Confronto Armado
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gridade fsica do agressor. Nesses casos altamente recomendado uso de tcnicas de imobilizao. Em alguns casos, por no termos o treinamento necessrio para aplicar uma tcnica de controle ou para restringirmos os movi- mentos, o uso de armas no letais intimida o agressor e inibe a escala- da da violncia. mais difcil para o agressor avanar contra um pol i- cial que exibe seu basto ou que usa um agente qumico. A ltima opo o uso de armas letais, justifica o uso em situa- es de legtima defesa, especificadas na lei. So importantes o bom senso e a responsabilidade, alm, claro, do treinamento adequado. importante ressaltar que podemos pular etapas no gradiente de fora, no caso de uma pessoa estar apenas agredindo verbalmente o policial, e tentarmos negociar, este escala na violncia e tira um revlver epentinamente. Podemos, ento, fazer uso de meios letais para nos d e- fender. O momento que decide qual a melhor resposta. Existem subnveis, em cada nvel de fora, que devem ser cons- tantemente treinados para que em uma situao de risco possa o policial decidir rapidamente qual a resposta adequada para cada situao. Escala de Proporcionalidade do Uso da Fora TIPO SITUAO AO NVEIS Posicionamento; Postura; Presena; Menos fora. PREVENTIVO Ameaa Verbal; Ordem; Aviso; Negociao, Voz do policial. Resistncia ativa; Chave de Brao, Ponto de Presso; Controle fsico. Resistncia passiva; Uso do corpo; Controle de contato. Agresso no-letal; Armas no-letais; Golpes contundentes; Fora no-letal. REATIVO Armas. Fora letal. Fora letal. RISCO RESPOSTA Agresso letal Fora letal Agresso no-letal Fora no-letal Resistncia ativa Controle fsico Resistncia passiva Controle de contato 1.4 OS ELEMENTOS DO USO DA FORA Os estudiosos em polcia enfatizam a necessidade de se medir a quantia de fora usada por agentes policiais e por suspeitos. A tarefa de medir a quantia de fora requer o conhecimento dos comporta- mentos especficos dos atos do que se constitui a fora e a quantida- de de fora empregada em cada situao. Estudos do Instituto Nacio- nal de Justia do Departamento de Justia dos Estados Unidos identi- ficam cinco elementos de fora: armas, tticas de defesa pessoal, res- tries, movimento e voz. 1) Armas H consenso geral de que o uso de uma arma constitui uso de fora e que o uso de certos tipos de arma, por exem- plo: carabinas e rifles, envolvem mais fora que outras armas como bastes e armas
de gs ( tipo-spray de pimenta). O que no muito clara, o significado de uso. Por exemplo, uma arma de fogo tem que ser descarregada para ser usada? Tambm no clara a de aceita- o pacfica por especialistas, se a posse, ameaa do uso, ou exibio de uma arma constitui uso de fora por policiais ou por suspeitos. 2) Tticas de defesa Os policiais utilizam e so treinados para usar uma variedade de tticas de defesa, desde tcnicas de asfixia, at segurar o suspeito ou detido pelo brao. Cada uma destas tticas envolve contato fsico entre o policial e o suspeito e no envolve uso de objetos especficos para aplicar o uso da fora. 3) Restries Um elemento de fora que os policiais adotam bastante o uso de restries. So listados trs possveis tipos de re s- tries: algemas, revista, chave de brao. O uso de restries fre- qente, mas no universal. Algemar tipicamente percebido comoe m- prego de fora, apesar de ser uma defesa do policial contra odesviante. Essa tcnica est sujeita a srias restries legais, mas que, em nossa compreenso de fora, poderia incluir no uso de restries mais seve- ras, por exemplo, os casos de controle com suspeito ajoelhado ou dei- tado no cho. 4) Movimento Um aspecto de encontros de polcia-pblico em situaes de confronto a fuga de suspeitos e perseguio policial ou tecnicamente chamada, acompanhamento ttico. Embora a maioria das pesquisas e discusses de poltica no uso de fora falem de fuga ou perseguio, inclumo-los como elementos potenciais de fora. 5) Voz um elemento potencial de fora, que a polcia e m- prega para controle dos suspeitos. As pesquisas policiais listaram quatro categorias de voz ou comando policial: socivel, comandos, gritando, e ameaas verbais. Embora o principal do que se entende como tpico uso de fora no envolva o que dito, mas o que determinado, a natureza da comunicao verbal, especialmente se envolver ameaas, enquanto gritando, pode ser um elemento de fora e precisa ser incorporado em como ns entendemos, como limite do uso de fora. 1.4.1 Medidas de fora O uso da fora tem limite ou medidas, e estudos classificaram- na, para efeito de anlise em fora fsica, ameaa de vantagem de fora fsica, quantidade contnua de fora e fora mxima. Cada uma dessas medidas um resumo de comportamentos derivados, combi- nando aes especficas dos agentes policiais e suspeitos em diferen- tes modos. reconhecida a probabilidade que nenhuma medida captu- re bem todos os enfoques diferentes do uso de fora. Assim, as pes- quisas usam medidas mltiplas de fora para incorporar, mais preci- samente os vrios modos nos quais a fora conceptualizada pela polcia, o pblico e investigadores. 1) Fora fsica A primeira medida uma dicotomia conceitual tradicional das preocupaes dos especialistas, estudiosos e prin- cipalmente das organizaes de defesa dos direitos humanos, quando a fora fsica pode ou no ser usada. Ns definimos o uso da fora fsica de policiais e para suspeitos de forma paralela, mas de maneira ligei- ramente diferente. Para as demais instituiesnopoliciais, a defini- o de fora fsica inclui qualquer abordagem na qual qualquer arma ou ttica de defesa pessoal so usadas. Para a polcia e para suspeitos, o emprego da fora fsica na abordagem policial quando os mesmos usam restries mais severas, como agresso, algema, chaves de brao etc. 2) Ameaa de vantagem de fora fsica A segunda medida, ameaas de vantagem de fora fsica, inclui todos os elementos de fora fsica mais a soma do uso de ameaas e exibies de armas. Esta medida combina fora fsica atual com ameaas de fora. Alm de ser esta combinao imprpria para alguns propsitos, so comuns as reclamaes de civis do uso de ameaas por parte de policiais que, apesar do uniforme, armas e da fora fsica, ainda se socorrem do uso de ameaas de sua condio para intimidar o oponente. 3) Quantidade contnua de fora A terceira medida, quan- tidade contnua de fora, estabelece as posies de fora geralmente usadas atravs das instituies policiais
para indicar nveis distintos de resistncia do civil e nveis de resposta do policial. A quantidade con- tnua de medidas de fora tem uma posio natural de categorias do menos forte para o mais forte, considerando a diferena entre presena do policial, as ordens emanadas e o uso da arma fora letal. Ela envol- ve seqencialmente a resistncia ao policial ou o uso da fora quando esses fatores no forem suficientes para o controle do civil, agente policial, no cumprimento de sua misso, aumenta a intensidade de seu repertrio de respostas. 4) Fora mxima A concepo de uso da fora mxima compreende o exerccio mximo do poder de polcia para restabelecer uma ordem violada e a resistncia do civil ordem policial, obrigan- do-o a utilizar-se seqencialmente das medidas de fora para cumpri- mento de sua misso. Em algumas situaes as medidas de foras no so seqenciadas, podendo o policial partir para a ltima medida, como o uso direto da fora letal, para poder sobreviver. 1.5 TIPOS DE RESPOSTAS Em um encontro de um ou mais policiais com civil(s), foram identificadas trs tipos de respostas: 1) Encontro cooperativo O cidado extremamente coope- rativo com as ordens emanadas pela autoridade policial. 