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editorial

Ricardo Pinto

QUESTÃO DE FOCO

Há uma estória que diz que quando a NASA iniciou o lançamento


de astronautas, descobriram que as canetas não funcionavam com
gravidade zero. Para resolver o problema, contrataram uma famosa
empresa de consultoria internacional. Depois de uma década de traba-
lho e tendo dispendido US$ 12 milhões, eles conseguiram desenvolver
uma caneta que escrevia com gravidade zero, de ponta cabeça, de-
baixo d’água, em qualquer superfície, inclusive cristal, e em diversas
temperaturas, desde 0°C a até mais de 300°C. Já os russos, na época,
utilizaram lápis.

Este caso dá-nos a verdadeira dimensão da armadilha em que cos-


tumamos cair rotineiramente ao focarmos nossos pensamentos e ações
no problema que temos a resolver e não na solução que temos que
encontrar.
Normalmente, aproveitando o exemplo, seguimos a seguinte linha
de raciocínio: 1º) Qual o problema? As canetas não funcionam na au-
sência de gravidade. 2º) Como resolver o problema? Ora, criando uma
caneta especial que funcione no espaço. Certo? Erradíssimo!
Este é o procedimento padrão de quem está com o foco centrado
no problema, ou seja, no problema em si é que está o centro de con-
vergência de sua atenção. Então, qual deveria ser nossa linha de pen-
samento para não cairmos nesta armadilha? Como agirmos para ter o
foco na solução e não no problema?
Continuemos no exemplo: 1º) Qual o problema? As canetas não
funcionam na ausência de gravidade. 2º) Por quê? Porque em ambien-
te sem gravidade a tinta não flui. 3º) Qual a necessidade? Escrever
em ambiente de gravidade zero. 4º) Qual a solução para esta neces-
sidade? Não usar dispositivos que dependam da gravidade, como é
o caso do lápis.
Agora deu para entender porque, neste caso, os russos suplanta-
ram os americanos?
E quantas e quantas vezes não nos deparamos com situações de
erro de foco? Por exemplo, quando queremos diminuir o custo de pro-
dução e cortamos gastos com itens ligados à produtividade. Ao final,
descobrimos que diminuímos a produtividade e, contrariamente ao
nosso desejo inicial, aumentamos nosso custo.
É por isso que, cada vez mais, as empresas buscam para seus qua-
dros profissionais flexíveis, que saibam trabalhar com recursos, pra-
zos e barreiras culturais e organizacionais de forma customizada, mas
sempre e imprescindivelmente com o foco na solução e no resultado
a ser obtido.

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4
expediente
expediente

“Tu podes adiar, mas o tempo não.”


Benjamin Franklin

“Amor intenso não se avalia, apenas se dá.”


Madre Teresa
ano 12 - númerO 144
novembro DE 2012
“Obstáculos são as coisas assustadoras que encontra quando
desvia os olhos do seu sonho.” Mais matéria com conteúdo
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especial
“Quando se encontra sem se procurar é porque já muito se Resíduos que valem euros 6
procurou sem se encontrar.”
Albert Einstein FÓRUM
Se houver um novo ciclo de baixa de preços
“Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem ou é Deus.” de açúcar internacional, qual será o impacto
Aristóteles nas usinas brasileiras? 14
TECNOLOGIA AGRÍCOLA
Cuide bem do seu trator, faça um check-up 16
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especial

A produção de pellets
e briquetes a partir
As rigorosas metas estabelecidas pe- Fundamento Consultoria Industrial, que
da palha e bagaço da
los países europeus para a diminuição da participou do processo, os resultados na
cana-de-açúcar pode se emissão dos GEE (Gases de Efeito Estufa), época, mostraram falta de viabilidade co-
tornar não só uma boa causada pelo uso de combustíveis fósseis, mo combustível e os estudos derivaram
alternativa energética faz com que eles procurem, cada vez mais, para o uso do bagaço hidrolisado de cana
para a destinação fontes renováveis de energia para agregar à como ração animal.
destes resíduos, sua matriz energética. De olho no mercado A produção de pellets, também chama-
como também trazer europeu, há alguns anos o setor sucroener- dos de biopellets ou briquetes de bagaço
mais lucro ao setor gético vem estudando a viabilidade e as ou palha de cana, consiste na compacta-
sucroenergético tecnologias disponíveis para a produção ção de material celulósico através de má-
de pellets e briquetes (já produzidos com quinas pelletizadoras ou briquetadeiras
o uso de madeira de reflorestamento, resí- que realizam esta compactação deixando
duo florestal e bagaço de laranja) a partir a biomassa com densidade muito alta e
da palha e do bagaço da cana-de-açúcar. com a umidade muito baixa, aumentando
Os primeiros testes com produção de seu poder calorífico.
pellets de bagaço de cana no Brasil datam “Para processar esta biomassa é pre-
dos anos 90, quando o então CTC (Centro ciso, inicialmente, que a matéria-prima
de Tecnologia da Copersucar) realizou ex- esteja reduzida em partículas menores, o
periências, primeiramente com briquetes e que é feito através de trituradores. Depois
depois com pellets de bagaço de cana em há a necessidade de reduzir a umidade,
uma das usinas do Grupo Zilor. De acor- com o uso de secadores, para algo próxi-
do com Paulo Roberto Dalben, sócio da mo de 15%. Nesta condição, a biomassa é

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especial
enviada para as pelletizadoras ou brique-
tadeiras para ser prensada e transformada
em pellets ou briquetes. Como o processo
de prensagem exige bastante consumo de
energia e um trabalho intenso de pressão
e atrito, o produto final sai deste processo
com temperatura elevada e por isso deve
passar por resfriamento e peneiramento.
Normalmente não se adiciona nenhum
outro produto na produção de pellets ou
briquetes de madeira ou bagaço de cana”,
explica Dalben.
De acordo com José Dilcio Rocha, pes-
quisador da Embrapa Agroenergia, tanto
para produzir pellets como briquetes, é Planta de produção de pellets da Eco-X Pellets, localizada em Bandeirantes, PR
importante que a umidade e o tamanho
da partícula sejam uniformizados. “Tanto dele faz uso, visto que ele substitui fontes energia verde, e com maior poder calorífi-
para a produção de pellets como brique- fósseis de combustível”, destaca Dalben. co. “Temos que lembrar que estamos pro-
tes, a umidade da matéria-prima deve ficar O bagaço é adquirido de usinas no en- duzindo energia a partir de fontes renová-
entre 10% e 12%. No caso do briquete, as torno da planta industrial de pellets e/ou veis, contribuindo para o meio ambiente.”
partículas podem ser reduzidas entre 3 cm briquetes com algo próximo a 55% de umi- Celso Oliveira, presidente da Associa-
a 4 cm. Já no caso do pellet, as partículas dade. A relação atual gira em torno de 2,3 ção Brasileira das Indústrias de Biomassa e
devem ser menores que 1 cm para serem t de bagaço de cana para a produção de Energia Renovável, comenta que produzir
compactadas”, afirma. uma tonelada de pellets, já computados pellets e briquetes com resíduos do bagaço
os pellets utilizados na caldeira do pró- e da palha da cana implica na não utiliza-
USO, VANTAGENS E MEIO prio processo produtivo. Ao final, os pel- ção de qualquer outro produto florestal.
AMBIENTE lets costumam ter poder calorífico acima “O aspecto principal é, sem dúvida, a sua
Normalmente os pellets e briquetes são de 4.200 kcal/kg. funcionalidade, pelo sentido prático pro-
utilizados em sistemas de aquecimento do- Para Luiz Paulo da Cunha, gerente de porcionado no manuseio e armazenamen-
méstico, lareiras e fornos de panificação Projetos da divisão Biofuel Technologies da to. Além disso, entram em combustão rapi-
e pizza em substituição ao carvão, lenha Andritz Brasil, a principal vantagem de se damente (em recuperadores automáticos)
e combustíveis fósseis. Segundo Dalben, produzir pellets ou briquetes é ter uma for- e deixam poucos resíduos de cinzas, o que
eles também podem ser utilizados em ma mais adequada de se transportar uma facilita a limpeza. O biopellet é CO2 neutro
queimadores industriais, que normalmen- com uma contribuição considerável para a
De acordo com Dalben, a principal questão de mer-
te utilizam gás, e em caldeiras. cado paira sobre o custo dos pellets e o desenvol- proteção da atmosfera e do meio ambiente.
Além de todas as utilizações dadas, Ro- vimento da aplicação, pois as fábricas existentes Quem utiliza o biopellet não só contribui
produzem pequenas quantidades, suficientes ape-
cha afirma que dos briquetes ainda pode nas para atender um mercado mais específico e para a mudança global do clima, mas tam-
ser feito o carvão. “As pizzarias são os es- com volumes menores bém ajuda a reduzir o aquecimento global
tabelecimentos comerciais que mais uti- e o efeito estufa”, destaca.
lizam esta lenha ecológica. Embora usem Ainda segundo Oliveira, o potencial fo-
pequenas quantidades em relação às in- tossintético da cana ultrapassa o da grande
dústrias, as pizzarias procuram mais por maioria das plantas da flora brasileira. Isto
briquetes. Isto porque o pellet vale R$1.300 ocorre, em grande parte, por ser uma plan-
a tonelada e o briquete vale R$ 600 a to- ta do tipo C4, capaz de eliminar as perdas
nelada”, afirma. de dióxido de carbono através da fotorres-
Enquanto a emissão de CO2 durante a piração das folhas, tendo assim, um poder
queima de pellets é de 6,0 g CO2/MJ, na continuado de fixação de carbono. “Utili-
queima de gás natural é de 62,8 g/MJ e na zando uma metodologia de avaliação de
de óleo diesel é de 100,1 g/MJ, o que mos- ciclo de vida (ACV) de geração de eletri-
tra a grande vantagem ambiental do produ- cidade excedente é calculado o balanço de
to. “Assim, a produção renovável de pellets CO2. Baseando-se na metodologia de ciclo
pode gerar créditos de carbono para quem de vida, conclui-se que o cultivo da cana-

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especial

Fonte: Abipel – Associação Brasileira de Indústrias de Pellets

-de-açúcar para a produção de eletricidade briquetes a partir dos resíduos agrícolas gente não precisa mais inventar as máqui-
renovável (pellets) proporcionou um saldo geram economia, comodidade e rentabili- nas, temos feito as inovações tecnológicas.
positivo no sequestro de CO2. Ao comparar dade. “O aproveitamento dos resíduos aju- O material mais pelletizado no mundo é
outras formas de geração de eletricidade, a da na renda dos produtores rurais e indus- a serragem de madeira mole, então quan-
energia produzida por biopellets de bagaço triais, além de evitar que esses materiais do você aplica essas tecnologias em uma
de cana apresenta os mais baixos valores sejam queimados a céu aberto, o que causa matéria-prima brasileira, que tem uma
de emissão de CO2.” danos ao meio ambiente. No Rio Grande qualidade diferente das serragens, faz-se
Michel Rodrigo Santos, agente de Ven- do Sul existem vários engenhos de arroz uma inovação. Estamos adequando equi-
das Internacionais da Lippel, empresa fa- que poderiam utilizar a casca para pro- pamentos já existentes às matérias-primas
bricante de plantas para produção de pel- dução do briquete e, assim, ter mais uma brasileiras”, explica.
lets, pontua as vantagens do uso de pellets: fonte de renda.” Ainda segundo o pesquisador da Em-
- menor custo de transporte; brapa, como os equipamentos foram cria-
- fácil armazenamento; TECNOLOGIAS PARA PRODUÇÃO dos para a serragem, quando são usados
- manuseio simples; As tecnologias de compactação, tan- com os resíduos da cana, dão um rendi-
- produto mais homogêneo e administrá- to a briquetagem quando a pelletização já mento um pouco menor. “Além disso, o
vel; existem há muito tempo. Mas a primeira desgaste se mostrou muito maior. Já temos
- combustível neutro de CO2; pergunta que vem a mente é se as tecnolo- testes em larga escala. Em São Carlos, SP,
- não polui o meio ambiente. gias são econômica e tecnicamente viáveis. existe uma empresa que está instalando
O pesquisador da Embrapa Agroener- De acordo com Rocha, a Embrapa tem uma planta completa de briquetagem de
gia destaca que diante dos preços altos feito estudos de viabilidade técnica e eco- palha de cana visando a venda dos brique-
dos combustíveis tradicionais, da crescen- nômica. “Em termos de briquetadeiras e tes às pizzarias da cidade de São Paulo. A
te conscientização quanto à preservação pelletizadoras, existem tanto fabricantes planta foi feita para produzir 2t/hora, o que
ambiental e das dificuldades para obten- brasileiros quanto de outros países que resulta em 400 t por mês”, conta Rocha.
ção de lenha, a produção e utilização de querem fazer negócios no Brasil. Como a A Andritz, empresa austríaca com se-

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especial
de no Brasil, em Curitiba, PR, vem apri- de rolos das máquinas pelletizadoras em
morando, junto ao seu departamento de função das impurezas minerais presen-
Pesquisa&Desenvolvimento, sua tecno- tes no bagaço de cana;
logia para a produção de pellets de baga- • resistência do consumidor nacional em
ço e palha de cana há mais de três anos. conhecer este novo combustível.
De acordo com Cunha, a produção mun- “Resumindo, os maiores custos indus-
dial de pellets de diversas biomassas é de triais que uma planta pelletizadora de ba-
aproximadamente 14 milhões de t por ano, gaço de cana deve apresentar são de tritu-
cujos 50% deste total são produzidos em ração do bagaço e classificação, secagem,
máquinas Andritz. pelletização e energia elétrica”, destaca
“Uma planta de pelletização é com- Dalben.
posta não somente pelos equipamentos
principais para a produção, mas sim com EM PRODUÇÃO
equipamentos auxiliares como instrumen- A empresa Eco-X Pellets iniciou a pro-
tos, painéis, motores e ventiladores. Esses dução comercial de pellets de bagaço de
equipamentos que denominamos de auxi- cana-de-açúcar em novembro de 2010.
liares, a Andritz adquire no mercado, mas De acordo com Carlos Augusto Nissel,
toda a responsabilidade de garantias mecâ- diretor da Eco-X Pellets, durante os pri-
nicas e produção é da Andritz. A tecnolo- meiros meses de produção foram reali-
gia para a produção de pellets ou briquetes zados alguns ajustes nos equipamentos,
é desenvolvida em função da especifica- Oliveira: “para que o Brasil seja um grande até alcançar a estabilização do processo
ção de cada cliente, porém nossos equipa- produtor e exportador de biopellets precisaremos produtivo. “Todos os equipamentos fo-
de mais incentivos fiscais, financiamento e o
mentos são fabricados para atender todas ram projetados e adquiridos de empre-
desenvolvimento de uma tecnologia industrial”
as variantes do processo”, explica Cunha. sas brasileiras. Fazendo uma análise em
Para ele, uma planta completa para ta terá. Cunha afirma que o investimento termos de equipamentos, a maioria de-
produção de pellets tem que ser autossu- em uma planta de pellets se torna viável les subiu de preço devido ao aumento do
ficiente e precisa produzir vapor, energia quando a equação energética X custo final custo da matéria-prima (aço). Quanto às
e ar comprimido, tratar água e efluentes, do produto tem equilíbrio. “Hoje sabemos tecnologias de produção, se comparadas
ter estocagem do produto acabado e ter que os custos com transporte terrestre e as que já existiam em relação à produção
um bom sistema de logística para o es- marítimo são parcelas substanciais para o de pellets, seguem praticamente as mes-
coamento da produção, que hoje é o fa- fechamento dessa equação”, salienta. mas, com alguns avanços nas técnicas
tor mais caro do processo. “Vários fatores A Lippel também fornece equipamen- específicas para o produto.”
podem influenciar na qualidade do pellet. tos e plantas para produção de pellets. Atualmente a fábrica possui uma ca-
Então é importante que se tenha um mate- “Fornecemos em 2008 a primeira planta. pacidade anual de produção nominal de
rial base (bagaço e palha de cana) dentro Já em 2010, fizemos uma planta a partir 15 mil t e está preparada para quadrupli-
da especificação que foi considerada para do bagaço de cana no Estado de São Paulo car a produção nas próprias instalações
o projeto.” e temos outra, que também produz através já existentes. “Até agora toda a produção
A Andritz tem vários projetos em fun- do bagaço da cana, no México. Desenvol- foi comercializada para consumo no mer-
cionamento no mundo, mas no Brasil ain- vemos e oferecemos tecnologia ampla na cado interno, para a geração de calor em
da não tem plantas em operação. “Estamos secagem, queima, movimentação e com- fábricas de alimentos, processadoras de
fechando acordos com potenciais players pactação desse material. Temos informa- sementes, indústrias de fundição de alu-
para a construção de várias plantas de pel- ções de que nossos clientes produzem mínio, aquecimento em granjas de aves,
let de bagaço e palha de cana para iniciar aproximadamente 3 mil t por mês”, reve- olarias, indústrias de cal, fábricas de as-
a produção em 2013. Durante a Fenasucro la Santos. falto, cerealistas e fábricas de leite, entre
deste ano, tivemos vários interessados pela No entanto, Dalben acredita que os pro- outras”, conta Nissel. O bagaço de cana
tecnologia de produção de pellet. Acredi- dutores de pellets e briquetes ainda têm utilizado pela Eco- X Pellets é adquirido
tamos que seja mais um subproduto para alguns gargalos a serem resolvidos como: através de destilarias e usinas localizadas
agregar valor ao etanol e ao açúcar, além • falta de matéria-prima na entressafra das na região próxima à indústria, que fica
da produção de energia”, enfatiza Cunha. usinas; localizada em Bandeirantes, SP.
O custo para se obter uma planta de • altos custos de processamento do baga- Em entrevista concedida e publicada
produção de pellets e briquetes vai depen- ço; na revista PelletMill Magazine, da Ingla-
der da capacidade produtiva que a plan- • baixa durabilidade de matrizes e capas terra/Estados Unidos, Oliveira afirmou

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especial

Planta de produção de pellets (Fonte de imagens: Lippel)

que a Brasil Biomassa e Energia Renová- outros projetos em desenvolvimento para vos investimentos da empresa produto-
vel (BR Biomassa) detém a mais avança- outros grupos do setor sucroenergético. ra”, conta Oliveira.
da tecnologia industrial de produção de “A empresa detém uma tecnologia de po- A unidade Sumaúma, do Grupo Tole-
biopellets de bagaço de cana. O projeto tencialização da fibra do bagaço de cana do, localizada em Alagoas, PE, tem apos-
Biopellets Brasil iniciou-se em 2008, reu- para a produção industrial. Hoje o bio- tado na produção de briquetes a partir do
nindo engenheiros e empresários lidera- pellet produzido no Brasil é certificado bagaço da cana desde 1994.
dos por Oliveira. na Holanda, Itália e Alemanha e tem um Segundo o diretor superintendente do
“A Brasil Biomassa e Energia Reno- poder calorífico próximo aos dos pellets Grupo, Alberon Cabral Toledo, a usina
vável gastou milhares de horas de tra- de madeira e um baixo teor de cinza e de sentiu a necessidade de uma unidade de
balhos, testes em laboratórios do Brasil umidade. O biopellet de bagaço de cana tratamento de resíduos sólidos ambien-
e da Europa para obter um produto de da Brasil Biomassa tem a menção euro- talmente correta. Ele conta que a escolha
qualidade. Hoje existem mais de cinco peia de produto 100% renovável, o que pela produção de briquetes ao invés de
plantas industriais que produzem pellets é um ponto importante para a obtenção pellets se deu por conta da falta de equi-
de madeira em quantidade anual de 200 de crédito de carbono.” pamentos no mercado. “Os fabricantes
mil t e quatro plantas industriais que pro- A unidade industrial em São Paulo de pelletizadoras nunca tiveram efetiva-
duzem biopellets de bagaço de cana. Em está localizada dentro de um perímetro mente interesse em desenvolver um pro-
São Paulo foi instalada a maior unidade industrial com mais de 22 usinas for- duto direcionado para o bagaço. As bri-
industrial internacional de biopellets de necedoras de bagaço de cana, além de quetadeiras funcionam precariamente,
bagaço de cana, com produção anual de uma logística estruturada para o trans- necessitando de algumas modificações.
120 mil t. Este projeto foi desenvolvido porte ferroviário do biopellet até o Porto São máquinas muito pesadas para uma
e estruturado pela Brasil Biomassa. Todo de Santos. “Um grande grupo empresa- produção reduzida por unidade. No atu-
o produto será exportado para a Holanda rial do Japão apresentou uma proposta al estado de desenvolvimento, podemos
e o Japão”, revela Oliveira. de compra de toda a produção industrial compará-las as locomotivas Maria Fuma-
Segundo ele, a Brasil Biomassa tem por dez anos. Negócio seguro para os no- ça”, critica.

