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Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE

Avaliação temporal da vegetação, albedo de superfície e temperatura de superfície no


Distrito Federal, por meio de imagens orbitais de média resolução

Renata Cabral de Araújo Rafael¹


Daris Correia dos Santos¹
Jose Ivaldo Barbosa de Brito³
Carlos Antônio Costa dos Santos³

¹Pós-Graduanda em Meteorologia; Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas-UFCG.


([email protected]; [email protected]).
³
Professor, Doutor; Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas- UFCG. Centro de
Previsão e Estudos Climáticos-CPTEC-GPC; ([email protected]
;[email protected]).

Abstract: The purpose of this study is analyse the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), Soil
Adjusted Vegetation Index (SAVI), Leaf Area Index (LAI), surface albedo and surface temperature for the city
Brasilia, Federal Distrito. The analysis was performed using Landsat satellite imagery - 5 provided by the
National Institute for Space Research for the years 1985, 1994 and 2005. The results describe an increase in
surface temperature due to process artificialization soil and variations in the albedo was clear the change in
albedo of different periods, and the annual variation of albedo is a source of many factors, including variation in
composition of the soil cover. The city of Brasília presents quite peculiar characteristics that come from being a
planned city including as regards its location, and that over the years has been modified with the new trends of
ownership and occupancy of their territorial space, Gomes (2011 ). The objective of this work is to obtain
temporal assessment, the period between the years 1985 to 2005, vegetation cover, surface albedo and surface
temperature in Brasilia no Distrito Federal, based on the quantification of the level of standards morphological
that depend on geographic location and climatic conditions of the area imaged.

Keywords: surface temperature, surface albedo, vegetation.

1. Introdução
Os dados provenientes de sensoriamento remoto constituem uma ferramenta de grande
valia na obtenção de informações necessárias ao manejo, gerenciamento e gestão de recursos
naturais, tais como água, solo e vegetação (Batista& Almeida, 1998). Dados multitemporais
obtidos do sensoriamento remoto de diferentes satélites meteorológicos e ambientais têm sido
amplamente utilizados com diferentes finalidades (Gutman & Ignatov, 1998)
Um índice de vegetação resulta da combinação dos valores de refletância em dois ou mais
intervalos de comprimento de onda, possuindo uma relação com a quantidade e o estado da
vegetação em uma dada área da superfície terrestre. Em função disto, uma característica
inerente aos índices de vegetação é a redução no volume dos dados a ser analisado, pois
praticamente toda a informação referente à vegetação fica resumida a somente um valor
numérico, Rizzi (2004).
Segundo Robinove et al. (1981) imagens de albedo podem ser derivadas diretamente de
imagens digital do Landsat e uma sequência de imagens de albedo podem ser usadas para
mostrar mudanças na superfície. As mudanças podem ser mapeadas em um nível de
percentagem selecionada, para mostrar a localização, o padrão, quantidade, e direção
(aumento ou diminuição) na mudança do albedo.
A cidade de Brasília apresenta características bastantes peculiares advindas do fato de ser
uma cidade planejada inclusive no que se refere a sua localização, e que ao longo dos anos
vem sendo modificada com a apropriação de novas tendências e ocupação de seu espaço
territorial, Gomes (2011).
Assim, o objetivo deste trabalho é obter a avaliação temporal, no período compreendido
entre os anos de 1985 à 2005, da cobertura vegetal, albedo da superfície e temperatura de

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superfície na cidade de Brasília no Distrito Federal, a partir da quantificação do nível de


padrões morfológicos que dependem da localização geográfica e das condições climáticas da
área imageada.

2. Metodologia de trabalho
2.1 Localização da área em estudo
O ponto central da cidade de Brasília localiza-se a 15o47’38’’S e 47o52’58’’W a uma
altitude de 1094 metros acima do nível do mar no chamado Planalto Central. Em Brasília,
tem-se o clima tropical de altitude, com um verão úmido e chuvoso e um inverno seco e
relativamente frio. A temperatura média anual é de cerca de 21°C, podendo chegar aos
29,7°C de média das máximas em setembro, e aos 12,5°C de média das mínimas nas
madrugadas de inverno em julho. A temperatura, porém, varia de forma significativa nas
áreas menos urbanizadas, onde a média das mínimas de inverno cai para cerca de 10°C a 5°C.
A umidade relativa do ar é de aproximadamente 70%, podendo chegar aos 20% ou menos
durante o inverno e início da primavera.

Figura 1: Localização do Distrito Federal no centro-oeste do país

2.2 Metodologia
Para a realização deste trabalho foram utilizadas três imagens do satélite Landsat 5, sensor TM
(Thematic Mapper), com resolução de 30m, na órbita 221, ponto 71; Das seguintes datas:26 de
março de 1985, 06 de maio de 1994 e 04 de maio de 2005 foram adquiridas junto ao site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. As imagens foram selecionadas mediante o fato de
apresentarem uma pequena cobertura de nuvens e pela proximidade da época do ano.
Após a obtenção do albedo planetário fez-se o cômputo do albedo da superfície ou albedo
corrigido para os efeitos atmosféricos α, pela Eq (1).

