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UMA ANÁLISE DA RESPOSTA DO


OCIDENTE À INVASÃO RUSSA DA
UCRÂNIA SOB O PRISMA DA TRINDADE
DA GUERRA DE CLAUSEWITZ
Emerson Luis de Araújo Pângaro1
Leandro Leite de Almeida2
Felipe Pereira Barbosa3

RESUMO

A invasão da Ucrânia por tropas russas no final de


fevereiro de 2022 trouxe o mundo ao perigo de uma nova
polaridade: Rússia x Países Ocidentais liderados pelo
bloco da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico
Norte). Fatores históricos, a importância geográfica da
Ucrânia para Rússia e o risco que as nações ocidentais
veem na expansão territorial russa rumo ao leste europeu
tornam a solução do conflito cada vez mais complexa.
Diante desse quadro sombrio, o ocidente vem adotando
soluções para tentar desestimular a invasão russa sem
o emprego de tropas da OTAN em apoio ao Exército
Ucraniano. Este artigo busca traçar cenários de possíveis
estratégias a serem adotadas pelos países ocidentais, com
enfoque nos integrantes da OTAN, por meio da análise da
trindade da guerra de Clausewitz.
Palavras-chave: Ucrânia; OTAN; Rússia; Clausewitz;
Trindade Clausewitziana.

1
Instituto Meira Mattos (IMM), Rio de Janeiro - RJ, Brasil. E-mail: [email protected]
ORCID http://orcid.org/ 0000-0002-7589-8957.
2
Instituto Meira Mattos (IMM), Rio de Janeiro - RJ, Brasil. E-mail: [email protected]
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2465-5899.
3
Instituto Meira Mattos (IMM), Rio de Janeiro - RJ, Brasil. E-mail: [email protected]
— ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8717-7006.

Rev. Esc. Guerra Nav., Rio de Janeiro, v. 29, n. 1, p. 1-22, janeiro/abril 2023.
2 UMA ANÁLISE DA RESPOSTA DO OCIDENTE À INVASÃO RUSSA DA UCRÂNIA SOB O PRISMA DA TRINDADE DA GUERRA DE CLAUSEWITZ

INTRODUÇÃO

No dia 24 de fevereiro de 2022, a Rússia, completados oito anos da


anexação de península da Crimeia, invadiu o território ucraniano por três
frente de batalha (FILHO, 2022). De imediato, a ação russa foi reprovada
pela comunidade internacional. Uma reunião emergencial foi acionada na
Organização das Nações Unidas (ONU) quatro dias após o evento. Por
onze dos quinze votos, a agressão russa foi desaprovada pela ONU no
Conselho de Segurança (CS), órgão responsável pela manutenção da paz
no mundo (BERQUÓ, 2011). A Rússia, como membro permanente, utilizou
de seu poder de veto para tornar sem efeito a resolução.
O território, que hoje constitui a Ucrânia, tem uma ligação
histórica com a Rússia. Pertenceu aos russos por um longo período, desde
os tempos de Pedro, O Grande, no século XVII até o desmantelamento
da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no ano de 1991
(MACHADO, 2020). A península da Criméia, importante saída da frota
russa para o mar Negro e, localização estratégica para a marinha russa,
que possui uma base naval na cidade de Sebastopol, foi cedida à Ucrânia
em 1954 pelo líder soviético Nikita Kruschev (TREVIÑO, 2014).
Com o fim da URSS e a independência da Ucrânia, os presidentes
Boris Yeltsin, da Rússia, e Leonidas Kravchuk, da Ucrânia, fizeram um
acordo para manutenção da base naval de Sebastopol até 2017. Em 2010,
o presidente russo Vladimir Putin e o presidente ucraniano Viktor
Yanukovik assinaram um novo acordo para permitir a frota russa do
Mar Negro a utilizar a base naval de Sebastopol até 2042 em troca de uma
redução do valor pago pela Ucrânia no preço do gás russo (TREVIÑO, 2014).
Em 2004, após a revolução laranja, que foi um conjunto de
manifestações populares em apoio ao candidato da oposição, Viktor
Yushchenko, a Ucrânia passou a ser governada pela primeira vez, desde
1991, por um presidente pró-ocidente (WOLCZUK, 2005). A perda da
influência russa sobre a Ucrânia, sua aproximação à União Europeia e a
hipótese de admissão na OTAN, fez acender a luz vermelha em Moscou,
que fica a menos de quinhentos quilômetros da fronteira ucraniana, ou
seja, dentro do alcance de baterias de mísseis balísticos (FILHO, 2022).
Além de sua importância estratégica como área “tampão” entre a
Rússia e a OTAN, a Ucrânia tem relevante papel econômico para Moscou como
rota de passagem de seus dutos de gás para a Europa ocidental (MILHAZES,
2021). A manutenção da Ucrânia na esfera de influência russa atende ao escopo

