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57 – 101, Jul-Dez, 2018

A TRIBUTAÇÃO DO PIS/PASEP E DA COFINS SOBRE OS


COMBUSTÍVEIS: UMA ANÁLISE DOS COEFICIENTES DE REDUÇÃO DE
ALÍQUOTA À LUZ DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
TRIBUTÁRIOS DA LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE

THE PIS/PASEP AND COFINS TAXATION ON FUELS:


AN ANALYSIS OF THE TAX RATES COEFFICIENTS OF REDUCTION IN
THE LIGHT OF THE CONSTITUTIONAL PRINCIPLES OF
TAX LEGALITY AND YEARLY ANTERIORITY

Luiz Felipe Monteiro Seixas*

Távisson Oliveira Fernandes**

RESUMO: No presente trabalho nos propusemos a estudar os coeficientes de redução de


alíquota, instituto previsto no regime especial de apuração e pagamento do PIS/PASEP e da
COFINS incidentes sobre combustíveis. O artigo objetiva analisar a natureza jurídica dos
coeficientes de redução de alíquota, sua observância e conformidade (ou não) aos princípios
constitucionais tributários da legalidade e da anterioridade, aferir se o Decreto n.º 9.101/17
viola diretamente a Constituição Federal ou se consiste em violação reflexa e discorrer acerca
dos dispositivos legais que amparam a instituição dos coeficientes de redução de alíquota. Para
abordagem do assunto, utilizamos do método dedutivo, quanto ao procedimento, adotamos o
método tipológico, por fim, quanto à técnica de trabalho, encontramos amparo na
documentação indireta. Concluímos que os coeficientes de redução de alíquota consistem em
modalidade de incentivo fiscal, enquanto tratamento diferenciado de natureza tributária,
instituto inserido dentro do gênero normas tributárias indutoras. Inferimos, ainda, que a
majoração indireta de tributos, por meio da redução/extinção dos coeficientes de redução de

Artigo recebido em 19 de outubro de 2018.


Artigo aceito em 15 de janeiro de 2019.
*
Doutor (UFPE) e Mestre (UFRN) em Direito. Professor Adjunto da Universidade Federal Rural
do Semi-Árido – UFERSA. Líder do Grupo de Pesquisa “Direito, Economia e Mercados” –
DIREM. Consultor jurídico. E-mail: [email protected]
**
Graduado em Direito pela Universidade Federal do Semi-Árido – UFERSA. Membro do Grupo
de Pesquisa em “Direito, Economia e Mercados” – DIREM. Advogado. E-
mail: tavissonkrt@hotmail

ISSN: 1980-1995
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alíquota, ocorrida com a edição do Decreto n.º 9.101/17, viola a ordem jurídica tributária,
porquanto contrária aos propósitos consagrados pela Constituição Federal de 1988,
notadamente aos princípios constitucionais tributários da legalidade e da anterioridade.
Palavras-chave: Coeficientes de redução de alíquota. Legalidade tributária. Anterioridade
tributária.

ABSTRACT: In the presente work we proposed to study the reduction coefficients of tax rate,
legal institute provided by the special arrangements for apuration and payment of PIS/PASEP
and also of COFINS on fuels. The purpose of this paper is to analyze the legal nature of the
reduction coefficients of tax rate, your observance and conformity (or not) to the tax
constitutional principles of legality and anteriority, measure if the Decree n.º 9.101/17 directly
infringes the Federal Constitution or if that consists in a reflexive violation and describe the legal
provisions that support the institution of the reduction coefficients of tax rate. For the approach
this issue, we use the deductive method, about the procedure, we adopt the typological
method, and finally, about the technical of work, we found support in the indirect
documentation. We conclude the reduction coefficients of tax rate are a tax incentive modality,
as a differential treatment of a tax nature, institute inserted into the inductive tax rules gender.
We also infer the indirect increase of taxes, by the reduction or extinction of the reduction
coefficients of tax rate, occurred with the edition of the Decree n.º 9.101/17, infringes the tax
legal order, because that is contrary to the tax constitutional principles of legality and
anteriority.
Keywords: Reduction coefficients of tax rate. Tax legality. Tax early anteriority.

SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO; 2. A TRIBUTAÇÃO DO PIS/PASEP E


DA COFINS SOBRE OS COMBUSTÍVEIS; 3. EXAME DOS
COEFICIENTES DE REDUÇÃO DE ALÍQUOTA À LUZ DOS
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS DA LEGALIDADE E
DA ANTERIORIDADE; 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS; 6.
REFERÊNCIAS

1. INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 prevê, em seu artigo 195, que a seguridade

social será financiada por toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos
entes federados, bem como por meio das contribuições sociais oriundas do

exercício do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, do


trabalhador e demais segurados da previdência social, da receita de concursos de

prognósticos, bem como do importador, ou indivíduo a ele equiparado.

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Com o advento das Leis Complementares n.º 07/1970, n.º 08/1970 e n.º

70/1991, instituiu-se, respectivamente, o Programa de Integração Social (PIS), o


Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) e a

Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS).


Conforme estabelecido na Lei Complementar n.º 07/1970, o Programa de

Integração Social (PIS) se destina a “promover a integração do empregado na


vida e desenvolvimento das empresas”, por meio de contribuição devida pela

pessoa jurídica de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela lei que rege
o imposto de renda.

Quanto ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público


(PASEP), sua contribuição é devida por parte dos entes federados e das pessoas

jurídicas de Direito Público a eles subordinadas, isto é, suas autarquias, empresas


públicas, sociedades de economia mista e fundações.

Em seu artigo 239, caput, a Constituição Federal tratou de delimitar a


destinação do produto arrecadado pelo Programa de Integração Social e pelo

Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, instituindo que estes


financiarão o programa de seguro-desemprego e o abono salarial previsto

também no artigo 239, em seu parágrafo terceiro1. Impende destacar que os


referidos programas foram unificados sob a denominação de PIS/PASEP em julho

de 1976, por meio da Lei Complementar n.º 26/75.

1
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 239. A arrecadação decorrente das
contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de
setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado
pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta
Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego e o
abono de que trata o § 3º deste artigo. [...] § 3º Aos empregados que percebam de empregadores
que contribuem para o Programa de Integração Social ou para o Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público, até dois salários mínimos de remuneração mensal, é assegurado
o pagamento de um salário mínimo anual, computado neste valor o rendimento das contas
individuais, no caso daqueles que já participavam dos referidos programas, até a data da
promulgação desta Constituição.

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A Lei n.º 10.637/02, promulgada no ano de 2002, tratou de definir aspectos

elementares da cobrança do PIS/PASEP. Inicialmente, estabeleceu-se que a


contribuição em questão incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela

pessoa jurídica, independentemente de denominação ou classificação contábil –


este total de receitas corresponde, na verdade, ao conceito de renda bruta

definido no artigo 12 do Decreto-Lei n.º 1.598/19772. Estabeleceu-se, ainda,


como base de cálculo da contribuição, o valor total das rendas auferidas no mês

pela pessoa jurídica, sobre a qual incidirá alíquota de 1,65%, à exceção de casos
particulares que terão suas alíquotas regulamentadas em legislações específicas,

conforme se depreende da leitura dos parágrafos do artigo 2º da Lei n.º


10.637/02.

Por fim, no que diz respeito a Contribuição para Financiamento da


Seguridade Social (COFINS), a Lei Complementar n.º 70/1991 estabelece sua

contribuição por parte de pessoas jurídicas de Direito Privado, inclusive as


equiparadas, para custeio das despesas de atividades-fins das áreas da saúde,

previdência e assistência social.


De forma semelhante ao que fora estabelecido para a cobrança do

PIS/PASEP, a Lei n.º 10.833/2003 definiu que a COFINS incide sobre o total das
receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de

denominação ou classificação contábil, e que este valor constitui a base de


cálculo, sobre o qual incidirá a alíquota de 7,6%, para a tributação, à exceção da

receita auferida por determinados produtores ou importadores, disciplinados em


legislação própria (art. 2º, § 1º e seguintes, da Lei n.º 10.833/03).

2
Decreto-Lei n.º 1.598/1977. Art. 12. A receita bruta compreende: I – o produto da venda de bens
nas operações de conta própria; II – o preço da prestação de serviços em geral; III – o resultado
auferido nas operações de conta alheia; e IV – as receitas da atividade ou objeto principal da
pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III.

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Destarte, a Lei n.º 9.718/98, com alterações realizadas pela Lei n.º

10.865/20, fixou alíquotas ad valorem, devidas por produtores e importadores, a


partir de números percentuais incidentes sobre a receita bruta decorrente da

venda de álcool, gasolina (exceto de avião), óleo diesel, gás liquefeito de petróleo
– GLP e querosene de aviação, para apuração da contribuição do PIS/PASEP e

COFINS.
A Lei n.º 9.718/98, em seu artigo 5º, §4º, e a Lei n.º 10.865/04, em seu artigo

23, preveem, ainda, a existência de um regime especial de apuração e pagamento


da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS por meio do qual os montantes de

contribuição, devidos por produtores e importadores, são obtidos a partir da


fixação de um valor, em reais, por metro cúbico de cada um dos combustíveis

acima citados.
Ocorre que as Leis n.º 9.718/98 (artigo 5º, §8º) e n.º 10.865/2004 (artigo

23, §5º) atribuíram ao Poder Executivo a possibilidade de instituir coeficientes de


redução das alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a receita

auferida na venda dos já citados combustíveis, quando os


produtores/importadores optarem pelo regime especial de apuração e

pagamento.
Utilizando da faculdade conferida pelas supracitadas leis, o então

Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva expediu os Decretos 5.059 e


6.573, respectivamente, nos anos de 2004 e 2008, fixando coeficientes de redução

de alíquota incidentes sobre a importação e comercialização de gasolina, óleo


diesel, gás liquefeito (GLP), querosene de avião e venda de álcool3, o que implicou

3
Cumpre esclarecer que, posteriormente, o Decreto n.º 7.997/2013, alterando o Decreto
6.573/2008, distinguiu os coeficientes de redução aplicáveis aos produtores e importadores,
daqueles aplicáveis aos distribuidores.

