Biderman (1998)
Biderman (1998)
Biderman (1998)
Vice-Reitor
Amaury de Souza
",
III
Na
Itália, o carnaval não é festejado como no nosso país.
Maria Tereza Camargo Biderman
Milano Voltaram de Milão de Universidade Estadual Paulista! Araraquara
avião.Non Não deve pensar somente no
trabalho.
128
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3) dicionário infantil - [faixa etária : 7 a 10 anos] _o Webster, da língua inglesa - contem cerca de 500.000 verbetes, nu-
merário de sua última edição; desde a data de sua última edição o inglês já
nomenclatura: 10.000 palavras, [faixa etária: menos de 7 anos] terá incorporado mais alguns milhares de vocábulos, sem contar aqueles
nomenclatura: 5.000 palavras. que já não haviam sido registrados nessa edição por razões variadas.
Um dicionário é um produto cultural destinado ao consumo do Outros dicionários de renome que são tesouros: o Oxford Dictionary of
grande público. Assim sendo, é também um produto comercial, o que o English Language (o grande Oxford) com 400.000 verbetes aproxima-
faz diferente de outras obras culturais. É preciso considerar igualmente damente e o The Heritage Dictionary of the English Language (dicio-
que o dicionário deve registrar a norma lingüística e lexical vigente na nário americano) com um numerário semelhante.
sociedade para o qual é elaborado, documentando a práxis lingüística No caso do português, nossos dicionários gerais são bem mais
dessa sociedade. Por isso, a lexicografia contemporânea considera o di- modestos e incompletos. O "tesouro" mais vasto é a 10a edição do Mo-
cionário sob uma ótica distinta daquela que se tinha no passado. Um rais, reeditado por J. P. Machado para o Editorial Confluência fm 12
exemplo clássico do século XIX é o dicionário de Littré da língua france- volumes (1949-1959), que inclui uma nomenclatura de 306.949 pala-
t
sa, que se pautou exclusivamente em modelos literários. Também nosso vras-entrada. Claro está, que essa obra, baseada num dicionário do sécu-
primeiro dicionarista Antônio de Morais Silva já partilhava este conceito lo XVIII e elaborado há mais de quarenta anos, está muito desatualizada
t no século XVIII, bem como seu predecessor, o Padre Raphael Bluteau
com relação ao vocabulário do português contemporâneo.
i no século XVII e outros famosos dicionários de línguas latinas elaborados
e por Academias de Letras - do francês, do italiano e do espanhol. O dicionário geral do português mais popular é, sem dúvida, o
r NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. A se-
Ademais, os dicionários recolhem o tesouro lexical da língua num gunda edição de 1986 contém 130.000 entradas, sendo, portanto, bem
dado momento da história de um grupo social. Gostaria de lembrar o que menor que aquilo que deve ser o "tesouro" lexical do português brasileiro
afirmei em outro trabalho: contemporâneo. Está no prelo uma terceira edição que deve incorporar
"O léxico pode ser considerado como o tesouro vocabular de uma mais alguns milhares de palavras segundo afirmam os editores. A despei-
determinada língua. Ele inclui a nomenclatura de todos os concei- to de ser bem menor que o MoraislMachado com respeito à nomenclatu-
tos lingüísticos e não-lingüísticos e de todos os referentes do mun- ra, contudo, é bem mais atualizado e ademais, em um só volume, o que o
do físico e do universo cultural, criado por todas as culturas huma- toma mais accessível para os usuários. ",t'Cc> ( I
Tendo em vista a definição dada ao dicionário de língua, consta- 1.1. O primeiro problema que se põe na elaboração de um dicio- \
ta-se que apenas o dicionário geral da língua pode aproximar-se do nário é a extensão da sua nomenclatura e/ou macroestrutura. O tama-
ideal de descrever e documentar o léxico de uma língua. Ainda assim, nho desse índice de palavras é fator de algumas coordenadas: em primei- \
esse ideal é sempre intangível, já que o léxico cresce em progressão geo- ro lugar, o público a que se destina. Tal será o destinatário desejado, talo J
métrica, hoje sobretudo, em virtude da grande aceleração das mudanças numerário. Como se referiu acima, nas modernas línguas européias, o
socioculturais e tecnológicas. A rigor, nenhum dicionário por mais volu- modelo padrão de dicionário pode abrigar de 50.000 a 70.000 palavras-
moso que seja, dará conta integral do léxico de uma língua de civilização. entrada. Há quase um século o Petit Larousse vem registrando 50.000
Assim, o maior dicionário geral conhecido de uma língua contemporânea entradas, sendo que cada nova edição, via de regra anual, descarta um
certo número de vocábulos caídos em desuso e os substitui por neologis-
l.Biderman, M. T. "A estrutura mental do léxico" in Estudos de Filo/agia e Lingüística.