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das prioridades estratégicas nacionais definidos na Estratégia de Segurança


Nacional da Rússia: defesa do país e segurança econômica (RÚSSIA, 2021).
A Federação Russa, possuidora do segundo maior poderio militar
do mundo e um dos cinco maiores orçamentos militares dos últimos anos
(SIEMON, 2020), é dona de um dos maiores arsenais nucleares do mundo,
com cerca de seis mil ogivas. A confrontação direta a esse “leviatã” poderia
levar o mundo a um conflito nuclear sem precedentes.
Como combater um inimigo com tamanho poderio nuclear?
Essa pergunta permeia os membros da OTAN. A resposta passa
obrigatoriamente pelo estudo das teorias de guerra e, consequentemente,
por Clausewitz. Esse prussiano, em sua obra postumamente publicada Da
Guerra, estudada na maioria dos exércitos ocidentais, aponta-nos para a
existência de três elementos fundamentais em qualquer conflito: o acaso, a
violência e a razão. Cada um desses elementos sendo interpretados como
as Forças Armadas, o Povo e o Governo respectivamente. A eles deu-se o
nome de Trindade da Guerra de Clausewitz (MOITA; FRANCHI, 2021).
Dessa forma, à luz da Trindade da Guerra de Clausewitz, este artigo
buscará analisar as medidas adotadas pelos países ocidentais, com enfoque aos
pertencentes à OTAN, para buscar uma solução do conflito entre Rússia e a Ucrânia.

1 - AS RAÍZES CULTURAIS DA RÚSSIA E DA UCRÂNIA

O conflito Rússia-Ucrânia tem razões históricas e econômicas. A


formação dos povos russo e ucraniano remonta ao século XII, quando o
Principado de Kiev se fragmentou em diversos outros principados, destacando-
se o de Vladimir Susdália, origem do povo russo e o de Galícia-Volínia, origem
do povo ucraniano (GRANADOS, 2007). O cristianismo ortodoxo foi adotado
pelos povos pertencentes aos Principado de Kiev desde o século X por
influência do Império Bizantino (MACHADO, 2020). As invasões mongóis
ocorridas no século XIII (MACHADO, 2020) trouxeram consequências
distintas para cada um desses dois principados. O de Vladimir Susdália foi
mais receptivo à cultura mongol enquanto o de Galícia-Volínia demonstrou
maior resistência e manteve seus traços culturais (GRANADOS, 2007).
Entre os séculos XIII e meados do XVI, o Principado da Galícia-
Volínia foi dominado pela Polônia e pela Lituânia (GRANADOS, 2007).
A autonomia dos povos da Galícia (ucranianos) foi respeitada até 1569,
quando ocorreu a assinatura do tratado de Lublin, união da Lituânia com
a Polônia, causando a submissão de quase todo o território ucraniano

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4 UMA ANÁLISE DA RESPOSTA DO OCIDENTE À INVASÃO RUSSA DA UCRÂNIA SOB O PRISMA DA TRINDADE DA GUERRA DE CLAUSEWITZ

