu deveria ter saído da
Taça e da Pena e nunca olhado para trás. — Eu chutei o pé dela de brincadeira
por baixo da mesa. —Você não tem sido nada além de um pé no saco desde
aquele dia.
Ela bufou. —Eu era seu barista favorito, não minta.
—Este é exatamente meu ponto. Eu nunca deveria ter ajudado você a
estudar durante a escola de enfermagem. Eu poderia estar bebendo meu café com
leite favorito agora. Você sabe que isso sempre me ajudou com o bloqueio de
escritor?
—Você não pode me distrair com lisonjas. Diga-me o que está
acontecendo com você e Anders? — Seu humor se desvaneceu.
Eu poderia tentar desviar o dia todo, mas June era inteligente demais para
isso. É por isso que a amei. Ela trabalhou seu caminho na escola de enfermagem
sem pedir esmolas. Os pais dela, como os meus, decidiram que preferiam não ter
filhos do que ter um gay. Claro, eu a ajudei com química, mas ela se formou com
honras porque tinha estourado o traseiro. Agora ela trabalhava em trabalho de
parto, e se eu pudesse ter um bebê, não deixaria mais ninguém no quarto além
dela. Ela era mais do que minha melhor amiga. Ela era como uma irmã para mim,
e é por isso que eu sabia que sempre poderia confiar nela, mesmo com coisas nas
quais não confiava em mim mesmo.
—Eu não acho que deveria estar mais com ele,— eu admiti.
—Como agente ou namorado?
—Ele nunca foi meu namorado.— Ela me encarou com um olhar
impaciente. —Como um cara com quem eu durmo. Eu sempre me sinto uma
pessoa horrível quando estamos de novo. Ele quer uma cerca branca e eu não ...
—Sobre Jax, oh, eu sei.
Foi a minha vez de fulminar. —Eu não estou pronto. Não estou apto para
um compromisso tão grande. Tudo está finalmente acontecendo para mim. Quero
aproveitar e não preciso me preocupar com os sentimentos que podem ser feridos
ou com qualquer outra coisa agora.
—Anders não é certo para você de qualquer maneira.
Havia um ponto oco embaixo do meu esterno que desejava ser preenchido
por outra coisa que não o arrependimento. —E se eu nunca encontrar de novo, o
que eu tinha com Jax antes de tudo cair na merda?
—Você vai. Pode nunca ser o mesmo que Jax, mas quem diz que tem que
ser. Ame quem você quiser, apenas dê a si mesmo uma chance de sentir isso. —
Ela estendeu o braço sobre a mesinha e deu um pequeno aperto na minha mão.
—Desculpe, eu trato você como meu pai substituto às vezes.
—Nós formamos nossas próprias famílias, você sabe disso.— A expressão
de June escureceu.
—Os pais de Gwen ainda estão incomodando você?
—Eu honestamente não sei o que os incomoda mais. Que eu sou negra ou
que a filha deles é lésbica —. Ela puxou a carteira da bolsa e a abriu.
Ela jogou uma nota de vinte na mesa quando perguntei: —O que Gwen
disse?
June riu. —Ela disse foda-se.
—Amém.— Eu levantei minha xícara e ela fez o mesmo, batendo-os
juntos em solidariedade.
—É melhor eu ir. —June puxou a bolsa sobre o ombro enquanto se
levantava. —É melhor você me dizer se aquele cara lhe enviar um e-mail de
volta.
—Ele não vai me enviar um e-mail de volta.
—Mas você quer?
—Vá trabalhar.
Ela cantarolou. —Uhum.
—Você realmente é um pé no saco ...
—Eu sabia que você queria que ele fizesse isso,— ela disse enquanto se
virava para sair. —Estou sempre certa, Wilder.— June acenou por cima do ombro
ao abrir a porta da frente da cafeteria e entrar na manhã quente e úmida de
Atlanta.
Ela era sempre certa. Eu queria que ele me mandasse um e-mail de volta.
Mesmo que isso significasse que eu teria que ressuscitar alguns dos meus antigos
fantasmas.
Jax
Eu me preocupava se Chuck tinha algum bom senso. Ele dobrou a esquina
mais rápido do que qualquer pessoa em sã consciência faria, fazendo com que as
ferramentas na carroceria do caminhão de trabalho chacoalhassem. Hudson
baixou a janela do passageiro e cuspiu, o líquido marrom cobrindo a janela
traseira onde eu estava sentado.
—Você é nojento—, gritei no rádio.
Com Chuck no banco do motorista, geralmente havia uma banda de rock
dos anos oitenta saindo dos alto-falantes. Hoje não foi diferente. Hudson riu e
puxou um maço de tabaco de mascar da bochecha, virando-se na cadeira e disse:
—Quer um pouco?
—Jogue esse lixo pela janela.— Recusei-me a jogar em suas besteiras.
Ignorando suas travessuras, concentrei-me no borrão verde da paisagem
lá fora. Eventualmente, ele se virou e enfiou a massa de volta na boca. Trabalhar
com esses caras todos os dias começou a me desgastar. O fedor do BO7 era
insuportável. Não ajudou que tudo o que Chuck tinha comido no almoço
cheirava a ovos podres. Acrescente a isso, todas as curvas bruscas que ele estava
dando, não era de admirar que meu estômago estivesse doente. Pelo menos foi o
PARA: [email protected]
Wilder
Posso pensar em algumas coisas pelas quais vale a pena rastejar
pela merda e mijar. A liberdade está no topo da lista. Já estou preso dentro
de uma cela de algumas maneiras, e se houvesse uma maneira de escapar,
nadando no esgoto e tudo, eu o faria. Mas não devo tomar mais seu tempo.
Obrigado por responder a minha mensagem. Estou muito feliz que seu
agente não o fez, porque acho que realmente precisava ouvir o que você
tinha a dizer. Melhor aniversário de todos.
Se cuide,
Jordan
PARA: [email protected]
Jordan
PS: Acho que a teoria queer pode ser aplicada a muitas obras de
ficção. Principalmente fantasia. Acho que é importante desafiar a natureza
heteronormativa do mundo em que vivemos. Sam e Frodo também. Não se
atravessa Mordor simplesmente (como eu fiz lá?) Para qualquer um. O
amor de Sam por Frodo é infinito. Além disso, você não está ocupando meu
tempo. É legal falar sobre outra coisa além da contagem de palavras.
Wilder
DE: [email protected]
PARA: [email protected]
Jordan
PARA: [email protected]
Sinto muito pelo seu pai. Meus pais me renegaram no ano passado,
e eu não poderia me importar menos. Mas, ao mesmo tempo, se um deles
morresse ... Eu ficaria muito fodido com isso. Veja, eu também tenho meus
próprios problemas para resolver. Falando em problemas, e quanto a essa
‘coisa’ dentro de você que você acha que é tão difícil para sua família
entender? Isso soa um pouco como auto-aversão para mim. Você poderia
estar projetando? Empurrando suas próprias coisas para sua mãe? Parece
que você e sua família passaram por muita coisa juntos. E isso é uma merda
sobre o seu irmão. É tudo tão triste, na verdade. Posso ver por que você tem
medo de agitar as coisas. Parece que você também tem medo de perder a
permanência, mas mais por seu irmão e sua mãe do que por você mesmo.
Você lhes dá estabilidade. Manter uma família unida não é uma tarefa fácil.
Mas por que você acha que o fardo disso só deveria recair sobre você?
Posso estar exagerando quando digo isso, mas é mais do que apenas um
pequeno sacrifício fingir seu caminho pela vida.
Não posso te dizer o que fazer, mas espero, de alguma forma, que
essa conversa tenha ajudado um pouco. E não se preocupe, você não está
despejando. Honestamente, eu sei que isso parece estranho, mas gosto de
como tudo isso parece familiar, é como se você não fosse um estranho para
mim em primeiro lugar.
PS: Faça uma pesquisa na Internet sobre a teoria queer. Você pode
me agradecer depois. Eu também ouvi isso sobre Tolkien. Mas eu me
pergunto se seu editor inventou isso para esconder o fato de que Frodo e
Sam estavam realmente apaixonados. O amigo de guerra era sua capa.
Pronto, o que eu disse?
Wilder
Wilder
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PARA: [email protected]
Wilder
Não tenho dúvidas de que meu pai é o motivo pelo qual estou
distorcido por dentro. E por que tenho tanto ódio por quem eu quero ser
contra quem eu sou. Há uma grande chance de minha mãe não aceitar
minha atração por homens também. Ela é uma boa pessoa, mas amava meu
pai. Ela ainda vai para a mesma igreja que ambos frequentavam todos os
domingos. Ele se foi há quase uma década, mas às vezes parece que ele
ainda está lá, sentado em sua poltrona, julgando tudo que eu faço. Eu quase
disse para ele e minha mãe, mas isso parece uma outra vida.
Jordan
PARA: [email protected]
Jordan
9Fundada em 1998 por Mike Becker, a empresa foi originalmente concebida como um pequeno projeto
para criar vários brinquedos de baixa tecnologia e temas nostálgicos. O primeiro bobblehead fabricado pela
Funko foi o ícone de publicidade do restaurante Big Boy.
prosperou no papel patriarcal, e que o que ele disse era a lei da terra. Sua
mãe também devia estar com medo dele. Dê a ela uma chance de provar
que você está errado. Você disse que já teve um namorado uma vez? Eles
não faziam ideia. Você ficaria surpreso, muitos pais já sabem que seus
filhos são gays.
E obrigada pela oferta de chutar a bunda dos meus pais (ou será
que é?), Mas você terá que entrar na fila. A maioria dos meus amigos já
jurou fidelidade a mim. Eu sei que deveria estar mais fodido com isso, e
provavelmente estou reprimindo algum colapso emocional muito
necessário que inevitavelmente vai me morder na bunda mais tarde, mas
agora eu realmente não dou a mínima para eles. Sua perda. Eu não preciso
deles, nunca precisei e nunca irei.
Outra coisa, não sou tão inteligente. Existe este livro, chamado
‘Problemas de gênero’ por Judith Butler. Ela é como a mãe da teoria queer,
e juro por Deus, não entendo uma palavra disso. Ah, e vou precisar de um
link para esta versão da Cinderela. Minha amiga June morreria para ler
isso.
Durma bem
Wilder
PS: Admito que Rosie poderia muito bem ser uma capa. Mas e se
Sam fosse bissexual?
PARA: [email protected]
Wilder
Tenho pensado muito sobre o que você disse, e talvez minha mãe
fosse mais tolerante do que eu acreditava. Meu pai era muito controlador
comigo e com meu irmão. Provavelmente era a mesma coisa com ela, mas
eu não percebi porque estava muito envolvido nas minhas próprias merdas.
E sim, eu tinha um namorado. Ele era tudo para mim, mas eu estraguei
tudo. Meus pais não faziam ideia. Eu sou um livro bem fechado. E não
tenho certeza do que é um Funko Pop, mas você pode ficar com eles. Não
estou prestes a sair para a minha mãe ainda, ou em breve. Talvez eu
pudesse dizer algo ao meu irmão, mas ele provavelmente diria à minha
mãe sem querer. O que você disse, sobre se preparar, apenas no caso de
tudo dar errado, eu quero isso. Preciso encontrar meu próprio equilíbrio,
minha própria estabilidade, e então talvez sair não seja tão difícil. Pelo
menos não com minha família. No trabalho? Isso pode nunca acontecer.
Como você faz isso? As pessoas são idiotas o tempo todo? Eu admiro
o quanto você não dá a mínima. Você é forte e, sim, incrível. Você é
talentoso, Wilder, e eu não me importo quem é aquela Judith, mulher de
gênero, você é inteligente como o inferno. Seu livro sozinho prova isso.
Jordan
PS: Nunca pensei que Sam fosse bi. O que faz sentido. Talvez ele não
tenha percebido até sua viagem pela Terra-média. Isso é um inferno de um
chamado de despertar.
PPS Você pode enviar emojis de piscadela. Eu não vou te julgar ...
muito.
PARA: [email protected]
Espero que você me perdoe por compartilhar com ela, mas prometo,
de agora em diante, o que falaremos é só entre nós. Ah, e ela agradece pelo
Cinderela história.
PARA: [email protected]
Jordan
PARA: [email protected]
Por que não deveria me desculpar com você ‘de todas as pessoas?’
Wilder
DE: [email protected]
PARA: [email protected]
Jordan
PS: Qual aplicativo de namoro você usa? Ou isso é muito
intrometido?
PARA: [email protected]
Jordan
E pelo que parece, esse cara Ethan pode estar a fim de você.
Lembre-se, você é um autoproclamado. Você pode não notar todos os sinais
que ele está enviando. Tenho uma tarefa para você, bem, um casal, na
verdade. Primeiro, da próxima vez que você vir esse seu Ethan, reserve um
tempo para notá-lo. Eu garanto a você, se ele está a fim de você, você
saberá. Em segundo lugar, preciso que você pesquise o maior número
possível de brinquedos sexuais e informe de volta. Isso é emocionante, você
é como um pequenino bebê gay, abrindo suas asas de adulto. Posso te
chamar de meu precioso?
Wilder
PARA: [email protected]
Wilder
Até já.
PARA: [email protected]
Meu precioso!!
Wilder
PARA: [email protected]
Como é que você sabia que Ethan era gay antes de mim, e você nem
mesmo o conhece? Como sou tão estúpido?
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
Homofobia internalizada.
PARA: [email protected]
Além disso, preciso do sobrenome de Ethan ... você sabe ... para
pesquisar.
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
ASSUNTO: Educação?
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
DE: [email protected]
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
Até mais,
Jordan
PARA: [email protected]
Jordan
Como foi a consulta do seu irmão? Deu tudo certo?
Wilder
PARA: [email protected]
Wilder
Jordan
PS Eu gostaria que fosse mais fácil falar com você. Talvez um dia
possamos conversar cara a cara.
PARA: [email protected]
470-555-5784
DE: [email protected]
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
PARA: [email protected]
Não... Quer dizer, talvez. Se você estivesse sóbrio, não teria me dado
seu número. Esse é um tipo de informação pessoal. Três semanas atrás, você
pensou que eu poderia ser um assassino em série.
PARA: [email protected]
Wild
Meu coração não devia ficar tão animado com uma mensagem de texto.
Fechei meu laptop e o coloquei na mesa de cabeceira. Meus polegares se
moveram rapidamente sobre a tela de toque do meu telefone, adicionando Jordan
aos meus contatos.
Eu: Não estou tão bêbado. Percebi que isso é mais fácil do que e-
mails.
Eu: Quem sabe? Talvez em algumas semanas possamos usar o
FaceTime. Oh, as possibilidades.
Jordan: O que você quis dizer quando disse que a assinatura foi
estranha?
Jordan: Você é importante para eles. Você fala sobre livros o tempo
todo. O que você acha desses livros é como eles se sentem em relação aos
seus. Por que isso?
Jordan: PA?
Jordan: Eu não deveria ter bebido água quando li isso. Eu devo ter
inalado.
Eu: TMI?
Jordan: Isso significa que você ...
Eu: Eu?
Eu: Pensei ter falado sobre Anders. Por quê? Você está com ciúmes?
Eu não esperava essa resposta. Essa coisa que tínhamos juntos era
diferente. Eu estava flertando e ele geralmente dançava em torno disso. Não
houve uma ameaça de intimidade além de compartilhar nossos pensamentos e
idéias. Depois de Jax, lutei para confiar em alguém. Anders foi a coisa mais
próxima que eu tive de um relacionamento real em nove anos. A distância física
entre Jordan e eu tornou mais fácil para mim ser eu mesmo. Eu nem sabia seu
sobrenome ou a cidade exata em que ele morava e queria manter assim. Apesar
de tudo, não pude deixar de querer saber sua resposta.
Jordan: Não deveria me deixar com ciúme, mas faz. Mas estou
acostumado a querer coisas que não deveria.
Jax
Encostei-me na cabeceira da cama e olhei para o meu telefone,
preocupado por ter bagunçado tudo com uma mensagem. Antes que ele pudesse
responder, enviei outra mensagem. Uma desculpa total.
Meu estômago se agitou. A ideia de ele fazer sexo com um cara qualquer
que ele acabou de conhecer me deixou nauseado. Com ciúmes. Irritado. Não pude
escolher um. Eu estava um caco de todos os três. Mas ele ainda não precisava
saber disso. Não ajudou o fato de eu ter minhas próprias memórias de nós. Eu de
joelhos por ele. Um relato em primeira mão de como foi vê-lo perder o controle.
As memórias dele vívidas o suficiente para que eu pudesse sentir o puxão
doloroso de seus dedos em meu cabelo.
—Cristo,— eu sussurrei baixinho, irritado com meu cérebro hiperativo e
a ereção que eu estava crescendo em meu short de ginástica.
Wilder: Mais.
Eu: Eu estava brincando antes quando disse que você estava louco,
mas agora ...
Wilder: Imagine isso. Você está na loja de ferragens, sozinho com
Ethan.
Eu: Pare.
Wilder: O quê?
Eu ha. Ha.
Meu estômago doía de tanto rir. Se minha mãe ou Jason já não estivessem
dormindo, eles provavelmente pensariam que eu finalmente perdi o controle.
Eu: Eu não sou tão fofo.
Eu Muito obrigada.
Eu: Sobre?
Wilder: Mas acho bom não saber. Assim posso escolher sua
aparência. Estou imaginando você como o ator que interpretou Pippin em
SdA.
Eu: Sempre.
Jordan: Ou piorar?
E ele fez. Puxei o canto do meu lábio com os dentes, meus dedos batendo
na parte de trás do meu telefone. Eu estava empolgado e curioso como o inferno.
Jordan: Meu chefe está indo para Marietta para verificar um projeto
que ele pode assumir, e acho que vou levá-lo.
Ouvi June e Gwen conversando na outra sala e lembrei que não tinha o
dia todo para pensar nisso. Achei que meu texto era neutro o suficiente. Eu não
queria que ele pensasse que assumi que um encontro era inevitável. Mas
enquanto eu me sentava, olhando para o meu telefone, assistindo aqueles três
pontos dançarem, eu percebi que queria conhecê-lo. Eu queria conhecer esse
cara de quem mal podia esperar para ouvir todos os dias. Esse cara que deu tudo
de si para ajudar a mãe e o irmão deficiente. Um cara que entendia o sacrifício e
o amor incondicional, mas nunca esperava isso em troca.
Jordan: O que você acha?
Eu: Ontem à noite você disse que o FaceTime iria estourar nossa
bolha.
Jordan: Grande.
Pode ser uma má ideia. Ou pode ser o melhor. De qualquer maneira, meu
coração estava batendo a um milhão de milhas por hora, meu peito subindo e
descendo enquanto eu tentava acalmar minha respiração e digitar.
Jordan: Claro.
Eu Talvez.
Eu: Você não pode ser tão horrível. Um cara tão gostoso como Ethan
não estaria a fim de você de outra forma;)
—Wilder Welles. Se você não tirar sua bunda magrinha daqui, vamos
embora sem você —, gritou June.
—E nós levaremos seu Sauron Funko Pop conosco.— Gwen tentou parecer
zangada, mas sua risada escapou pela porta fechada do escritório.
—Quase pronto,— eu gritei. —E se você tocar na minha merda, eu juro
por Deus ...
Eu: Quando June está com fome, o mundo deve parar e se curvar a
seus pés.
Eu: Tem um café chamado Cup and Quill. Fácil de encontrar se você
tiver GPS. Sábado funciona para você?
Jordan: Terei que ver como está minha agenda enquanto estivermos
lá e avisar você. Mas um café parece bom.
