TCC Sandra Mara
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Aprovada em ____/____/_______
BANCA EXAMINADORA
This Labor Completion of course has as main objective to trace an overview of the
historical trajectory of women in positions of male operating offshore oil platforms.
Thus, we sought to discuss women's access to the outposts of work on cutting
edge technologies in the oil and how these new arrangements in the capital / labor
ratio, from the technological modernization of the production process, has affected
the lives of these professionals that, somehow, have changed the course of
discursive practices on the separation of labor exclusive spaces called "male and
female", which has prevailed since the beginning of industrialization in the working
world.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................10
CONCLUSÃO........................................................................................................52
REFERÊNCIAS......................................................................................................7
ANEXO I................................................................................................................60
ANEXO II..............................................................................................................62
ANEXO III.............................................................................................................70
INTRODUÇÃO
10
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo traçar um plano geral sobre a inserção
feminina nos espaços de trabalho, das indústrias de petróleo, nas plataformas
offshore (designação para atividade petrolífera em alto mar). Nesse aspecto
pretende-se também elencar a questão da emancipação e exploração das mulheres
nos campos de trabalho das empresas de prospecção e produção de petróleo. Uma
pergunta que não quer calar. De fato houve a emancipação das mulheres através do
trabalho ou ainda permanecem debaixo do jugo da dominação e exploração? Para
buscar entender essa temática foi necessário fazer uma trajetória, ainda que curta,
pelo início da história da divisão social e sexual do trabalho.
A mulher tem sua participação na esfera do trabalho desde a primeira
formação social. O trabalho feminino já se fazia presente na esfera reprodutiva,
contribuindo para o desenvolvimento do trabalho produtivo. O advento da
maquinaria nas indústrias marcou, ainda que de forma tímida, o êxodo das mulheres
do trabalho restrito, do âmbito doméstico, para dentro das fábricas.
Historicamente, a participação feminina no mercado de trabalho, no início da
industrialização, foi influenciada tanto pela sua condição social como também pela
condição de seu gênero e, portanto, pautado, na maioria das vezes, pela
invisibilidade. No entanto, as novas configurações no mundo do trabalho, a partir dos
grandes avanços tecnológicos, decorrentes da reestruturação produtiva, intensificou
de modo significativo, o ingresso da mulher no mercado de trabalho.
Nesse sentido as mulheres estão tomando assento e ressaltando seus
lugares no cenário econômico em curso, adentrando em diversos setores
organizacionais, inclusive nos espaços masculinos, recortados por resistências e
antagonismos contra a presença feminina, como no caso do trabalho offshore.
O mundo do trabalho offshore é, por suas características, um tema instigante,
dado o sistema de trabalho que se processa num regime de enclausuramento e de
alto risco. Muito mais instigante quando as mulheres, desde o final da década de
1980, começaram a buscar sua ascensão profissional e igualdade de oportunidades,
nesse espaço, até então majoritariamente masculino.
Dentro da perspectiva do trabalho nas plataformas de petróleo, a pesquisa
voltou-se para um grupo específico de trabalhadores offshore, as mulheres. Assim,
11
CAPÍTULOS
I, II, III
14
Embora não se possa conceber uma época certa para a definição do termo
gênero, fato é que para se definir gênero e sua relação, desde as primeiras
formações sociais, é necessário buscar nas suas origens as principais tendências e
enfoques de estudos sobre essa categoria, a partir de abordagens apresentadas por
alguns estudiosos que debatem acerca do termo. Dentre vários autores do campo
da sociologia e do campo da antropologia que se debruçam sobre a tematização, no
que diz respeito à categoria gênero, pode-se constatar um desdobramento de
prismas variados de análise.
