Dissertação - Andrea Gomes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS

ANDRÉA GOMES DOS SANTOS

A CANÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA DE


PROJETO DE ENSINO

NATAL/RN
2015
ANDRÉA GOMES DOS SANTOS

A CANÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA DE


PROJETO DE ENSINO

Dissertação apresentada à Banca


Examinadora do Mestrado Profissional em
Letras da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, em cumprimento aos
requisitos para a obtenção do título de
mestre.

Área de concentração: Linguagens e


letramento

Orientador: Prof. Dr. João Gomes da Silva


Neto

NATAL/RN
2015
UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Catalogação da Publicação na Fonte

Santos, Andréa Gomes Dos.


A canção no ensino de língua portuguesa: uma proposta de projeto de ensino /
Andréa Gomes Dos Santos. - Natal, RN, 2015.
122 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. João Gomes da Silva Neto.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro


de Ciências Humanas, Letras e Artes. Mestrado Profissional em Letras.

1. Leitura - Dissertação. 2. Escrita - Dissertação. 3. Samba-enredo - Dissertação.


4. Ensino Fundamental - Dissertação. I. Silva Neto, João Gomes da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 81’42


ANDREA GOMES DOS SANTOS

A CANÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA DE


PROJETO DE ENSINO

Dissertação apresentada à Banca


Examinadora do Mestrado Profissional em
Letras da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.

Aprovada em 25/08/2015.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________
Prof. Dr. João Gomes da Silva Neto – UFRN (Presidente)

___________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Sueli Cristina Marquesi – PUC-SP (Examinadora externa à instituição)

___________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Ana Graça Canan – UFRN (Examinadora externa ao programa)

___________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria das Graças Soares Rodrigues – UFRN (Examinadora interna)

NATAL/RN
2015
Dedico esta dissertação a meus pais, a meus professores
da educação básica ao mestrado e a meus alunos.
AGRADECIMENTOS

• A Deus pelo dom da vida e pelas oportunidades na área das letras;


• A minha mãe, Maria de Lourdes Gomes dos Santos, pelas orações, palavras,
carinhos e cuidados únicos;
• A meu pai, João Zacarias dos Santos, por ser meu exemplo de fortaleza
diante de dificuldades, pelas orações, críticas e auxílios;
• Aos meus irmãos, Amanda Gomes dos Santos e Arlindo Gomes dos Santos,
por terem me ensinado na infância, me dado meus amados sobrinhos e me
encorajarem em meus projetos pessoais e profissionais;
• Aos meus sobrinhos, Paulo Henrique, Paulo Eduardo e Pedro Lucas, pelos
nossos momentos de alegria, brincadeiras, abraços revigorantes e “beijinhos
molhados” no cangote;
• Ao governo da presidenta Dilma Rousseff pela iniciativa de criar o mestrado
profissional em Letras e, consequentemente, proporcionar mudanças
significativas na vida profissional daqueles que optaram pela docência;
• À CAPES pela bolsa de pesquisa que possibilitou a compra de livros e o
cumprimento de demais despesas com este trabalho;
• Ao meu professor orientador, João Gomes da Silva Neto, pelo
compartilhamento de saberes, paciência e sensibilidade durante nossos
encontros presenciais e virtuais;
• À banca examinadora da qualificação (Célia Maria Medeiros Barbosa da
Silva, Maria do Socorro Oliveira, Maria de Fátima S. dos Santos, Henrique
Eduardo de Sousa) e à banca examinadora da versão final dessa dissertação
pelas intervenções colaborativas e sugestões de leitura;
• Aos meus familiares, em especial a meu tio Sebastião Zacarias dos Santos
Filho por evitar meus atrasos em dias críticos;
• Aos meus amigos, em especial a Lúcia Costa e a Adriel Lopes, pelo estímulo
em meus momentos de crise com as palavras;
• A João Luiz Freitas da Silva, Elaine Freitas, Helio Vito, Amanda Gomes dos
Santos e Ernandes Araújo pela companhia e apoio nos eventos
carnavalescos relacionados a esse trabalho;
• Aos componentes da Associação Recreativa Carnavalesca e Cultural Escola
de Samba Balanço do Morro, em especial à D. Dorinha (viúva do Mestre
Lucarino), a Cesar Filho (presidente da escola de samba), a Debinha Ramos
(um dos compositores do samba-enredo 2015), à Larissa Lira (responsável
pela parte sociocultural da escola de samba, assessora e esposa de
Debinha);
• Aos componentes do Grêmio Recreativo Escola de Samba Malandros do
Samba, em especial a Aluízio Pereira (um dos fundadores desta escola de
samba), Lailson de Paula (presidente), João Barroca (vice-presidente), Jeová
Silva (carnavalesco);
• Aos meus companheiros de mestrado, especialmente a Ana Suely, Daniel
Cardoso, Eliane Medeiros, Francisco Medeiros e Leonildo Leal, pelas
gentilezas e pelo incentivo para que eu perseverasse no processo de
obtenção desse título.
O saber que não vem da experiência não é realmente saber.
Lev Vygotsky (apud FERRARI, 2011)
LISTA DE SIGLAS

DIRED Diretoria Regional de Educação, Cultura e Desporto


h/a Hora aula
IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
IFRN Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
PCN Parâmetros Curriculares Nacional
PROERD Programa Educacional de Resistência às Drogas
PROFLETRAS
ProITEC Programa de Iniciação Tecnológica e Cidadania
RJ Rio de Janeiro
RN Rio Grande do Norte
SD Sequência didática
RESUMO

A canção é um gênero textual presente em avaliações nacionais, provas de


concurso para ingresso em escolas técnicas, em livros didáticos, logo precisa ser
mais difundido na escola como objeto e instrumento de ensino, pois, além de sua
importância para o repertório cultural do indivíduo, pode colaborar para o
desenvolvimento das habilidades linguísticas. Nesse sentido, esta pesquisa versa
sobre leitura e escrita da canção (letra de samba-enredo) no ensino fundamental,
com o intuito de sugerir um projeto de ensino de língua por meio de samba-enredo,
que envolva intertextualidade e conhecimento linguístico verbal, para o 6º ano do
ensino fundamental II. Os objetivos específicos são: criar sequências didáticas que
sejam direcionadas principalmente à leitura e à escrita, mas também para gramática
e oralidade considerando o gênero textual canção (letra de samba-enredo);
contribuir para a formação de leitores e escritores por meio do estudo do gênero
canção (letra de samba-enredo). A fim de atingir esses objetivos, a fundamentação
teórica está ancorada quanto às concepções de escrita e leitura, Koch e Elias (2012,
2013); à oralidade, Marcuschi (2010); à gramática, Travaglia (2011); à
intertextualidade, Koch (2009); à língua, Travaglia (2013); ao texto, Geraldi (2013);
ao gênero textual, Marcuschi (2007). Os aspectos metodológicos se baseiam quanto
à abordagem qualitativa e à pesquisa-ação, Severino (2014), Engel (2000); ao
projeto de ensino, Travaglia (2013); à sequência didática, Zabala (1998), Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2010); Silva Neto e Gheysens (2011); ao procedimento de
ensino, Carlini (2004); à avaliação, Luckesi (2011); à correção de texto, Ruiz (2013)
entre outros.

Palavras-chave: Leitura. Escrita. Samba-enredo. Ensino Fundamental.


RESUMEN

La canción es un género textual presente en evaluaciones nacionales,


pruebas de concurso para ingreso en escuelas técnicas, en libros didácticos, luego
precisa ser más difundido en la escuela como objeto e instrumento de enseñanza,
pues además de su importancia para el repertorio cultural del individuo, puede
colaborar para el desarrollo de las habilidades linguísticas. En ese sentido, este
trabajo es sobre lectura y escritura de la canción (letra de samba-enredo) en la
enseñanza primaria, con el intuito de sugerir un proyecto de enseñanza de lengua
por medio de samba-enredo, que envuelve intertextualidad y conocimiento
linguístico verbal, para el 6º año de la enseñanza primaria mayor. Los objetivos
específicos son: crear secuencias didácticas que sean direccionadas principalmente
a la lectura, escritura, pero también a la gramática y oralidad considerando el género
textual canción (letra de samba-enredo); contribuir para la formación de lectores y
escritores escritores por medio del estudio del género canción (letra de samba-
enredo). A fin de alcanzar eses objetivos, la fundamentación teórica está basada
cuanto a las concepciones de escritura y lectura, Koch y Elias (2012, 2013); a la
oralidad, Marcuschi (2010); a la gramática, Travaglia (2011); a la intertextualidad,
Koch (2009); a la lengua, Travaglia (2013); al texto, Geraldi (2013); al género textual,
Marcuschi (2007). Los aspectos metodológicos están basados cuanto al abordaje
qualitativo y búsqueda de acción, Severino (2014), Engel (2000); al proyecto de
enseñanza, Travaglia (2013); a la secuencia didáctica, Zabala (1998), Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2010); Silva Neto e Gheysens (2010); procedimiento de
enseñanza, Carlini (2004); a la evaluación, Luckesi (2011); a la corrección de texto,
Ruiz (2013) entre otros.

Palabras clave: Lectura. Escritura. Samba-enredo. Enseñanza primaria.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................16
2.1 CONTEÚDOS DE ENSINO DA LP: ENCAMINHAMENTOS DIDÁTICO-
PEDAGÓGICOS .......................................................................................................16
2.2 CONTEÚDOS DE APRENDIZAGEM: AS COMPETÊNCIAS E OS CONCEITOS
SOBRE LÍNGUA, TEXTO E GÊNERO TEXTUAL ....................................................18
2.3 CONTEÚDOS CONCEITUAIS (CURRICULARES).............................................19
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ..........................................................................27
3.1 PROJETO DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O ESTUDO DO SAMBA-
ENREDO ...................................................................................................................34
3.1.1 Justificativa .....................................................................................................35
4 RELATO DE EXPERIÊNCIA .................................................................................53
4.1 SD1 - INTRODUÇÃO AO TEMA CARNAVAL E AO GÊNERO TEXTUAL
CANÇÃO ...................................................................................................................54
4.2 SD2 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE CARACTERÍSTICAS DE UMA
CANÇÃO (LETRA DE SAMBA-ENREDO) ................................................................58
4.3 SD3 – PRODUÇÃO INICIAL DE UM SAMBA-ENREDO .....................................63
4.4 SD4 – OBSERVAÇÃO E DISCUSSÃO DE PARTICULARIDADES DE CANÇÕES
(LETRAS DE SAMBAS-ENREDO) ............................................................................66
4.5 SD5 – AMPLIAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A CULTURA POPULAR ......67
4.6 SD6 – REFLEXÃO SOBRE CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS E TÍTULO .....69
4.7 SD7 – REVISÃO E REESCRITA DA PRODUÇÃO INICIAL ................................79
4.8 SD8 – VISITA A UMA SEDE DE UMA ESCOLA DE SAMBA .............................85
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................86
REFERÊNCIAS .........................................................................................................88
APÊNDICES .............................................................................................................94
ANEXOS ............................................................................................................... 106
11

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988, no inciso I do art. nº 208, considerando a


Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, garante aos brasileiros
“educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram
acesso na idade própria” (BRASIL, 1988), salientamos que a educação básica
compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental (I e II) e o Ensino Médio.
Antes dessa emenda, em 6 de fevereiro de 2006, a Lei nº 11.274, altera o texto da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), e assegura que o
Ensino Fundamental deixa de ser oferecido em apenas 8 (oito) anos e passa a ter
duração de 9 (nove) anos, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de
idade completos ou a completar até o dia 31 de março do ano em que a criança for
matriculada.
Um dos componentes curriculares obrigatórios do Ensino fundamental da
área linguagens, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica
(2013), é língua portuguesa. Sobre essa língua, foi publicado, pelo Ministério da
Educação e do Desporto em 1998, um volume dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, que explicita, dentre outras informações, os objetivos de língua
portuguesa para o Ensino Fundamental, um desses objetivos é

reconhecer e valorizar a linguagem de seu grupo social como instrumento


adequado e eficiente na comunicação cotidiana, na elaboração artística e
mesmo nas interações com pessoas de outros grupos sociais que se
expressem por meio de outras variedades. (BRASIL, 1998, p.33).

Apesar de já ter mais de uma década da publicação dos PCN, ainda há


muito o que melhorar no ensino fundamental tanto no aspecto estrutural das
escolas, como no currículo, oferta de serviço, índices, entre outras particularidades.
A fim de tentar melhorar a qualidade e os índices do ensino de língua materna,
órgãos públicos e privados fomentam a formação inicial e continuada de
professores. Por ocasião de estímulo ao programa de pós-graduação stricto sensu
para professores da educação básica, especialmente do ensino fundamental, em
2013, o governo federal criou o Mestrado Profissional em Letras em rede nacional, e
é a esse mestrado que esta pesquisa está vinculada. Ela considera, como versa o
12

objetivo citado anteriormente, a linguagem da turma na comunicação do cotidiano


escolar e na elaboração artística.
Dentre as críticas ao ensino de língua portuguesa na educação básica
brasileira podemos citar que, muitos professores não utilizam técnicas inovadoras
em suas aulas, faltam projetos eficientes de leitura e escrita, boa parte dos
exercícios e atividades avaliativas não propicia a competência comunicativa dos
alunos. Por mais que alguns professores não mereçam essas críticas, de modo
geral, a baixa qualidade no ensino de língua materna se evidencia, por exemplo, nos
resultados insatisfatórios do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
de escolas como a Escola Estadual Isabel Gondim situada em Natal no estado do
Rio Grande do Norte. Em 2013, essa instituição, parceira deste trabalho, obteve,
segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP), 1,0 no índice observado da Prova Brasil do 5º ano, quando a meta projetada
era 3,3 (INEP, 2015a). Como o número de participantes do 9º ano era insuficiente
para realizar o cálculo, os resultados não foram divulgados (INEP, 2015b). Isso
reflete a séria crise administrativa e pedagógica que a escola passou na gestão
anterior e que ainda tem resquícios na gestão atual.
Nessa e em outras comunidades, é tão frequente a necessidade de os
alunos ouvirem música, seja para relaxarem, seja para se agitarem, que, às vezes,
surge nas escolas um entrave: o uso do celular em sala de aula e nos demais
espaços de ensino em momentos inapropriados. Esse atrativo aparelho móvel
permite, muitas vezes, a aprendizagem imediata, diversão, como ouvir música, ver
vídeos, brincar com jogos, mas também pode gerar dependência, facilita o
compartilhamento indevido de informações durante uma avaliação, então é
fundamental a criação e fiscalização de regras entre os membros das comunidades
para que haja limites no uso desse aparelho, a fim de evitar problemas entre alunos
e professores.
Durante o intervalo ou em reuniões, é comum os professores comentarem
sobre as músicas que os alunos ouvem e/ou cantam no ambiente escolar. Os
docentes dizem, por exemplo, que algumas letras têm duplo sentido, pouco
conteúdo, e até que é uma perda de tempo ouvir certas músicas, então as canções
aqui propostas, algumas ouvidas pelos alunos, apresentam cuidado com o conteúdo
e respeito aos leitores/ouvintes independentemente da idade.
13

Como esta pesquisa segue a dinâmica do mestrado profissional, é bem


prática, assim sendo, fizemos a intervenção em um ambiente de trabalho para
promovermos mudanças, tentarmos melhorar a qualidade da prestação de serviços
e atingirmos ou superarmos a satisfação dos alunos. Nesse sentido, sugerimos um
projeto de ensino cujo gênero textual principal é a canção. Esse gênero além de se
adequar à demanda do público-alvo, às vezes, se faz presente em avaliações
nacionais como a Prova Brasil (tanto no 5º quanto no 9º ano), provas de concurso
público, entre outros exames, dos quais os alunos participaram ou poderão
participar. Uma especificidade desse gênero abordado nesta pesquisa é a letra de
samba-enredo, então para demarcar essa especificidade foi adotada a nomenclatura
canção (letra de samba-enredo).
Ao refletirmos sobre o ensino de língua, elegemos como questões desta
pesquisa, as que estão a seguir e serão discutidas: de que modo um projeto de
ensino pode colaborar com a leitura e a escrita em sala de aula por meio de samba-
enredo?; como perceber a intertextualidade em samba-enredo?; de que maneira o
estudo do verbo pode influenciar positivamente na leitura e na escrita de samba-
enredo?
Com o intuito de ter uma experiência exitosa em uma turma de 6º ano no
tocante a essas questões, foi planejado e executado um trabalho de intervenção que
consiste em um projeto de ensino de língua portuguesa com foco na leitura, escrita e
reescrita por meio de letra de samba-enredo. Vale salientar que nas sequências
didáticas deste projeto também foram considerados os outros dois campos,
oralidade e gramática. Portanto, o objetivo geral estabelecido nessa perspectiva foi:
Elaborar um projeto de ensino em que se explora o gênero textual canção. E os
objetivos específicos são: criar sequências didáticas que sejam direcionadas
principalmente à leitura e à escrita, mas também para gramática e oralidade
considerando o gênero textual canção (letra de samba-enredo); contribuir para a
formação de leitores e escritores por meio do estudo do gênero canção (letra de
samba-enredo).
Antes do planejamento e da execução do projeto, iniciamos o estudo do
meio fazendo uma investigação das potencialidades do bairro e da escola onde
trabalharíamos e, como não podia ser diferente, nos encantamos com a
possibilidade de conhecermos bem mais o carnaval de nossa cidade natal com os
alunos. Então, começamos a fazer pesquisas em sites de busca, redes sociais,
14

conversar informalmente com pessoas da comunidade, entrevistar um autor de


samba, outro de samba-enredo, visitar os ensaios de rua, festa de comemoração ao
aniversário de uma escola de samba, estrear no desfile carnavalesco, e em meio a
tudo isso consolidando esta pesquisa.
Ao apreciarmos os ensaios de rua, percebemos que há dias em que há
ensaios apenas de uma escola de samba e, às vezes, as escolas combinam uma
ordem de apresentação para um mesmo dia. Em todos esses momentos, elas
tentam se superar, “fazer bonito” e evitar críticas. A rivalidade entre as escolas de
samba existe sim, desde a concepção do enredo até a última nota divulgada que
gera o grito de campeã, mas o respeito aos “adversários” deve ser preservado e
estimulado para que seja mantida a paz local e as pessoas de outros bairros e até
mesmo de outras cidades não tenham receio nem criem preconceitos em relação à
comunidade das Rocas.
Quando encontramos um aluno defendendo sua escola de samba em um
ensaio de rua e também na avenida do desfile principal é uma sensação mútua de
encantamento inigualável. Nessas ocasiões, eles são sujeitos ativos com convicção
e alegria, e é essa sensação que este estudo tenta trazer para a aula de língua
portuguesa. Ao trabalharmos essa disciplina com a letra do samba-enredo,
esperamos não ouvir aquela clássica frase “Eu não gosto de português!”, pois a
reflexão sobre a importância da nossa língua para a criação desse gênero tentamos
evitar clichês como esse.
Baseando-nos nesta afirmação constante nos PCN, “As pessoas aprendem
a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a
leitura.” (BRASIL, 2000, p. 36), foi mantida durante o projeto de ensino, a busca por
um ensino que vislumbrasse a melhoria da competência leitora e escritora dos
estudantes. Para tanto, consideramos o texto, escrito ou falado, como unidade de
ensino. A “[...] unidade básica de ensino só pode ser o texto, mas isso não significa
que não se enfoquem palavras ou frases nas situações didáticas específicas que o
exijam.” (BRASIL, 2000, p. 36). A letra e a sílaba presentes em um texto também
podem ser abordadas, caso seja necessário, mas descontextualizadas, não é
indicado, pois o sentido fica muito comprometido.
O tema deste trabalho manteve-se em consonância com tendências de
estudos e eventos linguísticos, por exemplo, do Seminário Internacional Escrevendo
o Futuro cuja temática foi “Práticas de escrita: da cultura local à sala de aula” (que
15

ocorreu em São Paulo em 2015 com conferência de abertura “Os cinco grandes
desafios do ensino da língua portuguesa”, proferida pelo professor Joaquim Dolz).
Também se alinha com esse pensamento do artista sobre o processo de escrita

Tenho que fazer um verso que fale das coisas do meu dia a dia, do meu
caminho para a escola, da minha relação com a professora, com os amigos,
com os pais. E vou usar apenas a forma, a estrutura do verso – as sete
sílabas, a rima. E por quê? Porque vou educar – e aqui entra a questão da
língua –, tentar disciplinar o meu falar a uma forma, é um exercício, um
desafio, um jogo, uma forma lúdica. Isso ajuda a entender a prosódia da
língua. (NÓBREGA, 2015, p.8).

Nesse sentido, com o tema buscamos a valorização da relação entre o


popular e a norma de prestígio, em função da escrita e da leitura significativas.
Abordamos também o respeito à identidade do indivíduo e à maneira como se fala e
escreve em meio aos grupos que frequenta.
Nos capítulos seguintes estão, respectivamente, a fundamentação teórica,
na qual estão expostos saberes (de renomados pesquisadores nacionais e de outros
países) que convergem às ideias deste trabalho sobre o gênero textual canção; os
aspectos metodológicos, nos quais se apresentam, por exemplo, o tipo de pesquisa
e o projeto de ensino, sendo este organizado em sequências didáticas, as quais
dentre outros itens possuem procedimentos de ensino, e em um cronograma com
conteúdos de ensino; o relato de experiência da aplicação do projeto de ensino; e as
considerações finais sobre a intervenção em sala de aula orientada em nível de pós-
graduação stricto sensu.
16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, apresentamos as teorias que alicerçam o projeto de ensino. O


capítulo está subdividido em três seções, a primeira aborda os conteúdos de ensino
da LP: encaminhamentos didático-pedagógicos; a segunda traz os conteúdos de
aprendizagem: as competências e os conceitos sobre língua e texto; e a terceira
apresenta conteúdos conceituais (curriculares).

2.1 CONTEÚDOS DE ENSINO DA LP: ENCAMINHAMENTOS DIDÁTICO-


PEDAGÓGICOS

Koch e Elias (2012), apresentam três concepções de escrita, uma com foco
na língua, uma com foco no escritor e outra com foco na interação. Segundo as
autoras, Durante o processo de ensino e aprendizagem, ou o professor de línguas
vincula-se unicamente a uma dessas concepções ou oscila entre elas. Vale lembrar
que é a concepção adotada que define o modo como serão ministradas as aulas,
elaboradas, aplicadas e realizadas as atividades e avaliações etc.
A primeira concepção de escrita, segundo as autoras, está relacionada ao
ensino tradicional em que concebe a língua como um código, e a aprendizagem se
dá por meio da aquisição desse código, da repetição de atividades, execução de
listas extensas de exercícios, cópias manuscritas de conteúdos etc. Então, nessa
perspectiva para escrever bem, o indivíduo tem de conhecer e usar as regras da
língua (com suas devidas exceções) e ter um bom vocabulário.
A segunda considera a escrita como meio de registro do pensamento, das
emoções e das intenções do escritor. Já o leitor é visto como mero receptor da
informação, se não entender o que está escrito é porque ele é incompetente, não
sabe interpretar direito, pois o texto está claro.
Essas duas primeiras concepções consideram como responsável pelo dito
apenas o escritor, mas a terceira, de caráter dialógico, entende que a escrita é tida
como produção textual que considera os conhecimentos, as estratégias e os
objetivos do escritor e do leitor. Ainda para a terceira concepção de escrita, a
interação verbal ocorre por meio de gêneros orais e escritos, e o leitor tem uma
atitude responsiva em relação ao texto. Alguns nomes que adotam essa concepção
são Bakhtin e Marcuschi.
17

Koch e Elias (2013), também apresentam três concepções de leitura, uma


com foco no texto, uma com foco no autor e outra com foco no autor-texto-leitor. A
leitura com foco no texto é uma atividade que preza pela linearidade e desconsidera
implícitos, cabendo ao leitor reconhecer o sentido do que está bem dito e organizado
estruturalmente. A leitura com foco no autor é a “atividade de captação das ideias do
autor” (KOCH; ELIAS, 2013, p.10), bem como de suas intenções. Essas ideias não
são documentadas com base em uma situação comunicativa. A leitura com foco no
autor-texto-leitor é vista como “uma atividade de produção de sentido” (KOCH;
ELIAS, 2013, p.12), tanto no âmbito dos explícitos, quanto no dos implícitos.
Nesta pesquisa, adotamos a concepção de escrita adotada é a com foco na
interação e a concepção de leitura com foco no autor-texto-leitor. Na interação, os
sujeitos tornam-se parceiros na aprendizagem, um ajuda o outro a progredir no
saber com sugestões, críticas, comentários a partir de dúvidas etc. O elo autor-texto-
leitor considera importante cada um desses elementos, em cada momento com
objetivos definidos para leitura e/ou escrita.
Oralidade “seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se
apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora;
ela vai desde uma realização mais informal à mais formal nos mais variados
contextos de uso.” (MARCUSCHI, 2010, p. 25). Estamos explorando mais a
oralidade nas escolas, mas precisamos melhorar muito. Ainda predominam
trabalhos com o texto escrito e avaliações que podem ser facilmente documentadas,
as atividades orais podem ser gravadas, mas exigem equipamentos que, às vezes,
as escolas não dispõem para o corpo docente, contudo precisamos encontrar
alternativas possíveis. Nos diversos lugares e grupos que os alunos frequentam
surgem solicitações para que estes demonstrem bastante desenvoltura na oralidade,
para tanto professores precisam incluir em seus programas estudos de gêneros
orais mais e menos formais a fim de que os estudantes compreendam e façam uso
de um monitoramento linguístico maior ou menor a depender do propósito
comunicativo.
Gramática é entendida como “o conjunto de condições linguísticas para a
significação. Portanto, o conjunto desses recursos, mecanismos, fatores e princípios
que usamos para produzir efeitos de sentido é a gramática de uma língua.”
(TRAVAGLIA, 2011, p. 41). Desde o ventre da mãe, o indivíduo tem contato com a
gramática de uma língua ou mais pela oralidade, na medida em que o ser humano
18

vai crescendo, geralmente em casa e na escola, passa a ter contato com a


gramática pela escrita, nos dois casos o uso da gramática preza pelo sentido do que
se pretende dizer para atingir um objetivo. As condições linguísticas mudam
frequentemente, contudo os documentos que regulamentam uma língua não sofrem
mudanças na mesma proporção. Isso, às vezes, acaba gerando um conflito entre os
usuários.

