Política Nacional de Atenção Básica

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Política Nacional de Atenção Básica.

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da experiência acumulada por


conjunto de atores envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a consolidação do
Sistema Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, usuários, trabalhadores e
gestores das três esferas de governo. No Brasil, a Atenção Básica é desenvolvida com o mais
alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das
pessoas.
As Unidades Básicas de Saúde – instaladas perto de onde as pessoas moram, trabalham,
estudam e vivem – desempenham um papel central na garantia à população de acesso a uma
atenção à saúde de qualidade. Dotar estas unidades da infraestrutura necessária a este
atendimento é um desafio que o Brasil.

DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA

A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e


coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com
o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e
autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. É
desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e
participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios
definidos, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade
existente no território em que vivem essas populações.
A Atenção Básica tem como fundamentos e diretrizes:

I -Ter território adstrito sobre o mesmo, de forma a permitir o planejamento, a programação


descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com impacto na
situação, nos condicionantes e nos determinantes da saúde das coletividades que constituem
aquele território, sempre em consonância com o princípio da equidade;
II - Possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos,
caracterizados como a porta de entrada aberta e preferencial da rede de atenção, acolhendo
os usuários e promovendo a vinculação e corresponsabilização pela atenção às suas
necessidades de saúde. O estabelecimento de mecanismos que assegurem acessibilidade e
acolhimento pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço de saúde que
parte do princípio de que a unidade de saúde deva receber e ouvir todas as pessoas que
procuram os seus serviços, de modo universal e sem diferenciações excludentes. O serviço
de saúde deve se organizar para assumir sua função central de acolher, escutar e oferecer
uma pela resposta, ainda que esta seja ofertada em outros pontos de atenção da rede. A
proximidade e a capacidade de acolhimento, vinculação, responsabilização e resolutividade
são fundamentais para a efetivação da atenção básica como contato e porta de entrada
preferencial da rede de atenção;
III - Adscrever os usuários e desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as
equipes e a população adscrita, garantindo a continuidade das ações de saúde e a
longitudinalidade do cuidado. A adscrição dos usuários é um processo de vinculação de
pessoas e/ou famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser referência para
o seu cuidado. O vínculo, por sua vez, consiste na construção de relações de afetividade e
confiança entre o usuário e o trabalhador da saúde, permitindo o aprofundamento do
processo de corresponsabilização pela saúde, construído ao longo do tempo, além de
carregar, em si, um potencial terapêutico. A longitudinalidade do cuidado pressupõe a
continuidade da relação clínica, com construção de vínculo e responsabilização entre
profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo permanente, acompanhando os efeitos
das intervenções em saúde e de outros elementos na vida dos usuários, ajustando condutas
quando necessário, evitando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia
decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da coordenação do cuidado;
IV - Coordenar a integralidade em seus vários aspectos, a saber: integrando as ações
programáticas e demanda espontânea; articulando as ações de promoção à saúde,
prevenção de agravos, resposta positiva, capaz de resolver a grande maioria dos problemas
de saúde da população e/ou de minorar danos e sofrimentos desta, ou ainda se
responsabilizar vigilância à saúde, tratamento e reabilitação e manejo das diversas
tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins e à ampliação da autonomia dos
usuários e coletividades; trabalhando de forma multiprofissional, interdisciplinar e em equipe;
realizando a gestão do cuidado integral do usuário e coordenando-o no conjunto da rede de
atenção. A presença de diferentes formações profissionais, assim como um alto grau de
articulação entre os profissionais, é essencial, de forma que não só as ações sejam
compartilhadas, mas também tenha lugar um processo interdisciplinar no qual
progressivamente os núcleos de competência profissionais específicos vão enriquecendo o
campo comum de competências, ampliando, assim, a capacidade de cuidado de toda a
equipe. Essa organização pressupõe o deslocamento do processo de trabalho centrado em
procedimentos, profissionais para um processo centrado no usuário, onde o cuidado do
usuário é o imperativo ético-político que organiza a intervenção técnico-científica; e
V - Estimular a participação dos usuários como forma de ampliar sua autonomia e
capacidade na construção do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do território,
no enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, na organização e orientação
dos serviços de saúde a partir de lógicas mais centradas no usuário e no exercício do controle
social. A Política Nacional de Atenção Básica considera os termos “atenção básica” e
“Atenção Primária à Saúde”, nas atuais concepções, como termos equivalentes. Associa a
ambos: os princípios e as diretrizes definidos neste documento. A Política Nacional de
Atenção Básica tem na Saúde da Família sua es- Política Nacional de Atenção Básica 23
tratégia prioritária para expansão e consolidação da atenção básica. A qualificação da
Estratégia Saúde da Família e de outras estratégias de organização da atenção básica deverá
seguir as diretrizes da atenção básica e do SUS, configurando um processo progressivo e
singular que considera e inclui as especificidades locorregionais.

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