Lima E. L. & Carvalho P. C. - Coordenadas No Plano (2005)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 342

Coordenadas no Plano

com as soluções dos exercícios

Elon Lages Lima


com a colaboração de
Paulo Cezar Pinto Carvalho

COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÃTICA


SOCIEDADE BRASILEIRA DE MATEMATICA
Este livro é parte do m aterial que foi utilizado nos
Cursos de Aperfeiçoamento para Professores de
M atemática do Ensino Médio, um programa organizado
pelo IMPA - Instituto de M atemática Pura e Aplicada,
com patrocínio da VITAE - Apoio à Cultura, Educação
e Promoção Social, realizado no princípio dos anos 90.

O tem a principal aqui abordado é o uso de coordenadas


como método para estudar Geometria Plana. Isso é
feito em três etapas.

A primeira parte consta de uma apresentação breve e


simplificada da Geometria Analítica Plana. Na segunda
parte, são introduzidos os vetores. Na terceira, a
aplicação de coordenadas e vetores para estudar as
transformações geométricas mais simples, como as
isometrias, as semelhanças e as transformações afins
do plano. Por último, são apresentadas as soluções
dos exercícios propostos, antes editados separadam ente
no livro “Problemas e Soluções - Geometria Analítica,
Vetores e Transformações Geométricas”, do mesmo
autor e com o mesmo colaborador.

A exposição é feita de modo bastante elementar,


tendo em vista o público a que se destina: alunos e
professores do ensino médio, e alunos de licenciatura
em Matemática.

Sociedade Brasileira de Matemática


Estrada Dona Castorina 110, s.l08
22460-320 Rio de Janeiro RJ
[21] 2529-5076, -5073
[21] 259-4143 (fax)
http://WWW.sbm.org
[email protected]
Coordenadas no Plano
Com as soluções dos exercícios

Geometria Analítica, Vetores e


Transformações Geométricas
Copyright © 2005, 2002, 1996, 1992 (duas edições) by Elon Lages Lima
Direitos reservados, 2005 pela Sociedade Brasileira de Matemática
Estrada Dona Castorina, 110 - Horto
22460-320, Rio de Janeiro - RJ

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Coleção do Professor de Matemática

Distribuição e vendas:
Sociedade Brasileira de Matemática
e-mail: [email protected]
Tel.: (21)2529-5073
www.sbm.org.br

ISBN: 85-85818-04-2
Coordenadas no P lano
Com as soluções dos exercícios
Geom etria A nalítica, Vetores e
Transformações Geom étricas

Quinta edição

Esta publicação contou com o apoio do


Comitê dos Produtores de Informação Educacional (COMPED)
e teve sua reprodução contratada pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP),
no âmbito do programa
Publicações de Apoio à Formação Inicial e Continuada de Professores

E lon L ag es L im a
Com a colaboração de
Paulo Cezar P. Carvalho

II MSBM
1 SOCIEDADE
BRASILEIRA
u DE MATEMÁTICA

COLEÇÃO DO PR O FESSO R DE M ATEM A TIC A


• Logaritmos - E.L.Lima
• Análise Comhinatória e Probabilidade com as soluções dos exercícios - A.C.Morgado,
J.B.Pitombeira, P.C.P.Carvalho e P.Fernandez
• Medida e Forma em Geometria (Comprimento, Área, Volume e Semelhança) -
E.L.Lima
• Meu Professor de Matemática e outras Histórias - E.L.Lima
• Coordenadas no Plano com as soluções dos exercícios - E.L.Lima com a colaboração
de P.C.P.Carvalho
• Trigonometria, Números Complexos - M.P.do Carmo, A.C.Morgado, E.Wagner,
Notas Históricas de J.B.Pitombeira
• Coordenadas no Espaço - E.L.Lima
• Progressões e Matemática Financeira - A.C.Morgado, E.Wagner e S.C.Zani
• Construções Geométricas - E.Wagner com a colaboração de J.P.Q.Carneiro
• Introdução á Geometria Espacial - P.C.P.Carvalho
• Geometria Euclidiana Plana - J.L.M.Barbosa
• Isometrias - E.L.Lima
• A Matemática do Ensino Médio Vol. 1 - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e
A.C.Morgado
• A Matemática do Ensino Médio Vol. 2 - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e
A.C.Morgado
• A Matemática do Ensino Médio Vol. 3 - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e
A.C.Morgado
• Matemática e Ensino - E.L.Lima
• Temas e Problemas - E.L.Lima, P.C.P.Carvalho, E.Wagner e A.C.Morgado
• Episódios da História Antiga da Matemática - A.Aaboe
• Exame de Textos: Análise de livros de Matemática - E.L.Lima

COLEÇÃO IN IC IA Ç Ã O C IEN TÍFIC A


• Números Irracionais e Transcendentes - D.G.de Figueiredo
• Primalidade em Tempo Polinomial - Uma Introdução ao Algoritmo AKS - S.C.Coutinho

COLEÇÃO TE X TO S U N IV E R SIT Ã R IO S
• Introdução à Computação Algébrica com o Maple - L.N.de Andrade
• Elementos de Aritmética - A. Hefez
• Métodos Matemáticos para a Engenharia - E.C.de Oliveira e M.Tygel

COLEÇÃO M A TEM Ã TIC A A PLIC A D A


• Introdução á Inferência Estatística - H.Bolfarine e M.Sandoval

COLEÇÃO OLIM PÍADAS


• Olimpíadas Brasileiras de Matemática, 9- a 16^ - C.Moreira, E.Motta, E.Tengan,
L.Amáncio, N.Saldanha, P.Rodrigues
Prefácio

Como indica o próprio título, o presente livro é uma introdução ao


estudo da Geometria por meio de emprego sistemático de coordenadas.
Este método, desenvolvido por Pierre Fermat e René Descartes no
século 17, estabelece uma equivalência entre enunciados geométricos e
proposições relativas a equações ou desigualdades numéricas. Supondo
conhecidos os fatos mais simples e básicos da Geometria Plana, mos­
traremos como interpretar esses fatos algebricamente, sob a forma de
relações entre coordenadas de pontos no plano.
Na Primeira Parte do livro, essas relações estão estabelecidas de
forma direta e elementar, sem recurso a conceitos adicionais. Na
Segunda
/
Parte, é introduzida a noção de vetor, mediante a qual a
Álgebra, além de instrumento auxiliar da Geometria, passa a fazer
parte dela, podendo-se agora efetuar operações com entidades geo­
métricas. São desenvolvidas as idéias e técnicas básicas do Cálculo
Vetorial, com algumas aplicações à Geometria. Na Terceira Parte, as
coordenadas e os vetores são utilizados para um tratamento elementar
e eficiente da teoria das transformações geométricas, tópico da mais
alta relevância no estudo moderno da Geometria.
Nesta nova edição incluímos as soluções dos problemas propos­
tos por considerar que a leitura de soluções rigorosamente redigidas é
importante para a formação dos professores. Esta parte compunha o
livro “Problemas e Soluções” editado em 1992 com apoio da Fundação
Vitae.
Não é demais insistir que, antes de olhar a solução, o leitor deve
fazer uma séria tentativa de chegar a ela independentemente. Se con­
seguir, compare sua solução com aquela apresentada aqui; quase sem­
pre há vários caminhos para o mesmo lugar. Mas, ainda que não tenha
o êxito desejado, o esforço feito traz vários resultados benéficos: serve
para repensar e fixar alguns conceitos, para isolar as dificuldades, pode
servir para obter respostas (ou vitórias) parciais e certamente ajuda a
entender melhor a solução do livro.
Não há figuras nos enunciados dos exercícios, pois desenhá-los faz
parte do trabalho requerido. Algumas dessas figuras aparecem aqui
junto com as soluções. Outras não, mas isto não quer dizer que não
sejam necessárias. Continua sendo encargo do leitor fazer as figuras
referentes aos exercícios, executando-se apenas aqueles que têm caráter
estritamente algébrico.
Mais uma vez, registro aqui agradecimento especial a meu colega
Paulo Cezar P. Carvalho por sua valiosa colaboração.

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2002

E l o n L a g e s L im a
Conteúdo

Primeira Parte: Geometria Analítica 1


1. Introdução .......................................................................................... 3
2. Coordenadas na reta .........................................................................4
3. Coordenadas no p la n o .......................................................................7
4. Distância entre dois pontos ............................................................ 11
5. Gráfico de uma função ....................................................................21
6. A reta como gráfico de uma função afim .....................................24
7. Retas paralelas................................................................................. 29
8. Paralela a uma reta, por um ponto d a d o .....................................31
9. Reta que passa por dois pontos dados ........................................ 33
10. Retas perpendiculares................................................................... 35
11. Linhas de nível .............................................................................. 38
12. A reta como linha de nível ..........................................................42
13. Desigualdades lineares .................................................................. 44
14. Retas paralelas e retas coincidentes................. 49
15. Distância de um ponto a uma r e t a ............................................. 52
16. Sistemas lineares com duas incógnitas ........................................56
17. Equações paramétricas ..................................................................62
Exercícios........................................................................................ 67

Segunda Parte: Vetores 83


18. Vetores no plano ............................................................................ 85
19. O produto interno de dois vetores ...............................................94
20. Combinações afins ....................................................................... 102
21. Projeção ortogonal de um vetor .................................................109
22. Areas do paralelogramo e do triângulo......................................111
23. Mudança de coordenadas .. .•...................................................... 117
Exercícios ..................................................................................... 125
Terceira Parte: Transformações Geométricas 135
24. Transformações no p la n o .............................................................137
25. Isometrias no plano ..................................................................... 140
26. Rotações ....................................................................................... 145
27. Reflexões ....................................................................................... 150
28. Semelhanças ................................................................................. 157
29. Homotetias ................................................................................... 161
30. Homotetias de razão negativa .................................................... 163
31. As equações de uma sem elhança................................................ 165
32. Transformações afins .................................................................... 167
33. O posto de uma transformação afim ..........................................173
34. As transformações afins e a Geometria .....................................176
35. O significado geométrico do determ inante.................................180
36. Três caminhos para o mesmo lugar ........................................... 183
37. Transformações afins de um plano n o u tro .................................188
38. Como reconhecer transformações afins ...................................... 197
Exercícios ..................................................................................... 204

Quarta Parte: Soluções dos Problemas 217


39. Soluções dos Exercícios da Primeira Parte ............................... 219
40. Soluções dos Exercícios da Segunda Parte ............................... 259
41. Soluções dos Exercícios da Terceira P a r t e ................................ 279
Prim eira P arte
Geometria Analítica
1 . Introdução

A Geometria Analítica baseia-se na idéia de representar os pontos da reta


por números reais, os pontos do plano por pares ordenados de números
reais e os pontos do espaço por temos ordenados de números reais.
Dentro dessa concepção, as linhas e as superfícies, no plano e no
espaço, são descritas por meio de equações. Isto permite tratar algebrica-
mente muitas questões geométricas e, reciprocamente, interpretar de forma
geométrica certas situações algébricas.
A interconexão entre Geometria e Álgebra resultante desse ponto de
vista foi responsável por extraordinários progressos na Matemática e suas
aplicações.
No que se segue, apresentaremos as noções básicas de Geometria
Analítica, enfatizando seus aspectos mais relevantes para um estudo intro­
dutório.
Admitiremos conhecidos os fatos mais elementares da Geometria
como, por exemplo, que por dois pontos dados passa uma, e somente
uma reta; que por um ponto dado fora de uma reta passam uma única
paralela e uma única perpendicular a essa reta, etc.
Em particular, suporemos fixada, de uma vez por todas, uma unidade
de comprimento (e portanto uma unidade de área), com a qual mediremos
a distância d(A , B ) entre os pontos A t B.
2 . Coordenadas na reta

Uma reta diz-se orientada quando sobre ela se escolheu um sentido de


percurso, chamado positivo; o sentido inverso chama-se negativo. Numa
reta orientada, diz-se que o ponto B está à direita do ponto A (portanto
que o ponto A está à esquerda de B ) quando o sentido de percurso de A
para B é positivo.
Um eixo é uma reta orientada na qual se fixou um ponto O, chamado
a origem.
Todo eixo E pode ser posto, de modo natural, em correspondência
biunívoca com o conjunto R dos números reais. À origem O do eixo
faz-se corresponder o número zero. A cada ponto X dc E k direita de
O corresponde um número real positivo x, a saber, a distância d { 0 , X )
de X k origem O. Aos pontos situados à esquerda de O correspondem
números reais negativos, cujos valores absolutos medem as distâncias des­
ses pontos à origem.
Assim, ao ponto X em E corresponde o número real x tal que
X = d { 0 , X ) se X está à direita de O e x = - d [ 0 , X ) se X está à
esquerda de O.
Se ao ponto X do eixo E corresponde, da maneira acima indicada,
o número real x, diz-se que a; é a coordenada do ponto X .

FIg. 2.1 - A seta indica o sentido de percurso sobre o eixo cuja origem é o ponto O. Os
pontos à direita de O tém coordenadas positivas; os outros, negativas.

Dados os pontos X e Y sobre o eixo E , se suas coordenadas são x


e y respectivamente então a distância do ponto X ao ponto Y é
d ( X ,y ) = \ x - y \ = \ y - x \ ,
isto é, tem-se d (X , Y ) = x - y se x > y e d (X , Y ) = y - x se x < y.
Para provar esta afirmação, lembraremos que a distância entre os
pontos A e B é um número d(A , J9) > 0, que d ( A ,5 ) = d { B , Á ) e
Coordenadas na reta 5

que se e C são pontos sobre a mesma reta e B está entre A t C


então
d(vl, C) = á{A, B ) + d (B , C)
Se X = Y , então não há o que provar. Suponhamos, inicialmente,
que X esteja à esquerda de Y , ou seja, que x < y. Há 3 casos a
considerar:
1) X e Y estão à direita da origem, isto é, 0 < x < y;
2) X e Y estão à esquerda da origem, ou seja, a: < y < 0;
3) X e Y estão em lados opostos da origem, logo x < 0 < y .
0 X Y
12 Caso

? Yv 0ô ‘
25 Caso

X 9 Y
3 5 Caso

FIg. 2.2 - Provando que d{ XyY) = \x — y\.


No primeiro caso, X está entre O e Y . Além disso, tem-se
d ( 0 ,X ) = X e d ( 0 , y ) = y. Segue-se que
d( 0, X) + á ( X , Y ) = d [ 0 , Y ) ,
donde
d{X,Y) = d { 0 , Y ) - d { 0 , X ) = y - x = \ y - x \
No segundo caso, Y está entre X e O, sendo agora d ( 0 , X ) = —x
e d ( 0 , y ) = - y . Então
d ( o ,y ) - f - d ( y ,x ) = d ( o ,x )
logo
d ( x ,y ) = d ( y ,x ) = d ( o ,x ) - d ( o , y )
= - x - f y = y - a : = |y - a : |
No terceiro caso, O está entre x e y, com d ( 0 ,X ) = —x e
d ( 0 , y ) = y. Então
d (X , y ) = d(X , O) + d ( 0 , y ) = -X -1- y = |y - x\.
6 Coordenadas na reta

Se X estiver à direita de Y" a demonstração se faz de modo análogo.


Exemplo 1. Sejam A, X t Y pontos de coordenadas a , x c y respec­
tivamente, no eixo E. Diz-se que y é o simétrico de X relativamente a
A quando .4 é o ponto médio do segmento cujas extremidades são X e
y . Ou se tem x < a < y com a - x = y - a , ou y < a < x com
a —y = x —a. Em qualquer caso, conclui-se que y = 2 a —x. A função
s : E —y E, que associa a cada ponto X do eixo E o seu simétrico Y em
relação a A, chama-se a simetria (ou reflexão) em tomo do ponto A. Se
X ' é outro ponto de E com coordenada x' tem-se
d (5 (X ),5 (X ')) = |2a - x - ( 2 o - x ') | = | x ' - x| = d (X ,X ')
A igualdade d (s (X ),5 (X ')) = d (X ,X '), válida para quaisquer
pontos X ,X ' se exprime dizendo que a função s : E —* E preserva as
distâncias, ou é uma isometria de E .
Exemplo 2. Outro tipo de isometria de um eixo E são as translações.
Uma translação t : E —> E é determinada por um número a. A cada
ponto X de coordenada x em E , t faz corresponder o ponto t [ X ) , de
coordenada x -f- o. Se X* é outro ponto de E, de coordenada x', temos
d ( í( X ) ,í( X ')) = |x - l - a - ( x '- F a ) | = |x - x '| = d (X ,X ').
Portanto t preserva distâncias. Um caso particular de translação é a função
identidade t (X ) = X , que corresponde a tomar a = 0 na definição acima.
Uma simetria 5 e uma translação t do eixo E são ambas isometrias
mas há duas diferenças cruciais entre elas: a primeira é que 5 inverte
enquanto t preserva orientação. Se X está à esquerda de X ' então ^(X )
está à direita de s(X ') enquanto <(X) está à esquerda de t{X' ). A
segunda diferença é que s possui um único ponto fixo: «(X ) = X se, e
somente se X = A. Por outro lado, uma translação t não possui pontos
fixos (isto é, tem-se <(X) 7^ X ) exceto quando é a função identidade, e
neste caso todos os pontos de E são fixos.
3* Coordenadas no Plano

Indica-se com o conjunto formado pelos pares ordenados (x, y), onde
X e y são números reais.
Dados (x,y) e (x ',y ') em R^, tem-se (x, y) = {x',y') se, e somente
se, X = x' e y = y'. O número x chama-se a primeira coordenada e o
número y a segunda coordenada do par (x,y). Observe, por exemplo,
que os pares ordenados (2,3) e (3,2) são diferentes pois a primeira
coordenada de (2,3) é 2 enquanto que a primeira coordenada de (3,2) é
3. Por outro lado, os conjuntos {2,3} e {3,2} são iguais pois um objeto
pertence a um deles se, e somente se, pertence ao outro. Portanto, um par
ordenado não é a mesma coisa que um conjunto com 2 elementos. No
par ordenado (x, y) pode-se ter x = y mas se {x, y} é um conjunto com
2 elementos tem-se necessariamente x ^ y.

Fíg. 3.1 - Sistema de eixos ortogonais

Um sistema de eixos ortogonais num plano II é um par de eixos O X


e O Y , tomados em II, que são perpendiculares e têm a mesma origem
O. Diz-se que o eixo O X é horizontal e o eixo O Y é vertical.
Um plano II munido de um sistema de eixos ortogonais põe-se, de
modo natural, em correspondência biunívoca com R^. Dado o ponto
P do plano, baixamos por ele paralelas aos eixos O Y e O X . Essas
paralelas cortam os eixos em pontos cujas coordenadas são x e y res-
8 Coordenadas no Plano

pectívamente. Ao ponto P do plano II faz-se então corresponder o par


ordenado (ar,y) € R^. Reciprocamente, a cada par ordenado (x,y) G
corresponde o ponto P G II, interseção da paralela a O Y traçada pelo
ponto de coordenada x com a paralela a O X traçada a partir do ponto de
O Y cuja coordenada é y. Os números x c y chamam-se as coordena­
das (cartesianas) do ponto P relatívamente ao sistema de eixo ortogonais
fixado: x é a abcissa e y a ordenada de P.
No que se segue, a menos que seja feita explicitamente uma menção
em contrário, admitiremos que foi fixado um sistema de eixos ortogonais
no plano, que assim se identifica a R^. Cada ponto P = (x,y) do plano
passa a ser a mesma coisa que um par ordenado de números reais.
Os eixos ortogonais decompõem o plano em quatro regiões, chama­
das quadrardes. Tem-se o primeiro quadrante, formado pelos pontos que
têm ambas coordenadas positivas. No segundo quadrante, a abcissa é ne­
gativa e a ordenada é positiva. No terceiro, abcissa e ordenada são ambas
negativas. No quarto quadrante, os pontos têm abcissa positiva e ordenada
negativa.

2 2 QUADRANTE

12quadrante

3 2 QUADRANTE

FIg. 3.2 - Coordenadas cartesianas e quadrantes no plano.

Evidentemente, os pontos do eixo O X das abcissas têm coordenadas


Coordenadas no Plano

(ar,0) e no eixo das ordenadas O Y os pontos são da forma (0,j/). O


ponto O, origem dos eixos, tem coordenadas (0,0).
Embora utilizemos neste livro exclusivamente sistemas de eixos or-
togonais, isto não é uma necessidade absoluta da Geometria Analítica.
Dados dois eixos concorrentes quaisquer, o processo acima descrito
permite estabelecer uma correspondência biunívoca entre pontos do plano
e pares ordenados de números reais. Na maior parte dos casos não há
motivos para se optar por um sistema de eixos não-ortogonais mas há
algumas situações em que isto pode ser vantajoso. É possível desenvolver
a Geometria Anahtica usando eixos que formam ângulos diferentes de
90®. Tal modificação afeta todas as propriedades ligadas ao conceito
de distância. Outras propriedades (por exemplo, as relacionadas com
colinearidade) não são afetadas por esta mudança.

Fig. 3.3 - Coordenadas cartesianas nfio-retangulares.

o uso de um par de eixos (ortogonais ou não), não é a única maneira


de se estabelecer correspondências entre pontos do plano e pares ordenados
de números reais. No sistema de coordenadas polares usa-se um único
eixo O X .
Dado um par (jR, â) de números reais (com R > 0), obtém-se o
ponto correspondente P do plano considerando a circunferência de centro
O e raio R e sobre ela tomando um arco de 6 radianos a partir do ponto
de interseção com o semi-eixo positivo O X (no sentido anti-horário, se
^ > 0; no sentido horário, se 0 < 0).
O ponto assim resultante é facilmente expresso em coordenadas carte-
10 Coordenadas no Plano

sianas relativas ao sistema de eixos ortogonais em que o eixo das abcissas


é O X . Se (i2 ,6) são as coordenadas polares de um ponto P , as coorde­
nadas cartesianas desse mesmo ponto são {Rcosd^RsenO).

Fig. 3.4 - Sistema de coordenadas polares.

Uma desvantagem de utilizar coordenadas polares reside no fato de


que a correspondência acima descrita não é biunívoca, já que se um ponto
P do plano é dado em coordenadas polares por (R,0), então todos os
pares da forma ( R , 0 + 2k7r) são associados a P . Entretanto, há certas
figuras (particularmente aquelas construídas a partir de circunferências)
cujo estudo fica facilitado com o uso de coordenadas polares.
4 . D istância entre dois pontos

Dados os pontos Pi = {xi,yi) e P2 = {x2 ,y 2), queremos obter a ex­


pressão da distância d(Pi, P2) em termos das coordenadas de Pi e P2 .
Para isso, introduzimos o novo ponto Q = (x 2 , yi)-

Fig. 4.1 - O triângulo P \P 2 Q é retângulo. Sua hipotenusa mede d{P\ ,P2)


e seus catetos medem jxj - X2I e \y^- yiV

Como Pi e Q têm a mesma ordenada, o segmento PiQ é horizon­


tal (paralelo ao eixo OX). Analogamente, o segmento P2Q é vertical
(pararelo a OY). Portanto P1P2 é a hipotenusa do triângulo retângulo
P1 P2Q. Pelo visto na seção 1, os catetos deste triângulo medem
|a;i —X2I e \yi — y 2 \- Resulta então do Teorema de Pitágoras que
d (P i,P 2 ) = ^/{xl - X2)^ + { y i - y2Y-

E xem plo 1. {Equação da circunferência.) Dados o ponto A = (a,b)


e o número real r > 0, a circunferência C de centro A e raio r é.
12 Distância entre dois pontos

como se sabe, o conjunto dos pontos do plano situados à distância r do


ponto A. Assim, o ponto P = {x,y) pertence a C se, e somente se,
d (A ,P ) = r. Levando em conta a fórmula da distância entre 2 pontos
no plano, podemos escrever

^ ^ y / i x - a , y + { y - b f = r}

Equivalentemente, podemos dizer que o ponto P = (a:, y) pertence


à circunferência C se, e somente se.

( x - a)^ + (y - b)^ = (*)


Com efeito, dois números não-negativos (no caso, d(A , P ) e r) são
iguais se, e somente se, seus quadrados são iguais.
Diz-se, então, que (*) é a equação da circunferência de centro (a, b)
e raio r. Em particular, a equação da circunferência de raio r e centro na
origem é -f = r^.
O Exemplo 1 ilustra uma idéia central em Geometria Analítica: a de
associar a cada curva uma equação que relaciona a abcissa com a ordenada
de cada ponto dessa curva. Uma vez obtida essa equação, as propriedades
geométricas da curva podem ser deduzidas por métodos algébricos.
Distância antre dois pontos 13

O Exemplo 2 a seguir mostra que, para resolver um problema de


Geometria Analítica, devemos escolher o sistema de eixos ortogonais mais
conveniente para o caso.
Exemplo 2. São dados dois pontos P e Q no plano e pergunta-se
que forma tem o conjunto dos pontos M do plano tais que os quadrados
de suas distâncias aos pontos P t Q respectivamente diferem por uma
constante c.

p\

o\
\

Fig. 4.3 - Escolhendo o sistema de eixos adequado.

Um sistema de eixos conveniente para este problema é aquele cujo


eixo das abcissas contém P t Q t cuja origem é o ponto médio do
segmento de reta P Q. Neste sistema, temos P = (—a ,0 ) e Q = (a,0 ),
onde 2a é a distância de P a Q. Queremos determinar o lugar dos pontos
M = (x, y) tais que

d ( M , P f - ã ( M , Q f = c,
isto e:
[x -h o)^ + ~ ~ + y^] —
Simplificando, temos Aax = c, isto é, x = cfAa. Vemos que os
pontos M que satisfazem à condição dada constituem uma reta, mais
precisamente, uma perpendicular ao segmento PQ.
Enquanto o Exemplo 2 ilustra o uso de métodos algébricos para
resolver um problema geométrico, o Exemplo 3 a seguir faz exatamente
o oposto.
14 Distância entre dois pontos

Exemplo 3. Determine quantas são as soluções do sistema de equações:

I a;2 + y2 - 2rr + 2y = 2
+ y^ — 8x —6y = —16

E evidente que o problema pode ser resolvido por meios exclusi­


vamente algébricos. Uma solução elegante pode, no entanto, ser obtida
observando que as soluções de um sistema de equações com duas incóg­
nitas são os pontos de interseção das curvas representadas pelas equações.
Neste caso, cada equação representa uma circunferência, já que cada uma
pode ser escrita na forma

[x - a)^ + (í/ - 6)^ = S?.


Para tal, basta somar a cada membro da equação os valores necessários
para “completar os quadrados” no membro esquerdo.
Assim, + y^ —2x 4- 2y = 2 pode ser escrita como

—2x - | - l - | - y ^ - f 2 y - l - l = 2 - f l - | - l ,

ou seja,
(x - 1)^ + (y + 1)* = 2K
Da mesma forma, x^ -f y^ - 8x - 6y = - 1 6 é equivalente a

( x - 4 ) 2 - F ( y - 3 ) 2 = 32.

A posição relativa de duas circunferências depende da relação entre


os raios e a distância entre os centros. A primeira circunferência tem
centro Oi = ( 1 ,- 1 ) e raio i2i = 2; a segunda tem centro O 2 = {4,3)
e raio R 2 = 3. A distância entre os centros é

d = ^ ( 4 - l ) 2 + (3 -f 1)2 = v '9 +T 6 = 5.

Como d = R i R 2 >concluímos que as circunferências são tangentes


exteriormente e que, portanto, o sistema dado tem exatamente uma solução
(figura 4.4).
Da mesma forma como obtivemos no Exemplo 2 a equação de uma
circunferência, podemos obter a equação de outras curvas, a partir de sua
Distância entre dois pontos 15

definição geométrica.

FIg. 4.4 - Resolvendo graficamente um sistema de equações.

Exemplo 4. Uma elipse de focos F c F ' é o conjunto dos pontos P do


plano cuja soma das distâncias a F e F ' é igual a uma constante, denotada
por 2a.
È conveniente escolher um sistema de eixos tal que os focos tenham
coordenadas F = (c,0) t F ' = (—c,0). A distância 2c entre os focos
é chamada de distância focal da elipse. Um ponto P { x , y ) pertence à
elipse quando
à { P , F ) - h d { P , P ) = 2a,
isto é:
\ J { x - c Y + ( j / - 0)2 + y J {x -\-c Y + (y - 0 ) 2 = 2a,
ou ainda,
\ J { x - c)2 4- j/2 = 2 a - \ / { x + c)2 4- y^.
Elevando ambos os membros ao quadrado obtemos
16 Distância entre dois pontos

{x - c)^ + = 4a^ - 4 a ^ ( x + c)2 + y2 + (x + c)^ + y^.

Após simplificações, resulta


a y j {x + c)2 + y2 = + cx.
Elevando novamente ao quadrado:
a^(a:^ + 2cx + + y^) = + 2a^cx + c^x^
e daí
(a^ - c^)x^ + = a^[a^ - c^).
É usual representar a diferença por 6^. A equação pode então ser
escrita na forma
b^x^ + a^y^ = a^b^.
Dividindo ambos os membros por a^b^ obtemos finalmente

a2 62
Distância entre dois pontos 17

que é a forma mais usual de escrever a equação da elipse.


É fácil verificar que os pontos A = (a, 0), A* = (—a ,0 ), B =
(0, b) c = (0, —b] (chamados de vértices) pertencem à elipse. A A '
e B B ' são eixos de simetria da elipse e são chamados de eixo maior (ou
focal) e eixo menor (ou transverso) (figura 4.5).
Exemplo 5. Analogamente, podemos obter a equação da hipérbole, que
é definida como o conjunto dos pontos cuja diferença (em valor absoluto)
das distâncias aos focos F c F ' é uma constante 2a. Se tomamos os eixos
de forma que os focos sejam novamente F = (c,0) t F ' = ( - c ,0 ) , a
equação obtida é
-lí! = 1
a2 62
onde 6^ satisfaz + 6^ = c2 (figura 4.6).

2 „2
Fig. 4.6 - Hipérbole de equação ^ ^ = 1.

Os pontos A = (a,0) & A ' = (^ a ,0 ), chamados de vértices, per­


18 Distância entre dois pontos

tencem a hipérbole e determinam um de seus eixos de simetria (o eixo


focal ou real). Os pontos B = (0,6) e B' = (0, —6) são denominados
vértices imaginários e determinam o eixo transverso ou imaginário
da hipérbole. O retângulo cujos eixos de simetria são AA' e B B '
está estreitamente relacionado com a geometria da hipérbole: suas
diagonais são assíntotas à hipérbole.

E xem plo 6. Finalmente, consideramos a parábola de foco F e dire­


triz d, que é o conjunto dos pontos P que são equidistantes do ponto F
e da reta d. E usual escolher um sistema de eixos no qual F = (0,p/2)
e d é a reta horizontal de equação y = —p/2 (a distância p entre F e
d é chamada de parâmetro da parábola). Neste sistema, a parábola
contém a origem e é simétrica em relação ao eixo O Y (figura 4.7).

A distância de P a d é dada por \y + p/2\, enquanto a distância


de P a P é ^ / ( x ^ ^ 0 y + { y^^^p/ ^. Logo, a equação da parábola é

+ (y- I y = y^2
Distância entre dois pontos 19

Elevando ao quadrado obtemos

x^2 + y 2^ - p y + ^ = y ^2 + py + ^P^
4 4
e finalmente í/ =

Exemplo 7. (Rotação de 90®.) Sejam P = (a:,y) e P ' = (—y ,x ). Pela


fórmula da distância, temos d ( 0 , P ) = \ / x ^ + = d ( 0 , P ') e

d ( P ,P ') ^ = (a? + y)^ + [ x - y Y = 2(x^ + y ^ ) =


= d ( 0 ,P ) 2 + d ( 0 , P ') ^
Logo O P P ' é um triângulo isósceles, retângulo em O.

Fig. 4.8 - P ' é obtido de por uma rotação positiva de 90® e é obtido por uma rotação
negativa.

Isto significa que o ponto P ' = ( - y , x ) é obtido do ponto P =


(ar, y) pela rotação de 90® do segmento O P em tomo da origem O. Um
cálculo análogo mostra que também o ponto P '' = (y, —ar) é obtido de
P mediante uma rotação de 90® do segmento O P em tomo de O, só
que, desta vez, a rotação é no sentido contrário ao da anterior.
20 Distância entre dois pontos

Convencionaremos dizer que a rotação de 90® que leva o ponto P =


(ar, y) no ponto P ' = (—y, x) tem sentido positivo (sentido contrário ao
do movimento dos ponteiros de um relógio habitual). Ela é a rotação mais
curta que leva a semi-reta O X na semi-reta O Y . A rotação mais curta
que leva o ponto P = (x,y) no ponto P " = (y, —x) diz-se que tem
sentido negativo.
5 . Gráfico de uma função

Seja f : D uma função real de uma variável real, tendo por domínio
o subconjunto D c H . Chama-se gráfico de / o conjunto G = G{ f ) dos
pontos {x, y) do plano tais que x E D e y = f{x):

G = G{ f ) = {{x,y) e R ^ ; x e D , y = f { x ] } =
= {(a :,/(x )) e R^;x G D}.

Ereqüentemente, diz-se apenas que G é o conjunto definido pela


equação y = f [ x ) .
A fim de que o conjunto G c seja o gráfico de uma função cujo
domínio é o conjunto D C R, é necessário e suficiente que, para todo
X E D, exista precisamente um ponto {x,y) em G cuja abcissa é x.
Noutras palavras, G é gráfico de uma função / com domínio D se, e
somente se, considerando D como parte do eixo das abcissas, toda reta
vertical levantada por um ponto (x, O) com x E D corta G num único
ponto (x ,y ), onde y = f { x ) .
Se não especificarmos a priori o domínio D, podemos dizer que,
para um conjunto G c R^ ser gráfico de alguma função real de uma
variável real, é necessário e suficiente que nenhuma reta vertical corte G
em mais de um ponto. Neste caso, o domínio D da função / que tem G
como gráfico é formado pelos números reais x tais que a reta vertical de
abcissa x corta G em algum ponto (único). Se este ponto é (x, y), põe-se
y = /( x ) e isto define a função f : D R que tem G como gráfico.

Exemplo 1. Uma circunferência não pode ser gráfico de nenhuma


função pois há retas verticais que a cortam em 2 pontos. Por outro
lado, se considerarmos, por exemplo, a função / : [ —1,1] —> R, defi­
nida por /( x ) = V l — x^, para todo ponto (x, y) do seu gráfico temos
y = v T -~ x ^ logo y > 0 t x^ + y^ = 1. Portanto, o gráfico de / é uma
semi-circunferência de raio 1 e centro na origem. (Mais precisamente,
a semi-circunferência superior. Se a função fosse /( x ) = —\ / l —x^
22 Gráfico de uma função

teríamos a semi-circunferência inferior.)

Exemplo 2. A figura 5.2 apresenta o gráfico da função / : R —> ■ R,


definida por /(ar) = x'^. A curva de equação y = ar^/2p, representa uma
parábola, como vimos na seção 4. Portanto o gráfico de f , cuja equação
pode ser escrita como y = x ^/[2 x 1/ 2), é uma parábola de parâmetro
1/2. Mais geralmente, se a ^ 0, o gráfico da função /(ar) = ax^ +
6x + c tem forma semelhante e é também uma parábola (se a < 0 sua
abertura é voltada para baixo). De fato, quando estudarmos mudanças de
Gráfico de uma função 23

coordenadas veremos que, escolhendo adequadamente os eixos, o gráfico


da função / (x) = ax^ + 6x + c pode ser descrito pela equação mais
simples y = ax^.
6 . A reta com o gráfíco de um a fu n ção afim

Uma função / : R ^ R chama-se afim quando, para todo x G R, tem-se


/ (x) = a x -\- b, onde a e 6 são constantes reais. Se 6 = 0, a função
diz-se linear.
Uma reta vertical é perpendicular ao eixo O X (e paralela a O Y )
logo seus pontos têm todas a mesma abcissa c. A equação de uma reta
vertical é x = c. Evidentemente, ela não pode ser gráfico de uma função
y = f{ x ) . Por outro lado, qualquer reta não-vertical r é o gráfico de uma
função y = f{ x ) onde o domínio de / é todo o conjunto R, pois toda
reta vertical corta r num único ponto. O teorema abaixo diz que tipo tem
essa função / .

Teorema. O gráfico de uma função afim é uma reta não-vertical. Reci­


procamente, toda reta não-vertical é o gráfico de uma função afim.

Demonstração: Para provar que o gráfico da função afim /( x ) = ax-|- 6


é uma reta, basta tomar três pontos quaisquer

P i = ( x i , a x i - f 6), P 2 = [x 2 ^ax 2 -\-h) e P 3 = (x3,a x s 4 -ò),

com x i < X2 < X3, nesse gráfico e mostrar que eles são colineares, isto

e
d ( P ,,P 2) + d (í> 2,P 3) = d ( P „ P 3).
Ora, como X2 —x i , X3 —X2 e X3 —x \ são positivos, tem-se

d ( P i ,P 2) = \ J {^2 - x i f ' -I- a (x 2 - Xi)^ = (x2 - x i )V T T Õ 2 ,

d (P 2, P 3) = { x z - X 2 ) \ / l - \ - a ^ e d ( P i ,P 3) = (x3- x i ) \ / l + a^,
donde se segue imediatamente o resultado desejado.
Reciprocamente, dada uma reta não-vertical r, sua interseção com
o eixo O y é um ponto cuja ordenada chamamos 6. Fixamos um ponto
A reta como gráfico de uma função afim 25

(xo, j/o) na reta r, com xq 7^ 0, e pomos a = (2/0 “ l^o-

Afirmamos que a reta r é o gráfico da função afim y — a x + b.


Com efeito, já vimos que esse gráfico é uma reta s, a qual contém o
ponto (xo, 2/0). pois

I í. 1/0 - ^ .
axo + 6 = --------Xo + 0 = 2/0-
Xo
A reta s contém ainda o ponto (0, ò) pois / (O) = b. Como r também
contém esses 2 pontos concluimos que o gráfico de / é r pois só existe
uma reta passando por 2 pontos dados.
Tendo mostrado que uma reta não-vertical é o gráfico de uma função
afim y = a x + b, cabe indagar qual o significado geométrico dos números
a e ò.
Já vimos que 6 é a ordenada do ponto (0, b) onde a reta dada corta
o eixo vertical. Quando 6 = 0, temos a reta y = ax, que passa pela
origem.
Por sua vez, a é a variação que sofre a ordenada de um ponto sobre
a reta quando se dá um acréscimo unitário à sua abcissa: se yo = a x + b
e 2/1 = « (2^+ 1) + 6, então 2/1 - 2/o = «•
Mais geralmente, a é a razão entre o acréscimo de 2/ e o acréscimo
de X quando se passa de um ponto a outro sobre a reta; se xq 7^ x i e
2/0 = axo + 6, 2/1 = a x i + 6 então (2/1 - 2/0) / (a^i - a:o) = «•
26 A reta como gráfico de uma função afim

o número o chama-se a inclinação da reta y = a x b. A função


f{ x ) = a x + b é crescente quando o > 0 e decrescente quando o < 0.
Quanto maior for o valor absoluto de o, mais íngreme é a reta em relação
ao eixo horizontal. Quando o = 0, a função f{ x ) = a x + b reduz-
se à constante 6 e a equação y = b define uma reta horizontal. Retas
horizontais, portanto, têm inclinação zero. As vezes diz-se também que
retas verticais têm inclinação infinita.

FIg. 6.2 - Na reta y = ax + b, sempre que xq ^ x i tem-se (y i — yo)/(® l ~ *o) = o-

Olhando para os triângulos retângulos na Figura 6.2 vemos que a é


a tangente trigonométrica do ângulo que a reta y = a x + b forma com o
eixo horizontal.
As retas do tipo y = x + b, que têm inclinação 1, são igualmente
inclinadas em relação aos 2 eixos. Em particular, a reta y = x, cujos
pontos têm abcissa e ordenada iguais, chama-se a reta diagonal de R^.
A idéia de inclinação de uma reta como taxa de crescimento da or­
denada y em relação ao crescimento da abcissa x deixa bastante claro o
significado da equação y = a x + b. Ela nos diz que, partindo de x = 0
(quando se tem y = b), o valor d&y é sempre igual a esse valor inicial b
acrescido de a vezes a variação x.
Exemplo. O manual do Imposto de Renda de 1991 estabelecia as se-
A reta como gráfico de uma função afim 27

guintes regras para cálculo do imposto


Renda Líquida Alíquota Parcela a Deduzir
Até 328.623,00
De 328.623,00 a
1.095.408,00 10% 32.862,00
Acima de 1.095.408,00 25% 197.173,00

Isto significa que o Imposto de Renda a pagar é uma função afim por
partes da renda líquida x, expressa por
r 0, se x < 328.623
y = \ Q , \ x - 32.862, se 328.623 < x < 1.095.408
l 0 , 25x - 197.173, se x > 1.095.408
As alíquotas em cada faixa de renda representam o imposto de renda
adicional a ser pago por cada cruzeiro a mais de renda dentro da faixa.
O espírito da regra de taxação é o seguinte: rendas até 328.623 não
pagam imposto; importâncias em excesso de 328.623 mas inferiores a
1.095.408 são taxadas em 10% da parcela que exceder 328.623; final­
mente, se a renda ultrapassar 1.095.408, além dos 10% devidos sobre a
diferença 1.095.408 —328.623, são cobrados mais 25% do que exceder
1.095.408.
Graficamente, a regra de taxação é representada na figura 6.3.
A equação do 1- trecho (para x < 328.623) é y = 0. 0 2 - trecho
(para 328.623 < x < 1.095.408) é um segmento de reta passando por
A = (328.623,0) e de inclinação 0, 1; logo, sua equação é
y = 0 + 0,1 ( x - 328.623);
isto é,
y = 0, I x - 32.862,30,
o que explica a parcela a deduzir da 2—faixa. Finalmente, o 3- trecho
tem inclinação 0,25 e passa pelo ponto B , cujas coordenadas são
X = 1.095.408 e

y = 0 ,1 X 1.095.408 - 32.862,30 = 76.678,50.


Logo, a equação do último trecho é dada por
y = 76.678,50 + 0,25(x - 1.095.408),
28 A reta como gráfico de uma função afim

OU seja,
y = 0,25^-197.173,50,
o que explica a parcela a deduzir da 3^ faixa.
7 . R etas p aralelas

Como já dissemos, o método de trabalho da Geometria AnaKtica consiste


em relacionar fatos geométricos com dados algébricos, de modo a tirar
conclusões de um lado a partir de informações do outro. Como exemplo
desse método, consideremos a questão de saber se duas retas do plano são
paralelas ou não.
Evidentemente, todas as retas verticais são paralelas de modo que
basta considerar retas não-verticais, isto é, gráficos de funções afins, re­
presentadas por equações do tipo y = ax + b.
A conclusão é: as retas y — ax + b c y = a!x + 6' são paralelas se,
e somente se, o = a ' e 6 ^ if, isto é, têm a mesma inclinação e cortam
o eixo vertical em pontos diferentes.

Fig. 7.1 - Retas paralelas têm a mesma Inclinação a. Se a ^ a ', as retas y = ax + b e


y = a'X b’ encontram-se no ponto ( z q , a z o + b), onde xq = (b' — b ) / ( a — a').

Para justificar esta conclusão, observemos inicialmente que se 6 6'


então, para todo valor de x, tem-se ax + b 7^= a x + b*. Isto significa
que dois pontos, um na reta y = a x + b e outro na reta y = a x + b'
(com igual inclinação a), que tenham a mesma abcissa x, têm ordenadas
diferentes. Logo essas duas retas não possuem pontos em comum: são
30 Retas paralelas

paralelas.
Reciprocamente, se as retas y = ax + b c y = cíx + V são para­
lelas, em primeiro lugar deve-se ter b ^ b' pois do contrário elas teriam
em comum o ponto de abcissa zero. Além disso, deve-se ser a = a!
pois, se fosse a ^ a', a equação a x + b = a'x -f b' teria a raiz xq =
(6' — b )/[a — a'). Então, pondo j/o = + b, teríamos também
t/o = o! xq -f- y , logo as duas retas teriam em comum o ponto (xqj 2/o)-
8 . Paralela a uma reta, por um ponto dado

Um dos fundamentos da Geometria Euclidiana é a afirmação de que


por um ponto dado fora de uma reta passa uma única paralela a essa
reta.
Em termos da Geometria Analítica, temos uma reta y = ax + b e
um ponto P = (rco, yo), com yo ^ axo + b. A paralela procurada deve
ter equação y = ax + b', com b' ^ b. Trata-se de achar b' de modo que
essa paralela passe pelo ponto P. Isto nos dá a condição axo + b' = yo,
logo devemos tomar b' = yo — axo- (Note que então b' ^ b.)
Portanto a reta paralela a,y = ax + b que passa pelo ponto (a;o, yo)
tem a equação y = ax + {yo — axo), ou seja y = yo + a(x — xo).

Fig. 8.1 - A reta y = yp + a(x - Xq ) passa pelo ponto (xq , yo ) e tem inclinação a,
logo é paralela à reta y = ax + b.

E xem plo 1. A reta paralela à diagonal y = x que corta o eixo


vertical no ponto (0, b) tem equação y = x + b.
32 Paralela a uma reta, por um ponto dado

A equação da reta que passa pelo ponto (a;o,yo) e é paralela à reta


y = ax-i- b (isto é, tem inclinação a), quando escrita sob a forma y =
2/0 + a{x —xq), toma evidente a solução: a ordenada y de um ponto
da reta procurada começa com o valor t/o quando x = xq e, para cada
acréscimo x — xq, dado a a: a partir de xq, o acréscimo de y deve ser
a{x — X q ) , logo tem-se
2/ = í/o + a { x - x o ) .

Observação: Se a reta dada for vertical, sua paralela passando pelo ponto
(ajQ, 2/o) também é vertical e tem equação x = xq.
Exemplo 2. A paralela à reta y = 2x + 5 passando pelo ponto (3,4)
tem por equação t/ = 4 -f- 2(x —3), ou seja, y = 2x — 2.
9 . R eta que passa por dois pontos dados

Outro princípio básico da Geometria Euclidiana diz que por dois pontos
dados no plano passa uma, e somente uma, reta.
Sejam P i = (x i,j/i) e P 2 = (2^2Ȓ/2) esses pontos. Se x i = X2 ,
a reta que une esses dois pontos é vertical e tem equação x = x i (ou
X = X 2 ).
Suponhamos então x i ^ X2 . A reta procurada tem inclinação

a = y 2 -y i
X2 - Xi
e passa pelo ponto {xi^yi). Como se viu acima, sua equação é
J/2 - y i [ x - x i ] + y i .
y = ( 1)
X2 - X i

Podíamos ter argumentado que a reta procurada passa pelo ponto


(2^2»2/2)» ainda com a mesma inclinação, e teríamos obtido sua equação
na forma
2/ = | ^ ^ ( ^ - ^ 2) + y 2. (2)
X2 —Xi
Mas, como se vê facilmente, (l) e (2) são a mesma equação.
Outra maneira de tratar este problema é a seguinte: .nossas incógnitas
são os números a e 6. Como a reta procurada passa pelos pontos (x i, j/i)
e {x 2 ,y 2 )> devemos ter:
2/1 : a x i + 6,
2/2 = ax2 + b.
Subtraindo a primeira destas equações da segunda, obtemos
y 2 - y i = a [ x 2 -x i),
logo
a = 2/2 - t / i
X2 - X \
34 Reta que passa por dois pontos dados

Entrando com este valor na primeira equação, vem


t y 2 -y i
0 — y i ------------- ,
X2 - Xi
que é o valor do termo independente de x na equação (l) acima.
Exemplo 1. Determinar as equações das retas que são lados do triângulo
A B C , onde A = (1, 1), B = (4 ,1) e C = (3,2). Como A t B têm a
mesma ordenada 1, a reta A B é horizontal. Sua equação é j/ = 1. A C
passa pelo ponto (1,1) e tem inclinação (2 — l ) /( 3 —1) = 1/ 2, logo
sua equação é y = 1 + ^ (x —1), ou seja, y = x /2 + 1/2. Finalmente,
B C passa pelo ponto (4 ,1) com inclinação (2 —1 )/(3 —4) = —1, logo
sua equação é y = l —(x —4) = —x + 5.
Exemplo 2. Fazendo x = (xi + X2) /2 na equação (1) obtém-se y =
(2/1 + 2/2) /2. Portanto o ponto

pertence à reta que liga os pontos P i = (x i,y i) t P 2 = (x2, 2/2)- Como


a abcissa de M está entre as abcissas de P i e P 2» o ponto M pertence
ao segmento de reta P i P 2- Mais precisamente, a abcissa de M é o ponto
médio do intervalo [xi, X2] do eixo das abcissas. Logo
íX i + X2 yl + y2^
^ 2 ’ 2 ^
é o ponto médio do segmento de reta P 1P 2.
1 0 • Retas perpendiculares

Como se exprime, em Geometria Analítica, a condição para que duas retas


sejam perpendiculares? Se uma delas é horizontal (equação y = b) então
a outra é vertical (equação x = c) c não há mais o que dizer. Portanto,
podemos novamente nos restringir a retas não-verticais e não-horizontais,
cujas equações são y = a x + b, y = m x + n, com a 7^ 0 e m ^ 0.
Consideremos inicialmente duas retas passando pela origem. Suas
equações são y — a x e y = m x. Supondo-as perpendiculares tomemos
o ponto P = ( l ,a ) sobre a primeira. Fazendo uma rotação positiva de
90° em torno da origem, o ponto P vai cair sobre o ponto P ' — (—a, 1).
(Veja Exemplo 7, seção 4.) Como as duas retas dadas são perpendiculares,
o ponto P ' pertence à segunda reta, isto é, sua ordenada 1 é igual à
sua abcissa —a multiplicada por m. Portanto 1 = (—a)m , ou seja,
m = —l/a .

Fig. 10.1 - Se as retas y = ax e y = m x sfio perpendiculares então uma rotação de 90^


leva uma sobre a outra.

Reciprocamente, se m = —l / a , as retas y = a x e y = m x são


36 ReUs perpendiculares

perpendiculares pois a única reta perpendicular a y = a x que passa pela


origem tem, como acabamos de ver, a equação y = —x /a .
O caso geral, de duas retas y = a x + b t y = m x + n, que podem
passar ou não pela origem, reduz-se ao anterior pois elas são paralelas às
retas y = a x c y = m x , respectivamente, logo são perpendiculares se, e
somente se, a m = —1.
Outra maneira de mostrar que m a = —1 quando as retas y = a x
e y = m x são perpendiculares consiste em lembrar que, no triângulo
retângulo cujos vértices são (0, 0) ,( l ,o ) e ( l,m ) , a almra é a média
geométrica dos segmentos que ela determina sobre a hipotenusa. Ora, a
altura (baixada sobre a hipotenusa) mede 1, enquanto aqueles segmentos
medem a e —m. (Vide Fig. 10.1.) Logo a ( - m ) = 1, ou seja, a m =
- 1.

Fig. 10.2 - Se as retas y = ax e y = m x são perpendiculares e a > 0 então m < 0,


logo — m é um número positivo.

A reta r que passa por um ponto dado P = (xq?V o ) e é perpendicular


à reta y = a x + b coincide com a reta que passa por P e é paralela à reta
y = —x ja , logo a equação de r é y = yo - (x - xo)/o.
Exemplo: Sejam A = (1,5), .B = (5,3) e M = (3,4). A reta
Retas perpendiculares 37

que passa pelo ponto M e é perpendicular a A B tem equação y =


4 + 2(ar —3), ou seja, y = 2 x - 2. Observe que M é o ponto médio do
segmento A B , logo y = 2x —2 é a. equação da mediatriz de A B .
1 1 • Linhas de nível

Seja D um subconjunto do plano. Uma função real (p'.D ^ H associa a


cada ponto P um um número real (p{P). Como P = (a:, y) é dado
por suas coordenadas, podemos escrever (p{x, y) em vez de ^ ( P ) . Deste
modo, vemos que <p é uma função real de 2 variáveis reais.
Exemplo 1. A fórmula (p{x,y) = y /l — x^ —y^ define uma função
real de 2 variáveis reais, cujo domínio é o conjunto D , formado pelos
pontos (2 , y) do plano tais que x^ + y^ < 1, pois estes são os pontos
para os quais 1 —2^ - y^ possui raiz quadrada real. O domínio D é,
portanto, o disco de raio 1 com centro na origem.

Dada uma função <p:D —*■ R de duas variáveis reais, diz-se que
o ponto P q = (20, yo) tem nível c (relativamente à função (p) quando
Linhas de nível 39

^ (x o ,y o ) = c. A linha de nível c da função <p é o conjunto dos pontos


(x,y) G D tais que (p{x^y) = c.
A linguagem de “nível” provém dos mapas de relevo, nos quais a
função (ç mede a altura em relação ao nível do mar, considerando este
como nível zero. A figura 11.1 mostra um desses mapas, com as respec­
tivas linhas de nível.
Diz-se que a linha de nível c da função ip é definida implicitamente
pela equação y) = c. Em contraposição, o gráfico de uma função /
de uma variável real é uma linha que se diz definida explicitamente pela
equação y = f{ x ) .

FIg. 11.2 - Unhas de nível da funçfio y) = y /l — x “^ — y ^ .

Exemplo 2. Para cada c € [0,1], ou seja, 0 < c < 1, a função <p do


Exemplo 1 teni como linha de nível c a circunferência de centro na origem
e raio \ / l — a qual é definida implicitamente pela equação

y / l - x ^ - y ^ = c,

isto e.
-I- y^ = 1
A “linha” de nível 1 da função <p degenera-se, ficando reduzida a um só
ponto: a origem. Para níveis c fora do intervalo [0, l] a linha de nível
40 Linhas de nível

(p{x,y) = c é vazia pois nenhum valor (p{x,y) é negativo nem maior


do que 1.

E xem plo 3. Seja f : D q M. uma função de uma só variável real,


definida no conjunto D q C R. A partir de / podemos definir uma
função de duas variáveis D —>R, cujo domínio é o Conjunto

D = D q x R = {(2;, y) e R^; x e D q, y G

pondo
(f{x,y) = y - f{x).
Vê-se imediatamente que o gráfico de / é a linha de nível zero de (p
e que as demais linhas de nível de p são “paralelas” ao gráfico de
/ . Mais precisamente, a linha de nível c áe p é o gráfico da função
g{x) = f{x ) + c.

Fig. 11.3 - Linhas de nível da função (p (x,y) = y - f(x).

E xem plo 4. Seja R^ —> R a função definida por ^{x,y) = xy. A


linha de nível zero da função ^ é formada pela reunião dos eixos O X e
O V. Para cada c 0, a linha de nível xy = cé formada por dois ramos
Unhas de nível 41

de uma curva chamada hipérbole equilátera.

Fíg. 11.4 - Algumas linhas de nível da função ( ( x , y ) = z y .


12• A reta como linha de nível

Sejam a, b números reais, com + 6^ 0. (Esta é uma maneira de


dizer que a e 6 não são ambos iguais a zero.) A função R,
definida por (p(x,y) = a x -j- by, é o que se chama uma função linear
de duas variáveis. Para todo c G R, a linha de nível c da função ^ é o
conjunto dos pontos (x, y) G R^ tais que ax-\-by = c, ou seja, é definida
implicitamente pela equação a x-\-b y = c.

FIg. 12.1 • As linhas de nível da funçfio linear <p{x, y ) = x - \ - 2 y sfio retas paralelas, todas
elas perpendiculares à reta y = 2 z , que passa pela origem e contêm o ponto ( 1 , 2 ) .

Se b = 0, a equação ax + 6y = c reduz-se a a x = c, logo


define a reta vertical x = cfa. Se 6 ^ 0, esta equação equivale a
y = ( - a / 6 ) x -|- c/6, logo define uma reta de inclinação —ajb. Em
A reta como linha de nível 43

qualquer caso, podemos afirmar que:


As linhas de nível da função linear <p{x^y) = a x + by são retas
paralelas entre si, perpendiculares à reta que passa pela origem e contém
o ponto (a, 6).
Observamos que, se for o 7^ 0, “ a reta que passa pela origem
e contém o ponto (a, 6)” tem equação y = [hja)x t é perpendicular
a toda reta de inclinação —a / 6, isto é, a toda linha de nível da função
y) = ax-\-by. Se for a = 0, as linhas de nível de (p são horizontais
e “ a reta que passa pela origem e contém o ponto (a, 6)” é o eixo vertical,
logo ainda é perpendicular às linhas de nível de tp.
A representação ax + by = c de uma reta como linha de nível da
função linear p [ x ,y ) = a x + by permite exprimir, de forma simples e
elegante, a condição de perpendicularismo entre duas retas:
As retas a x + by = c e a 'x + tíy = são perpendiculares se, e
somente se, aa! + 66' = 0.
Com efeito (excetuando os casos 6 = 0, 6' = 0, que podem ser
facilmente analisados em separado), como a inclinação da primeira reta é
—a /6 e da segunda é —o '/ 6'. Logo elas são perpendiculares se, e somente
se - a ' / 6' = 6/a , o que significa aa! + 66' = 0.
Exemplo: Qual é a equação da reta que passa pelo ponto (4,5) e é
perpendicular à reta 3x — 2y = 1? Pelo que foi visto acima, a equação
procurada tem a forma a 'x + b'y — c', onde 3a' —26' = 0, isto é,
3a' = 26'. A forma mais simples de cumprir esta condição é tomar a ' = 2
e 6' = 3. Então a equação de uma reta perpendicular a. 3x — 2y = 1
é 2x + 3y = c'. Como a perpendicular que buscamos deve passar pelo
ponto (4 , 5), temos 2 •4 + 3 •5 = c', ou seja, c' = 23. Assim, a resposta
à questão inicial é 2x + 3y = 23.
1 3 • Desigualdades lineares

Na seção 12, estabelecemos que o conjunto dos pontos P — (a:, y) cujas


coordenadas satisfazem uma equação da forma ax -{-by = c (isto é, a
linha de nível c da função (p[x^y) = a x + by) é uma reta do plano.
Nesta seção, consideraremos inequações da forma a x + by < c.
O conjunto dos pontos cujas coordenadas satisfazem uma tal inequa-
ção é a união das linhas de nível menor do que ou igual a c relativamente
a (p. Essas linhas de nível são paralelas entre si e sua união é um dos
semi-planos determinados pela reta de equação ax + by = c.
As linhas de nível de cp são perpendiculares à reta que passa pela
origem e pelo ponto P = (a, 6). Observamos que ^ (0 ,0 ) = 0 e
(p[a,b) = + b^ > 0. Isto significa que o sentido de percurso da
origem para o ponto P ( a , 6) indica o sentido de crescimento dos níveis
de (p. Logo, os semi-planos correspondentes às inequações aar -f- 6y > c
e a x + by < c são os indicados na figura 13.1.

Altemativamente, a determinação de qual dos dois semi-planos deter­


minados pela reta ax + by = c corresponde às soluções de ax -f- 6y > c
Desigualdades lineares 45

pode ser feita simplesmente testando se um dado ponto ( x q , j/q) não per­
tencente à reta satisfaz à inequação. É comum, sempre que possível,
empregar a origem para esta finalidade. No exemplo da figura 13.1 (em
que a, 6 e c são positivos) teríamos ^ (0 ,0 ) = 0 < c, o que indica que
as soluções dc a x + by < c estão no semi-plano que contém a origem.
Consideremos, agora, sistemas de desigualdades lineares, da forma

a ix + b iy < Cl
ã2X + b2y < C2

Clm^ + bfny < Cfn

O conjunto de soluções de um sistema deste tipo é a interseção dos


m semi-planos correspondentes às m inequações; é uma região convexa
i2, que pode ou não ser limitada. A figura 13.2 ilustra o conjunto de
46 Desigualdades lineares

soluções do sistema
/ X- y < 0
2x + y > 4
X >0
Ky>Q
Note que a desigualdade y > 0 é redundante: poderia ter sido remo­
vida do sistema sem alterar o conjunto de soluções.
Sistemas de desigualdades lineares são muitas vezes empregados para
modelar (isto é, traduzir matematicamente) situações práticas.
De especial interesse são os problemas em que se deseja selecio­
nar, entre as soluções de um sistema de desigualdades lineares, aquelas
que maximizam uma certa função linear. Problemas de enorme interesse
prático podem ser expressos nesta forma. O estudo de técnicas eficientes
para resolver tais problemas (que podem, na prática, envolver milhares de
variáveis e inequações) é o objeto de estudo da Programação Linear.
O exemplo a seguir é um problema de Programação Linear. Conve­
nientemente, o problema envolve apenas duas variáveis, o que nos permite
resolvê-lo usando os gráficos de desigualdades lineares vistos nesta seção.
Exemplo. Uma fábrica de rações para animais produz rações de dois
tipos, para cães e para gatos, obtidos mediante a mistura de três ingre­
dientes básicos: carne desidratada, farinha de milho e farinha de soja. A
tabela abaixo indica as quantidades de ingredientes em um pacote de cada
tipo de ração
Ração para Carne desidr. f. de milho f. de soja
Cães 3kg Ikg Ikg
Gatos 2kg 2kg —

Para a próxima semana de produção, estão disponíveis 1200A:y de


carne desidratada, SOOkg de farinha de milho e 300kg de farinha de soja.
O lucro é de Cr$ 400,00 em cada pacote de ração, para cães ou para
gatos. A fábrica deseja decidir quantos pacotes produzir de cada tipo de
ração de modo a maximizar o lucro.
Esta situação pode ser formulada matematicamente como um pro­
blema de Programação Linear. Sejam x e y o número de pacotes de
ração para cães e gatos, respectivamente, a serem produzidos durante a se­
mana. As limitações nas quantidades disponíveis dos ingredientes impõem
D«sigualda<ies linaaraa 47

restrições expressas por desigualdades lineares a serem satisfeitas por x e


y. As seguintes relações devem ser satisfeitas:

Sx + 2 y < 1200 (carne desidratada)


x + 2y < 800 (farinha de milho)
X < 300 (farinha de soja)
Além disto, deve-se ter ar > 0 e y > 0.
Cada uma das cinco desigualdades acima corresponde a um semi-
plano. A interseção desses cinco semi-planos é a região convexa R re­
presentada na figura 13.3. R é o conjunto de todas as soluções viáveis
(ou possíveis) para o problema. Por exemplo, o ponto (100,100) está
em R , o que indica que a fábrica pode produzir 100 pacotes de cada tipo
de ração sem violar qualquer uma das cinco restrições.