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em uma redução imediata no preço pago pelo consumidor final de tais

combustíveis.
Ressalte-se, por oportuno, que, no mesmo sentido, a Lei n.º 11.116/05,

regulamentada pelo Decreto n.º 5.297/2004, concede ao Poder Executivo Federal


autorização para fixar coeficientes de redução das alíquotas incidentes na

produção e na comercialização de biodiesel. Todavia, em função do recorte


metodológico adotado, nos aprofundaremos tão somente no estudo da

tributação do PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre os demais combustíveis.


Em julho de 2017, o atual Presidente da República Michel Temer expediu

o Decreto n.º 9.101/2017, com entrada em vigor na data de sua publicação, que
minorou os coeficientes de redução fixados pelos Decretos n.º 5.059/2004 e n.º

6.573/2008, elevando as alíquotas incidentes sobre a importação e


comercialização de gasolina e óleo diesel, e sobre a receita bruta auferida na

venda de álcool.
Tal situação ensejou a propositura de algumas ações judiciais pelo país

questionando a constitucionalidade do Decreto n.º 9.101/17, em razão de


suposta ofensa aos princípios constitucionais tributários da legalidade e da

anterioridade nonagesimal, entre outros, a exemplo da Ação Popular n.º


1007839-83.2017.4.01.3400, em trâmite perante o Tribunal Regional Federal da

1ª Região, e da Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 5.748, proposta no


Supremo Tribunal Federal pelo Partido dos Trabalhadores.

Tendo em vista o entendimento pacificado no âmbito do Supremo


Tribunal Federal, partimos do pressuposto de que os princípios instituídos pela

Constituição Federal de 1988 constituem garantias fundamentais do contribuinte,


traduzindo-se em limitações ao poder estatal de imposição de gravame sobre o

cidadão.

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No caso em apreço, as ações propostas pelo país questionando a

constitucionalidade do Decreto n.º 9.101/17 se apoiam em possíveis violações


aos princípios constitucionais tributários da legalidade e anterioridade

nonagesimal, posto que o referido ato não seria o instrumento hábil à majoração
de tributo, tampouco respeitou o prazo mínimo de noventa dias para início da

exação.
Todavia, não se olvida que a faculdade de instituição dos coeficientes de

redução decorre de previsão expressa em lei. Assim, caso eventual contrariedade


à Carta Magna decorra, primariamente, de uma incompatibilidade entre o

Decreto n.º 9.101/17 e as leis com as quais encontra substrato verificar-se-ia


situação de inconstitucionalidade reflexa, ou oblíqua, o que no entendimento do

Supremo Tribunal Federal se limita a uma questão de legalidade.


Considerando este contexto, surgem os seguintes questionamentos: o

aumento de tributos de forma indireta, como no caso em apreço, é uma questão


de constitucionalidade ou uma crise de legalidade? Qual é a natureza jurídica dos

coeficientes de redução de alíquota? Os coeficientes de redução de alíquota


constituem instrumento hábil à majoração de tributos e, portanto, em

consonância com o princípio da legalidade tributária? Os coeficientes de redução


se submetem ao princípio da anterioridade nonagesimal? São constitucionais os

dispositivos de lei que preveem a instituição, redução e extinção de coeficientes


de redução de alíquota?

Quanto ao método de abordagem, este será o dedutivo, tomando como


premissa básica a ideia de que os coeficientes de redução de alíquotas consistem

em uma modalidade de incentivo fiscal proposto pelo Estado e que deve atender
aos princípios da legalidade e da anterioridade em matéria tributária. Quanto ao

procedimento, será adotado o método tipológico para análise acerca das

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características fundamentais dos incentivos fiscais, de modo a permitir um estudo

aprofundado dos coeficientes de redução de alíquota.


Partindo da conjuntura delineada, o presente trabalho objetiva analisar a

natureza jurídica dos coeficientes de redução de alíquota e examinar a condição


de conformidade, ou não, do Decreto n.º 9.101/71 em relação à Constituição

Federal de 1988. É o que passamos a expor.

2. A TRIBUTAÇÃO DO PIS/PASEP E DA COFINS SOBRE OS COMBUSTÍVEIS


Conforme discutido por ocasião da introdução deste trabalho, o PIS/PASEP

e a COFINS são contribuições sociais que objetivam, de modo geral, o


financiamento da seguridade social, incidindo sobre o total das receitas auferidas

mensalmente pelas pessoas jurídicas.


Com a edição das Medidas Provisórias n.º 66/02 e 135/03, posteriormente

convertidas nas Leis n.º 10.637/02 e n.º 10.865/04, respectivamente, foi instituída
a forma não-cumulativa de apuração, destinada às pessoas jurídicas que

contabilizem o Imposto de Renda com base no lucro real, de modo que é possível
descontar da base de cálculo do contribuinte, apurada sobre a receita bruta, os

valores relativos a certos encargos, custos e despesas, para então aplicar a


alíquota pertinente4.

Também como já discutido alhures, existem dois regimes de apuração


quanto às alíquotas, incidentes sobre combustíveis, para cálculo da contribuição

do PIS/PASEP e da COFINS. O primeiro tipo de alíquota é ad valorem, fixada em

4
TORRES, Heleno Taveira. Monofasia e não-cumulatividade das Contribuições ao PIS e
COFINS no setor de petróleo (refinarias). In: TORRES, Heleno Taveira; CATÃO, Marcos André
Vinhas (Coord.). Tributação no setor de petróleo. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 182.
Ressalte-se que o regime de apuração cumulativo ainda se encontra em vigor, sendo aplicado às
empresas que apuram o Imposto de Renda com base no lucro presumido ou lucro arbitrado e a
algumas categorias empresariais que, embora possam apurar o Imposto de Renda a partir do lucro
real, são legalmente obrigadas a adotar o regime cumulativo

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números percentuais para cada tipo de combustível, conforme previsão da Lei n.º

9.718/98:
Art. 4º. As contribuições para os Programas de Integração Social
e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP e
para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS devidas
pelos produtores e importadores de derivados de petróleo serão
calculadas, respectivamente, com base nas seguintes alíquotas:
I – 5,08% (cinco inteiros e oito centésimos por cento) e 23,44%
(vinte inteiros e quarenta e quatro centésimos por cento),
incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de
gasolinas e suas correntes, exceto gasolina de aviação;
II – 4,21% (quatro inteiros e vinte e um centésimos por cento) e
19,42% (dezenove inteiros e quarenta e dois centésimos por
cento), incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de
óleo diesel e suas correntes;
III – 10,2% (dez inteiros e dois décimos por cento) e 47,4%
(quarenta e sete inteiros e quatro décimos por cento) incidentes
sobre a receita bruta decorrente da venda de gás liquefeito de
petróleo - GLP derivado de petróleo e de gás natural;
IV – sessenta e cinco centésimos por cento e três por cento
incidentes sobre a receita bruta decorrente das demais
atividades.
Parágrafo único. Revogado.
Art. 5º. A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidentes
sobre a receita bruta auferida na venda de álcool, inclusive para
fins carburantes, serão calculadas com base nas alíquotas,
respectivamente, de:
I – 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) e 6,9% (seis
inteiros e nove décimos por cento), no caso de produtor ou
importador;
II – 3,75% (três inteiros e setenta e cinco centésimos por cento) e
17,25% (dezessete inteiros e vinte e cinco centésimos por cento),
no caso de distribuidor.

A segunda alíquota é específica, denominada regime especial de apuração


e pagamento, e tem por base a unidade de medida adotada na quantificação do

combustível. Tal tipo de alíquota, no que se refere à venda de álcool, encontra


previsão na Lei n.º 9.718/98:

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Art. 5º. A Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins incidentes


sobre a receita bruta auferida na venda de álcool, inclusive para
fins carburantes, serão calculadas com base nas alíquotas,
respectivamente, de:
[...]
§ 4º. O produtor, o importador e o distribuidor de que trata o
caput deste artigo poderão optar por regime especial de
apuração e pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins, no qual as alíquotas específicas das contribuições são
fixadas, respectivamente, em:
I – R$ 23,38 (vinte e três reais e trinta e oito centavos) e R$ 107,52
(cento e sete reais e cinquenta e dois centavos) por metro cúbico
de álcool, no caso de venda realizada por produtor ou
importador;
II – R$ 58,45 (cinquenta e oito reais e quarenta e cinco centavos)
e R$ 268,80 (duzentos e sessenta e oito reais e oitenta centavos)
por metro cúbico de álcool, no caso de venda realizada por
distribuidor.

E, quanto à venda de gasolinas e suas correntes, exceto de aviação, óleo

diesel e suas correntes e gás liquefeito de petróleo – GLP derivado de petróleo e


de gás natural, as alíquotas específicas estão previstas na Lei n.º 10.865/04, nos

seguintes termos:
Art. 23. O importador ou fabricante dos produtos referidos nos
incisos I a III do art. 4º da Lei no 9.718, de 27 de novembro de
1998, e no art. 2º da Lei no 10.560, de 13 de novembro de 2002,
poderá optar por regime especial de apuração e pagamento da
contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, no qual os valores
das contribuições são fixados, respectivamente, em:
I – R$ 141,10 (cento e quarenta e um reais e dez centavos) e R$
651,40 (seiscentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos),
por metro cúbico de gasolinas e suas correntes, exceto gasolina
de aviação;
II – R$ 82,20 (oitenta e dois reais e vinte centavos) e R$ 379,30
(trezentos e setenta e nove reais e trinta centavos), por metro
cúbico de óleo diesel e suas correntes;
III – R$ 119,40 (cento e dezenove reais e quarenta centavos) e R$
551,40 (quinhentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos),
por tonelada de gás liquefeito de petróleo (GLP) derivado de
petróleo e gás natural;

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III – R$ 119,40 (cento e dezenove reais e quarenta centavos) e R$


551,40 (quinhentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos),
por tonelada de gás liquefeito de petróleo – GLP, derivado de
petróleo e de gás natural;
IV – R$ 48,90 (quarenta e oito reais e noventa centavos) e R$
225,50 (duzentos e vinte e cinco reais e cinquenta centavos), por
metro cúbico de querosene de aviação.

