A Galinha Ruiva
A Galinha Ruiva
A Galinha Ruiva
A Galinha
Ruiva
Autora
Ingrid Biesemeyer Bellinghausen é natural de São Paulo. Formada em Artes Plásticas e com
pós-graduação em História da Arte, a autora já escreveu e ilustrou vários livros infantis, entre eles
os da coleção O mundinho e da coleçao Biomas Brasileiros . Dedica-se constantemente à criação e
coordenação de oficinas de arte a partir de seus livros, aproximando-se dos pequenos leitores. Sua
arte é constituída de muitas cores, texturas e formas simples, o que deixa as crianças encantadas.
Conhecida pelos seus livros infantis que integre os contos clássicos mais famosos incluindo
animais como Os três porquinhos, O patinho feio, A princesa e o sapo ou ainda Cachinhos dourados
e os três ursos. O conto que vou hoje me focalizar é A galinha ruiva, recontado e ilustrado por
Ingrid Biesemeyer Bellinghausen.
Resumo
A galinha ruiva faz parte dos contos clássicos dedicados principalmente para as crianças. A
história é de uma galinha de penas avermelhadas que morava numa fazenda com seus pintinhos e
alguns amigos: o pato, o gato e o porco. Um dia, ela estava a ciscar e encontrou um grão maduro
e teve logo uma grande ideia: fazer um bolo de milho. Era muito trabalho e então precisava de
ajuda e preguntou aos seus amigos que lhe responderam que nao podiam. Um queria dormir,
outro brincar e último estava ocupado. Sem ajuda dos seus amigos, a galinha ruiva fiz então
sozinha o seu bolo de milho. O bolinho feito, espalhou-se o cheiro dele que atraiu os amigos da
galinha. A galinha perguntou aos seus amigos se queriam comer o bolinho e eles responderam que
sim, mas a galinha recusou por não terem de ajudar e acaba por comer o bolo de milho com os
seus pintinhos.
Analise
«Um dia, a Galinha Ruiva estava ciscando no quintal e achou um grão de trigo», assim começa a
historia. O complemento circunstancial de tempo "um dia" transporta-nos para o lugar
paradisíaco do "era uma vez", a fórmula mágica que crianças e adultos repetem sempre que
procuram retratar a realidade de forma encantatória. Esta situação inicial não clarifica o tempo
em que a ação decorreu, apenas sabemos que a ação decorrerá num espaço rural. O campo é um
espaço de grande riqueza natural, de facto nos fornece alimentos necessários e essenciais à nossa
vida. Na fazenda encontramos vários animais, uns para as tarefas rurais, outros para a
alimentação, outros para fazer companhia, vigilância ou higiene da casa. É num ambiente rural
que a Galinha Ruiva, a heroína desta narrativa, nos é apresentada.
A Galinha que vive com seus pintinhos, encontrou um grão de trigo que vai ser o "objeto mágico"
da narrativa. O grão de trigo simboliza o alimento essencial e primordial ou seja o dom da vida. É
a hóstia que é feita deste cereal, evocada na Eucaristia como o corpo de Cristo na religião cristã.
Na verdade, o pão consagrado e partilhado encarna o mistério de Cristo e assume-se como um
dogma de fé no cristianismo. Este ritual perpetuado até aos nossos dias assume-se como «fonte e
centro da vida cristã».
A informação breve que surge após a apresentação da personagem diz-nos que existe uma certa
rotina nos hábitos de trabalho da galinha. Comprovamos isso com o uso do verbo "ciscar",
traduzindo a ideia de continuidade, ação que não está terminada. A procura de algo para comer
indica-nos que existiam carências alimentares naquele quintal. De facto, o verbo "ciscar" traduz o
trabalho minucioso e árduo que a galinha para encontrar algo à sua subsistência. Ao encontrar o
grão de milho, a galinha ruiva ficou tão feliz que correu para seus amigos e perguntou quem
queria ajuda-la à fazer um bolo de milho. A galinha é uns dos animais da quinta que mais produz,
sempre a debicar e a pôr ovos, ela tenta escapar do seu destino cruel : a morte. A galinha não quis
comer aquele grão, pois sabia que não saciava a fome. Demonstrou generosidade ao querer
partilhar com os seus amigos. Como qualquer outra produção agrícola também este cereal tem
fases precisas de crescimento, em todas elas o trabalho em equipa é fundamental. Por muito que a
modernidade trousse inovações rápidas, há coisas que o ser humano não consegue apressar. Uma
delas pode ser as tarefas ligadas à terra que tal como as pessoas, necessitam de tempo para que o
crescimento.