Eu: É um encontro.
Eu bufei.
Eu: Deveria. Jim tem alguns papéis que precisa fazer depois de
darmos uma olhada na casa no sábado de manhã. Devo estar livre por volta
das cinco.
Eu fofo.
Wilder: Dã.
Wilder: estranho.
Eu: eu sei.
Eu: eu vou.
Quando olhei para cima do meu telefone, peguei Ethan olhando para
mim. Sua mão pairou sobre a caixa de isca, como se ele estivesse prestes a
alcançá-la, mas algo chamou sua atenção. Aparentemente, esse algo era eu.
—Dando um tempo?— ele perguntou, alcançando e pegando um verme.
Eu me levantei, limpando a grama da parte de trás do meu short e apontei
para o céu. —Está muito calor. E eu não sou grande em pesca, se você quer a
verdade.
Ethan desviou o olhar para o meu irmão por um breve segundo. —Mas
Jason é?
Eu balancei a cabeça enquanto me aproximava dele, seu cheiro me
pegando desprevenido. Ele cheirava a protetor solar e sabonete masculino
misturado com suor. Eu inalei mais profundamente antes de falar. — Sim. Ele
costumava pescar o tempo todo com meu pai.
—Nunca soube.
—Meu pai e eu não éramos tão próximos—, admiti, e isso me
surpreendeu. Eu geralmente não falava com as pessoas sobre minha vida. Bem,
além de Wild.
—Desculpe, eu não queria bisbilhotar.
— E não fez. Não é um grande segredo. Jay era o prodígio do meu pai no
basquete. Só joguei porque gostava, não porque fosse muito bom nisso.
—Sempre achei você ótimo—, disse ele.
Seu comentário me pegou desprevenido.
—Sério?
— Sim. Eu costumava ir aos seus jogos.
— Quando?— Eu pressionei, gostando de como ele corou até a ponta das
orelhas.
—Escola de ensino fundamental.— Sua risada foi rouca. —Você era um
veterano. Eu e meus amigos íamos a todos os jogos em casa. Lembro-me de que
Jason costumava sentar-se na primeira fila e gritar para os árbitros com seu pai.
Eu podia ver a memória como se fosse exibida em uma tela diante de mim.
—Isso parece outra vida.
—Você pode ter sido minha primeira paixão—, disse ele, olhando por
cima do ombro para o rio como se ele não tivesse acabado de sair para mim da
maneira mais flerte e descontraída possível. Seu sorriso era tímido quando seus
olhos encontraram os meus. —Obrigado… por me defender outro dia. Aqueles
caras com quem você trabalha ...
—São uns idiotas,— eu disse. —Eles não deveriam dizer merdas assim.
—Eu tenho pele grossa.— Ele deu de ombros e admirei sua autoconfiança.
Acenando em direção ao rio, ele mudou de assunto. —Quer tentar novamente?
Não está tão quente agora que a brisa aumentou um pouco.
Eu me certifiquei de não olhar para seu peito, ou sua boca, ou o filete de
suor escorrendo por sua garganta. Eu fiz o que fiz de melhor. Eu balancei a
cabeça, reprimindo qualquer sinal de desejo, qualquer esperança de acabar com
alguém como Ethan, ou Wild, ou o pensamento de que eu poderia realmente ter
uma chance um dia de algo bom.
—Tem certeza que não quer pegar algo para comer?— Jim perguntou
quando entramos no estacionamento do hotel.
—Eu preciso dormir um pouco.
—Obrigado por dirigir ontem. E hoje. —Ele riu quando desliguei a
ignição.
Eram quatro e meia e eu ainda precisava tomar banho e dirigir trinta
minutos até o parque Ansley. Eu não estava com humor para conversa fiada. Este
foi o dia mais longo da merda da minha vida. Meu estômago, vazio, retorceu-se
em nós. Não conseguia nem pensar em comer nada.
—Sem problemas,— eu disse e abri a porta da caminhonete.
O saguão do hotel estava cheio quando entramos. Jim sorriu e acenou
para uma garota atrás do balcão.
—Ela é bonita,— ele sussurrou, apertando o botão do elevador. —Você
deveria convidá-la para jantar com você.
—Duvidoso— Eu hesitei. —Mas eu posso pegar o caminhão para pegar
um pouco de comida mais tarde, se estiver tudo bem?
—Claro, garoto.
Pegamos o elevador juntos para o terceiro andar. Quando as portas se
abriram, saímos. —Se você sair, não se atrase, temos que nos encontrar com os
proprietários por volta das oito e meia de amanhã.
—Eu estarei pronto, Coop.
—Vejo você de manhã—, disse ele, e se dirigiu para o corredor.
Uma vez que eu estava no meu quarto, exalei a tensão que estive
segurando o dia todo. Tirei minha calça jeans e camiseta suada e tomei o banho
mais longo que pude com o tempo que tive. Raspei o rosto, escovei os dentes,
tentando o tempo todo manter minha mente entorpecida. Eu segui os movimentos
como se fosse qualquer outro dia. A única diferença era que eu realmente tentei
fazer algo com meu cabelo loiro. Eu comprei algum tipo de coisa de estilo na
noite passada na pequena loja de conveniência do outro lado da rua. Corri um
pouco pelos fios molhados e deixei secar ao ar como as instruções sugeriram. Eu
vesti o melhor par de jeans que eu trouxe e uma camiseta azul clara. Eu encarei
meu reflexo no espelho e comecei a me questionar. O que diabos você veste para
conhecer o cara por quem esteve apaixonado nos últimos nove anos e para quem
mentiu no mês anterior? Não tive a chance de pensar nisso porque o alarme do
meu telefone disparou.
—Merda. Eu tenho que sair daqui.
Peguei meu relógio, coloquei meu Converse surrado e peguei minha
carteira, chaves e telefone da mesinha de cabeceira. Eu ignorei a onda de medo
em meu pulso. Não pensei em como tudo isso poderia explodir na minha cara.
Como eu poderia destruir Wild novamente. Não permiti que minha mente
viajasse além de cada segundo individual que passava. Até eu entrar na
caminhonete. Até eu estar na interestadual. Até que eu estava estacionado em
frente ao Cup and Quill.
Até que o vi.
Wild desceu a calçada lotada em direção à minha caminhonete,
preocupado com o zumbido da cidade ao seu redor. Seu cabelo escuro mais longo
em cima, os cachos macios caíam preguiçosamente sobre sua testa. Ele era mais
alto do que eu me lembrava, em jeans skinny preto com buracos nos joelhos. Sua
camiseta branca, pendurada em ombros largos, ligeiramente dobrada na frente
sob o cinto. Sua pele pálida como creme, contra olhos castanhos escuros
emoldurados por cílios negros pesados e delineador. A linha suave da mandíbula
que eu costumava beijar era angular e afiada. Seus dedos delicados enquanto ele
puxava um telefone do bolso de trás. Os últimos nove anos o transformaram em
algo além do que eu tinha imaginado, ou para o que uma imagem poderia ter me
preparado. Ele era exatamente como eu me lembrava e tudo que eu nunca
saberia, mas Deus, eu queria, porra. Todos aqueles segundos que eu consegui
passar para chegar a este ponto, os anos, o arrependimento, a vergonha, somados
a este carimbo de tempo.
Cinco cinquenta e oito.
Deus. Ele estava estacionando. Ele já estava aqui em algum lugar? Dei
uma olhada superficial ao redor da sala. Havia um cara alto parado sozinho,
encostado na parede com a mão no bolso. Engoli em seco, tentando dar uma
olhada melhor, quando uma garota deslizou ao lado dele. Ele se inclinou e beijou-
a. Definitivamente, não Jordan.
—O que eu posso fazer por você? —perguntou o barista, desviando
minha atenção da sala.
—Posso pegar um Sambuca Café Ole?
—Você queria o Sambuca misturado ou como uma dose?
Escolha difícil. Por mais atraente que os tiros parecessem agora, eu
precisava estar sóbrio. Pelo menos um pouquinho. A noite era jovem.
—Homogêneo.
Depois de pagar, tentei me concentrar na música leve. Ansioso, esperei
pela minha bebida perto do balcão de pick-up. Acenando com a cabeça ao ritmo
lento da música, examinei a sala novamente. Jordan poderia ser qualquer um
desses caras sozinho. Havia um loiro fofo parado perto da porta da frente, mas ele
não parecia o tipo de trabalhador da construção civil. Não que eu soubesse o que
diabos era isso. Mas eu presumi que alto e delicado não estava certo. Essa coisa
toda me fez sentir constrangido. Algo a que eu não estava acostumado. Ele estava
me observando? E se ele nunca aparecesse? Um terno com cabelo grisalho sorriu
para mim e eu me encolhi, desviando o olhar o mais rápido possível.
—Wilder,— uma voz de homem chamou, e eu me virei um pouco rápido
demais e corri para a garota que estava ao meu lado.
—Oh meu Deus, me desculpe,— eu disse, agarrando suas mãos para
ajudar a estabilizar sua bebida. O café derramou nos meus dedos.
—Tá tudo bem.— Seu tom foi seco e percebi que ainda estava segurando
suas mãos.
Eu imediatamente me soltei, me desculpando novamente. Desta vez, seu
sorriso foi genuíno e ela me entregou seu guardanapo. —Não se preocupe com
isso,— ela disse e foi embora.
O barista chamou meu nome novamente enquanto colocava meu café no
balcão. Limpei minhas mãos e joguei o guardanapo no lixo. Eu estava uma
bagunça. A caneca de cerâmica estava cheia até a borda. Praticamente
transbordando, eu o peguei. Com mãos decididas e cuidadosas, levei-o aos lábios,
tomando um gole grande o suficiente para um, me acalmar, e dois, para evitar
que eu derramasse nesta camiseta de designer cara demais. Lambi o gosto de
alcaçuz e creme de meus lábios e fiz meio caminho de volta para a mesa sem
incidentes quando o ouvi dizer meu nome.
—Wild?
... Esse tom! Profundo e áspero. Os cabelos da minha nuca se arrepiaram
quando uma onda de arrepios explodiu na minha espinha.
—Wild?
Aquele sotaque sulista inconfundível.
Por uma fração de segundo, pensei que tinha imaginado. Imaginei o
puxão repentino dentro do meu estômago. E na sala lotada, como se um fio nos
tivesse conectado todo esse tempo, ele me puxou para dentro. Meus olhos
encontraram os dele e perdi o controle sobre a caneca de café. Meus dedos, muito
fracos, meu aperto tão oco quanto o ruído branco rugindo em meus ouvidos. Em
choque, minha mente foi incapaz de processar que Jax Stettler estava parado a
menos de três metros de mim quando a cerâmica caiu no chão de concreto. A
música tinha escolhido aquele momento para terminar, e talvez eu tivesse jurado,
ou talvez Jax tivesse, mas ele deu um passo à frente e estendeu a mão em minha
direção. Eu recuei, olhando ao redor da sala em um mar de rostos, desejando o
dele.
Ele se abaixou para pegar a caneca quebrada quando um funcionário
apareceu com uma vassoura e um balde. —Eu cuido daqui.— Ela deu a Jax um
sorriso tranquilizador. —Vocês podem pegar uma mesa se quiserem. Enviarei
alguém para anotar seu pedido.
De pé, ele disse: —Obrigado.
Jax deu um passo lento, me observando com olhos verdes cansados. —
...Oi.
Como vou saber que é você?
Eu direi.
Não.
Eu não poderia ser tão estúpido.
—O que você está fazendo aqui,— eu perguntei, minha garganta seca e
minhas mãos tremendo. Eu os fechei em punhos ao meu lado. Minha confiança
usual murcha sob o peso de seu olhar. —Não posso acreditar que você esta aqui.
—Você quer se sentar? —Ele perguntou.
O músculo em sua mandíbula pulsou quando eu não respondi
imediatamente.
—Eu não sei...— disse eu.
Eu estava lutando. Todas as palavras e perguntas que eu estava segurando
nos últimos nove anos queriam voar pelos meus lábios ao mesmo tempo. Por que
você está aqui? O que aconteceu? Você está bem? Você sabe o quanto você
significou para mim? Quanto tempo eu esperei por você? Como estou quebrado?
Ele tinha razão. Parado na sua frente. Mais alto e maior, seus ombros
puxando sua camisa azul claro apertada contra seu peito, revelando músculos
definidos por baixo. Seu cabelo também estava mais comprido, louro e
despenteado. Cristo, ele parecia bem. Ele não tinha o direito de aparecer aqui
assim, parecendo que os anos, a distância que ele forçou entre nós, não o havia
tocado em tudo.
—Vamos sentar, certo?— Ele se inclinou e pude sentir o cheiro de seu
sabonete.
Isso não mudou. O cheiro fresco e limpo abriu um banco de memória que
pensei ter excluído permanentemente.
Sua cabeça no meu peito. Seu cabelo espanando a parte inferior do meu
queixo. A ponta do meu nariz em sua coxa. Suas mãos em meus quadris. Seus
lábios no meu pescoço. O peso de seu corpo nas minhas costas. A sensação de
suas costelas sob meus dedos. Sua respiração na minha bochecha. Seus lábios
entreabertos pairando sobre os meus.
Eu não conseguia respirar.
—Eu... Eu não posso.— Minha pele estava quente, meus olhos queimando
com lágrimas embaraçosas e indesejadas. —Merda...— Eu murmurei, e meus
olhos se fecharam. Eu apertei minha mandíbula e abri meus olhos. —Estou
esperando alguém.
—Eu sei—, disse ele, mas parecia que estou arrependido.
—Você sabe?
Horrorizado, tudo ficou claro como cristal.
Jordan
Michael Jordan. O jogador favorito de Jax.
Tudo isso começou no aniversário dele. O aniversário de Jax.
—Você é… Jordan, —eu disse, recuando ainda mais.
—Me dá uma chance pra explicar.
Sinto muito pelo que Jake fez com você. Embora eu tenha certeza de que
ele tinha seus motivos, isso não torna o que ele fez menos terrível ou certo.
As bordas da sala estavam confusas, minha cabeça girando. Isso não
poderia ser real. Aquilo não estava acontecendo. Tudo sobre o que conversamos.
Eu confiei nele. A raiva substituiu a confusão pela compreensão de que o mês
anterior não passara de uma mentira. Uma brincadeira cruel. Eu devia saber. Eu
deveria ter visto tudo isso. Por que ele faria isso? Eu não acho que Jax tinha o
poder de me machucar mais do que ele já tinha. Parece que me enganei.
A humilhação azedou em meu estômago. —Acho que eu tô enjoado...
Passei por ele, meu ombro tocando seu braço, enquanto me movia pela
sala. Eu não ouvi ou vi nada. Tudo era um borrão colorido enquanto eu
caminhava para o banheiro. Graças a Deus estava vazio. Abrindo a torneira, vi
meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam vermelhos e arregalados. Sozinho,
eu me permiti quebrar. Baixei a cabeça, incapaz de olhar para o meu rosto e
deixar as lágrimas caírem. Eu me preparei na beira da pia, deixando a raiva
ferver enquanto gritei forte o suficiente para minha garganta doer. A música
estava alta demais para alguém me ouvir. Jogando minha cabeça para trás, eu
olhei para o teto. Eu queria dar um soco em algo. Seu pai realmente morreu? E o
irmão dele ... Eu sabia que a vida familiar de Jax era uma merda, mas ele
realmente inventaria tudo isso? E para quê, me machucar? Eu sangrei o suficiente
por nós dois.
Baixei meus olhos para o espelho enquanto ele entrava pela porta do
banheiro. Olhamos um para o outro através do vidro enquanto ele descansava
suas costas contra a parede, suas bochechas tão molhadas quanto as minhas.
—Algo disso era verdade?— Eu perguntei e fechei a torneira.
—Tudo isso—, disse ele, seu tom baixo e dolorido. Virei para ficar de
frente para ele. —Tudo que eu disse a você ... é tudo verdade. Tudo, exceto meu
nome.
—Seu pai morreu?
Ele balançou a cabeça. —Eu ia contar a ele sobre nós durante as férias.
Imaginei que se ele estivesse chateado, ele pelo menos esperaria até depois do
Natal para me expulsar, e então talvez até então ele teria a chance de se acalmar.
Mude de ideia, —Mais lágrimas escorreram por seu rosto e isso me destruiu. Mas
sua traição foi uma faca nas minhas costas. Fiquei em silêncio e escutei. —Ele
levou Jason para pescar, mas bebeu muito, e com a chuva naquela noite ...— Ele
enxugou os olhos. —Ele dirigiu para o rio. Ele morreu e meu irmão se afogou.
Jason tem sorte de estar vivo. — Com uma risada amarga, ele sussurrou: —Pelo
menos foi o que os médicos disseram.
—Sinto muito.
Eu odiava desculpas. A palavra desculpe não significava nada sem uma
ação para provar isso. Sinto muito, era uma desculpa, um consolo para a culpa.
Não importava se eu sentia pena dele ou não. Não mudou nada. Não tirou o carro
do rio. Não tirou um gole da mão de seu pai. Não quebrou o silêncio em que Jax
me aprisionou por quase uma década.
—E o pior de tudo ...— ele disse, baixando a cabeça. —É que não consigo
afastar o pensamento de que foi minha culpa.— Ele ergueu os olhos injetados de
sangue. —Achei que tudo o que aconteceu foi um castigo pelo que tínhamos feito.
Eu e você estando juntos. O nosso amor. Foi um pecado, e eu tive que pagar por
isso.
Suas palavras foram um tapa forte em meu rosto.
—É por isso que você está aqui?— Eu o acusei e ele se encolheu. —Para
me culpar pelo que aconteceu? Para enfiar a besteira da Bíblia na minha
garganta?
—O quê?— A confusão torceu sua sobrancelha quando ele empurrou a
parede. — Escute.
Eu levantei minhas mãos e odiei como elas tremiam. —Eu não quero ouvir
isso, Jaxon. Você já disse o suficiente. — Dei um passo em direção à porta e ele
agarrou meu braço.
—Droga, Wild, espere um segundo.
—Me solta,— eu exigi, minha voz muito calma, muito baixa.
Um pico de adrenalina correu por mim quando ele não largou seu aperto.
O calor de sua palma embebeu em minha pele enquanto ele me puxava para mais
perto. — Não. Não é nada disso! Wild, estou dentro...
—Você é um mentiroso do caralho.— Tentei me afastar novamente e
falhei. —E você me usou como uma espécie de confessionário doentio ...— Tentei
uma tática diferente e me inclinei, perto o suficiente para sentir sua respiração
em meus lábios. —No mês passado? Essa foi a minha punição? Ou foram os
malditos nove anos em que você me deixou no escuro, me perguntando se estava
vivo ou morto, ou se tinha feito algo estúpido ... — Minha voz falhou, tudo isso,
cada pensamento terrível, cada medo, cada preocupação que carreguei por tanto
tempo correram pelo meu rosto. —Você sabe quantas vezes eu pensei que você
poderia ter se matado, que talvez você não pudesse viver com o que tinha
acontecido entre nós.
Jax deixou cair sua mão, a cor de suas bochechas drenada.
—Fique longe de mim, Jaxon. Eu não preciso do seu tipo de punição. Eu
sei quem eu sou.
Jax
DE: [email protected]
PARA: [email protected]
Wild
Sinto muito, não é suficiente pelo que fiz. Eu sei disso. Mas eu sinto
muito por ter excluído você da minha vida. Sinto muito por fazer você se
preocupar como você fez. Sinto muito por fazer você sentir que não era
tudo para mim. Na noite em que meu pai morreu e Jason se machucou,
tudo o que aconteceu foi grande demais para mim. Não pensei em nada,
exceto em sobreviver a cada segundo, lembrando-me de como respirar. Eu
era jovem e estúpido e me culpava. E como te disse esta noite, pensei que
Deus tinha me castigado por te amar. E tenho lutado com isso todos os dias
desde então.
