Revistas, 42-15424
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Artigo original
DOI: 105902/2236117015424
THE URBAN EXPANSION OF CHAPECÓ – SC AND THE ROLE OF TERRITORIAL SOCIAL AGENTS
Janete Webler Cancelier, Jéssica Wendy Beltran Chasqui, João Silvano Zanon,
Leandro Jesus Maciel de Menezes
Resumo
Neste estudo, procurou-se compreender os processos que influenciam na dinâmica do crescimento territorial urbano de Chapecó - SC. A
análise foi focada no espaço urbano, contemplando o período referente a 2004/2014. O objetivo central foi analisar as tendências do
crescimento urbano de Chapecó e a sua conformidade com o Plano Diretor de Chapecó. De forma específica, verificou-se na prefeitura
municipal de Chapecó os locais previstos para os atuais e futuros projetos habitacionais, após a implantação do Plano Diretor, observou-se a
tendência do crescimento urbano e a minimização das áreas rurais, identificou-se as ações tomadas pelo poder público municipal que venham
a coibir a ocupação em áreas não previstas no Plano Diretor para o espaço urbano, o papel dos agentes sociais territoriais, assim como a
influência dos corredores de centralidade para a formação dos novos loteamentos no espaço urbano de Chapecó. Este artigo utiliza como
método de pesquisa uma abordagem de caráter qualitativo. As análises e discussões realizadas no estudo demonstram que o crescimento
territorial urbano de Chapecó vem ocorrendo principalmente nas periferias da cidade, onde os serviços de infraestrutura são deficientes.
Palavras-chave: Crescimento urbano, Plano Diretor de Chapecó, Agentes territoriais.
.
Abstract
In this study, we attempt to understand the processes that influence the dynamics of urban spatial growth of Chapecó - SC. The analysis was
focused on urban space, covering the period relating to 2004/2014. The main objective was to analyze the trends of urban growth Chapecó
and its conformity with the Master Plan of Chapecó. Specifically, it was found in the City Hall of Chapecó forecast locals for the current and
future housing projects, after the implementation of the Master Plan, there was a trend of urban growth and the minimization of rural areas,
we identified actions taken by the municipal government that will curb occupancy in areas not covered by the Master Plan for urban space,
the role of territorial social agents, as well as the influence of corridors of centrality to the formation of new settlements in the urban space
Chapecó. This article uses as a method of research a qualitative approach. The analyzes and discussions in this study demonstrate that
territorial urban growth of Chapecó has occurred mainly in the suburbs, where infrastructure services are disabled.
Keywords: Urban Growth, Mater Plan of Chapecó, Territorial Agents.
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1 INTRODUÇÃO
Neste estudo, procura-se compreender os processos que influenciam na
dinâmica do crescimento urbano de Chapecó-SC. A análise foi focada no espaço
urbano, contemplando o período referente à 2004/2014. O objetivo central foi analisar
as tendências do crescimento urbano e sua conformidade com o Plano Diretor de
Chapecó, assim como os papeis dos agentes urbanos territoriais.
De forma geral, os espaços urbanos no âmbito das cidades médias tiveram
expressivos processos de mudanças estruturais entre os quais o acelerado processo
de ampliação das bases populacionais, deficiência de infraestrutura, espraiamento
das cidades, encarecimentos dos custos fixos, especulação imobiliária, entre outros.
Estes processos cristalizaram-se no primeiro momento nos grandes centros e
posteriormente em cidades de porte médio. Neste contexto insere-se a cidade de
Chapecó.
Chapecó apresenta um alto índice de crescimento demográfico. Em 2012,
segundo o IBGE, a população total contava com 189.052 habitantes1. Entre os fatores
que elevam os índices de crescimento populacional estão os serviços oferecidos, as
indústrias, universidades e os serviços especializados condicionam a dinâmica do
crescimento urbano. Chapecó é a maior cidade da região Oeste Catarinense2 e um
pólo regional. Sua dinâmica socioeconômica tem propiciado a inserção de novos
capitais e de agentes modificadores do espaço.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A produção do espaço urbano no Brasil – breves considerações.
Ao analisarem-se questões referentes à expansão urbana, percebe-se que as
políticas públicas ao longo dos anos não vêm promovendo de fato a integração entre
os diferentes espaços que compõem o território nacional. O elemento mais visível
neste processo é a segregação socioespacial a que está submetida à população com
menores condições financeiras.
