Curso de Modelagem - Mauricio Sgarbi
Curso de Modelagem - Mauricio Sgarbi
Curso de Modelagem - Mauricio Sgarbi
REALIZAÇÃO:
a) CONCEPÇÃO
b) ANÁLISE
c) DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO
d) DESENHOS E PLANTAS
Os possíveis modelos numéricos para análise estrutural são muitos. Ao longo do curso
serão discutidos os diversos modelos para várias situações de análise.
Desta forma, seria intuitivo que um modelo que representasse uma analogia ao
tratamento analítico da estrutura contínua seria o mais adequado para a análise da
estrutura.
Essas questões são de difícil resposta! Teoricamente, o melhor modelo é aquele cuja
formulação melhor caracteriza o funcionamento da estrutura analisada.
Nos modelos mais refinados temos um grau de complexidade maior inerente. Sendo
assim, quanto mais representativo é o modelo os seguintes fatores devem ser
observados:
Para a obtenção de esforços nas lajes considera-se que as vigas representam restrições
ou liberações perfeitas nos bordos. O carregamento nas vigas resulta dessa mesma
consideração.
Os esforços nas vigas também são obtidos considerando para os pilares restrições e
liberações também perfeitas. As reações nestes apoios representam as cargas nos
pilares.
Experiência;
Feeling Estrutural;
Conhecimentos de Mecânica das Estruturas;
Busca da Identificação do mecanismo Estrutural;
Bom Senso;
Sendo o modelo adotado o mais complexo e refinado possível será que podemos
confiar cegamente nos seus resultados?
Exemplo 1.3.1
Este modelo foi gerado automaticamente. Casos similares a estes ocorrem em todos
os softwares que geram automaticamente os modelos.
Neste caso é possível uma intervenção no próprio modelo para obtenção da resposta
consistente. Quando não for o caso, o engenheiro deve fazer uma analogia com um
modelo simplificado para o correto dimensionamento da estrutura.
Exemplo 1.3.2
Observa-se que os pilares nascem em uma viga de transição. Desta forma, o cálculo
através do modelo mais sofisticado disponível, de pórtico espacial completo, não foi
coerente com o mecanismo da estrutura, uma vez que o edifício não é executado e
carregado simultaneamente, condição erradamente assumida pelo software.
Veremos com mais detalhes esta inconsistência, mas também é possível que o
engenheiro intervenha para obtenção de resultados mais satisfatórios, conforme
segue abaixo:
A seguir uma planta com distribuição dos cabos em uma laje plana protendida.
Tração!
Neste caso, as barras rígidas necessárias para a consideração dos trechos rígidos dos
pilares para carga vertical geram distorções na análise da estrutura para esforços no
plano do pavimento.
Uma questão que pode inicialmente tirar o sono de um Engenheiro Estrutural refere-
se às diferenças muito significativas entre dois modelos.
Sabe-se que toda estrutura têm seus elementos dimensionados com coeficientes de
segurança, ponderando ações (majoração) e resistências (minoração). No caso do
Concreto Armado e Protendido dimensionamos a estrutura no Estado limite último,
cuja probabilidade de ocorrência é mínima.
Mesmo sem comentários adicionais, pode-se a afirmar que, mesmo sem a eminência
do colapso, a estrutura pode estar com um nível inadequado de segurança.
Observar que essas duas características são associadas, pois a maior segurança na
estrutura hiperestática está associada à capacidade de adaptação plástica da
estrutura.
“Posso então ficar tranquilo utilizando qualquer modelo, desde que use-o
corretamente?”
Para a validação dos resultados, uma boa solução seria analisar a estrutura através de
modelos mais complexo e também com os mais simples. No caso do modelo mais
aproximado, é sempre importante verificar em que nível as condições de contorno da
estrutura são compatíveis com as hipóteses assumidas. Temos, assim, uma boa forma
de balizar a análise.
Desta forma, é necessário quantificar os esforços nas lajes para seu adequado
dimensionamento. Para tal, consideram-se hipóteses simplificadoras para a
consideração das suas condições de contorno.
Análise dos esforços nas vigas e pilares através do modelo de pórtico plano.