2.2 CONTEÚDOS DE APRENDIZAGEM: AS COMPETÊNCIAS E OS CONCEITOS


SOBRE LÍNGUA, TEXTO E GÊNERO TEXTUAL

Segundo Travaglia (2011, p.153), há competências de diversas naturezas


“(comunicativa, cultural, descritivo-analítica, de trato social)”, os indivíduos precisam
desenvolvê-las sempre mais para serem cidadãos bastante ativos na sociedade.
Assim, em determinado momento da aula o professor pode ser surpreendido com
uma competência bem desenvolvida de um aluno. Koch (2011, p.48) fala que há “[...]
três grandes sistemas de conhecimento: o lingüístico, o enciclopédico e o
interacional [...].”, o segundo também pode ser chamado de conhecimento de mundo
e o terceiro de sociointeracional. Esses termos “competências” e “conhecimentos” se
completam para o trato global do estudante, pois quando lemos um texto precisamos
acionar informações, por exemplo, da gramática de uma língua, adquiridas em
leituras curriculares anteriores ou na vivência no dia a dia, em um diálogo, entre
outras.
Língua é “[...] uma forma de interação [...]” (TRAVAGLIA, 2013, p.31, grifo
do autor) entre interlocutores, assim sendo quem fala/escreve e quem ouve/lê age
no processo comunicativo. Cada país tem sua língua oficial e ela permite a troca de
informações por meio de enunciados com sentido completo entre os falantes nativos
e entre aqueles que optam por usar uma língua distinta da materna. A língua permite
que seus usuários expressem sentimentos, façam reclamações, elogios, críticas etc.,
de modo respeitoso ou não. Diariamente os indivíduos tomam suas decisões ao
utilizar a língua considerando para quem, para que, quando, onde, por que e como a
fim de que haja uma interação eficiente e eficaz.
Entendemos texto como “[...] lugar de interação entre atores sociais e de
construção interacional de sentidos (concepção de base sociocognitiva-
interacional).” (KOCH, 2009, p. XII). Esse local de manifestação de palavras e/ou
19

imagens precisa estar de acordo com o que o ator social pretende dizer, pois caso
não esteja, em maioria, não haverá construção de sentido para o leitor idealizado ou
até mesmo para o próprio indivíduo que teve coragem de assumir o que diz. Na
escola, o professor de línguas tem a incumbência de ajudar o aluno a atingir seu
objetivo ao produzir ou consumir um texto.
De acordo com Santos, Riche e Teixeira (2013, p.17), o texto também é “[...]
considerado elemento de interação, marcado pela coesão entre seus elementos e
pela sua ocorrência interna/externa.” Um texto pode ser coeso e não ser coerente,
vice-versa também, mas quando é coeso e coerente, possibilita a percepção do
encadeamento de palavras e um significado entre as partes e o todo.
Texto ainda é “ponto de chegada e ponto de partida – passagem.”
(GERALDI, 2013, p. XXIX). Muitas vezes, chegamos por motivos inesperados a
alguns textos e eles nos marcam por longos tempos, outros textos não significam
tanto em determinado momento, mas depois nos surpreendem e ainda há aqueles
que não temos a menor vontade de nos permitir a eles, embora, às vezes, seja
necessário. De todo modo, cada texto nos impulsiona a algum pensamento e/ou
atitude. Essas definições de texto são convergentes e têm em comum a intenção de
que o indivíduo busque e consiga competência comunicativa em qualquer gênero
textual. E isso é possível com práticas de uso da língua.
Os gêneros textuais são “entidades sócio-discursivas e formas de ação
social incontornáveis em qualquer situação comunicativa.” (MARCUSCHI, 2007,
p.19). Essas formas são situadas no tempo e no espaço, como também são criadas
para atender às necessidades de escrita ou de fala de um indivíduo ou de grupos de
pessoas. Possuem características permanentes e algumas opcionais, ainda podem
desencadear outras formas mais complexas ou mais simples. A carta, por exemplo,
é mais ampla que o bilhete e atualmente é menos usada que o e-mail.

2.3 CONTEÚDOS CONCEITUAIS (CURRICULARES)

Para efeito didático dividimos os conteúdos conceituais em três níveis:


linguísticos, textuais e de gênero.
No que diz respeito aos conteúdos linguísticos, devemos “[...] levar em conta,
sobretudo, as funções sintático-semânticas do verbo, como selecionador dos
elementos que constituem o enunciado.” (ANTUNES, 2003, p. 128). Além do verbo,
20

outros conteúdos linguísticos estão expostos nos conteúdos conceituais no


cronograma na seção 3.1.
No que concerne aos conteúdos textuais, consideramos um critério de
textualidade, a intertextualidade, pois esta, que pode ser relacionada, por exemplo,
ao estilo, à temática, propicia o conhecimento de outros textos. A intertextualidade

stricto sensu ocorre quando, em um texto, está inserido outro texto


(intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória social de
uma coletividade ou da memória discursiva (domínio estendido de
referência, cf. Garrod, 1985) dos interlocutores. (KOCH, 2009, p. 145-146).

Com esse critério, acreditamos que o aluno vai construindo seu repertório de
leituras ao longo do tempo, e depois, em outros contextos, pode ser capaz de
estabelecer, com autonomia, relações de semelhanças e diferenças entre textos.
No que se refere aos conteúdos de gênero, listamos, predominantemente
segundo Moisés (2013), poemas que têm uma maior relação com a música, visto
que o gênero textual em destaque no projeto de ensino mantém relação com a
musicalidade.
A poesia grafada em grego como poíesis e em latim como poesis possui
vários conceitos e é empregada em várias expressões artísticas. Na literatura, o
poema pode representar a materialização, o concreto, o visível da poesia. De acordo
com Paz (1956, p.14 apud MOISÉS, 2013, p. 365), o poema é “um organismo verbal
que contém, suscita ou segrega poesia”, pode ser elaborado em diferentes suportes
textuais, em verso ou em prosa, com ou sem rima, métrica, título, conforme o estilo
de um período literário e/ou do poeta ou da poetisa.
A canção “De modo genérico, designa toda composição poética destinada
ao canto ou que encerra aliança com a música.” (MOISÉS, 2013, p.63). Ela pode se
classificar em canção popular e em canção erudita. A primeira, está entre o folclore
e a música, não costuma apresentar regras bem definidas, enquanto que a segunda,
de maior prestígio para a classe dominante, segue esquemas cultos e precisos,
como forma fixa, métrica. Há outros rótulos para a canção, como a canção redonda,
a canção de gesta, a de ninar e outras que ultrapassam os limites desse trabalho.
A cantiga também chamada de canção, durante a Idade Média, unia letra e
som de modo bem apurado. Há vários tipos de cantiga, por exemplo, cantiga de
amor (que revela a paixão não correspondida de um homem humilde por uma dama
21

da alta sociedade), de amigo (que revela o sofrimento de uma moça simples por não
ser correspondida no amor a um cavalheiro da alta sociedade, mas era um homem
quem cantava, a mulher não tinha esse direito), de maldizer (que traz uma crítica
direta e agressiva), de escárnio (que traz uma crítica indireta com o uso de ironia e
sarcasmo).
A trova já foi sinônimo de “cantiga” e “designava toda espécie de poema em
que se produzia aliança entre a letra e a música.” (MOISÉS, 2013, p. 467). Vale
ressaltar que a palavra “trova” está inserida no nome do período literário
“Trovadorismo”, o qual teve grande participação dos menestréis ou trovadores para
compor, cantar e/ou recitar as trovas ou cantigas anteriormente citadas. Contudo, a
partir “do século XVI, com a desvinculação havida entre as palavras e a pauta
musical, o termo fixou-se como equivalente de quadrinha.” (MOISÉS, 2013, p. 467),
ou simplesmente quadra, estrofe ou poema com quatro versos.
A ode “inicialmente consistia num poema destinado ao canto. Sinônimo,
pois, de canção, reduzia-se a um cantar monódico, interpretado pelo próprio autor,
ao som da lira, ou de semelhante instrumento de corda [...]” (MOISÉS, 2013, p.337).
Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) compôs “Ode Triunfal”,
Vinícius de Moraes escreveu “Ode a maio”, há outras odes dedicadas, por exemplo,
à alegria, à cebola.
A cantata é uma forma “literária essencialmente culta e de ampla extensão”
(MOISÉS, 2013, p. 67), idealizada para uma ação solene ou galante. Sem esquema
fixo, surgiu a partir da ideia de ser acompanhada com coro (embora também seja
acompanhada com solo) e instrumentos de uma orquestra. No Brasil, geralmente
nos períodos pascal e natalino, grupos de igrejas e orquestras sem vínculo religioso
apresentam cantatas. Autores como Olavo Bilac e Bocage são referências na
criação de cantatas.
A oitava é uma estrofe ou um poema de oito versos. Ela pode ser
classificada em oitava-rima e em oitava romântica. O primeiro tipo, como o próprio
nome já diz, apresenta rimas, também versos decassílabos, e é encontrado em Os
Lusíadas de Luís de Camões. O segundo tipo quase não possui rimas nem versos
de mesma medida. Ainda existe a oitava da poesia popular e folclórica que se
denomina “quadrão, uma oitava composta de versos redondilhos cuja rima obedece
à seguinte disposição: aaabcccb, ou aaabbccb. Poesia cantada, ainda é conhecida
22

sob o apelativo de oito pés em quadrão.” (MOISÉS, 2013, p. 340). É possível ler o
quadrão em cordéis.
A balada foi uma canção bastante difundida durante a Idade Média com
vistas à dança. Nesse período, a balada expressava espontaneidade, liberdade
formal, tinha caráter popular e sugeria uma história. Moisés (2013, p.50) informa que
“A universalidade da balada permite considerá-la uma das mais primitivas
manifestações poéticas.” Outro tipo de balada, mais voltado para a erudição,
apresenta forma fixa e se subdivide em balada primitiva e em balada propriamente
dita. Aquela organizava-se em três estrofes de oito versos, com o arranjo de rima
ababbccb, e cada estrofe era finalizada com os mesmos versos; enquanto que esta,

compunha-se de três estrofes de oito ou dez versos, seguidas de um envoi


de quatro ou cinco versos. Cada estrofe culminava pelo mesmo verso, e
obedecia ao seguinte esquema rímico: ababbcbc ou ababbccdcd. No envoi,
as rimas organizam-se em bcbc ou ccdcd. Conforme tivesse 28 ou 35
versos, denominava-se respectivamente pequena balada ou grande balada.
(MOISÉS, 2013, p. 51-52).

Ainda existe a balada dupla constituída de 6 oitavas ou décimas, seguidas


do envoi correspondente. Envoi, entre outros significados, é a parte que finaliza a
balada e contém o termo a quem se destina.
O rondel foi consideravelmente usado no Simbolismo e no Parnasianismo,
visto que nesses períodos literários a musicalidade era uma característica marcante.
Ele

[...] consta de duas quadras seguidas de uma quintilha, de forma que os


dois primeiros versos da primeira quadra se repetem no final da segunda, e
o primeiro verso da quadra inicial recorre no fecho da quintilha. ABab, baAB,
ababA. Não obedece a esquema fixo de rimas, nem de metro; entretanto,
utiliza de preferência o septissílabo e o octossílabo. (MOISÉS, 2013, p.421).

Tem como variante e, às vezes, como sinônimo o roundel, este “compõe-se


de uma quadra seguida de um terceto e uma quadra, mas de modo que o quarto
verso das duas quadras funcionem como estribilho: abaC, aba, abaC.” (MOISÉS,
2013, p. 422). Bem aceito na literatura inglesa, expõe a ideia cíclica de algo muito
bem feito, algo redondo.
O rondó é um poema de forma fixa que inicialmente consistia em uma
canção que acompanhava uma dança chamada ronde. Há dois tipos de rondó: o
francês e o português. O primeiro tem três estrofes, uma quintilha, um terceto e outra
23

quintilha, escritas em versos com oito ou dez sílabas. “Duas rimas apenas são
utilizadas, e o primeiro verso do poema, ou um seu fragmento, pode repetir-se, à
guisa de estribilho, no final do terceto e da segunda quintilha.” (MOISÉS, 2013,
p.422). Encontra-se ainda variante desse rondó.
O rondó português compõe-se de “uma quadra que se repete ao fim de
oitavas ou de duas quadras.” (MOISÉS, 2013, p. 422). Essa quadra repetida
apresenta rima encadeada, aquela em que a combinação se dá entre o final de um
verso e o interior do próximo. É comum o rondó português dispor de oito quadras ou
quatro oitavas e versos septissílabos. Silva Avarenga é nome de destaque na
produção de rondó.
Há a seguir singularidades da canção, da canção popular, do samba e
especialmente do samba-enredo, visto que textos norteadores do projeto de ensino
enfatizam essas especificidades.
A canção, para Costa (2007), é “uma peça verbo-melódica breve, de
veiculação vocal.” Em outras palavras, é uma produção textual curta, escrita, em
verso, com melodia adequada para o canto ou a declamação. Ela é um gênero
textual que possibilita o trabalho com os quatro eixos linguísticos (leitura, escrita,
gramática e oralidade) defendidos pelas políticas públicas educacionais do Brasil,
em qualquer nível da educação básica.
Segundo a tipologia cancional criada por Luiz Tatit (2004 apud LIMA, 2011),
há três tipos de canção, a dizer, a passional, a temática e a figurativa. A primeira
aborda conflitos amorosos, situações ou lugares desejados, é mais lenta, as
palavras são pronunciadas mais devagar. A segunda pode tratar da exaltação de um
personagem, tem repetição, é mais rápida como alguns sambas e músicas
carnavalescas. A terceira está relacionada a uma conversa, tem um tom coloquial
como a canção “Sinal Fechado” de Paulinho da Viola. Mas, uma mesma canção
pode apresentar características de mais de um tipo, portanto devemos falar em
predominância de um tipo.
Direcionarmos nosso olhar para o gênero textual, mas também é importante
lembrar que as canções populares escolhidas neste trabalho pertencem ao gênero
musical samba e algumas dessas ainda se inserem em um subgênero musical,
samba-enredo. Piedade (2003, p. 49 apud SOUZA, 2010, p.127) define gênero
musical como um “conjunto de elementos musicais e simbólicos que apresentam
estabilidade em termos de temáticas, estilos e estruturas composicionais”. Essa
24

definição de gênero musical apresenta as três características que se assemelham às


dos gêneros textuais, a saber, conteúdo temático, estilo e estrutura composicional,
sendo possível assim uma relação harmoniosa entre eles.
Samba, segundo Ferreira (2008, p.439), é “sm. 1. Dança brasileira de origem
africana, compasso binário e acompanhamento sincopado. 2. A música dessa dança
e a respectiva letra.” Essa letra produzida, muitas vezes, por homens de pouco
estudo, mas de muita sensibilidade artística, criticidade e criatividade retrata o povo,
os heróis, a literatura, os costumes e outras particularidades do Brasil, de países que
nos colonizaram e de outros países que influenciaram a formação da nossa
identidade.
De origem africana, a dança e a música samba se propagou na periferia
brasileira em bares, festas, roda de amigos e são acompanhadas por instrumentos
musicais como, pandeiro, cavaquinho, cuíca, tamborim, surdo. Esses instrumentos
ajudam na constituição do compasso, medida de tempo regular na música, do
samba, o qual é dividido em dois tempos. Quanto ao acompanhamento sincopado,
segundo o dicionário on line Michaelis Português, com o verbete síncope, à “ligação
da última nota de um compasso musical com a primeira do seguinte”, em outras
palavras, Sodré (1998, p.11) afirma que síncopa corresponde “[...] é a ausência no
compasso da marcação de um tempo (fraco) que, no entanto, repercute noutro mais
forte.” Sem pormenores aos elementos básicos da música, seguem-se outras
informações desse ritmo acompanhado por palmas, batidas de pés e coreografias
sensuais.
Ernesto dos Santos, o Donga, é, conforme Sodré (1998), o autor do primeiro
samba gravado no Brasil, em 1917, com o título “Pelo telefone”, mas este
compositor alerta que já existia samba na Bahia. Outros nomes ganharam destaque
em nível nacional pela produção de sambas, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres,
Sinhô.
O samba, segundo Silva (2015), compositor de samba e de samba-enredo,
cujo nome artístico é Debinha Ramos, chegou a Natal, especialmente ao bairro
Rocas pelo mar, por pessoas vindas do Rio de Janeiro e da Bahia por embarcações
que atracavam no porto natalense que fica no bairro vizinho chamado Ribeira.
Existem vários subgêneros do gênero musical samba, por exemplo, samba-
jazz, samba-canção, samba-de-breque, samba-enredo, desses o que será tratado
aqui é apenas o samba-enredo, conhecido como a canção do carnaval. Segundo o
25

dicionário on line Michaelis Português, samba-enredo é “[...] Samba criado


especialmente para ser cantado durante o desfile da escola de samba, por ocasião
do carnaval. Pl: sambas-enredos e sambas-enredo” (SAMBA-ENREDO, 2009). É
válido destacar que antes dos sambas-enredo, eram marchas, sambas e outras
músicas mais tocadas nos barracões que acompanhavam o maior cortejo festivo da
população brasileira predominantemente negra e pobre. Quando era assim, os
puxadores, que eram cantores e/ou compositores geralmente de sambas, cantavam
uma parte fixa da letra e a outra ficava por conta da improvisação, surpreendendo
assim os jurados, os componentes das escolas e o público.
Embora haja controvérsias, Galvão (2009, p.124) declara que o primeiro
samba-enredo foi criado em 1949 com o título “Exaltação a Tiradentes”. Esse
samba-enredo tem autoria de Mano Décio da Viola, Penteado e Estanislau, bem
como pertence a uma das mais antigas escolas de samba do Rio de Janeiro
chamada Império Serrano.
O samba-enredo, assim como os demais itens avaliados em cada escola de
samba, precisam estar coesos e coerentes para que a escola tenha condições de
subir ao pódio, deixar a comunidade feliz, celebrar a vitória e ganhar a verba
destinadas às escolas campeãs. Às vezes, os itens avaliados não são os mesmos
nos estados brasileiros, mas o samba-enredo é um dos critérios comuns, em virtude
de sua importância para a manutenção da escrita em meio a tantas linguagens que
dialogam nesse evento que acomoda a diversidade.
Antes de ser apresentado à comunidade, por vezes, a direção da escola de
samba promove um concurso de samba-enredo para ter opções de escolha e
fomentar o surgimento de novos participantes. Geralmente os compositores de
samba-enredo são considerados exemplo de intelectualidade da escola, pois lidam
com o que muitos têm receio, a escrita. O compositor além de ser um bom
observador, um apreciador de mundos, por ele, desconhecidos, é um pesquisador e
uma pessoa atenta a aspectos da língua, por exemplo, uso de sinônimos,
antônimos, hiperônimos, rimas, inversão de termos na oração, concordância nominal
e verbal, entre outros, mesmo que desconheça as nomenclaturas desses fatos
linguísticos.
No que tange às características de um samba-enredo, é possível citar: uso
de rimas, versos, verso com nome da escola de samba, refrão (ões), estrofes, uso
de intertextualidade, progressão temática, vocabulário convergente ao tema, caso se
26

trate de uma exaltação a um herói, deve ter seu nome, bem como termos de
referência a ele. Sobre o uso de rimas,

[...] o samba-enredo “Raízes”, de Martinho, Ovídio e Azo, não tinha rima,


uma grande ousadia. O poeta da Vila conta que começou a compor e
depois procurou seus parceiros, moradores da Cidade de Deus, e os dois
não fizeram comentário algum quanto ao fato de que os versos não
rimavam. “Outras pessoas também não notaram e foi aí que eu vi que tinha
feito uma poesia perfeita”, conta ele. (MELLO, 2015, p. 229).

O vocábulo “samba-enredo” carrega em si o nome de um elemento da


narrativa, o enredo. Dentre os significados desse elemento, o dicionário on line
Michaelis Português, apresenta “Encadeamento dos incidentes na literatura de
ficção” (SAMBA-ENREDO, 2009). No samba-enredo, a sequência de versos
costuma manter concatenação com os fatos verossímeis lembrados no enredo.
Gancho (1993, p. 9) diz que enredo é o “conjunto dos fatos de uma história[...]”, logo,
considerando a brevidade do samba-enredo, este expõe os principais
acontecimentos sugeridos em um enredo. Raymundo (2011, p.27) afirma que “Não
há letra de samba-enredo sem enredo.” Seja oral ou escrito, o enredo, geralmente
escrito em prosa, orienta a produção do samba-enredo. Assim, prosa e poesia se
mesclam na construção dessa música de carnaval.
27

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

As etapas desta pesquisa foram organizadas de acordo com os


pressupostos teóricos e os itens descritos a seguir, a metodologia adotada, o
ambiente da pesquisa, a professora-pesquisadora, a turma colaboradora e o projeto
de ensino com sequências didáticas e cronograma – com conteúdos de ensino,
identificação da sequência didática e previsão do tempo em hora/aula.
Esta pesquisa não privilegiou a quantificação, mas a abordagem qualitativa
dos dados gerados. A metodologia utilizada, segundo esta abordagem, foi a
pesquisa-ação, que “propõe ao conjunto de sujeitos envolvidos mudanças que levem
a um aprimoramento das práticas analisadas.” (SEVERINO, 2007, p. 120). Assim,
ela pode possibilitar ações inovadoras na docência, aprendizagem para todos os
envolvidos na pesquisa e atuação por parte dos alunos na escola e/ou na
comunidade a partir de conhecimentos compartilhados.
No entender de Nunan1 (1993 parafraseado por ENGEL, 2000, p.183),

este tipo de pesquisa constitui um meio de desenvolvimento profissional de


“dentro para fora”, pois parte das preocupações e interesses das pessoas
envolvidas na prática, envolvendo-as em seu próprio desenvolvimento
profissional.

Dentre as características dessa metodologia, sugeridas por Engel (2000, p.