2) Encontro resistente O cidado revel ordem policial, porm no emite aes agressivas que exijam o uso de resposta de defesa por parte do policial, sendo que essa resistncia se classifica em trssubtipos, ou seja: a)segue a orientao do policial como, por exemplo, fica esttico, agar- ra-se a um poste etc. b) Resistente ativo quando o civil resiste ao sem, contu- do agredir o policial, opondo forte resistncia fsica a sua atuao, como espernear-se, debater-se, resistir entrada na viatura, gritos d e- sesperados etc. c) Agressivo o cidado agressivo constitui-se naquele que imediatamente aproximao policial ou logo aps a abordagem, re a- ge violentamente, sendo que esse tipo de resposta divide-se em quatro subtipos: (1) Primeiro nvel O movimento do civil contra o policial envolve a tentativa de contato fsico, e provavelmente essa ao no causar danos fsicossignificantes no policial, a no ser exigir um esforo fsico. (2) Segundo nvel Envolve provavelmente contato fsico na tentativa de agresso contra o policial, exigindo o emprego de tcnicas de defesa pessoal ou emprego de outro meio no letal para defesa. Geralmente os resultados envolvem o uso de fora fsica, leses co r- porais etc. (3) Terceiro nvel Envolve aes que provavelmente provo- caro danos fsicos ou ameaa vida de policiais ou civis inocentes. O modo de ao envolve armas brancas, veculos, objetos contundentes, armas de fogo ou grupos de agressores em nmero maior que as foras policiais. (4) Quarto nvel Refere-se especificamente recepo do policial pelo cidado atravs de confrontos armados, sem possibilida- de de abordagem verbal ou outros meios. A forma de avaliar o emprego da fora contra civis deve ser objetiva, podendo essas fases ocorrerem individualmente ou progres- sivamente e a ao do policial ser adequada a cada uma das fases e seu preparo psicolgico para entender essas fases essencial para que no acabe provocando evoluo de uma fase para outra. 1.6 FASES DINMICAS DO ENCONTRO Salomon (1990) descreveu cinco fases dentro de uma dinmi- ca de encontro mortal em potencial que pode ser enfrentado por um policial. Essas fases so extremamente flexveis, podendo o policial pular as fases instantaneamente, como da fase 01 para fase 05. O tempo para cada fase depende da dinmica do evento, assim como a velo- cidade de reao para cada fase depende da capacidade individual de cada policial. Essas fases so: 1) Primeira fase Preocupao O policial tem elementos para se preocupar com uma situao aparentemente normal, mas que pode ter potencial em transformar-se numa situao problemtica. 2) Segunda fase Alerta de vulnerabilidade O policial pode acreditar que est ficando vulnervel a uma ameaa pessoal ou pode perder o controle imediato de uma
situao. 3) Terceira fase Mudana de foco Ocorre uma mudana cognitiva da fase de foco interno de vulnerabilidade percebida para estratgias de ao. 4) Quarta Fase Sobrevivncia A possibilidade de ameaa vida do policial pelo agressor contnua e a percepo se estreita para focalizar-se apenas na ameaa e nesse momento so elaboradas estra- tgias de ao. 5) Quinta fase Luta ou vo O policial ocupa-se de estra- tgias de sobrevivncia como a nica opo vivel ameaa percebida sua vida. Scharl e Agudo (1983) elaboraram outras concepes para an- lise das fases identificveis de encontros de altos riscos, assim descri- tas: 1) Fase da antecipao Essa fase envolve o perodo no qual o policial toma conhecimento da necessidade de uma interveno (ocor- rncia) at a chegada ao local do evento. 2) Fase da entrada na cena a fase em que o policial entra em cena fisicamente e faz contato inicial com o cidado. Elaboram-se decises tticas sobre a cobertura e as melhores tcnicas de ao no evento percebido. 3) Dilogo e informao (fase de definio) a fase na qual o policial faz a avaliao da situao, estabelece prioridades, ordem na situao ou tenta negociar com o sujeito ou civil sobre natureza do problema, possveis solues ou ambas, visando solucio- nar a ocorrncia. 4) Fase das tticas de controleno-letais O policial analisa e considera qual a ttica de controlesno-letais que poder utilizar efetivamente para solucionar ou no a ocorrncia. 5) Fase da deciso final Nesse ponto crtico, o policial tem que tomar a deciso sobre se utiliza ou no sua arma de fogo. 6) Fase do resultado So as conseqnciasps-evento, seja institucional, administrativo ou jurdico relacionado ao encontro. Autores policiais acreditam que a elaborao de tais pensamentos ocorre de modo semelhante no agressor. O medo das conseqncias contagioso. Se o policial tem medo das conseqncias, tambm pr o- vvel que o agressor o tenha. A capacidade que uma pessoa tem para responder a uma situaoestressante envolve uma relao complexa entre estimulao e percepo do fato e a capacidade de responder eficazmente e efetivamente ao fato 1.8.3 Fatores de contra-indicao Alm da compatibilidade com o perfil, o candidato no poder apresentar os fatores de contra-indicao abaixo relacionados: defensibilidade exagerada (a pessoa no consegue se mostrar como , dificultando a avaliao); no identificao com a vida policial ou militar (a pessoa visa somente um meio de obter ganhos para si prprio, sem oferecer nada em troca); inteligncia com classificao inferior mdia; desequilbrio emocional (instabilidade de humor, descon- trole da ansiedade); fragilidade emocional (a pessoa se sente impotente e sem condies de reagir diante das mais variadas situaes); manejo inadequado da agressividade (pessoa com tendn- cia a exploses e ao descontrole agressivo); rigidez afetiva; impulsividade (tendncia a tomar atitudes precipitadas sem o devido controle, o que conseqentemente, causa prejuzos para o indivduo e para os outros); imaturidade emocional (no se refere idade cronolgica do candidato, mas forma como lida com as situaes de vida, ou seja, mesmo sendo adolescente com a imaturida- de inerente a essa fase, no pode portar-se em situaes de inadaptao geral); tiques; apatia; submisso; sugestionabilidade; grave dependncia (dificuldade para tomar decises sozinho); pensamento concreto (a pessoa no consegue abstrair com isto entender questes mais complexas); distrbios de linguagem ( disartria dificuldade na pro- nncia e articulao das palavras e desvalia dificuldade em articular palavras); dificuldade de relacionamento interpessoal, inibio;
rigidez excessiva com estereotipia de postura e linguagem; oposicionismo (dificuldade para acatar e aceitar figuras que representam autoridade); ansiedade muita elevada (ocasionando bloqueio e conse- qentemente, a incapacidade para reagir adequadamente sob tenso); confuso mental; desonestidade. 1.9 O CRCULO DA SOBREVIVNCIA 1.9.1 Introduo No desempenho da atividade policial, o agente da lei deve obri-gatoriamente conhecer todas as tcnicas de sobrevivncia e, entreas metodologias existentes, foi desenvolvido por pesquisadores policiais um conjunto de tcnicas com cinco componentes, denominado cir- culo da sobrevivncia. O desenvolvimento e o uso das tcnicas no garantem que o policial possa matar ou sofrer acidente mortal, porm aumentam consideravelmente o grau de sobrevivncia. Durante muito tempo os especialistas em polcia ensinaram nos cursos de sobrevivncia policial as tcnicas denominadas trin- gulo da sobrevivncia . Essas tcnicas defendem trs fatores para ao policial, ou seja, a sobrevivncia mental ou psicolgica, a sobre- vivncia fsica e a sobrevivncia legal. Porm essa metodologia com trs fatores no permitem ao policial todos os elementos para sobrevi- vncia. Em algumas organizaes policiais ou academias de polcia os especialistas usam o termo pentgono da sobrevivncia ou seja, uma estrela de cinco pontas onde se interligam todos os elementos. Apesar de a representao grfica no alterar o contedoetodolgico, o termo crculo aqui est sendo empregado, pois repre- senta a integralidade onde todos os pontos se encontram, uma repre- sentao dinmica que simboliza o todo. O crculo da sobrevivncia ao represent-la no sentido amplo e completo, tem cinco componentes de igual valor ou quase iguais no peso. Os