REMA - Ficha Resumo Do Tema-4 - 2019

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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Resistência dos Materiais – Engenharia de Processos Industriais


Resumo da Aula do Tema: 4

4. Estado de tensão e deformação.


4. Estado de tensão e deformação.
4.1 Estado de tensão num ponto. Tensões principais.
Se um corpo rígido for submetido a um sistema de forças, então, através de qualquer de um do seu ponto
pode ser atravessado por um infinito e diferentes planos orientados, nos quais actuam tensões normais e
tangenciais, resultando deformações lineares e angulares.
Em cálculos de barras na resistência a tracção, compressão, torção ou flexão, geralmente é suficiente saber
calcular a tensão na secção transversal. Em deformações complexas (os elementos de construção sujeitos à
acções simultâneas de vária solicitações como, por exemplo, flexão torção; tracção flexão e outros) é
necessário, então, determinar o estado de tensões no ponto do elemento em estudo.
O estado de tensão é o conjunto das tensões, que surgem em inúmeros planos que passam por um
determinado ponto do elemento de construção em estudo.
O Estado de tensão não pode ser analisado somente em casos particulares de tracção, compressão e
cisalhamento, mas, também, no caso geral de aplicação de carga a um elemento de construção.
Para o estudo do estado de tensão num ponto de um corpo (elemento) destaque-se um ifinitesimos
paralelepipedo (cubo) com aresdas de comprimento 𝒅𝒙, 𝒅𝒚, 𝒅𝒛 (figura 4.1). Podemos imaginar que a medida
que as dimensões do paralelepípedo diminuem, o paralelepípedo tende um ponto.
Num caso geral, as tensões que actuam nas faces do paralelepípedo são representadas como mostra a
(figura 4.1). Neste caso, as tensões representadas são as visíveis nas faces visíveis, óbvio que na condição
de equilíbrio as mesmas tensões actuam nas faces invisíveis do paralelepípedo. As tensões normais de tracção
consideram-se positivas e as de compressão são negativas.

Fig. 4.1 – Estado de tensões tridimensionais para o elemento cúbico infinitesimal.


Ao girar o paralelepípedo as magnitudes de todas as tensões, que actuam nas suas faces, mudam de valor.
Pode se escolher a posição tal que nas faces do paralelepípedo actuam somente tensões normais (as tensões
tangenciais são iguais a zero).
Regra de sinais das tensões
A tensão normal origina o alongamento ou a contracção das arestas do
paralelepípedo. As tensões de tracção consignam-se positivas e de as de compressão
são negativas.
As tensões tangenciais originam a torção do paralelepípedo, modificando o angulo
recto das arestas em ângulos agudos ou obtusos. A tensão tangencial considera-se
positivas se os vectores que às representam tendem girar o grupo no sentido dos
ponteiros do relógio. O contrário, são negativas.

A superfície em que actuam somente tensões normais, designam-se superfícies principais. As tensões
normais que actuam nas superfícies principais designam-se por tensões principais.

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As tensões principais representam-se por 𝝈𝟏 , 𝝈𝟐 , 𝝈𝟑 . A tensão maior (em função do sinal) representa-se
por 𝝈𝟏 , a menor por 𝝈𝟑 . O estado de tensão num ponto de um corpo (elemento) considera-se totalmente
conhecido se for conhecida qualquer das três superfícies mutuamente perpendiculares, por exemplo as
principais. É conveniente escolher aquela superfície na qual é muito fácil determinar a tensão. Normalmente,
determina-se a posição da superfície principal e o valor das tensões principais.
No caso geral as tensões principais podem actuar nos três eixos das coordenadas (figura 4.2). Este tipo
de estado de tensão designa-se por estado tridimensional ou estado de tensão volumétrico.

Fig. 4.2 – Estado de tensão volumétrico.


As tensões principais podem ser positivas ou negativas.
Os estados de tensões volumétricos localizam-se, por exemplo, nos materiais em zonas de contacto entre
dois corpos (elementos) (figura 4.3).

Fig. 4.3 – Contacto de dois corpos. Estado de tensão volumétrico.

O estado de tensão no qual a tensão principal actua na direcção em dois eixos, designa-se por estado de
tensão biaxial ou estado de tensão planar (figura 4.4 a). Estas tensões actuam, por exemplo, nos vasos sob
pressão de líquidos e gazes (figura 4.4 b).