As primeiras abordagens sobre o termo “gênero” se referiam às
características biológicas baseadas, principalmente, nas diferenças perceptivas
entre os sexos, conceito este que será muito debatido, séculos mais tarde, pelas
feministas na década de 1970. Com a evolução dos vários enfoques e debates
15
sobre o termo gênero surgem outros significados com ênfase no caráter social e
relacional da categoria que Almeida define como uma categoria social e
historicamente construída. (ALMEIDA, 2007)
Dentre as várias discussões sobre gênero Puppin (2001) relata que é na
tradição sociológica que se travou um profundo debate sobre a tematização das
diferenças entre homens e mulheres, resultando daí o conceito de gênero. Segundo
a autora tal tradição se constituiu de forma histórico-cronológica, que remonta ao
século XV, conforme configuração do que se convencionou chamar de “Querelle des
Femmes” (movimento pela paridade de representação igualitária entre homens e
mulheres nas instâncias decisórias das assembléias). Esse fato viria culminar na
conjuntura revolucionária, cujos valores políticos de “liberdade, igualdade e
fraternidade” se explicitaram na França do século XVIII. (PUPPIN, 2001)
Baseada no processo histórico das naturezas homem e mulher, Marianne
Weber (1991), é veemente na sua abordagem crítica da perspectiva essencialista
quanto às características que adjetivam os papéis embutidos nas diferenças da
separação entre masculino e feminino. Segunda essa perspectiva tais diferenças
expressariam uma separação entre cultura masculina e cultura feminina, estando a
primeira associada à cultura objetiva enquanto a segunda à cultura subjetiva. Para
Weber nem a objetividade e a racionalidade são específicas dos homens como
também a intuição, espontaneidade e capacidade de comunicação são
exclusivamente femininas e acrescenta que tanto o homem pode carregar em si uma
cultura subjetiva quanto à mulher trazer uma participação feminina na cultura
objetiva. (WEBER, 1991 apud PUPPIN, 2001).
De acordo com Almeida, duas grandes tendências teóricas de estudos de
gênero contribuíram para a ramificação do debate nesse campo: a concepção
francesa e a concepção anglo-saxônica. Para as autoras francesas a categoria
gênero não se enquadra no seu quadro teórico uma vez que discordam do debate
das feministas anglo-saxãs quando concebem gênero nas características biológicas
de cada sexo, logo, natural e invariante. Dessa forma, na crítica das feministas
francesas, justifica-se “a ausência de poder das mulheres por suas diferenças
anatômicas e fisiológicas” submetidas às “regras do jogo patriarcal”. (ALMEIDA,
2007, p.230).
No Brasil, o campo de estudos de gênero, desde a década de 1990, passou
a ser influenciado pelas tendências teóricas de origem anglo-saxônica, que
16
E ainda acrescenta,
22
De acordo com a citação acima, opiniões como essas serviam para designar
as funções laborativas as quais, obrigatoriamente, eram adequadas a cada um,
segundo o pensamento sexista e patriarcal.
Mediante esse relato pode-se compreender que é no seio da família onde se
manifesta a primeira divisão social do trabalho, delegando funções distintas,
femininas e masculinas, que dessa forma deu início à divisão sexual do trabalho.
Engels enfatiza que o primeiro antagonismo de classes surgiu na história a partir do
antagonismo entre o homem e a mulher na concepção monogâmica do casamento.
Para ele, se por um lado a monogamia contribuiu para o progresso histórico por
outro lado fez com que se iniciasse a escravidão e as riquezas privadas, fatos que
perduram até os dias atuais, o que significa, segundo Engels, que o progresso
simultaneamente traz consigo um relativo retrocesso. (ENGELS, 1980)
Para Hirata & Kergoat, “a divisão sexual do trabalho deve ser compreendida
como uma conceitualização na qual as situações dos homens e das mulheres não
são o produto de um destino biológico, mas antes construções sociais”. Segundo as
autoras esses dois grupos estão engajados nas relações sociais de sexo e como tal
“tem uma base material dada pelo trabalho e se expressam através da divisão social
do trabalho entre os sexos”. A autora ainda acrescenta que “a divisão sexual do
trabalho é a forma de divisão do trabalho social que decorre das relações sociais de
sexo, sendo modulada histórica e socialmente”. Portanto, essa modulação “confere
uma designação prioritária dos homens à esfera produtiva e das mulheres à esfera
reprodutiva, e simultaneamente, a apropriação pelos homens das funções com valor
social adicionado”. (HIRATA & KERGOAT, 2007, p.599)
Kergoat relata que de forma particular a divisão social do trabalho tem dois
princípios organizadores: o princípio de separação (trabalhos de homens e trabalhos
de mulheres) e o princípio hierárquico (um trabalho de homem vale mais que um
trabalho de mulher). Segundo a autora, esses princípios dizem respeito à ideologia
naturalista que “rebaixa o gênero ao sexo biológico, reduz as práticas sociais a
“papéis sociais” sexuados que remetem ao destino natural da espécie”. ((HIRATA &
KERGOAT, 2007, p.599)
Tais princípios reforçam o modelo de patriarcado e da discriminação, do início
da humanidade, ainda verificada nas relações sociais de trabalho.