Sistemática idêntica fora estabelecida para a tributação do PIS/PASEP e da


COFINS incidente sobre a venda de biodiesel, com a fixação de alíquotas ad

valorem e específicas, respectivamente, nos artigos 3º e 4º, caput, ambos da Lei


n.º 11.116/05, além da autorização ao Poder Executivo para fixação de

coeficientes de redução de alíquota, conforme artigo 5º, também da Lei n.º


11.116/05. Destaque-se que os coeficientes para redução de alíquota, nesse caso,

foram estabelecidos pelo Decreto n.º 5.297/04.


Em setembro de 2008, a Receita Federal do Brasil expediu a Instrução

Normativa n.º 876/08 regulamentando a opção pelo regime especial de apuração


e pagamento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre

Combustíveis e Bebidas (Recob), de modo que a escolha por este modelo de


apuração produzirá efeitos a partir: (a) de 1º de janeiro do ano-calendário

subsequente, quando efetuada até o último dia útil do mês de novembro; (b) de
1º de janeiro do ano seguinte ao ano-calendário subsequente, quando efetuada

no mês de dezembro; ou (c) 1º (primeiro) dia do mês de opção, quando efetuada


por pessoa jurídica que iniciar suas atividades no ano-calendário em curso.

Ainda conforme a aludida instrução, a opção pelo regime especial é


irretratável durante o ano-calendário de produção de efeitos, sendo prorrogada

automaticamente para o ano-calendário subsequente, caso não haja desistência.


Contudo, caso a pessoa jurídica opte pela desistência do regime especial,

esta somente terá efeito a partir do dia 1º de janeiro do ano-calendário


subsequente, quando efetuada até o último dia útil do mês de: (a) outubro, no

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caso das importadoras ou fabricantes de gasolina e suas correntes, exceto

gasolina de aviação, óleo diesel e suas correntes, gás liquefeito de petróleo – GLP
e querosene de aviação; ou (b) novembro, no caso das produtoras, importadoras

ou distribuidoras de álcool, inclusive para fins carburantes ou das importadoras


ou fabricantes de biodiesel.

Por fim, caso a desistência do regime especial seja efetuada após os prazos
supracitados, somente produzirá efeitos a partir do dia 1º de janeiro do ano

seguinte ao ano-calendário subsequente ao da opção.


Agora nos aprofundaremos na técnica de tributação estabelecida no

regime especial de apuração e pagamento e na discussão acerca da natureza


jurídica dos coeficientes de redução de alíquota.

2.1 Sobre a Técnica de Tributação no Regime Especial de Apuração e


Pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e para a Cofins e a Natureza
Jurídica d Coeficiente de Redução De Alíquota
A Lei n.º 9.718/98, em seu artigo 5º, § 8º, e a Lei n.º 10.865/04, em seu

artigo 23, § 5º, preveem que o Poder Executivo poderá fixar coeficientes de
redução das alíquotas específicas incidentes no regime especial de apuração e

pagamento da contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS.


Um coeficiente, de modo geral, consiste no fator multiplicativo de um

termo dentro de uma expressão algébrica. Em termos práticos, o coeficiente de


redução de alíquota deve ser utilizado para, multiplicando o valor da alíquota

específica, obter o valor que deverá ser reduzido desta, obtendo-se o valor final
da alíquota. Essa situação pode ser demonstrada de forma simples na seguinte

expressão:

A – (A x B) = Ap

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Onde:
A = alíquota prevista no regime especial de apuração e pagamento,
expresso em unidade monetária;
B = o valor do coeficiente de redução; e
Ap = alíquota aplicável no regime especial, após a incidência do
coeficiente de redução, também expresso em unidade monetária.

Exemplificando o que acabamos de descrever, após a edição do Decreto


n.º 5.059/04, o primeiro a executar a faculdade conferida ao Poder Executivo, o

coeficiente de redução de alíquota incidente sobre a gasolina e suas correntes,


devida pelo importador ou fabricante, foi fixada em 0,6699. Deste modo,

considerando que os valores das alíquotas para apuração do valor devido a título
de PIS/PASEP e COFINS foram estabelecidos pelo artigo 23, I, da Lei n.º 10.865/04,

respectivamente, em R$ 141,10 (cento e quarenta e um reais e dez centavos) e R$


651,40 (seiscentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos), por metro cúbico,

temos o seguinte:

141,10 – (141,10 x 0,6699) = 46,577


651,40 – (651,40 x 0,6699) = 215,027

Ou seja, com a edição do Decreto n.º 5.059/04, importadores e fabricantes

passaram a contribuir para o PIS/PASEP e para a COFINS com os valores de R$


46,58 (quarenta e seis reais e cinquenta e oito centavos) e R$ 215,02 (duzentos e

quinze reais e dois centavos), respectivamente, por metro cúbico de gasolinas e


suas correntes.

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Progressivamente os valores dos coeficientes de redução foram

suprimidos pelos Decretos n.º 8.395/15, n.º 7.997/13 e n.º 9.101/17, alcançando
o valor de zero para a gasolina e suas correntes, para o óleo diesel 5 e suas

correntes e para o álcool vendido por produtores ou importadores.


Como alertado anteriormente, a redução dos coeficientes ao valor de zero

ensejou a discussão acerca da constitucionalidade do aumento das alíquotas do


PIS/PASEP e da COFINS, sob o argumento principal de que o decreto não é

instrumento hábil à majoração dos tributos, tampouco fora respeitado o prazo


constitucionalmente estabelecido para a sua cobrança.

Entretanto, o que poucos percebem é que os valores das alíquotas, de fato,


não foram alterados. O decreto expedido pelo Presidente Michel Temer limitou-

se à redução dos valores dos coeficientes de alíquota, e não das alíquotas


propriamente ditas.

A constitucionalidade da alteração dos coeficientes de alíquota perpassa,


essencialmente, pela definição da natureza jurídica dos coeficientes de redução,

posto que a sujeição destes aos princípios constitucionais tributários depende de


como são compreendidos pelo mundo jurídico.

A hipótese assumida neste trabalho é de que o instituto dos coeficientes


de redução de alíquota constitui uma espécie de incentivo fiscal, embora não haja

qualquer indicação legal expressa neste sentido.


Todavia, para alcançarmos a melhor definição jurídica para os coeficientes

de alíquota se faz necessária uma pequena digressão, direcionando nosso olhar


para a relação entre Estado e tributo, em particular do ponto de vista da

extrafiscalidade.

5
O valor do coeficiente de redução de alíquota incidente sobre a venda de óleo diesel e suas
correntes, devido por produtores e importadores, foi restabelecido e fixado em 0,23835, por meio
do Decreto n.º 9.391/18.

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A bem da verdade, não obstante seu papel arrecadatório, que objetiva,

primordialmente, o custeio das atividades estatais, denominado fiscalidade, o


tributo é utilizado amplamente para intervir na economia privada, “estimulando

atividades, setores econômicos ou regiões, desestimulando o consumo de certos


bens”6. Esta faceta intervencionista, com viés fomentador ou desestimulante, do

tributo é o que se denomina por extrafiscalidade. É nesse contexto de


extrafiscalidade que se situam os incentivos fiscais, dentro dos quais concebemos

estar inseridos os coeficientes de redução de alíquota.


Cumpre, no entanto, ressaltar que, conforme mencionada pela literatura

especializada7, e a partir da classificação proposta por Luís Eduardo Schoueri, a


extrafiscalidade é gênero do qual são espécies as normas tributárias indutoras,

isto é, normas que objetivam o estímulo ou a repressão de determinada atividade


ou comportamento. Dentro da tributação indutora haveria, ainda, uma divisão

entre tributos regulatórios, que consistiriam em tributos de orientação


desestimuladora, expressando a via repressora de comportamentos, e os

incentivos fiscais, que contemplam o estímulo a determinada atividade por meio


da desoneração tributária.8

Os incentivos fiscais recebem diversas conceituações, haja vista a ausência


de uma definição legal, variando, inclusive, sua própria denominação, uma vez

que vários doutrinadores, assim como parte da jurisprudência, optam por

6
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 34. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Malheiros, 2013, p. 69.
7
SEIXAS, Luiz Felipe Monteiro. Tributação Indutora e Análise Econômica do Direito: Uma
Investigação Crítica. 2017. 229 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2017, p. 37.
8
SEIXAS, Luiz Felipe Monteiro. Tributação Indutora e Análise Econômica do Direito: Uma
Investigação Crítica. 2017. 229 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2017, p. 39.

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denominá-los de “benefícios fiscais”. Essas definições acabam por incluir os

excluir determinados institutos, a depender da classificação adotada.


Para Marcos André Vinhas Catão, os incentivos fiscais são “instrumentos

de desoneração tributária, aprovados pelo próprio ente político autorizado à


instituição do tributo, através de veículo legislativo específico, com o propósito

de estimular o surgimento de relações jurídicas de cunho econômico”9. Em


sentido análogo, André Elali destaca que os incentivos fiscais “são os

instrumentos hábeis para servir à indução econômica nas hipóteses de benefícios


que passam a ser outorgados para incentivar comportamentos específicos”10.