cinco componentes so como reas que todos os policiais devem desenvolver para assegurar uma maior condio de sobrevivncia, todavia o circulo de respon- sabilidade individual, e so elementos bsicos de sobrevivncia que devem ser adotados para treinamento e emprego na atividade operacio- nal. .9.2 Preparao mental Quando observa o crculo da sobrevivncia, o policial deparase de imediato com o elemento preparao mental, essencial no pro- cesso de sobrevivncia do policial, em especial, quando faz uso da fora ou depara-se com um encontro mortal, onde em segundo ou m i- lsimos de segundo ele precisa elaborar mentalmente estratgias de sobrevivncia . A preparao mental deve ser motivo de treino cont - nuo, no s nas instrues ou treinamentos normais, mas tambm no dia-a-dia, quando o agente da lei deve imaginar continuamente em quais as ocorrncias pode envolver-se e o que vai fazer para atuar cor- retamente. Ter planejada uma reposta para eventos diversos vital, mesmo diante da pouca possibilidade de o mesmo acontecer, porm esses planejamentos mentais sempre so apropriados para uso mlti- plo em outras ocorrncias. A infinidade dos tipos de ocorrncia, multiplicada por fatores diversos como tempo, horrio, local, nmero de participantes do evento, tipo de armas utilizadas, estado de nimo dos participantes, cria um amplo espectro bastante prismtico para o policial, sendo por isso necessrio um mnimo de preparao mental, to logo tome o- nhecimento dos dados bsicos da ocorrncia ou quando chegar ao local. O policial que trabalha sozinho, sem a presena de um compa- nheiro ou equipe, no tendo com quem discutir as tticas, deve, por conseguinte elaborar muito mais rapidamente o enredo de sua atuao, at que possa contar com ajuda de outras equipes, devendo na preparao mental adotar alguns critrios, entre os quais: 1) Critrio da necessidade Em toda e qualquer deciso t o- mada pelo policial, o critrio da necessidade indispensvel e
deve-se em sua elaborao mental, envolver as seguintes perguntas: A deciso realmente necessria? a nica deciso vivel? Quais as conseqncias de minha deciso? 2) Critrio da validade do risco Na elaborao mental deve ser avaliada se a deciso a ser tomada reduz a possibilidade de risco para o policial ou terceiros. O risco assumido deve ser compen- sado pelos resultados e para isso muito til uma tcnica adotada por policiais de vrios pases, denominadas cdigos de cor , apropriados para os policiais envolverem-se mentalmente em uma ocorrncia ou 1.8.4 Os elementos essenciais so
gatoriamente conhecer todas as tcnicas de sobrevivncia e, entreas metodologias existentes, foi desenvolvido por pesquisadores policiais um conjunto de tcnicas com cinco componentes, denominado circulo da sobrevivncia. O desenvolvimento e o uso das tcnicas no garantem que o policial possa matar ou sofrer acidente mortal, porm aumentam consideravelmente o grau de sobrevivncia. Durante muito tempo os especialistas em polcia ensinaram nos cursos de sobrevivncia policial as tcnicas denominadas trin- gulo da sobrevivncia . Essas tcnicas defendem trs fatores para ao policial, ou seja, a sobrevivncia mental ou psicolgica, a sobrevivncia fsica e a sobrevivncia legal. Porm essa metodologia com trs fatores no permitem ao policial todos os elementos para sobrevi- vncia. Em algumas organizaes policiais ou academias de polcia os especialistas usam o termo pentgono da sobrevivncia ou seja, uma estrela de cinco pontas onde se interligam todos os elementos. Apesar de a representao grfica no alterar o contedoetodolgico, o termo crculo aqui est sendo empregado, pois repre- senta a integralidade onde todos os pontos se encontram, uma repre- sentao dinmica que simboliza o todo. O crculo da sobrevivncia ao represent-la no sentido amplo e completo, tem cinco componentes de igual valor ou quase iguais no peso. Os cinco componentes so como reas que todos os policiais devem desenvolver para assegurar uma maior condio de sobrevivncia, todavia o circulo de responsabilidade individual, e so elementos bsicos de sobrevivncia que devem ser adotados para treinamento e emprego na atividade operacio- nal. simplesmente em patrulhamento, estipulando um processo inicial de sobrevivncia, os quais so: a) Circunstncia branca uma condio leve quandoe- nhuma ameaa atual ou real se apresenta na ocorrncia, podendo policial atuar sem extrema tenso. b) Circunstncia amarela a condio na qual o policial deve assumir o servio, cnscio de que seu ambiente de trabalho perigoso e sempre
h um criminoso disposto a agredi-lo, e ele no pode deixar isso acontecer. c) Circunstncia laranja uma condio de identificao de uma ameaa especfica. d) Circunstncia vermelha uma condio de confronto que requer uma lista de verificao das condies ambientais, deu- posies do que deve ser feito na cena da ocorrncia e a adoo de uma postura bsica para confronto de foras mortais e) Circunstncia preta o policial no tem nenhuma escolha, uma agresso em desenvolvimento. Se o policial no est preparado mentalmente, entra em pnico. Tem que ir da circunstncia branca (totalmente desavisado) para a preta (atirar) em uma frao de segun- do. Se o policial no seguiu o treinamento mental crucial de sempre, se antecipar um ataque, estar em situao de grave risco sua vida. essencial para a sobrevivncia, a sua prpria atitude de estar preparado quando um evento mais crtico e mortal se torna realidade. 3) Critrio da legalidade Na elaborao mental o policial deve planejar sua ao sempre amparadapelos princpios legais, no devendo em qualquer hiptese tergiversar dessa linha. A vontade de trabalhar e resolver o problema para qual foi acionado ou atendeu, desejo de sucesso, aliado ao mito do heri bastante internalizado nos agentes da lei, invariavelmente levam-no a ultrapassar a tnue linha que separa o ato legal do ato ilegal, colocando a sobrevivncia profis- sional do policial em alto risco. 1.9.3 Preparao fsica Quando o sistema do tringulo da sobrevivncia era utilizado pelos especialistas como instrumento de sobrevivncia do policial, preparao fsica era combinada com a preparao mental, pois corpo e mente eram considerados um. No crculo da sobrevivncia a preparao fsica dividida em trssubtipos, ou seja: aptido fsica, tcni- cas defensivas e tcnicas de apreenso. 1) Aptido Fsica um dever pessoal e absoluto do policial, pois comum ter que usar a fora fsica para enfrentar uma resistncia a uma ordem ou cumprimento da ordem legal. Se o policial estiver em condies, pode anular essa resistncia e ganhar esse confronto. aptido fsica pode ainda ser dividida em trs modelos: a) Condicionamento aerbico uma atividade que envolve o condicionamento e a preparao do sistema cardiovascular para real- ar a resistncia do policial. Essa atividade deve ser executada aps uma avaliao mdica, e orientada por um profissional de educao fsica, e essa atividade inclui andar de bicicleta, nadar, andar, andar rpido, patinar etc. b) Treinamento de fora de importncia vital para o poli- cial desenvolver sua resistncia e fora, para suportar as exigncias das atividades profissionais e objetiva desenvolver os msculos e fora fsica, no sendo necessrio desenvolver grandes atletas muscu- losos e sim, dar condies ao policial de adquirir uma boa forma fsica. c) Treinamento de flexibilidade a natureza do servio poli- cial exige de seus integrantes que fiquem muito tempo sentados nas viaturas e se obriguem a sadas rpidas e em velocidades ultrapassan- do barreiras com cercas, muros etc, exigindo, portanto, bastante flexibilidade. Essa flexibilidade deve ser adquirida e mantida atravs de rigorosos treinamentos, de forma que o policial possa sair de uma p o- sio de inrcia para movimentos rpidos e geis. 2) Tcnicas defensivas de vital importncia a manuteno das tticas defensivas, visto que as habilidades psicomotoras so perecveis e se no forem treinadas continuamente so esquecidas pelo policial. Essas tcnicas envolvem habilidades motoras simples, resul- tado de tcnicas normais que se tornam instintivas pelo rigor nas e- peties; habilidades avanadas que envolvem movimentos comple- xos e que requerem treinamento intensivo e as habilidades complexas que envolvem as tcnicas simples ou complexas e que, devido natu- reza do evento, exigem solues envolvendo as tcnicas associadas com uma estratgia cognitiva que envolve soluo original para o fato. 3) Tcnicas de apreenso So as tcnicas de defesa pessoal de como algemar ou controlar um detido pela