Segundo Scott, a Idade Moderna, entre os séculos XVI e XVIII, traz em seu
bojo a expansão do trabalho feminino. As mulheres buscavam fora do domicílio
24
entender diz que: “autores que discutem o tema sobre a inserção da mulher no
mundo do trabalho reduzem a problemática da mulher trabalhadora a uma relação
polarizada entre homens e mulheres” (NOGUEIRA, 2004, p.16)
Dentro dessa mesma lógica de pensamento, Saffioti afirma que a própria
organização da sociedade obstrui a plena emancipação da mulher e ainda
acrescenta,
forma que a força de trabalho feminina não estava mais restrita apenas a empregos
nas esferas de produção de bens. (NOGUEIRA, 2004)
No entanto, sem o reconhecimento do trabalho da mulher como atividade
produtiva de valor econômico e numa situação de invisibilidade, esse novo processo
continuava gerando péssimas condições de trabalho, uma vez que grande parte do
trabalho feminino era ignorado pelas estatísticas oficiais do governo.
No Brasil, conforme na Europa, o processo de industrialização e de
urbanização contribuiu para a crescente participação da mulher no mercado de
trabalho. Esse processo teve início no Nordeste, com a indústria de fiação e
tecelagem, deslocando-se progressivamente para o sudeste até reunir a maior
concentração no Rio de janeiro e posteriormente em São Paulo na década de 1920.
Grande parte do proletariado das primeiras fábricas, instaladas no Brasil, era
constituído por mulheres imigrantes da Europa, cujos maridos foram atraídos pelo
governo brasileiro para trabalharem na lavoura, por considerá-los uma força de
trabalho abundante e barata. (RAGO, 2007)
A presença feminina, portanto, já era significativa entre o operariado. No
entanto, os aspectos que diziam respeito ao trabalho feminino nas esferas
produtivas eram degradantes para as mulheres. Estas eram expostas a longas
jornadas de trabalho, variando entre 10hs à 14hs diárias, ficando com as tarefas
menos especializadas. Os baixos salários, maus-tratos de patrões, péssimas
condições de trabalho e ainda as investidas sexuais dos contramestres se somavam
à falta de uma legislação que as protegessem de todas essas humilhações. (RAGO,
2007)
Às mulheres trabalhadoras eram impostas diversas identidades. Para cada
segmento da sociedade aparecem com uma determinada imagem. Se para os
jornalistas eram frágeis e infelizes, para os patrões, perigosas e indesejáveis,
passivas e inconscientes para os militantes políticos e perdidas e degeneradas para
os médicos e jurista. De acordo com Rago, nos diversos segmentos da sociedade
se faziam frequentes “associações entre a mulher no trabalho e a questão da
moralidade social” em que a fábrica, tida com “antro de perdição” acabaria por levá-
las para o submundo da prostituição, seduzidas pelas facilidades do mundo
moderno e consequentemente as afastando do seu papel, de “rainha do lar”. Tal
estigma estava, sobretudo, posto sobre as camadas sociais inferiores cujas
profissões femininas eram consideradas menos elitizadas, como: costureiras,
27
RENDIMENTO MÉDIO REAL DO TRABALHO DAS PESSOAS OCUPADAS POR SEXO 2003
HOMENS MULHERES
R$1.519,07
R$1.076,04
HOMENS
MULHERES
RENDIMENTO MÉDIO REAL DO TRABALHO DAS PESSOAS OCUPADAS POR SEXO 2011
HOMENS MULHERES
R$1.857,63
R$1.343,81
HOMENS
MULHERES
43,6 44,9
51,5
50,8
82,20%
69,20%
16 a 24 anos
Mais de 60 anos
48,80%
42,50%
1
2
O petróleo surge no cenário mundial pouco antes do final do século XIX como
consumo de massas através de seu derivado, o querosene, usado principalmente
para a iluminação domiciliar e pública. Mas é no século XX que o petróleo passa a
ser a principal fonte energética, quando se torna o combustível para os primeiros
veículos dotados de motores à combustão, A Primeira Guerra Mundial elevou a
importância do petróleo adquirindo este um valor primordial para o transporte
motorizado, favorecendo o deslocamento dos militares franceses para a decisiva
defesa da França. Da mesma forma outros eventos de grandes relevâncias, que se
seguiram após a Primeira Grande Guerra, tiveram relação com o uso do petróleo no
cenário internacional. (FIGUEIREDO, 2012)
Nos meados do século XX, (pós-Segunda Guerra Mundial), segundo
Figueiredo, “o petróleo consolidou seu papel de centralidade na economia mundial”.