Eu deveria ter ligado para você naquela noite. Eu deveria ter dito a
você como me senti sozinho e abandonado. Não sou bom com palavras
como você, Wild. Nunca fui e nunca serei. Mas eu sei que o amor que eu
tinha por você nunca se desvaneceu. Naqueles primeiros anos, quando eu e
minha mãe estávamos tentando ajudar Jason, tentando pagar por tudo e
esperando o pagamento do seguro que chegava com meses de atraso,
tentamos nos recompor. Houve momentos em que eu queria morrer,
desejava estar naquele carro em vez de Jason. Eu me odiava, e talvez ainda
odeie.
Quando li seu livro e sobre nós, foi como assistir minha vida, mas
por uma lente diferente. Você escreveu sobre mim como se eu fosse
especial. Como se eu valesse alguma coisa. Pela primeira vez em nove anos,
pensei que talvez não fosse essa coisa sombria e distorcida. Que nosso amor
era bom. E foi ... bom. E entrei em contato com você porque queria dizer ...
você precisava saber. Que seu livro me salvou. Mesmo quando não merecia
ser salvo. Nunca quis continuar escrevendo para você. Nunca tive a
intenção de ir além daquele e-mail. Mas foi difícil deixar você passar de
novo. Eu deveria ter te contado a verdade. Eu deveria ter te dito que era um
covarde. Mas acho que você sabe disso. Eu me arrependo de tantas coisas,
mas machucando você, eu nunca vou me perdoar. Sinto muito por tudo.
Jax
PARA: [email protected]
Wild
Não tenho certeza se você vai ler isso ou se você mesmo leu o outro
e-mail que enviei ontem à noite, mas Jim está dentro do posto de gasolina
pegando uma bebida antes de voltarmos para Bell River, e eu não tenho
muitos Tempo. Queria ter certeza de que você me entendeu ontem à noite.
Tudo o que falamos no mês passado foi real. Tudo. Eu quero estar
confortável em minha própria pele. Esteja feliz e vivo como você. E talvez se
eu não tivesse ficado tão confuso e assustado todos aqueles anos atrás, eu
poderia ter uma chance na vida. Gostaria de pensar que minha vida teria
sido com você, mas agora nunca saberei.
Acho que o que estou tentando dizer é que já pedi desculpas e sei
que isso não muda nada, mas acho que queria agradecer a você também.
Você me ajudou, nas últimas semanas, mais do que jamais saberá ou
provavelmente fará.
Ver você ontem à noite, ver o que perdi, ver o que poderia ter sido,
esse foi meu verdadeiro castigo.
Se cuide,
Jax
Olhei para Ethan por cima do ombro quando abri a porta da geladeira. —
Quer uma bebida?
—Nah, tenho que dirigir para casa.
Peguei duas latas de refrigerante e entreguei-lhe uma com uma risada. —
Eu acho que você aguenta uma bebida.
Ele riu enquanto largava o pano de prato e pegava o refrigerante da
minha mão.
—Você não precisava limpar.— Abri a lata, o som nítido ecoando na
cozinha. —Eu teria feito isso depois que você saiu.
—É a coisa educada a se fazer. Bem, pelo menos, é o que minha mãe
sempre diz.
—E ela está certa,— minha mãe confirmou, seu tom despreocupado me
fazendo sorrir. —Jason está no banho, e Ethan, querido, suas roupas ainda têm
cerca de vinte minutos na secadora. Acho que está na hora de trocar a velha. Ela
não trabalha como antes. — Mamãe olhou para a porta dos fundos. —Por que
vocês não vão sentar na varanda e assistir os relâmpagos.
Eu bufei uma risada e balancei minha cabeça. —O que ela quer dizer é,
saia da minha cozinha para que eu possa limpá-la do jeito que eu quiser.
—Jaxon Stettler, não quero dizer tal coisa.
— Uhum...
Ela acenou com as mãos para nós, basicamente nos enxotando em direção
à porta como duas crianças.
Lá fora, a chuva tinha diminuído para uma garoa, o trovão um ribombar
distante quando saímos para a varanda dos fundos. Estava coberto, mas o ar
estava abafado e denso.
—Eu acho que nossas mães se dariam muito bem,— Ethan brincou.
Ele se encostou na grade ao meu lado. Não muito perto, mas perto o
suficiente para que eu pudesse sentir o cheiro fraco de protetor solar e suor.
—Provavelmente.— Tomei um gole do meu refrigerante e coloquei na
grade de madeira. —Minha mãe é ... determinada em seus caminhos.
—E quem não é?— ele perguntou, e eu pensei ter ouvido uma pitada de
irritação.
A sombra da janela da cozinha desapareceu quando a luz se apagou.
—Acho que você fez um bom trabalho. Ela geralmente fica limpando até
depois que Jay adormece.
—Minha mãe ficaria orgulhosa.— Ele sorriu e deu um gole em sua lata.
—Você mora em casa?
—Mudei-me há alguns meses. Consegui minha própria casa na Deer
Pond Road. Não é muito, mas é meu. — Ele colocou sua bebida na mesa e apoiou
os cotovelos na madeira, olhando diretamente para o vazio escuro do meu
quintal. —Já era tempo.
—Eu sei o que você quer dizer.
Ele me encarou. —Você já pensou em se mudar?
—Às vezes,— eu admiti. —Mas eu não posso deixá-los. Pareceria errado.
—Você já conversou com sua mãe sobre isso?
—Por que eu faria isso? Eu nunca gostaria que ela se sentisse culpada.
—Culpada?
—Sim, se eu falasse com ela sobre a possibilidade de eu me mudar? Ela
pode pensar que me sinto preso.
—Você ... se sente preso?
As perguntas diretas de Ethan deveriam ter me deixado inquieto,
bisbilhotando no espaço pessoal que eu fechei para o resto do mundo.
Era um lugar solitário.
Eu queria falar com alguém, apenas uma pessoa maldita, sobre merda
real, pelo menos uma vez, e estraguei tudo com Wild. A memória dele naquele
banheiro. Suas bochechas molhadas de lágrimas, seus olhos orlados de vermelho
e manchados de preto. Eu fiz isso. Eu o quebrei novamente. Eu estava cansado de
estragar tudo que eu amava, cansado de contar mentiras o tempo todo.
—Às vezes,— eu sussurrei, mais para mim mesmo do que para Ethan. —É
difícil. —Eu engoli, ciente do calor de seu corpo, de como ele se inclinou um
pouco para me ouvir falar, de como seus olhos caíram para minha boca. —Eu
quero coisas para mim e isso me faz sentir egoísta.
—Não há nada de egoísta em querer viver uma vida que é sua.
Pode ter sido inconsciente ou intencional, eu não tive como avaliar
quando os dedos de Ethan roçaram minha mão.
—Ethan…
Seus lábios pressionaram contra os meus e eu esqueci o que estava prestes
a dizer. Seus lábios eram mais suaves do que eu pensava que seriam, e eu estava
faminto por algo, por um toque, qualquer coisa que me fizesse sentir humano,
mesmo que apenas por um segundo. Sua mão deslizou em meu cabelo, meu
coração batia forte no meu peito, sentindo-se leve e pesado quando segurei sua
nuca, puxando-o para mais perto. Meus dedos estavam dormentes quando sua
língua passou pelo meu lábio inferior e eu abri para ele, provando-o. Esqueci que
deveria estar interpretando o papel do filho hétero. Esqueci que estávamos na
varanda da minha mãe e não nos escondemos em um dormitório. Parei de pensar
na culpa e na vergonha e em como havia arruinado tudo com Wild. Desliguei
quando ele me apoiou na grade e alinhou nossos corpos. Ele atacou contra mim, a
fricção o fez gemer. O som foi uma onda fria de realidade e eu engasguei por ar,
empurrando-o para longe.
—Oh merda,— eu respirei e dei um passo para trás. —Sinto muito,— eu
murmurei e limpei minha boca, limpei seu gosto. Não pertencia aos meus lábios.
—Jax— Ele pegou minha mão, seus dedos roçando meu braço, —Não se
desculpe.
Eu balancei minha cabeça repetidamente, me apoiando em direção à
porta.
—Está tudo bem—, disse ele em um sussurro calmo, como se eu fosse um
cavalo selvagem prestes a correr.
Seu cabelo estava uma bagunça por causa das minhas mãos, seus lábios
inchados, seu queixo vermelho. Minha garganta se estreitou e alcancei a porta. —
Sinto muito,— eu disse novamente, desta vez à beira de um ataque de pânico
total.
Ethan colocou uma mão firme no meu ombro. —Sou eu quem deveria
pedir desculpas. Eu não deveria ter beijado você.
—Beijei você de volta—, consegui dizer, batendo os dentes. Eu estava
tremendo de dentro para fora. Eu dei a ele muito.
—Jax... Eu pensei… —Ele praguejou e passou as mãos pelos cabelos. — Eu
não deveria ter feito isso. Não importa o quanto eu quisesse. — Ele olhou para
mim, esperando que eu desmoronasse. —E Deus, eu queria fazer isso para
sempre.
Confuso, respirei fundo algumas vezes. — Mesmo?
—Eu não estava brincando quando disse que você foi minha primeira
paixão. Sempre pensei que você fosse hétero.
—Eu sou —, argumentei, ouvindo o quão ridículo eu soei até mesmo para
meus próprios ouvidos.
—Jax...— Ele deixou meu nome pairar no ar e isso me irritou.
Eu não devia uma explicação a ele.
—Eu não posso fazer isso,— eu disse, meu tom final quando abri a porta.
—Não faça isso.
—O quê?
—Aja como se isso não fosse incrível.— Ele falou, sua raiva pesada em seu
sussurro.
A casa estava muito quieta, o medo me estrangulando. Minha mãe tinha
ouvido o que ele acabou de dizer? Ela tinha nos visto nos beijando.
— É... —gaguejei. —Não estou preparado.
Os ombros de Ethan relaxaram.
—Você não precisa estar! Eu posso estar aqui para você. Se é isso mesmo
que você quer.
Eu queria Wild.
Eu queria reverter o tempo e consertar todos os erros estúpidos que
cometi.
—Acho que você deveria ir.
A dor passou pelos olhos e ele assentiu, com a mandíbula apertada. —Sim!
Bom, acho que vou
—Vou trazer suas coisas para a loja amanhã,— eu disse quando ele saiu
da varanda.
Ethan fez uma pausa, olhando através de mim com uma confiança que eu
nunca seria capaz de exercer. —Um ano atrás, eu estava exatamente na mesma
situação que você. Eu passei por muito disso sozinho e foi uma merda. Quando
estiver pronto: Sabe onde me encontrar.
Wilder
A cama mudou, mas eu não me mexi. Com minha cabeça enterrada sob
cobertores e um travesseiro, eu não tinha ideia de que horas eram. Meu cabelo
estava emaranhado contra minha testa com o suor, e se eu já não tivesse me
acostumado com isso, meu fedor sozinho teria me tirado do esconderijo. Mas foi o
leve tilintar do sino pendurado no colarinho de Gandalf que finalmente tirou
minha cabeça da escuridão. Ele pulou no meu peito com um miado suave.
—Vá embora,— eu disse, mas faltou energia para isso.
Ele começou a massagear suas patinhas na minha pele como se estivesse
fazendo biscoitos, ronronando alto o suficiente para que, se eu já não tivesse tido
uma dor de cabeça, eu teria agora.
—O quê?— Sentei-me nos cotovelos. —Você está com fome?
Ele se enrolou em uma bola no meu colo, olhando para mim. Olhei para o
banheiro e pude ver que ele não tinha comido tudo que eu tinha dado a ele na
noite anterior. Sentindo-me menos culpado, deitei-me e cobri os olhos com o
braço. Fazia cinco dias desde que Jax apareceu com uma granada e destruiu as
paredes cuidadosamente construídas que eu construí para mim.
—Estou bem.— Aparentemente, eu passei para a fase de falar com seu
animal de estimação da minha depressão. —Minha vida está ótima.
Uma mentira total, mas não importava. Eu estava bastante feliz. E eu fui
bem-sucedido. Eu tinha amigos e amantes, se quisesse. Eu não precisava de mais
nada. O amor e todas as outras merdas causaram drama. Drama que eu não
queria ou precisava. Fui perfeitamente dramático sozinho.
Gandalf se levantou e esgueirou-se ao longo do meu lado, até a curva do
meu braço. —Eu não ficaria lá se fosse você,— eu o avisei. —Nós dois sabemos
que já se passaram dias desde que tomei banho.
—Você está falando sozinho agora?— A voz de Anders ecoou em minha
cabeça dolorida.
Sentei-me muito rapidamente e manchas pretas explodiram na minha
periferia. Gandalf saiu correndo e eu descansei meu rosto nas palmas das mãos.
— Como você veio parar aqui?
—June me emprestou a chave dela. Ela me disse que eu tinha uma hora
para arrastar a sua, e cito, ‘bunda magra e dramática para fora da cama’. — Ele
riu e eu levantei meu olhar.
—Eu sou uma piada.
Seu sorriso vacilou. —Não... Wilder, eu...
— Você não deveria ter vindo para cá. Deixe a chave no balcão da
cozinha e saia.
Puxei os lençóis com uma força que não pensei que teria depois de não
comer por - Deus, quanto tempo fazia? Eu não me importava que estivesse nu. A
pena nos olhos de Anders só serviu para me enfurecer ainda mais, e enquanto eu
estava de pé sobre as pernas fracas e instáveis, tropecei direto em seus braços.
Eu empurrei minhas mãos em seu peito, empurrando-o para longe. Mas
ele sempre foi mais forte do que eu. Ele passou os braços em volta do meu torso
sem lutar e me puxou para mais perto. Eu não conseguia mais segurar. Eu tentei
me manter sob controle nos últimos dias. Escolhendo o sono ao invés da realidade.
Mas eu agarrei seus ombros, agarrando-me àquele calor familiar, e chorei no
algodão de sua camisa. Em cinco ou dez minutos, meu constrangimento seria
paralisante, mas agora eu precisava disso. Precisava de algo sólido.
—Você não é uma piada, Wilder.— Ele ergueu meu queixo.
Anders enxugou as lágrimas da minha bochecha com o polegar e eu
entrei em pânico, preocupada que ele me beijasse. Eu não poderia lidar com outra
complicação. Mas eu sabia que não iria impedi-lo se ele tentasse. Eu faria
qualquer coisa para sentir algo diferente desse vazio escancarado. Acho que ele
viu então, aquele buraco negro que escondi tão bem, e recuou.
—June me contou o que aconteceu.— Sua expressão era muito cuidadosa.
—Tudo?
—Sim.— Ele tentou esconder, mas eu podia ouvir a dor da minha mentira
em seu tom.
—Eu deveria ter te contado ... o final do meu livro não era verdade. Eu não
sabia ... se ele estava vivo ou morto, tudo que eu sabia era que ele foi embora e
nunca mais voltou.
—Isso não importa.— Anders roçou um nó dos dedos ao longo de minha
mandíbula.
—Isso é patético! Eu sou patético.
—Não importa como ele saiu, Wilder. Ele te machucou.
Minha respiração ficou presa na minha garganta, expandindo até que eu
não pudesse falar sem levantar outra comporta. Eu queria a raiva de Anders. Essa
ternura me fez sentir pior.
—O que posso fazer?— , sussurrou ele.
Me beije. Me fode. Me deixa dormir...
Eu dei de ombros. —Nada.
—Nada não é uma opção.— Ele pegou minha mão e eu o deixei me levar
até o banheiro. —Vamos começar com um banho.
Eu balancei a cabeça quando ele soltou minha mão e abriu a água. A sala
se encheu de vapor enquanto ele tirava as roupas. Eu não me virei ou desviei
meus olhos. Eu o observei com uma expressão vazia, vê-lo assim, nu, como se não
tivéssemos terminado, era errado. Este ciclo constante, onde nós dois nos usamos
por qualquer motivo, solidão, liberação. Eu não aguentava mais. Jax se certificou
disso quando abriu caminho de volta para minha vida. Eu não podia mais fingir,
todas as minhas rachaduras haviam sido expostas. Mesmo assim, permiti que
Anders pegasse minha mão e fiquei com ele, pele com pele, sob a água quente.
Deixe que ele lave meu cabelo, meu corpo, entorpecido ao toque de seus dedos.
Eu estava preso dentro da minha cabeça, pensando sobre sábado à noite, vendo
Jax, seus olhos verdes, seu arrependimento tão honesto em seu rosto. Como tinha
sido sua vida todo esse tempo? Ele disse que tudo o que me disse nesses e-mails
era real. Se isso fosse verdade, Toda aquela tristeza foi debilitante. Fiquei grato
pela água escorrendo pelo meu rosto. Ele escondeu a nova onda de lágrimas
derramando pelo meu rosto.
Eu não queria mais chorar por Jax. Eu tinha todo o direito de estar com
raiva. Eu já tinha dado a ele muito do meu tempo e do meu coração. Mas todas as
palavras que ele me deu, elas nadaram dentro da minha cabeça, e eu o odiei por
me fazer sentir culpado.
—Ei.— Anders passou os dedos pelo meu braço. —Sente melhor?
—Sim.
Meu estômago caiu quando ele se inclinou e me beijou uma, duas vezes, e
quando eu não respondi, ele se afastou.
—June estará aqui em breve.— Ele falou sem emoção e saiu do chuveiro.
Desliguei a água e ele me entregou uma toalha. Nos vestimos em um
silêncio pesado, mas mesmo assim me senti melhor.
—Obrigada,— eu disse, mas ele não ergueu os olhos de onde estava
sentado na beira da minha cama, amarrando os sapatos. —Por estar aqui.
Uma faísca de irritação franziu a testa. —Eu vou sempre estar aqui,
Wilder. Sempre que precisar. —Ele se levantou, enfiando as mãos nos bolsos. —
Isso é o que eu faço pelas pessoas que amo. Eu apareço. — O alarme que suas
palavras evocaram dentro de mim deve ter sido escrito em meu rosto. Ele riu. —
Calma. Não foi uma declaração. — Anders cruzou a sala. Parado na minha frente,
ele tirou uma mecha de cabelo dos meus olhos. —Eu amo você! Como eu poderia
não ajudar?
—Eu também te amo, você sabe disso.
Ele beijou minha testa. —Pena que não é o suficiente.
—Você é bom demais para mim.— Eu puxei a bainha de sua camisa.
—Sou.— Sua bravata trouxe um sorriso aos meus lábios. —Você vai ficar
bem?
—Pode levar um minuto.
Ele rapidamente pegou minha mão na sua e com um aperto suave ele a
soltou. —Leve o tempo que precisar.
Eu me encolhi. Os materiais eram caros, mas o tempo, para Jim, não tinha
preço. Ele era dono de uma das maiores construtoras de Destin. Se não fosse pela
ajuda do filho, o negócio poderia ter falido alguns anos atrás. Derrick não gostava
de trabalhos forçados, mas o garoto sabia fazer números. E ele calculou o tempo
como se fosse feito de ouro. E com Jim assumindo o cargo de Marietta, não havia
tempo para os canos estourarem.
Jim: Não se esqueça de fazer uma pausa. Eu não preciso que você
fique doente também.
PARA: [email protected]
Wilder
Sinto muito.