polcia. A aplicao correta das tcnicas de controle e de algemas uma rea importante nasobrevivncia do policial. A parte que cabe para cada policial durante um processo de abordagem e revista de suspeitos deve ser praticada exaustivamente pelo policial e sua equipe. 1.9.4 Preparao ttica Preparao ttica so as ferramentas mental e fsica para real i- zar ou atingir uma meta. As tticas envolvem o modo como negocia- mos, pois cada tarefa ou contato inigualvel e requer flexibilidade no uso e seleo de tticas especficas. Os policiais que estabelecem os primeiros contatos em qualquer situao deveriam ter um grande ou maior conhecimento ttico que qualquer outro policial. Todas as tti- cas tm um tempo e um lugar, e todo o policial no deveria deixar de lado treinamentos tticos porque nunca enfrentou ocorrncias nessa circunstncia. Treinar as diversas situaes que poder enfrentar pode ser a melhor ttica possvel, pois o policial deve ser especialista em ler as circunstncias em todas as situaes operacionais em, que se v envolvido. H dois tipos de ameaas que Bruce Siddle identificou e que o policial pode enfrentar: 1) Ameaa espontnea So as situaes onde um policial no tem nenhum conhecimento anterior do evento e acaba se envol- vendo, necessitando de avaliaes e decises de momento. Ex.: policial est em patrulhamento e em circunstncia amarela, quando se defronta com um cidado armado que acaba de efetuar um assalto. 2) Ameaa no espontnea So os tipos de situaes nos quais o policial tem informaes suficientes para saber que h uma ameaa e que o tipo de resposta pode dar. Ex.: Est em patrulhamento quando avisado pela central de uma ocorrncia tipo briga domstica, na qual h discusses, agresses e inclusive tiros. 1.9.5 Equipamento O equipamento disponvel ao policial deve ser o melhor poss - vel, e o mais importante que ele saiba us-lo. Esses equipamentos incluem uniformes, coletes balsticos, calados, seleo da arma, munio, carregadores de velocidade, lanternas etc. Toda a tcnica do uso desses meios deve ser devidamente dominada e utilizada inclusive nos treinamentos, em todas as posies possveis, circunstncias em que o policial deve ser submetido na atividade diria 1.9.6 Habilidade no tiro O limite de uma ocorrncia envolve o risco de morte do agente da lei em confrontos mortais, quando o desviante enfrenta o policial com instrumento letal. Para poder sobreviver e proteger seus colegas de trabalho necessrio que o policial esteja devidamente treinado habilitado na tcnica do uso de arma de fogo, em qualquer circunstn- cia. O treinamento bsico, executado na academia de polcia, mportante, porm s ser eficiente se a habilidade do policial for manti- da atravs de treinamento contnuo. Um policial tem que praticar e participar de todos os exerc - cios possveis, em todas as condies conhecidas; aprender atirar com preciso e agir sob forte tenso de vital importncia para a sobrevi- vncia do policial. 1.10 CARACTERSTICA DO HOMEM POLICIAL A literatura tcnica internacional sobre polcia identificou listou as principais caractersticas que diferenciam o policial do cida- do comum. Explicitando, as principais razes por que os policiais necessitam de um instrumento psicolgico para poder atuar em sua profisso, so: 1) Os policiais so vistos como figura da autoridade e, ao mesmo tempo, temida, e as pessoas os tratam diferente- mente at mesmo quando no esto trabalhando. Quando acontece algum problema, todos olham para o policial esperam que ele o resolva. Temos a cultura de afirmar que o policial sempre est de servio e, at mesmo, quando no est trabalhando, h uma tendncia de o
policial atuar quando ocorre um fato que exige interveno. Ainda que de folga, tenta resolver os problemas quando a maioria se omite, mesmo com os riscos inerentes de se envolver ainda que de folga. 2) O policial vive em um mundo parte, pois pode se reco- nhecer sem hipocrisia hoje, que o uso de um distintivo ou de um uniforme faz o policial se separar da sociedade ou a sociedade segreg-lo, o que produz muitos efeitos psicol- gicos negativos, entre os quais a agressividade. Esse e- nmeno mundial, visto que o policial exerce um papeldiferente e precisa, obrigatoriamente, usar essa mscara ou exercer seu papel. s vezes, esse papel afeta suas vidas e provoca mudanas no curso de suas relaes sociais e em seu prprio tempo. 3) Os policiais trabalham em uma instituio estruturada hierarquizada que requer de seus integrantes o sacrifcio do indivduo para o bem da sociedade. O indivduo no levado em considerao, pois a meta do grupo e sua mis- so so as metas supremas. Em uma organizao militar o indivduo que no segue as normas institucionais deve ser punido, deve ser a avaliado como parte de um sistema. Na instituio militar, o policial no s um indivduo, mas tambm, parte de um programa, parte de um objetivo orga- nizacional. Seu trabalho, por melhor que seja, por mais r e- sultado que obtenha, no admite falhas e erros quaisquer. Alm das presses externas do servio, h as fortes pre s- ses internas tpicas da natureza militar, essenciais para prpria existncia da instituio e cumprimento de sua misso constitucional. A dualidade das presses interna externa leva a uma situao de estresse bastante prejudicial sade mental. 4) Os horrios de trabalho do policial no so normais e- gulares, pois os policiais operacionais trabalham por tur- nos, isto , manh, tarde, noite, finais de semana etc., no tendo um ciclo normal, contrariando a fisiologia do organismo que necessita de horrios padres para refeies, dormir, despertar e at para atividades fsicas. Essas esca- las provocam transtornos fsicos ou mentais para o policial . O horrio de trabalho, varivel tambm, transtorna osa- dres rotineiros que so necessrios para a estabilidade de um relacionamento matrimonial e familiar saudvel, j que os relacionamentos conjugais e familiares tambm esto baseados em rituais, como refeies em famlia, passeios, brincadeiras etc. Os policiais, em regime de escalas diver- sas, tm menos chances de desenvolver essas relaes rituais. Isto predispe o policial a problemas em potencial, como divrcio ou separaes, dificuldade de acompanha- mento e relacionamento com seus filhos. 5) A camaradagem necessria entre policiais pode ser consi- derada tambm seu ponto mais frgil, pois o trabalho de manuteno da ordem exige e cria um senso de trabalho de equipe e uma unidade e coeso com os colegas de traba- lho, criando assim um esprito de corpo. Esse esprito de corpo e de fraternidade ajuda o policial a ter uma sensao de segurana e apoio necessrio em situaes de risco ou perigo. Tambm estimula o senso de pertencer a um grupo, um grupo exclusivo e especial. Seus pontos negativos so a terrvel sensao de vergonha quando, algum da instituio resolve corromper-se ou cometer algum crime que acaba envergonhando o grupo, assim como um dos fatores de alta tenso, seno de trauma, a perda de um companheiro em servio. Por derradeiro, entre os diversos fatores, h sensao de impotncia, de solido que acomete os policiais quando se aposentam. 6) A tenso policial diferente, pois de um tipo diferente de tenso, ou seja, a chamada tenso de estouro. Tenso de estouro significa sempre que no h um estouro fixo, uma explosotencional padro, e sim, s vezes, estouro repen- tino, isto , o policial pela natureza da atividade vai da calma completa para situao de alta tenso. A situao de tenso, para a maioria, consiste em um processo escalona- do de tenso ou que pode ser reduzido ou adaptado antes que se torne incontrolvel. Este no o caso de policiais, porque o descontrole pode acontecer em segundos, pois trabalho de