Para o referido autor, o capitalismo foi uma fase áurea, uma vez que a expansão
industrial se tornou uma realidade com a demanda energética em escala global,
onde o petróleo e seus derivados (diesel, gasolina, querosene) viabilizou a
36
instituições de pesquisa [...], para facilitar a comunicação”, sendo assim optaram por
criar laboratórios de pesquisas e contratar ex-militares, especializados em previsão
do tempo. (NETO & SHIMA, 2007)
Nessa trajetória os segmentos de offshore da indústria petrolífera que mais se
destacaram foi o do Golfo do México (EUA), no período de 1947 – 1959, no Mar do
Norte (Europa), no período de 1959 – 1973 e a grande expansão viabilizada pelas
crises do petróleo de 1973 -1979, não ficando à deriva a Bacia de Campos, no
Brasil, onde a exploração offshore se apresentou como uma alternativa econômica
viável para a Petrobrás. Nessa conjuntura de desenvolvimento, com bases no
conhecimento tecnológico, permitiu à Petrobrás dar início às suas atividades
offshore nas décadas de 1960-1970. Destaque-se que todas as três indústrias acima
mencionadas foram consideradas as mais produtivas e ricas de todo o planeta.
(FIGUEIREDO, 2012)
Ainda no século XX, na área de plataformas e equipamentos foram
desenvolvidas as três trajetórias tecnológicas: Sistema Rígido (ou fixo) de Produção
(SRP); Sistema Flexível (ou híbrido) de Produção (SFP) e Sistema de Produção
Flutuante (SPF). Estes sistemas de plataformas construídas sobre uma estrutura de
ancoragem são: plataformas semi-submersíveis e navios, os quais, no Brasil, se
encontram, em sua grande maioria, na Bacia de Campos, maior região em produção
de petróleo de todo o continente sul-americano.
No Brasil a indústria de petróleo nacional alicerçou-se e consolidou-se com a
criação da Petrobrás (Petróleo Brasileiro), a maior empresa no ramo de extração e
produção de petróleo no solo brasileiro. Foi criada em outubro de 1953, pelo então
Presidente da República Getúlio Vargas, sob a Lei 2.004, em meio a um intenso
movimento de nacionalismo tendo como pressuposto uma forma de proteção contra
a tentativa de exploração do produto nacional por empresas estrangeiras, sendo
esse monopólio quebrado no ano de 1997 pela Lei 9.478.
Nas décadas de 1960 a 1970, principalmente sob a gestão de Geisel, a
Petrobrás passou por profundas mudanças. Dada à crise do petróleo no mercado
internacional na década de 1970, Geisel estabeleceu novos critérios para a empresa
priorizando investimentos na elevação da capacidade interna do refino do petróleo
em detrimento da exploração, com vistas à expansão das atividades de
comercialização e implantação do parque petroquímico e de fertilizantes. A redução
da produção de petróleo propiciou a expansão do raio de ação pretendido por
38
Da discriminação
Do assédio sexual
A abordagem desse tema parece não ter muita relevância para as mulheres,
porque passa por elas de maneira despercebida. Onze das doze mulheres
entrevistadas responderam que nunca sofreram assédio. Para elas todos são iguais
e procuram tratar todos da mesma forma como são tratadas. No entanto as
respostas dos homens sobre este tema contradizem as respostas das mulheres.