Jax
PARA: [email protected]
Jax
Não sei o que dizer a um fantasma. E não posso ajudar com sua
culpa ou arrependimento. Arrependimentos são para covardes. Sempre
acreditei que você deveria perseguir as coisas que deseja com ações, não
com palavras. Não existe tal coisa que nunca deveria existir.
Amor sempre,
Selvagem
Meu pulso disparou enquanto eu lia nas entrelinhas que ele havia escrito.
Ame sempre, Wild.
Este pedido de desculpas.
Persiga as coisas que você deseja.
Ele queria que eu lutasse por ele?
Não é algo que nunca deveria ser.
—Tudo bem? —Ethan perguntou, colocando nossa bandeja na mesa.
Eu queria separar o amor que eu tinha por Wild de todas as merdas
terríveis que aconteceram comigo. Eu queria parar a atração crescente que sentia
por Ethan. Eu queria lutar por Wild. Eu queria lutar por mim mesmo. E, acima de
tudo, queria parar de me sentir tão egoísta por querer qualquer uma dessas coisas
em primeiro lugar.
—Sim,— eu levantei meu telefone. —Apenas uma atualização sobre a
viagem à Geórgia.
Ele me entregou minha bebida. —Eu acho que será bom para você ... fugir.
Reserve um tempo para si mesmo e descubra o que você quer.
—Eu também acho.
Exceto que eu já sabia o que queria. E desta vez eu me certificaria de não
bagunçar tudo.
Jax
O sol de sábado baixo no céu não tocou o horizonte, me lembrando que eu
não poderia ficar assim, flutuando no oceano, para sempre. Eu podia ouvir Jason
conversando com Ethan na costa. Eu os deixei em seu castelo de areia de três
andares e levei um momento para me concentrar. Eu sentiria falta desses
momentos preguiçosos com meu irmão, a água salgada em minha pele e a
maneira como uma tarde podia desaparecer sem parecer que o tempo já havia
passado. Com meus olhos fechados e a água me segurando firme, eu poderia
fingir que minha vida aqui era como deveria ser. Mas então pensei em Marietta, e
Wild, e a calma pacífica que eu criei lavada com as algas marinhas. Eu não tinha
enviado um e-mail de volta a Wilder, sem saber o que dizer. Eu queria esperar até
que eu estivesse lá para contatá-lo novamente, mas eu me preocupava se
colocasse muita distância entre nós, a lasca de uma chance que eu pensei que ele
me deu poderia desaparecer. Mas se eu empurrei com muita força, ele poderia se
afastar novamente. O súbito silêncio me distraiu de meus pensamentos. Eu abri
meus olhos para encontrar Jason, sozinho, pairando sobre sua obra-prima,
adicionando pedaços de conchas ao seu castelo. Meus pés tocaram o fundo
arenoso do Golfo, a água apenas até meus ombros, e eu procurei por Ethan na
praia. Nunca me deixei levar para muito longe da costa, querendo meu irmão na
minha linha de visão o tempo todo. Furioso que Ethan o deixou enquanto eu não
estava prestando atenção, comecei a ir em direção à costa quando Ethan apareceu
alguns metros à minha frente.
—Merda,— eu disse, minha irritação anterior aparente em meu tom. —
Achei que você tivesse deixado Jay sozinho, fiquei chateado por um segundo.
Ele afastou o cabelo molhado do rosto, alisando-o para trás com os dedos.
—Foi mal por isso.
Gotículas de água grudaram em seus lábios enquanto ele sorria. Gostei
que seu dente da frente direito se sobrepusesse ao esquerdo. Se eu estivesse sendo
verdadeiro comigo mesmo, gostava de muitas coisas sobre Ethan. Nada disso
importava. Eu tinha muita merda acontecendo para emprestar mais pedaços de
mim mesmo para alguém que não fosse Wild. Eu precisava ir embora em menos
de uma semana e só conseguia pensar na possibilidade de vê-lo novamente.
—Devemos ir para casa logo,— eu disse. —Vai acabar antes que perceba.
Ele caminhou em minha direção, deixando pouco espaço entre nós. —A
melhor hora para nadar é à noite.
—Se você quiser ser comido por um tubarão.
—Você tem medo de tubarões?— Ele riu e seus dedos roçaram meu
quadril sob a água.
Esfreguei para longe os arrepios no meu braço. —Na verdade, não, apenas
ficando aos poucos.
—É a mesma coisa—, disse ele, e não pude evitar a risada que borbulhou
em meu peito.
Eu balancei minha cabeça, tentando conter meu sorriso. —Todo mundo
sabe que você não deve entrar na água à noite.
Ele apontou para o horizonte rosa e laranja. —O anoitecer é mais
perigoso.
Eu não sabia se isso era verdade ou não, mas me assustou de qualquer
maneira. —Você está brincando comigo?
Seu sorriso cresceu e eu percebi que inconscientemente me aproximei
dele. —Infelizmente, é verdade. De manhã cedo também não é seguro.
Ethan estendeu a mão e tirou uma mecha molhada de cabelo da minha
testa, deixando as pontas de seus dedos permanecerem na minha bochecha.
Minha respiração engatou quando me afastei, olhando em direção à costa. Jason
ficou com os pés na água, nos observando. A pressão se alojou dentro do meu
peito.
—É melhor irmos,— eu disse, e ignorei a forma como o sorriso de Ethan
caiu enquanto eu nadava de volta para a praia.
Com o pôr do sol, o ar esfriou o suficiente e eu fiquei arrepiado ao sair da
água. Eu podia ouvir Ethan atrás de mim, mas não olhei para ele ou Jason. Com
medo do que meus olhos possam revelar. Peguei minha toalha e me sequei em
silêncio, irritado com Ethan por pensar que ele poderia me tocar assim.
Especialmente na frente de todo o maldito mundo, mas principalmente eu estava
irritado comigo mesmo. Meu corpo me traiu quando eu estava perto dele. Ele
ultrapassou meus limites, mas eu precisava que ele fosse um amigo, um espaço
onde eu pudesse ser eu mesmo sem pensar demais.
—Eu tenho os baldes,— Jason disse, e eu me virei para olhar para ele.
Jay me encarou, sem julgamento em seus olhos, e me perguntei se ele
percebeu o que tinha visto. —Vou pegar o cobertor—, eu disse. —Ethan, você se
importa em pegar as pás?
—Claro—, disse ele, sem encontrar meus olhos.
Eu fiz isso estranho, e o silêncio desconfortável nos seguiu todo o caminho
de volta para minha casa. Quando estacionamos, Ethan foi o primeiro a sair do
carro, batendo a porta atrás de si.
—Jay, por que você não entra, certo. Eu já volto.
—Ethan está louco?
—Nah. Basta entrar, amigo. Vou pegar tudo.
Desliguei o motor enquanto Jason se dirigia para a porta da frente. Ele
acenou para Ethan, e fiquei feliz por ele ter dado um sorriso ao meu irmão. Jay
não merecia se envolver em meus negócios. Com Jason dentro, fui até o Toyota de
Ethan. Seus ombros estavam rígidos, os braços cruzados sobre o peito.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele disse: —Você fica quente e
frio, sabe disso?
—Sinto muito... Eu fiquei assustado. Jason estava nos observando.
—Ele era?
—Essa é a coisa, Ethan. Qualquer um poderia estar nos observando.
Amigos não se tocam assim. — Eu abaixei minha voz. —Pelo menos não por aqui,
eles não fazem.
Frustrado, ele passou a mão pelo cabelo úmido. —Merda. Eu não deveria
ter feito isso. Eu nunca deveria ter tocado em você. Sinto muito.— Seus ombros
relaxaram. —Eu gosto de você, Jax ... Você sabe que eu gosto de você por perto.
Ele deu um passo em minha direção, olhando para a porta da frente, ele
parou, deixando alguns metros entre nós. Eu gostava dele também, mas não foi o
suficiente para me puxar para fora do armário, e com certeza não foi o suficiente
para me afastar de Wild. Eu não queria enganá-lo ou dar-lhe mais sinais
confusos. Eu confiei nele com a verdade sobre quem eu era, mas ele não sabia
sobre Wild, talvez se soubesse, ele entenderia que minha hesitação não tinha nada
a ver com ele.
—Há algo que eu não te disse outro dia ... aquele cara que mencionei...
—Aquele de Eastchester?
—Sim ... ele mora em Atlanta.
—Ah.— Sua postura murcha.
—Eu errei. Fiz algumas coisas que preciso compensar. Esta viagem para
Marietta ... se eu tiver a chance de consertar as coisas ...
—Você deveria pegá-lo.— Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.
—Se é o que você quer, Jax, você deve fazer isso.
—Não sei se ele vai querer falar comigo, mas tenho que tentar. Acho que
essa é a última coisa que estou segurando.
Ele franziu a testa. —Você acha que acertar as coisas com esse cara vai
tornar mais fácil para você assumir?
—Eu não sei. Talvez?— Eu poderia dizer que Ethan queria dizer algo, mas
me contive. —O quê? Você não acha que vai?
—Eu acho que você teve um ataque de pânico hoje porque você pensou
que eu acidentalmente te denunciei quando te toquei. Acho que você está
colocando muito peso nos ombros desse cara. — Ele suspirou e baixou o olhar. —
Você é o único que saberá quando estiver pronto, Jax. Se você quiser que as coisas
dêem certo com esse cara, você terá que confiar em si mesmo.
—Estou trabalhando nisso—, eu disse. —Ter você para conversar ajudou
muito. Saber que você também passou por isso e saiu ileso ...
—Definitivamente, tenho alguns inchaços e hematomas.— Ele me deu um
sorriso torto. —Mas sim, eu sobrevivi, e sei que você também sobreviverá.
—Me desculpe se eu te enganei.
Ele levantou as mãos. —Eu poderia estar esperando por mais ... mas isso é
por minha conta.
A porta da frente se abriu e minha mãe saiu para a varanda. —Vocês vão
ficar aqui a noite toda?
—Não, senhora—, disse Ethan com uma risada.
—Que Bom. Eu tenho um pote de bolinhos esperando por você. Apresse-
se, antes que Jason coma todos eles.
—Eu acho que vou ficar para o jantar,— Ethan disse enquanto minha mãe
fechava a porta. —Tudo bem com você?— Eu balancei a cabeça e ele bateu com o
ombro no meu. —Bom, eu ia ficar, gostasse ou não.
—Estamos bem, então?
—Sim.— Ele olhou para a porta antes de puxar minha mão com a sua. —
Tudo certo.
Meu alarme das oito horas tocou, a campainha irritante perfurando meu
cérebro confuso de sono. Sentei-me e esfreguei meus olhos. Nunca me considerei
uma pessoa matinal, sempre relutante em sair da cama, desejando mais quinze
minutos. Eu trabalhava duro todos os dias, e não importava a que horas eu ia para
a cama, nunca era cedo o suficiente. Mas nas manhãs de domingo, eu as odiava
mais. Todos os domingos eu tinha que lutar contra mim mesmo para me vestir,
colocar uma gravata, sorrir como se não achasse que iria para o inferno no
minuto em que pisei na Bell River Church. Alguns domingos eu pulava, mas hoje
era o último domingo antes de partir para a Geórgia, se eu não comparecesse,
minha mãe ficaria mais furiosa do que uma galinha molhada. Eu nunca ouviria o
fim disso.
Eu podia sentir o cheiro de bacon cozinhando enquanto fazia meu
caminho para o banheiro para tomar um banho. Passei pela minha rotina matinal
no piloto automático. Minha cabeça já está na Geórgia. Depois de conversar com
Ethan na noite passada, o que ele disse sobre eu depender de Wild, eu estava
nervoso de novo. Nervoso, eu colocaria muita esperança na ideia de Wild. Faz
nove anos. Quanto ele mudou? E se ele não me quisesse mais assim? Fazia quase
um mês desde que estávamos nos dando bem. Muita coisa pode acontecer em um
mês. Eu pensei sobre o beijo que compartilhei com Ethan e me arrependi
instantaneamente. E se Wild tivesse encontrado outra pessoa?
—Depressa, os ovos estão esfriando,— Jason gritou do outro lado da porta
do banheiro.
Fechei a torneira do chuveiro e peguei uma toalha. —Dê-me cinco
minutos,— eu gritei quando ele começou a bater novamente.
Morar nesta casa, às vezes era como se eu tivesse dezesseis anos
novamente. Mesmo que eu tivesse que dividir um lugar com Hudson em Marietta,
eu esperava a privacidade. Passei a toalha pelo cabelo e a enrolei na cintura.
Assim que cheguei ao meu quarto, vasculhei meu armário, procurando a manga
comprida menos enrugada que pude encontrar. Eu escolhi uma camisa de botões
azul escura. Terminando, endireitei minha gravata enquanto Jason abria a porta
do meu quarto.
—Nossa, Jay, o que eu disse a você sobre bater primeiro? E se eu não
estivesse vestido?
Ele se jogou na minha cama. —Você tranca a porta quando não quer que
eu veja o que você está fazendo. A porta não estava trancada.
Eu ri, olhando para ele no espelho enquanto ajustava o nó da minha
gravata novamente pela terceira vez. —Isso se chama privacidade, Jay. Não estou
escondendo nada.
Ele deu de ombros. —Então por que trancar a porta?
O nó estava torto, mas decidi que era o melhor que podia. Sentei ao lado
dele na cama. —Às vezes as pessoas precisam de um tempo para si mesmas, só
isso.
Ele abaixou a cabeça, suas narinas dilatadas. —Eu não quero que você vá.
Puxando-o para um abraço, seus ombros tremeram. —Voltarei para casa
o máximo que puder.
—Eu vou ficar sozinho,— ele disse, o som de sua voz abafado no meu
ombro.
—Ethan vai ficar aqui o tempo todo. Ele me disse que quer levar você para
pescar e ir à praia.
Jason se recostou e enxugou os olhos. —Ethan não é você.
Minha garganta doeu enquanto eu tentava manter minha merda sob
controle. Eu não poderia quebrar ou nunca iria embora. Limpei minha garganta
duas vezes, encontrando minha voz. —Dois meses. Jay. Se o trabalho acabar, não
vou ficar. Vou dizer a Jim que ele só me tem por dois meses.
—Dois meses é para sempre. Por que você quer me deixar e a mamãe
afinal?
Algumas lágrimas desceram pela minha bochecha. A maneira como seu
cérebro funcionava, traindo-o todos os dias, roubando os anos ganhos de sua
vida, mantendo-o preso quando criança, ele não entendia. E observá-lo, um
homem adulto, desmoronando assim, era demais para aguentar.
— Não quero ir embora. Eu te disse. É uma coisa de trabalho. — Eu
segurei seu rosto entre as palmas das minhas mãos. —As pessoas viajam a
trabalho o tempo todo. Não vou embora para sempre.
—Vai parecer uma eternidade—, disse ele. —Você promete que vai voltar
para casa?
— Eu juro.
Sentamos na beira da minha cama por alguns minutos, dando um ao
outro tempo para respirar. Se entrássemos na cozinha como uma bagunça
chorona, mamãe iria querer saber o que aconteceu. Tive a sensação de que ela
começaria a chorar também, e não estava preparado para suas lágrimas tão cedo.
Depois de um tempo, Jason se levantou e eu o segui.
—Seus ovos provavelmente estão frios—, disse ele.
—Tudo bem, não estou com tanta fome, além disso, temos que ir para a
igreja de qualquer maneira.
Minha mãe tinha acabado de cobrir uma grande bandeja de biscoitos com
filme plástico quando entramos na cozinha. —Jaxon, bebê, você vai pegar o mel
da despensa? Prometi ao pastor Thomas que levaria algo para o almoço após o
culto.
—Sim, senhora.
—E, Jay, pegue alguns daqueles leques de papel que guardo na gaveta de
lixo. O A / C saiu da casa de reunião novamente.
Peguei o mel e coloquei no balcão. Arregaçando as mangas, eu disse: —
Nada melhor do que suar até a morte.
Mamãe deu um tapa no meu ombro. —Jaxon ... suar é o mínimo que você
pode fazer por seu Senhor e Salvador.— Ela tentou esconder seu sorriso e falhou.
—Acho que Deus gostaria que ficássemos confortáveis—, provoquei.
—Hmmm. Você tem sorte de eu te amar tanto, brincando sobre o Senhor
assim ... — Ela colocou o braço em volta da minha cintura e eu a puxei para um
abraço.
—Desculpe, mamãe, estou apenas brincando.
Ela deu um tapinha no meu peito. —Eu sei que você odeia as manhãs
tanto quanto eu odeio as folhas de mostarda da Sra. Arlene. Vou te dar uma folga
dessa vez. Agora se apresse, ou vamos nos atrasar.
Levei a bandeja de biscoitos e mel para o carro e coloquei no banco de trás
ao lado de Jason. Mamãe me entregou as chaves quando fechei a porta. —Você
dirige, você é mais rápido. Mas não muito rápido, não quero ter um ataque
cardíaco.
—Mas sem pressa. Entendi.— Sorrindo para sua carranca, eu deslizei para
o banco do motorista.
Deixamos o rádio desligado aos domingos. Mamãe costumava dizer muito
barulho que tornava difícil ouvir a voz do Senhor. Em vez disso, liguei o A / C ao
entrar na rodovia principal, na esperança de absorver um pouco do ar frio antes
de chegarmos à casa de reuniões.
Mamãe fingiu estar tremendo. —Você vai me congelar.
—Você vai me agradecer por isso mais tarde.
Ela cantarolou novamente baixinho enquanto procurava algo na bolsa. Ela
puxou um lenço de papel, baixou o espelho retrovisor e enxugou o batom rosa
que estava usando.
—O que você está fazendo?— perguntei.
—Eu odeio essa cor em mim, me faz parecer velha.
—Você está bonita—, eu disse, e ela ergueu o visor, me ignorando.
Depois de um minuto, ela disse do nada: —Eu convidei Ethan para o culto
hoje.
—Por quê?
—Por que não?
—Ethan não gosta de igreja,— Jason disse.
Eu desviei meu olhar para o espelho retrovisor.
—Tenho certeza de que não é verdade—, disse mamãe, virando-se na
cadeira para olhar para Jason. —O que faria você dizer uma coisa dessas?
Ele deu de ombros. —Apenas algo que ele disse, eu acho.
Eu agarrei o volante. Jason sabia sobre Ethan?
—O que ele disse?— Mamãe pressionou.
—Na verdade, nada. —Ele se contorceu, e eu poderia dizer que ele estava
preocupado por ter dito algo errado.
—Mamãe, pare com isso, não é problema nosso—, eu disse.
—Não é? Se ele está andando com meus filhos.
—Ele não disse nada de ruim, mamãe—, disse Jason. —Quando estávamos
pescando, eu disse a ele que achava inteligente que Deus fizesse peixes com
guelras para que não se afogassem, e ele disse que achava que Deus o havia feito
errado.
—Ele disse isso?— Eu perguntei, a dor em meu peito insuportável.
—Sim.
Mamãe finalmente voltou a se sentar. —Fico triste por ele se sentir assim.
Deus fez cada um de seus filhos exatamente como deveriam ser.
—Tá falando sério?— Eu perguntei, tentando não esperar muito.
—Sim.— Ela olhou para mim como se eu tivesse perdido a cabeça. —
Claro que sim.
Tudo que eu temia todos esses anos passou pela minha mente. Ela ao
menos sabia o que ela disse? Nossa igreja nos ensinou que ser gay era uma
escolha - um pecado. Eu queria perguntar a ela se Deus havia nos dado essa
escolha, se meu amor por Wild fazia parte de Seu plano. Ou era o meu sofrimento
que Ele queria?