ao governo de Varsóvia (BORUSZENKO, 1967). Ao mesmo tempo, o


Principado de Vladimir Susdália ficou sob o jugo do Império Mongol até
a sua libertação em 1480 (HOSKING, 1997). Em 1547, Ivan IV foi coroado
czar e deu início à formação do futuro Império Russo (HOSKING, 1997).
A servidão imposta por Varsóvia criou as condições para o
surgimento dos Cossacos, homens que desejavam uma vida livre e
independente (TREVIÑO, 2014). Os Cossacos migraram para a região
do baixo Dnieper. A crescente ocupação dessa área gerou o embrião de
um novo Estado independente: a República dos Cossacos Ucranianos,
fundada em 1648 sob a liderança de Hetmans, ou seja, de chefes militares
(BORUSZENKO, 1967). O território que hoje engloba a Ucrânia e o seu
povo passou a ser composto de duas regiões: a ocidental e a oriental.
A reação polonesa para manter a República dos Cossacos sob sua
influência forçou o incipiente Estado criado na porção oriental da Ucrânia
a buscar ajuda do Império Czarista Russo. O resultado dessa aproximação
foi o tratado de Pereiaslav de 1654, com a união de Moscou e o Hetmanado
Ucraniano (GRANADOS, 2007). Progressivamente, os czares russos foram
integrando o povo ucraniano oriental à cultura russa. No início do século
XX, foi retirada a autonomia do Hetmanado Ucraniano que se tornou
mais uma província do Império Russo. Essa região, predominantemente
ao lado oriental do rio Dnieper, passou a ter em seu povo laços culturais
mais associados à Rússia (KUBICEK, 2008).

Figura 1 - Mapa da expansão russa na Ucrânia entre 1775 e 1795

Fonte: KUBICEK (2008)

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A região de Galícia-Volínia, porção ocidental do território da atual


Ucrânia, ficou sob a influência polonesa e, mais tarde, com a fragmentação
desse Estado, sob o domínio do império Austro-Húngaro. Essa situação
perdurou até a revolução russa de 1917, quando os ucranianos tiveram
sua independência e, finalmente, em 1919 obtiveram sua integridade
política geográfica ressurgida sob a denominação da República Nacional
Ucraniana (BORUSZENKO, 1967). A península da Criméia, última porção
do atual território ucraniano foi transferido pela Federação Russa para a
Ucrânia no contexto da União Soviética em 1954, por meio de uma decisão
do líder soviético Nikita Kruschev (KUBICEK, 2008). Sua constituição
geográfica permaneceu de 1991 até 2014 conforme o mapa:

Figura 2 - Território da Ucrânia entre 1991 e 2014

Fonte: BING IMAGES

2 - CLAUSEWITZ E A TRINDADE DA GUERRA

O prussiano Carl Von Clausewitz é, possivelmente, o mais


influente pensador militar da história. Sua época foi marcada pela
transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, os eventos da
Revolução Francesa e a ascensão do gênio militar corso, Napoleão
Bonaparte. Para Herbert (2007), a teoria de Clausewitz foi profundamente
influenciada pelos métodos de guerra napoleônicos.

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Em suma, Clausewitz viveu em um mundo de transformações, sejam


elas de cunho econômico, político, social ou tecnológico. Seus ensinamentos
estão reunidos no livro Da Guerra, obra publicada postumamente por sua
esposa, Marie Von Clausewitz, em 1832, que organizou os manuscritos que
seu marido produziu ao longo de sua vida profissional (CLAUSEWITZ, 1989).
Entre seus principais conceitos estão a névoa, a fricção, a diferença
entre a guerra absoluta e a guerra real, o relativismo histórico e a relação
dinâmica entre defesa e ataque. Entretanto, é mais conhecido por ter
atribuído à guerra um sentido político, ou seja, uma continuação desta
por outros meios. Nesse sentido, Clausewitz traz o conceito da Trindade
Paradoxal ou Trindade da Guerra, que ele define:

A guerra é mais do que um verdadeiro camaleão,


que adapta um pouco as suas características a uma
determinada situação. Como um fenômeno total,
as suas tendências predominantes sempre tornam
a guerra uma trindade paradoxal - composta da
violência, do ódio e da inimizade primordiais, que
devem ser vistos como uma força natural cega, do
jogo do acaso e da probabilidade, no qual o espírito
criativo está livre para vagar; e dos seus elementos de
subordinação, como um instrumento da política, que
a torna sujeita apenas à razão. (CLAUSEWITZ, 1989, p.92)

