07 - A Importância Da Controladoria Na Administração Pública.

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A IMPORTÂNCIA DA CONTROLADORIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Elis Regina Sousa Ribeiro¹

Milton Neemias Martins Silva²

RESUMO

O atual cenário brasileiro tanto econômico como político têm causado grande insatisfação na sociedade
brasileira, medidas como reformas fiscais e a grande carga tributária tem incentivado o cidadão a buscar
informações quanto à destinação do dinheiro público. A controladoria entra nesse cenário como ferramenta de
grande relevância, pois cabe a ela proporcionar uma gestão planejada, controlada, eficiente e transparente. Este
trabalho tem como objetivo mostrar o papel desempenhado pela controladoria na administração pública fica
evidente a importância da controladoria no âmbito do setor público a fim de que o mesmo através de uma gestão
planejada, controlada e transparente preste um serviço de qualidade a sociedade brasileira.

Palavras-chaves: Controladoria, Setor Público e Administração Pública.

THE IMPORTANCE OF CONTROLLING IN PUBLIC ADMINISTRATION.

ABSTRACT

The economic and political scenario has caused great dissatisfaction in Brazilian society, measures such as fiscal
reforms and the large tax burden has encouraged the citizen to seek information regarding the allocation of
public money. Controlleria enters this scenario as a tool of great relevance, since it is responsible for providing a
planned, controlled, efficient and transparent management. The purpose of this paper is to show the role played
by control in public administration, it is evident the importance of control in the public sector so that it can be
managed by a planned, controlled and transparent management to provide a quality service to Brazilian society.

Key-words: Controllership, Public Sector and Public Administration.


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INTRODUÇÃO

Fatores como o avanço da globalização, as inovações tecnológicas e a alta


competitividade atingiram não só as organizações privadas, mas também as organizações
públicas governamentais. Levando os cidadãos a estarem mais conscientes de sua cidadania e
mais exigentes quanto à aplicação dos recursos públicos.

Sendo assim um dos desafios dos gestores públicos atualmente é realizar uma gestão
do ente público (seja ele da esfera federal, estadual ou municipal) obtendo como resultado o
atendimento da demanda social com qualidade, eficiência e eficácia.

O que leva a questão: quando uma gestão pode ser considerada ineficiente? A resposta
a esta pergunta é simples. Quando os recursos disponíveis não são administrados de forma a
obter o melhor resultado possível. Um exemplo disto é a crescente onda de aumentos
tributários com o intuito de suprir as contas publicas, visto que a arrecadação é insuficiente
para saldá-las ou mesmo não estão sendo gerenciadas de forma adequada.

Segundo Lima (2010, pag.4) “uma gestão com qualidade é uma capacidade para fazer,
bem feito e em tempo oportuno, o que deve ser feito”.

Nas entidades públicas a eficiência e a eficácia são medidas pela utilização correta dos
recursos, pelo cumprimento de sua missão e pelo atendimento das necessidades e demanda
dos cidadãos e da sociedade com qualidade.

Lima (2010, pag.7) afirma que:

Fazer de modo certo é ser eficiente. Tal capacidade implica organizar racionalmente
as operações do processo, de forma a empregar da melhor forma possível os
recursos disponíveis: tempo, dinheiro, conhecimento, energia, instalações,
equipamentos e humor.

Segundo Pereira (2010) a má gestão na aplicação dos recursos públicos é


conseqüência alem da corrupção e os desvios de verbas públicas, o que gera além de
desigualdades sociais, desperdício dos recursos públicos.

Portanto, o presente artigo tem como objetivo definir o papel da controladoria e sua
relação com o setor público, bem como analisar a administração dos recursos públicos e o
impacto aos cofres públicos com sua má gestão.
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REFERENCIAL TEÓRICO

Atualmente diversos escândalos envolvendo o uso indevido dos recursos públicos vêm
provocando na sociedade uma profunda insatisfação no que tange ao serviço prestado pelas
entidades públicas.

