TCC Bárbara Amaral Faria
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DILATAÇÃO VÓLVULO-GÁSTRICA
Agradeço aos meus pais, Adriana e Haroldo, que acreditam em mim, por sempre
incentivarem e apoiarem a mim nos estudos, sem medirem esforços para que eu pudesse
concluir mais essa etapa.
À toda minha família, que, deixei de me reunir em momentos por estar me dedicando
a alguma necessidade do curso, e por acreditarem em mim sempre.
Aos meus professores que tive durante toda minha trajetória até aqui – do ensino
fundamental ao superior. Em especial à minha professora e orientadora Anaiza, por ter
aceitado meu convite sem nenhum empecilho, pela paciência durante a realização deste
trabalho e vários outros conhecimentos passados durante o curso.
Ao professor Tales por aceitar participar da minha banca, por todo conhecimento
passado durante suas aulas, por sempre estar disposto a tirar todas as minhas dúvidas e sempre
pegar no pé de todos nós alunos – é importante!
Ao Médico Veterinário Alberto, que, por ele, pela forma como trata seus pacientes, eu
consegui enxergar meu amor aos animais e despertar o desejo de cursar medicina veterinária;
e também por aceitar ser membro da banca – apesar do pouco tempo disponível. Te admiro
muito!
À equipe Vila Pet, pela oportunidade de estágio e aprendizados a mim passados.
À todos aqueles que estão ou estiveram ao meu lado durante toda a trajetória, aqueles
que presenciaram mudanças, cada dificuldade que passei e que comigo comemoram cada
nova vitória.
RESUMO
O estágio supervisionado obrigatório foi realizado na Clínica Veterinária Vila Pet, em Rio
Verde – GO, no período de 07/08/2019 a 09/11/2019, com 30 horas semanais, cumprindo
uma carga horária de 484 horas. Dentre os diversos casos acompanhados, o tema escolhido foi
dilatação vólvulo-gástrica. O diagnóstico é obtido de acordo com a sintomatologia clínica
apresentada pelo animal, pelo relato do tutor, e por exames de imagens como ultrassonografia
e radiografia. O tratamento é medicamentoso e cirúrgico. O prognóstico é considerado
reservado, dependendo do tempo decorrente entre a dilatação e vólvulo e o atendimento ao
animal.
PALAVRAS – CHAVE
1
Banca examinadora: Profa. Ms. Anaiza Simão Zucatto do Amaral (orientadora), Prof. Dr. Tales Dias do Prado
– UniRV; Médico Veterinário Alberto Guerra de Morais.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ........................................................................ 11
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................................. 13
4 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................... 16
4.1 Dilatação vólvulo-gástrica .............................................................................................. 16
4.2 Fatores de risco .............................................................................................................. 17
4.3 Fisiopatologia................................................................................................................. 17
4.4 Diagnóstico .................................................................................................................... 19
4.5 Tratamento ..................................................................................................................... 21
4.5.1 Descompressão gástrica ............................................................................................... 21
4.5.1.1 Gastrostomia ............................................................................................................ 22
4.5.2 Tratamento do choque ................................................................................................. 23
4.5.3 Lesão por isquemia-reperfusão .................................................................................... 24
4.5.5 Reposicionamento gástrico .......................................................................................... 25
4.5.5.1 Gastropexia .............................................................................................................. 26
4.5.5.1.1 Gastropexia circuncostal ........................................................................................ 26
4.5.5.1.2 Gastropexia alça de cinto/alça de tira ..................................................................... 28
4.5.5.1.3 Gastropexia incisional ........................................................................................... 30
4.5.6 Esplenectomia ............................................................................................................. 31
4.6 Pós-operatório ................................................................................................................ 31
4.7 Prognóstico e profilaxia .................................................................................................. 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 32
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 33
1 INTRODUÇÃO
O ESO foi realizado na Clínica Veterinária Vila Pet, localizada na Rua Costa Gomes,
272 - S Central, na cidade de Rio Verde, Goiás, sob a supervisão da Médica Veterinária
Eloísa Vivan, no período de 07 de agosto a 09 de novembro de 2019. Totalizaram-se 484
horas de atividades curriculares, sendo 6 horas diárias e 30 horas semanais nas áreas de
anestesia, clínica médica e cirúrgica de pequenos animais.
A Clínica Veterinária Vila Pet (Figura 1) funciona em horário de atendimento
comercial, das 08:00 as 18:00 horas de segunda a sexta-feira, e aos sábados, das 08:00 as
12:00 horas e plantões todos os dias, incluindo sábados, domingos e feriados.
A B
C D E
F G
Fonte: Arquivo pessoal
FIGURA 2 – Estrutura da clínica A) Farmácia veterinária; B e C) Consultórios; D) Internação
não infectocontagiosa; E) Internação infectocontagiosa; F) Laboratório de análises clínicas;
G) Sala de cirurgia.
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Em relação aos casos cirúrgicos, o que mais foi realizado foi a OSH (eletiva e
terapêutica) sendo quase 35% dos casos, seguidos de tratamento periodontal (12,50%) e
orquiectomia (12,50%).
Dentre os casos acompanhados optou-se por fazer uma revisão literária sobre
dilatação vólvulo-gástrica devida sua significância na medicina veterinária por ser algo de
ocorrência incomum.