Dentro desse conceito, alguns especialistas divergem quanto à


interpretação da Trindade Paradoxal. Para Strachan (2007), os elementos da
Trindade não devem ser entendidos como sendo o povo, as Forças Armadas
e o Governo, pois esses seriam elementos do Estado, não da Guerra. Para o
autor, os elementos são o ódio, a sorte e a razão, associados, respectivamente, à
paixão do povo, ao comandante e seu exército e à direção política do governo.
Já para Hoffmann (2019), a Trindade é uma interação de três partes de
forças. A primeira seria a força irracional: violência primordial, ódio e inimizade.
A segunda está relacionada com a força não-racional: o jogo do acaso e a
probabilidade e o gênio do comandante. Ao passo que a última é a força puramente
racional: a subordinação da guerra à política e à razão. Assim, a interação desses
três elementos influencia a violência que existe dentro da Trindade.
Enquanto para Souchon (2020), a Trindade é um método de
pesquisa que possibilita uma compreensão holística da situação do

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conflito. Esse é o motivo de ser uma trindade e não uma tríade. Souchon
(2020) complementa que a capacidade de conceber a trindade em um
sistema tridimensional ajuda a analisar as origens e características da
guerra e suas interações dinâmicas em termos quantitativos e qualitativos.
Muito se tem conjecturado se a obra de Clausewitz ainda é atual. É
fato notável que a guerra evoluiu desde as guerras do início do século XIX,
seja pelo incremento tecnológico ou tático. Entretanto, de acordo com
Ferezin (2012, p.16), “a trindade pode mudar radicalmente de caráter,
adaptando-se ao contexto histórico, político e social de cada tempo,
visto que a natureza da guerra é determinada por um conjunto de forças
sociais e pelo espírito de sua época”.
Nesse contexto, o presente trabalho parte do pressuposto que a
Trindade de Clausewitz continua atual e aplicável no conflito entre a Rússia
e a Ucrânia. A relação entre seus elementos integradores constitui-se uma
excelente ferramenta para analisar a dinâmica do fenômeno da guerra.

3 - ORGANIZAÇÃO DO TRATADO DO ATLÂNTICO NORTE


(OTAN) E SUA ATUAÇÃO NO LESTE EUROPEU

Criada em 1949, no contexto da Guerra Fria, a Organização do


Tratado do Atlântico Norte é uma aliança militar idealizada pelo Tratado
de Washington para se contrapor ao crescimento da influência da União
Soviética na Europa do pós-2ª Guerra Mundial. Ela é uma aliança militar
para garantir a segurança coletiva de seus membros (BERTAZZO, 2010).
No contexto da época de sua criação, a Europa, principal teatro
de operações da 2ª Guerra Mundial, encontrava-se em reconstrução. As
principais potências da velha ordem mundial: França, Alemanha e Reino
Unido, estavam sofrendo as consequências do grande volume de recursos
gastos no esforço de guerra e dos efeitos da destruição causada em seus
territórios durante o conflito (KISSINGER, 2015).
O mundo, então, passou a ser regido por duas potências: Estados
Unidos e União Soviética. O espectro ideológico regia as relações entre as
nações: de um lado o bloco capitalista liderado por Washington, e do outro,
o socialista, capitaneado por Moscou. Samuel Huntington (1993), em seu artigo
que posteriormente se tornou a obra O Choque das Civilizações, denomina esse
período, que perdurou até 1991, como sendo de conflitos baseados em ideologia.
A União Soviética, como grande potência terrestre europeia,
expandiu suas fronteiras e sua ideologia pelo continente. Chegou a

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dominar um sexto da superfície da terra com cerca de vinte e dois milhões


de quilômetros quadrados (DEWDNEY, 2013). Halford John Mackinder,
geopolítico inglês da primeira metade do século XX, desenvolveu a
teoria do poder terrestre publicada em sua obra The Geographical Pivot
of History. Nesse livro, Mackinder criou o conceito de Heartland ou área
pivô, que devido a sua importância estratégica e econômica permitiria
ao seu detentor a dominância de toda a eurásia ou “Ilha Mundo” e, por
consequência, do mundo. Na teoria de Mackinder, o Heartland da Europa
é a região que engloba os atuais territórios da Rússia e da Alemanha. A
expansão da União Soviética, no período após Segunda Guerra Mundial,
portanto, significava, de acordo com a teoria de Mackinder, uma ameaça a
toda a Europa e ao restante do mundo (BEZERRA, 2019).