Fig- 13.3 - Um problema de programação linear.

o interesse da fábrica, porém, é maximizar a função objetivo


<p(x,y) = 400x -l- 400y. O ponto (100,100) tem nível 80.000 em
relação a y?; a linha de nível correspondente está representada na figura.
48 Desigualdades lineares

É claro que (100,100) não é a melhor solução possível para o pro­


blema, já que há outros pontos de R situados em linhas de nível mais
alto de (p. Para obter a solução do problema a idéia é justamente to­
mar a linha de nível mais alto de (p que ainda contenha pelo menos
um ponto de R . Tal linha de nível é a que passa pelo ponto B de
interseção das retas 3x -f 2y = 1200 e x -f 2y = 800. De fato, a
inclinação das linhas de nível de <p é igual a - 1 ; as inclinações das retas
3a; -|- 2y = 1200 e x + 2y = 500 são —3 /2 e —1/2, respectivamente.
Como —3 /2 < —1 < —1/2, a posição relativa das três retas é a indicada
na figura 13.3, o que mostra que a linha de nível máximo de <p que contém
pontos de R passa por A. O ponto A é obtido resolvendo o sistema
3x + 2 y = 1200
{
x + 2y = 800
que fornece x = 200 e y — 300.
Logo, a estratégia ótima para a fábrica é produzir 200 pacotes de
ração para cães e 300 de ração para gatos, o que traz um lucro de Cr$
200.000,00. Notamos que as quantidades disponíveis de farinha de milho
e carne desidratada são inteiramente utilizadas, e que há uma sobra de
farinha de soja.
É possível tirar uma conclusão geral importante a respeito de proble­
mas de Programação Linear em 2 variáveis, a partir deste exemplo.
Um ponto interior à região viável do problema jamais poderá ser
uma solução ótima, já que sempre haverá uma linha de nível superior de
p contendo outros pontos de R . Via de regra, o problema terá uma única
solução ótima, correspondente a um dos vértices de R.
E possível, porém, que todos os pontos de um dos lados de R sejam
soluções ótimas. Caso a função objetivo no exemplo fosse, ^ ( z , y) =
300x-f-200y, suas linhas de nível seriam paralelas à reta 3 z -f 2y = 1200
e, em conseqüência, todos os pontos do segmento B C seriam soluções
ótimas.
1 4 • Retas paralelas e retas coincidentes

Quando se representa uma reta sob a forma y = a x b (gráfico de


uma função afim) isto exclui as retas verticais mas, em compensação,
os coeficientes a e 6 são univocamente determinados. Por outro lado, a
representação como linha de nível ax + by = c inclui as retas verticais
(ax + 0 • y = c) mas tem o inconveniente de que a mesma reta pode
ser representada por mais de uma equação. Por exemplo x - y = 0
c 2x — 2y = 0 são diferentes equações para representar a diagonal do
plano. Vamos estudar este ponto com algum detalhe aqui. Lembremos
que nossas funções lineares <p(x,y) = a x + by não são identicamente
nulas, isto é, a e b não são ambos iguais a zero.
Consideremos então as funções lineares <p(x,y) = a x + by e
if) (x, y) — a!x + ify. As seguintes afirmações sobre elas podem ser
verdadeiras ou não:
(1) Alguma linha de nível a x -\-b y = c é paralela a, ou coincide com,
uma linha de nível a 'x + b^y = c‘.
(2) abl - ba' = 0.
(3) Existe um número real k (necessariamente 7^=0) tal que a' = k - a c
bf = k -b .
Teorema 1. As afirmações (1), (2) e (3) são equivalentes, ou seja, uma
delas é verdadeira se, e somente se, as outras duas são.
Demonstração: Provaremos que (1) (2), (2) => (3) e (3) =>■ (1).
Prova de que (1) =>• (2). Se alguma linha de nível de ^ é paralela
ou coincidente com alguma linha de nível de xj) então todas são, já que
as linhas de nível de <p (bem como as de xjj) são paralelas entre si. Em
particular, a linha de nível zero a x + b y = 0 coincide com a 'x + b 'y = 0.
(Estas linhas não podem ser paralelas porque têm a origem em comum.)
Então o ponto (b ',—a'], que está no nível zero de V’. está também no
nível zero de 9?, isto é, tem-se ab' — ba' = Ó. Portanto, admitindo (1)
como verdadeira provamos (2).
50 Retas paralelas e retas coincidentes

Prova de que (2) =>• (3). Suponhamos que a 6' —6o' = 0. Há 3 casos
a considerar. Primeiro caso: o ^ 0 e 6 7^ 0. Então de 06' - 60' = 0
segue-se o'/ a = h'/b. Chamando k este quociente, temos a* = k • a t
y = k b. Segundo caso: o = 0, 6 7^ 0. Então 06' = 0, logo ba! = 0
e daí o' = 0, logo 6' 7^ 0. Tomamos k = b'fb c temos a' = k • a,
y = k 'b . Terceiro caso: o 7^=0,6 = 0. (Mesmo argumento do segundo
caso.)
Prova de que (3) =► (1). De a' = k ■a e y = k - b concluimos que
k ^ 0 e daí se vê que
a x + by = 0 <=> k a x k - b y = 0 •<=>►o'a; -H 6'y = 0
portanto as linhas de nível zero das funções lineares <p e i}) coincidem.,
Como as demais linhas de nível são paralelas a esta, segue-se que uma
linha de nível de (p e outra de ou são paralelas ou coincidem.
Corolário 1. As retas a x + by = c e a’x -1- 6'y = c' coincidem se, e
somente se, existe k tal que a' = k ■a, y = k • b e c' = k c.
Se as retas dadas coincidem, segue-se do Teorema 1 que existe k ^ 0
tal que a' = k • a e b' = k • b. Além disso, tomando um ponto (rro, t/o)
nessa reta, temos
c' = a'xo -I- 6' 1/0 = kaxo + kbyo = k{axo -I- byo) = kc,
portanto d = k ’ c. A recíproca é evidente.
Corolário 2. As retas a x + by = c e a‘x -t- 6'y = c' são paralelas se,
e somente se, existe k ^ O tal que a! = k • a, y = k - b e d k ' c.
Se as retas dadas são paralelas, pelo Teorema 1 podemos achar A: 7^ 0
tal que a' = k a e b' = k-b. Além disso, se tomarmos um ponto (2:0, yo)
na reta oa: -f 6y = c, ele não estará na reta a 'x -f- 6'y = d. Portanto
d ^ a'xQ -f 6'yo = kaxQ + kbyo = k{axo + byo) = k - c,
ou seja, d ^ k ' c. A recíproca é evidente.
Outras formulações desses corolários são:
Corolário 1'. As retas a x -^ b y = c e a!x -f 6'y = d coincidem se, e
somente se, ab' — ba' = a d — ca' = bd — c6' = 0.
Corolário 2'. As retas a x + by = c e a 'x + b'y = d são paralelas se,
e somente se, ab' - ba' = 0 mas a d — ca' ^ 0 e bd — cb' 0.
Retas paralelas e retas coincidentes 51

Com efeito, se as retas a x + by = c c a'x + bfy = c' coincidem


então, pelo Corolário 1, temos a! = ka, bf = kb t c* — kc para algum
Ar 7^ 0. Em seguida, usando que (3) (2) no Teorema 1, obtemos
aV — ba! = 0. Finalmente, aplicando o mesmo resultado às retas b x +
cy = 0 e hfx + c'y = 0 obtemos bc' - cb! = 0. Também a conclusão
ac* —ca' = 0 resulta da implicação (3) =>• (2) do Teorema 1, aplicado
às retas aar + cy = 0 e a!x + c'y = 0, já que sabemos que c* = kc c
a* = k ' a.
O Corolário 2' se prova da mesma forma.
Em termos da representação de uma reta comO linha de nível, o
problema de achar a equação da reta que passa pelo ponto P = (xo,yo)
e é paralela à reta aar + 6y = c se resolve observando que o nível do
ponto P relativamente à função linear ip{x^y) = a x -\-b y é axQ + by^.
A reta procurada é a linha de nível de <p que passa pelo ponto P , logo
tem a equação
ax + 6y = axo + 6yo, ou seja, a (x - xq) + b[y - yo) = 0
Analogamente, a reta que passa pelo ponto P = (xo,yo) e é per­
pendicular à reta ax -f 6y = c é a linha de nível da função ^ ( x ,y ) =
—6x -f ay que contém P , logo sua equação é
-b x + ay = -b x o -f ayo, ou seja, - 6(x - xq) + a(y - yo) = 0.

Exemplo: As retas 6x -|- 3y = 9 e 4x -H 2y = 7 são paralelas porque


6 X 2 = 3 X 4 mas 3 x 7 7^: 9 x 2, Por outro lado, as retas 6x -|- 3y = 9 e
4x -f 2y = 6 coincidem porque 6 x 2 = 3 x 4 e 3 x 6 = 9 x 2 . Visto de
outro modo, as duas primeiras retas são paralelas porque, multiplicando-
se a equação 6x -f 3y = 9 por 2 /3 obtém-se 4x + 2y = 6, em vez de
4x -|- 2y = 7, que é a equação da segunda reta. Pelo mesmo motivo é
que as retas 6x -|- 3y = 9 e 4x -|- 2y = 6 coincidem.
1 5 • Distância de um ponto a uma reta

Comecemos com o problema de calcular a distância entre duas retas pa­


ralelas, as quais podem ser tomadas como linhas de nível a x + by = c c
ax-\- by = c‘ dà mesma função linear <p{x, y) = a x + by.

ax+by=c'

A distância procurada é d ( P i ,P 2), onde P i = (x i, (6/a)a:i) e


P 2 = (aJ2, [b ja )x 2 ] são os pontos de interseção das retas dadas com sua
perpendicular comum y = (ò/a)x. Temos:

d ( P i ,P 2) = ^ { x i - =
Distância de um ponto a uma reta 53

Por outro lado, como P i e P 2 pertencem às retas dadas, temos:

a x i + — x i = c e aa;2 H-----^2 = c •
CL CL

Subtraindo estas igualdades, vem


1,2
a {x i —X2) H------- (x i - X2) = c - c \
CL

OU seja
(ari - 2:2) = c —c
a
donde
\c — c
k l - X2\ = o . 1,2
.A • |a|.

Entrando com este valor na expressão da distância d ( P i ,P 2), obtemos

d ( P i ,P 2) =
y/a^ + 6^
Esta é a expressão da distância entre as retas a x + b y = c e a x + b y = cf.
Sabemos que a equação ax-\-b y = c não é a única a exprimir uma
dada reta r como linha de nível de uma função linear, pois os coeficientes
a, 6 e c podem ser multiplicados pela mesma constante k. Entretanto,
escolhendo k de forma adequada, podemos (se for conveniente) sempre
supor que a^ + b^ = 1. Por exemplo, a reta 3a;+4y = 10 é a mesma que
(3/5)ar+ (4/5)y = 2, e agora (3/5)^ + (4/5)^ = 1. (O truque é dividir
os coeficientes a, 6 e c por + b^.) Quando se tem + 6^ = 1, a
fórmula anterior diz que a distância entre as linhas de nível a x + by = c
e a x + by = c* é simplesmente |c —c'|.
A distância do ponto P = (xo,yo) à reta a x + by = c obtém-se
como caso particular da fórmula anterior, simplesmente observando que
P está no nível üxq -F byo da função (p[x,y) = a x + by. A distância
do ponto P à reta r cuja equação é ax + by = c é, portanto, a distância
entre as linhas de nível c e c' = axQ -t- byo, ou seja:
\axQ + byo - c\
d (P ,r) =
y/a"^ + b“
^
54 Distância de um ponto a uma reta

Fig. 15.2 - Distância de um ponto a uma reta.

Exemplo 1. A distância do ponto P = (xo,yo) à reta y = x (diagonal


do plano) é \x q — yo\/V 2, enquanto a distância do mesmo ponto à reta
y = — X (perpendicular à diagonal) é |a:o + 2/o|/v^- Observe que o sinal
da diferença y o — X q é positivo quando o ponto (a^oí/o) está acima da
reta y = x e negativo abaixo. Analogamente, a soma xo + yo é positiva
quando o ponto (xo,í/o) está acima da reta y = - x e negativa quando
está abaixo.
Exemplo 2. (Equações das bissetrizes dos ângulos formados por 2 retas.)
Sejam r c s retas de equações o x + 6 y = c e a 'x + P y = P. A união das
duas bissetrizes dos ângulos formados por r e 5 é o conjunto dos pontos
equidistantes de r e 5.
Logo, as bissetrizes são representadas pela equação
\ax -\-hy - c\ _ \afx + bfy - c'|
(♦)
'V a ‘^ + W ' ~ + (i')^

Um ponto (x, y) satisfaz a (*) se e somente se satisfaz a uma das


Distância de um ponto a uma reta 55

seguintes equações:
a x + hy - c _ a’x + b*y - c'
v/a^ + 6^ + (6')^
ou
a x + by - c a 'x + 6'y —c'
V ^IT T ¥ V W + W ‘
Cada uma destas 2 equações representa uma das retas bissetrizes.
Como sabemos, não há perda de generalidade em admitir que +
6^ = [a')^ + (6^)^ = 1. Então as equações das bissetrizes assumem o
aspecto mais simples:
(a —a*)x + (6 —b*)y = c — c'
(a + a ')x + (6 + b‘)y = c - c'.
Vê-se que
{a —a ')[a + a ‘) + {b—b'){b+b') = —{a')^ + b^ —{b')^ = 1 —1 = 0.
Portanto as duas bissetrizes são perpendiculares. Isto comprova al-
gebricamente um resultado conhecido da Geometria Elementar.
1 6 • Sistemas lineares com duas incógnitas

Um sistema de duas equações lineares com duas incógnitas


a x + by = c
{ a'x + b'y = c' iS )

é o problema que consiste em achar números x, y que cumpram simulta­


neamente as duas condições acima. Uma solução do sistema (5) é um
par (x,í/) para os quais as igualdades (íS) são satisfeitas. Procurar as-
soluções de (5') equivale a tentar achar um ponto do plano que esteja
simultaneamente nas retas a x + by = c e a 'x + b'y = c'.
Do ponto de vista geométrico, o sistema (iS) tem uma única solução
quando as retas dadas são concorrentes, nenhuma solução se elas são pa­
ralelas e uma infinidade de soluções quando essas retas coincidem. Nossa
discussão anterior sobre retas paralelas e coincidentes nos leva às con­
clusões que se seguem.

Fíg. 16.1 - As três possibilidades para um sistema de duas equações com duas incógnitas,
visto geometricamente.

Do ponto de vista algébrico, o sistema (S') tem uma única solução


(é determinado) se, e somente se, aô' - ba! 7^ 0. Neste caso, a solução
(x, y) é dada explicitamente pelas expressões:
cV —bc* ac' —ca'
X = e y=
abf — ba' ab' — b a ''
Sistemas lineares com duas incógnitas 57

Ainda do ponto de vista algébrico, o sistema (á") não possui solução


quando se tem ab' —ba' = Oe cbf —b c ' ^ 0 (ou, o que é o mesmo, oc' —
ca' 7^ 0). Neste caso, diz-se que o sistema é impossível, ou incompatível.
Isto equivale (multiplicando a primeira equação por um k conveniente) a
se ter um sistema do tipo
/ ç n j a 'x -f b'y = kc
'x + b'y = c', ^
onde os primeiros membros das equações são iguais mas c' kc, isto é,
os segundos membros são diferentes. Evidentemente não há valores de x
e y que cumpram essas condições.
Finalmente, o sistema (5') admite uma infinidade de soluções quando
ab' — ba' = ac' —ca' = bc' — cb' = 0,
o que equivale a dizer que, para um certo k ^ 0 , tem-se a' = ka, 6' = kb
c c' = kc. Isto significa que as 2 equações de ((S) são, na realidade, uma
só: a segunda foi obtida da primeira multiplicando-a por k.
A seguir, algumas palavras sobre sistemas com mais de duas equações
lineares a duas incógnitas. Por exemplo, três equações como
a x + by = c
(T) < a 'x + bly = c' (T)
a"x + 6"y = d'.
Geometricamente, uma solução do sistema (T) é um ponto que
pertença simultaneamente às 3 retas que essas equações representam. Evi­
dentemente, 3 retas no plano, mesmo quando nenhuma delas é paralela a
uma outra, podem não ter um ponto em comum. (Podemos até mesmo di­
zer que este é o caso mais freqüente.) Por simplicidade, suponhamos que
no sistema (T) não haja retas paralelas nem coincidentes. (No primeiro
caso (T) seria incompatível e o segundo caso reduz-se ao sistema (<S) já
estudado.) Então, pelo fato de as 2 primeiras retas serem concorrentes,
temos abf — ba' ^ 0. Portanto o sistema

í a • m + a'n — a"
6 • m -1- tín = tí'
possui uma solução única (m, n). A questão agora é saber se temos
também c" = c-m -\- c' -n (com estes mesmos m e n). Se esta condição
for satisfeita, uma substituição direta, no sistema (T), de a" por am+a*n,
hf por bm + b'n e c'^ por cm + c'n. mostra que toda solução (x, y) das
duas primeiras equações é também solução da terceira.

Fig. 16.2

Reciprocamente, se o sistema (T) admite a solução [xQ^yo) e valem


a'* = a m + a*n, b*^ = bm + b^n

então
= a ” aro + f>"yo = (otn + a'n)xQ + {bm + b^n)yo =
= {axo + byo)m + (a'aro + b'yo)n = cm + c'n.

Conclusão: Quando as três retas do sistema (T) são duas a duas


concorrentes existem sempre números m , n tais que a '' = a m + a'n ,
b" = bm + hfn. O sistema (T) admite uma (única) solução se, e so­
mente se, tem-se c'' = cm -f- d n (com os mesmos valores de m e n).
O caso em que se tem mais de três retas reduz-se a este: para cada reta
além das duas primeiras, com equação, digamos, õar -|- 6y = c, existem
r, 5 G R tais que ã = ra + sa', b = rb + sb‘ c então, a condição para
que o sistema seja compatível é que se tenha também c = rc + 5c'.
Sistemas lineares com duas incógnitas 59

Antes de encerrar esta seção, faremos alguns comentários a respeito


dos métodos de resolução de um sistema com 2 incógnitas.
O processo mais eficiente é o de eliminação, em que se adicionam
múltiplos apropriados de cada equação de modo a obter uma equação
em que o coeficiente de uma das variáveis seja nulo (o que permite a
determinação imediata da outra variável). O mesmo processo, essencial­
mente, é usado para resolver sistemas com mais de 2 incógnitas.
A forma correta de encarar este processo consiste em vê-lo como
produzindo uma seqüência de sistemas equivalentes, isto é, que possuem
exatamente o mesmo conjunto-solução do sistema original. O processo
termina quando a solução do sistema obtido pode ser obtida de forma
trivial.
A propriedade fundamental, que serve como base para a obtenção
dos sistemas equivalentes, é a seguinte:
Ao se substituir uma equação de um sistema de equações lineares
pela soma de um múltiplo não nulo desta equação com uma combinação
linear das demais obtém-se um sistema equivalente.
Por exemplo, dado o sistema

í a x -\-b y = c
a!X -|- 6'y = c',
o sistema obtido substituindo a segunda equação por m vezes a 1- mais
n vezes a 2—(onde n ^ G )
a x-\-b y = c
[am -|- a^n)x + [bm + b*n)y = cm -f- c'n
é equivalente ao sistema original.
(Se m c n são escolhidos de modo que am -f a*n seja igual a zero,
o segundo sistema poderá ter sua solução obtida de forma trivial, já que
a segunda equação determina o valor de y.)
De fato, dada uma solução (xq, j/o) do sistema original, ela satisfaz
ambas as equações do sistema modificado: a primeira equação já ocorria
no sistema original, enquanto na segunda equação temos
(am -f <^n)xQ -f- [bm 4- b'n)yQ =
= m (axo -I- byo) n[a'xo b'yo =
= cm -h c'n.
Reciprocamente, toda solução do sistema modificado é também so­
lução do sistema original, já que a 2 - equação do sistema original pode
ser obtida multiplicando a 2^ equação do sistema modificado por l / n e
subtraindo a 1- equação multiplicada por m jn .
Geometricamente, a passagem do sistema original para o modificado
significa substituir uma das retas por uma outra, mantendo o conjunto-
solução. No caso de um sistema correspondente a duas retas concorrentes,
uma das retas é substituída por outra, ainda contendo o ponto de interseção
original.
Exemplo 1. Ao resolver o sistema
2x + y = A
í 3 r r - y = 1,
poderiamos substituir a 2—equação pela soma dela com a 1—, obtendo
í 2x -f j/ = 4
l5 z = 5
Em termos geométricos, isto equivale à transformação representada
na figura 16.3. Note que o ponto de interseção é mantido.

Fig. 16.3 - Resolvendo um sistema de equações lineares.

Como vimos nos parágrafos precedentes, dadas duas retas concorren-


Sistemas lineares com duas incógnitas 61

tes r e 5, de equações a x-\-b y = c t c lx + = c', a equação


m [a x + 6y —c) + n [a 'x + h'y — c’) = 0 (*)
(onde m e n são reais não ambos nulos) representa uma terceira reta t,
passando pelo ponto de interseção de r e 5. A equação (*) é chamada de
equação do feixe de retas determinado por r c s.
1 7 • Equações paramétricas

Sejam f , g : I R funções reais da variável real t, cujo domínio é o


intervalo / C R. As equações

x = y ^ g { t)
permitem associar a cada valor de f no intervalo I o ponto (aj, y) =
(/(< ),y (í)) do plano. Imaginando t como o tempo, essas equações des­
crevem o movimento de um ponto no plano: em cada instante t o ponto
ocupa uma posição bem determinada {x,y).
O conjunto L de todos os pontos obtido quando t per­
corre o intervalo I, é uma linha plana, chamada a trajetória do movimento.
As equações x — f { t ) , y = g{t) são equações paramétricas da linha L.
Movimentos diferentes podem ter a mesma trajetória, pois o mesmo ca­
minho pode ser percorrido de maneiras diversas.
Exemplo 1. As equações paramétricas x = cos í, y = sen í, 0 < í < tt,
descrevem o semi-círculo superior de centro na origem e raio igual a
1. (Veja Fig. 5.1) A trajetória do movimento definido pelas equações
X = cos TTÍ^, y = sen —1 < < < 1, é também o mesmo semi-círculo,
porém agora percorrido de modo bem diferente. No primeiro caso, quando
í vai de 0 a 7To ponto (cos í, sení) descreve o semi-círculo no sentido
positivo, passando uma só vez por cada ponto. No segundo caso, quando
< vai de —1 até 0, o valor ttí^ decresce continuamente de tt a 0, logo
o ponto (cos7TÍ^,sen7rí^) descreve o semi-círculo no sentido negativo,
passando por cada ponto uma só vez. Mas se t prosseguir crescendo
de 0 a 1, vemos que cresce de 0 a tt e o ponto (cos7r<^,sen7rí^)
percorre de volta seu caminho inicial, passando novamente pelos mesmos
pontos, até acabar onde começou, no ponto (-1 ,0 ). Assim as equações
paramétricas x = cos í, y = sení, 0 < í < tt definem a mesma trajetória
que as equações x = costtí^, y = senvrí^, - 1 < í < 1, porém os dois
movimentos são bastante diferentes.
O movimento mais simples e natural cuja trajetória é uma linha reta
Equações paramétrlcas 63

é O movimento retilíneo uniforme, cujas equações paramétricas são


x = a + c/, y = b + d t, teR.
Mostraremos agora que sua trajetória, ou seja, o conjunto dos pontos
(a + ct,b + dt) do plano, quando t assume todos os valores reais, é de
fato uma linha reta.
Com efeito, se c = 0 então x = a é constante e y = b + dt assume
todos os valores reais quando í € R. Logo, para c = 0, as equações
acima descrevem uma reta vertical. Se, porém, temos c ^ 0 então a
primeira equação nos dá f = {x - a)/c. Substituindo este valor na
segunda equação, obtemos

y = 6+ - ( x - a ),
c
portanto as equações paramétricas x = a + ct, y = b + dt, t & R,
descrevem a linha reta que passa pelo ponto (a, 6) (no instante í = 0) e
tem inclinação djc. Se quisermos que nossa caracterização inclua também
o caso c = 0, diremos que esta é a paralela tirada pelo ponto (a, b) à reta
que passa pela origem e contém o ponto (c, d).

Fíg. 17.1 - As equações paramétricas x = 2 + 3í, y = 3 + descrevem a reta que passa


pelo ponto ( 2 , 3 ) e tem inclinação l / 3 .

Dada uma constante arbitrária k, as equações paramétricas x = a-\-


kct, y = b + kdt, / € R representam a mesma reta L que as equações
64 Equações paramétricas

X = a + ct, y = b dt. Agora, porém, a “velocidade de percurso” é


outra. Também se vê facilmente que, se tomarmos outro ponto (a', 6') na
reta L, as equações paramétricas x = a' + ct, y = + dt ainda têm L
como trajetória.
Como ilustração, obtenhamos as equações paramétricas da reta que
passa pelos pontos P i — (a;i,yi) e P2 = (2^252/2)- Essa reta passa pelo
ponto P i e tem inclinação igual a (2/2 ~ y í ) / i x 2 — x i), caso se tenha
x i ^ X2 - Logo suas equações paramétricas podem ser tomadas na forma

X = Xi + t(x2 - Xi) = (1 - t ) x i + t X2

2/ = 2 /1 + í ( y 2 - yi) = (1 - t)yi + ty2-

Se tivermos x i = X2 n reta procurada será vertical. Note-se que as


equações acima cobrem também este caso, pois (l - <)xi -|- tX 2 = x i =
X2 caso se tenha x i = X2 -
Evidentemente poderiamos ter optado pelas equações paramétricas.

X = X 2 + t { x i - X2 ) = (1 - t]x2 + tXi

y = y 2 + t[y 2 - y \) = (i - t)y 2 + t y u

que descrevem a mesma reta, porém no sentido contrário: no primeiro par


de equações o movimento vai de P \ para P2 enquanto que no segundo, o
ponto movimenta-se de P2 para P\.
A forma paramétrica de representação de uma curva aparece natural­
mente na obtenção de certos lugares geométricos, como ilustra o exemplo
a seguir.

Exemplo 2. Determinar o lugar geométrico dos pontos P do plano tais


Equações paramétricas 65

que o ângulo A P B é reto, onde A = (—l , 0 ) e J 5 = (liO) (figura 17.2)

Fig. 17.2 - Um lugar geométrico.

É fácil ver que o lugar geométrico pedido é a circunferência de


diâmetro A B , isto é, a circunferência de raio unitário centrada na ori­
gem. Utilizaremos este exemplo para obter uma forma paramétrica para
a equação do círculo diferente das vistas no Exemplo 1.
Cada reta não-vertical que passa por A tem equação y = í(a; -|-1),
ou t x — y = —t, onde t é sua inclinação. As perpendiculares a esta reta
têm inclinação —1/< (para t ^ 0). Logo, a perpendicular conduzida por
B tem equação y = { - l / t ) { x - 1), ou a: -H <y = 1.
As coordenadas do ponto P são, pois, obtidas através do sistema
tx - y = - t
{
x + ty — 1

1 -P 2t
e são dadas por x =
Para í = 0, as expressões fornecem x = l e y = 0, o que são as
coordenadas de B . Desta forma, os pontos P = (a;,y), com
l-í2
X =
i + t^ t e R
2t
y=
são as extremidades das cordas conduzidas por A à circunferência unitária.
66 Equações paramétricas

Logo, estas são as equações paramétrícas da circunferência unitária, ex­


cluído o ponto A . Este ponto A , porém, pode ser obtido tomando o limite
quando t oo das expressões das coordenadas.
É interessante comparar esta forma paramétrica com a obtida ante­
riormente:

A.
í:
^ X = COS(
y = sen 6 ,
0 < 6 < 2 jt

figura 17.3 mostra a conexão entre estas duas formas de parame-


trizar a circunferência unitária.

Fig. 17.3 - Parametrizações da circunferência.

o parâmetro í, da forma como foi introduzido neste exemplo, é a tan­


gente do ângulo a, o qual é igual a 6 / 2. As duas. formas de representação
estão portanto relacionadas através da expressão f = tg (^ /2 ). As identi­
dades
l- ( 2 _ 1 -tg ^ l
X = COS u =
1 + 1 -f tg 2 1 ’
^ 2í 2 tg ^
y = sen 6 = ------- —--------- —
í + 1 -t- tg^ f ’
refletem resultados bem conhecidos da Trigonometria.
Exercícios da Primeira Parte

2.1 Defina a distância orientada p{A^ B ) entre dois pontos A , B àã reta


orientada r pondo p { A ,B ) = à { A ,B ) se A estiver à esquerda de 5 e
p íA ,B ) = - d { A y B ) se A estiver à direita de B . Prove que se tem
p (j4, B ) + p {B , C) + p(C , A) = 0 para quaisquer pontos A , B c C dà
reta r.
2.2 Sejam a e 6 respectivamente as coordenadas dos pontos A & B
do eixo E . Determine a coordenada do ponto médio do segmento A B .
Generalizando, obtenha as coordenadas dos n — 1 pontos que dividem
esse segmento em n partes iguais.
2.3 Sejam A, B e X pontos do eixo E , com coordenadas a, 6 e x
respectivamente, sendo a < x < b. Diz-se que X divide o segmento A B
em média e extrema razão quando
d(^,J5r) _ d { A ,B )
d { X ,B ) d { A ,X ) ’
Supondo que X divida A B em média e extrema razão, determine x em
função de a e 6.
2.4 Sejam a e 6, com a < 6, as coordenadas dos pontos A e B res­
pectivamente, no eixo E . Prove que, para todo ponto X em E , com
coordenada x, existe um único número real t tal que x = [1 — t)a + tb.
Tem-se í < 0 quando X está à esquerda de ^4, í > 1 quando x está à
direita d e B e O < í < l quando X pertence ao segmento de reta A B .
Neste último caso, t = d[A , X ] / d{A , B ).
2.5 Sejam s ^ t: E —> ■E respectivamente a simetria em tomo do ponto
A e uma translação do eixo E . Prove que, para todo X em E , tem-se
d (X ,5 (X )) = 2 • d (X ,yl) enquanto d (X ,í(X )) = |a|, onde a é a
constante associada à translação t.
2.6 Seja f : E ^ E uma isometria do eixo E , diferente da função
identidade. Se / admitir algum ponto fixo então / é uma simetria e esse
ponto fixo é único. Se / não tiver ponto fixo então é uma translação.
68 Exercícios da Primeira Parte

2.7 Prove que se s, são simetrias e t, t* são translações, então so s*


e to t* são translações c s o t, t o s são simetrias.
3.1 Diz-se que os pontos A e A* são simétricos em relação à reta r
quando r é a mediatriz do segmento AA*. Ache o simétrico do ponto
A = (ar, y) em relação à reta horizontal y = 6 e em relação à reta
vertical x = a.
3.2 Mostre que o conjunto dos pontos P = (ar, y) tais que ar^ -|- y^ = 1
contém pontos no primeiro, segundo e quarto quadrantes mas não no
terceiro.
3.3 Mostre que o conjunto dos pontos P = (x, y) tais que + y^ = 1
contém pontos nos quatro quadrantes, é limitado e é simétrico em relação
a ambos os eixos. Determine os pontos de maior e menor ordenadas'nesse
conjunto.
3.4 Em cada um dos casos abaixo esboce o subconjunto do plano for­
mado pelos pontos cujas coordenadas (x, y) cumprem as condições aí
especificadas:
(a) |x| < 1 e |y| < 1;
(b) \x — a \ < r t \ y — h \< r ,
(c) X > o e y > 6;
(d) y > X -f 1;
(e) a < x < b t c < y < d ;
(f) X -I- y < 1.
3.5 Sejam X = {(x ,y );x ^ + y^ < 1}. 3^ = {(x ,y );x ^ -f y < 1},
W = { (x ,y );x y = 2} e Z = {(x, y); |x| -b |y| = 1}. Esboce esses
conjuntos. Prove algebricamente (sem usar as figuras) que Z G X , que W
não possui pontos no segundo nem no quarto quadrantes e que a interseção
de y com o eixo das abcissas é o intervalo [—1,1] desse eixo.
3.6 Para todo número real x 0, mostre que o segmento O P , onde
P = (x ,x ), forma ângulos iguais com os eixos coordenados. Conclua
que os pontos P = (x, x) estão todos sobre a mesma reta, chamada
a diagonal do plano. A partir daí, deduza que o conjunto dos pontos
(x ,x -|- 3), onde x varia entre os números reais, é uma reta paralela à
diagonal.
3.7 Prove que o conjunto dos pontos Q = (—x ,x ), x G R, é uma reta,
bissetriz do segundo e do quarto quadrantes.
Exercícios da Primeira Parte 69

3.8 Seja P = (x, y) um ponto do segmento de reta P 1 P 2 , onde P \ =


(2^15 í/i) e P2 = (2^212/2)- Se X = (1 - <)xi + tX 2 , prove que 0 < í < 1
e j/ = (1 —t)y i + ty 2 - Reciprocamente, mostre que se x e j/ têm as
expressões acima então P = (x, y) pertence ao segmento de reta P1P2.
3.9 Para cada uma das equações a seguir, descreva o conjunto dos pontos
P = (x, y) cujas coordenadas satisfazem a condição expressa por essa
equação:
(a) x^ —5x + 6 = 0;
(b) y^ - 6 y + 9 - 0 ;
(c) 3x^ + 4x + 6 = 0.
3.10 Use o fato de que cada lado de um triângulo é menor do que a
soma dos outros dois para provar que se tem

(x + u)2 + (y + v Y < \Jx^ + y^ + a/ w^ +

sejam quais forem os números reais x ^ y ^ u t v . Dê também uma demons­


tração algébrica para a desigualdade acima.
3.11 Se .<4 = (x i,j/i) t B = (x2,í/2). determine as coordenadas
do ponto médio do segmento de reta A B . Mais geralmente, ache as
coordenadas dos n —1 pontos que dividem o segmento A B cm n partes
iguais.
3.12 Diz-se que os pontos A c A ' são simétricos em relação ao ponto O
quando O é o ponto médio do segmento >1^4'. Conhecidas as coordenadas
de j4 e O calcule as coordenadas de A'.
4.1 Qual o ponto da reta diagonal y = x mais próximo do ponto P =
(0,6)7
4.2 Sejam P c Q pontos distintos do plano. Considerando um sistema
de eixos apropriado, prove que o conjunto dos pontos do plano que distam
igualmente de P e Q é a perpendicular pelo ponto médio do segmento
PQ-
4.3 Dados X ^ y, mostre que os pontos P = (x, y), Q = (x, x),
R = [y^x] c S = (y, y) são vértices de um quadrado. Conclua daí que
(y, x) é o simétrico do ponto (x, y) em relação à reta diagonal do plano.
70 Exercícios da Primeira Parte

4.4 Indicando com P* = (—y, x) o ponto obtido do ponto arbitrário


P = (x, y) pela rotação positiva de 90® em torno da origem, mostre que
se tem d (P * ,Q * ) = d (P ,Q ) para quaisquer pontos P , Q do plano.
4.5 Dados os números a ,b e c , seja X o conjunto dos pontos P = (x, y)
do plano tais que + y^ + ax + by + c = 0. Complete os quadrados
e conclua que se + 6^ — 4c > 0 então X é uma circunferência.
[“Completar o quadrado” é escrever x^ + a x = (x + o,/2)^ — a^/4.]
4.6 Que acontece com o conjunto X do exercício anterior quando +
b^ = 4c ou quando a^ + b^ < 4c?
4.7 Dados os pontos >1 = (a,0) e P = (—a, 0), determine y de modo
que o ponto P = (0, y) seja o terceiro vértice do triângulo equilátero
ABP.
4.8 Ache as equações das circunferências que tangenciam o eixo vertical
no ponto O — (O, O).
4.9 Para cada uma das condições abaixo, determine o conjunto dos pontos
P = (x, y) cujas coordenadas cumprem aquela condição
(a) x^ + y^ = x;
(b) x^ + y^ + y = 0;
(c) x^ + y^ + X + y = 0;
(d) x^ + y^ + X + y + 1 = 0.
4.10 Dado o triângulo A B C , tome um sistema de eixos no qual as
coordenadas dos vértices são A = (o,0), P = (6,0) e C = (0,c).
Supondo que as medianas que partem dos vértices A e P são iguais,
prove que os lados A C e B C são iguais, logo o triângulo é isósceles.
4.11 Sejam A = (—r, O) e P = (r,0). Use a recíproca do Teorema de
Pitágoras para provar que, seja qual for o ponto P = (x, y) da circun­
ferência de centro O e raio r, o ângulo A P P é reto.
4.12 Seja X o conjunto dos pontos P = {x ,y) do plano ta i^ u e a
razão das distâncias de P aos pontos A = ( - 1 ,0 ) e P = (liíO) é igual
a 2. Prove que X é uma circunferência. Generalize.
4.13 Ache os pontos de interseção da circunferência x^ -1- y^ = 2 com
a hipérbole xy = 1. Idem da parábola x^ = 4y com a reta x + y = 3.
Exercícios da Primeira Parte 71

4.14 Prove que os pontos P = (ar, y), Q = {vj,z) e O = (0,0)


são os wrtices de um triângulo equilátero se, e somente se, ar^ + y^ =
= 2( xií; + y z ) .
4.15 Reescreva o polinômio + y^ — 2xy + 5ar —5y + 6 sob a forma
—5w + 6 e conclua que a equação x^ + y^ —2 xy + 5ar —5y + 6 = 0
representa um par de retas paralelas.
4.16 Qual o conjunto dos pontos (x, y) cujas coordenadas cumprem a
condição + y^ + 2xy + 6x + 6y + 9 = 0?
4.17 Obtenha a equação da circunferência passando pelos pontos (—1,0),
(0,1) e (1,0). Idem pelos pontos (1,1), (2,1) e (0,0).
5.1 Se o ponto (x, y) pertence ao gráfico da função /( x ) = ax^+ bx+ c,
mostre que o ponto (—x —b fa ,y ) também pertence. Mostre que estes
dois pontos são simétricos em relação a reta x = —6/2a.
5.2 Use o método de completar o quadrado (V. Exerc. 4.5) para provar
que x ^ + p x + q = (x + p /2 )^ + (4 ç—p^)/4 e, mais geralmente, quando
a ^ 0 , que
ax^ + 6x + c = a[(x + b/2a)^ + (4ac —6^) /4a^].
Conclua daí que ( - 6 /2 a , (4ac - 6^)/4 a) é o ponto de menor ordenada
do gráfico de / (x) = ax^ + 6x + c quando o > 0 e é o ponto de maior
ordenada nesse gráfico quando a < 0.
5.3 Seja y = ax^ + 6x + c a equação de uma curva relativamente ao
sistema de eixos ortogonais O X Y . Tome um novo sistema 0 ' X ' Y ‘,
com origem no ponto O' = { -b f2 a , (4ac —6^)/4 a ) e eixos paralelos,
igualmente orientados, a O X e O Y . Mostre que a equação da mesma
curva no novo sistema é y' = ax'^.
5.4 Determine a função / : R ^ R cujo gráfico é o conjunto
G = {(a:,y) e R^; (x^ + y^)(xy - 1) = 0}.

6.1 Qual a abcissa do ponto de interseção da reta y = a x-\-b com eixo


horizontal?
6.2 Qual a abcissa do ponto onde a reta de inclinação a, passando pelo
ponto P = (xo,yo), corta o eixo horizontal? Mesma pergunta para o
eixo vertical.
72 Exercícios da Primeira Parte

6.3 Suponha que as retas y = a x + b c y = a!x + bf tenham ambas


inclinação diferente de 1. Que condições devem cumprir seus coeficientes
a fim de que elas se encontrem sobre a diagonal y = x l
6.4 Dado um triângulo A B C , escolha os eixos de modo que A = (a, 0),
5 = (6,0) e C = (0,c). Determine as coordenadas dos pontos médios
dos lados desse triângulo. Obtenha as equações das medianas. Mostre
que duas delas se intersectam no ponto ((a + 6)/3, c/3) e verifique que
este ponto pertence também à terceira mediana. Mostre que o ponto de
interseção das medianas divide cada uma delas na razão 2:1.
6.5 Dada uma circunferência de raio r e um ponto P fora dela, situado à
distância d do centro, tome um sistema de eixos coordenados cuja origem
seja o centro da circunferência e no qual as coordenadas de P são (d,0).
Mostre que as tangentes à circunferência traçadas pelo ponto P têm pontos
de contacto {x,y) e [xl,y'), onde x — x! = r ^ /d c y' = —y, com
y = [r/d) y/d^ — r^. Ache as equações dessas tangentes.
6.6 Aprende-se no Cálculo elementar que a inclinação da reta tangente
no ponto (x, x^) ao gráfico da função f { x ) = x^ é igual a 3x^. Use este
fato para determinar os valores de a para os quais a equação x ^ - x - a = 0
tem uma, duas ou três raízes reais. (Lembre-se que as raízes dessa equação
correspondem às intereeções da reta y = x 4- a com o gráfico de /.)
6.7 Qual a abcissa do ponto em que a tangente ao gráfico de / (x) = x^
no ponto (x, x^) corta o eixo horizontal?
7.1 Dados A = ( - 1 ,3 ) , B = (2,2), C = ( - 2 ,2 ) t D = ( x , - l ) ,
atribua um valor para x de modo que o quadrilátero A B D C tenha pelo
menos um par de lados paralelos. Decida se o resultado foi um paralelo-
gramo ou um trapézio.
7.2 Seja r uma reta do plano. Dados os números p t q, seja s o conjunto
dos pontos (a; -f p, y -I- ç), onde (x, y) pertence a r. Prove que s é uma
reta paralela a r.
7.3 Considere a faixa F , formada pelos pontos situados entre a^tetas
paralelas y = ox -|- 6 e y = ax -f 6', com 6 < bf. Mostre que o ponto
(x, y) pertence à faixa F se, e somente sc, b < y - a x < F.
7.4 Com a notação do exercício anterior, mostre que a reta y — cx + d
está contida na faixa F se, e somente sc, c = a c b < d < b'.
Exercícios da Primeira Parte 73

7.5 Prove que se as retas r c s não forem paralelas então, por maior que
seja o número real positivo c, existem pontos (rr, j/) em r e (rc, y') em s,
com a mesma abcissa x, tais que \y — y'\ > c.
8.1 Em que ponto corta o eixo das abcissas a paralela à reta y = a x
tirada pelo ponto (6,6)? (Suponha a ^ 1.)
8.2 Dado o triângulo A B C , com A = (1,2), B = (—1,3) c C =
(0,4), determine a equação da reta paralela à base B C que passa pelo
ponto A.
8.3 Qual a equação da paralela à reta y = —x que passa pelo ponto
(3,3)?
8.4 Dados os pontos A = (1,3), B = (3,5) e C = (2,6), determine
a equação da reta paralela a B C que passa pelo ponto D = (3 /2 ,9 /2 ).
Qual o ponto E de interseção dessa paralela com a reta A B l
9.1 Dados os pontos A — (—2,1), B = (—1,3) e C = (3,2), que
condições devem cumprir x e y para que o ponto P = (x, y) esteja no
interior do ângulo B A C l
9.2 Com os dados do exercício anterior, que condições asseguram que o
quadrilátero A B P C seja convexo?
9.3 Sejam A = {5,6) e B — (8,9). Em que ponto a reta A B corta o
eixo das abcissas?
9.4 Dados os pontos .<4 = (7,8) e .B = (15,16), diga se o ponto
C = (9 /2 ,5 ) está no interior, no exterior ou sobre o bordo do triângulo
O A B . Mesma questão para o ponto D = (10,11).
9.5 Sejam A = (1,3), B = (2,5), C = (3,4) e i? = (6,4). Qual
dos dois segmentos de reta A B c C D forma maior ângulo com o eixo
horizontal?
9.6 Sejam A = (x i,y i), B = (x2,y2), C = (x3,ya), D = (x4,y4)
pontos do plano com abcissas todas diferentes. Escreva X21 = X2 —xi,
í/21 = í/2 — í/i etc. Prove que os segmentos de reta A B t C D são
colineares se, e somente se, X32X43y2i = X43-X32-y2i = a:43-y32-X2i =
y43 ■X32 ■X21
0.7 Com a notação do exercício anterior, prove que os segmentos AB e
CD são paralelos se, e somente se, X43 •j/21 = 2/43 •^ 2 1 j/32 •X21 ^
^Z2 • 2/21-
9.8 Chama-se tangente a uma parábola a reta que não é paralela ao eixo
e que tem apenas um ponto em comum com essa curva. Mostre que a
tangente à parábola y = ax^ passando pelo ponto P = (xojOXq) ® ^
reta que liga esse ponto ao ponto Q = (0, - o^ q).
10.1 Dados A = (x i,y i), B = (x2,j/2) e P = (a;o)2/o). escreva a
equação da reta que passa pelo ponto P t é perpendicular a A B .
10.2 O simétrico do ponto P = (x,y) em relação à reta y = a x
é o ponto P ' = (x*,y') tal que essa reta é a mediatriz do segmento
P P ‘. Exprima a condição para que a reta y = ax seja perpendicular ao
segmento PP' e, em seguida, a condição para que o ponto médio de P P ‘
esteja sobre essa reta. Use essas duas equações para obter as coordenadas
a/, y' do ponto P ' em termos de a, a; e y.
10.3 Seja S uma semi-circunferência de raio r e extremidades A e
B. Escolha um sistema de eixos adequado, tome um ponto arbitrário
P = (x, y) sobre S e verifique que os segmentos AP e P B são perpen­
diculares, logo o ângulo A P B é reto.
10.4 Para provar, usando .Geometria Analítica, que as três alturas de um
triângulo ABC se encontram no mesmo ponto, chamado o ortocentro
do triângulo, tome um sistema de eixos ortogonais onde A = (a,0 ),
P = (6,0) e C = (0,c). Uma das alturas de ABC é o eixo OY.
Obtenha as equações das outras alturas e mostre que elas passam pelo
mesmo ponto de OY. Determine a ordenada desse ponto.
10.5 Ache os comprimentos das alturas do triângulo A B C , onde A =
( 2 ,0 ) ,P = ( 3 ,5 ) e C = ( - l,2 ) .
10.6 Dados os pontos A = (a, 6) e P = ( - 0 , -6 ), determine as coord^
nadas do ponto P = (x, y) de modo que o triângulo A BP seja e q u ilát^ .
[Há duas soluções, (x,y) e ( - x , - y ) . Para obtê-las, observe que y =
- a x jb , e escreva explicitamente a igualdade d (P , A )^ = d (A ,P )^ .]
10.7 Dados dois pontos quaisquer A = (a,6) e P = (c,d), determine
as coordenadas do ponto P = (x,y) de modo que o triângulo A B P
Exercidos da Primeira Parle 75

seja equilátero. [Reduza ao exercício anterior considerando o triângulo


onde = ((a —c )/2 , (6 —d l/2 ), P ' = ((c —a )/2 , (d —6)/2)
e P ' = ( i - (a + c )/2 , y - (6 + d)/2).]
11.1 Duas linhas de diferentes níveis da mesma função podem ter pontos
em comum?
11.2 Determine uma função cujas linhas de nível são as parábolas y =
+ c.
11.3 Quais são as linhas de nível da função / (x, y) = + 2xy + y^7
11.4 Qual a linha de nível zero da função / ( x ,y ) = y^ —x^ + x^y —
xy^ + X - y?
11.5 Quais são as linhas de nível da função / (x, y) = x^ —y^ + 3xy^ —
3x2y?
11.6 Esboce as linhas de nível da função / ( x ,y ) = (x - 1)^ + y.
11.7 Ache a curva de nível —1 da função / ( x , y) = x^ —y^ + 2x.
12.1 Mostre que a equação da reta que corta o eixo horizontal no ponto
de abcissa a t o eixo vertical no ponto de abcissa b, com a t b diferentes
de zero, é x /a y fb = 1.
12.2 Determine os pontos em que a reta de equação a x + 6y = c
intersecta os eixos.
12.3 Mostre que o conjunto dos pontos cujas coordenadas (x,y) satis­
fazem a equação 9x^ —12xy -|- 4y^ —9x -f 6y + 2 = 0 é um par de
retas paralelas.
12.4 Fatore o polinômio x^ —y^ -F 2y — 1 e, a partir daí, identifique
o conjunto dos pontos cujas coordenadas (x,y) satisfazem a equação
x ^ - y ^ + 2y = 1.
12.5 Uma reta corta os eixos nos pontos (6,0) e (0,3). Outra nos
pontos (3,0) e (0 ,-6 ). Qual o ângulo entre essas retas?
12.6 Prove que a reta a x + by = c não contém pontos do primeiro
quadrante se, e somente se, a e 6 têm ambos sinais contrários ao sinal de
c. Dê exemplos numéricos.
76 Exerdcios da Primeira Parte

12.7 Mostre que a equação da reta tangente à circunferência (ar - o)^ +


(y - 6)^ = passando pelo ponto P i = (x i,y i) dessa circunferência
é (xi - a )(x - a) + (yi - b){y - b) = r^.
12.8 Mostre que a equação da mediatriz do segmento A B , com A =
a ijC j) t B = (61,62) ® (61 —a \) x + (62 —a ^ y = c, onde 2c =
+ 61) (61 —a i) + (fl2 + 62) (62 —^2)*
13.1 Um conjunto C de pontos do plano é convexo se, dados dois pontos
quaisquer P t Q pertencentes a C, o segmento de reta P Q está contido
em C. Mostre que o conjunto de soluções de um sistema de desigualdades
lineares é um conjunto convexo.
13.2 Esboçe o gráfico do conjunto de soluções de cada um dos sistemas
de desigualdades lineares a seguir:
1 / 2x + y > 4
-2x + y > 4
í x + y >1
6) < y > X
l y > 2x - 2
13.3 Esboçe o gráfico do conjunto de pontos P = (x, y) do plano que
satisfazem a desigualdade |x| + |y| < 1.
13.4 Resolva o seguinte programa linear: minimizar x + 2y, sujeito a
x+ y > 1
- x + y > -1
ar > 0, y > 0
13.5 No exercício anterior, o que ocorre se o objetivo for maximizar
X+ 2y, sujeito às mesmas restrições?
13.6 Uma pequena fábrica de copos produz copos comuns e copos^de^
vinho. A fábrica possui uma máquina, com a qual automatiza parte do
processo de produção. A produção de uma caixa de copos comuns requer
1 hora de uso da máquina e 1 hora adicional de trabalho manual de um
operário. A produção de uma caixa de copos de vinho requer somente
meia hora de uso da máquina; em compensação, são necessárias 2 horas
adicionais de trabalho manual. Durante o período de uma semana, a
Exercícios da Primeira Parte TI

fábrica tem disponíveiss 80 horas de trabalho manual e 50 horas de uso


da máquina. O lucro na venda de uma caixa de copos de vinho é Cr$
5.000,00 e em cada caixa de copos comuns é Cr$ 4.000,00.
a) Qual deve ser a produção semanal de cada tipo de copo, de modo a
maximizar o lucro?
b) Suponha que, repentinamente, há uma falta de copos de vinho no
mercado, o que faz subir o preço de venda (e portanto o lucro) de
cada caixa de copos de vinho. Qual é o lucro máximo por caixa de
copos de vinha para que a solução encontrada em (a) continue ótima?
Se o lucro exceder este valor, qual será a solução ótima?
13.7 Considere novamente o exemplo da seção 13. Sua formulação pres­
supõe que as quantidades de cada ingrediente disponíveis para a semana
são fixas. Suponha agora, porém, que a fábrica, se assim o desejar, pode
adquirir, no mercado, quantidades adicionais dos ingredientes básicos.
a) Suponha que a fábrica obtém A Kg adicionais de carne desidratada.
Qual passa a ser a nova solução ótima? Qual é o acréscimo no
faturamento da empresa?
b) Qual é o preço máximo que a fábrica deveria estar disposta a pagar
por Kg adicional de carne desidratada?
c) Que preço a fábrica estaria disposta a pagar por Kg extra de farinha
de soja?
13.8 Uma pessoa entusiasta por complexos multivitamínicos resolveu pre­
parar seu próprio complexo, a partir de dois produtos (VITAMEX e VI-
TAMIL) disponíveis no mercado (ambos sob a forma de pó).
A tabela abaixo fornece a quantidade de cada tipo de vitamina pre­
sente em cada grama de cada produto, bem como a dosagem mínima diária
reconhecida pelos nutricionistas

VITAMIL VITAMEX Dosagem minima


Vitamina A 250 UI 500 UI 2500 UI
Vitamina D 100 UI 80 UI 400 UI
Vitamina E 4 UI 5 UI 30 UI
Vitamina C 6 mg 20 mg 60 mg
Vitamina B6 1 mg ^--------- 2 mg
Vitamina B12 3 mg — 5 mg
78 Exercícios da Primeira Parte

Cada grama de VITAMIL custa Cr$ 30,00, enquanto cada grama de


VITAMEX custa Cr$ 20,00. Determina a quantidade de cada produto a
ser ingerida diariamente, de modo a atender às necessidades nutricionais
ao menor custo possível.
13.9 Esboçe o gráfico do conjunto de soluções de cada desigualdade a
seguir:
a) 2/ <
b) + y^ > 1;
c) x"^ + —4 x + 2y — 4 < 0;
d) f i + < 1;

13.10 Defina cada uma das regiões do plano descritas a seguir por meio
de uma desigualdade ou de um sistema de desigualdades.
a) O semi-plano abaixo da reta 2x + 3t/ —6 = 0;
b) A região que consiste do interior e dos lados do triângulo de vértices
(0,0), (3,3) e (4,0);
c) A porção do interior da circunferência de centro (1,0) e reaio 1
situada acima do eixo y.
14.1 Use as condições dos Corolários 1, 1', 2 e 2' para mostrar que as
retas definidas pelas equações à esquerda são paralelas enquanto que as
retas definidas pelas equações à direita coincidem:
5x + 2y = 3 2x - 3y = 1
—15x —6y = 9 lOx —15y = 5

14.2 Sejam (p, R funções lineares (não identicamente nulas).


Prove que as linhas de nível d etp cip coincidem (mas não necessariamente
os níveis das linhas) se, e somente se, existe k tal que ip = k - (p. ^
14.3 Ache a equação da reta que passa pelo ponto P = (—1, —3) e é
paralela à reta 2x — Zy — 1.
14.4 Se as retas ax + 6y = c e a!x + P y = c' forem paralelas, prove
que, para quaisquer valores de A e /i, a reta (A a + /ia ')x + (A 6+fib^)y =
Ac + fic* é paralela a ambas ou coincide com uma delas.
Exercícios da Primeira Parte 79

14.5 Determine o valor de A para o qual a reta (l+ 2 A )x + (l-2 A )y = 1


seja paralela à reta 2x + 3y = 5.
15.1 Qual a distância entre as retas paralelas S x + 4 y = 10 e 3a:+4y =
15?
15.2 Sobre um piso horizontal, cujos pontos são dados por suas coorde­
nadas (ar,y), há um telhado plano, de tal modo inclinado que o ponto do
telhado verticalmente acima de (x, y) tem altura 2x -I- 3y -f 1. Pergunta-
se: qual o menor deslocamento que se deve dar ao ponto P = (3, l) para
obter um ponto onde a altura do telhado seja igual a 15?
15.3 No exercício anterior, quais são os pontos do piso sobre os quais a
altura do telhado é a mesma que no ponto (3, l)? Quais os pontos sobre
os quais a altura do telhado é 15? Entre estes últimos, qual o que está
mais próximo de (3,1)?
15.4 Dado um sistema O X Y de eixos ortogonais, seja O X 'Y ' um novo
sistema, no qual os eixos OX* e O Y ' coincidem com as retas y = x
e y = —X respectivamente, como no Exemplo 1 da seção 15. Se as
coordenadas do ponto P são (x, y) no sistema original, determine as
coordenadas (x*,y^) de P no novo sistema. Reciprocamente, obtenha x
e y em função de x' e y'.
15.5 Seja A o conjunto dos pontos cujas coordenadas, no sistema O X Y
do Exercício anterior, satisfazem à condição x^ -|- xy -|- y^ = 1. Usando
tí sistema O X 'Y ', identifique o conjunto A.
16.1 Mostre que as retas do feixe
m (2x -|- 6y —5) -t- n(3x -|- 9y - 1) = 0
são paralelas entre si.
16.2 Mostre que o feixe
m (2x -h 6y —5) -|- n(3x -|- 9y —3/2) = 0
reduz-se a uma única reta.
16.3 Prove que, se c ^ c' então todas as paralelas à reta a x -1- by = c
pertencem ao feixe de retas
m (a x -I- 6y —c) -|- ri{ax + by - c') = 0
80 Exercícios da Primeira Parte

16.4 Mostre que, se al/ - ba* 7^= 0, qualquer reta do plano que passa
pelo ponto de interseção das retas a x + by = c com a*x + b'y = c‘
pertence ao feixe
m {a x + 6j/ - c) + n {a'x + b*y - c') = 0

16.5 Suponha 0 6 '- 6 a '^ 0. No feixe de retas m ( a x + 6 y - c ) + n ( a 'a :+


6'y - c') = 0, procure valores de m e n que dão uma reta vertical; idem
para uma reta horizontal. (Escolha os valores mais simples e naturais.)
Como todas essas retas passam pelo mesmo ponto, a vertical dá a abcissa
e a horizontal dá a ordenada do ponto de interseção de todas elas. Mostre
que se ab* —6a' = 0 então as retas do feixe são todas paralelas (caso
ac' —ca' 0) ou se reduzem a uma única (se ac' —ca' = 0).
16.6 Ache m e n de modo que a reta
m {2 x + 3y - 5) + n(3a: + 2y - 4) = 0
seja vertical. Em seguida, dê valores a m e n de modo que essa reta seja
horizontal. Com isso, obtenha o ponto de interseção das retas 2 x + 3 y = 5
e 3a; 4- 2y = 4.
17.1 Prove que, quando 6 varia entre 0 e 27t, o ponto (a;,y) com
X = a COS d e y = bsenO descreve uma elipse.
17.2 As equações x = asecé* t y = b tg $ , com 6 diferente de —tt/2
e de 7t/2, descrevem uma hipérbole.
17.3 Use a parametrização da circunferência apresentada no Exemplo 2
para obter uma parametrização da elipse por meio de funções racionais.
17.4 Na parametrização da circunferência dada no Exemplo 2, determine
os quatro intervalos da reta real nos quais t deve variar a fim de que o
ponto correspondente (a;, y) esteja em cada quadrante do plano.
17.5 Escreva as equações paramétricas da reta que passa pelos pontos
N = (0,1) e Q = (u, 0) do plano. Mostre que, além do ponto N ,
essa reta corta a circunferência + y^ = 1 no ponto (x ,y ), onde
X = 2 u /{u ^ + 1) e y = {u^ — l) /( u ^ + 1). Em seguida, escreva as
equações paramétricas da reta que passa pelo ponto N = (0,1) e pelo
ponto P = (x, y) da circunferência x^ + y^ = 1. Mostre que esta reta
corta o eixo das abcissas no ponto £ (P ) = (u, 0), onde u = x / ( l - y).
Exercícios da Primeira Parte 81

Chame de C a circunferência unitária, de equação = 1.


Conclua que a função i'.C - { N } —> R, definida p o r ^ ( P ) = u =
x / { l —y) SC P = (x, y), estabelece uma correspondência biunívoca entre
C —{ N } e R, cuja inversa R —» C —{ N } associa a cada número real
o ponto (x,y) € C tal que x = 2 u /(u ^ + l) c y = ( u ^ -l) /( w ^ + l).
A função ^ chama-se a projeção estereográfica de C —{ N } sobre R e
sua inversa fornece uma outra parametrização da circunferência (exceto o
“polo norte” N ) por meio de funções racionais.
Segunda P arte
Vetores
1 8 • Vetores no plano

Constatada a utilidade dos métodos algébricos empregados na Geometria


Analítica, veremos agora como a eficiência desses métodos cresce ainda
mais com a introdução dos vetores. Com eles a Álgebra, além de intérprete
dos fatos geométricos, penetra na Geometria e passa a fazer parte dela.
Os vetores do plano serão definidos como classes de equipolência
de segmentos orientados. Quando nos referirmos ao segmento de reta
orientado A B , esta notação significará sempre que o sentido positivo de
percurso vai da origem A para a extremidade B . O mesmo segmento,
quando orientado no sentido oposto, será designado por B A . Diz-se que
os segmentos de reta orientados A B e C D são equipolentes, e escreve-se
A B = C D , quando eles:
1) Têm o mesmo comprimento;
2) São paralelos ou colineares;
3) Têm o mesmo sentido.
Se A B t C D não estão sobre a mesma reta, as condições 1) e
2) significam que A , B , C e D são vértices de um paralelogramo e (na
presença de 1) e 2)) a condição 3) significa que, assim como A B e C D ,
os segmentos A C e B D são lados opostos desse paralelogramo.
Evidentemente, uma vez verificado que A B e C D são paralelos,
assim como A C e B D , então o quadrilátero A B D C é um paralelogramo,
logo A B t C D têm o mesmo comprimento. Assim, é desnecessário
provar que vale a condição 1).
A fim de que os segmentos orientados A B e C D sejam equipolentes
é necessário e suficiente que o ponto médio do segmento A D coincida
com o ponto médio de B C . Com efeito, um quadrilátero cujas diagonais
se cortam mutuamente ao meio é um paralelogramo.
A relação de equipolência A B = C D é reflexiva (isto é, A B =
A B ), simétrica (se A B = C D então C D = A B ) e transitiva (se A B =
C D c C D = E F então A B = E F ). Além disso, como se vê sem
dificuldade, dados A , B c C quaisquer no plano, existe um único ponto
86 Vetores no plano

D nesse plano, tal que A B = C D . Noutras palavras, a partir de um ponto


arbitrário C do plano pode-se traçar um (único) segmento orientado C D
equipolente a A B .

FIg. 18.1 - Segmentos orientados equipolentes.

Quando os segmentos de reta orientados A B t C D são equipolentes,


diz-se que eles representam o mesmo vetor v. Escreve-se então v =
à B = CD.
----►
Portanto, o vetor v = A B do plano fica determinado pelo segmento
de reta orientado A B ou por qualquer segmento orientado equipolente
a A B . Se quisermos ser um pouco mais formais, diremos que o vetor
V = A B é o conjunto de todos os segmentos de reta orientados que são
equipolentes a A B (classe de equipolência de A B ).
Por extensão, admitiremos também que um ponto qualquer do plano
representa o vetor nulo, ou vetor zero.
Convêm guardar em mente que a equipolência A B = C D éo mesmo
que a igualdade A B = C D .
Em relação a um sistema de eixos ortogonais de origem O, fixado
no plano, sejam A = {x,y) e B = Existe um único ponto P
tal que O P = A B . As coordenadas desse ponto P são (x' —x, t/' —y).
Com efeito, tomando P = (x' - x, y‘ - y ) , vemos que os segmentos
A B e O P têm a mesma inclinação (y' - y) /[ x ' —x) e que os segmentos
O A e P B têm a mesma inclinação y /x . Assim, A B e O P , bem como
C?A e P B , são lados opostos de um paralelogramo. Portanto, A B & O P
Vetores no plano 87

são equipolentes.

FIg. 18.2 - O segmento de origem O equipolente a AB.


Segue-se daí que, dados
^ = ( x , y ) , B = ( x ',y ') ,C = (5,í) e £ > = (5 ',^ '),

tem-se A B = C D se, e somente se, a^—x = s '—s e y '—y = t^—t. Com


èfeito, existe um único ponto P = {x^ — x ,y ' — y) tal que O P = A B
---- ► -----►
e um único ponto Q = [ s — 5, t' — t) com OQ = C D . A fim de que
seja A B = C D , é necessário e suficiente que P = Q, isto é, que
X* - X = s* - s e y' — y = t' - t.
Dados A = [x ,y) Q B = {x',y')y os números a = x^ — x t
P = y^ - y chamam-se as coordenadas do vetor v = A B . Escreve-se
também v = {oí,P).
Definiremos a seguir a soma de dois vetores e o produto de um
número real por um vetor.
Sejam u = A B c v = C D vetores dados. A partir de um ponto
E arbitrário no plano, tomamos segmentos E P t P S respectivamente
88 Vetores no plano

equipolentes a A B t C D . E pomos, por definição, u + v = E S .


Se os segmentos orientados A B e C D não forem paralelos, a soma
u + v pode também ser definida de modo ligeiramente diferente: a partir
do ponto E , fixado arbitrariamente, tomamos os segmentos orientados
E P , equipolente a A B , c E Q equipolente íl C D . Com eles construímos
o paralelogramo E P S Q . A soma u + v é o vetor representado pela
diagonal E S .

Fig. 18.3 - A soma de dois vetores, vista de dois modos.

Fíg. 18.4 - As coordenadas do vetor u + v.


Vetores no plano 89

S e u = (tt,/?) e V = são dados por suas coordenadas então

u + v = {a+ +

Isto se mostra representando u e v por segmentos orientados O P e


O Q com origem em O = (0,0) e extremidades P = e Q =
respectívamente.
Tomando S = vemos, como acima, que os segmen­
tos O Q e P S , bem como O P e Q S , têm a mesma inclinação, logo
O Q S P é um paralelogramo, do qual O S é diagonal. Portanto

O S = O P + OQ = u + v.

Dados o número real A e o vetor v = A B , o produto X v = X- A B


é, por definição, o vetor representado pelo segmento de reta orientado
A B \ colinear com A B , com

d ( X ,B ') = |A |- d ( X ,B )

sendo os sentidos de A B e A B ' iguais quando A > 0 e opostos se A < 0.

Fig. 18.5 - AB' = A ■A B em três casos, psra diferentes valores de A .

Se V = (a ,/? ) então A • v = (A a , A^5).


Com efeito, seja O P o segmento orientado, de origem O, equipolente
90 Vetores no plano

a A B . As coordenadas do ponto P são Seja P ' = {X a,X ^).

FIg. 18.6 - O produto A * O P com A > 0 e com A < 0.

Os segmentos O P e O P ' têm a mesma inclinação P ja , portanto


O jP c P ' são colineares. Além disso,

d ( 0 , P ') = |A |\/tt2 + /J2 = |A |d ( 0 ,P ) .

E, finalmente, P c P ' estão no mesmo lado de O ou em lados opostos,


conforme seja A > Ò ou A < 0. Segue-se que O P ' = A • v, ou seja, que
Av = (Aa, X/3), como foi afirmado inicialmente.
Dado V = A B , o vetor —v = B A é chamado o simétrico ou
oposto de V. Se V = então - v = Evidentemente,
—V = (-1) • V.
O vetor zero será representado pelo mesmo símbolo 0 que indica o
número real zero. Em termos de coordenadas, temos 0 = (0,0).
A caracterização de um vetor por meio de suas coordenadas toma
imediata a verificação das seguintes propriedades da adição de vetores e
da multiplicação de um vetor por um número real A. Essas propriedades
são válidas para quaisquer vetores u, u, tu do plano e quaisquer números
Vetores no plano 91

reais A,

Comutatividade : U + V = V u
Associatividades : (u + u) + lü = u + (u + tu),
(A/x) • V = A • (/z • v).
Elementos neutros v + 0 = v , l ' V — V.
Inverso aditivo : V + (-v ) = 0
Distributividades : {X + (i) • V = X • V fj, • V,
A(w + v) = A- 'u + A- 'i;
Anulamento do produto : 0 • v = 0.
Esta última igualdade, a rigor, não pode ser provada pois na definição
de A • u que demos acima não foi incluído o caso A = 0. Assim, a
afirmação de que 0 • u = 0 é uma definição: o produto do número zero
por qualquer vetor v é, por definição, igual ao vetor nulo. Note que, em
0 • u = 0, o símbolo 0 no primeiro membro representa o número zero e,
no segundo membro, o vetor zero.
Para exemplificar, mostremos como se prova que
{ u v ) + w = u + [v + w) e que A(u + u) = Aw + Xv.
Sejam u = (a^/3), v = ew = Então
(w + v) + lü = ((a + a') + tt", (/3 +
= ( a + (a' + + (/?' +
= u + (v + w ).