184-185) e inspiradas, por exemplo, em McKernan 2 (1993) e Nunan (1993), é
possível dizer que a pesquisa-ação é situacional, pois aborda um contexto
específico; autoavaliativa, pois o professor, que é o próprio pesquisador, avalia os
processos e os resultados, segundo sua proposta de intervenção; e cíclica, pois
busca-se aprimorar os resultados das fases anteriores.
O ambiente onde foi aplicada a referida pesquisa é a Escola Estadual Isabel
Gondim, a qual é vinculada à 1ª Diretoria Regional de Educação, Cultura e Desporto
(DIRED). Essa escola, fundada em 1935, ainda é muito importante para a
comunidade por vários motivos, por exemplo, por ser espaço de ensino e
aprendizagem, também por ser colégio eleitoral, posto de vacinação, por receber

1
NUNAN, D. Action research in language education. In: EDGE, J.; RICHARDS, K. (Ed.). Teachers
develop teachers research: papers on classroom research and teacher development. Oxford:
Heinemann, 1993. p. 41.
2
McKERNAN apud HOPKINS, D. A teachers guide to classroom research. Buckingham, 1993.
p.52.
28

grupos artísticos da comunidade para ensaios e/ou apresentações. Apesar da


significativa data de fundação e atuação, a escola não possui Projeto Político
Pedagógico.
Em 2014, a Isabel Gondim passou por um processo parcial de reforma (o
qual não incluiu a quadra poliesportiva), ofereceu, em parceria com a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, curso de espanhol para alunos e demais
integrantes da comunidade, e ainda oferta para os alunos, com ajuda de parceiros:
reforço escolar, oficina de xadrez, oficina de artes, Kung Fu, terapias
complementares, acompanhamento psicológico, Programa Educacional de
Resistência às Drogas (PROERD-RN) que é realizado por soldado(s) da Polícia
Militar para os alunos do 5º ano, entre outros para favorecer o bem-estar e bom
rendimento escolar das crianças.
Essa escola possui sala de direção, de leitura, secretaria, refeitório, cozinha,
quadra, jardim, sala de aromaterapia, sala dos professores, despensa, sala de multi-
meios, banheiro para os alunos, para as alunas, para os funcionários e para as
funcionárias, 02 arquivos e 08 salas de aula. Em 2015, há 01 turma do 4º, 5º, 6º, 7º,
8º e 9º ano, totalizando aproximadamente 75 matrículas. Por questões de alto índice
de evasão escolar e insegurança a alunos e funcionários da escola no horário de
saída do turno noturno, neste ano de 2015 não estão funcionando as turmas de
Educação de Jovens e Adultos. Entretanto, no turno matutino e vespertino a escola
acolhe turmas do Centro Municipal de Educação Infantil Profa. Cláudia Oliveira de
Farias, isto acontece porque o prédio desse centro está em reforma. Essa parceria
foi positiva, visto que beneficiou a ventilação das salas da escola estadual, algumas
estavam funcionando sem um único ventilador.
A atual gestão da escola está composta pela diretora que é professora de
língua portuguesa - e também mestranda do PROFLETRAS - e pelo vice-diretor, um
professor de ciências. Ambos são enfáticos quando o assunto é a permanência do
funcionamento dessa escola que por pouco não fechou as portas. Eles aceitaram a
ideia deste projeto e colaboraram com o que estava ao alcance deles.
A professora de língua portuguesa responsável pela turma e pela pesquisa é
graduada em Letras – Língua portuguesa e literaturas, especialista em Leitura e
Produção de textos, mestranda do PROFLETRAS, também fez curso de extensão
de Mediadores de leitura, todos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Atua há três anos na rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte, tem poesias
29

publicadas no livro “Histórias que se cruzam”, já trabalhou em escola particular e


com acompanhamento pedagógico em sua área. Durante a educação básica,
estudou somente em escola da rede privada, e para essa educadora, a escola é um
lugar de maravilhosas lembranças.
A faixa etária dos estudantes da turma 6º ano U varia entre 12 e 15 anos,
logo a maioria é repetente e precisa de ajuda para escrever e/ou ler com mais
autonomia. É bom frisar que embora precisem de ajuda e a escola ofereça o reforço
escolar no contra turno, os alunos selecionados para essa atividade não estavam
comparecendo, então esse ponto foi pauta da reunião de pais e mestres que ocorreu
em 10 de abril de 2015. A maioria dos estudantes da turma mora no bairro Rocas,
descende de pai com ensino fundamental incompleto e mãe com ensino médio
completo, recebe auxílio de programas sociais do governo federal e vem a pé para a
escola. Dos 12 alunos, 07 afirmaram que já assistiram a algum desfile em que as
escolas de samba das Rocas se apresentaram, desse total, 04 afirmaram que
prestigiaram o desfile dessas escolas esse ano, 01 assegurou que já desfilou em
uma tribo de índio e outro disse que já desfilou pela “Balanço do Morro”.
A fim de cumprir um eficaz processo de ensino de língua, os encontros na
turma colaboradora ocorreram por meio de projeto porque

A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos


conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2)
a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou
hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a
transformação da informação procedente dos diferentes saberes
disciplinares em conhecimento próprio. (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998,
p.61).

Há vários tipos de projetos, mas aqui consideramos apenas projeto de


ensino. Segundo Vasconcellos (2002, p. 136 apud MINGUILI; DAIBEM, 2015),
projeto de ensino é “a sistematização da proposta geral de trabalho do professor
naquela determinada disciplina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser
anual ou semestral, dependendo da modalidade em que a disciplina é oferecida.” O
autor considera a mesma definição para plano de ensino.
Fazendo uma ressalva sobre projetos de ensino e planos de ensino, Moura e
Barbosa (2013, p. 223) dizem que enquanto esses projetos “devem possuir as
características específicas da atividade de projeto”, já esses planos “se identificam
mais com atividades funcionais, de rotina.”, no caso dos planos, podem ter
30

atividades já prontas, já usadas para outros fins. Além disso, acrescentam que os
Projetos de Ensino são

projetos elaborados dentro de uma (ou mais) disciplina(s) ou conteúdo(s)


curricular(es), dirigidos à melhoria do processo ensino-aprendizagem. Este
tipo de projeto é próprio da área educacional e refere-se ao exercício das
funções do professor. (MOURA; BARBOSA, 2013, p. 26).

Não se esquecendo dos princípios fundamentais da prática docente,


Carvalho (p.25) afirma que o “processo de construção e/ou elaboração de um
Projeto, seja de ENSINO, PESQUISA, ou EXTENSÃO não deve se distanciar de
uma postura ÉTICA e INVESTIGATIVA por parte do Professor.” Assim sendo,
quando durante a elaboração de um projeto de ensino, o professor-pesquisador
considera, por exemplo, os direitos da criança e do adolescente (se for o caso), os
direitos e os deveres dos alunos da escola onde o projeto será aplicado, como
também investigações para descobrir o que os estudantes sabem, possivelmente
gostariam de estudar e realizar, em consonância com as proposições, geralmente o
projeto é visto de maneira positiva pela comunidade escolar.
Neste trabalho adotamos a abordagem de projeto de ensino, conforme
Travaglia (2013). Nesse sentido, a escolha dos conhecimentos linguísticos e a
maneira de ensiná-los se alicerça em projeto de ensino com textos adequados à
realidade dos alunos. Optar pela

[...] montagem dos projetos a partir de recursos específicos da língua, de


tipos de recursos, de instruções de sentido ou de funções dos recursos
linguísticos e de atividades que são desenvolvidas por meio da linguagem
nos parece uma forma organizada e sistemática de realizar o
ensino/aprendizagem, mesmo que o trabalho se desdobre por vários anos
de ensino. Isto pode, sem dúvida, exigir dos professores da escola uma
ação conjunta e coordenada entre as séries envolvidas no desenvolvimento
do trabalho. (TRAVAGLIA, 2013, p. 291).

Durante a organização e a execução de um projeto de ensino, muitos


diálogos, leituras, escritas e divisão de tarefas acontecem para que os resultados do
processo e do produto sejam alcançados no tempo idealizado ou em um novo
tempo. Em um
31

[...] projeto de ensino de comparação (ou outro), sempre é bom retomar com
esses alunos atividades e fatos sobre a comparação ou outro tópico em
estudo. Isto pode ser feito de modo geral dentro de sala de aula como
recordação/repetição para os que já viram o material ou em momentos
especiais, marcados para os alunos em desvantagem. (TRAVAGLIA, 2013,
p. 115-116).

Essa sugestão da recordação no projeto de ensino é importante, porque


considera os que faltam em determinado dia, ou que não atendem de imediato ao
que o professor espera. Respeitar os limites de aprendizagem dos indivíduos na
heterogeneidade de uma sala de aula não é tarefa fácil, mas a tentativa é essencial.
Assim, a maneira de ministrar o conteúdo e as atividades, às vezes, precisam ser
adaptadas dependendo das especificidades do grupo e de determinados alunos com
necessidades educacionais especiais.
O projeto está associado ao planejamento, quando organizamos as etapas,
imaginamos o que acontecerá, mas surpresas podem acontecer e são essas que
abrilhantam ainda mais os encontros de ensino e aprendizagem. No projeto de
ensino em questão, há sequências didáticas com conteúdos, segundo a tipologia de
Coll (1986 apud ZABALA, 1998, p. 30), a dizer: conceituais, procedimentais e
atitudinais, os quais estão bem detalhados no cronograma que mostra a
sistematização dos encontros.
De acordo com Zabala (1998, p.18), as sequências didáticas compreendem
um “conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização
de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto
pelos professores como pelos alunos.” As sequências didáticas tentam evitar a
proposição de atividades aleatórias, descontextualizadas e a falta de participação
dos estudantes, como também auxiliam o professor a ter mais segurança na gestão
da sala de aula durante um bimestre, trimestre, ou enquanto durar o projeto.
Delimitando o uso de sequências didáticas no ensino de línguas, Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2010, p. 82) afirmam que “Uma ‘seqüência didática’ é um
conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de
um gênero textual oral ou escrito.” Na medida em que as atividades de níveis de
dificuldades diferentes de um ou mais gêneros, com características semelhantes
e/ou distintas, vão acontecendo, os participantes podem se envolver e colaborar de
tal forma que, às vezes, é preciso ampliar o prazo para tentar atender às
expectativas.
32

Para organizar o trabalho com um gênero textual em sala de aula, há a


sugestão da seguinte sequência didática

apresentação da proposta; partir do conhecimento prévio dos alunos;


contato inicial com o gênero textual em estudo; produção do texto inicial;
ampliação do repertório sobre o gênero em estudo, por meio de leituras e
análise de textos do gênero; organização e sistematização do conhecimento
sobre o gênero: estudo detalhado de sua situação de produção e circulação;
estudo de elementos próprios da composição do gênero e de características
da linguagem nele utilizada; produção coletiva; produção individual; revisão
e reescrita. (AMARAL, [2013]).

Nas sequências didáticas, também inspiradas em Silva Neto e Gheysens


(2011) que propõe sequências didáticas para o trabalho com a cortesia verbal e em
Sousa (2013) que sugere sequências didáticas para o gênero canção, foram
adotados procedimentos de ensino ancorados em Carlini (2004). Esses determinam,
por exemplo, o papel do aluno, as atribuições do professor e os objetivos de ensino
para que uma aula aconteça didaticamente adequada e de modo proveitoso para os
envolvidos.
Ao abordar a temática avaliação da aprendizagem, Luckesi (2011) diferencia
exame de avaliação. Para esse autor, o exame está voltado para o passado,
permanece aprisionado no problema, está centrado no produto final, simplifica a
realidade, é pontual, classificatório, seletivo, antidemocrático e autoritário, enquanto
que a outra é totalmente opositiva, ou seja, está voltada para o futuro, volta-se para
a solução, está centrada no processo e no produto final (ao mesmo tempo), tem
presente a complexidade, é não pontual, diagnóstica, inclusiva, democrática e
dialógica.
O aluno que é examinado tende a ficar muito tenso e geralmente estuda
mais em um curto período para tirar boa nota (em um teste, prova, gincana,
apresentação de trabalho em sala de aula) independentemente de apreender aquele
conteúdo para a compreensão da e interferência na realidade. Se não tirar uma
ótima pontuação, o problema é sempre do aluno que não estudou o suficiente, não
interpretou e/ou não registrou a resposta completa. O exame também preza pela
individualidade e competividade.
Já a avaliação, é usada como meio de investigação do saber consolidado,
do saber em processo e do não saber dos alunos em relação a um determinado
tema, gênero textual, sequência textual, etc. Com o intuito de construir
33

paulatinamente o conhecimento, sem pavor, mas com o desejo de se tornar um ser


diferente com o conhecimento adquirido ou a adquirir. Além disso, ela comtempla as
habilidades linguísticas e os sentidos, visto que cada indivíduo tem uma maneira
específica de compreender melhor um conteúdo. Como também, considera a
participação coletiva e colaborativa. Assim sendo, no projeto de ensino em questão
foi predominantemente considerada a avaliação como modo de diagnósticos de
saberes nos processos.
No que concerne à correção de textos, são consideradas as três propostas
de Serafini (apud RUIZ, 2001) e uma quarta da própria Ruiz, a dizer,
respectivamente, correção indicativa, correção resolutiva, correção classificatória e
correção textual-interativa.
Na primeira, o professor só aponta com setas, sublinha, circula onde o aluno
não registrou a grafia adequada e, às vezes, coloca o nome do assunto no qual o
desvio está relacionado. Com esse tipo de correção, o aluno pode ver a indicação,
mas continuar sem entender do que se trata, caso o professor não explique
oralmente.
Na segunda, o professor resolve o “problema”, em outras palavras, escreve
entre as linhas da folha e sobre ou sob a palavra ou a expressão como gostaria que
o aluno tivesse escrito.
Na terceira, o professor faz uso de códigos, conhecidos também pelos
alunos, para economizar palavras durante a correção e agilizar esse processo.
A última exige um tempo e uma atenção maior por parte do professor, pois
este precisa ler o texto e escrever para o produtor do texto uma mensagem que
realmente venha servir para modificações significativas, não só na parte ortográfica,
mas também no que tange os critérios de textualidade. O aluno também se envolve
um pouco mais com seu texto, porque após a leitura do “bilhete” escrito pelo
professor, o aluno tem de repensar e ampliar sua produção. Essa correção é
interativa, visto que promove o diálogo entre quem escreve e quem lê.
34

3.1 PROJETO DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: O ESTUDO DO SAMBA-


ENREDO

Grande parte dos sujeitos da pesquisa mora no bairro Rocas, o mesmo da


Escola Estadual Isabel Gondim, ou nas proximidades, são poucos os que moram em
outras regiões da cidade. Alguns dos alunos têm contato com o carnaval da cidade
do Natal, especialmente o desfile das escolas de samba que acontece no bairro
vizinho chamado Ribeira. É válido destacar que embora o desfile carnavalesco
aconteça na Ribeira, por questões de infraestrutura, é nas Rocas onde estão as
tradicionais escolas de samba do município, são elas: a G. R. E. S. Malandros do
Samba e a A. R. C. C. Escola de Samba Balanço do Morro (ou só A. R. C. C.
Balanço do Morro, como está no samba-enredo), mas lá também há outras.
Envolvidos nesse ambiente carnavalesco, alguns alunos costumam ouvir,
cantar e, às vezes, ler sambas-enredos todos os anos, desde os ensaios nos
barracões, nas ruas, passando pelo desfile oficial, as comemorações das escolas
campeãs até outras festividades pós-carnaval. Diante dessa conjuntura que suscita,
por exemplo, valores e emoções, é possível pensar no trato desse texto em sala de
aula para ampliar conhecimentos adquiridos fora da escola. Dessa forma, pode-se
perguntar: como ensinar, de modo significativo e contextualizado, língua
portuguesa para alunos do 6º ano do ensino fundamental por meio de samba-
enredo?
No Brasil, resultados de pesquisas científicas que consideram gêneros
textuais produzidos e/ou consumidos por determinada comunidade têm mostrado
que a valorização de aspectos locais pode contribuir para a motivação dos alunos
nos processos de aprendizagem de leitura, escrita, oralidade e gramática de modo
reflexivo, investigativo e interativo.
A iniciativa de realizar este projeto de ensino com alunos do 6º ano do
ensino fundamental II, em escola pública estadual, tem como objetivos ler sambas-
enredo de escolas de samba de Natal; escrever samba-enredo em grupo; expandir o
processo de alfabetização e letramento via texto nesse ano escolar marcado por
transições, como: quantidade de professores, disciplinas, mudanças corporais,
atitudinais, entre outras; e, abordar os conteúdos curriculares com base no tema
proposto, o qual está relacionado à realidade social dos estudantes.
35

A fim de atingir as metas e sanar as dificuldades dos educandos a respeito


da língua materna, teoria e prática planejadas são mantidas em harmonia junto com
a tentativa de que os alunos se sintam e sejam seres ativos durante o projeto.

3.1.1 Justificativa

Em 2014 o governo estadual pensava em fechar a Escola Estadual Isabel


Gondim pela pouca quantidade de alunos, pelo IDEB muito baixo (1,0) e por
questões administrativas negativas, porém os integrantes da comunidade dessa
tradicional escola da zona leste de Natal lutaram pela defesa da própria identidade
e, com o uso da palavra escrita e falada, conseguiram garantir o estudo dos
moradores no próprio bairro.
É nessa linha de valorização desse colégio e desse bairro de grande
importância histórica para a cidade do Natal que foram escolhidos os textos
norteadores deste projeto, a dizer: letra do samba “Meu samba é das Rocas” do
músico natalense Carlos Zens, a letra do samba-enredo da “Malandros do Samba”
feita por Evilásio e Eri, e a letra do samba-enredo da “Balanço do Morro” composta
pelos músicos Debinha, Gerson, com participação especial de Nuno Bastos.
A presença desses textos nas aulas de língua portuguesa do 6º ano pode
possibilitar a leitura, reflexão e escrita colaborativa da letra de dois sambas-enredos,
claro atentando dentre outros itens para: o título, o tópico gramatical verbo, as
características do gênero textual canção (letra de samba-enredo) que, nesse caso,
abriga o samba-enredo oriundo do gênero musical samba.
Em 2015, na grade curricular do ensino fundamental II da rede estadual
houve a redução de 01 hora/aula de língua portuguesa, totalizando, assim, 04
h/aulas dessa disciplina por semana. Assim, para os dois primeiros meses letivos de
2015, no 6º ano foi desenvolvido o este projeto com as seguintes sequências
didáticas:
36

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 1
Objetivo geral: introduzir o tema carnaval e o gênero canção (letra de samba)
Práticas de linguagem: leitura e oralidade
Procedimentos de ensino: apresentação do grupo, apresentação de ideias
(tempestade cerebral)
Recursos de ensino: folha de ofício com a canção em evidência para os alunos,
biografia de Carlos Zens e entrevista a respeito de sua canção para a professora,
também CD “Fuxico de feira” do músico Carlos Zens e notebook.
Duração: 2h/aulas de 50min
Atribuições do professor
• Esclarecer as condições de realização do procedimento da apresentação;
• Apresentar-se com clareza e nos mesmos padrões usados pelos alunos;
• Moderar a apresentação para que todos participem;
• Expor informações sobre o tema do projeto, o tema transversal e o gênero.
Papéis do aluno
• Apresentar (-se), um pouco da própria realidade e da dos colegas de sala
quanto ao carnaval;
• Discutir o tema transversal educação e trabalho no âmbito do carnaval;
• Ler, ouvir e interpretar uma canção que enaltece a comunidade e seus
costumes;
• Ouvir uma breve biografia do compositor e trechos da entrevista concedida à
professora sobre a canção estudada;
• Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade, o senso
crítico, a valorização da identidade que possui;
• Estabelecer relações entre o lido e o vivido ou conhecido (conhecimento de
mundo).

Desenvolvimento
1ª etapa
• Boas-vindas aos alunos;
• Apresentação da professora e dos alunos:
Nesse momento, a pessoa diz o nome e como foi o seu carnaval (o que fez,
viu e ouviu);
37

• Entrega do livro didático e do uniforme (para os novatos);


• Informes gerais.
2ª etapa
• Discussão sobre o carnaval dos alunos, da professora, da nossa cidade, do
nosso estado e de outras cidades do Brasil;
• Conscientização da importância do carnaval para a comunidade das Rocas,
especialmente o desfile das escolas de samba das Rocas;
• Discussão acerca do tema transversal educação e trabalho quanto ao
carnaval;
• Colagem no caderno da canção “Meu samba é das Rocas” do compositor
natalense Carlos Zens (ANEXO A);
• Leitura, audição e discussão da canção citada anteriormente, no que tange a
estrutura, estilo e conteúdo temático. A seguir estão algumas perguntas que
nortearam a discussão:
➢ Qual é o título?
➢ Sobre o que fala a canção?
➢ Onde ele (o eu-lírico) se criou?
➢ O que significa Malandros do Samba e Balanço do Morro?
➢ Quando ele (o eu-lírico) diz “Eu saí daquela escola/Mas para minha
alegria/Eu canto agora”, a que escola se refere?
➢ Quem é da Malandros do Samba só vai para os ensaios e festas da
Malandros ou visita os festejos da Balanço?
➢ Qual dessas duas escolas de samba é mais antiga?
➢ Quantos versos e quantas estrofes há na canção?
• Exposição breve e oral da biografia de Carlos Zens feita pela professora,
bem como de trechos da entrevista concedida por ele à professora sobre a
letra do samba “MEU SAMBA É DAS ROCAS” de Carlos Zens.

Avaliação
A participação oral relacionada ao tema inicial da aula, carnaval, e às
características do gênero canção, que nesse caso se trata de um samba, mais o
respeito ao momento da fala do outro compreendem os itens avaliados de maneira
diagnóstica.
38

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 2

Objetivo geral: apresentar características de uma canção (letra de samba-enredo).


Práticas de linguagem: leitura e oralidade
Procedimento de ensino: aula expositiva
Recursos de ensino: quadro branco, pincel e apagador para este tipo de quadro,
também folha de ofício com a biografia do compositor do samba-enredo a ser
analisado, vídeo da “Campanha De Pé no Chão também se Aprende a Ler” e
notebook.
Duração: 4h/aulas de 50min
Atribuições do professor
• Ler coletivamente uma canção (letra de samba-enredo);
• Solicitar interpretação oral dos alunos com relação a uma canção (letra de
samba-enredo);
• Informar dados esclarecedores sobre a canção (letra de samba-enredo);
• Expor uma breve biografia de Debinha Ramos, bem como trechos da
entrevista concedida por ele à professora.
Papéis do aluno
• Ler coletivamente uma canção (letra de samba-enredo);
• Interpretar uma canção (letra de samba-enredo);
• Ouvir uma breve biografia de Debinha Ramos, um dos compositores da letra
do samba-enredo 2015 da “Balanço do Morro”, bem como trechos da
entrevista concedida por ele à professora sobre sua atuação no carnaval e a
letra deste samba-enredo;
• Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso
crítico;
• Estabelecer relações entre o lido/vivido ou conhecido (conhecimento de
mundo);
• Observar fotos da professora no desfile de carnaval da “Balanço do Morro”.

Desenvolvimento
1ª etapa (02h/aulas)
• Escrita do samba-enredo (ANEXO B) no quadro para que todos vejam o
39

texto;
• Leitura e audição do canto do samba-enredo da “Balanço do Morro” a partir
da voz da professora e dos alunos;
• Discussão sobre o conteúdo temático, a estrutura e os contextos de
produção e de uso desse texto;
• Apresentação de uma breve biografia de Debinha Ramos, um dos
compositores da letra do samba-enredo 2015 da “Balanço do Morro”, bem
como trechos da entrevista concedida por ele à professora sobre sua atuação
no carnaval e a letra desse samba-enredo;
• Mostra de fotos da professora (ANEXO C) no desfile de carnaval da “Balanço
do Morro”, para que os alunos percebam que a professora não está
interagindo com o texto apenas na sala de aula, mas que também interagiu
no contexto de recepção idealizado, o desfile.
2ª etapa (02h/aulas)
• Distinção entre samba, samba-enredo e enredo;
• Discussão sobre citação do texto alheio, em virtude da divulgação de um
texto (ANEXO D) em uma rede social pela “Balanço do Morro”, sem a fonte,
a qual está disponível em <http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Djalma_Maranhão>;
• Exibição de trechos do vídeo da “Campanha De Pé no Chão também se
Aprende a Ler” [09 min 29 s], disponível no You Tube, para que os alunos
vejam a realidade do ensino no período dessa campanha, a qual teve como
primeiro acampamento o bairro Rocas;
• Citação de trechos da Portaria nº 015/2015/FUNCARTE, de 20 de janeiro de
2015 que regulamenta a participação das escolas de samba no carnaval da
cidade do Natal. (ANEXO E).

Avaliação
A leitura do samba-enredo pelos alunos constitui um mecanismo para a
professora perceber as dificuldades que os alunos ainda têm diante dessa
habilidade linguística. As contribuições orais nas discussões e nos outros
momentos também são pontos de avaliação para observar os mais desenvoltos
e os mais inibidos na oralidade, como também nos temas em evidência.
40

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 3

Objetivo geral: produzir, em grupo, um samba-enredo sobre o tema escolhido.