Fig. 4.4 – a) Representação do estado de tensão biaxial. b) Pressão de líquidos e gazes.


O Estado de tensão no qual a tensão principal actua na direcção, somente num dos eixos (as duas restantes
tensões principais são igual a zero), designam-se por estado de tensão linear ou estado de tensão uniaxial
(figura 4.5 a). Este tipo de estado de tensão surge nas condições de tracção e compressão ou na flexão pura
(figura 4.5 b), c)) respectivamente.

Fig. 4.5 – a) Representação do estado de tensão uniaxial, b) Tracção, c) Flexão pura

Estuda-se vários tipos de estados de tensão para obter a relação entre as tensões principais e a tensão no
ponto, actuante em qualquer plano que passe no ponto em análise. Estas relações permitem determinar a
maior tensão normal e tangencial no ponto e a posição da superfície na qual elas actuam.

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4.2 Estado de tensão linear – uniaxial.
Seleccionemos na área de qualquer ponto submetido a tracção um infinitesimal paralelepípedo
(cubo), tal que duas das suas faces coincidissem com a secção transversal (veja a figura 4.5 b).
No subtema 2.3 (Estado de tensão num ponto dum elemento de construção submetido a tracção ou
compressão) foi mostrado que na face coincidente com a secção transversal, actuam somente tensões
normais e nas faces paralelas ao eixo da barra, as actuam nenhumas tensões (figura 4.5 a). De acordo
com a relação adoptada entre as tensões principais pode se designar:
𝝈𝟏 = 𝝈𝒛 ; 𝝈𝟐 = 𝟎; 𝝈𝟑 = 𝟎
Conhecida a tensão 𝜎1 , pode se determinar a tensão normal e a tensão tangencial que actua em
qualquer superfície que passa num determinado ponto, logo, a tensão principal 𝝈𝟏 totalmente determina
o estado de tensão uniaxial no ponto.
Cortemos o elemento por um plano normal do qual faz um ângulo 𝜶 com a direcção de 𝜎1 (figura
4.6 a). Na superfície resultante, surgem a tensão normal 𝝈𝜶 e a tangencial 𝝉𝜶 (figura 4.6 b) cujas
magnitudes se calculam pélas formulas:
𝝈𝜶 = 𝝈 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜶

𝟏
𝝉𝜶 = 𝝈 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶
𝟐
Substituindo 𝝈 por 𝝈𝟏 teremos:

𝝈𝜶 = 𝝈𝟏 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜶 (4.1)

𝟏
𝝉𝜶 = 𝝈 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶 (4.2)
𝟐 𝟏

Fig. 4.6 –Estado de tensão uniaxial


Com as fórmulas (4.1) e (4.2), conhecido o valor de 𝝈𝟏 , pode se determinar o valor da tensão normal
𝝈𝜶 e a tangencial 𝜏𝛼 em qualquer superfície que passa num dado ponto, logo a tensão principal 𝝈𝟏 na
totalidade determina o estado de tensão uniaxial no ponto. Variedades análises de estados de tensões uni
axiais é o estado de tensão no qual surge somente uma tensão principal 𝝈𝟑 (figura 4.7) as fórmulas de
cálculo (4.1) e (4.2) será justa e equivalente se for substituído o valor de 𝝈𝟏 por 𝝈𝟑 .

Fig. 4.7 –Estado de tensão uniaxial

4.3 Estado de tensão planar – biaxial.


Seleccionemos do elemento de construção que se encontra num estado de tensão biaxial, um
elemento cubico (figura 4.8 a) Examinemos este estado de tensão. Façamos um corte cuja a normal
da sua superfície faz um ângulo 𝛼 com a direcção de 𝝈𝟏 e analisemos o equilíbrio da parte cortada
(figura 4. b). O angulo 𝜶, considera-se positivo se ele se dirige péla normal, contra o sentido dos
ponteiros do relógio.