A constante elevação das cargas tributárias traz a tona o questionamento da eficiência


da gestão pública atual e necessidade da transparência das ações dos gestores públicos.

CONCEITO E EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Palludo (2012) afirma que a administração pública é uma ciência que tem como objeto
as organizações públicas, em um sentido amplo é formada pelo governo, responsável pelas
tomadas de decisões políticas, a estrutura administrativa e a administração responsável pela
execução das decisões tomadas.

Conforme Meirelles (2005) a administração pública vem a ser o conjunto de órgãos


estabelecidos para a consecução dos objetivos do governo.

Conforme Palludo (2012) a administração pública surgiu no Brasil em 1808 com a


chegada da corte portuguesa, porém o critério de ocupação dos cargos públicos era pessoal e
não havia preocupação com a eficiência da máquina publica.

Palludo (2012) afirma que durante o período compreendido entre a proclamação da


República e a era Vargas (1889-1930) o Brasil não tinha uma administração organizada.
Fortemente influenciada pelo coronelismo, a ação estatal atendia aos interesses da burguesia
rural em detrimento dos interesses puros do Estado e da sociedade. Em segundo plano
estavam às políticas sociais, as quais eram assumidas por organizações religiosas.

Na segunda década do século XX sugiram os primeiros movimentos sociais a buscar


por reformas. Por volta de 1920 o governo estava sendo pressionado e realizar reformas
administrativas dentre os motivos se destacam: o surgimento de organizações de grande porte;
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as demandas sociais emergentes; a necessidade de combater o nepotismo e a necessidade de


organizar a Administração Pública a fim de alavancar o desenvolvimento do Brasil.

Duas reformas significativas ocorreram no contexto brasileiro destacam-se: a reforma


burocrática e a reforma gerencial.

Segundo Pereira (2010) a Reforma burocrática teve inicio na segunda metade do


século XIX caracterizada pela transição do estado patrimonial para o estado burocrático. Na
Administração patrimonial os cargos públicos caracterizavam-se como recompensas, o que
facilita o nepotismo e contribui para a corrupção. Administração burocrática caracterizava-se
pelos princípios de desenvolvimento, profissionalização, carreira pública, impessoalidade com
o objetivo de combater o nepotismo e a corrupção.

Criado no governo de Vargas em 1936, o DASP - Departamento Administrativo do


Serviço Público definido como o órgão central encarregado de comandar as reformas teve três
principais objetivos: centralizar e reorganizar a Administração Pública; definir política para a
gestão pessoal e racionalizar métodos, procedimentos e procedimentos administrativos em
geral.

Ao analisar a evolução da administração pública no Brasil verifica-se que as mudanças


ocorridas no decorrer das reformas realizadas buscam um objetivo em comum, obter uma
gestão dos recursos públicos clara, transparente e eficiente para fornecer a sociedade um
serviço de melhor qualidade.

CONCEITO E FUNÇÕES DA CONTROLADORIA

Conforme Martins (2005), a Controladoria surgiu com a chegada da Revolução


Industrial no século XX, tinha como função o processamento das transações que apoiavam as
operações de negócios. Fatores como o aumento em tamanho e complexidade das
organizações, a globalizações físicas das empresas, o crescimento nas relações
governamentais com negócios das companhias e o aumento no numero de fontes de capital
são considerados os principais responsáveis pela origem da Controladoria.
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Considerada por muitos autores como uma evolução da contabilidade gerencial, a


controladoria é responsável por projetar, elaborar, implementar e manter o sistema de
informações operacionais, com o objetivo de dar suporte aos gestores no processo da tomada
de decisão.

Para Slomski, (2011) a Controladoria é a busca pelo atingimento da excelência em


qualquer ente, sejam do setor público ou privado, é o algo mais, procurado pelo conjunto de
elementos que compõem a máquina de qualquer entidade.

Para Mosimann et.al. (1993, pag. 96),

[...] a Controladoria pode ser conceituada como o conjunto de princípios,


procedimentos e métodos oriundos das ciências da Administração, Economia,
Psicologia, Estatística e principalmente da Contabilidade, que se ocupa da gestão
econômica das empresas, com o fim de orientá-las para a eficácia.