Práticas de linguagem: leitura, oralidade e escrita.
Procedimentos de ensino: aula expositiva e trabalho em grupo.
Recursos de ensino: cópia do samba-enredo da escola de samba “Malandros do
Samba”, lápis, borracha, caneta e papel.
Duração: 2h/aulas de 50min.
Atribuições do professor
• Solicitar contribuições orais sobre o conteúdo temático e a estrutura da letra
do samba-enredo da “Malandros do Samba”;
• Informar as notas que os sambas-enredo ganharam no carnaval, a dizer: 9,8,
o da “Balanço do Morro” e 10,0, o da “Malandros do Samba”, a fim de que
percebam independente da nota, ambas têm importância para a cultura local;
• Propor a escrita de um samba-enredo.
Papéis do aluno
• Dar contribuições orais sobre o conteúdo temático e a estrutura da letra do
samba-enredo da “Malandros do Samba”;
• Ouvir as notas que os sambas-enredo ganharam no carnaval;
• Colaborar com a escrita de um samba-enredo.

Desenvolvimento
1ª etapa
• Leitura, audição/canto e discussão do conteúdo temático e estrutura do
samba-enredo da “Malandros do Samba” (ANEXO F);
• Exposição de percepção de Intertextualidade com outras obras artísticas
baseadas em Alice no País da Maravilhas de Lewis Carroll.
2ª etapa
• Divisão da turma em dois grupos;
• Produção de dois sambas-enredo, um feito pelo grupo que representa a
“Balanço do Morro” e outro pelo grupo que homenageia a “Malandros do
Samba”. Leia a seguir a proposta de escrita entregue aos grupos:
41

Proposta de escrita
Produza, com mais 05 ou 06 pessoas, um samba-enredo com a temática que
desejar, conforme o estilo dos sambas-enredo da A. R. C. C. Escola de Samba
Balanço do Morro ou do G.R.E.S. Malandros do samba e demais características
estudadas desse gênero textual.
• Avisos sobre lanche, comportamento, vestimenta e entrega do bilhete que
solicita a autorização dos pais para a ida do aluno ao museu.

Avaliação
A letra dos sambas-enredo é avaliada nessa etapa quanto ao conteúdo e
estrutura.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 4
Objetivo geral: Observar particularidades de sambas-enredo e do desfile da
“Balanço do Morro”
Práticas de linguagem: leitura, oralidade e escrita
Procedimentos de ensino: aula expositiva
Recursos de ensino: DVD com o vídeo com registro do desfile da “Balanço do
Morro”, notebook, folha de ofício com o samba-enredo “Raízes” do G.R.E.S Unidos
de Vila Isabel (RJ), de 1987 (ANEXO G).
Duração: 2h/aulas de 50min
Atribuições do professor
• Organizar o equipamento e a sala de aula para a projeção do vídeo;
• Tecer comentários sobre os temas transversais (pluralidade cultural, ética,
saúde, e meio ambiente) no âmbito do carnaval de Natal.
Papéis do aluno
• Observar, a partir do vídeo, trechos do desfile carnavalesco da “Balanço do
Morro” para os alunos que se inteirem ainda mais sobre o tema discutido,
especialmente os alunos que não moram no bairro Rocas;
• Discutir sobre temas transversais (pluralidade cultural, ética, saúde, e meio
ambiente) no âmbito do carnaval em questão.
42

Desenvolvimento
• Exibição de trechos do vídeo com registro de imagens do desfile da “Balanço
do Morro” e áudio do samba-enredo cantado pelos intérpretes e tocado pela
bateria;
• Discussão, a partir do vídeo, sobre temas transversais (pluralidade cultural,
ética, saúde, e meio ambiente) no âmbito do carnaval em questão;
• Colagem no caderno, leitura e discussão de um samba-enredo escrito
predominantemente sem rimas, o qual é uma das referências nesse quesito.
Avaliação
Concentração e compreensão durante a exibição do filme, capacidade leitora
frente ao samba-enredo “Raízes”, entendimento e contribuição na discussão sobre
os temas transversais são itens avaliados nessa sequência didática.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 5
Objetivo geral: Coletar informações sobre a cultura popular no Museu de Cultura
Popular Djalma Maranhão
Práticas de linguagem: leitura, oralidade e escrita
Procedimentos de ensino: estudo do meio e aula expositiva
Recursos de ensino: carros da equipe para levar os alunos ao museu
Duração: 2h/aulas de 50min
Atribuições do professor
• Conhecer o museu antes dos alunos;
• Explicar a um guia o trabalho em desenvolvimento e o que é esperado;
• Agendar a visita ao museu;
• Distribuir aos alunos o termo de autorização para ser assinado pelos
responsáveis;
• Recolher o termo de autorização;
• Acompanhar os alunos na visita ao museu;
• Estabelecer relação entre o observado na visita e o conteúdo estudado
anteriormente.
Papéis do aluno
• Conhecer um museu;
43

• Visitar o museu que homenageia Djalma Maranhão para aumentar o


conhecimento sobre esse marco da história do Rio Grande do Norte;
• Ampliar as informações sobre os folguedos tradicionais do RN, citados no
samba-enredo estudado.
Desenvolvimento
• Visita ao Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão;
• Discussão sobre aspectos positivos e negativos observados no Museu;
• Solicitação do registro escrito sobre o que viram e ouviram no Museu para
que fique documentado o que mais despertou a atenção dos alunos.
Avaliação
O comportamento, a presença junto ao grupo, a interação com a guia, a
participação oral na sala de aula no retorno à escola e o registro escrito das
informações que mais despertaram a atenção dos alunos foram itens que
envolveram a avaliação.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 6
Objetivo geral: Refletir sobre conhecimentos linguísticos e título.
Práticas de linguagem: leitura, oralidade e escrita
Procedimentos de ensino: aula expositiva
Recursos de ensino: livro didático, quadro branco, pincel para quadro branco,
apagador, caderno, lápis, borracha, folha de ofício com os conteúdos da aula
Duração: 8h/aulas de 50min.
Atribuições do professor
• Expor conhecimentos sobre título e verbo;
• Propor questões sobre título para discussão e atividades;
• Solicitar sugestões de títulos.
Papéis do aluno
• Ler títulos;
• Compartilhar saberes sobre títulos e verbos;
• Responder às atividades propostas.
44

Desenvolvimento
1ª etapa (2h/aulas)
• Leitura analítica de títulos de poemas que constam no livro didático dos
alunos e dos textos norteadores do projeto de ensino;
• Discussão sobre título a partir do samba-enredo da “Balanço do Morro”. A
seguir estão algumas perguntas que nortearam esse momento:

1. Qual é o título do texto?


2. O título é adequado ao corpo do texto? Por quê?
3. Você já tinha ouvido falar em Djalma Maranhão antes de ler esse
texto? Em caso afirmativo, o que você sabe mais sobre esse homem?
4. Centenário lembra que número?
5. Podemos celebrar o centenário de vida ou de morte de alguém. Se
Djalma Maranhão nasceu em 1915 e morreu em 1971, então este ano
[2015] celebramos o centenário de vida ou de morte dele?
6. O que você entende por “Vou sambar de pé no chão”?
• Proposição de outros títulos para o samba-enredo 2015 da “Balanço do
Morro”;
• Explicações adicionais sobre título.

2ª etapa (2h/aulas)

• Aula dialogada e revisão coletiva sobre verbo a partir dos sambas-enredo


produzidos;
• Uso do dicionário para localizar verbos presentes no samba-enredo 2015 da
“Balanço do Morro”, por exemplo, o verbo “sambar”, com o intuito de que os
alunos percebam que o verbo encontra-se no dicionário apenas no infinitivo;
• Explicações adicionais sobre verbo a partir (no tocante à definição, flexões e
formas nominais) da canção “Meu samba é das Rocas” de Carlos Zens;
• Atividades do livro didático sobre verbo.

3ª etapa (4h/aulas)
• Realização e acompanhamento da correção de atividades impressas
45

(APÊNDICES H e I) sobre título e verbo.

Avaliação
Nas atividades impressas, o registro escrito de parte dos saberes dos alunos
permite que a professora possa enfatizar alguns aspectos e abordar os de mais
dificuldade. A utilização do dicionário também é importante ser investigada, pois
alguns alunos podem ainda não ter o domínio dessa prática. A participação oral
também deve ser considerada como um item de avaliação, visto que os
comentários dos alunos enriquecem os momentos.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 7
Objetivo geral: revisar coletivamente os sambas-enredos como orientação para a
reescrita.
Práticas de linguagem: leitura, oralidade e escrita.
Procedimentos de ensino: aula expositiva.
Recursos de ensino: grade de avaliação para os grupos e cópia da 1ª versão de
cada grupo, celular com gravador de áudio.
Duração: 4h/aulas de 50min.
Atribuições do professor
• Distribuir cópias da grade aos alunos;
• Apresentar a grade de avaliação;
• Esclarecer dúvidas.
Papéis do aluno
• Ouvir as informações com relação à grade;
• Fazer perguntas ao professor sobre a grade.

GRADE DE AVALIAÇÃO DE SAMBA-ENREDO


Atende Atende Não
totalmente parcialmente atende
1. Uso de estrofes, versos, rimas. 1
2. Identificação do nome da escola 1
46

de samba e do (s) de refrão (ões).


3. Título (criativo, curto, faz
referência ao enredo, utiliza 1,5
verbo).
4. Adequação do conteúdo
temático do corpo do texto ao do 2
enredo.
5. Ortografia (escrita
predominantemente conforme a
1
norma culta, mas com adaptações
para manter o ritmo).
6. Uso de verbos e suas flexões. 1
7. Intertextualidade. 1,5
8. Originalidade. 1
OBSERVAÇÕES:
0,0
Fuga do tema ou do gênero
Tangenciamento 2,0

Desenvolvimento
1ª etapa
• Apresentação da grade de avaliação;
• Reescrita dos sambas-enredo com base na grade de avaliação;
• Gravar o áudio dos dois sambas-enredos produzidos.
2ª etapa
• Organizar a sala para a recepção do compositor Debinha;
• Recepcionar e interagir com o compositor de samba-enredo, Debinha.
Avaliação
A compreensão e o uso da grade para revisar os sambas-enredo, bem como a
interação com o compositor foram avaliados de modo individual e na coletividade.
47

SEQUÊNCIA DIDÁTICA 8
Objetivo geral: conhecer a sede da “Balanço do Morro”
Práticas de linguagem: leitura, oralidade e escrita.
Procedimentos de ensino: estudo do meio e aula expositiva.
Recursos de ensino: carros da equipe para levar os alunos ao local.
Duração: 2h/aulas de 50min.
Atribuições do professor
• Conhecer a sede;
• Explicar a um responsável pela sede o trabalho em desenvolvimento e o que
é esperado;
• Agendar a visita à sede;
• Distribuir aos alunos o termo de autorização para ser assinado pelos
responsáveis;
• Recolher o termo de autorização;
• Acompanhar os alunos na visita à sede;
• Estabelecer relação entre o observado na visita e o conteúdo estudado
anteriormente.
Papéis do aluno
• Trazer o termo assinado;
• Visitar a sede;
• Ampliar as informações sobre a “Balanço do Morro” e o carnaval da cidade.
Desenvolvimento
• Visita à sede da A. R. C. C. Escola de Samba Balanço do Morro para
conhecimento do espaço e de informações sobre as oficinas oferecidas e
outros detalhes da trajetória da escola de samba.
Avaliação
A interação dos alunos com o pessoal da sede, a troca de informações, a
concentração e o respeito ao que é dito pelos membros da escola são aspectos
avaliados nesse processo.
48

Essas sequências estão organizadas, sucintamente, no cronograma a seguir


por conteúdos de ensino, número da sequência e previsão do tempo em hora/aula.
Para os conteúdos baseamo-nos tanto em Coll (1986 apud ZABALA, 1998) quanto
em Fonseca e Silva (2015), pois a noção de conteúdo sugerida por esses autores
amplia a dimensão do ensino tirando o foco só dos conteúdos específicos de uma
disciplina, para uma educação que busca proporcionar “o desenvolvimento das
capacidades motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social.” (COLL
1986 apud ZABALA, 1998, p.30). Desse modo, o sujeito é considerado como um
todo e não apenas como um ser que deve possuir um cérebro em perfeito estado
para acumular informações.

Quadro 1 - Cronograma
CRONOGRAMA

Sequências Previsão de
Conteúdos de ensino
didáticas tempo (h/a)
Conteúdos conceituais SD1 2h/a
• Tema: carnaval;
• Tema transversal: educação e trabalho;
• Canção;
• Título;
• Eu-lírico;
• Versificação.
Conteúdos atitudinais
• Considerar a vez e a fala do outro;
• Conquistar atenção dos ouvintes durante
o momento de fala.
Conteúdos procedimentais
• Ler e ouvir a canção proposta;
• Responder às questões sobre a canção
trabalhada;
• Dar informações sobre o tema da aula, de
acordo com a própria realidade e estudos
anteriores.
Conteúdos conceituais SD2 4h/a
• Canção (letra de samba-enredo) 2015 da
escola de samba “Balanço do Morro”;
• Conteúdo temático;
• Estrutura;
• Contextos de produção e de uso;
• Samba;
• Samba-enredo;
• Enredo.
49

Conteúdos atitudinais
• Fazer silêncio para que a turma possa
ouvir as informações do vídeo;
• Ajudar a organizar a sala para a exibição
do vídeo.
Conteúdos procedimentais
• Expor saberes prévios para a construção
do conhecimento coletivo do gênero
canção;
• Ouvir a professora e os colegas de turma;
• Observar atentamente o vídeo da
Campanha “De Pé no Chão Também se
Aprende a Ler”.
Conteúdos conceituais SD3 2h/a
• Canção (letra de samba-enredo) 2015 da
escola de samba “Malandros do Samba”;
• Conteúdo temático;
• Estrutura.
Conteúdos atitudinais
• Saber escolher por critérios próprios e
adequados o grupo do qual fará parte;
• Respeitar a produção textual do outro
grupo;
• Falar baixo com os integrantes do grupo
do qual fará parte, para que o outro grupo
também possa trabalhar.
Conteúdos procedimentais
• Ouvir informações históricas de
repercussão local e nacional da
“Malandros do Samba”;
• Falar informações relevantes sobre a
“Malandros do samba”;
• Comparar o samba-enredo 2015 da
“Malandros do samba” com outras obras
artísticas baseadas em Alice no País das
Maravilhas de Lewis Carroll e apreciadas
anteriormente;
• Escrever junto com um grupo um samba-
-enredo.
Conteúdos conceituais SD4 2h/a
• Canção (letra de samba-enredo) escrita
predominantemente sem rimas;
• Temas transversais (pluralidade cultural,
ética, saúde e meio ambiente).
Conteúdos atitudinais
• Concentrar-se na leitura;
50

• Respeitar o modo de ler do outro;


• Fazer silêncio para que a turma possa
ouvir o samba-enredo a partir do vídeo;
• Não tecer comentários desagradáveis em
relação aos participantes da escola de
samba.
Conteúdos procedimentais
• Ler uma canção (letra de samba-enredo)
predominantemente sem rimas;
• Comparar uma canção
predominantemente sem rimas com
outras com muitas rimas;
• Discutir sobre os temas transversais com
foco no carnaval de Natal;
• Observar trechos do vídeo sobre o desfile
da “Balanço do Morro”.
Conteúdos conceituais SD5 2h/a
• Museu de Cultura Popular Djalma
Maranhão;
• Folguedos tradicionais do RN.
Conteúdos atitudinais
• Ser pontual;
• Prestar atenção ao que será dito;
• Respeitar o que será dito, mesmo que
não concorde;
• Cumprir as regras de visitante do Museu
de Cultura Popular Djalma Maranhão;
• Comportar-se bem no trajeto
escola/museu e museu/escola.
Conteúdos procedimentais
• Levar o termo de autorização e trazê-lo
assinado;
• Vestir o uniforme completo;
• Observar o ambiente interior e exterior do
museu;
• Ouvir as informações que serão ditas pela
guia no museu;
• Fazer perguntas sobre o museu e o que
ouvirá;
• Anotar dados importantes sobre o museu;
• Avaliar a visita ao museu.
Conteúdos conceituais SD6 8h/a
• Título;
• Dicionário;
• Verbo.
Conteúdos atitudinais
• Cooperar na distribuição de atividades
51

para o grupo;
• Expor para a turma a compreensão de um
título;
• Ajudar um colega que é tímido a
compartilhar o que pensa.
Conteúdos procedimentais
• Ler títulos refletindo sobre a maneira de
criação;
• Fazer exercícios do livro didático sobre
verbo;
• Realizar atividades impressas sobre verbo
e título;
• Usar o dicionário para encontrar o
significado de verbetes relacionados ao
projeto.
Conteúdos conceituais SD7 4h/a
• Grade de avaliação;
• Reescrita.
Conteúdos atitudinais
• Silenciar quando o outro estiver falando;
• Respeitar a pergunta do outro;
• Sinalizar quando quiser falar;
• Colaborar com o grupo durante a
reescrita.
Conteúdos procedimentais
• Ler a grade de avaliação;
• Ouvir informações sobre a grade de
avaliação;
• Fazer perguntas sobre itens da grade de
avaliação;
• Relacionar o samba-enredo do grupo à
grade de avaliação;
• Reescrever o samba-enredo com base na
grade de avaliação.
Conteúdos conceituais SD8 2h/a
• Histórico e mitos da “Balanço do Morro”;
• Avaliação de um projeto de ensino.
Conteúdos atitudinais
• Ser pontual;
• Prestar atenção ao que será dito;
• Respeitar o que será dito, mesmo que
não concorde;
• Cumprir as regras de visitante da sede da
“Balanço do Morro”;
• Comportar-se bem no trajeto escola/sede
e sede/escola.
Conteúdos procedimentais
52

• Levar o termo de autorização e trazê-lo


assinado;
• Vestir o uniforme completo;
• Observar o ambiente interior da sede da
“Balanço do Morro”;
• Ouvir as informações proferidas pelos
representantes da escola de samba;
• Fazer perguntas sobre a escola de samba
e seus participantes;
• Anotar dados importantes sobre a escola
de samba;
• Avaliar o projeto de ensino.
Fonte: produção do próprio autor, 2015.
53

4 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Em 2015 houve a redução de 01 hora/aula de língua portuguesa na grade


curricular do ensino fundamental II da rede estadual do Rio Grande do Norte, logo
por semana ficamos com 04 h/aulas dessa disciplina por turma. Atentos a essa
mudança, desenvolvemos, nos três primeiros meses letivos (março, abril e maio) no
6º ano matutino da Escola Estadual Isabel Gondim, o projeto de ensino cuja
experiência está relatada a seguir. É valido salientar que o projeto foi idealizado para
acontecer em dois meses, mas os contratempos possibilitaram uma maior
durabilidade. Para evitar identificação direta dos nomes dos alunos participantes do
projeto, a referência a eles, independente do gênero, foi feita pela palavra “aluno”
acompanhada de um número para estabelecer uma sequência.
Considerando as condições favoráveis e adversas, o projeto de ensino foi
aplicado na turma que é composta por 12 alunos, sendo 10 meninos e 02 meninas.
Desse total, 06 são novatos, então além destes mudarem de escola, passaram a
conhecer outros professores e colegas de sala. Sem dúvida, nessa fase de
adaptação foi importante a prática de atividades coletivas para favorecer a
socialização. Durante o projeto, um aluno saiu da escola e outro entrou, ao aluno
que saiu se faz referência como “aluno 13”, sua presença e participação se restringiu
ao dia em que os alunos fizeram a primeira versão do samba-enredo. Ao aluno que
entrou, sua referência é “aluno 09”.
Para atender esse público-alvo, foi desenvolvido o projeto de ensino com
sequências didáticas com foco principal na leitura e na escrita, mas também na
gramática e na oralidade de textos de língua portuguesa que mantém aproximação
com o público-alvo. A leitura foi explorada a partir de letra de samba, samba-enredo,
imagens, com estratégias como antecipação, levantamento de hipóteses etc. A
escrita entrou em cena quando os alunos responderam atividades, produziram
coletivamente letra de samba-enredo, fizeram registros sobre a ida ao museu. O
tópico de gramática abordado foi o verbo, tendo em vista a sua grande importância
na elaboração de um enunciado. Além disso, é fundamental que os alunos
percebam, incorporem e façam uso de verbos em níveis de formalidade de acordo
com a situação comunicativa da modalidade escrita ou oral. No que concerne à
oralidade, foi vista a sua relação com a escrita, por exemplo, o uso de marcas de
54

oralidade no samba-enredo, como, “tá”, “aí”, atentando sempre para o sentido no


contexto.
No trabalho em evidência foram seguidas as etapas sugeridas para uma
sequência didática (SD), com exceção da produção individual. Inicialmente ocorreu a
apresentação do projeto, o princípio e o fim deste estudo foram anunciados para que
os alunos tivessem consciência dos caminhos que seriam trilhados. Depois os
alunos apresentaram seus conhecimentos prévios em relação ao tema, tiveram o
contato inicial com exemplos do gênero canção, fizeram a primeira versão de uma
canção (letra de samba-enredo), posteriormente ampliaram os saberes sobre o
gênero, com leitura e análise de textos, organizaram e sistematizaram os
conhecimentos sobre a canção observando o contexto de produção e uso,
estudaram os elementos que compõem o gênero, atentaram para a linguagem
utilizada e fizeram revisão e reescrita das versões apresentadas da produção
coletiva. Vale lembrar que a produção coletiva foi feita em dois grupos distintos.
No primeiro dia letivo, 02 de março de 2015, o horário de aulas ainda não
estava organizado, pois como alguns professores trabalham em outras escolas,
estavam aguardando para que não houvesse incompatibilidade de horários. Então,
combinamos que cada professor escolheria uma sala de aula, mas como vieram
poucos alunos, juntamos as turmas do 6º e do 7º ano. Nesse caso, essas duas
turmas participaram do primeiro momento do projeto, mas vale ressaltar que o
projeto foi desenvolvido apenas com os alunos do 6º ano.