Homenagem a Isaac Nicolau Salum, São Paulo, T. A. QueirozJEdusp, 1981, 138. 2. Verdelho, T. Lexicon der romanischen Linguistik, BandIVolume VI, 2, 1994, p.685. 11
131
130
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mos entrados em uso. O inclui 70.000 verbetes. A versão vezes (para um total de 50.000 entradas). A seguir, deve-se eXaminar~
canadense desse dicionário, descrevendo o léxico do francês do Québec, . m critério, as listas das palavras de freqüência entre 1 e 5 para eventual-
(Le Robert, 1992) contém mente coletar outras unidades neste conjunto. Os hapax legomena (fre-
40.000 palavras-entrada (verbetes). Lembro que essa era a nomenclatura qüência 1) serão rejeitados, pois registram idiossincrasias de autores, ou
da segunda edição do Morais (1813). tccnicismos típicos do discurso científico.
".
· Nordeste do Brasil: aipim, caatinga, cajueiro, jangada, dos pelo escritor mineiro tais como: aldemenos, alembrar, arras,
macaxezra, maruim, marruá, oitizeiro, saveiro;
arruido, asinha, aventesma, bofé, convinhâvel, fiúza, fremoso, guai,
.. .Pantanal: anhuma, curicaca, seriema, tuiuiú, acuri, aguaçu lmigo, malino, menhã, mezinha, palafrém, percisão, perjuizo,
<}..
canju}uezra, peúva. ' ,.imembrar; semideiro, sorveter, sujigar, etc.
Por outro lado, muita vez o arcaísmo se identifica com um re-
~
C~m base em estudo de Boulanger (1985) creio que se pode
c (V definir ~eglOn~Iis~o: qualquer fato lingüístico (palavra, expressão, ou ionalismo brasileiro; de fato, no português do Brasil a manutenção de
seu sent~do) propno de uma ou de outra variedade regional do português palavras fósseis do período medieval da língua não é fenômeno raro. São
do Brasil, com exc~ção da variedade usada no eixo lingüístico Rio/São típicos os casos com a prótese a « prep.) como os vocábulos acima
Pa~lo, que se con~Id~ra como o português brasileiro padrão, isto é, a itados respigados na obra roseana: alembrar, arresolver, arruído.
vanedade de ~e~e~encIa,e com exclusão também das variedades usadas Além disso, outro problema é posto pelas obras históricas, quer
em outros terntonos lusófonos.
se trate de historiografia científica, quer se trate de romances históricos.