A - (u + u) = A - (a + a',/9 + ^'] = (X(a + a ') , X(j3 + J3')]


= (X a-l-X a',X j3 + X/3'}
= (Xa,Xj3) + (Xa',XjS')
= X • u + X • V.
Diremos que o vetor v é combinação linear dos vetores V\, V2 , . . . ,
Vn quando existirem números reais a i , 0:25 • • • > tais que

t; = «1 • Vi + Q!2 • U2 H-------\- Oin'Vn-


o vetor V = [a!^ /?') diz-se um múltiplo do vetor u = (a , /3) quando
existe A: G R tal que v = k - u , isto é, a* — k • a & = k ^p. Tomando
A: = 0, vemos que o vetor zero é múltiplo de qualquer outro. Se v 7^= 0
é múltiplo de u então u é múltiplo de v pois de u = k - u resulta
u = [ l/k ] • V. Como vimos na seção 14, dizer que um dos vetores
u = [a^P] t V = [oí',P‘) é múltiplo do outro significa que um deles é
zero ou que as retas a x + Py = 0 e a 'x + P 'y = 0 coincidem, isto é,
que aP* — P a ' = 0.
O teorema abaixo e seu corolário resumem o essencial sobre combi­
nações lineares de vetores no plano.
Teorema. Se nenhum dos vetores u, v do plano é múltiplo do outro então
todo vetor w desse plano se escreve (de modo único) como combinação
linear w = X - u + -p -v .
Demonstração: Sejam u = (a, a '), v = {P->P*) c, w — (7 ,7 '). Como
u e u não são múltiplos um do outro, temos aP ' — P a ' ^ 0. Queremos
mostrar que existe um par de números reais A, p tais que \ u + p v = w.
Esta igualdade entre vetores equivale a duas igualdades entre números:
a - \ + P -p =
a '- \ ^ - P 'p ^ i
Como aP ' —P a ' 0, segue-se da seção 16 que o sistema acima possui
uma única solução (A,/i), o que prova o teorema..
Corolário. Dados 3 ou mais vetores no plano, pelo menos um deles é
combinação linear dos demais.
Com efeito, sejam u t v dois dos vetores dados. Se um destes,
digamos v, é múltiplo do outro, v = k - u, então v é combinação linear
dos demais vetores dados, onde k é o coeficiente de u e os outros vetores
dados entram com coeficiente zero. Se nenhum dos vetores u, u é múltiplo
do outro, escolhamos um terceiro vetor w. Pelo Teorema 1, temos w =
X -u + p -v . Logo w é uma combinação linear dos demais vetores dados,
na qual X e p são os coeficientes de u e v respectivamente, enquanto os
outros vetores entram com coeficiente zero.
Exemplo: Qualquer vetor do plano pode ser expresso como combinação
linear dos vetores u = ( 2 ,-1 ) v == ( - 3 ,2 ) porque 2 x 2 —( - l ) x (-3 ) 7^
0. Se quisermos, por exemplo, escrever o vetor w = (1,1) como uma
combinação linear w = Xu + fív, deveremos ter
( 1 ,1 ) = A • (2 , - 1 ) + ^ • ( - 3 , 2 ) = (2A , - A ) + ( - 3 ; í , 2 m) =
= ( 2 A - 3 / j , - A + 2 /j),
OU seja,
2A - 3 /i = 1
—A + 2fj, = 1.
Resolvendo este sistema, obtemos A = 5, = 3. Portanto, w = hu-\-Zv
é a expressão do vetor w como combinação linear dos vetores u t v .
1 9 • O produto interno de dois vetores

Dado o ponto P = [cx.^P), o comprimento do segmento de reta O P


é, como sabemos, igual a + Diremos também que este é o
comprimento do vetor v — O P t escreveremos

|V| = \ÕP\ = ^ ^ « 2 + ^ 2 .

Se |v| = 1, diremos que v é um vetor unitário.


Por exemplo, se u ^ 0 e A = l/||v || então o vetor X - v é unitário.
Escreve-se, neste caso, A-t; = t;/||t;||.
Sejam u t v vetores unitários. Chamemos de u* o vetor unitário
obtido de u por uma rotação positiva de 90°. Seja ainda 6 o ângulo de
u para v. O Teorema da seção 18 assegura a existência de números reais
X , y tais que v = x - u + y-u * . Das definições de senoe cossenoresulta
que X = COS 6 t y = sen $. Podemos então escrever
V= COS $ -u + sen 6 -u*.
Dados os vetores u = [a^P) c v = {a‘,/3'), chama-se produto
interno de u por v ao número
(u, v) = a a ' +
Segue-se imediatamente desta definição que
(u,u) = {v,u)
(Au, v) = X - {u, v) = (u, A • v)
{u -f V, ly) = (u, w) -I- (v, w)
(v,v) = |t)p

{ 0 ,v ) = 0
(v,v) = 0 =>■ V = 0,
para quaisquer vetores u ,v ,w t qualquer A G R.
o produto interno de dois vetores 95

Daremos, a seguir, o significado geométrico do produto interno de


dois vetores. Inicialmente, temos o
Lema. Se u e v são perpendiculares então (w, v) = 0.
Demonstração: Representemos u e u por segmentos orientados de ori­
gem O. Como w e V são perpendiculares, o Teorema de Pitágoras nos

\u + vf^ = \u\'^ + |vp.

FIg. 19.1 - Se u e V são perpendiculares, o vetor u + v é a hipotenusa de um triângulo


retângulo cujos catetos medem |u| e |t;|.

Mas |w -|-vp = {u + v ,u + v) = Por comparação,


vem 2 • (u, v) = 0, donde (u, v) = 0.
Teorema 1. Se 6 é o ângulo entre u e v, tem-se
(w,v) = |u| • |v| • c o s í.

Demonstração: Suponhamos inicialmente |u| = |u| = 1.


Então, se chamarmos u* o vetor obtido de u por uma rotação positiva
de 90® teremos
V = co sí • u -f sen í • u*.
Tomemos o produto interno de ambos os membros desta igualdade pelo
vetor u, levando em conta que, pelo Lema, (u, u*) = 0 e que, além disso.
96 O produto Interno de dois vetores

{u, u) — 1. Obtemos então


(u, u) = COS 6 • (w, u) + sen 0 • (w, u*) — cos 6.
Em seguida, consideremos o caso em que u ^ 0 e v 0 têm
comprimentos arbitrários |u| e |v|. Então u ! \ u \ t v j \ v \ têm comprimento
1 e formam entre si o mesmo ângulo 6 que u t v formam. Logo

K v) = |«l •|v| •(|^, 1^ ) = \ u \ •|v| •cos^

Finalmente, se algum dos vetores u^v é nulo, a igualdade (u, v) =


|u| • |u| • COS6 é óbvia.

Fig. 19.2 - Projeções do vetor unitário v sobre 2 eixos ortogonais.

Corolário (Recíproca do Lema). Se (u, v) = 0 então os vetores u e v


são perpendiculares.
Acima, por extensão, estamos admitindo que o vetor 0 é perpendi­
cular a qualquer vetor.
Temos, portanto, duas fórmulas que exprimem o produto interno dos
vetores u = [ot- 0) t v = (a ',/? '), a saber:
{u,v) = a a ‘ e (w, u) = |u ||v |c o s0 .
A simplicidade da primeira fórmula torna imediatas as propriedades
algébricas do produto interno, como por exemplo {u + v ,w ) = (u, w) +
(v,tü), que é mais trabalhosa de provar usando a segunda. Por outro
lado, a expressão (w, u) = jullvlcos^ empresta significado geométrico
o produto Interno de dois vetores 97

ao produto interno e permite aplicá-lo em Geometria Analítica, como


veremos no que se segue.
Se os vetores u = e v = são diferentes de zero, o
Teorema 1 pode ser escrito como
{uj\u\,V ! \v ^ = co s^ ,

onde © é o ângulo entre u e v. Noutros termos, vale


a a' . P P'
+ = COS Q (*)
y/oP + P^ \/a '2 + p>2 ^o2^p2

Fíg. 19.3 - Usando vetores em Trigonometria.

Se chamarmos de a e ò respectivamente os ângulos que os vetores u


e V formam com o eixo horizontal, temos 0 = a — b,

co sa = a fy já ^ + /?2,

sen a = PfyJc^~+~^,

COS b = 1^ -\- P'^


98 O produto interno de dois vetores

sen 6 = f \j o P ‘ +

Portanto, a fórmula (*) acima significa;

cos(a — b) = COS a • cos b + sen a • sen 6.

O leitor pode verificar, reciprocamente, que os passos acima podem


ser revertidos e, partindo desta expressão de cos (a —6), chega-se à fórmula
{u^v) = |u| • |v| • cos 6, o que fornece uma demonstração alternativa do
Teorema 1.
Uma aplicação do Teorema 1 à Geometria Analítica é a dedução da
equação da reta por métodos vetoriais.
Dada uma reta r no plano, seja n = (a, b) um vetor normal a r. (Isto
significa que n ^ 0 t que, escrevendo n = A B (ou seja, representando
n pelo segmento orientado A B ) tem-se A B perpendicular a r.)

Seja P q = (xoíl/o) um ponto fixado em r. Um ponto P = (x, y)


-----►
do plano pertence à reta r se, e somente se, o vetor P qP é perpendicular
a n, isto é, (n, P qP ) = 0. Como n = (a, 6) e P qP = {x —xq, y —yo),
a condição para que o ponto P = (x, y) pertença à reta r se exprime
como
a{x - Xo) + h{y - yo) = O,
ou seja,
ax + 6y = c, onde c = axo + 6yo-
Para finalizar esta seção, um comentário relevante. Ao definirmos o
produto interno de dois vetores por meio de suas coordenadas, deixamos
no af uma questão: Se tomássemos outro sistema de eixos ortogonais, as
coordenadas dos vetores dados seriam outras. Neste caso, seu produto
interno se alteraria? O Teorema 1 nos autoriza a dizer que o produto
interno (u, v) = a a ‘ + /3I3\ sendo igual ao produto dos comprimentos
de u c v pelo cossenodo ângüloentre eles, mantém-se inalterado, mesmo
que, ao passar de um sistema de eixos para outro, mudem as coordenadas
de u e V.
Exemplo 1. Num sistema de eixos dado, sejam u = {cí,/3) e v =
Suponhamos que os eixos foram mudados. Agora, o eixo das
abcissas é a reta x — y e o eixo das ordenadas é a reta y = —x, a
primeira orientada no sentido crescente de x (ou de y, que é igual) e a
segunda orientada no sentido decrescente de x (ou crescente de y). As
novas coordenadas dos vetores u e v, como foi visto no Exemplo 1 da
seção 15, passam a ser u = (7,5) e v = (7', ó'), onde
/? - a a +P
7 = 6=
s/2 '
, _ a* + /í'
7 = ---- pr— e 0 =
V2 V2 ‘
Como tinha de ser, o produto interno de u por v, calculado em termos
destás novas coordenadas, é
{u,v) = 7 7 ' -f 66'
^ iP - a) i/3' - a') (g -I- /3) {a! -|- /3')
2 2
= aa' +
Exemplos mais simples para verificar seriam:
a) um sistema no qual o novo eixo das abcissas seria o antigo eixo das
ordenadas e vice-versa;
100 o produto Intomo de dois vetores

b) um sistema no qual a orientação de um ou de ambos os eixos seria


invertida.
Tais verificações são meras constatações do fato que já sabemos ser
verdadeiro em geral.

Fig. 19.5 - As coordenadas do vetor u no sistema antigo eram e no sistema novo são
( 7 , S).
Talvez seja útil chamar a atenção para um tipo de mudança de eixos,
depois da qual as coordenadas dos pontos se alteram mas as coordenadas
dos vetores não mudam.
São as translações de eixos, que consistem em substituir os eixos
O X e O Y por eixos O ^X‘ e 0 ' Y ‘, paralelos e de mesmo sentido que
os originais. Então, se o ponto O' tem coordenadas (a, 6) no sistema
O X Y , um ponto de coordenadas (a:, y) no sistema original passa á ter
coordenadas [x - a ,y - b) no novo sistema. O vetor v = A B , com
A = {x^y), B = no sistema O X Y , tem coordenadas x' —x e
y' - y. No novo sistema, as coordenadas de v são (x' —a) — (x - a) e
(y' —a) —(y —a), isto é, continuam iguais a x' —x e y' —y.
Exemplo 2. Vimos no Exemplo 7, Seção 4, que a rotação positiva de 90°
em tomo da origem leva o ponto P = (x, y) no ponto P* = (—y, x).
Portanto, se o vetor v tem coordenadas o vetor v* = {—fi, o:), é
o produto Interno de dois vetores 101

obtido de v por rotação de 90®, logo é ortogonal a v. Isto se comprova


também notando que (v,v*) = ot{—P) + fia = 0. Evidentemente,
todos os múltiplos Xv = (— Aa) também são ortogonais a v. E
reciprocamente, todo vetor ortogonal a v é um múltiplo de v*. Noutras
palavras, se a x + /3y = 0 então existe A tal que x = - X ^ e y = Xa.
(Com efeito, se dois vetores são ortogonais a um terceiro então um deles
é múltiplo do outro.)
2 0 • Combinações afíns

É natural indagar se é possível somar pontos do plano, já que sabemos


somar vetores.
Fixando um sistema de eixos ortogonais de origem O, poderiamos
definir a “soma” A-\- B dos pontos A t B como sendo a extremidade C
----> ----y ----y
do vetor O C — O A + O B . Isto pode ser feito, mas é preciso observar
que o resultado C da soma A + B depende da escolha do ponto O. Por
exemplo, se tomarmos O = A teremos A + B = B t st tomarmos O =
ponto médio do segmento A B teremos A + B = O. Isto contrasta com
a soma de vetores, cujo resultado é um vetor que não depende do sistema
de coordenadas usado.

Fig. 20.1 - Tentando definir a soma A + B, vemos que ela depende da escolha da origem
O.
Por outro lado, a diferença B —A entre 2 pontos A, B pode ser de­
finida como o vetor A B . Pondo B — A = A B , resgatamos a concepção
original de Burali-Fòrti e Marcolongo, pioneiros do Cálculo Vetorial, no
início do século 20, segundo os quais um vetor é a diferença entre dois
pontos. Resgatamos também o significado da palavra “vetor”: o condutor
ou transportador. (Do Latim vehere = transportar.) Com efeito, a igual­
Combinações afins 103

dade B — A = A B será também escrita B A-\- A B . Assim, o vetor


V = A B transporta o ponto A para a posição do ponto B .
Em suma: a diferença B — A entre dois pontos é o vetor A B e a
soma A + A B do ponto A com o vetor A B é o ponto B .
Com esta convenção, podemos definir, para dois pontos quaisquer
A , B t números reais A, /a, com A + /x = 1, a combinação afim A • A +
• B . Poremos, por definição:

A - A + / x - B = A + /x -AB se A + /x = 1.
Chega-se a esta definição manipulando formalmente a expressão A
A + fi- B , levando em conta que A = 1 — Então

X- A + B = ( 1 - fj,)A -|- fiB = A + fi- {B - A) — A A ii- A B .

Evidentemente, A -f /x • A B tem significado intrínseco:

A + A B = C, onde A C = /x • A B .

Exemplo: O ponto C = \ A + \ B = A -\-^ A B , transportado de A pelo


vetor \ A B , é certamente o ponto médio do segmento de reta A B . Por
outro lado, o ponto B ' = 2 A - B , que também é uma combinação afim de
A t B pois 2 1) = 1 é, por definição, igual a A —A B = A B A ,
logo se obtém transportando A pelo vetor B A e assim é o simétrico
de B em relação a A.
Observação: Isoladamente, AA e fiB não fazem sentido mas, se A+/x =
1, AA -|- fj,B faz.
Dados A, B , pontos distintos do plano, quando o parâmetro t assume
todos os valores reais, o ponto

(l —í) A -p t B = A -f" í • A B ^
combinação afim de A e percorre a reta determinada por estes 2 pontos.
Se forem dados o ponto A e o vetor v 7^ 0, a reta que passa por A
e é paralela a (qualquer segmento de reta que represente) v é o conjunto
104 Combinações afins

dos pontos A + í • V, í G R. As equações


P (í) = ( l - í ) A + <B, P { t ) = A + tv
são chamadas as equações paramétricas da reta que passa por A c B (no
primeiro caso) ou da reta que passa por A e é paralela ao vetor v.

Se nos restringirmos a considerar t G [O, l], isto é, 0 < < < 1, o


ponto P {t) = [ l —t)A -\-tB percorre o segmento de reta de extremidades
A e B , começando com A quando í = 0 e terminando em B quando
t = 1. Para cada t G [0,1] temos

à{P{t),A)=t-d{A,B) e d ( P ( í) ,B ) = ( l - í ) - d ( A , S )
como se vê facilmente. Segue-se que

M J’WI t
------- ► 1_ /’

logo P[t) = [í —t ) A + t B é o ponto do segmento A B que o divide na


razão t: (1 —t).
Por exemplo, (1/2) A -f { l / 2 ) B é o ponto médio do segmento
A B pois o divide na razão (1/2): (1/2) = 1. Analogamente, o ponto
(l/3 ) A + ( 2 /3 ) 5 divide o segmento A B na razão (2/3): (1/3) = 2.
Isto significa que a distância de P = (l/3 )A + ( 2 /3 ) 5 ao ponto A é o
dôbro da distância de P a 5 .
Combinações afins 105

Num dado sistema, se as coordenadas dos pontos A e B são A =


(x, y) c B — (x', y') então as coordenadas do ponto P — [l —t ) A + t B
são
P = ((1 - t ) x + íx ', (1 - t )y + ty').
Sejam A , B , C pontos do plano e números reais com A +
fi + 1/ = 1. A combinação afim P = XA + y,B + i/C é por definição,
o ponto
P = A fjt • A B 1/ • A C .
Como X-\- fi + u = 1, existem sempre dois desses 3 números com soma
diferente de 2ero. Seja A + /x 7^ 0. Então podemos escrever:
A ,
P — X ' A - \ - f j , ’ B - { - i / ’ C — (A “1- /í) “Ã------ ■B + uC.
A+ ^ X + (j.
Isto exibe P como combinação afim dos pontos D t C, onde
■ A ■ lí
D = A + B
A + /X A + /i
é, por sua vez, combinação afim át A &B.
S e A > 0, / i > 0, i / > 0 e A + /z + í/ = l, o ponto D pertence
ao segmento de reta A B e o ponto P = X A - \ - i x B - \ - u C pertence
ao segmento de reta A D . Portanto P pertence ao triângulo A B C . Reci­
procamente, dado um ponto arbitrário P do triângulo A B C , a. reta C P
encontra o lado A B num ponto D.

Fig. 20.3 - P está em CD e D está em AB.


Como P pertence a C D , temos P = (l-5 )C -f-sZ ), com 5 G [0,1]. Por
outro lado, como D está no segmento A B , temos D = [l —t) A + tB ,
106 Combinações afins

com t G [o, l]. Substituindo, vem:


P = (1 - 5)C + 5[(l - t)A + tB] = (1 —s)C + 5(1 —t)A -\- s t ' B
Pondo A = 5(1 - 1), = st t V = \ - s, vemos que A > 0, ^ > 0,
z / ^ 0 , A~|“ / i ”|“ i/ = \ q P = \ ’ A - \ - iI ' B - \ - i/ ' C .
Concluímos assim que um ponto P pertence ao triângulo A B C se,
e somente se, P = A • yl + /a • P + 1/ • C, com A > 0 , / z > 0 , i / > 0 e
X fj, -\-1/ —1.
Ao falar no triângulo A B C , estamos supondo tacitamente que os
vértices A ,P e C não são colineares. Se, porém, A ,P e C estão sobre
a mesma reta (digamos, com C entre A t B ) então C — ( l —<) A + tB ,
t 6 [0,1], e daí
\ ' A ~ \ - i í ' B - \ - U ‘ C — [A“|" ”1” 1/t'jB
com A + 2/(1 - < ) + / i + í / - í = l. Logo o triângulo A B C , neste caso,
se degenera no segmento de reta A P .
Se A ^ B ^ C não são colineares, os números não-negativos A,/^,í/
com A + ^ + 1/ = 1 chamam-se as coordenadas baricêntricas do ponto
P = A - A - f / i - P - f í / C , no triângulo A B C . Como P = A + /x •
A B + u • A C , temos também A P = • A P -f u • A C . Isto mostra
que as coordenadas baricêntricas ^ e i/ são os coeficientes que exprimem
o vetor A P como combinação linear de A P e A C . (Cfr. Teorema 1,
seção 18.) Como A P e A C não são múltiplos um do outro, segue-se que
H t u {t portanto A = 1 — (/x -1-1/)) são univocamente determinados a
partir do ponto P (e do triângulo A B C ).

Fig. 20.4 - Unicidade das coordenadas baricêntricas.

o ponto P = X - A + f j . ' B + i / - C está sobre o lado A P se, e


somente se, 1/ = 0. Observações análogas valem para os outros 2 lados.
Combinações afins 107

Os vértices A , B c C são os pontos do triângulo com 2 coordenadas


baricêntricas iguais a zero. P está no interior do triângulo precisamente
quando A > 0 , / i > 0 e í / > 0 .
O baricentro do triângulo A B C é o ponto

P = \ a + \ b -^);C .
3 3 3

Fig. 20.5 - As três medianas de um triângulo.

Sejam

M ab = \ a +\ b, M bc = \ b +\ c, M ac = \ a ^ -\c
pontos médios dos lados do triângulo A B C . Os segmentos A M ^ q ,
OS

BM ac ® chamam-se as medianas desse triângulo. Temos

^ A + - B + -C
3 ^ + -3 iV2

Analogamente se vê que

p = \ b ^ \ m ^c P = \c + I ^ ab -
Portanto o baricentro P está sobre as 3 medianas e divide cada uma delas
na razão 2:1.
Se omitirmos a restrição de que os coeficientes i/ sejam não-
negativos, as combinações afins X - A - \ - f i - B - \ - i / - C de três pontos
não-colineares A , B e C cobrem todos os pontos do plano, não apenas
os do triângulo A B C .
108 Combinações afins

Mais precisamente: se os pontos A , B t C não são colineares então


para cada ponto P do plano que os contém existe um único par de números
reais fi, u com P = n • A + u ' B .
Com efeito, a igualdade P = X- A + f i - B + U ' C equivale a

P = A-\- f i ' A B + 1/ •
com A = 1 — (/i + i'), ou ainda, a

A P = II • A B + u • A C .

Ora, sendo A ^ B t C não-colineares, os vetores A B e A C não são


múltiplos um do outro. Logo, pelo Teorema da seção 17, existe um único
par de números reais /x, u com

A P = II • A B + u ’ A C .
21 • Projeção ortogonal de um vetor

Diz-se que um vetor v é paralelo à reta r quando, para quaisquer pontos


A c B sobre r, o vetor v é múltiplo de A B . Com esta terminologia,
quando A e B são pontos de r, o vetor A B é paralelo à reta r.
Analogamente, diz-se que v é perpendicular à reta r quando
{VjAB) = 0 para A ^ B quaisquer em r. (Isto inclui o caso v = 0.)

Fig. 21.1 - A projeção ortogonal w ' do vetor w sobre a reta r.

A projeção ortogonal do vetor w sobre a reta r é um vetor w ‘,


paralelo à reta r, tal que w - w ' é perpendicular a r.
Seja r* uma reta perpendicular a r . Se tu' é a projeção ortogonal
de w sobre r então w - w* é a projeção ortogonal de w sobre r*, pois
w — w' é paralelo ar* t w — [w — w') = w ' é perpendicular a r*.
Tomemos um vetor unitário u paralelo a r . Se tu' é a projeção
ortogonal de w sobre r então w' é múltiplo de u, isto é, w' = x ■u,
X 6 R. Além disso, como
0 = (tü —w \ u) = (tü, u) — {w \ tt),
temos
(u;, u) = u) = {x • u ,u ) = X ' (w, u) = x.
110 Projeção ortogonal de um vetor

Portanto, a projeção ortogonal de w sobre a reta r é


w* = (w^u) • u, (*)
onde u é um vetor unitário paralelo a r. O outro vetor unitário paralelo a
r é - u . Como
{w, —u) • (—u) = (ty, u) • u,
a expressão (*) não depende de qual vetor unitário u, paralelo a r, se
tomou. Mais geralmente, se v é qualquer vetor não-nulo paralelo a r, o
vetor u = v/lvj é unitário (e paralelo a r) logo
V V
w' = ( t ü , -j— : ) • -j— r = (ly , — ^ ) • V.
W

Exemplo: Sejam dados os pontos A = B — (2,3), C =


(—4,1), D = (—2,1). Para determinarmos a projeção ortogonal do
----►
vetor C D sobre a reta A B , começamos obtendo um vetor unitário u,
paralelo a A B . Como A B = (1,2), temos u = ( l / \ / 5 ,2 / \ / 5 ) . Por
outro lado, w = C D = (2,0), portanto a projeção procurada é o vetor
w' = {w,u)u = (2 /\/5 ) • u = (2 /5 ,4 /5 ).
2 2 • Á reas do paralelogram o e do triân gu lo

Consideremos um paralelogramo A B D C no plano. Ponhamos A B = v


e A C = w. Seja w* a projeção ortogonal de w sobre a reta A B .

FIg. 22.1 • O paralelogramo construído sobre os vetores v , w tem área Igual a | w — w ' | ■| v|.

Vamos obter uma expressão para o quadrado da área do paralelo­


gramo A B D C em função dos vetores v t w . Como w — w' é perpendi­
cular a V, temos
(área A B D C )^ = \w — • \v\^.
Sabemos que = (w^v) • v/\v\'^. Além disso, pelo Teorema de
Pitágoras, |iü - íí;'|^ = |it;p - Portanto,

(área A B D C )^ = liypivp -
Mas = (w,v)^ • |t;p /|u |^ , logo = {w^v)^.
Concluímos então que
(área A B D C )^ = |v|^|tüp - (*)
Um quadro como

(; 5)
112 Áreas do paralelogramo e do triângulo

chama-se a matriz cujas linhas são (o,c) e {b,d) e cujas colunas são
(a, 6) e (c, d). O número ad - hc chama-se o determinante desta matriz;
ele é representado por
a c
b d
O
Portanto, na notação de determinantes, como \v\ = (v,v) e
|ií;|^ = (w,w), a fórmula (*) escreve-se:
(v,v) {v,w)
(área A B D C )^ =
(v,w) {w,w)
Segue-se desta fórmula que
■u ml — {v^w)^ > 0
quaisquer que sejam os vetores v t w. Esta desigualdade, que também
se escreve como |(v,w )| < |v| • |w|, chama-se desigualdade de Cauchy-
Schwarz. Ela também se prova facilmente a partir da igualdade
(u,v) = |u| • |u |cosO.
Sejam v = (a,/?) e tu = ( 7 ,í ) as coordenadas dos vetores v e
w em termos de um sistema de eixos ortogonais O X Y fixado no plano.
Então, pela fórmula (*), temos:
(área de A B D C ]^ = {a^ -f- + 5^) — (0:7 -l- P ô y .
Um cálculo muito simples mostra que o segundo membro da igual­
dade acima é igual a (a^ — portanto
a 7
área de A B D C = ± {a 6 - = ±
6
O determinante A = da matriz cujas colunas são os vetores
t; e tu, nesta ordem, pode ser positivo ou negativo. (Pode também ser zero,
mas somente quando u e tu são múltiplos um do outro.) O valor absoluto
deste determinante é, portanto, igual à área do paralelogramo A B D C .
Mas seu sinal também tem um significado geométrico, que examinaremos
agora. Supondo a ^ O , podemos escrever:
Áreas do paralelogramo e do triângulo 113

Se a for positivo, o sinal de A será o sinal da diferença 6 - { ^ f a)'),a.


qual é > 0 se lü = (7,5) estiver acima da reta y = {fifa)x, que contém
o vetor V e será negativo se w estiver abaixo de v.

Fig. 22.2 - Nas posições acima, o determinante cujas colunas são os vetores v e w, nesta
ordem, é positivo.

Fig. 22.3 - Nas posições acima, o determinante cujas colunas são t; e u;i ou t; e W2, nesta
ordem, é sempre positivo.

Se a for negativo, o sinal de A será o contrário do sinal de 5 —


114 Áreas do paralelogramo e do triângulo

logo A será positivo se, e somente se, w estiver abaixo de v.


Em qualquer caso (o: > 0 ou o: < 0), A será positivo se, e somente
se, o sentido da menor rotação que leva v em w for o sentido positivo,
isto é, for o mesmo sentido da rotação de 90® que leva O X em O Y .
Se a = 0, então A = —P'^. Neste caso, A será positivo se, e
somente se, /? e 7 tiverem sinais contrários, isto é, se w estiver à esquerda
de V quando v aponta para cima, ou à esquerda de v quando v aponta
para baixo.
Ainda neste caso, temos A > 0 se, e somente se, o sentido de rotação
de V para w for o mesmo de O X para O Y .
Em suma, o sinal do determinante cuja primeira coluna é v e cuja
segunda coluna é w define matematicamente o sentido da menor rotação
que leva v em w. (Este é o sentido oposto da menor rotação que leva w
em v; isto corresponde ao fato de que o sinal do determinante se inverte
quando se trocam as posições de suas linhas.)
A seguir, mostraremos como se pode obter diretamente a expressão
\a6 — P^\ para a área do paralelogramo construído sobre os vetores
V = [oL,p) e w = (7,<5).

Fig. 22.4 - Os paralelogramos construídos sobre v 9 w, sobre v e ou sobre v' e têm


todos a mesma área.

A reta paralela a v que passa pelo ponto (7,5) tem a equação

Ela corta o eixo vertical no ponto em que x = 0. Logo esse ponto é a


ÁrMS do paralelogramo a do triângulo 115

extremidade do vetor

A área do paralelogramo dado é a mesma do paralelogramo construído


sobre os vetores v e w'. (Mesma base e mesma altura.) Pela mesma razão,
a área procurada é a área do retângulo cuja base é o vetor v* = (o:, 0) e
cuja altura é

A área deste retângulo é igual à sua base |o:| vezes sua altura -----7],
logo é igual a | q:Í —y37|, como queríamos demonstrar.
Consideremos, a seguir, o triângulo com os vértices A = (aro,yo).
B = [ x i , yi ) , C = (x2,2/2). a área do triângulo A B C é a metade da
área do paralelogramo A B D C . Portanto

área ABC = ± -
X\ Xq Ví-yo
Zá X2 - Xq y2-yo
o sinal + ou —deve ser escolhido de modo que a área seja positiva
(ou zero, se os pontos A , B e C forem colineares). O sinal do determi­
nante será positivo se, e somente se, o sentido de rotação de A B para
A C (mantendo A fixo) for o sentido positivo do sistema O X Y , isto é,
aquele da rotação de 90° que leva O X em O Y .
A área do triângulo A B C pode ser fornecida por uma fórmula que
trata as coordenadas de A, .B e C de maneira mais simétrica, se introdu­
zirmos o símbolo
Xq X\ X2
= XQyi + X iy2 + X2yo - a;iyo - X2yi - XQy2,
yo yi y2
onde se tomam positivamente os produtos dos termos das diagonais des­
cendentes e negativamente os das diagonais ascendentes nas figuras abaixo:
Xq X i^ X 2 Xq
+
yo yi y2 yo yo yi y2 yo

Exemplo: A área do triângulo A B C , cujos vértices são A = (2,1),


116 Áreas do paralelogramo e do triângulo

B = [4,3) t C — (3,5) é igual a


1 4
= -(6+20 + 3 - 4 - 9 - 1 0 ) = 3
2 3
Como a área é igual a metade da base vezes a altura, e como a base
A B é igual a -s/li — 2)^ + (3 —1)2 = 2\/2, concluímos que a altura
do triângulo A B C relativa à base A B é h = (2 x área) base =
6 ^ 2 v ^ = 3 \/2 /2 .
2 3 • Mudança de coordenadas

Em algumas situações é conveniente passar de um sistema de eixos or-


togonais O X Y para outro sistema 0 ' X ' Y ' no plano. Nesses casos, é
necessário ter fórmulas que exprimam as coordenadas (a/, y') de um ponto
P no novo sistema 0 ‘X 'Y ' em função das coordenadas (x, y) de P no
sistema original O X Y .
Começaremos exprimindo as coordenadas de um ponto em termos
do produto interno de vetores.
Dado o sistema de eixos ortogonais O X Y , sejam ei = (1,0) e 62 =
(0,1) os vetores unitários dos eixos O X e O Y respectivamente. Dizer
que (x, y) são as coordenadas do ponto P no sistema O X Y equivale a
afirmar que
O P = xei + yc2.
Tomando o produto interno de ambos os membros desta igualdade, pri­
meiro por Cl e depois por 62 , e observando que (ei,ei) = (c2,62) = 1,
(^1,62) = 0» obtemos

(O P ,e i) = x (e i,e i)-|-y (e 2 ,e i) = X e { O P , e 2 ) = y.
Portanto as coordenadas de um ponto P num sistema de eixos ortogo­
nais O X Y são os produtos internos do vetor O P pelos vetores unitários
dos eixos:
x = ( O P , e i ) e y = {OP, € 2 ).
Seja agora 0 ‘X 'Y ' outro sistema de eixos ortogonais no plano. Cha­
memos de f i e /2 respectivamente os vetores unitários de 0 ' X ' e 0 ' Y ‘.
Sejam ainda (a, 6) as coordenadas do ponto O' no sistema O X Y e a o
ângulo de que é preciso girar o eixo O X (no sentido positivo, isto é, que
vai de O X para O Y ) para coincidir com 0 'X '. Então o: é o ângulo de
Cl para / i . Portanto
/i = COS a • ei -h sen o: • C2-
Temos também
118 Mudança de coordenadas

Fig. 23.1 - O ângulo a , entre os vetores e i e f i .

FIg. 23.2 - Como /2 é perpondicular a / i , o ângulo de 62 para /2 pode ser o ou 1 8 0 ° + a .

00' = aei + be^. Logo

0 'P = O P - OO' = (x - a ) e i + (y - Ò)e2.


Mudança de coordenadas 119

Segue-se que

x ' = ( 0 'P , / i ) = ((x - a)ei -h (y - 6)e2,c o s a • ei -|- s e n a • 62),

ou seja,
= {x — a) CO S a + [y — b) sen a.
Quanto a y', há 2 possibilidades. Pela nossa definição, a é o ângulo
do vetor unitário ci para o vetor f \ . Como eiJLc2 e / i ± / 2, o ângulo de
62 para /2 pode ser a ou pode ser 180° -f a.
No primeiro caso, o sistema 0 'X 'Y ' se obtém de O X Y pela trans-
lação que leva O em O' (e desloca O X e O Y paralelamente), seguida
de uma rotação de ângulo a. Diz-se então que os sistemas 0 ' X ' Y ‘ e
O X Y são igualmente orientados, ou têm a mesma orientação.
No segundo caso, obtém-se 0 ' X ' Y ' a partir de O X Y por meio da
translação que leva O em O', seguida da rotação de ângulo a e, depois,
de uma reflexão em torno do eixo O^X'. Então os sistemas O X Y e
0 ' X ' Y ' têm orientações opostas.

(0)

Fig. 23.3 - No caso (a ), a mudança de eixos se faz por uma translação seguida de rotação.
No caso ( 6), acrescenta-se uma reflexão.

Voltemos à nossa mudança de coordenadas. Se 0 ‘X ‘Y ' tem a


mesma orientação que O X Y então o vetor /2 é obtido de «2 por uma
rotação de ângulo a, portanto

/2 = —sen a - 6 1 + cos a - 62 .
120 Mudança de coordenadas

Daí segue-se, como acima, que

y> = (O ^ P .h ) =
= {{x — a)ei -|- (y —6) c2 ,- s e n a • Cl -|-c o s a -62)
= - [ x - a] sen a -f (y - 6) cos a

Fig. 23.4 - Submetendo os vetores e i, 62 a uma rotação de ângulo a, para obter f i e f 2 -

Se, entretanto, o sistema 0 ' X ' Y ' tem orientação oposta à de O X Y ,


então
/2 = sen a • ei —cos a • C2
e daí
y' = {x — a) sen a —(y —6) cos a .
Portanto, as fórmulas de mudança de coordenadas são:

ou:
I x' = ( x - a) cos a -|- (y - 6) sen a
y' = - (x - a) sen a -f- (y - 6) cos a ( 1)

í x ' = ( x - a) cos a -f (y - 6) sen a


y' = ( x - a) sen a - {y - b) cos a ,
conforme o novo sistema 0 *X'Y* seja igualmente orientado em relação
( 2)

ao sistema O X Y anterior ou não. Nessas fórmulas, (a, 6) são as coorde­


Mudança de coordenadas 121

nadas da nova origem O ' em relação a O X Y t a é o ângulo da rotação


positiva (relativamente a O X Y ) que leva o eixo O X no eixo 0 ‘X '.

FIg. 23.5 • Neste caso, f 2 provém de £2 Por rotação de 1 8 0 ° + a.

As equações acima podem ser invertidas, para se obter (x, y) em


função de Por exemplo, multiplicando a primeira equação em (1)
por sen a, a segunda por cos a, somando as duas equações resultantes e
observando que
cos^ a + sen^ a = 1,
obtemos:
X* • sen a = [x — a) sen a • cos a + {y — b) sen^ a
y' • cos a = —(a; —a) sen a • cos a + {y — b) cos^ a
e, por adição:
x' • sen a + y' - cos a = y - b^
donde y = x ' • sen a + y' • cos a + b.
Multiplicando agora a primeira equação de (1) por c o sa , a segunda
por —sen a , somando e usando outra vez que

sen^ a + cos^ a = 1,
122 Mudança de coordenadaa

obtemos
x = x' COSa —y* sen a -\- a.
Procedendo de forma análoga, invertemos o sistema (2) e chegamos fi
nalmente com as equações:

í x = x' ‘ COS a — y' • sen a-\- a


y = a/ • sen a + y' • cos a + 6 (3)

I x = xf ' COSQ! + y' • sen a + a


y = xf ' sen a - y ' - cos a + b. (4)

Fig. 23.6 • O ângulo a entre os eixos OX e O 'X '.


Estas fórmulas permitem obter de volta as coordenadas (x, y) do
ponto P no sistema O X Y em função das coordenadas y') do mesmo
ponto no sistema O ^ X 'Y '. A primeira delas se aplica quando os dois
sistemas são igualmente orientados e a segunda quando O X Y e O ^ X 'Y '
têm orientações opostas (além de translação e rotação, é preciso uma
reflexão para passar de um para o outro).
As diferenças entre as fórmulas (1), (2), de um lado, e (3), (4) de
outro são uma mudança de sinal na segunda equação de (3) e as posições
de a e 6. Estes números são as coordenadas de O' no sistema O X Y . Se
tivéssemos tomado a c b como as coordenadas de O no sistema 0 ' X ‘Y^,
os papéis destas constantes nos dois grupos de equações se inverteriam.
Mudança de coordenadas 123

Vejamos agora o efeito de uma mudança de eixos coordenados sobre


a equação de uma curva do plano. Dada a equação / ( x , y) = 0 no
sistema original O X V , desejamos obter uma equação y(x^, y') = 0 a ser
satisfeita pelas coordenadas a/ e y' no sistema 0 'X 'Y '. Para tal, basta
substituir x c y na. equação original por suas expressões em termos de x*
e y ‘.
Exemplo 1. Consideremos a curva de equação x^ + 4y^ = 4. Esta
equação pode ser escrita na forma x ^ /4 - f y ^ /l = l e portanto representa
uma elipse, como vimos no Exemplo 4 da seção 4 (figura 23.7). Vejamos
o que ocorre com esta equação ao se efetuar uma mudança de eixos que
consiste em uma rotação de 45°.

Fig. 23.7 - Mudando o sistema de eixos.

De acordo com a fórmula (3) desta seção, as novas coordenadas x '


€ y‘ de um ponto do plano se obtêm das antigas coordenadas x & y por
meio das expressões
X = x ' CO S 45° —y 'se n 45° = x ' ^ —y’^
y = x 'se n 45° + y'cos45° = x ' ^ + y ' ^
Substituindo estas expressões na equação original, obtemos:
,V 2 ,V 2 \
124 Mudança de coordenadas

OU seja
X'f2 12
+ ^ - + 4x'y' + 2y'^ = 4
e finalmente
5x^2 9y'2 , ,
+ 4 - + 3x'y' = 4
2 ' 2 '

Observe que a equação se toma mais complexa do que antes, difi­


cultando seu reconhecimento. Não é mais evidente que a equação (5)'
represente uma elipse. A maior aplicação de mudança de eixos em Geo­
metria Analítica consiste justamente em procurar tomar mais simples a
equação de uma curva, permitindo reconhecê-la com mais facilidade. Ve­
jamos um exemplo ilustrando esse método.
Exemplo 2. Foi afirmado na seção 5 (vide Exemplo 2) que a curva
y = ox^-|-6x-t-c (com a ^ 0)é uma parábola. Isto se mostra tomando no
plano um novo sistema de eixos ortogonais em relação ao qual a equação
dessa curva assume a forma y' = a(x')^. O novo sistema 0 ' X ' Y '
se obtém do anterior por translação, pondo a origem O' no ponto de
coordenadas {h ,k), onde h c k devem ser escolhidos de modo a eliminar
os termos de grau menor do que 2 no trinômio dado. Então devemos ter
y = y' + k, X = x ’ ^ h, logo
y' + k = a{xf + h)^ + b[x? + h) + c =
= Q, • x^^ -|- 6 ) x ^ ~t- bh -f- c.
Portanto, se escolhermos h = - b f2 a c k = + bh c, teremos
.yj =
_ a^ ' X^t2 .

Isto significa que, deslocando paralelamente o sistema O X Y de modo


que a origem O caia no ponto O' = {h ,k) onde h = —b/2a c k =
+ bh + c, a curva cuja equação era y = ax^ -j- bx + c no sistema
original passa a ter equação y' = a • x^^ no novo sistema, logo é uma
parábola.
Os exercícios desta seção propõem outros casos de simplificação de
equações.
Exercícios da Segunda Parte

18.1 Dados os vetores u e v, prove que as afirmações seguintes são


equivalentes:
(a) Uma combinação linear a u só pode ser igual a zero quando
a = /? = 0.
(b) Se a u + Pv = a!u + então a = a! t ^ = P'.
(c) Nenhum dos vetores u t v é múltiplo do outro.
(d) Se u = (q!,^) e u = então o:/?' - a'/3 7^ 0.
(e) Todo vetor do plano é combinação linear de w e u.
18.2 Exprima o vetor w = (l» !) como combinação linear de u =
( - 2, 1) e « = (1, - 1).
18.3 Prove que a soma dos vetores com origem no centro de um
polígono regular e extremidades nos vértices desse polígono é igual a
zero.
18.4 Seja ABC D um quadrilátero convexo. Se .K é o ponto médio
do lado AB e F éo ponto médio do lado oposto DC, prove que E F =
i( Ã D + ^ ) .
18.5 Seja G o baricentro (ponto de encontro das medianas) do triângulo
ABC. Prove que GA + GB + GC = 0.
18.6 Sejam u ,v ,w vetores tais que v é múltiplo de u mas w não é.
Se a u + = 0, prove que 7 = 0 e o:u + = 0.

18.7 Seja P um ponto interior ao triângulo ABC tal que PA-\-PB-\-


PC = 0. Prove que as retas AP, B P e CP são medianas de ABC,
logo P éo baricentro desse triângulo.
19.1 Dados os vetores arbitrários u e v, mostre que |u| • v e |v| • u são
vetores do mesmo comprimento.
19.2 Mostre que se os vetores u e v têm o mesmo comprimento então
u + v c u - v s ã o ortogonais.
126 Exercícios da Segunda Parte

19.3 Sejam u = O P , v = OQ vetores não-nulos tais que |u |v + |v |u =


OÃ também seja diferente de zero. Prove que O R é a. bissetriz do ângulo
P O Q . Obtenha, a partir daí, a inclinação dessa bissetriz em função das
coordenadas dos pontos P c Q num sistema de eixos ortogonais arbitrário
O XY.
19.4 Dado o paralelo|ramo A B D C , ponha A B = u e A C =
logo A D = u + V e B C = v — u. Prove que |u —v\^ + |w + v p =
2 (up + 2 |v |^e conclua que em todo paralelogramo a soma dos quadrados
das diagonais é igual à soma dos quadrados dos quatro lados.
19.5 Se os vetores u ,v c u — v têm comprimentos iguais aos dos
vetores u i , v \ e u i — V\ respectivamente, prove que (u,u) —
Conclua daí que se os lados do triângulo A B C são iguais aos lados do
triângulo A iB i C i então os ângulos também são iguais.
19.6 Logo em seguida à definição do produto interno de dois vetores
foi feita uma lista de seis propriedades que resultam imediatamente da
definição dada. Quais dessas seis propriedades se manteriam ainda válidas
se o produto interno de u por v fosse definido como igual a |u| • |v|?

19.7 O comprimento |v| = \AB\ do vetor v = A B é a distância


d(.4, B ) entre as extremidades do segmento A B . Relativamente a um
sistema de eixos O X Y , se as coordenadas de A são (rc, y) e as de B
são [x*, y') então os números a = x' - x e = y* — y são chamados as
coordenadas do vetor v. Então |u| = y/a ^ + Prove:
(1) |t;| = 0 se, e somente se, v = 0.
(2) jv + iü| < |t;| + |iü|.
(3) |A-t;| = |A||t;|.
(4) |-t;| = |v|.
19.8 Prove que (u,v) = ± |ti||t;| se, e somente se, um dos vetores u ,v
é múltiplo do outro. Em seguida, compare |u + u p = {u + v ,u + v)
com (|u| + |u|)^ para concluir que |u + u| = |u| + |t;| se, e somente se,
um dos vetores u ,v é zero ou é um múltiplo positivo do outro.
19.9 Indicando genericamente por v* o vetor obtido de v por rotação
positiva de 90®, prove que {au+ ^v)* = au*+/3v*c {u,v*)+{u* ,v ) =
0 para quaisquer vetores u, v do plano e a , /? G R.
Exercfclos da Segunda Parte 127

19.10 Dados quatro pontos quaisquer A ^ B ,C e D no plano, ponha


u = A B , V = B C , w — C D , portanto u + v = A C , v + w = B D e
— >•

u + V + w = A D . Conclua então que

{ A B ,C D ) + (A C ,D B ) + { A D ,B C ) = 0 .
Suponha, em seguida, que D seja o ponto de encontro das alturas do
triângulo A B C que partem dos vértices B o C ,á t modo que A B 1 .C D
e A C L D B . Deduza que A D é perpendicular a B C e conclua daí que
as três alturas do triângulo A B C se encontram no mesmo ponto D.
20.1 Sejam A, B , C pontos do plano e a , /? números reais, com
a P = 1. Prove que as seguintes afirmações são equivalentes:
(a) C = a A + P B \
(b) Para todo ponto O do plano, tem-se O C = a - O Á + /? • O B .
(c) Para algum ponto P do plano tem-se P C = a. • P A -f /? • P B
(d) Ã C = /3 Ã B
20.2 Se a A -f /3B = C t a A i -f ^ B i = C i, com a + /3 = 1, prove
-----> ----- ► -----►
que se tem a • A A i + p • B B i = C C i
20.3 Se os segmentos de reta A B * e A \ B \ são obtidos respectivamente
dos segmentos A B e A \ B i por rotação positiva de 90° e é dado o
número t, com 0 < í < 1, prove que, pondo ^Iq = (1 - í)A -|- tA \,
P q = (1 - + tB \ e B q = (1 - t)B * -f íB j, o segmento A qB ^ ó
obtido de A qB q por rotação positiva de 90*.
20.4 Um subconjunto X do plano chama-se convexo quando o segmento
de reta que liga dois pontos quaisquer de X está contido em X . Noutras
palavras, X é convexo quando para quaisquer P.,Q £ X t t Çl [O, 1]
tem-se [\ —i)P -\-tQ Ç :X . Prove: O disco D de centro num ponto A e
raio r é um conjunto convexo. (Por definição, D é formado pelos pontos
P tais que |A P | < r.)
20.5 A interseção X C\Y át dois conjuntos convexos X e F é um
conjunto convexo.
20.6 Seja X convexo. Se x, y , 2 e X e o:, 7 são números > 0 com
a -f -f 7 = 1 então a x -f- /?y -h 72 € X .
128 Exercícios da Segunda Parte

20.7 Se X e V são convexos então a reunião dos segmentos de reta que


ligam um ponto qualquer de X a um ponto qualquer de y é um conjunto
convexo.
20.8 Dados a, 6 não simultaneamente iguais a zero, e c qualquer, o
conjunto dos pontos P = (x, y) tais que a x + 6y > c é convexo.
20.9 O conjunto Z dos pontos cujas coordenadas (x, y) cumprem as
condições x > 0 e y > l / x é convexo.
20.10 O conjunto W dos pontos cujas coordenadas (x, y) cumprem
y > x^ é convexo.
20.11 Se X um subconjunto não-vazio do plano II tal que a combinação
afim de dois pontos quaisquer de X é ainda um ponto de X . Prove que
se X contiver três pontos não-colineares então X contém todos os pontos
do plano. Conclua daí que ou X se reduz a um único ponto, ou é uma
reta ou é todo o plano II.
21.1 Fixada uma reta r, indiquemos com v' a projeção ortogonal de
um vetor arbitrário v sobre r. Prove as seguintes propriedades:
(a) (v + w)* = v' + tu'
(b) (u')' = v'
(c) (v,w ') = ( v \w )
21.2 Suponha dada uma correspondência que associa a cada vetor v
do plano um vetor v' com as propriedades a), b), c) do exercício anterior.
Prove que só há 3 possibilidades: ou v' = 0 para todo v, ou v‘ = v para
todo V ou existe uma reta r tal que, para todo v, v' é a projeção ortogonal
de V sobre r.
21.3 Sejam r e s duas retas concorrentes no plano. Se as projeções
ortogonais dos vetores u e v sobre essas retas são iguais, prove que u = v.
21.4 Sejam A, B e C pontos do plano. Prove que as seguintes
afirmações são equivalentes:
(1) (Ã B ,Ã C ) = \Ã B \^
(2) As retas A B e B C são perpendiculares.
Conclua que se B é o pé da perpendicular baixada de A sobre a
reta r então o produto interno {A B ^A C ) independe do ponto C tomado
sobre r.
Exercidos da Segunda Parte 129

22.1 Calcule a áiea do triângulo no qual cada um dos vértices está


sobre duas das retas x + y = 0, x - y = 0 e 2 x + y = 3.
22.2 Atribua um significado ao símbolo
Xi X2 X3 X4
A =
Vi V2 V3 V4
de modo que ± A j2 seja a área do quadrilátero cujos vértices são os pontos
(aíiíí/i). (a^2,í/2). (íC3, 2/3) e (x4,t/4). Generalize para um polígono de
n lados.
22.3 Calcule a área do pentágono cujos vértices são os pontos ( - 2 ,3 ) ,
( - 1 ,0 ) , (1,0), (2,3) e (0,5).
22.4 Chama-se área orientada do triângulo A B C à área do triângulo
A B C precedida de um sinal -|- ou —, conforme o sentido de percurso
A B C coincida ou não com a orientação positiva do plano.
A área orientada w {A B C ) é fornecida por um determinante, como foi
----► -----► ----- >
visto no texto. Prove: Se A B = A B \ -|- A B 2 então w {A B C ) =
w { A B i C ) - \- w {AB2C ).

22.5 A área orientada do paralelogramo construído sobre os vetores u +


V t w é igual à soma das áreas orientadas dos paralelogramos construídos
sobre os vetores u, v e u, w.
22.6 Seja O um ponto do plano, interior ou exterior ao triângulo A B C
(porém não situado sobre qualquer dos lados desse triângulo). Prove que
w { A B C ) = w {O A B ) + w (O B C ) -1- w {O C A ). '
22.7 Generalize o exercício anterior para um polígono qualquer do
plano.
22.8 Calcule a área do triângulo A B C cujos vértices são A = (1,1),
B = (2,3) e C = (4,0). Em seguida, calcule as distâncias d(À ,.B),
d(A , C ) e d ( 5 , C). A partir daí, determine as medidas das alturas desse
triângulo.
23.1 Submetendo o sistema de eixos coordenados O X Y a uma rotação
de ângulo 0 em tomo da origem O, obtém-se um novo sistema O X iY i.
As antigas coordenadas (a:, y) e as novas coordenadas (u,v) relacionam-
se pelas equações x = au — bv, y = bu + av, onde a = cosO e
130 Exercícios da Segunda Parte

b = sen 6, logo + 6^ = 1. A curva definida pela equação do segundo


grau completa
A x^ + B x y + Cy^ + D x -|- E y F = 0
exprime-se, nas novas coordenadas, como
+ B*uv -\- C 'v^ + D 'u + E ‘v -f = 0,
onde se tem: A^ = Aa^ -|- B ab -1- C6^, B ' = —2Aab -|- B {a^ — b^) -\-
2Cab t C ‘ = Ab^ — B ab -f Ca^. Escrevendo a = 2ab e —
resulta que = 1. (Na realidade, P = cos2^, a = sen 2^, mas
isto não será usado agora.) Tem-se então
a! — Aaü^ -|- (5 / 2) 0: Cb^y
B ' = - A a -t- B P Ca

= ( 5 / 2 ) q!-HC o2.
Efetuando as multiplicações e simplificando, mostre que {B ')‘^ —4 A 'C ‘ =
B ^ — 4A C . Portanto o discriminante A = B ^ — 4 A C permanece inva-
riante por rotação em tomo da origem.
23.2 Submetendo-se o sistema de eixos O X Y a uma translação, obtém-
se um novo sistema O iX iY i, no qual as coordenadas (u, v) se relacionam
com as antigas coordenadas (x, y) pelas equações x = u + h , y = v + k,
onde (/i, k) são as coordenadas do ponto O i no sistema O X Y . Prove que
a curva definida pela equação A x ^ + B x y + C y ^ + D x -t- E y -\-F = 0 no
sistema O X Y tem nova equação A u ^ + B u v + C v ^ -\-D ^ u + E ^ v + F ' =
0, onde os coeficientes A, B e C são os mesmos. Em particular, o
discriminante A = B ^ - 4 A C é invariante por translação. Conclua que
A é invariante por qualquer mudança de eixos que preserve orientação.
Mostre ainda que A permanece invariante, mesmo que a mudança de eixos
inverta a orientação.
23.3 Seja a curva de equação A x ^ + B x y + C y ^ + D x + E y + F = 0.
(a) Se A = C, mostre que a rotação de 45® em tomo de O introduz
coordenadas (u, v), nas quais a equação da curva é A 'u^ 4- -1-
D^u -f E 'v À F — 0, sem termo em uv.
Exercícios da Segunda Parte 131

(b) Se j4 ^ C, a rotação de ângulo 6 em tomo de O, com tg 26 =


B / { A — C) introduz coordenadas (m, v) nas quais a equação da
curva não possui termo em uv.
23.4 Seja a equação A x^ + C y^ + D x + E y + = 0, onde o termo
em x y foi eliminado por uma rotação de eixos (sem alterar o discriminante
A). Prove:
(a) Se A = —AAC = 0 esta equação representa uma reta, duas retas
paralelas ou uma parábola;
(b) Se A = —AAC ^ 0 a translação de eixos x = u h, y =
V -V k, com h = - D f 2 A , k = —E l2 C dá à equação a forma
Au"^ + C v^ + F = 0, logo a curva é uma elipse, uma circun­
ferência, um ponto, o conjunto vazio, uma hipérbole ou um par de
retas concorrentes.
23.5 Use os exercícios anteriores para concluir que a equação A x “
^+
B x y -j- C y^ + D x + E y + F = 0, com A = B ^ — AAC, representa:
(a) Uma parábola, um par de retas paralelas ou uma única reta, se A = 0;
(b) Uma hipérbole ou um par de retas concorrentes se A > 0;
(c) Uma elipse, ou uma circunferência, ou um único ponto, ou o conjunto
vazio, se A < 0.
23.6 Dada a equação A ^ -f- B x y -|- C y^ -h D x -f E y + F = 0,
com A ^ C, observe que, conhecida tg 2 d = B f { A — C ), pode-se
sempre supor que 26 pertence ao primeiro ou ao segundo quadrante, logo
6 pertence ao primeiro quadrante e sen 26 é positivo, portanto o sinal de
cos2d = ± l / \ / l -f tg^ 20 é o mesmo de tg 2 ^, ou seja, de B / ( A - C ) .
Conhecendo cos 26, determinam-se cos 6 = y^(l -f co s2 ^ )/2 e sen 6 =
\ / ( l —cos26)/2. Aplique estas considerações à equação -|- 2xy +
3y^ - 2 x - j / - f l = 0 para obter um novo sistema de eixos no qual a
curva por ela definida tenha uma equação desprovida de termos em xy,
em X e em y. Qual é esta equação e que curva ela representa?
23.7 Identifique, para cada uma das equações abaixo, o conjunto dos
pontos do plano por ela definido:
(a) 4x2 ^ Qy2 _ i6 x - 18y - 11 = 0
(b) 2x2 -h 3y2 -h 4x -h 6y -h 5 = 0
(c) -x 2 —2y2 -1- 3x - 4y -h 1 = 0
(d) 2x2 - 3y2 -f 4x - y 3 = 0
132 Exercícios da Segunda Parte

(,e) 2x^ - 3y^ + 4x - y + 23/12 = 0.


23.8 Qual é o conjunto X , formado pelos pontos (x, y) cujas coorde­
nadas satisfazem cada uma das equações abaixo?
(a) - 6 xy + 9y^ -f 5x —15y -1-1 = 0
(b) x^ — 6 xy -f- 9y^ -I- 4x —12y -1-4 = 0
(c) x^ - 6xy-|-9y^ -1- x —3y 4-2 = 0
(d) x^ - 6xy 4- 9y^ -|- 2x -|- y - 1 = 0.
23.9 Ache, por meio de uma translação, um novo sistema de eixos no
qual a curva 9x^ -f 4y^ —18x4- 16y —11 = 0 seja representada por uma
equação desprovida de termos em x e em y. Identifique a curva.
23.10 Mostre que não há translação de eixos capaz de eliminar ambos
os termos de primeiro grau na equação x^ -f 2xy -f y^ -|- x -|- 2y -|-1 = 0.
23.11 Para cada uma das equações abaixo, determine o tipo de conjunto
que a equação define:
(a) xy = 0.
(b) 3x2 _ 2xy + 3y2 - 32 = 0.
(c) 2x2 _|_ 2y2 -f- 1 = 0.
(d) x2 -h xy -I- y2 -I-1 = 0.
23.12 Determine a curva definida por cada uma das equações abaixo.
(a) + uv - 2 = 0.
(b) 9 u 2 -f 20 u2 _ ^ 3 •u v — 4 = 0
23.13 Prove que uma mudança de eixos ortogonais deixa invariante o
“traço” A -1- C na curva A x^ -1- B x y + Cy^ + D x -I- E y + F = 0.
23.14 (Outro método para identificar as curvas do segundo grau.)
Dada a equação A x^ -|- B x y -f Cy2 -i- i?’ = 0, ponha m = A 4- C e
n = A C -B ^ l4 .
(a) Mostre que as raízes Ai,A2 da equação A2 — mA -f n = 0 são
números reais.
(b) Prove que Ai = A2 se, e somente se, A = C t B = 0.
(c) Mostre que o sistema A x + { B /2 )y = Aix, (.B /2)x-|- C y = Aiy
é indeterminado e conclua que existe um vetor unitário f i = (a, b)
tal que A a -f {B /2 )b = Aia, {B /2 )a + Cb = A16.
(d) Use a relação Ai -|- A2 = A -1- C para concluir que o vetor unitário
h = ortogonal a f i , cumpre as condições A (—6)-|-
Exercícios da Segunda Parte 133

-\-[B /2)a = A2(—6) e ( 5 / 2 ) ( —6) + C a = X2 ■a.