4.1 SD1 - INTRODUÇÃO AO TEMA CARNAVAL E AO GÊNERO TEXTUAL


CANÇÃO

Iniciamos a primeira etapa da primeira sequência didática, após o tempo


de tolerância, saudando e parabenizando os alunos pela vitória deles em conseguir
manter a escola aberta, apesar das dificuldades enfrentadas no ano anterior, e
agradecemos aos novatos por acreditarem nos profissionais dessa escola. Depois
nos apresentamos brevemente e pedimos que eles nos dissessem o nome e o que
tinham feito no carnaval. Ficaram refletindo sobre o que tinham feito, então fizemos
uma nova tentativa, dissemos que assim que todos terminassem, diríamos também.
Então, surgiram respostas variadas, uns ficaram em casa, o aluno 6 disse que no
seu carnaval “foi a maior zuada lá em frente de casa.” porque tinha “o palco do
55

carnaval... das Rocas.”, o aluno 11 falou que “Vi Jorge Aragão” (no palco das
Rocas), “Viajei, foi Grafith em Macau!”, o aluno 7 disse “Eu viajei pra Bom Jesus, aí
fiquei o tempo todinho dentro de casa”, embora nessa cidade tenha festas
celebrando o carnaval, ficam longe da casa onde esse aluno ficou.
Os alunos do 7º ano também deram suas contribuições, dentre elas: um
aluno disse “Fui olhar só o último dia na Ribeira. Eu não passei nem muito tempo. Vi
passando as escolas de samba.”, outro aluno falou “Eu passei metade do carnaval
aqui (Natal) e metade do carnaval em Ceará-mirim.” Ao se referir ao carnaval de
Natal, disse “Eu fui ver o desfile da escola de samba.”, afirmou que viu as escolas de
samba, Balanço do Morro, Imperatriz Alecrinense e Malandros do Samba, que mais
gostou dessa última, especificamente do seu tema que é “Alice no País das
Maravilhas do carnaval” e de suas fantasias. Acrescentou que em Ceará-mirim ficou
em casa, também passeou, foi tudo tranquilo, só no silêncio. Uma aluna disse que
seu carnaval “foi legal, saí no Bloco das Guerreiras” (um bloco das Rocas), “fui ver
minha tia sambando no desfile da Balanço do Morro” e acrescentou que no desfile
dessa escola foi tudo bonito.
Ao cabo das apresentações dos discentes, cumprimos o prometido: falamos
como foi nosso carnaval, que participamos do desfile da escola de samba Balanço
do Morro, prestigiamos o desfile da Malandros do Samba, assistimos pela televisão
a alguns desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, etc. Na sequência,
entregamos o livro didático de língua portuguesa, o uniforme aos novatos e demos
os informes gerais, por exemplo, em relação ao horário de funcionamento da escola,
a quantidade de professores, a organização do caderno por disciplina, a
obrigatoriedade do uso do fardamento, merenda, entre outros.
Na segunda etapa da primeira sequência didática, retomamos pontos
importantes do nosso carnaval, do dos alunos, depois relembramos como é o
carnaval em alguns polos do nosso estado, da nossa cidade, especialmente na
Ribeira e nas Rocas, também em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Olinda.
Posteriormente, falamos acerca da responsabilidade que os alunos têm de
preservar, para as próximas gerações, a cultura do samba, do carnaval e das outras
manifestações culturais que acontecem nas Rocas. Logo após, discutimos sobre o
tema transversal educação e trabalho – direcionado ao carnaval de Natal. Dissemos
que há pessoas que trabalham formalmente e outras informalmente em função do
carnaval antes, durante e depois de esse evento, que suscita vários conhecimentos,
56

acontecer. Então, lançamos a pergunta “que profissões vocês acham que existem
no ambiente, no clima do carnaval?” Algumas respostas foram, “músico”,
“costureiro”, “desenhista”, mais uma vez do aluno 11. Além dessas, citamos outras
com suas respectivas importâncias, e falamos que conheceríamos naquele mesmo
dia um pouco da vida e da obra de um músico que fala da nossa realidade, e
também trabalha no carnaval, Carlos Zens.
Para outra dinâmica na aula, também para que os alunos praticassem outra
habilidade linguística, a leitura, e passássemos a focar o gênero textual canção,
entregamos a cópia da canção “Meu samba é das Rocas” de Carlos Zens a cada
aluno. Eles colaram-na no caderno, leram-na silenciosamente, depois lemos em voz
alta para eles e iniciamos uma discussão sobre ela. Dentre as perguntas feitas (1.
Qual é o título? 2. Sobre o que fala a canção? 3. Onde ele (o eu-lírico) se criou? 4. O
que significa Malandros do Samba e Balanço do Morro? 5. Quando ele (o eu-lírico)
diz “Eu saí daquela escola/Mas para minha alegria/ Eu canto agora”, a que escola se
refere? 6.Quem é da Malandros do Samba só vai para os ensaios e festas da
Malandros ou visita os festejos da Balanço? 7. Qual dessas duas escolas de samba
é mais antiga? 8. Quantos versos e quantas estrofes há na canção?), a que gerou
mais polêmica foi a 5.
Em relação a essa questão, alguns alunos acharam que a escola a que o
eu-lírico se refere é a Balanço do Morro, outros pensaram que se trata da Malandros
do Samba, outros acharam que fala das duas, o aluno 3 que pensou que fala de
outra escola, o aluno 1 considerou que a palavra “aquela” se refere ao termo que
está mais distante, logo seria a Malandros do Samba. Falamos que ele fez uma
ótima observação e que muitos pensariam como ele, mas em uma entrevista o
compositor assegurou que sua ideia é dizer que a escola a que o eu-lírico se refere
é Rocas, por ser esse ambiente em que as pessoas ouvem, tocam, dançam e
estudam samba. Em relação à pergunta 7, o aluno 3, demonstrando segurança e
certeza, discordou dos demais e acertou o item. Nos outros quesitos, os alunos
participaram atendendo ao que era pedido.
Após as questões, expusemos um pouco da biografia de Carlos Zens,
falamos que ele, assim como muitos alunos dessa turma, desde a infância esteve
envolvido em um ambiente carnavalesco, também que ele além de criar e tocar em
seus instrumentos, buscou conhecimento sobre sua área, assim também é
importante que os alunos do 6º ano se motivem para estudar, querer melhorar,
57

aprender sempre mais. Acrescentamos que assim como Carlos Zens toca flauta, há
um aluno na escola (que estava presente na aula) que também toca flauta, e que
esse aluno poderá estar nos palcos de Natal futuramente tocando esse instrumento.
Tudo é possível se ele não desistir, se quiser ser músico e se se dedicar ao que se
propõe. Mostramos algumas capas dos CDs que Carlos produziu, por exemplo,
“Potyguara”, nesse momento falamos que nascemos no Rio Grande do Norte, logo
somos chamados de potiguares, indagamos aos alunos o que significa “potiguar” e
alguns responderam adequadamente “comedor de camarão”, mostramos também
“Fuxico de feira” que é o CD que tem a canção estudada nesse dia e finalmente
ouvimos a canção a partir do notebook da professora, porque a escola não tem
aparelho de som nem projetor de multimídia, assim o silêncio dos estudantes e a
aproximação deles ao notebook foi fundamental para que ouvissem a canção
proposta.
Para finalizar esta sequência didática, perguntamos o nome da dança
tipicamente potiguar que tem sede nas Rocas, deram respostas como samba,
capoeira, candomblé e, por fim, Araruna; perguntamos também se eles dançam ou
conhecem alguém que dança a Araruna, disseram que não, revelando assim que
essa dança necessita ser mais disseminada, porém disseram que sabem onde fica a
sede, na Rua Belo Horizonte. Falamos que tem um homem muito importante
relacionado a essa sede que é Djalma Maranhão. O aluno 11 disse que Djalma
Maranhão foi homenageado pela Balanço do Morro no carnaval 2015. Então
perguntamos, se sabem de onde é e o que fez esse homem, cabeças balançaram
repetidas vezes para direita e esquerda representando o não; se eles conhecem
algum prédio que homenageia Djalma Maranhão, um aluno do 7º ano citou o Palácio
dos Esportes; fizemos outra pergunta mais específica, se conhecem um prédio um
pouco perto da escola onde estudam que homenageia esse homem, ninguém disse
nada. Falamos que na aula seguinte iríamos conhecer um pouco da história desse
homem e da escola de samba Balanço do Morro. Outra pergunta lançada foi, como
é o nome da canção que é tocada nos desfiles das escolas de samba, enredo ou
samba-enredo? Revelaram dúvida, então explicamos brevemente, mas falamos que
na aula seguinte iríamos esclarecer melhor esses pontos e que a turma iria se
organizar em dois grupos para um trabalho.
58

4.2 SD2 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE CARACTERÍSTICAS DE UMA


CANÇÃO (LETRA DE SAMBA-ENREDO)

Na primeira etapa da segunda sequência didática, realizada em 03 de


março de 2015, escrevemos no quadro a letra do samba-enredo 2015 da “Balanço
do Morro”, depois lemos, cantamos, ouvimos e discutimos esse texto com os alunos.
Os pontos da discussão sobre essa canção foram: o conteúdo temático, a estrutura,
os contextos de produção e de uso, o léxico.
Com relação ao conteúdo temático, vimos que as seis estrofes se
relacionam e entre elas é perceptível uma progressão temática. A primeira estrofe
introduz o tema, corroborando a ideia expressa no título, e apresenta o nome do
homenageado e da escola de samba; a segunda, inicia retomando o conteúdo do
título e segue descrevendo Djalma Maranhão; a terceira, a mais curta, traz nomes
amplos (folguedos tradicionais) que serão especificados na próxima; a quarta, cita
os folguedos tradicionais do estado do RN e as ações que o eu-lírico realizará; a
quinta, traz um pouco do contexto histórico dos momentos finais da vida de Djalma;
e a sexta e última, com a alegria expressa no carnaval rende homenagem a Djalma.
É bom frisar que a primeira, a quarta e a sexta estrofes são refrões, logo
devem ser cantadas duas vezes para passar para as próximas. Esse recurso é uma
estratégia para que as pessoas memorizem e cantem o samba-enredo enquanto a
escola passa pela avenida, e uma maneira de não repetir o samba-enredo todo
várias vezes, tampouco ficar só no toque dos instrumentos por muito tempo sem os
intérpretes cantarem uma canção. De acordo com Tatit (2004 apud LIMA, 2011,
p.76), a melodia e a letra mantêm equilíbrio “como se as repetições da melodia
tivessem a ver com a repetição das qualidades, dos atributos”, no caso do
personagem proposto.
Expondo de forma mais detalhada os pontos abordados em sala de aula
sobre o samba-enredo, temos que: na primeira estrofe há o nome e um sobrenome
do homenageado, Djalma Maranhão; na segunda estrofe, a referência a esse
homem é pelo cargo que ocupou acrescido de um adjetivo “desse grande gestor”, na
estrofe seguinte, a referência se dá apenas pelo uso de pronomes e terminações
verbais, na quarta, não há referência, na quinta, “lhe” e na última, além do pronome
“seu”, há a expressão “prefeito Maranhão”. Esse natalense é considerado herói da
alfabetização pela conquista da redução do analfabetismo em sua gestão como
59

prefeito da cidade do Natal, assim percebemos um caráter épico e segundo a


tipologia cancional proposta por Tatit (2004 apud LIMA, 2011), esse samba-enredo é
uma canção temática, visto que enaltece um personagem, tem melodia repetitiva
para versos e é rápida.
Na segunda estrofe tem o numeral (cem) que marca o aniversário de Djalma
Maranhão, a área (educação) para a qual Djalma deu tanta atenção, e palavras que
qualificam positivamente esse homem que dá nome à Lei nº 4.838, de 09 de julho de
1997 de incentivo à cultura em Natal. O nome dessa lei é uma maneira de manter o
nome e a intenção desse homem público em evidência mesmo após sua morte.
Na terceira estrofe exalta-se a bravura de Djalma e o seu compromisso em
valorizar e perpetuar os folguedos tradicionais do Rio Grande do Norte. Quanto ao
léxico, o vocábulo que mais despertou a atenção dos alunos foi “vanguarda”, então
explicamos a ideia, conforme o contexto.
Na quarta estrofe, em meio aos nomes dos folguedos tradicionais do Rio
Grande do Norte, há o da valsa “Royal Cinema” composta pelo potiguar de
Carnaúba dos Dantas, Antônio Pedro Dantas, o conhecido Tonheca Dantas. Isso se
deve ao fato de tentar aproximar essa obra conhecida internacionalmente das outras
expressões culturais citadas, que também foram bastante divulgadas por Djalma
Maranhão. Acrescentamos ainda que no CD “Fuxico de Feira”, tem uma faixa em
que Carlos Zens toca essa valsa. Ainda na quarta estrofe, é perceptível a
intertextualidade com a letra da música da dança Araruna. “Quem é o grande
representante da Araruna nas Rocas?” Um aluno disse Câmara Cascudo, demos
uma dica “O nome dele começa com C”, um aluno disse “Carlos Zens”, falamos que
não e que eles, enquanto moradores das Rocas, têm o dever de saber essa
resposta, falamos que é Cornélio Campina. O aluno 6 disse, sorrindo, “Tem Cornélio
no (filme) ‘Planeta dos Macacos’”, consideramos essa informação trazida por esse
aluno e perguntamos se algum deles já assistiu a uma apresentação de Araruna,
muitos disseram que não, então ficamos com a incumbência de agendar uma visita
à sede da Araruna para assistirmos a uma apresentação, pois não é justo que eles
não apreciem algo relacionado à cultura do povo deles.
Outro ponto que discutimos nessa estrofe foi a palavra “côco”, pois o aluno
11 disse “Eita, cocô!” e riu. Explicamos a diferença sonora e dissemos que não há
acento na palavra que consta no samba-enredo, porque não atende a nenhuma
norma de acentuação das paroxítonas. No caso, o desvio aconteceu, em virtude do
60

som fechado da primeira vogal que compreende a sílaba tônica. Vale lembrar que o
“o” pode receber acento quando estiver em sílaba tônica, é o que acontece com o
vocábulo “ônibus”, por se tratar de uma proparoxítona, também com “bambelô”, por
ser oxítona terminada em “o”, e com “xô”, por ser monossílabo tônico finalizado com
“o”.
Ao nos determos à quinta estrofe, a que expressa tristeza, visto que trata do
exílio de Djalma, perguntamos “Quando vocês pensam em ditadura, o que vem à
mente de vocês?”, “Numa guerra, que tava lutando por seus direitos” disse o aluno
11. E militar lembra o quê? “Polícia” disse o aluno 11. Ele e os outros alunos
começaram a rir, provavelmente por se lembrarem que alguns de seus familiares
e/ou amigos não têm um bom relacionamento com esses profissionais. Quando nos
referimos aos versos “Atentaram à democracia/Lhe tirando a liberdade” dissemos
que essa parte está relacionado ao fato de que Djalma Maranhão foi “exilado”.
Aproveitamos a ocasião, explorando o léxico, e perguntamos se os alunos
conheciam o significado dessa palavra, surgiram várias respostas, respectivamente,
“fuzilado” – o aluno 11, “enforcado” – o aluno 4, “decepado” – o aluno 3,
“envenenado”, “queimado” – essas duas últimas proferidas pelo aluno 4, fomos
então explicar o real sentido desse vocábulo, depois relacionamos as palavras por
eles ditas a algumas ações da Ditadura Militar, bem como as possíveis razões do
exílio de Djalma na capital do Uruguai, Montevideo, por ter sido um homem que
incomodava os representantes da Ditadura Militar no Brasil por defender seus ideais
de avanços educacionais. O vocábulo “morria” marca uma hipérbole com relação ao
excesso de saudade de Djalma por Natal e seus entes queridos.
Na última estrofe, o marcador argumentativo “mas” rompe a ideia de
passado vivida por Djalma e traz a noção de presente experimentada pelo eu lírico,
que geralmente se estende ao leitor. No terceiro verso dessa estrofe, há o verbo
“rufar”, que dentre outros, significa tocar, toque, produzir sons, toque que produz
sons. Esse verbo é pouco usado no infinitivo, mas costuma ser usado na expressão
“Que rufem os tambores!” No último verso, a interjeição “Vivas!” imprime a
exclamação de saudação, aplauso, felicitação ao homenageado.
No que concerne à estrutura, vimos que o número de versos pode variar em
estrofes de uma mesma canção, que há rimas “fascinante/horizonte”, “rodar/dançar”,
“tirania/democracia”, entre outros. Quanto aos contextos de produção e de uso,
conhecemos um mais desse primeiro contexto pelo conteúdo de uma entrevista
61

concedida pelo compositor Debinha à professora. Nessa entrevista, ele disse que
produziu o samba-enredo em 2014, parte em uma casa de praia bem tranquila, em
Cajueiro, e outra parte em parceria com Gerson, seu companheiro de escrita.
Quanto ao contexto de uso, percebemos que se constitui nas feijoadas e outras
festas organizadas pela escola de samba, nos ensaios, breves apresentações nas
emissoras de televisão e, principalmente, no desfile oficial.
Mostramos fotos nossas no desfile de carnaval da A. R. C. C. Escola de
Samba Balanço do Morro, para que os alunos percebessem que a professora não
está interagindo com o texto apenas na sala de aula, mas que também o apreciou
no contexto de uso idealizado no contexto de produção. Antes de mostrar as fotos,
eles ficaram curiosos para ver a fantasia que a professora tinha vestido. Com as
imagens, perceberam que a vestimenta se resumia a uma calça e uma sandália
brancas, uma camisa e um chapéu padronizados para a ala Amantes do Samba,
que se refere ao grupo de pessoas que gosta de apreciar o carnaval de Natal,
especialmente dessa escola de samba, mas que não pode participar de ensaios e se
envolver em detalhes.
A segunda etapa dessa sequência didática, estava prevista para ocorrer em
10 de março, mas só ocorreu em 12 de março de 2015, por causa da divulgação do
concurso de poesia da escola e de leitura de poesias. Assim sendo, discutimos
sobre samba, samba-enredo e enredo. Para que os alunos se inteirassem mais
desses conceitos, foram propostas as perguntas do dia:
• O que é samba-enredo?
• Qual é o plural da palavra samba-enredo?
Após criarem suas respostas, os alunos compararam os conteúdos criados
por eles com os que encontraram nos dicionários da escola. Ao encontrarem o que
procuravam, disseram aos colegas, em seguida, um aluno usou o próprio celular
para pesquisar o significado dos verbetes em um dicionário na internet. Essa
maneira foi uma tentativa de aproximar a tecnologia da sala de aula, mas nessa
turma poucos têm celular com acesso à internet em sala de aula, pois na escola só
tem internet na secretaria, e alguns alunos não colocam crédito com frequência.
Explicamos que o samba-enredo é um texto feito em versos a partir de um
enredo, é também um tipo de samba feito especialmente para ser cantado, tocado e
dançado durante o desfile das escolas de samba, é a junção de letra mais melodia,
etc. Esclarecemos também que, no âmbito do carnaval, o enredo é um texto em
62

prosa que conta a história de um ser homenageado (artista, região de um país, uma
nação que manteve ou mantém relação com outra) e deve ser considerado em todas
as alas de uma escola de samba, mas com enfoques diferentes. Ainda explanamos
que o samba é um gênero musical brasileiro. Em determinado momento dessa
explicação, os alunos começaram a cantar “Não deixe o samba morrer/Não deixe o
samba acabar”, esses versos fazem parte do refrão do samba “Não deixe o samba
morrer” bastante interpretado pela cantora Alcione, e composto por Edson
Conceição e Aloísio Silva. Quando os alunos terminaram de cantar, imediatamente
ratificamos, “é isso mesmo!” Não podemos deixar o samba acabar, pois faz parte da
nossa cultura e o que faz parte de um povo deve ser mantido, pois suas
particularidades o tornam motivo de curiosidade e de destino de conterrâneos e
estrangeiros.
Trouxemos algumas questões para o grupo, “Vocês acham que o ideal é o
pessoal da escola de samba produzir o enredo ou pegar um texto pronto?”, “E se
pegar um texto pronto, citar ou não a fonte (o nome do livro, revista, site de onde
pegaram a informação)?”. Em relação às perguntas, os meninos disseram que o
ideal é ter uma ou mais pessoas na escola para produzir o enredo, mas se essa não
for a realidade, se pegarem um texto pronto, que citem a fonte, respeitem a
produção alheia. Para surpresa dos alunos, mostramos um texto divulgado em uma
rede social pela “Balanço do Morro” com o nome “ENREDO: CARNAVAL 2015 (O
CENTENÁRIO DE DJALMA MARANHÃO)”, falamos que a fonte do texto não foi
citada, logo notamos certa frustração, especialmente por parte do aluno 11 que
gosta dessa escola de samba. Aproveitamos a oportunidade e reforçamos que os
alunos não podem fazer isso em trabalhos escolares e em nenhuma outra
circunstância. Combinamos, então, de avisar ao pessoal dessa escola de samba
para inserir a fonte no devido local, pois a não citação poderia ter ocorrido apenas
por esquecimento.
Logo após, através do notebook da professora, assistimos a trechos do
vídeo da “Campanha De Pé no Chão também se Aprende a Ler”, que está
disponível na internet, para que os alunos vissem a realidade do ensino em Natal no
período dessa campanha, a qual teve como primeiro acampamento o bairro Rocas,
o mesmo onde fica a escola onde os alunos do projeto estudam. Na ocasião, os
alunos viram crianças indo descalças para a escola feita com teto de palha de
coqueiro, pilastras e assentos de madeira bem rudes, uma estrutura bem simples
63

que almejava alfabetizar pessoas para que essas saíssem do alto índice de
analfabetismo que Natal e todo o Brasil tinham. Refletimos também sobre a atual
realidade das escolas públicas das Rocas, inclusive a da Escola Estadual Isabel
Gondim que para enfrentar seus obstáculos tem sido ajudada por alguns projetos de
organizações públicas, não-governamentais.
Por fim, citamos trechos da Portaria nº 015/2015/FUNCARTE, de 20 de
janeiro de 2015 que regulamenta a participação das escolas de samba no carnaval
da cidade do Natal, por exemplo, os artigos 3º, 8º, 9º, 11º, 12º, 16º, 21º, 22º, 24º,
25º. Quando os alunos souberam, com base nessa portaria, o valor que cada escola
campeã ganharia ficaram empolgados e disseram que queriam esse dinheiro para
uso pessoal e para gastar como quisessem. Mediamos a situação dizendo como o
dinheiro deveria ser aplicado, logo alguns, brincando, disseram que fugiriam com o
valor. Imediatamente intervimos explicando que essa não é uma atitude honesta,
visto que prejudicaria a si e aos demais componentes.

4.3 SD3 – PRODUÇÃO INICIAL DE UM SAMBA-ENREDO

A terceira sequência didática, prevista para iniciar em 17 de março de


2015, não aconteceu nessa data porque não teve expediente no turno matutino, pois
na noite anterior alguns ônibus, em diferentes pontos da cidade, foram incendiados
em protesto realizado pelos detentos que alojados no Rio Grande do Norte. Assim,
em 19 de março de 2015, os alunos receberam e colaram no caderno a letra do
samba-enredo do G.R.E.S. Malandros do Samba. Em seguida, lemos, cantamos e
discutimos o conteúdo temático e a estrutura desse texto que faz referência à obra
Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll. Quando perguntamos aos alunos se
já tinham lido um livro ou assistido ao filme ou ao desenho que tem esse título,
disseram que já assistiram a filmes e a desenhos. O aluno 12 tomou a palavra e fez
um resumo oral do filme, paralelamente a esse resumo, tecíamos comentários
relacionados ao samba-enredo. Dissemos que há uma mensagem muito bonita
nesse samba-enredo que é “Louco é quem não faz do seu tempo/Uma história
divertida”, que lembra que independente das circunstâncias da vida, devemos tentar
ficar bem. Fizemos ainda menção à obra de Monteiro Lobato “A chave do Tamanho”
que proporciona uma reflexão sobre o tamanho das coisas e pessoas, assim como
64

acontece em Alice no País das Maravilhas, quando Alice ao beber um líquido, “uma
poção” como disse o aluno 12, e comer um bolo diminui de tamanho.
Anunciamos que a nota dada pelos jurados a esse samba-enredo foi 10,0, e
a do samba-enredo da Balanço do Morro foi 9,8. Dissemos que esses dois textos
são importantes, mas geralmente um se sobressai em relação ao outro em alguns
aspectos. Nesse caso, o samba-enredo que teve nota máxima foi o da escola
campeã, mas nem sempre isso acontece, neste ano no carnaval do Rio de Janeiro a
Beija-flor ganhou o título, mas não tirou 10 no quesito samba-enredo, tirou 9,9, mas
algumas escolas tiraram nota máxima, como, Portela, Mangueira, Viradouro.
Dissemos que eles iriam se organizar para escrever um samba-enredo, mas primeiro
tinham que se organizar conforme a afinidade às escolas de samba. Então,
perguntamos “Vocês gostariam de escrever o samba-enredo sobre o quê?” O aluno
11 disse que queria fazer o samba-enredo sobre as “escolas de samba daqui do
bairro... que é aqui que nós mora, que é a cultura da gente”, o aluno 1 disse que
queria fazer um samba-enredo sobre samba-enredo, o aluno 7 disse “De rocha”,
essa expressão revela que o aluno gostou da atividade proposta.
O próximo passo foi organizarmos a turma nos dois grupos para uma escrita
colaborativa baseada na seguinte proposta “Produza, com mais 05 ou 06 pessoas,
um samba-enredo com a temática que desejar, conforme o estilo dos sambas-
enredo da A. R. C. C. Escola de Samba Balanço do Morro ou do G.R.E.S.
Malandros do samba e demais características estudadas desse gênero textual.”
Quando os grupos estavam organizados, após alguns minutos em silêncio, alguns
alunos disseram “Ai, professora! Isso é difícil.”, “Eu não sei sobre o que escrever”,
depois dessas e de outras falas fizemos a mediação e explicamos que os
integrantes de cada grupo tinham de se articular, definir o tema e os outros
elementos de um samba-enredo, também dissemos que esse momento é vivenciado
por escritores profissionais quando vão escrever sobre um tema proposto a eles.
Após essa mediação, os alunos refletiram mais um pouco, conversaram e
escreveram a primeira versão do samba-enredo (APÊNDICES B e C). Percebemos
que os grupos não colocaram título e escreveram em prosa, mas mesmo assim
inseriram palavras que combinavam quando cantavam. Nesse primeiro momento de
escrita, ficou claro que os alunos se preocuparam em cumprir a atividade, lançar o
conteúdo escolhido, por eles, no texto e organizar rimas. Fizeram parte do grupo 1
os alunos 1, 4, 5, 9, 10, 11, e do grupo 2 os alunos 2, 3, 6, 7, 8, 12, 13.
65

As produções iniciais foram:

Grupo 1 (escreveu só com letra bastão maiúscula)

O BALANÇO DO MORRO E UMA ESCOLA MUINTO ALEGRE E


MUINTO FELIZ QUANDO A GALERA ESCUTA E PEDI BIS
HOJE AGENTE HOMENAGEA O FINADO LUCARINO QUE FEZ
SUSESO E MUINTOS AMIGOS NO BALANÇO FOI ONDE
EU NACI FOI ONDE CRESI ESCUTANDO SAMBA E DASANDO
NO RITIMO DO DA MUSICA QUE CONTAGIA E LEVA VC
A LOUCURA E A O MUNDO DA LUA VC VIAGA ESCUTAN-
DO NOSSA MUSICA O NOSSO FILME

Grupo 2 (escreveu com letra cursiva)

Foi em Natal que começo foi no sanba


Continuo só malandro so enprovizando
Nosso sanba com muito Amor trazendo
alegria paz e amo ô ô ô

ô ô ô mergulhando na folia e trazendo


alegria com muita paz e amor venha
curti nossa alegria logo aqui na fu-
lia venha pra cá venha correndo

O grupo 1 resolveu homenagear Lucarino, fundador da escola de samba


Balanço do Morro. Ao chamar o herói de “finado”, o grupo optou por deixar claro o
respeito, a cortesia ao status de um dos mestres do carnaval das Rocas que não
está mais vivo carnalmente, mas está vivíssimo na memória do seu povo. Quando
nos referimos a alguém, “mudamos nosso modo de dizer conforme queiramos ser
mais gentis, educados ou não.”, nesse caso optou-se pela gentileza. (TRAVAGLIA,
2013, p. 36). A influência de “Meu samba é das Rocas” fica perceptível nessa
produção. O grupo 2 optou por falar sobre o samba. Este grupo demonstrou mais
dificuldade, mas conseguiu cumprir o objetivo depois de algumas mediações.
Nesses dois sambas-enredo, encontramos questões ortográficas para serem
trabalhadas, mas não nesse momento. Nesse sentido,
66

A produção de texto, além de conferir ao aluno uma autoria de escrita, deve


resgatar na escola os textos que circulam nas vivências socioculturais
extraescolares do aluno. Nesse sentido, o professor necessita estabelecer
relações entre as práticas discursivas das culturas juvenis e as propostas de
escrita em sala de aula, garantindo um processo efetivo de comunicação no
qual os sujeitos estejam envolvidos. (SOUSA, 2013, p.176).