Segundo Padovezze (2010, pag.3) “a Controladoria é a utilização da Ciência Contábil


em toda a sua plenitude”.

A controladoria tem como missão por meio da otimização dos seus resultados
assegurar a eficácia da empresa.

Para Kanitz (1977) as funções da controladoria podem ser resumidas como:

Informação: compreende o sistema contábil – financeiro – gerencial;

Motivação: refere-se aos efeitos dos sistemas de controle sobre o


comportamento;

Coordenação: visa centralizar informações com vista na aceitação de planos;

Avaliação: interpreta fatos, informações e relatórios, avaliando os resultados


por área de responsabilidade, por processos, atividades, etc.;

Planejamento: assessora a direção da empresa na determinação e


mensuração dos planos e objetivos;

Acompanhamento: verifica e controla a evolução e o desempenho dos


planos traçados a fim de corrigir falhas ou de revisar tais planos.

ESTRUTURA E OBJETIVOS DA CONTROLADORIA

A estrutura da controladoria deve estar ligada aos sistemas de informações necessárias


á gestão tanto do ponto de vista rotineiro quanto dos gerenciais e estratégicos.
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Conforme Oliveira (2015) a Controladoria tem sua base de estruturação em dois


segmentos:

Contábil e fiscal: responsável por exercer funções e atividades da contabilidade tradicional,


como escrituração contábil e fiscal gerando informações e relatórios para fins societários,
fiscais, auditoria entre outros. Pode se enquadrar neste segmento outras atividades como
controle patrimonial dos bens e direitos da empresa, conciliações contábeis, apuração e
controle de custos assim como outros.

Planejamento e controle: Neste segmento enquadram-se atribuições referentes à gestão de


negócios relativa a questões orçamentárias, projeções, simulações, aspectos estratégicos
dentre outros.

Figura1. Estrutura da Controladoria

CONTROLADORIA

Planejamento e controle Escrituração contábil e fiscal

Orçamento e projeções Contabilidade financeira


Contabilidade Gerencial Contabilidade de custos
Contabilidade por Responsabilidade Contabilidade tributária
Acompanhamento do negócio e estudos Controle patrimonial
Especiais
Planejamento tributário

SISTEMA DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS

Fonte: Luís Martins de Oliveira, 2015.

A controladoria no setor público tem três objetivos básicos, os quais são:

-Promoção do controle social que pode ser definido como o acompanhamento e a fiscalização
dos gastos públicos pelo cidadão, através de ferramentas e informações fornecidas pela
Controladoria.

-Apoiar e orientar os gestores de recursos públicos.


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-Fornecimento de informações estratégicas quanto da aplicação dos recursos.

DESVIOS DE RECURSOS PÚBLICOS

Não é incomum aparecer nos noticiários escândalos envolvendo corrupção e desvios


de recursos públicos. Recursos estes desviados de diversas maneiras, como superfaturamento
de obras, privilégios em licitações públicas dentre outras maneiras. Constantemente nos
deparamos com apreensões de dinheiro público prisões de envolvidos em escândalos.

Conforme levantamento realizado pela Policia Federal somente em 2011 a Policia


Federal flagrou desvio de recursos no valor R$3,2 bilhões, mais que o dobro do apurado pela
Policia em 2010 (R$1,5 bilhão) e 15 vezes o valor de 2009 (R$219 milhões).

Conforme dados divulgados pela Folha de São Paulo em 2011 efetuadas 269
operações da PF foram identificados R$3,2 sendo 1860 presos sendo 225 servidores públicos.
Já em 2010 em 270 operações da PF foi identificado o valor de R$ 1,5 bilhão sendo 2.734
presos dos quais 124 eram servidores públicos. Em 2009 em 288 operações foram presos
2.633 presos sendo 183 servidores e identificados R$219 milhões. Conforme demonstrado no
gráfico abaixo:

Figura 2. Evolução de desvios de recursos públicos.