Neste modelo a distribuição de cargas das lajes nas vigas ainda é simplificada. Para o
caso de vigas apoiando sempre diretamente nos pilares, o sistema estrutural recai no
modelo de pórtico plano, mais especificamente na viga contínua com apoios
Vale ressaltar que um modelo análogo ao grelha de vigas seria o pórtico espacial
formado pelas vigas do pavimento e os pilares, com seus lances superior e inferior
(similar ao pórtico plano). Neste caso o carregamento das vigas proveniente das lajes é
simplificado.
Para este modelo, assim como na grelha de vigas, é possível representar os pilares dos
lances inferior e superior com elementos de barra verticais, formando-se um modelo
de pórtico espacial para o pavimento.
Grelha
MEF
Neste caso o pórtico é formado por todos os pavimentos. Este pórtico por ser formado
somente por vigas e pilares, sendo o carregamento das lajes simplificado ou obtido
calibrando-se vigas e pilares com as reações nestes elementos no modelo de grelha de
cada pavimentos. Também temos o pórtico completo, formado por vigas, pilares e
lajes, sendo que este último pode ser discretizado com elemento barra ou placa/casca.
Estrutura 2.1
Dados:
Fck=30MPa
Sobrecarga Permanente: 100kg/m²
Sobrecarga Acidental: 300kg/m²
Pé-direito estrutural; 3,00m
Neste caso não faremos a análise com viga contínua, com vínculos totalmente
restringidos ou liberados. Será feita a comparação entre modelos que são
caracterizados a seguir.
Para a estrutura 2.1, não observamos diferenças significativas entre os esforços nas
vigas. Focando a análise na viga V4, podemos observar os todos os modelos
apresentam resultados convergentes.
b)
a)
b)
Limita-se as flechas ocorridas após a construção das alvenarias com o objetivo de não
introduzir nestes elementos solicitações que afetem a sua integridade, com o
aparecimento de trincas ou fissuras. O valor estabelecido pela NBR6118:2007 é de
L/500 ou 10mm, sendo L a extensão da alvenaria.
Os critérios relativos à análise NFL são idênticos, com os principais pontos destacados
a seguir:
Combinação quase-permanente
ANÁLISE LINEAR
Deslocamentos(cm)
Para a consideração das armações das lajes, utiliza-se aquelas obtidas em um pré-
processamento linear.
Temos ainda duas possibilidades com relação à consideração da NLF para a obtenção
de flechas;
DETALHE A
MODELO 2
DETALHE A
Combinação quase-permanente
ANÁLISE LINEAR
Deslocamentos(cm)
ANÁLISE NÃO-LINEAR
MODELO 2
Observamos que para a flecha sob alvenaria, a barra mais solicitada entre os vãos,
permaneceu no Estádio I (não fissurado) até o carregamento total. Ou seja, a inércia
apresenta-se inclusive aumentada em função da presença da armadura. Apenas as
barras junto ao capitel trabalham no estádio II nos incrementos finais, em fincão da
concentração de tensões/esforços nesta região.
A estrutura referente a flecha sob alvenaria não possui uma configuração com
fissuração bem inferior á estrutura referente à flecha final total. Desta forma, as
diferenças observadas são perfeitamente justificadas, pois quanto maior o nível de
fissuração da estrutura, maior a diferença entre as flechas entre as análises linear e
não-linear e entre os dois modelos da análise não-linear. No modelo 1 utiliza-se a carga
total para a rigidez do incremento, enquanto no modelo 2 grande parcela do
carregamento teve sua respectiva flecha calculada com rigidez bem superiores.
Portanto, fica evidente que quanto maior o nível de fissuração (estádio II), maior será a
diferença entre os modelos, sendo as flechas do modelo1 superiores ao modelo2.
A pergunta que fica é: Qual dos dois modelos utilizar? Para estruturas usuais, não
observa-se diferenças significativas entre os modelos, pois a configuração fissurada
encontra-se pouco expressiva. Por isso temos modelos analíticos e experimentais para
os dois modelos que comprovam a boa representatividade de ambos.