Após esse processo inicial de escrita inspirado na cultura vivenciada pelos


alunos e em textos lidos, avisamos que em breve iríamos ao “Museu de Cultura
Popular Djalma Maranhão”, apenas os alunos 5 e 11 disseram que já foram a esse
museu. Então, essa seria uma ótima oportunidade para os demais conhecerem esse
ponto de cultura. Falamos também sobre o uso obrigatório da farda, o
comportamento, que deveriam fazer registros escritos sobre a visita, e entregamos
um termo de autorização para os responsáveis assinarem, o qual permitia a ida dos
meninos ao museu.

4.4 SD4 – OBSERVAÇÃO E DISCUSSÃO DE PARTICULARIDADES DE CANÇÕES


(LETRAS DE SAMBAS-ENREDO)

Por causa da disponibilidade do museu, o que estava previsto para


acontecer na sequência didática 5 ocorreu na sequência didática 4, por sua vez, o
que era para a 4 ocorreu na 5. Desse modo, na quarta sequência didática, para a
realização da visita ao museu em 24 de março de 2015, contamos com a
colaboração de algumas pessoas, a dizer: de uma coordenadora, do vice-diretor e
do professor de inglês que nos levaram de carro até o museu que fica no bairro
vizinho; desse professor também por ter acompanhado a visita; da equipe da
merenda que antecipou o lanche para chegarmos a tempo ao local; da diretora e da
secretária escolar que prepararam o ofício. Como os alunos do 7º ano participaram
do primeiro momento do projeto, convidamos os estudantes dessa turma para irem
também ao museu. Eles gostaram da ideia e disseram que ainda não tinham ido lá.
Quem não trouxe a autorização dos responsáveis ou não sabia o número de
telefone deles para que eu entrasse em contato, não foi ao passeio para evitar
reclamações dos familiares. Do 6º ano, foram ao museu 08 alunos, 01 não veio para
a escola e 02 não trouxeram a autorização; do 7º, foram 04 alunos, 02 não
67

trouxeram a autorização nem sabiam o número de telefone dos familiares, 01 não


veio para a escola.
Ao se aproximarem do museu (ANEXO H) alguns alunos disseram “Ai
professora, é aqui em cima o museu? Já passei por aqui, mas não sabia que aqui
em cima tinha um museu.” Tiramos fotos próximo à placa do museu e quando
entramos no museu, recebemos os avisos, deixamos nossos pertences em uma sala
e fomos então conhecer o que tem de bom lá. A guia falou que o público que mais
frequenta o museu é composto por turistas. Essa informação poderia ser bem
diferente. Vimos a parte dos autos e danças (nesse espaço, assistimos a um vídeo
sobre a dança potiguar Araruna), das religiões, dos cordéis, dos brinquedos
populares, das pinturas e esculturas, dos personagens importantes do Rio Grande
do Norte, por fim voltamos para a escola. Foi um momento importante para
ampliarmos o conhecimento sobre os folguedos citados no samba-enredo da
Balanço do Morro, mas não falaram nada sobre Djalma Maranhão, embora o museu
leve o nome desse ícone natalense.
Quando retornamos para a escola, fomos relembrar pontos importantes da
visita e um aluno 4 espertamente por sentir a falta de comentários sobre e da
imagem de Djalma Maranhão, perguntou se o homem que vimos no vídeo era
Djalma Maranhão, outro aluno 11 logo interviu “não, era Cornélio Campina, o mestre
da Araruna.” Em seguida, falamos o que percebemos, acrescentamos algumas
informações sobre Djalma Maranhão.

4.5 SD5 – AMPLIAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A CULTURA POPULAR

Na quinta sequência didática, iniciada em 26 de março de 2015,


assistimos, pelo notebook da professora, a trechos de um vídeo que tem o registro
do desfile da “Balanço do Morro” no carnaval de 2015 (ver APÊNDICE D). O aluno 7
ao ver o primo se sentiu com surpresa, pois não sabia que ele participava da escola.
Disse “Olha, I..., ele é meu primo! Vixe... nem sabia que ele tocava aí” (na bateria). O
aluno 11 falou que já desfilou no carnaval de Natal, mas foi em uma tribo de índios.
Enquanto víamos as imagens também ouvíamos o samba-enredo cantado pelos
intérpretes e tocado pelos integrantes da bateria.
Ao vermos uma das rainhas da bateria, perguntamos se eles sabiam quem
era ela. Eles não disseram o nome, mas quando o anunciamos e dissemos que esse
68

ano tinha passado em uma emissora local uma homenagem a ela, Graça Almeida,
pelo dia internacional da mulher e por ela ser uma natalense de destaque, alguns
disseram que tinham assistido a reportagem sobre ela.
Ao vermos as alas, fomos explicando alguns pontos relacionados a alguns
temas transversais, pluralidade cultural, ética, saúde, e meio ambiente, no âmbito do
carnaval em questão. A pluralidade cultural no tocante à existência de mais de uma
escola de samba nas Rocas com histórias e características diferentes, maneiras
distintas de curtir o carnaval. A ética com relação ao respeito às escolas adversárias,
ao público, às autoridades, aos jurados, entre outros. A saúde no que concerne ao
fato de que crianças e idosos terem desfilado em carros alegóricos, caso
desfilassem a pé ficariam muito cansados e poderiam cair ou não aguentar o
percurso, assim a saúde deles foi preservada. Os alunos ao verem as criancinhas
em cima do carro alegórico que representava o folguedo Fandango, pontuaram o
fato de elas serem tão pequenininhas e já estarem na avenida, como também idosos
em outros carros alegóricos que com tamanho comprometimento de saúde, faziam
questão de desfilar. Alguns desses idosos eram ex-alunos da Escola Estadual
Isabel Gondim e/ou colaboradores do programa de alfabetização de Djalma
Maranhão intitulado “De pé no chão também se aprende a ler”. Então, ressaltamos a
importância desse contato com o samba, o samba-enredo e o carnaval desde a
infância até a terceira idade. O meio ambiente quanto ao fato de não jogar lixo, nem
fazer as necessidades fisiológicas nas ruas, o reaproveitamento e reciclagem de
materiais.
Posteriormente, colamos no caderno e fizemos a leitura de um samba-enredo
predominantemente sem rimas, o qual é uma das referências nesse quesito. Esse
samba-enredo foi composto por Martinho da Vila, Ovídio Bessa e Azo para o desfile
do G.R.E.S Unidos de Vila Isabel (RJ) de 1987. Quando perguntamos se os alunos
conheciam Martinho da Vila, o aluno 11 disse “É um cantor... de samba”, ratificamos
que se trata de um cantor de samba, o aluno 10 disse sem titubear “É um
moreninho, gordinho, baixinho”, perguntamos se conheciam alguma música que
Martinho canta o aluno 10 começou a cantar “Malandro é malandro/Mané é mané”,
em seguida cantamos juntos o trecho da música “Mulheres”: “Já tive mulheres de
todas as cores/ De várias idades, de muitos amores/Com umas até certo tempo
fiquei”. O aluno 10 disse sorrindo que seu tio escuta essas músicas.
69

4.6 SD6 – REFLEXÃO SOBRE CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS E TÍTULO

Na primeira etapa da sexta sequência didática, que se iniciou em 31 de


março de 2015, refletimos sobre títulos, observamos alguns títulos de poemas que
constam no livro didático dos alunos (FARACO; MOURA, 2012). A escolha pelo
título de poemas se deu pelo fato de a canção ser um poema. Na p. 13 há o poema
“Labirinto” de Ricardo da Cunha Lima. Ao perguntarmos o título desse poema, os
alunos responderam adequadamente. Em seguida, perguntamos “E o que é título?”
A maioria dos alunos fez silêncio, mas o aluno 4 disse “nome” e o aluno 10 logo
respondeu “título é o nome do texto.” Na sequência, indagamos, “Esse título tem
quantas palavras?” O aluno 4 respondeu baixinho “9”, o aluno 10 disse “1”, para a
pergunta “Quais são as vogais da nossa língua?” o aluno 11 disse “A, b, c...”,
perguntamos com ênfase “As vogais? Apenas as vogais?” o aluno 11 pensou mais
um pouco e disse “A, e, i, o, u.” Então, explicamos a diferença entre letra e palavra
para sanar dúvidas, e perguntamos “quais são as vogais e consoantes desse título?”
A turma respondeu à questão prontamente.
Passamos a observar o título do poema de Sérgio Capparelli que está na
p.17, “A primavera endoideceu”. Ao pensarmos sobre a constituição desse título, o
aluno 4 não se confundiu mais e após a pergunta, de imediato, respondeu que neste
título há 3 palavras. À pergunta “A palavra endoideceu dá ideia de futuro, de
presente ou de passado?” O aluno 1 respondeu “Passado.” Na p.26 “O grilo grilado”
de Elias José, direcionamos nossa atenção à relação entre o título e o corpo do
texto, por fim o título do samba-enredo da “Balanço do Morro”, a dizer: “Vou sambar
de pé no chão, no centenário de Djalma Maranhão”. Sobre esse último título, estão a
seguir algumas perguntas que nortearam a discussão: 1. Qual é o título do texto? 2.
O título é adequado ao corpo do texto? Por quê? 3. Você já tinha ouvido falar em
Djalma Maranhão antes de ler esse texto? Em caso afirmativo, o que você sabe
mais sobre esse homem? 4. Centenário lembra que número? 5. Podemos celebrar o
centenário de vida ou de morte de alguém. Se Djalma Maranhão nasceu em 1915 e
morreu em 1971, então este ano [2015] celebramos o centenário de vida ou de
morte dele? 6. O que você entende por “Vou sambar de pé no chão”?. Vejamos a
seguir o que provavelmente foi entendido.
A questão 1 foi respondida a contento. No que concerne à questão 2, os
alunos disseram que há adequação, porque nas duas partes se fala sobre Djalma
70

Maranhão. No tocante à questão 3, os alunos 5 e 11 disseram que ouviram falar em


Djalma no carnaval e esse último que ele fez várias escolas de palha. Em relação à
questão 4, disseram seis, sessenta, cem, então reforçamos que quem disse cem
acertou. Em relação à questão 5, alguns alunos achavam que seria o centenário de
morte, então fizemos as contas para tirar as dúvidas. E descobrimos que faz 100
anos que Djalma nasceu e 44 anos que ele morreu. Quanto à questão 6, os alunos
disseram que poderia se referir a alguém sambar descalço. Também relembramos
que se refere à campanha de alfabetização do período de governo de Djalma.
Posteriormente, falamos que para um corpo de texto são possíveis vários
títulos, desde que mantenham sentido adequado entre si. Atentos a essa situação,
sugerimos aos alunos que propusessem outros títulos para o samba-enredo 2015 da
A. R. C. C. Escola de Samba Balanço do Morro. As criações foram: aluno 1 “Meu
samba da cultura popular”, aluno 2 “Lutando por seus ideais”, aluno 3 “O samba do
povo brasileiro”, aluno 4 “Vou cantar com emoção”, aluno 5 “Djalma Maranhão”,
aluno 6 “O samba é das Rocas”, aluno 7 “De pé no chão”, aluno 8 “Cem anos de
história”, aluno 9 não esteve presente nessa aula, aluno 10 “Homenagem a Djalma
Maranhão”, aluno 11 “Samba de Djalma Maranhão”, aluno 12 “De pé no chão”.
Depois que cada um falou o seu, dissemos que todos os títulos criados tinham uma
relação com o corpo do texto proposto, mas sugerimos uma votação para saber das
opções aquela que a turma decidia como a que estava mais adequada. A que
venceu a votação foi “De Pé no Chão”, mas o aluno 10 refletiu um pouco mais e
disse a um colega que estava a seu lado que seria legal se o título fosse “Vou cantar
com emoção em homenagem a Djalma Maranhão”, pois ficava ainda mais completa
a informação. Boa observação a dele! Então, fomos ampliar a discussão.
Dessa forma, chegamos juntos à conclusão de que o título fica acima do
corpo do texto, pode ficar em destaque, ter uma, duas ou mais palavras, letras
maiores, cor diferente da do corpo do texto, palavras que indicam ações, não ter
pontuação, mas que sempre deve sintetizar a ideia principal do texto. Ele está
presente na capa de livros, CDs, DVDs, em textos de revistas, jornais, sites, etc.
Para fazer “apenas” revisão dele, profissionais são contratados.
Em 02 de abril não houve aula, pois foi a Quinta-feira Santa que
compreende o período pascal.
Em 07 de abril começamos a segunda etapa falando sobre o respeito ao
texto do outro, a importância de refletirmos sobre a língua em uso, então íamos
71

registrando no quadro variantes de palavras escritas nos sambas-enredo produzidos


pelos alunos e questionando aos presentes se a escrita da palavra pronunciada era
a que estava exposta, eles davam as respostas e tecíamos comentários. Por
exemplo, “HOMENAGEA”, “CRESI” ambas do samba-enredo do grupo 1, os alunos
davam as sugestões, por exemplo, das letras que faltavam, confirmávamos ou
discordávamos, dependendo da situação e explicávamos o motivo. Após essa
revisão coletiva, alertamos que na reescrita os alunos tinham de ficar atentos a
esses detalhes.
Depois solicitamos que os estudantes abrissem os cadernos e observassem
o samba-enredo da “Balanço do Morro”, quando já estavam com o texto, dissemos
que nesse samba-enredo há palavras que indicam ações, movimentos e outras
indicam estado. Em outras palavras, o verbo tem duas funções básicas
(TRAVAGLIA, 2013, p.61), uma, ligar uma característica a um ser, e, exprimir ações,
fatos, fenômenos, sentimentos. Sendo assim, pedimos exemplos de palavras que
indicam ação e disseram, por exemplo, “sambar”, “rodar”. Explicamos que essas
palavras estão no infinitivo, explanamos o significado dessa palavra e perguntamos
se os alunos achavam que encontramos no dicionário o verbo conjugado ou no
infinitivo, como surgiu a dúvida, usamos o dicionário para comprovações.
Aproveitamos a oportunidade e falamos sobre a diferença de pronúncia e sentido
entre “samba” e “sambar”. Falamos ainda que no título da canção “Meu samba é das
Rocas” o verbo não tem a função de ação, mas de ligar uma característica a um ser.
Na sequência, os alunos fizeram oralmente e por escrito a atividade 6 da p.151 da
seção “Gramática textual” e da subseção “Palavras que indicam ação” do livro
didático. Em seguida, comentamos as respostas.
Em 09 de abril de 2015, comemoramos o Dia Nacional da Biblioteca. Por
isso, nesse dia no segundo horário da disciplina de língua portuguesa os alunos
foram para a biblioteca da escola ver e apreciar o novo acervo.
Antes disso, ao observarmos o paradigma dos verbos regulares “cantar”,
“vender” e “partir” no presente do modo indicativo que tem na p.182 do livro didático
da turma 3ª pessoa do plural até a 1ª pessoa do singular, chegamos à conclusão de
que na 1ª pessoa do singular não fica expressa a vogal temática. Na sequência,
expliquei o motivo, que se refere à sincope da vogal temática, em virtude da
harmonia sonora vocabular. Vimos ainda que desses verbos, o que é mais diferente
72

dos outros na conjugação desse tempo é o “partir”, pois a vogal temática está oculta
também nas 2ª e 3ª pessoas do singular, assim como na 3ª pessoa do plural.
Explicamos as marcas desinenciais no presente e nos pretéritos perfeito e
imperfeito. Lembrando que no caso da expressão “a gente”, que costumamos usá-la
no lugar de “nós”, a informação é a mesma da 3ª pessoa do singular. Lembrei ainda
que em Natal muitos falantes quando usam o “tu” não utilizam o “-s” no verbo”.
Demos explicações sobre verbo no tocante à definição, flexões e formas
nominais observando a canção “Meu samba é das Rocas” de Carlos Zens e o livro
didático. Foi visto também que os verbos têm diferenças de significação mesmo
quando exprimem a mesma função. (TRAVAGLIA, 2013, p.61). Pedíamos a um
aluno por vez para ler um exemplo do que explicávamos sobre verbos a partir do
conteúdo do livro da turma.
Em 14 de abril de 2015, direcionando o olhar para os verbos do título do
samba-enredo da “Balanço do Morro”, perguntamos: “Vou” nos dá ideia de presente,
passado ou futuro? “Presente” disse o aluno 11, mas “Vou sambar” nos dá ideia de
quê? Futuro. “Vou” é um verbo, “sambar” é outro verbo, esses dois verbos juntos
formam uma locução verbal, uma só ideia. Se quiséssemos usar uma palavra só
para substituir o que esses dois verbos juntos querem dizer, como ficaria? O aluno
W2 falou “Sambo”, pois não fez a associação da locução ao futuro. Para auxiliá-los,
inquirimos “E no futuro?” Alguns alunos responderam “Sambarei”. Após essas
respostas, perguntamos “Nós costumamos usar mais “vou sambar” ou “sambarei”?
Os alunos em massa disseram a primeira opção. Aproveitamos a oportunidade e
falamos para eles que os compositores do samba-enredo 2015 da “Balanço do
Morro” trouxeram para esse texto que produziram a forma verbal como o povo
costuma falar, aproximando, então, a oralidade da língua escrita. Pedimos,
posteriormente, que localizassem locuções verbais no samba-enredo da Balanço,
eles tiveram um pouco de dificuldade, então pedimos que observassem a última
estrofe e disseram “Vou cantar”, depois a antepenúltima, identificaram “vou dançar”,
“vou rodar”, também fizemos as devidas correspondências na forma simples.
Após as explicações, fizemos encaminhamentos de exercícios sobre o
assunto no livro didático. No final da aula dissemos que no dia seguinte não haveria
aula, pois seria o Dia Nacional de Paralisações contra o Projeto de Lei nº 4.330 (o
das terceirizações) e as Medidas Provisórias nº 664 e nº 665 (sobre o seguro
73

desemprego, auxílio doença, pensões e PIS), e os professores, assim como outras


categorias iriam participar dos protestos.
Em 16 de abril de 2015, os alunos fizeram um trabalho de leitura regido pela
professora responsável pela biblioteca da escola. Em 21 de abril de 2015 não
houve aula, pois foi feriado de Tiradentes e em 23 de abril de 2015, Dia Mundial do
Livro e dos direitos autorais, aconteceu o evento em homenagem à poesia com
entrega dos prêmios aos vencedores do concurso de poesia.
Em 28 de abril de 2015, a diretora e seu vice foram às salas de aula pedir
aos alunos para que parassem com uma “brincadeira” de uns baterem nos testículos
dos outros, que também parassem com a “guerra” de comida durante o intervalo que
favorece o desperdício de alimento e a sujeira dos corredores. Avisaram ainda que
dia 30 de abril não haveria aula, pois teria a greve nacional dos professores.
Quando os diretores saíram da sala, falamos brevemente sobre a
interdisciplinaridade com história e artes. Na primeira, a professora deu uma palestra
sobre características gerais da ditadura no mundo, no Uruguai (cenário onde Djalma
Maranhão ficou exilado), no Brasil e em Natal, lugar onde Djalma nasceu e onde
estão seus restos mortais, especificamente no cemitério do Alecrim, um dos
principais da cidade do Natal. Na segunda, um (a) estagiário (a) usou técnicas para
ajudar os alunos a fazer desenhos, em papel sulfite e em cartolina, que retratam o
samba, o carnaval e a realidade da comunidade das Rocas.
Depois tivemos que ir à secretaria da escola organizar documentos para
fazer a inscrição de alunos do 9º ano no Programa de Iniciação Tecnológica e
Cidadania (ProITEC) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN).
Em 30 de abril de 2015, não houve aula, pois foi dia de greve nacional dos
professores.
Em 05 de maio de 2015, iniciamos a terceira etapa, os alunos responderam
a uma atividade impressa sobre título (APÊNDICE E), cujo texto-base foi o samba-
enredo da “Balanço do Morro”. Logo após comentamos as respostas esperadas e
algumas dadas.
No número 1 - QUAL É O TÍTULO DESSE SAMBA-ENREDO? - Com
exceção do aluno 9 que registrou apenas “De pé no chão”, os outros alunos
colocaram o título adequado “Vou sambar de pé no chão, no centenário de Djalma
Maranhão”. O que chamou à atenção na resposta do aluno 10 foi que ele grafou a
74

palavra “chão” da seguinte maneira “cham”, não acentuou a palavra “centenário”,


mesmo observando o título na folha da atividade. Também não acentuaram essa
palavra citada, os alunos 2, 3, 6, 7, 8, 11, 12. Outras versões para a palavra
“centenário” foram “cetenario” dada pelos alunos 3 e 7, e “cemtenário” dada pelo
aluno 1. O aluno 8 escreveu com inicial minúscula o nome de Djalma, assim também
fizeram os alunos 2 e 12.
No número 2 - O TÍTULO ANTECIPA A COMPREENSÃO DO CORPO DO
TEXTO? JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA. - os alunos 3 e 9 apenas escreveram
“Não”, o aluno 10 apenas respondeu “Sim”, logo não quiseram justificar a resposta,
embora fora solicitado na questão. O aluno 5 não respondeu à pergunta, os demais
alunos além de afirmarem, fizeram tentativas para justificar a resposta, a saber: o
aluno 8, “Sim porque fala sobre Djalma Maranhão”; o aluno 12, “Sim de djalma
maranhão”; o aluno 11, “Sim por que fala de escola Balanço do Morro”; o aluno 1,
“Sim eu entendo que vala sobre samba e vala de djalna Naranhão”; o aluno 6, “sim,
Porque de cem amos de Historia de Djalma Maranhão”; o aluno 7, “Sim fala sobre
Djalma Maranhão”, o aluno 2, “Sim porque comença assi de pé no chão aprendi a
ler de pé no chão a arte de sambar”; o aluno 4, “sim Por que o corpo do texto fala
sobre de Pé no chão”.
No número 3 - A FORMA VERBAL “VOU” COSTUMA REPRESENTAR O
TEMPO:
( ) PASSADO ( ) PRESENTE ( ) FUTURO
- definitivamente, nenhum aluno marcou um (X) em passado; marcaram um (X) em
presente, os alunos 5, 9, 10; marcaram um (X) em futuro, os alunos 1, 2, 3, 4, 6, 7,
8, 11, 12. Apesar das respostas definitivas, ficou evidente pelas marcas na folha da
atividade que o aluno 10 ficou em dúvida entre as opções presente e futuro, os
alunos 3 e 11 ficaram em dúvida entre as opções passado e futuro, o aluno 2 ficou
em dúvida entre as três opções.
No número 4 - QUANDO DOIS VERBOS ESTÃO JUNTOS OU PRÓXIMOS
E REPRESENTAM UMA ÚNICA AÇÃO VERBAL, TEMOS UMA LOCUÇÃO
VERBAL. “VOU SAMBAR” É UMA LOCUÇÃO VERBAL QUE EXPRESSA IDEIA
DE:
( ) PASSADO ( ) PRESENTE ( ) FUTURO
- definitivamente, nenhum aluno marcou um (X) em passado; marcou um (X) em
presente, o aluno 9; marcaram um (X) em futuro, os alunos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10,
75