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especial
Apesar de ainda enfrentar dificulda- Acredito que a produção destas tecnolo-
des com equipamentos e conhecimen- VANTAGENS DO USO DE gias dependerá da visão de um grupo que
to sobre o processo operacional, Tole- PELLETS PARA a GERAÇÃO seja mais arrojado e que tenha condições
do conta que a usina já exportou para a DE ENERGIA competitivas favoráveis”, finaliza.
Alemanha. “Já exportamos, mas para que - custo de transporte reduzido; De acordo com Dalben, a principal
isso volte a ser possível e rentável, vai questão de mercado paira sobre o custo
depender do câmbio e da infraestrutura - fácil armazenamento; dos pellets e o desenvolvimento da aplica-
portuária.” - manuseio simples; ção, pois as fábricas existentes produzem
pequenas quantidades, suficientes apenas
MERCADO CONSUMIDOR - produto homogêneo e para atender um mercado mais específi-
Por ser um mercado pequeno, os administrável; co e com volumes menores. “Não temos
novos produtores de pellets e bagaço de produção nem escala para alimentar uma
- combustível neutro de CO2;
biomassa do Brasil têm mirado o mercado planta termoelétrica de grande porte, pois
europeu quando pensam em exportar - não polui o meio ambiente. o custo da produção dos pellets é alto e
este combustível renovável, ao menos agrega valor ao produto, deixando-o mais
no curto e médio prazo. nobre e viabilizando-o para transporte, ar-
Em 2011, a Europa consumiu cerca de acredito que, no futuro, os players brasi- mazenagem e alimentação de equipamen-
10 milhões de t de pellets para produção leiros possam ter interesse em investir em tos compactos para geração de calor”, diz.
de energia para a indústria e principal- adaptações para uso nas caldeiras. Na Eu- Para Oliveira, o mercado de pellets e
mente para o aquecimento de casas, es- ropa o pellet já pode ser utilizado direto biopellets terá um grande avanço no Bra-
colas, hospitais e escritórios. A produção para a geração de energia.” sil. “Nos próximos anos teremos as maio-
anual é de cerca de 9 milhões de t, o que A perspectiva é a melhor possível, ava- res plantas industriais de pellets de ma-
gera um déficit que é suprido com a com- lia Cunha. “Com o tratado já sancionado deira com o uso dos resíduos florestais e
pra de pellets da Rússia, Estados Unidos na Inglaterra e o aumento de consumo na de biopellets de bagaço de cana. Mas se o
(especialmente dos estados da Flórida e Europa, há um estudo que mostra que de- Brasil não iniciar os projetos industriais
Geórgia) e do Canadá. vemos chegar a uma produção de 140 mi- de pellets e biopellets, os maiores grupos
Para suprir essa demanda, que é cres- lhões t até 2020. Isto quer dizer aumentar industriais da Inglaterra, Holanda e Ale-
cente, será preciso produzir mais ou im- a produção mundial, que hoje está em 14 manha vão ingressar no mercado nacional.
portar o montante deficitário, definindo milhões, em 10 vezes.” A estratégia será de produzir no Brasil e de
uma oportunidade para os produtores do Rocha também vê um mercado futuro queimar nas termoelétricas da Europa para
Brasil. Porém, para se aventurar no merca- muito promissor para o pellet e brique- a geração de energia. O Brasil precisa acor-
do de exportação de pellets e/ou briquetes, te de palha de cana. “O mercado interno dar e conhecer melhor este promissor mer-
especialistas sugerem que a escala mínima vai precisar lançar mão destas tecnologias cado industrial e energético. Mas acredito
das indústrias deve ser, pelo menos, 250 em larga escala. O futuro da tecnologia que, para o Brasil ser um grande produtor
mil t por ano para diluir os custos com vai depender de matéria-prima acessível e exportador de biopellets, precisaremos
transporte até o destino final, que pode com um custo atrativo. Temos feito levan- de mais incentivos fiscais, financiamento
ser feito apenas por navio. tamento, mas ainda não está pronto. Mas e o desenvolvimento de uma tecnologia
Os maiores produtores dentro da Euro- de briquetes temos algo próximo a 80 plan- industrial”, conclui.
pa são a Alemanha e a Suécia. Esta última tas de produção no Brasil. Uma planta de Toledo acredita que não existe pro-
também desponta como a maior consumi- tamanho razoável produziria entre 600 t dução porque ainda não existem equipa-
dora, com 2,3 milhões de t por ano para a 100 mil t por mês. Ainda temos poucas mentos adequados no mercado. “A cadeia
uma produção de 1,7 milhão de t. A previ- plantas de produção de pellets porque o in- produtiva necessita de um conhecimento
são é que o consumo no continente chegue vestimento inicial é maior. A pelletizadora específico em cada fase do processo. Acre-
a 40 milhões de t até 2020. é muito mais cara. Existe uma planta na ditamos que, no máximo em dois anos, já
Com o acordo assinado na Inglaterra cidade de Atibaia, SP, que produz 240 t por estaremos dominando todas as fases, e en-
para a substituição do carvão (combustí- mês de pellets de serragem”, conta Rocha. tão, poderemos ter um avanço significati-
vel fóssil) pelo combustível verde, o maior Segundo ele, as usinas ainda têm pou- vo com a oferta de um pacote tecnológico
consumidor deverá ser a Inglaterra, segun- co interesse. “As usinas têm hoje um por- bem definido. Atualmente, estamos traba-
do Cunha. “Mas a Europa também será tfólio de produtos muito grande. Para pen- lhando no desenvolvimento de pelletiza-
consumidora deste combustível. Hoje, no sarem em uma nova tecnologia e novo dora para biomassa, que só não faz parte
Brasil, existem pequenos produtores de produto não é uma coisa simples. Quem do nosso negócio, única e exclusivamente,
pellets para pequenos consumidores. Eu ganhará este mercado serão os inovadores. porque não temos opção”, finaliza.

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fórum

Pulmão da sacarose
“O etanol hidratado é o pulmão da sacarose. Nós
vamos produzir mais etanol hidratado com o ex-
cedente de sacarose que tivermos. É por isso que
Antônio César precisamos de regras claras, porque se nós tiver-
Salibe – presi-
dente executivo mos um preço de açúcar baixo e o nosso etanol
da Udop (União hidratado estiver abaixo do preço de custo, vamos
dos Produtores
de Bioenergia) ter dois ou três anos como foi de 2005 a 2008,
com preços baixos e o setor se endividando.”

Sem risco
“Nós chegamos num grande processo de falta de
atividade e a produção decresceu muito. Esse
risco, eu sinceramente não vejo porque o Brasil
Ismael Perina é um grande representante no comércio interna-
Junior - presi-
dente da Orplana cional de açúcar. A oferta de cana é baixa, está
(Organização de
faltando açúcar, está faltando etanol. O que o Bra-
Plantadores de
Cana da Região sil fizer de açúcar vai vender, mas é preciso criar
Centro-Sul do
Brasil)
um mecanismo para o etanol. Hoje, o etanol é o
nosso grande problema, a questão da mistura, o
que fazer com o etanol hidratado. Esse é o nosso
foco e deve ser trabalhado.”

14
fórum

Absorção de excedentes Oscilações de preços


“As usinas brasileiras têm uma “Será um impacto muito sério. Se
característica que as diferencia não houver uma política melhor no
do resto do setor sucroalcoolei- preço do etanol, irá complicar o se-
Plínio Nastari Gilmar Galon -
ro e açucareiro do mundo que é tor inteiro. Muitos se prepararam pa-
- presidente diretor Industrial
da Datagro a grande capacidade de diversi- da Usina ra produzir açúcar, mas não tem ca-
Consultoria Pitangueiras e
ficação, de mudar o mix de pro- Coordenador do pacidade para fazer etanol e não tem
dução de açúcar para etanol. Se Gegis (Grupo de flexibilidade no mix. Se não houver
Estudos em Gestão
isso acontecer, o setor deve dire- Industrial do Setor melhoria no preço do etanol e o pre-
cionar o seu mix para mais etanol Sucroalcooleiro) ço do açúcar cair, gerará um dese-
e com isso parear qualquer even- quilíbrio para o setor. No entanto,
tual excedente de açúcar no mer- acredito que os bons preços do açú-
cado brasileiro e mundial. Uma car se manterão porque o mundo es-
circunstância desta será tempo- tá crescendo e consumindo açúcar.
rária pela capacidade do Brasil Temos o açúcar mais barato do mun-
de absorver excedentes através do. Teremos oscilações de preços,
da própria fábrica.” mas acho que não irá cair.”

Mais usinas deixarão Expectativa


de moer “A queda de preço se deve a entra-
“Esse impacto, no momento que da de países que estão aproveitan-
vivemos hoje, pode ser bem ne- do a oportunidade do Brasil ofertar
Márcio Costa Oswaldo Alonso -
- gerente de gativo porque já estamos em consultor técnico menos. Mas isso se equilibra porque
produção uma situação difícil. O que está da Canaoeste todo o mercado açucareiro mundial
corporativo da (Associação dos
Usina Ruette segurando um pouco são os pre- Plantadores de fica na expectativa de como será a
Cana do Oeste
ços dos produtos e isso está fa- produção no Brasil.”
do Estado de São
zendo com que as empresas mais Paulo)
endividadas se mantenham. Se
os preços caírem muito, a quan-
tidade de usinas que irão deixar
de moer será muito maior.”

15
tec. agrícola

Sem eles quase nenhuma ativida- das de trabalho são mais longas, o desgas- recorrentes são os vazamentos nos cubos
de feita em campo seria possível. Seja te prematuro dos componentes é um dos da roda, vazamento hidráulico e controle
dia, seja noite, os tratores são os prin- problemas mais significantes. remoto. E, se for um trator de transmis-
cipais responsáveis pela movimenta- “O desgaste dos componentes faz com são automática, alguma configuração do
ção da maioria dos implementos ca- que o trator perca estabilidade, o que resul- módulo ou calibragem das embreagens.”
navieiros. E é justamente por isso que ta em uma perda de tempo equivalente ao Já Artur Fiorim, instrutor da empresa
eles devem receber tratamento espe- prejuízo dentro da lavoura. Outro proble- WM Consultoria & Treinamento, acredita
cial para funcionarem direitinho du- ma bastante comum é o dimensionamento que não existem problemas “mais comuns”
rante as longas horas de trabalho ao inadequado do implemento em relação ao e sim quebras ocasionadas por operadores
qual são submetidos. trator. Muitas vezes, na tentativa de ampliar sem conhecimento operacional. Ele aponta
Além das severas condições dos os lucros, produtores sobrecarregam a ca- a não realização do check-list de inspeção
canaviais, muitas usinas ainda não se pacidade de um trator com um implemento no início do turno de trabalho como um dos
preocupam em dimensionar a potên- que demanda uma máquina de maior po- principais fatores.
cia do trator de acordo com o imple- tência. Além de resultar na perda de ren- Marcelo Henrique Bassi, gerente de
mento a ser tracionado, o que aumen- dimento da máquina, no longo prazo, irá Motomecanização da Usina São José da
ta o desgaste de peças e componentes reduzir consideravelmente a vida útil do Estiva, localizada em Novo Horizonte, SP,
importantes do trator. equipamento”, afirma. conta que o excesso de poeira e terra tam-
Segundo Everton Pezzi, supervi- Para Fernando Mathias Gonçalves, da bém gera manutenção frequente em sis-
sor de Marketing de Produto Tratores SJT Mecânica e Caldeiraria de Tratores e temas de filtragem de ar do motor e do ar
da Massey Ferguson, como os imple- Colhedoras de Cana, os problemas depen- condicionado, que causam contaminação
mentos para cana estão entre os mais dem do serviço e da forma que a máquina no sistema hidráulico.
exigentes para os tratores e as jorna- é operada. “No entanto, os problemas mais Ivanildo Carrilho, gerente de Pós-Ven-

16
17
tecnologia agrícola
determinações das próprias usinas, são re-
tirados e guardados nos almoxarifados, di-
ficultando o acesso às informações pelos
operadores.”
Carrilho concorda. Para ele, o ideal é
seguir o plano de manutenção preventiva
Pezzi: “como os indicado no manual do operador de cada
implementos para cana
estão entre os mais equipamento. “Este plano de manutenção
exigentes para os tratores
foi devidamente testado e comprovado pe-
e as jornadas de trabalho
são mais longas, o la engenharia da fábrica para garantir uma
desgaste prematuro dos
componentes do trator é
maior vida útil dos componentes dos tra-
um dos problemas mais tores e assim garantir também uma maior
significantes”
disponibilidade e um menor custo de ma-
das da Valtra, empresa do Grupo AGCO, PREVINA-SE nutenção. A informação pode evitar desgas-
afirma que quando as condições de traba- A manutenção correta aliada a operado- tes causados pelo uso incorreto de alguns
lho no campo não são adequadas e mes- res bem treinados são essenciais para que componentes dos tratores. Outro ponto
mo assim é necessário realizar o serviço, o o trator tenha uma vida longa de trabalho. importantíssimo para proporcionar maior
agricultor sabe que está colocando em risco Tudo isso, segundo Gonçalves, pode au- tempo de trabalho no campo é manter uma
a máquina, podendo provocar redução na mentar a produtividade e reduzir os custos equipe de operação e manutenção da usina
vida útil de componentes ou mesmo que- com quebras. “Existem três tipos de manu- devidamente treinada.”
bras inesperadas que irão diminuir a dis- tenção: a preventiva, a corretiva e a pre- Não existe uma regra única sobre o in-
ponibilidade do equipamento. ditiva. A manutenção preventiva é a mais tervalo entre as manutenções. Ele pode va-
“Um claro exemplo disto é o trabalho importante porque com ela é possível se riar conforme o modelo do trator. Segun-
de subsolagem em períodos muito secos. antever a quebra, deixando de agravar ain- do Carrilho, o plano de manutenção que
Além do esforço excessivo sobre o tra- da mais o problema no equipamento, o que consta no manual do operador indica os
tor, o serviço de descompactação do solo traz grande redução de custos. Não tenho intervalos de manutenção preventiva de
não fica bem feito, mas como muitas ve- noção exata da porcentagem corresponden- cada máquina.
zes a janela de tempo para realização do te às quebras causadas por descuido, mas “De modo geral, são definidas checa-
preparo não permite aguardar uma chu- o número é grande.” gens rápidas diariamente e semanalmente,
va para continuar o trabalho de subsola- Fiorim afirma que o índice de quebras trocas de filtros e óleo do motor, também
gem, coloca-se em risco todo o sistema de tratores nos canaviais pode variar muito de óleos dos cubos dianteiros em intervalos
de transmissão da máquina devido ao so- de acordo com a qualidade da manutenção intermediários e revisões mais completas
breesforço exigido pelo implemento. No executada, principalmente a manutenção a cada 1000 ou 1200 horas, dependendo
entanto, este tipo de problema pode ser preventiva. “Espera-se trabalhar com dispo- do modelo do trator. Quando é realizada
solucionado pela decisão correta na hora nibilidade de, pelo menos, 70% das horas periodicamente, a manutenção preventiva
de usar este ou aquele modelo de trator disponíveis.” permite que seja visto o impacto que o uso
com este ou aquele implemento, buscan- Segundo ele, a manutenção dos tratores diário tem sobre as peças e se ele está den-
do trabalhar nas condições mais severas. deve ser executada de acordo com o manu- tro de um ritmo esperado. Isso evita sustos
Com uma reserva maior de potência no al de instruções fornecido pelo fabricante para o produtor, garante um aumento da vi-
conjunto trator/implemento, protegemos do equipamento porque nele estão conti- da útil dos tratores e assegura ainda maior
o conjunto e conseguimos garantir a dis- das todas as informações necessárias para valor de revenda”, afirma Carrilho.
ponibilidade e vida útil do equipamento. a manutenção. “No entanto, no momento Bassi afirma que dentro da São José da
Isso é importantíssimo e serve de alerta de aquisição dos tratores, os manuais de Estiva existe um plano de manutenção pre-
para os produtores buscarem informações instruções raramente permanecem no in- ventiva e preditiva que é feito a cada 300
sobre as máquinas utilizadas em suas ter- terior da cabine para visualização e leitura horas de trabalho. “Neste momento faze-
ras”, destaca Carrilho. dos operadores. Esses manuais, conforme mos a manutenção básica (troca de óleo e