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Fig. 4.8 –Estado de tensão biaxial

Utilizando o princípio de superposição de forças a tensão 𝝈𝜶 e 𝜏𝛼 determinasse como sendo a


soma das tensões surgem na superfície sob acção de 𝝈𝟏 e 𝜎2 :
𝝈𝜶 = 𝝈𝟏 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜶 + 𝝈𝟐 𝒄𝒐𝒔𝟐 (𝜶 + 𝟗𝟎°)
𝟏 𝟏
𝝉𝜶 = 𝟐 𝝈𝟏 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶 + 𝟐 𝝈𝟐 𝒔𝒆𝒏 𝟐(𝜶 + 𝟗𝟎°),

onde
𝝈𝜶 = 𝝈𝟏 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜶 + 𝝈𝟐 𝒔𝒆𝒏𝟐 𝜶 (4.3)

𝟏
𝝉𝜶 = (𝝈 − 𝝈𝟐 ) 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶 (4.4)
𝟐 𝟏
Analisemos as formulas (4.3) e (4.4) e formulemos a máxima tensão normal e a máxima tensão
tangencial assim também, a posição do plano da secção péla qual elas actuam.
Coloquemos na fórmula (4.3) a relação trigonométrica já conhecida
𝟏 𝟏
𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜶 = (𝟏 + 𝒄𝒐𝒔𝟐𝜶); 𝒔𝒆𝒏𝟐 𝜶 = (𝟏 − 𝒄𝒐𝒔𝟐𝜶),
𝟐 𝟐
teremos:
𝟏 𝟏
𝝈𝜶 = (𝝈 + 𝝈𝟐 ) + (𝝈𝟏 − 𝝈𝟐 )𝒄𝒐𝒔 𝟐𝜶.
𝟐 𝟏 𝟐
se
𝜶=𝟎 𝝈𝜶 = 𝝈𝟏 = 𝝈𝒎𝒂𝒙
(4.5)
Se
𝜶 = 𝟗𝟎° 𝝈𝜶 = 𝝈𝟐 = 𝝈𝒎𝒊𝒏
Conclui-se que a tensão principal tem o seu valor máximo e mínimo em todos tensões normais
que actuam por superfície de planos que passa por um ponto.
Da fórmula (4.4) conclui-se que
𝜶 = 𝟎 𝒆 𝜶 = 𝟗𝟎° 𝝉𝜶 = 𝟎,
Se
𝜶 = 𝟒𝟓°
𝟏 (4.6)
𝝉𝜶 = 𝝉𝒎𝒂𝒙 = (𝝈 − 𝝈𝟐 )
𝟐 𝟏
Note-se que na superfície perpendicular a 𝜶 ,

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𝟏 𝟏
𝝉𝜶 = (𝝈𝟏 − 𝝈𝟐 ) 𝒔𝒆𝒏 𝟐(𝜶 + 𝟗𝟎°) = − (𝝈𝟏 − 𝝈𝟐 ) 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶 = −𝝉𝜶
𝟐 𝟐
que contradiz com a lei reciprocidade das tensões tangenciais.

Fig. 4.9 –Estado de tensão biaxial com as tensões tangenciais

4.4 Estado de tensão volumétrica.

Se for seleccionada num dos pontos do corpo que se encontre em estado de tensão volumétrica um cubo
elementar no qual nas faces actuam tensões principais 𝝈𝟏 ≥ 𝝈𝟐 ≥ 𝝈𝟑 . Determinemos a tensão normal e
tangencial duma das áreas paralelas a uma das tensões principais (figura 4.10)
Da condição de equilíbrio das superfícies das partes do cubo pode se definir que a tensão que actua na
superfície não depende da tensão principal paralela que realizada na superfície.

Fig. 4.10

Conclui-se que para o estado de tensão volumétrico podemos determinar a tensão que actua por superfície
paralela a uma das tensões principais pélas formulas (4.2) e (4.3), resultantes do estado de tensão biaxial.
A tensão máxima tangencial para o estado de tensão volumétrico é calculada péla fórmula:
𝟏 (4.7)
𝝉𝒎𝒂𝒙 =
(𝝈 − 𝝈𝟑 )
𝟐 𝟏
A força 𝝈𝟐 que actua na superfície e normal a superfície forma 𝟒𝟓° com a tensão 𝝈𝟏 (figura 4.11)