11, 12. Apesar das respostas definitivas, ficou evidente pelas marcas na folha da
atividade que os alunos 2, 6 e 9 ficaram em dúvida entre as opções presente e
futuro, os alunos 3 e 8 ficaram em dúvida entre as opções passado e futuro, mas
com uma mediação alguns mudaram de ideia chegando à resposta esperada que é
futuro.
No número 5 - A LOCUÇÃO VERBAL CITADA NA QUESTÃO ANTERIOR
PODERIA SER SUBSTITUÍDA POR QUAL FORMA VERBAL SIMPLES? -
responderam “sambarei” os alunos 2, 3, 6, 8, 12; os alunos 7 e 9 responderam
“sanbarei”; não responderam, os alunos 5 e 10; o aluno 1 “Poderia ser substituída
por o verbo sanba”; o aluno 4 registrou “Eu sambo”; o aluno 11 respondeu “sim”.
No número 6 - VOCÊ JÁ TINHA OUVIDO FALAR EM DJALMA MARANHÃO
OU LIDO ALGO SOBRE ELE ANTES DE LER ESSE TEXTO PELA PRIMEIRA
VEZ? EM CASO AFIRMATIVO, O QUE SABE SOBRE ELE? - responderam apenas
“Não” os alunos 3, 6, 7, 8, 9, 10, 12. O aluno 1 respondeu “Sim ouvi Fala que Djalna
Maranhão trabalhou na Balanço do Morro Sei que ves cem Anos de Historia de
Djalma Maranhão”, o aluno 2 disse “Não Tinha ouvido Falar dele mais Eu sem que
foi prefeinto e revoluciono a educação”, o aluno 4 escreveu “Nunca ouvi falar”, o
aluno 5 colocou “Ja ja da Balanço do Morro”, o aluno 11 registrou “Sim ele vou
prefeito de Natal ele fudor escola”. Embora o aluno 6 tenha registrado como
resposta definitiva “Não”, tinha escrito antes e apagou, mas ficou a marca como “sim
ele foi prefeito de Natal”.
No número 7 - O QUE VOCÊ ENTENDE POR CENTENÁRIO? - as
respostas foram: aluno 1 “eu entemdo que centenario e cem Anos De alguma coisa
que faz cem Anos”, aluno 2 “Cem anos de Djalma Maranhão”, aluno 3 “Centenariu e
a comemoração de 100 anos”, aluno 4 “Centenário é 100 anos de Djalma
Maranhão”, aluno 5 “100”, aluno 6 “e cem anos de Historia”, aluno 7 “é a
comemoração aus 100 anos Djalma Maranhão”, aluno 8 “100 anos”, aluno 9 “ Cem
anos de Djalma Maranhão”, aluno 10 “A comemoração de 100 anos de historia”,
aluno 11 “Cem de historia Djalma Maranhão”, aluno 12 “Lembra o numero 100”.
No número 8 - “DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER” É O
NOME DA CAMPANHA QUE TINHA COMO OBJETIVO DIMINUIR O ÍNDICE DE
ANALFABETISMO EM NATAL QUANDO DJALMA MARANHÃO ERA PREFEITO
DESSA CIDADE. COM BASE NESSA AFIRMAÇÃO E NO VÍDEO QUE VOCÊ
ASSISTIU SOBRE ESSA CAMPANHA, ESTABELEÇA RELAÇÃO ENTRE O NOME
76

DA CAMPANHA E A LETRA DESSE SAMBA-ENREDO. - não registraram nenhuma


resposta os alunos 1, 5, 6, 8, 10, 12. Essa foi a que os alunos demonstraram mais
dificuldade, pois exigia mais concentração, raciocínio e escrita. Os que tentaram,
registraram o seguinte: o aluno 2, “De Pé no chão apendi a ler”; o aluno 3, “De Pé no
chão também aprendi aler”; o aluno 4, “Por que ela é citada no samba enredo”; o
aluno 7, “Sim de Djalma Maranhão”; o aluno 9, “De Pé no chão tambem se aprende
a ler”; o aluno 11, “Sim de Djalma Maranhão”.
No número 9 - VOCÊ CONHECE OU JÁ OUVIU FALAR EM ALGUM DOS
COMPOSITORES DA LETRA DESSE SAMBA-ENREDO? EM CASO AFIRMATIVO,
EM QUE SITUAÇÃO? - responderam apenas “Não”, os alunos 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 10,
12. O aluno 1, “Sim Debinha eu conheci ele por a professora que da aula de
português”. O aluno 5, “Ja ja ouvi ele cantando”. O aluno 11, “Sim todos anos ele fai
bamba enredo omenagiado a escola Balanço do Morro”.
No número 10 - SE VOCÊ FOSSE O COMPOSITOR DESSE SAMBA-
ENREDO, QUE TÍTULO DARIA A ESSE TEXTO? (USE SUA CRIATIVIDADE E
INVENTE UM TÍTULO DE ACORDO COM O QUE ESTÁ DITO NAS ESTROFES.) -
os alunos escreveram o mesmo título que sugeriram em 31.03.15. Como o aluno 9
não estava presente nesse dia, teve a oportunidade de propor, por escrito, um título
para o corpo do texto do samba-enredo da A. R. C. C. Escola de Samba Balanço do
Morro, a dizer: “Viva o samba”.
Em 07 de maio de 2015, os alunos responderam a uma atividade impressa
sobre verbo, o texto-base foi o samba-enredo da “Balanço do Morro”, em seguida
teve início a sétima sequência didática.
No número 1 - RETIRE DO TEXTO ACIMA PALAVRAS QUE INDICAM
TEMPO PASSADO. - o aluno 1 registrou “oLhava morría Resgatou”, o aluno 2,
“olhava, revolucionou”, o aluno 3, “aprendia aler, atemtaram, olhava, morria de
saudade” o aluno 4 “Morria de saudades, amado por seu povo”, o aluno 5 não
respondeu a questão, o aluno 6 “lutou por seus ideais”, o aluno 7 “morria, olhava,
atentaram, Revolucionou”, o aluno 8 “Aprendim, Revolucionou”, o aluno 9 não
respondeu a questão, o aluno 10 “aprendi, amado, resgatou, incentivou, atentaram”
o aluno 11 “morria revolucionou”, o aluno 12 “Aprendi, vou cantar, olhava”.
No número 2 - ESSAS PALAVRAS INDICAM: ( ) CERTEZA ( ) DÚVIDA ( )
ORDEM - definitivamente, marcou um (X) em certeza, os alunos 2, 4, 5, 6, 7, 8, 10,
11, 12; marcaram um (X) em dúvida, os alunos 3 e 9; marcou um (X) em ordem, o
77

aluno 1. Apesar das respostas definitivas, ficou evidente pelas marcas na folha da
atividade que os alunos 7 e 9 ficaram em dúvida entre a primeira e a segunda
opção, e o aluno 12 ficou em dúvida entre a primeira e a terceira opção.
No número 3 - TRANSCREVA VERBOS QUE ESTÃO NO INFINITIVO
(COMO OS ENCONTRAMOS NO DICIONÁRIO). - o aluno 1 registrou “Cantar
RoDar LutanDo”, o aluno 2 “Sambar, Dançar”, o aluno 3 “Sanbar, popular, exaltar,
Rodar, Dançar”, o aluno 4 “lutar, samba, canta, dançar”, o aluno 5 não respondeu a
questão, o aluno 6 “samba, sambanbarei, sambo, canta, cante, cantar”, o aluno7
“Ler, Pular, sambar, exaltar, Amar cantar gestor”, o aluno 8 “Rodar, dançar”, o aluno
9 não respondeu a questão, o aluno10 “Sambar, rodar, dançar, cantar”, o aluno11
“Rodar cantar rufar rodar”, o aluno12 não respondeu a questão.
No número 4 - EM “BUSCANDO SEMPRE O NOVO” E “LUTANDO POR
SEUS IDEIAS”, OS VOCÁBULOS DESTACADOS ESTÃO NA FORMA NOMINAL
GERÚNDIO, LOGO EXPRESSAM:
a) AÇÕES REALIZADAS EM UM ÚNICO MOMENTO.
b) AÇÕES HABITUAIS, CONTÍNUAS.
c) AÇÕES QUE AINDA NÃO ACONTECERAM.
d) AÇÕES QUE OCORREM APENAS NO MOMENTO DE LEITURA DO TEXTO.
- definitivamente, optaram pela letra “b” os alunos 1, 2, 3, 6, 7, 8, 10, 11, pela letra
“c”, o aluno 5, pela letra “d”, os alunos 4, 9, 12, nenhum aluno optou pela letra “a”.
Apesar das respostas definitivas, ficou evidente pelas marcas na folha da atividade
que o aluno 2 ficou em dúvida entre as letras “a” e “b”, o aluno 6 ficou em dúvida
entre as letras “a”, “b” e “c”, os alunos 3, 7 e 8 ficaram em dúvida entre as letras “b” e
“d”, o aluno 9 ficou em dúvida entre as letras “b”, “c” e “d”.
No número 5 - AS PALAVRAS DESTACADAS NOS VERSOS CITADOS NA
QUESTÃO ANTERIOR SE REFEREM A (À):
A) NATAL.
B) DJALMA MARANHÃO.
C) BALANÇO DO MORRO.
D) CULTURA POPULAR.
- definitivamente, optaram pela letra “B” os alunos 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, os
alunos 4 e 9 pontuaram a letra “C”, nenhum aluno marcou a letra “A” nem a letra “D”.
Apesar das respostas definitivas, ficou evidente pelas marcas na folha da atividade
que os alunos 1 e 6 ficaram em dúvida entre as letras “A” e “B”, os alunos 9 e 10
78

ficaram em dúvida entre as letras “B” e “C”, o aluno 11 ficou em dúvida entre as
letras “B”, “C” e “D”.
No número 6 - NO VERSO “NO RUFAR DA MINHA BATERIA”, O TERMO
SUBLINHADO ESTÁ RELACIONADO A UM (A):
a) ENFEITE.
b) PEÇA USADA EM CONSTRUÇÕES.
c) TOQUE QUE PRODUZ SOM.
d) RUIVO.
- definitivamente, optaram pela letra “c” os alunos 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, o
aluno 5 marcou a letra “a”, nenhum marcou letra b nem d. Apesar das respostas
definitivas, ficou evidente pelas marcas na folha da atividade que o aluno 2 ficou em
dúvida entre as letras “a”, “c” e “d”, e o aluno 11 ficou em dúvida entre as letras “a”,
“b” e “c”.
No número 7 - O SAMBA-ENREDO É ORGANIZADO EM VERSOS, ESTES
POR SUA VEZ SÃO AGRUPADOS EM ESTROFES. LOGO, QUANTOS VERSOS E
QUANTAS ESTROFES HÁ NA LETRA DESSE SAMBA-ENREDO? - responderam
“34 versos e 6 estrofes”, os alunos 6, 12, o aluno 1 registrou “Trinta e guatro versos
e seis estrofe”, o aluno 2 “34 vessos e 6 estrofes”, o aluno 3 “Seis Estrofes trinta e
qualro versos”, o aluno 4 “6 estrofes e 34 versos”, o aluno 5 não registrou resposta,
o aluno 7 “Seis estrofes e trinta e quatro versos”, o aluno 8 “Versos 34 Estrofes 6”, o
aluno 9 “34 versso 6 estrofes”, o aluno 10 “34 versos e seis estrofes”, o aluno 11
grafou “34 verso 6 estrofes”. Quem respondeu acertou, mas teve muita variação no
modo da resposta. O aluno 1 tinha colocado trinta e cinco, mas ao pedir que
contasse novamente com mais atenção, atingiu o esperado.
No número 8 - RIMAS SÃO COMBINAÇÕES SONORAS GERALMENTE NO
FINAL DE VERSOS DE UM TEXTO ESCRITO EM POESIA. NA LETRA DO
SAMBA-ENREDO ACIMA HÁ PARES DE RIMAS NAS ESTROFES? EM CASO
AFIRMATIVO, CITE ALGUNS. - o aluno 1 registrou “Sim, Dançar/rodar,
ideais/tradisionais”, o aluno 2 “tem sim IDEAIS/TRADICIONAIS,
ALEGRIA/BATERIA”, o aluno 3 “Sim: de pe no chão Ate de Samba, Sou floclore
cutura popula: Sambar, popular”, o aluno 4 “minha bateria, artes de sambar, cocó de
rodar”, os alunos 5 e 9 não colocaram reposta, o aluno 6 “sim cidade-liberdade
fasinante-horizonte”, o aluno 7 “Rodar/Dancar, Povo/novo”, o aluno 8 “Dançar/Rodar,
Povo/Novo”, o aluno 10 “Sim, sambar/popular, ideais/tradicionais”, o aluno 11 “Sim
79

rodas dança baderia alegria”, o aluno 12 “Sim saudade liberdade, maramão


emoção”.
No número 9 - TRANSCREVA O VERSO EM QUE HÁ INDICAÇÃO DO
NOME DA ESCOLA DE SAMBA. - os alunos 5 e 12 não registraram resposta. O
aluno 1 respondeu “É A Balanço A TE ExAltar” o aluno 2 “e a Balanço a te Exaltar”,
o aluno 3 “E o balamço a te exaltar”, o aluno 4 “Djalma maranhão”, o aluno 6 “djalma
Maranhão e Balanço ate exalta”, o aluno 7 “É a Balanço a te exaltar” o aluno 8, “E a
Balanço a te Exaltar”, o aluno 9, “De Pe no chão”, o aluno10, “É a Balanço a te
exaltar.”, o aluno11 “E a Balanço a te xaltar”.
No número 10 - QUAL É A IMPORTÂNCIA DA PALAVRA “REFRÃO” AO
LADO DE ALGUMAS ESTROFES DESSA E DE OUTRAS LETRAS DE SAMBA-
ENREDO? - não responderam a questão os alunos 1, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 11,12. O aluno
2 registrou “refrão e o que se reperte duas vezes”; o aluno 7, “Para repetir as
palavras”; o aluno10, “E ele e muito importante porque ele se repete na musica”.
Apesar das respostas definitivas, ficou evidente pelas marcas na folha da atividade
que o aluno 6 iniciou uma tentativa “e um conjunto de”; o aluno 3 colocou e apagou
“Sim”.

4.7 SD7 – REVISÃO E REESCRITA DA PRODUÇÃO INICIAL

Quando acabaram a atividade, orientamos os alunos a darem um título aos


sambas-enredo elaborados e a segmentarem as produções em versos e estrofes. O
grupo 1 demonstrou mais habilidade ao que fora pedido, mas o grupo 2 escreveu o
título e mais uma estrofe. Alguns casos de ortografia já comentados ainda se
repetiram, mas ao relembrar os alunos, retificaram alguns. A seguir estão os textos
reescritos, adotando a noção de estrofe.
80

Grupo 1

NO RITMO DO FINADO LUCARINO

O BALANÇO DO MORRO
E UMA ESCOLA MUITO
ALEGRE E FELIZ A
GALERA ESCUTA PEDI BIS

HOJE A GENTE HOMENAGEA


O FINADO LUCARINO QUE FEZ
SUCESSO E MUITOS AMIGOS
NO BALANÇO FOI ONDE EU
NASCI FOI ONDE CRESCI

ESCUTANDO SAMBA E
DANSANDO NO RITMO
DA MUSICA QUE CONTAGIA
E LEVA VC A LOUCURA

E A O MUNDO DA LUA
VC VIAJA ESCUTANDO
NOSSA MUSICA O
NOSSO RITMO
DO FINADO LUCARINO

Grupo 2

No samba
No samba têm dança na danca é
Só alegria, dançar de pé no chão
Venha dançar e XXXXXX e sanbar
Com os malandros do samba

Em 12 de maio, houve a divulgação por parte do vice-diretor e de uma


professora da UFRN sobre o grêmio a ser criado. Explicaram brevemente o que é e
qual a importância do grêmio, pediram para os alunos criarem chapas e pensarem
nos problemas da escola que gostariam de ajudar a solucionar. Após as explicações
e as solicitações, comentamos as respostas esperadas e algumas dadas na
atividade impressa sobre verbo.
Em 14 de maio de 2015, apresentamos a grade de avaliação do samba-
enredo, fomos discutindo cada ponto para que os alunos não ficassem com dúvida.
81

Ao explicarmos o item 1 - Uso de estrofes, versos, rimas -, lembramos a


estrutura dos sambas-enredo estudados e a dos produzidos, considerando
semelhanças e diferenças entre eles na forma e no conteúdo.
Em determinado momento enquanto explicávamos o item 2 - Identificação
do nome da escola de samba e do (s) de refrão (ões) - o aluno 10 falou “Professora,
no nosso samba-enredo nem tem refrão.” A professora respondeu com pergunta
“Será?!” e continuou “Vamos analisar depois com calma para conferir se realmente
não tem.”, preferindo deixar esse ponto para o diálogo com o compositor de samba-
enredo no próximo dia de aula, pois a experiência de escrita do compositor poderia
reiterar o pensamento da professora de que era possível que alguma (s) estrofe (s)
fosse (m) refrão (ões).
Na vez do item 3 - Título (criativo, curto, faz referência ao enredo, utiliza
verbo) - explanamos a importância dessas particularidades e dissemos que o título
“VOU SAMBAR DE PÉ NO CHÃO, NO CENTENÁRIO DE DJALMA MARANHÃO”
digitado em letras maiúsculas facilita o ato de ler, especialmente daqueles
alfabetizados, mas com pouca fluência em leitura, os quais também compreendem o
público-alvo do samba-enredo. Esse título antecipa o conteúdo temático do corpo do
texto que é sobre Djalma Maranhão, especialmente a celebração do centenário de
vida desse homem reconhecido pela importante campanha de erradicação do
analfabetismo intitulada “De pé no chão também se aprende a ler”. A locução verbal
“Vou sambar” é empregada para dar ideia de que essa ação acontecerá e é a
maneira como a maioria da população de Natal costuma expressar o futuro, na
forma composta, evitando assim a forma verbal simples “sambarei”. Essa troca se
dá, possivelmente, porque a última forma tem um nível mais acentuado de
formalidade.
No item 4 - Adequação do conteúdo temático do corpo do texto ao do enredo
– relembramos que o samba-enredo é, geralmente, produzido com base no enredo.
Embora os grupos não tenham escrito o enredo, tinham-no em mente de modo
bastante consciente. Possuíam enredos ocultos, eles existiam, contudo não foram
registrados. Vale ressaltar que os alunos tiveram contato com enredo.
No item 5 - Ortografia (escrita predominantemente conforme a norma culta,
mas com adaptações para manter o ritmo) – relembramos que os alunos ficassem
atentos aos pontos trabalhados na revisão coletiva sobre a escrita das palavras, pois
a grafia adequada das palavras ajuda em parte da compreensão do texto.
82

No item 6 - Uso de verbos e suas flexões - vimos que esse tópico gramatical
é fundamental para a construção de frases, as flexões devem ser usadas, conforme
a intenção almejada pelo enunciador.
No item 7 - Intertextualidade - retomamos os casos já citados e trouxemos
as versões da música que acompanha a dança Araruna, a saber:

a) versão original cantada pelo Mestre da Araruna, Cornélio Campina:

Tenho meu pássaro preto, Araruna


que ele veio do Pará, Araruna. (2x)
Xô, xô, xô, Araruna (3x)
Não deixa ninguém te pegar.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2hZFFI6Nv7w>. Acesso
em 04 fev. 2015.

b) versão 1 faz referência ao sertão, lugar onde é comum encontrar o


pássaro.

Eu tenho um pássaro preto, Araruna


Que veio lá do Sertão, Araruna
Eu tenho um pássaro preto, Araruna
Que veio lá do Sertão, Araruna
Xô, xô, xô Araruna
Xô, xô, xô Araruna
Xô, xô, xô Araruna
Não deixa ninguém te pegar
Disponível em: <http://papjerimum.blogspot.com.br/2012/03/araruna-mais-
genuina-das-dancas.html>. Acesso em 04 fev. 2015.

c) versão 2, proposta por Edinho Paraguassu, exalta o nome da cidade onde tem a
sede da Araruna:
Eu tenho um pássaro preto, Araruna
Que veio lá de Natal, Araruna
Eu tenho um pássaro preto, Araruna
Que veio lá de Natal, Araruna
Xô, xô, xô Araruna
Xô, xô, xô Araruna
Xô, xô, xô Araruna
Não deixa ninguém te pegar Araruna!
Disponível em: <http://letras.mus.br/edinho-paraguassu/351739/>. Acesso
em 04 fev. 2015.
83

No item 8 - Originalidade - expomos o valor de respeitarem a própria


inteligência, conhecimento prévio e adquirido para construir uma versão final de
acordo com o esperado.
Mencionamos também o cuidado com fuga do tema ou do gênero e
tangenciamento, pois o não atendimento ao solicitado exigiria outro momento de
produção.
Após o momento de discussão dos itens da grade, iniciamos a 2ª etapa, os
grupos se reuniram, avaliaram suas produções e organizaram a versão atual para
ser mostrada a Debinha, também gravamos pelo celular o áudio dos sambas-enredo
como estavam até então.
Em 19 de maio de 2015, o pessoal do grêmio entrou na sala para entregar
material para os alunos fazerem perguntas para os candidatos representantes das
chapas, explicaram as regras do debate, e o compositor de samba-enredo da
“Balanço do Morro” veio à escola. Antes de ouvir e ler o samba-enredo dos grupos
(APÊNDICES F e G), o compositor falou um pouco sobre o início e a atualidade de
sua vida profissional, leu as produções que os alunos fizeram em sala de aula, deu
algumas dicas sobre elas, prometeu voltar para a escola para gravar os sambas-
enredo produzidos pelos alunos na companhia do toque de instrumentos musicais,
também quando o enredo de 2016 da escola de samba estiver pronto para que os
alunos façam um trabalho direcionado ao que virá para que haja continuidade da
relação escola/escola de samba. O compositor sugeriu que os sambas-enredo
criados pelas turmas fiquem expostos na parede da sede de cada escola de samba
homenageada.
Ao cabo desse momento de interação oral, escrita, musical, que os
participantes do processo sentiram a importância de escrever um texto para que
este seja lido, inclusive por um escritor respeitado em certo grupo, também para
compartilhar saberes e expressar sentimentos em relação a um ou mais objeto (s)
de escrita, um estagiário de artes nos auxiliou fazendo registros fotográficos
(ANEXO I).
Em 21 de maio de 2015, intercambistas norte-americanos vieram para a
escola. Neste dia, a atividade exclusiva na escola foi a interação dos alunos com
essas pessoas que falam inglês.
Em 26 de maio de 2015, os alunos fizeram os últimos ajustes nos sambas-
enredo. As versões finais estão a seguir:
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Grupo1

NO RITMO DO FINADO LUCARINO

A BALANÇO DO MORRO
É UMA ESCOLA MUITO
ALEGRE E FELIZ REFRÃO
A GALERA ESCUTA E PEDE BIS

HOJE A GENTE HOMENAGEIA


O FINADO LUCARINO QUE FEZ
SUCESSO E MUITOS AMIGOS.
NA BALANÇO FOI ONDE EU
NASCI FOI ONDE CRESCI

ESCUTANDO SAMBA E
DANÇANDO NO RITMO
DA MÚSICA QUE CONTAGIA REFRÃO
E LEVA VOCÊ À LOUCURA
E AO MUNDO DA LUA

VOCÊ VIAJA ESCUTANDO


NOSSA MUSICA
O NOSSO RITMO
NO EMBALO DA BATERIA
DO MESTRE LUCARINO

Grupo 2

No samba

Foi em Natal que começou


foi no samba continuou
sou Malandro eu sou REFRÃO
improvisando com muito amor
trazendo alegria, paz e amor

Ô ô ô mergulhando na folia
e trazendo alegria
com muita paz e amor
Venha curtir nossa alegria
logo aqui na folia
na Duque de Caxias

No samba tem dança


e na dança é só alegria REFRÃO
dançar de pé no chão
é na Duque de Caxias
85

Com as versões finais, percebemos que os estudantes produziram, leram,


revisaram e reescreveram seus textos tentando ressignificar a noção de erro na
coletividade, pois o grupo, ao perceber, registrar, analisar e respeitar as escritas e
falas que o constituem, pôde, possivelmente, valorizar ainda mais as diferenças
culturais e linguísticas.
Como imaginávamos que em 24 de março de 2015 veríamos a imagem de
Djalma Maranhão no museu, e isso não nos foi mostrado, os alunos ficaram
curiosos. A fim de saciar a vontade dos alunos de ver a imagem de Djalma
Maranhão, fomos à biblioteca da escola. Ficamos em círculo e apreciamos a foto
dele e outras informações de sua biografia que constam em Gurgel (2008, p. 201-
202).