Da privacidade
As filhas tem que ficar coma mãe [...], o tempo livre é para ficar com
as filhas, ver minhas dívidas minhas responsabilidades trabalho e
49
contas. Não dá tempo para o tempo livre. Sou a chefe de família [...]
não tenho ajuda financeira do pai delas. (O, Taifeira)
Durante o tempo de trabalho minha filha fica com a minha mãe que
cuida, leva e busca no colégio (M, preposto)
Com base em Bruschini (2007), as mulheres atualmente estão cada vez mais
voltadas para o trabalho remunerado e expansão da escolaridade com ingressos,
cada vez mais, em universidades, que viabilizem acesso a novas oportunidades de
50
CONCLUSÃO
52
CONCLUSÃO
trabalho offshore, acaba por levar ao extremo cansaço já no décimo dia de trabalho,
antes do desembarque.
Evidentemente todas as questões elencadas neste trabalho, desde o primeiro
capítulo até o terceiro, são pertinentes para se compreender a relevância das
mulheres sob a perspectiva de que podem, de certa forma, interferir na realidade de
um dado ambiente de trabalho onde, há bem poucas décadas atrás, se contava
como uma história única “o clube do bolinha”.
Entretanto o que mais é instigante, nesse marco histórico, está oculto nas
falas de todas as entrevistadas. Percebe-se que o que mais atrai as mulheres para
esse reduto de trabalho masculino é a emancipação através do poder aquisitivo mais
elevado, comparado com o trabalho onshore (designação para atividade petrolífera,
em terra).
Aqui, deste ponto, retorna-se ao título do tema: “mulheres no trabalho offshore
das indústrias petrolíferas: emancipação ou exploração”?
De fato as mulheres foram emancipadas através do trabalho? Ou seja,
realmente o trabalho, na esfera produtiva, contribuiu para a emancipação feminina?
E quanto a exploração? Podemos afirmar que faz parte do passado remoto do início
da industrialização ou ainda se faz presente nas relações sociais de trabalho?
De acordo com a mais recente história do capitalismo, do atual contexto da
hegemonia do capital financeiro, o processo de modernização das indústrias
apontou para notáveis avanços relativos à inserção das mulheres no campo
profissional. Porém é notório que tais avanços no campo de trabalho remunerado
não conseguiram retrair as condições de desigualdades nos espaços públicos de
trabalho, como podemos observar nos gráficos acimas, apresentados pelo IBGE
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS), Segundo Puppin,
tais relações de trabalho, no que se refere ao trabalho feminino se mantém no
mesmo patamar, no mínimo, do século passado.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
PUPPIN, Andréa B. Do lugar das mulheres e das mulheres fora do lugar: um estudo
das relações de gênero na empresa. Niterói, RJ, EdUFF, 2001.
RAGO, Margareth. Trabalho feminino e sexualidade in Histórias das Mulheres no
Brasil. São Paulo, Contexto, 2007.
SAFFIOTI, Heleieth I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo, Ed. Fundação
Perseu Abramo, 2004 (Coleção Brasil Urgente)
SILVA, M. LUCIA L da, Trabalho e população em situação de rua no Brasil. São
Paulo: Cortez, 2009...
TAVARES, Fernando Marcelo M. Impactos Locais: a experiência de Macaé in
Impactos sociais, ambientais e urbanos das atividades petrolíferas: o caso de
Macaé. Macaé – RJ
THOMAS, Cristine; SIQUEIRA, Diego (Tradutor) As mulheres e a luta pelo
socialismo (Women and the struggler for socialismo). Original publicado na
Inglaterra, 2010.
FONTES ELETRÔNICAS
ANEXOS
61
ANEXO I
ROTEIRO DE ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO PESSOAL
1. Sexo, idade, estado civil, nº de filhos.
2. Nível de instrução.
3. Gostaria de estudar mais?
4. Existe algum curso que deseja fazer?
5. Em que ordem de importância você poria as seguintes coisas na sua vida?
- Trabalho
- Estudo
- Família
- Amigos
- Relacionamento pessoal
IDENTIFICAÇÀO PROFISSIONAL
1. Qual é a sua profissão?
2. Qual o ramo da empresa em que trabalha?
3. Qual função ocupa e há quantos anos trabalha na empresa?
4. Você fez algum curso ou treinamento de qualificação para ocupar a função que
atualmente exerce na empresa?
5. Como você chegou à escolha de sua atividade profissional?
6. Como é o seu contrato de trabalho? (CLT, formal com todos os direitos ou
contrato)
7. Em relação aos chamados “benefícios sociais”, quais os que você recebe da
empresa e se são extensivo à sua família.