Figura 3 - Área Pivô de Mackinder

Fonte: MACKINDER (1904)

Os Estados Unidos, em contrapartida, como a outra potência


nessa ordem bipolar, buscavam se opor ao avanço soviético. Nicholas John
Spykman, um geopolítico holandês radicado nos Estados Unidos, criou
a teoria geopolítica do Rimland ou Fímbrias. De acordo com sua teoria,
quem dominasse as fímbrias marítimas do continente europeu controlaria
a “Ilha Mundo” eurasiana. Sua teoria serviu de base para a estratégia da
contenção utilizada pelos Estados Unidos no período da Guerra Fria para
frear o avanço da URSS (NASCIMENTO, 2021). Dessa forma, duas ferramentas

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foram essenciais para a materialização da contenção soviética: a recuperação


econômica da Europa Ocidental por meio do Plano Marshall de 1947 e a criação da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1949 (KAPLAN, 2019).
Os membros fundadores da OTAN: Bélgica, Canadá, Dinamarca,
França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Reino Unido e
Estados Unidos se comprometeram a uma ajuda mútua no caso de uma agressão
militar. Em 1952, a Grécia e a Turquia se juntaram à aliança militar, seguidas pela
República Federal da Alemanha, em 1955, e pela Espanha, em 1982. (OTAN, 2009).
Seu principal órgão de decisão é o Conselho do Atlântico Norte. Cada
país membro possui um representante com status de embaixador. O conselho
se reúne uma vez por semana. Existem reuniões regulares dos ministros da
defesa e algumas vezes dos Chefes de Estados dos países membros. A liderança
da OTAN é exercida pelo Secretário-Geral, que é designado por um mandato de
aproximadamente quatro anos. A OTAN não possui forças armadas próprias.
A maioria de suas tropas permanecem sob o comando e controle dos países
membros até serem designadas para missões de defesa coletiva ou missões de
paz. Atualmente a aliança conta com trinta membros, sendo quatorze países
filiados após o período da Guerra Fria em duas etapas de alargamento da OTAN,
a primeira, em 1999, com a entrada da República Tcheca, Hungria e Polônia
e, a segunda, em 2004, com a adesão da Bulgária, Letônia, Lituânia, Romênia,
Eslováquia e Eslovênia. A Albânia, Croácia, Montenegro e Macedônia do Norte
conseguiram se vincular à OTAN recentemente ao completarem os requisitos
previstos nas etapas de alargamento ocorridas em 1999 e 2004 (NATO, 2009).
A expansão da OTAN para os países do leste europeu,
principalmente nos países bálticos, é um fator de preocupação para a
segurança da Federação Russa. A possibilidade de instalação de misseis
balísticos nas portas de Moscou significa uma ameaça àquele país (BEZERRA,
2019). Outro ponto a ser ressaltado é que o aumento da esfera de influência
da OTAN no leste europeu ocorreu justamente após o fim da Guerra Fria,
principalmente com as vinculações ocorridas em 1999 e 2004 (NATO, 2009).
Dessa forma, podemos observar um verdadeiro cerco da OTAN à Rússia em
um momento histórico de poucas tensões entre essas partes.

4 - A RESPOSTA DA OTAN SOB O ENFOQUE DA TRINDADE DA


GUERRA DE CLAUSEWITZ AO CONFLITO ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA

A trindade de guerra de Clausewitz se refere aos três elementos


presentes em todas as guerras. Sua interpretação contemporânea de Harry

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Summer na obra On Strategy: A Critical Analysis of the Vietnam War de 1982