18
19
tecnologia agrícola
Segundo Carlos Nilton Graminha, ge-
rente de Contas Estratégicas da Divisão de
Cana-de-açúcar da John Deere, em conjun-
Bassi : “Um dos
to com uma boa operação, a empresa indi-
principais instrumentos
para maior ca que a manutenção seja feita com peças
confiabilidade e menor
custo de manutenção e serviços recomendados nos manuais do
é o treinamento da operador. “Isso é fundamental para manter
equipe de operadores.
Mantemos uma equipe a alta performance, longa vida útil e baixo
de instrutores que faz custo operacional dos produtos John De-
desde a contratação,
qualificação e ere. Por isso a empresa foca sua produção
reciclagem de todos os
em equipamentos que sejam fáceis de ope-
colaboradores ligados
ao setor” rar e manter.”

filtros), e a coleta de óleo para análise toda a máquina, dando atenção especial TREINAMENTO É ESSENCIAL
em laboratório próprio, onde checamos para partes móveis como polias, correias Além da manutenção e adequação dos
itens como viscosidade do óleo, conta- do motor e outros sistemas como arrefe- tratores aos implementos, um dos princi-
minação por água ou partículas visíveis cimento e captação de ar, evitando deste pais requisitos para aumentar a vida útil
e fazemos um check-list com itens a se- modo, o acúmulo de terra, barro ou palha destes equipamentos é ter colaboradores
rem verificados por uma equipe de me- e o desgaste prematuro dos componentes. bem treinados para sua operação.
cânicos”, destaca. “Outra dica importante é checar dia- “É necessário parar com a formação de
A Pedra Agroindustrial trabalha na riamente o nível de óleo do motor, óleo operadores de maneira improvisada dentro
safra 2012/2013 com nove tratores, sen- hidráulico e água dos equipamentos. No de algumas usinas. Nelas, eles aprendem
do três na unidade Buriti e seis na uni- campo, o operador pode adotar a prática com outros operadores que não passaram
dade Pedra. De acordo com o gerente do simples de verificar o equipamento andan- por nenhum curso de formação. Os treina-
Departamento de Manutenção Agrícola do em torno do mesmo (ligado) e em busca mentos para instrução adequada do corre-
da Pedra Agroindustrial, José Paulo Vi- de ruídos estranhos que possam alertar pa- to funcionamento dos equipamentos e das
taliano Vói, a empresa dá ênfase à ma- ra a presença de problemas. Como a maio- práticas de manutenção dos tratores são
nutenção preventiva para que a parada ria dos tratores Case IH tem cabines com escassos. Por isso, de maneira geral, se-
seja programada. isolamento acústico, pode ser difícil ouvir rá reduzida significativamente a vida útil
“Fazemos check-list para que nenhum estes ruídos durante o trabalho. Outros ti- dos tratores, que são sucateados antes de
item seja esquecido de ser verificado. pos de falhas geralmente são informadas atingir sua vida útil de dez a 12 anos, em
Com isso, temos mantido uma disponi- através de avisos e mensagens nos moni- se tratando de tratores automatizados”,
bilidade em mais de 90% do tempo. O tores da cabine”, sugere Rezende. afirma Fiorim.
segredo de uma manutenção eficaz é a Pezzi destaca a importância em seguir Na sua opinião, os treinamentos pa-
antecipação da verificação dos proble- as orientações presentes no manual da má- ra colaboradores de usinas devem focar a
mas. Trabalhamos com verificação de quina adquirida, além da tabela de manu- funcionalidade dos sistemas de:
possíveis problemas (check-list) e nos tenções periódicas, respeitando a capaci- - mecânica básica sobre motores;
preparamos com peças e serviços pro- dade de tração e levante da máquina. - embreagem;
gramados, parando o equipamento no Carrilho reafirma a importância de es- - câmbio;
momento adequado e conveniente ao tar por dentro das orientações do manu- - transmissão;
trabalho”, salienta Vói. al do operador e de seus diferenciais tec- - levante hidráulico;
nológicos. “Também é importante buscar - bombas hidráulicas;
AS EMPRESAS RECOMENDAM sempre peças genuínas em caso de troca - controle remoto (vcr);
Lauro Rezende, especialista em tra- de componentes, principalmente durante - conhecimento sobre lastro e pressões de
tores da Case IH, diz que a indicação da as manutenções preventivas ou correti- pneus em relação à carga;
empresa é fazer uma limpeza diária em vas”, destaca. - adequação do trator em relação à potên-

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2012 © Spectrum Art Company
Composição Central de Vendas
Fósforo (P2O5) solúvel
(64) 3442-4356
em CNA* + água 9%
Fósforo (P2O5) total 14 % Catafós Fertilizantes
Cálcio (Ca) total 12 % Catalão - Goiás

Em campo a nova linha de fertilizantes sustentáveis,


garantia de suprimento contínuo de fósforo
● Supre o sistema solo-planta, fornecendo fósforo e cálcio em abundância.
● Uniformiza a fertilidade do solo, com suprimento contínuo de fósforo.
● Promove o crescimento das raízes, aumentando o volume de solo explorado.
● Recomendado para fosfatagem corretiva e adubação de manutenção.
● Aumenta o volume de matéria verde, o número de colmos e a altura de plantas.
● Potencializa a brotação das soqueiras, aumentando a longevidade do canavial.
● Hastes com internódios longos, mais produtivas e com elevado teor de açúcar.
● Otimiza os resultados da safra – é um produto sustentável e economicamente viável.
● Supera concorrentes com melhor custo/benefício e excelentes vantagens para o produtor.

www.supraphos.com.br
21
tecnologia agrícola
Segundo Fiorim, a
manutenção dos
tratores deve ser
executada de acordo
com o manual de
instruções fornecido
pelo fabricante do
equipamento

Para evitar quebras,


além da manutenção
preventiva, é impor-
tante que a usina
faça o dimensiona-
mento da potên-
cia do trator com o
implemento a ser
tracionado

cia na barra de tração e levante hidráu- executados pelos profissionais internos. Já os equipamentos são menos utilizados. A
lico; os serviços mais demorados e que requerem reforma de tratores consiste basicamente
- conhecimento sobre lubrificação. um conhecimento mais avançado são rea- em revisão dos cubos, redução final, sis-
“A manutenção pode ser feita pelos pro- lizados pelos concessionários. “Utilizamos tema de freio, revisão do sistema hidráu-
fissionais das usinas desde que treinados os mais modernos softwares de diagnósti- lico, folgas em embuchamentos, revisão
de forma adequada por técnicos especia- cos de falhas, assim estes problemas são em diferenciais, vazamentos em geral e,
lizados, pois os custos de mão de obra e resolvidos mais rapidamente e com custo se necessário, manutenção em bomba e
quilometragem rodada dos veículos das mais baixo.” bicos injetores, câmbio e motor.
concessionárias são altos. Em se tratando Bassi explica que na São João da Estiva, “Se a empresa mantiver, durante a sa-
de tratores automatizados, a equipe de me- a manutenção de tratores é terceirizada so- fra, uma manutenção preventiva, que é
cânicos precisa estar bem preparada”, en- mente em momentos de pico e/ou falta de a correta, é viável, ao final da safra, se
fatiza Fiorim. ferramentas apropriadas e conhecimento fazer a reforma, pois não sai tão caro.
Para Gonçalves, a manutenção pode ser técnico para situações específicas. Agora, se não houver uma manutenção
feita com colaboradores da própria empre- “Essas terceirizações não chegam a 10% correta, o trator vai se sucateando e passa
sa desde que estes tenham conhecimento e do total de manutenção. As principais mar- a não ser mais interessante fazer a refor-
treinamento conforme cada marca de trator. cas de equipamentos têm fornecido treina- ma e sim a troca do equipamento”, afir-
“No entanto, com o crescimento das usi- mento para mecânicos, mas em função da ma Gonçalves.
nas e em curto espaço de tempo, fica difí- alta demanda por este tipo de profissional, Bassi conta que a usina tem uma po-
cil conseguir isso devido a falta de pessoas ainda é uma mão de obra escassa. Mas tam- lítica de renovação de frota. “Fazemos a
qualificadas para cada equipamento. Isso bém temos cursos internos de qualificação. troca destes equipamentos quando es-
força as usinas a terceirizarem grande parte Um dos principais instrumentos para maior tes completam cerca de 16 mil horas de
da manutenção, pois não conseguem fazer confiabilidade e menor custo de manuten- trabalho. Com isso, evita-se a reforma.”
as manutenções corretas e o serviço do dia- ção é o treinamento da equipe de operado- Vói diz que a usina quase não tra-
-a-dia dentro da oficina e campo. Hoje, mui- res. Mantemos uma equipe de instrutores, balha com reforma de máquinas e sim
tas usinas estão aderindo a cursos do Senai que faz desde a contratação, qualificação e revisões conforme orientação dos fabri-
para os mecânicos, mas o correto seria um reciclagem de todos os colaboradores liga- cantes. “Acredito que é importante utili-
treinamento com empresa que tenha pesso- dos ao setor”, salienta Bassi. zar ao máximo os ativos de frota e ter na
as capacitadas para cada linha de tratores. empresa um programa de renovação des-
Afinal, cada linha tem seu sistema elétrico, REFORMA ta frota, pois quando estes equipamentos
sistema hidráulico e assim por diante”, ob- Além da manutenção de máquinas, a atingem certa idade e custo de manu-
serva Gonçalves. usina pode fazer a reforma de seus tratores. tenção considerável, deve-se estudar a
Vói conta que na Usina da Pedra, os pe- Gonçalves afirma que a reforma é fei- sua substituição, que pode ser bastante
quenos reparos e manutenções rápidas são ta geralmente nos finais de safra, quando vantajosa”, finaliza.

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23
tec. industrial

As usinas e fornecedores tradicionais estão procurando otimizar


os processos existentes para que o setor tenha sempre rentabilidade
e produtividade.
A busca por ganhos em fermentação é um exemplo disto. De
acordo com Gustavo Guedes, diretor Comercial da Phibro, estão em
fases de testes as fermentações com maior teor alcoólico, utilizando-
-se leveduras especiais para obtenção. “O etanol de segunda geração
utilizando diversos tipos de biomassas diferentes deve surgir nos
próximos cinco anos através de um processo enzimático. Espera-se
também o diesel de cana e combustível de aviação utilizando cana
como matéria-prima em escala comercial/industrial. Para esses úl-
timos processos serão utilizadas leveduras geneticamente modifi-
cadas”, sinaliza.
Henrique Amorim Neto, diretor de Operações da Fermentec, sa-
lienta que a fermentação em batelada é hoje a mais usada dentre as
usinas do setor sucroenergético brasileiro devido, principalmente,
a facilidade de resolver problemas que ocorrem durante a safra, co-
mo por exemplo, o controle de contaminação. “Este processo é mais
flexível”, frisa.
Dentro deste tipo de fermentação, existem várias tecnologias
implementadas com o objetivo de elevar a sua eficiência e diminuir
custo. “Tecnologia é o uso de leveduras selecionadas e personaliza-
das. Hoje vemos o processo de fermentação diferente de como vía-
mos há cinco anos. Chegamos a uma conclusão que não existe uma
levedura que é boa para todas as destilarias e sim uma boa para cada
uma. Outra nova tecnologia é a fermentação com até 16% de teor
alcoólico que tem como principais vantagens a redução pela metade
no volume de vinhaça, redução pela metade do uso de água no tra-
tamento do fermento, uso da metade das centrifugas para separar o
fermento do vinho bruto e menor uso de insumos”, diz.
O vice-presidente de Tecnologia e Desenvolvimento da Dedini,
José Luiz Olivério, também concorda que a fermentação em batela-
da é a mais utilizada pelas usinas. “A tecnologia mais utilizada é a

24
tecnologia industrial
do processo clássico em batelada, com reci- seus efeitos, ele deve ser reduzido através
clagem de leveduras, o qual apresenta bons do combate a contaminação bacteriana.
rendimentos, segurança operacional e é am- Uma das maneiras mais eficientes e segu-
plamente conhecida pelo mercado”, afirma. ras do ponto de vista da operação é através
Guedes complementa que a fermentação do uso de derivados de lúpulo”, comenta.
em batelada é mais comum em razão dos Benefícios financeiros e A importância de uma boa fermentação,
volumes e características do processo no ambientais além de ter uma boa conversão de açúcar
Brasil, onde muitas variações de parâme- em álcool, é a velocidade de fermentação.
tros estão presentes. No entanto, para ele, Uma boa fermentação implica em As usinas têm um cronograma a ser cumpri-
a mais viável, em todos os aspectos, seria a redução do custo de produção do de “x” t de cana/dia. Isso só é possível se
fermentação contínua se tivéssemos estabi- do etanol, especialmente nesse a indústria trabalhar bem. Se a fermentação
lidade nos processos como fornecimento de momento onde o açúcar está atrasa, a usina precisa diminuir a moagem,
matéria-prima, alimentação e outros.
sendo privilegiado em razão atrasando a safra.
dos altos valores no mercado
Neto comenta que a Fermentec possui A fermentação é a etapa do processo
internacional, maior produtividade
clientes com fermentações em batelada e produtivo de transformação dos açúcares
e rentabilidade para a usina. Até
contínua. Os números mostram que a fer- questões ambientais podem ser da cana em etanol que apresenta menor
mentação em batelada é mais eficiente e mencionadas através da redução rendimento, motivo pelo qual é objeto de
gasta-se menos com insumos, porém a con- da produção da vinhaça. destaque na quase totalidade dos estudos
tínua é mais barata no momento da imple- de maximização da eficiência do processo
mentação. metros corretos. como um todo. “A maioria das usinas opera
Olivério resume que cada usina tem suas Já Olivério é taxativo. “Os grandes ini- com eficiência industrial entre 85% e 87%,
particularidades e preferências, sendo que migos de todo processo fermentativo são todavia, as mesmas não possuem sistemas
em todas as tecnologias utilizadas indus- as contaminações e, na operação, a tempe- aprimorados de controle do processo, tanto
trialmente é possível destacar vantagens e ratura diferente daquela que é ótima para em nível de produção como de laboratório.
desvantagens de uma em relação às outras. a levedura.” As usinas que têm melhores condições de
Um dos grandes vilões da fermentação controle apresentam os melhores e mais es-
Cuidados alcoólica é o ácido lático. “Trata-se de um táveis resultados e, portanto, menores per-
Para se ter um bom processo de fer- subproduto do metabolismo bacteriano que das ao longo da safra”, destaca Olivério.
mentação, é necessário a assepsia de equi- é tóxico para a levedura. Ocasiona perda de Uma boa fermentação implica em redu-
pamentos e linhas, matéria-prima de boa rendimento e produtividade, aumenta os ção do custo de produção do etanol, espe-
qualidade, estabilidade na alimentação, gastos com ácido sulfúrico e com tratamen- cialmente nesse momento onde o açúcar
controle de temperatura e controle da con- to da fermentação com antimicrobianos de está sendo privilegiado em razão dos altos
taminação. boa qualidade, especialmente os que com- valores no mercado internacional, maior
Neto lembra que os cuidados começam batem as bactérias láticas”, explica Guedes. produtividade e rentabilidade para a usina.
com a qualidade da matéria-prima e, con- “O ácido lático reduz a viabilidade celu- Até questões ambientais podem ser men-
sequentemente, a qualidade microbiológica lar das leveduras resultando na diminuição cionadas através da redução da produção
do mosto. Em relação ao fermento, é impor- da velocidade de fermentação e abaixando da vinhaça.
tantíssimo iniciar com leveduras seleciona- o rendimento. O ácido láctico é produzi- “A fermentação é a etapa de conversão
das. Estas leveduras, de maneira geral, pos- do pelas bactérias. Para amenizar este pro- da matéria-prima no produto final da venda.
suem características de dominância muito blema precisamos manter o nível baixo da Uma fermentação com problemas pode ser
expressivas contribuindo para o melhor tra- contaminação bacteriana na fermentação”, a principal fonte de redução de rendimento
balho do processo, gerando mais eficiência alerta Neto. da unidade industrial”, atenta Flores.
no final da safra e gastando menos insumos. Flores aponta que o ácido é oriundo da
Sendo generalista, Luis Francisco Flo- contaminação bacteriana, o que indica uma À disposição
res, da LNF comenta que deve-se cuidar redução direta do rendimento fermentativo. A Fermentec vem investindo em pesqui-
para ter um substrato ideal para a fermen- “O açúcar que deveria ter virado etanol, vi- sa para que cada um de seus clientes um
tação (composição, temperatura, contami- rou ácido lático. Além disso, ele impacta dia possa ter sua própria levedura. “Este
nação, etc), um excelente fermentador e negativamente o metabolismo da levedura, ano já temos seis clientes usando levedura
um processo controlado dentro dos parâ- tornando-a menos eficiente. Para amenizar personalizada. Destes seis, alguns já vem