Malgrado a profusão conceitual quanto aos incentivos fiscais, podemos


verificar que, no geral, as definições acerca do tema demonstram que a função

essencial deles é a condução comportamental por meio da desoneração do


contribuinte. Acrescido a isso, observa-se que a função arrecadatória é relegada

a um segundo plano, na medida em que o Estado abre mão de eventuais receitas


para estimular o particular.

Desta forma, podemos concluir pela adequação dos coeficientes de


redução de alíquota ao modelo de norma tributária indutora, do tipo incentivo

fiscal. Outra não poderia ser a conclusão quando avaliamos que a aplicação dos
coeficientes implica numa redução de arrecadação direcionada pelo Estado,

exclusivamente, às atividades de comercialização de combustíveis praticada por


produtores e importadores.

9
CATÃO, Marcos André Vinhas. Regime Jurídico dos Incentivos Fiscais. Rio de Janeiro:
Renovar, 2004, p. 13.
10
ELALI, André. Incentivos fiscais, neutralidade da tributação e desenvolvimento econômico: a
questão da redução das desigualdades regionais e sociais. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva;
ELALI, André; PEIXOTO, Marcelo Magalhães. Incentivos fiscais: questões pontuais nas esferas
federal, estadual e municipal. São Paulo: MP Ed., 2007, p. 48.

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Corroborando nosso entendimento, destacamos aqui excerto da

exposição de motivos da Lei n.º 10.865/04, ainda como Medida Provisória n.º
164/2004, primeira a instituir os coeficientes de redução de alíquota:

10. Objetivando evitar evasão fiscal e regular o mercado de


combustível, a proposta altera a alíquota ad valorem da
Contribuição do PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita
bruta de venda de gasolina e óleo diesel, bem como estabelece
a incidência mediante alíquotas específicas, por opção do
contribuinte. (grifos acrescidos).

Conquanto a exposição de motivos não se refira especificamente aos

coeficientes de alíquota, mas tão somente à instituição das alíquotas específicas


(regime especial de apuração e pagamento), é de se observar que os coeficientes

de redução são instrumentos previstos exclusivamente na dinâmica de tributação


por meio da aplicação das alíquotas específicas. Desta forma, os objetivos de

combate à evasão fiscal e de regulação do mercado de combustíveis devem ser


compreendidos também como finalidades dos coeficientes de redução de

alíquota.
Alicerçados nas definições explanadas anteriormente, verificamos que os

coeficientes de redução de alíquota acarretam diminuição da carga tributária


suportada pelos contribuintes, foram instituídos pelo legislador ordinário federal

e regulados por instrumento legislativo específico, qual seja, o decreto, e que


objetivam a condução do mercado e a adoção de comportamentos específicos

pretendidos pelo Estado para desenvolvimento do setor de combustíveis, de


modo que se mostra indiscutível a natureza de incentivo fiscal ostentada pelos

coeficiente de redução.
O que se percebe é que os incentivos fiscais alteram ou eliminam a regra-

matriz de incidência de tributária, implicando na redução do tributo devido, com

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o objetivo de fomentar determinado setor/atividade11, e, neste sentido, os

coeficientes se amoldam perfeitamente, posto que sua aplicação altera a regra


geral de incidência tributária do PIS/PASEP e da COFINS sobre combustíveis,

resultando em um valor menor a ser pago pelo produtor/importador, como


forma de estimular este setor.

Contudo, várias são as espécies de incentivos fiscais e para a correta


definição da natureza jurídica dos coeficientes de redução de alíquota se revela

importante sua classificação exata.


Elcio Fiori Henriques12, denominando-os como “benefícios fiscais”,

classifica-os em “concessões tributárias estruturais” (que incluem as imunidades),


“não instituição do tributo”, “isenção/não incidência/alíquota zero”, “reduções de

base de cálculo”, “reduções de alíquota”, “créditos de tributo”, “postergação do


pagamento de tributos”, “perdão do débito tributário” e “restituição dos tributos”.

Por sua vez, Luiz Felipe Monteiro Seixas13 divide os incentivos fiscais em
“subvenções”, “crédito presumido”, “subsídios”, “isenções/não

incidência/alíquota zero”, “diferimento no pagamento do tributo”, “remissão e


anistia”, “imunidades”, “redução da base de cálculo”, “redução de alíquota”,

11
DINIZ, Marcelo de Lima Castro; FORTES, Fellipe Cianca. Incentivos fiscais no STJ. In:
MARTINS, Ives Gandra da Silva; ELALI, André; PEIXOTO, Marcelo Magalhães. Incentivos
fiscais: questões pontuais nas esferas federal, estadual e municipal. São Paulo: MP Ed., 2007, p.
273-274.
12
HENRIQUES, Elcio Fiori. O regime jurídico do gasto tributário. 2009. 221 f. Dissertação
(Mestrado em Direito Econômico e Financeiro) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009,
p. 127-195.
13
SEIXAS, Luiz Felipe Monteiro. Tributação Indutora e Análise Econômica do Direito: Uma
Investigação Crítica. 2017. 229 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2017, p. 49-65.

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“depreciação acelerada”, “regimes especiais de tributação”14, “zonas econômicas

especiais/zonas francas”15, “tax holidays” e “state aid ou auxílios de Estado”.


Ainda quanto à divisão dos incentivos fiscais, Luciana Montenegro Matos16

os organiza da seguinte forma “remissão e anistia”, “subsídio”, “crédito


presumido”, “isenção em caráter não geral”, “alteração de alíquota ou

modificação de base de cálculo” e “benefícios que correspondam a tratamento


diferenciado”.

Não nos aprofundaremos nas definições destes vários institutos, mas tão
somente daqueles que podem representar uma melhor classificação dos

coeficientes de redução.
Primeiro, destacamos a figura da “redução/alteração da base de cálculo”.

Segundo Elcio Fiori Henriques, a base de cálculo é o núcleo do tributo, de modo


que, em tese, existe uma base de cálculo para cada tributo, não podendo ser

aumentada para além dos limites do fato gerador, sob pena de extrapolação da
competência conferida constitucionalmente17. Entretanto, nada impede que o

ente adote uma base de cálculo inferior àquela originalmente fixada.


No caso em apreço, os coeficientes não atuam sobre a base de cálculo,

mas sim sobre as alíquotas que, posteriormente, incidirão sobre aquela, portanto,
não se adequam a este modelo. Merece ser destacado, no entanto, que no regime

14
O autor destaca que os regimes especiais de tributação não se configuram, por si só, como
espécie autônoma de incentivos fiscal, mas podem congregar normas que concedem incentivos
fiscais.
15
O autor faz o mesmo alerta anterior para defender que as zonas especiais/francas não constituem
hipótese de incentivos fiscal específico, mas agrupam outros incentivos fiscais.
16
MATOS, Luciana Montenegro. Regime jurídico dos incentivos fiscais: uma análise à luz da
Ordem Econômica brasileira. 2014. 157 f. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014, p. 25-38.
17
HENRIQUES, Elcio Fiori. O regime jurídico do gasto tributário. 2009. 221 f. Dissertação
(Mestrado em Direito Econômico e Financeiro) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009,
p. 165-168.

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especial de apuração e pagamento do PIS/PASEP e da COFINS ocorre uma

alteração da base de cálculo.


Originalmente, as alíquotas (ad valorem) para cálculo da contribuição

devida a título de PIS/PASEP e COFINS incidem sobre a receita bruta auferida na


venda dos combustíveis. Caso opte pelo regime especial, as alíquotas

(específicas) incidirão sobre o metro cúbico do combustível, ou sobre a tonelada,


no caso do gás liquefeito de petróleo – GLP. Ocorre que a mera alteração da base

de cálculo não importa, por si só, em incentivo fiscal, visto que a diferença paga
em cada regime levará em conta outros fatores, especialmente quanto ao valor

pago pelos importadores, como variação cambial e preço do barril de petróleo.


Outro instituto que deve ser sublinhado é a “redução de alíquotas”. Assim

como a como a base de cálculo, a alíquota é outro fator quantitativo da relação


jurídico-tributária, podendo o ente político reduzi-la “diminuindo a arrecadação

e concedendo vantagem fiscal ao contribuinte, no intuito de direcionar


comportamentos”18.

A decisão de não classificar os coeficientes de redução como “redução de


alíquota” reside no fato de que, a despeito de, em termos práticos, a aplicação

dos coeficientes resultar em um menor valor de contribuição ao PIS/PASEP e à


COFINS, as alíquotas permanecem as mesmas, tanto é que se os coeficientes de

redução forem extintos as alíquotas serão cobradas em sua integralidade,


porquanto sempre se mantiveram inalteradas.

Nos parece mais acertada a classificação dos coeficientes de redução de


alíquota enquanto “tratamento diferenciado de natureza tributária”.

18
SEIXAS, Luiz Felipe Monteiro. Tributação Indutora e Análise Econômica do Direito: Uma
Investigação Crítica. 2017. 229 f. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, 2017, p. 58.

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De acordo com Luciana Montenegro Matos, a Carta Magna, além de

outros institutos, estabeleceu benefícios de natureza financeira, tributária e


creditícia que, juntos, “constituem o conjunto de benefícios fiscais que importam

em tratamento diferenciado”19. Especificamente a respeito dos benefícios de


natureza tributária, a autora sustenta que “são considerados benefícios tributários

os dispositivos que criam regras tributárias especiais em relação à regra tributária


geral, com objetivo específico de beneficiar grupos relativamente restritos de

contribuintes, setores econômicos ou regiões político-econômicas”20.


Destarte, podemos inferir que os coeficientes de redução de alíquota, em

razão da sua capacidade de diminuir o montante pago pelos contribuintes sem,


contudo, alterar o valor real das alíquotas, se demonstra como verdadeira regra

especial à regra-matriz tributária do PIS/PASEP e da COFINS, criando situação


vantajosa aos produtores/importadores de combustíveis.