,~ Outra questão delicada diz respeito aos arcaísmos e/ou pala- Nesse contexto evidentemente ressurgem um grande número de palavras
/ vras/~xpressões caídas em desuso ou que se tornaram obsoletas. O desa- que denominam referentes desaparecidos da sociedade contemporânea.
par:cImento de um referente ou de uma realidade qualquer (costume Assim, o romance de A. Miranda, Boca do Inferno, biografia romancea-
fenomeno cul~ral, etc.) na vida de uma comunidade pode levar a palavra da do poeta seiscentista Gregório de Matos, contém um elevado número
que os ~e~omma ao envelhecimento e à morte, perdurando apenas em desse tipo de vocábulo, a saber: adaga, alcaide, alfanje, arcabuzeiro,
forma fóssil nos doc~mentos da língua. Isso não impede que ela possa vir bacamarte, barregã, degredo, espada, espadachim, gadanho, garrucha,
a ser us~da ~sporadIcamente em dois tipos de situação pelo menos' em liteira, etc. Todas essas palavras testemunham realidades do passado,
t~xtos hIstóncos (c.ientíficos.~u de ficção histórica) ou em criações li~erá- embora eventualmente algumas dentre elas possam continuar a ser usa-
nas quando um artista a reutiliza com finalidade estética. das hoje, porém, com valor semântico diferente [caso de degredo]. Ca-
sos similares são os das palavras cuja primeira acepção ou uso remete a
Veja-se, a título de exemplo, arcaísmos que registrei em roman-
um referente de passado muito distante e nem mesmo de nossa cultura
c~s e obras contemporâ~eas: almotacé ( do séc. XIV, em Ficção e Ideolo-
luso-brasileira, como por exemplo: êxodo « do hebraico), faraó e
gia, 1972), arras (do seco XIII em O analista de Bagé 1982) lt. .
(d ' XVI A • ,,a aneria hieroglifo « do egípcio), patrício e tribuno « do latim clássico). Via de
o seco em ~r~mca da Casa Assassinada, 1959), alarves (do séc.
regra, um dicionário geral da língua registrará essas palavras. Esse tipo de
XIV em Inn:.0duçao a Antropologia Brasileira, 1951) , alestado (do séc.
vestígio verbal arcaico indica claramente como o léxico constitui o
~I em Chao de Ferro, 1976), adejo (do séc. XVIII em Ave Palavra
repositório dos conhecimentos humanos através das idades. E testemu-
970), ~o~tuméli~ (do séc. XVI em A ladeira da memóri~, 1970):
nha também como o acervo lexical de uma língua de civilização com
despauterzo (do seco XVI em Travessias, 1980), malquerença (do séc
antiga tradição escrita pode ser identificado como um tesouro abstrato e
XV em .Conto ~rasileiro Contemporâneo, 1977), arrepelar, arresolver.·
imaterial, lugar da memória das culturas humanas. Nesse tipo de dicioná-
arrespeztar, registrando uma prótese arcaica (todos três em S '
rio geralmente é apontada como acepção original, a do registro histórico
1951). Al~ás, todas as obras de Guimarães Rosa testemUnhama~~:t~
dessas culturas e, secundariamente, as acepções que tais vocábulos ad-
desse escntor pela palavra arcaica. No estudo Arcaísmos de Guímarã
quiriram no português moderno. A história de todas as culturas registra
Rosa e sua abonação em textos medievais3 Nilce S Marti . aes
, . ms regIstrou um elevado número de palavras que nomeavam grupos humanos, povos,
e comentou um grande número de palavras do português medieval, usa-
nações, fatos, entidades, fenômenos, objetos, enfim, realidades desses
mundos. Cf. por exemplo: caldeus, babilõnios, hebreus, fenícios, hititas,
3· ComtJ.'
UniCdaçcão
apresentada no XIX Congresso de Filologia e Lingüística Românica
S an ago e ompostela, 1989.
medos.jõnios, escriba, múmia, cidade-estado, homérico, geronte, éforo,
'
arconte, areópago, biga, etc.
134
135
.•
Em suma para as pal .
humanidade, qual 'será o parâ;;~~ ::c~::eedreferen~~s do passado da Com o advento da era da informática, foi na França, no início da
parte, a seleção d .d d '. as esco as? Em grande .1. (' Ida de sessenta, que primeiro se pensou em constituir uma gigantesca
novamente o ta~~:o ~:s leXICaIlScom essas características dependerá 11 I o textual informatizada para servir de registro e fonte de referência
I :J . ,t;Ys' ,nomenc atura e do público alvo.