(1)

,onde αtoa é o albedo planetário, αp é a radiação solar refletida pela atmosfera, que varia
entre 0,025 e 0,04, mas para o modelo SEBAL é recomendado o uso do valor de 0,03, com
base em Bastiaanssen (2000) e τsw é a transmissividade atmosférica:

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(2)

O albedo da Superfície representa a razão entre a radiação solar refletida pela radiação
solar incidente na superfície. O Índice de Vegetação Por Diferença Normalizada (NDVI) é
obtido através da diferença entre a refletância das bandas do infravermelho próximo e do
visível, dividida pela soma das mesmas. Os valores do índice situam-se entre –1.0 e +1.0,
Lozano-Garcia et al. (1995).Os Índices de vegetação (NDVI, SAVI, LAI) (indicativo das
condições, da densidade e porte da vegetação) são obtidos através das seguintes equações:

(3)
( ) (4)
L = 0,5 (Huete, 1988); L = 0,1 (Tasumi, 2003; Bezerra, 2006)

( )
(5)
Representa a razão entre a área total de todas as folhas contidas em dado pixel, pela área
do pixel.
Para a obtenção da temperatura de superfície por meio de sensoriamento remoto, há de se
levar em consideração fatores como a interferência atmosférica e a emissividade da superfície
Ferreira (2004).
(6)
( )
onde,
K1 = 607,76Wm-2 sr μm
K2= 1260,56Wm-2 sr μm

3.Resultados e discussões
As imagens de NDVI geradas apresentam-se em níveis de tons de cinza, o que permite
identificar a resposta espectral de diferentes coberturas da superfície terrestre como corpos
d’água, áreas de cultivos, áreas urbanas, áreas com e sem vegetação e a drenagem. Nas cartas
de imagem do índice NDVI os corpos d’água aparecem em preto, os maiores valores de
NDVI observados foram 0,52 (1985), 0,54 (1994) e 0,87 (2005) que correspondem às
características de uma vegetação densa, em pleno desenvolvimento e em boas condições
hídricas. O NDVI foi máximo na área vegetada e negativo sobre corpos d’ água. As figuras 2,
3 e 4 correspondem as imagens do NDVI para o Distrito Federal.

Figura 2: Configuração espacial do NDVI para o ano 1985

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Figura 3: Configuração espacial do NDVI Figura 4: Configuração espacial do NDVI


para o ano de 1994. para o ano de 2005.
O SAVI (Índice de Vegetação Ajustada ao Solo) é um índice que busca diminuir a
influência da resposta espectral do solo, mediante a inclusão de um fator de ajuste (L) que é
variável com o grau de fechamento do dossel, permitindo uma melhora na interpretação das
variáveis da vegetação.
De acordo com as imagens de SAVI os valores mínimos correspondem principalmente a
territórios artificializados (área urbana). Os valores de SAVI acima de 0,41 correspondem
principalmente a matas ciliares. Essa classe sofreu uma diminuição na imagem de 1994em
relação às outras duas imagens. Os valores de SAVI tendem a diminuir em áreas
artificializadas e com vegetação mais aberta, sofrendo mais efeitos do solo exposto
(Oliveira, 2009; Machado et al., 2009; Giongo et al., 2007). Os valores mínimos de SAVI são
devidos as alterações de uso e ocupação do solo entre 1985 e 1994, onde se constata uma
alteração do uso e ocupação do solo. Entre 1994 e 2005 verificou-se um aumento na
vegetação que para ser justificado precisa-se de estudo mais aprofundado. Na tabela 1
podemos observar todos os valores de SAVI e nas Figuras 5, 6 e 7 a configuração espacial
para os anos de 1985, 1994 e 2005, respectivamente.
Tabela 1:Distribuição dos valores mínimos e máximos de SAVI
SAVI mínimo SAVI máximo
Março de 1985 0,05 0,45
Maio de 1994 0,037 0,41
Maio de 2005 0,02 0,46

Figura 5: Configuração espacial do SAVI no Distrito Federal para o ano de 1985.