Apresentamos a seguir dois exemplos que ilustram as diferenças entre os dois casos:
Exemplo 2.3.1 a
TORÇÃO DE COMPATIBILIDADE
TORÇÃO DE COMPATIBILIDADE
As lajes maciças são elementos que caracterizam propriamente uma placa. Desta
forma, na modelagem através de elementos discretos de placa ou barra, a espessura
do elemento já define as rigidezes à flexão e à torção.
Exemplo 2.3.2
Observar que temos uma diferença muito significativas para todas as grandezas .
Reforçamos, assim, a dependência me relação á rigidez à torção considerada,
principalmente para estruturas com tipologia similar a este exemplo.
As lajes nervuradas possuem uma forma de grelha de vigas “T”. Portanto, na sua
modelagem através de uma placa discretizada, não é possível estabelecer uma única
espessura que represente as rigidezes à flexão e torção com a espessura/altura
fornecida. Para a modelagem como grelha, deve-se fornecer as rigidez à flexão e
torção calculadas. Para a modelagem com placa, define-se a espessura correspondente
à rigidez à flexão e aplica-se uma coeficiente de correção para a definição da rigidez à
torção.
Como a espessura das nervuras e principalmente da capa, pode se supor que a rigidez
à torção apresenta valores relativamente mais baixos comparados à rigidez à flexão.
Associado à este fato, tem-se a dificuldade inerente à geometria da laje de dispor
armaduras de combate à torção no conjunto capa-nervura. Assim, é comum que se
despreze a rigidez à torção nas lajes Nervuradas.
Neste modelo toda a estrutura de concreto é discretizada: Pilares, vigas e lajes. Assim,
temos um modelo análogo ao anteriormente apresentado. A diferença é que a
estrutura apresenta sua análise feita em um único modelo completo, já que a laje
agora também constitui o pórtico espacial, juntamente com as vigas e pilares.
No caso de pilares que recebem vigas apoiando na direção de menor rigidez da sua
seção/abas. Na modelagem de pórtico Espacial, em uma análise elástica-linear, esta
ligação apresenta uma rigidez que considera toda a inércia da seção do pilar
(represetação unifilar).
Porém, é fácil deduzir que a rotação do pilar não é uniforme ao longo de toda a sua
dimensão. Desta forma, apenas uma parcela da seção do pilar apresenta
compatibilidade de deslocamentos (rotação) com viga.
Ligações Elásticas
Observamos que ocorre uma distribuição diferente de cargas nas laje em função dos
modelos para o pilar e interação entre as vigas de periferia e as cascas e barras
adjacente.
(a) (b)
Tal fato ocorre devido à desproporcionalidade entre as áreas das seções dos pilares e
suas respectivas áreas de influência de carga. O pilar P2 apresenta uma área de carga
superior aos pilares de extremidade P1 e P3 e uma área da seção transversal menor.
Este valor utilizado para o incremento de rigidez axial dos pilares deve ser calibrado. É
importante levar em conta que para uma parte dos carregamentos o modelo de
pórtico elástico é representativo (carga acidentais e parte das cargas permanentes).
Isso ilustra que a adoção do pavimento isolado, com hipótese de apoios indeslocáveis,
também pode não ser representativa.
(b)
Observa-se que as diferenças não são tão significativas como no exemplo hipotético.
Porém, o aumento do esforço normal quando consideramos o processo incremental
construtivo é suficiente para que o pilar não seja dimensionável.
Para o pilar que nasce na viga de transição este tratamento apresenta-se mais
conservador. Porém, para carregamento que atuam já com a estrutura executada, o
pórtico elástico é o modelo mais adequado. Assim, no cálculo do pavimento isolado, os
pilares que nascem na fundação podem apresentar solicitações que estariam contra a
segurança.
Para estruturas que apresentam assimetria de carregamento e/ou forma, a análise por
Pórtico espacial, através da compatibilização de deslocamentos da estrutura completa,
possibilita a obtenção de esforços e deslocamentos considerando estes efeitos. O
cálculo através considerando os pavimentos isolados, conforme já comentado, não
equaciona este aspecto.
Exemplo 3.2.4
Corte Esquemático
Frente ações laterais, os edifícios devem apresentar uma estrutura capaz de garantir a
estabilidade e capacidade resistente.