À vista do exposto, sustentamos que os coeficientes de redução de


alíquota consistem em incentivos fiscais, enquanto tratamento diferenciado de

natureza tributária, que objetivam a condução do mercado de combustíveis e o


combate às práticas de evasão fiscal, por meio da redução da carga tributária, no

âmbito do PIS/PASEP e da COFINS, suportada pelos produtores e importadores


de combustíveis.

2.2 Breves Considerações Acerca do Decreto n.º 9.101/2017

Para a correta compreensão da problemática em questão, mormente


quanto à definição se o aumento de tributos de forma indireta, como ocorre pela

19
MATOS, Luciana Montenegro. Regime jurídico dos incentivos fiscais: uma análise à luz da
Ordem Econômica brasileira. 2014. 157 f. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014, p. 35.
20
MATOS, Luciana Montenegro. Regime jurídico dos incentivos fiscais: uma análise à luz da
Ordem Econômica brasileira. 2014. 157 f. Dissertação (Mestrado em Direito Constitucional) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014, p. 36.

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redução/extinção dos coeficientes de redução de alíquota, é uma questão de

constitucionalidade ou de legalidade, devemos nos debruçar sobre o Decreto n.º


9.101/2017 para aferir sua conformidade (ou não) com as leis que regulamenta.

O já citado Decreto n.º 9.101, promulgado em 20 de julho de 2017, se


propõe à alteração dos Decretos n.º 5.059/2004 e n.º 6.573/2008, conferindo

nova redação a alguns de seus dispositivos.


O artigo 1º do Decreto n.º 9.101/2017 assim dispõe:

Art. 1º. O Decreto nº 5.059, de 30 de abril de 2004, passa a vigorar


com as seguintes alterações:
“Art. 1º [...].
I – zero para as gasolinas e suas correntes, exceto gasolina de
aviação;
II – zero para o óleo diesel e suas correntes; [...].”
“Art. 2º [...]
I – R$ 141,10 (cento e quarenta e um reais e dez centavos) e R$
651,40 (seiscentos e cinquenta e um reais e quarenta centavos)
por metro cúbico de gasolinas e suas correntes;
II – R$ 82,20 (oitenta e dois reais e vinte centavos) e R$ 379,30
(trezentos e setenta e nove reais e trinta centavos) por metro
cúbico de óleo diesel e suas correntes; [...].”

O caput do artigo 1º, do Decreto n.º 5.059/04, acima suprimido, prevê a


fixação dos coeficientes de redução da contribuição para o PIS/PASEP e da

COFINS nos valores descritos em seus incisos, que, como visto, foram zerados 21
pelo Decreto n.º 9.101/2017, ocasionando o retorno das alíquotas ao seu valor

original.
Ocorre que a Lei n.º 10.865/04 conferiu ao Poder Executivo a faculdade de

criar tais coeficientes de redução, ou mesmo extingui-los, a qualquer tempo,


consoante destacamos:

21
Conforme já alertado em outro momento, o valor do coeficiente de redução de alíquota
incidente sobre a venda de óleo diesel e suas correntes, devido por produtores e importadores,
previsto no artigo 1º, II, do Decreto 5.059/04, foi restabelecido e fixado em 0,23835, por meio do
Decreto n.º 9.391/18.

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Art. 23 [...]
§ 5º Fica o Poder Executivo autorizado a fixar coeficientes para
redução das alíquotas previstas neste artigo, os quais poderão
ser alterados, para mais ou para menos, ou extintos, em relação
aos produtos ou sua utilização, a qualquer tempo. (grifos
acrescidos).

A redução total dos coeficientes e a consequente restauração do valor das


alíquotas podem representar, na prática, a extinção dos coeficientes e aumento

no valor do tributo exigido do contribuinte.


Todavia, a atuação do Chefe do Poder Executivo encontra amparo nas

prerrogativas outorgadas pela Lei n.º 10.865/04, em aparente conformidade com


as normas e princípios de cunho constitucional.

O valor da alíquota incidente, fixado em lei, permanece, de fato, inalterado,


fica suprimida apenas a incidência de um fator que auxiliava para que o

contribuinte pagasse um montante de tributo menor.


A seu turno, o artigo 2º do Decreto n.º 9.101/2017 estabelece:

Art. 2º O Decreto nº 6.573, de 19 de setembro de 2008, passa a


vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1º O coeficiente de redução das alíquotas da Contribuição
para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social - COFINS, de que trata o § 8º do art. 5º da Lei
nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, aplicável às alíquotas
específicas de que trata o § 4º do art. 5º, fica fixado em:
I – zero para produtor ou importador; e
II – 0,4 (quatro décimos) para o distribuidor.”
“Art. 2º As alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da
COFINS de que trata o § 4º do art. 5º da Lei nº 9.718, de 1998,
com a utilização do coeficiente fixado no art. 1º, ficam fixadas,
respectivamente, no valor de:
I – R$ 23,38 (vinte e três reais e trinta e oito centavos) e R$ 107,52
(cento e sete reais e cinquenta e dois centavos) por metro cúbico
de álcool, no caso de venda realizada por produtor ou
importador; e

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II – R$ 35,07 (trinta e cinco reais e sete centavos) e R$ 161,28


(cento e sessenta e um reais e vinte e oito centavos) por metro
cúbico de álcool, no caso de venda realizada por distribuidor.”

Conforme se observa, o artigo 2º do Decreto n.º 9.101/2017 zerou os

coeficientes de redução da alíquota incidentes sobre a recita bruta auferida na


venda de álcool para contribuição do PIS/PASEP e da COFINS, devida por

produtores e importadores, ao mesmo tempo em que reduziu tais coeficientes

em relação ao tributo devido pelos distribuidores.


Também pautada em lei, a redução dos aludidos coeficientes encontra

substrato no seguinte dispositivo da Lei n.º 9.718/98:

Art. 5º [...]
§ 8º Fica o Poder Executivo autorizado a fixar coeficientes para
redução das alíquotas previstas no caput e no § 4º deste artigo,
as quais poderão ser alteradas, para mais ou para menos, em
relação a classe de produtores, produtos ou sua utilização. (grifos
acrescidos).

Entretanto, diferentemente do caso anterior, o permissivo legal limita-se a


dispor que é possível a fixação de coeficientes de redução e sua alteração para

mais ou para menos, não se verifica, deste modo, a competência para extinção
daqueles.

Muito embora o coeficiente reduzido a zero possa ser novamente alterado,


com sua elevação e consequente redução do valor do tributo, é certo que este

nível de redução implica, em termos práticos, em uma verdadeira extinção, posto


que o valor da alíquota será aplicado integralmente, isto é, nada obstante não

tenha havido a extinção formal do instituto, ocorreu sua revogação material.


O que se constata, neste caso, é uma extrapolação dos poderes conferidos

pelo legislador ao Poder Executivo.

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Nesta primeira análise, de índole meramente superficial, observa-se uma

aparente regularidade na edição do Decreto n.º 9.101/17, posto que encontraria


fundamento jurídico nas Leis n.º 10.865/04 e n.º 9.718/98, violando esta última

somente acerca da impossibilidade de extinção dos coeficientes de redução da


alíquota incidentes sobre a recita bruta auferida na venda de álcool, todavia,

considerando a natureza jurídica dos coeficientes delineada no tópico anterior,


devemos atentar para os princípios constitucionais tributários que norteiam a

instituição, majoração, redução e extinção dos tributos.

3. EXAME DOS COEFICIENTES DE REDUÇÃO DE ALÍQUOTA À LUZ DOS


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS DA LEGALIDADE E DA
ANTERIORIDADE
3.1 Aspectos Gerais Relacionados aos Princípios Constitucionais
Tributários
Como podemos inferir da leitura da Constituição Federal de 1988, o
constituinte originário tratou de explicitar muitos dos princípios que norteariam

o estudo e execução das normas tributárias. Em determinados pontos podemos


constatar verdadeiro preciosismo do constituinte ao estabelecer delimitações

deveras específicas, entretanto, é certo que tais orientações normativas


constituem verdadeira garantia de limitação da ingerência estatal sobre a

sociedade, principalmente no que tange ao direito tributário, haja vista que este
regulamenta a invasão do Estado sobre o patrimônio do particular.

Desta forma, alguns autores, assim como o Supremo Tribunal Federal22,


conceituam as limitações constitucionais ao poder de tributar estatal como

verdadeiras garantias fundamentais individuais, haja vista que o rol estampado

22
Neste sentido, vide Recurso Extraordinário n.º 587.008/SP, Relator: Min. Dias Toffoli,
Plenário, DJ, 02 fev. 2011, Diário da Justiça Eletrônico, 05 mai. 2011, e Recurso Extraordinário
n.º 603.917/SC, Relatora: Min. Ellen Gracie, Plenário, DJ, 07 abr. 2011, Diário da Justiça
Eletrônico 05 ago. 2011.

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no Título II da Constituição Federal não é exaustivo e outras garantias podem

advir dos princípios adotados constitucionalmente.


Em que pese a existência de discussão doutrinária (e mesmo

jurisprudencial) quanto à natureza das limitações constitucionais ao poder de


tributar, filiamo-nos ao entendimento de que as referidas limitações constituem

princípios de natureza constitucional tributária, uma vez que norteiam a edição,


a interpretação e a aplicação das leis tributárias.

A análise dos coeficientes de redução de alíquota a partir deste prisma


principiológico demonstra relevância quando verificamos que a dissonância entre

um ato normativo e a disciplina, valores e propósitos veiculados pela Constituição


expressa uma inconstitucionalidade material, isto é, se constata uma ofensa ao

conteúdo material previsto constitucionalmente23.