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.3 Fisiopatologia
sido postulado que a dilatação ocorra primeiramente (MELO, 2010). No entanto, de acordo
com Rasmussen (2007), o achado de que muitos cães tratados cirurgicamente com gastropexia
(o que teoricamente previne apenas o vólvulo) não exibem recidiva de dilatação, enquanto
cães tratados sem gastropexia realmente sofrem recorrência, levando dúvidas acerca dessa
assertiva.
Em geral, o estômago gira em sentido horário quando visto da perspectiva do
cirurgião (o cão em decúbito dorsal e o clínico em posição de pé ao lado do cão, em direção
cranial) (Figura 4 - A, B, C e D) (HALL, 2008).
A rotação pode ser de 90 a 360 graus, mas geralmente é de 220 a 270 graus. O
sentido horário é o mais comum, caracterizado pela rotação do piloro pela direita, passando
por cima do fundo e corpo gástrico. O duodeno e o piloro movem-se ventralmente e para
esquerda da linha média e deslocam-se para ficar entre o esôfago e o estômago. O baço se
19
desloca para o lado direito ventral do abdômen entre o estômago, o fígado e o diafragma.
Dobra-se em forma de V e torna-se extremamente aumentado e congesto, podendo sofrer
torção, infarto e ruptura (FOSSUM, 2014; SANTOS e ALESSI, 2016).
A torção do estômago resulta em oclusão do cárdia e obstrução do piloro. Isto
impede a expulsão de ar e vômito da ingesta e impossibilita o esvaziamento pilórico para o
duodeno. A dilatação gástrica resulta em aumento na tensão da parede gástrica, redução no
fluxo sanguíneo, lesão isquêmica local e necrose da parede gástrica. A área mais comumente
infartada situa-se ao longo da curvatura maior no local irrigado pelos vasos gástricos curtos. A
DVG também causa ingurgitamento esplênico e compressão de vasos abdominais principais
(veia porta e veia cava) que retornam sangue para o coração (HALL, 2008).
A oclusão destes vasos reduz drasticamente o débito cardíaco e a pressão arterial
média, resultando em choque hipovolêmico. A perfusão tecidual inadequada acomete
múltiplos órgãos, incluindo o coração, os rins, o pâncreas, o fígado e o intestino delgado. A
compressão da veia porta induz ao edema, congestão do sistema gastrointestinal e à redução
do volume intravascular. O aumento na pressão portal compromete a microcirculação visceral
e reduz a distribuição de oxigênio ao trato gastrointestinal. O pâncreas, sob condições
isquêmicas, produz o fator de depressão do miocárdio e produção de radicais livres de
oxigênio leva à isquemia cardíaca, reduzem a contratilidade do coração e induzem a arritmias
que comprometerão a função cardiovascular (MONNET, 2003).
A oclusão da veia cava caudal causa congestão passiva crônica acentuada das
vísceras abdominais. Os órgãos sofrem isquemia e acúmulo de endotoxinas provenientes do
trato gastrointestinal (MELO, 2010).
De acordo com Hall (2008), a endotoxemia e a lesão do endotélio resultam em
ativação da cascata de coagulação, e pode desenvolver-se coagulação intravascular
disseminada (CID). O estômago aumentado também invade o diafragma torácico, o que reduz
o volume corrente dos pulmões e compromete ainda mais o equilíbrio ventilação-perfusão.
Por fim, o estado de choque atinge um ponto de irreversibilidade (provavelmente causado por
endotoxemia), que culmina em morte, não obstante aos procedimentos terapêuticos.
4.4 Diagnóstico
depressão, taquipnéia, fraqueza e dor abdominal. Na maioria das vezes não é possível
distinguir dilatação gástrica isolada ou associada ao vólvulo apenas pela sintomatologia
clínica e então o exame radiográfico torna-se necessário para confirmar o diagnóstico
(MELO, 2010).
Em cães com DVG, na vista lateral o piloro se apresenta cranialmente ao corpo
gástrico e fica separado do resto do estômago, na vista dorsoventral, o piloro aparece como
uma estrutura preenchida com gás, à esquerda da linha média. Ar abdominal livre sugere
ruptura gástrica e requer uma cirurgia imediata (WILLARD, 2015).
A confirmação do quadro de vólvulo e estado da mucosa gástrica pode ser
mensurada pela progressão clínica da doença, exames ultrassonográficos e radiográficos,
demonstrando a dilatação e possíveis áreas de necrose no estômago (SILVERSTEIN e
HOPPER, 2014). É possível visualizar na radiografia alças intestinais deslocadas caudalmente
(Figura 5 – A e B). Ar deglutido, já que, na maioria das vezes, os meios de esvaziamento
estão obstruídos, podendo estar presente também uma dilatação esofágica (KEALY et al.,
2012).
A B
4.5 Tratamento
4.5.1.1 Gastrostomia
melhora a perfusão esplênica, o que pode ser benéfico para mucosa do trato gastrointestinal
(MONNET, 2003).
Os distúrbios hidroeletrolíticos, ácido-básicos e distenção gástrica devem ser
corrigidos o quanto antes para que se promova a estabilização do animal antes da cirurgia já
que o risco de choque é muito alto (D’ALKIMIN, 2008).
4.5.5.1 Gastropexia
4.5.6 Esplenectomia
4.6 Pós-operatório
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
SANTOS, R. L.; ALESSI, A. C.; Patologia veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. p.
111-133.
SILVERSTEIN, D. C.; HOPPER, K. Small animal critical care medicine. 2. ed. London:
Elsevier, 2014. p. 649-653.