(e) Sejam Ó X i e O Y i os eixos ortogonais cujos vetores unitários são
f i e /2 respectivamente. Mostre que a rotação que leva os eixos
originais O X Y em O X iY i transforma a equação A x^ + B x y +
C y^ + 5 = 0 em Aiu^ + A2V^ + 5 = 0, onde x = au — bv,
y = bu + av.
(f) Use este método para resolver o exercício 23.12.
Terceira P arte
Transformações Geométricas
2 4 • Transformações no plano

Uma transformação T no plano IT é uma função T rlI —^ II, isto é,


uma correspondência que associa a cada ponto P do plano outro ponto
P i = T [P ) do plano, chamado sua imagem por T .
Nas próximas seções estudaremos transformações do plano com pro­
priedades geométricas importantes e examinaremos essas propriedades.
Lembremos que a transformação T :II ^ II diz-se injetiva quando
pontos distintos P Q em II têm sempre imagens distintas T [P ) ^
T [Q ). Noutras palavras, T é injetiva quando T {P ) = T[Q ) implica
P = Q. T diz-se sobrejetiva quando todo ponto P i em II é imagem de
pelo menos um ponto P , ou seja, para todo P i em II existe P em II tal
que T { P ) = P i.
Uma transformação T :II -+ II chama-se bijetiva, ou uma bijeção,
quando é ao mesmo tempo injetiva e sobrejetiva. Isto significa que para
todo ponto P i em II existe um único ponto P em II tal que T {P ) = P i.
Uma transformação bijetiva T rlI -> II possui uma inversa
r ~ ^ :I I -* n . Para todo ponto P i em II, sua imagem T ~ ^{P i) pela
inversa T~ ^ é o único ponto P de II tal que T {P ) = P i.
Dadas duas transformações <S,T:II -> II, a composta S o T : I l —*■
n é a transformação que associa a cada ponto P do plano II o ponto
S '( r ( P ) ) . Portanto, por definição, (5 o T ){P ) = S {T {P )). Ou seja,
S o T consiste em aplicar primeiro T e depois S.
Uma transformação particular é a transformação identidade Id: II
n . Por definição, tem-se Id (P ) = P para todo ponto P em II.
Dada uma bijeção T: II ^ T, tem-se
T o P - i = r - i o T = Id,
pois
T [T -\P {)) = T{P] = Pi e T -^ { T { P )) = T -^ { P i) = P.
Uma vez que um sistema de coordenadas em II tenha sido estabe­
lecido, uma transformação T pode ser descrita por suas equações, isto é.
138 Transformações no plano

pelas expressões das coordenadas (a;i,j/i) do ponto P i = T {P ), obtido


pela aplicação de T ao ponto P = (x, y).
Exemplo: Tomemos a transformação T descrita pelas equações
X\ = X

{ i/i = !
Tal transformação é denominada uma compressão vertical do- plano.
Aplicada a um ponto (x, y) do plano, ela preserva a abcissa x e reduz sua
ordenada à metade, provocando um efeito de comprimir verticalmente as
figuras planas. (Fig. 24.1)

Vemos imediatamente que T é injetiva e sobrejetiva: dado um ponto


( x i, yi) do plano, ele é imagem de exatamente um ponto (x, y) do plano,
com coordenadas dadas por x = x i e y = 2yi.
Na figura 24.1 estão representados a circunferência unitária C, de
equação x^ + y^ = 1, e o resultado T [C ) de sua compressão vertical.
Para obter a equação de T [C ) aplicamos a mesma técnica usada para
obter a equação de uma figura após uma mudança de eixos: substituímos,
na equação de C, as coordenadas x e y por suas expressões em termos
de x i e yi. No presente caso, temos x = x i e y = 2yi, como vimos no
Transformações no plano 139

parágrafo anterior. Logo, a equação de T {C ) é:


x \ + (2yi)* = 1, ou seja, x j + 4 y f = 1.
Facilmente reconhecemos a equação T (C ) como sendo a de uma
elipse de semi-eixos a = l e 6 = l / 2 . Este é um resultado geral: o
resultado de uma compressão do plano sobre uma circunferência é uma
elipse cujo eixo maior é igual ao diâmetro da circunferência. Na verdade,
como veremos em seção posterior, a propriedade de transformar círculos
em elipses é satisfeita por uma classe mais ampla de transformações,
chamadas de transformações afins do plano.
2 5 • Isometrias no plano

Uma isometria do plano II é uma transformação T: II —> IT que preserva


distâncias. Mais precisamente, T é uma isometria quando se tem
d(T(p),r(Q)) = d(p,(3)
para quaisquer pontos P , Q no plano II.
No que se segue, veremos diversos exemplos de isometrias. Agora
vamos estabelecer algumas propriedades fundamentais desse tipo de trans­
formações.
Toda isometria T: II II ^ injetiva.
Com efeito, se T {P ) = T[Q ) então
d ( p ,g ) = d ( T ( p ) ,r ( Q ) ) = o,
logo P — Q.
Sejam T :! ! II uma isometria e P ,Q pontos distintos de U. Se
T { P ) = P i e T{Q ) = Q i então T transforma todo ponto R do
segmento P Q num ponto R \ do segmento P \Q i.
Com efeito, como R pertence ao segmento P Q , temos
d(i>,Q) = d(p,Jí) + d(je,Q).
Sendo T uma isometria, temos d ( P i,Q i) = d ( P ,Q ) ,d ( P i ,P i ) =
d ( P ,P ) e d ( P i,Q i) = d (P ,Q ). Logo
d ( P i,Q i) = d ( P i,P i) + d ( P i,g i) .
Portanto R \ pertence ao segmento de reta P iQ i.
A propriedade acima diz que toda isometria leva pontos colineares
em pontos colineares e, mais ainda, preserva a ordenação desses pontos
colineares. Daí resulta a propriedade seguinte.
A imagem de uma reta r por uma isometria T é uma reta r\ = T { r ).
Com efeito, sejam P ,Q pontos distintos de r e P i = T {P ), Q i =
T{Q ) suas imagens por T. Chamemos de r i a reta que passa pelos pontos
Isometrías no plano 141

P i e Q i. Dado qualquer outro ponto R na reta r, afirmamos que sua


imagem R i = T {R ) deve pertencer à reta ri. Para ver isto, suponhamos,
para fixar as idéias, que Q esteja entre P e R , isto é, que Q pertença ao
segmento P R . Então, como acabamos de ver, Q i está no segmento de
reta P iR i, logo R i pertence à reta r i que liga P i a Qi- Os casos em
que P está entre Q c R ou está entre P c Q se tratam igualmente.
Acabamos de mostrar que os pontos da reta r são transformados pela
isometria T em pontos da reta r\.
Reciprocamente, se R i é um ponto da reta r\ suponhamos, para fixar
idéias, que P \ esteja entre iEi e Q i, ou seja, que P \ pertença ao segmento
de reta R \Q \. Seja R o ponto da reta r, situado à esquerda do segmento
P Q e tal c^ue d(i2,Q ) = d (i2 i,Q i). Então T [R ) é o ponto de ri, à
esquerda db segmento P iQ i e tal que d (T (i2 ),Q i) = d (i2 i,Q i), logo
T (R ) = R i. Assim, todos os pontos da reta ry são imagens por T de
pontos da reta r. Isto concluí a prova de que T{r) = r\.
Uma isometria transforma retas paralelas em retas paralelas.
Com efeito, se T: II ^ II é uma isometria e as retas r, s do plano II
são paralelas, suas imagens r\ = T{r) e s i = T {s) devem ser paralelas,
pois se existisse um ponto P i ao mesmo tempo em r\ e em Si teríamos
P i = T [P ), com P em r e P i = T {Q ), com Q em s. Sendo T injetiva,
isto obrigaria P = Q ,e então as retas r e s teriam um ponto P = Q em
comum, contradizendo o fato de que são paralelas.
Atenção: A propriedade acima não significa que T transforma qualquer
reta r numa reta T{r) = r\ paralela a r.
Toda isometria transforma um triângulo retângulo noutro triângulo re­
tângulo.
Com efeito, sejam T: II -> II uma isometria e A B C um triângulo,
retângulo em A. Pondo A \ = T {A ), B i = T {B ) e C \ = T {C ), o
Teorema de Pitágoras assegura que
d ( P , C y = d(A , P)2 + d(A , C)2.
Como T preserva distâncias, segue-se daí que
= d(>li,B,)2 + d{Ai,C i)\
Noutras palavras, as isometrías transformam retas perpendiculares em
retas perpendiculares, ou seja, preservam ângulos retos.
142 Isometrias no plano

Mais geralmente, dado qualquer ângulo B A C , sejam


A l = T { Á ) ,B i = T {B ) e C l = T {C ). Os triângulos A B C e
A i B i C i têm lados iguais pois T preserva distâncias. Logo têm ângulos
iguais. Em particular, B \A i C i = B A C . Portanto:
Uma isometria preserva quaisquer ângulos.
As isometrias mais simples são as translações. A translação T^iTl —>
n , determinada pelo vetor v ,é a transformação que leva cada ponto P do
plano n no ponto Tv (P ) = P + v. Como sabemos, se v = A B então
P + V = Q é o ponto tal que o segmento orientado P Q é equipolente a
AB.
Se, num dado sistema de eixos ortogonais, as coordenadas de v são
(o:, /?) então, para cada ponto P = (x, y) tem-se Ty (P ) = (x + a , y +

FIg. 25.1 - A translação determinada pelo vetor v leva toda reta r numa reta paralela e
transforma o sistema OJCY no sistema O*X!Y\ cujos eixos são paraielos a, e têm o
mesmo sentido de, O X e O Y,

A translação Ty transforma toda figura F numa figura Ty (P ) = P ',


cujos pontos P + v são obtidos transladando-se os pontos P de P pelo
mesmo vetor v. Em particular, uma reta r é transformada na reta
Ty{r) = r + V = {P + V] P e r},
a qual é paralela a v. Um sistema de eixos ortogonais O X e O Y é
transformado por Ty no sistema 0 'X 'Y ', cujos eixos são paralelos a, e
têm o mesmo sentido que, O X e O Y .
Isometrias no plano 143

De um modo geral, qualquer isometria T transforma um sistema de


eixos ortogonais O X Y noutro sistema de eixos ortogonais 0 ' X ‘Y '.
Além disso, T transforma um ponto qualquer P do plano noutro ponto
P\ = T {P ), cujas coordenadas no sistema 0 ‘X 'Y ' são as mesmas
coordenadas de P no sistema O X Y .
Segue-se imediatamente que toda isometria T é uma transformação
sobrejetiva. Como já vimos que T é injetíva, concluímos que T é uma
bijeção. Sua inversa T~^ é evidentemente uma isometria.

y ---------------

T ^

Fig. 25.2 - As coordenadas de Pi = T[P) no sistema O'X'Y‘ são iguais às coordenadas


de P no sistema OXY.
Sejam (a, 6) as coordenadas de O’ = T [ 0 ) no sistema O X Y e
a o ângulo de O X para 0 'X '. Usando as fórmulas (3) e (4) da seção
23, vemos que as coordenadas (x i, j/i) do ponto P i = T {P ) no sistema
O X Y são dadas por
xi = X • COS a - y - sen a-\- a

ou
(
yi = X • sen a + y • cos a + b ( 1)

xi = X ' cos a + y • sen a + a


{
y i = X • sen a —y • cos a + b ( 2)

conforme O X Y e 0 ‘X ' Y ‘ sejam igualmente orientados ou não. No


primeiro caso, diz-se que T preserva e, no segundo, que T inverte a
orientação do plano.
Assim, quando se fixa um sistema de eixos ortogonais O X Y , uma
144 Isometrias no plano

isometria qualquer do plano transforma o ponto P = {x^y) no ponto


T [P ) = P i = (a;i,j/i) cujas coordenadas, neste mesmo sistema O X Y ,
são dadas pelas equações (l) ou (2) acima, onde (a, 6) são as coordenadas
de T ( 0 ) e o: é o ângulo entre O X e = T [ O X ).
Em particular, vê-se mais uma vez que toda isometria é sobrejetiva
pois, como vimos na seção 23, as equações (1) e (2) acima podem ser
invertidas: para todo ponto P i = (a:i,yi) existe um único P = {x ,y)
tal que T { P ) = P \, as coordenadas de P sendo obtidas das de P i por
meio das equações (l) ou (2) daquela seção.
Observamos que as equações de uma isometria T têm uma das for­
mas.
í x i = cx - dy + a ( Xi = cx + dy + a
ou
\ y i = dx + cy + b \ y i = d x - cy + b
No primeiro caso, a matriz da “parte linear” de T é
c —d
(:")
d c
e, no segundo caso, é

(: i ) -
No primeiro caso, T preserva orientação e o determinante
A = c^-|-d^ = l > 0
enquanto que, no segundo caso,
A = -c ^ - = - 1 < 0.
Portanto, o sinal do determinante A permite distinguir as isometrias que
preservam das que invertem a orientação do plano.
2 6 • Rotações

Seja O X Y um sistema de eixqs ortogonais no plano.


A rotação de centro O e ângulo a transforma o ponto P = (2 , y)
no ponto Pi = (x i, j/i) com
x i = X - COS a — y • sen ck, y\ = x - sen ot-\-y ■cos a .

Fíg. 26.1 - A rotação de centro O e ângulo ot leva P em P i .

Com efeito, essa rotação leva o vetor unitário e\ do eixo O X no


vetor / i = COS a e i+ sen a e^ t leva o vetor unitário €2 do eixo O Y
no vetor / 2, que se obtém de f \ por uma rotação positiva de 90®, logo
/2 = - sen o; • Cl + cos a • 62- Temos

O P = X •e i + y -62
e
-----►
O P i = x i •ei + y i •62 = X •f i + y •f2
146 Rotações

pois, no sistema de eixos ortogonais O X iY \, cujos vetores unitários são


/ i e /2> o ponto P \ tem as mesmas coordenadas (a:, y) que P tem no
sistema O X Y . Então

x i = (O P i,ei) = { x h + y /2 ,e i) =
= + í/(/ 2 ,ei) = x c o s a y sen a ,

yi = (O Pi,e2) = { x f i + y/2,C2) =
= a : ( / i ,e 2 ) + í / ( / 2 , e 2 ) = x s e n a + y c o s a .

Em particular, uma rotação de 180° em tomo do ponto O leva o


ponto P = (ar,y) no ponto P \ — ( - x , - y ) . Neste caso, seja qual for o
ponto P do plano, a origem O é o ponto médio do segmento P P \. As
vezes se diz que P \ = (—x, —y) é o simétrico do ponto P = (x, y) em
relação ao ponto O. A rotação de 180° em tomo de O coincide portanto
com a simetria central de centro O.
As equações (1) da seção anterior mostram que toda isometria T do
plano, que preserva orientação, é uma rotação de centro O e ângulo a
seguida da translação pelo vetor v = 0 0 \ , onde O i = (o, 6) = T { 0 ).
Mostraremos agora que, na realidade, efetuar uma rotação de centro
O e ângulo a ^ 0 e, em seguida, uma translação no plano é o mesmo
que efetuar uma única rotação, de mesmo ângulo a, com centro noutro
ponto do plano.
Consequentemente, as únicas isometrias do plano que preservam o-
rientação são as rotações (com centros em pontos arbitrários do plano)
e as translações (que correspondem a uma rotação de ângulo ck = 0 ,
seguida de uma translação).
Demonstraremos agora a afirmação acima feita. Todas as coordena­
das a seguir serão tomadas em relação a um sistema de eixos ortogonais
O X Y pié-fixado. Temos uma isometria T que consiste na rotação de
centro de O e ângulo a, seguida de uma translação pelo vetor v = (a, 6).
Queremos determinar um ponto O ' = (c, d) tal que T seja a rotação de
centro O' e ângulo a.
Ora, a rotação de centro 0 ‘ = (c,d) e ângulo a transforma o ponto
Rotações 147

P = (rr, y) no ponto P ' = (x', y') tal que


x' = (x — e) COS a — [y — d) sen o: + c
y' = (x —c) sen o: + (y —d) cos o; + d.
A explicação para as equações acima é simples: o ponto P ' se obtém
girando o vetor 0 'P = (x —c, y —d) do ângulo a, obtendo-se o vetor
0 'P * = (x ,y ), onde
X = [x — c) COS a —(y —d) sen a
y = {x — c) sen o: 4- (y —d) cos a
e depois tomando sua extremidade

P> = O' + 0 ‘P ' = {x + c ,y + d).


Queremos determinar as coordenadas (c, d) do ponto O ' de tal ma­
neira que o ponto P ' coincida com T [P ). Levando em conta as equações
(1) da seção 25, devemos ter
(x —c) • cos o: - (y - d) • sen a -f c = x • cos a - y - sen o: -1- o
{ (x - c) • sen o: -}- (y —d) • cos a d = x • sen a -f y • cos a + b
Simplificando:
(l —cos a) 'C + sen a d — a
{ —sen o: • c -|- (1 —cos d )d = b
O determinante deste sistema (cujas incógnitas são c e d) é igual
a ( l - co sa)^ -f sen^O!, portanto é diferente de zero, salvo quando
a = 0, em cujo caso T é a translação pelo vetor v = (a, b). Nos demais
caSos (a 7^ 0), o sistema possui uma única solução (c,d), formada pelas
coordenadas do ponto O' que procuramos. Não há dificuldade em obter
explicitamente os valores de c e d em função de a , a e b, caso haja
necessidade.
Exemplo 1. Dados os vértices A = (m, n ) c B = (p, q) de um triângulo
equilátero, obter o terceiro vértice C.
O problema admite duas soluções C e C"' conforme indica a figura
26.2.
148 Rotações

o ponto C ' é obtido aplicando a B uma rotação de 60° em tomo do


ponto A , enquanto é obtido através de uma rotação de —60°, também
em torno de A.

De acordo com as equações introduzidas nesta seção, as coordenadas


x ' e y' de C são dadas por:
3^ = (p —m) COS 60° — {q — n) sen 60° + m

= (p - m) • i - (g - n) • ^ -l- m

y' = [ p - m ) sen 60° + (çf - n.) cos 60° + n

= (p - m) • ^ + (ç - n) • i + n

Analogamente obtemos as coordenadas x" e y" de C".


Exemplo 2. Tomemos a circunferência unitária C, de equação x^ + y^ =
1 e examinemos o efeito de uma rotação R de ângulo o: e de centro na
origem aplicada a C.
Para obter a equação de R {C ), como vimos na seção 24, é preciso
obter as expressões das coordenadas x e y de um ponto P em função das
coordenadas X\ e y \ de seu transformado R {P ).
Rotações 149

Como vimos acima, Xi e j/i são dados, em termos de x e y, por


rxi = xcosQ! - yseno:
\ yi = xsen o: + y cos a
E possível inverter estas equações (como fizemos na seção 23), de
modo a obter
X = xi cos Q! + yi sen a
{ y = - x i sen a + yi cos a
Substituindo na equação do círculo obtemos
(xi cos a + y i sen + ( - x i sen o: + yi cos a)^ = 1,
do que resulta
xf cos^ a + 2xiyi sen a cos a + y l sen^ o:+
+ x \ sen^ a —2xiyi sen o; cos a + yi cos^ a = 1,
ou seja
x\ (cos^ a + sen^ a) + yj (sen^ a + cos^ a) = 1.
Utilizando a identidade sen^ a + cos^ a = 1, temos finalmente
x \ + y l = 1.
Isto significa que a equação obtida para a figura transformada é a mesma
da figura original. Isto não é de modo nenhum surpreendente, já que a
circunferência é invariante sob rotações em tomo de seu centro.
2 7 • Reflexões

o ponto P \ chama-se o simétrico do ponto P em relação à reta r quando


r é a mediatriz do segmento P P i. Se P pertencer a r, diremos que
seu simétrico em relação a r é ele próprio. Evidentemente, se P i é o
simétrico de P relativamente a r então, reciprocamente, P é o simétrico
de P i relativamente à mesma reta r.
Na prática, obtém-se o simétrico de um ponto em relação a uma reta
dobrando ao longo dessa reta a folha de papel onde está gravado o ponto.
A reflexão em tomo da reta r é a transformação T que faz corres­
ponder a cada ponto P do plano o ponto P j = T (P ), simétrico de P
em relação a r.

MÃO ESQUERDA

Fig. 27.1 • O ponto P i , o triângulo A i B i C \ e a mão direita são, respectivamente, as


Imagens do ponto P, do triângulo A BC e da mfio esquerda M pela reflexão em torno da
reta r. Note que o^entido de percurso A iB iC i é oposto do sentido ABC.
Reflexões 151

Tomando um sistema de eixos ortogonais O X V no qual o eixo O X


coincida com a reta r em tomo da qual se dá a reflexão T, para cada
ponto P = (x ,y ) tem-se T (P ) = P i = (x, —y).
Daí resulta que toda reflexão é uma isometria pois se P = (x, y) e
Q = (x^,y*), pondo P i = ( x ,- y ) e Q i = (x ',-y * ), é óbvio que
d ( T ( p ) , T ( Q ) } = d (p ,,gi) = d(p,g).
A expressão T (P ) = (íCj-í/) quando P = (x,y) mostra também
que a reflexão T inverte a orientação do plano, pois deixa o eixo O X fixo
e inverte a orientação d& O Y . Em termos dos vetores unitários dos eixos,
T transforma Ci em si mesmo e €2 em —ej. Evidentemente, o sentido de
rotação de ei para - 6 2 é oposto ao sentido de ei para 62-
Se A B C é um triângulo escaleno e A iB i C i é sua imagem pela
reflexão em torno de alguma reta, não é possível passar de A B C para
A i B i C i mediante um movimento que tenha lugar no plano. A fim de
superpor um desses triângulos sobre o outro é necessário sair do plano
que os contém e efetuar o movimento no espaço tri-dimensional.
Seja O X Y um sistema de eixos ortogonais no plano.
A reflexão T, em tomo da reta r, que passa pela origem e faz um
ângulo a com o eixo O X , transforma este eixo noutro, O X i, obtido de
O X por rotação de ângulo 2 a e transforma O V no eixo O Y i, tal que o
ângulo de O Y para O Yi é 180® -I- a.
Portanto, se €1, 62, / i e /2 são respectivamente os vetores unitários
dos eixos O X ,O Y ^ O X \ e OYí, temos

/ i = COS2a e i+ sen 2 a ■€2

/2 = sen 2o: • ei - COS2o: • 62.


A reflexão T, sendo uma isometria, transforma o ponto P = (x, y)
no ponto P i = (x i, yi) tal que P i = x / i -f y / 2.
Segue-se 'mediatamente que
xi = X • COS2 a -f y • s e n 2 a ,
{ yi = X • sen 2 a —y • cos 2 a . ( 1)

Estas são, portanto, as equações da reflexão em tomo de uma reta


152 Reflexões

que passa pela origem e faz ângulo a com o eixo O X .

FIg. 27.2 • A reflexão em tomo de r leva O X em O X i e O Y em O Y i-

Seja agora r a reta de equação y = a x + b, que tem inclinação


o = tg a e corta o eixo O F no ponto de ordenada b.
A reta r', de equação y — ax, paralela a r, passa pela origem e
faz com o eixo O X o mesmo ângulo a. Para obter a imagem do ponto
P = (x, y) pela reflexão T em tomo da reta r, primeiro daremos a P a
translação vertical de vetor - v = (0, -6 ), obtendo P ' = { x ,y - b). Em
seguida, refletimos P ' em tomo da reta r', obtendo o ponto P '' = (x'', y")
com

x" = X- COS2a + (y - 6) • sen2a,


y^' = X • sen 2a —(y - 6) • cos 2a.

Finalmente, damos a P ” a translação vertical de vetor v = (0,6), che-


Reflexões 153

gando a P i = T {P ) = (x i,y i), onde

y=ax

Fig. 27.3 - A reflexão em torno da reta y = ax + b leva P em P i , com as etapas


Intermediárias P ' e

x \ = X- COS 2 a + [y — b) ■sen 2 a
{
y i — X •sen 2 a — (y —6) • cos 2 a + 6 ( 2)

Estas equações fornecem as coordenadas do ponto P i = (a;i,í/i),


obtido de P = (x, y) pela reflexão em torno da reta r, cuja equação é
y = a x + b, com a = tg a . Devemos modificá-las de modo a eliminar o
ângulo a e exprimir x i , y i em função apenas de x, y, a c b. Para isso,
empregaremos as clássicas fórmulas que exprimem o seno e o cosseno
de um ângulo como funções racionais da tangente do arco metade. (Veja
seção 17.) Segundo elas, de a = tg a conclui-se que

1 -a ^
COS 2 a --
1+
154 RcflexõM

2a
sen 2ü! =
l + a2
Portanto
l-a ^ 2a
Xi X +
l + a2 l + a2 ( y - 6 )
2a (3)
yi T TÕ 2
X —

são as equações da reflexão em tomo da reta y = a x + b.


Outro tipo de isometria que inverte a orientação do plano é a reflexão
com deslizamento. Chama-se assim a transformação do plano que consiste
na reflexão em tomo de uma reta r seguida de uma translação ao longo
de um vetor v, paralelo a r.
Se a equação da reta r é y = a x + b t sc as coordenadas do vetor
V são (c, ac) então obtêm-se as equações da reflexão em tomo de r com
vetor de deslizamento v somando-se c à primeira equação do sistema (2)
e somando-se ac à segunda.

FIg. 27.4 • O triângulo Ai, Bi, Ci, Imagem do triângulo ABC pela reflexão em torno de
r com vetor de deallzamento v.
Reflexões 155

PEGADAS

Fig. 27.5 - Pegadas ao longo de um caminho retilíneo ilustram uma reflexão com deslizamento.

As equações (2) da seção 25 dão as coordenadas do ponto P \ =


imagem do ponto P = (x,y) pela isometria mais geral que
inverte a orientação do plano. Como se viu alí, essa isometria T consiste
na rotação de ângulo a e centro O, seguida da reflexão em tomo da
reta que passa pela origem e faz o mesmo ângulo a com o eixo O X e,
finalmente, a translação ao longo do vetor v = 0 0 \ , onde 0 \ = T [ 0 ) .
Este resultado pode ser simplificado. Mostraremos agora que qual­
quer isometria que inverta a orientação do plano é uma reflexão ou uma
reflexão com deslizamento.
Em primeiro lugar, comparando as equações (2) da seção 25 com as
equações (l) desta seção, vemos que uma rotação de ângulo a em tomo
da origem seguida da reflexão em tomo da reta que passa pela origem e
faz ângulo ot com o eixo O X é o mesmo que uma simples reflexão em
tomo da reta que passa pela origem e faz ângulo a / 2 com o eixo O X .
, Em seguida mostraremos que, se T é a isometria que consiste na
reflexão em tomo da reta r seguida da translação ao longo do vetor v
(não necessariamente paralelo a r), podemos obter outra reta 5 e outro
vetor w, este agora paralelo a s, de tal modo que T é a reflexão com
deslizamento determinada pela reta s e pelo vetor w.
Para isto, tomemos um sistema de eixos ortogonais O X Y onde O X
coincide com r. S t v = (a, 6) então T transforma o ponto arbitrário
P = (x, y) em T [ P ) = (x + a, - y + 6). Sejam 5 a reta horizontal da
equação y = 6/2 e tt; = (a,0). A reflexão com deslizamento em tomo
156 Reflexões

da reta 5 com vetor w transforma o ponto arbitrário P = (x, y) em


( x , b - y ] + (a,0) = (x + o , - y 4-6),
logo coincide com T.

Fig. 27.6 - A refflexfio em torno de r seguida da translaçâo ao longo de t; ó o mesmo que


reflexfio em torno de 3 com deslizamento ao longo de w.

Podemos então resumir nossa discussão sobre isometrias do plano,


levada a efeito nas seções 25, 26 e 27, do seguinte modo:
Uma isometria que preserva a orientação do plano é, seja uma rotação
de ângulo determinado, em torno de um ponto dado, seja uma translaçâo
ao longo de um certo vetor. As rotações (de ângulo diferente de 0° e
de 360°j têm um único ponto fixo e as translações (ao longo de vetor
não-nulo) não têm ponto fixo.
Uma isometria que inverte a orientação do plano é, seja uma reflexão em
tomo de uma reta dada, seja uma reflexão com deslizamento. No primeiro
caso, todos os pontos daquela reta são fixos; no segundo caso, não há
pontos fixos.
28 • Semelhanças

Seja r um número real positivo. Uma semelhança de razão r no plano


n é uma transformação <r: II —> II que multiplica por r a distância entre
dois pontos P , Q quaisquer em IT, isto é
d(<r(i>),ff(Q)) = r-d (P ,Q ).
S t a t a ' são semelhanças, de razões t t r' respectivamente, a
composta a o —y Jl, definida por (a o a ‘) (P ) = o[a' [P)), é uma
semelhança, de razão r • r'. Uma isometria é uma semelhança de razão
r = 1.
Dada a semelhança a, st P ^ Q então d (P , Q) ^ 0 logo
d(<7(P),a(Q )) = r - d ( P ,Q ) 0
e daí tr(P ) ^ Portanto toda semelhança é uma transformação inje-
tiva. Veremos em seguida que toda semelhança cr é também sobrejetiva,
logo possui uma inversa a qual é ainda uma semelhança, de razão
1/r, se r for a razão de a.
Uma semelhança a transforma toda reta r numa reta r i =
Além disso, se as retas r, s são paralelas então suas imagens r j = cr(r)
e = <7(5) são ainda retas paralelas. As demonstrações seguem exata­
mente os mesmos raciocínios já vistos no caso das isometrias (seção 25)
por isso serão omitidas.
Dado o triângulo A B C , retângulo em A, uma semelhança a o
transforma no triângulo A iB i C i, onde A i = <^(-^)» ®
C{ = Afirmamos que o triângulo A iB i C i é retângulo em A \.
Com efeito, pelo Teorema de Pitágoras, temos
d (P , C)2 = d(A , B f -f d(A , C f .
Seja r a razão da semelhança cr. Então
á(B uC if = • d(B, C)^ = r* • ã{A, B)^ + r ‘‘ ■d { A , C ] ^ =
= i{Ai,Bi)^ + á{AuCi )\
158 Semelhanças

Pela recíproca do Teorema de Pitágoras, A iB i C i é retângulo em A i.


Isto significa que toda semelhança transforma retas perpendiculares
em retas perpendiculares. Um retângulo de lados medindo x t y é trans­
formado pela semelhança a num retângulo cujos lados medem r - x c r - y ,
se r é a razão de a. Um sistema de eixos ortogonais O X Y é levado
por a noutro sistema O iX \Y i de eixos ortogonais. Se as coordenadas
do ponto P no sistema O X Y são [x, y) então as coordenadas do ponto
P i = cr(P) no sistema O iX iY i são (r • a;,r • j/).
Daí resulta, em particular, que toda semelhança a : II —>■II é tuna
transformação sobrejetiva.

Fig. 28.1 • Se as coordenadas de P no sistema O XY sflo ( z , J/) seu transformado Pi =


< r ( P ) tom coordenadas ( r • z , r • y ) no sistema O iX iY i.

Com efeito, dado um ponto arbitrário P i, cujas coordenadas no sis­


tema O i X y Y i são (a;i,i/i), temos P\ = onde P é o ponto do
plano cujas coordenadas no sistema original O X Y são ( x i/r , y i/r ) .
Mostraremos agora que uma semelhança a preserva qualquer ângulo,
reto ou não. Mais precisamente, se o [A] — A \ , cr(B) = B i e a( C) =
Cl, provaremos que B A C = B iA iC i.
Para isto, tomaremos no plano um sistema de eixos ortogonais cuja
origem seja o ponto A e cujo eixo horizontal seja a reta A B .
A semelhança cr, de razão r, transforma este sistema noutro, de ori­
gem A l, cujo eixo horizontal é a reta A iB i. Seja y = ax a equação da
reta A C no sistema inicial. Isto quer dizer que os pontos desta reta têm
Semelhanças 159

coordenadas (x, ax) no primeiro sistema. A semelhança a os transforma


em pontos cujas coordenadas são (rx, rax) = (rx, a-rx) no segundo sis­
tema. Estes pontos transformados constituem a reta A iC i, cuja equação,
neste outro sistema é, portanto, yi = a • Xi. Logo o ângulo do eixo
A i B i , com a reta A \C i (cuja tangente é a) é igual ao ângulo de A B
com A C , como queríamos demonstrar.

y =ax

Fig. 28.2 - A semelhança a transforma o ângulo B AC no ângulo congruente a


ele.

Diz-se que duas figuras F t F \, contidas no plano IT, são semelhantes


quando existe uma semelhança <r:II II tal que (r(F) = F i. Segue-se
do que vimos acima que dois triângulos semelhantes têm seus ângulos
respectivamente iguais.
Reciprocamente, se os triângulos A B C e A iB i C i, no plano II, são
tais que A = A i, B = B i t C = C \, provaremos agora que eles são
semelhantes. Para isto, obteremos uma semelhança a : II II tal que
a{A) = A l , (7 {B) = B i c a{C) = Ci.
■Começamos introduzindo no plano dois sistemas de eixos ortogonais
A B Y e A iB i Y i . O primeiro com origem A, eixo horizontal A B e o
eixo vertical orientado de modo que C tenha ordenada positiva. O segundo
com origem A \, eixo horizontal e o eixo vertical orientado de modo
que a ordenada de C i seja positiva.
Seja r = d (A i, B i) / d(A , B ). Se as coordenadas de B no sistema
A B Y são (6,0) então as coordenadas de B i no sistema A \ B i Y i são
(r • 6,0). Definamos uma transformação a : II II, associando a cada
160 Semelhanças

ponto P , de coordenadas (a:, y) no primeiro sistema, o ponto P i, de


coordenadas (r • a;, r • y) no segundo sistema. Evidentemente, a é uma
semelhança, com <r(A) = A i c (t {B) = B i. Levando em conta que a
^ ^ ^
preserva ângulos, que A = A \ e B = B \, vemos que o ponto C = o [C)
é tal que a reta A i C faz com A i B \ um ângulo igual a e a reta B i C
faz com A i B i um ângulo igual a B . Portanto C coincide com C \ ou
com o seu simétrico em relação ao eixo A \B i . Como as ordenadas de C
e C l são positivas, concluímos que C ' = C i e isto termina nossa prova.

Fig. 28.3 • Eixos ortogonais adaptados aos triângulos ABC e A iB iC \.


2 9 • Homotetias

Exemplos particularmente simples de semelhanças são as homotetias. A


homotetia de centro O e razão r no plano II é a transformação /T: II IT
que associa a cada ponto P em II o ponto P \ = H (P ) tal que O P \ =
----¥
T • O P . Se r = 1, a homotetia H reduz-se à transformação identidade:
H (P ) = P para todo P .
Dados os pontos P, Q no plano, com H [ P ) = P \ t H{ Q) = Q\ ,
temos

P \Q i = O Q i - O P i = T • OQ - r • O P =
= r ■{OQ - O P ) = r P Q

logo

á [ H { P ) , H [ Q ) ) = |P ,Q ,| = r • |P Ç | = r • d (P , Q).

Assim toda homotetia é, de fato, uma semelhança. Se H tem centro


O e razão r, sua inversa H ~ ^ é a homotetia de centro O e razão 1 /r.
Com efeito, se chamarmos dt K a homotetia de centro O e razão
1 /r, temos K { H { P ) ) = P = H { K [ P ) ) para todo ponto P do plano,
logo K = é a transformação inversa de H.
A homotetia H de centro O e razão r deixa fixo o ponto O, isto é,
H (O) = O. Além disso, H transforma toda semi-reta de origem O, e
toda reta passando por O, em si mesma.
Se r ^ 1, a homotetia H de razão r e centro O transforma toda reta
p que não contém O numa reta paralela.
Com efeito, sendo r ^ 1, para todo P ^ O os pontos 0 , P e
Pl = H { P ) são distintos e colineares. Se P pertencer à reta p o P\
também então p contém O. Assim, quando p não contém o centro O da
homotetia, para todo ponto P em /> tem-se Pi = H { P ) ^ p, isto é, a
reta p não tem pontos em comum com sua imagem pi = H{p). Noutras
162 Homotetias

palavras, p e H(p) são paralelas.

Fíg. 29.1 - Uma homotetia de razão r ^ 1 transforma toda reta p que não passa por O numa
reta paralela.

Seja H uma homotetia de centro O e razão r. Em qualquer sistema


O X Y de eixos ortogonais, com origem no centro O da homotetia H, as
coordenadas do ponto P\ = imagem do ponto P = (x, y) pela
homotetia H, são x i = r • x, yi = r • y. Escrevendo
x i = r - x + 0- y e yi = 0- x + r - y ,
vemos que a matriz da homotetia H em relação a qualquer sistema de
eixos ortogonais com origem em seu centro O tem a forma

(;:).
3 0 • Homotetías de razão negativa

Às vezes é conveniente considerar transformações K:JV —^ II, que con­


sistem numa homotetia H de centro O e razão r > 0, seguida da rotação
de 180® em tomo de O, ou seja, da simetria de centro O.
Neste caso, para todo ponto P do plano II, temos K (P ) = P i, onde
O P i = —r • O P . Por isso a transformação K é chamada a homotetia de
razão (negativa) - r .

FIg. 30.1 • Homotetia de razão negativa, levando P em Px * * figura P em Px.


Veremos agora um exemplo ònde se utiliza uma homotetia de razão
negativa. Num triângulo A B C , sejam G o baricentro (ponto de interseção
das 3 medianas) e Q o circuncentro (ponto de interseção das mediatrizes
dos três lados). Como sabemos, G é o ponto do triângulo A B C que tem
as três coordenadas baricêntricas iguais a 1/3 e Q é o centro do círculo
circunscrito, isto é, do círculo que passa pelos três pontos A , B t C.
A homotetia K de centro G e razão negativa —1 /2 transforma
A B C no triângulo A iB \ C i, cujos vértices são respectivamente os pontos
médios dos lados B C , A C e A B .
Seja hj^ a reta perpendicular a B C baixada de A. K transforma
hj^ na perpendicular a P i C i (portanto a B C ) que contém o ponto A \,
ou seja, na mediatriz de B C . O mesmo se dá em relação aos outros dois
164 Homotetias de razão negativa

vértices B t C. Logo K transforma as 3 alturas do triângulo A B C nas


3 mediatrizes, Como as 3 mediatrizes de A B C se cortam no ponto Q,
segue-se que as 3 alturas se cortam também num único ponto H (que se
chama o ortocentro de A B C ), com K { H ) = Q. Daí resulta que os
pontos H , G c Q são colineares, com G entre H c Q c

Resumindo: se H, G e Q são respectivamente o ortocentro, o bari-


centro e o circuncentro do triângulo A B C então G pertence ao segmento
H Q , com d (G ,Q ) = d { G , H ) / 2 .

Fig. 30.2 • Homotetia de centro G e razão —1/2 leva ABC em A iB iC i-


3 1 • As equações de uma semelhança

Seja a : n —^ n uma semelhança de razão r. Fixado um ponto arbitrário


O e JI, consideremos a homotetia ff: II ^ IT, de centro O e razão r,
cuja inversa, como sabemos, é a homotetia H~^, de mesmo centro O
e razão l / r . A composta T = H ~ ^ o a é uma semelhança de razão
( l / r ) - r = 1, ou seja, é uma isometria. A igualdade T = H ~ ^ o a pode
também escrever-se como

a = HoT.
Portanto toda semelhança o é igual a uma isometria seguida de uma
homotetia. Dada a, o centro da homotetia pode ser escolhido à vontade.
Mas é claro que, mudando esse centro não apenas se muda a homotetia
H como também a isometria T.
A partir das equações (l) e (2) da seção 23, juntamente com as
observações finais da seção anterior, vemos que, fixado um sistema O X Y
de eixos ortogonais, uma semelhança a de razão r transforma um ponto
qualquer P = (a:, y) do plano no ponto P i = (x i, j/i) onde

ou
I x \ = [r ’ COS a ) x - (r • sen a ) y -f- ra
j/i = (r • sen aja: -f (r • c o sa )y + rb

x i = [r ■ COS o:)a; -|- (r • sen a ) y -f ra


{ j/i = (r • senQ!)x - (r • cosa)y -I- rb,
conforme a preserve ou inverta a orientação do plano.
Nestas equações, (ra, rb) são as coordenadas do ponto O i = <r(0).
Escrevendo m = r cos a, n = r sen a, p = ra e q — rb, as equações
de uma semelhança c assumem uma das formas
j xi = m x - n y - \ - p í == m x + n y + p
\ y i = nx + my + q \ y i = n x — m y + q,
conforme a preserve ou inverta orientação.
166 As equações de uma semelhança

A matriz da “parte linear” de cr é

("‘ ou
\n m J \n —m J
No primeiro caso, a matriz tem o determinante positivo e,
no segundo caso, o determinante é igual a — — n^, logo é negativo.
Aqui, m* + = r^, onde r é a razão da semelhança a.
Usaremos estas equações para provar o seguinte
Teorema Uma semelhança sem ponto fixo é uma isometria.
Demonstração: Um ponto P diz-se fixo sob a quando se tem (t{P) =
P. Em termos de um sistema de eixos ortogonais O X Y , a igualdade
<t{P) = P , com P = (x,i/) significa
{ x = m x —ny -f p / ^ ~= m x + n y p
\ y = nx + m y + q \ y = nx — my + q
Estas equações podem ser re-escritas como

ou
I (m - l ) x — n y = —p
n x + {m — í ) y = - q {*)

(m - l ) x -1- ny = - p
{ n x - (m -f l) y = —q *
Suponhamos que a preserve orientação, de modo que suas equações
são as da esquerda. Dizer que a não possui ponto fixo significa então
afirmar que o sistema (*) é incompatível. Em particular, isto implica que
o determinante (m —1)^ -f-n^ desse sistema é zero, logo m = 1 e n = 0.
Segue-se que x i = x + p, y i = y + q e a é uma translação, donde uma
isometria.
Em seguida, consideremos o caso em que a inverte orientação. Suas
equações são portanto as da direita. Se c não admite ponto fixo, o sistema
(**) é incompatível, logo o determinante 1 - —n ^ é igual a zero, isto
é, m ^ -\-n^ = \. Então a razão r da semelhança a é igual a 1 e <r é uma
isometria.
3 2 • Transformações afins

Diz-se que IT —►II é uma transformação afim do plano II quando,


par^ quaisquer pontos P , Ç em II e todo número real t, vale:
P ( ( l - t) P + tQ ) = { l - t ) - P i + t - Q i,
onde P i = P ( P ) . Qi = P{Q)- A igualdade acima pode também ser
escrita sob a forma:

F{P + t P Q ) = P i + t P i Q i .
Se P i 7^ Q i esta igualdade significa que F transforma a reta P Q
na reta P iQ i de tal modo que, mantendo P t Q fixos e fazendo t variar,
quando o ponto R = P + t- P Q percorre a primeira reta com velocidade
constante P Q , sua imagem

P i = P i + í • P iQ i

percorre a segunda com velocidade P iQ i.


Como sabemos, a igualdade P = (l - t) P tQ é equivalente a
P R = t • P Q , logo o valor absoluto |t| é igual à razão entre distâncias
d (P , R )/ d (P , Q). O número t é negativo quando R está à esquerda do
segmento orientado P Q e positivo quando R está à direita do ponto P .
Quando 0 < í < 1, P pertence ao segmento de reta P Q .
Suponhamos ainda P i ^ Q i. A transformação afim F leva os pontos
R = { l —t ) P + t Q e 5 = (1 - 5 )P -I-a Q
nos pontos
P i = (1 - t )Pi -I- t Qi e 5 i — (l —a )P i + s Q i
da reta P iQ i- Temos

Rã = { s - t ) P Q e P iP i — ~ ^^P iQ i
168 Transformações afins

logo
d ( J ii,S i)
ií-íi (*)
d (P ,Q ) d ( P ,,Q i) ’
donde
(**)
d (iü ,5 ) d (P ,Q )
As igualdades (*) dizem que, ao longo da reta P Q , a transformação afim
F preserva a razão entre distâncias. As igualdades (**) significam que,
restrita à reta P Q , a transformação afim F se comporta como se fosse
uma semelhança pois multiplica as distâncias por um fator constante c.
Mas atenção: esse fator varia de reta para reta! Somente quando F é uma
semelhança é que esse fator é o mesmo para todas as retas.
Dada F afim, se F{A) = A i , F [ B ) = B i , F [ C) = C\ t a +
+ 7 = 1 então
F { a A + PB + 7C) = a A \ + fiBi + 7C1 ( 1)
Com efeito, sendo a + /? + 7 = 1 não se pode t e r a + y3 = a + 7 =
+ 7 = 0 porque, somando, teríamos 2o: + 2yS + 27 = 0. Digamos,
então, que seja a + ^ 0. Neste caso, podemos escrever

+ + = (« + /?) ( ^ . . 4 + ^ b ) + t C =

= (1 - 7 ) [ ( 1 - < ) •A + í •P] + 7-C',


onde t = Pl[o. + P). A igualdade (1) resulta então da definição de
transformação afim, usada duas vezes.
Podemos também escrever (l) sob a forma

F{A + p • A B + 7 • AC) = A i + p • A i B i + 7 • AiCi,


onde /? e 7 são números reais quaisquer.
Caracterizaremos agora as transformações afins pelas equações que
as definem.
Teorema. Seja O X V um sistema de eixos ortogonais no plano II. Uma
transformação F: Ji JV é afim se, e somente se, existem constantes
ayb^Cfd^p,q tais que F leva cada ponto P = (x, y) do plano no ponto
Transformações afins 169

P\ = onde

x i = a x hy -\- p
(2)
{ y i = cx + dy-\- q.

Demonstração: Dada a transformação afim F : II — II, ponhamos U =


(1,0), V = (0,1), Í-(O) = o , = (p ,í), F ( U ) = U i = ( o + p ,o + ç ),
F { V ) = Vi = {b + p , d + ç). Dado P = (x, y), tem-se

P = 0 + x-Õ U + y-ÕV,

logo, pela definição de transformação afim, se P i = F { P ) então:

P i = Oi + X- O iU i + y • O iV i
= (p, ç) -H X • (a, c) -I- y • (6, d)
= {ax + by + p^cx + dy + q).

Portanto as coordenadas (x i,y i) do ponto P i são dadas pelas equações


(2). Reciprocamente, se P ; II II é uma transformação que, relati­
vamente ao sistema O X Y , leva o ponto P = (x, y) no ponto P i =
(x i,y i) cujas coordenadas são expressas pelas equações (2) então F é
uma transformação afim pois a relação

P ( ( l - t ) P -F tQ) = (1 - t )Pi -h t Q i

decorre imediatamente daquelas equações.

Cprolárío. As semelhanças e, em particular, as isometrias são transfor­


mações afins.

Uma transformação afim pode não ser injetiva. Exemplo extremo


disso é uma transformação constante (que leva todos os pontos do plano
num único ponto).
Outro exemplo de transformação afim não injetiva é a projeção
P : n — n sobre a reta r, paralelamente à reta r', onde r e r' são concor­
rentes. P é definida assim: para todo ponto P G II pomos P ( P ) = P i =
interseção de r com a reta paralela a r ' traçada pelo ponto P.

Fig. 32.1 - A projeção F sobre a reta r, paralelamente a reta

Consideremos um sistema de eixos ortogonais O X Y tal que O X


coincida com a reta r e O seja o ponto de interseção de r e Seja
V= um vetor não-nulo, paralelo a P, logo ^ 0.
Dado o ponto P = (x,y), sua imagem pela projeção F é o ponto
Pi = (aJi>yi) = P + tv = {x + t a , y +
onde t é escolhido de modo que a ordenada y + t/3 seja zero, isto é,
t = —ylP. Então X + t a = X - [a !0 )y , logo as coordenadas de P \
são x \ = X - [ a f P ) y e yi = 0.
Resulta, então, do Teorema que a projeção F é uma transformação
afim. Evidentemente, F não é injetiva pois qualquer reta paralela a r ' é
transformada por F num único ponto.
De um modo geral, se uma transformação afim i^ rll ^ II não é
injetiva, isto é, se existem dois pontos distintos P t Q cujas imagens
Pi = F { P ) & Qi = F{Q) coincidem então, para todo número real í,
tem-se
i^ ((l - t ) P -h tQ) = (1 - t ) Pi -h t Q i = P u
logo F transforma todos os pontos { l — t ) P + t Q da. reta P Q no único
ponto P i, ou seja, F é constante ao longo dessa reta. Neste caso, afirma­
mos que F é também constante ao longo de qualquer reta P*Q‘ paralela
aPQ.
Transformações afins 171

Com efeito, sendo P 'Q ' paralela a P Q , existe um número real c tal
que P ‘Q ' = c • P Q . Para todo ponto iE' da reta P^Q* tem-se

P*R* = t • P 'Q ' = c t . P Q .


Sendo F afim, segue-se que

F{ R' ) = F{P^ -f- P ‘R ') = F { P ‘ + ct ■P Q ) =

= F { P ^ ) + c t - P i Q i = F { P ‘),

pois P iQ i = P iP i = 0.
Assim, quando P ^ Q mas P ( P ) = F{Q), o plano II decompõe-se
em retas paralelas a P Q, ao longo de cada uma das quais a transformação
F é constante.
Se, para algum ponto P' fora da reta P Q, tivermos ainda P ( P ') =
F ( P ) = F (Q ) então F será constante em todo o plano, isto é, transfor­
mará todo ponto R do plano no mesmo ponto P i = F ( P ) .
Com efeito, os três pontos P ' , P e Q sendo não-colineares, todo
ponto R do plano se escreve como combinação afim de P ', P e Q: R =
a • P ' + • P + qf ■Q, com a + + 'jf = 1. Daí
F (R ) = a • F ( P ') -h p • P ( P ) + 1 • F{Q) =
= a • P ( P ) -h P . P ( P ) + 7 . P ( P ) = P ( P ) .
Se, entretanto, para algum ponto P ' fora da reta P Q tivermos P[ =
F ( P ' ) ^ Pi — F ( P ) , então F não é constante logo (em virtude do que
acabamos de ver) tem-se F ( R ) ^ F ( P ) para todo ponto R fora da reta
P Q . Além disso (supondo ainda P ( P ) = F(Q)), a imagem de F é,
neste caso, uma reta, a saber, a reta que passa pelos pontos P\ = F ( P )
e R i = F(R).
Com efeito, sendo P \ P e Q não-colineares, qualquer ponto R do
plano é uma combinação afim desses três: R = a P ‘ -f P P -f ')Q, com
a + P + ') = 1. Segue-se que
F { R ) = a . P ( P ') + p . P ( P ) 7 • F[Q) =
= a • P[ + p ‘ P \ ■P i = a • P[-\- {p ^ 'i) ‘ P \ =
= (1 —í) • P{ -f <• Pi,
172 Transformações afins

onde pomos í = + 7 e, consequentemente, 1 - t = a.


Portanto a imagem F { R ) de qualquer ponto R do plano pertence à
reta P iP [.
Existe uma situação diante da qual se pode assegurar que uma trans­
formação afim F é não-injetiva. É quando F leva três pontos não-
colineares A, B , C cm pontos colineares A i, B i, C i. Neste caso tem-se,
digamos, = ( l - t ) A i -|-1 • C i. Pondo £> = (1 - t)A -f tC , resulta
que F { D) = B i = F{ B) . Portanto, se a transformação afim F leva
três pontos não-colineares em pontos colineares, ela é não-injetiva e sua
imagem é, conseqüentemente, uma reta ou um único ponto.
Se uma transformação afim II II é injetiva, em vista do que
foi acima exposto, quaisquer três pontos não-colineares A , B , C do
plano são levados por F em três pontos não-colineares A i, B i, C i. As­
sim, qualquer ponto Y do plano escreve-se como combinação linear afim
Y = ctAi + fiB \ -t- 7 C 1. Pondo X = a - A + P - B + ^ C , temos
F { X ) = Y . Logo F é sobrejetiva. Reciprocamente, se a transformação
afim F é sobrejetiva, ela é também injetiva, pois do contrário, como vimos
acima, sua imagem seria um ponto ou uma reta.
3 3 • O posto de uma transformação afím

Resulta do que foi dito na seção anterior que há três tipos de transforma­
ções afins:
TVansformações de posto zero São as transformações afins constantes
F : n ^ n . Para que F seja constante é suficiente que transforme três
pontos não-colineares num único ponto.
IVansformações de posto um São as transformações afins II II
que transformam todo o plano II numa reta. Elas não são constantes nem
injetivas. Sc P ^ Q mas F { P ) = F{Q) então F é constante ao longo
da reta P Q c dc todas as retas paralelas & P Q. F transforma essas
retas em pontos os quais, como F não é constante, constituem uma reta,
imagem do plano TI pela transformação F. Uma projeção é exemplo de
transformação afim de posto um.
Transformações de posto dois São as transformações afins F : II ^ IT
que têm uma das propriedades seguintes, e portanto todas elas: &) F é
injetiva; h) F é sobrejetiva; c) F transforma três pontos não-colineares
em pontos não-colineares. Portanto, as transformações afins de posto dois
são aquelas que possuem uma inversa F ” ^:II —*■II. As semelhanças,
em particular as isometrias, têm posto dois.
Em termos de um sistema de eixos ortogonais O X Y , uma transfor­
mação afim n —» n leva o ponto P = {x, y) no ponto Pi = (x i, j/i)
com
x i = ax + cy + p
y i = bx + dy + q.
O posto de F é zero precisamente quando a = b = c = d = 0.
F tem posto um se, e somente se, algum dos coeficientes a, 6, c, d
é diferente de zero mas o determinante A = ad — bc é igual a zero, isto
é, os vetores u = (a, c) e v = (6, d) não são ambos nulos e um deles é
múltiplo do outro. Com efeito, esta condição significa que b = m • a c
174 O posto de uma transformação afim

d = m - c , logo as equações acima se escrevem:


x i = ax + cy + p
2/1 = m a x + mc y + q

portanto os pontos P\ = (a;i,2/i) da forma P i = P ( P ) estão todos na


reta y\ = m x i + n, onde n = q — mp.
Finalmente, F tem posto dois se, e somente se, o determinante A =
a d —bc é diferente de zero, ou seja, os vetores u = (a,c) e v = (6, d) não
são colineares. Com efeito, esta condição significa que, para quaisquer x i
e 2/1 dados, as equações acima têm sempre uma (única) solução (x,y),
isto é, para todo ponto Fi — ( x i , y i ) dado no plano, existe um (único)
ponto P = (x, y) tal que P ( P ) = Pi- Assim, P é sobrejetíva e,
conseqüentemente, tem posto 2.
Uma transformação afim P : IT IT, de posto dois, transforma retas
em retas (por ser afim) e leva retas paralelas em retas paralelas (por ser
injetiva).
Exemplo. (Reflexões oblíquas): Um tipo de transformação afim de posto
dois que não é uma isometria nem uma semelhança é dado pelas reflexões
oblíquas. Sejam r e r ' retas do plano II que se cortam no ponto O.
Suponhamos que r e r ' não sejam perpendiculares. A reflexão em tomo
de r paralelamente a r ' é a transformação P : II ^ IT que associa a cada
ponto P o ponto P ( P ) = P i tal que P P i é paralela a P, e r corta o
segmento P P i em seu ponto médio M .
Tomando um sistema de eixos ortogonais O X Y com origem O e
eixo O X coincidindo com r, e um vetor v = [a, fl) paralelo a r \ temos
^ 0. Se P = (a:,2/) então, como já vimos, M — [x — [affl)y^O).
Logo
P i= 2 M -P = (x-~ y,-y\.

Portanto a transformação P leva o ponto P = (a:, 2/) no ponto P i =


(2^i)í/i) com x i = X — [2a/ P) y e 2/1 = —y. Isto mostra que P é uma
transformação afim. Como r ' não é perpendicular a r, a mediana O M do
triângulo O P iP não é uma altura. Assim, O P i P não é isósceles, isto é,
d ( 0 , P i ) ^ d ( 0 ,P ) . Como O = F [ 0 ) e P i = P ( P ) . vemos que P
não preserva distâncias, isto é, não é uma isometria. Além disso, P leva
o segmento O M em si mesmo e leva o segmento O P em O P i. Como
o posto de uma transformação afim 175

O P iP não é isósceles, o ângulo P é diferente do ângulo P \. Logo F não


preserva ângulos, portanto não é uma semelhança. Note que F inverte a
orientação do plano.

Fig. 33.1 • A reflexão oblíqua F leva P em P i e deixa fixos todos os pontos da reta r.
34 • As transformações afins e a Geometria

Seja A B C um triângulo no plano II. Uma isometria II —^ II trans­


forma A B C num triângulo A \B i C i que tem os lados e os ângulos
iguais aos de A B C . Uma semelhança leva A B C num triângulo que tem
os ângulos iguais e os lados proporcionais aos de A B C . Por outro lado,
como mostraremos agora, uma transformação afim bem escolhida pode
transformar o triângulo A B C em qualquer outro triângulo dado.
Um conjunto ordenado de três pontos não-colineares A , B , C é o
que se chama um referencial no plano II.
Fixado o referencial A, B , C no plano H, qualquer ponto P desse
plano se exprime, de modo único, como combinação afim

P = a A ^ - p ‘B ^ - ' i C = A + P - A B + ^ A C
(a = 1 - —7 ) dos pontos A, B t C.
Com efeito, os vetores A B q A C não sendo múltiplos um do outro,
existem e são únicos os números reais 7 tais que

AP = p A B + ^ A C .
(Cfr. Teorema da seção 18.)
Esta observação é a base do seguinte
Teorema. Seja A , B , C wn referencial no plano II. Dados arbitraria­
mente os pontos A l, B i e C \ em II, existe uma, e uma só, transformação
afim F : l í —> n tal que = A \, F { B ) = B \ e F{ C) = C \.
Demonstração: Dado qualquer ponto P no plano IT, existem a, P, 7
únicos tais que a -\-^-{-'^ = \ Q P = a - A - \ - P - B - \ - ' ) - C . Definimos
a transformação F : II ^ II pondo
F { P ) = OL• A l -f P • B \ + 7 ' ^1*
É imediato que se tem i^(A) = A \ , F { B ) = B \ q F{ C) = C\. A
verificação de que a transformação F, assim definida, é afim fica aos
As transformações afins e a Geometria 177

cuidados do leitor. Finalmente, se G: II —» II é outra transformação afim


com G{A) = A l , G{B) = B i e G{C) = Ci então, para todo ponto P
do plano, com P = a - A + l 3 B + ' ) C , tem-se
G( P) = a - A i + l 3 - B i + ^ - C i = F { P ) ,
logo G = F. Isto conclui a prova do teorema.
Observação: O posto de é zero, um ou dois, conforme se tenha
A l = B i = Cl, A l , B i e Ci sejam colineares mas não coincidentes,
ou A l , B i e Cl sejam não-colineares, respectivamente.
Vamos agora olhar o teorema acima do ponto de vista computacional.
Em termos de um sistema de eixos ortogonais prefixado, a transformação
afim F que desejamos encontrar leva o ponto genérico P = (x, y) no
ponto F[ P) = [ax + by + p ,c x + dy + q). São dados os pontos A =
(x i,y i) , B = (x2,y2). C = [xs^ys], A i = ( ^ 1, 2:1), B i = {w2 ,Z 2 ),
Cl = (1V3 , Z3 ) e o teorema afirma que é possível determinar, de uma
única maneira, os números a , b , c , f , p , q de tal modo que F [ A ) = A i ,
F [ B ) = B i e F[ C) = Ci. Estas três condições, quando expressas por
meio das coordenadas dos pontos dados, equivalem ao seguinte sistema
de seis equações lineares nas seis incógnitas a, 6, c, d, p, q:
ax i + b y i-\- p = wi
cx i + dyi + q = z i
ax2 + by2+p = W2
CX2 + dy 2 + q = Z2
a x 3 + by3 + p = W3
CX3 dy3 + q = Z3.
Como se vê, três das incógnitas aparecem apenas nas três primeiras
equações e as outras três apenas nas últimas três equações. Logo temos,
na realidade, dois sistemas separados de três equações com três incógnitas
cada um, a saber:
0x 1 -I- 6yi -1- p = lüi ' cxi + dyi + q = Zi
ax2 + 6y2 + p - W2 CX2 + dy 2 + q = Z2
ax3 + by3 + p = W3 CX3 + d y 3 + q = Z 3 .
178 As transformações afins e a Geometria

Observe-se que, ao contrário do costume consagrado, nessas equações


as últimas letras do alfabeto, x, y, tu, z, representam as quantidades co­
nhecidas enquanto as primeiras, a, ò, c, d, p, q, designam as incógnitas.
Subtraindo a primeira equação das outras duas em cada um destes
sistemas, obtemos
a (x 2 - X i) + 6 ( 2 /2 - 1 /1 ) = W 2 ~W i
a (x 3 - X i) -I- 6(2/3 - 2/1) = W 3 - W i

C(X2 - Xi) -I- d(p2 - yi) = 2 2 - Zl


{ 3 - Xi) -h d ( p 3 - yi) = 23 - Z l .
c (x

Como os vetores A B = (x2 —x i, y2 - yi) e A C = (X3 —x i , y 3 —


yi) não são múltiplos um do outro, estes sistemas são determinados.
Resolvendo-os, facilmente obtemos os valores de a , 6, c, d. Substituindo-
os nas equações originais, encontramos p t q .
Como sabemos, uma transformação afim F :I1 II de posto 2
transforma retas paralelas em retas paralelas. Em particular, F leva um
paralelogramo noutro paralelogramo.
Na realidade, dados dois paralelogramos A B C D e A \ B i C i D i
quaisquer, existe sempre uma (única) transformação afim F tal que
i^(A) = A l, F { B ) = B i , F{C) = Cl c F { D) = D i, ou seja,
F transforma o paralelogramo A B C D no paralelogramo A iB i C iD i.

Fig. 34.1 - Todo paralelogramo pode ser levado noutro por uma transformação afim conve­
niente.

Com efeito, pelo teorema acima, existe uma (única) transformação


afim F com i^(i4) = A i, F { B ) = B i c F{C] = Ci. Afirmamos que
As transformações afins e a Geometria 179

se tem necessariamente F [ D ) = D \. Com efeito, F leva a reta C D


numa paralela di A i B \ passando por C \, a qual só pode ser a reta C i D i .
Analogamente, F leva a reta A D na reta A iD \. O ponto P i, estando
nas duas retas C D e A D , é levado por F num ponto que está ao mesmo
tempo em C i D i e A i D i , portanto F ( D ) = D \.
Por outro lado, se A B C D e A \B i C \D i são quadriláteros arbi­
trários no plano II, podemos encontrar uma (única) transformação a-
fim P : n n tal que P (A ) = A i, F { B ) = B i t F{ C) = C i.
Mas esta transformação F pode não levar D em D \. Portanto, da­
dos 2 quadriláteros no plano, nem sempre é possível achar os números
a,b,c,d,p,q tais que a transformação afim F , dada em coordenadas por
P ( x , y) = {ax + by + p^cx + dy + q)y leve um desses quadriláteros no
outro.

FIg. 34.2 • Não exisle uma transformação afim do plano levando o paralelogramo ABC D
no trapézio A \ B i C \ D \ .
3 5 • O significado geométrico do determinante

Sabemos que uma transformação afim II —> IT, quando restrita a uma
reta arbitrária, multiplica as distâncias entre pontos dessa reta por um fator
constante (que varia de reta para reta).
No que se segue, a transformação afim F tem posto 2, isto é, leva
três pontos não-colineares quaisquer em pontos não-colineares.
Mostraremos que existe uma constante A tal que F transforma um
triângulo qualquer A B C do plano num triângulo A iB ^ C ^ com
área [ A x Bi Ci ) _
área [ A B C] '
Essa constante será chamada o determinante da transformação F.
Quando se fixa um sistema de eixos ortogonais O X Y , a transfor­
mação afim F leva o ponto arbitrário P = (x, y) no ponto F [ P ) =
{ a x -f by + p ,cx -t-dy-|-(?), onde a , b^c , d, pc q não dependem do ponto
P . A constante A é o determinante A = ad —bcàa matriz cujas colunas
são (a,c) e (6, d), nesta ordem.
Evidentemente, quando se tomam outros eixos ortogonais, os números
a, 6, c, d mudam (bem como p t q) mas, admitindo o resultado que vamos
provar, o determinante A = ad — bc permanece inalterado.
Com efeito, o sinal de A, como sabemos, indica se o sentido de
rotação do vetor (a, c) para o vetor (6, d) coincide ou não com o sentido
de rotação de O X para O Y . Ele informa se a transformação F preserva
ou inverte a orientação do plano. E o valor absoluto |A| é o fator pelo
qual F multiplica a área de um triângulo qualquer do plano. Logo A não
depende do sistema de eixos ortogonais escolhido.
Antes de enunciar o teorema central desta seção, vamos introduzir a
multiplicação de matrizes.
O produto de duas matrizes 2 x 2 é a matriz definida pela igualdade
abaixo
(a b \ (a> b * \__ f aa’ + bc' ab' + bd‘ \
\c dj'[c» d V “ Vca' dc' cb' -f dd' J ‘
o significado geométrico do determinante 181

o elemento na i-ésima linha e na j-ésima coluna da matriz produto é


o produto interno do í-ésimo vetor-linha da primeira matriz pelo j-ésimo
vetor-coluna da segunda. (Aqui, i e j podem ser 1 ou 2.)
Se indicarmos com a a primeira matriz, com a ' a segunda, com a a '
a matriz produto e seus determinantes com det a, det a ' e det a a ', um
cálculo direto e elementar mostrará que
det a a ' = det a • d et a!.
Esta igualdade é a base em que se sustenta a demonstração do teorema
seguinte. Nele se tem uma transformação afim —*■ II. Fixando
um sistema de eixos ortogonais no plano 11, F transforma cada ponto
P = íx ,y ) no ponto P \ = { ax +by + p ,c x + dy + q). Dados os pontos
A = (a;o,yo), B = (a:i,yi) e C = (x2,y 2), F os transforma em
A l = [axQ + 6yo + p, c x q + dyo + q) ,
B i — {axi + byi + p, cxi + dyi + q),
Cl = [ax2 + by2 + P^cx2 + dy2 + ç)-
Teorema. Tem-se
área [ A i B i C i ) _
área [ ABC] '
onde A = a d - bc.
Demonstração: Como sabemos, as áreas dos triângulos A B C e
A i B i C i são respectivamente os valores absolutos dos determinantes
1 X \ — Xo yi - y o
X2 - X q y2 - y o
e
• 1 a (x i - Xo) + 6(yi - yo) c(xi - Xo) + d(yi - yo)
2 o (x2 - Xo) + b{y2 - yo) c(x2 - Xo) + d(y2 - yo)
Pondo

-(::)
-aro yi - yo
\X2 - Xo y2 - yo,
temos
área [ A B C ) = i |d e t x |

área [ A i B i C i ) = ^ |d e ta x | = i |d e t a | • |d e tx |.
^ Zi
Segue-se imediatamente que

= |deta|.
area [A B C ]
3 6 • Três caminhos para o mesmo lugar

Seja P = a • A-\- p • B q • C \xm ponto interior ao triângulo A B C ,


dado por suas coordenadas baricêntricas a , e 7 . Como se sabe, vale
a + + 7 = 1, com a > 0, y3 > 0 e 7 > 0.
O ponto P decompõe o triângulo A B C em três triângulos justapostos
A B P , B C P e A P C , Queremos provar que as coordenadas baricêntricas
do ponto P têm a seguinte interpretação geométrica:
_ área { B C P ) _ área { A P C ) _ área { A B P ) .
^ área { A B C ) ’ área { A B C ) ’ área { A B C ) *

Fig. 36.1 • As coordenadas baricêntricas do ponto P obtêm-se a partir das áreas dos
triângulos APC, ABP, B C P « ABC.
Estas relações estendem para duas dimensões algo que já conhecemos
em uma dimensão, a saber: se P é um ponto interior ao segmento A B ,
»emos P = ot - A-\- P • B com a > Q , ^ > Q , =
^ d ( f ,B ) d{A,P)

O objetivo desta seção é demonstrar as relações (*), que caracterizam


as coordenadas baricêntricas a , e 7 . Evidentemente, basta provar a
primeira delas; as outras são análogas.
Daremos três demonstrações diferentes, que ilustrarão alguns dos di­
ferentes métodos de que dispomos para resolver problemas geométricos.
184 Três caminhos para o mesmo lugar

Começamos observando que

P = a -A + B + • C7 I — Cí ’ A + 6 • D
13 + 1 p+ i
onde 6 = /3 + 1 (de modo que a + ^ = 1) e
D = + i ) ] - B + [ i / {/3 + 7 )] • C,
logo D pertence ao segmento B C e P ao segmento A D . Portanto,

Fig. 36.2 • S e P = a A + f i B + q- D enião a = d ( P , D ) / d[A, D).

como vimos, àt P = a - A + 6 ‘ D resulta que a = d ( P , D) / d (A , D).


Assim, a relação a = área {BCP)/áxcâ [ABC] estará demons­
trada se provarmos que
área {BCP) _ área (ABC)
d [P ,D ) ~ d {A ,D ) ■
Ou seja, tudo o que temos a fazer é provar que, fixada uma semi-reta
de origem D, quando o ponto P se desloca ao longo dessa semi-reta, a
área do triângulo BCP é diretamente proporcional ao comprimento do
segmento PD.
Primeira demonstração (usando Geometria Euclidiana).
Se tomarmos um ponto P' na semi-reta DP de modo que
d ( P ',D ) = 2 X d (P , I?), o triângulo BCP* será formado por dois
triângulos justapostos BDP* e DCP*. A área de BDP* é o dobro da
área de BDP. (Um vértice B comum — logo mesma altura - e base
o dobro.) Analogamente a área de DCP* é o dobro da área de DCP.
Logo a área de BCP* é o dobro da área de BCP. O mesmo argumento
Três caminhos para o mesmo lugar 185

mostra, mais geralmente, que se à { P \ D ) = n x d(P,£>) então


área [ B C P ') = n x área [BCP]^
seja qual for o número natural n. Isto nos permite concluir que a área
de B C P é diretamente proporcional ao comprimento de P D . (Veja
o capítulo “Grandezas Proporcionais”, no livro “Meu Professor de Ma­
temática e outras Histórias”.)