No caso em estudo, acerca da majoração indireta de tributos, convém

observar que a inconstitucionalidade pode ser dita direta, quando a violação é


aferida tomando-se a Constituição como parâmetro sem que haja intermédio de

outro instrumento normativo, ou indireta, aperfeiçoando-se quando verificada a


inconstitucionalidade de norma situada entre a Constituição e o ato normativo

que com esta se relaciona. Esta modalidade de inconstitucionalidade divide-se


em dois tipos: (a) inconstitucionalidade por arrastamento ou consequente; e, (b)

inconstitucionalidade reflexa ou por via oblíqua24.


Na situação “a”, é possível que o Supremo Tribunal Federal declare a

inconstitucionalidade de determinada norma e, por existência de correlação,


conexão ou interdependência com outra norma, declare também esta última

como inconstitucional.

23
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de
Direito Constitucional. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 928.
24
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 6. ed. rev., ampl. e
atual. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 1088-1091.

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A seu turno, a situação “b” reflete, nas palavras de Bernardo Gonçalves

Fernandes, a “incompatibilidade de uma norma infralegal, como um decreto


expedido pelo Chefe do Executivo (ou uma resolução), com a lei que o mesmo se

relaciona ou se reporta e, por via reflexa ou mediata (indireta), com a própria


Constituição”25 (2014, p. 1091).

Imperioso destacar que, como bem lembrado pelo próprio doutrinador


supra, o Supremo Tribunal Federal possui entendimento reiterado de que este

segundo tipo de inconformidade se trata de quadro típico de ilegalidade e não


de inconstitucionalidade, não cabendo sequer recurso extraordinário, a teor do

que dispõe a Súmula 636 da Suprema Corte26. O entendimento exposto é de


suma relevância como questão de ordem prática, mormente pelo seu caráter

determinante sobre a via adequada para que seja atacada a ilegalidade ou


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo derivado do poder regulamentar

do Chefe do Executivo, a teor do caso sob exame.


Assentadas estas premissas, nos concentraremos agora nas definições de

princípio constitucionais tributários da legalidade e da anterioridade, à luz dos


quais realizaremos a análise dos coeficientes de redução de alíquota.

3.2. O Coeficiente de Redução de Alíquota e a Legalidade Tributária


O princípio da legalidade pode ser pensado primeiramente como uma
decorrência do artigo 5º, II, da Constituição Federal: “ninguém será obrigado a

fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Essa concepção
consagra a garantia da liberdade individual, em detrimento da ingerência estatal,

permitindo a formação de um Estado Democrático de Direito, em que a ação do

25
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 6. ed. rev., ampl. e
atual. Salvador: Juspodivm, 2014, p. 1091.
26
Súmula 636, STF. Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio
constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a
normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.

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Estado na esfera de intimidade dos particulares está condicionada aos limites

estabelecidos previamente em lei.


Contudo, em se tratando de matéria tributária, o princípio da legalidade

possui tons mais precisos, uma vez que resulta da limitação ao poder de tributar
instituída no artigo 150, I, da Constituição Federal:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça [...].

Como se percebe, o princípio da legalidade desdobra-se na necessidade

imperativa de que eventuais tributos sejam criados ou majorados por meio de lei.
Segundo Paulo de Barros Carvalho, a lei, lato sensu, deve ser sempre o

mecanismo de introdução do tributo no ordenamento, mas mais do que isso,


aquela deve delimitar também os “elementos descritores do fato jurídico e os

dados prescritores da relação obrigacional”27. Isto é, o instrumento normativo

deve definir as elementares do tributo, quais sejam, fato gerador, base de cálculo,
alíquota, sujeito ativo e sujeito passivo da relação tributária, para que se possa

precisar, em um caso concreto, quem deve pagar, quanto deve ser pago, porquê
se deve pagar e a quem se pagará.

A importância de que o tributo se origine, ou seja majorado, em lei decorre


da ideia de autorregulação da sociedade. Explicamos. A lei, enquanto resultado

da atividade legiferante do Estado, expressa a vontade da sociedade, por


intermédio de seus representantes, estabelecendo as condições limítrofes de

invasão na propriedade e liberdade de cada indivíduo28.

27
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2014,
p. 169.
28
Roque Antônio Carrazza leciona neste mesmo sentido de imperatividade da lei, porquanto
“expressão da vontade geral”, possuindo primazia sobre os atos praticados pelos demais Poderes:
“A Constituição reforçou a competência exclusiva do Poder Legislativo para criar ou aumentar

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Observa-se, deste modo, que, no âmbito do direito tributário, a legalidade

exprime a permissão conferida pela sociedade ao Estado para que este proceda
à distribuição da carga tributária e a consequente afetação do patrimônio

particular, nos limites do que for estabelecido em lei.


Por conseguinte, há de se concluir que a lei que cria tributo, enquanto

resultante da manifestação de vontade da coletividade, somente pode resultar


do exercício do Poder Legislativo, não se cogitando delegação desta capacidade

a qualquer outro dos Poderes, em especial, ao Executivo. Essa é a posição de


Roque Antônio Carrazza, ao afirmar que “resta evidente, portanto, que o

Executivo não poderá apontar – nem mesmo por delegação legislativa – nenhum
aspecto essencial da norma jurídica tributária, sob pena de flagrante

inconstitucionalidade”29.
Convém mencionar que, a despeito de a Constituição prever de forma

expressa unicamente a imperatividade de instituição e majoração de tributo por


meio de lei, levando à conclusão imediata de que a extinção ou minoração de

tributo prescinde de lei, esta não parece a interpretação mais arrazoada. Nesse
sentido, partilhamos do entendimento segundo o qual a previsão esculpida no

artigo 150, I, da Constituição Federal expressa uma relação indissociável entre


instituição/extinção e aumento/redução de tributo.

Podemos concluir, em síntese, que o princípio da legalidade tributária


expressa a inafastabilidade de edição de lei para que se possa criar, majorar,

tributos, consagrando, assim, a ideia de autotributação. Esta – como melhor veremos nos
próximos itens – se manifesta: a) no consentimento dos representantes das pessoas que devem
suportar os tributos; e b) na estrita vinculação à lei, seja do lançamento, seja da cobrança das
exações. Com tais medidas, os contribuintes tiveram melhor salvaguardado o direito de
propriedade, contra o qual a tributação, de algum modo, investe.” CARRAZZA, Roque Antônio.
Curso de Direito Constitucional Tributário. 31. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Malheiros,
2017, p. 285.
29
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 31. ed. rev.,
ampl. e atual. São Paulo: Malheiros, 2017, p. 285.

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minorar ou extinguir um tributo, sendo impossível a delegação desta faculdade a

qualquer dos poderes, porquanto consiste no resultado da exteriorização de


vontade da sociedade, por meio de seus representantes (legisladores).

Entretanto, o próprio texto constitucional mitiga a imperatividade da


legalidade tributária, estabelecendo exceções à sua aplicação. Em seu artigo 153,

§1º, a Constituição Federal faculta ao Poder Executivo alterar as alíquotas de


quatro impostos federais, conforme se observa:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I – importação de produtos estrangeiros;
II – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV – produtos industrializados;
V – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos
ou valores mobiliários;
VI – propriedade territorial rural;
VII – grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
enumerados nos incisos I, II, IV e V. (grifos acrescidos).30

O constituinte originário outorgou, portanto, uma faculdade ao Poder


Executivo para regular um dos fatores quantitativos dos impostos que possuem

natureza eminentemente extrafiscal, qual seja, a alíquota, porquanto são tributos


que exigem celeridade na exação em razão da dinâmica das relações sobre as

quais incidem.

30
Este é o tipo de dispositivo que, de acordo com Leandro Paulsen, “[...] autorizam de modo
inequívoco a utilização extrafiscal de tributos: [...] nas exceções às anterioridades de exercício
e/ou nonagesimal mínima e nas atenuações à legalidade relativamente a impotos capazes de atuar
como reguladores da produção de bens (IPI), do comércio internacional (II e IE) e da demanda
monetária (IOF), atribuindo-se ao Executivo prerrogativas para a ágil alteração da legislação
respectiva; [...].”PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 5. ed. rev., atual.
e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013, p. 21.

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O rol de impostos descritos no §1º do artigo 153 tem natureza taxativa,

haja vista constituir exceção à legalidade tributária, que, como visto, possui status
de garantia fundamental individual. Deste modo, como as alíquotas do PIS/PASEP

e da COFINS não foram incluídas pelo legislador originário, tem-se que sua
alteração é expressamente vedada.

Não se olvida que o constituinte derivado, por ocasião da promulgação da


Emenda Constitucional n.º 33/2001, dispôs que a alíquota incidente sobre a

Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico relativa às atividades de


importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus

derivados e álcool combustível (CIDE-Combustíveis) poderia ser reduzida e


restabelecida por ato do Poder Executivo31. E, ainda, definiu que as alíquotas

incidentes no caso do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS


monofásico sobre combustíveis e lubrificantes poderiam ser definidas mediante

deliberação dos Estados e do Distrito Federal32.


Isto é, o Poder Legislativo, imbuído do poder constituinte derivado, já se

debruçou sobre as exceções à legalidade tributária, instituindo novas ressalvas,


com a possibilidade de alteração de alíquotas por instrumento infralegal, mas em

nada manifestando-se quanto às contribuições sociais.


Malgrado o abrandamento da legalidade tributária para regulamentação

dos coeficientes de redução de alíquota possa aparentar vantagem ao

31
Constituição Federal. Art. 177, §4º – A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio
econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados,
gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)
I – a alíquota da contribuição poderá ser: [...] b) reduzida e restabelecida por ato do Poder
Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b; [...].
32
Constituição Federal. Art. 155, §4º – Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte:
[...] IV – as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito
Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte: [...] c) poderão ser reduzidas e
restabelecidas, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.

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contribuinte, pela existência de um mecanismo de redução do montante a ser

pago, na verdade o que se verifica é uma fragilização das garantias


constitucionais do cidadão.

Este comportamento de flexibilização permite ao Poder Executivo manejar


o valor real das alíquotas33, entre zero e o máximo fixado em lei, podendo cobrar

qualquer valor dentro deste espectro, sem necessidade de edição lei.


