04 D. Constitucional Seção 4 Contrarrazões Recurso Especial

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO/SP

Processo nº

RENATA, brasileira, casada, designer, portadora da Cédula de


Identidade RG nº ..., inscrita no CPF sob o nº ..., endereço eletrônico ..., residente e
domiciliada na Rua ..., nº ..., Bairro ..., CEP ..., na capital do estado de São Paulo , neste ato
representada por seu advogado e procurador Dr. Luiz Augusto... (instrumento de
procuração com poderes especiais em anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência tempestivamente atendendo a intimação, apresentar suas

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ESPECIAL

com fundamento no art. 105, inciso III, alínea “a”, da Constituição


Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e
interposto pela empresa PÃO DE SAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CPNJ nº XXX, localizado na Rua ..., nº. ..., Bairro ..., CEP ..., na cidade de São Paulo/SP,
pelos fatos e fundamentos que acompanham a presente peça.

Requer-se desde sejam recebidas, autuadas e atendidas as


formalidades de estilo, e após remetidas ao exame do Egrégio Superior Tribunal de Justiça,
para que lá seja processada e julgada em definitivo.

Nesses termos, pede deferimento.

São Paulo/SP, data ____de _____de _____.

LUIZ AUGUSTO
OAB/SP Nº
EXMOS. SENHORES DOUTORES MINISTROS DO EGRÉGIO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RAZÕES DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ESPECIAL

Processo nº ....

Recorrente: Grupo Pão de Sal.

Recorridas: Renata

Origem: 8ª Vara Cível de São Paulo – Capital

EMÉRITOS MINISTROS JULGADORES,

As presentes contrarrazões se destinam a contrapor os fundamentos


apresentados no recurso especial apresentado pela empresa Rede Pão de Sal contra o
inconformismo desta em sua condenação na ação de habeas data pela indevida manutenção
e utilização de informações e dados a respeito da impetrante, inclusive sem a sua
permissão.
O remédio constitucional foi usado em razão da certeza de que a empresa
ré mantém em seus arquivos informações sensíveis da vida íntima da impetrante, das quais
ela mesma desconhece o conteúdo e a sua forma de utilização.
O juiz de primeiro grau julgou a causa procedente e ordenou que a
empresa fornecesse à impetrante todas as informações disponíveis da recorrida Renata
constantes de seus bancos de dados, e que as excluísse se ela assim desejasse, sob pena de
multa diária de R$ 500, sendo tal decisão confirmada pelo Egrégio Tribunal de Justiça de
São Paulo.
Contra essa decisão se opôs a empresa impetrada e, sem a anterior
oposição dos embargos de declaração, interpôs recurso especial perante o Superior
Tribunal de Justiça alegando o descumprimento da Súmula nº 2 daquele tribunal superior.

“SÚMULA nº 2 - Não cabe o habeas data (CF, art. 5.0., LXXII, letra a) se não
houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa”.
Tal fato não pode ser admitido, pois salta aos olhos que não houve o
ferimento à referida Súmula, pelo contrário, ela foi absolutamente satisfeita com a
apresentação dos documentos que comprovam a negativa da impetrada ao fornecer as
informações junto à petição inicial, conforme constam das páginas (doc. x) do processo..

1. DA TEMPESTIVIDADE

Informa a Recorrida que o prazo legal de 15 dias para contrarrozoar foi


respeitado, nos termos do artigo 1.003, § 5º do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os


advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.

§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e


para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Considerando que foI intimada em xx/xx/xx, o prazo para a apresentação


deste se encerra dia xx/xx/xx, pois conforme o disposto no artigo 219 do CPC, os prazos
deverão ser computados comente em dias úteis, razão pela qual sua apresentação nesta data
resta devida e completamente tempestiva.

