Iatf e Ia
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REVISTA CIENTÍFICA DO UBM, Barra Mansa, v. 23, n. 45, p. 79-97, dezembro/ 2021. ISSN 1516-4071
DOI: https://doi.org/10.52397/rcubm.v23i45.1039
SILVA, M. A. N.; MELLO, M. R. B.; PALHANO, H. B. Inseminação artificial e inseminação artificial em tempo fixo
em bovinos. R. Científica UBM - Barra Mansa (RJ), ano XXVI, v. 23, n. 45, 2 . Sem. 2021 p. 79-97
ISSN 1516-4071
RESUMO
A presente revisão aborda aspectos históricos do uso da inseminação artificial (IA) como o
início de uma nova era nas biotécnicas reprodutivas. No decorrer desta revisão, procurou-se
relatar a evolução da IA no sentido de melhorar essa ferramenta de manejo reprodutivo com o
advento da inseminação artificial em tempo fixo (IATF). São apresentadas as vantagens do uso
dessas biotécnicas no manejo reprodutivo em bovinos de leite e corte, assim como algumas
limitações, os ganhos em produtividade de leite e carne, a otimização do trabalho, ganhos
genéticos e a contribuição sanitária no que diz respeito à prevenção de doenças da reprodução
e daquelas que interferem na reprodução. Diante dos trabalhos apresentados, pode-se concluir
que tanto a IA convencional como a IATF constituem ferramentas de manejo reprodutivo que
ganham espaço crescente na bovinocultura por proporcionarem ganhos econômicos viáveis
além possibilitar uma grande contribuição para organização e planejamento da atividade
pecuária.
RESUMEN
Esta revisión aborda los aspectos históricos del uso de la inseminación artificial (IA) como el
comienzo de una nueva era en las biotecnologías reproductivas. Durante esta revisión,
buscamos informar la evolución de la IA para mejorar esta herramienta de manejo reproductivo
con el advenimiento de la inseminación artificial de tiempo fijo (FTAI). Se presentan las
ventajas de utilizar estas biotecnologías en el manejo reproductivo del ganado lechero y de
carne, así como algunas limitaciones, las ganancias en la productividad de la leche y la carne,
la optimización del trabajo, las ganancias genéticas y el aporte a la salud en cuanto a la
prevención de enfermedades de la reproducción y las que interfieren con la reproducción. A la
vista de los trabajos presentados, se puede concluir que tanto la IA convencional como el IATF
son herramientas de manejo reproductivo que están ganando cada vez más espacio en la
ganadería ya que brindan ganancias económicas viables, además de hacer un gran aporte a la
organización y planificación de la ganadería.
ABSTRACT
The present review addresses historical aspects about artificial insemination (AI) as the
beginning of a new era in reproductive biotechniques. In the course of this review, we attempted
to report the evolution of AI in order to improve this reproductive management tool with the
advent of timed artificial insemination (TAI). The advantages of the use of these biotechniques
in the reproductive management of dairy and beef cattle, as well as some limitations, gains in
milk and meat productivity, work optimization, genetic gains and the health contribution with
respect to the prevention of reproductive disorders and those that interfere with reproduction.
In view of the presented works, it is possible to conclude that both conventional AI and TAI
are reproductive management tools that gain increasing space in cattle breeding because they
provide viable economic gains besides making a great contribution to the organization and
planning of the livestock activity.
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ISSN 1516-4071
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, sendo essa produção uma das
principais atividades que movimentam a economia brasileira. De acordo com o levantamento
feito pelo IBGE (2016), o Brasil possuía um rebanho de 218,23 milhões de cabeças, atingindo
a marca recorde no país. Novos levantamentos, realizados pelo IBGE em 2019, mostraram que
no 1º trimestre do mesmo ano foram abatidas 7,72 milhões de cabeças de bovinos sob algum
tipo de serviço de inspeção sanitária e, também no 1° trimestre de 2018, a aquisição de leite
cru, feita pelos estabelecimentos que atuam sob algum tipo de inspeção sanitária (federal,
estadual ou municipal) atingiu 6 bilhões de litros, primeiro aumento depois de três anos de
quedas consecutivas entre os primeiros trimestres.