Tal situação conduz o contribuinte a um quadro de insegurança, visto que

poderá ser tributado a qualquer momento, segundo o arbítrio do chefe do Poder


Executivo, geralmente sob a égide da necessidade de arrecadação para

cumprimento dos compromissos orçamentários do Estado, quando na verdade o


que a Carta Magna objetivou, ao instituir as limitações ao poder de tributar, foi

estabelecer um contexto de segurança jurídica em que o contribuinte tenha


plenas condições de conhecer suas obrigações tributárias e planejar-se para o

seu pagamento34.
Não se olvida, por oportuno, que o entendimento manifestado pelo

Supremo Tribunal Federal é de que a concessão de “benefícios fiscais” se


subordina ao princípio da legalidade”35. Esse posicionamento decorre de

interpretação do artigo 150, § 6º, da Constituição Federal que prevê a necessidade


de lei específica para a concessão de “qualquer subsídio ou isenção, redução de

base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a

33
Entenda-se o “valor real das alíquotas” como valor resultante da aplicação dos coeficientes de
redução e que será efetivamente pago pelo contribuinte.
34
A segurança jurídica, conforme sustentado por José Soares Eduardo de Melo, “objetiva,
principalmente, zelar e garantir pela aplicação e efetividade dos princípios que regulam o direito,
de forma a limitar a atuação dos entes políticos em suas esferas de atuação, por meio da
subordinação à sua estrita observância” MELO, José Eduardo Soares de. Incentivos fiscais de
ICMS: aspectos críticos. In: MARTINS, Ives Gandra da Silva; ELALI, André; PEIXOTO,
Marcelo Magalhães. Incentivos fiscais: questões pontuais nas esferas federal, estadual e
municipal. São Paulo: MP Ed., 2007.
35
STF – RE 414249 AgR/MG. Rel. Min. Joaquim Barbosa. Segunda Turma. Julgado em
31/08/10. DJe 16/11/10.

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impostos, taxas ou contribuições”, isto é, de incentivos fiscais, a ser editada pelo

ente responsável pelo recolhimento do tributo sobre o qual recaia o incentivo.


Desta forma, inferimos que a atribuição da faculdade de instituição dos

coeficientes de redução de alíquota, por parte do legislador ordinário ao Poder


Executivo, viola o princípio da legalidade tributária na medida em que contribui

para a deflagração de um contexto de insegurança jurídica, caracterizado pela


possibilidade de exação do contribuinte segundo a conveniência da

Administração Pública, situação esta que não fora concebida pela Constituição
Federal de 1988.

3.3. O Coeficiente de Redução de Alíquota e a Anterioridade Tributária


O artigo 150 da Constituição Federal, que estipula algumas das limitações
ao poder estatal de tributar, previa originariamente apenas a vedação de

cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes da entrada em


vigor da lei que os houvesse instituído ou majorado.

Com a edição das Emendas Constitucionais 03/1993 e 42/2003 foram


acrescidas as vedações à cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro em

que fora publicada a lei de criação ou majoração deste, e, ainda, à cobrança antes
de decorridos noventa dias da publicação da lei que instituiu ou majorou o

tributo, conforme previsão contida no art. 150, inciso III, alíneas b e c:


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
[...] III – cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o
disposto na alínea b.

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Devemos atentar, de plano, para o fato de que as disposições constantes

das alíneas a, b e c do inciso III do artigo 150 são tratadas por parte da doutrina
como princípios relativamente independentes que não se confundem, mas que

se complementam.
A alínea a consagra o princípio da irretroatividade que consiste na

impossibilidade de a exação alcançar fatos anteriores à instituição ou majoração


do próprio tributo. Algo semelhante ao que ocorre na aplicação da lei penal, em

que esta não poderá retroagir, salvo em benefício do réu36. É o que Hugo de Brito
Machado denomina como espécie de “irretroatividade qualificada”37.

A seu turno, a alínea b trata da inexigibilidade do tributo no mesmo


exercício financeiro em que houver sido instituído (ou majorado), o chamado

princípio da anterioridade, ou, mais especificamente, princípio da anterioridade


anual. Consiste não só em limitação ao poder de tributar, mas também em

salvaguarda ao contribuinte que não será surpreendido durante o exercício


financeiro com o surgimento de novo tributo.

Por fim, a alínea c fixa um período mínimo de tempo entre a instituição do


tributo e a sua efetiva cobrança. É o que a doutrina comumente define como

princípio da anterioridade nonagesimal.


Depreende-se que não basta apenas a cobrança do tributo em exercício

financeiro diverso daquele que o instituiu, deve ainda ser observado um lapso
temporal mínimo de noventa dias entre a publicação da lei e a efetiva

arrecadação daquele.
Essa garantia encontra respaldo nas situações em que, nada obstante o

respeito a não exação no mesmo exercício financeiro, persiste a sensação de

36
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 5º, XL. A lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu.
37
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 34. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Malheiros, 2013, p. 36.

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sobressalto na cobrança ao contribuinte. Exemplo disso seria a publicação, em 29

de dezembro de 2018, de lei instituindo a cobrança de determinado tributo. Se


fosse observada exclusivamente a regra estabelecida no artigo 150, III, b, da

Constituição, este tributo poderia ser exigido já no dia 1º de janeiro de 2019, ou


seja, apenas três depois de sua criação.

Importante frisar que, muito embora a Constituição tenha utilizado


unicamente a expressão “lei”, qualquer espécie normativa que, em termos

práticos, conduza à majoração do tributo deve se submeter ao princípio da


anterioridade, seja ela anual e/ou nonagesimal.38

Atente-se que alguns doutrinadores concebem a anterioridade


nonagesimal meramente como um desdobramento, ou componente, do

princípio da anterioridade, outros não lhe conferem nem sequer tal caráter. É o
caso, por exemplo, de Kiyoshi Harada, para quem a anterioridade nonagesimal

“se assemelha a um prazo de carência concedido pelas instituições bancárias,


para o início de resgate das importâncias mutuadas”39. Ainda conforme o

entendimento daquele, a anterioridade nonagesimal deve ser interpretada de


forma sistêmica, de modo que não pode ser obstada a cobrança dos tributos que

38
Este é o entendimento de Hugo de Brito Machado Segundo: “Conquanto o texto constitucional
se reporte à expressão ‘lei’, ‘o princípio da anterioridade da lei tributária aplica-se às normas em
sentido amplo, incluindo as instruções normativas, que são normas complementares à legislação
tributária, a teor do que preceitua o artigo 100, I, do CTN’ (STJ, 1a S., EDiv no REsp 327.683/RJ,
Rel. Min. Castro Meira, j. em 24/8/2004, DJ de 27/9/2004). Pode parecer estranho que uma
instrução normativa se sujeite à anterioridade, não por não ser uma lei em sentido estrito, mas
porque por meio dela não se pode instituir ou aumentar tributo. No caso de que se cuida, porém,
tratava-se de IN que, de acordo com o STJ, teria amparo na lei (a qual estaria apenas sendo
regulamentada), mas que, de qualquer modo, deveria observar a anterioridade. Seja como for, a
ideia permanece válida para outros atos, diversos da lei, que eventualmente podem conduzir à
majoração (validamente) de um tributo, a exemplo de resoluções do Senado (quando a certas
alíquotas do ICMS.” SEGUNDO, Hugo de Brito Machado. Código Tributário Nacional:
anotações à Constituição, ao Código Tributário Nacional e às Leis Complementares 87/1996 e
116/2003. 6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017, p. 47.
39
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 393.

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atendam à anterioridade anual prevista no artigo 150, III, b, sob pena de

surgimento de impasse político-administrativo.


Divergências doutrinárias à parte, inferimos que o princípio da

anterioridade nonagesimal representa a garantia prática de que o contribuinte


não será surpreendido com a cobrança repentina de um tributo, mesmo quando

este guardar observância à anterioridade anual.


Merece ser ressaltado, por fim, que, por expressa previsão constitucional,

as contribuições sociais (que são o cerne deste trabalho) não se sujeitam à


anterioridade anual, mas tão somente à anterioridade nonagesimal40.

De forma semelhante ao ocorrido com o princípio da legalidade, quando


da promulgação da Emenda Constitucional n.º 33/2001, o princípio da

anterioridade também sofreu restrições.


Ao prever que as alíquotas incidentes sobre o Imposto sobre Circulação de

Mercadorias e Serviços – ICMS monofásico sobre combustíveis e lubrificantes


poderiam ser alteradas por deliberação dos Estados e DF, e que as alíquotas

incidentes sobre a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico relativa


às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás

natural e seus derivados e álcool combustível (CIDE-Combustíveis) poderiam ser


alteradas por ato do Poder Executivo, a aludida Emenda Constitucional também

estipulou a dispensa de observância, tão somente, à anterioridade anual nestes


casos. Todavia, permanece incólume a obrigação de cumprimento do período da

noventena.
Isto é, mesmo quando o constituinte derivado instituiu as alterações

supracitadas, excepcionando o princípio da anterioridade anual, manteve

40
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 195, § 6º. As contribuições sociais
de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação
da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III,
“b”.

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inalterada a submissão à anterioridade nonagesimal. Além do mais, o constituinte

derivado restringiu sua atuação, limitando as exceções tão somente à CIDE-


Combustíveis e ao ICMS monofásico sobre combustíveis e lubrificantes.

A instituição imediata dos coeficientes de redução de alíquota, como regra,


torna despiciendo o acatamento do princípio da anterioridade nonagesimal,

posto que o resultado desta aplicação será a redução da carga tributária paga
pelo contribuinte. De outro modo, a redução ou extinção de um coeficiente já em

aplicação implica no aumento do montante devido pelo contribuinte, de forma


que é inconcebível excepcionar a anterioridade nonagesimal, uma vez que o

objetivo maior deste princípio é justamente resguardar o contribuinte da exação


repentina.