manuteno da ordem e cumprimento da lei reativo e noproativo. Os policiais chegam pouco antes, durante ou logo aps um evento de conflito, sob fortes emoes, tendo condies de apenas ingerir a no reagir administrar a situao, sendo difcil defender-se contra as tenses decorrentes. 7) Os policiais necessitam estar constantemente no controle de suas emoes, pois a misso exige uma profunda restri- o em circunstncias altamente emocionais. Eles son- sinados que, quando estiverem extremamente entusiasma- dos, devero agir com calma; quando estiverem nervosos, devero controlar-se. Eles devero interagir com o mundo enquanto representam o seu papel, e o constrangimento emocional do papel provoca um tremendo desgaste, con- sumindo energia mental. Quando o dreno dessa energia for muito forte e grande, tende o policial a um esgotamenfora do trabalho, fazendo que o mesmo pare de participar ou diminua sua participao na vida social e familiar. Esse dreno de energia tambm pode criar umcongelamento ou diminuio do seu senso de trabalho e social. 8) O policial trabalha em um mundo onde todos os fatos aes esto baseadas na lei. Direito, justia e injustia so determinados por um padro; os policiais possuem um modus operandi para atuar e juntar evidncias, e podem justificar as suas aes porque esto e representam o lado bom e certo. No mundo real, comum ocorrerem injusti- as e violao de direitos, mesmo com um sistema de e- gurana que contempla um ministrio pblico, poder judi- cirio e ainda existindo a imprensa como instrumento de opinio pblica. Ono-cumprimento da lei em todas suas fases e a incerteza se a justia ser feita tornam muito dif - cil a aceitao e a convivncia do policial com a realidade e requerem uma mudana completa de atitude mental. 9) O mundo real do trabalho policial muito negativo. Ele v a parte ruim da sociedade, o criminoso, o violador das leis, o desviante, que acaba por favorecer as opinies do policial quanto ao carter do ser humano. Cria um cinismo, uma viso crtica do mundo. muito difcil ajustar a confiana no ser humano quando o policial fica o dia todo atuando e trabalhando com pessoas em quem no pode confiar. d i- fcil acreditar nas boas intenes das pessoas quando as v todos os dias tentando ludibriar ou ofender fsica ou psi- cologicamente seu prximo. Esta falta de confiana do p o- licial pode ser transferida para a vida pessoal e na forma como atua com seus vizinhos, amigos e cnjuge. CREDO DA SOBREVIVNCIA DO POLICIAL A vontade de sobreviver, de sobreviver a um ataque, deve ser alta em minha mente. Conseqentemente, a preparao, no a par a- nia, a chave minha sobrevivncia. Para sobreviver devo estar ciente, alerta, confivel, atento, decidido e pronto. Eu devo esperar inesperado e fazer o inesperado. Quando enfrentar um encontro mortal, minha vida depende da reao sem hesitao. No h tempo para ponderaes, porque, pond erando, possivelmente perecerei. Minha resposta, se atacado, no deve ser de medo, mas de agressividade. Eu devo obstruir todos os meus pensamentos e pensar somente em meu oponente. Meu prmio na defesa pessoal minha vida. A luta perfeita aquela realizada antes que o oponente perceba o que est acontecendo. A defesa perfeita o ataque antes que o inimigo possa atacar outra vez. Conseqentemente, se eu for assaltado, eu retaliarei imediata- mente. Eu serei imprevisto e rpido. A velocidade minha salvao. Se meu atacante me atingir e derrubar, eu avaliarei as probabi- lidades, retomarei a iniciativa e retomarei a vantagem. Meu interesse deve ser permanecer vivo. Eu no fugirei. Se eu me achar sob agresso fsica e a mim no for favorvel, eu serei spero e resistente. Se eu tiver que disparar, dispararei com preciso. Se precisar usar minhas mos, as usarei com toda a fora que eu possuo e mais, quando eu tiver que golpear, golpearei duramente. Eu retrocederei,
atirarei e farei o que deve ser feito para sobreviver. Eu no golpearei depois que meu atacante estiver incapacitado, mas eu verei se ele foi neutralizado. Sobretudo, eu no morrerei nas ruas, ou em um beco, ou em qualquer outra parte. Eu sobreviverei, no apenas pela minha sorte, mas pelas minhas habilidades. EFEITOS TRAUMTICOS DOS ENCONTROS MORTAIS No a sociedade que deve orientar e salvar o h e- ri criativo; deve ocorrer precisamente o contrrio. Dessa maneira, todos compartilhamos da suprema provao o- dos carregamos a cruz do redentor, no nos momentos bri- lhantes das grandes vitrias da tribo, mas nos silncios do nosso prprio desespero . Joseph Campbell O heri de mil faces 4. 1 VTIMAS PSICOLGICAS DOS ENCONTROS MORTAIS Os governos geralmente estabelecem estudos sobre os custos de tragdias naturais ou humanas, guerra, segurana pblica, isso mensurado em termos financeiros, nmeros de militares ou agentes da lei mortos ou feridos. Porm, raramente essas estatsticas tentam e- dir os custos em termos de sofrimento individual. Os danos psicolgi- cos sos os itens mais caros da violncia, quando expressados em ter- mos humanos, como qualquer guerra, onde esto inseridos a guerra contra o crime, na qual esto envolvidos os rgos de segurana, h uma probabilidade maior de o militar ou policial se tornar uma vtima psiquitrica desses confrontos, do que morrer sob fogo do adversrioUma vtima psiquitrica ou psicolgica um combatente (te rmo genrico para toda atividade operacional militar ou policial) que no pode participar de aes e operaes devido a uma enfermidade mental. Essas vtimas psiquitricas ou psicolgicas dificilmente apre- sentam uma debilidade permanente, podendo voltar novamente s atividades operacionais, apesar de serem fortemente predispostas ao desenvolvimento da desordem do estresse ps-traumtico. A vitimizao real pode manifestar-se de muitas maneiras, v a- riando das desordens mais simples at as desordens do estresseps- traumtico complexo, porm o tratamento para muitas dessas manifes- taes envolve simplesmente retirar o policial do servio operacional (o que para o policial considerado castigo) ou lhe conceder dispensa temporria do servio. Todavia, as instituies policiais no se preocu- pam em fazer a vtima psiquitrica voltar vida normal, e sim, em vo l- tar ao servio operacional, sem se preocupar com as conseqncias. Na vida militar e na guerra existe uma sndrome denominada sndrome da evacuao, e envolve o trauma do afastamento da linha de combate, e na rea policial esse tipo de trauma tambm se mani- festa, pois o policial reticente no afastamento de sua linha de com- bate, considerando essa medida como arbitrria e como uma forma de castigo, fazendo com que os demais policiais tentem mascarar ou encobrir seus traumas. mister entender que o servio policial contnuo, sem mudan- as de setores e alternncia de funes que mais provoca traumas no policial e quando associada a um incidente crtico de encontro mortal, acaba por se tornar fatal para a sade mental dos policiais que, de o- dos os agentes da lei, so os que de uma forma ou outra so as maiores vtimas psiquitricas reais ou em potencial no servio policial2) A fase de erupo do choque Comea quando acaba o ti- roteio. Um policial pode experimentar alguns minutos de sintomas de choque, tais como: tremores, choro, nusea,hiperventilao e assim por diante. Essas so reaes de estresse que ocorrem algumas vezes quando se passa por uma situao de alto impacto e no se caracteri- zam sinais de fraqueza. Inicialmente, o policial pode ficar atordoado, desatento e per- turbado.