Nesse contexto, a reprodução é um aspecto de grande relevância no conjunto de
atividades da pecuária, seja ela norteada para produção de leite ou corte, sendo um fator que
influencia, de forma direta e significativa, na lucratividade e nos indicadores de produção.
Indicadores de eficiência reprodutiva aquém daqueles necessários para maximizar a
produtividade estão relacionados a um aumento do período de anestro com consequente
aumento do período de serviço e intervalo de partos (IP) devido ao manejo reprodutivo,
nutricional e sanitário incorretos. Prolongado período de anestro em vacas de corte é uma das
principais causas de perdas econômicas para os pecuaristas, por atrasar a concepção e/ou levar
ao descarte por falha reprodutiva (MENEGHETTI; VASCONCELOS, 2008).
Segundo Palhano (2008), os principais prejuízos causados por um longo intervalo de
partos são expressos por queda na produção de leite e diminuição do número de crias ao longo
da vida produtiva da fêmea bovina. Portanto, para se obter um bom desempenho reprodutivo e,
como consequência, um bom desempenho produtivo, deve-se atentar a todas as limitações
existentes, na esfera reprodutiva, que possam prejudicar a taxa de prenhez, seja em pecuária de
leite como de corte.
Dentre as limitações que impactam negativamente na performance reprodutiva, deve-se
levar em consideração a relevância dos aspectos nutricionais e sanitários em que doenças da
reprodução como brucelose, campilobacteriose e tricomonose genital bovina, assim como
aquelas que interferem na reprodução, como leptospirose, rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR)
e diarreia viral bovina (BVD) que são responsáveis por grandes perdas reprodutivas por
abortamento, absorção embrionária e repetição de cios impactando direta e negativamente na
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2 DESENVOLVIMENTO
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detalhes as diversas fases do método de inseminação artificial na espécie, e ressaltou seu valor
econômico.
Dentro desses avanços e melhorias, pode-se citar a combinação da IA com outras
biotécnicas como, sincronização do cio e da ovulação, superovulação, transferência de embrião,
entre outras. Ao longo dos anos,essa técnica tem se tornado uma importante ferramenta para
diversos segmentos da pecuária nacional e tem apresentado tendência de crescimento de forma
acelarada. As melhorias e mudanças no seu perfil se devem à necessidade de atender aos
padrões internacionais e às exigências de consumidores nacionais (GORDO, 2011).
Nos dias atuais, o espaço para criação extensiva de bovinos tem sofrido concorrência
com a agricultura e com a legislação de preservação dos variados biomas nacionais. Com a
diminuição da disponibilidade de terras para o exercício da atividade, é necessário o aumento
de produtividade, que se caracteriza por maior produção de carne por hectare, abate mais
precoce, melhor rendimento de carcaça, maior número de crias por fêmea, e maior produção de
leite por lactação, para acompanhar a grande demanda do mercado (GRILLO et al., 2015).
Contextualizando a IA e a IATF, mesmo com todo o crescimento, ainda se tem muito
caminho a percorrer, pois de acordo com dados da Associação Brasileira de Inseminação
Artificial (ASBIA, 2019), o Brasil insemina apenas 12% das fêmeas de corte aptas à reprodução
e a estimativa para o ano de 2020 era chegar aos 20% de fêmeas inseminadas, assim, com o
passar dos anos, é necessário o avanço das biotécnicas da reprodução como ferramentas do
manejo reprodutivo, de forma a aumentar a produtividade e atender às demandas cada vez mais
crescentes do Brasil e do mundo.