—Jaxon, diminua a velocidade ou você vai perder a curva.
Eu tirei meu pé do acelerador, sentindo-me pesado quando viramos a
esquina e entramos no estacionamento.
—Bem, olhe quem está aqui,— ela disse com uma pitada de eu-te-avisei.
Ethan se encostou no capô de seu carro em uma calça cinza e uma camisa
de botão azul claro que caía como se ele tivesse feito sob medida. Eu poderia não
tê-lo reconhecido se mamãe não o tivesse apontado. Eu estacionei na vaga ao lado
dele e ele sorriu para mim quando todos saímos do carro.
—Bom dia,— ele disse, e eu juro por Deus que minha mãe corou.
Ela me deu um tapinha no ombro. —Que bom que você conseguiu.
—Já faz um tempo,— ele admitiu.
—Tudo bem ... não é, Jax?
—Eu também não sou o melhor quanto ao meu comparecimento,— eu
disse.
Jason entregou à minha mãe os leques que ela queria que ele trouxesse.
—Obrigado querido.
—E os biscoitos?— perguntei.
—Basta deixá-los no carro, podemos pegá-los após o serviço.— Ela
entrelaçou os dedos com os de Jason. —Vamos entrar antes que não haja mais
assentos.
Ethan e eu seguimos atrás, até que mamãe e Jason desapareceram atrás
das portas da igreja.
—Você não precisava vir hoje—, eu disse.
—Ela perguntou. Eu apareci. Teria sido desrespeitoso não fazê-lo.
Paramos do lado de fora da porta da igreja quando o órgão começou a
tocar.
—Você é um bom amigo—, eu disse.
Ele pressionou o punho suavemente no meu ombro e com um sorriso
torto, ele acenou para as portas. —Você acha que vou pegar fogo quando entrar?
Eu ri. —Nah, mas se você fizer isso, vamos queimar juntos.
Wilder
Música pop de merda tocava no alto-falante enquanto eu esperava em um
sofá branco chique e enorme dentro do camarim feminino em Baileys, esta nova
boutique hipster que Gwen tinha insistido para que fizéssemos check-out. Tentei
desesperadamente ignorar as letras sobre amor e almas gêmeas. Era um daqueles
lugares que atendiam ao tipo de surdo, alt-left, intelectual e vegano, que postava
em todas as plataformas possíveis, fingindo ser ativistas pelos marginalizados
enquanto gastavam duzentos dólares em um par de jeans excessivamente
desgastado. Não que eu estivesse julgando, eu gostava de gastar dinheiro em
roupas tanto quanto qualquer garota, mas não fazia isso para me encaixar em
algum estereótipo bacana. Estremeci com meu humor e inclinei minha cabeça
para trás para olhar para o teto. Minha amargura deixou um gosto ruim em
minha boca. Eu precisava sair desse espaço deprimido. E eu odiava ter deixado
Jax entrar, apenas para ele me fantasiar novamente. Eu não tinha ouvido falar
dele desde que enviei meu e-mail de desculpe-não-desculpe-venha-lutar-pelo-
o-que-você-quer-espero-que-sou-eu. Demorou muito para ser convincente a
partir de June, e duas garrafas de merlot para eu mandá-lo em primeiro lugar. De
acordo com June, eu era uma bagunça miserável de se estar. Ela me disse que eu
nunca seguiria em frente com a minha vida se não pelo menos tentasse consertar
as coisas com Jax.
—Não estou dizendo para você convidar o cara para fazer boquetes de
reconciliação, pelo amor de Deus—, ela disse. —Mas ele está vindo para a
Geórgia, quer você goste ou não. Você pode muito bem conseguir algum
encerramento.
Encerramento
Achei que saber que ele estava vivo e por que ele ficou longe seria o
suficiente. O suficiente para eu seguir em frente. Achei que ia desabar, chorar até
não conseguir me mexer e dormir até não doer. Mas os dias vieram e se foram, e
sim, ainda doía. Dói pensar. Dói sorrir. Respirar. Não conseguia parar de pensar
na maneira como ele me olhou naquela noite no café. Ele olhou para mim como
se eu fosse sua graça salvadora, como se eu fosse o último fio que o segurava. Não
era saudável ser necessário assim. Jax Stettler não era minha responsabilidade.
—Você o ama.
Amei. Tentei me convencer, então tirei meu telefone do bolso e abri meu
e-mail novamente pela bilionésima vez.
Nada.
Zero. Novo Mensagens
Foda-se, Jaxon.
Eu era uma catástrofe ambulante.
Em seu e-mail, ele disse que estaria em Marietta na última quinta-feira.
Era segunda-feira e nenhuma palavra dele. Eu rolei por todos os nossos e-mails,
terminando no último que eu enviei. Eu reli. Talvez eu tenha sido muito duro. Jax
definitivamente tinha o prêmio de primeiro lugar por auto-aversão. Ele
provavelmente pensou que eu disse a ele para se foder. O que eu acho que sim.
Mas eu dei várias dicas bem colocadas, graças a June, de que queria que ele me
provasse que suas palavras realmente significavam algo desta vez. Ele realmente
nunca deixou de me amar, ou era tudo mentira? Tudo o que ele disse foi um
monte de besteira? Ações desfeitas que ele teve que tirar de seu peito para limpar
sua consciência?
—Quer parar de olhar para o seu telefone por cinco minutos—, disse
Gwen, e eu levantei a cabeça. —Ahh, então é assim que você se parece?
—Eu estava respondendo a um e-mail, então me processe—, menti.
Ela puxou a cortina do provador e estreitou os olhos. —Por favor, me diga
que ele finalmente lhe enviou um e-mail de volta?
Afundei como uma adolescente mal-humorada nas almofadas do sofá. —
Não ... ele não fez.
—Ele vai,— ela disse, e me deu a expressão mais lamentável.
Eu não aguentava, toda a preocupação dentro de seus olhos. Como um
menino imaturo, joguei uma das almofadas decorativas nela e ela a segurou.
—Boa pegada,— eu disse, rindo do choque em seu rosto.
Ela jogou de volta para mim, e o canto me acertou bem nas bolas.
—Cristo,— eu murmurei, inclinando-me para recuperar o fôlego. Depois
de alguns segundos extremamente dolorosos, me sentei. —Você é o pior absoluto.
—Não é minha culpa que você tenha tolerância zero para a dor—, disse
ela, com as mãos nos quadris.
Eu olhei para ela.
—Mande um e-mail para ele novamente.
—Quem?— Eu perguntei apenas para irritá-la.
Ela exalou exasperada. —Jax
— Hã, não. Não estou tão desesperado. — Eu me encolhi enquanto puxava
meu jeans para baixo, aliviando um pouco a pressão.
—Wilder, posso pedir um favor?
—Depende do que seja—, eu disse.
—Você pode, por favor, encontrar uma maneira de conter sua atitude
ranzinza, pelo menos por esta noite. Esta é uma grande noite para June e ...
—Entendi,— eu disse, levantando minhas mãos em sinal de rendição. —
Por mais que eu goste de pensar que o mundo gira em torno de mim, isso não
acontece.
—Eu quero que esta noite seja perfeita.
—Será,— eu disse, pegando sua mão e girando-a em um círculo lento.
O vestido vermelho girava em torno de seus joelhos. —O que você
acha?— perguntou ela.
—Você está... impressionante.
E ela fez. O tecido de seda vermelho abraçou suas curvas e fez sua pele
parecer porcelana.
—Você acha que é demais?— Gwen ajustou seu decote enquanto se
olhava no espelho de corpo inteiro, e eu tive que esconder meu sorriso.
—Você me conhece ... não existem coisas demais.
Ela soltou uma risada. —Quero dizer para o clube. Você acha que um
vestido é muito chique?
Na semana passada, June foi promovida ao cargo de educadora
enfermeira do parto para o qual se candidatou, mas se recusou a fazer qualquer
coisa para comemorar. Gwen, sendo a melhor namorada do planeta, havia
planejado que fôssemos a um dos clubes favoritos de June hoje à noite, depois do
jantar.
—Talvez ... mas e daí? Ninguém no Underground vai se importar quando
virem seus peitos nesse vestido. — Ela bateu no meu braço e eu ri. —Estou
falando sério, Gwen ... como se eu pudesse ir direto para você esta noite.
Seu rosto corou quando ela balançou a cabeça. —Estou usando jeans.
—Oh meu Deus,— eu choraminguei quando ela voltou para o provador e
fechou a cortina. —Use o maldito vestido, Gwen. June vai morrer.
Ela colocou a cabeça para fora da cortina. —Vou comprá-lo, mas não
estou prometendo que vou usá-lo.
Uma mulher mais velha, e que eu presumi ser sua filha adolescente,
entrou com uma braçada de roupas, me dando um olhar sujo como o inferno. Eu
sorri, largamente, mostrando todos os meus dentes, e a menina mais nova revirou
os olhos.
—Vou dar uma olhada em algumas daquelas camisetas que vi quando
entramos—, eu disse.
—Ok, vou me apressar.
Ao sair, acenei por cima do ombro. —Não tenha pressa, Gwen. Eu não
tenho pressa.
Eu vasculhei a prateleira, finalmente me estabelecendo em dois topos de
malha. Uma manga curta vermelha e uma manga longa preta. Eu os levei ao
caixa e terminei de pagar quando Gwen voltou à superfície.
—Você está com fome?— Eu perguntei quando saímos.
Deve ter chovido enquanto estávamos na loja. A calçada da cidade estava
molhada e o vapor pairava sobre a rua, o asfalto absorvendo o calor do final do
verão.
—Eu poderia comer.
Eu verifiquei meu relógio, minha reunião com meu PA, Andrew, foi só no
final da tarde. Eu tinha algumas horas para queimar. Não que eu estivesse ansioso
para ficar presa em uma sala com ele. Em um momento de fraqueza, eu disse a ele
tudo sobre Jax, e agora ele me perseguia sobre ele o tempo todo.
—Estou morrendo de vontade de comer um hambúrguer—, disse ela.
Gwen torceu o nariz. —Podemos ir ao McDonald’s?
—Eca, não.
—Por favor—, disse ela, e projetou o lábio inferior. —Eles têm as melhores
batatas fritas.
Eu ri. —Devo pegar um McLanche Feliz para você? Porque o olhar que
você está me dando me lembra da sobrinha de Anders de cinco anos que come
pasta.
—Alguém já te disse que você é um valentão?— Ela sorriu quando eu
segurei minha mão no meu peito em falso horror.
—MOI? Que valentão...
Rindo, ela empurrou meu ombro. — Certo. Sem McDonald’s.
Agora eu me sinto mal!
—Você deveria,— ela disse.
—Que tal pizza?
O rosto dela se iluminou. — Tratoria?
—Você leu os meus pensamentos.
Mesmo tendo verificado minha caixa de entrada há menos de quinze
minutos, não pude evitar de abrir o aplicativo uma última vez antes de entrar no
chuveiro.
Vazia.
O resto do meu dia piorou depois que meu encontro com Andrew atrasou.
Eu tive que arrastar minha bunda para a padaria na rua das editoras para pegar
os cupcakes que eu pedi para June. Eles perderam meu pedido, e eu posso ter tido
um ataque violento e conseguido uma dúzia de eclairs de graça. Sentindo-me um
idiota total, comprei meia dúzia de biscoitos que sem dúvida comeria sozinho
quando voltasse bêbado para casa esta noite, sentindo-me taciturno e dramático
pelo fato de provavelmente ter cometido um grande erro ao enviar aquele porra
de e-mail. Antes que eu pudesse deixar a sensação de afundamento no meu
estômago estragar minha noite, joguei meu telefone no balcão do banheiro e
entrei no chuveiro. Eu abri a torneira para a configuração mais quente que eu
poderia suportar. Minha pele estava vermelha, mas não me importei. Os
músculos dos meus ombros doeram com a compreensão do quanto eu ainda
amava Jax, o quanto ele me afetou, quanta esperança eu permiti permanecer. Na
minha cabeça, eu mantive essas fotos dele. Sua cabeça repousava no travesseiro
do meu dormitório com a luz do sol em seu rosto, suas pálpebras pesadas e
encapuzadas, sonolentas e fodidas. Naqueles momentos, com o mundo
adormecido, alheio aos dois meninos deitados um ao lado do outro, com nada
além de amor em seus olhos, Jax poderia ser quem ele queria ser, fazer o que ele
queria fazer. Mas no mês passado, quando ele apareceu e virou meu mundo de
cabeça para baixo, eu testemunhei com meus próprios olhos como os anos, como
aquele mundo sempre presente, o mudaram. Ele tinha essa vantagem agora. O
tempo o tornara áspero, sólido e comovente. Eu cerrei meus punhos enquanto
riachos de água escorriam pelo meu rosto e deixei a imagem dele embaçar na
raiva que alimentou meu pulso. Não foi o suficiente, eu ainda ardia por ele. Com
meu pau pesado entre minhas pernas, virei a torneira totalmente fria. Como
agulhas, fechei os olhos, permitindo que a água gelada se infiltrasse na minha
pele até que estivesse dormente.
Quando finalmente saí do chuveiro, congelando e tremendo, me enxuguei
o mais rápido que pude. Gandalf estava empoleirado no balcão, sua cauda
balançando para frente e para trás me observando. Eu cocei o topo de sua cabeça
e ele se levantou, arqueando as costas até que eu o cocei ali também.
—Por que você está tão carente?— Eu perguntei e ele ronronou com
apreciação.
Eu imaginei que se ele pudesse falar, ele me diria que eu era o necessitado.
Enrolei minha toalha em volta da minha cintura e peguei sua tigela de
comida do chão. Ele saltou do balcão e eu ri enquanto ele ronronava e se enfiava
nas minhas pernas. —Você come como um hobbit. Juro que encho esta tigela pelo
menos cinco vezes por dia.
Enquanto eu colocava um pouco de comida na tigela, meu telefone tocou.
Tentei ficar calmo, mas quase tropecei no maldito gato para pegá-lo. Foi uma
notificação por email. Eu abri o aplicativo.
—Santa merda!
Era Jax.
Gandalf ergueu os olhos de sua tigela de comida, nada impressionado.
Toquei na mensagem, as palavras nadando na página. Por que diabos eu
estava chorando, eu não tinha ideia. Foi uma reação exagerada flagrante,
provavelmente provocada por uma combinação de baixo nível de açúcar no
sangue e dias de ansiedade. Eu poderia ter usado um daqueles cookies agora.
PARA: [email protected]
Wilder
Como seu e-mail disse, quero mostrar com ações, não palavras, o
quanto eu sinto. O quanto eu senti sua falta, e como tudo que eu sempre
penso é você. Eu vejo você, Wild. Todas as noites quando fecho meus olhos.
Me lembro de tudo. Sinto tudo. Sinto você.
Jax
PARA: [email protected]
Jax
Eu não acho que estou pronto para ver você ainda. Mas não estou
dizendo não.
Amor sempre,
Selvagem
Eu: Sim, mas você deveria ter me perguntado primeiro. Você não
pode ter suas esperanças assim.
PARA: [email protected]
Wilder
Você disse que não é a mesma pessoa que conheci na escola, bem,
nem eu. Mas há algumas coisas que nunca mudam. Eu sei o que é beijar
você, e como você não fechava os olhos até eu fazer. Nunca quis parar de
olhar para você. Eu não deveria estar escrevendo nada disso, mas quero
que você saiba que não importa quanto tempo se passou. Eu conheço você.
Eu sei como é a sensação da sua pele e como você soa quando estou dentro
de você. Posso ouvir sua risada e sua boca espertinha quando você está
chateado com alguma coisa. É um loop constante na minha cabeça. E é
minha culpa que tudo isso agora seja apenas uma memória. Às vezes eu
sinto que inventei tudo na minha cabeça, como éramos quando estávamos
juntos. Mas eu sei que nunca poderia criar algo tão bom do nada. Você é o
contador de histórias, não eu.
Eu me odeio por tudo, então faz sentido que você me odeie também.
Você está certo, já faz muito tempo e não tenho como consertar a merda
que fiz. Mas talvez possamos começar de novo? Quero conhecer o homem
que você se tornou, quando estiver pronto.
Jax
Minhas mãos estavam úmidas quando apertei enviar. Antes que eu tivesse
a chance de me arrepender de algumas coisas que disse na carta, Hudson bateu
na porta do meu quarto.
—Você está decente?— Ele perguntou.
—Sim, entre.
Hudson abriu a porta. —Vou pedir uma pizza, você quer alguma coisa?
—Pizza parece bom.
Ele olhou para o meu laptop com um sorriso malicioso. —Vendo pornô.
—Se eu fosse, você acha que eu teria convidado você para entrar?
—Eu não sei, provavelmente. Você está sempre saindo com aquele garoto
da loja de ferragens.
—Ethan,— eu o lembrei, os músculos dos meus ombros enrijeceram.
—Você sabe que ele gosta de caras, certo?
Eu debati como responder e decidi que indiferença era minha melhor
opção. Eu tive que viver com esse idiota pelos próximos dois meses.
—E?
—E?— O rosto de Hudson se contorceu. Meio nojo. Meio choque. —O
cara é uma merda, Jax. Provavelmente leva na bunda também.
—Por que você está tão interessado na vida sexual dele?
Seu rosto ficou vermelho e ele enfiou as mãos nos bolsos. —Não estou.
Você deveria estar.
Meu estômago afundou. —Por que eu deveria me importar?
—Eu ouvi que ele está andando perto do seu irmão mais novo. Isso não te
assusta? E se ele tentar alguma coisa? Jason não vai saber que está errado.
—Em primeiro lugar, meu irmão não é estúpido.— A raiva aumentou
quando empurrei meu laptop sobre o colchão e me levantei. —Ele distingue o
certo do errado.
Hudson recuou.
—Não é da minha conta, ou de qualquer outra pessoa com quem Ethan
dorme. E se ele gosta de homens, isso não significa que ele quer todos os caras em
um raio de 32 quilômetros. Ele não é um predador de merda, Hudson. E eu confio
nele com meu irmão mais do que confio em sua bunda arrependida, certo?
—Ok, cara.— Ele levantou as mãos.— Relaxe. Eu só estava tentando
ajudar.
—Obrigado, mas estou bem. Não preciso da sua ajuda.
Sentei-me na beira da cama, desejando me acalmar. A última coisa que eu
precisava era dar um soco nesse fanático e ser despedido.
—Sua mãe sabe que ele é gay?— Ele perguntou.
—Mãos à obra, Hudson ... Estou pedindo para você calar a porra da sua
boca.
—Escute'— disse ele. Sua voz era baixa e fácil. —Eu não quis dizer nada
com isso. Eu não sabia se você sabia, ou se você se importaria. Obviamente, você
não sabe, então esqueça que eu disse qualquer coisa.
Eu olhei bem nos olhos dele. —Feito.
—Você ainda quer pizza?— Ele perguntou.
—Como quiser.
Ele fechou a porta ao sair e eu caí de costas na cama, batendo minha
cabeça no canto do meu laptop. Olhei para o teto, me perguntando se algum dia
seria um homem assumidamente gay em Bell River. Aquela voz persistente e
irritante dentro da minha cabeça, a mesma que eu tentava ignorar mais e mais a
cada dia, irrompeu. Como eu poderia fazer isso com minha mãe, com Jason?
Como eu poderia separar nossa família? Meus pensamentos não tiveram a chance
de descer muito pela toca do coelho quando um alerta de e-mail soou no meu
telefone. Sentei-me e peguei meu computador.