Fig. 36.3 - A área de BCP é proporcional ao comprimento de PBt desde que P se


desloque ao longo de uma semi-reta fixa.

Segunda demonstração (usando coordenadas).


Tomamos um sistema de eixos ortogonais no qual a origem seja o
ponto B c o eixo O X contenha o segmento BC. Então A = (a, 6),
B = (0,0), C = (c,0), D = {d,0) e
P = a A + 6 D — [aa -f- 6d, ab)
são as coordenadas dos pontos em questão. A fórmula da seção 22 exprime
as áreas dos triângulos B C P t A B C respectivamente como
1 c 0 1 , 1 -a —6
— ^ = — OLOC C —
2 ota dd ab 2 2 c —a —b —
2
Portanto,
área [B C P ] _ j^abc)
= a.
área ( A B C ) (i6c)

Terceira demonstração (usando transformações afins).


186 Três caminhos para o mesmo lugar

A relação
área { B C P ) _ d (P ,D ) _
área [A B C ] ~ à { A , D ) ~ “
é evidente quando A D é perpendicular a B C pois neste caso B D e A D
são as alturas desses triângulos, logo

área { B C P ) = ^ d (P , D) • d ( P , C)
Áâ

área { A B C ) = ^ d { A , D ) • d ( P ,C ) .

Fig. 36.4 - A transformação afim F deixa fixos B, D e C 9 ieva A em Ai de modo que


A i D seja a aitura de A i B C .

Para recair nessa situação ideal levantemos, a partir de D, a per­


pendicular à base B C e sobre ela tomemos o ponto A \ de modo que
à { A , D ) = d(A i,Z?). Consideremos a (única) transformação afim F
que deixa fixos B , C e transforma A em A i. Como F preserva razão entre
distâncias de pontos colineares, temos F {D ) — D t, pondo F { P ) = P\,
temos á { P ij D ) = d (P ,D ). Seja A o determinante da transformação
afim P . Então

área (P C P i) = | A| • área { B C P )

e
área { A i B C ) = |A | - área { A B C ) ,
Três caminhos para o mesmo lugar 187

logo
área [ B C P i ) _ área [ B C P ]
área { A i B C ) área [ A B C ) ‘
Como A \ D é perpendicular a B C , temos
_ à [ P i , D ) _ área [B C P i) _ área [ B C P )
a =
à [ A u D ) ~ área [ A i B c ] ~ área [ A B C y
como queríamos demonstrar.
3 7 • Transformações afins de um plano noutro

A noção de transformação afim pode ser estendida, de modo a abranger


transformações F : I I — 111, definidas num plano II e tomando valores
num plano II i que pode ser igual a, ou diferente de, II.
A definição é literalmente a mesma: i^ :II —> ■ II i chama-se uma
transformação afim quando, para quaisquer pontos P , Q em II e todo
número real t tem-se

■^((1 “ + ^Q ) = (1 ~ 0^1 + ^Qii


onde P i = F [ P ) t Q\ = F{Q).
Essencialmente todas as definições, propriedades, teoremas e obser­
vações que estabelecemos para transformações afins de um plano em si
mesmo valem, com pequenas e óbvias mudanças de linguagem, para o
caso mais geral de uma transformação afim P:IT —♦ IIi. A principal
mudança a fazer é quando se tomam coordenadas. Se II 7^= IIi, em vez
de um único sistema de eixos ortogonais, devemos considerar um sistema
O X Y no plano II e outro sistema 0 \ X i Y \ no plano ü i . As coordenadas
de um ponto no plano II serão tomadas em relação ao sistema O X Y . Se
o ponto estiver em IIi, as coordenadas se referirão ao sistema O iX \Y \.
O principal exemplo de uma transformação afim P : II ^ IIi, de­
finida num plano II e tomando valores noutro plano IIi, é a projeção
paralela, que definiremos agora.
Dados os planos II e IIi, seja r uma reta não paralela a nenhum
deles. A projeção P : II — IIi, paralelamente à reta r, associa a cada
ponto P do plano II o ponto P i = P ( P ) , obtido como interseção do
plano IIi, com a paralela a r traçada pelo ponto P.
Evidentemente, obteremos a mesma transformação P : II —> IIi se
substituirmos a reta r por outra r', paralela a ela.
Quando r é perpendicular ao plano II', diz-se que P é a projeção
ortogonal de II sobre IIi. Neste caso, não é preciso especificar a reta r;
basta falar em “projeção ortogonal”, pois todas as retas perpendiculares
ao plano I I 1 são paralelas entre si.
Transformações afins de um plano noutro 189

FIg. 37.1 - Projeção do plano I I sobre o plano I I i , paralelamente à reta r.

FIg. 37.2 - Se n e I I i são paralelos, PQ e P i Q i têm o mesmo comprimento.


190 Transformações afins de um plano noutro

Se os planos II e H i são paralelos, toda projeção i^ :Il —^ 111,


paralelamente a qualquer reta r, é uma isometria entre IT e 111, isto é,
preserva distâncias.
Com efeito, neste caso, dados P e Q em II, se P i = F ( P ) e Q . =
F ( Q ) então P Q Q i P i é um paralelogramo, logo d (P i, Q i) = d (P , Q).
Se os planos II e 111 não são paralelos, eles se intersectam segundo
uma reta s.
Nos planos II e 111 consideremos respectivamente os sistemas de
eixos ortogonais O X Y e O X Y i , ambos com a origem O e o mesmo
eixo O X , o qual coincide com a reta s.

Fig. 37.3 - Obtendo as coordenadas de Pi a partir de P.

Se o, ponto P do plano II tem coordenadas (a:, y), sua imagem


P i = F { P ) tem coordenadas (x i, yi), onde x i = x e yi = ay, com
a = COS a - sen a •cotg

a. = ângulo entre II e IIi, P = ângulo entre r e O Y i.


As equações de F relativamente aos sistemas O X Y em II e O X Y i
em IIi sendo x i = x e j/i = ay, segue-se que F é uma transformação
Transformações afins de um plano noutro 191

aíim.
Em particular, quando F é a projeção ortogonal de II sobre IIi,
temos /? = 90®, logo cotg /? = 0, a = cos a, e então as equações de F
são x i = X e yi = y ‘ cos a.
Note-se ainda que o determinante de F é

= a = cos a —sen a • cotg

Portanto um polígono de área A em II projeta-se em 111 (parale­


lamente a uma reta r que faz com o plano IIi um ângulo P) sobre um
polígono cuja área é igual a A • (cos a - sen a • cotg P]. Se a projeção
é ortogonal, as áreas projetadas ficam multiplicadas apenas por cos a.

Um dos fatos mais conhecidos a respeito de projeções paralelas de


um plano sobre outro é que a projeção de uma circunferência é uma elipse.
Isto pode ser estabelecido imediatamente.
Dados os planos II, ITi e a reta r, não paralela a II nem a IIi, seja
n —*■IIi a projeção paralelamente a r. Se esses planos são paralelos
então F é uma isometria, logo qualquer circunferência em II se projeta
por F numa circunferência de mesmo raio. Suponhamos então que os
planos n e IIi não sejam paralelos e que sua interseção seja a reta s.
Consideremos inicialmente uma circunferência C, de raio p, cujo
centro O está sobre a reta s. Tomemos em II um sistema O X Y de
eixos ortogonais cuja origem é O e cujo eixo O X das abcissas coincide
com s. Em IIi tomamos outro sistema O X Y i , com a mesma origem O
e mesmo eixo de abcissas O X . Sabemos que a projeção II — IIi
192 Transformações afins de um plano noutro

leva um ponto P = (x,j/) no ponto F { P ) = Pi = (a;i,yi), cujas


coordenadas no sistema O X Y i são x i = a: e j/i = a • y, onde a foi
determinado acima.
O ponto P pertence à circunferência C se, e somente se, + y^ =
Esta igualdade equivale a

+ (^ ) = ou seja, a Ei
^i2 = 1
[pay {*)

Portanto P = (x, y) está na circunferência C se, e somente se, sua


projeção P\ = (x i,y i) está na elipse definida pela equação (*).
Se o centro de C não estiver na reta 6, interseção de II e IIi, tomamos
um novo plano H', paralelo a ITi, passando por esse centro. Pelo que
acabamos de ver, a projeção de C sobre II* paralelamente a r é uma
elipse E'. Então a projeção de C sobre IIi é uma elipse E, congruente
a E', concluindo a demonstração.

FIg. 37.5 - A projeção de II sobre Ili, paralelamente a r, leva a circunferência C na eiipse


E.
Reciprocamente, toda elipse num plano II i pode ser obtida como
Transformações afins de um plano noutro 193

projeção de uma circunferência situada noutro plano II. A projeção pode


até mesmo ser tomada ortogonal a ITi.
Com efeito, tomando no plano ITi um sistema de eixos O X i Y i no
qual O X i e OY i são os eixos da elipse, a equação dessa curva se escreve
como
X
^ ^+ ^L7 = 1
a 62
ou seja,
® i+ ( ^ ) % i
Sem perda de generalidade, podemos admitir que 6 < a, de modo que
0 < (6/o)2 < 1. Seja n um plano que (torta IIi ao longo do eixo OX, e
forma com IIi um ângulo a tal que c o s a = 6/o. Em II, consideramos
um sistema O X Y de eixos ortogonais com a mesma origem O, e com
O X = OXi.
A circunferência C, de centro O e raio a no plano II, é formada
pelos pontos P = (x,y) tais que + y^ = a^. Sua projeção ortogonal
sobre IIi é formatia pelos pontos P i = (x i,j/i) tais que x i = x c
í/i = 2/ - COS a = {b/a)y, portanto pelos pontos (a:i,2/i) em IIi tais que
,2
xi +
( f ) S'? =
ou ainda.

i + 4 = i.
Assim, a elipse inicialmente considerada no plano IIi é a projeção orto­
gonal da circunferência C, situada no plano IT.
Mostraremos agora que uma transformação afim de posto dois,
P: n n , transforma círculos em elipses.
Inicialmente, provaremos que existem em II duas retas perpendicu­
lares cujas imagens por F são também perpendiculares.
Para isso, tomamos dois pontos P, Q em II, com P \ = F [ P )
c Q i = F (Q ) e consideramos uma semelhança <r:II —♦ II tal que
a ( P i) = P e ff(Qi) = Q. Então
G = a o P :II—
194 Transformações afins de um plano noutro

é uma transformação afim tal que G{P) = P e G[Q) = Q. Portanto


G deixa fixo todos os pontos da reta r = P Q , isto é, se R pertence a r
então G (P ) = R. Basta provarmos que G transforma algum par de retas
perpendiculares em retas perpendiculares, pois temos P = <7“ ^ o G e a
semelhança preserva ângulos.
Tomemos um ponto A fora da reta r; seja A \ = G[A). Se A i = A
então G é a. transformação identidade e não há mais o que provar. Seja
então A ^ A l . Se A A i for perpendicular a r então as retas perpendi­
culares r e A A i são transformadas em si mesmas por G e, novamente,
nosso trabalho acabou.
Suponhamos, então, que A A \ não seja perpendicular a r. Então a
mediatriz do segmento A A \ encontra r num ponto O.

FIg. 37.6 - F leva as perpendiculares AB, AC nas perpendiculares AiB, AiC.


A circunferência de centro O que contém A c A\ corta a reta r
nos pontos B c C. Os ^ângulos B A C e B A iC , inscritos na semi-
circunferência B A A i C , são retos, logo as retas B A e AC, assim como
B A \ t AiC, são perpendiculares. Como F deixa B, C fixos e leva A
em Al, segue-se que as perpendiculares B A e A C são levadas por F
nas perpendiculares B A i e AiC.
Como estamos tratando aqui de Geometria Analítica, vamos demons­
trar, agora usando coordenadas, que uma transformação afim de posto
dois F : n —> IIi leva algum par de retas perpendiculares em II noutro
par de retas perpendiculares emJii.
Começamos tomando sistemas de eixos ortogonais O X Y em II e
O i X i Y i em Jli, com Oi = F { 0 ) e O i X i = F { O X ) .
Então F transforma o ponto P = (x,y) em II no ponto Pi =
Transformações afins de um plano noutro 195

( x i , 2/i) em ITi, onde X\ = a x + by e yi = cx -\- dy. A condição


O i X i = F { O X ) significa que y = 0 =» j/i = 0. Logo c = 0 e as
equações de F são x i = ax + by, y\ — dy.
Tomando o ponto P = (ar, y) sobre a circunferência de centro O e
raio 1, temos x = cosd e y = sen0. Então o ponto
P* = ( - y ,x ) = (—sen 0 ,co s0 )
é tal que os segmentos O P e OP* são perpendiculares.
Afirmamos que o ângulo 6 pode ser escolhido de tal maneira que os
segmentos O iP \ e O i P j , imagens de O P e OP* por F, sejam também
perpendiculares. Ora, temos P i = { a x + b y , d y ) t P ^ = { - a y + b x , d x ) .
A condição para que O i P i e O i P ^ sejam perpendiculares é que o produto
------ ► ------ ►
interno dos vetores 0 \ P i e O i P ^ seja zero, isto é, que:
[ax + 6y) { - a y + bx) + d^xy = 0
ou
(6* — + d^)xy + ab{x^ - y^) = 0. (*)
Lembrando que x = cos 6, y = sen 6 e fazendo uso das identidades

COS 6 ’ sen 6 = ^ cQg2 ^ _ ggj^2 q _ cos(2^),


£i
a igualdade (*) se escreve
6^ - cos(2^) _ .
-------- r------ = - 2 ------m = -2 c o tg (2 0 ).
ab sen (20) ’
Bem entendido, a igualdade acima só faz sentido quando ab ^ 0.
Mas se for ab = 0 então, tomando P = (1,0) e P* = (^il)» donde
------ ► ------ ►
P i = (a,0 ) e P j = {b,d), os vetores O iP i e O iP j serão ortogonais e
as retas O iP \ e O iP j serão perpendiculares.
Se ab ^ 0, como a cotangente assume todos os valores reais, pode­
mos escolher 0 de maneira que a igualdade pretendida se verifique, o que
prova a existência em IT de retas perpendiculares cujas imagens por F
são perpendiculares em ITi.
Assim, dada a transformação afim P : II IIi, de posto dois, po­
demos tomar sistemas de eixos ortogonais O X Y em II e O i X \ Y i em
Jli, tais que F { O X ) = O i X i , F { O Y ) = OiY i, donde P ( 0 ) = O i.
196 Transformações afins de um plano noutro

Então F transforma o ponto P = [x,y] no ponto P\ = (x i,j/i)


com x i = ax, y\ = by.
Uma circunferência de centro O e raio c, cuja equação é =
c^, é transformada por F no conjunto dos pontos P\ = (x i, yi) do plano
ITi tais que x = x \ f a e y = y i/6 , logo

+ — -2
(f) =
ou seja

+ v l = 1.
(ac) 2 (6c) ‘
Esse conjunto é uma elipse.
As retas perpendiculares r e 5 em II, que são transformadas por F
num par de retas perpendiculares em IIi, podem ser tomadas se encon­
trando num ponto O qualquer de II. Com efeito, se r e s se encontram
noutro ponto O', traçamos por O as retas O X e O Y paralelas a r e s
respectivamente (logo perpendiculares uma à outra). Como F leva retas
paralelas em retas paralelas, as imagens por F de O X c O Y ainda são
perpendiculares.
Por isso, no argumento acima, não é perda de generalidade supor que
o centro da circunferência considerada é a origem O do sistema de eixos
ortogonais.
Assim, podemos afimar que toda transformação afim de posto dois
F : I I —>■111 leva uma circunferência qualquer do plano II numa elipse
do plano IIi.
Daí resulta que F transforma qualquer elipse E contida em II numa
elipse E l em ITi porque E é a. imagem de uma circunferência C por
uma transformação afim G: II II. A transformação afim F o G leva a
circunferência C numa elipse E, logo G~^ o [G o F) = F leva E em
E l.
O mesmo argumento usado acima (um par de eixos ortogonais trans­
formado por F noutro par de eixos ortogonais) permite concluir, mais
geralmente, que
Toda transformação afim de posto dois leva elipses em elipses, hi-
pérboles em hipérboles e parábolas em parábolas.
3 8 • Como reconhecer transformações afíns

Uma transformação afim leva retas em retas e, se for bijetiva, leva retas
paralelas em retas paralelas.
E natural perguntar se toda transformação bijetiva entre dois planos,
que leva retas em retas, é necessariamente afim.
O objetivo desta seção é responder positivamente a esta pergunta.
Uma bijeção TI —> ■ITi chama-se uma colineação quando trans­
forma pontos colíneares do plano II em pontos colineares no plano IIi.
A imagem r\ = F{r) de uma reta r pela colineação II ^ ITi ^ uma
reta do plano IIi.
Para provar a afirmação acima, consideremos dois pontos distintos A
e em r e suas imagens A \ = F [Á ), B \ = F { B ) . Mostraremos que
a reta ri = A \ B i é &imagem de r por F.
Em primeiro lugar, sc C e r e C \ = F{C) então A, B c C são
colineares, logo A i , B \ e Ci são colineares, portanto Ci e ri. Isto
mostra que F{r) c r\.
Para mostrar que F (r) = r\, tomamos um ponto arbitrário P\ em
r\. Como F é bijetiva, existe um único ponto P no plano II tal que
F ( P ) = P i. Afirmamos que P está em r. Com efeito, se P não
pertencesse a r, os pontos A, B t P formariam um triângulo.
As imagens por F das retas A B , B P e A P estão contidas em r\
pois A \ , B i e P\ estão em r\. Qualquer ponto Q do plano II pertence
a uma reta 5 que corta o triângulo A B P em dois pontos distintos. Esses
pontos são levados por F em pontos de ri, logo F{Q] e ri. Então
todos os pontos do plano II seriam levados por F em pontos da reta ri,
contradizendo que F seja sobrejetiva. Isto conclui a prova de que uma
colineação transforma uma reta noutra reta.
Além disso, se as retas r e s são paralelas no plano IT, suas imagens
Ti e s i são também paralelas no plano IIi.
Com efeito, se existisse algum ponto P \ comum a r i e então seria
P \ = F { P ) , com P e r e P e s, em contradição com o fato de que r
198 Como reconhecer transformações afins

e s são paralelas.

FIg. 38.1 - Uma colineaçfio que levasse os três vértices de um triângulo em três pontos nfio
collneares nfio seria sobre|etiva.

Se F : I I —y ITi é uma colineação, sua inversa —> II


também é uma colineação.
Com efeito, se não fosse assim, existiríam três pontos colineares
A l = F {A), B i — F [ B ) t Cl = F{C ) em IIi tais que A, B e
C seriam não-colineares. Como acabamos de ver, isto implicaria que F
transformaria todos os pontos do plano II em pontos da reta r i que confém
os pontos A l , B i e Ci, logo F não seria sobrejetiva.
A demonstração do teorema principal desta seção fará uso do seguinte
Lema. Seja / : R -> R uma junção tal que

f [ s + <) = f { s ) + f { t ) e f { s • t) = f { s ) ■f { t )

para quaisquer 5 ,í € R. Então, ou f { t ) = t para todo número real t ou


f é identicamente nula.
Demonstração: Dada / como no enunciado, temos

/(O ) = / ( o + 0) = /(O) + /(O ) logo /(0 )= 0 .

Além disso, de 5 = (s —t) + í vem

f [ s ) = f { { s - t).+1) = f { s - í) + / ( í ) , logo
f { s - t ) = f { s ) ~ f{t).
Como reconhecer transformações afins 199

Em particular, / ( - < ) = - / ( í ) . Se / ( l ) = 0 então, para todo í e R


temos

logo / é identicamente nula.


Suponhamos, de agora por diante, que / não seja identicamente nula,
logo / ( l ) ^ 0. Então
/( 1 ) = / ( 1 - 1 ) = /(1 ) • / ( ! ) , donde /(1 ) = 1.
Daí
/( 2 ) = / ( I + 1) = / ( l ) + f ( l ) = 1 + 1 = 2,
/( 3 ) = / ( 2 + 1) = /(2 ) + / ( l ) = 2 + 1 = 3 . . .
E assim por diante: / ( n ) = n para todo n € N. Maisgeralmente,
se n e N então / ( —n) = —f ( n ) = —n, logo / ( n ) —n paratodo
neZ.
Ainda supondo / não identicamente nula, s e m , 2 c n ^ 0
então m = [ m / n ) • n, logo:

- =/ H =/ ( f - ) =/(f)-/W =/ 0 - n .
portanto / ( m / n ) = m in .
Assim, uma função / : R ^ R que cumpre as condições f { s + t) =
f U ) + / ( í ) e f { s t ) = f [ s ) • f { t) , e não é identicamente nula, é tal que
/ (r) = r para todo número racional r.
Além disso, t ^ 0 implica t • [if t] = 1, logo f [ t ) • f { l / t ) = 1,
portanto f { t ) ^ 0. Mais ainda: se í > 0 então m > 0. Com efeito,
t > 0 implica t = a^, com a ^ 0 , logo
f{ t] = f i c ? ) = f{a]^ > 0.
Assim, / transforma números positivos em números positivos.
Daí resulta que / é uma função crescente, isto é, s < t implica
/ ( s ) < f [ t ) . De fato, s - t significa t - s > 0, logo f [ t ) - f { s ) =
f { t — s) > 0 e daí f { s ) < f{t).
Sabemos que f { r ) = r para todo r racional. Tomemos agora um
número irracional a. Suponhamos, por absurdo, que se tivesse / (a) ^
o:. Para fixar idéias, suponhamos / ( a ) < a. (A outra possibilidade.
200 Como reconhecer transformações afins

/ ( « ) > a, se trata de modo análogo.) Então existe um número racional


r tal que
/ ( a ) < r < a. (*)
Em particular, temos r < a. Sendo / crescente, daí resulta f [ r ) < / ( «
ou seja, r < / ( a ) , em contradição com a primeira das igualdades (*
acima.
Isto conclui a prova do Lema. Passemos em seguida ao

Teorema. Toda colineação é uma transformação afim.


Demonstração: Seja i^:IT —^ IIi uma colineação. Indiquemos com
V (n) e V (111) respectivamente os conjuntos dos vetores do plano II e
do plano IIi. A partir de F, definiremos uma transformação

íP :F ( n ) - .K ( n i) ,

que leva vetores do plano TI em vetores do plano II i. Dado o vetor


V = A B , escrevamos A \ = F [A ) e B i = B [ B ) . A definição de (p é

(p{v) = <p(AB) = A i B \ .
Como B = A + v, esta definição equivale a pôr

F{A + v) = Al +<p{v).
Precisamos mostrar que, assim procedendo, estamos definindo <p sem am-
bigüidade, isto é, que se o vetor v for representado por um segmento
orientado C D equipolente a A B , teremos ainda <p{CD) = (p[AB), ou
seja, se A B = C D então

A \B \ =

onde C l = F{C ), D i = F{D).


Com efeito, A B = C D significa que A, B, D, C são vértices con­
secutivos de um paralelogramo. Como a colineação F leva retas paralelas
em retas paralelas, segue-se que A i B \ C i D i também é um paralelogramo
Como reconhecer transformações afins 201

com seus vértices citados consecutivamente, logo A i B \ — C i D \ .

Fig. 38.2

Portanto, a transformação (p:V[JÍ) —> V’(ITi) está bem definida.


Mostraremos que (p é uma transformação linear, isto é, tem as seguintes
propriedades, para quaisquer v ,w € V (II) e í € R:

(p{v + lü) = (p{v) + ( 1)


(p{t -v) = t - (p[y). ( 2)

A propriedade (1) é imediata: se u = A B , pomos w = B C . Então


V + w = A C . Escrevendo A \ = B \ = F [ B ) t C\ = F { C )
vem:

tp{v + lü) = (p[AC) = A i B i + B i C i — <p{v) +

A propriedade (2) é obvia se v = 0. Dado v = A B 0, temos


t ' V = A C , com A, B t C colineares, logo A \ , B \ e C\ são colineares.
------ ► ------ ►
Assim, existe r G R tal que A \C i — t • A \ B i , logo

(p[t • u) = (p[AC) = A \C i = t' • A \ B i = t' • (p{v).

Devemos provar que t' = t a. fim de que tenhamos (p{t-v) = t-(p[v).


Começamos observando que depende apenas do número t mas não
202 Como reconhecer tranaformeções afins

do vetor v ^ 0. Ou seja, se w é outro vetor qualquer, tem-se ainda


(p[t -w) = V • <p{v)) com os mesmos números t e V. Para mostrar isso.

Fig. 38.3

suponhamos primeiro que os vetores v e w não sejam múltiplos um do


outro. Sejam v = A B , t - v = A C , w = A D e t -w = A E . As retas
B D e C E são paralelas. Como F preserva o paralelismo, as retas B i D i
e C i E i também são paralelas. Logo

A i C i = t* • A i B \ implica A \E \ = A \D i^
ou seja, (p{t -v) = V • (p{v) implica <p[t -w) = í' • <p{w).
Se, entretanto, w for múltiplo de v, tomamos um vetor u não colinear
com V. Pelo que acabamos de mostrar, temos
(p{t • u) = í ' • <p{u)
e, pelo mesmo motivo, (p{t ' w ) = t ' - (p{w).
Escrevendo = f { t) , fica então definida uma função / : R — R
caracterizada pela igualdade
(p{t-v) = f { t) - ( p { v ) ,
válida para todo í G R e todo vetor v 7^=0 em 11.
Mostraremos em seguida que se tem
/ ( « + <) = /(« ) + / W e f{s-t) =
Como reconhecer transformações afins 203

Como é obvio que / não é identicamente nula, seguir-se-á então do Lema


que /(<) = t para todo í G R.
Ora, tomando v 7^^ 0 em II temos
^ ((5 + t)v) = <p(sv + tv) = y?(5v) + <p{tv) =
= f { s ) ■(p{v) + f { t ) • (p{v) = {f{s) + f { t ) ) • (p{v)
e, por outro lado,
(p{{s + <) . u) = f { s + t) • <p{v).
Segue-se que / ( s -|- í) = /( á ) -I- f[t).
Além disso,
(p{st ■v) = <p(s(tv)) = f ( s ) • (p(tv) = f ( s ) • f { t ) • (p{v)
e, por outro lado,
(p{st • v) = f { s t ) • tpiv).
Portanto f { s t ) = f { s ) • f{ t).
Estabelecida a linearidade da transformação tp:V[Jl) y (rii),
passamos (finalmente!) à conclusão da prova de que a colineação IT —>
ITi é uma transformação afim.
Dados os pontos A, .B em II e o número real t, sejam A i = F [ Á )
e B i = F [ B ) . Devemos provar que
“h ~ (1 —í)-^i ”1“
ou seja, que
F^A - j- 1 • AB'j — Al -f-1 • A iB i.
Ora,

F [ A -1-1 • A B ) = A l -f <p[t • A B ) = A \ - \ - t - <p{AB) =

= Al -|-1 • AiBi,
quod erat demonstrandum.
Portanto, uma bijeção B :II —> ITi entre dois planos é uma trans­
formação afim se, e somente se, leva pontos colineares de II em pontos
colineares de IIi.
Exercícios da Terceira Parte

25.1 Sejam 5 ,T :I1 —^ II isometrias do plano IT. Prove que a


transformação composta S o T : I l —> ■ IT, definida por (S" o T )(P ) =
S [ T { P ) ) , ainda é uma isometria. Prove também que a transformação
inversa T~^: II — II, definida por T ” ^(Q) = P se T { P ) = Q, é uma
isometria.
25.2 A partir das definições, prove que toda translação é uma isometria.
25.3 Fixado o sistema de eixos ortogonais O X Y no plano, considere
a translação Tv, com v = (2,3). Qual é a imagem da reta 4a: —3y = 1
por essa translação?
25.4 Qual é a imagem da reta a x + by = c pela translação Tv, com
V = [a,P)l
25.5 Prove que a composta Tu o Tv de duas translações é a translação
Ttü onde w = u + v e que a inversa de Tv é a translação Tz, onde
z = —V.
25.6 Prove que a translação Tv, com v = ( ^ , (6^ —4 a c)/4 a), leva
a curva y — ax^ + 6a: + c na curva y = ax^.
25.7 Fixado o sistema de eixos ortogonais O X Y no plano, considere
as isometrias R, S e T definidas por R [ x , y ) = { - y , x ) , S (x ,y ) =
( ( x - y ) f \ / 2 , ( x + y )f\/2 ) e T (x ,y ) = (x + l , y - 1).
(a) Identifique geometricamente R, S e T;
(b) Em quais figurás cada uma delas transforma a circunferência x^ +
2/2 = 1?
(c) Mesma pergunta para as retas y = x e y = x - i - l .
(d) Mostre que R o S = S o R mas R o T ^ T o R e S o T ^ T o S.
25.8 Dê as equações de uma isometria que transforme a reta y = 2 x + 1
no eixo horizontal.
25.9 Use diretamente as equações de uma isometria T, com T (x , y) =
Exercícios da Terceira Parte 205

(2^1>2/1) ® para mostrar que se = então


(xi —a)^ + (yi —6)* = r^. Interprete geometricamente.
26.1 Prove que a simetria (rotação de 180°) em tomo do ponto A,
seguida da simetria em tomo do ponto B é igual à translação pelo vetor
2ÃB.
26.2 Se R t S são rotações com centro no mesmo ponto, prove que
R o S = S o R.
26.3 Se R e S são rotações diferentes da identidade, com centros em
pontos distintos do plano, prove que R o S ^ S o R .
26.4 Suponha que, relativamente a um sistema de eixos ortogo-
nais fixado, a transformação R leve o ponto P = (x,y) no ponto
P í = (a^i)yi)> cont x i = a x — by e y i = bx + ay, enquanto que
a transformação S leva o ponto Pi = (a;i,yi) no ponto P 2 = -5 ( ^ 1) =
{x 2 , y 2 ), onde X2 = cxi - dyi, y 2 = d x i + cyi. Determine as coorde­
nadas (u,v) do ponto Q = S { R { P ) ) , onde P = (a:,y).
26.5 Use as equações para provar que a composta de duas rotações
de mesmo centro O e ângulos a e é n rotação de centro O e ângulo
a 4- /?.
26.6 Ainda usando as equações, e o fato de a composta de uma rotação
de ângulo a com uma translação ser uma rotação de mesmo ângulo a com
outro centro, mostre que a composta de duas rotações, uma de ângulo a e
centro A, outra de ângulo ^ e centro B , é uma rotação de ângulo a + J3
e centro num terceiro ponto C, salvo se a + = 360°, caso em que a
transformação composta é uma translação.
26.7 Submeta a curva ax^ -|- 2bxy + ay^ = c a uma rotação de 45°
em tomo de O e a identifique. É possível escolher 6 7^ 0 de modo que
essa curva seja uma circunferência?
26.8 Seja T: II — II uma transformação com a seguinte propriedade:
para cada par de pontos A, B no plano II, com A i = T { A ) e B \ =
T [ B ) o segmento orientado A B é equipolente ao segmento orientado
B i A i - Prove que T é a rotação de 180° em tomo de algum ponto de II.
27.1 Se T é a reflexão em tomo de uma reta, prove que T = T - 1
206 Exercícios da Terceira Parte

27.2 Sejam S t T reflexões. Prove em duas linhas (no máximo) que


S o T não pode ser uma reflexão.
27.3 St R e S são refl'*xões em torno das retas paralelas r e s, prove
que S o R é a translação de vetor t; = 2 • A B , com A € r, B € s e
AB±r.
27.4 Sejam R e S as reflexões em torno das retas r e s respectivamente
e a o ângulo da reta r para a reta s. Prove que a composta S o R é a
rotação de ângulo 2o: e centro no ponto de interseção de r com 5. Observe
que R o S é a rotação de mesmo centro e ângulo —2o:, em coerência com
o fato de que Ro S = [S o
27.5 Prove que toda isometria do plano é uma reflexão, a composta de
duas reflexões ou a composta de três reflexões.
27.6 Mostre que se R é uma reflexão com deslizamento então, para cada
ponto P do plano, o ponto médio do segmento P P i , com Pi = R { P ) ,
está sobre o eixo de reflexão.
27.7 Se a isometria T não é uma reflexão com deslizamento então as
medianizes dos segmentos P P i , Pi = T [ P ) , passam todas pelo mesmo
ponto, ou são todas paralelas.
27.8 Sejam R e S as reflexões em tomo das retas r e s , que se
encontram no ponto O e formam entre si um ângulo de 45°. Prove que,
para todo ponto P do plano, O é o ponto médio do segmento que liga
J Í(S (F )) a S ( ií( P ) ) .
27.9 Sejam R e S reflexões em tomo das retas r e s . Prove que se
R o S = S o R então as retas r e 5 são perpendiculares ou coincidem.
27.10 Sejam R a reflexão em tomo da reta r e T a translação por um
vetor paralelo a r. Mostre que T o R — R o T .
27.11 Seja R uma reflexão com deslizamento. Que são as compostas
R o R , R o R o R etc?
27.12 Sejam A B C e A i B i C i triângulos congmentes porém com ori­
entações opostas. Determinar a reflexão com deslizamento que transforma
um deles no outro. (Lembre que o eixo da reflexão com deslizamento que
leva A em A i, B em B i e C em C\ contém os pontos médios dos
segmentos A A \, B B i e C C \.)
Exercidos da Terceira Parte 207

27.13 Sejam A c B pontos do mesmo lado da reta r. Determinar o


ponto X sobre r tal que a soma d(j4, X ) + d (X , B ) seja mínima.
27.14 Dados os pontos A , B em lados opostos da reta r, determinar
o ponto Y sobre r tal que a diferença d(A , Y ) — d (B , Y ) seja máxima.
27.15 Sejam R a rotação de centro A e ângulo ct e S a. rotação de
centro B e ângulo Prove que, se a + ^ não é 360® então R o S é a
rotação de ângulo a + 0 e centro no ponto C tal que o ângulo de A B
para A C é a / 2 e o ângulo de B C para A B é P/2. [Exprima R e S
como compostas de reflexões em tomo de lados do triângulo A B C .]
27.16 Com a notação do exercício anterior, prove que, se a-\-P = 360®
----►
então R o S é a translação Tv, onde v = 2 - B C é perpendicular a A C
e o ângulo de A B para A C é a /2 .
27.17 A figura X diz-se simétrica em relação à reta r, e r chama-se um
eixo de simetria de X quando, para todo ponto P em X , seu simétrico
P* em relação a r também pertence a X . Prove:
(a) Toda elipse é simétrica em relação a seus eixos principais.
(b) S e T é a reflexão em torno da reta r então, para todo subconjunto X
do plano, Y = X \ J T { X ) é um conjunto simétrico em relação a r.
27.18 Determine os eixos de simetria das seguintes figuras:
a) Um triângulo isósceles;
b) Um triângulo equilátero;
c) Um triângulo escaleno;
d) Um quadrado;
e) Uma circunferência.
27.19 Prove que uma figura limitada (isto é, contida em algum pofigono)
não pode ter dois eixos de simetria paralelos.
27.20 Uma figura X diz-se simétrica em relação ao ponto O quando
o simétrico P ‘ de cada ponto P de X em relação a O ainda é um ponto
pertencente a X . (Noutras palavras se P e X e O é o ponto médio
do segmento P P ' então P ' pertence a X .) Neste caso, O chama-se um
centro de simetria de X . Prove:
(a) Todo ponto de uma reta é centro de simetria dessa reta.
208 Exercícios da Terceira Parte

(b) Uma figura com mais de um centro de simetria é ilimitada e tem uma
infinidade de centros de simetria.
(c) A interseção de dois eixos de simetria perpendiculares é um centro
de simetria.
(d) A interseção dos eixos de simetria de um triângulo equilátero não é
um centro de simetria.
27.21 Determine os eixos de simetria e os centros de simetria das
seguintes figuras: .
(a) Uma parábola;
(b) Uma hipérbole;
(c) A grade G, reunião de todas as retas horizontais com ordenadas
inteiras e todas as retas verticais também com ordenadas inteiras.
27.22 Uma simetria de uma figura plana X é uma isometria T do
plano tal que T ( X ) = X . Mostre que há seis simetrias de um triângulo
equilátero, oito simetrias de um quadrado, infinitas simetrias de uma cir­
cunferência, quatro simetrias de uma elipse, duas simetrias de um triângulo
isósceles e uma única simetria de um triângulo escaleno. (Não esqueça a
transformação identidade.)
27.23 As simetrias de uma figura X constituem um grupo, no sentido
de que a composta de duas simetrias de X , a inversa de uma simetria de
X e a transformação identidade são simetrias de X . Dê nomes às oito
simetrias do quadrado e elabore uma tabela de multiplicação com elas,
onde multiplicar significa tomar a composta.
27.24 Se uma isometria T:IT II deixa fixos os pontos A t B á o
plano (isto é, T { A ) = A e T [ B ) = B) prove que T deixa fixos todos
os pontos da reta A B . Quanto aos pontos P fora da reta A B , prove
que ou T[ P) = P ou então T[ P) é o ponto P i, simétrico de P em
relação à reta A B (ou seja, A B é a mediatriz de P P i). No primeiro
caso T preserva orientação e no segundo caso T inverte. Conclua que se
(S, T : n —> n são isometrias tais que <S'(A) = T [ Á ) e S [ B ) = T { B )
com A ^ B então ou 5 = T ou então <5 é a composta de T com a
reflexão em tomo da reta A B .
27.25 Prove que duas isometrias que coincidem nos vértices de um
triângulo «ão iímais
Exercícios da Terceira Parte 209

27.26 Prove que, dados os pontos A, B , A i e B \ no plano II,


com d [ A , B ) = d (A i,J9 i) > 0, existem exatamente duas isometrias
5 , T iI I —♦ n que levam A, B em A \, B \ respectivamente. Uma delas
preserva e a outra inverte orientação. Se A B f f A \ B i , S é uma translação
e T é uma translação com deslizamento. Se as retas A B e A \ B i não
são paralelas, S é uma rotação e T é a rotação que leva A B em A i B i
seguida da reflexão em torno de A \B i , ou seja, T é a reflexão em tomo
da bissetriz do ângulo formado pelas retas A B e A \B i .
27.27 Prove que, dados dois triângulos A B C e A i B i C i , tais que
d ( A , B ) = d (y li,J?i), d { A , C ) = d { A u C i ) e d { B , C ) =
d { B i , C i ) , existe uma única isometria T do plano que os contém tal
que T { A ) = ^ i , T { B ) = B i e T{C) = Ci.

27.28 Supondo que A i B \ = —A B , descreva as isometrias T do plano


tais que T { A ) = A i e T { B ) = B^.
27.29 Sejam T uma rotação de centro O. Dada arbitrariamente uma reta
r que passa por O, prove que existe uma única reta s, também passando
por O, tal que T é a composta das reflexões em tomo das retas r e s.
27.30 Quando é que uma reflexão comuta com uma translação? (Nou­
tras palavras, se T = Tv é a translação de vetor v e R é a reflexão em
torno da reta r, quando é que R o T = T o R7
27.31 Quais são as coordenadas do simétrico do ponto P = (3,8) em
relação à reta x - 2 y = 27
27.32 Qual a isometria do plano que consiste na reflexão em tomo da
reta y = x composta com a reflexão em torno do eixo vertical?
27.33 Sejam A e B pontos situados fora da reta r. Determinar o
ponto C dessa reta de tal modo que o caminho que sai de A, passa por
C, percorre uma distância d ao longo de r e termina em B , seja o mais
curto possível.
28.1 Em termos das coordenadas relativas a um sistema de eixos
ortogonais fixado no plano IT, sejam 5 , T: II —►II as transformações tais
que S ( x , y) = (1 — 3y, 2 + 3x) e T{x^ y) = (1 —2ar, 5 -f- 2y). Mostre
que S e T são semelhanças.
210 Exercícios da Terceira Parte

28.2 Seja T: TT —►IT uma transformação do plano II com a seguinte


propriedade: existem dois sistemas de eixos ortogonais O X Y e 0 ' X ' Y *
tais que T transforma todo ponto P de coordenadas (x, y) no primeiro
sistema num ponto P i cujas coordenadas no segundo sistema são (rx, ry).
Prove que T é uma semelhança de razão r.
28.3 Dados os números reais m^n^p e q, com > 0, e
fixado um sistema de eixos ortogonais O X Y no plano IT, defina uma
transformação T: II ^ IT, pondo T (x ,y ) = (x i,y i), onde x i = m x —
n y + p c yi = n x + m y + q. Prove que T é uma semelhança.
28.4 Com as mesmas notações do exercício anterior, defina 5": II ^ II
pondo 5 (x ,y ) = (x i,y i), onde xi = m x + n y + p e yi = n x - m y + q .
Prove que S é uma semelhança.
28.5 Prove que a semelhança T do Exercício 28.3 preserva a orientação
enquanto a semelhança S do Exercício 28.4 inverte a orientação do plano.
28.6 Fixados um sistema de eixos ortogonais O X Y e um número a ^
0, considere a semelhança a[x^y) = ( a x ,ay). Mostre que a transforma
a parábola y = ax^ na parábola y = x^. Use um exercício da seção 25
para concluir que duas parábolas quaisquer são figuras semelhantes.
28.7 Prove que uma semelhança de razão r transforma toda figura de
área a numa figura de área ar^.
28.8 Prove que uma semelhança transforma circunferências em cir­
cunferências, elipses em elipses, parábolas em parábolas e hipérboles em
hipérboles.
28.9 Prove que duas circunferências quaisquer são figuras semelhantes
(isto é, que existe uma semelhança transformando uma na outra).
28.10 Em que condições duas elipses ou duas hipérboles são figuras
semelhantes?
29.1 Dado o sistema de eixos ortogonais O X Y , ache a equação da
reta e da circunferência em que são transformadas a reta 3x —2y = 4 e a
circunferência (x —l)^ -F (y -|- 2)^ = 4 por meio da homotetia de centro
O e razão 3.
29.2 Seja P um ponto da circunferência C. Prove que os pontos médios
das cordas que partem de P formam uma circunferência tangente a
C no ponto P e de raio metade. Generalize.
Exercícios da Terceira Parte 211

29.3 Seja Q um ponto no interior da circunferência C. Qual é o


conjunto dos pontos médios dos segmentos que ligam Q aos pontos de
Cl
29.4 Prove que toda semelhança de razão r 7^ 1 que preserva a
orientação do plano e deixa invariante uma reta s (isto é, transforma cada
ponto de s noutro ponto de s) é uma homotetia com centro num ponto da
reta s. [Observe de que modo a transforma um segmento perpendicular
a s, partindo de um ponto de 5.]
29.5 Sejam A B C e A iB \ C \ triângulos no plano II, tais que
d ( y l i,5 i ) = r • d { A , B ) , d { A u C i ) = r ■d [ A , C ) e d ( ^ i ,C i ) =
r • d ( 5 , C). Prove que existe uma semelhança (única) a: II II tal que
a{A) = A l , a { B ) = B i e a{C) = Ci.
29.6 Dados os segmentos de reta paralelos A B e A \B i , descreva
explicitamente duas semelhanças que levem A c m A \& B tm B \.
30.1 Sejam C e C" circunferências tangentes no ponto P . Uma reta
passando por P corta C c C nos pontos A e A ' respectivamente. Prove
que a tangente a C no ponto A é paralela à tangente a C* no ponto A '.
30.2 Ache a equação da reta transformada da reta 4 x — y = 2 pela
homotetia de centro no ponto O ' = (1,1) e razão —3.
31.1 Sejam a , r : I I —> II semelhanças, ambas preservando ou ambas
invertendo a orientação. Dados os números reais a , P, com o; + ^ = 1,
considere a transformação T: II -+ II, definida por T[ P) = a • cr[P) +
P- t [P). Prove que T é uma semelhança ou uma transformação constante.
31.2 Use o Teorema da seção 31 para provar que se <r é uma semelhança
e T é uma translação então <7“ ^ o T o tr é uma translação.
31.3 Conhecidas as equações de uma semelhança relativamente a um
sistema de eixos ortogonais, determinar as equações da semelhança inversa
no mesmo sistema.
31.4 Conhecidas as equações de duas semelhanças a, r num sistema de
eixos ortogonais, determinar as equações da semelhança composta a o t
no mesmo sistema, supondo que <7(O) = t [0) = O.
31.5 Sejam A B C D . . . L t A \ B i C i D i . . . L i polígonos semelhan­
tes, igualmente orientados, com A i correspondendo a A, B i a. B etc.
212 Exercícios da Terceira Parte

Sejam A q o ponto médio do segmento A A \, B q o ponto médio do


segmento B B \, etc. Prove que o polígono A qB qC qD q . . . L q é se­
melhante a A B C D . . . L ou reduz-se a um único ponto.
31.6 Com a notação do exercício anterior, sejam fixados os números
reais com a -f- = 1. Ponha A q = a A + P A \ , B q = a B +
^ B i , . L q = a L -f- P L \. Prove que o polígono A qB qC qD q . . . L q
é semelhante a A B C D . . . L ou reduz-se a um só ponto.
31.7 Dadas duas circunferências C e C\, de centros O t 0 \ res­
pectivamente, fixe um ponto A tm C t um ponto A \ em C\. Fixe
também um número t G [0,1]. Para cada ponto P da circunferência C,
seja P\ o ponto da circunferência C\ tal que o ângulo de O A para O P
seja igual ao ângulo de O i A \ para OiP i. E seja P q — (1 ~ t ) P + tPi-
Prove que os pontos P q constituem uma circunferência de centro no ponto
Oo = (1 —í ) 0 -f tO i ou coincidem todos com O q.
31.8 Identifique a imagem da curva 2x^ + Zxy + 2y^ —1 = 0 pela
transformação cr(ar, y) = (u, u), onde u = x + y e v = x — y.
32.1 Se a transformação afim F leva o triângulo A B C no triângulo
A i B i C i , prove que F leva o baricentro de A B C no baricentro de

32.2 Sejam P,G :IT ^ II transformações afins t números reais,


com a + = 1. Defina a transformação T = a F + p C pondo, para
todo ponto P em IT, T (P ) = a • P ( P ) + P • G (P ). Prove que T é uma
transformação afim.
32.3 Prove que, para quaisquer números a,b^c^d^p e q fixados, a
transformação F que leva o ponto P = (x,y) em P i = (x i,y i), com
x i = a x + by + p e yi = cx + dy + q é uma transformação afim.
32.4 Considere a transformação afim F, que leva o ponto P = (x, y)
em P i = ( x i,y i), onde xi = x -f y e yi = y. Determine a inclinação a
de modo que F transforme a reta y a x e sua perpendicular y = —x / a
num par de retas perpendiculares.
32.5 Prove que se P, G: II ^ II são transformações afins então a
composta G o F também é uma transformação afim. Prove também que
se a transformação afim P é bijetiva então sua inversa P “ ^:II —♦ II
também é afim.
Exercícios da Terceira Parte 213

32.6 Fixado um ponto O no plano II, prove que toda transformação


afim n —> II se exprime como a composta F = T o G át uma
translação T com uma transformação afim G tal que G (O) = O. Dadas
as equações de F, determine as de G e de T.
32.7 Dadas uma transformação afim G e uma translação T no plano II,
prove que existe uma translação T* tal que G o T = T* o G. Além disso,
se G for sobrejetiva, existe uma translação T" tal que T o G = G o T".
32.8 Seja II ^ II a projeção sobre uma reta r, paralelamente à reta
r'. Prove que F o F = F.
32.9 Seja F : II — TI uma transformação afim tal que F = F o F.
Mostre que o conjunto X dos pontos P do plano tais que F (P ) = P tem
a seguinte propriedade: uma combinação afim de dois pontos quaisquer
de X ainda pertence a X.
32.10 Combine o Exercício 20.11 com o exercício anterior para concluir
que uma transformação afim P : II II tal que FoF —F ou é constante,
ou é a aplicação identidade ou é a projeção sobre uma reta r, paralelamente
a outra reta r'. Aqui, r é o conjunto dos pontos P do plano tais que
F(P) = P é r' ésL reta que liga algum ponto Q fora de r à sua imagem
F(Q).
32.11 Seja P : 11 —> II uma transformação afim do plano II que leva
a circunferência C numa circunferência C\.
(a) Considere em C dois diâmetros perpendiculares d c d' ^ 'ia corda
c, paralela a d. As imagens ci, e dj desses segmentos são tais que
d'i corta ci e ao meio, logo é um diâmetro de C i, perpendicular
a Cl e dl. Como d\ também corta d[ ao meio, conclua que P trans­
forma dois diâmetros perpendiculares quaisquer de C em diâmetros
perpendiculares de Ci.
(b) No plano II, introduza dois sistemas de eixos ortogonais O X Y e
O i^^iK i, onde O é o centro de C, O i é o centro de C i e O i X i ,
O iY i são os transformados de O X e OY, respectivamente, por
P . Mostre que P transforma um ponto de coordenadas (z, y) no
primeiro sistema num ponto de coordenadas [rx,ry) no segundo
sistema, onde r é a razão do raio de C i para o raio de C.
(c) Conclua que P é uma semelhança.
214 Exercidos da Terceira Parte

33.1 Considerando duas projeções convenientes, mostre que a composta


de duas transformações afins de posto um pode ter posto zero ou um.
33.2 A composta de duas transformações afins de posto dois tem posto
dois.
33.3 Dê exemplo de uma transformação afim de posto um que não seja
uma projeção.
33.4 Demonstre a afirmação feita no texto de que uma transformação
afim de posto dois leva retas paralelas em retas paralelas.
33.5 Sejam F , Id\ II ^ II respectivamente a projeção sobre a reta r,
paralelamente à reta r ' e a transformação identidade. Como 2 + ( —1) = 1,
a combinação afim T = 2 F — I d é uma transformação afim. (Exerc.
32.2.) Prove que se tem T o T = Id. Mostre que T é a reflexão oblíqua
em tomo de r, paralelamente a r'.
33.6 Seja T: II —»■IT uma transformação afim tal que T o T = Id.
Mostre que a combinação afim F = + ^ I d cumpre F o F = F, logo
(segundo o Exercício 32.10) F é uma transformação constante, ou é a
transformação identidade ou é a projeção sobre uma reta r, paralelamente
a outra reta r'. Prove que, no primeiro caso, T é a simetria (rotação de
180®) em torno de algum ponto; no segundo caso, T = I d e , no terceiro
caso, T é a reflexão em tomo da reta r, paralelamente à reta r'.
34.1 Num dado sistema de eixos ortogonais, sejam A = [1,1), B =
( l, 2) e C = (0,0). Escreva as equações da transformação afim do plano
que leva o triângulo A B C no triângulo A i B \ C i , onde A i = (2,0),
5 i = ( 2 ,2 ) e C i = (0,3).
34.2 Ache as equações da transformação afim do plano que leva o
retângulo A B C D, com A = (0,0), B = (0,1), C = (3,1) e Z> =
(3,0) no paralelogramo A i B i C \ D i , onde A \ = (0,0), B i — ( - 3 , l),
C i = ( - l ,4 ) e Z > i = (2,3).
37.1 Na elipse Ia? + jb^ — 1, prove que os pontos médios das
cordas paralelas a uma reta dada r constituem um diâmetro d \ isto é,
uma corda que passa pelo centro. [Isto é óbvio quando a = 6, ou seja,
numa circunferência. Faça o caso geral recair no particular por meio da
transformação afim T [ x , y ) = [ax,bx).]
Exercícios da Terceira Parte 215

37.2 No exercício anterior, se a reta r tem inclinação A ^ 0, prove


que o diâmetro d' tem inclinação A', onde AA' = —b^/a^.
37.3 No contexto dos dois exercícios anteriores, prove que, reciproca­
mente, se d é o diâmetro da elipse paralelo à reta r então d passa pelo
ponto médio de todas as cordas paralelas a d'. (Os diâmetros d & d!
dizem-se conjugados quando cada um deles passa pelo meio das cordas
paralelas ao outro.)
37.4 Considerando o ponto médio de uma corda paralela ao diâmetro
d de uma elipse, obtenha um método gráfico de determinar o diâmetro
conjugado de d.
37.5 Uma reta diz-se tangente a uma elipse quando tem apenas um
ponto em comum com essa elipse. Dado um ponto A da elipse E , seja
A A ' o diâmetro que passa por A. Prove que a tangente à elipse, traçada
pelo ponto A, é paralela ao diâmetro conjugado de A A'. Descreva um
método gráfico para traçar a tangente a uma elipse por um dos pontos
dessa elipse.
37.6 Um raio da elipse E é um segmento de reta que liga o centro de
E Si um ponto A dessa elipse. Dois raios dizem-se conjugados quando
estão contidos em diâmetros conjugados de E. Prove que a área do
paralelogramo construído sobre dois raios conjugados quaisquer da elipse
fa ^ -l- /b^ = 1 é igual a ab.
37.7 Sejam A A ‘ e BB* diâmetros conjugados da elipse x ^ fa ^ -f
y2/ft2 _ Prove que as tangentes pelas extremidades desses diâmetros
formam um paralelogramo cuja área é 4a6.
37.8 Prove que a soma dos quadrados dos comprimentos de dois raios
conjugados na elipse x^ j a} /b^ = 1 é sempre igual a -|- 6^.
37.9 Seja AA* um diâmetro da elipse E. Prove que, entre todos os
triângulos inscritos em E tendo A como um dos vértices, o de maior área
teni a base B C paralela ao diâmetro conjugado a AA*. Prove também
que B C corta AA* no ponto P tal que d{A, P) Jd{A*^ P ) = 2 e que a
área desse triângulo independe da escolha do vértice A. [Use o fato de
que o triângulo de maior área inscrito numa circunferência é equilátero e
considere uma transformação afim levando um círculo em E.]
216 Exercidos da Terceira Parte

37.10 Prove que todos os triângulos inscritos numa elipse e tendo como
baricentro o centro da elipse têm a mesma área, a qual é a maior área de
um triângulo inscrito nessa elipse. [Mesmo método do exercício anterior.]
37.11 Se a equação de uma elipse é + y^/6^ = 1, determine
a maior área de um triângulo nela inscrito.
37.12 Os quadriláteros de maior área inscritos numa elipse são os para-
lelogramos cujas diagonais são um par de diâmetros conjugados. Segue-
se que as áreas desses paralelogramos são todas iguais. Sendo ja ^ +
y2/^2 = 1 a equação da elipse, calcule a área desses paralelogramos.
[Use o fato de que o quadrado é o quadrilátero de maior área inscrito
numa circunferência.]
37.13 Prove que uma elipse com mais de dois eixos de simeuia é uma
circunferência.
37.14 Sejam A B C e A i B \ C i triângulos nos planos II e IIi respec­
tivamente. Prove que esses planos podem ser dispostos de tal modo que
uma projeção paralela de II sobre IIi transforma A B C num triângulo
semelhante íx A \ B \ C i .
37.15 As tangentes a uma elipse traçadas pelos pontos A e 5 da
mesma se encontram no ponto P. Seja Q o ponto médio do segmento
A B . Prove que a reta P Q passa pelo centro da elipse.
38.1 Seja II — II uma bijeção do plano II que leva pontos não-
colineares em pontos não-colineares. Prove que F é uma transformação
afim. [Observe que se F não fosse afim, sua inversa F~^ também não
seria.]
38.2 Sejam II e IIi dois planos não paralelos. Dado um ponto O
acima de II e de IIi, defina a transformação F : I I IIi que associa
a cada ponto P do plano II o ponto Pi, interseção da reta O P com
o plano IIi. É claro que F leva pontos colineares de II em pontos
colineares de IIi, logo devia ser uma transformação afim. Por outro
lado, se A, B, C são pontos colineares em II, com A G II n ü i então,
considerando A = i^(A), B \ = F [ B ) t C\ = não se tem
d { A , B ) l d { A i ^ B \ ) — d [ B C ) I d [ B \ , C i ) porque o segmento B B \
não é paralelo à base C C i do ttiângulo A C C \ . Como resolver este
paradoxo?
Quarta Parte
Soluções dos Problemas
Soluções dos Exercícios da Prim eira Parte

2.1 Fixe uma origem na reta orientada, tornando-a um eixo. Sejam


a,b e c respectivamente as abcissas dos pontos A , B e C . Segue-se de
d{A,B) = |6 —o| que p{A,B) = b — a. Logo p{A,B) -|- p{B,C) +
p(C, A) = (b — a) + (c — b) + (a — c) — 0.

2.2 Seja c a abcissa de C, ponto médio do segmento A B . Deve-


se ter p { A , C ) = p { C , B ) , isto é, c — a = b — c. Logo c = (o -f
6 ) / 2 . Analogamente, se Oi, U2 , . . . , a„ — 1 são as abcissas dos pontos
Al, A.2 , . . . , — 1, que dividem o segmento A B em n partes iguais
então, para cada i, de 1 até n — 1 , devemos ter p(A, Aj) = {i/n) •
p(A, B ) , ou seja, oi —a = i ( 6 —a )/n , logo Oj = a -f i(ò —a )/n .

2.3 Devemos ter {x — a)/{b — x) = {b — a)/{x — a). Segue-se que


x“
^ + (b — 3a)x + + ab — b'^ = 0. As raízes desta equação são x =
[3a —b±{b—a)^/E]/2. A escolha do sinal menos daria x < {3a—b)/2 <
(3a —a)/2 = a. Como se pede a < x < b, deve ser x = [3a — b+ {b —
a)y/Z]/2. O caso particular a = 0 e 6 = 1 conduz a a: = {^/5 — l)/2 , o
conhecido “número de ouro”.

2.4 A afirmação a; = (1 —t)a + tb equivale a t = (x — a)/{b — a).


Daí resulta que í < 0 quando x < a, que í > 1 quando x > b,
que 0 < í < 1 quando a < x < b e que, nesse último caso, se tem
t = d{A ,X)/d{A,B).

2.5 A igualdade d{X, s(X)) = 2 ■d(X, A) significa que a distância


entre os extremos de um segmento é igual ao dobro da distância de
um desses extremos ao ponto médio. Se a; é a abcissa de X então
d(X, t(X)) = |a: —(x -I- o)| = |a|.

2.6 Seja A = /(A ) ponto fixo de / . Para todo X ^ A tem-se


220 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

d { X , Á ) = d { f { X ) , f { A ) ) = d { f { X ) , A ) , logo X e f { X ) distam igual­


mente de A . Portanto f { X ) = X ou / ( X ) = s(X ) = simétrico de X
em relação a A . Neste último caso, A é o ponto médio do segmento de
extremos X , / ( X ) . Se, para algum X q 7 ^ A , ocorre que / ( X q) = X q
então, como / não é a função identidade, podemos achar X tal que
/ ( X ) 7 ^ X e, pelo que acabamos de ver, A e X q serão ambos o ponto
médio do segmento de extremos X , / ( X ) , o que é um absurdo. Segue-
se que A é o único ponto fixo de / , donde / ( X ) = s { X ) para todo
X . Em seguida, suponhamos que a isometria / não tenha ponto fixo.
Por conveniência, substituiremos os pontos d e E por suas abcissas,
que são números reais, de modo que a isometria dada é agora uma
função / : R —> R. Seja a = /(O). A função R ^ R, definida por
g { x ) = f { x ) — a, é uma isometria, com g ( 0 ) = /(O) — a = a — a = 0.
Pela primeira parte do exercício, ou ^ é a função identidade ou é a
simetria em torno de 0. Esta última possibilidade significaria que
g { x ) = X, ou seja, f ( x ) — a = —x para todo x e R. Isto iria implicar
/ ( a / 2 ) — a = —a / 2 , donde / ( o / 2 ) = o / 2 , uma contradição pois /
não tem ponto fixo. Concluímos que g é a. função identidade, isto é,
f { x ) — a = X, donde f { x ) = x + a para todo x € R. Portanto, / é
uma translação.

2.7 Sejam s(x) = 2a —x, s'(x) = 2a' —x, í(x) = x + b e t ' { x ) = x + b'
as equações das simetrias s , s ' e das translações t , t ' em termos das
abcissas dos pontos do eixo. Então (sos')(x) = s(s'(x)) = s { 2 a ' —x ) =
2a—(2a'—x) = x-|-2(a—a') e também (íoí')(x) = í(í'(x)) = t { x + b ' ) -
x + { b + b ' ) . Por outro lado, (soí)(x) = s(í(x)) = s(x-|-6) = 2a—(x-h6) =
2 { a — b / 2 ) — X enquanto (f os)(x) = í(s(x)) = t { 2 a — x ) = 2a —x + 6 =
2(a + 6/2) —X . Portanto s o s' e t o t ' são translações mas s o t e t o s
são simetrias. Note ainda que t o t' = t' o t , s o s' = {s' o s)~^ e t o s é
diferente de s o í e nada mais.

3.1 O simétrico do ponto A = (x,y) em relação à reta horizontal


y = 6 é o ponto A' = {x, 2b — y) e o simétrico de A em relação à reta
vertical x = a é ponto A" = (2a — x,y).

3.2 Os pontos « / I / i , ^ /ã /i), { -^/T /é , { /õ /i), per-


Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 221

tencem ao primeiro, segundo e quarto quadrantes respectivamente e


cumprem a condição = 1 . Por outro lado, se P = (x,y) é
um ponto do terceiro quadrante então x e y são ambos negativos, o
mesmo acontecendo com x^ e y^, logo não se pode ter x^ +y^ = 1 .

3 .3 Se o ponto P = (x,y) cumpre a condição = 1 então


P' = {x, —y) e P " = (—X, y) também cumprem. Isto mostra que o
conjunto dado é simétrico em relação aos eixos coordenados. Além
disso se P = (x, y) pertence, também P'" = (—x, —y) pertence ao
conjunto. Como o ponto (-^ 1 / 2 , -^ 1 / 2 ), do primeiro quadrante, está
no conjunto dado, segue-se que esse conjunto possui pontos nos quatro
quadrantes. Finalmente, de x^^+y^ = 1 conclui-se que |x| < 1 e |y| < 1 -
Logo o conjunto dado é limitado. (Note que o conjunto do exercício
3 . 2 não é limitado).

y i L

1
b+r .
'
b ■ —T h (
u ^
-1 : ^ 1 X b-r . \
1 .
0 a-r a a+r "x 0 il X
-1

(a) (b) (c)

Figura 3.4

3 .4 (a) Região limitada pelo quadrado de centro na origem e lados


de comprimento 2 , paralelos aos eixos, (b) Idem com centro no ponto
P = (a, b) e lados de comprimento 2r. (c) Região convexa cuja fron-
222 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

teira é o ângulo reto com vértice no ponto P = (o, b) e os lados são


semi-retas paralelas aos eixos, dirigidas respectivamente para a direita
e para cima. (d) Semi-plano formado pelos pontos situados acima da
reta que passa pelos pontos (0,1) e (—1,0). (e) Retângulo de lados
paralelos aos eixos e vértices nos pontos (a, c), (a, d), ( 6 , c) e {b, d), (f)
Semi-plano formado pelos pontos situados abaixo da reta que passa
pelos pontos (0 , 1 ) e ( 1 , 0 ).

3 .5 X é o disco de centro na origem e raio 1 ] Y é formado pelos


pontos dentro de uma parábola voltada para baixo, cujo eixo é a reta
a: = 0 e cujo vértice é o ponto ( 0 , 1)\ W é uma hipérbole e Z é um
quadrado cujos vértices estão sobre os eixos, à distância 1 da origem.
S e P = {x,y) pertence a Z , isto é, se |x| -f |í/| = 1 , então, elevando
ambos os membros ao quadrado, obtemos + y^ -\-2\x\\y\ = 1 , donde
x^ +y"^ < 1, logo P pertence ao conjunto X . Assim, Z C X . W não
possui pontos no segundo nem no quarto quadrantes porque o produto
da abcissa pela ordenada de um ponto qualquer desses quadrantes é
um número negativo, portanto diferente de 2 . Finalmente, a interseção
de Y com o eixo das abcissas é o conjunto dos pontos P = {x, y) tais
que r r ^ - t - y < l e y = 0 . Logo < 1 , ou seja, — 1 < x < 1 . Assim,
essa interseção é formada pelos pontos (x, 0 ), com x € [—1 , 1 ].
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 223

3.6 Os catetos do triângulo retângulo cujos vértices são a origem O ,


o ponto P = ( x , x ) e o ponto P ' = (x,0) têm ambos medida igual
a . \ x \ , logo trata-se de um triângulo retângulo isósceles: seus ângulos
agudos medem 45° e, conseqüentemente, o segmento O P faz ângulos
iguais com os eixos. Assim os pontos P = (x, rc) formam a bissetriz do
primeiro e terceiro quadrantes, chamada a d ia g o n a l do plano. A reta
paralela a essa diagonal, traçada pelo ponto (0,3), é formada pelos
pontos de coordenadas (x, x -f 3) porque o segmento vertical baixado
de um qualquer desses pontos sobre a diagonal tem comprimento 3 (os
lados opostos de um paralelogramo são iguais).

3 .7 Para todo x ^ 0 , o ponto Q = (—x, x) está no segundo quadrante


(se X > 0) ou no quarto (se x < 0). Se Q' = (0, x), o triângulo
retângulo O Q Q ' é isósceles, logo o segmento O Q forma ângulos de 45°
com os eixos. Assim, esses pontos Q formam a bissetriz do segundo e
do quarto quadrantes.