Com relação à Inseminação Artificial em Tempo fixo, foi somente na década de 90,
mais precisamente em 1995, que Pursley et al. (Universidade de Wisconsin, EUA)
apresentaram os resultados de trabalhos desenvolvidos com IATF para otimizar a reprodução
em fêmeas bovinas leiteiras. Para essa finalidade, foi elaborado um protocolo de manipulação
hormonal para sincronização da ovulação envolvendo o hormônio liberador das gonadotrofinas
(GnRH) e a prostaglandina (PGF2alfa), formando ambos, a base do primeiro protocolo para
IATF, sendo denominado “OvSynch” sendo o primeiro protocolo que possibilitou o uso da
IATF com satisfatória taxa de prenhez (PURSLEY et al., 1995).
A motivação para sua criação surgiu do desejo de sincronizar o momento da ovulação
de bovinos utilizando GnRH e PGF2alfa, visto que até então as sincronizações eram realizadas
apenas com o uso de PGF2alfa. O emprego apenas da prostaglandina apresenta várias
limitações: i) o estro não é sincronizado com tanta precisão (variação de 2 a 6 dias) pois os
animais podem estar em diferentes momentos do ciclo estral; ii) esse método não dispensa a
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necessidade de observação de cio; iii) exige que os animais estejam ciclando (presença de corpo
lúteo). Ficando evidente desta forma, que a utilização de PGF2alfa de forma isolada não
apresenta resultados satisfatórios obtendo superioridade em resultados somente quando
comparada a sistemas que utilizam apenas detecção de cio diariamente (MAGALHÃES, 2013).
A evolução das pesquisas em sincronização de estro e inseminação em tempo fixo
avançam rapidamente e vêm sendo conduzidas em duas direções principais: o método que
compreende a utilização de agentes luteolíticos antecipando a regressão do corpo lúteo
encurtando o ciclo, e o processo de alongamento da fase lútea pela administração de
progesterona ou progestágenos (RODRIGUES et al., 2014; SILVA JR et al., 2014;
MONTEIRO Jr. et al., 2015; SILVA et al., 2015; PUGLIESI et al., 2016; YAN et al., 2016;
LOIOLA et al., 2018; CARVALHO et al., 2019).
Outro ponto marcante no desenvolvimento das pesquisas com IATF em gado de corte
está relacionado ao uso da gonadotrofina coriônica equina (eCG) na composição dos protocolos
para a sincronização da ovulação. Estudos relacionados apontam para ganhos significativos em
taxa de prenhez na estação de monta de fêmeas zebuínas, sobretudo quando estão em anestro,
demonstrando assim a sua viabilidade econômica frente a eficiência reprodutiva proporcionada
(SÁ FILHO et al., 2010; SALES et al., 2011; MELLO et al., 2013; MELLO et al., 2014)
Pesquisas na área de fisiologia reprodutiva têm melhorado e refinado os sistemas de IA
e de sincronização da ovulação tornando-os mais baratos e eficientes. Hoje, em função de várias
pesquisas, existem diversos protocolos envolvendo diferentes associações de hormônios e de
manejo que podem ser empregados nos programas de IATF (ALVAREZ, 2008; FURTADO,
2011; MELLO et al., 2014).
Há ainda a possibilidade de associar a IATF com outras ferramentas como os
marcadores moleculares, que a partir da análise do DNA permite identificar os animais
propensos a maior ganho de peso, fertilidade, resistência a doenças etc (GORDO, 2011).
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Em rebanhos Bos taurus indicus, este comprometimento se torna maior, pois esses
animais apresentam particularidades no seu comportamento reprodutivo que se caracteriza por
cio de curta duração sendo a maior parte desta manifestação durante a noite. Como no Brasil,
as fêmeas em reprodução possuem 80% de sangue zebu, criadas, em sua maioria, a pasto,
ocorrem significativos comprometimentos na taxa de detecção de cio e na eficiência dos
programas de inseminação artificial convencional (BARUSELLI et al., 2004).