PARA: [email protected]
Jax
Para que conste, você tem tanta sorte de eu já ter bebido alguns
drinques, porque uau ... você não joga limpo.
Eu me lembro, Jax, e todas as coisas que você sabe sobre mim são
suas para guardar. Eu conheço você. Sei que você tinha gosto de chocolate
e, quando ficava frustrado, mordia o lábio inferior. Gostei de ver você
dormir e de ver você gozar. Talvez fosse a vulnerabilidade de ambos. Ou
talvez tenha parecido a única vez em que você esteve em paz consigo
mesmo.
Amor sempre,
Wilder
PS Falando em não jogar limpo ou sujo nesse aspecto. Cérebro
confuso com gin ou não, como poderia esquecer aquela noite? Não me
lembro de nada sobre o jogo idiota, exceto que você foi expulso. Acho que
nunca te vi tão ... zangado ... perturbado, acho que é uma palavra melhor.
PARA: [email protected]
Wilder
Sei que não estou jogando limpo, mas decidi me jogar no fogo e ver
o que acontece. E para ser sincero, não consigo me lembrar da última vez
que comi um Hershey’s Kiss. Mas eu deveria deixar você voltar para seus
amigos. Espero que você não acorde amanhã se arrependendo de tudo o
que me disse esta noite. Acho que, se quisermos seguir em frente, temos que
abrir algumas de nossas velhas feridas.
Jax
PS: Eu estava uma bagunça naquela noite, mas você sabia do que eu
precisava antes de mim.
PARA: [email protected]
Jax
Mas todo o humor à parte. Não posso ser o único a trazer-lhe paz.
Você tem que descobrir por si mesmo.
PS Pelo que me lembro, era eu que precisava de algo naquela noite.
Nunca me senti tão frágil.
Eu: Ei?
Wild: Ouça, eu tenho que ser rápido. Ele voltará do bar a qualquer
segundo.
Eu preciso que você me faça um favor.
Eu: Ok?
Wild: Você fodeu tudo, mas vou lhe dizer como consertar.
Eu: Como?
Eu: sim
Wild: Ele precisa disso. Vocês dois merecem. Não seja um covarde
de merda.
Eu: Olá?
Como eu sabia que era realmente June? E não mais um de seus amigos
fodendo comigo? Ou pior, se fosse Wild fodendo comigo.
Eu: Wilder?
Jim: Não importa. Parece que teremos que esperar até quarta-feira.
O embarque foi atrasado.
Jim: Nah. Aproveite o dia para se instalar. Vejo você no local às sete
na quarta-feira.
Eu: Ei.
Enquanto esperava que ele respondesse, liguei para minha mãe. O telefone
tocou duas vezes antes de ela atender.
—Olá, querido. —A voz da minha mãe tocou no telefone, e a saudade
voltou com força total. —Já está com saudades de casa?
Ela me amava o suficiente para me aceitar como ela disse naquele dia na
igreja?
—Nah. —Tossi, tentando falar com o nó na garganta. —Não mais do que
ontem.
Ela riu e isso me fez sorrir.
—Ouça, estou prestes a ir para a porta ao lado, você precisa de algo?
—O que você acha de comprar um cachorro para Jason?— Eu perguntei,
esperando que ela ficasse bem com isso. —Eu acho que seria bom para ele, ter
algo para cuidar. Deixe-o orgulhoso.
—Acho que parece uma ótima ideia, querido.
—Sério?
—Se você ajudar em a casa a treiná-los. Por que não?
—Estava pensando em comprar um enquanto estou aqui. Treinando um
pouco antes de trazê-lo para casa comigo quando eu for visitá-lo.
—Você quer contar a Jay ou que seja uma surpresa?
—Uma surpresa,— eu disse.
—Parece bom, Jax. Olha, tenho de ir.
—Diga a Jay que vou fazer uma videochamada para ele mais tarde.
—Vou fazer, querido. Amo você.
—Também te amo, mamãe.
Encerrei a ligação e abri a mensagem que recebi de Ethan enquanto estava
no telefone.
Ethan: Acho que vou mostrá-los para sua mãe e deixá-la decidir.
Ethan: Legal.
Eu: Sim.
Sorrindo, eu respondi.
Eu: Foi.
Ethan: Chocante.
Ethan: Ótimo.
Eu ri, aquela mulher não conseguia guardar segredo, mesmo que tentasse.
Eu? Sim. Vou trazê-lo para casa quando for visitá-lo em algumas
semanas.
Eu: LOL. Eu não o peguei ainda. Mas acho que vou olhar hoje.
Eu: eu vou.
12É uma empresa de vestuário americana fundada em 1889, conhecida por roupas de trabalho pesadas,
como jaquetas, casacos, macacões, macacões, coletes, camisas, jeans, macacões, roupas resistentes ao fogo e
roupas de caça
—Eu não tenho ideia, mas o que são alguns meses em comparação com
nove anos. Vou esperar para sempre por você, Wild.
—Mas sua vida está em Bell River, Jax. Nós pulamos nisso ... nós não
pensamos ...
—A gente vai dar um jeito.
Ele segurou a parte de trás da minha cabeça com suas mãos grandes,
deixando cair seus lábios nos meus. Em menos de um minuto, ele me excitou
novamente. Seus lábios tornaram impossível para mim pensar direito enquanto o
sangue corria para minha virilha.
—Eu não quero deixar este condomínio,— eu disse, o olhar de Jax
demorando em minha boca. —Eu só tenho um mês e quero ficar nu o tempo todo.
Seus lábios se abriram em um largo sorriso, roubando a tristeza que estava
ali um segundo antes.
—Eu quero sair ... segure sua mão em uma sala cheia de pessoas.— Ele
roçou o polegar no meu lábio inferior. —Você merece ser amado em voz alta,
abertamente, na frente do mundo. Deixe-me dar isso a você.
O calor irradiou pelo meu corpo, reunindo-se dentro do meu peito
enquanto meu pulso acelerava. Eu balancei a cabeça, todas as palavras que eu
tinha preso na minha garganta. Jax estava propositalmente se tornando
vulnerável para mim. Expondo-se a mim. Expondo tudo que ele sempre temeu
sobre si mesmo para mim.
Nove anos ou um mês, o tempo não importava.
Eu faria isso funcionar.
Por ele.
Jax
Mesas alinhadas na calçada enquanto caminhávamos para o restaurante
movimentado de mãos dadas. O pátio da cervejaria que Wild escolhera estava
cheio de gente. Alguns deles pareciam ter vindo direto do escritório, vestidos com
camisas de botão e gravatas largas. O resto da multidão parecia mais com
crianças em idade universitária. Um grupo de rapazes sentados no pátio nos
encarou quando nos aproximamos da porta. Eles estavam observando, nos
julgando. Por instinto, minha mão se contraiu na palma de Wild. Minha coluna se
endireitei enquanto eu lutava contra mim mesmo, esperando que Wild não
tivesse percebido que meus dedos começaram a suar. Algumas pessoas estavam
alinhadas na frente da porta, bloqueando a entrada, e fomos forçados a ficar lá
enquanto meu coração disparava na minha garganta seca.
—Está tudo bem, Jax,— Wild enrolou o braço em volta do meu, puxando-
me para o seu lado. Todas as minhas inseguranças, aquelas calúnias sussurradas
que ouvi ressoando dentro da minha cabeça, a voz, era minha. —Apenas
respire,— ele disse, e quando eu olhei em seus olhos, a voz desapareceu.
Puxei Wild para perto e me inclinei para ele. Olhando para aquela mesa
de caras, eu me recusei a recuar enquanto eles olhavam, e dei um beijo nos lábios
de Wild.
—Estou respirando,— eu disse, e ele sorriu contra minha bochecha.
Esse sorriso tornou mais fácil ignorar como meu pulso acelerou, me
lembrou que o nojo que eu vi nos rostos daqueles estranhos não tinha nada a ver
comigo, e tudo a ver com o que eles temiam dentro de si. Se eu quisesse viver, se
eu quisesse ser feliz, eu tinha que começar a viver para mim mesmo, e não para
aqueles idiotas. Eles não sabiam nada sobre mim ou minha vida.
—Tudo bem? —Wild perguntou, pegando minha mão na sua novamente.
—Sim, estou bem.
Eu levantei nossos dedos entrelaçados e beijei suas juntas enquanto a fila
se movia para dentro do pub. Estava escuro lá dentro, a única luz vinha das
pequenas lanternas à luz de velas em cada mesa. A música não estava tão alta que
eu não conseguia me ouvir pensar, mas fez a sala zumbir. A anfitriã sorriu para
nós por trás da mesa elevada, e eu admirei o nó celta de aparência intrincada que
tinha sido esculpido no painel de madeira na parede atrás dela.
—Temos uma reserva—, disse Wild, erguendo a voz para que ela pudesse
ouvi-lo. —Welles, grupo de dois.
Ela baixou os olhos para o que parecia uma lista de nomes e acenou com a
cabeça. Pegando dois menus, ela acenou para que a seguíssemos. Segurei sua mão
enquanto ela nos levava para uma pequena mesa no fundo da sala. Wild sentou
na minha frente enquanto ela colocava os menus na mesa, e eu examinei o
restaurante, o mar de rostos um borrão. Em vez de ceder à merda dentro da
minha cabeça novamente, eu o confrontei. Nada que eu tinha em meu coração
para este homem estava errado. Não havia como nosso amor ser um pecado. Em
vez de pânico, pela primeira vez tive orgulho. A voz da anfitriã chamou minha
atenção de volta para nossa mesa, mas eu estava muito envolvido em Wild para
me importar com o que ela tinha a dizer. Seus olhos estavam quase pretos, sua
pele pálida brilhando na luz fraca. Ele passou os dedos longos pelos cachos e
sorriu para ela enquanto ouvia. Wild era lindo e gracioso e assumidamente ele
mesmo, e eu daria qualquer coisa pela chance de tê-lo em minha vida para
sempre.
Assim que ela saiu, Wild alcançou o outro lado da mesa, sua mão
deslizando na minha palma, e foi lá que ela ficou durante a maior parte da noite.
Encontramos maneiras de nos tocar. Minha mão procurando a dele, seu pé
descansando contra o meu sob a mesa. Pedimos cerveja e hambúrgueres e
conversamos sobre Eastchester. Eu perguntei a ele sobre seu último ano, e ele não
me indicou como tinha sido uma merda para ele. Fiquei grato por sua
honestidade. Eu precisava saber o quão difícil foi para ele realmente entender o
quão fodidamente sortudo eu era por estar nesta mesa. Ele me contou que quase
desistiu, mas percebeu que morar em casa com os pais seria muito pior. Acho que
me desculpei umas cinquenta vezes, até que ele me chutou por baixo da mesa e
me pediu para nunca mais dizer a palavra desculpe novamente. Wild me deixou
menos ansioso enquanto mudava de assunto para sua escrita e como tinha sido
difícil para ele fazer com que seu livro fosse lido pelas pessoas certas.
—Eu perguntei, acho que trinta agências antes de Anders me pegar—,
disse ele, levando o copo de cerveja à boca.
—Pegar?— perguntei. —O que isso quer dizer?
Ele acenou com a mão e revirou os olhos. —É uma carta que você envia a
agências literárias para tentar fazer com que elas representem você. É a pior
merda.
—Você escreveu trinta agências?
—Sim. E eu tenho muita sorte de ter sido pego —, disse ele.
—Eu li aquele livro, Wild, e foi fenomenal. Essas outras agências
perderam.
—Foi auto-indulgente. Mas eu precisava escrever. Foi catártico. — Ele
ergueu a mão quando abri a boca para falar. —Faça não dizer que você sente
muito ... — Ele sorriu quando pressionei meus lábios. —Obrigado.
Eu dei um gole na minha garrafa de cerveja quando o garçom parou em
nossa mesa. —Você queria outra rodada?
— Eu estou bem. E quanto a você?— Perguntei a Wild, e ele balançou a
cabeça. —Acho que estamos prontos para a verificação.
Depois que o garçom trouxe de volta meu cartão, saímos para o meio-fio
para esperar nosso Uber. O ar estava mais frio do que o normal e Wild
estremeceu ao meu lado.
— Está com frio? —perguntei.
Ele se abraçou. —Um pouco.
Eu dei um passo atrás dele. Puxando suas costas para o meu peito, meus
braços em volta de sua cintura. Ele se inclinou, a cabeça apoiada no meu ombro.
Havia algumas pessoas no pátio do pub, mas a maior parte do tempo estava
quieta. Eu me concentrei na respiração de Wild, o calor de seu corpo quando
encharcou minha camisa. Beijando sua têmpora, respirei o cheiro de seu
shampoo, deixando-o encher meus pulmões. Eu queria ficar no momento o
máximo que pudesse, sonhando com uma vida onde toda sexta-feira à noite fosse
exatamente assim. Mas nossa carona parou no meio-fio e, a contragosto, deixei
Wild ir.
—Você está quieto—, disse ele enquanto o motorista entrava na estrada
principal. —Está tudo bem nessa sua linda cabeça?
—Só pensando.
—Certo...— Ele sorriu enquanto procurava meu rosto. —Quer elaborar?
— É... —Hesitei enquanto o motorista nos olhava pelo espelho retrovisor.
—Eu... Eu quero isso, com você. Eu costumava me sentir culpado por querer um
futuro, quando Jason não podia ter o que ele merecia. Se nossas vidas tivessem
sido revertidas, eu gostaria que Jason tivesse uma boa vida, e acho que ele iria
querer isso para mim também.
Wild desafivelou o cinto de segurança e se aproximou de mim. —Você
pode ter os dois, Jax. Você não tem que desistir de sua família.
—Você sente falta dos seus pais?
Seus olhos caíram para nossas mãos, seus dedos brincando com os meus
enquanto ele limpava a garganta. —Eu quero te dizer que não. Mas sim ... às
vezes eu faço.
Eu levantei uma das minhas mãos e levantei seu queixo com meu polegar.
Escovando meus dedos em sua bochecha, perguntei: —Você acha que vai falar
com eles de novo?
—Não.— Ele pressionou as costas contra o assento. —Achei que eles me
amavam e superariam a decepção de não serem capazes de viver a fantasia
heteronormativa que planejaram para mim.— Sua mandíbula pulsou enquanto
seu aperto na minha mão aumentava. —Mas quando meu livro se tornou público
e minha sexualidade foi escrita para o mundo todo ver, eu me tornei uma
vergonha em vez de um filho.
—Você não é uma vergonha.
—Eu sei disso.— Seus olhos encontraram os meus. —E nem você é.
O carro parou em frente ao condomínio, suas palavras girando em minha
cabeça. Enquanto caminhávamos para a porta da frente, ele me parou na
varanda.
—Em uma escala de um a dez—, disse ele. —Quão assustado você estava
esta noite?
—No início ... provavelmente um oito.
—Aqueles caras no pátio?
—Sim— falei.
—Mas você me beijou ...— Ele cruzou os braços em volta da minha
cintura. —Você não precisava fazer isso. Você poderia tê-los ignorado.
—Deu vontade de beijar você, como agora... Foda-se esses caras.
Seus lábios se espalharam em um largo sorriso. —Você quer me beijar?
—Eu sempre quero beijar você, Wild.— Passei meus lábios nos dele. —No
momento, posso pensar em algumas outras coisas que gostaria de fazer, no
entanto.
—Ah, é?— Ele agarrou minha bunda enquanto eu pressionava meus
lábios na pele macia de seu pescoço.
—Mas você tem que abrir a porta primeiro.
Meio adormecido, rolei, estendendo minha mão para Wild, mas ele não
estava lá. Sentei-me, puxando o lençol torcido entre minhas pernas. Meus olhos
se ajustaram ao quarto escuro, o relógio na mesa de cabeceira minha única luz.
Passava um pouco das três da manhã e eu dormia há quase duas horas. Passando
a mão pelo rosto, bocejei, grogue de tanto estar no trabalho o dia todo e depois
ficar acordada até tarde com Wild. Mas valeu a pena ficar acordado até tarde.
Adormecer com Wild em meus braços, totalmente perdido em seus sentidos, era
algo com que eu poderia me acostumar. Me perguntando onde ele estava, eu saí
da cama, quase tropeçando na minha calça jeans. Acendi a lâmpada de cabeceira
e encontrei Rosie e Gandalf enrolados em uma bola juntos aos pés da cama. Como
ou quando os dois entraram aqui, eu não tinha ideia, mas foi doce como o
inferno.
—Quer sair?— Eu perguntei, mas Rosie não se mexeu.
Gandalf apenas me olhou enquanto eu caminhava nu pela sala para pegar
um moletom da minha bolsa. Quando eu estava decente, desci as escadas e segui
o som de dedos batendo no teclado. Wild estava em seu escritório, vestindo
apenas roupas íntimas, digitando em seu computador. Ele não percebeu que eu
estava apoiado no batente da porta, observando-o enquanto ele mordia o lábio
inferior. Suas mãos pairaram sobre o teclado e ele sussurrou para si mesmo
enquanto lia o que quer que tivesse escrito na tela. Depois de um minuto, entrei
na sala e ele saltou.
—Merda—, disse ele, e se recostou na cadeira. —Você não pode se
aproximar de mim desse jeito.
Seus olhos percorreram meu peito nu.
—Desculpe,— eu disse, inclinando-me e beijando seus lábios.
—Você está perdoado.
— ... há quanto tempo você está acordado? —Eu perguntei enquanto ele
bocejava.
—Nunca fui dormir.
Eu examinei as duas grandes estantes de livros contra a outra parede. —O
que você está escrevendo?
—É uma história na qual venho trabalhando ...— Sua voz sumiu quando
eu peguei uma daquelas coisas Funko que ele havia me falado. Eu encarei a
versão em miniatura de Frodo e sorri. —Você quer mesmo saber?
—Sim.— Eu ri, virando-me para dar a ele minha atenção. —A menos que
você não queira me dizer.
—É sobre esse cara ... Abel. Ele se apaixonou por seu melhor amigo, mas
não deu certo.
—Parece triste.
—É ... mas Abel lhe dá outra chance.
—Eles acabam juntos no final?— perguntei.
— Eles fazem isso.
Era apenas uma história, e talvez fosse o ego que me fez pensar se isso
tinha alguma coisa a ver comigo. De qualquer forma, sua resposta me deu
esperança.
—Posso ler ... quando terminar, quero dizer?
—Eu adoraria. —Ele sorriu e apontou para o brinquedo em minha mão.
—Eu disse que tinha um problema.
—É fofo,— eu disse.
Colocando-o no chão, fui até sua mesa.
—O pequeno bebê Frodo é fofo? Ou você está falando sobre meu vício por
Tolkien?
—As duas coisas.
Olhando para mim de sua cadeira, ele alcançou meu ombro, pressionando
seus dedos contra o hematoma roxo em minha pele. —Foi mal por isso.
—Não lamento.
Pensar em Wild me cavalgando novamente, seus dentes na minha pele,
sua mão no meu cabelo, me deixou duro e pronto para outra rodada. Seus olhos
caíram para a protuberância crescente em minhas calças enquanto eu segurava
seu queixo com a palma da minha mão. Eu arrastei a ponta do meu polegar sobre
seus lábios entreabertos, seu hálito quente na minha pele fez minhas bolas
apertarem com a necessidade.
—Eu gostei de ver você perder o controle assim,— eu sussurrei.
—Percebi.