25
tecnologia industrial
trabalhando com 100% da mesma levedu- controle da contaminação na fermentação.
ra nas últimas quatro safras. Isso não vinha Em termos de leveduras, nossa levedura
ocorrendo há mais de sete anos devido prin- selecionada tem sua eficiência consagrada
cipalmente, ao aumento da cana colhida por mais de 15 anos de uso permanente no
mecanicamente”, conta Neto. setor. Em relação aos derivados de lúpulo,
Os melhores clientes da empresa estão Inimigos de uma boa nosso diferencial é que além do beta-ácido
com rendimento geral da destilaria entre de lúpulo, oferecemos alfa-ácidos de lúpu-
fermentação
92% e 93% quando fala-se em batelada. lo, que são mais eficientes na condição da
“Nos dias de hoje, não conhecemos fer- Os grandes inimigos de todo fermentação.”
mentação com rendimentos acima destes processo fermentativo são as A Dedini lançou recentemente, com a
valores, pois a levedura precisa desviar açú- contaminações e, na operação, Fermentec, o Ecoferm, o qual, além de pos-
car para se manter com viabilidade elevada a temperatura diferente daquela sibilitar uma maior estabilidade operacional
durante toda a safra. Esta diferença de 8% que é ótima para a levedura. por trabalhar com temperatura controlada
Outro vilão é o ácido lático, um
é o quanto ela desvia de açúcar para a leve- no fermentador, gera uma vinhaça mais con-
subproduto do metabolismo
dura se manter no processo. Não podemos centrada, possibilitando economizar vapor
bacteriano que é tóxico para a
esquecer dos custos também, os gastos com na destilação e operar com um rendimen-
levedura e ocasiona perda de
insumos são muito importantes”, observa. rendimento e produtividade. to médio ótimo e estável de conversão dos
Para Neto, um dos destaques da Fermen- açúcares em etanol.
tec é a geração de tecnologia através dos Com o Ecoferm, a Dedini procurou asso-
seus laboratórios e a posterior tranferência rísticas muito interessantes para o processo ciar as vantagens de cada uma das tecnolo-
para seus clientes de forma simples e eficaz, como a elevada resistência a baixos pHs. gias em um único processo. Esta associação,
inclusive com a capacitação dos profissio- Também é relativamente recente o uso inclusive, considerou a ampla experiência
nais em cursos “in Company” e também em de alternativas aos antibióticos sintéticos. da Dedini em fermentações alcoólicas de
treinamentos na própria sede Fermentec. Nessa linha, se destacam os derivados de cervejarias, e o grande conhecimento e do-
A Phibro oferece uma linha completa de lúpulo que, mais do que uma alternativa mínio das técnicas de fermentação pela Fer-
antimicrobianos, com quatro moléculas dis- natural que não causa nenhuma restrição mentec.
tintas, inclusive com produto orgânico (pa- para quem seca levedura, é uma excelen- Segundo Olivério, o rendimento médio
ra as usinas que comercializam levedura) e te ferramenta para o controle do processo esperado da Ecoferm é acima de 90% de
quaternário de amônio para tratamento de devido a sua alta eficiência na redução da conversão de açúcares em etanol, com a
caldos e mosto. Os destaques são o Lactrol, contaminação bacteriana. grande vantagem de reduzir o volume de
a base de Virginiamicina (a Phibro é a única “A nova levedura, a LNF FT-858, foi in- vinhaça gerado em 50%. Além disso, o Eco-
produtora mundial do ativo) e o PhibroOne, serida em 57 unidades em toda a América ferm foi concebido para receber um mos-
lançado em 2011 a base de Lincosamida – Latina. Sobre os derivados de lúpulo, hoje to devidamente tratado, é projetado con-
exclusividade Phibro no mercado – além já são utilizados em mais de 100 unidades siderando parâmetros de assepsia e possui
do Citrik, produto natural recém lançado. no Brasil”, enumera Flores. controle eficaz de temperatura, o que resul-
Em termos de leveduras, Flores destaca A LNF oferece leveduras selecionadas, ta em baixo nível e pequena possibilidade
que está disponível no mercado uma nova que atualmente estão presentes na maioria de contaminações, reduzindo o consumo
levedura, a LNF FT-858L, que é uma nova das unidades no Brasil e na América Lati- de antibióticos, e resultando em vantagens
geração da LNF PE-2, com algumas caracte- na. “Oferecemos derivados de lúpulo para o econômicas e ambientais.

Fermentação personalizada

Segundo Henrique Amorin Neto, diretor de Operações da Fermentec, tecnologia é o uso de leveduras selecionadas
e personalizadas. “Hoje vemos o processo de fermentação diferente de como víamos há cinco anos. Chegamos
a uma conclusão que não existe uma levedura que é boa para todas as destilarias e sim uma boa para cada uma.
Outra nova tecnologia é a fermentação com até 16% de teor alcoólico que tem como principais vantagens a redução
pela metade no volume de vinhaça, redução pela metade do uso de água no tratamento do fermento, uso da metade
das centrifugas para separar o fermento do vinho bruto e menor uso de insumos”, diz.

26
27
tec. industrial

O caldo de cana que flui das moendas e dos difusores é composto de


diversas substâncias solúveis como sacarose, glicose, frutose, sais mine-
rais, compostos nitrogenados, compostos em suspensão como bagacilho,
terra, ceras etc. Como se trata de matéria-prima extrativa, o caldo de cana
é de composição extremamente variável, podendo apresentar modifica-
ções em função de variedade, idade e sanidade da cana; condições cli-
máticas; tratos culturais; condição do solo e nutrição; tempo de espera
para a industrialização; tipo de colheita (queimada ou crua, inteira ou
picada, mecânica ou manual) e outros.
Por esses motivos e com a finalidade de gerar um bom produto final,
o caldo deve passar por tratamento.
Atualmente, a tecnologia empregada no tratamento do caldo de cana
se fundamenta na coagulação máxima dos seus colóides e na formação
de um precipitado insolúvel que adsorva e arraste todas as suas impure-
zas, responsáveis por sua natureza turva e opalescente.
Em suma, o caldo passa por tratamentos físicos e químicos, que se
compreendem em aquecimentos e dosagens de produtos químicos res-
ponsáveis pela purificação e branqueamento dos cristais de sacarose.
Sulfitação, aquecimento, calagem, decantação, evaporação, flotação,
cozimento, cristalização, centrifugação, secagem e embalagem/armazena-
gem são os tratamentos especiais por qual o caldo passa para a produção
de açúcar e etanol, segundo Jean Carlo Ferreira, responsável pelo depar-
tamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Serquímica.

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29
tecnologia industrial
“O tratamento do caldo tem por processo, como metais pesados (arsênio,
Tratamento físico e
objetivo eliminar a maior parte das por exemplo). “Devem ser utilizados
químico
impurezas”, completa Alexandre O caldo passa por tratamentos produtos de fontes seguras que contro-
Pedro Lacava, químico industrial físicos e químicos, que se lem os limites destes itens contaminan-
da Aratrop.
compreendem em aquecimentos tes”, sugere.
e dosagens de produtos químicos
Vale lembrar que a eficiência do pro-
responsáveis pela purificação e
Riscos de Contaminação branqueamento dos cristais cesso de tratamento do caldo está ligada
No caso do tratamento do caldo de sacarose. a uma série de parâmetros, dos quais
para produção de etanol, uma boa pode-se destacar:
parte da população microbiana vinda com a cana-de-açú- • qualidade da matéria-prima;
car e do sistema de extração é eliminada durante o pro- • qualidade e dosagem correta de agentes químicos como ácido
cesso de aquecimento a 105°C e posterior resfriamento. fosfórico, cal e floculantes;
Entretanto, pode haver risco de contaminação pela • condições do processo: temperatura, vazão, pH e dosagem/
ocorrência de pontos mortos ao longo da tubulação, concentração dos agentes químicos;
em trocadores de calor ou pela sobrevivência de micro- • equipamentos e instalações bem dimensionados e operados;
organismos esporulados. • controle e monitoramento do processo;
Para o tratamento do caldo destinado a produção • sistema de automação completo e confiável.
de açúcar, esse risco é menos significativo, pois todo o A fim de evitar maiores problemas no processo de trata-
processo é conduzido a quente (altas temperaturas) e mento do caldo, Lacava orienta que deve-se procurar atender
em maiores concentrações, condições que eliminam os a recomendação de aplicação dos fornecedores dos insumos e
microorganismos contaminantes. também solicitar o acompanhamento técnico para a determi-
Marcus David Menato, engenheiro de Aplicação da nação do melhor ponto de aplicação, tendo assim melhor efi-
Sermatec, lembra que, no passado, em função de pro- ciência e custo/ benefício.
cessos manuais, de características dos equipamentos
(cantos vivos/pontos mortos, ausência de filtros, ma- Tratamento convencional
deiras, etc), das instalações abertas e da qualificação Segundo especialistas, o tratamento do caldo convencional
técnica, ocorriam com mais frequência a presença de possui alguns pontos que devem ser observados.
contaminações bacterianas, minerais e vegetais. “Atu- Entre eles estão as questões sobre segurança, algo fundamen-
almente, todas as etapas do processo de tratamento do tal para evitar acidentes como queimadura por jato de caldo e
caldo são monitoradas através de análises laboratoriais queda do costado (chapa do tanque). Para evitar acidentes é im-
de modo a assegurar a qualidade final dos produtos. portante que os tanques possuam alívio.
As pessoas envolvidas passam por Menato explica que as etapas do processo de O projeto é algo que também merece
treinamentos específicos, sendo ca- tratamento do caldo são monitoradas através atenção. Deve-se considerar o trabalho por
de análises laboratoriais de modo a assegurar
pacitadas a conduzir o processo de a qualidade final dos produtos uma equipe multidisciplinar, com escopo e
forma segura e responsável, garan- fases, além da seleção de equipamentos, de-
tindo a qualidade final de cada etapa finição do que será usado e análise de riscos.
que envolve a fabricação do açúcar. O monitoramento de condições básicas
A automação dos processos, a reen- do processo de tratamento de caldo como
genharia de alguns equipamentos, vazão e temperatura também é necessário,
novos equipamentos, novas instala- assim como nas condições essenciais do
ções, treinamentos e outros também processo que envolvem o peneiramento,
têm assegurado um produto final de pré-calagem, preparo e dosagem de polí-
qualidade, livre de qualquer tipo de mero etc.
contaminação”, afirma. Esses parâmetros servem como orien-
Ferreira observa que os riscos são tações para um bom controle do caldo
de introduzir materiais estranhos ao com bons resultados.

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31
por
pordentro
dentrodadausina
usina por dentro da usina

Usina Caeté consolida cisão e origina a Delta Em setembro, a empresa entrou no mercado de capital pela pri-
Sucroenergia em MG meira vez desde sua fundação, em 1851, com o lançamento de um
Os sócios da Usina Caeté S/A, do Grupo Carlos Lyra consolida- bond de US$ 350 milhões. Isso ocorreu após a empresa ter abando-
ram, em 04 de outubro de 2012, a cisão definitiva do Grupo, que nado, em julho, a Oferta Inicial de Ações planejada para sua uni-
envolveu as usinas de Minas Gerais e Alagoas. O processo deu dade brasileira de açúcar e etanol, a Biosev. Na época, a empresa
origem a duas empresas distintas com operações independentes havia previsto levantar na bolsa de São Paulo US$ 500 milhões.
societária, operacional e financeiramente. Em Minas Gerais o gru- Serge Schoen, principal executivo da Louis Dreyfus Group,
po passa a se chamar Delta Sucroenergia. disse que a companhia iria manter uma participação minoritária
A separação das operações trará maior autonomia para am- na LDH.
pliar com solidez a atuação das unidades, que passam a ser ad-
ministradas de forma independente pelos irmãos Elizabeth (com Cosan inaugura terminal logístico em
o controle das unidades do Nordeste) e Robert Lyra (responsável Itirapina
pelas unidades do Sudeste). A Rumo Logística, empresa que pertence à Cosan, inaugurou
A nova marca Delta Sucroenergia passará a responder pelas no dia 22 de outubro, em Itirapina, SP, um terminal logístico para
unidades localizadas no Triângulo Mineiro: Delta na cidade de escoar açúcar e grãos por ferrovias.
Delta, MG; Volta Grande, em Conceição das Alagoas, MG e Con- O complexo deve agilizar o transporte de produtos até o Porto
quista de Minas localizada na cidade de Conquista, MG. Juntas, de Santos, de onde serão exportados. O novo terminal foi constru-
C
estas unidades representam a maior produção canavieira do Es- ído em uma área de 230 ha e tem 15 mil m² construídos. A fase
M

tado de Minas Gerais, com uma moagem prevista para esta safra inaugural do projeto conta com armazém de 110 mil t de capaci-
Y

de 9,3 milhões de t. dade, uma moega rodoviária (depósito no qual caminhões poderão
CM

despejar até 11 t de carga a granel por dia) e uma tulha ferroviária MY

Usinas da Guarani obtêm registro para capaz de expedir 44 mil t diárias. CY

exportar etanol para a Califórnia De acordo com a empresa, até 2015 o terminal contará com CMY

A Guarani, empresa sucroalcooleira controlada pela Tereos mais três armazéns de 110 mil t cada um, além de outra moega K

Internacional, obteve registro do Conselho de Qualidade do Ar rodoviária (30 mil t por dia) e mais uma tulha ferroviária para 44
da Califórnia (CARB) para comercializar, no Estado americano, o mil t diárias.
etanol produzido nas usinas Andrade, localizada em Pitangueiras, O novo terminal integra o plano de R$ 1,4 bilhão que prevê a
SP, e Vertente, em Guaraci, SP. O documento expedido pelo órgão migração do modal rodoviário para o ferroviário. O objetivo, se-
atesta que o etanol destas unidades é classificado como combus- gundo a Cosan, é transportar por ferrovia entre 11 milhões e 12
tível de baixo carbono. milhões de t de açúcar e grãos por ano até 2015.
Para obter o certificado CARB, as duas unidades industriais
tiveram que atender a rígidos requisitos ambientais. Na safra pas- Biosev constrói fábrica em MG
sada, a Guarani produziu 1,3 milhão de t de açúcar e 503 milhões A Biosev, braço da francesa Louis Dreyfus Commodities e se-
de l de etanol. gunda maior produtora de açúcar e etanol do País, investiu R$ 4
milhões na construção de uma fábrica de ração anexa à usina su-
Dreyfus vende negócio de energia e foca em croalcooleira Lagoa da Prata, localizada no município mineiro de
agronegócio mesmo nome. Segundo Christophe Akli, presidente da Biosev, é a
A trading global de commodities Louis Dreyfus informou que terceira unidade de ração da empresa. As outras estão acopladas
sairá do mercado de energia com a venda da LDH Energy a um as duas usinas situadas em Morro Agudo, SP.
grupo de investidores. O objetivo da multinacional é focar apenas O executivo explica que a atividade “alimentação animal” será
no agronegócio. incluída na razão social da Biosev, mas esclarece que não se trata
A LDH negocia e transporta gás natural, petróleo bruto e produ- de uma atividade comercial como é a produção de açúcar, etanol
tos refinados. A venda da empresa é a última de uma série recente e eletricidade. A produção de ração, continua, é um instrumento
de movimentos da empresa com o objetivo de levantar recursos. para o desenvolvimento de parcerias com pecuaristas.

32
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conjuntura

12ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol


discutiu e analisou a posição do setor sucroenergético nos
cenários nacional e mundial

O momento é de recuperação, embora do Brasil) enumerou a apreciação do real ra 25% a partir do início da próxima safra.
com pressões regulatórias e custos crescen- contra o dólar, o aumento no custo de arren- Apenas com essa medida, cerca de 2 bilhões
tes. Por outro lado, o que norteia o setor su- damento de terra, a maior perda e aumento de l de gasolina deixariam de ser importa-
croenergético nacional é o potencial de pro- no custo com plantio e colheita mecanizada, dos. Só para ter uma ideia, os primeiros sete
dutividade e a capacidade de se reinventar a alta do aço, a alta da mão de obra e a perda meses de 2012 alcançaram o volume total
com novas tecnologias e novas formas de da produtividade agrícola como os fatores de gasolina importada em 2011, ou seja, o
estruturas de financiamentos. para a alta nos custos. Brasil está importando 10% de seu consumo
Esse foi o recado transmitido aos mais Ele também apontou as causas da queda de combustíveis do Ciclo Otto.
de 500 participantes e representantes de 28 de produtividade agrícola: crise financeira Uma das reivindicações dos produtores
países durante a 12ª Conferência Internacio- mundial no momento em que o setor havia é a eliminação do imposto sobre operações
nal Datagro sobre Açúcar e Etanol, ocorrida se endividado para crescer, clima e infesta- no mercado futuro, estimulando compra-
nos dias 15 e 16 de outubro no hotel Grand ção de pragas e doenças acima do normal, dores e vendedores a firmar contratos com
Hyatt, em São Paulo. expansão em solos mais pobres e desestí- preços definidos com base nesse mercado.
De acordo com Plínio Nastari, consul- mulo de preço.
tor e diretor da Datagro, o Brasil ainda é o Visão geral para a safra
maior produtor de cana, açúcar e etanol do Planejamento de 2013/2014
mundo, o primeiro exportador de açúcar e abastecimento Segundo Nastari, para a próxima safra,
o segundo de etanol, no entanto, o cenário Durante a conferência também foi espera-se o retorno da mistura de 25% e
atual mostra a necessidade de treinamento comentado sobre a necessidade de uma demanda de 2,5 bilhões de l de etanol
de mão de obra e preparo de solo. planejamento de abastecimento com anidro para o mercado americano.
As causas da alta no custo de etanol e antecedência. “A safra 13/14 deve começar cedo priori-
açúcar também foram discutidas. Ismael Pe- Para os conferencistas, a redução da mis- zando o etanol anidro, visto que a demanda
rina, presidente da Orplana (Organização de tura foi ineficiente e o ideal é que o governo por anidro deve crescer 1,9 bilhão de l no
Plantadores de Cana da Região Centro-Sul anunciasse desde já o retorno da mistura pa- mercado interno e 1 bilhão de l no mercado

34
conjuntura
externo. Já a demanda por etanol hidratado
deve se manter nos níveis atuais”, apontou
Nastari.
A expectativa é que novos produtos de-
vem elevar a demanda por cana e o mer-
cado de etanol hidratado continuará sen-
do estratégico. No entanto, o planejamento
adequado será necessário, juntamente com
um ambiente regulatório previsível e sem
distorções.
Outro ponto abordado foi de que não
Mais de 500 participantes e representantes de 28 países estiveram presentes na 12ª Conferência
existe risco de anidrização, embora a im- Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, ocorrida nos dias 15 e 16 de outubro, em São Paulo
portação de anidro possa voltar. “O mercado
de anidro será mecanismo de absorção de local. “EUA e Brasil tem alíquota zero. Nos para sobreviver.
excedentes. Se não tivesse o mercado de hi- últimos 36 anos, os principais avanços em A boa notícia é que diante da necessi-
dratado, as oscilações no mercado de açúcar combustíveis foram em governos republi- dade de produto, teremos uma retomada,
seriam maiores”, avalia Nastari. canos. O etanol não é visto pela indústria mas não na intensidade ocorrida entre 2005
O processo de concentração da produ- de combustível como uma ameaça, mas co- e 2009. De acordo com Nastari, o setor de-
ção também não está encerrado, havendo mo um complemento importante. Nos EUA, ve retomar com mais equilíbrio e é preciso
oportunidades de aquisição, onde os inves- quase 10% da gasolina já é etanol. O consu- o desenvolvimento de mercado de forma
tidores mostrarão interesse em ter posse de mo de combustível nos EUA é muito maior harmônica e sem intervenção para ser efi-
ativos com boa gestão, operação e locali- que no Brasil e a abertura de mercado não ciente. Para ele, o principal fator por trás da
zação. “A concentração é um processo. Te- tem volta.” ociosidade é a perda de produtividade. “O
mos 440 usinas distribuídas em 179 grupos interesse pelo desenvolvimento de novos
econômicos e os 25 maiores detem 54% da Crise no setor projetos deverá voltar em regiões como Tri-
moagem. Em 2002, os 25 maiores detinham Entre 15% a 18% da moagem do setor ângulo Mineiro, Mato Grosso, Mato Grosso
43% da moagem. É um setor pulverizado sucroenergético nacional está comprometi- do Sul e Paraná. O Estado de São Paulo não
que não se compara aos setores bancário e do, leia-se endividamento e usinas em difi- tem mais para onde crescer.”
de siderurgia. Ainda é muito competitivo e culdades. Uma medida que ajudaria o setor Segundo o consultor, o açúcar tem re-
com um lento processo de concentração”, e poderia ser estudada seriam os contratos munerado mais do que o etanol desde 2009.
analisa Nastari. encarados como instrumento de garantia O investimento industrial para o açúcar é
Em relação a eleição presidencial nos de endividamento, funcionando como um maior, pois utiliza-se mais vapor e o açúcar
EUA, Nastari diz que o atual presidente dos mecanismo de recuperação de nova dívida precisa de embarque e custos com logísti-
EUA, Barack Obama, é a favor da indústria para que o setor possa ter novos recursos ca. “Tem remunerado mais, mas não é algo

35
conjuntura
de usinas que atendam as exigências de sus-
tentabilidade dos EUA e da Europa.
Ono observou que o possível aumento
no preço da gasolina tornará o etanol mais
competitivo e remunerador e reiterou que
o mercado precisa que os contratos sejam
revistos para aproveitar oportunidades de
preço. “Os contratos do mercado interno
devem ter um novo precificador”, opinou.