Fonte: Folha de São Paulo, 2012.


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Verifica-se o aumento gradual dos montantes desviados, valores estes que poderiam
ser investidos em serviços em beneficio à sociedade, visto que áreas como saúde, educação
dentre outras necessitam de investimentos urgentemente.

IMPORTÂNCIA DA CONTROLADORIA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Assim como no setor privado as entidades do setor público precisam ter as atividades
planejadas e controladas. Verifica-se então a importância da aplicação da controladoria no
setor público devido aos constantes escândalos que surgem envolvendo fraudes e desvios de
verbas públicas como também os altos índices de corrupção.

Segundo Oliveira, (2015) para ser considerada eficiente e eficaz a Controladoria deve
estar capacitada a: organizar reportar dados e informações relevantes aos tomadores de
decisões, manter um monitoramento sobre os controles das atividades e do desempenho de
outros departamentos em caráter permanente e exercer influencia o suficiente para influenciar
as decisões dos gestores. O estudo e a prática das funções de planejamento, controle, registro
e divulgação dos fenômenos decorrentes da administração econômico-financeira das empresas
é considerado como principal objeto da controladoria.

A primeira etapa para se obter uma gestão com qualidade e transparência é a


elaboração do planejamento.

Mauss (2012) diz que o planejamento no setor público atende ao principio


orçamentário da legalidade, cabendo ao Poder Público fazer e deixar de fazer somente o que a
lei expressamente autorizar.

No que se refere à gestão pública o planejamento vem em forma do Plano Plurianual


(PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).

O art.165 da Constituição Federal de 1988 estabelece as iniciativas do Poder Executivo:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:


I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
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III – os orçamentos anuais.


§ 1o A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,
objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.
§ 2o A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração
pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá́ sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. §
3o O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.

O Plano Plurianual (PPA) é considerado um instrumento orçamentário que se destina a


estabelecer as diretrizes, objetivos e metas da administração pública referente às despesas de
capital e outras delas decorrentes e para as relativas a programas de duração continuada,
abrangendo um período de quatro anos.

A elaboração do PPA é de responsabilidade do Poder Executivo através de Lei


Federal, enquanto sua aprovação é de responsabilidade do Poder Legislativo. Os entes da
federação devem ter em suas Constituições e Leis orgânicas o prazo para entrega do PPA. O
PPA serve como base para a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei
Orçamentária Anual.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece as prioridades das metas


inseridas no PPA, considerada como o planejamento operacional anual, fixa limites e metas
para a execução da despesa anual do governo e trata de vários temas como: alterações
tributárias, gastos com pessoal, política fiscal e transferências intergovernamentais. Deverá
ser aprovada pelo Poder Legislativo até o final do primeiro semestre do ano. Estabelece as
diretrizes para a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) que é o resultado final do
planejamento operacional.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) contem a discriminação da receita e da despesa


pública, evidenciando a política econômica financeira e o programa de trabalho do governo a
fim da manutenção dos serviços públicos.

Verifica-se neste ponto a importância do planejamento no setor público, visto que este
é peça fundamental para o controle dos gastos públicos.
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Aliado a um bom planejamento encontra-se as demonstrações financeiras que


consistem em relatórios que evidenciam os resultados alcançados pela entidade num
determinado período, em termos orçamentários, econômicos, financeiros e físicos. Estas
demonstrações figuram como ferramentas de controle contábil, pois é através destas que serão
evidenciados todas as receitas e os gastos do ente público.

O Balanço Patrimonial é um relatório contábil que reflete o resultado dos registros e a


situação patrimonial estática da entidade, tem como função evidenciar qualitativa e
quantitativamente a situação patrimonial da entidade.

O Balanço Orçamentário é um relatório tirado dos registros contábeis que evidencia a


receita estimada e arrecadada em comparação com as despesas estabelecidas e incorridas num
determinado período. A análise do balanço orçamentário permite ao gestor verificar se houve
equilíbrio financeiro durante o ano.