define os elementos da trindade da guerra como: o governo, o povo e as
Forças Armadas (VILLACRES; BASSFORD, 1995). No conflito Rússia-
Ucrânia, podemos identificar os vértices da trindade da guerra como: o
Presidente Putin da Rússia, o povo russo e as Forças Armadas russas.
Da análise desses três elementos presentes no conflito Rússia-
Ucrânia, os países membros da Aliança do Tratado do Atlântico Norte
podem adotar os seguintes cenários como resposta à invasão russa da
Ucrânia, à luz da trindade de guerra de Clausewitz:
1) Contribuir para a deposição do Presidente Putin e apoiar a
ascensão de um governo substituto contrário à invasão da Ucrânia;
2) Impor uma derrota militar às Forças Armadas russas; ou
3) Moldar a opinião pública do povo russo para se posicionar
contra o conflito.
Quanto ao primeiro cenário, cabe destacar que os índices de aprovação
do Presidente Putin, no poder na Rússia desde dezembro de 1999, continuam
altos mesmo durante o conflito. Uma pesquisa realizada pelo Instituto
Levada (CENTRO LEVADA, 2022), uma organização russa de pesquisa
de opinião independente, demonstrou em seu relatório publicado no final
de março de 2022 que o índice de aprovação do povo às ações do Presidente
Putin subiu de sessenta e nove porcento em janeiro de 2022 para oitenta e três
porcento em março de 2022, conforme demonstrado no quadro abaixo.

Figura 4 - Pesquisa do Centro Levada

Fonte: Centro Levada

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Ressalta-se, ainda, que a oposição ao governo Putin foi


enfraquecida ao longo das duas décadas que ele esteve no poder. Assim,
sua deposição por pressão externa criaria um vácuo de poder na Rússia
com consequências imprevisíveis e, talvez, com o efeito contrário à essa
ação: um agravamento das hostilidades contra a Ucrânia em um quadro
de disputa interna pelo poder na Rússia.
O segundo cenário traz como opção o enfrentamento militar direto
e derrota das FA russas. A OTAN tem adotado uma postura conservadora em
relação ao conflito. Seu apoio à Ucrânia tem sido restrito aos armamentos e aos
equipamentos militares, como sistemas portáteis de defesa aérea, armas antitanques
e armas portáteis, porém, sem o emprego de suas tropas (KUMAR, 2022).
A Ucrânia não é membro da OTAN, portanto, não é protegida pelo
artigo 5º dessa organização, que trata da defesa coletiva de seus membros:

Art. 5º: As Partes concordam em que um ataque


armado contra uma ou várias delas na Europa ou
na América do Norte será considerado um ataque
a todas, e, consequentemente, concordam em que,
se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no
exercício do direito de legítima defesa, individual
ou coletiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta
das Nações Unidas, prestará assistência à Parte
ou Partes assim atacadas, praticando sem demora,
individualmente e de acordo com as restantes Partes,
a ação que considerar necessária, inclusive o emprego
da força armada, para restaurar e garantir a segurança
na região do Atlântico Norte (NATO, 1949).

Uma intervenção militar direta da OTAN no conflito poderia


escalonar para uma crise nuclear com repercussões sérias para toda
a Europa. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou em
algumas oportunidades, durante as primeiras semanas do conflito, que a
Rússia somente utilizará armas nucleares se sua existência for ameaçada, não
descartando, dessa forma, o emprego dessa alternativa (DUGGAN, 2022).
Outro aspecto relevante é a grande dependência dos integrantes da
OTAN e das principais economias europeias do fornecimento de gás da Rússia.
O gráfico da Agência da União Europeia para a Regulação de Energia demonstra
o grau de dependência do gás russo para alguns países europeus (ACER, 2020):

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Figura 5 - Dependência do gás russo pelos membros da OTAN em 2020

Fonte: Agência Europeia para a Regulação de Energia (ACER)

Dessa forma, uma campanha militar direta contra as FA russas


poderia causar o bloqueio de fornecimento de gás para esses países e, por
consequência, causar um impacto significativo na economia de todo o
bloco. Ressalta-se, ainda, que uma campanha armada entre duas potências
militares, a Rússia e a OTAN, em solo ucraniano, poderia causar danos
irreversíveis à estrutura de dutos que cortam o país em direção ao
ocidente europeu para fornecimento de hidrocarbonetos, conforme
quadro abaixo (PIRANI; YAFIMAVA, 2016):