Figura 3.8

3 .8 Para fixar idéias, suponhamos que Xi < X2 e yj < y2 - A igualdade


X = (1 — t)xi + tX2 significa í = (x — X i)/(x 2 — Xi). Se P = (x,y)
pertence ao segmento P 1 P 2 então x pertence ao intervalo [xi, X2 ], logo
0 < í < 1. Considerando os pontos A = (x ,y i) e B = (x 2 ,yi), vemos
224 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

que os triângulos retângulos A P P i e B P 2 P 1 são semelhantes, logo


(2/2 - yi)/(x 2 - xi) = { y - yi)/{x - xi), donde (x - x i)/(x 2 - xi) =
(y —yi)/(y2 —yi)i mostrando que y = (1 —t)yi + íy 2- Reciprocamente,
s e X e y têm essas expressões, com o mesmo í € |0,1|, então o ponto
do segmento P 1 P 2 que tem abcissa x terá, como acabamos de ver,
ordenada y, logo esse ponto é P, ou seja, P pertence ao segmento
PPi.

3.9 Afirmar que x^ —5x + 6 = 0 equivale a dizer que x = 2 ou x = 3.


Assim, um ponto P = (x, y) cumpre a condição x^ —5x + 6 = 0 se, e
somente se, P está numa das retas verticais x = 2 ou x = 3. Noutras
palavras, o conjunto dos pontos P = (x, y) tais que x^ —5x + 6 = 0 é
a reunião dessas duas retas verticais. Analogamente, o conjunto dos
pontos P = (x, y) tais que y^ —6y + 9 = 0 é a reta horizontal y = 3
porque 3 é a única raiz desta equação do segundo grau. Finalmente,
nenhum número real cumpre a condição 3x^ + 4x + 6 = 0 logo o
conjunto definido pela equação (c) é vazio.

3.10 Considere o triângulo cujos vértices são 0 = (0,0), A = (.x, y) e


B = {x + u ,y + v). O comprimento do lado O A é y x M - ^ , do lado
A B é ^/v?+là e do lado O B é -\/(x + + (y + v)^. A desigualdade
proposta significa que o lado O B é menor do que a soma dos outros
dois. Para uma prova puramente aritmética observe que os termos
da desigualdade alegada são todos não-negativos, logo ela equivale
à desigualdade obtida elevando-se ambos os membros ao quadrado,
que é (x -f u)^ + (y + < x^ + y~^ + + v'^ + 2\Jx^ -b y^\/v? + v^.
Simplificando, deve-se provar que xu + yv < Esta
desigualdade, conhecida como de Cauchy-Schwarz, será provada na
seção 22. Uma demonstração independente é a seguinte: sem perda
de generalidade, podemos supor que x, y, u, v são não-negativos pois
xu+ yv < |x||u|-|-|y||u| e |xp = x^, |yp = y^, etc. Então basta mostrar
que (xy -|- yu)^ < (x^ + y'^){u^ + v'^). Efetuando as multiplicações e
simplificando, devemos provar que 2xyuv < x^x^ + y^u^, ou seja, que
x^u^ —2xvyu 4- y^u^ > 0, o que é evidente porque o primeiro membro
desta última igualdade é igual a (xv —yu)^.
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 225

Figura 3 .11

3.11 Seja M = ( x m j Vm ) o ponto médio do segmento A B . Con­


siderando os pontos C = (xM,yi) G D = (x 2 ,yM), vemos que os
triângulos retângulos A C M e M D B são congruentes porque têm as
hipotenusas A M e M B iguais e os ângulos agudos respectivamente
iguais logo A C = M D , ou seja, x m é o ponto médio do segmento
[xi,a;2]. Então xm = + x-^/2. Analogamente se vê que y u =
(yi + 2/2)/2. Um raciocínio do mesmo tipo, com n triângulos, mostra
que as coordenadas dos pontos M { que dividem o segmento A B em n
partes iguais são XMí = Xi-\- i{x 2 - Xi)/n e yMi = y \ + i{y2 ~ yi ) / ^,
z = 1 ,2 ,..., n —1. (Vide exerc. 2.2.)

3.12 Sejam O = ( a , b ) e A = ( x , y ) . Para calcular as coordenadas


do ponto A' = { x ' , y ' ) , simétrico de A em relação a O, notamos que,
sendo O o ponto médio do segmento A A ' , tem-se a = { x + x ' ) / 2 e
b = { y + 2/0/2- Segue-se daí que x' = 2a — x e y' = 2b — y.

4.1 O ponto pedido é o pé da perpendicular baixada de P sobre a


reta diagonal y = x . Para obter suas coordenadas, consideramos os
pontos A = {a, a) e B = (6,6). O triângulo P A B é isósceles, pois
d { P , A ) = d ( P , B ) = \b — a|. Seja M = { { a + 6)/2, (a -|- 6)/2) o ponto
médio do segmento A B . A mediana A M é também altura do triângulo
226 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

Figura 4.1

PAB. Logo, M = ((a + 6)/2, (a + h)/2) é o ponto procurado.

4.2 Tome um sistema de coordenadas no qual a origem é o ponto


médio do segmento PQ e o eixo das abcissas é a reta PQ. Neste
sistema, tem-se P = (—a, 0) e Q = (a, 0), onde d{P, Q) = 2 a > 0. Um
ponto R = {x, y) é eqüidistante de P e Q se, e somente se, d(P, P)^ =
d{Q, R.y, ou seja, { x + a)^ = { x —a)^. Desenvolvendo e simplificando,
isto nos dá 2 a x = —2 a x . Como a > 0, concluímos que x = 0. Assim,
um ponto R é eqüidistante de P e Q se, e somente se, pertence ao
eixo das ordenadas, o qual é precisamente a perpendicular pelo ponto
médio do segmento PQ.
/
4.3 E claro que P Q R S é um retângulo, pois seus lados são paralelos
aos eixos. Além disso, seus lados têm todos comprimentos igual a
\y —x|, logo é um quadrado. Como as diagonais do quadrado são
perpendiculares e se cortam mutuamente ao meio, vemos que R =
(y, x) é o simétrico de P = (x, y) em relação à reta QS, que vem a ser
a diagonal do plano.
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 227

4.4 Sejam P = (x,y) e Q = (u,v). Então P* = (—y,x) e Q* =


{—v,u) logo
d{P, Q) = \ / { x - u)^ + { y - v Y

d{P*,Q*) = y / { - y + v y + { x - u y .
Vê-se que d{P*, Q*) = d{P, Q).

4.5 Completando os quadrados, podemos escrever a equação +


^ + ax + by + c = 0 como (x -h a/2)^ + {y + b/ 2 )^ — (a^ -h 6^ —4c)/4.
y‘
Se for — 4c > 0, esta equação pode ser escrita como (x -f
a/2)^ + {y + b/2 y = r^, como r = {y/a? -I- —4c)/2, logo representa
a circunferência de raio r, com centro no ponto P = (—a/2, —6/2).

4.6 Quando -|- 6^ — 4c, a equação dada equivale a (x -|- a/2)^ -f


{y -I- 6/ 2 )^ = 0, que só é satisfeita pelo ponto P = (—a / 2 , — b( 2 ). Por
outro lado, quando < 4c, a equação dada representa o conjunto
vazio (isto é, nenhum ponto (x, y) a satisfaz) porque a soma de dois
quadrados de números reais não pode ser um número negativo.

4 .7 Como d{A, B) = 2a, devemos ter também d(P, A) = 2a, ou seja,


y/ã?'+~^ = 2a, donde +y^ = 4a^, y^ = 3a^ e daí y = ± a\/3 . Os
pontos P — (0, ay/3) e P' = (0, —ay/3) são as duas respostas possíveis
à questão proposta.

4.8 São as circunferências com centro num ponto (A, 0) do eixo hori­
zontal e raio |A|. A equação de uma dessas circunferências é portanto
(x —A)^ + y^ = \^ ou x^ -h = 2Ax.

4.9 Resulta do exercício anterior que (a) é a equação da circun­


ferência de raio 1/2 e centro no ponto (1/2,0). Pode-se também usar
o exercício 4.5 ou, diretamente, completar o quadrado para chegar
à mesma conclusão. Analogamente concluiremos que (b) representa
a circunferência de raio 1/2 com centro no ponto (0, —1/2), que (c)
é a equação da circunferência de raio y/2f2, com centro no ponto
(—1/2, —1/2) e que (d) representa o conjunto vazio, ou seja, nenhum
par (x, y) de números reais satisfaz aquela equação.
228 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

4.10 Sejam M = (a /2, c /2) e N = (6/ 2, c /2) os pontos médios dos


lados A C e B C respectivamente. A igualdade das medianas A N e B M
significa que d { A , N y = d ( B , M y , ou seja, que a^ —a6+ ( 6^ + c^)/4 =
b‘^ —ab+{a^+c^)/4. Simplificando, vem = 6^. Como A ^ B , deve-se
ter a = —b. Isto mostra que o eixo vertical, além da altura, é também
mediana relativa à base A B , o que já permite concluir que o triângulo
A B C , com duas medianas iguais, é isósceles. Pode-se também verificar
este fato diretamente, computando os comprimentos dos lados A C e
B C , e obtendo d { A , C f = a^ 4-(? = d { B , C f .

4.11 Como P = {x,y) está na circunferência, temos if =


Logo d{A, P f d{B, P f = (x -t- r f -\-if 4-{x —r f ■\-]f = x^ 2rx +
r"^ + y'^ + x “
^ — 2rx + y^ = 2{x'^ -(- y"^) 4- 2r^ = 2r^ -|- 2r^ = 4r^ =
{ 2 r f = d{A, B f . Segue-se da recíproca do Teorema de Pitágoras que
A P B é um ângulo reto.

4.12 Temos d { P , A f = (x -t-1)^ + e d{P, B ) — {x — i f + A


condição d { P , A f / d { P , B f — 4 escreve-se então como ( x -|-1)^ + y^ =
4 [ ( x — l)^ + y^], o que dá —(10/3)a;-f 1 = 0. Pelo exercício 4.5,
conclui-se que os pontos P = ( x , y ) que cumprem a condição dada
formam a circunferência de centro no ponto (5/3,0) e raio \/9T/3.
Para generalizar, deve-se descrever o conjunto dos pontos P tais que
d ( P , A ) / d { P , B ) = r, onde A e B são dois pontos fixados no plano
e r é uma constante positiva. Se r = 1, sabemos que o conjunto em
questão é a mediatriz do segmento A B . Por isso, podemos supor r ^ 1.
Escrevendo k = e tomando um sistema de eixos coordenados onde
A = (a, 0) e 5 = (—a, 0), devemos ter { x —af-^-y"^ = k [ { x 4 - a f -^-y"^].
Desenvolvendo e simplificando, vem: x^-|-y^-|-[(fc-|-l)/(A;—l)]2ax-|-a^ =
0. Pelo exercício 4.5, essa equação define uma circunferência se, e
somente se, tivermos [2a(A: - \ - l ) / { k — 1)]^ > 4a^, ou seja, {k + P } / { k —
1) > 1, o que é sempre verdade. Portanto, para r 7^ 1, os pontos P
tais que d { P , A ) / d { P , B ) = r constituem uma circunferência.

4.13 O leitor deve esboçar as curvas para ter uma idéia aproximada da
localização dos pontos pedidos. O valor preciso das coordenadas desses
pontos se obtêm resolvendo os sistemas de equações. O primeiro.
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 229

= 2 Q xy 1,
se resolve multiplicando a segunda equação
=
por 2 e subtraindo da primeira, o que dá — 2xy + y’^ = 0, ou seja,
(x — yY = 0 , logo X = y. Substituindo na segunda equação, vem
x'^ = 1 , donde x = ± 1 . Os pontos procurados são (1,1) e ( - 1 , - 1 ).
O segundo sistema, x^ = Ay e x + y = 3 se resolve substituindo y por
3 —X na primeira equação, o que dá + 4a; — 12 = 0, logo a; = 2 ou
X = —6 . Os pontos procurados são portanto (2,1) e (—6,9).

4.14 As igualdades d { P , Q Y = d { P , O Y = d ( Q , O Y se escrevem como


(a; —w Y + (y — z Y = a;^ + + z^, ou seja, —
2{xw + yz) = x “^ + y^ = + z"^ logo + z^ — 2(xw + yz) = 0 e
x^ + y^ — 2{xw + yz) = 0, o que prova a afirmação alegada.

4.15 O polinômio dado, evidentemente, pode escrever-se como (y —


—5(y —x) 6 = —5w -f 6, onde w = y —x. Ele é igual a zero se,
e somente se ic = 2 ou íí; = 3, isto é, y = x - |-2 o u y = x-|-3, pois 2 e
3 são raízes da equação —5w -|- 6 = 0. Como y = x - |- 2 e y = x-|-3
são equações de duas retas paralelas à diagonal (v. exercício 3.6),
concluímos que os pontos sobre estas duas retas são os que satisfazem
à equação x^ + y^ —2xy -i- 5x —5y -t- 6 = 0.

4.16 Usando o método do exercício anterior, temos sucessivamente:


2^^+y^+2xy-f6x-|-6y-|-9 = 0, (x-|-y)^-|-6(x-l-y)-|-9 = 0, u;^+6 zü+ 9 = 0
(como w = X + y), w = —3, x + y = —3, y = —x —3. Logo a equação
dada representa a reta y = —x —3, paralela à bissetriz do 2- e 4-
quadrantes (vide Exercícios 3.7 e 3.6).

4.17 A equação procurada tem a forma (x —a)^ -h (y —6)^ = r^, onde


P = {a, b) é o centro e r é o raio da circunferência. Para obter os
três números a , b e r , impõe-se a condição de que os três pontos dados
pertençam à circunferência, logo (—1—a)^-f 6^ = r^, a^-|-(l—6)^ = e
(1 — a)^ -I- 6^ = r^. Subtraindo a terceira equação da primeira obtemos
4a = 0, donde a = 0. Substituindo a por zero nas duas últimas
equações, vem b^ —26+1 = e 1 + 6^ = r^, donde 6^ —26+1 = 1+6^,
logo 6 = 0. Assim, o centro da circunferência é a origem (0,0) e seu
raio é r = 1. A equação procurada é, portanto x^+y^ = 1. A segunda
230 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

parte do exercício conduz ao sistema das três equações + 6^ = r^,


— 2a + 1 + 6^ — 26 + 1 = e —4a + 46^ — 2 6 + 1 = r^, nas
incógnitas a, 6 e r. Substituindo o valor de r da primeira equação
nas outras duas, resulta o sistema linear a + 6 = l,2 a + 6 = 5/2, que
fornece a = 3/2,6 = —1/2. Entrando com estes valores em a^+6^ =
resultar = ^ / l Õ / 2 . A equação que se busca é (a; —3/2)^ + ( y + 1/2)^ =
5/2. (Poderiamos observar, de saída, que a = 3 / 2 porque o centro da
circunferência pertence à mediatriz do segmento que une os pontos
(1,1) e (2,1) e essa mediatriz é a reta x = 3/2.)

5.1 Temos y = ax^ + 6a; + c e queremos provar que também vale


y = a{—x — h/aY + h{—x —6/a) + c. E só desenvolver e simplificar.
Além disso, como os pontos (a;, y) e (—a; — 6/a, y) estão na mesma
horizontal e a média aritmética das suas abcissas é —6/2a, segue-se
que eles são simétricos em relação à reta vertical x = —h/2a.

5.2 Escreva aa;^ + 6x+c = a[x^ + (6/a)a;+c/a] e complete o quadrado


no trinômio dentro do colchete para obter imediatamente aa;^+6a;+c =
a[(a; + 6/2a)^ + (4ac —6^)/4a^]. A primeira parcela da soma dentro
destes colchetes nunca é negativa, logo o menor valor da soma é obtido
quando tal parcela é zero, o que se dá para x = —b / 2 a . Se a > 0
este valor de x torna mínimo o trinômio ax'^ + bx + c. S e a < 0,
multiplicar por a inverte o sentido das desigualdades logo x = —b / 2 a
torna ax^ + 6x + c máximo.

5.3 Se um ponto P tinha coordenadas { x , y ) no sistema O X Y , suas


coordenadas no novo sistema 0 ' X ' Y ' são { x ' , y ' ) , onde x' = b / 2 a ,
y' = y + ( 6 ^ — 4ac)/4a. Tirando os valores de x' e y' nestas duas
igualdades e substituindo-os na equação y = ax^ + bx + c obtemos

4ac — 6 ^

Simplificando, resulta y' = ax"^.

5 .4 O produto (a;^ + y ^ ) { x y — 1 ) só é zero quando a;^ + y^ = 0 ou


quando a;y — 1 = 0. Noutras palavras o produto se anula quando
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 231

X = y = 0 OU quando xy = 1. Esta última condição significa que


X ^ 0,y ^ 0 e y = 1/x. Logo G é o gráfico da função / : R ^ R,
definida do seguinte modo: /(O) = 0 e f{x) = 1/x quando x ^ 0 .

5.5 A interseção é o ponto da reta onde y = 0. Ora, ax+b = o significa


X = —b/a. Logo o ponto procurado é (—6/a, 0). Evidentemente, isto
só faz sentido quando a ^ 0. Se for o = 0 então a reta em questão
é a horizontal y = b, que é paralela ao eixo das abcissas se 6 ^ 0 e
coincide com ele se 6 = 0.

6.2 A equação dessa reta é y = yo + a{x — Xq). Igualando a zero:


yo + a{x —a;o) = 0 dá a; = a;o —yo/a. (Se a = 0 a reta é horizontal.) A
interseção com o eixo vertical dá-se quando x = 0, logo y = yo — axo
é ordenada desse pontb.

6.3 Como a 7^ 1 e a' 7^ 1, as retas y = ax + b e y = a'x + b' não são


paralelas à diagonal y = x. Os pontos de encontro dessas retas com a
diagonal têm abcissas que cumprem ax + b = x, donde x = b/{l — a),
e a'x'-\-b — x \ donde x' = 6'(1 —a'). Para que esses pontos coincidam,
a condição a impor é 6/(1 —a) = 6'/(1 —a!).

6.4 Os pontos médios dos lados do triângulo A B C são M b c =


( 6 / 2 , c / 2 ), M a c = ( o / 2 , c / 2 ) e M a b = ((a + 6 ) / 2 , 0 ). A equação
da mediana A M b c tem a forma y = m x + n. Para determinar os co­
eficientes m e n impõe-se que as coordenadas de A e M b c satisfaçam
à equação. Tem-se 0 = m a + n, c / 2 = m b / 2 + n. Resolvendo o sis­
tema, vem m = c / { b — 2a) e n = a x / { 2 a — 6 ). Logo, a equação da
mediana A M b c é y = c x / ( b — 2a) -|- a c / ( 2a —6 ). De modo análogo, se
vê que as equações das medianas B M a c e C M a b são respectivamente
y = c x / ( a — 2b) + 6c/(26 — a) e y = —2 c x / ( a + b) + c. Resolvendo
o sistema linear formado pelas equações das duas primeiras medianas
obtemos x = (a + b ) / 3 , y = c/3, que são as coordenadas do ponto
G] interseção de A M b c com B M a b - Uma substituição direta mostra
que G pertence à mediana C M a b - Portanto as 3 medianas têm o
ponto G em comum. Finalmente, temos d(A, G) = ^ y / ( 2 a — 6 )^ +
e d(G, M b c ) = g \/(2o —6)^ -i- c^. Cálculo análogo pode ser feito em
232 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

relação às outras duas medianas. Observação: As equações das 3


medianas foram obtidas admitindo-se que a ^ 2b, b ^ 2a e a + b ^ 0.
Isto significa que nenhuma dessas 3 medianas é vertical. Se uma de­
las for vertical, sua equação terá a forma x = a, x = b ou x = 0, o
que tornará bem mais fácil achar sua interseção com as outras duas

6.5 Como a tangente a uma circunferência é perpendicular ao raio no


ponto de contacto, o Teorema de Pitágoras dá: = r‘^ + {x —d y + y"^
para uma tangente e -t- {x' — d) + y"^ para a outra. Como
x^ +y^ = x"^ -1- y"^ = r^, uma simplificação imediata fornece d- x =
e d - x' = r^, logo x = x' = r^/d. Entretanto com este valor de x na
equação -f obtém-se y = ± (r/d)\/d^ — Assim, os dois
pontos de contacto da tangente têm a mesma abcissa e ordenadas
simétricas y' = —y. Para escrever as equações das tangentes, é melhor
chamar os pontos de contacto de (xo, yo) e (xo, —yo)- As equações são
y = ±[yo -t- (d - xo)(x - xo)/yo].

6.6 Parte-se do fato de que a equação x^—x —a = 0 escreve-se também


Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 233

como = X + a. Logo, as raízes desta equação são as abcissas x dos


pontos em que a reta y = x + a corta o gráfico da curva y = x^. Para
diferentes valores de a, as retas y = x + a são paralelas à diagonal
y = X, sendo a a ordenada do ponto em que cada reta corta o eixo
vertical. Examinando o gráfico da função f{x) = x^, vemos que há
dois valores a\ < 02 para os quais a reta y = x + a é tangente à curva
y = x^. Quando a < oi ou a > 02, a reta y = x + a tem apenas um
ponto em comum com a curva y = x^. Quando a = ai ou a — ü2
a reta y = x + a tem 2 pontos em comum com a curva y = x^. E
quando oi < a < U2, a reta y = x -\- a tem 3 pontos em comum com
a curva y = x^. Segue-se que a equação x^ — x — a = 0 tem uma
raiz real quando a < Oi ou a > 02, tem 2 raízes reais quando a = ai
ou a = Ü2 e tem 3 raízes reais se Oi < a < 02. Para determinar
os números oi e 02, valores de a para os quais a reta y = x + a é
tangente à curva y = x^, observa-se que, nos pontos de tangência, a
inclinação 3x'^ da tangente é igual à inclinação da reta y = x + a, ou
seja, 3x'^ = 1, donde x = ± \/3 /3 . Nestes pontos, a reta y = x + a toca
a curva y = x"^, donde x^ = x + a, ou seja, a = x^ — x. Assim, temos
ai = {y/Z/Zf - y/Z/Z = 2y/Z/% e 02 = { - y / Z / Z f + y/Z/Z = 2^^/9.
234 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

6.7 Para evitar confusão, consideremos o gráfico da função f{x) =


no ponto (a, a^). A tangente neste ponto tem equação da forma
y = 3a^x + n, (Vide exercício anterior.) Para determinar n, impomos
a condição de que essa tangente contenha o ponto (a, a^), ou seja:
= 3a^a + n, logo n = —2a^. Portanto, a tangente à curva y = x^
no ponto (a, a^) é a reta da equação y = 3a^x —2a^. Esta reta corta o
eixo horizontal no ponto cuja abcissa x cumpre 3a^x — 2a^ = 0, logo
X = 2a/3.

Figura 7 .1

7.1 Podemos determinar x de modo que o lado B D seja paralelo a


A C ou então fazer CD paralelo a AB. Ora, a inclinação da reta A C
é (2 —3 )/(—2 —(—1)) = 1 e a inclinação de B D é (2 —x)/3. Assim,
B D é paralelo a A C se, e somente se, 2 —a: = 3, ou seja, x = —1.
Analogamente, CD é paralelo a A B se, e somente se, x = 7. Em
ambos os casos, A B C D é um trapézio.

7.2 Se a reta r não é vertical, sua equação é y = ax + b, isto é, {x, y)


pertence a r se, e somente se, y = ax + h. Então (a; + p, y + ç) =
{x-\-p,ax-\-h + q) — {x+p,a{x+p ) + b'), onde b' = b + q —ap. Assim,
quando (x,y) percorre a reta r, os pontos {x + p,y + q) descrevem a
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 235

reta s, cuja equação é y = ax + b', com b' = b + q — ap. Logo s é


paralela a r.

7.3 O ponto {x, y) pertence à faixa F quando ax -\-b < y < ax -\-b',
isto é, quando b < y —ax < b ' .

7.4 Se a reta y = cx + d corta transversalmente alguma das retas que


constituem o bordo da faixa F então y = cx + d contém pontos dentro
e fora dessa faixa. Logo, a reta só pode estar contida na faixa quando
coincide com uma das retas do bordo ou é paralela a ambas. Isto
significa que c = ae que, para todo x, tem-se ax+b < ax+d < ax+b',
logo b < d < b ' .

7.5 Se uma das retas for vertical, tem-se y = a x + b (equação de


r) Q X — k (equação de s). Neste caso, o ponto { x , y ) = { k , a k + b)
pertence à reta r e o ponto { x , y ' ) = { k , a k + b — 2c) pertence à reta s,
com y — y ' = 2 c > c. Se as retas r e s são ambas não-verticais, sejam
y — a x + b e y ' = a'x + b' suas equações, onde (digamos) o > a'. Então,
para todo x > (c + b' — b ) / { a — a') tem-se y — y' = (a — a ' ) x + b — b' >
c + b' — b + b — b', isto é, y — y' > c. (Como c > 0 , isto implica
\ y - y ' \ > c.)

8.1 A paralela à reta y — ax tirada pelo ponto (6,6) tem equação


y = b a{x —6) = ax + b — ab. Esta reta corta o eixo das abcissas
quando y = 0, o que nos dá o: = (o — l)6/a. O ponto procurado é
((a — l)6/a, 0) se a ^ 0. Quando a = 0 a reta y = ax é o eixo das
abcissas e sua paralela a partir de (6,6), ou coincide com esse eixo (se
6 = 0 ) ou não o corta jamais.

8.2 A reta B C tem inclinação 1, logo a reta paralela a B C traçada


pelo ponto A = (1,2) tem equação y = 2-t-l- (x —1), ou seja y = x + 1.

8.3 A reta y = —x tem inclinação —1. A equação da paralela pelo


ponto (3,3) é y = 3 —(x —3), isto é, y = —x + 6.

8.4 A inclinação da reta B C é —1, logo a equação da paralela a B C


pelo ponto D = (3/2,9/2) é y = 9/2 —(x —3/2), isto é y = —x + 6. A
236 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

equação da reta A B (que tem inclinação 1 e passa pelo ponto (1,3))


é y = X + 2. A interseção das retas y = —x + 6 e y = x + 2 obtém-se
igualando —a; -|- 6 = a; -f- 2, logo a; = 2 e y = —2-|-6 = 4. Assim,
^ = ( 2 ,4 ) .

9.1 As equações das retas AB e A C são respectivamente y = 2 x +


5 e y = x /5 + 7/5, X E Os pontos das semi-retas A B e A C ,
origem A , devem ainda cumprir a condição a; < —2 (abcissa de A ) .
O ponto P { x , y ) está no interior no ângulo B A C quando a: > —2 e
x /5 4 - 7 /5 < y < 2 a ; + 5. Observe-se porém que se y satisfaz a última
desigualdade então x / A - \ - 7 / 5 < 2a:-1-5 e daí x > —2. Portanto, para
que P = ( x , y ) esteja no interior do ângulo B A C , basta exigir que
x / 5 + 7/5 < y < 2a: -I- 5.

9.2 Com os dados do exercício anterior, a equação da reta B C é y =


—x / á + l l / A . O quadrilátero A B P C é convexo se, e somente se, além
da condição a:/5-t-7/5 < y < 2a:-1-5, tem-se também y > -x/A-\-ll/A .

9.3 A equação da reta A B é y = 6 -f- [(9 —6)/(8 —5)](a: — 5), ou


seja, y = a: -|-1. Ela corta o eixo das abcissas quando y = 0. Então
a: -f 1 = 0, donde x = —1. O ponto procurado é P = (—1,0).
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 237

9.4 As equações das retas OA ,OB e A B são respectivamente y —


8x/7, y = 16a:/15 e y = x + 1 . Um ponto P = (x,y) está no interior
do triângulo OAB se, e somente se, está no interior do ângulo A OB
e no mesmo lado da reta A B que o ponto O. A primeira destas
condições exige que 15x/16 < y < 8x/7, o que é verdadeiro quando
X = 9/2 e y = 5, pois 135/32 < 5 < 72/14. Como 0 < 0 + 1 e
5 < 9/2 + 1 , vemos que 0 = (0,0) e C = (9/2,5) estão do mesmo lado
da reta AB. Portanto C = (9/2,5) está no interior do triângulo OAB.
[Observação: dois pontos (xi,yi) e (x 2 ,y 2) estão no mesmo lado da
reta y = ax + b quando se tem yi < axi + b e y 2 < ax 2 + b ou então
se tem yi > axi + b e y 2 > ax 2 + b]. Finalmente, o ponto D = (10,11)
está sobre a reta A B pois satisfaz a equação y = x + 1 .

9.5 A inclinação de A B é (5—3)/(2—1) = 2 enquanto que a inclinação


de CD é (4 —4)/(6 —3) = 0, logo A B forma um ângulo maior do que
CD com o eixo horizontal.

9.6 As igualdades X43 • X32 • 2/21 = • 2/32 • 2:21 = 2/43 • 2:32 • X21 ,
tendo em vista que X4z,xz 2 e 0:21 são diferentes de zero, equivalem
a 2/21/ 3:21 = 2/32/ 3:32 = ou seja, a afirmar que os segmentos
AB, B C e CD têm a mesma inclinação, logo A B e CD estão sobre a
mesma reta BC.

9.7 A igualdade 2:43 •2/21 = 2/43 • 3:21 equivale a 2/21/ 3:21 = 2/43/ 3:23, logo
significa que os segmentos A B e CD têm a mesma inclinação. Por
outro lado, a afirmação 2/32 • 3:21 7^ X32 ■2/21 significa que as inclinações
dos segmentos A B e B C são diferentes, logo A B e CD não estão sobre
a mesma reta, sendo apenas paralelos.

9.8 A reta que une os pontos (xq, uxq) e (0, —axi) 1-®^ equação y =
—axQ + 2üxq ■X. Para achar as interseções desta reta com a parábola
y = ax 2 , deve-se resolver a equação ax^ = —ax^ -1- 2 axo ■x, ou seja,
ax^ —2 axo • x üXq = 0. Como o discriminante desta equação é zero,
ela possui uma única raiz, igual a Xq. Portanto, a reta considerada
(que não é paralela ao eixo porque não é vertical) corta a parábola
num único ponto, ou seja, é tangente.
238 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

10.1 A inclinação do segmento A B é (^2 — — 2;i), logo a


inclinação de qualquer reta perpendicular a A B é (xi —X2)/{y 2 — Vi)-
A condição de passar pelo ponto P = (xq, yo) completa a determinação
da equação da reta que é y = yo + { x i — X2 ) { x — x o ) / { y 2 — y i ) - Se
y2 —J/i = 0 então A B é horizontal, a perpendicular é vertical e sua
equação é x = X q.

10.2 A condição de que a reta y = a x seja perpendicular ao segmento


PP' se exprime como { x —x ' ) / { y ' —y ) = a, ou seja, x ' + a y ' = x + a y ( l ) .
A condição de que o ponto médio { { x + x ' ) / 2 , { y + y ' ) / 2 ) do segmento
P P ' pertença à reta y = a x s e exprime como y + y ' = a x + a x ' , ou seja,
a x ' — y' = y — a x (2). Resolvendo o sistema formado pelas equações
(1) e (2) em relação às incógnitas x' e y' encontramos

1 -g ^ 2a 2a l-g 2
X = :x + :X —
1 + a‘:y, 1 + a' :y-
y' =
1 + a' 1 + 0'

Estas equações reaparecerão na página 152 do texto.

10.3 Os eixos são escolhidos de modo que a origem seja o centro da


circunferência e a semi-circunferência esteja no semi-plano superior.
Então A = (—r, 0) e R = (r, 0). Para todo ponto P = (a, 6) da semi-
circunferência, a inclinação do segmento A P é 6/(r -f- a) e a inclinação
de P B é —b/{r — a). Como a^ + b'^ = r^, o produto destas duas
inclinações é igual a —1, logo A P ± P B .
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 239

10.4 As inclinações dos lados AC e B C são respectivamente —c/a e


—c/b. A equação da reta que passa por A e é perpendicular a B C
é portanto y = b{x —a)/c, enquanto a perpendicular a AC passando
por B tem a equação y = a(x —b)/c. O ponto de encontro dessas duas
alturas é dado por a{x —b)/c = b{x —a)/c, donde a; = 0 (lembrar que
a y ^ b) e daí y = —abjc. Como este ponto (0, —abic) também pertence
à altura que parte de C, segue-se que nele se encontram as 3 alturas
do triângulo ABC.

10.5 As equações das retas B C , A C e A B são, respectivamente y =


5+3(a;—3)/4, y = —2 { x —2 ) / S e y = 5(a;—2). Segue-se que as equações
das alturas que partem dos vértices A , B e C são, respectivamente:
y = —á { x — 2)/3,y = 5 -f3(a; —3 ) / 2 e y = 2 — { x + 1 ) / 5 . Portanto, as
coordenadas do pé H a da altura que parte do vértice A são obtidas
resolvendo o sistema y = —4(x —2)/3, y = 5-l-3(a; —3)/4 o que fornece
H a = (—1/25,68/25). O comprimento da altura que parte do vértice
A é, portanto a distância d { A , H a ) — i/(2 4-1/25)^ + (68/25)^, que
dá aproximadamente o valor 3,4. Usando o mesmo método, vê-se que
as alturas que partem dos vértices B e C medem respectivamente 4,7
e 3,3.

10.6 Se A = (a,b),B = {—a , —b) e P = (x,y) são vértices de um


triângulo equilátero então a mediana PO é perpendicular à base AB,
logo y = —axfb. A igualdade d(A, P)^ = d(A, P)^ significa que (x —
a) '^+{y—b)'^ = 4(a?+b‘^). Desenvolvendo, simplificando e substituindo
y por —axfb, segue-se que x'^ = 36^, donde x = ±6\/3 e y = ^ay/Z.
Portanto o ponto P pode ser {by/Z, —ay/Z) ou {-by/Z,ay/Z).

10.7 Os pontos A ' e B ' foram obtidos subtraindo das abcissas de A e


B o mesmo número u = {a + c ) / 2 e das ordenadas de A e P o mesmo
número v = {b + d ) / 2 . (Em particular, A 'B ' é paralelo a AP, tem
o mesmo comprimento e a mesma orientação). Como as coordenadas
de A ' e B ' diferem apenas pelo sinal, segue-se do exercício anterior
que, pondo P ' = ((6 — d ) ^ J z / 2 , { c — a ) y / Z / 2 ) ou então P ' = { { d —
b ) y / Z / 2 , (a —c ) y / Z / 2 ) , o triângulo A 'P 'B ' é equilátero. Somando-se
u = (a-f c)/2 às abcissas e v = { b + d ) / 2 às ordenadas dos vértices deste
240 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

Figura 10.7

triângulo, obtemos o triângulo equilátero APB^ onde A e B são os


pontos originais e P = {{b—d)y/3/2+{a+c)/2, (c—a)\/3/2+ (6+ d)/2).
A outra solução é obtida trocando-se os sinais das coordenadas de P'
e procedendo do mesmo modo.

11.1 Não. Se um ponto pertencesse a duas linhas de diferentes níveis


da função / então essa função admitiria dois valores distintos nesse
ponto.

11.2 Uma tal função pode ser definida pondo /(x , y) = y —

11.3 Escrever x^ + 2 xy+ y“ ^ = c é o mesmo que (x-l-y)^ = c. Se c > 0,


isto equivale di. x + y = ± \/c, isto é, y = >/c — x on y = —Vc —x.
Portanto, para cada c > 0, a linha de nível c da função f {x, y) =
+ 2xy + y"^ é um par de retas paralelas, a saber y = ^Jc — x e
y = —yfc —X. A linha de nível 0 da função / é a reta y = —x. Não há
linhas de níveis negativos para / . (Ou seja, para cada c < 0, a linha
de nível / ( x ,y) = c é o conjunto vazio.)
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 241

11.4 A linha de nível zero da função / é o conjunto dos pontos cujas


coordenadas (x, y) satisfazem a equação + x^y — xy“^x — y =
0. Fatorando o primeiro membro, vê-se que esta equação equivale a
{y — x){x'^ -t- —1) = 0 . Concluímos então que P = (a:, y) pertence à
linha de nível zero de / se, e somente se, y = x o\i x^ + y'^ = 1. Logo
a linha de nível procurada é formada pelo círculo de raio 1 e centro
na origem, mais a reta diagonal y = x.

11.5 Como x^ —y^ + Zxy^ —3x^y = (x —y)^ e além disso, (x —y)^ = c


equivale a, x — y = concluímos que, para todo número real c, a
linha de nível a da função / é a reta y = x — paralela à diagonal
(igual à diagonal se c = 0).

11.6 Se considerarmos um novo sistema de eixos, mantendo o eixo


das abcissas e deslocando o eixo vertical uma unidade para a direita,
então um ponto de coordenadas (x, y) no sistema original passa a ter
coordenadas (u, v) no novo sistema, como u = x —l e v = y. Então
a equação (x —l)^-|-y = c passa a ser lida como v?' -\-v = c, isto é,
V = c — u^, logo define uma parábola, com a abertura voltada para
baixo e vértice no ponto u = 0,v = c. Portanto a linha de nível c
da função /(x , y) = {x — 1)“^ + y é para todo c 6 M, a parábola de
abertura para baixo e vértice no ponto (1, c).

11.7 A equação x^ — -|- 2x = —1 equivale a y^ = x^ -f 2x + 1 , isto é,


y^ = (x-h 1)^, logo y = ± (x -|-1). Assim, a linha de nível —1 da função
/(x , y) = x^ —y^ -b 2x é formada pelo par de retas perpendiculares
y = X -f 1, y = — X — 1, que se cortam no ponto (—1,0).

12.1 A reta em questão não passa pela origem, logo não é a linha
de nível zero de uma função linear. Portanto, podemos escrever sua
equação sob a forma px + qy = 1 , com os coeficientes p e q a serem
determinados. Como a reta passa pelos pontos (a, 0) e (0,6), tem-se
p-a = l eq- b = 1, logop = 1 / a e g = 1/6. Sua equação é x /a -|-y / 6 = 1 .

1 2 .2Os pontos são (c/a, 0) e (0, c / 6 ). Evidentemente, se a = 0 a reta


é horizontal e, se 6 = 0 , é vertical.
242 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

12.3 O polinômio 9x^ — 12xy + —9a; + 6y + 2 escreve-se como


(3x—2y)‘^—3{3x—2y)+2, logo a equação dada equivale a w‘^—3w+2 =
0, com w = 3x—2y. Ora, w^—3w+2 = 0 significa que u; = 1 ou lü = 2.
Assim, os pontos cujas coordenadas {x, y) satisfazem a equação dada
constituem as duas retas paralelas 3x —2y = \ e 3x —2y = 2.

12.4 Tem-se
x^ -y"^ + 2 y - l = x^ - { y ^ - 2 y->r 1)
= x'^-{y-l?
= {x + y - l ) ( a ; - í / - |- 1).
Portanto, tem-se a;^ — -|- 2y = 1 se, e somente se, a: -|- y —1 = 0 ou
a; —y -I-1 = 0, isto é, se, e somente se, o ponto (x, y) pertence a uma
das retas x -|-y = l o u x —y = l. O conjunto procurado é a união
destas duas retas.

12.5 As equações dessas retas são x/6 -|- y/3 = 1 e x/3 — y/6 = 1.
Como vale a condição aa' + 66' = 0 (pág. 43), vemos que elas são
perpendiculares. O ângulo entre elas é reto.

12.6 Supõe-se que a, 6 e c sejam diferentes de zero. A equação ax +


by = c pode então escrever-se como x/a' + y/b' = 1, com a' = c/a
e 6' = c/6. A reta que esta equação representa é (pelo exerc. 12.1)
disjunta do primeiro quadrante se, e somente se, a' e 6' são ambos
negativos. Isto significa que a e 6 têm o mesmo sinal, oposto do sinal
de c.

12.7 Para todo ponto (x, y) da tangente, o triângulo cujos vértices


são os pontos de coordenadas (a, 6), (xi,yi) e (x,y) é retângulo e o
cateto oposto a (x, y) tem comprimento r. Logo
= (x - a)^ + (y - 6)^ - { x - x i f - (y - y i f
= [(x - a f - (x - x i f ] + [(y - b f - (y - yif].
Usando duas vezes a identidade v? — v^ — {u — v){u -I- v) e também o
fato de que, em virtude de ser raio perpendicular à tangente, têm-se
(yi - 6)/(xi - a) = - ( x - x i)/(y - yi).
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 243

OU seja
{y - yi){yi - b ) + { x - Xi)(a;i - a) = 0,
obtém-se:
= (x —a —X + Xi)(x —a + x —Xi)
+ (y - à - y + yi)(y - b + p - pi)
— (xi —a)(x —a) + (xi —a)(x —Xi)
+ {yi - b){p - b ) + {pi - b){p - Pi)
= {xi - a){x - a ) + (pi - b){p - b).

12.8 A equação da reta que passa pelos pontos A — (a i,a 2) e B =


(61, 62) é y = tt2 + (62 - a2){x - a i)/(6i - Oi), ou seja, (02 - 62)0: +
(61 —ai)p = a2 {bi — Oi) + 62 —02- Qualquer reta perpendicular a
A B deve ter uma equação da forma (61 —ai)a: + (62 —a2)p = c. Se
esta perpendicular passa pelo ponto ((oi + 6i ) / 2, (u2 + 62)72) então
2c = (61 —fli)(ai + 61) + (62 —Oi2){P'2 d" 62)-

13.1 Dados os pontos P = (xi,pi) e Q = (x 2 ,P2) do plano, o segmento


da reta A B é o conjunto dos pontos da forma
((1 - t)Xi + tX2, (1 - t)pi + P2),

onde 0 < í < 1.


244 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

Se P = (xi,yi) e Q = (x 2 ,y 2) são soluções do sistema de de­


sigualdades lineares
'aix + biy < Cl

^dmX "I" bjfiy ^ CjTi

e 0 < í < 1, então, para i = 1, . . . ,m:


ai[(l - t)xi + tx2] + 6i[(l - t)yi H- ty2]
= (1 - t)[aiXi + b i y i ] -f t [ a i X 2 + biy2]

< (1 - t)C i 1 tC i
- -

= Ci

(A passagem com a desigualdade é justificada porque, se 0 < t < 1,


então t > 0 e (1 —í) > 0.)
Logo, os pontos do segmento PQ são soluções do sistema, o que
mostra que o conjunto de todas as suas soluções é convexo.

13.2 a)

(Para obter os semiplanos correspondentes às inequações, basta obser­


var que a origem (0,0) não satisfaz nenhuma das duas inequações.)
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 245

b)

13.3 0 gráfico é obtido através de sua interseção com cada quadrante.


No 1- quadrante, x > 0 e y > 0. Logo |x| + |y| < 1 é equivalente a
X > 0,y > 0 e X + y < 1, o que resulta no gráfico da Figura 13.3a.

-1

Figura 13.3a

O gráfico nos demais quadrantes pode ser obtido de modo análogo.


No entanto, podemos também usar o fato de que o gráfico pedido é
246 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

simétrico em relação ao eixo a; e ao eixo y (já que se um ponto (x, y )


satisfaz |x| + |t/| < 1 , então (x, —y ) e (—x, y ) também satisfazem a ine-
quação). Note que simetria em relação a ambos os eixos x e y implica
em simetria em relação à origem. Logo o gráfico completo é o da Fig.
13.3b.

Figura 13.3b

1 3 .4 O diagrama da figura 13.4 representa o conjunto de soluções das


inequações e uma linha de nível da função objetivo.
O valor mínimo d e f { x , y ) = x + 2 y sobre o conjunto de soluções
viáveis ocorre para x = 1 e y = 0 , para um valor mínimo igual a 1 .

it; + 2-tó = constante

Figura 13.4

13.5 A figura 13.4 mostra que x + 2 y pode assumir valores arbitraria­


Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 247

mente grandes, já que toda linha de nível > 1 tem pontos comuns com
o conjunto de soluções viáveis. Logo, o máximo não existe. (Dizemos,
neste caso, que o programa linear é i l i m i t a d o . )

13.6 a) Sejam x e y o número de caixas de copos e de vinho, respec­


tivamente, a serem produzidos por semana:
As restrições são:

rc -I- < 50 (horas de uso da máquina)


X + 2y < 8 0 (horas de trabalho manual)
O objetivo é maximizar o lucro, que é dado por:

f { x , y) = 5000x + 4000y.
A figura 13.6 representa o conjunto de soluções das restrições e uma
linha de nível da função objetivo.
De acordo com a figura, o valor máximo da função objetivo
ocorre na linha de nível que contém o ponto de interseção das retas

a; + = 50 e a; -I- 2y = 80,

que é (40,20). Note que a inclinação de 5000a; + AOOOy = constante é


— enquanto as inclinações de

x + - y = 50 e X + 2 y = 80

são — 2 e — Como — 2 < —| < -i, concluímos que a posição


relativa das retas que passam por (40,20) é a indicada na figura 13.6.
Portanto, o lucro máximo é obtido com a produção de 40 caixas de
copos comuns e 2 0 caixas de copos de vinho por semana.
b) A nova função objetivo é f { x , y ) = cx+AOOOy, onde c é o novo lucro
por caixa de copos de vinho. A solução em (a) continua ótima se e só
se a inclinação das linhas de nível de / continua a estar compreendida
entre as inclinações das retas.

x + - y = 80 e a; -I- 2y = 80.
248 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

Figura 13.6

Isto é, deve-se ter


-1 <
'4000 “ 2’
ou seja
2000 < c < 8000.
Logo o lucro máximo por caixa de copos de vinho para a solução em
(a) continuar ótima é Cr$ 8 .0 0 0 ,0 0 . Se o lucro por caixa ultrapassar
este valor, a solução ótima para a ser atingida no ponto (0,40); ou
seja, a fábrica passa a produzir exclusivamente copos de vinho.

1 3 .7 a) Se a fábrica obtém ò í k g a mais de carne desidratada, as


restrições passam a ser

Zx + 2 y < 1200 + A
2; + 2 y < 800
X < 300

Para A suficiente pequeno, a posição relativa das retas que delimitam


o conjunto de soluções de cada restrição não se altera. Logo, a solução
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 249

Ótima é a interseção das retas

3íc -|- 2 y = 1 2 0 0 4 "A e x 2y = 800

Resolvendo o sistema, obtemos


A A
x = 200 + — e y = 3 0 0 - —.
^ ~r
O faturamento correspondente à nova solução é:

400 X ^200 + y ) + 400 X ^300 -

= 400 X 200 + 400 X 300 + lOOA.


Os dois primeiros termos dessa soma representa o faturamento antigo.
Logo, o acréscimo no faturamento é dado por lOOA cruzeiros.
b) Como cada A k g adicionais de carne desidratada representam um
acréscimo de lOOA cruzeiros no faturamento, a empresa estará dis­
posta a pagar até CR$ 1 0 0 , 0 0 por k g de carne desidratada.
c) Na solução ótima o consumo de farinha de soja é inferior à quan­
tidade disponível. Portanto um aumento na quantidade de soja não
altera a solução ótima. Logo, a empresa não estará disposta a pagar
nenhuma quantia para obter mais farinha de soja.

13.8 Sejam a: e y o n- de gramas de VITAMIL E VITAMEX, respec­


tivamente, a serem ingeridos diariamente.
As restrições são:

250x + 500y > 2500 (isto é, x + 2 y > 10)


lOOx -t- 80y > 400 (isto é, 5a; -f 4y > 20)
4a; -f 5y > 30
6 a; + 2 0 y > 60 (isto é, 3a; -f lOy > 30)
x > 2

3a; > 5 (isto é, a; > - )

x ,y> Q .
250 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

O objetivo é minimizar 30x + 2 0 í/.

A figura 13.8 indica o conjunto de soluções viáveis.

Figura 13.8

O valor mínimo ocorre na interseção das retas x = 2 e Ax-\-by =


30, que é Í2, ^ ) . Logo a dieta ótima consiste em 2 q de VITAMIL e
4,4p de VITAMEX.

13.9 a) Os pontos {x,y) do plano tais que y < x^ são os pontos


situados abaixo do gráfico da parábola y = x^ (Figura 13.9a)

Figura 13.9a
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 251

b) Ver Figura 13.9b

c) -\-y^ — A x + 2 y — A (x — 2)^ + {y + 1)^ < 3^.


O gráfico é formado pelos pontos do disco (fechado) de centro
(2, —1) e raio 3 (Fig. 13.9c).

F ig u ra 13.9c

d) A elipse de equação ^ + fr = 1 separa o plano em duas regiões.


2 2
Os pontos da região interior à elipse satisfazem ^ ^ < 1; os pontos
2 2
exteriores à elipse satisfazem ^ ^ > 1 . O gráfico é o da figura 13.9d
252 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

2 2
e) A hipérbole ^ — fr = 1 separa o plano em 3 regiões. Os pontos
2 2
da região que contém a origem satisfazem ^ ^ < 1; os das duas
2 2
outras satisfazem ^ ^ > 1. O gráfico é o da figura 13.9e.

Figura 13.9e

1 3 .1 0 a) A equação da reta 2 x + 3 y —6 = 0 pode ser escrita na forma


y = —Y + 2. Logo, os pontos abaixo da reta são aqueles tais que
y < —Y + 2 ou, equivalentemente, 2 x + 3 y — 6 < 0.

b) As equações dos lados são y = x , y = 0 e 3 x + y = 1. Para encon­


trar o semiplano determinado por cada lado que contém o interior do
triângulo, basta testar o terceiro vértice do triângulo. Por exemplo.
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 253

y =X é a, equação do lado determinado por (0,0) e (3,3). Como (4,0)


é tal que y < x, esta é a desigualdade cujas soluções incluem o interior
do triângulo. Agindo de modo análogo para cada lado obtemos.

c) Os pontos interiores à circunferência satisfazem { x — 1)“^ + y'^ < 1 .


Logo, a região pedida é dada por

'{x -iy + y^ < l


y > 0.

14.1 Como 5a;(—6 ) = 2a;(—15) mas 2x9 7 ^ 3 a:(—6


), as equações à
esquerda definem retas paralelas. Por outro lado, como 2a;(—15) =
—3x10 e —3x5 = l x ( —15), as equações à direita definem a mesma
reta.

14.2 Sejam (p{x, y ) = a x + b y e i ) { x , y ) = a ' x + h'y. Se 'ij} = k(p então


a linha de nível c de ^ é linha de nível A: • c de ■0, logo estas duas
funções têm as mesmas linhas de nível. Reciprocamente, s e (p e t p têm
as mesmas linhas de nível então a linha de nível 1 d e p é, digamos,
a linha de nível k de -0. Ora, os pontos ( 1 /a , 0) e ( 0 , 1 / 6 ) pertencem
à linha de nível 1 de (p(x, y ) = a x + by, e portanto à linha de nível
k de il>{x,y) — a ' x + b'y. Mas •0(l/a, 0) = a ' / a e '^(0,1/6) = 6 ' / 6 .
Logo, a ' / a = b'/b = A:, ou seja, a' = k a e b' = kb. Noutras palavras,
tp = k ■(f.

14.3 Uma paralela à reta 1 deve ser linha de nível c 7 ^ 1 da


2x — 3y =
função (f{x, y) = 2x — 3y logo sua equação é 2 x — 3y = c, com c 7 ^ 1 .
Como a paralela passa pelo ponto ( - 1 , - 3 ) , deve s e r 2 x ( —1 ) — 3 x
(—3) = c, isto é, c = 7. A equação procurada é portanto 2x — 3y = 7.

14.4 Se as retas ax + 6 ^ = c e a'x + b'y = d forem paralelas, existe k


tal que a' = k a e b ' = kb. Então podemos escrever {Xa + f x a ' ) x + { X b +
254 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

Hb')y = (A + n k ) a x + (A + fJ^k)by = a"x + onde a" = (A + ixk)a e


b" = (A + ixk)b, logo a equação (Aa + y a ' ) x + (A6 + ixb')y = Ac + n d
representa uma reta paralela a ambas ou coincidente com uma das
retas dadas. (Supõe-se implicitamente que Aa -|- ixa! e A6 -|- lib' não se
anulam simultaneamente.)

14.5 A fim de que a reta -|-2A)x-|- ( 1 —2A)^ = 1 seja paralela à reta


(1
2 x + Zy — ^ deve-se ter, em primeiro lugar, 3(1 + 2A) = 2(1 —2 A), ou
seja, A = —1/10. Em seguida, deve-se ter 5(1 — 2A) 7 ^ 1 • 3 com este
valor de A, isto é, 5(1-1-2/10) 7 ^ 3, o que é verdade pois 5(1-1-2/10) = 6 .

15.1 A distância entre as retas paralelas Z x A y = IQ e Z x A-Ay = 15


é (15 - 10)/V32 4 2 = 5/5 = 1.

15.2 Os pontos sobre os quais a altura do telhado é 15 são aqueles


cujas coordenadas ( x, y ) cumprem a condição 2a; 4 - 3y + 1 = 15, logo
constituem a reta de equação 2 x + Z y = 14. O menor deslocamento que
se pode dar ao ponto P = (3,1) para chegar a essa reta é a distância
de P à reta, ou seja, é | 2 x 2 - | - 3 x l — 14|/\/2^ -I- 3 ^ = 5 /\/Í 3 .

15.3 Os pontos do piso sobre os quais a altura do telhado é a mesma


que no ponto (3,1) formam a reta de equação 2x-|-3y-|-l = 2 x 3 -l-3 x
1 -f 1, ou seja, 2x -I- 3y = 9. A altura do telhado é 15 sobre os pontos
da reta 2x -|- 3y = 14. Dentre estes, o que está mais próximo do ponto
(3 , 1 ) é a interseção dessa reta com a perpendicular a ela baixada pelo
ponto ( 3 , 1 ). A equação da perpendicular é da forma S x — 2 y — c,
com c = 3 x 3 — 2 x 1 = 7, logo 3 x — 2 y = 7. A interseção das retas
2 x -1- 3 y = 14 e 3x — 2?/ = 7 é o ponto (28/13,49/13).

1 5 .4 Segue-se imediatamente do que foi dito no Exemplo 1 da seção


15 que x' = ( x + y ) / \ / 2 e y ' = [ y — x ) / \ / 2 . Resolvendo estas equações
nas incógnitas x, y obtém-se x = (x' —y ' ) / - \ / 2 e y = (x' -f y')/ \ f 2 .

15.5 Efetuando, na equação x^ -h xy y^ = 1 as substituições x =


(x' - y ' ) ! \ Í 2 e y = {x' + y ' ) / \ / 2 , os termos que contém o produto x'y'
se cancelam, obtendo-se 3x'^ +y"^ = 2 , logo o conjunto A é uma elipse,
com centro na origem e eixos sobre as retas y = x e y = —x.
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 255

16.1 A afirmação resulta imediatamente do exercício 14.4 pois as


retas 2a; + 6y = 5 e 3x + 9y = 1 são paralelas. Também se pode
argumentar diretamente, observando que, para m, n e m', n' quaisquer,
as retas (2m + 3n)a; + (6m + 9n)y = 5m + n e (2m' + Zn')x + (6m' +
9n')y = 5m' + n' cumprem a condição (2m + 3n)(6m' + 9n') = (6m +
9n){2m' + 3n').

16.2 Aplicando o Corolário 1’ da seção 14, vê-se que, para quaisquer


valores de m e n, aretam (2a;-|-6^ —5)-|-n(3x-|-9y —3/2) = 0 coincide
com a reta 2a; -|- 6y = 5.

16.3 Dá-se uma reta a x + by = c", paralela à reta a x + by = c. (Aqui,


c 7 ^ d '. ) Deve-se encontrar um par de números reais m ,n tais que
m ( a x + by — c) + n { a x + by — d ) = 0 seja a equação da reta dada.
Esta equação também se escreve sob a forma (m-|-n)aa;-|- (m -|-n) 6 y =
m c + n d . A fim de que ela defina uma reta, devemos supor m -fn 7 ^ 0.
Então podemos escrevê-la como a x + b y — ( m c + n d ) / { m + n ) . Podemos
encontrar m, n tais que m + n 7 ^ 0 e ( m c + n d ) / ( m + n ) = d ' . Basta,
por exemplo, tomar n = 1 e m = ( d' — d ) f ( d — d ') . Para esta escolha
de m e n, tem-se m ( a x + by — c ) + n ( a x + by — d ) = a x + b y — d ' logo
a equação inicial define a reta a x + by = d'.

16.4 Supondo ab' — ba' 7^ 0, as retas =


-|- b'y —
a x + by c e o!x
d se encontram num ponto, cujas coordenadas chamaremos Xq e yo-
Evidentemente, para quaisquer m, n reais, tem-se m ( a x o -f byo — c) -H
n ( a ' x o -t- b'yo — d ) = m ( c —c) -f n ( d — d ) = 9. Isto significa que todas
as retas do feixe m ( a x + by — c) + n ( a ' x + b'y — d ) = 0 passam pelo
mesmo ponto ( xo,y o)- Reciprocamente, seja a" -1- b"y = d ' a equação
de numa reta que passa por esse ponto. Como ab' — ba' 7 ^ 0, existe um
único par de números reais m , n tais que m a + na' = a" , m b + n b = b".
Segue-se daí que d ' = a"X q + b"yo = (ma -1- n a ') xo -f ( m b -h nb')yo =
m ( a x o + byo) -t- n ( a ' x o + b'yo) = m c + n d . Portanto, para estes valores
de m e n, tem-se m ( a x + by — c) + n ( a ' x -|- b'y — c) = ( m a + n a ' ) x -t-
( m b + n b ' ) y — ( m c + n d ) = a"x + b"y — d'. Assim, a reta a"x + b"y — d '
pertence ao feixe considerado, o qual contém, por conseguinte, todas
as retas que passam pelo ponto ( x o , y o ) .
256 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

16.5 A equação do feixe de retas que passam pelo ponto (a:o, yo) pode
também ser escrita { m a + n a ' ) x + {mh + n h')y = m c + nc'. Dentre
elas, a vertical é a que tem m b + nh' = 0. A maneira mais simples de
cumprir esta condição é tomar m = b' e n = —b. Então a equação
dessa vertical é {áb'—ba!)x = cb'—b d , ou seja, x = {cb'—b c ' ) / { a b ' —ba').
De modo análogo, a reta horizontal que passa pelo ponto (a:o, yo) fem
equação y = {ca' — a d ) / { a b ' — ba'). Isto fornece as coordenadas X q e
yo do ponto comum a todas as retas do feixe, ou seja, as soluções do
sistema de equações a x + by = c, a ' x + b'y = d .
Se ab' — ba' = 0 então uma reta arbitrária { m a + n a ' ) x + { m b +
n b ' ) y = m c + n d do feixe tem a mesma inclinação que a reta a x + b y = c
pois { m a + n a ') b — { m b + n b ') a = m { a b —ab) + n{ba' — ab') = 0. Além
disso, como { m c + n d ) a — { m a + n a ' ) c = m { a c —a c ) + n { a d —ca'), segue-
se do Corolário 1’, seção 14, que as retas do feixe são todas paralelas
à reta a x + by = c quando ab' —ba' — 0 e a d —ca' ^ 0. Finalmente, o
feixe se reduz a uma única reta quando ab' —ba' = a d — ca' = 0.

16.6 A equação m(2a;-|-3í/—5)-fn(3a;-t-22/—4) = 0 também se escreve


como (2m -I- 3 n ) x 4 - (3m + 2 n ) y = 5 m + 4n. Ela representa uma reta
vertical quando 3m -|- 2n = 0, o que ocorre, por exemplo, se m = 2
e n = —3. Estes (ou quaisquer outros) valores de m e n que anulam
o coeficiente de y mostram que a reta vertical do feixe tem equação
(2 X 2 —3 X 3 ) x = 5 x 2 —4 x 3 , ou seja, x = 2 f 3 . Analogamente, os
valores m = 3 e n — —2 fornecem a reta horizontal y = 7 / 5 . Portanto,
o ponto comum a todas as retas do feixe é o ponto (2/5,7/5), cujas
coordenadas são as soluções do sistema 2 x + 3 y = 5 , 3 x + 2 y = á.

17.1 Em primeiro lugar, todos os pontos {x,y) com x = acos9 e


y = b sen 6 pertencem à elipse x“^/ od+y^/b"^ = 1. E reciprocamente: se
o ponto {x, y) pertence a esta elipse então o ponto {x/a, y/b) pertence
ao círculo de centro 0 e raio 1, logo existe 9 G [0, 27t) tal que x / a =
C O S 9,y/b = sen 9, donde x = a cos9,y = b sen 9.

17.2 Não há perda de generalidade em supor a > 0 e b > 0. Em


primeiro lugar, se x = asec 9 e y = b tg 9 então x^/a^ — y^/b^ =
secd9 — tg = 1, logo todos os pontos (x,y) com x = a sec 9,y =
Soluções dos Exercícios da Primeira Parte 257

b t g 6 pertencem à hipérbole x ‘^/a^ — /h'^ = 1. Reciprocamente, seja


(a;, y) pertencente a essa hipérbole. Se a; > 0, escolhe-se no intervalo
(—7t/2, 7t/2) o número 6 tal que tg 6 = y/b. Então (x/a)^ = 1-1-
(y/b)^ = 1 -f tg = sec^O. Como x/a e sec 6 são positivos, segue-
se que x / a = sec 6 e x = a sec 9. Caso seja x < 0, escolhe-se 9
no intervalo (tt/2, 37t/ 2), no qual sec 9 < 0, de modo que se tenha
tg 0 = y/b. Como antes, conclui-se que x = a sec 9. Portanto,
quando 9 varia no conjunto (—/2) U (tt/2, 37t/2), o ponto {sec9, tg 9)
descreve a hipérbole x^/a? — y‘^/b‘^ = 1.

17.3 A elipse x^/a? -f y^/6^ = 1 pode ser caracterizada como o con­


junto dos pontos (x, y) tais que x = a(í^ —l)/(í^ -1-1), j/ = 2bt/(í^ -f 1),
onde o parâmetro t assume todos os valores reais. Esta parametrização
exclui o ponto (—a, 0) da elipse, o qual pode ser considerado como cor­
respondente à posição de (x, y) quando t = ±oo.

17.4 O ponto (x, y) está no primeiro quadrante quando t varia de 0 a


1, no segundo quando t vai de 1 a -foo, no quarto quando t está entre
0 e —1 no terceiro quando t decresce de —1 a —oo.

17.5 As equações paramétricas da reta que liga o ponto N = (0 , 1 )


ao ponto Q = {u, 0) são x = t u , y = 1 — t. Além do ponto N , esta
reta tem em comum com a circunferência C , de equação x^ -I- = 1,
o ponto onde t ‘^y'^ -I- (1 — í)^ = 1, ou seja, onde t = 2 / { v ? -I- 1) e
y = 1— í = — l)/(ii^ -I- 1). As equações paramétricas da reta
que passa pelos pontos N = (0,1) e P = (x, y) da circunferência
x^ -t- y^ = 1 são X = t x , y = 1 + t { y — 1). Esta reta corta o eixo
das abcissas no ponto ^(P) = (u, 0 ), quando y = 0 , ou seja, quando
í = l / ( l —y). Isto d á u = X = íx = x / ( l —y). Segue-se imediatamente
que a função C — { N } —> R, dada por ^(x,y) = x / ( l — y), é uma
bijeção, cuja inversa : R —> (7 — { N } , é dada por = (x, y),
onde X = 2 u / { u ^ + l) ,y = — l)/(i^^ + !)• Quando o parâmetro
u percorre o conjunto R dos números reais, o ponto percorre
C — { N } , tendo-se deste modo uma parametrização da circunferência
por funções racionais, correspondendo o ponto N aos valores ± o o do
parâmetro u. (A parametrização do Exemplo 2 difere desta por uma
258 Soluções dos Exercícios da Primeira Parte

rotação de 900 no sentido positivo.)

O bservação: A existência de uma parametrização racional permite


resolver o problema de achar os pontos da circunferência = 1
cujas coordenadas x e y são ambas racionais. Se, por exemplo, usarmos
a parametrização x = 2u/(u^ + 1), y = {v? — 1 ) / {u^ + 1), veremos
que X e y são ambos racionais se, e somente se, u = x / { l — y ) é
racional. Pondo u = m / n , a relação = 1 se transforma em
[2mn/(m^+n^)]^+[(m^—n^)/(m^+n^)]^ = 1, ou seja, { 2 m n )^ + {m ? —
= {m ? + n^)^. Atribuindo valores inteiros positivos arbitrárias a
m e n, vê-se então que os números a = 2mn, b = m ? — e c = -fn^
constituem um “terno pitagórico”, isto é, são medidas inteiras dos
lados de um triângulo retângulo. Mais ainda: se admitirmos (como é
lícito) apenas os ternos pitagóricos tais que a, 6 e c são primos entre si
(donde quaisquer dois deles são também primos entre si) e 6 é ímpar,
então as expressões a = 2 m n , b = rn? — 'n? e c = rri^ + fornecem
todos os ternos pitagóricos. Com efeito, de a^+6^ = cP resulta (a/c)^-f
(6/c)^ = 1, logo ( a / c , b / c ) é um ponto de coordenadas racionais da
circunferência x^ -f y^ = 1. Portanto existem números naturais m , n ,
primos entre si, tais que a / c = 2 m n / ( r n ^ + n ^ ) e b j c = { r r ? —r?')j{rr?-\-
•n?). Usando as hipóteses feitas sobre a , b e c conclui-se daí (com um
pequeno trabalho) que as frações 2Tnn/{w?+n^) e {m^—'n?)/{m?+n?)
são irredutíveis, logo o —2mn, b = m^ —n^ e c = -}- n^.
Soluções dos Exercícios da Segunda P arte

18.1 Para mostrar que (a) => (b), suponha que au + Pv = a'u + P'v.
Daí decorre que (a —a')u + {P — P')v = 0 logo, em virtude de (a),
concluímos que a —a' = Q e. P —P' = Q, isto é, a = a' e P = P'. A fim
de provar que (b) (c) suponha, por absurdo, que u fosse múltiplo
de V, logo u = kv. Daí resultaria que 0-u + 0- u = l- u + {—k) - v = 0,
contrariando (b). Em seguida, suponhamos que (c) seja verdadeira.
Então as retas a x + Py = 0 e a'x + P'y = 0 são concorrentes, logo
aP' —Pa' 7^ 0, pelo que foi visto na seção 14. Portanto, (c) =» (d). A
implicação (d) => (e) foi provada no Teorema da seção 18. Finalmente,
se tivermos au-\- Pv = 0, com a ^ 0 (digamos) então u = —{P/a)v,
logo as combinações lineares de u e v darão apenas múltiplos de v.
Isto mostra que (e) => (a).