Pode haver um sentimento de descrena ou de dificuldade em compreender a realidade ou o significado do que acaba de acontecer. Pode ser difcil concentrar-se e lembrar-se de detalhes. Durante algu- mas horas ou mesmo alguns dias, o policial pode ficar com a adren a- lina alta e superestimulado, deixando-o tenso, ansioso, agitado ou irritadio. Esta alta de adrenalina pode fazer com que seja difcil dor- mir durante esta fase. importante lembrar-se que o policial ficar muito sensvel s reaes dos outros, especialmente em relao questo de sua unid a- de ou departamento. Ser crtico (por exemplo, o que voc fez? ) pode aumentar o trauma, enquanto uma reao de apoio (por exemplo: voc est bem?) contribui muito para acalmar o policial. Usualmente, parte das reaes de choque que consiste nas emoes relativas ao incidente e a percepo dessas emoes, torna-se embotada. Um policial pode sentirse emocionalmente desligado e insensvel, com rompantes ocasionais de ansiedade. H a tendncia de sentir-se como se estivesse no piloto-automtico apenas passando atravs das aes. Na verdade, no se experimenta o impacto emocio- nal completo de um incidente crtico imediatamente aps ele aconte- cer. Defesas psicolgicas, como a negao surge automaticamente para servir de escudo temporrio contra as emoes esmagadoras. Este perodo de erupo do choque pode durar alguns minutos, algumas horas, alguns dias, ou uma semana ou mais; diferente para cada n- divduo, mas usualmente dura dois ou trs dias. Por isto, importante conceder uma licena administrativa para um policial depois de um tiroteio e no deix-lo voltar rua, mesmo que ele diga que est se sentindo bem. Ele pode estar experimentando esta negao da emo- o. Por vrias razes, um policial no deve estar na rua quando ati n- gido por impacto emocional. 3) Fase da depresso Essa fase freqentemente mais lon- ga e sua severidade depende de alguns fatores, entre os quais: a personalidade de policial; a natureza do encontro mortal; a reao de sua unidade ou departamento; a reao da comunidade; sistema de apoio do policial. 4) Fase do impacto Independente do tempo, o impacto emocional da situao faz-se sentir. A alta de adrenalina se esvai, e, ao mesmo tempo, o policial experimenta uma depresso fsica e mental, que afloram as emoes originadas pelo incidente. Geralmente, apare- ce dentro de trs dias, embora alguns policiais experimentem uma reao retardada, no perodo de seis meses a um ano aps o incidente. Durante esta fase, o policial enfrenta sentimentos de vulnerabilidade e de mortalidade, originrios do incidente. Quanto mais vulnervel sen- tiu-se o policial durante o acontecimento, maior o impacto emocio- nal da situao. A sensao de vulnerabilidade muitas vezes provm de uma percepo da falta de controle sobre a situao. Um policial pode sentir-se forado a usar uma arma quando um suspeito no teria obedecido a ordens verbais e pode sentir-se revoltado por ter sido c olocado numa posio de vulnerabilidade, onde no havia outra escolha a no ser o uso da fora mortfera. Os policiais podem sofrer muitos tipos de reaes durante esta fase que, embora normal, faz alguns se sentirem com perda do controle emocional ou ficando maluco". Alg u- mas das reaes mais comuns listadas so: sensao aumentada de perigo; vulnerabilidade; medo e ansiedade em relao a confrontos futuros; raiva e/ ou revolta; pesadelos; recordaes ou pensamentos intrusos sobre o incidente; dificuldade para dormir; depresso; culpa; insensibilidade emocional; isolamento e afastamento emocional em relao aos outros; Atividade Policial e o Confronto Armado 97 dificuldades sexuais; reaes de estresse (por exemplo, dores de cabea, indi- gesto, dores musculares, insnia, diarria e ou priso de ventre); reaes de ansiedade (por exemplo, dificuldades de concen- trao, preocupao excessiva, irritabilidade, nervosismo); problemas familiares. 5) Fase da adaptao O policial comea a compreender, trabalhar com
o problema e a se ajustar ao impacto emocional da situa- o. A intensidade emocional tende a se suavizar ao longo do tempo, passando por um pico depois de algumas semanas e ento comea decrescer. Existe, muitas vezes, um grande questionamento interior durante este perodo. O policial repassa repetidamente a situao questiona se agiu corretamente ou havia alguma outra coisa que pode- ria ter sido feita e, ele se permite trabalhar o impacto emocional e no tenta suprimi-lo ou fingir que ele no existe. 6) Fase de aceitao alcanada usualmente entre duas dez semanas aps, mas pode levar mais tempo. possvel mesmo que essa fase s seja alcanada depois de meses, dependendo da situao, das conseqncias legais e administrativas, da quantidade de apoio da capacidade de adaptao do policial. Alcanada a fase de aceitao, o policial entende e aceita o que aconteceu e o que tinha de ser feito. Podem acontecer ainda pesadelos, recordaes e coisas semelhantes, mas o policial compreende as emoes subjacentes e est lidando construtivamente com elas. Com ajuda adequada e capacidade de adaptao, ele pode se tornar at mais forte. 4.3 FATORES QUE AFETAM A RESPOSTA Em regra, a reao emocional e as conseqentes seqelas de um evento com incidente crtico de confronto armado no atingem todos os envolvidos, e existe quase que uma diviso equnime quanto amplitude das experincias e sintomas posteriores, pois: 1/3 (um tero) das experincias apresenta poucas ou nenhu- ma reao; 1/3 (um tero) das experincias apresenta sintomas mode- rados; 1/3 (um tero) das experincias apresenta sintomas severos. No so todos os policiais que expostos a eventos crticos de confronto armado, desenvolvem sintomas, isso tambm no quer dizer que esses policiais so imunes ao evento. Na realidade, uma pessoa que passou por vrios incidentes crticos, sem efeitos, pode se achar imune ou vacinada ao aparecimento da tenso. O contrrio verdade, uma pessoa que apresentou sintoma por algum tempo e tratou-se de um incidente, pode achar que ela tem poucos sintomas depois de um evento traumtico. Na realidade, o efeito de qualquer sintoma em um policial pode ser uma mistura complexa de suas personalidade, com- binada com caractersticas especficas do prprio evento. Alguns fat o- res podem afetar a resposta de um policial aps um encontro mortal e que incluem: 1) Natureza do encontro mortal A natureza do confronto essencial para estipular o nvel de tenso, sendo que esse nvel de te n- so compreende o grau de envolvimento, o grau de controle da situa- o e do evento, o nvel de perda ou ameaa e principalmente a gravidade e dificuldade do evento, (salientando que essa dificuldade vari- vel de pessoa para pessoa). 2) Grau de tenso O grau de tenso contido em um ou mais encontros mortais pode ser avaliado pelos policiais, proporcionando condies para o mesmo desenvolver algumas medidas ou estratgias de conteno da tenso. 3) Fora doego/ estilo de conteno Todo indivduo possui um carter e personalidade diferenciados, e apersonalidade do indiv - duo moldada pelos padres genticos e experincias do passado. Alguns policiais tm mecanismos e conhecimentos mais apurados mais fortes, graus mais evoludos de conscincia e uma concepo filosfica e espiritual mais avanadas. Todas estas caractersticas alt e- raro os efeitos de um encontro mortal. 4) Experincia profissional A experincia passada ajuda o policial a decidir mais clara e positivamente em uma situao seme- lhante. Isto pode no s ajudar na sobrevivncia, como tambm evitar trauma emocional. 5) Proximidade da cena Quanto mais prximo e ntimo da cena do evento, maior ser o impacto no policial, sendo que a proxi- midade psicolgica pode provocar fortes efeitos.Freqentemente pode haver ligaes emocionais entre a cena e a vida do policial nas quaisele envolvido. O policial pode experimentar os sintomas de tenso e at mesmo relacionlos com o incidente em que viveu, mas pode encontrar-se como se estivesse