Figura 6 - Rede de dutos que atravessam o território ucraniano

Fonte: Oxford Institute for Energy Studies

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O terceiro cenário traz a opção para a OTAN de buscar mecanismos


de moldar a opinião pública russa para o fim das hostilidades e da invasão na
Ucrânia. A atuação nesse vértice da trindade da guerra de Clausewitz oferece
à OTAN uma gama de recursos. A União Europeia vem adotando algumas
medidas que não só impactam no governo russo, mas também em seu povo.
Dessa forma, internamente, busca-se gerar um clima de descontentamento
popular contra a guerra. Entre as medidas mais contundentes, pode-se citar
a retirada das instituições financeiras russas do sistema SWIFT (Society
for Worldwide Interbank Financial Telecommunication), que reúne 11000
instituições financeiras e viabiliza a circulação de capitais financeiros entre
as diversas nações do mundo (CNN, 2022). A retirada russa desse sistema
tem impacto direto na economia do país, pois limita a forma de pagamento
para importação/exportação de bens e serviços feitas pelo governo e,
principalmente, por empresas e cidadãos russos.
O bloqueio de contas bancárias de magnatas russos tem sido
adotado pelos países membros da OTAN e da União Europeia. Mesmo
sendo uma prática questionável, uma vez que as hostilidades ocorrem
entre nações e não entre indivíduos, alguns países como a Suíça têm
bloqueado o acesso ao dinheiro de magnatas russos depositados em seu
sistema bancário (CNN, 2022). A adoção dessas medidas visa a moldar
a opinião pública russa, ou seja, de seu povo para ser contra o conflito,
principalmente pelo desequilíbrio econômico interno causado por essas
sanções. A França, Espanha, Itália e Reino Unido têm adotado a postura de
bloquear uma série de bens particulares de bilionários russos supostamente
ligados ao presidente Vladimir Putin. O caso mais emblemático é do russo
Roman Abramovich, dono do clube de futebol do Chelsea, que teve seus
bens confiscados no Reino Unido e, inclusive, não pode realizar a venda de
seu clube de futebol até o fim das hostilidades (GLOBO, 2022).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Ucrânia e a Rússia possuem ligações históricas que remontam ao


século XII. Os dois povos surgiram do desmantelamento do Principado de
Kiev ou Rus de Kiev dando origem as suas raízes culturais (GRANADOS,
2007). Ao longo da história, os territórios ucranianos ao leste do rio
Dnieper, que divide a Ucrânia em duas partes, foram dominados pelos
czares russos (KUBICEK, 2008). Por esse motivo, a ligação cultural entre o
povo ucraniano ao leste do rio Dnieper e a Rússia é mais forte. A península

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da Criméia, saída estratégica para os mares Negro e de Azov pertenceu


à Rússia até 1954, quando o líder soviético Nikita Kruschev resolveu
entregar essa área ao domínio ucraniano. Hoje essa região ocupa lugar
de destaque na escalada das hostilidades entre a Rússia e a Ucrânia. Em
2014, o presidente Vladimir Putin, por meio de uma ação militar, invadiu a
Criméia para garantir a livre utilização da base naval de Sebastopol, onde
fica localizada a frota russa do mar negro.
O fim da URSS, em 1991, representou uma enorme perda de
influência para a Rússia no leste europeu. O país que chegou a possuir uma
área de mais de 22 milhões de quilômetros quadrados (DEWDNEY, 2013)
foi desmantelado em diversas nações menores. Enquanto a Rússia estava
desorganizada no início do período após Guerra Fria, a OTAN manteve
sua estratégia de contenção à Rússia por meio do processo de expansão
para o leste em duas ondas de novos membros: 1999 e 2004 (NATO, 2009).
Nesse período, a Rússia passou a ser ameaçada pelo cerco da
OTAN (BEZERRA, 2019), que fez um cordão de isolamento desde a
Estônia na saída russa para o mar Báltico até a Bulgária no mar Negro.
Nesse contexto, a Ucrânia passou a ser questão de segurança nacional
para Rússia e de importância estratégica para OTAN. Se a Ucrânia
juntar-se à organização, conforme têm demonstrado seus líderes após
a Revolução Laranja (WOLCZUK, 2005), a Rússia estará totalmente
cercada na sua fronteira oeste pela OTAN, além de perder sua saída
para o mar Negro. Portanto, do ponto de vista geoestratégico russo, a
anexação da Criméia em 2014 e a manutenção da Ucrânia em sua esfera
de influência são fundamentais para a defesa e segurança de sua nação
(RÚSSIA, 2021). A invasão atual da Ucrânia era inevitável e necessária
para a Rússia pela possibilidade da sua filiação à OTAN e o que isso
significaria para a segurança nacional russa.

