Coleção Antôni o de M o r a i s Si lva

E STUDOS DE L Í N G UA P O RT U G U E S A

Academ i a Bras i l ei r a
de Letra s
S e l e c ta C l a s s i c a
Ac a d e m i a B r a s i l e i r a d e L et r a s

João Ribeiro
 Coleção Antôni o de M o r a i s Si lva
E STUDOS DE L Í N G UA P O RT U G U E S A

 Selecta Classica
Edição fac-similada

5.a Edição

Rio de Janeiro 2010

 C O L E Ç Ã O A N T Ô N I O D E M O R A I S S I LV A
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
Diretoria de 2010
Presidente: Marcos Vinicios Vilaça
Secretária-Geral: Ana Maria Machado
Primeiro-Secretário: Domício Proença Filho
Segundo-Secretário: Luiz Paulo Horta
Tesoureiro: Murilo Melo Filho

C O M I S S Ã O D E L E X I C O G R A F I A DA A B L
Eduardo Portella
Evanildo Bechara
Alfredo Bosi

Preparação
Ana Laura Mello Berner
Revisão
Vania Maria da Cunha Martins Santos
Denise Teixeira Viana
Paulo Teixeira Pinto Filho
João Luiz Lisboa Pacheco
Sandra Pássaro
Produção editorial
Monique Mendes
Editoração eletrônica
Estúdio Castellani
Projeto gráfico
Victor Burton

Catalogação na fonte:
Biblioteca da Academia Brasileira de Letras

R484 Ribeiro, João, 1860-1934.

Selecta classica / apresentação, Evanildo Bechara. – 5.a ed. – Rio de Janeiro :
Academia Brasileira de Letras, 2010.
428 p. ; 23 cm. – (Coleção Antônio de Morais Silva ; 13)
ISBN 978-85-7440-167-6
1. Língua portuguesa. 2. Literatura brasileira. 3. Literatura portuguesa.
I. Bechara, Evanildo, 1928-. II. Título. III. Série.
CDD 469
 Apresentação

E va ni l d o Becha r a

D entre a longa e variada relação das obras didáticas de João Ribeiro sobre Língua
Portuguesa, ocupa lugar de relevo a Selecta Classica, cuja 1.ª edição é de 1905 e a 4.ª e
última de 1931. A publicação da antologia em 1905 no Brasil valeu por um passo audacioso
não só pela inexistência de obra congênere, fartamente anotada sobre fatos idiomáticos, na
bibliografia portuguesa e brasileira, mas ainda pela quase inexistência de textos medievais e
clássicos literários e históricos indispensáveis a uma obra didática destinada a servir de com-
plemento aos estudos superiores de língua portuguesa. Estava recente a publicação dos Textos
Arcaicos em 1903-1904, de autoria de José Leite de Vasconcelos, e só em 1906 sairia a Cresto-
matia Arcaica de José Joaquim Nunes. O propósito da Selecta Classica abrangia espaço de tempo
mais largo, partindo do período latino do protoportuguês e se estendendo até o final do
século XVII, quando termina a época clássica. Este longo percurso de língua condizia com as
exigências do método histórico-comparativo inaugurado nos arraiais dos estudos linguísticos
do século XIX na Alemanha e cedo espalhado pelas nações cultas, e que cedo chegou entre nós
com a reforma do ensino de línguas, especialmente da materna, sob a orientação do catedráti-
co do Colégio Pedro II Fausto Barreto. Vigia na época a doutrina de que o presente da língua
se explicava pelo seu passado; por essa tese o estudo da gramática histórica do português
coroava o final do curso da língua nacional, fundamentando-lhe as normas e os desvios dos
fatos idiomáticos. Na confecção de seus compêndios didáticos poucos eram os autores que, no
início do séc. XX, e no Brasil, podiam contar com bibliotecas públicas que tivessem nutrido
acervo de textos científicos e literários. Ainda já nesse século entrado em anos, em pleno 1926,
o próprio João Ribeiro, em artigo publicado em O Jornal, de 26 de agosto e reproduzido na
Revista Brasileira, da ABL, número de jan.-mar. de 2000, se queixava desta situação de penúria
VIII  João Ribeiro

João Ribeiro
 Selecta Classica  IX
em relação à Casa de Machado de Assis; convidada pela Academia das Ciências de Lisboa a
colaborar na feitura de um grande dicionário, nosso autor confessava:

“Antes de tudo, conviria que a Academia de Letras adquirisse o mais que pudesse dos
antigos monumentos da língua em edição de inteira confiança. Há edições modernas
dos antigos Cancioneiros e a nossa Academia não possui nenhuma delas; nas suas po-
bres estantes não figuram os Portugaliae monumenta historica de Herculano, nem os antigos
nobiliários e livros de linhagem.
As publicações da antiga literatura religiosa de S. Boaventura, a Regra de S. Bento,
as histórias abreviadas do Velho Testamento, para não falar de outras menos acessíveis,
igualmente não as possuímos. Os velhos romances e lendas do Graal, a história de Ves-
pasiano, o livro de Esopo e outros que tiveram reimpressões dignas de fé não existem
na biblioteca da Academia; um ou outro raro exemplar, talvez seja possível encontrar na
Biblioteca Nacional, que não é rica nesse gênero, e, antes, é lamentavelmente paupérrima.
Ficam naturalmente excluídos dessa rápida enumeração os códices manuscritos de
qualquer espécie que não podemos possuir em nossos arquivos.
Em resumo, a Academia não dispõe, até agora, de elementos materiais concernentes
à língua antiga e anteclássica até o século XV.
A menos que queiramos fazer filologia à custa de seletas e crestomatias vulgares, só
nos resta um recurso – o de pedir de empréstimo a alguns curiosos e amadores o mate-
rial imperfeito, falho e desconexo que pode existir, acaso, nas livrarias particulares”.

João Ribeiro, preparando sua Selecta Classica, encontraria essas dificuldades na seleção e apu-
ração dos estudos para sua antologia didática. Reeditando hoje o livro, podemos contar com
uma situação bibliográfica bem mais enriquecida, riqueza que poderia ser incorporada a esta
última edição. Poderíamos até melhorar a reprodução dos textos nela recebidos, mas, assim
procedendo, já não estaríamos diante de um original de João Ribeiro, com a lição editorial
do autor, vencendo os problemas com que se defrontou, com erros e acertos, além de gralhas
tipográficas facilmente sanáveis pelo leitor atento. Por tudo isto, optamos por uma 5.ª edição
fac-similada da 4.ª, como testemunho dessa aventura editorial de João Ribeiro. Valiosas, en-
tretanto, são as notas de linguagem apostas aos textos escolhidos, máxime a partir dos autores
do séc. XVI, quando nosso idioma começa a disciplinar-se e enriquecer-se à luz benéfica e
criadora do Humanismo e do Renascimento. Estas notas gramaticais e filológicas constituem
o grande tesouro idiomático de João Ribeiro que a coleção Antônio de Morais Silva, da
Academia Brasileira de Letras, recupera nesta reedição, para benefício e prazer de todos os
estudiosos da Língua Portuguesa.
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 C o m po sto e m M o n oty pe Cen taur 11/15 pt : n otas, 9/12 pt.