I' 11 I a confecção de dicionários - o que se chamou de Trésor de Ia
~;/" 1.2. Convem lembrar ainda dici . 1IIIIlgue Française. Esse "tesouro" é um arquivo monumental de obras
{f ~'(, um dicionário enciclo édico ~ue um ICIOnarIOde língua não é
Vft,: to' rios de língua têm car~cteríS~i~a~e:t:lto dessa re~salva: ~lgun~ dicionã- puhlicadas na língua francesa desde o início do Renascimento (século
()-1( informações das mais vari d amente enclClopedlcas, incluindo .VI a XX) com mais de 100 milhões de ocorrências, acrescida de todos
II manuscritos medievais conhecidos da língua francesa. Já foi publicado
mais belas obras lexicográ~::sn=~:~s; ~~b~e~d? cien~ficas. Uma das
I 11\ dezesseis volumes, o Dictionnaire de Ia Langue Française des xrx=
clopédia, é o VocaboIario DeII L' ~IO~arlo. de h~gua e de enci-
última edição de 1995 (12a) c t,a mglua t~Iana, /0 Zmgarelli, cuja X~mc Siêcles (1969-1994) com base nessa gigantesca base digital, obra
on em exce entes Ilustra - b . I ssa que contém, contudo, 80.000 entradas. O volume de informações
so num belíssimo trabalho áf O ' . çoes so re o umver-
confi ur - gr ICO. centenano Petit Larousse tem essa lingüísticas sobre cada entrada é, porém, impressionante, incluindo até
111 'smo informações de natureza estatística. O verbete lumiêre cujas
cicIO:édi~:~::;:'~~;:~;:s:~~::e~tante brasileiro, o Dicionário En-
I trações de cunho enciclopéd'
ICO.
çoes (1978), obra abundante em ilus- I .cpções abonadas distribuem-se dos valores semânticos da língua cor-
1.3 Outro aspecto muito valori d história das idéias, teologia, mecânica, marcenaria, tecnologia, exibe os
lexicográficas é a documentaçã d . 'fi za o nas grandes obras \ eguintes dados estatísticos: freqüência absoluta literária 19.123 ocorrên-
há muito, os lexicógrafos prezar: ao~ stgm _lcados e usos lingüísticos. De 'ias, freqüência relativa literária: seco XIX 1a metade: 25.783; 2a met.:
cas com que documentam s
a
f a o~açao baseada em fontes autênti- 5.903; XX Ia met.: 27.268; 2a met.: 29.048.
rio. No passado grandes mon::e ltrmalço.esso~re as entradas de dicioná-
d e por esse aspecto de sua .
o Dictionnaire de Ia Lan;~u;tetura,
numental Oxford EngIish Dicti:.:.;a~~~
s:
n os eXlcográficos ganhar 1 b id
am ce e n a-
os mais famosos exemplos
e .r-~ttré(1863-1873) e o mo-
Para a língua portuguesa estão sendo elaborados dois dicionários
fundamentados na informática. Em Portugal, a Academia de Ciências de
Lisboa sob a direção do Prof. J. Malaca Casteleiro da mesma Academia
estruturou-se como uma obra !,"edição 1884-1928). O Oxford da Universidade de Lisboa e sob a coordenação da Prof a. Maria
com citações de obras Variad;sql~etn~~ so abo~ava os usos ilustrando-os emanda Bacelar do Nascimento, escreve-se um dicionário contemporâ-
, 1 erarlas ou nao como tamb ' neo da língua portuguesa, que deve conter umas 70.000 entradas, inspi-
cupava com registrar a '. ~.' em se preo-
. primeira ocorrência da pal d rado no dictionnaire do trésor acima referido. No Brasil, sob a direção e
da língua. Quanto ao Littré f' avra nos ocumentos
,pre IrOcitar trabalho anterior a respeito: coordenação do Prof. Francisco da Silva Borba, na UNESP, elabora-se
um dicionário contemporâneo do português, cuja abonação e/ou docu-
francesa,"~~!~é :de ser considera~o, u.ma obra-prima da lexicografia
mentação baseia-se num corpus informatizado do português brasileiro
p a os modernos cntenos lexicográficos Littré d di
COu-semonacalmente à confecção do seu dicio ' . . e 1- contemporâneo de 17 milhões de palavras (a partir de 1950 em diante). )
um inovador para o seu tempo'
anteriores a 1830 (os lá .