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Figura 7 - Cordão de Isolamento da OTAN sobre a Rússia

Fonte: OTAN

Partindo da premissa que a Ucrânia é de importância estratégica


para a Rússia e para a OTAN, pode-se concluir que o fim das hostilidades
é um problema complexo e de difícil solução. Utilizando a trindade de
guerra de Clausewitz como modelo para traçar as alternativas viáveis
à resposta da OTAN ao conflito, verifica-se que dos três vértices dos
elementos presentes na guerra propostos nessa teoria, a que causaria
menor dano colateral é a representado pelo povo, neste caso, o povo
russo. A derrubada de Putin por meio de ações externas dos países da
OTAN tem se mostrado pouco eficaz. Apesar da campanha midiática
internacional contra o presidente russo e a reprovação de suas ações
contra a Ucrânia, no campo interno, seu apoio popular vem crescendo
conforme observado nas recentes pesquisas realizadas pelo Centro
Levada, que demonstra o aumento expressivo do apoio popular às suas
ações no curso do conflito (CENTRO LEVADA, 2022).
O confronto direto com a segunda maior potência militar do
planeta, possuidora de um arsenal nuclear de cerca de seis mil ogivas,
também não parece uma opção viável para os países membros da OTAN.
Os danos colaterais e os gastos militares seriam incalculáveis mesmo em
uma guerra não nuclear. Ressalta-se, ainda, que a Ucrânia não é um país

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16 UMA ANÁLISE DA RESPOSTA DO OCIDENTE À INVASÃO RUSSA DA UCRÂNIA SOB O PRISMA DA TRINDADE DA GUERRA DE CLAUSEWITZ

membro da OTAN, portanto, não está sob o guarda-chuva do art. 5º do


tratado de defesa mútua dessa organização (NATO, 1949).
Dessa forma, a opção viável para a resposta da OTAN ao
conflito é a pressão sobre o povo russo. A imposição de sanções, boicotes
e confiscos de bens de cidadãos e empresas russas fazem parte dessa
estratégia. Os membros da OTAN buscam criar cisões internas no povo
russo, principalmente pelo estrangulamento econômico, para criar um
questionamento sobre a relevância da invasão russa da Ucrânia e as
mazelas que essa ação tem causado à sua economia. Cabe ressaltar que
essa é uma estratégia de longo prazo e com efeitos inesperados. Até o
presente momento tem se mostrado ineficaz e, inclusive, tem causado
a coesão interna russa, uma vez que seu povo está sendo isolado pela
comunidade internacional. As recentes pesquisas do Centro Levada
são um importante parâmetro para a OTAN analisar e reavaliar suas
estratégias de resposta ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, pois até o
presente momento o apoio às ações está crescendo dentro do povo russo.

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AN ANALYSIS OF THE
OCCIDENT’S RESPONSE TO
THE RUSSIAN INVASION
OF UKRAINE UNDER THE
PRISM OF CLAUSEWITZ’S
TRINITY OF WAR
ABSTRACT

The invasion of Ukraine by Russian troops in late February


2022 brought the world to the danger of a new polarity:
Russia vs. Western countries led by the NATO bloc
(North Atlantic Treaty Organization). Historical factors
and the geographical importance of Ukraine to Russia
as opposed to the sense of danger that Western nations
see its territorial expansion towards Eastern Europe
makes the solution to the conflict increasingly complex.
Faced with this complex situantion, the western nations
has been adopting solutions to try to stop the Russian
advance without the use of NATO’s troops in support
of the Ukrainian Army. This article seeks to observe the
strategies adopted by Western countries, focusing on
NATO members, through the analysis of the modern
Cluasewitzian trinity.
Keywords: Ukraine; NATO; Russia; Clausewitz; Trinity
Clausewitzian.

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* Recebido em 18 de agosto de 2022, e aprovado para publicação em 09 de maio de 2023.

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