O Balanço Financeiro é originário dos registros das contas patrimoniais do sistema


patrimonial, tem como objetivo evidenciar o fluxo financeiro ou a movimentação financeira
em termos de entradas e saídas num determinado período. Através de sua análise pode-se
verificar qual a movimentação financeira do período.

A Demonstração das Variações Patrimoniais tem suas informações extraídas dos


registros no sistema patrimonial, que demonstra como ocorreram as alterações no patrimônio
público. A análise desta demonstração permite verificar qual o motivo das alterações
patrimoniais, quais os motivos responsáveis pelo aumento, diminuição ou manutenção do
patrimônio líquido.

Dessa forma o planejamento e a análise das demonstrações contábeis são importantes


ferramentas na tomada de decisão dos gestores e fica clara a importância destas ferramentas
na gestão das entidades públicas.

CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Assim como em qualquer outra, as entidades do setor público possuem tanto o


controle interno como o controle externo.
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No seu art.70 a Constituição Federal de 1988 estabelece que a fiscalização contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades públicas é
exercida pelo Congresso Nacional, através de Controle externo e pelo sistema de controle
interno de cada poder.

O controle interno na administração Publica pode ser considerado como uma ação,
exercida sobre si própria, pela entidade responsável pelo desempenho da atividade controlada.

Meirelles (1991, pag.564) define como:

Controle é todo aquele realizado pela entidade ou órgão responsável pela atividade
controlada, no âmbito da própria Administração. Assim, qualquer controle efetivado
pelo Executivo sobre seus serviços ou agentes é considerado interno, como interno
será também o controle do Legislativo ou Judiciário, por seus órgãos de
administração, sobre o seu pessoal e os seus atos administrativos que pratiquem.

O controle interno tem o objetivo de apoiar o controle externo no exercício de sua


missão institucional.

O art. 74 da Constituição Federal de 1988 estabelece as finalidades do controle


interno:

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema
de controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas
de governo e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão


orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer


irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária.
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§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na


forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

O controle externo pode ser considerado como o exercício da função dos representantes da
sociedade sobre a Administração Pública.

Meirelles (1991, pag.564) define controle externo como:

O controle que se realiza por órgão estranho à administração responsável pelo ato
controlado, como por exemplo, a apreciação das contas do executivo e do Judiciário
pelo Legislativo; a auditoria do Tribunal de Contas sobre a efetivação de
determinada despesa do Executivo; a anulação de um ato do executivo por decisão
do Judiciário.

O controle externo é exercido pelo Poder Legislativo com auxilio dos Tribunais de Contas.

O art. 71 da Constituição Federal de 1988 define as competências dos tribunais de contas:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer


prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a
das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores
que não alterem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de


Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
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V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas,


as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara


dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

FISCALIZAÇÃO DOS GASTOS PÚBLICOS

Criada com o objetivo de apurar irregularidades que causem dano ao patrimônio


público e buscar o ressarcimento aos cofres públicos, a CGU – (Controladoria-Geral da
União) atua como um órgão do poder Executivo, e tem como função o controle interno,
correição, ouvidoria e prevenção e combate a corrupção, bem como promover a transparência
da gestão pública. Têm em sua estrutura duas secretarias: Secretaria Federal de Controle
Interno e a Secretaria de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas, uma
Corregedoria Geral da União e uma Ouvidoria Geral da União.
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A fim de dar ao cidadão uma maior transparência em relação á aplicação de recursos


foi criado o Portal da Transparência (www.portaldatransparencia.gov.br), onde constam
informações de transferências de recursos para Estados, Distrito Federal e Munícipios, bem
como aplicações diretas dos Órgãos Federais e gastos de cartões corporativos.

A Lei 12.527/11 denominada Lei da Informação, em vigor desde 17 de maio de 2012,


tem como objetivo normatizar no que se refere ao direito de receber informações de interesse
particular ou não, de entidades públicas e suas respectivas punições dos agentes de omitirem
tais dados. A lei ainda abrange a classificação das informações sigilosas em grau, prazo e
sigilo, restrições de acesso e a definição de quais são os tipos de condutas ilícitas e sua
responsabilização. O prazo para a prestação destas informações será imediato, se não for
possível será de 20 dias, pode ser prorrogado mediante uma justificativa.