da.?"
c aSSlCOS
b nano durante 30 anos. Foi
,em ora seu exem 1"
.
para Littré) constituí
tório léxico e de escolha de citações ' '1
,. 1
p ano so me ua autores
d 1
.: um mo e o de reper-
como I ustraçao das palavras-entra-
A MICROESTRUTURA DO DICIONÁRIO DE líNGUA
2.1. O primeiro problema a ser considerado é o da identificação
Y,
da unidade léxica que constituirá lema ou entrada de dicionário. Faz-se
necessário uma fundamentação lexical teórica que forneça critérios para
4. Bidennan M T C "A 'A • ;; :
tal. Um dos maiores defeitos dos dicionários tradicionais (o AURÉLIO
, . " ciencia da Lexicografia" inALFA S P u1 sendo um deles) é o fato de não se terem fundamentado em critérios
, . a 0,28 (supl.), 1984 3.
136 '
137
"
binatórias lexicais discursivas po-
. . J'unto aberto. A s com . d 1" as
lexicológicos, sobretudo o estabelecimento de um conceito lingüístico de lI11stlturrum con . " freqüentes de umda es exic
. d eras comblllatonas
palavra; melhor dizendo: uma noção clara de unidade lexical. De fato, a ti '10 deIxar e ser m id des do léxico da língua.
I Ira se conve rt ere m
em novas um a .
definição de palavra levanta vários problemas teóricos com conseqüên-
I " . de uma ortografia conservadora e I.ncon-
cias práticas na sua identificação e tratamento ortográfico e lexicográfico. Alem dISSO,em virtude .d d lexicais estejam categonzadas
. b numerosas um a es , .
Lembremos que o lexema (palavra no vocabulário corrente) é lstente, muito em ora. _ d afadas como se fossem vanas
~)-Yt{'~maentidade abstrata que constitui um elemento permanente do sistema mo tal ao nível do léXICOsao, CO?tu o, grd' condicionado, assisten:
d b'güidade E o caso e. ar A •
1\\ . ngüístico. Ao nível do discurso essas unidades abstratas podem mani- unidades, geran o am I
di
'.
gresso nacwna, ces
I ta básica, caixa eletronlCO,
festar-se em formas fixas, podendo, porém, assumir formas variáveis. , ' social, bom w, con I h d retalhos corpo docente, curto
-: Numa língua flexiva como o português um lexema pode assumir várias caixa preta, código de barras, co ~ a ~bra ótic~, folha corrida, força
formas compondo um paradigma (caso dos verbos, dos adjetivos e subs- circuito, dólar paralelo, dor de .ca e~a, ha a ré papel higiênico,
maténa pnma, marc ,
tantivos), mas pode também manifestar-se como formas aparentemente 'entrifuga, fossa negra, . d 'udiciário prata da casa,
. d r legislatlvo, po er J ' b'
discursivas. Nas realizações discursivas (orais e escritas) as fronteiras poder execuuvo- po e _ . I .+. rma agrária, saneamento a-
.+" . ressao artena , rejo , 1
entre uma unidade lexical complexa e um sintagma discursivo são difusas. pressão atmosjenca, P d leit ona Franca. Temos ai a guns
-título e e et or, z j' , d
Existe toda uma gama de soldadura entre os elementos de uma seqüência sico tábua de sa l vaçao, f t s das mais variadas are as o
, . metem are eren e
lingüística, aquilo que podemos chamar de lexia complexa. Assim, pode- exemplos de SIgnos qu~ ~e videnciando quanto este pro-
conhecimento e das atIVIdades humanas, e
mos identificar lexias complexas cujos elementos componentes estão per-
feitamente soldados, e outras com um forte índice de coesão interna. blema é pervasivo. orão a
, d .di se essas lexias complexas comp .