perdendo alguma parte do quebra- cabeas, porque no tem condies de fazer conexes com sua prpria vida. Muitas vezes estas ligaes precisam ser descobertas para que nvel de tenso baixe. Esta uma rea onde um profissional pode pr o- var ser muito til. 6) Tenso na vida particular bastante complexo e extre- mamente perigoso ao policial estar passando por situao de conflito ou crise conjugal ou familiar quando ocorrer uma situao de enfren- tamento mortal. A intensidade da tenso na vida do policial e como est sendo controlada pode ter um tremendo impacto nos efeitos da tenso acumulada. 7) Natureza e grau de apoio social disponvel A vontade do policial para aceitar esse apoio tambm importante e, se o policial repele as pessoas, com a idia que ele pode controlar a tenso, ento corre grande risco. Este apoio inclui todas as pessoas significantes na vida do policial: terapeuta, comandantes, chefes, amigos, profissionais e a famlia, sendo que esta desempenha um papel crucial. O grau de apoio, depende da vontade para escutar e a habilidade do policial para abrir e falar sobre o grau de resposta ao incidente so essenciais para diminuir o grau de tenso. 8) Interferncia da mdia A interferncia dos meios de c omunicao nas atividades policiais e a forma como os mesmos inter- pretam o evento so um fator de alta tenso para o policial, principal- mente pelo desgaste e pela exposio pblica qual submetido. 9) Sustentao e compreenso do comando As noes de apoio, de capacidade de compreenso do comando em relao a ocor- rncias policiais e em especial o senso de justia na anlise dos even- tos so fatores essenciais para que o policial possa agir com segurana e no desenvolva estresse ps encontro mortal, enquanto aguarda m e- didas restritivas do escalo superior. 4.4 TIPOS DE REAES APS ENCONTROS MORTAIS Aps encontros mortais surgem invariavelmente algumas rea- es no indivduo, conforme a natureza do evento, o nvel de tensoestresse do policial, seu estado emocional e outros fatores que influen- ciam seu estado. Essas reaes so: 1) Reaes emocionais As reaes emocionais que podem acontecer com policiais apsenfrentamento mortal so: medo; culpa; aflio; pnico; negao; ansiedade; agitao; irritabilidade; depresso; raiva intensa; apreenso; exploses emocionais; sentimento de opresso; perda do controle emocional; resposta emocional imprpria. 2) Reaes cognitivas: confuso; pesadelos; incerteza; hipervigilncia; suspeita de todos; imagens intrusivas; responsabilizando outros; dificuldade em resolver problemas pensamentos deficientes; ateno e decises deficientes; desorientao e deficincia de orientao. 3) Reaes fisiolgicas: frio; sede; fadiga; nuseas; desmaios; contraes musculares; vmitos; vertigens; fraqueza; dor no peito; dor de cabea; batimento cardaco acelerado; tremor muscular; ranger dos dentes; dificuldades visuais. 4) Reaescomportamentais: fuga; atos anti-sociais; dificuldade e inabilidade em descansar; vontade intensa em passear; dificuldade de movimento; mudanas na atividade social; mudana no padro de discurso; aumento ou perda do apetite; super alerta no ambiente; consumo aumentado de lcool; mudana nas comunicaes usuais. 4.5 SINTOMAS TRAUMTICOS APS ENCONTROS MORTAIS Ocorrido um encontro mortal, o policial pode ser submetido a alguns traumas mais profundos conforme regulado pelo Manual ame- ricano de sade mental DSM-IV, ou pelo Cdigo Internacional de doenas CID-10, da Organizao mundial de sade, e esses sintomas so: 1) Sintomas de reexperincia Os policiais sobreviventes de encontros mortais comumente continuam a reexperimentar seus trau- mas. Reexperimentar significa que o policial continua ter a mesmas sensaes emocionais, mentais e experincias fsicas ocorridas durante ou depois do trauma. Isto inclui pensamento sobre o trauma, vendo imagens do evento, sentimento agitado, e tendo as mesmas sensaes fsicas ocorridas durante o trauma.
Sobreviventes de trauma sentem agem como se o evento estivesse acontecendo outra vez: sentindo como se eles estivessem em perigo, experimentando sensaes de pnico, desejando escapar, aborrecendo-se, ou provocando ferimento em algum. Estando eles ansiosos e fisicamente tensos, podem ter dificuldade de dormir, e de concentrao. Essas experincias no so voluntrias; o sobrevivente usualmente no pode control-las. Areex- periementao mental do trauma pode incluir: memrias perturbadoras como imagens ou outros pensa- mentos sobre o trauma; sente-se como se o trauma estivesse acontecendo outra vez ; sonhos ruins e pesadelos; por qualquer motivo o policial v, escuta, sente cheiros, ou gostos relacionados ao trauma; ansiedade ou medo sentindo-se em perigo outra vez.; irritao ou sentimentos agressivos sentindo a necessi- dade de defender a si prprio; dificuldade de controlar as emoes porque lembretes conduzem para ansiedade repentina, raiva, ou aborreci- mento; dificuldade de concentrar-se ou pensar claramente; dificuldade de ficar desperto ou acordado; sentimento de agitao constantemente atento ao perigo; reao quando alguma coisa ou algum vem em sua dire- o ou por trs e no era esperado; sensao de tremor e suor; dificuldades de respirao. Por possurem esses sentimentos perturbadores, os sobrevi- ventes de trauma freqentemente agem como se estivessem em perigo novamente quando aparecem as lembranas de seu trauma. Policiais traumatizados freqentemente sentem que eles esto em perigo, mes- mo quando no esto, podendo ser excessivamente agressivos, reagem para se proteger mesmo quando no h necessidade. Isto acontece porque, quando ameaados, tm reaes fsicas naturais de luta ou vo, reao que os prepara para responder a perigos, sejam estes reais ou imaginrios. Embora os sintomas da reexperincia sejam desagradveis, eles so um sinal de que corpo e a mente esto ativamente lutando contra a experincia traumtica. Esses sintomas so automticos apreendidos como respostas contra lembrana do trauma. Os diferen- tes fatores e associaes ao trauma fazem rever o episdio e, por con- seqncia, o sentimento de perigo novamente. 2) Sintomas de vacncia Ao contrrio dareexperincia, este sintoma acontece muitas vezes no policial vitimado por um trauma de rejeitar os fatos que aconteceram no incidente crtico. Isso lhe provoca sofrimento, portanto pensamento sobre o trauma e sentindo-se como se estivesse em perigo ou em situao perturbadora, a pessoa deseja evitar lembranas. s vezes esto atentos e evitam lembrana do trauma de propsito e fazem isto sem compreender o que esto fazen- do. Os caminhos para evitar pensamentos, sentimentos e sensaes associadas com o trauma podem incluir: evitar pensamentos e memrias relacionados ao trauma; evitar conversas e manter distncia de lugares, atividades, ou pessoas que possam lembr-lo do trauma; dificuldade de recordar de partes importantes do que acon- teceu durante o trauma; anomia emocional ou sentir-se emocionalmente frio; dificuldade de sentimentos amorosos ou de sentir quais- quer emoes fortes; percepo de que as coisas que o cercam parecem ser s- tranhas ou irreais; sentindo-se estranho como no fosse a mesma pessoa; sentido-se desconectando do mundo que o cerca e das coi- sas que acontecem; evitando situaes que podem provocar uma reao em o- cional forte; sentindo sensaes fsicas sobrenaturais; sentimento de entorpecimento fsico; ausncia de dor ou outras sensaes. 3) Sintomas de intruso Os sintomas de intruso so consi- derados elementos fundamentais para tipificar a existncia da desordem do estresse ps-traumtico simples, mas no o suficiente para uma diagnose. Muitos policiais apresentam sintomas de intruso sem apresentar um DEPT completo. So cinco os sintomas, conforme classificao que se segue: recordaes aflitivas, recorrentes eintrusivas do evento, incluindo imagens, pensamentos ou percepes;
sonhos aflitivos e recorrentes com o evento; agir ou sentir-se como se o evento traumtico estivesse ocorrendo novamente (inclui um sentimento de revivncia da experincia, iluses, alucinaes e episdios de flashbacks dissociativos, inclusive aqueles que ocorrem ao despertar ou quando intoxicado); sofrimento psicolgico intenso quando da exposio a i n- dcios internos ou externos que simbolizam ou lembram algum aspecto do evento traumtico; reatividade fisiolgica na exposio a indcios internos ou externos que simbolizam ou lembram algum aspecto do evento traumtico. 