Outro aspecto bastante importante, principalmente em gado de corte, é o anestro pós-
parto, seja pela perda no escore de condição corporal (ECC) em função de fatores nutricionais,
como pelo efeito da mamada observado em zebuínos. Estudos realizados por Whisnant et al.
(1986), Vasconcelos et al. (2009) e Oliveira et al. (2010), relatam o efeito negativo da mamada
sobre o ciclo estral de vacas de corte, determinando anestro pós-parto em função da inibição da
secreção de GnRH por opioides endógenos (encefalinas, endorfinas, dinorfinas) e pela leptina,
o que limita o uso da inseminação artificial convencional com observações diárias de cio.
O anestro pós-parto e as falhas na detecção de cio no início da estação de monta em
rebanhos comerciais de corte são assim, fatores que contribuem para o prolongamento do
período de serviço (MENEGHETTI; VASCONCELOS, 2008; VASCONCELOS et al., 2009),
determinando um baixo desempenho reprodutivo dos rebanhos e baixa taxa de desfrute dos
mesmos (FERREIRA et al., 2012).
vaca gestante. Logo, a ocorrência de falha, em qualquer uma dessas variáveis, proporciona um
resultado menor que o esperado.
Visando à melhoria da relação custo/benefício dos programas de IATF, alguns
dispositivos de progesterona permitem sua reutilização, configurando-se como uma alternativa
interessante para redução de custos dos protocolos que utilizam esses dispositivos (ALMEIDA
et al., 2006; CARVALHO et al., 2019).
Outra vantagem da IATF é a possibilidade de inseminar muitos animais em um mesmo
dia, permitindo a obtenção de um grande número de animais gestantes nos primeiros 10 dias da
estação de monta em gado de corte e, como exemplo, cita-se o tempo médio gasto para
inseminar uma vaca e esse tempo permite calcular a possibilidade de inseminar 180 animais em
6 horas, contudo, deve-se levar em conta a habilidade do inseminador além de seu cansaço
físico (INFORZATO et al., 2008).
Diante do exposto, nota-se que a IATF apresenta inúmeras vantagens sobre a IA
convencional, como por exemplo, aumento da taxa de serviço, concentração do trabalho em
dias pré-determinados, possibilidade de planejamento de partos e da estação de monta
subsequente, concentração e planejamento da desmama de bezerros, planejamento na reposição
de matrizes, aumento da produção em bovinos de leite, diminuição do desperdício de sêmen,
material e mão de obra, alta taxa de prenhez no início da estação de monta melhorando a
distribuição da prenhez em gado de corte, diminuição do descarte e custo de reposição das
matrizes do rebanho, potencialização da viabilidade de uso da IA, entre outras.
A escolha entre IATF e a IA convencional (com observação de cios), depende das taxas
de prenhez e da eficiência na detecção de cio (recomenda-se IATF em propriedades em que a
taxa de detecção de cio seja inferior a 50%) e para que seu uso seja efetivamente viável é
necessário a avaliação do custo/benefício ao escolher um protocolo de IATF.
A escolha do melhor protocolo depende de uma avaliação técnica das condições dos
animais que serão inseminados. Se bem aplicada, a IATF traz como principal resultado o
aumento da taxa de desfrute, ou seja, o aumento da produtividade (PALHANO et al., 2011;
FURTADO et al., 2011; GORDO, 2011; FERREIRA, 2012; NOGUEIRA, 2017)
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esse rebanho apresente tolerância às condições do ambiente tropical, sendo necessária a busca
de metas associadas ao aumento da eficiência reprodutiva e à elevação dos índices de produção.
Inforzato et al. (2008) concordam com os autores acima citados quando dizem que,
independente do sistema de criação, vacas de corte têm sérios problemas em relação à eficiência
reprodutiva, e que esse é um dos principais fatores de influência no sucesso econômico da
atividade. Nesse cenário, a utilização das biotécnicas da reprodução, como a IATF, promove
melhoras na produtividade do rebanho nacional, e consequente aumento na possibilidade de se
atingir as demandas impostas pelo mercado (CUNHA, 2011).