Fig. 4.11

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4.4.1 Determinação das tensões principais no estado de tensão planar.
O estado de tensão no ponto é conhecido na totalidade se são conhecidas as tensões principais. Aliais, no
cálculo da barra, calculam-se as tensões na secção transversal: Na tracção, compressão e flexão pura, na
secção transversal da barra somente actuam tensões normais. Na torção, na sua secção transversal, somente
actuam tensões tangenciais. Etá visto que na actuação da flexão e torção ou tracção torção nas respectivas
secções das barras, surgem tensões normais e tangenciais. As tensões normais e tangenciais actuam em todos
os pontos das secções transversais da barra (excepto nas extremidades) assim como nas flexões transversal.
Nas secções longitudinais da barra neste caso as tensões normais não existem (figura 4.12 b).
Analisemos este estado de tensão estabeleçamos a relação entre a tensão principal por um lado e a normal
e tangencial tensão que surge na secção transversal da barra com a outra.
Seleccionemos na barra, submetida a uma força de tracção F e um momento torsor M, por exemplo como
mostra a (figura 4.12 a), cubos elementares tal que, duas das suas faces coincidam com a secção transversal
da barra. Nestas faces surgem tensões normais resultantes da tracção da força F e tensões tangenciais
resultantes do momento torsor (figura 4.12 b).
Cortemos o cubo por um plano tal que sua normal faça um ângulo 𝜶 com a tensão normal 𝝈, e observemos
o equilíbrio da parte cortada do elemento (figura 4.12 c). Designemos 𝒅𝑨 a área da face inclinada do cubo,
então dA cos𝜶 será a área vertical e dA sen 𝜶 será a área horizontal do cubo.

Fig. 4.12

Compondo a equação de equilíbrio das forças actuantes projectando-as na direcção de 𝝈𝜶 e 𝝉𝜶 :


𝝈𝜶 𝒅𝑨 − 𝝈 𝒅𝑨 𝒄𝒐𝒔 𝜶 + 𝝉 𝒅𝑨 𝒔𝒆𝒏 𝜶 . 𝒄𝒐𝒔 𝜶 + 𝝉 𝒅𝑨 𝒄𝒐𝒔 𝜶 . 𝒔𝒆𝒏 𝜶 = 𝟎
𝝉𝜶 𝒅𝑨 − 𝝉 𝒅𝑨 𝒄𝒐𝒔 𝜶 . 𝒄𝒐𝒔 𝜶 + 𝝉 𝒅𝑨 𝒔𝒆𝒏 𝜶 . 𝒔𝒆𝒏 𝜶 − 𝝈 𝒅𝑨 𝒄𝒐𝒔 𝜶 . 𝒔𝒊𝒏 𝜶 = 𝟎
Donde:
𝝈𝜶 = 𝝈 𝒄𝒐𝒔𝟐 𝜶 − 𝝉 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶 ; (4.8)
𝟏
𝝉𝜶 = 𝝈 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶 + 𝝉𝐜𝐨 𝐬 𝟐𝜶. (4.9)
𝟐
Determinemos da fórmula (4.9) o ângulo 𝜶𝟎 inclinação do plano da superfície na qual a tensão tangencial
é igual a zero, isto é, o plano principal:
𝟏
𝝉𝜶 = 𝝈 𝒔𝒆𝒏 𝟐𝜶𝟎 + 𝝉𝐜𝐨 𝐬 𝟐𝜶𝟎 .
𝟐
Da fórmula surge, que define a direcção desse plano.
𝟐𝝉
𝒕𝒈 𝟐𝜶𝟎 = − . (4.10)
𝝈