Wild se levantou, me apoiando contra a mesa enquanto me beijava. Com
as mãos espalmadas contra o meu peito, ele as arrastou pela minha pele
superaquecida. Ele pressionou os lábios na marca que havia me dado antes,
colocando beijos de boca aberta na minha clavícula e no meu peito. Meus dedos
pentearam seu cabelo enquanto ele se abaixava na cadeira, seus lábios lambendo
e saboreando as cristas do meu abdômen, a ponta de seu nariz traçando uma
linha ao longo do V do meu osso do quadril. Não importava quantas vezes nos
caíssemos assim, cada beijo que ele me dava, cada toque, era como um novo
começo, um dia novo em folha, onde tudo que eu sempre quis estava bem na
ponta de meus dedos.
Minha pele se enrugou com arrepios quando seus polegares engancharam
na faixa do meu moletom. Muito lento, ele os puxou para baixo, seus lábios
seguindo a trilha de cabelo loiro até a base do meu pau. Ele sorriu e eu agarrei a
mesa enquanto sua boca rodeava a cabeça do meu pau. O calor úmido de sua
língua deslizou sobre minha pele sensível e meus olhos se fecharam quando seus
lábios ansiosos se moveram ao longo do meu eixo. Minha cabeça inclinou para
frente e ele enfiou a mão em sua cueca. Ele acariciou a si mesmo, seus olhos
escuros pesados, e a visão dele, todo ferido, as bochechas coradas, foi quase o
suficiente para me fazer gozar.
—Wild!
Ele se levantou e eu enquadrei seu rosto em minhas mãos. Nosso beijo
descoordenado quando eu tirei meu moletom e ele empurrou sua cueca. Com
nossas roupas no chão, nossos corpos se juntaram. Músculo, pele, mãos e dentes.
Seu corpo inteiro tremia enquanto eu corria minha palma por suas costas e
agarrei sua bunda, meus dedos cavando na carne enquanto eu levantava seu
corpo. As pernas de Wild envolveram meus quadris enquanto eu empurrava para
fora da mesa. Nossos lábios se encontraram, apressados e famintos, seus braços
abraçando meu pescoço. Adorei tê-lo em meus braços. Amava o peso dele, a
maneira como ele se encaixava, confortável e perfeito, contra mim.
—Vamos— foi tudo o que ele conseguiu dizer antes de sua língua deslizar
em minha boca.
Ele montou em minhas coxas, seus joelhos pressionados contra meus
quadris enquanto eu nos sentava nas almofadas do pequeno sofá. Meus dentes
arranharam a pele delicada de seu queixo, sua mandíbula. Meus lábios
encontraram um lar logo abaixo de sua orelha. Lambi minha língua ao longo da
curva de seu pescoço, chupando a pele lisa até que ele gemeu, até que ficou
marcado como eu. Eu me afastei e beijei o hematoma.
—Não fique muito orgulhoso de si mesmo—, disse ele, seus lábios se
abrindo em um sorriso deslumbrante.
Eu belisquei sua bunda e ele se contorceu no meu colo.
—Deus, eu quero você de novo,— ele disse, nós dois gemendo enquanto
nossos pênis se esfregavam. —Ninguém me faz sentir como você, Jax.
—Devemos subir?
—Não—, ele ofegou. —Acho que tenho um preservativo na bolsa do
laptop.
Wild me beijou enquanto mudava seu peso e saía do meu colo. Eu o
rastreei enquanto ele atravessava a sala, amando suas longas pernas e o músculo
de suas coxas. Ele se abaixou, remexendo em sua bolsa, e eu gostei da visão de sua
bunda no banco da frente. Quando ele se virou, ele me pegou olhando. Eu não
desviei o olhar, minha apreciação por seu corpo era visível na forma como meu
pau estremecia enquanto ele caminhava em minha direção com uma camisinha
na mão.
Ele montou em mim novamente, minhas mãos descansando em suas coxas
enquanto ele se posicionava. Meus dedos enrolaram em torno de seu eixo, meu
polegar circulando a cabeça de seu pênis enquanto ele abria o preservativo e
rolava por todo o comprimento do meu pau. Ele balançou contra mim enquanto
eu massageava o músculo de sua bunda com minhas mãos. Espalhando suas
bochechas, eu o provoquei com meu dedo, empurrando apenas a ponta dentro
dele.
—Nós precisamos...
—Estou bem—, disse ele, apontando para o meu dedo.
Uma lavagem de vermelho coloriu seu pescoço e peito.
—Eu não quero machucar você,— eu sussurrei.
—Preservativo tem ... lubrificante—, disse ele entre beijos febris. —Foda-
me—, ele implorou, seus olhos nublados de desejo quando a ponta do meu dedo
encontrou sua próstata.
Wild ficou de joelhos, suas unhas cravando em meus ombros enquanto ele
afundava no meu pau. Eu não me movi, esperando ele sair, respirando com o
desejo de empurrar todo o caminho. Eu nunca me acostumaria com a forma
como seu corpo me engolia por inteiro, a confiança que ele me deu cada vez que
me deixou entrar.
Ele se abaixou até que sua bunda encontrou minhas coxas e um silvo
escapou dos meus lábios. —Porra, você se sente bem.
Ficando de joelhos, ele encontrou seu ritmo, e eu o deixei me montar até
que ele tremesse com a necessidade de gozar. Sentando-me o máximo que pude,
juntei nossos peitos. Os braços de Wild envolveram meus ombros, suas mãos
enroladas em meu cabelo enquanto ele me puxava para mais perto. Meus lábios
contra sua garganta, uma onda de calor desceu pela minha espinha. Eu me
inclinei para trás e ele observou enquanto nossa pele batia uma na outra com
cada pulso de meus quadris. Peguei seu pau em minha mão, puxando-o até que
ambos estivéssemos grunhindo.
Wild gozou forte com um grito estrangulado, sua cabeça jogada para trás
enquanto o calor de sua libertação cobria meu peito. Eu bati nele, enchendo-o
repetidamente, perseguindo meu orgasmo até que eu estava exausto e suado e ele
caiu em meus braços. Eu não me importei com a bagunça que fizemos quando
beijei seu ombro e o segurei contra mim. Meu coração batia forte em meu peito,
Wild sussurrou um ofegante —Eu te amo ...— contra meu ouvido.
Eu segurei seu rosto em minhas palmas, saboreando essas três palavras em
sua língua enquanto o beijava.
—Eu também te amo, Wild, tanto.
Tendo ele assim, só para mim, seu cheiro na minha pele, seu corpo envolto
em meus braços, eu não tinha ideia de como eu voltaria para minha antiga vida,
ou como diabos eu planejava sobreviver à sua ausência. Outubro.
Wilder
Quem quer que cunhou a frase ‘o tempo voa quando você está se
divertindo’ nunca explicou o que aconteceu com o tempo quando uma pessoa
estava apaixonada. O tempo era areia entre meus dedos, ou pior, como gotas de
chuva no meio do verão, evaporando antes mesmo de atingir o asfalto quente e
preto. Um segundo, eu tinha um mês, e no próximo era o último sábado de
setembro. Eu tinha um pouco mais de uma semana antes de partir para Miami, e
depois que Jaxon voltou para Marietta amanhã, eu só tinha um fim de semana
com ele. Eu não tinha ideia de como iria passar esta semana de merda, todos
aqueles dias perdidos, sem ele. Tentei me lembrar que tive a sorte de conseguir
alguns dias extras aqui e ali no mês passado, quando a casa em que ele estava
trabalhando sofreu atrasos. Mas meu coração melodramático queria gritar para o
vazio, quem se importa, esses dias acabaram agora. Eu queria que ele ficasse
comigo esta semana. Eu queria ser rico de forma independente e pagar todas as
contas que ele tinha, fazer sua mãe me amar e depois levá-lo para passear
comigo.
Amuado, eu o observei por trás do livro que eu deveria estar lendo. Jax
estava espalhado no sofá da minha sala, todo amarrotado e o sexo desgrenhado
do boquete que eu dei a ele vinte minutos atrás. Suas pernas cobertas com o
algodão macio de seu moletom, estendido sobre meu colo. Eu o encarei,
guardando a imagem na memória enquanto ele rolava pelo telefone com uma das
mãos, a outra pendurada no sofá, coçando distraidamente o topo da cabeça de
Rosie.
Completamente alheio ao meu colapso mental, com os olhos grudados no
telefone, ele disse: —Ethan e Jason estão voltando do Parque Estadual de
Henderson.
Eu cantarolei, fingindo estar absorto em um livro que li muitas vezes.
Normalmente Tolkien era o suficiente para acalmar minha ansiedade, hoje,
porém, nem tanto.
Ele riu e seus olhos se encheram de humor leve enquanto ele erguia a
cabeça. —Ethan tem sido bom para ele. Nunca pensei que Jay fosse acampar
como ele. Talvez eu precisasse cortar o cordão mais cedo. Aparentemente, Jason
disse a Ethan que eu era livre para ficar na Geórgia pelo tempo que quisesse.
Suspirei e deixei minha cabeça cair para trás contra o sofá.
—O que aconteceu?—, ele perguntou, colocando o telefone no peito.
Eu fechei meus olhos enquanto tentava canalizar seu humor alegre e me
recompor.
—Nada,— eu disse, e ele riu.
Eu arquivei o som rico disso com a maneira como ele olhou para mim
quando disse Eu amo Você .
—Eu não acredito nisso por um segundo.— Ele se sentou e, sem o peso das
pernas para me apoiar, quase perdi o controle.
—Você pode ligar dizendo que está doente na segunda ... talvez na terça
também?
Ele me puxou para seu colo, meu livro caindo no chão.
—Eu gostaria de poder, mas se eu conseguir terminar este trabalho mais
cedo, talvez eu possa ir vê-lo em uma de suas contratações na Flórida.
Ele já tinha desistido neste fim de semana com seu irmão para ficar
comigo. A culpa se sentou azeda em meu estômago. —Estou sendo carente.
—Eu gosto de você carente.— Ele esfregou o nariz na curva do meu
pescoço. —Além disso, não é preciso querer ficar com seu namorado, Wild.
A palavra namorado ficou gravada no arquivo com a forma como seus
lábios se curvavam para um lado quando ele pensava que eu estava sendo
engraçado.
—Você poderia se deslocar para o trabalho durante a semana?— Eu
tentei, mas ele balançou a cabeça.
—Eu nunca chegaria no local a tempo. Além disso, Hudson já está
perguntando sobre a garota com quem eu estive morando com todo fim de
semana. Estou surpreso que minha mãe não tenha me perguntado sobre o quanto
ele fala com quem quer que o ouça em Bell River.
A menção de Hudson, sua mãe, seu armário, me irritou. Ele disse que
contaria a eles assim que voltasse para casa. Mas por que não contar agora? Por
que esperar? Dê-lhes tempo para se reconciliarem antes que ele volte. Meus
velhos fantasmas começaram a empurrar a porta que eu tinha selado desde que
Jax voltou para minha vida.
Ele inclinou meu queixo com o dedo, olhando nos meus olhos e disse: —
Não quero voltar para Marietta amanhã e com certeza não quero que você vá
para Miami. Mas é isso que temos que fazer. Sou seu. Nenhuma quantidade de
tempo vai mudar isso.
Ele me beijou e eu memorizei o gosto de menta de sua boca, escondendo-o
ao lado da maneira como ele gemeu quando eu mordi seu lábio. Eu levaria todos
esses pequenos pedaços dele comigo e os manteria seguros. Esperando que
quando eu voltasse para casa, ele estivesse aqui, e todas as memórias que eu
guardava fossem algo para valorizar em vez de lamentar.
Rosie pulou no sofá e Jax riu contra meus lábios enquanto ela abria
caminho em nosso colo.
—Alguém está com ciúmes—, disse ele com aquela voz doce e adorável de
cachorro. Ele beijou o topo de sua cabeça antes de mandá-la sair do sofá. —
Abaixe-se, bebê.—
Ela desceu e foi até a porta de vidro deslizante, com Gandalf em seu
encalço. Os dois ficaram parados olhando através do vidro, Rosie rosnando para
os pássaros enquanto Gandalf ziguezagueava por suas pernas.
—Acho que Gandalf gosta mais de Rosie do que de mim.
A cabeça de Jaxon tombou para trás enquanto ele ria. —Você
definitivamente está se sentindo carente hoje.
Ele agarrou minha cintura e me levantou até que eu montasse em suas
coxas. Seus bíceps se contraíram quando ele me puxou em direção ao seu peito.
Eu amei a maneira como ele me maltratou, seu toque firme era outra coisa que eu
não queria esquecer. Suas mãos serpentearam sob minha camisa, os calos em suas
palmas arrastando em minha pele.
—Vou sentir falta dessas mãos—, eu disse. —Entre outras coisas.
Ele sorriu enquanto levantava minha camisa sobre a minha cabeça. —Oh
sim, como o quê?
Um nó estranho de nostalgia se prendeu na minha garganta enquanto
seus dedos pintavam arrepios ao longo das minhas costelas. Quando eu não
respondi, seu sorriso sumiu. Sempre em sintonia com o meu humor, ele me beijou
como se eu fosse uma criatura delicada e perfeita, como se todos aqueles pedaços
dele que eu agarrei no meu peito estivessem prestes a se espalhar com o vento.
—Ei—, disse ele, roçando o polegar na minha bochecha. —Hoje não é
adeus, certo?
—Tudo bem.— A palavra foi um sussurro grosso.
—E no próximo fim de semana também não será—, ele prometeu. —Esta
viagem não é o nosso fim. É apenas um solavanco na estrada.
Eu não queria estragar os últimos dias que tive com ele, concentrando-me
no quanto eu sentiria falta dele quando eu partisse, ou na bagagem que sobrou de
seu desaparecimento na faculdade.
—Só um solavanco—, eu disse e o beijei de volta.
A curva suave de seu lábio superior, a queimadura de sua barba por fazer,
a respiração silenciosa que ele respirava toda vez que nossas bocas se separavam,
essas eram todas as coisas que eu sentiria falta, todas as coisas que eu empacotei e
guardei para quando os quilômetros entre nós começamos a me oprimir.
—Nós poderíamos pular o almoço com June e Gwen,— ele disse,
pressionando a boca na minha garganta.
—Porque isso não os irritaria de forma alguma.
—Acho que eles entenderiam.— Jax deslizou suas unhas pelas minhas
costas. —Conte a verdade. Nós não temos muito tempo juntos e queremos passá-
lo ... aqui.
Sorrindo, eu balancei minha cabeça. —Vou ligar para ela e você pode
contar a ela.
Ele arregalou os olhos. —Eu?
—Claro ... apenas diga a ela que desculpe, estamos pulando o almoço hoje
porque eu quero foder meu namorado enquanto ainda tenho uma chance. E
talvez eu o deixe me foder, se tiver sorte.
Ele soltou uma risada e apertou minha bunda em suas mãos. —Acho que é
exatamente isso que vou dizer. Pegue seu telefone.
Quando o alcancei, ele me agarrou, prendendo minhas costas no sofá, e
rastejou sobre meu corpo. Uma risada sem fôlego me escapou enquanto seus
olhos verdes escureciam.
—Você poderia, se quisesse—, disse ele.
—Queria o quê?
Estava claro para mim o que ele queria dizer, mas eu queria que ele
perguntasse por isso.
Ele baixou os lábios no meu pescoço, beijando seu caminho ao longo da
minha mandíbula até minha orelha e sussurrou: —Para me foder ... se é isso que
você quer.
Eu só tive Jax assim uma vez enquanto estávamos na escola, e nunca com
mais ninguém. Eu queria estar com Jax de todas as maneiras possíveis se ele me
deixasse.
—Não quero obrigá-lo a fazer algo com o qual não se sinta confortável.
Ele rolou seus quadris, seu pau duro e pronto, me mostrando o quão
confortável ele estava com a ideia toda.
—Eu quero.
Passei meus dedos por seu cabelo enquanto me sentava. O calor entre nós
sempre queimara rápido, acendendo com apenas um toque de faísca. Nós dois
ajoelhamos no sofá, nossos lábios se encontrando novamente. Consumido com a
ideia de estar dentro dele, de ele me dar seu corpo, sua confiança, não me
importava se provavelmente chegaríamos atrasados para o almoço, ou se
chegássemos, ou se June me odiasse pelo resto da vida . Tudo que eu queria era
ele.
Jax tirou sua camisa, o movimento fazendo nossos corpos balançarem nas
almofadas excessivamente macias.
—Devemos levar isso para cima?— Eu perguntei e ri contra seus lábios.
Ele acenou com a cabeça e entrelaçou os dedos nos meus enquanto
subíamos para o meu quarto. Rosie caminhou atrás de nós e me lançou um olhar
feio quando fechei a porta em seu rostinho peludo. Quando me virei, Jax ergueu a
sobrancelha.
—O quê?— Eu perguntei, fingindo inocência. —Fico estranho quando ela
está aqui. É como se ela estivesse nos observando.
Jax me puxou para seu peito. —Ela provavelmente só pensa que estamos
lutando.
—Hmm-mm,— cantarolei enquanto seu nariz fazia cócegas na curva do
meu pescoço.
Com tudo do lado de fora da porta esquecido, lambi seus lábios,
provocando-os com meus dentes até que ele se abriu para mim. Beijando como se
fosse a única língua que conhecíamos, eu o encostei no colchão. Tiramos nossas
roupas sem cerimônia, desajeitados e deselegantes com a tensão, músculo contra
músculo, caímos um no outro na cama. Jax se recostou, descansando a cabeça em
um travesseiro, e eu me ajoelhei entre suas pernas. Seu corpo estava esticado,
cada borda perfeita e esculpida dele em exibição. Ele me observou, com suas
pupilas dilatadas, enquanto eu acariciava seu pau. Grosso e longo, a pele macia
estava quente em minha mão. Eu tomei meu tempo, explorando, lambendo e
chupando seu pau enquanto Jax peneirava seus dedos pelo meu cabelo,
sussurrando encorajamentos sujos. Sua confiança havia crescido nas últimas
semanas, e adorei como ele aprendeu o que queria e pediu sem hesitação.
Deixei beijos molhados em seu eixo e na parte interna de sua coxa
enquanto abria suas pernas. Sua respiração engatou, um suspiro sufocado
travando em sua garganta enquanto minha língua lambia e provocava sua bunda.
Meu pau doeu quando Jax me implorou por alívio. Vazando no lençol,
desesperado por atrito, estendi a mão para pegar o lubrificante e o preservativo
da gaveta. Eu espremi uma boa quantidade do líquido em meus dedos. Ele não
tinha feito nada parecido em mais de nove anos, e eu não queria machucá-lo.
Trazendo meus lábios para a cabeça de seu pau, minha mão descansou entre suas
pernas, e quando a ponta do meu dedo violou aquele anel apertado de músculo,
ele jurou.
— Tudo bem? —Eu perguntei, e ele se apoiou nos cotovelos.
—Sim.
Ele não tirou os olhos de mim enquanto eu empurrava meu dedo mais
fundo. Suas mãos se fecharam em punhos ao lado do corpo enquanto sua cabeça
caiu para trás.
—Eu posso parar, Jax ... se você precisar de mim para.
—Parece ... bom.
Sua cabeça bateu no travesseiro enquanto eu trabalhava um segundo dedo
dentro dele.
— Ai, caralho! Deus… Wild, eu preciso ... —ele murmurou, suas palavras
desconexas enquanto meus dedos roçavam sua próstata.
—Do que você precisa?— Eu perguntei antes de tomar seu pau em minha
boca novamente.
Uma série de sílabas incoerentes transbordou de seus lábios até que ele
pronunciou uma palavra. — Você.