Assim, a inseminação artificial se tornou uma das principais biotécnicas reprodutivas
com impacto econômico na produção de bovinos, possibilitando o melhoramento genético do
plantel, através de cruzamentos industriais em regiões tropicais, aumentando a produção de
carne por hectare (FURTADO et al., 2011).
Dias et al. (2016) verificaram que houve desempenho superior do grupo F1 de bezerros
oriundos de cruzamento industrial entre as raças Nelore e Aberdeen Angus, por meio de
inseminação artificial, e esses bezerros obtiveram diferenças significativas no peso ao nascer,
peso ajustado aos 205 dias, peso ao desmame e ganho de peso diário quando comparados a
bezerros exclusivamente da raça Nelore, demonstrando que existem mais vantagens na
utilização de tecnologias que permitem o cruzamento industrial, como a IA ou IATF.
Por meio do melhoramento genético- proporcionado pela técnica de inseminação,
baseado na seleção de indivíduos com características que se deseja obter no rebanho de corte,
como, maior desenvolvimento ponderal, rendimento de carcaça, melhor conversão alimentar e
precocidade sexual- pode-se alcançar aumento de produtividade (INFORZATO et al., 2008).
Ainda no campo de melhoramento genético, Nogueira (2017) cita o critério de seleção na
velocidade de crescimento em determinadas idades como sendo um critério utilizado no intuito
de obter animais precoces, o que é muito desejado na bovinocultura de corte ao proporcionar
diminuição do tempo de permanência dos animais no rebanho, favorecendo a lucratividade do
sistema, através de um retorno mais ágil do capital investido.
Em relação ao estro, sabe-se que em rebanhos brasileiros, principalmente naqueles
destinados à produção de carne, há predominância de animais Bos taurus indicus. Segundo
Baruselli et al. (2004), a maioria das fêmeas em reprodução possui 80% de sangue zebu criadas
em sua maioria, a pasto, e o estro desses animais é mais curto em relação aos animais Bos taurus
taurus, o que dificulta a detecção de estro, principalmente se esses animas forem criados em
regime extensivo, como acontece na maioria dos rebanhos de corte brasileiros e a maior parte
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desta manifestação ocorre durante a noite, o que prejudica ainda mais a detecção eficiente do
estro.
Outra questão a ser levada em consideração na implantação da IA ou IATF, consiste na
condição corporal das fêmeas contextualizadas nos programas, visto que a deficiência
nutricional pode impactar negativamente na taxa de prenhez como demonstrado por Ferreira et
al. (2013), ao avaliarem o impacto da condição corporal sobre a taxa de prenhez de vacas da
raça Nelore, sob regime de pasto em programa de inseminação artificial em tempo fixo. No
estudo em questão, os autores concluíram que as fêmeas de pior condição corporal (ECC ≤
2,5), apresentaram menor taxa de prenhez quando comparadas aquelas de melhor condição
(ECC ≥ 3) quando submetidas a um programa de IATF.
Uma outra técnica, avaliada por Souza et al. (2015), foi o desmame temporário por 48
horas, aliado ou não a protocolos de IATF, como uma ferramenta de manejo reprodutivo ao
proporcionar melhoras na taxa de prenhez quando o manejo permite a sua implantação.
No que diz respeito às fêmeas primíparas, categoria com menores taxas de prenhez, na
estação de monta, em rebanhos sob manejo extensivo, Cunha (2011) conclui que a utilização
de inseminação artificial em tempo fixo- no início da estação de monta, em vacas primíparas
lactantes de corte, em diferentes fases de desenvolvimento folicular -foi efetiva na melhoria de
taxas ovulatórias e gestacionais, gerando redução de anestro pós-parto, período de serviço e
intervalo pós-parto, quando comparadas à animais submetidos apenas à monta natural.