4.8 SD8 – VISITA A UMA SEDE DE UMA ESCOLA DE SAMBA

Em 28 de maio seria o dia da culminância com visita à sede da “Balanço do


Morro” para conhecimento do espaço e de informações sobre as oficinas oferecidas
e outros detalhes da trajetória da escola de samba, mas isso não aconteceu, pois
não conseguimos transporte para isso. Então, colocamos os sambas-enredo no
mural da escola, fizemos uma avaliação do projeto e decidimos lutar pelo transporte
no retorno do recesso para que essa visita ocorresse, deliberamos também, junto
com a responsável pelo blog da escola <http://izabelgondim.blogspot.com.br/>,
postar os sambas-enredo nesse meio, assim mais pessoas poderiam ler os textos
produzidos.
86

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Qualquer profissional deve buscar diariamente excelência na prestação de


seus serviços, com o professor não é diferente, para isso a qualificação é
fundamental. Ao se qualificar, o professor precisa assistir às aulas, fazer e
apresentar trabalhos, produzir trabalho final de curso, paralelo a isso tem de
pesquisar conteúdos apropriados para as turmas, planejar, dar e avaliar aulas, mas,
às vezes, encontra entraves na licença total ou parcial para estudos, críticas de
companheiros que não querem se atualizar, falta de material para uma aula mais
dinâmica, etc. Portanto, ser professor pesquisador é viver constantemente de
superações, é buscar benefícios para a atuação profissional e tentar favorecer a
aprendizagem dos educandos de modo diversificado e consistente.
O estudo sobre canções de escolas de samba de Natal promoveu práticas
de leitura, escrita e reescrita significativa, a conscientização de referência à obra
alheia, o reconhecimento e a valorização da cultura local, a noção de uma grade de
avaliação de um texto, a percepção de liderança entre os integrantes dos grupos,
habilidades e dificuldades no trato do gênero canção e no tópico gramatical verbo,
entre outros saberes. O projeto de ensino exposto é uma sugestão, logo pode a
posteriori servir de consulta para novos projetos que se ancoram na mesma linha
teórica e/ou abordam o gênero canção.
Esse trabalho possibilitou uma maior aproximação entre membros da escola
e da família, especialmente quando foi para os responsáveis assinar o termo de
consentimento de participação dos alunos no projeto, pois alguns queriam ter
certeza se era apenas para um estudo em sala de aula, ou se era para a criança
participar de uma escola de samba. Teve mãe que demonstrou interesse em seu
filho participar de uma escola de samba para que pudesse aprender algo que
melhorasse a vida, outros responsáveis, por receio de seus filhos se envolverem
com drogas e outros problemas sociais, disseram que não querem seus filhos
envolvidos com esses grupos.
A escola que recebeu este projeto de ensino sobre língua portuguesa,
também acolheu seu ex-aluno, Carlos Antônio Ramos da Silva, e o texto dele, o
samba-enredo da A. R. C. C. Escola de Samba Balanço do Morro, para um diálogo
com estudantes dessa nova geração. Desse e de outros encontros e estudos, novos
compositores de samba e samba-enredo podem surgir, aperfeiçoar os saberes e,
87

assim, manter a tradição do carnaval no bairro das Rocas. Caso, não surjam
compositores, provavelmente teremos natalenses mais atentos ao reconhecimento
da nossa cultura popular que é tão importante quanto a cultura erudita.
Com relação ao texto veiculado pela A. R. C. C. Escola de Samba Balanço
do Morro com o nome “enredo” e sem a citação da fonte e do autor, em uma rede
social, demos, pela mesma rede social, o aviso de que é importante o pessoal da
escola de samba inserir essas informações em respeito ao direito autoral. Durante o
contato, um responsável pela direção da escola de samba afirmou que o texto
disponível na rede social foi produzido e inserido por um componente da escola, e
não se trata do enredo oficial, original (ANEXO J) entregue à comissão julgadora,
feito por Costa Filho, que tirou nota 10. Após esse contato, mostramos o enredo nota
10 aos alunos para que conhecessem o verdadeiro enredo da escola de samba.
Vale ressaltar que o texto divulgado na rede social é o mesmo que consta em um
site, isso foi informado aos responsáveis pela escola de samba, enfim cumprimos
nosso papel, cabe a eles a citação.
Um dos desafios de um trabalho como esse é a elaboração de atividades de
acordo com a teoria, pois entra em xeque a consonância entre o que se diz e o que
se faz. No processo, exploramos um mesmo texto em atividades diferentes, e
percebemos o quanto um material linguístico pode ser bastante investigado, o que
direciona a observação são os recortes.
Além das atividades do projeto, surgiu o interesse, a necessidade e a
produção da escrita de uma carta para o (a) diretor (a) do Museu de Cultura Popular
Djalma Maranhão solicitando que falem, mostrem imagens, vídeos, entre outros
recursos sobre Djalma Maranhão, pois é inconcebível que um espaço tenha o nome
de alguém e esse cidadão não seja mencionado em uma apresentação desse local.
No segundo semestre de 2015, alguns alunos da turma ainda conheceram
pessoalmente o músico Carlos Zens em um grande evento social que aconteceu na
escola. O sambista Debinha Ramos durante a visita à escola ainda propôs a
gravação dos sambas-enredo em um CD com o apoio de parceiros. Diante do
exposto, percebemos a relevância desse trabalho para o público-alvo e os
entusiasmados colaboradores.
88

REFERÊNCIAS

AMARAL, H. Sequência didática e ensino de gêneros textuais. [2013]. Disponível


em:
<https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/artigos/artigo/1539/seque
ncia-didatica-e-ensino-de-generos-textuais>. Acesso em: 28 fev. 2015.

ANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federal Brasileira de 1988. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso
em: 13 abr. 2014.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. D.O.U.,


Brasília, 12 nov. 2009, p. 8. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>.
Acesso em: 3 ago. 2015.

BRASIL. Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29,
30, 32 e 87 da Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e institui a duração de 9
(nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6
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3.
94

APÊNDICES
95

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS - PROFLETRAS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Eu,______________________________________________________________________________,
tendo sido convidado (a) a participar como voluntário(a) do estudo:
_________________________________________________________________________________,
_________________________________________________________________________________

uma pesquisa que utilizará questionários, entrevista, atividades e exercícios utilizados em sala de
aula para a coleta de dados, recebi da professora mestranda Andréa Gomes dos Santos,
responsável pela pesquisa, as seguintes informações:
- o objetivo da pesquisa é: Elaborar um projeto de ensino referente ao gênero textual canção
(letra de samba-enredo);
- a importância deste estudo é o ensino de língua por meio de samba-enredo;
- esse estudo começou em 02 de março de 2015 e terminará em 28 de maio;
- participarão deste estudo alunos do 6º ano da Escola Estadual Isabel Gondim, a professora
mestranda que é da área de língua portuguesa, a professora de História e estagiários de Artes,
coordenadoras, diretores, compositores de samba e de samba-enredo, pessoas do bairro
Rocas envolvidas com o carnaval.
- meu nome não será divulgado na pesquisa, sendo o resultado de minha participação
identificado por um código (letra e/ou número);
- poderão ser utilizados fragmentos textuais da minha fala e/ou escrita;
- sempre que eu desejar, poderei ser informado sobre cada uma das etapas da pesquisa;
- a qualquer momento, poderei recusar a continuar participando da pesquisa e, também,
poderei cancelar este meu consentimento, sem que isso me traga qualquer penalidade ou
prejuízo.
Finalmente, tendo eu compreendido tudo o que me foi informado sobre a minha
participação no estudo e estando consciente dos meus direitos e das minhas responsabilidades,
compreendendo a importância da minha participação para a realização dessa pesquisa, DOU O MEU
CONSENTIMENTO, SEM QUE, PARA ISSO, EU TENHA SIDO OBRIGADO (A) A PARTICIPAR.
______________________________________________________________
(Assinatura do participante voluntário da pesquisa ou do responsável)

Endereço domiciliar:_________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

Telefones para contato: __________________________


__________________________
96

APÊNDICE B - FOTOGRAFIA DA PRODUÇÃO DO SAMBA-ENREDO –GRUPO 1


97

APÊNDICE C - FOTOGRAFIAS DA PRODUÇÃO DO SAMBA-ENREDO –GRUPO2


98

APÊNDICE D - FOTOGRAFIA DA EXIBIÇÃO DO VÍDEO DO DESFILE DA A.R.C.C.


BALANÇO DO MORRO
99

APÊNDICE E – FOTOGRAFIA DO MOMENTO EM QUE OS ALUNOS ESTAVAM


FAZENDO ATIVIDADE SOBRE SAMBA-ENREDO
100

APÊNDICE F – FOTOGRAFIA DO MOMENTO DE LEITURA FEITA PELO


COMPOSITOR DEBINHA DO SAMBA-ENREDO PRODUZIDO PELO GRUPO 1
101

APÊNDICE G - FOTOGRAFIA DO MOMENTO DE LEITURA FEITA PELO


COMPOSITOR DEBINHA DO SAMBA-ENREDO PRODUZIDO PELO GRUPO 2
102

APÊNDICE H – ATIVIDADE ESPECIALMENTE SOBRE TÍTULO

ESCOLA ESTADUAL ISABEL GONDIM


DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: ANDRÉA GOMES DOS SANTOS
TURMA: 6º ANO TURNO: MATUTINO
ALUNO (A): _________________________________________________________
ATIVIDADE
LEIA A LETRA DO SAMBA-ENREDO A SEGUIR:

Disponível em:<https://www.facebook.com/275435145828752/photos/pb.275435145828752.-
2207520000.1433234122./834186569953604/?type=3&theater>. Acesso em: 20 jan. 2015

1. QUAL É O TÍTULO DESSE SAMBA-ENREDO?


_________________________________________________________________

2. O TÍTULO ANTECIPA A COMPREENSÃO DO CORPO DO TEXTO?


JUSTIFIQUE SUA RESPOSTA.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
103

3. A FORMA VERBAL “VOU” COSTUMA REPRESENTAR O TEMPO:


( ) PASSADO ( ) PRESENTE ( ) FUTURO

4. QUANDO DOIS VERBOS ESTÃO JUNTOS OU PRÓXIMOS E REPRESENTAM


UMA ÚNICA AÇÃO VERBAL, TEMOS UMA LOCUÇÃO VERBAL. “VOU
SAMBAR” É UMA LOCUÇÃO VERBAL QUE EXPRESSA IDEIA DE:
( ) PASSADO ( ) PRESENTE ( ) FUTURO

5. A LOCUÇÃO VERBAL CITADA NA QUESTÃO ANTERIOR PODERIA SER


SUBSTITUÍDA POR QUAL FORMA VERBAL SIMPLES?
_________________________________________________________________

6. VOCÊ JÁ TINHA OUVIDO FALAR EM DJALMA MARANHÃO OU LIDO ALGO


SOBRE ELE ANTES DE LER ESSE TEXTO PELA PRIMEIRA VEZ? EM CASO
AFIRMATIVO, O QUE SABE SOBRE ELE?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

7. O QUE VOCÊ ENTENDE POR CENTENÁRIO?


_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

8. “DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER” É O NOME DA CAMPANHA


QUE TINHA COMO OBJETIVO DIMINUIR O ÍNDICE DE ANALFABETISMO EM
NATAL QUANDO DJALMA MARANHÃO ERA PREFEITO DESSA CIDADE. COM
BASE NESSA AFIRMAÇÃO E NO VÍDEO QUE VOCÊ ASSISTIU SOBRE ESSA
CAMPANHA, ESTABELEÇA RELAÇÃO ENTRE O NOME DA CAMPANHA E A
LETRA DESSE SAMBA-ENREDO.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

9. VOCÊ CONHECE OU JÁ OUVIU FALAR EM ALGUM DOS COMPOSITORES DA


LETRA DESSE SAMBA-ENREDO? EM CASO AFIRMATIVO, EM QUE
SITUAÇÃO?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

10. SE VOCÊ FOSSE O COMPOSITOR DESSE SAMBA-ENREDO, QUE TÍTULO


DARIA A ESSE TEXTO? (USE SUA CRIATIVIDADE E INVENTE UM TÍTULO DE
ACORDO COM O QUE ESTÁ DITO NAS ESTROFES.)

_________________________________________________________________
104

APÊNDICE I – ATIVIDADE ESPECIALMENTE SOBRE VERBO

ESCOLA ESTADUAL ISABEL GONDIM


DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: ANDRÉA GOMES DOS SANTOS
TURMA: 6º ANO TURNO: MATUTINO
ALUNO (A): _________________________________________________________
ATIVIDADE
LEIA A LETRA DO SAMBA-ENREDO A SEGUIR E RESPONDA AO QUE SE PEDE:

1.RETIRE DO TEXTO ACIMA PALAVRAS QUE INDICAM TEMPO PASSADO.


___________________________________________________________________

2.ESSAS PALAVRAS INDICAM: ( ) CERTEZA ( ) DÚVIDA ( ) ORDEM


105

3.TRANSCREVA VERBOS QUE ESTÃO NO INFINITIVO (COMO OS


ENCONTRAMOS NO DICIONÁRIO).
___________________________________________________________________
4.EM “BUSCANDO SEMPRE O NOVO” E “LUTANDO POR SEUS IDEIAS”, OS
VOCÁBULOS DESTACADOS ESTÃO NA FORMA NOMINAL GERÚNDIO, LOGO
EXPRESSAM:

e) AÇÕES REALIZADAS EM UM ÚNICO MOMENTO.


f) AÇÕES HABITUAIS, CONTÍNUAS.
g) AÇÕES QUE AINDA NÃO ACONTECERAM.
h) AÇÕES QUE OCORREM APENAS NO MOMENTO DE LEITURA DO TEXTO.

5. AS PALAVRAS DESTACADAS NOS VERSOS CITADOS NA QUESTÃO


ANTERIOR SE REFEREM A (À):

A) NATAL.
B) DJALMA MARANHÃO.
C) BALANÇO DO MORRO.
D) CULTURA POPULAR.

6.NO VERSO “NO RUFAR DA MINHA BATERIA”, O TERMO SUBLINHADO ESTÁ


RELACIONADO A UM (A):

e) ENFEITE.
f) PEÇA USADA EM CONSTRUÇÕES.
g) TOQUE QUE PRODUZ SOM.
h) RUIVO.

7. O SAMBA-ENREDO É ORGANIZADO EM VERSOS, ESTES POR SUA VEZ


AGRUPADOS EM ESTROFES. LOGO, QUANTOS VERSOS E QUANTAS
ESTROFES HÁ NA LETRA DO SAMBA-ENREDO ACIMA?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

8. RIMAS SÃO COMBINAÇÕES SONORAS GERALMENTE NO FINAL DE


VERSOS DE UM TEXTO ESCRITO EM POESIA. NA LETRA DO SAMBA-ENREDO
ACIMA HÁ PARES DE RIMAS NAS ESTROFES? EM CASO AFIRMATIVO, CITE
ALGUNS.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

9.TRANSCREVA O VERSO EM QUE HÁ INDICAÇÃO DO NOME DA ESCOLA DE


SAMBA.
___________________________________________________________________

10.QUAL É A IMPORTÂNCIA DA PALAVRA “REFRÃO” AO LADO DE ALGUMAS


ESTROFES DESSA E DE OUTRAS LETRAS DE SAMBA-ENREDO?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
106

ANEXOS
107

ANEXO A – CANÇÃO (LETRA DE SAMBA)

MEU SAMBA É DAS ROCAS


Carlos Zens

FOI LÁ ONDE EU ME CRIEI.


OUVINDO SAMBA, CANTANDO SAMBA
FOI LÁ ONDE “OS MALANDROS DO SAMBA”
NO “BALANÇO DO MORRO” EU AVISTAVA.
EU SAÍ DAQUELA ESCOLA
MAS PARA MINHA ALEGRIA
EU CANTO AGORA

EU CANTO SAMBA
QUE VEM DA RAIZ
E SENDO ASSIM SOU FELIZ
CANTANDO A MINHA ESCOLA
LEMBRANDO MEU TEMPO FELIZ
DA MINHA INFÂNCIA
QUE EU TRAGO AGORA
108

ANEXO B – CANÇÃO (LETRA DO SAMBA-ENREDO DA “BALANÇO DO MORRO”)

(Essa letra de samba-enredo, adotada neste trabalho, foi apresentada e entregue na feijoada em
comemoração ao aniversário da escola de samba, antes do carnaval, também está disponibilizada
nas redes sociais da escola de samba. Porém, no dia do desfile carnavalesco, entregaram a letra
com outra organização de estrofes, logo nesse último caso não foi mantido esse importante item da
produção textual, provavelmente porque a digitação foi feita por alguém que não tinha em mãos a
letra original do samba-enredo.)
109

ANEXO C – FOTOS DA PROFESSORA NO DESFILE CARNAVALESCO DE


NATAL EM 2015

A professora na Ala Amantes do Samba


da “Balanço do Morro”

A professora e o músico
Carlos Zens
110

ANEXO D – TEXTO SOBRE DJALMA MARANHÃO DISPONÍVEL EM UMA REDE


SOCIAL PELA “BALANÇO DO MORRO”
111
112

Fonte:https://www.facebook.com/275435145828752/photos/pb.275435145828752.-
2207520000.1429722700./ 744922835546645/?type=3&theater
113

ANEXO E – PORTARIA Nº 015/2015/FUNCARTE, DE 20 DE JANEIRO DE 2015.


114
115

Disponível em: <http://portal.natal.rn.gov.br/_anexos/publicacao/dom/dom_20150121.pdf>.


Acesso em: 28 jan. 2015
116

ANEXO F – CANÇÃO (LETRA DO SAMBA-ENREDO DA “MALANDROS DO


SAMBA”)
117

ANEXO G – SAMBA-ENREDO “RAÍZES” DO G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL

Samba-enredo do G.R.E.S Unidos de Vila Isabel (RJ)


VILA ISABEL 1987
Enredo: RAÍZES
Carnavalesco: MAX LOPES
Classificação: 5° lugar (empatada com o Salgueiro)

LETRA DO SAMBA
Autores: Martinho da Vila, Ovídio Bessa e Azo

A Vila Isabel, incorporada de Maíra


Se transforma em Deus supremo
Dos povos de raiz
Da terra Kaapor
O Deus morava nas montanhas
E fez filhos do chão
Mas só deu vida para um
No templo de Maíra
Sete deusas de pedra
Mas vida só pra uma
Destinada a Arapiá
Querubim Tapixi guardava a deusa para ele
Que sonhava conhecer a natureza

Então ele fugiu


Da serra, buscando emoções
E se encontrou com a mãe dos peixes Numiá
Por ela, Arapiá sentiu paixão
E quatro filhos Numiá gerou
118

Verão, calor e luz


Outono, muita fartura
Inverno, beleza fria (bis)
Primavera, cores e flores
Para enfeitar o paraíso

Mas eclodiu a luta entre os dois amantes


Pelo poder universal
Vovô Maíra interferiu na luta
E atirou os dois pro ar
Pra lá no céu jamais poderem se envolver

Arapiá, Guaraci, bola de fogo


E Numiá, é Jaci, bola de prata (bis)

E fez dos quatro netos, governantes magistrais


Surgindo, assim, as estações dos anos
(a Vila Isabel...)

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vx4oHd3vat8>. Acesso


em: 28 jan. 2015.
119

ANEXO H – FOTOGRAFIA DA VISITA DA TURMA AO MUSEU DE CULTURA


POPULAR DJALMA MARANHÃO

Alunos e professora próximos à fachada do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão


(Crédito: Alínio Cunha)
120

ANEXO I – FOTOGRAFIA DA VISITA DO COMPOSITOR DEBINHA À TURMA

O compositor Debinha, a professora de língua portuguesa e a turma do 6º ano na sala de aula


(Crédito: Renan Medeiros)
121

ANEXO J – ENREDO OFICIAL 2015 DA A.R.C.C. BALANÇO DO MORRO

A.R.C.C.- ASSOCIAÇÃO RECREATIVA


CARNAVALESCA E CULTURAL ESCOLA DE SAMBA
BALANÇO DO MORRO – 2015
CNPJ: 11.431.289/0001-10
ENREDO: CENTENÁRIO DE DJALMA MARANHÃO
DEMOCRACIA, EDUCAÇÃO E CULTURA POPULAR.
A Escola de Samba Balanço do Morro vem para a avenida prestar
homenagem e avivar a memória do povo natalense, reverenciando a figura do
Prefeito Djalma Maranhão, demonstrando a sua importância, honradez e coragem, e
os seus feitos à frente da Prefeitura do Natal num período histórico desafiante e
conturbado no Brasil nos anos de 1960.
Revestindo-se de significativo valor histórico e sócio cultura a nossa Balanço
do Morro, ostentando o honroso título de Tricampeã do carnaval de Natal mergulha
no imaginário do seu herói, posicionando-se na vanguarda da carnavalização e
apresentando na avenida os muitos feitos desse que foi o prefeito quase perfeito que
natal jamais esquecerá.
Para ilustrar tudo isso citamos e justificamos alguns pontos merecedores de
destaque, dentre as muitas realizações do homenageado, Prefeito Djalma Maranhão
e sua equipe:
-Campanha de pé no chão também se aprende a ler – Essa “campanha” coordenada
pelo secretário de educação Moacir de Góes é um fato histórico, educacional e sócio
cultural que unia alfabetização a cultura popular voltada para todas as idades com a
finalidade de erradicar o alto índice de analfabetismo, obteve expressivos resultados
sendo reconhecida internacionalmente.
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-Panorama educacional, artístico e cultural natalense – A forte presença de Luiz da


Câmara Cascudo, respectivamente denominado de historiador da cidade e do artista
plástico, cronista e poeta Newton Navarro.
- Criação do hino e a bandeira com brasão da Cidade do Natal.
Destacamos as participações e o papel dos movimentos, grupos folclóricos e
dos mestres da cultura popular como foi o caso do Mestre Cornélio Campina que
ganhou a sede da ARARUNAS – Sociedade de Danças Antigas e
Semidesaparecidas das mãos do Prefeito Djalma Maranhão. Caldas Moreira dos
Pastorís e arraiás, Mestre Calixto do Coco de Roda, Mestre Guedes do Bambelô
Asa Branca, do sanfoneiro João Menininho, do Cacique Bum-bum da tribo dos
Guaranis e do compositor Dozinho que gravou os hinos do ABC, Alecrim e América,
frevos e marchinhas que completam cem anos.
- Tonheca Dantas, o Strauss papa jerimum, com sua linda composição “Royal
Cinema” e o Mestre artesão Chico Santeiro.
Buscamos, assim, detectar e salientar as ações de integração da cultura e
das políticas culturais na administração Djalma Maranhão como a criação do
Teatrinho do Povo, Galeria de artes Newton Navarro, Museu de arte popular, Palácio
dos esportes e o terminal rodoviário da Ribeira.
“A década que não acabou” (últimos anos de 1950 e os primeiros anos de
1960) foram marcados por eventos como o advento dos movimentos de cultura
popular, movimentos estudantis e as experiências por uma ação libertadora em
Natal, na administração do Prefeito Djalma Maranhão, que teve repercussão
nacional capaz de chamar a atenção e de ser utilizados por estudiosos, educadores,
pesquisadores, estudantes e pelo público em geral.
Djalma Maranhão foi deposto pela revolução de 31 de Março de 1964, preso
e deportado para Fernando de Noronha. Um apaixonado pela cidade do Natal. Foi
esse grande amor maior que lhe deu inspiração para superar a si mesmo como
administrador. Em seu gabinete existia uma placa com os seguintes dizeres: “Aqui
vencemos a batalha da autonomia”. Morreu no exílio em Montevidéu (Uruguai).
Morreu de muito sofrer, de saudade, converteu sua cidade NATAL em sua paixão e
morte.
VIVA DJALMA MARANHÃO, NAS MENTES E NO CORAÇÂO DO POVO
APLAUSOS PARA A ESCOLA DE SAMBA BALANÇO DO MORRO

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