18.2 A expressão w = a u + Pv significa (1,1) = (—2o; + P , a — P),


ou seja, —2a + P = l e a — P = l. Resolvendo este sistema, obtém-se
a = —2, P = —3. Portanto, w = —2u — 3v é a combinação linear
pedida.
V,

Figura 18.3
260 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

18.3 Sejam Vi - ,Vn os vetores dados. Para provar que w = vi +


■■■+ Vn é igual a zero, damos a todos esses vetores uma rotação de
360°/n em torno do centro do polígono. Essa rotação transforma Vi
em V2 , V2 em V3, • • • ,Vn em Vi e w é transformado no vetor w', obtido
dele por rotação de 360°/n. Portanto w' = U2 + ^^3 + • • • + '^n +
Vê-se então que w' = w e daí conclui-se que w = 0.

18.4 Tem-se, por um lado, E F = E A + AD -b D F e, por outro


lado, E F = E B + B C + CF. Somando membro a membro estas
igualdades e levando em conta que E B = —EA, C F = —DF, vem
2Ê F = ÃD + BC, logo Ê F = i(Ã D + BC).

18.5 Seja M o ponto médio do lado BC. Temos M B — —M C


e, levando em conto uma propriedade conhecida da mediana, GA =
- 2 G M . Povta^nto G A + G B + ^ = GA-\-{GM+MB)+{GM+MC) =
GÂ + 2GM = 0.

18.6 Seja v = k - u . Então a u + P v + ^ y w = 0 significa que { a + 0 k ) u +


'yv = 0. Pelo exercício 18.1, segue-se que 'y = 0 e a + p k = 0, donde
au + Pv = 0 .

18.7 Seja P B -|- P C = PQ. Então PQ e B C são diagonais do


paralelogramo BPCQ, logo cortam-se mutuamente ao meio. Como
P A -1- P B + PC = 0, temos PQ = —PA. Segue-se que a reta P A é
mediana do triângulo ABC. O mesmo vale para as retas P B e PC,
portanto P é o baricentro de ABC.

19.1 Como |u| é um número não-negativo, o comprimento do vetor


\u\v é |u| vezes o comprimento de v , ou seja, é igual a |u||u|. Pelo
mesmo motivo, o comprimento de \v\u também é igual a |u||r;|.
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 261

19.2 Supondo |u| = |u|, tem-se

{u v , u — v ) = (u, u) — {u, v ) {u, v ) -f (u, v )


= ItíP — IvP = 0.

19.3 Pelo exercício 19.1, OR é a diagonal do losango OPRQ, logo é a


bissetriz do ângulo POQ. Se P = (a,b) e Q = (c, d) são coordenadas
num sistema de eixos arbitrário O X Y então a inclinação da bissetriz
é { b V -h d? + d V õ M ^ ) / ( a \ / + d? -f- c^/a? + 6^).

19.4 Tçm-se

|u + Vp -{■\u — = {u + v , u -\- v ) + {u — v , u — v )
= \u\^ + |up + 2{u , v) + |up -I- |ti|^ - 2(u, v ) .
= 2 |up + 2 |up.

19.5 Tem-se |u —vp = {u — v , u — v ) = |up -|- |up —2(u, v ) , portanto

= - K - = (^1 - ^i)-

A conclusão final decorre do fato de que u , v e u —v são representados


pelos lados de um triângulo e que, se 0 é o ângulo entre u e v , então
( u , v ) = |u| • |r;| • cos9.

19.6 A primeira, a quarta, a quinta e a sexta. A segunda valeria


apenas para A > 0. A terceira falha grosseiramente.

19.7 Basta provar (2) porque as demais afirmações são óbvias. Por
outro lado, a afirmação (2) é o exercício 3.10.
262 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

19.8 Se d é o ângulo entre os vetores u e v, sabemos que {u,v) =


|u||u|cos0. Portanto (u,u) = ± |u||u| se, e somente se, cos9 = ±1,
ou seja, 0 = 0 ou 0 = 180°. Estes são exatamente os casos em que
os vetores dados são múltiplos um do outro. Em seguida, observamos
que (|u| + — |u + up = 2|u||u|(l —cos0), de modo que se tem
|u + u| = |u| + |u| se, e somente se, cos0 = 1, ou seja, quando 9 = 0.
Isto se dá precisamente quando um dos vetores dados é o produto do
outro por um número não-negativo.

19.9 Introduzindo um sistema de eixos ortogonais, escrevemos u =


(x, y) e v = {x',y'). Então u* = (—y,x) ev* = {—y',x'). Portanto

{au + (3v)* = { - a y - ^ y \ ax + (5x') = a ( - y , x) + l3{-y', x')


= au* + Pu*

{u, V*) + {u*,v) = - x y ' + yx' - yx' + xy' = 0

19.10 Diante das notações introduzidas, a igualdade proposta sig­


nifica
(u,w) —{u + v,v + w) + {u + V + w, v) = 0,
o que é óbvio em virtude da distributividade do produto interno
em relação à adição de vetores. Quando CD e B D são alturas do
triângulo ABC, as duas primeiras parcelas se anulam, resultando que
{AD, BC) = 0, logo AD também é altura de ABC. Portanto, se duas
alturas de um triângulo encontram-se no ponto D, a terceira altura
também passa por D.
n C
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 263

20.1 Supondo (a), tem-se C — a A (3B com a + /3 = 1. Então


A C = j3 • A B . Logo, para qualquer ponto O do plano, vale

a Õ A + (3ÕB = (1 - f3)ÕA + (3ÕB


= ÕA + P -{Õ B -Õ A )

= 0 4 + p à B = Õ A + à C = ÃC.

Assim, (a) (b). É óbvio que (b) => (c). Admitindo (c), podemos
escrever

ÃC = P C - P A
" = a P A + p P B - P A = { \ - !3)PA + (5PB - ¥ a
= P(PB - P A ) = pÃB.

Portanto, (c) (d). Finalmente, se vale (d), isto é, se A C = (5 • A B ,


então C = A + A C = A + P ■A B logo por definição, C = cxA + P B .

20.2 Pelo exercício anterior, podemos fixar um ponto arbitrário O


do plano e escrever OC = aOA + POB, OC\ — aOAi + P 0 B \ .
Subtraindo a primeira igualdade da segunda resulta CCi = a A A\ +
PBB^.

20.3 Pelo exercício 20.2, podemos escrever A qB q = {\-t)AB-\-tAiB\.


Se chamarmos de A o ponto que resulta de B q por rotação positiva de
90° em torno de Ao, o exercício 19.9 garante que A qX = (1 —t)AB* +
tAiBi* = A qB q*, portanto X = B q.

20.4 Se os pontos P e Q pertencem ao disco D e 0 < t < 1 então,


pondo A = (1 —t)P + tQ temos A X = (1 —t)AP + tAQ, logo

\ÃX\ < (1 - í)|Ã P| + í |Ã3| < (1 - t)r + tr = r.


Assim, todo ponto X do segmento PQ pertence ao disco D.
264 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

Figura 20.4

20.5 Se os pontos P, Q pertencem a X í ) Y então, como X é convexo,


o segmento de reta PQ está contido em X . Pela mesma razão, esse
segmento está contido em Y, logo, PQ <Z X C\Y. Assim, X D Y é
convexo.

20.6 Sendo o; + /? + 7 = l a s três somas a + P ,a + e P + 'y não


podem ser simultaneamente iguais a zero (pois somando-as teríamos
2a + 2P + 2'y = 0). Suponhamos, para fixar idéias, que seja a + P 0.
Então podemos escrever a x + Py + ^yz = (o; -|- P) + 72.
Como a/{oL + P) + P/ {a P) = 1, a expressão dentro dos colc letes é
um ponto w de X . Como (a -|- /?) -|- 7 = 1, temos (a -1- P)w + E X.
Portanto a x + Py + '^z 6 X .

20.7 Seja Z a reunião dos segmentos da reta que ligam os pontos de


X pontos de Y. Dois pontos típicos de Z são i? = (1 —t ) P + t Q ,
R ' = {1 — t ) P ' -1- t Q ' , onde P, P ' E X , Q , Q ' E Y e í, t' E [0,1]. Para
provar que Z é convexo, devemos tomar um número s E [0,1] qualquer
e mostrar que o ponto 5 = (1 —s ) R -1- s R ' pertence a Z. Ora, temos

5 = (1 — s ) ( l —t ) P -t- s ( l —t ' ) P ' -f (1 — s ) t Q + s t ' Q ' =


= o í P -f- P P ' -f- ' )Q 6Q',
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 265

onde
a, 7, (5 € [0,1] e q: + /? + 7 + 5 = 1 .
Podemos escrever

S = {a + P) “ P + - ^ P ''
ct + P a +P

+ {l + S) Q+ -^ Q '
jy + S 'f + 5
= (a + P)T + (7 + 5)T\
com T e X , r g Y. Logo S € Z

2 x ^ f =2

Figura 20.8

20.8 Seja A = (a, b). O conjunto em questão, que chamaremos X ,


é formado pelos pontos P = {x, y) tais que { O A , O P ) > c. Se Q =
(w, z) também pertence ao conjunto X e t E [0,1] então o ponto
R = {l —t ) P + t Q é tal que O R = ( l —t ) O P + t O Q , logo { O A , O R ) =
(1 — t ) { O A , P O ) + t { O A , O Q ) > (1 — t ) c + t c = c. Assim, R =
(fcl — t ) P + t Q pertence a X e o conjunto X é convexo.
266 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

20.9 Sejam P = (rc, y ) e P ' = {x', y') pontos do conjunto Z. Temos


y > 1/x e y ' > 1 / x ' . Dado t e [0,1], queremos provar que o ponto Q =
(1 — t ) P + t P ' pertence a Z. Temos Q = {{l —t ) x + t x' , {l —t ) y + t y ' ) ,
com

[(1 - t)x + tx'][{l - t)y + ty'] > [(1 - t)x + tx'] ( 1 - * ) , f


X X'
= ( l - í ) 2 + í2 + í ( i _ í ) X x'
x' X
> (1 - í ) ^ +í^ + 2í(l - í ) = 1,

portanto Q pertence a Z. (Neste argumento, fizemos uso do fato de


que se a e 6 são números positivos então a / h + h / a > 2. Isto se prova
observando que a / b + 6 /a = (a^ + b^)/ab e, como (a —6 )^ > 0, ou seja
+ 6 ^ — 2ab > 0, tem-se + b“^ > 2ab, portanto (a^ + b^ )/ áb > 2.)

20.10 Sejam P = (x,y)e P ' = ( x ' , y ' ) pontos do conjunto W . Então


X < y^ e x' < i/^.Dado t G [0,1], devemos mostrar que o ponto
Q = ( l —t ) P + t P ' pertence a W . A s coordenadas de Q são ( l —t ) x + t x '
e (1 —t ) y + t y'. Basta mostrar que

[(1 —t)x + tx']^ < (1 “ (*)


Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 267

pois já sabemos que (1 —t)x^ + tx'"^ < (1 —t)y + ty'. A desigualdade


(*) se prova agrupando seus termos no primeiro membro, como um
polinômio em t, o que fornece (x — x')H‘^ — {x — x')H < 0, ou seja,
—í < 0, o que é evidente, pois 0 < í < 1.

20.11 Sejam A, J5, C três pontos não-colineares no conjunto X . Dado


qualquer ponto P no plano II, mostraremos que P é uma combinação
afim de dois pontos de X , portanto pertence a X . Suponhamos, ini­
cialmente, que a reta A P não seja paralela a BC. Como os vetores A B
e A C não são múltiplos um do outro, existem números reais x, y tais
que A P = X • A B -h y ■AC. Afirmamos que x + y ^ 0. Com efeito, se
fosse x + y = 0, ou seja, y = —x teríamos A P = x{AB —AC) = x-C B,
logo as retas A P e B C seriam paralelas. Portanto podemos escrever

X y
A P = {x + y) AB-^ AC
x-\-y x +y

Pondo P = x / ( x + y ) , ' f = y / ( x -f y ) , temos P + '^ = 1. O ponto


Pq = p B -I- 'yC pertence a, X e a, igualdade acima significa que A P =
( x + y ) - A P q. Escrevendo a = x + y temos então P = (1 —o;)A-l-a-Po)
logo P, sendo uma combinação afim de dois pontos de X , pertence a
X . Caso a reta A P seja paralela a BC, trocamos os papéis de A e
B no argumento acima e concluimos que num ponto arbitrário P do
plano n pertence a X .
Para terminar, consideremos um ponto A em X. Se houver
outro ponto B em X , a reta A B estará contida em X . Se não houver
pontos de X fora desta reta, teremos X = AB. Se houver em X um
ponto C fora de A B então, como vimos acima, o conjunto X é todo o
plano n.

21.1 Seja u um vetor unitário paralelo a r. Temos v' = {v,u)u e


w' — {w,u)u, portanto
268 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

{ v + w Y = {v + w , u ) u = {v, u ) u + (lü, u ) u = v'-\- w'\


{v' Y = { v' , u ) u = ((v, u ) u , u ) u = {v, u) {u, u ) u = {v, u ) u = v'\
{ v , w ' ) = {v, { w , u ) u ) = ( w , u ) { v , u )
= { v ,u ) { u ,w ) = { { v ,u ) u ,w ) = {v',w ).

21.2 No começo, duas observações. Primeira: se dois vetores v e w


são tais que {v, z ) = (ly, z ) para todo vetor z, então v ■= w . Com
efeito, daí resulta {v — w , z ) = Q para todo vetor z. Em particular,
tomando z = v — w , tem-se {v — w , v — w ) = 0 , logo v — w = 0, donde
V = w . Segunda observação: da propriedade (c) acima deduz-se que
(a • u)' = o; • v' para todo número real a e todo vetor v . Com efeito,
qualquer que seja o vetor w, vale:

{{avY,w) = {av,w') = a{v,w') = a{v',w) = {av',w)

portanto, em virtude da primeira observação, tem-se (at»)' = a v ' .


Agora, para o exercício propriamente dito. Excluindo o caso em qüe
se tem v' = 0 para todo vetor v , existe algum w tal que w' ^ 0.
Seja w' = A B . Se existir algum vetor z tal que z' não seja paralelo
à reta r = A B (isto é, z' não seja um múltiplo de w ' ) então todo
vetor V será uma combinação linear v = a w ' + 0 z ' . Neste caso, tem-se
v' = { a w ' + P z ' Y = a w ' + j3z' = v , ou seja, v' = v para todo vetor v.
Podemos então admitir que, para todo vetor v , tem-se v' paralelo à
reta r. Então podemos escrever v = v ' + { v —v') onde v —v' (afirmamos)
é perpendicular a r . Com efeito, {v —v ' , w ' ) = { v , w ' ) — { v ' , w ' ) = 0
pois { v ' , w ' ) = {v, {w 'Y) = { v , w ' ) . A decomposição v = v' + {v — v '),
com v' paralelo e v —v' perpendicular à reta r, mostra que, para todo
V, o vetor v' é a, projeção ortogonal de v sobre a reta r.

21.3 Sejam w e z respectivamente vetores unitários paralelos às retas


r e s. Temos (u, w)w — {v, w) e {u, z)z = {v, z)z, logo {u — v,w) =
{u —v,z) = 0 . Tudo se reduz a mostrar que se um vetor v é ortogonal
a dois vetores não colineares w e z então u = 0. Ora, pelo Teorema
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 269

da seção 18, existem números reais a , /? tais que v = a w + fiz. Então


( n , v) = {v, a w + fiz) = a { v , w) + fi{v, z) = 0, portanto v = 0.

21.4 Tem-se

(Ã B , Ã C ) = (ÃB, Ã B + B C ) = (Ã B , Ã B ) + (Ã B , B C )

Portanto { A B , A C ) = \AB\'^ se, e somente se, { A B , B C ) = 0. Quando


AB é perpendicular à reta r, que contém B , então o produto interno
{ A B , A C ) = \AB\'^ não depende do ponto C tomado sobre r porque
(Ã B ,B C )= 0

22.1 O enunciado significa que cada vértice do triângulo pertence


a duas das retas dadas, logo esses vértices são as soluções dos três
sistemas que se obtêm com as equações x + y = 0, x — y = O e
2rr -f- y = 3. Eles são A = (0,0), B = (1,1), C = (3, —3). A área do
3 -3
triângulo é portanto \ = 3.
1 1

Xi X2 X3 X4
22.2 A definição evidente é = xiy2 + X2yz -I- xzy4 -b
yi 2/2 2/3 2/4
2^42/1 ~ ^ 2yi —Xzy2 — 2^42/3 “ ^ ^ 4- Tem-se então
Xi X2 Xz X4 Xi X2 Xz Xl Xz X4
+
2/1 2/2 2/3 y4 2/1 2/2 2/3 yi 2/3 2/4

como pode se verificar facilmente. Se escrevermos A — ( x i , y i ) , B =


(^2 ) 2/2 ), C = (xz,yz) e D = (^4,^4), se supusermos que a notação é
escolhida de modo que A C seja uma diagonal interna do quadrilátero
A B C D , e, além disso que o sentido de rotação A B C D seja o sen­
tido positivo do plano, então o segundo membro da igualdade acima
representa o dobro da soma das áreas dos triângulos A B C e A C D .
Portanto o símbolo no primeiro membro representa o dobro da área
do quadrilátero A B C D . Estender a definição para n pontos é ime­
diato. Para provar que o símbolo assim definido é o dobro da área
do polígono cujos vértices são os n pontos dados, é preciso saber que
270 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

todo polígono de n vértices, mesmo não convexo, decompõe-se em


n —2 triângulos justapostos quando se traçam convenientemente n —3
diagonais internas. (Vide “Meu Professor de Matemática”, pág. 109.)

22.3 Sejam A = (-2 ,3 ), B = (-1 ,0 ), C = (1,0), D = (2,3) e


jE? = (0,5). A área do pentágono A B C D E é dada por

- 2 - 1 1 2 0
= 1(3 + 10 + 3 + 10) = 13.
3 0 0 3 5
A mesma área pode também ser obtida pela Fórmula de Pick. (Vide
“Meu Professor de Matemática” , pág. 102.)

22.4 Tomemos um sistema de eixos no qual as coordenadas dos pontos


dados sejam A — (0,0), B = (x,y), C = (x',y'), Bi = (o;,/?), /?2 =
X X
(a',P'). Então x = a + a ' e y = P + P ' e üj(ABC) = |
y y
a + a' x' 1 a x' , 1 a' x'
= u (AB i C ) + cü(AB2C).
P + P' y' ~ 2 P y' + 2
P' y'

22.5 Análogo ao exercício anterior.

22.6 Tomando um sistema de eixos no qual O = (0,0), A = ( x , y ) ,


X X
B = (x',y') e C = {x",y"), tem-se 2-uj(OAB) = , 2-u(OBC) =
y y'
x' x" x" X x' — X x" — X
, 2 • uj(OCA) = e 2 ■üj(ABC) =
y' y" 2/" y y'-y y"-y
Basta então verificar que
X x' x' x" x" X x' — X x" — X
/ + / // + // = / //
y y y y y y y -y y -y

22.7 A generalização do exercício anterior diz que se A 1 A 2 • • • A„ é


um polígono (convexo ou não) do plano então, para todo ponto O,
tem-se uj(OA i A 2) + u)(0A 2A:^ -!-•••+ w(OA„_iA„) 4- u)(0AnA\) =
u (A i A 2 ■■• An) = área orientada do polígono A 1 A 2 • • • A„. A demons­
tração se faz usando a fórmula para a área do polígono dada no exer­
cício 22.2
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 271

1 2 4
22.8 A área do triângulo A B C é igual a = 7/2. As
1 3 0
medidas dos lados desse triângulo são d{A, B) = \/5, d{A, C) = \/ÍÕ
e d{B,C) = -\/Í3. Como área = base x altura/2, as alturas desse
triângulo medem 7\/ÍÕ e 7/\/Í3 .

23.1 Elevando B' ao quadrado e efetuando a multiplicação AA'C,


obtém-se:

{B')^ = A^a^ + B^p^ -1- - 2ABap - 2ACa'^ + 2BCap


4A'C' = - B ‘^oP -1- - 2ABa?a + AACa^
+ 2ABab^ 2BCaa^ AACb^ - 2BCab‘^

Observando que 4a^6^ = a^, —2ABa?a + 2ABa?P = —2ABaP e


2BCaa? — 2BCab^ = 2BCaP, podemos escrever:

4A'C = _ 52^2 _ 2AB ocP + 4AC(a^ b^) + 2BCap.

Levando em conta que —2ACa^ = —8ACa%'^, segue-se que:

{ B ' f - 4A'C" = B^{a^ -h p^) - AAC{a^ + b‘^ + 2a^b^)


= - 4AC(a^ + b'^Y
= B ^ ~ 4AC.

23.2 As substituições x = u + h, y = v + k dão imediatamente


Ax^ + B xy + Cy^ + Dx + Ey + F = Au^ + Buv + Cv"^ + D 'u + E 'v + F ' ,
onde D' = 2Ah + B k + D, E' = 2Ck + B h + E e F' = Ah? -\- B hk +
Ck'^ + Dh 4-Ek 4-F.
Se a mudança de eixos inverte a orientação, ela pode ser pen­
sada como uma rotação, seguida de uma translação e, por fim, uma
refiexão em torno de um dos novos eixos. As duas primeiras operações
preservam A enquanto que a terceira apenas troca o sinal de uma das
coordenadas, o que faz mudar o sinal de B porém não afeta o valor de
B^ - 4AC.
272 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

2 3 .3 (a) Como cos45° = sen 45° = 11^/2, tem-se x = (u — v ) ! y / 2 ,


y = {u-\- v ) l y / 2 . Levando em conta que A = C , podemos escrever

Ax^ + B x y + C y^ -f D x + E y + F

+ - ^) + + v) + F

D + E D - E
u — ■V+ F

= A'u^ -F C'v^ + D ' u + E ' v + F.

(b) Tem-se Ax^ -|- B x y + Cy"^ -h D x -|- E y -\-F = A'u^ + B ' u v -|- C'v^ -t-
D 'u 4- E ' v -f- F onde B ' = —A sen 26 + B cos 26 + C sen 26. Logo
B ' = Q se, e somente se tg 26 = sen 2 6 / cos 26 = B / { A — C ) .

23.4 (a) A = —A A C = 0 significa que pelo menos um dos números


A ,C é zero. Se = (7 = 0, a equação reduz-se a D x -(- E y F = 0,
que representa uma reta. S e A ^ 0 e C ' = 0 a equação escreve-se
como Ax^ -|- D x -f- E y + F = 0. Se tivermos ainda E = 0, ela se
reduz a Ax"^ -|- D x + F = 0, logo representa um par de retas paralelas
(verticais), uma só reta (vertical) ou o conjunto vazio, conforme se
tenha D"^ — 4 A F positivo, nulo ou negativo. Finalmente, se jF ^ 0,
a equação pode escrever-se como y = (—A / E ) x ^ — { D / E ) x — F , logo
representa uma parábola. SeA = 0 e (7 7 ^ 0 ,a discussão é análoga.
(b) Se A = —á A C 7 ^ 0 então A ^ 0 e C ^ 0, logo é possível efetuar a
translação de eixos dada por x = u —D / 2 A , y = v —E l 2 C , logo Ax'^ +
C y ^ + D x + E y + F = A u ‘^ + C v^ + F ' , onde F ' = F - D ^ l á A - E ^ l á C .
Ora, a equação Au^ -|- C v^ -|- F ' = 0 define um ponto se A C > 0 e
F ' = 0, o conjunto vazio se A, C e F ' tiverem o mesmo sinal, uma
elipse SQ A e C tiverem o mesmo sinal, diferente do sinal de F ' (uma
circunferência se, além disso, A = C ) , um par de retas concorrentes
se A C < 0 e F ' = 0 ou uma hipérbole caso A C < 0 e F ' 7^ 0.

2 3 .5 Este exercício é apenas um resumo das conclusões dos exercícios


anteriores.
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 273

23.6 Temos A = 1, 5 = 2, (7 = 3, £> = - 2 , E = - 1 e F = 1.


Submeteremos os eixos a uma rotação de ângulo 6 em torno da origem,
com tg 29 = B /{ A — C) = —1. Assim, cos20 = —I j y / l + tg '^29 =
—1 /\/2 = —\/2/2. Segue-se que

COS 9 = V (l + cos20)/2 = ( \ / 2 - \ / 2 ) / 2 ,

sen 9 = V ( l- c o s 2 0 ) /2 = (\/2 + v ^ )/2 ,

donde

COS 0 sen 0 = \/2 /4 ,


cos^9 = { 2 - ^ / 2 ) / A
e
sen = (2 -f V ^)/4.
A equação da curva nas novas coordenadas (w, v) assumem a forma
A'u2 -h + D'u + E'v + F = 0, onde
A' = A cos^ 9 + B sen 9 cos 9 + C sen ^9 = 2 + \Í2 = 3,414,
C — A sen ^9 — B sen 9 cos 9 + C cos^ 9 = 2 — \ / 2 = 0,586,

D' = Dcos9 + Esen9 = - \/ 2 - \ / 2 - { \ f 2 ^ ^ ) / 2 = -1 .6 8 8 ,

E' = E cos9-D sen9 = - ( \ / 2 - V 2 ) / 2 -|- \ / T + ^ = 1,465.

Transladamos estes novos eixos de modo que a origem se ponha no


ponto de coordenadas {h, k) = {—D'f2A', —E'j2C') = (0,248, —1,25).
Isto equivale a introduzir novas coordenadas (s, í), onde u = s —D'/2A'
e V = t — E'/2C'. A curva, nestas últimas coordenadas, tem uma
equação da forma A's^ + C't^ -t- F ' = 0 , com A' = 2 -1- \/^, C = 2 — \ / 2 ,
como antes, e F' = A'h'^+D'h+C'k^+E'k+F = -F>'V4A'-F'V4C"-t-
F = —0,209 — 0,916 -I- 1 = —0,125. Finalmente, a equação da curva
é 3 ,414s^ -I- 0 ,586í^ —0,125 = 0. Assim, a curva dada é uma elipse.

2 3 .7 (a) Pondo a: = ti-|-2 e y = u - |- la equação reduz-se a 4it^ -t- 9c^ =


36, logo define uma elipse;
274 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

(b) Tomando x = u — l , y = v — l a equação torna-se 2u^ + = 0,


logo define cr único ponto u = u = 0, ou seja, x = 1, í/ = 1;
(c) Escrevendo x = 'u-|-3/2,u = u —l , a equação reduz-se -\-v^ =
39/4, logo representa uma circunferência;
(d) Substituindo x = ’U —l , y = u —l / 3 n a equação, obtém-se 2u^ —
Zv^ = —13/12, portanto ela representa uma hipérbole;
(e) As substituições x = u —l ,y = u —1/6 levam à equação 2v^—Zv^ =
0, ou seja, (\/2u + VZv){-\/2u — y/Zv) = 0, a qual define o par de retas
concorrentes y/2u + y/Zv = 0 e ^/2u + \/Zv = 0.

23.8 (a) A equação —òxy-\-9y^-\-Zx—\by+ \ = 0 escreve-se também


como {x — ZyY + 5(x —Zy) + 1 = 0. Pondo w = x — Zy, e notando
que o trinômio + 5w + 1 = 0 admite as raízes a = (5 + \ / ^ ) / 2 e
/3 = { 5 - v ^ ) / 2 , vemos que a equação dada define as retas paralelas
X — Zy — a e X — Zy = p.
(b) Escrevendo a equação —6xy + 9y“ ^ + 4x — 12y + 4 = 0 como
(x —Zyp + 4(x —Zy) + 4 = 0 e pondo w = x —Zy, obtém-se a equação
+ 4iy + 4 = 0, que possui a raiz dupla w — —2. Portanto a equação
dada define a reta x — Zy = 2.
(c) No caso da equação x ^ —6xy-\-9y'^+x—Zy = 0, que se escreve como
{x —Zy)'^ + {x —Zy)+2 = 0 ou, pondo w = x —Zy, nP-{-w-\-2 = 0. Este
trinômio não tem raízes reais, logo a equação inicial define o conjunto
vazio.
(d) A equação x^ — 6 xy + + 2 x + y — 1 = 0 equivale a (x —
3y)^ + 2 (x — Zy) + 7j/ — 1 = 0. A mudança de eixos por meio de
uma rotação de ângulo a , onde coso; = l / \/lÕ e sen a = -3 /V Í Õ
dá novas coordenadas u = { x — Zy) /^/TÕ e v = (3x + y ) / \/ÍÕ- Isto
permite escrever a equação dada como lOu^ + 2 y / l Õ • u + 7y — 1 = 0,
ou seja, y = —lOu^/7 — 2\/ÍÕ it/7 + 1 . Como y = ( —Zu + v ) / y / l Õ ,
segue-se que —Zu + v = —10^/TÕu^/7 — 2 0 u f 7 + ^ /l Õ e, finalmente:
V = -(1 0 y iÕ /7 )u 2 + (l/7 )u + VTÕ. Logo a equação dada define uma
parábola. [Acima fizemos uso do fato de que u = x cos a + y sen a
e V = —X sen cx + y cos ct equivalem a x = u cos a — v sen a e y =
u sen a + v cos q:.1
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 275

23.9 Para que as substituições x = u + h,y = v + k eliminem os


termos em u e em v na equação — 18x + 16y — 1 1 = 0 , e
k devem ser escolhidos de modo que 18h = 18 e 8k = —16. Assim,
as substituições a serem feitas são x = u + l e y = v — 2. A equação
torna-se 9(u -t- 1)^ -I- 4(u — 2)^ — 18(u -b 1) -I- 16(u— = 2) — 11 = 0.
Simplificando, obtêm-se 9u^ + = 48. Portanto, a equação dada
define uma elipse.

23.10 Para que as substituições x = u h,y = v k eliminem os


termos em u e u na equação x^+ 2xy-\-y^-{■x-l-2y-l-l = 0, h e k devem
ser escolhidos de modo que 2h+2k — —1 e 2h+2k = —2. Isto, porém,
é impossível. [Se a equação fosse x'^ -f- 2xy + y^ + x + y + l = 0, muitas
translações dos eixos eliminaram os termos do primeiro grau pois o
sistema linear 2h + 2k = —1, 2h + 2k = —1 tem uma infinidade de
soluções. Uma delas, por exemplo, é h = —1/2, k — 0. A substituição
X = u —1/2, y = V conduz à equação + 2uv-f = —1, que define o
conjunto vazio, pois -t- 2uv + v^ = {u-\- v)^ não pode ser negativo.]

23.11 (a) Se um ponto de coordenadas (x,y) cumpre a condição


xy = 0 então x = 0 ou y = 0. Portanto o conjunto definido pela
equação xy = 0 é a reunião do eixo horizontal com o eixo vertical.
Nos itens (b), (c) e (d), como os coeficientes de x^ e de y^ são iguais,
a rotação de 45° no sistema de eixos introduz novas coordenadas u, v,
onde X = {u —v)/y/2, y = (u -fu j/v ^ , em relação às quais as equações
assumem as formas simplificadas seguintes: (b) u^ + 2v'^ = 16 (elipse);
(c) 9u^ — = —2 (hipérbole); (d) + = —2 {o conjunto vazio).

23.12 (a) O termo em uv é eliminado mediante uma rotação de ângulo


9 nos eixos, em torno da origem, com tg 26 = B /{ A — C) = 1/2. Es­
colhendo 29 no primeiro ou segundo quadrante, de modo que tg 29 =
1/2, tem-se cos20 = 1/y^l -t- (1/2)^ = 2/\/5. Segue-se que cos9 =
^ (iT ^ T v ^ = ^ l/ 2 - h \ / 5 / 5 e sen 9 = ^ { l - 2 / V % ) / 2 =
\ J l / 2 — \/5/5. Chamando de x e y as novas coordenadas, a equação
276 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

uv — —2 = Q assume a forma Gx^ + Jy^ = 2, com

G = cos^ 6 + COS 6 sen 6 — sen ^6


= 1/2 + \/5 /5 + \/5 /1 0 - 1/2 + \/5 /5 = v ^ /2

J = sen —COS 9 sen 6 — cos^ 6 = \/5/2.


Portanto a equação da curva nas coordenadas x , y é
{ V b / 2 ) x ^ - (V5/2)y2 ^ 2.

Trata-se de uma hipérbole.


(b) Dada a equação -f- 20u^ — \/3uu —4 = 0, efetua-se sobre os
eixos uma rotação de ângulo 9 em torno da origem, a fim de eliminar o
termo em uv. Pode-se tomar 29 no primeiro ou no segundo quadrante,
de modo de 9 pertença ao primeiro quadrante. Então

COS 2^ = 1 / V m p ^ = ll\/31/62.

Daí

cos^ 9 ={1 + COS 29)/2 = 1/2 -f-11\/31/124 = 0,994,


COS 9 = ^0,994 = 0,997,
sen ^9 = { 1 - cos20)/2 = 1/2 - l l v ^ / 1 2 4 = 0,006,
sen 9 = >/0,006 = 0.078,
COS 9 sen 9 = 0 , 0777.

Nas novas coordenadas {x, y) a equação assume a forma A!x^-\-C'y^ =


4 onde

A! = 0 cos^ —\/3 COS9 sen 0-1-20 sen ^9 = 8 ,932e


C' = 0 sen ^9 -t- \/3 cos 9 sen 0-1-20 cos^ 0 = 20,068.

Assim, a nova equação da curva é 9 ,932a:^ + 20,068y^ = 4. Trata-se


de uma elipse. (Para verificar se os cálculos foram feitos correta­
mente, constata-se que — A A C = —AA'C'. Tem-se —4 A C =
Soluções dos Exercícios da Segunda Parte 277

—717 e —A A C = —716,989. Tudo bem.) Os novos eixos coorde­


nados, em relação aos quais a equação originalmente dada assume a
forma 8 ,932x^ + 20,068y^ = 4 são as retas que passam pela origem
e contêm os vetores unitários f\ = (cos^, sen 6) = (0,997; 0,78) e
/2 = (— sen 9,cos6) = (—0,078; 0,997).

23.13 Mediante uma rotação de ângulo 9 em torno de origem, a


equação dada assume a forma A'v? + B 'uv + C'v^ -|- D'u + E 'v + F = 0,
onde A' = Au^ -f Bab + Cb^ e C" = Ab^ — Bab -|- Ca?, onde a = cos9
e b = sen 9. Como a? + b"^ = 1, segue-se que A' + B ' = A + C. Se
a mudança de eixos for uma translação, os coeficientes A , B e C não
mudam. E se envolver inversão de orientação, a mudança de eixos
consiste numa rotação seguida de translação e depois numa troca de
sinal de uma das coordenadas.
Esta última mantém A e C, que são coeficientes de e
respectivamente, pois = (—x)^ e = (—y)^.

23.14 (a) O discriminante da equação —mX + n = 0 é m ? —4n =


A^ + 2AC -b - AAC + 52 = ^2 - 2AC + C^ + B^ = { A - C f + B ^,
logo não é negativo. As raízes são Ai = [A -|- C -I- y/(A — C y -I- B ‘^]/2
e \ 2 = [A + C - y / { A - C y + 52]/2.
(b) A soma {A — (7)2 -f 52 só é zero quando A = C e B = 0.
(c) O sistema proposto pode escrever-se como

(A - Ai)x-I- (5/2)y = 0,

{B/2)x + { C - X i ) y = 0.
Seu determinante é (A —Ai)((7 —Ai) —B ‘^/A = A2^ — (A C)Xi +
A C — 52 /4 = A2 —mAi -f n = 0, logo ele é indeterminado. Se (x, y) é
uma solução deste sistema então, para todo a € M, {ax, ay) também
é solução. Partindo de uma solução não nula (xo,yo), obtém-se numa
solução (a, 6), com a = X o /\/x f T ^ , b = yo/yjxl 4- yl, tal que a? -|-
62 = 1. Pondo / i = (a, 6), o vetor / é unitário e Aa -f- (B/2)b =
Aia, (B/2)a + Cb = Xi-b.
(d) Como A2 = A -f (7 —Al, podemos escrever A26 = Ab + Cb — A16 =
278 Soluções dos Exercícios da Segunda Parte

A b + C b — { B / 2 ) a — C b = A b — ( B / 2 ) a . Portanto A { —b) + { B / 2 ) a =
\ 2 { —b). Do mesmo modo se mostra que { B / 2 ) { —b) + C a = A2 0 .

(e) Sejam O X i e OYí os eixos ortogonais cujos vetores unitários são / i


e / 2 respectivamente. Se um ponto tem coordenadas (x, y ) no sistema
original, suas coordenadas (u, v ) no sistema O X i Y i são tais que x =
a u — bv, y = bu + a v . Fazendo estas substituições na equação Ax"^ +
B x y + Cy"^ + F = 0 obtém-se A v ? B ' u v -f C'v^ + F = 0, onde

A = A a? -f- B a b + Cb^

= a(^Aa + b ( ^ a ^ Cb^

= XiQj^ + Xití^ = Al
B ' = - 2 A a b + B { a^ - tí^) + 2 C a b

~ —2b H—

= —2cibXi ~h 2(ibXi = 0

C = Ab'^ - B a b Co?

= b(^A b- ^ A ^ + a ( ^ - jb + Ca

A2 Ò^ -b X 2 O? A2 .

Portanto a equação nas coordenadas ( u , v ) assume a forma Aiu^ -|-


\2V^ -|- F = 0.

(f) O exercício 23.12 tem duas partes, nas quais são dadas as equações
u ‘^ + u v — v'^ — 2 = 0 e 9v? + 20v'^ — y / S u v — 4 = 0 para que se
eliminem os termos em u v . No primeiro caso, temos m = 0, n =
—1 — 1/4 = —5/4 e a equação A^ — m X + n = 0 reduz-se a A^ = 5/4,
cujas raízes são Ai — V b / 2 e A2 = - V E / 2 . A curva, em coordenadas
x , y , é (\/5/2)a;2 - (\/5/2)y2 = 2 .

Na segunda parte, temos m = 2 9 e n = 717/4. A equação


A^ — m X + n = 0 assume a forma A^ — 29A -f 717f A = 0, cujas raízes
são Al (29 -b 2 v /3 l)/2 = 20,068 e A2 = (29 - 2 ^ M ) / 2 = 8,932. A
curva, nas coordenadas x , y escreve-se como 2 0 ,068a;^ -b 8 ,932j/^ = 4.
Soluções dos Exercícios da Terceira P arte

25.1 Dados P, Q quaisquer em II, tem-se

d{(S o T)(P), (S o T)(Q)) = d{S(T(P)), S{T(Q)))


= d(T(P),T{Q)) = d(P,Q).

Além disso, dados P i , Q i em II, existem P , Q em II tais que


T { P ) = P i e T { Q ) = Q i . Então T - ^ ( P i ) = P e T - ^ ( Q i ) = Q ,
logo d (T -i(P i),T -i(Q i)) = d ( P , Q ) = d i T ( P ) , T i Q ) ) = d ( P u Q i ) .
Portanto S o T e T ~ ^ são isometrias.

2 5 .2 Consideremos a translação T„; II ^ II. Dados arbitrariamente


os pontos P, Q em II, sejam T v { P ) = P i e T y ( Q ) = Q i . Então P P \ —
Q Qi = V. Ora, é claro que P Q + Q Q i = P P i + P i Q i. Cancelando Q Q i
e P P i vem P Q = P i Q i . Portanto \ P Q \ = \ P \ Q i \ i isto é, d { P i , Q i ) =
d(P ,Q ).
280 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

2 5 .3 Se t» = ( 2 ,3), a translação leva o ponto de coordenadas {x, y)


no ponto de coordenadas (xi,yi), onde Xi = x + 2 e yi = y + 3,
portanto x = Xi — 2 e y = yi — 3. Os pontos (x, y) que cumprem a
condição 4x — 3y = 1 são portanto transformados em pontos (x i,y i)
tais que 4(xi —2 ) —3(yi —3) = 1 , isto é, Ax\ —3yi = 0 . Assim, a reta
4x — 3y = 1 é transformada pela translação na sua paralela que
passa pela origem.

2 5 .4 S e V = {oi,/3), a translação T„ leva o ponto de coordenadas


( x, y ) no ponto de coordenadas (xi, yi), onde X\ = x - \ - a e y i = y + P,
portanto x = Xi — a , y = y i — p . Assim, os pontos (x, y) tais que
a x + by = c são levados por T„ em pontos (x i,y i) que cumprem a
condição a(ai — a) + 6 (yi — P) = c, ou seja, axi + byi = c + a a + bp.
Portanto, a translação T„ leva a reta ax + 6 y = c na sua paralela que
é a linha de nível c + aa + 6 /?, da mesma função ( p { x , y ) = a x + by, da
qual a reta original é a linha de nível c

2 5 .5 Para todo ponto P do plano,tem-se

(T „ o T „ )(P )= r „ (T „ (P ))
= T u {P + v) = ( P + v) + u
= P + (u + v ) = T u + v { P ) .

Além disso, se 0 é o vetor nulo então To(P) = P para todo ponto P


do plano. Portanto, em virtude do que vimos acima:

T_„(T„(P)) = r_„+„(P) = To(P) = P

Logo T_„ = (T„)"L

2 5 .6 Se u = { b / 2 a , (6 ^—4ac)/4a) então a translação Ty leva o ponto de


coordenadas (x, y) no ponto de coordenadas (xi, yi) onde Xi = x -f ò / 2 a
6 yi = y + (&^ —4ac)/4a, logo x = xi —b / 2 a e y = yi + (4ac —b'^)/Aa.
Assim, os pontos (x, y) que cumprem a condição y = ax^ + bx c
são levados por nos pontos (x i,y i) tais que yi -1- (4ac — 6^)/4a =
a(xi — 6 / 2 a)^ + 6 (xi — b / 2 a ) + c. Simplificando, vem yi = axf
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 281

2 5 .7 (a) R é a, rotação de 90° em torno de O, no sentido positivo ; S


é a rotação de 45° em torno de O, no sentido positivo, T é a translação
de vetor v = ( 1 , —1 ).
(b) R e S transformam a circunferência x'^ + y^ = 1 e m si mesma e
T a transforma na circunferência de raio 1 e centro no ponto ( 1 , - 1 ),
cuja equação é { x — 1 )^ + { y + 1 )^ = 1 -
(c) R , S e T transformam a reta y — x nas retas y = —x , x = 0 e
y = X — 2 respectivamente.

(d) Para todo ponto P = {x, y ) tem-se:

{R o S ){ P ) = R {S{P))

= R ( ( x - y ) l \ Í 2 , {x + y ) / V 2 )

= - y)/^/2, (x - y)/\/2),

{S o R){P) = S{R{P))
= S { - y , x) = ( ( - X - y)/\/2, (x - y )/\/2 ).
282 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

Logo S OR = R o S. Por outro lado,


{R o T )(P) = R{T{P)) = R{x + l,y - l) = {l-y ,x + l),
(T o R ) { P ) = T (R {P )) = T {-y ,x ) = { l- y ,x - 1).
Portanto ( R o T ) ( P ) 7^ (Toi?)(P) para todo ponto P de plano. Observe
que bastava ser (P o T )(P) ^ { T o R ) { P ) para um único ponto P a
fim de concluirmos que R o T o R . Finalmente,

{ S o T ) { P ) = S{T {P ))
= S{x + l , y - 1)

= i ( x - y + 2 ) / V 2 , (x + y ) / V 2 ,

{T o S ){P ) = T{S{P ))

= T { { x - y ) / V 2 , {x + y ) / V 2 )
= { { x - y + VÕ.)/ V 2 , { x + y - V 2 ) / V 2 ) .

Novamente, tem-se {S o T {P ) ^ (T o S ){P ) para todo ponto P do


plano.

2 5 .8 As equações de uma isometria T (digamos, que preserve ori­


entação e) que leve a reta y = 2x + 1 no eixo horizontal são da forma
T { x , y ) = ( x i , y i ) , com Xi = x c o s a — y sen a + a, y i — x sen a +
2/COS o; -I- b. Podemos requerer que T deixe fixo o ponto (—1/2,0), já
que ele é a interseção da reta dada com o eixo horizontal. Isto nos
permite escrever —1/2 = —(1/2) cosa - I - a e 0 = —(1/2) sen a + 6, ou
seja, COSa = 1 -t- 2a, sen a = 2b. Podemos também impor que T leve
o ponto (0,1), interseção da reta y = 2 x + l com o eixo horizontal, no
ponto ((\/5 —l ) /2 ,0) porque a distância entre os pontos (—1/2,0) e
(0,1) é igual à distância entre os pontos (—1/2,0) e ((\/5 — l)/2 ,0 ).
Então temos (\/5 — l)/2 = — sen a -h a e 0 = cosa -f- b. Noutras
palavras, 2 sen a = 2a-f 1 —\/5 e cos a = —b. Combinando estas duas
equações com as equações cos a = 1 -|- 2a, sen a = 26, já encontradas,
obtemos a = (7 -f \/5 )/1 0 ,6 = \/5 /5 ,c o sa = (12 -I- V^)/5 e sen a =
2\/5/5. Entrando com estes valores nas fórmulas xi = x cos a —y sen a
e yi = X sen a -t- y cos a, tem-se a resposta procurada.
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 283

25.9 A isometria T leva o ponto {x,y) no ponto (xi,yi), onde Xi =


X COS a — y sen a + a , y i = x sen a + y cos a + b. Então

(xi —a)^ + ( y i — h)^ = { x COS a — y sen c t)^ + { x sen a + y cos a ) ^


= x"^ cos^ a + y^ sen ^a — 2 x y cos a sen a +
+ x^ sen a + y^ cos^ a + 2 x y sen a cos a
= x^ + y .

Portanto, tem-se x'^+y‘^ = se, e somente se, ( xi — 6)^ =


Isto significa que a isometria T que leva (0,0) em (a, b) transforma a
circunferência de centro na origem e raio r na circunferência de mesmo
raio r e centro no ponto (a, b).

26.1 Sejam S e T respectivamente as simetrias em torno dos pontos


A = ( a , b ) e B = (c, d). Para todo ponto P = {x, y ) tem-se

T {S{P )) = T { 2 a - x , 2 b - y ) = (2c - (2a - x ) , 2 d - (26 - y))


= (2 (c - a) -t-a:,2(d- 6) -l-í/) = T y { x , y ) ,

onde V = 2AB = (2(c —a), 2 { d —b)).

T(S(P))
284 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

26.2 Sejam R e S respectivamente as rotações de ângulo a e P, em


torno do mesmo ponto A = (a, b). Se P = (x, y) então R{P) = {xi,yi)
onde

x\ = (x — a) COSa — (y — b) sen P + a
yi = (x — a) sen a + (y — b) cos P + b.

Por sua vez, S(xi,yi) = (x 2 ,y 2) onde

X2 = (xi —a) COS P — {yi — b) sen P + a


2/2 = —a) sen P — (yi — b) cos P + b.

Substituindo Xi e y\ por seus valores acima, vem

X2 = [(x —a) cos a — {y — b) sen a] cos P —


— [(x —a) sen a + {y — b) cos a] sen P + a =
= (x —a)(cos a cos P — sen a sen P) —
— (y — b){ sen acos/0 + cosa sen P) + a =
= (x —a) cos(a + P) — (y — b) sen (a + P) + a

Analogamente, y 2 = (x — a) sen {a + P) + {y —b) cos(a + P) + b. Isto


significa que 5 o T é a rotação de ângulo a + P em torno do ponto A.
O mesmo argumeto mostra que T o S também é a rotação de ângulo
a + P em torno de A.

26.3 Sejam A o centro da rotação R e B o centro da rotação S, com


A ^ B. Então {RoS){B) = R{S{B)) = R{B), enquanto {SoR)[B) =
S{R{B)). Como B ^ A e R não é a transformação identidade, tem-
se R{B) ^ B. Como o único ponto fixo de 5 é 5 , resulta daí que
S{R{B)) 7^ R{B), portanto R o S ^ S o R.

26.4 Tem-se (u,v) = S (ox —by, bx + ay), logo u = c(ax —by) —d{bx -\-
ay) e v = d{ax —by) + c{bx -F ay). Assim, u = {ac — bd)x — {ad -f bc)y
e V = {ad + bc)x -f- (ac —bd)y. [Daí resulta que o produto de duas
matrizes da forma ^ ainda é da mesma forma e independe da
ordem dos fatores.]
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 285

26.5 Isto já foi feito no exercício 26.2 acima.

26.6 Sejam R e S respectivamente as rotações de centros A = (a,b),B


(c, d) e ângulos a, (3. Então, se R{x, y) = (xi, t/i) e S{xi,yi) = (x2,2/2 ),
tem-se

X\ = {x — a) COS a-^ {y — b) sen o; a,


yi = {x — a) sen a + {y — b) cos a + b,
X2 = (xi —c) COSP — {yi — d) sen 0 + c,
V2 = —c) sen 0 -1- [yi —d) cos 0 + d.

Substituindo Xi e yi nas duas últimas equações por seus valores dados


nas duas primeiras, vem:

X2 = {x — a) cos(a + 0) — (y — b) sen (a + /?) -f-


-1- (a —c) cos 0 — {b — d) sen 0 c
V2 = (x - a) sen (a + 0) + (y - b) cos(o; + 0 ) +
+ {a — c) sen 0 + {b — d) cos 0 + d.

Isto mostra que a composta S o R consiste numa rotação de centro A


e ângulo a + 0 seguida de uma translação. Como se sabe (págs. 144
e 145 do texto), se a -|-/3 = O o u a -|-/5 = 360°, então S o R é uma
rotação de ângulo a-I-/3 com centro noutro ponto. (Napág. 145 está o
sistema de equações que deve ser resolvido para obter as coordenadas
desse centro.) Caso seja a -1- /? = 0° ou o: -|- /? = 360°, as fórmulas que
acabamos de obter mostram que S o R é uma translação.

26.7 A rotação de 45° em torno da origem leva o ponto de coorde­


nadas (x,y) no ponto de coordenadas (xi,yi), onde X\ = {x —y )/\/2 e
V\ = {x-\-y)/\/2. Daí decorre que X = {xi+yx)/ \/2 e y = {y\-Xx)/\/2.
Portanto, os pontos (x, y) cujas coordenadas cumprem a condição
ax^ 4- 2bxy -t- ay^ = c são transformados por essa rotação em pon­
tos (xi,yi) cujas coordenadas cumprem a condição

a[(xi -f y i ) / - l - 26[(xi -|- yi)/V^][(yi —xi)/V 2]+


+a[(yi - X i)/^/2f = c.
286 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

Simplificando, vem: (a —b)xl + (a + 6)yf = c. Se c ^ 0, estes pontos


constituem uma elipse ou uma hipérbole, conforme a+ 6 e a —6 tenham
ou não o mesmo sinal. Evidentemente, s e b ^ 0 não pode ter a +
b = a — b. Portanto, a elipse ax“
^ + 2bxy 4- ay^ = c se reduz a uma
circunferência apenas quando 6 = 0.

26.8 Tomamos um ponto A do plano e seja A i sua imagem por essa


transformação T. Seja O o ponto médio do segmento A A i . Afir­
mamos que T { 0 ) — O. (Caso fosse A i = A , tomaríamos O = A . )
Com efeito, se O i = T { 0 ) , os segmentos orientados A O e 0 \ A i são
equipolentes e três de seus extremos (A, O e A \ ) estão sobre a reta
A A i logo 0 \ também está sobre esta reta. Como d { A , O ) = d (0 , Ai),
a equipolência A P = 0 \ A \ , mostra que O — 0 \ . Portanto T { 0 ) = O .
Então, para todo ponto P do plano, os segmentos P O e O P i são
equipolentes, logo P i = T { P ) é o simétrico de P relativamente a O .
Assim, T é a simetria em torno do ponto O.

27.1 A igualdade T = T~^ equivale a T o T = I d e esta última


significa que o simétrico do simétrico de um ponto P cm relação à
reta r é o próprio P, o que é evidente.

27.2 Como S e T invertem orientação, S oT preserva, logo não é


reflexão.

27.3 Considere um sistema de eixos ortogonais no qual r seja o eixo


horizontal e a equação da reta s seja x = a. Então R{x, y) = (x, —y)
e S{x,y) = {x,2a — y). Segue-se que {S o R){x,y) = S { x , —y) =
{x,2a + y) = Tv{x,y) onde v = (0,2a) é o vetor perpendicular a
r e s, com origem num ponto de r e extremidade num ponto de s.
[Analogamente se vê que R o S = T-y.]

27.4 Considere um sistema de eixos ortogonais no qual r seja o eixo


horizontal e a origem seja o ponto de interseção de r e s. Dado um
ponto arbitrário P = (x,y) no plano, as equações (1) da seção 27
dizem que S{x, y) = {x cos 2a-\-y sen 2o;, x sen 2a — y cos 2a). Além
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 287

disso, sabemos que R{x,y) = (x, —y). Portanto

(S o R)(x,y) = S { x , - y )
= (x COS 2a —y sen 2o!, x sen 2o: + ^ cos 2o:).

As primeiras equações da pág. 143 mostram que S o R é a, rotação


de ângulo 2o: em torno do ponto de interseção de r e s. Além disso,
sendo R e S reflexões, tem-se R~^ = R e S~^ = S . Em geral, para
transformações invertíveis quaisquer, vale { S o R)~^ = R~^ o S~^.
Então, neste caso particular tem-se { S o R)~^ = R o S . Portanto R o S
é a inversa da rotação de centro O e ângulo 2o:, ou seja, é a rotação
de centro O e ângulo —2o;.
288 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

O bservação. Sejam r e s retas que se intersectam no ponto O. O


menor número positivo a tal que a rotação de ângulo a e centro O
leva r em s chama-se ângulo da reta r para reta s. Tem-se 0 < a <
180°. Neste caso, o ângulo da reta s para a reta r é 180° —a.
Por outro lado, quando se fala na r o t a ç ã o de ângulo a em
torno do ponto O , em princípio, a pode ser qualquer número posi­
tivo, negativo ou zero; noutras palavras, o ângulo de uma rotação
é tomado no sentido trigonométrico, bem de acordo com as fórmulas
Xi — ( x —a) COS a — ( y —b) sen a + a , y i — ( x —a) sen a + { y —b ) c o s a + b ,
que exprimem as coordenadas ( x i , y i ) da imagem do ponto ( x , y ) pela
rotação de ângulo a em torno do ponto A = (a, b). Entretanto, como
a rotação de ângulo oc e centro no ponto A coincide com a rotação
de ângulo ct + k- 360° para todo k G h , podemos, sempre que for
conveniente, supor que 0 < a < 360°.
No exercício 27.4, o ângulo de s para r é 180° —a, cujo dobro
é 360° —2o;. Como uma rotação de ângulo 360° —2a é o mesmo que
uma rotação de mesmo centro e ângulo —2a, vemos que a conclusão
do exercício seria análoga se trocássemos os papéis de r e s.

27.5 Como está na pág. 154, as isometrias do plano são de quatro


tipos: (1) Rotação; (2) Translações; (3) Reflexões; (4) Reflexões com
deslizamento. Dada uma rotação de centro O e ângulo a, tomem-se
duas retas r e s que se cortam no ponto O e formam um ângulo de
|a/2 |. A rotação dada é composta das duas reflexões em torno dessas
retas *. Dada uma translação T„, tomem-se duas retas paralelas r, s
a uma distância igual à metade do comprimento de v. Então T„ é
a composta das reflexões em torno dessas retas. Finalmente, uma
reflexão com deslizamento sendo a composta de uma reflexão com uma
translação, é, pelo que acabamos de ver, a composta de três reflexões.

27.6 Considere um sistema de eixos no qual o eixo horizontal coincide


com o eixo de reflexão. Então o vetor de deslizamento tem a forma

* Mais precisamente, se T é rotação de ângulo a e R , S são reflexões de eixos


r e s respectivamente e o ângulo de r para s é \a/2\ então T — R o S ou T = S o R
conforme a < 0 ou a > 0.
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 289

V = (a, 0) e, para todo ponto P = (x,y), tem-se Pi = R{x,y) = {x +


a, —y). O ponto médio do segmento de reta liga PP\ tem coordenadas
((2a;-|-a)/2, {—y+y)/2) = (a;-|-a/2,0), logo pertence ao eixo horizontal.

27.7 Se r é uma rotação então, para todo ponto P com P ^ P\,


Pi = T{P), a mediatriz do segmento PP\ passa pelo centro de rotação,
pois este centro é equidistante de P e Pi. Se T é uma translação
então todos os segmentos PP\ são equipolentes logo suas medietrizes
são paralelas umas às outras. Se T é uma reflexão então os segmentos
P P i são todos perpendiculares ao eixo r, logo suas medietrizes são
paralelas.

27.8 Segue-se do exercício 27.4 que uma isometria R o S e S o R é à


rotação de -f90° em torno de O e a outra rotação de —90° em torno
de O. Consequentemente, para todo P, os pontos R { S { P ) ) e S { R { P ) )
são simétricos em relação a O.

27.9 Se as retas r e s forem concorrentes e formarem um ângulo a,


sabemos que R o S e S o R são as rotações de ângulos 2a e —2a em torno
do seu ponto de encontro. Para que essas rotações coincidam deve-se
ter a = 90°. Se as retas r e s forem paralelas e v é o vetor perpendicular
a ambas, com origem numa delas e extremidade na outra, então R o S
e S o R são as translações T„ e T_„, as quais não coincidem. Portanto,
se Ro S = S o R, além da possibilidade de r ser perpendicular a s, só
resta a hipótese de r = s.

27.10 Tomando um sistema de eixos no qual r é o eixo horizontal,


seja V = (a, -fO). Então

R{x,y) = ( x , - y ) e T{x,y) = {x + a,y).

Portanto
R{T{x, y)) = R{x + a , y ) ^ { x + a, - y )

T{R{x, y)) = T{x, - y ) = {x + a, - y ) .


Logo R o T = T o R.
290 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

27.11 Considere um sistema de eixos tal que R seja a reflexão com


vetor de deslizamento v = (a, 0), em torno do eixo horizontal. Es­
crevendo = R o R, R^ = R o R o R, etc, vê-se que RP'{x,y) =
{x na, (—l)"y). Portanto, quando n é par, R^ é & translação de
vetor nv e, se n é impar, RP é a reflexão com deslizamento em torno
do eixo horizontal, com vetor de deslizamento nv.

27.12 Se os triângulos congruentes A B C e A i B i C i têm orientações


opostas no plano II, uma congruência T : II —> II com T { A ) = A i ,
T ( B ) = B \ e T { C ) = C \ deve ser uma reflexão com deslizamento ou
uma reflexão (que consideraremos como caso particular, correspon­
dendo a um vetor de deslizamento igual a zero). Sabe-se do exercício
27.6 que, para todo ponto P do plano, com Pi — T { P ) , o ponto médio
do segmento P P \ pertence ao eixo da reflexão. Segue-se daí que os
pontos médios dos segmentos A A \ , B B \ e C C \ estão sobre a mesma
reta r, a qual é o eixo da reflexão. Além disso, se A! e são, res­
pectivamente, os pés das perpendiculares baixadas de A e Ai sobre r
então o vetor v = A'A'i é o vetor de deslizamento. (Se v = 0 então T
é uma simples reflexão em torno da reta r.)
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 291

/
O bservação. E um fato geométrico, em si interessante, que se A B C
e AiBiCi são triângulos congruentes com orientações opostas então
os pontos médios dos segmentos A A i , B B i e C C i estão em linha
reta. (Em todo o exercício e nesta observação, está-se implicitamente
admitindo que A i B i e C \ são, nesta ordem, os homólogos d e A , B e
C.)

27.13 Considere A i , simétrico de A em relação a r . O ponto X


procurado é a interseção das retas A iB e r. Com efeito, para qualquer
outro ponto Y em r, os pontos A i Y e B não são colineares, logo

d { A i , Y ) + d { Y , B ) > d { A i , B ) = d(Ai, X ) + d ( X , B )
= d { A , X ) d- d { X , B ) .

Figura 27 .13

27.14 Considere o ponto A\, simétrico de A em relação a r. O ponto


Y procurado é a interseção das retas A \ B e r. Com efeito, como
A Y = A iY , temos d{A, Y ) - d { B , Y) = d { A i , Y ) - d ( B , Y) = d{Ai, B)
enquanto que, para qualquer outro ponto Z sobre a reta r,d{A,Z) —
292 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

d{B, Z) = d(i4i, Z) —d{B, Z) < d{Ai, B) porque, no triângulo A \B Z ,


o lado A \ B é maior do que a diferença dos outros dois. Evidentemente,
pode ocorrer que as retas A , B e r sejam paralelas. Neste caso, a
solução acima indicada não funciona, e nenhuma outra tampouco.
Com efeito, se A e B estão em lados opostos e à mesma distância de r
então d { A , Y ) —d{B,Y) = d { A i , Y ) —d{B,Y) < seja qual for
o ponto Y em r. A medida que Y se afasta ao longo de r, na direção
de Al para B, a diferença d{Ai, Y) — d{B, F ) cresce, aproximando-se
do limite d{Ai,B), o qual nunca é atingido.

27.15 Sem perda da generalidade, podemos supor que a e (3 são


números positivos, menores do que 360°. Sejam r a reta A B e s a reta
que passa por A de tal modo que o ângulo de r para s é ol/2. Seja
ainda t a reta que passa por B e é tal que o ângulo de t para r é Pf2.
Chamamos de C o ponto de interseção de s e í. (Como a + (3 ^ 360°,
as retas s e i não são paralelas.) As notações pr, Ps e pt indicarão as
reflexões cujos eixos são as retas r , s e t, nesta ordem. Pelo exercício
27.4, tem-se R = Ps°Pr q S = Pr°Pt- LogoRoS = Ps°Pr°Pr°Pt = Ps°Pt-
Ainda pelo exercício 27.4, pgopté a rotação em torno de C, de ângulo
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 293

igual ao dobro do ângulo de t para s. Ora, o menor ângulo de que se


pode girar t em torno do ponto O, no sentido positivo, até coincidir
com s é o ângulo externo de vértice C do triângulo ABC, o qual é igual
à soma dos ângulos internos do mesmo triângulo, de vértices A e B.
Portanto R o S é a rotação de centro C e ângulo 2{a/2+(3/2) = a + p.

O bservação. Os exercícios 27.15 e 27.16 apresentam métodos al­


ternativos (mais geométricos, menos analíticos) para responder as
questões abordadas no exercício 26.6

27.16 Na notação do exercício anterior, tem-se ainda R o S = Ps o pt


mas agora, como a + P = 360°, tem-se a/2 -|- P/2 — 180° logo os eixos
de reflexão s e i são retas paralelas.
Resulta então do exercício 27.3 que ps°pté a. translação T„, com
V = 2 - B C e B C é perpendicular a AC.

27.17 (a) Seja E a elipse de equação x^/a^ -|- = 1. Se o ponto


(x, y) satisfaz esta equação então os pontos (—x, y) e (x, —y) também
satisfazem. Portanto E é simétrica em relação às retas y = 0 e x = 0,
que são seus eixos principais.
294 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

(b) Seja Y = X u T { X ) . S e P e Y então ou P e X ou P e T{X). No


primeiro caso, tem-se T{P) G T{X), logo T{P) G Y, No segundo caso,
tem-se P = T{P q), com Pq G X , logo T{P) = T{T{Po)) = Pq E X ,
donde T{P) G Y. Em qualquer hipótese, vemos que P E Y implica
T (P) G Y portanto Y é um conjunto simétrico em relação à reta r.