8. Qual é a sua jornada diária de trabalho?
9. Como são os seus intervalos? (almoço, descanso, etc.)
10. Durante a sua jornada de trabalho você realiza tarefas para as quais não foi
contratada?
11. Você acha que seu salário é compatível com a função que você exerce na
empresa?
62
ANEXO II
As Constituições Federais
A Constituição de 1932
A primeira Constituição a tratar sobre o tema dos direitos do trabalho da
mulher foi a que foi promulgada em 1932. Em seu artigo 121, ela proibiu a
discriminação das mulheres quanto aos salários, além de estabelecer outras
garantias, tais como a proibição do trabalho da mulher em locais insalubres,
o direito ao gozo de repouso antes e após o parto sem prejuízo do salário e do
emprego e alguns serviços que deveriam ser disponibilizados em amparo à
maternidade, tais como a instituição da previdência em favor da mesma.
A Constituição de 1934
A Constituição de 1934 abandonou os ideais do pensamento liberal do tempo
de início da república. Seu texto já continha muitos direitos protetivos do trabalhador.
Direitos esses, muitos já conquistados por diferentes categorias profissionais, dentre
eles, a jornada diária de 8 horas, o descanso semanal, as férias anuais
remuneradas, a igualdade de salário entre homens e mulheres, a proibição do
64
A Constituição de 1937
Frutificada por um golpe de Estado promovido pelo presidente Getúlio
Vargas, a Constituição de 1937 garantiu assistência médica e higiênica à gestante,
antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego e do salário da empregada.
Entretanto, omitiu de seu texto questões relativas à garantia de emprego à gestante
e à isonomia salarial entre homens e mulheres. Em decorrência disso, o Decreto-lei
n. 2.548 abriu a possibilidade de as mulheres perceberem salários até dez por cento
menores do que os pagos aos homens.
A Constituição de 1946
Surgida em substituição à que foi imposta em 1937, a Constituição de 1946
trouxe de novidade, além dos direitos já existentes dos trabalhadores do Brasil, a
assistência aos desempregados, garantia do direito de greve e participação
obrigatória e direta no lucro das empresas.
A Constituição de 1967
Com as restruturação política oriunda do golpe militar de 1964, a
Constituição de 1967 foi promulgada em substituição à de 1946 e trouxe consigo
grandes alterações no seu texto através da Emenda Constitucional n.1 de 17 de
outubro de 1969. Trouxe inovações com a proibição de critérios de admissão
diferentes por motivo de sexo, cor ou estado civil, além de assegurar aposentadoria
à mulher aos 30 anos e com salário integral.
A Constituição de 1988
Direito à licença gestante de 120 dias, sem prejuízo do emprego ou salário,
realização de ações que visassem a proteção do trabalho da mulher, proibição de
diferenças de salários, estabelecimento de critérios de admissão e exercício de
função em função do gênero e igualdade de direitos e obrigações entre homens e
mulheres. Estas foram as principais conquistas que a Constituição de 1988 veio
assegurar para as mulheres, dentre outros direitos, embora se saiba que,
infelizmente, ainda hoje há muita diferenciação no mercado de trabalho.
65
O salário da mulher
No Art. 7º da Constituição Federal, assim como no Art. 5º da CLT está
expressa a proibição de diferença de salarial, de exercício de funções e de critério
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
As horas extras
Em relação à prorrogação e compensação de jornada de trabalho, aplicam-
se as mesmas regras pertinentes ao trabalho do homem.
O fato é que os artigos 374 e 375 que tratavam desta questão foram
revogados pela Lei 7.855/89 e, ainda, o artigo 376, que limitava o direito à realização
de horas extras pela mulher, foi revogado pela Lei 10.244/01.
66
Os períodos de descanso
Com relação aos intervalos para descanso, há diferenças entre a legislação
voltada para as mulheres e a dos homens.
O Art. 384 da CLT diz que nos casos de prorrogação do horário normal, será
obrigatório um descanso de 15 minutos no mínimo, antes do início do período
extraordinário do trabalho.