Ou

Em que
𝝈𝒙 = 𝝈𝟏 𝒆 𝝈𝒚 = 𝝈𝟐
𝝉𝒙𝒚 𝒂 𝒕𝒆𝒏𝒔ã𝒐 𝒕𝒂𝒏𝒈𝒆𝒏𝒄𝒊𝒂𝒍 𝒂𝒄𝒕𝒖𝒂𝒏𝒕𝒆 𝒏𝒐 𝒑𝒍𝒂𝒏𝒐

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Como é conhecido da trigonometria, cada valor da tangente corresponde a dois ângulos diferindo em
𝟏𝟖𝟎°. Concluindo, da fórmula (4.10) pode se determinar dois ângulos de 𝜶𝟎 , diferidos em 𝟗𝟎°, cada uma
das quais determina a posição da superfície principal.
Determinemos as tensões principais que nestas superfícies principais. Para tal coloquemos a expressão da
fórmula (4.8) na expressão (4.10).
Utilizando as relações matemáticas depois das transformações encontramos:
𝟏 𝟏
𝝈𝒎𝒂𝒙 = 𝝈 ± √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 .
𝒎𝒊𝒏 𝟐 𝟐
Tal como como o segundo termo pelo valor absoluto é maior que o primeiro quer dizer 𝝈𝒎𝒊𝒏 < 𝟎
Segundo as relações definidas 𝝈𝟏 ≥ 𝝈𝟐 ≥ 𝝈𝟑 encontramos a expressão para a determinação dosa tensões
principais:
𝟏 𝟏
𝝈𝟏 = 𝝈 + √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 ;
𝟐 𝟐
𝝈𝟐 = 𝟎 ; (4.11)
𝟏 𝟏
𝝈 − √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 .
𝝈𝟑 =
𝟐 𝟐
A tensão tangencial máxima encontramos da fórmula (4.7) colocando nela a expressão do cálculo da
tensão principal:
𝟏 𝟏 𝟏 𝟏 𝟏 𝟏
𝝉𝒎𝒂𝒙 = (𝝈𝟏 − 𝝈𝟑 ) = ( 𝝈 + √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 − 𝝈 + √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 ),
𝟐 𝟐 𝟐 𝟐 𝟐 𝟐
Definitivamente
𝟏
𝝉𝒎𝒂𝒙 = √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 (4.12)
𝟐
4.5 Estado de deformação. Lei geral de Hooke.
Seleccionemos duma porção de um corpo (elemento de construção) um cubo elementar cujas faces
actuam tensões principais 𝝈𝟏 ≥ 𝝈𝟐 ≥ 𝝈𝟑 . O cubo se deforma nas três direcções das tensões
principais. As deformações na direcção das tensões principais designam-se deformações principais
e designam-se por: 𝜺𝟏 , 𝜺𝟐 , 𝜺𝟑 .
O conjunto das deformações principais, constituem o estado de deformação no ponto.
No princípio de sobreposição das forças pode se determinar a deformação numa direcção
arbitrária ligadas à cada tensão principal e somar para encontrar o estado de deformação no
ponto.
A deformação na direcção da tensão 𝝈𝟏 em tensão 𝝈𝟏 segundo a lei de Hook é:
𝝈𝟏
𝜺𝟏𝟏 =
𝑬
A deformação nesta mesma direcção condicionada pélas tensões 𝝈𝟐 e 𝝈𝟑 é transversal:
𝝈𝟐 𝝈𝟑
𝜺𝟏𝟐 = −𝝁 ; 𝜺𝟏𝟑 = −𝝁 .
𝑬 𝑬
A deformação na direcção 𝝈𝟏 a partir de todas tensões principais é:
𝝈𝟏 𝝈𝟐 𝝈𝟑 𝟏
𝜺𝟏 = 𝜺𝟏𝟏 + 𝜺𝟏𝟐 + 𝜺𝟏𝟑 = −𝝁 −𝝁 = [𝝈𝟏 − 𝝁(𝝈𝟐 + 𝝈𝟑 )]
𝑬 𝑬 𝑬 𝑬

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De forma análoga determinemos a deformação na direcção das outras tensões principais:
𝟏
[𝝈 − 𝝁(𝝈𝟐 + 𝝈𝟑 )]
𝜺𝟏 =
𝑬 𝟏
𝟏
𝜺𝟐 = [𝝈𝟐 − 𝝁(𝝈𝟑 + 𝝈𝟏 )]
𝑬 (4.12)
𝟏
𝜺𝟑 = [𝝈𝟑 − 𝝁(𝝈𝟏 + 𝝈𝟐 )]
𝑬
As fórmulas ora deduzidas constituem a Lei geral de Hooke.
Principal hipótese de resistência
As hipóteses de resistência permitem trocar as tensões complexas que surgem por tracção.

1. Hipótese da máxima tensão tangencial


Esta segundo esta hipótese, dois estados de tensão são considerados igualmente perigosas se para elas são
iguais as respectivas tensões tangenciais.
Concluído, pode se substituir o estado de tensão complexo por um equivalente uniaxial traccional na
condição de que para eles é igual a 𝝉𝒎𝒂𝒙.
𝟏 𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗
Para o estado de tensão complexo 𝝉𝒎𝒂𝒙 = (𝝈𝟏 − 𝝈𝟑 ), para equivalente de tracção 𝝉𝒎𝒂𝒙 =
𝟐 𝟐

Comparando a expressão da tensão tangencial máxima obtemos:


𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = (𝝈𝟏 − 𝝈𝟑 ). (4.13)
Se colocarmos a tensão equivalente ora calculada na tensão admissível à tracção obtemos:
𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = (𝝈𝟏 − 𝝈𝟑 ) ≤ [𝝈𝒕 ] (4.14)
[𝝈𝒕 ] − 𝒕𝒆𝒏𝒔ã𝒐 𝒂𝒅𝒎𝒊𝒔𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝒂 𝒕𝒓𝒂𝒄çã𝒐
A hipótese de máxima tensão tangencial confirma-se bem para experimentalmente para materiais plásticos
(dúcteis) que possuem as mesmas características de resistência na tracção e compressão.
A deficiência da hipótese consiste em não considerar a influência da tensão principal 𝝈𝟐 .
Geralmente, no cálculo da resistência da barra são conhecidas não as tensões principais, mas sim, as
tensões normais e as tensões tangenciais nas secções transversais. Colocando a fórmula (4.13) na expressão
(4.11), para as tensões principais 𝝈𝟏 e 𝝈𝟑 encontramos:

𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 . (4.15)


A condição de resistência em função desta hipótese será

𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 ≤ [𝝈𝒕 ]. (4.16)


Hipóteses de energia
Conforme esta hipótese, dois estados te tensão são igualmente perigosas, se eles tiverem a mesma possuem
a mesma energia de deformação específica.
𝝈𝜺
Para uma barra unitária em tracção esta energia é dada péla fórmula 𝒖 = .
Segundo o principio de
𝟐
superposição de esforços esta energia de deformação específica para as três tensões principais
toma a forma:
𝝈𝟏 𝜺𝟏 𝝈𝟐 𝜺𝟐 𝝈𝟑 𝜺𝟑
𝒖= + + .
𝟐 𝟐 𝟐
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Das deformações da lei geral de Hooke, teremos que:
1
𝑢 = 2𝐸 [𝜎12 + 𝜎22 + 𝜎32 − 2𝜇(𝜎1 𝜎2 + 𝜎2 𝜎3 + 𝜎3 𝜎1 )] (4.17)
Na deformação do elemento muda o seu volume e a sua forma.com o coeficiente Poisson 𝝁 = 𝟎, 𝟓
o volume do elemento mantem-se constante e muda somente a sua forma. Coloquemos na expressão (4.17)
𝝁 = 𝟎, 𝟓 encontramos a fórmula da energia de deformação específica pélo estado de tensão:
𝟏
𝒖𝒗 = (𝝈𝟐 + 𝝈𝟐𝟐 + 𝝈𝟐𝟑 − 𝝈𝟏 𝝈𝟐 − 𝝈𝟐 𝝈𝟑 − 𝝈𝟑 𝝈𝟏 ) (4.17.1)
𝟐𝑬 𝟏
Para uma barra unitária em tracção a energia equivalente será dada péla fórmula:
𝝈𝟐𝒆𝒒𝒖𝒊𝒗 (4.17.2
𝒖𝒗 𝒆𝒒𝒖𝒗 =
𝟐𝑬 )
Em conformidade com a condição da hipótese da resistência do estado de tensão complexo, podemos
escrever:
𝒖𝒇 = 𝒖𝒇 𝒆𝒒𝒖𝒗 . (4.18)
Coloquemos a energia de variação da forma

𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = √𝝈𝟐𝟏 + 𝝈𝟐𝟐 + 𝝈𝟐𝟑 − 𝝈𝟏 𝝈𝟐 − 𝝈𝟐 𝝈𝟑 − 𝝈𝟑 𝝈𝟏 (4.19)

A condição da resistência péla hipótese de energia toma a forma:

𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = √𝝈𝟐𝟏 + 𝝈𝟐𝟐 + 𝝈𝟐𝟑 − 𝝈𝟏 𝝈𝟐 − 𝝈𝟐 𝝈𝟑 − 𝝈𝟑 𝝈𝟏 ≤ [𝝈𝒕 ] (4.20)

