Linha Do Tempo Teatro de Arena

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 2

1

TEATRO DE ARENA DE SÃO PAULO

(1ª fase: 1953-1955)) - fundado por José Renato (formado pela Escola de Arte Dramática ) em 1953 com
base na concepção originalmente norte-americana do arena stage ; dispensa cenários elaborados; reduz
radicalmente o espaço cênico; diminui os custos de produção; predomínio da orientação de José Renato,
ainda ligada à matriz da EAD

- Fase intermediária: 1955-1956: acordo é feito com o Teatro Paulista do Estudante


(órgão da União Paulista de Estudantes): o Arena cede-lhe espaço físico para ensaios e encenações; o TPE
cede figurantes, sempre que necessário; Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha) e Gianfrancesco Guarnieri,
provindos do TPE, passam a integrar o elenco profissional pouco tempo depois

(2ª fase ) chegada de Augusto Boal dos Estados Unidos, em 1957, sucesso de Eles não usam black-tie, de
Guarnieri (1958), Seminário de Dramaturgia (1958) e um Laboratório de Interpretação com o objetivo
de fomentar a criação de uma dramaturgia nacional e popular
- Textos inéditos montados: Chapetuba Futebol Clube e Bilbao via
Copacabana, de Vianinha; Quarto de empregada e Gente como a gente, de Roberto Freire; A Farsa da
Esposa Perfeita, de Edy Lima, em 1959; Fogo Frio, de Benedito Ruy Barbosa, Revolução na América do
Sul, de Augusto Boal, Pintado de Alegre, de Flávio Migliaccio, O Testamento do Cangaceiro de Chico de
Assis em 1961.

2ª fase (características)
- abordar os impasses sócio-econômicos do país; atores e jovens dramaturgos ligados à militância no
movimento estudantil e no PCB; foco nas questões do proletariado
- encerramento desta fase: 1961, com a saída de Vianinha, que escreve A mais valia vai acabar, seu Edgar, e
Chico de Assis, que o dirige na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil, no Rio de
Janeiro, deflagrando o processo de fundação do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos
Estudantes (CPC DA UNE)

DÉCADA DE 60-

TEATRO DE ARENA 3ª fase (nacionalização dos clássicos) - de 1962 a 1964

José Renato desliga-se formalmente; é formada a nova Sociedade de Teatro de Arena (Boal, Guarnieri, Juca
de Oliveira, Paulo José e Flávio Império)

3ª fase (características) -aproxima-se da linha do Teatro Nacional Popular de Paris; encenação de clássicos
da dramaturgia dita universal com releitura direcionada aos problemas do contexto político nacional: funda,
em 1963, um Núcleo 2, desdobramento da companhia destinado a apresentações itinerantes para platéias mais
amplas

Textos "nacionalizados": A Mandrágora, de Maquiavel (1962), O Noviço, de Martins Pena, nacionalizado


no sentido de reinterpretado a fim de adequar-se às críticas consideradas necessárias ao momento então vivido
(1963), O Melhor Juiz, o Rei, de Lope de Vega (1963), Tartufo, de Molière (1964) , O Inspetor Geral, de
Gogol, (1966, e portanto cronologicamente situado na fase posterior)
- Exceções: Os fuzis da senhora Carrar, de Brecht, de 1962, e O filho do
Cão, de Guarnieri, de 1964, retirada de cartaz logo após o golpe militar; em 1964: produção do espetáculo
Show Opinião, com texto de Vianinha, Armando Costa e Paulo Pontes (remanescentes do agora extinto
CPC) no Teatro de Arena de Copacabana (prmeira resposta do setor teatral ao golpe militar)

Ressonância do trabalho do Arena sobre outras companhias: procura de textos nacionais, valorização do
autor nacional (exemplos: Gimba e A semente, de Guarnieri, O pagador de promessas, de Dias Gomes,
Vereda da Salvação, de Jorge Andrade), preferência por textos de conteúdo social ou político (exemplos:A
morte do caixeiro viajante e As feiticeiras de Salém, de Miller.
2

TEATRO DE ARENA 4ª fase - ciclo dos musicais – 1965 a 1971

inicia-se em 1965 com a montagem de Arena Conta Zumbi, texto de Boal e Guarnieri, música de Edu
Lobo , crítica violenta à ditadura através da remissão à luta histórica de Zumbi dos Palmares; perspectiva
épica

Outros musicais da mesma fase: Este mundo é meu (Sérgio Ricardo e Toquinho), Arena canta Bahia
(Boal, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Betânia,Tomzé), Tempo de Guerra (Guarnieri e Boal
utilizando poemas de Brecht), Arena Conta Bolívar,de Boal (1970)

Sistema Coringa: criado por ocasião da montagem do musical Arena Conta Tiradentes, (1967), dirigido por
Boal;adota o rodízio de papéis dentro dos espetáculos e insere a figura do Coringa como comentador e
também como personagem, enriquecendo o sentido crítico do espetáculo

Primeira Feira Paulista de Opinião (1968): espetáculo com textos curtos de Braulio Pedroso, Guarnieri,
Jorge Andrade, Plínio Marcos e Boal e músicas de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Sérgio Ricardo e Edu
Lobo.

Teatro Jornal Primeira Edição (1970) - utilização de técnicas de teatro popular; Doce América Latino
América (criação coletiva) (1970); agosto de 1971: o Arena deixa de produzir seus próprios espetáculos

Bibliografia mínima

ALMADA, Izaías. Teatro de Arena. Uma estética da resistência. São Paulo: Boitempo, 2004.
BOAL, Augusto. Hamlet e o filho do padeiro. Memórias imaginadas.São Paulo: Record, 2000.
BETTI, Maria Silvia. A politização do teatro: do Arena ao CPC. In FARIA, João Roberto e GUINSBURG,
Jacob. História do teatro brasileiro, v. 2. São Paulo: Perspectiva, 2013.
CAMPOS,Claudia de Arruda. Zumbi, Tiradentes e outras histórias contadas pelo Teatro de Arena de São
Paulo. São Paulo: Perspectiva.
Revista Dionysos número 24. 1978.
CAMPOS LIMA, Eduardo. Coisas de Jornal no Teatro. São Paulo: Outras Expressões, 2013
MAGALDI, Sábato. Um Palco Brasileiro: o Arena. São Paulo: Brasiliense, coleção tudo é História, 1984.
ROSENFELD, Anatol. Heróis e Coringas.In Arte em Revista I Anos 60. São Paulo: Kairós, 1979.pp. 43-56
PEIXOTO, Fernando (org.). Vianinha. Teatro. Televisão. Política. São Paulo: Brasiliense, 1983.
VARGAS, Maria Thereza & MAGALDI, Sábato. Cem Anos de Teatro em São Paulo: 1875-1974. São Paulo:
SENAC, 2000.

Você também pode gostar