O trabalho noturno
Atualmente, não há mais proibição do trabalho noturno pela mulher. A Lei
7.855 de 1989 revogou os artigos 379 e 380 da CLT que tratavam desta questão. As
regras são as mesmas para os homens e mulheres, ou seja:
-Período noturno compreendido das 22 horas até as 5 horas do dia seguinte;
- Adicional noturno de no mínimo 20% superior à hora diurna, no caso dos
trabalhadores urbanos;
67
O trabalho em minas
A mesma lei aludida acima (Lei 7.855/89) também revogou o artigo 387 da
CLT que vedava a possibilidade de realização de trabalho nas minerações em
subsolo, nas pedreiras e obras de construção pública e particular pelas mulheres.
Assim sendo, também não há mais diferenciação entre o trabalho dos
homens e mulheres nas minas.
As condições de trabalho
O Art. 389 da CLT determina as condições básicas para prestação do serviço
nas mínimas condições exigidas para as mulheres.
68
O casamento da empregada
No Art. 391 da CLT está determinada a proibição de qualquer conduta de
discriminação constituindo justo motivo para rescisão do contrato de trabalho, o fato
da mulher ter contraído matrimônio ou encontrar-se em estado de gravidez. A
mesma proibição prevalece nos casos do empregador utilizar-se desses argumentos
como critério para não contratação das mulheres.
A empregada gestante
Licença maternidade
Considerou a Constituição Federal de 1988, em seu Art. 7º, XVIII, bem como
a CLT, eu seu Art. 392, como direito fundamental, o afastamento de cento e vinte
dias da gestante, com garantia de seu emprego e do salário correspondente.
Nesse período, cujo afastamento é compulsório, interrompe-se o contrato de
trabalho e a remuneração devida à empregada (salários integrais), constitui o que se
denomina salário-maternidade, benefício de natureza previdenciária, regulamentado
pela Lei n.º 8.213/91 e pelos Decretos n.º 611/92 e n.º 2.172/97.
proporção, à empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção
de criança.
O beneficio da prorrogação da licença maternidade para 180 dias também é
extensível às mulheres que adotarem ou obtiverem guarda judicial para fins de
adoção de criança.
O prazo para afastamento
No inciso 1º do Art. 392 da CLT, a legislação estabelece que seja certificado
o início do afastamento através de atestado médico e que o início de tal período
poderá ocorrer entre o 28º dia
antes do parto e a ocorrência deste.
No inciso 2º do mesmo Artigo, a Lei permite a prorrogação tanto do período
anterior ao parto quanto do período posterior, desde que atenda ao limite máximo de
2 semanas.
Em caso de antecipação do parto, o prazo de licença continua sendo de 120
dias(180 dias no caso da prorrogação), e contará a partir do dia em que ela tenha
“entrado em trabalho de parto”. Isso está previsto no Art.392, inciso 3º.
O salário da mulher durante a licença maternidade
Está explícito no Art. 393 da CLT que salário da mulher, durante seu
afastamento, será pago de forma integral e quanto for variável, será calculado com
base na média dos 6 últimos meses de trabalho. Também lhe é assegurada os
direitos e vantagens adquiridas, inclusive o retorno à mesma função que ocupava.
Atividade prejudicial à gestação
O Art. 394 da CLT fala que, nos casos em que o trabalho é prejudicial à
gestação, a mulher pode pedir a rescisão do contrato de trabalho, com dispensa do
aviso prévio.
A licença maternidade na adoção
A mulher que adotar ou obtiver guarda judicial de criança também terá direito
à licença maternidade, sendo obrigatório para usufruir de tal benefício, a
apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. Isso está
determinado no Art. 392-A da CLT.
O Aborto
O Art. 395 da CLT trata especificamente do aborto e diz que nos casos em
que o aborto não é criminoso, a mulher tem direito a um repouso remunerado de 2
70
O período de amamentação
O Art. 396 da CLT concede à mulher a dois descansos especiais, de meia
hora cada um, para amamentar o filho, até que ele complete seis meses de vida. A
Lei concede também uma dilatação desse prazo de 6 meses, caso a saúde do filho
exigir.
Há ainda a obrigação dos estabelecimentos com no mínimo 30 mulheres e
todas com idade acima de 16 anos, de propiciarem um local adequado onde as
empregadas poderão deixar seus filhos durante o período de amamentação.
71
Anexo III
Fotos de Plataformas Offshore- Brasil.