Quase poderíamos afirmar que a freqüência do uso vai dando aos falan- Isso posto, cabera .ecI Ir d mo entradas de dicionárIO,
." aparecen oco
L tes um forte sentimento de cristalização da seqüência discursiva. macroestrutura do dIcIonarlO b tes como subentradas dos mes-
. adas a outros ver e 1 -
) Em parte esse problema se origina de uma característica funda- ou se serão lllcorpor _ 1 se o problema das ocuçoes
ssa questao, co oca- .
mental da linguagem humana: a economia lingüística. De um lado, palavras mos. Paralelamente a e a gosto ainda aSSIm, a
. 1 tai como' iat ' .
simples são utilizadas em vários domínios diferentes do conhecimento, de cunho gramatlca ais '. de acordo de soslaio.
mais daqui a pouco, ' d
multiplicando os valores semânticos da palavra e gerando o fenômeno da limpo, ao longe, ca d a vez '. . o de além de, a ponto e,
te a carg, .'
polissemia; b) por outro lado, palavras simples podem combinar-se entre si P or pouco, uma vez, e '. I de etc.
. d à guisa de emp. o , .
de modo quase infinito, resultando unidades complexas. com relação a, de CIma e,. ' 6da vez que, 'da mesma maneIra
além de que,_a-me1!:P-s que ... ") assim que, oa'--- que por conseguznte, . etc.
O reconhecimento de unidades lexicais complexas, especialmen-
que, doZ;;;..'
mo modo_qzce, logo que, nem) ele (s) mesmo(s), ele(s)
. o mesmo-tu. os, as , .
te em vocabulários especializados, é problema espinhoso; sua identifica- consig fiosse onde quer que, seja
ção constitui uma séria dificuldade teórica. Poucas são as lexias comple- I Fosse fossem quem , ,
próprio(s), fiosse 'qga J' • ' r]i- t Ãtradiçãolexicalportuguesae
xas cujo valor lexical está bem constituído. Não existem critérios teóricos onde FOr.seja o que for, seja qua or, e c. bete da palavra-chave ou
J' , . lexi omplexas no ver
bem estabelecidos para o reconhecimento de tais unidades. O fenômeno a de dar guarida a tais exias c d recer aceitável incluir como
da lexicalização das unidades complexas não se verifica de modo unifor- principa1. Se, em alguns cas.os, po e P~u de do mesmo modo
me. Os falantes discordam quanto ao grau de cristalização dessas unida- subentrada de consIgo mesm~, e será razoável abrir uma
des, máxime os grupos profissionais, usuários das linguagens . da mesma maneira qu , id d
q ue e de tem mais como um a es
especializadas. . oslaio que nao eXIS
entrada para gUIsa ou s 'A ara poder abrigar as lexias com-
Como a língua está em perpétuo movimento, seu caráter de simples no português contem~oraneo P tr lado se do ponto de vista
, . d d soslaIO? Por ou o , -
inacabado e de devir está sempre presente, sobretudo no léxico, visto que plexas - a gUIsa e, e, d' ão da lexia complexa, nao
ético a lexia simples esta na base a cnaç
essa é a parte do sistema lingüístico mais suscetível de mudanças por geneI , 139
138
".