4) Sintomas de estimulao Este sintoma da desordem por estresse ps-traumtico o mais grave de todos, pois se constitui em um trauma severo que pode causar no policial a sensao de perma- nente risco, mantendo-o em permanente sobressalto ou estado de guarda. So listados cinco sintomas de estimulao, sendo requeridos apenas dois para a diagnose, ou seja; a) Irritabilidade ou exploses de raiva exploses sbitas e incontrolveis de raiva so aparentemente normais em vtimas de e- sordem do estresse. Essas exploses podem ser explicadas como des- controles emocionais momentneos, que ocorrem em situaes ap a- rentemente insignificantes. Em geral o policial no aceita ou reconhece essas exploses emocionais, mais facilmente perceptveispelos amigos e familiares, sendo especialmente perigosos para os policiais que exercem policiamento ostensivo ou trabalho de investigao, isto , que exercem funes operacionais. Essas exploses sbitas podem conduzir a comportamentos agressivos e resultados imprevisveis, e, como impossvel terminar um turno de servio e arquivar o estresse, as exploses ocorrem em ambientes familiares e sociais com graves conseqncias; por isso os amigos e cnjuges devem ser muito pacien- tes para lidar com o policial. b) Dificuldade de concentrao considerado um dos sin- tomas mais irritantes para as vtimas devido inabilidade em concen- trar-se em qualquer tarefa. Essa dificuldade expressa no cumpri- mento de tarefas simples, como ler, elaborar um relatrio, descrever situaes, lembrar detalhes de um evento ou at mesmos dados para um simples depoimento. c) Hipervigilncia os policiais so por natureza, treinamento e experincia muito vigilantes, porm se faz mister identificar quando um policial com desordem do estresse tem poder para distinguir entre vigilncia policial normal e vigilncia excessiva, isto , posio de ateno acima do aceito como o normal. Dentro do padro de norma- lidade, qualquer policial percebe de imediato as coisas fora do lugar, movimentos leves das pessoas, porm quando com sintomas dehiper- vigilncia, ele excede a normalidade, observa os mnimos detalhes, os gestos diferentes, dorme pouco, sempre est em prontido e umain- controlvel sensao de estar permanentemente em guardad) Dificuldade de dormir os policiais com sintomas de e s- timulao apresentam grandes dificuldades em manter o equilbrio entre atividades normais e o perodo regular e reparador do sono, apresentam as seguintes caractersticas: (1) Insnia O policial com esses sintomas, apesar de estar sonolento incapaz de relaxar o suficiente para dormir e levanta freqentemente da cama para investigar som e barulhos, verificando portas e fechaduras. (2) Pesadelos Os pesadelos so normais em policiais com DEPT, e geralmente so relacionados com eventos traumticos que ocorrem durante suas atividades policiais. (3) Retrospecto comum a existncia desse sintoma no qual o policial sente e sonha sobre aspectos de eventos traumticos, so retrospectos rpidos sobres esses eventos e geralmente cheios de emoes. e) Resposta exagerada esse sintoma envolve um estado permanente e tenso quase inconsciente, na qual a pessoa responde rapidamente a qualquer fato que o assuste, como barulhos, sons, o- ques, sendo um sintoma extremamente perigoso para os policiais em servio, pois pode provocar incidentes graves quando chega
a esse nvel de estresse. 5) Sintomas complexos A desordem do estresse ps- traumtico complexo segue as mesmas concepes de diagnstico prevista no DSM IV para a desordem do estresse ps-traumtico, ou seja, a exposio a um evento traumtico no qual os seguintes quesitos estiveram presentes: a pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confron- tada com um ou mais eventos que envolveram morte ou grave feri- mento, reais ou ameaados, ou uma ameaa integridade fsica, pr - pria ou de outros; a resposta da pessoa envolveu intenso medo, impo- tncia ou horror, porm a pessoa desenvolveu outras caractersticas de diagnsticos muito mais complexas e que pode ser considerado um estresse pstraumtico, inclusive na sua durao, porm suas caracte- rsticas de diagnstico so muito mais abrangentes, dos quais desta- camos: 1) Alterao regular dos afetos e impulsos H nessa c a- racterizao uma profunda alterao nas formas de expresso dos afetos e impulsos da pessoa que desenvolveu o estresse pstraumtico, a qual apresenta as seguintes caractersticas: a) Regulao do afeto estabelecimento de padro de afeto em relao a outras pessoas, procurando evitar sentimentos excessivos; b) Modulao da raiva inabilidade para traduzir sentimentos de raiva em palavras e smbolos, envolve entorpecimento emocional; c) Auto-destruio envolve a transferncia do trauma contra ele prprio; d) Preocupao suicida sentimento de perda da auto-estima e necessidade de autodestruio atravs do suicdio, salientando que a taxa de suicdio direto e indireto maior entre policiais do que na populao civil. Entende-se como suicdio indireto a exposio a risco excessivo sem os cuidados de segurana, procurando ser atingido por outros; e) Tomada de risco excessivo exposio excessiva a risco de vida em eventos, sem os cuidados necessrios e sem a preocupao com os resultados, incluindo a morte; f) Dificuldade de relacionamento sexual diminuio da l i- bido ou a diminuio do interesse sexual. 2 ) Alteraes em ateno ou conscincia O paciente com desordem do estresse pstraumtico complexo tende a desenvolver alteraes em seu estado cognitivo com alteraes em sua capacidade na ateno e na conscincia, com graves conseqncias conforme as tipificaes abaixo: a) Amnsia perda temporria da memria, como sistema de defesa (sndrome da amnsia) relacionada ao evento traumtico. b) Episdios passageiros de dissociao despersonaliza- o dificuldade de integrar o trauma experincia pessoal, afetando os elementos sensoriais e somticos do trauma, que ativariam padres de respostas habituais e dando origem desordem de identidade. 3) Somatizao O policial com Desordem do Estresse Ps- Traumtico tende a desenvolver mecanismos de somatizao com efeitos variados no organismo como: a) No sistema digestivo reflexos fisiolgicos no sistema d i- gestivo com o surgimento de doenas relacionadas; b) Dor crnica somatizao de diversas dores que acabam se tornando crnicas; c) Sintomas de cardiopulmonares desordens fisiolgicascardiopulmonares, principalmente cardiolgicos e com graves conse- qncias; d) Sintomas sexuais a pessoa com traumas tende a apre- sentar sintomas sexuais fora do seu padro e que vai da apatia a u- danas de comportamento sexual. 4 ) Alteraes naautopercepo Os policiais com estresse ps-traumtico desenvolvem alteraes em sua capacidade de auto percepo, isto , em sua capacidade de compreenso da realidade dos fatos e apresentam os seguintes sintomas: a) Ineficcia sentimento de pouca valorizao e de inefic- cia em relao ao seu trabalho e at o conceito de outro; b) Dano permanente sensao de que os efeitos do trauma so permanentes e no existe cura; c) Culpa e responsabilidade permanente sentimento de que o evento ou seus efeitos foram de sua responsabilidade e o permanente sentimento de culpa; d) Vergonha sensao de vergonha pelo evento, por no p o- der resolv-la ou pelo estado (trauma) em que se encontra; e) Sentimento
de incompreenso profundo sentimento de ser ou estar sendo incompreendido pelos outros; f) Minimizao preocupao permanente em minimizar evento ou seu trauma, tentando dar-lhe pouca importncia (sensao mais comum no estresse pstraumtico). 5) Alteraes em percepo do agressor Os policiais com estresse pstraumtico complexo desenvolvem com tempo uma inte- ressante alterao de percepo em relao ao agressor e que pode variar de acordo com os fundamentos de seu trauma ou com cada situa- o especfica e que podem ser: a) Adoo de convices em relao ao agressor internali- zao de idias e sentimentos fortes sobre o qual deve ser o destino do agressor; (ex. deve ser perdoado, deve ser morto etc.); b) Idealizao do agressor sentimentos especiais em rela- o ao agressor que pode variar de uma simples simpatia at a paixo, incluindo a sndrome de Estocolmo; c) Preocupao em ferir o agressor sentimento de profundodio ou fortes sentimentos de destruir ou ferir a pessoa que o atingiu. 6) Alteraes em relaes com outros Entre os sintomas que se desenvolvem no policial com estresse pstraumtico comple- xo, est a alterao em relao aos outros, pois as pessoas com trauma tendem a modificar suas condutas conforme segue: a) Inabilidade em confiar nas pessoas perda da capacida- de e habilidade em se relacionar e tratar com outras pessoas; b) Revitimizaco tendncia em desenvolver o processo de revitimizaco, geralmente com evento da mesma natureza; c) Vitimizao de terceiros necessidade psicolgica de submeter outros ao mesmo instrumento estressor traumtico. 7) Alteraes no sistema de significaes O processo de socializao exige um sistema de smbolos e significaes que sofrem alteraes nas pessoas com traumas, sendo extremamente perigosas nas atividades profissionais como a do policial, no qual o sistema de significaes essencial. a) Desespero e estabelecimento da confiana estado psi- colgico alterado com estado de desespero do traumatizado e perda da confiana nos sistema e instituies vigentes; b) Perda da sustentao das convices estado psicolgico que consiste na perda das suas convices formadas, envolvendo as comportamentais, espirituais;