Posicionamento estratégico
Durante o painel “O posicionamento
estratégico da indústria brasileira”, os di-
Segundo dirigentes do setor, o mercado de trabalho no setor tem passado por uma transformação rigentes dos sindicatos de fabricação de
significativa com forte atuação do Ministério Público do Trabalho, tanto no campo como na indústria açúcar e etanol, juntamente com o presi-
exuberante. Em alguns momentos, a remu- do necessário, além do governo determinar dente interino da Unica (União da Indús-
neração do etanol pode ser parecida. Por um preço fixo para o etanol. Nas Filipinas, a tria de Cana-de-Açúcar), Antônio de Pádua
causa da pressão de demanda por etanol é indústria local tentou a diversificação, mas Rodrigues, explanaram sobre as necessi-
possível uma boa remuneração. A indús- faltou engajamento. dades do setor.
tria é flex e está investindo em capacidade Baron também afirmou que os investi- “É preciso recuperar o preço do eta-
de anidro, hidratado e açúcar. É preciso ter dores precisam de acesso aos mercados e nol hidratado e resolver a competitividade
diversificação para ter flexibilidade.” que a expansão do etanol dependerá dos partindo da premissa de que não se mexe
O final da safra 2012/2013 pode ser mar- preços do açúcar. no preço da gasolina. O governo entende
cada por boas emoções, com moagem de 3 A Rússia, por sua vez, segundo Andrey que o etanol perdeu sua competitividade.
milhões de t diárias. Caso chova e o setor Bodin, presidente do Conselho da União Estamos no momento de definir o preço
pare por dois dias, por exemplo, o montan- dos Produtores de açúcar da Rússia, con- do etanol no mercado e a desoneração dos
te ficará para a próxima safra, mas isso de- tinua importando. Produtora de açúcar de impostos. Acreditamos na boa vontade do
penderá da intensidade das chuvas. “Te- beterraba, a Rússia vem melhorando os seus governo federal em resolver o problema e
mos uma estimativa de 512 milhões de t custos de produção e melhorou a sua pro- que promova o etanol como ele merece”,
e poderá ficar em pé entre 4 e 5 milhões dutividade média com 40% de aumento sintetizou Pádua.
de t, ou seja, poderemos ter cana bisada”, desde 2002. Luis Custódio Cotta Martins, presi-
adianta Nastari. “Nos últimos dez anos o consumo to- dente do Siamig (Sindicato da Indústria
tal vem caindo devido a concorrência com do Açúcar e do Álcool de Minas Gerais),
Mercados de açúcar e etanol adoçantes e xaropes artificiais. Começamos afirmou que é preciso discutir uma nova
no mundo uma campanha para maior uso de açúcar. etapa. “O setor ficou muito dependente
Peter Baron, diretor executivo da ISO Esse ano importamos mais de 600 mil t de do governo. É necessário um marco regu-
(International Sugar Organization), afirmou açúcar. O Cazaquistão está importando 100 latório com todas as metas para o setor e
que o mundo precisa de uma economia de mil t também”, argumenta Bodin. definir a matriz energética, são coisas que
baixo carbono e que a diversificação é a Segundo ele, os países vão produzir me- devem ser discutidas. Não se diversifica a
palavra mágica, o que contribui para uma nos açúcar de beterraba devido às más con- matriz energética sem marco regulatório”,
agroindústria de cana sustentável. “A in- dições climáticas. ressaltou.
dústria açucareira brasileira conta com a Sobre o etanol, Martinho Ono, presi- André Rocha, presidente executivo do
diversificação e é vista como a face do fu- dente da SCA Trading, disse que o produto Sifaeg/Sifaçucar (sindicatos da Indústria
turo. O desafio dos outros países é replicar continua sendo uma commodity com forte de Fabricação de Etanol e Açúcar do Esta-
a experiência brasileira”, sinalizou. vocação de consumo local. “O comércio in- do de Goiás) defendeu a criação de uma
Ele comentou que a maior expansão de ternacional ainda é fraco. O Brasil exportava Cide ambiental. “Sou a favor para que pos-
etanol na África do Sul requer capital e es- etanol para ajustar a oferta no mercado in- samos valorizar os benefícios ambientais
cala e as limitações das políticas de cada terno e visando a abertura de novos merca- que o etanol traz, mas o País está na con-
país impactam no sucesso dos programas. dos no exterior. Não havia tantas exigências tramão de outros países porque o Brasil
Na Tailândia, por exemplo, é preciso in- de sustentabilidade”, comentou ao dizer subsidia a gasolina e o diesel e tem feito
centivo para o consumo e na Índia a produ- que o aumento da oferta de cana previsto uma política errada ao priorizar a energia
ção de etanol combustível sempre foi abaixo para a safra 13/14 deverá ampliar o número eólica. Uma das poucas alternativas que

36
conjuntura
temos é solicitar uma Cide ambiental para prir”, lembrou Perina. Figliolino também antecipou que os pre-
valorizar o combustível renovável sobre o ços de açúcar serão menores em 13/14 e
combustível fóssil.” O mercado financeiro que as indefinições em relação ao etanol
O presidente da BioSul (Associação dos para o setor permanecem. “Teremos uma recuperação
Produtores de Bionergia de Mato Grosso do De acordo com Alexandre Figliolino, di- da produtividade agrícola para níveis pró-
Sul), Roberto Hollanda, frisou que a indús- retor do Itaú BBA, até 2008, o setor parecia ximos de 80 t/ha e parece fazer mais sen-
tria automobilística passa por um proces- um foguete com crescimento de 10% ao tido ao país novos estímulos à produção e
so que traz motores reduzidos, mais pos- ano. “Hoje temos crise de competitividade ao consumo de etanol hidratado”, concluiu.
santes e econômicos. “É lamentável ver e espero que o setor reencontre os rumos Gabriela Chiste, vice-presidente de Ris-
o etanol saindo do governo, deixando de do crescimento. No vale de oferta de cana, co e Crédito do Banco Pine, comentou du-
aproveitar uma oportunidade de compe- o fundo do poço em termos de produção já rante sua apresentação que o setor é respon-
titividade e eficiência. É preciso aprovei- passou”, sinalizou. sável por 90% do faturamento de mais de
tar melhor o poder calorífico dos motores Ele analisa que o setor está com curva 1.300 empresas produtoras de máquinas e
flex”, argumentou. de rendimento agrícola melhor em relação equipamentos. “Essas empresas estão ope-
Outro ponto levantado pelos dirigentes ao ano passado, mas que o aumento do cus- rando com capacidade ociosa superior a
foi o mercado de trabalho e sua fiscaliza- to de arrendamento de terra está ferindo 50% e experimentaram queda de 60% no
ção. Segundo eles, o mercado de trabalho o setor. faturamento desde 2008.”
no setor tem passado por uma transfor- Como tendência para o resultado da sa- Para ela, os desafios do setor estão na
mação significativa com forte atuação do fra 12/13, Figliolino aponta a redução de governança, na compreensão das especifici-
Ministério Público do Trabalho, tanto no dois pontos em relação ao EBTDA da safra dades do setor e na redução da volatilidade.
campo como na indústria. “A legislação 11/12 que chegou a alcançar 29%. “O custo “O mercado de capitais é pouco explorado
trabalhista para o setor rural não tem sido caixa será um pouco menor: 17 cents por pelo setor. É preciso conhecer onde o setor
adaptada. São tantos regulamentos e nor- libra peso, recuperando um pouco a com- precisa se reeducar e melhorar para que as
mativas, alguns impossíveis de se cum- petitividade.” operações aconteçam”, finalizou.

37
conjuntura

Mais 120 usinas

Segundo José Luiz Olivério, vice presidente


da Dedini S/A, até 2020 serão implantadas
novas 120 usinas com projetos greenfield,
que consistem em planejamentos para
o aproveitamento máximo da cana-de-
açúcar para todas as suas finalidades,
seja etanol, açúcar, bioenergia ou vinhaça.
Para o futuro, as usinas terão que ter
aumentar capacidade e produtividade do
maquinário, missão que só será possível
caso elas trabalhem eficiência, rendimento,
sustentabilidade, sinergia e integração –
fatores estes que seriam imprescindíveis
para tal evolução.

Colhendo ainda resultados positivos, a Ffatia já tem data


confirmada para a próxima edição do evento. Com expectativa
de superar todos os números deste ano a feira em 2014 será
realizada entre os dias 28 e 31 de outubro, no Centro de Con-
venções de Goiânia. De acordo com Fernando Barbosa, diretor
da Reed Multiplus, marca associada à Reed Exhibitions Alcan-
tara Machado e organizadora da Ffatia, um dos objetivos agora
é tornar a feira internacional, buscando, por meio de parcerias,
aumentar o número de expositores estrangeiros.

Eventos paralelos
A 3ª Sucroeste (Mostra Sucroenergética do Centro-Oeste)
ocorreu paralelamente à 8ª Ffatia e reuniu empresas de todo o
As inovações tecnológicas em produtos e serviços ofe- Brasil fabricantes de produtos, equipamentos e serviços para
recidas pelas 180 empresas expositoras da 8ª edição da usinas de açúcar e etanol.
Ffatia (Feira de Fornecedores e Atualização Tecnológica O visitante da mostra encontrou ainda espaço para relacio-
da Indústria de Alimentação), ocorrida entre os dias 16 namento, integração com profissionais de usinas e contatos
e 19 de outubro, no Centro de Convenções de Goiânia, comerciais. A iniciativa aconteceu em um momento favorá-
chamaram a atenção do público. Com empresas quali- vel para o segmento sucroenergético no Centro-Oeste, visan-
ficadas e a visitação de mais de 23 mil profissionais de do atender a crescente demanda da região, que é considera-
20 Estados brasileiros, a Ffatia conseguiu reunir em um da fronteira agrícola no País. Atualmente, a região central do
único espaço as novidades para empresários, industriais Brasil possui uma área plantada de mais de 1,3 milhão de ha
e profissionais de pequeno a grande porte, principal- com cana-de-açúcar - o que representa 16% da área brasileira
mente da área de alimentação. A Feira também agradou -, produz 95 milhões de t da matéria-prima, além de mix de
aos expositores, que tiveram a oportunidade de fechar produção de 5,2 bilhões de l para etanol – 22% da produção
importantes negócios ou mesmo sinalizar com propostas do País -, e 3,9 bilhões de t de açúcar, o que equivale a 10% da
futuras. Com isso, a estimativa dos organizadores é que capacidade brasileira.
a Ffatia tenha superado os números da feira anterior, ga- Segundo o presidente-executivo do Sifaeg/Sifaçúcar, André
rantindo a quantia de R$ 180 milhões em negócios para Rocha, o Estado de Goiás, ocupa a segunda posição em pro-
os próximos seis meses. dução de cana-de-açúcar no Brasil. Ele até compara o cresci-

38
conjuntura
mento nacional ao do Estado. “Enquanto o setor evoluiu du-
as vezes no País, Goiás teve um crescimento sete vezes mais
nos últimos anos”, reforça. São 34 unidades industriais em
operação no Estado goiano e quatro em implantação. Toda a
cadeia produtiva sucroenergética é responsável por mais de
65 mil empregos diretos e 130 mil indiretos.
O II Seminário Canal Sucroeste foi outro evento paralelo
a Ffatia e teve como premissa a capacitação de profissionais
do setor. Foram ministradas palestras com especialistas de
renome do setor e apresentação de novidades tecnológicas
e de serviços.
Em sua palestra, José Luiz Olivério, vice-presidente do
Grupo Dedini S/A, afirmou que para a recuperação da indús-
8ª edição da Ffatia (Feira de Fornecedores e Atualização Tecnológica
tria sucroenergética é necessário um tripé, que consiste em da Indústria de Alimentação) contou com eventos paralelos como a 3ª
políticas públicas, esclarecimento da sociedade e conscien- Sucroeste e o Seind
tização do setor em si. mas técnicos que fazem parte da rotina de quem atua nas in-
Segundo ele, até 2020 serão implantadas 120 novas usinas dústrias e empresas dos setores de alimento e sucroenergético,
com projetos greenfield, que consistem em planejamentos pa- a Ffatia também abriu espaço em sua programação para o Seind
ra o aproveitamento máximo da cana-de-açúcar para todas as (Seminário Técnico de Instalações e Manutenção Industrial).
suas finalidades, seja etanol, açúcar, bioenergia ou vinhaça. Novidade na feira, sendo realizado pela primeira vez, o Seind
Para o futuro, as usinas terão que aumentar a capacidade e ampliou o conhecimento sobre a necessidade de capacitação
a produtividade do maquinário, missão que só será possível no segmento sucroalcooleiro, boas práticas de qualidade para
caso elas trabalhem eficiência, rendimento, sustentabilidade, as indústrias, importância da manutenção industrial e até ce-
sinergia e integração – fatores estes que seriam imprescindí- nários atuais da indústria em Goiás.
veis para tal evolução. O coordenador técnico da Fieg (Federação das Indústrias
“Nós sabemos produzir, porém, nestes últimos anos, per- do Estado de Goiás), Fábio Pires, abordou sobre a medição da
demos a mão. Não foram realizadas renovações de culturas eficiência e a gestão da manutenção nas indústrias. A palestra
nos canaviais, os cuidados foram abdicados a segundo plano. buscou pontuar o que há de mais moderno em técnicas de ma-
É preciso retomar, reaprender a linha de produção”, enfatizou. nutenção industrial para as empresas. “A proposta é orientar
Ele ainda afirmou que políticas governamentais são ur- como aumentar a disponibilidade dos equipamentos e reduzir
gentes e que o setor deve pressionar medidas neste sentido. custos às indústrias”, acrescentou. Um dos modelos apresen-
Além disso, a população brasileira deve se sentir estimulada tados para alcançar esse resultado é um software que oferece
ao consumo do etanol, ajudando a valorização do produto estatísticas da máquina. De acordo com ele, com essa medida é
nacional. “Ou crescemos, ou abando- possível prever a data em que o equipa-
Estado Promissor
namos o mercado. Caso medidas não mento pode parar e, com isso, agendar
sejam tomadas, ficaremos reduzidos a possível manutenção.
O Estado de Goiás ocupa a segunda posição
eternamente a uma mistura na gaso- Para Pires, a maioria dos empresários
em produção de cana-de-açúcar no Brasil.
lina”, finalizou. brasileiros só tem o costume de realizar
O presidente-executivo do Sifaeg/Sifaçúcar,
Henrique Amorim, diretor presi- a manutenção corretiva, ou seja, quan-
André Rocha, até compara o crescimento
dente da Fermentec, tratou sobre o do a máquina ou equipamento para de
nacional ao do estado. “Enquanto o setor
tema “Reduzindo as Perdas com Le- funcionar. “Talvez por desconhecimen-
evoluiu duas vezes no País, Goiás teve um
veduras Personalizadas” e frisou que to, esses industriais acham que a manu-
crescimento sete vezes mais nos últimos
a partir da seleção das leveduras, de tenção só deve ser feita quando aparece
anos”, reforça. São 34 unidades industriais
acordo com o perfil e finalidade da um defeito. Mas é preciso que eles te-
em operação no Estado goiano e quatro
usina, é possível aumentar a produti- nham consciência e passem a dar valor
em implantação. Toda a cadeia produtiva
vidade e, consequentemente, o apro- a esse procedimento preventivo, que
sucroenergética é responsável por mais
veitamento de todas as partes da cana- ajuda a reduzir em 30% o custo de ma-
de 65 mil empregos diretos e 130 mil
-de-açúcar. nutenção e aumenta em 20% a produti-
indiretos.
Com a proposta de apresentar te- vidade”, reforçou o palestrante.