Se não forem conhecidas as tensões principais, mas, forem conhecidas as tensões normais e as tensões
tangenciais na secção transversal da barra, então coloquemos na equação (4.20) as expressões 𝝈𝟏 e 𝝈𝟑 da
fórmula (4.11), teremos: (4.21)
𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = √𝝈𝟐 + 𝟑𝝉𝟐 ≤ [𝝈𝒕 ]
A hipótese de energia é muito boa e sujeita-se aos materiais experimentalmente dúcteis que possuem as
mesmas características de resistência a tracção e compressão.
Note-se que entre a hipótese de máxima tensão (4.14 ) a hipótese de energia (4.20) diferenciam-se em que
na forma de energia tomam-se em consideração todas tensões principais e na máxima tensão não contamos
com a tensão 𝜎2 .
Hipóteses de resistência Mohr
As hipóteses de resistência por máxima tensão tangencial e energia são muito utilizadas para os materiais
dúcteis, mas eles não tomam em consideração algumas características de resistência dos materiais a tracção
e compressão. Para materiais frágeis, que possuem existentes resistência a tracção e compressão, as
hipóteses apresentadas podem induzir aos cálculos alguns acréscimos.
No resultado de experiências gerais, feitas em diferentes estados de tensão, Mor propôs hipóteses tomando
em consideração diferenças na resistência dos materiais sob tracção e compressão.
A condição de resistência segundo a hipótese de Mor tem a seguinte forma:
𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = 𝝈𝟏 − 𝒌 𝝈𝟑 ≤ [𝝈𝒕 ], (4.22)
Onde
𝜎𝑅
𝒌= − Para materiais frágeis
𝝈𝒄𝑹
𝜎𝑒
𝒌= 𝒄− Para materiais dúcteis
𝝈𝒆

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𝜎𝑅 − Tensão de ruptura do material
𝜎𝑒 − Tensão de escoamento do material
𝝈𝒄𝒆 , 𝝈𝒄𝑹 − tensão de escoamento e ruptura do material à compressão, respectivamente
Na condição em que os materiais têm as resistências á tracção e compressão iguais, então k = 1
A hipótese de desistência de Mohr coincide com a hipótese de máxima tensão tangencial.
Se forem conhecidas as magnitudes de tensão normal e tensão tangencial na secção transversal, a condição
de resistência (4.22) tomando em consideração a fórmula (4.11) , para as tensões principais 𝝈𝟏 e 𝝈𝟑 toma a
forma:
𝟏−𝒌 𝟏+𝒌
𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = 𝝈+ √𝝈𝟐 + 𝟒𝝉𝟐 ≤ [𝝈𝒕 ]
𝟐 𝟐 (4.23)
Calculo de vasos com paredes finas.
Os vasos (recipientes) consideram-se de parede fina se a espessura 𝜹, da sua parede, for muito pequena
em relação ao raio mínimo de curvatura 𝝆𝒎𝒊𝒏 , (𝜹 < 𝟎, 𝟏𝝆𝒎𝒊𝒏 ). No calculo deste tipo de elementos (cascos),
toma-se em consideração a tensão criada péla pressão dos gazes e líquidos é distribuída uniformemente péla
espessura do casco e a sua flexão pode se desprezar.
Geralmente, na técnica toma-se como base de construção recipientes (reservatórios) com forma de corpos
de revolução: cilíndricas, esféricas, cónicas.
Seleccionemos do casco sob pressão p de um gaz ou liquido, dois meridianos (passando pêlo eixo do
casco) e duas secções cónicas dum elemento infinitesimal (figura 4.13) Na superfície interior actua a
pressão p. nos limites do elemento que coincidem com a secção dos meridianos surgem tensões, 𝜎𝑡 , na
direcção tangencial à circunferência de raio 𝜌𝑡 −ccircunferência da tensão. Nos outros dois limites surge
tensões meridionais 𝜎𝑚 .

Fig. 4.13 Fig. 4.14

Projectemos todas as forças direccionadas à superfície do elemento.