. o cair das nuvens, dar murro em ponta
haverá duas outras razões para agir diferentemente? 1) trata-se de uma I .xías complexas: cair de quatn '. ação ficar de pés e mãos
d fi er das tripas cor ,
nova unidade do sistema; 2) será mais fácil para o consulente identificar a (I? faca, fazer as suas, az lh aber a quantas anda, saber de
lexia complexa no dicionário se ela não estiver embutida num outro ver- nmarrados, passar desta para me .or, s rpofiora etc Nestes casos a
. em pôr. tirar o co "
bete. Dicionários há que vão muito longe na compactação dos cognatos cor e salteado, sem tirar n. 'd' essões verbais idiomáticas ao
em subsistemas lexicais. É o caso, por exemplo, do Lexis (língua france- tradição lexicográfica tem incluí o tal s expr ssão o que não parece
fim do verbete do verbo-base ad expre ,
sa) que classifica as unidades léxicas em farm1ias de palavras; assim, os
derivados e compostos são reunidos no mesmo verbete e a justificativa
para isso é: partilham os mesmos traços semânticos com a palavra-entra-
da. Contudo, muitas vezes os laços semânticos já se afrouxaram muito.
desaconselhado.
r (
I ~
Ainda com respeito à identificação ~a.unidadelilexlc~ e
ento da homommla X po ssemla.
",
~:%~~ .
140
'.
hav.
nov BIDERMAN M T C '.
. "" Teoria Lmgüística (Lin üístí '.
lexi RIO de Janeiro, Livros Técnicos e C' tífi gu tica quantItatIva e computacional)
ien ICOS, 1978.
betr BOULANGER J C "A'
. ' '. propos du concept de "ré' '" .
em Umversitaires de Lille, 1984, p.125-145. glOnalisme. In: Lexlque. 3. Lílle, Presse
sa) BOULANGER J . C . LeXIS.
. Travaux de 11'
, .
der juin 1982. ennmologze. n" 2. Université Laval, Québec,
par Erasmo d'Almeida Magalhães
da. Universidade de São Paulo
Universidade Estadual Paulista! Araraquara
cor
em
d~
do
COI
vrc
compulsar dos textos produzidos por religiosos, mormente jesuí-
tas, permite afirmar, sem incidir em erro, que, nos dois primeiros
me séculos de atuação em terras americanas, os missionários tinham como
I
re~ meta primordial aprender e bem conhecer a língua dos naturais da terra.
ve' Nas Constituições da Companhia de Jesus já se determinava que os
es: catequizadores procurassem "tomar bien Ia lengua", a fim de aplicá-Ias
su: nas escolas que se estabelecessem.
rm
rei
Para cumprir tal desiderato foram feitas descrições lingüísticas
(publicadas sob o nome de gramática), organizadas lições de doutrina
da cristã em línguas indígenas e preparados dicionários e vocabulários, a
(n
maior parte bilíngües (língua indígena x portuguesa ou espanhol).'
re A disseminação desses escritos e as aulas ministradas nas escolas
di dirigidas por clérigos levaram à difusão do Tupi litorâneo, denominado
di pelos estudiosos língua Tupinambá, um dos focos de nossa atenção, de-
ul vendo ser lembrado que outras línguas indígenas correntes na colônia não
dI foram, praticamente, objeto de estudo.'
pJ
m 1. Os escritos sobre línguas indígenas brasileiras, no período colonial, não abrangiam muitos
Ti títulos, ao contrário do ocorrido na América espanhola, onde, já no século XVI, se dispunha
de várias gramáticas e diferentes catecismos nas línguas Aymara, Nahuatl, Quechua,
p,
etc.
2. O Pe. Fernão Cardim registrou, em 1584, mais de 60 línguas distintas do Tupinambá, na
142 região compreendida entre os atuais Estados de Sergipe e Rio de Janeiro.
143
-.
I••••