39
conjuntura

No dia 16 de outubro aconteceu mais um encontro do GIC (Gru-


po de Irrigantes de Cana-de-açúcar) na cidade de Ribeirão Preto, SP.
A 4ª reunião do Grupo destacou, desta vez com maiores detalhes,
um dos assuntos mais importantes quando se fala em irrigação: a
outorga de água.
Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria abriu o en-
contro contando um pouco sobre a viagem que fez recentemente
à Etiópia, na qual viu de perto como a irrigação na cana-de-açúcar
plantada no País é importante. “Das quatro usinas do País, três são
irrigadas por sulco. Na África é complicado imaginar cana sem ir-
rigação”. Ele ainda voltou a falar sobre a irrigação como ferramenta
de redução de custos.
“Foram vários estudos de casos de redução de custos em uma
usina fictícia localizada na região de Araçatuba, SP. Estes estudos
mostraram como a irrigação pode trazer redução de diferentes cus-
tos. Sempre que se justifica um projeto de irrigação numa usina, o
pessoal faz o fluxo de caixa colocando uma produtividade maior
do que a cana de sequeiro e para terminar o trabalho, joga essa
produtividade maior a um valor de tonelada de cana no mercado,
faz a conta receita X despesas e obtém um estudo de viabilidade de
implantação. A nossa proposta é que se repense o formato de fazer
esses estudos, porque irrigação é uma maneira de reduzir custos
e orçamento agrícola da safra seguinte”, destacou Ricardo Pinto.
Segundo ele, o fator mais importante para justificar a irrigação,
principalmente no Estado de São Paulo, é a diminuição do custo
com arrendamento de terra. “Na simulação feita na usina fictícia,
59% do ganho de produtividade no orçamento de uma usina apa-
rece na diminuição de pagamento de arrendamento de terra. Em
segundo lugar, o impacto no ganho de produtividade em relação
à irrigação vem da redução de renovação de canavial por conta da
diminuição da área total ocupada por cana. Em terceiro lugar, a
redução do orçamento da usina acontecerá, se possível, na redu-

O encontro recebeu convidados ção do custo do transporte, caso o foco seja aumentar a produtivi-
dade do canavial mais próximo da indústria. Em quarto lugar está
que transmitiram conhecimento e a redução de custo com o trato de cana soca, que chega próximo
esclareceram dúvidas sobre a outorga a cinco pontos percentuais. É aqui que conseguimos encontrar o
de água custo que impacta ao se implantar irrigação em parte do canavial.”
Para conhecimento de novos participantes, ele ainda fez um
pequeno resumo dos assuntos que foram temas nas reuniões e re-
lembrou todo o material que já foi produzido e publicado até ago-
ra sobre irrigação, pelo Projeto Cana Pede Água, lembrando que
todo este material se encontra disponível no site do Projeto (www.
canapedeagua.com.br).
O engenheiro Mauro José Murana, do Instituto das Águas do
Paraná, apresentou a palestra “Outorga para uso de águas”, na qual
falou um pouco sobre sua experiência com relação à solicitação
de outorga de água.
Segundo ele, existe uma série de dispositivos legais que tornam
a questão da outorga de direito das águas possível. “De acordo com
a Constituição de 1988, as águas são de domínio da União ou dos

40
Estados. Para fazer o pedido de outorga, deve ser observado pri-
meiramente o domínio dela. Quando se trata de água de domínio
da União, a outorga tem que ser solicitada via ANA (Agência Na-
cional de Águas). Já no Estado de São Paulo, por exemplo, quem
resolve é o DAE (Departamento de Água e Esgoto).”
Além disso, Murara falou um pouco sobre os tipos de outorga
que existem. “Quando um empreendimento vai se instalar, ele pre-
cisa solicitar uma outorga prévia, porque antes de tudo, é preciso
saber a disponibilidade de água no local onde o empreendimento
será construído. Esta outorga é válida por dois anos, podendo ser
Mais uma vez, a reunião contou com a participação de grandes grupos
renovada por mais dois anos. Neste prazo, o empreendimento te- sucroenergéticos
rá um tempo para que se adeque às licenças ambientais. Após o
licenciamento ambiental, o empreendimento conseguirá obter a que o estado vai analisar se o empreendimento é viável naquele
outorga de direito.” local. A licença de instalação será dada quando se tem licença para
Ao final de sua palestra, o engenheiro atentou aos participan- construir o empreendimento e depois vem a licença de operação,
tes de que cada caso é um caso. “Todo caso merece uma análise quando o empreendimento estiver pronto para começar a operar.”
profunda. Dentro do nosso manual temos todas as formas de como O engenheiro também atentou sobre as duas novas nomencla-
proceder”, concluiu. turas que fazem parte do Novo Código Florestal. Segundo Melo,
A palestra de Vinícius Melo, responsável pelo departamento foi criado o Cadastro Ambiental Rural, que é um cadastro obri-
Comercial e Meio Ambiente da Valmont, também teve como foco gatório. “Quando uma empresa for arrendar terra deve procurar
a outorga de água para irrigação. se esta terra tem Cadastro Ambiental Rural. Junto a isso, existe o
Melo destacou a importância do uso da água na agricultura e Programa de Regularização Ambiental, que é similar a um termo
como o uso eficiente da água pode beneficiar não só a produção, de ajustamento de conduta. Esse programa pode ser usado para
mas também o meio ambiente, trazendo impacto social. “Preci- recompor APPs, justificar intervenções e cortes de árvores, sendo
sa haver sinergia entre intervenção e produção com conservação feito um plano técnico de recomposição de flora. Nesse Programa
do meio ambiente. Se falamos em conservar o meio ambiente e a de Regularização Ambiental temos que considerar todas as inter-
agricultura, temos que pensar em como intensificar a produção, venções que serão feitas”.
ou seja, produzir mais em menos áreas. Temos que mostrar que Além dos custos desembolsados durante os processos e custos
somos eficientes na hora de pedir licenças e outorgas”, afirmou. com consultorias da área de irrigação, Melo comentou a outorga
Outro destaque da palestra foi mostrar como obter a regulariza- e licenciamento automático, já realidade no Estado do Rio Gran-
ção ambiental para outorga de água. “Aos olhos do órgão ambiental, de do Sul.
a regularização ambiental é como se fosse o seguinte: eu tenho um “Temos que tirar o chapéu para o Rio Grande do Sul. Eles lança-
carro e não tenho carteira de motorista, ou seja, eu tenho que tirar ram o programa Mais água, Mais renda, onde concedem a outorga
a carta para poder dirigir. É a mesma coisa com a outorga de água. automática, ou seja, você entra no banco de dados e se a captação
Tenho água e a possibilidade de fazer a captação, mas não tenho for em um barramento de até 10 ha e for irrigado até 100 ha, a ou-
autorização para aquilo. Então, o empreendedor tem que seguir as torga é concedida automaticamente. Além disso, eles dão subsídios
regras e leis, se adequando as situações de licenciamento ambiental, ao produtor, pagando a primeira parcela do financiamento. Nunca
outorga e de qualquer outra intervenção que venha a ser realizada.” tinha visto um governo fazer isso e eles realmente enxergaram que
Ainda segundo Melo, para a regularização ambiental, normal- irrigação é necessidade e não opção”, salientou.
mente é feita uma requisição junto ao órgão ambiental. Nessa re- Os representantes das empresas fabricantes de equipamentos
quisição é definido o porte do empreendi- e participantes do comitê gestor do Projeto
mento e avaliado a localização da unidade GIC VIROU GIFC Cana Pede Água apresentaram, ao final do
de conservação. “Caso esteja em uma área No dia 29 de outubro, aconteceu evento, como funcionam os sistemas de irri-
de preservação, teoricamente o empreendi- a primeira reunião para definir os gação oferecidos por cada uma delas.
mento não poderá ser feito ali.” participantes do conselho do GIC. Ao final da reunião, Ricardo Pinto con-
Sobre o licenciamento ambiental, Melo Uma das novidades do comitê, que vidou os interessados a participarem da 5ª
disse que cada estado tem sua interpreta- já começou a definir os estatutos, reunião, que será realizada no dia 21 de no-
ção. No entanto, a maioria deles tem a li- foi a mudança do nome do grupo vembro e contará com a presença de dois
cença prévia, licença de instalação, licença que passará a se chamar GIFC palestrantes: Alexandre Guerra, que falará
de operação e licença de operação corretiva. sobre a experiência de irrigação da Usina
(Grupo de Irrigantes e Fertirrigantes
“A licença prévia ocorre antes de o empreen- Japungu e, Alex Gama, que abordará sobre
de Cana-de-açúcar).
dimento começar de fato. É nesse momento as outorgas no Nordeste de Minas Gerais.

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atualidades jurídicas atualidades jurídicas
atualidades jurídicas

DirEiTO TribUTáriO
rEcEiTA AnALisA siTUAÇÃO DE imPOrTADOr pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a espera pode ser
A Receita Federal verificará o volume de recolhimento de menor, de até dois dias úteis.
tributos de empresas que querem realizar operações de im-
portação. rEcEiTA ObTiDA cOm bEnEFíciO FiscAL EnTrA
Na norma, contida no Ato Declaratório nº 33, o Fisco dei- nO cáLcULO DO ir
xa claro que analisará a capacidade financeira do candidato A receita decorrente de desconto no pagamento do Imposto
a importador pelo Imposto de Renda (IR), CSLL, PIS, Cofins sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) obtido por
e contribuição previdenciária pagos nos últimos cinco anos, meio de programa de incentivo fiscal deve ser acrescida à base
contados da data do pedido de habilitação. A Receita informa de cálculo do Imposto de Renda (IRPJ) e da Contribuição Social
no ato declaratório, porém, que não incluirá no cálculo os im- sobre o Lucro Líquido (CSLL), mesmo quando a empresa é tri-
postos recolhidos em importações e os valores negociados em butada com base no lucro presumido.
programas de parcelamento ou exigidos em autuações fiscais. Esse é o entendimento da Receita Federal no Estado da Bahia
O ato declaratório foi publicado depois de a Receita Federal (5ª Região), constante da Solução de Consulta nº 34. A alíquota
estabelecer prazos mais enxutos para os auditores analisarem do Imposto de Renda é de 25%, e a da CSLL é de 9%.
pedidos de habilitação. Pela norma, o Fisco reduziu de 30 para Na tributação pelo lucro presumido, os contribuintes pa-
10 dias úteis o prazo para que sejam liberadas as habilitações gam os impostos com base em valores presumidos de despesas.
para acesso ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Sisco- No regime do lucro real, são consideradas as efetivas receitas
mex). Para as empresas de capital aberto, que já são fiscalizadas e despesas.

DirEiTO DO TrAbALhO
rEPOUsO PrEvisTO nA cLT nÃO sE APLicA A O Tribunal Superior do Trabalho (TST) manteve as decisões
cOrTADOr DE cAnA das instâncias inferiores, entendendo que a atividade de cortador
O repouso para descanso previsto no art. 72 da Consolidação de cana, desempenhada pelo trabalhador rural, não se enquadra
das Leis do Trabalho (CLT) não se aplica, por analogia, aos corta- naquelas previstas no art. 72 da CLT, que abrangem apenas os tra-
dores de cana. A decisão é da Quinta Turma do Tribunal Superior balhadores de mecanografia.
do Trabalho, que negou provimento a recurso de um trabalhador Para o relator, é inviável a aplicação analógica do dispositivo
rural que pretendia receber horas extras referentes a esse tempo. aos cortadores de cana, uma vez que as atividades permanentes
O dispositivo prevê, nos serviços de mecanografia, descanso de de mecanografia não guardam nenhuma semelhança com aquelas
10 minutos a cada 90 minutos trabalhados. desenvolvidas pelos trabalhadores rurais.
Consta dos autos que o autor da reclamação trabalhista traba-
lhou para uma usina entre março de 2007 e dezembro de 2009,
fazendo serviços gerais e plantio de cana durante a entressafra e
como cortador de cana-de-açúcar no período de safra, receben-
do pouco mais de R$ 1.180 por mês. Sua jornada de trabalho,
de segunda-feira a sábado (mais dois domingos por mês), ia das
6h30 às 17h, com intervalo de 30 minutos por dia.
De acordo com o advogado, o trabalhador rural exerceu, du-
rante todo o período que trabalhou para a empresa, tanto na en-
tressafra quanto na safra, atividade realizada necessariamente em
pé e que também exigia sobrecarga muscular estática e dinâmica.
Mesmo diante disso, a empresa não teria concedido pausas para
descanso, por aplicação analógica do art. 72 da CLT.

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gestão

Oferecer uma A preocupação com a saúde dos trabalhadores tem sido


boa assistência à um ponto de destaque no setor sucroenergético desde a dé-
saúde é uma via cada de 70. Segundo José Darciso Rui, diretor executivo do

de duas mãos. Gerhai (Grupo de Estudos em Recursos Humanos da Agroin-


dústria), nesta época, já havia forte preocupação das usinas
Satisfaz tanto a
com relação a esta questão. “Naquela época, era muito comum
empresa quanto as usinas terem convênios com hospitais, médicos, clínicas,
o trabalhador. dentistas e laboratórios. Com o tempo, o modelo foi se aper-
Traz melhor feiçoando e surgiram os contratos com empresas especiali-

remuneração zadas em planos de saúde”, afirma Rui.


De acordo com ele, um dos principais motivos do surgi-
final ao
mento desta modalidade de beneficio é a questão social, ou
empregado,
seja, a responsabilidade social que a empresa tem com sua
melhoria na comunidade, visto que os planos de saúde contemplam em-
produtividade, pregados e seus familiares. “Por trás disso ainda existe a sa-
qualidade da tisfação do empregado, que nada mais é que uma forma de

empresa e ainda medir a sustentabilidade do clima interno e o comprometi-


mento dos trabalhadores”, completa.
ajuda a reter
Em tese, não existe uma lei que obrigue as usinas a ofere-
talentos
cerem plano de saúde a seus funcionários. Mas existem três
situações, segundo Rui: “A Lei do PAS (Plano de Assistência

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gestão
Social) que, se considerarmos que tem eficácia, pode-
mos então dizer que seria uma lei que obriga as empre-
sas na concessão deste beneficio; a NR 31, que versa
sobre o trabalho no campo. Nela muitas questões da
saúde dos trabalhadores são contempladas no campo
da saúde ocupacional. No entanto, não entendo que
haja obrigatoriedade de outras formas de propiciar me-
lhoria em sua qualidade de vida, quando fora do âmbi-
to da Saúde Ocupacional; e por último o Compromisso
Nacional para Melhoria das Condições de Trabalho no
Campo, que tem muita relevância no processo, porém
está longe de ser uma lei”, explica.
Mesmo sem leis claras, o aumento do número de
Medicina Preventiva da Unimed oferece palestras educativas sobre Saúde
empresas que passaram a oferecer este benefício ao do homem
empregado é considerável. “No entanto, o que vem atendimento médico e hospitalar. A Unimed Ribeirão Preto,
ocorrendo não é a concessão do beneficio, mas sim a operadora do plano oferecido pela empresa, tem um ambulató-
mudança de metodologia empregada neste beneficio, rio na unidade de Serrana que fica junto às instalações da sede
passando de um simples convênio médico/hospitalar do Serviço Social da usina, onde oferece as especialidades de
para um plano de saúde administrado por empresa Clínica Geral, Gastroenterologia, Ginecologia, Pediatria, Orto-
especializada no ramo”, explica. pedia, Endocrinologia, Cardiologia, Psicologia, Fonoaudiologia
Para Carlos Taveira, responsável pelas Relações e Nutricionista, com horários de atendimento das 7h às 19h”,
Empresariais da Unimed, a operadora tem ampliado afirma Sueli que completa: “A empresa acredita que o plano é
suas ações no setor sucroalcooleiro, principalmente um benefício importante e fundamental para que os funcioná-
na Região Nordeste Paulista. “Noventa por cento das rios tenham condições necessárias para realizar seu trabalho
usinas da nossa região tem planos de saúde Unimed. com tranquilidade e segurança. Doenças e afastamentos são
Em todas as localidades temos uma estrutura grande fatores extremamente negativos para a empresa e para o traba-
e forte. De 2011 para cá, a Unimed teve um aumento lhador. Além do atendimento às exigências legais, este tipo de
de mais de 40% de atendimentos dentro do setor su- serviço tem como objetivo oferecer aos empregados os recursos
croalcooleiro”, destaca. para que eles possam mudar comportamentos de risco ou adotar
Para a Usina da Pedra, localizada em Serrana, SP, atitudes favoráveis em relação à saúde e a qualidade de vida”.
apesar da questão legal sobre atendimento à saúde Taveira acredita que a qualidade do atendimento que o fun-
ainda não estar completamente definida, oferecer pla- cionário passa a ter com o plano de saúde também proporcio-
no de saúde aos funcionários não é algo que está sub- na à usina uma segurança de que o atendimento vai ocorrer
metido a esta condição. A usina oferece assistência à da melhor forma possível. “Por exemplo, se houver acidente
saúde desde 1946. Na época, havia um convênio com de trabalho, a Unimed acompanha desde o início do atendi-
um hospital, que oferecia atendimento de saúde aos mento, passando pelo pronto atendimento da Unimed, até a
funcionários. No entanto, alguns anos depois, a usina recuperação final deste trabalhador. Isso é uma garantia de
acabou optando por oferecer o plano de saúde. que a usina não terá uma demanda judicial por conta de um
De acordo com Sueli Aguiar, gestora corporativa acidente”, destaca.
de Comunicação e Serviço Social da Usina da Pedra, Ainda segundo Taveira, dependendo do tamanho da empre-
o plano de saúde é oferecido para todos os funcioná- sa, a Unimed monta um ambulatório dentro da corporação, que
rios da empresa, assim como para seus familiares (de- contempla todas as especialidades. “Temos uma usina grande
pendentes). próxima a Ribeirão Preto, na qual contamos com uma estrutura
“Todos são atendidos pela mesma operadora, des- de quase 20 profissionais das mais diversas especialidades, que
de o rurícola até os diretores da empresa. Ao todo, são atendem durante a semana. Oferecemos ainda posto de coleta
aproximadamente 7.500 mil vidas beneficiadas com de laboratório, tudo para facilitar o acesso do funcionário ao