Núcleo Rígido
Neste modelo os pórticos planos formados por vigas e pilares são definidos
separadamente. Para possibilitar dimensionamento e avaliação adequada da rigidez, é
necessário considerar o funcionamento conjunto entre pórticos. Para transformar este
problema tridimensional em bidimensional associam-se os pórticos planos
introduzindo-se um elemento de ligação. Este elemento deve possuir uma elevada
rigidez axial e uma baixa rigidez à flexão. Desta forma, compatibilizam-se os
deslocamentos em cada nível estrutural, possibilitando uma distribuição de esforços e
obtenção de deslocamentos compatíveis com a estrutura espacial.
Com essa metodologia também é possível associar os núcleos rígidos com os pórticos
planos.
A ligação entre vigas e pilares também merece um tratamento especial para as cargas
horizontais. Assim como para as cargas verticais, a consideração da ligação elástica
pode levar a avaliações de rigidez equivocas. Desta forma, as intervenções para melhor
representatividade das ligações é essencial.
Este modelo é o mais sofisticado para avaliação da estrutura frente às ações laterais.
Com a inclusão da laje no modelo, a análise estrutural é realizada efetuando-se a
compatibilização de deslocamentos entre todos os elementos estruturais.
Este exemplo tem como objetivo avaliar uma estrutura submetida à ações laterais com
características que tornam essencial a adoção do modelo de pórtico completo. Ou
seja, a consideração da laje não deve se limitar à simulação do diafragma rígido. Sua
rigidez à flexão é fundamental para um modelo representativo para estrutura.
Dados principais:
Esquema Vertical
Fck=40MPa
Cargas Verticais:
PILAR
Essa ação é análoga às cargas das alvenarias que se apoiam em laje, destacando-se
que, neste caso, as cargas possuem natureza gravitacional.
Utilizam-se elementos finitos de casca ou barra para as lajes e barras para vigas. Definem-se
traçados de cabos para diferentes faixas e o carregamento externo. Assim, um software com
uma rotina apropriada define as combinações de cálculo e efetua a análise matricial da
estrutura, obtendo esforços e deslocamentos, considerando as ações da protensão (cargas
equivalentes) e o carregamento externo. Para cada faixa definida, obtemos os esforços totais
em diferentes seções integrando os esforços obtidos ao longo da largura da seção.
4.3.3 Exemplos
Conforme forma mostrada a seguir, a estrutura 1 possui sistema estrutural em laje lisa apoiada
diretamente nos pilares, cuja disposição apresenta-se regular e simétrica.
a) MPE
b) MEF-1
c) MEF-2
4.3.1.1)
Faixa analisada
Momentos mínimos
Momentos máximos
Momentos Médios
Assim, neste método teremos três regiões da laje distintas com relação aos efeitos da
protensão:
Momentos mínimos
Momentos máximos
Região A
Região B
O que pretende-se mostrar é que fica difícil uma comparação entre os parâmetros dos
métodos MEF 1 e MEF 2, pois este último apresenta uma idealização do mecanismo
estrutural muito mais representativo.
Tensão-Fibra
Mk apoio Mk vão Mhip- Apoio Tensão-Fibra Inferior- Superior-
(tf.m) (tf.m) (tf.m) Vão(kg/cm²) Apoio(kg/cm²)
MPE -70,2 57,6 11,1 18 23
MEF -81 60,3 10,1 25 51
Ressalta-se que os momentos fletores mostrados nas figuras( exceto Mhip do MPE),
são mostrados em tf.m/m, assim, para a obtenção dos momentos totais multiplicam-
se os valores obtidos pela largura da faixa (9,00m).
Observa-se uma diferença significativa para as tensões de tração na fibra superior. Esta
ocorrência provavelmente se deu em função da análise elástica efetuada, e as
concentrações de tensões para as barras centrais tiveram uma contribuição
significativa.
É possível concluir que temos uma coerência razoável entre os dois métodos para esta
estrutura.
Apenas uma parcela da laje junto ao pilar extremo apresenta rotação com compatível
com o pilar. Desta forma, quando utilizamos o MEF, apenas as barras de laje próximas
ao pilar ficam “engastadas”. Maioria das barras tem rotação liberada. A figura abaixo
mostra a deformada das barras da faixa central em vista lateral:
Observar que, com o engastamento excessivo do MPE foi possível obter um traçado de
cabos que não atendeu ao MEF, apresentando tensões e armaduras excessivas. Seria
necessário reavaliar o dimensionamento.