1 Estimativas da população para 1º de julho de 2012. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
2 A região Oeste de Santa Catarina ocupa uma área de 25,3 mil Km2, estendendo-se desde o Planalto Catarinense,
até a fronteira com a Argentina, sua colonização foi intensificada a partir de 1940, momento em que iniciou o
estabelecimento de empresas agroindustriais (CAMPOS, 1987). A região Oeste Catarinense tem se destacado em
termos agrícolas e agroindustriais. Possui segundo Censo do IBGE de 2007, uma população equivalente a
1.200.230 habitantes, distribuídas em 118 municípios, dos quais, Chapecó se apresenta como município com
maior índice populacional. É caracterizada em sua economia por uma agricultura familiar diversificada e pelas
agroindústrias - com destaque à produção de suínos e aves. A região destaca-se também na produção de milho,
leite, feijão, soja e fumo.
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3 O processo de segregação refere-se especialmente à questão residencial, origina a tendência a uma organização
espacial em áreas de forte homogeneidade social interna e de forte disparidade social entre elas. Estas áreas
tendem a apresentar estruturas sociais que podem ser marcadas pela uniformidade da população em termos de
renda e status ocupacional (CORREA, 1997, p.131).
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4 A categoria espaço é abordada segundo a definição de Santos (2004: 63), isto é, “um conjunto indissociável,
solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas
como o quadro único no qual a história se dá”. Segundo Santos (1992), em cada momento histórico, o elemento a
ser definido muda seu papel, sua posição no sistema temporal e no sistema espacial, sendo que o seu valor deve
ser tomado em função da sua relação com os demais elementos e com o todo.
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5 No PDC adota-se como conceito de território, o espaço físico de domínio do Município constituído pelos
elementos de estruturação que o compõe, sendo: I - patrimônio natural; II - sistema de circulação; III - atividades
de produção econômica; IV - sistema de relações socioculturais; V - elementos físico-espaciais (Prefeitura
Municipal de Chapecó, 2014).
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3 METODOLOGIA
Este artigo trabalha com a abordagem metodológica de cunho qualitativa, considera
o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento chave,
possui caráter exploratório-descritivo.
A pesquisa exploratória – descritiva possibilita maior familiaridade com o problema,
procura torná-lo compreensivo ou a construir hipóteses, tendo como objetivo
principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições (GIL, 1991). O
pesquisador possui papel essencial, visto que deve aprender a usar a si próprio como
instrumento de observação, seleção, análise e interpretação dos dados. Entre os
instrumentos utilizados para a obtenção de dados estão às entrevistas
semiestruturadas, as pesquisas bibliográficas, pesquisas de campo e as análises.
Desta forma, este artigo tem o objetivo de compreender e discutir os processos que
influenciam na dinâmica do crescimento territorial urbano de Chapecó-SC. A análise
esta focada no período referente a 2004 – 2014. O objetivo central foi analisar as
tendências do crescimento urbano e sua conformidade com o Plano Diretor de
Chapecó – SC.
4 ANÁLISES E RESULTADOS
4.1 Tendências do crescimento urbano de Chapecó - SC
Nesta unidade estuda-se o Plano Diretor de Chapecó – PDC. Analisa-se
especificamente o título II que trata das Políticas e Programas de Desenvolvimento
Territorial, assim como, o título III que fala do Ordenamento Territorial e seu
capítulo I com o macrozoneamento municipal. O objetivo é verificar os locais
previstos como prioritários para os atuais e futuros projetos habitacionais, após a
implantação do PDC. A análise está focada sobre a Macrozona Urbana – MU.
limiar entre o espaço urbano e as áreas rurais. Com uma densidade populacional
urbana média de apenas 31 hab/ha, pode-se constatar que os custos com a
implantação e a manutenção da infraestrutura são elevados (MONTEIRO, 2006, p22).
O mesmo autor (2006, p. 78) cita ainda que a década de 1980 foi caracterizada
pela periferização dos loteamentos nas direções norte e sul, enquanto que, na década
de 1990, a mesma deslocou-se predominantemente para as direções leste e oeste.
Nessa região, a instalação das indústrias Sadia e Aurora e da Universidade
Comunitária Regional de Chapecó contribuíram significativamente para o
crescimento do local.