Um importante progresso na fiscalização dos recursos públicos é a Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF) a qual determina em seu art.56 que as contas prestadas pelos
chefes dos poderes Executivo além das suas próprias contas devem incluir as contas dos
Presidentes dos órgãos do Poder Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público.
Seu aspecto inovador esta no fato da exigência da implantação de um sistema de
planejamento e disciplina fiscal na execução orçamentária.

Mauss (2012) afirma que aliada a LRF encontra-se a Lei de Crimes fiscais a qual
responsabiliza pessoalmente o administrador pelo desvio na gestão das contas públicas.
Através dela é possível verificar a efetividade ao controle da gestão pública, uma vez que faz
com que o gestor tenha a consciência que representa a sociedade, a quem deve prestar contas
e ser responsabilizado pessoalmente e penalmente, na suposição de infração de regras de
natureza fiscal.

METODOLOGIA

O presente artigo foi desenvolvido através da pesquisa bibliográfica a qual


proporcionou um conhecimento acerca do tema abordado, bem como a pesquisa documental
realizada através das leis vigentes.
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Conforme Oliveira (2011) a pesquisa bibliográfica pode ser definida como uma busca
de conhecimento sobre um determinado assunto utilizando livros, artigos, monografias,
dissertações e teses. Tem a finalidade é fornecer ao pesquisador com base no que foi escrito,
um conhecimento relevante sobre o assunto.

Segundo Jose Matias (p.82),

Pesquisa bibliográfica é aquela desenvolvida a partir de material já elaborado,


constituído principalmente de livros, artigos científicos, teses e dissertações ,
manuais, normas técnicas, revisões, trabalhos de congressos, abstracts, índices e
bibliografias, meios audiovisuais. Inclui também outras formas de publicação, tais
como: relatórios técnicos, científicos, leis, contratos, pareceres, entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A controladoria desempenha um papel fundamental na administração pública, pois não


apenas orienta os gestores quanto do planejamento como também controla suas ações
permitindo que aja uma transparência na gestão.

Quanto à controladoria o presente trabalho demonstrou sua estrutura e suas principais


funções, que quando aplicada traz a tona uma gestão eficiente garantindo que se cumpra seu
principal objetivo, que é proporcionar um serviço publico de qualidade atendendo toda a
demanda da sociedade. A fim de garantir este processo temos órgãos fiscalizadores bem como
legislações com normas e punições para aqueles que se beneficiam do dinheiro publico.

A má gestão destes recursos bem como seus desvios causa a sociedade danos
prolongados, pois o impacto disto não reflete apenas no presente como também em gerações
futuras. Áreas como saúde e educação têm estado em um verdadeiro caos, pois as
necessidades da sociedade não estão sendo supridas, longas filas de espera em hospitais,
poucos profissionais para realizar atendimento, escolas com infraestrutura decadente,
manutenção deixando a desejar, estes são apenas alguns dos exemplos do reflexo causado a
sociedade.

Mesmo com toda a estrutura no ambiente da administração pública a mesma ainda não
esta de forma clara e eficiente como deve ser.
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Apesar de planejado, controlado e fiscalizado pode se verificar que continua


ineficiente a gestão publica e o desvio de recursos públicos ainda continua em alta. O que
exige um estudo futuro sobre as causas da elevada taxa de corrupção no Brasil e identificar
quais as causas de tantos desvios do dinheiro público.
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1 Elis Regina Sousa Ribeiro – Bacharelando no curso de Ciências Contábeis pelo Centro Universitário de
Anápolis (UniEVANGÉLICA) – Brasil – Email: [email protected]
2 Milton Neemias Martins Silva – Professor do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário de
Anápolis (UniEVANGÉLICA) – Brasil – Email: [email protected]

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