Forma da Estrutura 3
Focaremos a análise no ponto A. Observamos que este ponto encontra-se entre duas
faixas. Sabe-se que em uma estrutura contínua e monolítica todos os pontos devem
atender à compatibilidade de tensões, que devem estar representadas por um campo
contínuo.
Ponto A
Ponto A
Mostramos os dois pórticos lado a lado com os diagramas de momento fletor, cujo
valor também deveria ser compatível no ponto A:
a) b)
4.3.3.4) Estrutura 4
Neste caso, intuitivamente fica sugestivo que a laje passará apresentar curvaturas
maiores na direção vertical, aumentando os esforços nas lajes nesta direção e das
vigas que as apoiam(V1 e V2). Consequentemente, a outra direção apresenta uma
diminuição dos esforços nas lajes e também nas vigas V3 e V4.
Neste caso, o engenheiro pode até dimensionar a estrutura pela análise elástica.
Porém, os esforços no funcionamento real não ocorrem proporcionalmente às
armaduras detalhadas. Como estas são dimensionadas no ELU, é possível fazer desta
forma sem nenhum prejuízo para a estrutura.
Deve ser enfatizado que a capacidade de rotação plástica é feita na ruptura. Como a
configuração de esforços e resistências em serviço apresenta-se substancialmente
mais favorável, é possível que a estrutura permaneça integra. Porém, é comum
identificar patologias decorrentes de plastificações exageradas.
O caso “b)” é muito utilizado para plastificação de lajes, contínuas apoiadas em vigas
ou diretamente em pilares.
Em ambos os casos não é possível considerar uma relação direta para a obtenção de
um nível de plastificação definido. A seguir temos um exemplo com aplicação da
alteração da rigidez dos elementos no nó de ligação:
Dimensões:
Atribuem-se valores verificados em estudos para a média das rigidezes para cada tipo
de elemento, quando submetidos às combinações que envolvem ações gravitacionais
e laterais. A NBR 6118/2007 prescreve valores aproximados.:
Porém, como para o concreto armado esta relação não é linear devemos construir os
gráficos Momentos x Curvaturas para cada seção, considerando as armaduras,
fissuração no concreto e esforço normal. Através das relações constitutivas dos
materiais, varia-se os níveis de deformação utilizando as deformadas de ruptura. Fixa-
se o esforço normal (Nd) e obtêm-se os momentos (Md) para cada deformada para a
seção atender às equações de equilíbrio.
Sendo assim, não adotam-se os valores aproximados para as rigidezes, mas sim valores
obtidos desta forma, com tratamento refinado.
Porém, é possível observar diferenças razoáveis na análise estrutural para cada uma
destas considerações. A rigidez relativa entre pilar e viga apresenta grande variação
entre as considerações.
Exemplo 5.2.1.3
Interações
Ou seja, conforme antecipado, tem-se uma soma de uma P.G de razão r que relaciona
o momento final com o momento de 1ª ordem.
Porém, sabe-se que no mecanismo de ELU da estrutura estas condições não são
representam a realidade. As restrições à rotação nas extremidades dos pilares são
compatíveis com a rigidez dos elementos que concorrem no nó. Assim, os efeitos de 2ª
ordem e comprovação da estabilidade dos pilares dependem substancialmente destas
condições.
Para análise dos efeitos de 2ª ordem em pilares, o Método Geral é o único que
possibilita a consideração das condições de contorno conforme descrito. E neste
método a NLF e NLG são tratados de forma refinada.
Sendo assim, como os lances de pilares serão analisados dentro do contexto global,
toda a estrutura deve ser tratada da mesma forma. Ou seja, é necessário o utilizar o
pórtico NLF e NLG (Pórtico NLFG).
Sabe-se que na prática a utilização do pórtico NLFG não é usual. Porém, essa
ferramenta possui larga aplicação para análise de diversos casos particulares. Por
exemplo, analisar um pilar engastado na base e livre no topo. Por mais que seja
possível fazer utilizar uma correção de esbeltez e utilizar o modelo clássico bi-
articulado, a análise através do Pórtico NLFG possibilita equalizar essas condições de
contorno com muito mais precisão.