Mesmo o Poder Executivo preocupou-se com a observância do período


nonagesimal quando da edição da Medida Provisória n.º 164/2004,

posteriormente convertida na Lei n.º 10.865/04, primeira a instituir os coeficientes


de redução de alíquota, conforme destacado no seguinte excerto da exposição

de motivos da citada MP:

11. Em obediência ao princípio da anterioridade nonagesimal


previsto no § 6º art. 195 da Constituição Federal, propõe-se que
a Medida Provisória entre em vigor na data de sua publicação,
produzindo efetivos a partir do primeiro dia do quarto mês
subsequente ao de sua publicação. (grifos acrescidos).

Os primeiros decretos regulamentadores dos coeficientes de redução

entraram em vigor poucos dias após sua publicação41, o que se coaduna ao que

41
O Decreto n.º 5.059/04, que regulamenta os coeficientes de redução das alíquotas incidentes
sobre o PIS/PASEP e COFINS devido por produtores/importadores de gasolina, óleo diesel, GLP
e querosene de avião, entrou em vigor em 30 de abril de 2004, data de sua publicação, produzindo
efeitos em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de maio de 2004. Já o Decreto n.º
6.573/08, que regulamenta os coeficientes de das alíquotas incidentes sobre o PIS/PASEP e
COFINS devido por produtores/importadores/distribuidores de álcool, entrou em vigor em 19 de
setembro de 2008, data de publicação, produzindo efeitos a partir de 1º de outubro de 2008.

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defendemos há pouco quanto à desnecessidade de observância ao período de

noventena, posto que esta instituição dos coeficientes somente poderá resultar
em uma redução no valor do tributo. De outro modo, a redução/extinção dos

coeficientes com produção de efeitos imediata, como operada por meio do


Decreto n.º 9.101/17, que entrou em vigor na data de publicação, viola

frontalmente a não surpresa, corolário do princípio da anterioridade, haja vista a


elevação instantânea na carga tributária.

Ademais, o Supremo Tribunal Federal vem sedimentando o entendimento


de que a majoração indireta de tributos, decorrente da revogação de benefícios

fiscais, se submete aos princípios da anterioridade e anterioridade nonagesimal42.


Essa compreensão é recente e se contrapõe, de certo modo, ao posicionamento

da Corte quanto à desnecessidade de observância ao princípio da anterioridade


nos casos de revogação de isenção fiscal, sob o argumento de que na revogação

não houve instituição de tributo, apenas a restauração do direito de cobrá-lo.


Destarte, não se pode conceber que o legislador ordinário excepcione

princípios de natureza constitucional, entregando a capacidade de alteração de


aspectos elementares do tributo ao Poder Executivo, posto que esta é uma

atribuição que decorre da “autorização” dada pelos cidadãos aos seus


representantes para determinar como se dará a exação do patrimônio particular

em favor do Estado.
Deste modo, a não observância do princípio da anterioridade

nonagesimal, notadamente quando passado um extenso lapso temporal desde a


última alteração no valor real das alíquotas, traz ao contribuinte, novamente, um

42
Ag. Reg. no RE 1.081.068/PR. Rel. Min. Dias Toffoli. Segunda Turma. Julgado em 06/03/2018.
DJe 19/03/2018; STF – Ag. Reg. no RE 564.225/RS. Rel. Min. Marco Aurélio. Primeira Turma.
Julgado em 02/09/2014. DJe 18/11/2014; RE 775.181/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe
21/10/16; RE 1.026.463/RS, Rel. Min. Rosa Weber, DJe 10/3/17; ARE 985.209/RO, Rel. Min.
Marco Aurélio, DJe 18/8/16.

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contexto de insegurança jurídica, haja vista o sobressalto na tributação. Logo,

outra não poderia ser a conclusão senão pela inconstitucionalidade da produção


imediata de efeitos quando da redução ou extinção dos coeficientes de redução

de alíquota.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pudemos verificar que os coeficientes de redução de alíquota, previstos no

regime especial de apuração e pagamento do PIS/PASEP e da COFINS, consistem


em modalidade de incentivo fiscal, enquanto tratamento diferenciado de

natureza tributária, instituto inserido dentro do gênero “normas tributárias


indutoras”, uma vez que a sua função primordial é a regulação do mercado de

combustíveis e o combate à evasão fiscal, objetivos estes de natureza


eminentemente extrafiscal. Aliado a isso, não se olvida a renúncia de receitas,

efetuada pelo Estado, decorrente desta desoneração do particular, o que


evidencia o deslocamento da função arrecadatória a um patamar secundário

nesta dinâmica.
Visto sob um prisma formal, a redução ou extinção dos coeficientes de

redução de alíquota poderia representar meramente questão de legalidade, uma


inconstitucionalidade reflexa, e não uma violação direta ao texto constitucional,

vez que a atuação do Poder Executivo, por meio do Decreto n.º 9.101/2017,
encontra amparo nas Leis n.º 10.865/04 e n.º 9.718/98, mas teria extrapolado os

poderes que lhe foram conferidos por estes diplomas legais.


O aludido decreto apenas violaria parte das disposições da Lei n.º

9.718/98, porquanto seu artigo 2º zerou os coeficientes de redução da alíquota


incidente sobre a receita bruta auferida na venda de álcool para contribuição do

PIS/PASEP e COFINS, devida por produtores e importadores, conduzindo a uma

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extinção material dos coeficientes, competência esta que não fora outorgada

pelo legislador ordinário.


Entretanto, considerando que os coeficientes de redução consistem em

modalidade de incentivo fiscal, a análise de sua regulação deve partir de uma


ótica constitucional, com especial atenção aos princípios que lastreiam a ordem

tributária.
Neste sentido, o presente estudo ficou adstrito aos princípios da

legalidade e anterioridade tributária, ainda que tangencialmente perpasse por


elementos como “segurança jurídica” e “não surpresa” que podem,

eventualmente, ser denominados como princípios autônomos.


Como visto, os princípios constitucionais são limitações estabelecidas pelo

constituinte originário para abalizar a atuação estatal na criação, extinção,


majoração e redução de tributos, possuindo, segundo o Supremo Tribunal

Federal, status de garantias fundamentais individuais, o que decerto não mitiga


sua força normativa, pelo contrário reforça a obrigatoriedade de sua observância

por parte do Estado.


Quanto ao princípio da legalidade tributária, este expressa a imperiosidade

da lei para instituição, extinção, majoração e redução de tributos, ou definição de


quaisquer de seus aspectos elementares, porquanto a atividade legiferante,

exercida de forma típica pelo Poder Legislativo, exterioriza a vontade popular por
meio dos representantes eleitos.

Assim, ao atribuir ao Poder Executivo a faculdade de criar um incentivo


fiscal que, na verdade, denota um subterfúgio estatal às limitações ao poder de

tributar, permitindo a manipulação do valor real das alíquotas do PIS/PASEP e da


COFINS incidentes sobre combustíveis, ocorreu grave violação à legalidade

tributária, pois o legislador ordinário estendeu o rol de exceções que havia sido
elencado pelo constituinte originário.

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Mesmo o constituinte derivado, que criou novas hipóteses de

inobservância ao princípio da legalidade tributária, não previu que as alíquotas


do PIS/PASEP e da COFINS pudessem ser alteradas através de instrumento

infralegal.
A seu turno, o princípio da anterioridade tributária busca proteger o

contribuinte de cobranças ou aumentos repentinos, de modo que este possa


conhecer com antecedência a carga tributária sobre a qual está submetido. Como

discutido alhures, qualquer instrumento legal ou infralegal que conduza à


instituição ou majoração dos tributos deve resguardar o período de noventena

para início da exação.


Isto posto, a cobrança imediata dos tributos após a majoração indireta

decorrente da revogação de incentivos fiscais, no caso em apreço, dos


coeficientes de redução de alíquota, ataca frontalmente o princípio da

anterioridade tributária ao violar o corolário da não surpresa do contribuinte.


Destarte, percebe-se que a questão de constitucionalidade envolvendo os

coeficientes de redução de alíquota está para além do objeto das ações judiciais
que almejam a simples declaração de inconstitucionalidade do Decreto n.º

9.101/17. A retirada deste ato do ordenamento jurídico não obstará a edição de


novos decretos, amparados pelas Leis n.º 9.718/98, n.º 10.865/04 e n.º 11.116/05,

regulamentadores dos coeficientes de redução de alíquota.


Conquanto não existam princípios absolutos, as exceções aos princípios

tributários se encontram no próprio texto constitucional. Tais princípios integram


o rol de garantias fundamentais que resguarda os cidadãos da ingerência estatal

sobre o seu patrimônio, de modo que é inconcebível sua flexibilização pelo


legislador ordinário.

Embora a redução do valor das alíquotas possa aparentar vantagem ao


contribuinte, na medida em que seria pago sempre um valor menor ou igual ao

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devido, os coeficientes de redução de alíquota, de fato, representam a

fragilização dos princípios que norteiam a atividade tributária estatal.


A redução ou extinção dos coeficientes, que formalmente apenas restaura

o valor original das alíquotas, mas que, em termos concretos, majora o tributo,
não se compatibiliza com propósitos consagrados pela Constituição Federal de

1988.
Assim, constata-se a inconstitucionalidade material parcial das Leis n.º

9.718/98, n.º 10.865/04 e n.º 11.116/05 atinente aos dispositivos legais que
preveem a faculdade de instituição dos coeficientes de redução de alíquota do

PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre combustíveis, uma vez que este instituto
se mostra em desconformidade com garantias fundamentais estampadas na

Constituição Federal, consistentes nos princípios da legalidade e da anterioridade


tributária.

5. REFERÊNCIAS

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auferida na venda de álcool e estabelece os valores dos créditos dessas

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