Nogueira (2017) relata que os valores fenotípicos e genéticos, estudados em seu trabalho,
apresentaram-se superiores no grupo de animais obtidos por meio de IATF, garantindo retorno
econômico da atividade.
Uma outra opção de manejo, relacionada à IATF, que vem crescendo muito em gado de
corte é a ressincronização (ressinc). Esta técnica consiste no emprego do protocolo de IATF,
associado ao diagnóstico precoce de gestação e à subsequente ressincronização das fêmeas
vazias, ou seja, é a repetição do protocolo de IATF nas fêmeas que não emprenharam na
primeira IATF (SÁ FILHO et al., 2014). Dentre as vantagens da ressincronização, estão a
maximização do número de fêmeas gestantes de inseminação no início da estação de monta e a
possibilidade de reduzir o número de reprodutores necessários ao repasse após a
ressincronização.
Atualmente, existem três modelos de ressincronização: i) ressinc tradicional (D30) no
qual, o diagnóstico de gestação é realizado com ultrassom modo B, 30 dias pós-inseminação, e
nas fêmeas vazias inicia-se um novo protocolo de IATF; ii) ressinc precoce (D22) no qual, no
22º dia pós-inseminação (antes do diagnóstico de gestação com ultrassom modo B), inicia-se
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novo protocolo de IATF em todas as fêmeas mas no 30º dia pós-IA, apenas as fêmeas
diagnósticadas como vazias pelo ultrassom receberão prostaglandina e serão inseminadas; iii)
ressinc superprecoce (D14) no qual, 14 dias pós-inseminação, inicia-se novo protocolo de IATF
e no 22º dia pós-IA, com auxílio da ultrassonografia Doppler e diagnóstico de gestação via
perfusão vascular do corpo lúteo, somente as fêmeas vazias seguem no tratamento e são
inseminadas. Como exemplo do sucesso da ressincronização em gado de corte, Marques et al.
(2015) obtiveram taxa de prenhez geral por IATF de 81% (1985/2464) em fêmeas Nelores aos
40 dias de estação de monta, sendo 85% (770/903) nas novilhas, 76% (257/338) nas primíparas
e 78% (958/1223) nas multíparas. No estudo destes autores, a concepção geral à primeira IATF
foi de 55% (1367/2464) e a segunda IATF (ressinc) foi realizada após diagnóstico gestacional
ultrassonográfico (30 dias pós IATF) com taxa de concepção de 56% (618/1097).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, diversos estudos avaliam protocolos para realização da IATF os quais
permitem o controle do desenvolvimento folicular e da ovulação em bovinos de corte,
auxiliando no aumento da eficiência reprodutiva dos animais. A IA convencional também
possui o seu espaço como ferramenta de manejo reprodutivo, principalmente no contexto da
IATF, como parte dessa biotécnica ou como repasse, de acordo com o planejamento e decisão
do técnico inserido na assistência aos mais variados modelos de exploração pecuária e suas
diretrizes de manejo reprodutivo.
Nesse contexto de manejo reprodutivo, tanto a IA convencional como a IATF
representam ferramentas em que o planejamento e avaliação dos resultados devem estar
norteados por uma organização técnica eficiente na seleção dos animais; decisão de qual técnica
e em que momento utilizá-la, aplicação correta de hormônios, escolha do protocolo a ser
utilizado, sêmen, descongelamento do sêmen, manejo geral do rebanho e capacitação de
recursos humanos envolvidos com todo o processo. Vale ressaltar a importância do produtor
dispor de pastagens de boa qualidade, fornecer sal mineral e água de boa qualidade e à vontade,
e o imprescindível planejamento, execução e monitoramento sanitário para que o rebanho
responda de forma eficiente à biotécnica utilizada. Em função da baixa utilização da IA
convencional e da IATF, quando se analisa o total do rebanho bovino brasileiro, a assistência
técnica qualificada possui um papel preponderante para a expansão do uso das mesmas e
consequentemente para o aumento de produtividade por meio do melhoramento genético em
bovinocultura de leite e corte.
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