No caso mostrado a seguir, apenas ilustrado, o pilar não passa quando verificado como
bi-articulado, mesmo corrigindo o comprimento de flambagem para compatibilizar
com o pilar rotulado e engastado (0,7Le)
tensão de tração que podem ser absorvidos por uma ou várias camadas de
armadura.
Tendo sido definido o modelo, as forças nas bielas e tirantes são calculadas
automaticamente através do equilíbrio entre as forças internas e externas que estão
sendo aplicadas na estrutura. Obtidos estes esforços torna-se possível o
dimensionamento dos tirantes e a verificação das bielas e nós.
Deste diagrama obteve-se tensão máxima de tração igual a 300 tf/m² e altura de 0,75
m correspondente às tensões de tração.
Deste diagrama obteve-se tensão máxima de tração igual a 285 tf/m² e altura de 0,83
m correspondente às tensões de tração.
F = 112,50 x 0,80 = 90 tf
Angulação da biela
Rest = (P + G) / 2
Rest = (350 + 1,30 x 0,80 x 2,50 x 2,50) / 2
Rest = 178,25 tf
Resultante de tração
ABECE - Curso de Modelagem de Edifícios- Engº Mauricio Sgarbi Página 192
T = [178,25 (1,70 / 2 – 0,50 / 4)] / 1,25
T = 103,4 tf
Os blocos rígidos não apresentam as hipóteses básicas necessárias para uma análise
utilizando um modelo de elemento fletido, devido às deformações devido ao cortante
significativas (hipótese de timoshenco). Porém, sabe-se que, em geral, o mesmo que o
dimensionamento feito desta forma apresente diferenças significativas, a ordem de
grandeza é a mesma, sendo válido, portanto, esta verificação.
Para considerar toda a extensão do bloco e não só a largura entre estacas adotou-se:
150,1 kN.m
As(cm²) 41,08
Ast (cm²)
Nos blocos de “n” estacas formam-se tirantes devido à inclinação das bielas
comprimidas. Nos blocos de uma estaca, entretanto, os tirantes representativos do
mecanismo somente seriam formados se as projeções da estaca e pilar fossem
desalinhadas com tal magnitude que houvesse um desvio não equilibrado das bielas de
compressão. Para um pilar com largura substancialmente maior do que o diâmetro da
estaca haveria um tirante na face superior do bloco nesta direção. Caso a dimensão do
pilar seja menor do que o diâmetro do bloco, o tirante se configuraria na face inferior
do bloco.
Para as situações mais usuais, nas quais temos diferenças pequenas entre as projeções
do bloco e da estaca, a formação de tirantes devido aos desvios das bielas tem pouco
efeito. Entretanto, o bloco de uma estaca apresenta mecanismo estrutural similar ao
de um bloco parcialmente carregado. Ou seja, com a introdução do carregamento em
uma massa de concreto através de uma área reduzida (pilar), a carga se espraia na
A primeira seção analisada foi a seção central do bloco (S1), a seguir é demonstrado o
diagrama de tensões nesta seção.
Deste diagrama foi obtida a tensão de 147 tf/m² no ponto central da seção e a altura
da região tracionada encontrada foi de 0.50 m.
Desta forma:
F = 26,82 tf
Neste exemplo de bloco sobre uma estaca, foram feitas algumas simplificações, como
considerar a introdução de carga concentrada em um ponto. Tal artifício não tem
influência significativa no desenvolvimento do mecanismo que pretendemos
demonstrar, ficando inclusive a favor da segurança com relação à intensidade das
tensões de tração.
Coeficiente de Mola
Foi considerado um coeficiente de mola para representar as estacas. Neste caso específico,
trata-se uma estaca curta (5metros), cuja ponta encontra-se assente em rocha. Sendo assim,
tem-se apenas a parcela estrutural para a obtenção da mola .