27.18 Na pág, 36 do livro “Medida e Forma em Geometria”, está


provado que toda isometria entre polígonos transforma vértices em
vértices. Usaremos este fato aqui. Se a reflexão T, de eixo r, trans­
forma o triângulo A B C em si mesmo então pelo menos um dos vértices,
digamos A, está fora da reta r. Digamos ainda que Ai = T{A) seja
o vértice B. Então Bi = T{B) é igual a A, r é a mediatriz de A B e
C\ = T{C) só pode ser o vértice restante C, logo C pertence a r e
A C = BC. Portanto o eixo r da reflexão T é altura e mediana sobre
AB. Segue-se imediatamente que:
(a) Um triângulo isósceles não equilátero tem um único eixo de sime­
tria, que é a altura baixada sobre a base;
(b) Um triângulo equilátero tem exatamente três eixos de simetria,
que são suas alturas; (c) Um triângulo escaleno não possui eixos de
simetria.
(d) A seguir, seja T uma reflexão que leva o quadrado A B C D em si
mesmo. Sabemos que T transforma vértices em vértices. Considere­
mos A\ = T{A). Se for Ai — B então o eixo r de T é a mediatriz
do lado AB, logo T{D) = C e essa mediatriz é um eixo de simetria.
Se Al = C então o eixo r de T é a mediatriz da diagonal AC, ou
seja, é a diagonal BD, portanto T{B) = B, T(D) = D e a, diagonal
B D é outro eixo de simetria do quadrado. Se Ai = D então o eixo
de simetria é a mediatriz do lado AD. Finalmente, se Ai = A então,
como T é uma isometria, Ci = T{C) é um ponto do quadrado tal que
d{A, C\) = d{A, C). Segue-se que C\ = C o o eixo da reflexão T é a
diagonal AC. Em suma: os eixos de simetria de um quadrado são as
duas diagonais e as duas mediatrizes dos lados.
(e) Todos os diâmetros são eixos de simetria da circunferência. Reci­
procamente, se reflexão T transforma a circunferência C em si mesma
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 295

B "

D C

N
B

Figura 27.18

então, tomando um ponto P da circunferência fora do eixo r de T,


vemos que r é a mediatriz da corda PPi, logo r passa pelo centro de
r. Portanto os diâmetros são os únicos eixos de simetria de C.

27.19 Seja F uma figura que possui dois eixos de simetria paralelos
r e s. Indicando com R e S respectivamente as reflexões de eixos r
e s e com v = A B o vetor perpendicular a essas retas, com A £ r
e B £ s, sabemos que S o R = T„. Tomando um ponto P em F,
temos R{P) £ F e P + v — S{R{P)) G F. Analogamente se vê que
P + 2v £ F, P + 3v £ F. etc. Assim, F contém todos os pontos
P + n - v , n £ N , logo é uma figura ilimitada.

27.20 A parte (a) é óbvia. Quando a (b), sejam O e O' centros


de simetria distintos da figura F. Chamando de iS e 5" as simetrias
de centros O e O' respectivamente, tem-se S(P) £ F e S'{P) £ F
296 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

para todo ponto P E F . Ao longo da reta r = 0 0 ' , consideremos


os pontos O , O', O", O"' etc, tais que Õ O ' = Õ ^ ' = 0 " 0 ''' = ■■■ =
V. Afirmamos que todos esses pontos são centros de simetria de F .
Comecemos com O". Dado um ponto arbitrário P em F , devemos
provar que seu simétrico P " em relação a O" ainda pertence a F . Ora,
os pontos P , S ' { P ) , S S ' { P ) e S ' S S ' { P ) , todos pertencentes a F , são
os vértices de um paralelogramo no qual O e O" são pontos médios de
lados opostos. Logo S ' S S ' { P ) é o simétrico de vértice P em relação
a O". Noutras palavras, S ' S S ' { P ) = P " . Portanto P " pertence a
F . A partir daí mostra-se que O'" é o centro de simetria de F , e
assim por diante. Finalmente, dado qualquer ponto P em F , tem-se
S ' S { P ) - \ - P - \ - 2 v , S ' S S ' S { P ) = P + 4 v , etc. Todos esses pontos P + n - v ,
n G N, pertencendo à figura F , segue-se que F é ilimitada.
(c) Com os dois eixos de simetria da figura F , que se supõem per­
pendiculares, formamos um sistema de eixos de coordenadas. Então,
dado qualquer ponto {x, y ) em F tem-se {x, —y ) E F e { —x , —y ) E F ,
portanto a origem (interseção dos eixos de simetria) é um centro de
simetria de F , pois (x, y ) i—> (—x, —y ) é a simetria em relação à origem.
(d) A interseção dos três eixos de simetria de um triângulo equilátero
é o seu baricentro, o qual não é um centro de simetria pois o simétrico
de um vértice em relação ao baricentro nunca pertence ao triângulo.

27 .21 (a) Escolhendo convenientemente os eixos, a equação da pará­


bola é y = ax^. Portanto, se (x,y) pertence à parábola então ( —x , y )
também pertence, logo o eixo vertical x = 0 é um eixo de simetria.
Qualquer outra reta divide o plano em duas partes, uma das
quais contém uma porção ilimitada da parábola e a outra uma porção
limitada (ou então vazia) dessa mesma parábola. Logo o eixo x = 0 é
o único eixo de simetria da parábola. Por outro lado, a parábola não
admite centro de simetria. Com efeito, se um ponto de coordenadas
(m, n ) fosse centro de simetria da parábola y = ax^ então, para todo
número real x, tomando y = ax^, o ponto (x i,y i), com Xi = 2 m —x e
y i = 2 n — y pertencería à parábola, ou seja, cumpriria a condição y i =
axf. Substituindo e simplificando, teríamos ax'^—2 a m x + 2 a m ? —n = 0
para todo valor real de x, um absurdo pois a ^ 0.
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 297

(b) Os eixos horizontal e vertical são eixos de simetria da hipérbole

xVa^ - y ^ !\? = 1,

logo a origem é um centro de simetria. Não há outros eixos de simetria


da hipérbole. Com efeito, suponhamos que uma certa reta r fosse eixo
de simetria. Tomamos um novo sistema de coordenadas (it, v ) no qual
essa reta seja o eixo horizontal. Então, nesse sistema, a equação da
hipérbole assumiria a forma Av?' + B u v + C v ^ + D u + E v + F =
0 . Além disso, como o eixo horizontal é eixo de simetria, se ( u , v )
cumprem esta equação então (u, —v ) também cumpre, isto é, vale
A v ? —B u v + C v ^ + D u —E v + F = 0 . Subtraindo, vem { 2 B u + 2 E ) v = 0
para todo ponto (it, v ) da hipérbole. Tomando um ponto da hipérbole
com V ^ 0 concluimos que 2 B u + 2 E = 0 para toda abcissa u de
um ponto da hipérbole, logo B = 0 e E = 0. Assim, a equação
da hipérbole num sistema onde o eixo horizontal é eixo de simetria
tem a forma A v ? + C v “^ + D u + F = 0. Fazendo a translação de
eixos w = u — D / 2 A , sem mudar o eixo horizontal, a equação da
hipérbole nas coordenadas (w, v ) fica sendo A vü^ + Cv^ + G = 0 , ou
seja, w ^ / a + = 1 , onde a. = —G j A e f3 = —G f C . Como se
trata de uma hipérbole, a e (3 têm sinais opostos, digamos a > 0
e P < 0. Assim a = rrP, ~ P = rP. Em suma, se uma reta r é
eixo de simetria de uma hipérbole e tomarmos um sistema de eixos
ortogonais (com a origem adequadamente escolhida) no qual r seja
o eixo horizontal então a equação da hipérbole nesse sistema tem a
forma w ^frr P — v ^ / r P = 1. Isto mostra que a reta r corta a hipérbole
precisamente nos seus vértices (caso seja mesmo a > 0 no argumento
acima) ou então sua perpendicular levantada pela origem escolhida
corta a hipérbole nos seus vértices. Consequentemente, a hipérbole só
possui dois eixos de simetria.
Além disso, a hipérbole de equação x'^/a? — y^/b'^ = 1 só tem
um centro de simetria, que é o ponto (0 , 0 ). Com efeito, se o ponto
de coordenadas (m, n) fosse centro de simetria dessa hipérbole então,
para cada ponto (x, y ) tal que —y ^ = 1 teríamos também
(2m —x p j c ? — (2n —yY/b"^ — 1. Desenvolvendo, substituindo —y^jb'^
por 1 —x^/a^ e simplificando, obtemos { A m l a ^ ) x —{ A n l a ^ ) y = A m jc ? —
298 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

4n/6^. Se uma das coordenadas m ou n fosse diferente de zero, esta


equação diria que todos os pontos (x, y) da hipérbole estariam sobre
uma reta. Logo m = 0, n = 0 e o único centro de simetria da hipérbole
x^/a^ — = 1 é a origem.
(c) Os eixos de simetria da grade são as retas horizontais e ordenadas
inteiras ou metades de inteiros, as verticais de abcissas inteiras ou
metades de inteiros (que são lados ou mediatrizes de lados dos quadra­
dos de grade) e as retas da forma y = x + n o n y = —x+ n , com m E Z
(que são diagonais dos quadrados da grade). Não há outros eixos de
simetria. Passamos a provar esta afirmação.
Evidentemente, os únicos eixos de simetria verticais da grade G
são as retas x = n / 2 , com n e Z. Suponha agora que a reta r seja um
eixo de simetria não-vertical. Então r corta o lado vertical de algum
quadrado da grade. Tomemos um novo sistema de eixos no qual os
lados desse quadrado tenham coordenadas 0 ou 1 e a equação da reta
r nesse sistema seja y = aa; + b, com 0 < 6 < 1. Pelas equações (3) da
pág. 152, as coordenadas do simétrico da origem em relação à reta r
são x i — —2 o 6 / ( l -t- a^) e y i = 26/(1 -f a^). Como 0 < 6 < 1 , tem-se
0 < 2 6 / ( l- |- a ^ ) < 2 . Sendo y i inteiro, conclui-se que 2 6 /(1 -t-a^) = 1 ou
então 26/(1 -l-a^) = 0. No primeiro caso, tem-se Xi = —a, logo a E Z .
Como sabemos que 6 = (l-|-a ^ )/ 2 e 0 < 6 < 1 , concluímos que = 1
ou = 0 . Se for = 1 , então 6 = ( 1 -|-a ^ ) / 2 = 1 , o que está excluído
pois 6 < 1 . Se for = 0, tem-se 6 = 1/2, logo a equação da reta r
é y = l / 2 e r é a mediatriz dos lados verticais do quadrado. Resta
analisar o caso em que 26/(1 -|- a^) = 0, ou seja, 6 = 0. Neste caso, a
equação da reta r é y = a x e as coordenadas do simétrico do ponto
(0 , 1 ) em relação a r são Xi = 2 a / ( l -|- a^) e yi = (a^ — l)/(o ^ + 1 ),
que devem ser números inteiros. Seja 2 o /(l -I- o^) = m. Se m = 0, a
reta r é o eixo horizontal. Se m 7 ^ 0 , a igualdade 2 a /(l -|- a^) = m,
que significa m a^ — 2 a + m = 0, acarreta que a = ( 1 ± \ / l — v n P )/m .
Como m é inteiro não-nulo, deve ser = 1 , donde a = l o u a = —1 .
Isto mostra que os demais eixos de simetria possíveis para a grade são
as diagonais dos seus quadrados.
Quanto aos centros de simetria, é claro que entre eles estão os
pontos (rc, y) cujas coordenadas são números inteiros ou metade de
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 299

números inteiros. Estes pontos são os vértices, os pontos médios dos


lados e os centros dos quadrados da grade. Não há outros centros de
simetria além desses. Com efeito, se 0 = (p, q) é o centro de simetria
então, para todo ponto (m, n) de coordenadas inteiras, as coordenadas
2p — m = a e 2 q —n = b d o seu simétrico em relação a 0 são inteiras.
Logo, cada um dos números p = {a + Tn)/2,q = {b + n)/2 é um inteiro
ou a metade de um inteiro.

27.22 Vimos no exercício 21.18 que somente três reflexões levam o


triângulo equilátero A = A B C em si mesmo, a saber, aquelas cujos
eixos são as alturas de A. Uma reflexão com deslizamento T não pode
levar A em A porque T o T é uma translação, que não transforma A
em A. Logo aquelas três são as únicas simetrias de A que invertem
orientação. Simetrias de A que preservam orientação são as rotações
de 0°, 60° e 120° em torno do baricentro. Não há outras. Com efeito,
se T é uma rotação que leva A em A e T ( A ) = A então, como o centro
de T não pode ser vértice de A, temos T = I d = rotação de 0°. Se
T { A ) = B então o centro de T está sobre a mediatriz de A B . Neste
caso, T ^ I d logo, como já vimos, não pode ser T { B ) = B . Tampouco
pode ser T { B ) = A porque isto obrigaria T ( C ) = C o daí T = I d .
Logo T { B ) = C e o centro da rotação T pertence à mediatriz de B C .
Assim T é a rotação cujo centro é o baricentro de A e leva A em B , logo
T é a rotação de 60° em torno do baricentro. Finalmente, se T(A) = C
então T { B ) = A, o centro de T é a interseção das mediatrizes de A C
e A B e T é a, rotação de 120° em torno do baricentro de A. Ficam
assim determinadas as seis simetrias do triângulo equilátero.
Vejamos agora as simetrias do quadrado Q = A B C D . A s que
invertem orientação são as quatro reflexões determinadas no exerc.
27.18. As que preservam orientação são as quatro rotações, de ângulos
0°, 90°, 180°, 270° e centro no ponto O , interseção das diagonais de
Q . Não há outras simetrias de Q . Com efeito, uma simetria de Q não
pode ser uma rotação, diferente da identidade, com centro num vértice.
Dada uma rotação T que leva Q em Q , suponha que T ( A ) = A . Então
T = I d . Se T { A ) = B , o centro de T está sobre a mediatriz de A B .
Como os únicos segmentos de reta em Q de mesmo comprimento que a
300 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

diagonal A C são as diagonais A C e B D e já temos T { A ) = B , segue-se


que T { C ) = D . Logo o centro de T está sobre a mediatriz do lado C D .
Assim T é a rotação de 90° em torno de O . Se T { A ) = C, a diagonal
A C é levada em si mesma logo T { C ) = A , T { B ) = D e T { D ) = B .
T é então, a rotação de 180° em torno de O . Analogamente se vê que
T { A ) = D implica que T é a rotação de 270° em torno de O . Estas
são pois as oito simetrias do quadrado.
As simetrias da circunferência C são as reflexões em torno dos
seus diâmetros e as rotações em torno do seu centro. Para provar que
não há outras, observa-se primeiro que uma simetria de C transforma
qualquer diâmetro A B num segmento de reta A \ B i com d { A i B i ) =
d { A , B ) logo A \ B i também é diâmetro. O centro O da circunferência
é ponto médio de A B , logo T { 0 ) = ponto médio de A i B i , ou seja,
T { 0 ) = O . Portanto, toda simetria T da circunferência C deixa flxo
o seu centro O . Assim, se T é uma reflexão, seu eixo é um diâmetro
de C e se T é uma rotação seu centro é o centro de C .
Já no caso de uma elipse E (com eixos distintos) toda simetria T
de E leva o eixo maior A B em si mesmo, pois não há em E outro par
de pontos com distância igual a d { A , B ) . Assim, ou se tem T { A ) = A
e T { B ) = B o u então T { A ) = B e T { B ) = A . No primeiro caso, T
pode ser a identidade ou a reflexão em torno do eixo A B . No segundo
caso, T pode ser a reflexão em torno do eixo menor C D ou a simetria
em torno do ponto O , interseção dos eixos A B e C D . Estas são as
quatro simetrias da elipse E .
Se temos um triângulo isósceles não equilátero A B C , com A B =
AC, toda simetria T de A B C deve levar o lado diferente B C em si
mesmo. Assim, ou T { C ) = C e T { B ) = B , donde T { A ) = A e T = I d ,
ou então T { C ) = B , T { B ) = C , donde T { A ) = A e T é a, reflexão em
torno da altura baixada de A .
Finalmente, uma simetria T de um triângulo escaleno A B C deve
levar cada lado em si mesmo pois não há outro de mesmo comprimento.
Logo deve levar cada vértice em si próprio. Já vimos que nenhuma
simetria de A B C pode ser uma reflexão. Tampouco pode ser uma
rotação diferente de I d pois têm três pontos flxos. Logo T = I d .
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 301

27.23 Sejam R q, R i , R^, R s as rotações de ângulos 0°, 90°, 180° e 270°


em torno do centro O do quadrado Q,Li e Ls as reflexões em torno
das mediatrizes dos lados e £>i, £>2 as reflexões em torno das diagonais
de Q. A tabela de multiplicação do grupo das simetrias de Q é:

■RoRx R2 Rs Lx Dl Do
Ro Ro Rx R2 Rs Li Dl Do

Rx Rx R2 Rs R<x Dl D o Li
R2 R2 Rs Ro Rx Lx D o Dl
Rs Rs Ro Rx Rs D o Dl Li
Li Li D o Dl Ro R2 Rs Ri
Dl Li D o Rs R<x Rx Rs
Dl Dl Li D o Rx Rs R q Rs
Do Do Dl Li Rs Ri Rs Rq

27.24 Dados A ^ B, se a. isometria T: n — n é tal que T{A) = A


e T{B) = B então T transforma a reta A B em si mesma e, como
tem dois pontos fixos nessa reta, todos os pontos de A B são fixos
por T, pelo exerc. 2.6. Como translações, reflexões com deslizamento
e rotações diferentes da identidade não admitem dois pontos fixos,
segue-se que T = Id on então T é a reflexão em torno da reta AB.
Dadas as isometrias S , T com S{A) = T{A) e S{B) = T{B) então a
isometria R = T~^ o 5 deixa A e B fixos. Pelo que vimos, R = Id oxx
R é a. reflexão em torno de AB, logo S = T ou S = T o R é a . composta
de T com reflexão em torno de AB.

27.25 Sejam A, B, C vértices de um triângulo e S , T isometrias com


5(A) = T{A), S(B) = T{B) e S{C) = T{C). Pelo exercício anterior,
das duas primeiras igualdades resulta que S = T on S é a, composta
de T com a reflexão de eixo na reta AB. Esta última possibilidade
fica excluída porque S{C) = T{C). Logo S = T.

27.26 Seja d{A,B) = d{Ai,Bi) > 0. Se A B e AiB i são para­


lelas, há 2 casos: 1-) A B — AiBi. Então a translação T„, com
V = A Al, é uma isometria que preserva orientação, com Ty{A) = Ai
302 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

e Ty{B) = Bi. Além disso, se chamarmos de r a paralela a A B e a


A \B i que é equidistante (passa pelo meio) dessas retas, a reflexão de
eixo r leva o segmento A B no segmento A 'B \ com A' e B' colineares
a Al e Bi. Então a reflexão de eixo r, seguida do deslizamento A'A\,
é uma isometria que inverte orientação, leva A em A\ e B em B\.
2—) A B = —AiBi. Neste caso, os segmentos AAi e B Bi se intersec-
tam num ponto O e a simetria (rotação de 180°) em torno de O é
a isometria que preserva orientação, leva A em A\ e B em B\. Para
obter a isometria que inverte orientação e cumpre essas condições, con­
sidere a reta r, perpendicular a A B e a. A\Bi, situada de tal modo que
B e Bi sejam equidistantes dela. A reflexão em torno de r leva A B
no segmento A'B' tal que B'B\ é paralelo a r. Portanto, a reflexão de
eixo r, seguida do deslizamento de vetor v = B'Bi, leva A em A\ e B
em Bi-
Suponhamos, em seguida, que A B e AiB\ não sejam paralelos.
Então as mediatrizes de AA\ e B B\ se encontram num ponto O. A
rotação de centro O que leva A em A\ leva também B em B\. Uma
isometria que inverte orientação e tem este mesmo efeito obtém-se
fazendo seguir-se a essa rotação a reflexão de eixo AiBi.

27.27 Seja (cfr. exerc. 27.26) T uma isometria do plano que leva A
em Al e B em Bi. Seja C' o simétrico do ponto Ci em relação à reta
AiBi- Então ou T{C) = Ci (e neste caso T é a isometria procurada)
ou T{C) = C e, nesta segunda hipótese, a isometria que procuramos
é T seguida da reflexão com eixo AiBi.

27.28 Isto já foi feito no exerc. 27.26. As isometrias são a rotação


de 180° com centro na interseção das diagonais do paralelogramo
A B A i B i e a reflexão em torno de uma perpendicular comum a A B
e A i^ i (escolhida de modo que B e B\ sejam equidistantes dela),
seguida da translação que leva o simétrico de B (em relação a essa
perpendicular) em B\.
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 303

Figura 27.28

27.29 Seja a o ângulo da rotação T. Tome uma reta s, passando por


O, tal que o ângulo de r para s seja igual a. a f 2. Se pr e Ps indicarem
as reflexões de eixos r e s respectivamente, tem-se T = p* o

Figura 27.30

27.30 Tome um sistema de eixos ortogonais no qual a reta r seja o


eixo das abcissas. Nesse sistema, seja v — Então, para cada
ponto P = (x, y ) , tem-se R{P) = (x, —y ) e T{P) = ( x -I- q ;, y + f i ) . Logo
TR{P) = T(x, —y ) = (x-f o;, —y-f-/3) enquanto RT{P) = R{x + a , y +
P) = {x o:, —y -1- P). Consequentemente, tem-se RT{P) = TR{P)
para todo P, se, e somente se, P = ~P, ou seja, P = 0. Em suma, a
304 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

reflexão R de eixo r comuta com a translação T„ se, e somente se, o


vetor V for paralelo à reta r.

27.31 A reta dada é y = (l/2)x — 1. Utilizando diretamente as


fórmulas (3) da pág. 152, com x = S, y — 8, a — 1/2 e b = —1
obtém-se xi = 9 e yi = —4.

27.32 Sejam r a reta y — x , e s o eixo vertical. Se pr e Ps representam


as reflexões em torno dessas duas retas, a composta Ps o p^. coincide
com a rotação de 90° (no sentido positivo) em torno de O.

Figura 27.33

27.33 No enunciado do problema, admite-se tacitamente que, ao atin­


gir o ponto C partindo de A, o ponto percorre a distância d ao longo
da reta r, dirigindo-se no sentido do ponto B. Para obter o ponto
C trace, a partir de A, na direção de B, um segmento de reta AA',
paralelo a r, de comprimento d. Seja C o ponto da reta r que torna
a soma d{A!, C ) -|- d{C\ B) a mínima possível. Toma-se C sobre r de
modo que A C seja paralelo a A ' C . Se A e 5 estiverem no mesmo
lado de r, o ponto C é obtido na forma do exerc. 27.13. Se A e JB
estiverem em lados opostos de r, C é apenas a interseção de r com o
segmento A'B e novamente C é tomado sobre r com AC paralelo a
A 'C .

28.1 Dados pontos P = (x,y), Q = {x',y') arbitrários no plano.


Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 305

temos S ( P ) = P i e S { Q ) = Q i , onde Pi = (1 — 3 y , 2 + 3 x ) e Q i =
(l — 3 y ' , 2 + 3x'). Como se vê facilmente, d { P i , Q i ) = 3 - d { P , Q ) . Logo
S é uma semelhança de razão 3. Analogamente se verifica que T é
uma semelhança de razão 2. [Ambas, S e T , invertem orientação.]

28.2 Neste exercício, admite-se tacitamente que r > 0. Sabemos que


a fórmula da distância entre dois pontos fornece o mesmo valor, seja
qual for o sistema de eixos em relação ao qual se tomam as coordenadas
desses pontos. Portanto, s e P = (x,y) e Q = (x', y') no sistema O X Y
enquanto que Pi = (rx,ry) e Qi = {rx',ry') no sistema 0 ' X ' Y ' então
d{Pi,Qi) = r • d{P, Q) logo T é uma semelhança de razão r.

28.3 Dados arbitrariamente os pontos P = (x,y) e Q = (u,v), temos


Pi = {mx —ny + p , n x + my + q) e Qi = {mu —n v + p , n u + mv + q),
logo

d(P i,Q i) = { m x — n y — m u -f n v ^ -f { n x -f m y — n u — m v Y

= \ / {m? + 'n?)[{x - u Y + { y - u)2]

= y/m? + ’n? • d(P, Q).

Portanto a transformação T : {x,y) {x\,yi) é uma semelhança de


razão r = y/rr? -|- v?.

28.4 Uma verificação análoga à do exercício anterior mostra que


5: n n , definida por S{x^ y ) = { x i , y i ) , com Xi = m x + n y + p , y i =
n x — m y + q, é uma semelhança de razão r = Y m ? + n?. Isto também
pode ser concluído sem nenhum cálculo adicional, observando apenas
que 5 = T o P, onde T é a transformação do exercício anterior e R é
a reflexão em torno do eixo horizontal.

28.5 Sejam A = (1,0) e P = (0,1), de modo que O A = Ci e O B = C2


são os vetores unitários dos eixos O X e O Y respectivamente. Tem-se
O i = T { 0 ) = { p , q ) , A l = T {A 'l = { m + p , n + q ) e = T{B ) =
{ - n - \ - p , m - \ - q ) . Os vetores O iAi = { m , n ) e O iP i = (—n, m), ambos
de comprimento y/m ?~ + H ?, determinam os eixos ortogonais OiXi e
O i Y i , do sistema O i X i Y i , transformado de O X Y pela semelhança T.
306 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

Como (—n, m) resulta de (m, n) por uma rotação de 90° no sen­


tido positivo, segue-se que os sistemas O X Y e OiXiYi são igualmente
orientados, ou seja, que T preserva orientação. De modo análogo,
levando em conta que o vetor (n, —m) resulta de (m, n) por uma
rotação de —90°, conclui-se que a semelhança S inverte a orientação
do plano. [Na seção 31 poder-se-á chegar à mesma conclusão obser-
/ _T l \
vando que a matriz ( _ _ ) da semelhança T tem determinante
n m
+ n? > 0 enquanto que a matriz da semelhança S tem
determinante — < 0.]

28.6 Temos c r { x , y ) = { x i , y i ) onde X\ = a x e y \ = a y . Se { x , y )


pertence à parábola dada então y = ax^, logo y i — a(ax^) = (ax)^ =
(xi)^. Portanto a transforma a parábola y = ax^ na parábola y = x^.
Pelo exercício 25.6, dada qualquer parábola y = ax^ + bx + c, existe
uma translação T que a transforma na parábola y = a x . Logo a
semelhança cr o T transforma a parábola y = ax^ + bx + c na. parábola
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 307

y = x^. Portanto qualquer parábola é semelhante à parábola y =


e assim duas parábolas quaisquer são figuras semelhantes.

28.7 Uma semelhança <7: H —> H, de razão r, transforma qual­


quer retângulo de base x e altura y (portanto de área A = xy) num
retângulo de base rx e altura ry, logo de área ry ■ry = r^A. A área
de uma figura F é o número real cujas aproximações por falta são as
áreas dos polígonos retangulares (reuniões de retângulos justapostos)
contidos em F. (Veja “Medida e Forma em Geometria”, pág. 22.)
Se cr leva a figura F na figura Fi, segue-se do que foi dito acima que
todo polígono retangular de área A contido em F é transformado por
cr num polígono retangular de área r‘^A contido em Fi. Além disso,
usando a semelhança inversa cr~^, vê-se que todo polígono retangular
contido em Fi é o transformado por a de algum polígono retangular
contido em F. Portanto, as aproximações por falta para a área de Fi
são os números onde A é uma aproximação por falta da área F.
Conclui-se então que área (Fi) = r^x área (F).

28.8 Seja cr: II II uma semelhança de razão r. O ponto P pertence


à circunferência de centro O e raio a se, e somente se, d{0, P) = a.
Sejam Oi = cr(0) e Fi = cr(F) •Pi pertence à circunferência de centro
O e raio o se, e somente se, cí(Oi,Fi) — r • a. Como d{0\,Pi) =
r-d{0, P), conclui-se que d{Oi,Pi) = r-a se, e somente se, d(0, P) = a.
Assim, a imagem por a da circunferência de centro O e raio a é a
circunferência de centro 0 \ = cr(O) e raio ra.
Em seguida, consideremos um sistema de eixos ortogonais O X Y
e a elipse F, de equação x^ j 0? -Vy^ = 1 relativamente a coordenadas
nesse sistema. A semelhança cr, de razão r, leva os eixos O X Y num
par de eixos ortogonais 0 \ X i Y i e o ponto P = (x, y) no ponto Fi cujas
coordenadas no sistema 0 \X {Y i são X\ = rx, yi = ry. O ponto (x, y)
pertence à elipse E se, e somente se.

4. ^ _ 1
a 52
308 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

isto é,
(xr)2 {yrf
+
(a r )2 (6 r )2 (a r )^ {br)

= = 1
a? 62
Portanto a imagem da elipse E é por cr é a elipse de equação x f/(ar)2 +
y2/(6r)2 = 1 no sistema de eixos OiXiYi.
O mesmo raciocínio acima mostra que cr leva a parábola y =
e a hipérbole x'^/a^ — y‘^/b‘^ = 1 na parábola yi = {a/r)x\ e na
hipérbole xf/(or)2 —y\/{brY = 1, respectivamente. Aqui x\ e yi
são coordenadas em relação ao sistema de eixos 0 \ X i Y i , imagem do
sistema O X Y pela semelhança a.

28.9 Sejam C e C\ circunferências de centros 0 , 0 \ e raios r, s res­


pectivamente. Considere um sistema de eixos ortogonais com origem
no ponto O, no qual as coordenadas de 0 \ são (a, 6). A transformação
cr: n ^ n , definida por cr(x, y) = (xi,t/i), ondexí = ^x+a, y\ = ^y+b
é uma semelhança (cfr. exerc. 28.3). Tem-se (xi —a)^ + (yi — b)^ =
Portanto o ponto (xi,yi) pertence à circunferência Ci se,
e somente se, (x,y) pertence a C. Noutras palavras, a imagem de C
por cr é Ci.

28.10 No exercício 28.8 foi mostrado que uma semelhança de razão r


transforma a elipse de eixos a, 6 numa elipse de eixos ai = ar ebi = br,
portanto bi/ai = bf a. A mesma semelhança leva a hipérbole de eixos
a,b numa hipérbole de eixos ai = ar e 6i = br, logo bi/ai = b/a.
Portanto em duas elipses ou duas hipérboles semelhantes a razão entre
os eixos é a mesma. Reciprocamente se uma elipse (ou hipérbole) tem
eixos a,be outra tem eixos ai, bi com bi/ai = b/a então ai/a = bi/b =
r. Sejam O X Y e OiXiYi sistemas de eixos ortogonais tais que a reta
O X contém o eixo maior e O Y contém o eixo menor da primeira
figura, enquanto OiXi contém o eixo maior da segunda figura e 0{Yi
contém o eixo menor. Seja cr: n II a transformação que leva um
ponto de coordenadas (x, y) no sistema O X Y no ponto de coordenadas
(rx,ry) no segundo sistema. Então, como no exerc. 28.8, vê-se que
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 309

a transforma a elipse x^/a^ + y^/b'^ = 1 (coordenadas em O X Y ) na


elipse x \/a \ + y\/b \ = 1 (coordenadas em OiXiYi), isto é, cr leva
a primeira elipse na segunda. De modo análogo se vê que a leva a
primeira hipérbole na segunda.

29.1 A homotetia H , de centro O e razão 3 é dada por H { x , y ) =


( x i , y i ) onde x i = 3x, y i = 3 y , donde x = Xi/3 e y = y i / 3 . Portanto,
se o ponto (x, y ) pertence à reta 3 x —2 y = 4 tem-se 3(xi/3)—2(yi/3) =
4, ou seja, 3xi —2yi = 12. Portanto a homotetia de centro O e razão 3
leva a reta 3x—2y = 4 na reta 3 x —2 y = 12. Analogamente, se o ponto
(x, y ) pertence à circunferência cuja equação é (x —1)^ -|- (y -h 2)^ = 4
então (xi/3 —1)^ + (yi/3 -I- 2)^ = 4. Multiplicando ambos os membros
desta equação por 9, vem (xi — 3)^ + (yi + 6)^ = 36. Assim, H
transforma a circunferência de centro no ponto (1 ,-2 ) e raio 2 na
circunferência de centro (3, —6) e raio 6.

Figura 29.1

29.2 A homotetia H de centro P e a razão 1/2 transforma a circun­


ferência C numa circunferência C de raio metade do raio de C. O
310 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

Figura 29.2

diâmetro de C que passa por P é transformado por H no diâmetro


de C que passa por P e o centro de C está sobre esse diâmetro, a
uma distância de P igual à metade do raio de C . Logo C e C são
tangentes no ponto P . Em geral, se 0 < r < 1, a homotetia de centro
P e razão r transforma C numa circunferência C de raio r, tangente
a C no ponto P e a corda de C que parte de P é igual a 1 /r da corda
de C que parte de P na mesma direção.

2 9 .3 Por definição, esse conjunto é a imagem da circunferência C pela


homotetia de centro Q e razão 1/2, logo é uma circunferência cujo raio
é a metade do raio de C. [O resultado vale também quando o ponto
Q é exterior à circunferência.]

2 9 .4 Seja A B um segmento de reta perpendicular a s, levantado


a partir de um ponto >1 em s. A semelhança cr transforma A B no
segmento A jB i, perpendicular a s. Como a preserva orientação, B
e B \ estão do mesmo lado de s. Como a razão r da semelhança cr é
diferente de 1, a reta B B i não é paralela a s. Sejam O o ponto de
interseção de B B \ com s e H a, homotetia de centro O e razão r. A
transformação T = H~^ o a deixa fixos os pontos A e B e preserva
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 311

orientação. Pelo exerc. 27.24, T é a transformação identidade, ou seja,


H = a . Portanto, cr é a homotetia de centro O e razão r .

29.5 Considere uma homotetia i í : II II, de razão 1/r, com centro


num ponto arbitrário O . Sejam A 2 = H { A i ) , B 2 = H { B i ) e C 2 =
H { C i ) . Então d { A , B ) = d { A 2 , B 2 ), d { A , C ) = d { A 2 , C 2 ) e d { B , C ) =
d { B 2 , C 2 ). Pelo exerc. 27.27, existe uma isometria T: II —> II tal que
T { A ) = A 2 , T ( B ) = B 2 e T { C ) = C 2 . Daí decorre q u e a = H ~ ^ o T é
uma semelhança (de razão r ) com cr(A) = A i , a { B ) = B i e cr{C) = C \ .
Se r for outra semelhança com estas propriedades então r~^ o cr é uma
isometria que deixa fixos os pontos A , B e C , logo r~^ o a = I d (pelo
exerc. 27.25), ou seja, r = a . Portanto é única a semelhança cr que
leva A , B e C e m A l , B i e C l respectivamente.

2 9 .6 Seja d { A i , B i ) = r • d { A , B ) . Se r = 1, as semelhanças que


levam A e m A i e B e m B i são as isometrias descritas no exerc. 27.26.
Se r ^ 1, torna-se o ponto B 2 tal que A 1 B 2 = { \ / r ) A i B i . Então
d { A i , B 2 ) = d { A , B ) . As duas isometrias S , T do exerc. 27.26 levam
A em A l e B em B 2 . Seja i í a homotetia de centro A i e razão r . As
semelhanças H o S e H o T levam A e m A i e B em B i .
312 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

30.1 Seja d { P , A ' ) = r • d { P , A ) . Suponha inicialmente que C e C


sejam tangentes internamente. A homotetia H de centro P e razão r
leva A em A', P em P' e a circunferência C numa circunferência C \ que
contém A' e é tangente a C no ponto P , logo C = C \ . Portanto H leva
a tangente a (7 no ponto A na tangente a C no ponto A'. Resulta
daí que estas tangentes são paralelas. Se C e C forem tangentes
externamente, vale um argumento análogo, tornando-se a homotetia
de centro P e razão negativa —r.

3 0 .2 A homotetia H de centro (1,1) e razão negativa —3 transforma


o ponto ( x , y ) em (x i,i/i), com xi = 1 —3(a; —1) e (yi) = 1 —3(y —1),
donde x = l —X i / 3 e y = 1—y i/3 . A reta A x —y = 2 é, portanto, levada
por H na reta 4(1 — x i / 3 ) — (1 — y i/3 ) = 2, ou seja, 4xi — y i = —3.
[Como devia, H transforma uma reta que não passa pelo centro (1,1)
noutra reta paralela.]

3 1 .1 Suponha que cr e r ambas preservam orientação. Fixando um


sistema de eixos ortogonais O X Y tem-se, digamos, c r { x , y ) = { m x —
n y - \ - p , n z + m y , q) e r(x, y ) = { m ' x — n ' y — p', n ' x -f m ' y q'). Logo

T (x,y) = a- (t(x , y) -f /5 • r(x,y)


= { a x — hy c,hx a y A- d),

com a = a m + /3m', 6 = a n -f jdn', c = a p - \ - Pp' e d = a q + Pq'. Pelo


exerc. 28.3, ou se tem a = b = 0 (em cujo caso T é uma transformação
constante) ou então T é uma semelhança. Argumento análogo se aplica
quando ambas cr e t invertem orientação. [A hipótese a + P = 1
intervém apenas para assegurar que a expressão acr(P) + P t { P ) faz
sentido, independentemente do sistema de eixos adotado.]

3 1 .2 Se T = I d (translação pelo vetor nulo) então oT o a =


a~^ o a = I d = translação de vetor nulo. Se a translação T não é
a identidade então, para todo ponto P do plano, tem-se T(cr(P)) ^
(j(P), donde a ~ ^ { T { a { P ) ) ) ) ^ P , pois a~^ é injetiva. Assim, o
T o a não tem ponto fixo (e é obviamente uma semelhança). Pelo
Teorema da seção 31, conclui-se que a~^ o T o a é uma isometria, a
qual certamente preserva orientação (mesmo que a a inverta). Ora,
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 313

uma isometria que preserva orientação e não tem ponto fixo é uma
translação.

31.3 Se a semelhança cr preserva orientação, suas equações num sis­


tema de eixos O X Y são x i = m x — n y + p , y \ = n x m y -|- q, onde
Resolvendo o sistema linear m x — n y = x i — p,
n x + m y = y i — q obtém-se:

m n
X = (xi - p) -I-
m? -I- m? -I- (yi - q)
—n m
y =
m? + v?
(xi - p ) + (2/1 - ?)•
m? + rí^
Estas são as equações da semelhança inversa a Analogamente se
procede no caso em que cr inverte orientação.

31.4 Basta considerar o caso em que cr e r preservam orientação, pois


os demais são análogos. Tem-se então cr(x, y ) = { m x — n y , n z + m y )
e r (x ,y ) = ( p x - q y , q x + p y ) . Portanto c r { r { x , y ) ) = { x i , y i ) , onde

Xi = m{px —qy) —n{qx d- py) = {mp —nq)x —{np -f- mq)y


yi = n(px - qy) + m(qx + py) = {np -t- mq)x -f {mp - nq)y.

Reconhece-se assim, por suas equações, que a composta a o t é uma


semelhança que preserva orientação e que a matriz de cror é o produto
das matrizes de o- e r.

31.5 e 31.6 A semelhança cr que leva A B C ■ L em AiBiC\ • • • L \


preserva orientação, o mesmo ocorrendo com a transformação iden­
tidade I d . Dados os números reais ct,/? com a + (d = \ , o exerc.
31.1 assegura que T = a a f3Id é uma semelhança ou uma trans­
formação constante. Os exercícios 31.5 e 31.6 resultam daí pois o
polígono A qB qC q • • • Lq é a imagem de A B C • •• L pela transformação
T . (No caso do exerc. 31.5 tem-se a = (d = |.)
314 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

Figura 3 1.5

31.7 Este exercício também resulta de 31.1, considerando a seme­


lhança cr que leva (7 em Ci e o ponto A no ponto A i .

31.8 De cr(x, y) = {u, v), com u = x + y e v = x — y resulta que


u-{-v u — V

2 ^ 2
Portanto, de 2a:^ -|- 3xy -|- 2y^ —1 = 0 resulta que

{u + v ^ 3(u + v ) ( u - v ) (u-vY
2 4 “^ 2 ’
ou seja.
7 2 + - 1V 2 = 1, ,
-U

logo a transforma a curva 2x^ -f 3xy + 2y^ —1 = 0 numa elipse. Ora a


transformação a, cuja matriz é , é uma semelhança de razão
^/2, que inverte orientação (pois o determinante de sua matriz é —2).
Portanto a curva original também é uma elipse.
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 315

32.1 Se F: II — II é uma transformação afim e F{A) = Ai, F{B) =


Bi, F{C) = Cl então, pela fórmula (1) da pág. 166, s e a + /? + 7 = 1
tem-se F{aA -1- (3B + 'yC) = aA\ -f ^ B i -f- 'yCi. Tomando a = P —
7 = 1/2, conclui-se que F transforma o baricentro do triângulo A B C
no baricentro do triângulo AiBiCi.

32.2 Dados os pontos arbitrários P, Q no plano tem-se

T ((l - t ) P + t Q ) = a F { { l - t ) P + t Q ) + P C { { 1 - t ) P -f t Q )
= (1 - t ) o i F { P ) + t a F { Q )
+ (1 ~ t ) p C { P ) -|- t p C { Q )
= {I - t ) [ a F { P ) + p G { P ) ]
+ t[a F {Q ) + PC{Q)]
= (l-t)T {P )+ tT {Q ).

Logo T é uma transformação afim.

32.3 Sejam P = (x, y), Q = { x ' , y ' ) . Então (1 —t ) P + tQ = ((1 —


t)xF t x' , (1 - t ) y + t y ' ) . Temos F { P ) = (a;i, j/i), F { Q ) = {x^, 2/2) com
316 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

xi = a x + è y + p , yi = c x + d y + ç , X2 = a x '+ 6 y '+ p , y 2 = cx' + dy' + q.


Pondo F ((l - t)P + tQ) = (xa.ya) vem

X3 = (1 —t)ax + tax' + (1 —t)by + tby' + p


= (1 - t){ax + by + p) + t{ax' + by' + p)

2/3 = (1 - + tcx' + (1 - t)dy + tdy' + q


= (1 - í)(cx + dy + q) + t{cx' + dy' + q)

logo

F ((l - t)P + tQ) = (X3, yz) = (1 - t)F{P) + tF{Q).

[Este exercício desenvolve um detalhe que foi omitido na pág. 167.]

32.4 Temos F{x,y) = (xi,yi), com xi = x + y e yi = y, logo x =


—yi- Portanto

y = ax =» yi = a(xi - yi) =í> axi - (a + l)yi = 0,


y = - x / a =>yi = (yi - x i)/a ^ X i + { A - l)y = 0.

Assim, as retas y = ax e y = —x /a são transformadas por F nas retas


ax — {a + l)y = 0 e x + (a —l)y = 0 respectivamente. Para que estas
duas últimas retas sejam perpendiculares, deve-se ter (veja pág. 43)
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 317

a — + 1 = 0, OU seja, — a — 1 = 0. As raízes desta equação são


a = (1 ± \/5)/2. Qualquer um destes dois valores, quando atribuídos
à inclinação a, responde a questão. [Este exercício estabelece um caso
particular de um teorema que será provado na pág. 192.]

32.5 Dados os pontos arbitrários P,Q e o número real t, vale:

{G o F){1 - t)P + tQ) = G(F((1 - t)P + tQ))


= G {{l-t)F{P)+ tF{Q ))
= { \ - t ) G { F { P ) ) + tG{F{G))
= { l - t ) { G o F ) { P ) + t{GoF){Q).

Além disso, se F é invertível então, para P e Q quaisquer, existem


Po = eQo = F~^{Q) tais que F{Po) = P e F{Qo) = Q. Logo,
para todo número real t, vale:

F - i( ( i _ t)P + tQ) = F - \ { 1 - t)F{Po) + tF{Qo))


= F - \ F { { l - t ) P o + tQo))
= { F - ^ o F ) { { l - t ) P o + tQo)
= (1 —t)Po + tQo
= { l - t ) F - \ P ) + tF-\Q ).

Logo a composta G o F e a inversa F~^ são transformações afins, desde


que F e G sejam.

32.6 Se F(0) = Oi seja v = 0 0 \ e considere G = T„ ^ o F. Pelo


exercício anterior, G é uma transformação afim. Além disso, tem-se
G{0) = T -i(F (0 )) = T -i(O i) = O e F = T , o G .

32.7 Fixemos arbitrariamente um sistema de eixos ortogonais O X Y ,


em relação ao qual se tem v = (a,/3), onde v é o vetor da translação T.
Assim, T(x, y) = (x + a, y + /3) para todo ponto P = (x, y) do plano.
Pelas equações (2) da pág. 167, tem-se ainda G(x,y) = (xi,yi), onde
Xi = ax + by + p e yi = cx + dy + q. Portanto, (G o T){x,y) =
318 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

G(T(x,y)) = G{x + a , y (5) = (x2,y2), onde


X2 = o(x + a) + 6(y + yd) + p
= ax + hy p + a a b f i = X i a '
y2 = c(x + a) + d(y + j3) + g
= cx + dy + g + CO! + d/3 = yi + j3'.
Escrevendo v' = (a', P'), onde a ' = a a + b p e P' = c a + d P e chamando
de T ' a translação de vetor v', vê-se que { G o T ) { x , y ) = (xi -|- a', y i -f-
P') = T ' { x \ , y i ) = ( T ' o G ) { x , y ) . [Esta parte do exercício mostra que se
G é uma transformação afim do plano, com G { P ) = P i e G { Q ) = Q i ,
o vetor v' = P i Q i depende apenas do vetor v = P Q mas não dos
pontos P e Q . Noutras palavras, se os pontos A , B , C , D são levados
por G em A i , B i , G i e D i respectivamente e A B = G D então A i B i =
C l D l - Assim, a transformação afim G opera não somente sobre pontos
mas também sobre vetores, transformando o vetor v = A B no vetor
v' = AiBi. O leitor poderá verificar que a correspondência v ^ v'
assim definida é o que se chama uma “transformação linear”, isto é
( v -t- w ) ' — v' + w ' e ( a - v ) ' = a - v ' para quaisquer vetores v , w e todo
número real a.]
Se a transformação afim G for sobrejetiva, será também injetiva,
logo possuirá uma inversa G~^ que ainda é afim. Pelo que acabamos de
ver, dada a translação T existe uma translação S tal que G~^ o T~^ =
S o G~^. Tomando a inverso de ambos os membros desta equação e
escrevendo S~^ = T", vem T o G = G o T " .

32.8 Dado qualquer ponto P do plano, sua imagem F { P ) pertence à


reta r, logo F { F { P ) ) = F { P ) . Isto prova que F o F = F.

32.9 Sejam P , P ' tais que F { P ) = P e F ( P ' ) = P ' e sejam a , P


números reais com ol P = 1. Escrevendo a P -h P P ' = Q tem-se
F { Q ) = F { a P + p P ' ) = a F { P ) -t- P F { P ' ) = a P + p P ' = Q .

32.10 Seja X o conjunto dos pontos P do plano tais que F { P ) = P .


Pelo exercício anterior, juntamente com o exerc. 20.11, há três
possibilidades para o conjunto X : (ai) X = {A} reduz-se a um único
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 319

ponto A; (b) X = n é todo o plano; (c) X = r é uma reta. No caso (a),


para todo ponto P do plano, como F{F{P)) = F{P), tem-se F(P) =
A, portanto F é uma transformação constante. No caso (b), tem-
se F{P) = P para todo ponto P do plano, logo F é a transformação
identidade. No caso (c), a reta r é a imagem da transformação F. Seja
então r' a reta que une um ponto P qualquer fora de r à sua imagem
Pi = F (F ). Tem-se F (F i) = F (F (F )) = F (F ) logo, pelo que se viu
na pág. 169, cada reta s paralela a r' é transformada por F num único
ponto, o qual deve ser a interseção A = s O r pois F{A) = A. Conclui-
se então que, no caso (c), F é a projeção sobre a reta r, paralelamente
à reta r'.

Figura 3 2 .11

32.11 O objetivo deste exercício é provar que uma transformação


afim F que leva uma circunferência C noutra circunferência Ci é uma
semelhança. Seu enunciado praticamente contém a solução, salvo por
dois pontos que esclareceremos agora. Primeiro: a reta que une os
pontos médios de duas cordas paralelas é um diâmetro perpendicu­
lar a ambas essas cordas. Isto é verdadeiro porque o triângulo cujos
vértices são o centro da circunferência e as extremidades de uma corda
é isósceles, logo a mediana e a altura que partem do centro coincidem.
Assim, a reta que passa pelo centro e divide uma corda ao meio é per­
pendicular à mesma logo é perpendicular à outra corda (pois elas são
paralelas) e portanto a divide também ao meio. Segundo: se a trans­
formação afim F leva um par de diâmetros perpendiculares em C num
par de diâmetros perpendiculares em Ci então F é uma semelhança.
320 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

Com efeito, sejam r a razão entre o raio de Ci e o raio de C, O e Oi os


centros de C e C i, e O X , O Y raios perpendiculares em C, transforma­
dos por F nos raios O i X i , O i Y i perpendiculares em Ci. Ao longo dos
eixos O X e O Y , a transformação afim F multiplica as distâncias pelo
mesmo fator constante r, pois os raios O i X i e 0 { Y i têm ambos com­
primentos iguais a r vezes os comprimentos de O X e O Y . Portanto,
se O A, O B são os vetores unitários dos eixos O X , O Y enquanto f i e
/2 são os vetores unitários dos eixos OiXi, 0\Yi, temos 0 \ A i = r ■f\,
0 \ B \ = r- f 2, onde A i = F { A ) , B i = F { B ) . As coordenadas ( x , y ) de
cada ponto P do plano no sistema de eixos O X Y são definidas pela
relação O P = x • O A + y ■O B , ou seja, P = O + x O A + y O B . Como
F é afim, segue-se daí que

F(P) = F { 0 -F xÕA + yÕB)


—0 \ -f- xOiAi -f- yO\B\
= Oi + rx fi -1- r x f 2 .
Assim, as coordenadas de F{P) no sistema OiX{Yi são {rx, ry) se as
coordenadas de P no sistema O X Y são (x,y). Conclui-se daí que F
é uma semelhança.

33.1 Sejam F e G as projeções ortogonais sobre as retas r e s respec­


tivamente. F e G são transformações afins de posto um. Se r e s são
perpendiculares então F o G tem posto zero (é constante). Se r e s
são oblíquas então F o G tem r como imagem, logo seu posto é um.

33.2 Para transformações afins, “posto dois” é o mesmo que “in-


vertível”. Logo a composta de duas transformações afins de posto
dois tem também posto dois.

33.3 A composta T o R d a projeção R sobre a reta r com a translação


T de vetor paralelo a r é uma transformação afim de imagem r, logo
de posto um, a qual não tem pontos fixos portanto não pode ser uma
projeção.

33.4 Sejam r, s retas paralelas e T uma transformação afim de posto


dois. Se as retas ri = T(r) e si = T{s) não fossem paralelas, existiria
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 321

um ponto Pi = T{P) comum a ri e si, logo teríamos P E r e P E s,


um absurdo.

33.5 Para todo P, o ponto T{P) = 2F{P) — P é o simétrico de P


em relação a F{P) (vide Exemplo, pág. 103). Assim, T é a reflexão
oblíqua de eixo r, paralelamente à reta r'.

33.6 Resulta das deflnições que

(F o F )(P ) = F ( Í T ( P ) + i p ) = ÍP (T (P )) + Í P ( P )

= ^ 5 T (T (P )) + Í T ( P ) ) + i ( Í T ( P ) + l p )

= ÍT (P ) + Í P = F ( P ) ,

portanto F o F = F . De acordo com o exerc. 32.10, há três possibili­


dades:
(a) F é uma transformação constante. Então existe um ponto C tal
que \ T { P ) -\-^ P = C para todo ponto P . Isto significa que para todo
P , C é o ponto médio do segmento que liga P a T { P ) . Então T é a
simetria (rotaição de 180°) em torno de C.
322 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

(b) F é a transformação identidade. Neste caso, para todo ponto P


tem-se \ T { P ) -f \ P = P . Isto quer dizer que todo ponto P do plano
é o ponto médio do segmento que liga P a T { P ) . Então T { P ) = P
para todo P e T = Id.
(c) F é a projeção sobre uma reta r, paralelamente a uma reta r'. Se
tal é o caso, então a igualdade F (F ) = \ T { P ) + | F diz que, para todo
F, o ponto F (F ), interseção de r com a paralela a r' tirada por F, é
o ponto médio do segmento que liga F a T { P ) . Assim, T é a reflexão
oblíqua em torno de r, paralelamente a r'.

34.1 As equações procuradas são da forma x \ = ax + by + p, y i =


cx + dy + q, onde os coeficientes a, 6, c, d, p, q são determinados usando
as equações dapág. 175 que, neste caso, são: a + b + p = 2, c + d + q = 0,
a + 2b + p = 2, c + 2d + q = 2, p = 0, q = 3. Segue-se daí que a = 2,
6 = 0, c = —5, d = 2 , p = 0 e q = 3. As equações procuradas são
x i = 2x, y i = - 5 x + 2y + 3.

34.2 Basta impor que a transformação leve A e m A i , B e m B i e C


em C \. Como A B C D e A i B i C \ D i são paralelogramos, a condição de
levar D e m D \ é uma conseqüência. As equações procuradas são do
tipo Xi = ax + by + p, yi = cx + d y + q. Os coeficientes a, 6, c, d, p, q
são obtidos usando-se as equações da pág. 175 que, neste caso, são
p = 0, q = 0, b = —3, d = 1, 3a = —1,3c = 4. Portanto as equações
procuradas são Xi = —x / 3 — 3y, y \ = A x / 3 - ^ y .

37.1 Na solução do exerc. 32.11 viu-se que a corda que passa pelos
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 323

pontos médios de duas cordas paralelas numa circunferência é um


diâmetro. Logo os pontos médios de todas as cordas paralelas a uma
reta dada r estão sobre um mesmo diâmetro. Dadas a elipse E, de
equação 3? j j } ? = 1 e a reta r, seja ro a reta que é levada em r
pela transformação T(x, y) = (aa;, hy). A circunferência C, de equação
+ í/2 = 1, é levada por T na elipse E, as retas paralelas a tq são
levadas em paralelas a r, os pontos médios das cordas de C paralelas
a ro são levados por T nos pontos médios das cordas de E paralelas a
r e o diâmetro de C que passa por esses pontos médios é levado numa
corda de E que passa pelo centro dessa elipse.

37.2 Temos a transformação T { x , y ) = ( x i , y i ) , x i = a x , y i = bx.


Podemos supor que a equação da reta r tem a forma yi = Axi. Por­
tanto a equação da reta ro, levada em r por T , é by = \ a x , ou seja,
y = { \ a / b ) x . A reta que contém o diâmetro d' é a imagem por T da
reta perpendicular a ro pela origem. Pelo que acabamos de ver,
se a equação de d! é y i = \ ' x \ então a equação de r^ é y = { \ ' a / b ) x .
Mas, sendo rj perpendicular a ro, sua equação deve ser y = —{ b / X a ) x .
Portanto X ' a / b = —b / X a e daí AA' =

37.3 Com efeito, no contexto dos dois exercícios anteriores, os diâ­


metros d e d' são imagens por T de dois diâmetros perpendiculares da
circunferência C, cada um dos quais corta ao meio as cordas paralelas
ao outro. Como pontos médios e paralelismo são preservados pela
transformação afim T, segue-se que cada um dos diâmetros conjugados
d e d' divide ao meio as cordas paralelas ao outro.

37.4 Ligue esse ponto médio ao centro da elipse.


324 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

37.5 A transformação afim T, que leva a circunferência C na elipse


E, leva um ponto A q de C no ponto A, a tangente í a (7 no ponto
Ao na tangente à elipse no ponto A e o diâmetro paralelo a essa tan­
gente t (logo perpendicular ao diâmetro que passa por Aq) no diâmetro
conjugado a AA', o qual é portanto paralelo à tangente à elipse pelo
ponto A. Então, para traçar a tangente à elipse pelo ponto A, traça-
se primeiro o diâmetro conjugado a AA', pelo método do exercício
anterior e traça-se por A uma paralela a esse diâmetro.

37.6 Esse paralelogramo, que tem dois raios conjugados como vértices
consecutivos, é imagem por T do quadrado que tem como dois lados
consecutivos dois raios perpendiculares da circunferência =
1. A área desse quadrado é 1 e o determinante da matriz
associada à transformação T é ab. Segue-se do Teorema da seção 35
que a área desse paralelogramo é ab.
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 325

Figura 37.6

37.7 Novamente, isto resulta do Teorema da seção 35 pois tal parale-


logramo é a imagem por T do quadrado determinado pelas tangentes
a circunferência = 1. A área desse quadrado é 4 logo o para-
lelogramo tem área 4aò.

37.8 Sejam (x,y) e (—y,x) os extremos de raios perpendiculares


na circunferência = 1 que são levados pela transformação
T{x,y) = (ax,by) nos extremos (ax,by) e {—ay,bx) de raios conjuga­
dos da elipse. A soma dos quadrados dos comprimentos desses raios
326 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

conjugados é

(a x y + (by)^ + (ay)^ + (bx)^ = a^(x^ + + b^(x^ + y^)


= a^ + b \

37.9 A elipse E é a, imagem de uma circunferência F pela trans­


formação afim T. Seja T{A q) = A. Todo triângulo ABC, do qual A
é um vértice, inscrito na elipse E, é imagem por T de um triângulo
A qB qCq, de vértice Ao, inscrito na circunferência F. Mostremos pri­
meiro que, entre estes triângulos A oB qCq, o de maior área é o equilátero.
Para isto observemos que, entre todos os triângulos de base A qB q, ins­
critos em T, o de maior altura (e portanto de maior área) é aquele
A qB qCotal que AqCo = B qCo- Analogamente, entre todos os triângulos
A qB qCo de base AqCo inscritos em F, o de maior área é aquele em que
A qB q = B qCq. Conseqüentemente, entre todos os triângulos inscritos
em F com vértice Ao, o de maior área é aquele em que Aoi5o = AqCo =
B qCq, o u seja, o equilátero. Neste triângulo equilátero A qB qCq, o
diâmetro AqAq corta o lado B qCq num ponto Pq tal que d{Ao,Po) =
2 • d(Ao,Po)- Como a razão entre distâncias ao longo de uma reta
é preservada por uma transformação afim e como todas as figuras
planas Fq são levadas pela transformação T{x,y) = (ax,by) em figu­
ras F tais que área (F) /área (Fq) = <^b, conclui-se que o triângulo
equilátero A qB qCo, inscrito em F, é levado por T no triângulo de
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 327

vértice A, inscrito em E, com a maior área possível, que a base B C


desse triângulo é paralela ao diâmetro conjugado de AA!, que essa base
B C corta AA' num ponto P tal que d{A, P) = 2 - d{A\ P) e que a área
desse triângulo ABC, sendo ah vezes a área do triângulo equilátero
inscrito na circunferência de raio 1, não depende da escolha do vértice
A.

37.10 Os triângulos inscritos na elipse E, de equação x^/a^ +y^/6^ =


1, cujos baricentros coincidem com o centro (0,0) de E são imagens
de triângulos com baricentro (0,0), inscritos na circunferência P de
equação x^ + = 1, pela transformação T{x,y) = (ax,by). Ora,
um triângulo inscrito em P cujo baricentro é (0,0) tem suas medianas
passando pelo centro de P, logo tais medianas são alturas e o triângulo
é equilátero. Assim os triângulos inscritos em E com baricentro (0,0)
têm todos área igual a ab vezes a área do triângulo equilátero inscrito
na circunferência de raio 1.

37.11 A área do triângulo equilátero inscrito na circunferência de


raio 1 é igual a 3\/3/4. Portanto a imagem desse triângulo pela trans­
formação afim T{x,y) = (ax,by) tem área sVSab/A. Esta é a maior
área de um triângulo inscrito na elipse x^/a^ + y‘^/h'^ = 1.

37.12 Se as diagonais de um paralelogramo inscrito numa elipse são


diâmetros conjugados dessa elipse então o paralelogramo é imagem,
por uma transformação afim T, de um quadrilátero, inscrito na circun­
ferência, cujas diagonais são perpendiculares. Tal quadrilátero é um
quadrado, portanto possui a maior área dentre todos os quadriláteros
inscritos na circunferência x^ -|- = 1 Como área T{F) = |det T\ ■
área (F) para toda figura plana F, segue-se que o paralelogramo cu­
jas diagonais são diâmetros conjugados tem área máxima entre to­
dos os quadriláteros inscritos na elipse. Se a equação da elipse E é
x^/a^ + y^^/h"^ = 1 então a transformação T é dada por T{x,y) =
(ax, by) e detT = ab. A elipse E é imagem por T da circunferência
-f-y^ = 1, na qual um quadrado inscrito tem área 2. Logo a área do
paralelogramo que é imagem desse quadrado por T é igual a 2ab.
328 Soluções dos Exercícios da Terceira Parte

37.13 Se a elipse E não é uma circunferência, seja A B seu eixo maior.


Como não há outros dois pontos em E a uma distância igual a d{A, B),
para toda isometria T que leve a elipse em si mesma, deve-se ter
T{A) = A, T{B) = B on então T{A) = B e T{B) = A. Se T é uma
reflexão então no primeiro caso o eixo de reflexão é A B e, no segundo
caso, o eixo de reflexão é a mediatriz de AB, logo é o eixo menor da
elipse. Estes são portanto os únicos eixos de simetria de uma elipse
que não é uma circunferência.

37.14 Faça os planos II e IIi se intersectarem numa reta que contenha


os lados A B e AiBi dos triângulos dados, de tal modo que os pontos A
e Al coincidam e B esteja entre Ai e Bi (supondo, evidenteniênte, que
d{A,B) < d(Ai,Bi). Tome sobre o lado AiC\ um ponto C tal que
os segmentos B C e BiC\ sejam paralelos, logo os triângulos A B C e
A\BiCi são semelhantes. Seja r a reta C C . A projeção de II sobre
IIi paralelamente à reta r leva o triângulo A B C em A B C , que é
semelhante a AiBiC\.
Soluções dos Exercícios da Terceira Parte 329

F ig u ra 37.15

37.15 Seja C uma circunferência de centro O. Se as tangentes que


tocam C nos pontos A q e B q se encontram no ponto P q então os pontos
A q e B q são simétricos em relação à reta O P q. [Com efeito, a reflexão
de eixo O P q leva em si mesma as circunferências C e C , onde C tem
diâmetro O P q. Como C D C = {>lo,Po}) a imagem de A q por essa
reflexão só pode ser P q ] Logo O P q é a mediatriz do segmento A qB q.
Noutras palavras: a reta que liga P q ao ponto médio de A qB q passa
por O. Considerando a transformação afim que leva a circunferência
C na elipse dada, segue-se imediatamente a solução do exercício.

38.1 Se F não fosse afim, sua inversa F~^ também não seria (já que
P é a inversa de F~^). Neste caso, existiriam três pontos colineares
AiBiCi cujas imagens A = P “^(j4i ), B = F~^{Bi) e C = F~^{Ci)
seriam não-colineares, já que toda colineação é afim. Como Ai =
F{A), Bi = F{B) e Cl = F{C), a transformação F transformaria
pontos não colineares em pontos colineares, uma contradição.

38.2 Deixamos este exercício para que o leitor resolva por si só. A
estas alturas, ele já deve estar apto para isto e também cansado de ler
soluções escritas pela mesma pessoa.
O objetivo do Programa é estimular
a publicação e a distribuição de
livros-textos, obras de referência e
outras que contribuam diretamente
para a formação inicial e continuada
de professores.

Veja como funciona

O Programa será desenvolvido com


0 apoio do Comitê de Produtores da
Informação Educacional (Comped)
na re-produção dos materiais apro­
vados, segundo as seguintes
condições:

Terão preferência as editoras universitárias de Instituições de Ensino Superior manti­


das pelo setor público.
2) Não serão aceitas obras que se caracterizem como estudo de caso, dissertação ou
tese sem as devidas modificações para adequá-las ao público-alvo do Programa.
3) É permitida a co-edição das obras aprovadas com outras editoras.
4) As obras a serem encaminhadas ao Programa devem ser previamente selecionadas e
aprovadas pelos respectivos Conselhos Editoriais.
5) Só serão aceitas reedições de obras comprovadamente esgotadas há, no mínimo, dois
anos.
6) Não há limite de envio de propostas por editora ou por processo de seleção. Também
não há limite para o número de obras que podem ser contratadas para reprodução.
7) Cada volume de uma mesma obra é considerado como uma proposta independente.
8) Para cada reprodução apoiada, deverá ser enviada ao INEP uma cota de 1.000 exem­
plares, para distribuição às bibliotecas universitárias, às unidades acadêmicas, às edi­
toras participantes do Programa e, por solicitação, a outras instituições interessadas,
até esgotar a referida cota.
9) Para cada obra a ser reproduzida nos termos do Programa será elaborado instrumento
contratual específico, indicando todas as condições a serem seguidas pelas partes. A
Editora Universitária responsabilizar-se-á por todos os custos de edição da obra apoia­
da, além da prestação de contas e outras exigências que se fizerem necessárias.

Maiores informações e caiendário consuitar;


http://vAvv^r.inep.qov.br/comped/defauit.htm

E-maii: [email protected]

Endereço:
Secretaria Executiva do Comped
Centro de Informações e Biblioteca em Educação - CIBEC
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Térreo
Brasília - DF
CEP 7 00 47 -9 00
Teiefones: (61) 410-9052 ou 323-5510
ma y ^ Ug ^ a p W
Rua Aguiar Moreira, 386 - Bonsucesso
Tel.: (21) 3868-5802 Fax: (21) 270-9656
e-mail: [email protected]
Rio de Janeiro -RJ

Você também pode gostar