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gestão
plano de saúde.” - Palestras Educativas em Saúde com o objetivo de
Para Rui, a importância em se oferecer este tipo de assis- orientar e encaminhar os beneficiários aos serviços
tência é caracterizada por um melhor desempenho na relação de atenção básica, ou seja, exames preventivos na
capital e trabalho. “Satisfaz tanto aos trabalhadores como aos área da saúde da mulher e do homem, obesidade,
empresários. É um beneficio que tem ‘mão dupla’. Tem um cus- hipertensão e diabetes, e doenças sexualmente trans-
to alto, porém a relação custo/benefício é sem dúvida muito missíveis.
atraente. Entre outras vantagens, melhora a remuneração final - Campanhas Preventivas realizadas anualmente com
do empregado, a produtividade, a qualidade para a empresa e o objetivo de identificar os beneficiários com risco
retém talentos.” para doenças crônico-degenerativas (hipertensão/
diabetes/obesidade). Durante as campanhas, são fei-
mEDicinA PrEvEnTivA tas orientações individuais e encaminhamento aos
Além da assistência médica, as usinas ainda organizam, em serviços de Medicina Preventiva.
conjunto com os planos de saúde, ações em prol da saúde do A Usina da Pedra oferece programas de saúde pre-
trabalhador (campanhas de vacinas, conscientização de doen- ventiva e campanhas orientativas. O Programa de Aten-
ças etc). Isto tem contribuído para diminuir os índices de aci- dimento às Gestantes, organizado pela própria usina
dentes de trabalho e doenças entre os colaboradores das usinas. junto ao ambulatório médico da Unimed, tem como
Segundo o diretor executivo do Gerhai, estas ações con- objetivo orientar sobre os cuidados com a funcionária
tribuem não só com a questão de acidentes de trabalho, mas gestante e o bebê. De acordo com Sueli, o programa é
principalmente com a redução do absenteísmo. “Possuíamos, realizado por uma equipe multidisciplinar, que conta
em um passado não tão distante, níveis de acidentes e absen- com assistentes sociais, enfermeira e fisioterapeuta.
teísmo alto em relação ao mercado de trabalho. Hoje somos Outra ação desenvolvida pela usina é o Projeto Mu-
considerados, dentro dos níveis adequados, as melhores em- lher, que realiza um encontro com todas as mulheres
presas neste quesito”, salienta. da empresa com o objetivo de promover a integração
A Unimed do Nordeste Paulista oferece um programa de e a difusão de temas de saúde focados no universo
Medicina Preventiva que visa envolver os beneficiários na feminino.
conscientização da promoção à saúde e prevenção de doenças A usina ainda desenvolve programas de ginástica
e desenvolve um conjunto de ações junto ao beneficiário no laboral no campo, programas em prol da saúde bucal
sentido de oferecer educação em saúde, orientação sobre bons e odontologia preventiva e, em busca da qualidade de
hábitos de vida e sobre os comportamentos de risco, aumentan- vida do trabalhador, oferece estrutura para o desenvol-
do a adesão aos tratamentos e criando uma visão preventiva. vimento de atividades físicas como pilates, academia,
De acordo com Taveira, a Unimed trabalha com dois tipos tai chi, aulas de danças e ginástica, além da estrutu-
de intervenções dentro das usinas: ra de um salão para eventos e jogos e uma quadra de
esportes.
O diretor executivo do “Estas ações são desenvolvidas, sistematicamente,
Gerhai, José Darciso rui,
desde a década de 70. Desde então, tem sido consta-
lembra que as usinas ti-
nham convênios com hos- tado uma queda nos índices de acidente de trabalho.
pitais, médicos, clínicas,
dentistas e laboratórios,
No entanto, outros itens devem ser levados em conta
mas com o tempo o mode- neste resultado como, por exemplo, as ações da Comis-
lo se aperfeiçoou, surgindo
os contratos com empre- são Interna de Prevenção de Acidentes e a extensão das
sas especializadas em pla- ações preventivas da área de Segurança, Saúde e Higie-
nos de saúde
ne do Trabalho. Mas vale ressaltar que a iniciativa de
investir em ações como estas indica que a direção da
empresa acredita que, através delas, é possível promo-
ver uma melhor qualidade de vida para seus funcioná-
rios e familiares, por isso as adotou e busca aprimorá-
-las constantemente”, finaliza Sueli.

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47
opinião

Segundo o autor, o setor precisa de empresas fornecedoras e de parceiros comprometidos


com os resultados de seus clientes, e as usinas precisam exigir tal compromisso

*Ricardo Amadeu da Silva


Enquanto o faturamento das usinas de açúcar e etanol Mas a logística é dor de cabeça não apenas na
está condicionado ao preço da gasolina, que é mantido produção. Estes custos são um grande peso sobre
artificialmente pela Petrobras, os custos nas mais dife- os ombros dos produtores de cana, açúcar e etanol
rentes áreas não param de subir para se produzir cana, quando o tema é logística de transporte. Não é à toa
açúcar, etanol e energia. Uma pesquisa desenvolvida que os grandes grupos sucroenergéticos têm buscado
pela Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de viabilizar modais eficientes para o transporte de seus
Queiroz, da Universidade de São Paulo), cujos dados produtos. É o caso da Copersucar e da São Martinho,
foram divulgados em agosto, mostra com números um que inauguraram terminais ferroviários em 2012 na
cenário preocupante para o setor sucroenergético: para região de Ribeirão Preto. A movimentação de etanol
produzir a mesma quantidade de cana, os produtores via dutos também é vista como importante saída para
e as usinas gastam atualmente 25% a mais do que há a redução dos custos. Mas o projeto do etanolduto
quatro safras. teve um baque com o anúncio da Petrobras de que,
A pesquisa elenca como principais fatores para a ala- no próximo ano, a estatal não terá condições de fazer
vancada dos preços a alta do dólar e, consequentemente, o aporte de recursos previsto na obra. Mas os demais
dos produtos agrícolas comercializados nas bolsas inter- sócios do duto analisam compensar a redução do
nacionais. Mas há outros fatores que também pressio- aporte da petrolífera. Não querem que o cronograma
nam para cima os custos do setor sucroenergético, como de instalação do duto atrase.
o arrendamento de terras, o transporte e o CCT (Corte,
Carregamento e Transporte) Gestão logística e competitividade
O que se gasta no processo de Corte, Colheita e Trans- A alta dos custos, nas mais diferentes áreas, mi-
porte da cana, adicionado à escalada do valor do ar- nam a competitividade do produtor. Um problema
rendamento de terra, impacta fortemente a margem de que muitas vezes é causado por fatores externos.
lucro das unidades. É possível verificar, pelos dados da Mas internamente, como está a gestão dos custos?
pesquisa da Esalq, que esses fatores lideram os índices As empresas têm feito tudo o que podem para mi-
de custos das usinas. nimizá-los?

48
opinião
É frequente vermos nas usinas muitas colhedoras de cana que- ciadas e que reduzam custos. Exemplo disso são os produtos de
bradas. Um capital valioso, muitas vezes sucateado por operações monitoramento e controle desenvolvidos pelas empresas de tecno-
irregulares, falta de manutenção preventiva e corretiva e uso de logia de informação. Soluções cada vez mais importantes para as
equipamentos inadequados. As usinas e os produtores agrícolas unidades, tanto na indústria como na agrícola, quando o assunto
precisam comprometer os fabricantes das máquinas com a produ- é controlar os processos, reduzir desperdício e ter agilidade no
tividade oferecida na venda dos equipamentos e possíveis variá- trânsito de informações.
veis de performance. Soluções também podem surgir na área logística. A TransEspe-
A qualificação profissional dos colaboradores das usinas que cialista Operador Logístico criou pacotes logísticos exclusivos para
trabalham nas operações motomecanizadas, que inclui todos os os clientes, soluções diferenciadas que reduzem custos e aumen-
trabalhadores envolvidos no processo, desde os operadores das tam a competitividade do negócio. Cada pacote é disponibilizado
plantadoras e colhedoras, aos tratoristas e mecânicos, deve ser uma ao cliente de acordo com as demandas da usina e o nível de rela-
constante nas empresas. E esse processo de formação precisa ser cionamento entre o cliente e a operadora logística, atendendo as
feito em conjunto com os fabricantes e as empresas vendedoras de necessidades específicas das empresas, que deixam de contratar
peças e de serviços dessa cadeia produtiva. serviços que não vão utilizar.
Na visão do Allgroup, o acompanhamento em campo e a asses- O setor bioenergético passa por um momento difícil. Por isso,
soria, assim como o compromisso com os resultados dos clientes, a boa gestão da agrícola, incluindo o CCT, da indústria e também
devem fazer parte da cultura dos fornecedores de peças e serviços da logística pode ser decisiva para tra-
para o setor bioenergético. zer competitividade para as usinas, ao
Tem muita gente “morcegando” o setor e essa filosofia precisa amenizar o fantasma da alta dos custos
ser extinta urgente e definitivamente. Precisamos de empresas for- em áreas tão importantes para o pro-
necedoras e de “parceiros” comprometidos com os resultados de cesso produtivo.
seus clientes, e as usinas precisam exigir tal compromisso.
As empresas também precisam buscar no mercado fornecedores * Ricardo A. Silva é diretor da TransEspecia
que inovam, oferecendo produtos que garantam soluções diferen- lista e CEO do Allgroup

49
dicas
dicas ee novidades
novidades dicas e novidades
cana de sequeiro”. Durante sua apresen-
O Projeto “Cana Pede Água”, que nas-
tação, o professor falou sobre as quebras
FMC expande o uso de embalagens
ceu em 2011 com o objetivo de divulgar os
provenientes da cana e lançaeasafra e seus Green
Família principais fatores e afirmou
benefícios da irrigação dentro dos agentes que apesar de não a única solução, o se-
A FMC deu continuidade ao Projeto De Cana para Cana que
do setor sucroenergético e da cadeia pro- tor deve ficar atento à irrigação. “Passou
atua com a bombona Green Jug, embalagem ecológica e pioneira
dutiva de cana, realizou no final do mês da hora de pensarmos em irrigação. Qual-
entre as indústrias de defensivos agrícolas, que diminui em 25%
de junho, sua 11ª reunião. Foi o terceiro quer país que visitamos e que planta cana
o CO2 emitido durante a fabricação e a embalagem reciclável
encontro do grupo
Ecoplástica que
Triex, contou
que tem ocom a par-
maior índice tem
de material reciclado,
irrigação de uma maneira ou de ou-
ticipação de especialistas
agora expande e lança aconvidados.
Família Green e também as embalagens
tra”, afirmou.
dicas e novidades

Ricardo Pinto, sócio diretor da RPA


autoempilháveis Green e JoinJug. Os lançamentos dos projetos
O professor e engenheiro agrônomo,
Consultoria, abriu a reunião com uma
foram realizados no Clube da Cana, realizado Marco Fattore, diretor da Interunion, durante festa de comemoração
Héliodedo25Prado,
a 28 deapresentou
ou- o seu novo
de 25 anos
apresentação da evolução
tubro, no Guarujá, SP. do Projeto “Ca- livro “Pedologia Fácil” que será lançado
na pedeCom o Green
Água” Jug, lançado
e o porquê no ano
do projeto. “Empassado, a FMC foi a pri- Interunion completa 25 anos
em novembro de 2012. Bernardo Yasuhiro
meira
função daempresa
pequena deárea
agroquímicos do mundo a utilizar-se dessa tec-
de cana irrigada No dia 28 de setembro, a Interunion Comércio Interna-
Ide, da Ydecon Auditoria e Consultoria e
nologiae diante
no Brasil e passadaa percepção
expandir com o mesma
de que metodologia para seu
to- consultor cional reuniu, em Ribeirão Preto, SP, seus colaboradores
da Raízen na área de Sustenta-
portfolio de produtos. Os produtos da Família Green utilizarão o
dos os paradigmas contra a irrigação com bilidade, apresentou a palestra para comemorar seu aniversário de 25 anos.
“Aspectos
etanol proveniente da cana como substituto de parte do petróleo Desde 1987, a Interunion oferece soluções técnicas,
água são passiveis de serem questionados agrometeorológicos e demanda hídrica da
empregado da sua composição e, por ser à base de planta, diminui comerciais e financeiras às empresas do setor sucroalcoo-
e trabalhados, não só dentro do setor, mas cana”.
a dependência de recursos não renováveis. “A previsão é que em leiro internacional, para a execução de projetos agrícolas
como um todo, foi lançado o projeto Cana Duranteproduzidas
sua exposição, eIde mostrou o
2013, 80% dos nossos produtos tenham embalagens industriais.
Pede Água”, afirmou. impacto da seca Chain
na cana-de-açúcar e mos-em todo o mundo, a Interunion conta com
com fonte 100% renovável”, destaca o diretor de Supply Operando
Ricardo contou que o grupo fez uma trou as diferenças do crescimento da plan-
da FMC, André Cordeiro. seu know-how para executar projetos completos de usi-
pesquisa para conhecer o perfil de irri- ta quando não ocorre o estresse hídrico e
Cordeiro explica que o objetivo é reduzir cada vez mais o im- nas e destilarias, caldeiras e geradores (casas de força) e
gação deaocana
pacto meiocom água.avançando
ambiente Das 430 usi-
no usodemonstrou
de novas tecnologias.
que o preparounidades de extração, entre outros. Além disso, a empre-
de solo pode
nas,“Reconhecemos
103 responderam a respeito da
a importância da safra
prática melhorar
da agricultura respon-
o sistema sa das
radicular também tem grande experiência em projetos agrícolas,
plantas.
2010/2011. “Levantamos que não eram
sável, dessa forma nossa proposta é reduzir“Noa dependência
entanto emdo regiõesdistribuindo as mais renomadas marcas nacionais no mer-
de déficit hí-
só 2%
uso de
do áreas irrigadas
petróleo, com águamais
matéria-prima e sim
utilizada
drico,na produção
nem mesmo das cado
o preparo internacional.
de solo é su-
quase 10%, com
embalagens maior participação
tradicionais, utilizando dos
mais conteúdo
ficiente. reciclado,
A água éuso “Agradecemos
fundamental no solo, a todos os nossos clientes, parceiros, co-
do polietileno
estados verde
nordestinos. e fechando
Não o ciclo
quer dizer quede gestão das embalagens laboradores e amigos que participam conosco desta histó-
então além do manejo do solo é muito im-
vazias
fazem dentroplena.
irrigação da própria indústria”,
No entanto, disse.
o nu- ria”, disse Marco Fattore, diretor da empresa.
portante que se pense ainda na irrigação”,
mero ainda corresponde a ⅓ do que temos afirmou Ide.
Petrobras
nos outros países”, desiste
declarou. de projeto de Bunge investe na Cobalt e avalia
Logo após as apresentações, o grupo
construção de etanolduto no Centro-Sul
De acordo com Ricardo, a meta é chegar
instalar planta bioquímica no Brasil
abriu um debate sobre a cana irrigada no
A Petrobras desistiu do projeto bilionário para construir um A Cobalt Technologies, empresa especializada no de-
em 2020 com três vezes a área existente Brasil. Além dos especialistas e os repre-
etanolduto no Centro-Sul do Brasil. A informação foi confirmada senvolvimento de bioquímicos, anunciou que a Bunge Glo-
hoje de canaviais brasileiros irrigados com sentantes das empresas participantes do
pela Cosan, que assim como a Petrobras detém 20% da Logum bal Innovattion LLC, subsidiária da Bunge Limited, está
água. “Lembrando que na área de cana, a comitê gestor do Projeto “Cana Pede Água”
Logística, empresa criada em 2011 para desenvolver e operar o investindo na empresa e que juntas podem instalar uma
tendência não é ficar estável, devemos es- estiveram presentes o consultor em irriga-
sistema. planta de produção de n-butanol em uma das usinas de
tar com algo por volta de 10,2 milhões de ção, Udo Rosenfeld, e XXXX, da Renuka
Além de Cosan e Petrobras, as empresas Odebrecht, Coper- cana da Bunge no Brasil. A previsão de investimento no
ha sucar,
com cana esse ano.
Camargo Esses
Corrêa 10 milhões
e Uniduto investem na obra. O projeto
Brasil. projeto não foi divulgada.
devem evoluir
inclui para algomultimodal
uma logística em torno dede 15
transporte e armazenagem As duas empresas já desenvolvem, juntamente com a
milhões de ha na média do cenário em
de etanol, que atravessaria 45 municípios, ligando as principais Rhodia Poliamida, pesquisas em n-butanol a partir de ba-
2020. Então
regiões três vezesdomais
produtoras área. É umanos estados de São Paulo,
biocombustível gaço de cana no Laboratório Nacional de Ciência e Tecno-
meta bastante
Minas ambiciosa.
Gerais, Estamos
Goiás e Mato falando
Grosso do Sul ao principal ponto de logia do Bioetanol, em Campinas, SP.
em armazenamento
crescer na ordeme distribuição,
de 15% ao ano,em mas
Paulínia, SP. Os termos do acordo também definem que as partes tra-
O sistema
acreditamos se espaço.
que há estenderia a partir
Nada de Paulínia por uma ampla
é impos- balharão conjuntamente na planta em escala de demonstra-
malha
sível”, de dutos
afirmou até terminais em Barueri e Guarulhos, na Gran-
Ricardo. ção e que podem também implantar, em escala comercial,
de
O professor EdgarDuque
São Paulo, e em de Caxias,da
de Beauclair no Rio de Janeiro. Então, o uma bio-refinaria em uma das usinas de cana-de-açúcar
produto seria levado diretamente aos postos de combustíveis, por da Bunge. O n-butanol é largamente usado na indústria
Esalq/USP foi o primeiro convidado a se
meio de transporte rodoviário de curta distância. química e é encontrado em tintas, vernizes e outros reves-
apresentar. Beauclair palestrou o tema “No
A obra teria uma capacidade instalada de transporte de até 21 timentos de superfície, com um mercado global de mais
que o manejo e cultivo de canaviais irri-
milhões de m³ de etanol por ano. de US$ 5 bilhões.
gados com água deve mudar em relação à