A = π x 0,32 = 0,283 m2
K = EA/L
Desta forma:
K = (2128700 x 0,283) / 5
K = 120375, 15 tf/m
Estaca Carga (tf) Qe/Qm Estaca Carga (tf) Qe/Qm Estaca Carga (tf) Qe/Qm
1 150 1,03 37 147 1,01 73 143 0,98
2 144 0,98 38 139 0,95 74 144 0,99
3 137 0,94 39 137 0,93 75 148 1,01
4 133 0,91 40 139 0,95 76 152 1,04
5 133 0,91 41 141 0,97 77 160 1,10
6 134 0,92 42 147 1,01 78 172 1,18
7 134 0,92 43 147 1,01 79 172 1,18
8 133 0,91 44 141 0,97 80 160 1,10
9 133 0,91 45 139 0,95 81 152 1,04
10 137 0,94 46 137 0,93 82 148 1,01
11 144 0,99 47 139 0,95 83 144 0,99
12 150 1,03 48 147 1,01 84 143 0,98
13 158 1,08 49 140 0,96 85 143 0,98
14 151 1,03 50 135 0,92 86 148 1,01
15 142 0,97 51 136 0,93 87 151 1,03
16 138 0,94 52 141 0,96 88 154 1,06
17 140 0,96 53 145 0,99 89 163 1,12
18 145 0,99 54 152 1,04 90 172 1,18
19 145 0,99 55 152 1,04 91 172 1,18
20 140 0,96 56 145 0,99 92 163 1,12
21 138 0,95 57 141 0,96 93 154 1,06
22 142 0,98 58 136 0,93 94 151 1,03
23 151 1,03 59 135 0,92 95 148 1,01
24 158 1,08 60 140 0,96 96 143 0,98
25 157 1,07 61 139 0,95 97 134 0,92
26 146 1,00 62 137 0,94 98 140 0,96
27 140 0,96 63 141 0,96 99 145 0,99
28 139 0,95 64 146 1,00 100 150 1,03
29 141 0,96 65 152 1,04 101 157 1,07
30 147 1,00 66 163 1,12 102 162 1,11
31 147 1,00 67 163 1,12 103 162 1,11
32 141 0,96 68 152 1,04 104 157 1,07
33 139 0,95 69 146 1,00 105 150 1,03
34 140 0,96 70 141 0,96 106 145 0,99
35 146 1,00 71 137 0,94 107 140 0,96
36 157 1,07 72 139 0,95 108 134 0,92
TOTAL 15.773
Corte AA em planta.
Desta forma:
Considerando uma variação linear das tensões de tração que vão desde o meio do vão
até próximo ao fim dos poços dos elevadores centrais, podemos achar a força de
tração resultante da seguinte maneira:
M = [(163/2 + 172 + 172 + 163/2) x 0,76] + [(157/2 + 162 + 162 + 157/2) x (0,76 + 1,7)]
As(cm²) 380,35
Para o bloco de uma estaca, foi feito um modelo tridimensional em elementos finitos, e
através da integração das tensões de tração transversais, obtêm-se a área de aço necessária
para equilibrar o sistema. Foi feita uma analogia com a teoria e formulação empregada na
teoria de blocos parcialmente carregados, pois trata-se do mesmo mecanismo. A ordem de
grandeza dos resultados foi similar. A diferença obtida se dá pela diferença entre as duas
situações, pois no bloco de uma estaca a carga se espraia e retorna à uma área reduzida,
enquanto na teoria do bloco parcialmente carregado as tensões ficam constantes na massa de
concreto por uma longa extensão.
Para o bloco de várias estacas, destacando a presença do poço de elevador, que torna o
problema ainda mais complexo, foi mostrada apenas a distribuição de cargas. Observa-se que
a hipótese de distribuição de cargas uniforme considerando o funcionamento de bloco rígido
não se concretiza e a distribuição de cargas é irregular. Neste caso é difícil uma materialização
de bielas e tirantes, sendo mais recomendável toda análise através do método dos elementos
finitos. Para o dimensionamento, adota-se a integração das tensões.
É salutar ressaltar que as estruturas de concreto armado apresentam uma elevada capacidade
de adaptação plástica, de forma que os modelos adotados funcionam mesmo que não
apresentam uma boa representatividade com o resultado elástico-linear, que em tese é o
quem melhor simula o mecanismo estrutural real. Porém sempre devemos buscar alternativas
com o objetivo de simular com maior precisão o funcionamento estrutural.