Através da Fígura 3 é possível observar os loteamentos construídos em
Chapecó no período correspondente a 1950 – 2004.
2004
2000
1999
1990
1989
1981
1979
1971
1969
1961
Outro fator a ressaltar é que Chapecó está no grupo das cidades mais
desenvolvidas do Brasil6, ficando em quinto lugar no ranking estadual, possuindo
um índice de desenvolvimento de 0,8607 (FIRJAM, 2014).
O crescimento populacional tem proporcionado o aumento da especulação
imobiliária o qual, tem ocasionado à elevação dos custos da cidade. Existe a
constante necessidade da oferta de moradias e ampliação dos loteamentos, essa
ampliação não tem ocorrida nas áreas que já possuem infraestrutura adequada como
está previsto no Plano Diretor de Chapecó e sim nas áreas periféricas da cidade,
como pode ser observado na Fígura 5.
No entanto, ainda ocorre um processo de diferenciação entre os loteamentos de
maneira acentuada no que se refere a serviços e infraestrutura. Percebe-se que em
Chapecó a expansão do espaço urbano vem ocorrendo de forma intensa e
descontínua.
Melhorar os projetos habitacionais também se faz necessário, estes são sempre
pensados na periferia, porém este nem sempre é o melhor lugar. Fazer um projeto
habitacional na periferia traz no mínimo uma série de outros conflitos, criam-se
novas áreas de especulação imobiliária, ampliam-se os vazios urbanos, conflitos
sociais nas comunidades, muitas vezes se acaba gerando a degradação ambiental.
6 Com periodicidade anual, recorte municipal e abrangência nacional, o IFDM considera três áreas de
desenvolvimento - Emprego & Renda, Educação e Saúde - e utiliza-se de estatísticas oficiais divulgadas pelos
Ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. O estudo começou em 2008, comparando os anos de 2005 e 2000, e
permite determinar com precisão se a melhora ocorrida em determinado município foi decorrente de medidas
políticas ou apenas reflexo da queda de outro município. O índice varia de 0 (mínimo) a 1 ponto (máximo) para
classificar o nível de cada localidade em quatro categorias: baixo (de 0 a 0,4), regular (0,4001 a 0,6), moderado (de
0,6001 a 0,8) e alto (0,8001 a 1) desenvolvimento. (SISTEMA FIRJAM).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término do estudo, foi possível visualizar que o crescimento territorial
urbano de Chapecó continua ocorrendo nas periferias da cidade. A presença e a
continuidade dos vazios urbanos têm ampliado o processo de expansão horizontal, o
qual por sua vez vem ocasionado diminuição do espaço rural, visto que a expansão
horizontal ocorre também sobre o espaço rural.
Verificou-se que as políticas públicas de Chapecó não estão de fato
promovendo a integração social/territorial. O elemento mais visível neste processo é
a segregação espacial a que está submetida a população em menores condições
financeiras. Os novos loteamentos são construídos em áreas com deficiência de
infraestrutura e distantes do centro, causando uma série de transtornos para a
população residente assim como a elevação dos custos municipais.
Constatou-se que o Plano Diretor de Chapecó vem se adequando ao longo dos
anos, se adaptando as novas realidades implementadas pelos agentes sociais
modificadores do espaço. As constantes mudanças realizadas e a ausência de
critérios técnicos tem ampliado a especulação dos agentes imobiliários.
Consequentemente, ampliam-se os vazios urbanos e a expansão territorial continua
ocorrendo horizontalmente.
Para melhorar a qualidade de vida da população é preciso melhorar o uso da
cidade. As ações direcionadas pelo poder público devem proporcionar o uso
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REFERÊNCIAS
SANTOS, Milton. Sociedade e Espaço: a formação social como teoria e como método. In: Boletim
Paulista de Geografia. no 54. São Paulo. Junho 1977. Associação dos geógrafos Brasileiros. P. 9-23.
______Espaço e método. 3. ed. São Paulo: Nobel, 1992.
______A Natureza do espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Edusp, 2004.
Secretaria de Pesquisa e Planejamento. Prefeitura Municipal de Chapecó, 2007.
SIRJAM - Federação das indústrias do Rio de Janeiro. Índice de desenvolvimento dos municípios.
Disponível em: http://www.firjan.org.br acesso em: 4/6/2014
VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-Urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln
Institute, 1998.