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dicas e novidades

RIDESA promove encontro anual Matéria-prima de qualidade é saída


sobre melhoramento genético para compensar queda na moagem
de cana-de-açúcar no final da safra
A Ridesa (Rede Interuniversitária para o De- A DuPont do Brasil está à frente de um novo programa de ma-
senvolvimento do Setor Sucroenergético) pro- nejo fitossanitário, desenvolvido para que usinas e fornecedores
moverá no dia 4 de dezembro, no hotel JP, em de cana-de-açúcar aumentem a qualidade de sua matéria-prima,
Ribeirão Preto, SP, o encontro técnico anual com vistas à melhoria na produção de açúcar e etanol.
que apresentasse os mais recentes trabalhos A companhia traçou uma estratégia aplicada ao controle de
de seus pesquisadores na área de variedades pragas como a broca da cana e de doenças provocadas por fungos.
de cana-de-açúcar. O programa abrange ainda uma metodologia de manejo centrada
O professor Hermann Paulo Hoffmann, co- na antecipação da maturação da cana-de-açúcar.
ordenador do Programa de Melhoramento Ge- O ponto de partida da proposta da DuPont foram análises re-
nético da Cana-de-Açúcar (PMGCA) da Ufscar, centes de pesquisadores que apontaram aumento significativo na
(Universidade Federal de São Carlos), explica incidência de pragas e doenças dos canaviais. Esse cenário, segun-
que o evento é dirigido, principalmente, aos do especialistas, decorre da mecanização da colheita e também da
profissionais das empresas conveniadas a Ri- redução verificada, desde a crise de 2008, nos investimentos em
desa (usinas e entidades de fornecedores de tecnologia aplicada às lavouras.
cana), com o intuito de deixá-los informados Na safra em andamento, contudo, de acordo com a DuPont, vá-
sobre as pesquisas que estão em andamento rias usinas e fornecedores de cana estão retomando investimentos
nas universidades que compõem a Ridesa, vi- em programas de controle fitossanitário, baseados principalmen-
sando a melhoria dos canaviais brasileiros e te no uso de inseticidas e fungicidas. As estimativas no tocante a
auxiliando o setor a aumentar a produtividade moagem, produção de açúcar e de etanol, que registraram quedas
e a competitividade. no primeiro semestre, levaram a companhia a detectar, também,
Durante o evento serão antecipadas infor- potencial crescimento no uso de maturadores na cana.
mações dos próximos lançamentos e, também, “A qualidade da matéria-prima influenciará diretamente nos
novidades sobre as demais áreas de pesquisa resultados das usinas nesta safra, que prossegue em condições
envolvendo a cultura canavieira. A programa- desfavoráveis nos principais ambientes de produção”, resume Ma-
ção do evento será composta por cinco pales- noel Pedrosa, gerente de Marketing da DuPont. “Ao implantar uma
tras com pesquisadores das universidades que estratégia eficiente de manejo fitossanitário, o produtor terá mais
integram a Ridesa, uma palestra sobre irriga- açúcar por hectare, e poderá compensar perdas na qualidade de
ção em cana-de-açúcar e outra que apresenta- sua matéria-prima”, resume.
rá o tema “Avaliação da Qualidade do Canavial O executivo reforça que os números divulgados pela Unica
Brasileiro”. (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) demonstram que a sa-
Hermann Paulo Hoffmann, coordenador do Programa de fra do Centro-Sul registra queda verificada na moagem, sendo na
Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar: encontro visa
informar sobre as pesquisas que estão em andamento nas primeira quinzena de setembro, foi de 24% em relação a agosto
universidades que compõem o Ridesa e de mais de 13% comparada ao mesmo período do ano passado.
Para Pedrosa, há ainda outros dois indicadores que reforçam a
necessidade de investimentos na qualidade da matéria-prima de
parte das usinas: o aproveitamento da moagem, que ficou em 65,9%
nos primeiros quinze dias de setembro, contra 86,8% de agosto e
a redução de 4%, em relação a 2011, na quantidade de Açúcares
Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar, atin-
gindo para 143,03 kg,
De acordo com o gerente, além da ferrugem alaranjada, doença
que provoca estragos incalculáveis no canavial, a ação do produ-
tor de cana-de-açúcar deve focar o controle da broca gigante no
Nordeste e da broca no Centro-Sul.
“Anos chuvosos potencializam o avanço de doenças e pragas.
Em 2009, por exemplo, choveu além da medida e houve eleva-
da incidência de ferrugem alaranjada nos canaviais do Centro-
-Sul. Este ano já vimos variedades de cana, antes tidas como re-
sistentes à doença, serem atacadas”, relata Pedrosa.

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executivo

Foi preciso uma dose extra de resiliência para este executivo


que, de cortador de cana chegou a gerência. Hélio Teixeira Be-
lai, gerente Industrial da Usina São Francisco, da SCJ Bioener-
gia, e diretor de Marketing do Gemea (Grupo de Estudos sobre a

Hélio Teixeira Belai Maximização da Eficiência Agroindustrial) passou por muitos


desafios para chegar a sua atual posição.

Idade Para ajudar na renda familiar, e por ser o irmão mais velho
47 anos de um total de sete filhos, com apenas 14 anos, Belai começou
a trabalhar como cortador de cana na lavoura de cana-de-açúcar
Naturalidade da Usina Central Paraná, em Porecatu, PR.
Borrazópolis, PR
“Na época só consegui estudar até a 6ª série, porque precisava

Estado Civil andar 10 km de bicicleta entre ida e volta, então ficava difícil ir
Casado há 20 anos e tem três filhos à escola. Às vezes dormia em cima da carteira, pois acordava às
quatro da manhã e ia dormir só às 23 h. Eu ficava muito cansa-
Formação do de ter de pedalar 10 km para pegar um caminhão, na época
Administração de Empresas pela Unitas
improvisado e com bancos de madeira, que me conduzia para
de Tangará da Serra, MT, e mestrado
os canaviais”, relembra o executivo.
pela Universidade Federal do MT
Em 1980, seus pais se mudaram para a cidade de Rio Bri-
Cargo lhante, no Mato Grosso do Sul. Lá, Belai atuou como auxiliar
Gerente Industrial da Usina São de analista na Destilaria Rio Brilhante. “Logo fui promovido a
Francisco, da SJC Bioenergia, e diretor analista, depois a microbiologista, chegando ao cargo de coor-
de Marketing do Gemea (Grupo de
denador de Laboratório. Fiquei lá até 1985.”
Estudos sobre a Maximização da
Eficiência Agroindustrial) Em 1986, o executivo passou pela Usina Coprodia, em Mato
Grosso, como chefe de Laboratório e saiu de lá como supervisor
Hobbies de Produção. De 1987 a 1989 trabalhou na Usina Atenas, em Mi-
Estar com a família, ler, visitar amigos e nas Gerais, como chefe de Laboratório e assistente de produção.
parentes, e estudar inglês “Em 1990, retornei para a Coprodia como gerente de Produção,
época que senti a necessidade de dar continuidade aos meus
Filosofia de vida
“Acreditar num ser superior (em Deus). estudos. Dessa forma iniciei, de forma gradativa, os cursos de
O ser humano sem um objetivo espiritual Tecnologia em Fabricação de Açúcar e Etanol, Administração de
seria como um barco sem rumo” Empresas, MBA em Administração e Marketing, finalizando com

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executivo
o curso de Mestrado em Agricultura bonés, bolsas, canetas, chaveiros e
na UFMT, concluído em 2006.” outros brindes, colocava a logomar-
Ainda em 1999, no momento em ca da ONG com os dizeres “Proteja o
que o setor sucroenergético sofria Meio Ambiente” e “Use carro a Ál-
uma crise, Belai tomou a decisão de cool” e os vendia para conseguir re-
abrir uma ONG para defender o carro cursos para a divulgação do projeto.
a etanol. “Imaginei que produzindo Também aproveitava as oportunida-
etanol com custo de R$ 0,30 (na épo- des de palestrar nos eventos do setor
ca) e com o preço de venda a R$ 0,18, para a divulgação das vantagens em
o setor poderia sofrer com os impac- se utilizar etanol nos automóveis, ao
tos negativos. Como gosto muito do mesmo tempo que adquiria mais co-
setor sucroenergético, resolvi fazer nhecimento nos eventos.
a minha parte, pois não queria sair “Durante o curso de MBA em Ad-
do setor.” ministração prossegui estudando
Belai ao lado de Henrique Amorim, da Fermentec
Ele foi fundador e presidente da perdas e os subprodutos da cana.
ONG Coproverde durante sete anos e conta que tinha em mãos Este trabalho deu origem a ideia de ingressar no mestrado
um grande projeto de divulgação sobre as vantagens na utili- com a finalidade de continuar estudando as possíveis perdas
zação de carros movidos a etanol. Belai conta que ministrou recuperáveis dentro da uma usina, tendo em vista que o setor
palestras em vários locais do Brasil em defesa do meio ambien- sucroenergético possui grande carência no âmbito tecnológi-
te e em prol do carro movido a etanol. co e de informação e, ainda tem muito a melhorar. Concluí o
Para dar início aos trabalhos da ONG, comprava camisetas, curso de Mestrado em Março de 2006”, diz.

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executivo
a redução de perdas e aumento da eficiência indus-
trial, Belai se atenta ao fator humano da empresa. Sua
filosofia de trabalho é preparar a equipe para ter ex-
celência em suas habilidades e contribuir com a alta
performance da empresa. “Sou um líder motivador e
acredito que precisamos ensinar a pescar e não dar
o peixe. Temos que investir nos colaboradores. Sou
extremamente motivado e motivador, pois nossos co-
laboradores são a máquina que faz girar a empresa e
quanto mais motivados, mais retorno para a empresa.
Recentemente, estive nos EUA e durante minha estada
aproveitei para visitar algumas empresas americanas.

Ao lado de seus três filhos e da esposa, com quem é casado há 20 anos Lá, pude comprovar os impactos positivos gerados às
grandes corporações que adotam filosofias de investi-
No final de 2008, o executivo foi contratado como gerente mento não somente no âmbito profissional, mas tam-
Industrial na Usina São Francisco, da SCJ Bioenergia, de Qui- bém do ser humano.”
rinópolis, GO. “Lá, juntamente com colegas do setor, funda-
mos o grupo temático industrial Gemea – Grupo de Estudos entre o lazer e os estudos
de Maximização da Eficiência Agroindustrial, onde participo Se o executivo tivesse mais tempo, praticaria mais
como diretor de Marketing. Temos como principal objetivo natação, seu esporte favorito, e viajaria mais. “Gosto de
trazer ao Estado de Goiás as melhores tecnologias. Portanto, nadar. Mas não tenho o feito como gostaria devido ao
trabalhamos de forma incansável para reduzir custos, elevar tempo. Também gostaria de viajar mais, mas até agora
eficiência e estreitar a lacuna de mão de obra qualificada no só foquei nos estudos, já que na idade adequada não
setor sucroenergético do Estado”, explica Belai. tive condições. A viagem feita este ano para os Estados
Unidos foi inesquecível, pois aprendi muito sobre o
IndÚstria e capital humano que é preciso evoluir dentro do setor. Há muitos luga-
A indústria passou por momentos de ociosidade e falta de res que gostaria de visitar. São tantos que não tem um
investimentos. Mas para atingir as metas e atender a deman- favorito, no entanto, creio que a próxima viagem será à
da projetada para 2020, será que as usinas voltarão a investir África do Sul. Quero conhecer e ver de perto algumas
na indústria? tecnologias que acredito serem úteis aqui.”
Belai acredita que os mais espertos já estão investindo, Sua rotina tem início às sete da manhã, quando vai
aproveitando a baixa nos custos. “Porém alguns vão esperar à Usina São Francisco. Lá, cumpre sua rotina industrial
faltar produto e o preço subir para investir. A tendência é que com reuniões de planejamento, produção, análise de
se invista na área de etanolquímica, mas creio que isso ainda falhas e outras demandas.
leve um tempo, algo em torno de três anos. O prioritário agora Fora dos dias de trabalho, quando sobra tempo, ele
é investir no setor agrícola visando aumentar a produtivida- gosta de aproveitar para ficar com sua família, formada
de, reduzir raio, investir na manutenção preditiva e com isto, pela esposa, com quem é casado há 20 anos, e seus três
elevar as eficiências. Acredito ainda que é preciso incentivar filhos. Gosta também de ler, visitar amigos e parentes e
investimentos em pesquisas, visando levantar tonelagem de estudar Inglês. Belai nunca para de estudar. “Sou uma
cana por hectare, trabalhar na redução de pragas, irrigação e pessoa realizada, mas continuo estudando, principal-
uso de subprodutos para melhoramentos no solo. Sem pesqui- mente inglês, devido a internacionalização do setor. Um
sas, os obstáculos são cada vez mais desafiadores para o setor. dos meus objetivos é concluir o Doutorado que parei de
Outro ponto relevante que deve adquirir fortes investimentos fazer na época em que tive que me mudar do Mato Gros-
será a sustentabilidade, aliás, já se percebe fortes movimenta- so do Sul para Goiás. Acredito que o setor possui gran-
ções neste sentido.” des lacunas e pretendo colaborar diminuindo a distân-
Na Usina São Francisco, mais do que o compromisso com cia entre as usinas e as universidades”, finaliza.

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Fatos e
Retratos

Adriano e Antonio, da BrasEq Simão Tavares, da Serquímica Equipe Neolider

Ton van Nimwegen, diretor de Atacado do


Banco Rabobank Brasil International Alessandro Gardemann,
Equipe Bortolot
CEO da Geoenergética

Leandro, Amauri e Júlio, da Cestari Michele, Gleice e Joachim, da Leser Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA

Meroveu, Alberto, Thiago e Marcelo,


da Sew Eurodrive Lorival Leal, da Caig
Eduardo Kabaya, da Protego
(Cia. Agroindustrial de Goiânia)

57
dropes
sAFrA DE cAnA-DE-AÇúcAr DEvErá sEr A aquisição torna a Copersucar líder mundial em
EsTEnDiDA Em Um mês operação de etanol, respondendo por cerca de 12% de
A maioria das usinas e destilarias da região de Ribei- participação de mercado. As empresas, juntas, agora
rão Preto, SP, deverá estender a safra entre a primeira e somam uma capacidade de oferta do biocombustível
a segunda quinzena de dezembro. Tradicionalmente, a de 10 bilhões de l (2,6 bilhões de galões) anuais. A es-
moagem da cana-de-açúcar termina em novembro, mas timativa é de que esse volume seja ampliado para 18
neste ano será prorrogada em um mês porque haverá bilhões de l em três anos, além de dobrar o faturamento
matéria-prima a ser processada no período. no mesmo período.
A prorrogação decorre do início ‘atrasado’ da safra.
Por conta das chuvas, ao invés de abril, a maioria das PrODUTOrEs DE cAnA-DE-AÇúcAr EsTÃO
fábricas começou a moagem em maio. No ano passado, mAis cOnFiAnTEs
a Usina São Francisco, de Sertãozinho, foi a primeira da O Índice de Confiança dos Fornecedores do Se-
região a encerrar o ciclo ainda em setembro. Dessa vez, tor Sucroenergético (ICFSS Reed Multiplus/Fundace),
segundo a assessoria de imprensa da usina, a moagem medido pela Faculdade de Economia, Administração
entrará no último mês do ano. e Contabilidade da USP (Universidade de São Paulo)
de Ribeirão Preto, SP, atingiu 0,54 pontos em outubro.
sAFrA 2013/2014 DEvE rEPETir A DE O valor é ligeiramente maior que o registrado no mês
2010/2011 anterior, quando o índice atingiu 0,52 pontos. No en-
A produção de cana-de-açúcar na safra 2013/2014 tanto, é menor que os 0,56 pontos de outubro do ano
deve atingir, no máximo, 557 milhões de t no Centro-Sul passado.
do Brasil, de acordo com a avaliação inicial da consul- Construído bimestralmente por meio de telefone-
toria Canaplan, divulgada no final do mês de outubro. mas e internet, o ICFSS é calculado a partir da opinião
O volume é igual ao processado há duas safras, ou seja, de gestores de empresas ligadas à produção de cana.
em 2010/2011. Na safra 2011/2012 foram processadas O índice é composto por duas variáveis: as condições
493 milhões de t e, na atual, o volume moído deve ficar atuais e as expectativas do setor. A primeira fechou
em 510 milhões de t. em 0,44 pontos, o que sinaliza um patamar insatisfa-
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, sócio-diretor da con- tório para os gestores entrevistados. Por outro lado, a
sultoria, afirmou que as previsões iniciais para a próxi- segunda variável indica expectativas otimistas para o
ma safra, de 580 milhões a 600 milhões de t de oferta, futuro, já que seu valor marcou 0,59 pontos. É o me-
são muito otimistas. E, apesar do crescimento modesto, lhor resultado desde abril.
a produção estimada para o próximo ano “mostra que A pesquisa também compara a evolução do ICFSS
o vale já começa a ser superado”, em uma referência à com o Índice de Confiança do Empresário Industrial
crise do setor, com a falta de investimentos nas lavou- (Icei), feito pela Confederação Nacional da Indústria
ras após 2008. (CNI) no mesmo período. Embora ambos tenham apre-
sentado aumento, a confiança dos entrevistados nas
cOPErsUcAr virA LíDEr Em fábricas está maior: a elevação do Icei foi de 0,03 pon-
vEnDAs DE ETAnOL tos, 0,01 ponto a mais do que o índice dos produtores
A Copersucar, líder em comercialização de açúcar e rurais.
etanol no Brasil, anunciou a compra da norte-americana
Eco-Energy, que também atua na venda e na distribuição nOTA DE FALEcimEnTO
de biocombustíveis. No dia 14 de outubro, após a queda do avião mono-
A empresa brasileira será motor que pilotava, em Ibirá, SP, morreu, aos 52 anos,
controladora da americana, mas José Eduardo Venanzi Bussiolli, que trabalhava no Gru-
a participação acionária exata na po VO. Além dele, a passageira Michele Lazaro, 28
companhia e o valor do negócio anos, filha de um amigo de Bussiolli, também faleceu.
não foram revelados. A Eco- Bussioli era filho de Santo Bussioli, que traba-
-Energy é a terceira maior comer- lhou muitos anos na Usina São João e era bastan-
cializadora do produto nos EUA, te conhecido em Araras. Bussiolli tinha a aviação
com fatia de 9% do mercado. apenas como um hobby.

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