𝑑𝛼𝑚 𝑑𝛼𝑡
2𝜎𝑚 𝛿𝑑𝑠𝑡 𝑠𝑒𝑛 + 2𝜎𝑡 𝛿𝑑𝑠𝑚 𝑠𝑒𝑛 − 𝑝 𝑑𝑠𝑡 𝑑𝑠𝑚 = 0,
2 2
Se colocarmos na igualdade para 𝑑𝑠𝑚 = 𝜌𝑚 𝑑𝛼𝑚 ; 𝑑𝑠𝑡 = 𝜌𝑡 𝑑𝛼𝑡 (figura 4.14) e trocarmos o seno
do ângulo com o respectivo ângulo temos
𝜎𝑚 𝛿 𝜌𝑡 𝑑𝛼𝑡 𝑑𝛼𝑚 + 𝜎𝑡 𝛿 𝜌𝑚 𝑑𝛼𝑚 𝑑𝛼𝑡 − 𝑝 𝜌𝑡 𝜌𝑚 𝑑𝛼𝑡 𝑑𝛼𝑚 = 0
Vamos dividir todas parcelas por 𝛿 𝜌𝑡 𝜌𝑚 𝑑𝛼𝑡 𝑑𝛼𝑚 chegamos a equação de Laplace:
𝜎𝑚 𝜎𝑡 𝑝
+ = (4.24)
𝜌𝑚 𝜌𝑡 𝛿

A fórmula é usada para o cálculo de qualquer vaso (reservatório) de parede fina, de qualquer forma de
revolução com eixo simétrica.
Os reservatórios usuais na técnica são de forma cilíndrica e esféricas.

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Nos vasos de parede fina esféricos (figura 4.15),

Fig. 4.15

Em qualquer secção transversal que passa por qualquer ponto, actua a mesma tensão norma de tracção. A
tensão tangencial não existe. Logo:
𝝈𝟏 = 𝝈𝟐 = 𝜎𝑚 = 𝜎𝑡 ; 𝝈𝟐 = 𝟎.
𝐷
O raio de curvatura 𝜌𝑚 = 𝜌𝑡 = .a equação de Laplace (4.24), para um vaso esférico de paredes
2
finas fica:
2𝜎1 2𝜎1 𝑝
+ =
𝐷 𝐷 𝛿
Donde

𝑝𝐷 (4.25)
𝜎1 = 𝜎2 =
4𝛿
A condição de resistência (4.16 ) e (4.20 ) toma-se a seguinte
𝑝𝐷 (4.26)
𝜎𝑒𝑞𝑢𝑣. = ≤ [𝝈𝒕 ]
4𝛿
Para vasos cilíndricos de paredes finas (figura 4.16);

Fig. 4.16 Fig. 4.17


𝐷
O raio de curvatura 𝜌𝑚 = ∞, 𝜌𝑡 = e a equação de Laplace (4.24) toma a forma:
2
𝜎𝑡 𝑝
= ,
𝐷 𝛿
Donde
𝑝𝐷 (4.27)
𝜎𝑡 =,
2𝛿
Para determinar a tensão meridional, seccionemos a superfície do vaso perpendicularmente ao
seu eixo e, analisemos o equilíbrio da parede seccionada (figura 4.17). Na secção transversal surgem
tensões normais 𝜎𝑚 uniformemente distribuída péla superfície seccionada. Projectando todas as
forças no eixo z, encontramos:
𝑝𝜋𝐷
− 𝜎𝑚 𝜋𝐷𝛿 = 0 ,
4
Donde
𝑝𝐷 (4.28)
𝜎𝑚 =
4𝛿

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Tal como 𝝈𝒕 > 𝝈𝒎 e abas tensões são positivas, em conformidade com a regra de representação
das tensões principais encontramos:
𝒑𝑫
𝝈𝟏 = 𝝈𝒕 = ;
𝟐𝜹
𝒑𝑫 (4.29)
𝝈𝟐 = 𝝈𝒎 = ;
𝟒𝜹
𝜎3 = 0 .
A condição de equilíbrio segundo a máxima tensão tangencial tem a forma:
𝑝𝐷 (4.30)
𝜎𝑒𝑞𝑢𝑣. = 𝜎𝑡 = ≤ [𝝈𝒕 ]
2𝛿
Segundo a hipótese de energética
𝜎𝑒𝑞𝑢𝑣. = √𝜎𝑡2 + 𝜎𝑚
2 − 𝜎 𝜎 ≤ [𝝈 ]
𝑡 𝑚 𝒕
(4.31)

Segundo as expressões da fórmula (4.29) encontramos que:


𝟎, 𝟒𝟑𝟑𝒑𝑫 (4.32)
𝝈𝒆𝒒𝒖𝒗. = ≤ [𝝈𝒕 ]
𝜹
O,433 – é uma constante.
Tal como 𝝈𝒕 > 𝝈𝒎 , a destruição do vaso cilíndrico ocorre ao longo da geratriz.

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