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Figura 6: Configuração espacial do SAVI Figura 7: Configuração espacial do SAVI


No Distrito Federal para 1994 no Distrito Federal para 2005

O Índice de Área Foliar (LAI) é uma importante variável biofísica da vegetação usada em
vários modelos de produção primária através de escalas e modelos globais de clima,
hidrologia, biogeoquímica e ecologia. O Índice de Área Foliar (IAF) é uma medida de
cobertura vegetal importante, por causa da importância das folhas nas trocas de massa e
energia no sistema solo-planta-atmosfera (Caruzzo & Rocha, 2000).
Analisando as imagens pode-se observar que elas apresentam LAI bem baixo, em quase
toda a região, com variação de 0,71 a 0,92. Os maiores valores do LAI variou de 0,71 em
1994 a 0,92 em 2005 e são cobertas por matas vegetação nativa. Os resultados obtidos através
das imagens no Landsat 5 na região estudada estão coerentes com os encontrados na
literatura para diferentes tipos de cultura e solo (HUETE, 1988, FIDELES et al. 2005). Todos
os valores de LAI estão descriminados na Tabela 2 e as configurações espaciais para os anos
de 1985, 1994 e 2005 são mostradas nas Figuras 8, 9 e 10, respectivamente.
Tabela 2: Distribuição dos valores máximos de IAF.
LAI máximo
Março de 1985 0,86
Maio de 1994 0,71
Maio de 2005 0,92

Figura 8: Configuração espacial do LAI para o ano de 1985.

Figura 9: Configuração espacial do LAI Figura 10: Configuração espacial do LAI


para o ano de1994 para o ano de 2005

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. .
Entre as propriedades físicas dos corpos, destaca-se o albedo, comumente dado em
porcentagem, que se caracteriza pela capacidade que os corpos apresentam de refletirem a
radiação solar que sobre eles incidem. O albedo varia de acordo com a cor e constituição que
o corpo apresenta.
Sabendo-se que o albedo varia de acordo com o ciclo da cultura e atinge valor máximo
durante o maior índice de área folear e que aumenta com a latitudeforam determinados através
de imagens Landsat 5 os valores médios correspondentes aos albedos durante os anos de
1985, 1994 e 2005, considerando o estágio inicial e reprodutivo da área folear.
A cidade de Brasília possuiem sua área matas ciliares, cerrado composto por árvores
distorcidas e pequenos arbustos e campos onde predominam as gramíneas.
No ano de 1985 os valores de albedo variaram de 8% a 21% que corresponde a
superfícies de savana e gramíneas. No ano de 1994 o albedo variou de 4% a 19% que indica a
presença de campos e área urbanizada. Em 2005 os valores variaram de 7% a 24% que
corresponde a suprefícies de matas ciliares, savanas e cidades. Foi transparente a alteração no
albedo de diferentes períodos, sendo que a variação anual do albedo é fonte de diversos
fatores, dentre eles a variação na composição da cobertura. O albedo médio para as cartas foi
maior nas cartas onde se verifica maior presença de classes de cor cinza em tons mais
claros.Estes valores encontrados estão próximos aos resultados encontrados por Rodrigues et
al., (2009), na bacia do Rio Trussu, CE, cujos albedos variaram de 10 a 15 %, para superfície
vegetal, de 3 a 10 % para corpos hídricos e de 28 a 29 % para solos desnudados.

Figura 12: Configuração espacial do albedo de


Figura 11: Configuração espacial do albedo
superfície para o ano de 1994.
de superfície para o ano de1985

Figura 13: Configuração espacial do albedo de superfície para o ano de 2005.

As imagens de temperatura de superfície mostram os resultados da espacialização da


temperatura para os anos de 1985, 1994 e 2005 em forma de imagem. Para a imagem de 1985

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a temperatura máxima foi de 298,72 K (25,57 ºC) e a mínima de 293,88 K (20,73ºC) para a
imagem de 1994 a temperatura máxima foi de 300,21 K (27,06ºC) e a mínima de 294,89 K
(21,74 ºC) e para o ano de 2005 a temperatura máxima foi de 302,93 K (29,78ºC) e a mínima
de 290,56 K (17,41ºC). A diferença da temperatura máxima e mínima durante os 20 anos
variaram respectivamente de 4,06 ºC e 3,32ºC. Na área de estudo a variação de temperatura
aumentou no decorrer dos anos devido a modificações no espaço urbano onde as áreas com
temperaturas mais baixas representam os corpos hídricos e as maiores foram observadas na
área urbana e em solo descoberto. A diversidade da altitude, relevo e vegetação atribui uma
complexa variabilidade climática das temperaturas, variando de áreas com baixa altitude que
registram temperaturas altas e áreas altas que registram temperaturas baixas.

Figura14: Configuração espacial da temperatura Figura15: Configuração espacial da temperatura


de superfície para o ano de 1985. de superfície para o ano de 1994.
.

Figura 16: Configuração espacial da temperatura de superfície para o ano de 2005.

4. Conclusões
A metodologia proposta para as calibrações atmosféricas, foi consistente para as imagens
utilizadas e para os produtos gerados a partir das mesmas. Foi possível determinar os índices
de vegetação (IVAS, NDVI e IAF), a temperatura de superfície e o albedo de superfície em
toda a área de estudo com resultados muito consistentes com outros autores. O aumento da
temperatura de superfície pode ser associado a diversos fatores, como a interferência humana
face a urbanização da cidade, a pavimentação asfáltica, tais alterações podem afetar
diretamente o clima local da área em estudo.

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