Adicionando mais lubrificante aos meus dedos, coloquei um terceiro,
empurrando seus limites. Pressionando um beijo suave em sua coxa, na mecha de
cabelo claro logo acima de seu eixo, eu o acariciei, combinando com o ritmo lento
e uniforme de meus dedos, e seu pau inchou em minha mão. Seus olhos estavam
fechados, seus lábios abertos, me convidando a prová-los. Inclinando-me sobre
seu peito, limpei minha boca sobre a dele. Jax segurou minha nuca. Sua língua
quente em meus lábios enquanto meus dedos escorregavam por entre suas
pernas, e eu me afoguei na forma torturada e pesada com que ele me beijou.
Ficando de joelhos, abri a camisinha. Superestimulado e sensível, cerrei os
dentes enquanto o rolava. Jax abriu suas pernas para mim, seus olhos travando
nos meus enquanto eu me acariciava, meus dedos escorregadios com lubrificante.
—Diga-me para parar se doer.
Ele acenou com a cabeça enquanto eu pressionava contra sua entrada.
Respirando com dificuldade, morrendo um pouco a cada segundo que passava
enquanto a cabeça do meu pau empurrava dentro dele. Ele era tão apertado. Eu
segurei meu corpo quieto, não confiando em mim mesmo para me conter,
desejando mais e me perguntando como eu me deixei esquecer isso, esquecer o
quão incrível ele era.
—Você pode aguentar mais?
—Sim ...— ele ofegou, seus dedos cavando em meus quadris.
Eu relaxei gradualmente no início, até que não aguentava mais, e afundei
tão fundo quanto seu corpo permitia.
—Jesus. —Eu gemi, me abaixando, segurei o peso do meu corpo com
meus antebraços e o beijei.
Jax colocou as palmas das mãos aquecidas na minha cintura e eu rolei
meus quadris com estocadas preguiçosas, prolongando cada segundo, até que
seus dentes estivessem em meus lábios, rosnando para eu me mover mais rápido.
Eu empurrei seus joelhos para trás com minhas mãos, ganhando outro centímetro
dentro dele. Eu puxei para fora e ele baixou os olhos, observando enquanto eu
batia de volta nele.
A sala se encheu com o cheiro dele, e eu fui cativado pela visão dele
debaixo de mim, músculos tensos flexionados e tensos enquanto ele pressionava
meu pau.
—Wild... Eu ... —ele gaguejou enquanto eu acariciava meu eixo com meus
dedos. —Porra, sim ... assim ...
Ele empurrou em minha mão enquanto eu empurrava nele, cada um de
nós correndo atrás de nosso próprio coração batendo. Ele gozou com meu nome
em seus lábios, seu clímax me levando com ele enquanto eu amaldiçoei durante
meu gozo. Jax respirou fundo quando eu puxei, e caí em cima dele, sem fôlego,
pegajoso e coberto de suor. Ficamos deitados assim, minha bochecha contra a pele
úmida de seu ombro, sua mão em meu cabelo, seu dedo torcido em volta dos
meus cachos enquanto sua respiração se estabilizava embaixo de mim.
—Eu acho que você tem o que é preciso para ser um fundo poderoso,—
eu disse e ele riu.
Erguendo minha cabeça, fui saudado com um sorriso fácil.
—Isso foi bom para você?— perguntei.
—A julgar pelo tamanho da bagunça em que você está deitado, eu diria
que me diverti.
—Isso é meio que ... Eu sinto orgulho.—
Sua risada retumbou em seu peito. —Eu amo o quão humilde você é.
—E eu te amo—, eu disse, e Jax levou as mãos ao meu rosto, beijando-me
com lábios macios e ternos. —Eu não quero... Mas provavelmente deveríamos
entrar no chuveiro.
Quando eu não me mexi, Jax deu um beijo rápido em meus lábios e bateu
na minha bunda. —Te dizer o que? Se você se levantar agora, vou avisar que
estou doente na segunda.
—Sério?
—Eu quero outro dia com você,— ele disse, e eu pude ver meu sorriso
refletido em seus olhos.
Jesus Cristo.
Eu ouvi sua voz na minha cabeça, vi seus olhos verdes me observando,
nariz com nariz, com nossas cabeças naquelas malditas almofadas do quarto, e
como se alguém tivesse aberto uma comporta, comecei a chorar. Silenciosamente,
June se moveu pelo sofá e me puxou para um abraço.
—Basta ligar para ele.
—Não posso.— Eu me afastei e passei as costas da mão no rosto. —Se ele
me disser que acabou de verdade, June, nunca poderei entrar naquele avião
amanhã.
—Você não envia uma mensagem de texto para uma pessoa para dizer
boa noite se estiver prestes a partir seu coração—, disse ela.
—Jax faria. Ele é educado assim. — Nós dois rimos, a taça gigante de
vinho que eu bebi começou a deixar minha cabeça tonta.
—Apenas durma, ligue para ele de manhã.
—Talvez eu vá,— eu disse, sabendo muito bem que era uma mentira.
A chuva desabou pelas janelas do aeroporto. Todos os assentos no portão
pareciam ocupados, a sala abarrotada de viajantes e crianças gritando. Cheirava a
cachorros-quentes rançosos, o ar excessivamente quente e pegajoso de umidade.
Em vez de tentar encontrar um assento, encostei-me na parede. Graças à garrafa
de vinho que terminei com June ontem à noite, minha cabeça latejava. Eu mudei
minha bolsa e vasculhei-a, verificando pela décima vez se eu tinha minha
carteira e passagem. Não sei por que pensei que tinha perdido no caminho da
segurança para o portão, mas o aeroporto de Atlanta tinha um jeito engraçado de
transformar até mesmo a pessoa mais calma em uma pilha de nervos total. Uma
criança colidiu com minha perna e sua mãe me deu um sorriso cansado que me
fez sentir menos estressada do que alguns segundos antes.
Minha assistente se certificou de que tudo estava em ordem. Eu tinha uma
passagem de primeira classe. Meus livros foram enviados para todas as lojas. Ele
atualizou meu calendário com meu Ft. Assinatura de Lauderdale. Não deveria
haver nada com que me preocupar. Tudo que eu precisava fazer era aparecer. Eu
deveria estar animado, foi isso que eu sempre sonhei. Mas em vez disso, como o
céu lá fora, a tempestade dentro de mim continuou. Eu não tinha recebido
nenhuma correspondência de Jax esta manhã. Ele geralmente me mandava
mensagens por volta das oito todos os dias, mas já passava das dez e nada havia
acontecido. Eu podia ouvir a voz de June na minha cabeça, me castigando. Me
dizendo que é melhor eu ligar para ele antes que ele desista de nós. O lado lógico
do meu cérebro dizia que ela estava certa. Eu deveria ligar para ele, resolver as
coisas. Se tudo acabou, então pelo menos eu tive um encerramento. E se não
tivesse acabado, eu não poderia deixar a ideia criar raízes. Eu aprendi com o
próprio Jaxon como era perigoso ter esperanças de merda.
Querendo ficar entorpecido, tirei meu telefone do bolso e abri um
aplicativo de jogo. Não tenho certeza de quanto tempo fiquei zoneado, mas por
fim o intercomunicador no alto se ligou e eles anunciaram que o embarque
começaria em quinze minutos. Quando fechei o aplicativo, vi uma notificação por
e-mail. Sem pensar nisso, abri o e-mail e quase deixei cair o telefone quando li o
assunto.
PARA: [email protected]
Wild
Eu amo você,
Jax
—Não posso acreditar que está quase acabando—, disse June, com as
mãos na barriga inchada. Ela subiu a calçada e beijou minha bochecha suada. —
Isso é puro talento, Jaxon. Esta casa é incrível.
Abaixei-me e sussurrei na protuberância em sua barriga. —Sua mãe é a
senhora mais legal que eu conheço. É melhor você ser bom com ela.
June bateu no meu ombro nu e seu rosto se contorceu enquanto ela
limpava a mão na calça jeans. —Você e Wilder vão estragar essa garota com
mimos. Gwen também.
—Não é isso que os tios devem fazer?— argumentei.
—É melhor você controlar Wilder,— ela sibilou. —Ele não pode comprar
para essa garota todas as merdas que ela quer.
Eu ri enquanto colocava a pá contra a varanda. Estava quase quarenta
graus hoje, e nenhuma nuvem de chuva à vista. Que funcionou para mim. Não
tive tempo a perder instalando esse sistema de sprinklers.
—Eu não posso fazer nenhuma promessa. O que ele quer, ele consegue.
Você sabe que aquele homem é meu dono.
Ela revirou os olhos enquanto passava por mim. —Eu suponho que ele
está dentro. Deus me livre se ele sujar as mãos.
Eu queria dizer a June que ele era muito bom em se sujar quando queria,
mas imaginei que ela não apreciaria esse tipo de humor bruto.
—Sim, ele está lá dentro com Jason e minha mãe. Ela está ensinando ele a
fazer torta de maçã. — Eu ri maliciosamente. —Você pode querer entrar e salvá-
lo.
—Oh, inferno, isso deve ser bom.
Eu segui June para dentro, o cheiro de canela mascarou a camada de tinta
fresca que eu joguei no banheiro de hóspedes na noite passada.
—Você fez muito—, disse June enquanto caminhávamos para a sala de
estar.
Eu construí esta casa desde a fundação. Tive a ajuda de alguns dos caras
que trabalhavam para mim. Meu antigo chefe fez o desenho exatamente como eu
queria. Eu estava feliz por Jim não ter dado a mínima para minha sexualidade,
quanto a Hudson e Chuck, eu não me importava que nunca tivesse que vê-los
novamente em minha vida. Levei seis meses para levar a casa a um lugar onde
pudéssemos nos mudar. Três quartos, cada um com seu próprio banheiro, todos
no andar inferior. O quarto principal ficava no andar de cima, com um chuveiro
quase exatamente igual ao do hotel em que ficamos em Nashville durante a
primeira turnê do livro de Wild. Eu mesmo lixei o piso de madeira, coloquei a
pedra para a lareira. Com apenas começando meu próprio negócio de
contratação, eu tive que beliscar centavos quando podia.
June parou em seu caminho, sua risada enchendo a sala. —Oh meu Deus,
acho que nunca te vi tão miserável.
Mamãe cobriu o sorriso com a mão enquanto Wild limpava a farinha do
rosto com os dedos. —Não estou com humor para suas besteiras ... June.
—Cuidado com a sua linguagem, filho, há mulheres presentes.— Mamãe
estalou a língua e Wild me lançou um olhar penetrante. —Como você está se
sentindo, querida—, ela perguntou a June.
—Gorda—, disse June, e afundou-se em um banquinho de bar. Rosie
cutucou sua mão até que ela desistiu e a acariciou.
—Você está brilhando. Quantas semanas mais? — Mamãe perguntou,
enxotando Gandalf do balcão.
—Dois? Mas estou pensando com esse calor que posso chegar mais cedo.
A última vez que trabalhei, a enfermeira responsável disse que eu estava dilatada
para três centímetros.
—Espera?— Wild franziu o nariz. —Sua enfermeira encarregada colocou
a mão em sua va ...
—Quase coloquei os sprinklers—, falei, sorrindo quando minha mãe
corou.
Jason saiu do banheiro de hóspedes, com os olhos arregalados quando viu
June. —Eu não sabia que você estava aqui. Onde está Gwen?
—Pegando um turno extra no hospital,— ela disse enquanto ele a
abraçava.
—Estou pensando em ir ao parque hoje à noite para fazer algumas bolas
de basquete—, eu disse. —Se você e mamãe não têm nada planejado, quer vir
comigo, Jay?
—Não sou muito bom. —Ele olhou para a confusão no rosto de Wild.
—Lembre-se do que a Sra. Wilson disse, você tem que continuar tentando,
mesmo que seja difícil.— Wild bateu com o ombro no de Jason. —Acho que você
é melhor do que pensa.
—O que aconteceu com o seu rosto?— Jason limpou um pedaço de
farinha do nariz de Wild.
—Sua mãe está me torturando de novo—, disse ele. —Não sei o que é pior
... Cozinhar ou pescar.
—Cozinhando—, Jason e eu dissemos em uníssono.
—Vê? Eu te disse, Barb, cozinhar é o absoluto pior.
—Quando você terminar de choramingar—, disse ela, —pode me dar isso.
Meu marido, parecendo completamente desgrenhado e fofo como o diabo,
entregou a ela a maçã em que estava trabalhando.
Jason riu enquanto ela o colocava no forno. —Espero que todo o seu
trabalho árduo valha a pena quando estiver concluído.
—Ou envenenar todos nós,— ele resmungou baixinho.
Coloquei minha mão em sua nuca. Não me importando se tinha sujeira
sob minhas unhas, ou que provavelmente cheirava mal, eu o puxei para um beijo.
—Vai ser delicioso,— eu disse, e o beijei mais uma vez para completar.
—Gosto quando você cheira como se estivesse rolando na terra o dia
todo—, disse Wild, sorrindo contra meus lábios.
—Não precisamos saber de nada disso—, disse June, e minha mãe riu.
—É melhor eu ir para casa ou não terei tempo de parar no
supermercado—, disse a mãe. —Lembre-se do que eu disse a você, se a crosta não
estiver dourada, deixe-a mais um pouco.
—Sim, senhora.— Wild a puxou para um abraço lateral. —Me desculpe,
eu sou um aluno tão decepcionante.
Ela deu um tapinha em seu peito, a interação fazendo minhas bochechas
doerem enquanto eu sorria. Ela percorreu um longo caminho desde aquele
primeiro Dia de Ação de Graças, e como eu disse a Wild, uma vez que ela viu o
quão feliz ele me fez, ela se apaixonou por ele também. Mamãe e Jason haviam se
mudado para Atlanta cerca de três meses atrás. Os recursos aqui para Jason eram
muito melhores e, honestamente, eu odiava ter ele e minha mãe tão longe.
Quando Ethan se mudou para o Colorado com seu namorado Chance, eles
perderam seu último vínculo para Bell River. Mamãe disse que ela não se
encaixava mais lá de qualquer maneira. Ela deixou sua velha igreja por uma
daquelas novas igrejas de tipo não denominacional que aceitam tudo. Ela vendeu
a casa e conseguiu um condomínio a cerca de vinte minutos de nós. Parecia certo
tê-los aqui, deixando para trás aquele velho rio que havia se esforçado tanto para
nos manter debaixo d’água. E imaginei que Jason teria que ficar conosco
permanentemente um dia, quando mamãe não pudesse mais cuidar dele sozinha.
É por isso que construí esta casa tão grande quanto eu fiz. Queria que ele tivesse
seu próprio espaço e queria um espaço só para mim e meu marido. Quando Wild
se casou comigo em janeiro, meu objetivo era fazer de nós um lar que valesse
todo o amor que ele me deu. Havia trabalho a ser feito, pequenas coisas aqui e ali,
mas a cada dia parecia mais como eu tinha imaginado.
Mamãe me beijou na bochecha. —Vou trazê-lo mais tarde se ele quiser
vir. Ele pode estar cansado.
—Apenas me ligue,— eu disse.
Jason e minha mãe receberam outra rodada de abraços de Wild e June
antes de eu levá-los para fora.
O sol fez o cabelo grisalho da minha mãe brilhar quando eu abri a porta
da frente e, por algum motivo, ele me deixou sem fôlego, dando um nó no meu
peito.
—Qual é o problema, querido?
Eu a puxei para o meu peito, ignorando-a quando ela mexeu com a
sujeira em minhas mãos. Depois de um segundo, ela se inclinou para mim, seus
braços me abraçando com força.
—Obrigado por vir hoje,— eu disse, relutante em deixá-la ir. —Ele pode
brigar com você por isso, mas isso significa muito para ele ... você ensinando-lhe
minhas receitas favoritas.
—Aquele homem olha para você como se você tivesse engarrafado o sol só
para ele ... Vou ensiná-lo tudo o que ele quiser saber, desde que continue a amá-
lo assim.
—Você não pode engarrafar o sol—, disse Jason. —Está muito quente.
Rindo, eu o abracei também, e ele gemeu quando baguncei seu cabelo.
Não consegui me obrigar a fechar a porta até que eles se afastassem.
June e Wild estavam conversando quando entrei na sala de estar. Wild
revirou os olhos, dramático como sempre, enquanto June latia para ele sobre
alguma coisa. Seus olhos encontraram os meus quando entrei na cozinha, o
sorriso que ele tinha para mim me atraiu. Passei meus braços em volta de sua
cintura e ele aconchegou suas costas contra mim.
Ele levou minha mão aos lábios e beijou meus dedos, desfazendo aquele nó
em meu peito.
Nunca pensei que teria isso.
Uma vida com amor, família e orgulho.
Wild estava muito animado, pulando em tudo o que June havia tentado
dizer. Não achei que ele fosse ouvir, mas neste momento, quando tudo estava bem
e completo, tinha que ser dito.
Beijei a curva suave de seu pescoço e ele estremeceu quando eu sussurrei:
—Amo você, Wild ... Sempre.
Que viagem louca foi o ano passado, estou certo? Love Always Wild será o
primeiro livro que público em mais de um ano, e não poderia ter feito isso sem
algumas pessoas incríveis ao meu lado.
Em primeiro lugar, tenho de agradecer aos meus leitores fantásticos. Vocês
todos ficaram comigo enquanto eu saltava de um livro para outro, enquanto eu
chorava sobre meu estresse e me dava forças quando eu mais precisava. Muito
obrigado do fundo do meu coração por resistir !!!!
Obrigado a Gwen e Amanda: ‘The Pretty’ por me ajudar a concretizar a
ideia na minha cabeça e me ajudar finalmente a traçar uma maldita história que
vale a pena ser escrita. E Braxton, obrigado por me esclarecer sobre tantas coisas.
Eu juro solenemente que nunca mais tocarei em uma extensão. Eu sinto que
finalmente ganhei minhas asas. Para Beth e Jodi, prometo que Anders ganhará um
livro quente de inimigos para amantes, mas não sei se com Ethan. Obrigado por
todo o apoio que vocês me deram. Eu não mereço você. Para minha equipe beta,
Elle, Ari, Cornelia, Alissa, Sarah, Anna, Taylor, Sheila, Sammie, Braxton, Kristy e
Lucy, vocês são minha rocha. Para Marley Valentine, minha terapeuta ... Estou em
dívida com você. E Linda no Prefácio por acreditar em Wild. E Murphy e Ashley
por esta capa linda.
Para todos os meus amigos, você sabe quem você é. Eu te amo tanto que
dói. Obrigada pelas conversas do dia a dia, pelas lágrimas e pelo amor. Eu
também sinto você.
Para minhas editoras Elaine e Kathleen, meus livros não seriam livros sem
você. E graças a Deus vocês sabem das vírgulas e mantenham meus enredos o
mais perfeitos possível!
Para Ari ... Não posso falar muito sem chorar, mas você interferiu quando
mais precisei de você e recolheu os pedaços que ficaram para trás, e sem você eu
provavelmente teria me afogado. Obrigado por conduzir toda a magia nos
bastidores. Obrigado por administrar meu incrível ST. Biscoitos, eu te amo !!! Ari,
você é realmente um milagre, mesmo com a praga.
À minha família, obrigado por lidar com as madrugadas, a pizza, o
McDonald’s e a mamãe zumbi. Para meus bebês que provavelmente nunca lerão
isso, você é a razão de eu existir.
Por último, mas certamente não menos importante, até 2020, obrigado
por me mostrar o mundo e suas cores verdadeiras, obrigado por arrancar as
falsidades e as mentiras e expor a verdade.
Esperamos que 2021 seja o começo de algo grande.
Viva a sua verdade. E amor é amor. Lembre-se disso. < 3