2. DA SINTESE DA DEMANDA

A impetrante é cliente da Rede Pão de Sal há muitos anos e utiliza tanto


suas lojas físicas quanto eletrônicas. Contudo, atitudes adotadas pela empresa impetrada
causaram muita estranheza e desconforto à autora, em especial com o envio de material
publicitário específico para a residência da impetrante (documento X).
Esse material denota cabalmente que a ré mantém diversas informações a
respeito da impetrante, inclusive sem a sua permissão, levando-a à certeza de que a
empresa ré mantém em seus arquivos informações sensíveis da vida íntima da impetrante,
das quais ela mesma desconhece o conteúdo e a sua forma de utilização.
O motivo central para essa certeza é que a empresa ré mandou para a
residência da impetrante uma comunicação com a informação de que ela estaria grávida,
fato desconhecido por todos de seu núcleo familiar e de amizade, mas que chegou ao
conhecimento da empresa por meios não revelados, comprometendo de forma absoluta a
sua privacidade e segurança.
Dessa forma, requereu-se que a Rede Pão de Sal proceda ao total acesso
à impetrante dos seus dados pessoais em poder da impetrada, de acordo com as disposições
da LGPD e demais legislações pertinentes.
Por fim, requereu-se que sejam tomadas todas as medidas necessárias
para assegurar a proteção dos dados pessoais da impetrante e garantir o direito à
privacidade, intimidade e proteção de dados pessoais, nos termos da legislação vigente

3. DO MÉRITO E RAZÕES DAS CONTRARRAZÕES

Irreparáveis as decisões do magistrado de primeiro grau ao conceder a


ordem de habeas data e do Tribunal de Justiça ao mantê-la, para obtenção de acesso a
informações constantes do banco de dados da impetrada.
Ambas as decisões devem ser mantidas por seus próprios fundamentos.
De forma totalmente descabida, a apelante alegou que não pode ser obrigada a fornecer as
informações a respeito da impetrante, vez que os dados por ela coletados fazem parte de
seu patrimônio, e a forma pela qual são processados e analisados constituem segredo
comercial.
Ora, os dados pessoais da impetrante são um desdobramento de sua
personalidade, não um patrimônio da impetrada, sendo uma obrigação legal – inclusive por
meio da LGPD e da própria Constituição – que esses direitos fundamentais sejam
protegidos nos termos como forma de defesa da inviolabilidade da vida privada e da
intimidade (art. 5º, X).

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

Além disso, o direito fundamental à proteção de dados pessoais tem por


objeto o processamento e a utilização dos dados e informações pessoais em geral, coleta,
processamento, utilização e circulação dos dados pessoais e na atribuição ao indivíduo da
garantia de controlar o fluxo de seus dados na sociedade, não podendo haver violação a
esse direito pela simples alegação de que se trata de um segredo comercial.
Também alegou que não haveria interesse processual na propositura da
ação, pois não se negou a fornecer informações à impetrada, só não os tinha em
disponibilidade para imediata entrega na forma solicitada.
Tais alegações são falaciosas, vez que restam claras nos autos a tentativa
de a parte obter as informações por meio de notificação extrajudicial, que consta
expressamente dos presentes autos como documento comprobatório.
A negativa de fornecimento de informações consta dos autos e não é nem
mesmo crível que a impetrada não as tenha de forma instantânea em seus arquivos
eletrônicos, não as tendo fornecido por mera vontade e não por questões de ordem técnica.
É evidente, e basta a simples análise dos documentos constantes dos
autos para perceber que não houve o descumprimento da Súmula 2 deste Tribunal
Superior, muito pelo contrário, houve o pleno cumprimento de seu mandamento, sendo
juntada a negativa de atendimento já com a inicial, como prova incontroversa de que houve
resistência por parte da impetrada.

4. PEDIDO

Diante de todo exposto, requer seja desprovido o presente Recurso


Especial, com a manutenção integral do julgado pelo MM Juízo de primeiro grau,
confirmado em apelação pelo TJSP, que deu integral procedência ao pedido para que seja
determinado que a impetrada Rede Pão de Sal forneça total acesso à impetrante dos seus
dados pessoais em poder dela e que sejam tomadas todas as medidas necessárias para
assegurar a proteção dos dados pessoais da impetrante e garantir o direito à privacidade,
intimidade e proteção de dados pessoais,.

Nesses termos, pede deferimento.

São Paulo/SP, data ____de _____de _____.

LUIZ AUGUSTO
OAB/SP Nº

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