O uso do diminutivo “inho” não é na nossa perspetiva habitual. A autora ao utilizá-lo no nome
das personagens, Patinho, Gatinho, Porquinho, pretende introduzir-nos num universo infantil. A
negação presente três vezes seguida, remete-nos para a bíblia quando Jesus Cristo foi negado três
vezes por um dos seus apóstolos. Parece-nos existir aqui uma ruptura do laço de amizade
existente entre a galinha ruiva e os seus três amigos. Em muitas religiões o número três simboliza a
totalidade, a perfeição, como encontramos este número ligado ao sagrado bíblico porque indica a
tríade: pai, filho e espírito santo.
Podemos também destacar a utilização de penas quer de pato, quer de galinha que pode-se referir
a religião pelas ases dos anjos. O pato, uma das três personagens do conto, é o símbolo da união e
da fidelidade conjugal, ao qual se junta às vezes a noção de força vital. Além disso, para «os
Índios da Pradaria, o pato é o guia infalível, tão à vontade na água como no céu. Daí o emprego
de penas de pato nalgumas cerimónias rituais tradicionais. Os patos aparecem frequentemente em
desenhos animados, livros e meios de comunicação infantil de todos os tipos. O pato passou a
representar brincadeira, besteira, diversão, infância, mansidão e travessuras.No tempo dos faraós,
os gatos eram venerados como animais consagrados à deusa Bastet, utilizava o seu poder de
fertilidade para amadurecer as sementes. Os gatos eram animais muito especiais para os egípcios
porque protegiam os grãos, a riqueza da terra, dos animais daninhos. Acreditava-se que Bastet, os
protegia. Por isso, era frequente quando os gatos morriam as famílias rasparem as sobrancelhas
como sinal de luto, de respeito pelo animal que adoravam. Vamos encontrar na China antiga
também uma certa admiração por este felino no decorrer de festas agrícolas. De acordo com a
cultura chinesa, o porco é o símbolo da prosperidade e riqueza. Além de carne, o porco fornece
banha, couro e seus dejetos podem ser aplicados como adubo em lavouras.
Parece-nos que a galinha ruiva ao realizar a sua demanda está na verdade a realizar uma prova
iniciática. Nos contos é o herói sair em viagem à procura de algo, mas a galinha ruiva sem sair do
mesmo espaço físico, fez também uma viagem iniciática ao interior da sua alma. Assim se sentiu a
galinha ruiva perante a negação dos seus amigos que, de certa forma angustiada e desiludida. A
galinha ruiva. A galinha ruiva realiza a sua primeira “viagem”, conquista, prova de heroína ao
fazer a tarefa sozinha sem os seus amigos.
Concluão
Fontes
http://www.ingridautora.com.br/autora/
https://www.egitoantigo.net/bastet-deusa-egipcia.html
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/por-que-os-gatos-eram-sagrados-para-os-egipcios/
https://supersticiosidade.com.br/significado-espiritual-do-pato/
https://www.significadodossimbolos.com.br/busca.do?simbolo=Pato
https://agron.com.br/publicacoes/noticias/animais-e-criacoes/2014/02/21/038435/porco-alem-da-carne-o-
animal-oferece-outras-utilidade
http://escolaleaozinhoimirim.blogspot.com/
https://www.google.com/search?
q=a+galinha+ruiva+ingrid&tbm=isch&chips=q:a+galinha+ruiva+ingrid,online_chips:livros:ccjSaS5Vn4
Y%3D&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwigmpKJ_qv-
AhWMpicCHSLODDwQ4lYoAXoECAEQKA&biw=1519&bih=697#imgrc=SF1ZQzErX6p-nM