Sintaxe Portugues
Sintaxe Portugues
Sintaxe Portugues
Seja bem-vindo (a) à disciplina Morfossintaxe: período simples! Por meio dela, conhecerão os meandros
da formação de todo o período simples, o que crucial para o trabalho diário de todos vocês.
Bons Estudos!
A coordenação
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE ARTES E LETRAS
CURSO DE GRADUAÇÃO DE LETRAS/PORTUGUÊS
SINTAXE DO PORTUGUÊS
3º semestre
LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
Ministério da Educação
Fernando Haddad
Ministro do Estado da Educação
Maria Paula Dallari Bucci
Secretário de Educação Superior
Carlos Eduardo Bielschowsky
Secretário da Educação a Distância
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
Elaboração do Conteúdo
Magda Luiza Kessler
Professora pesquisadora/conteudista
Orientação Pedagógica
Elias Bortolotto
Fabrício Viero de Araujo
Gilse A. Morgental Falkembach
Leila Maria Araújo Santos
Revisão de Português
Enéias Tavares
Rejane Arce Vargas
Rosaura Albuquerque Leão
Silvia Helena Lovato do Nascimento
Ilustração e Diagramação
Evandro Bertol
Flávia Cirolini Weber
Helena Ruiz de Souza
Lucia Cristina Mazetti Palmeiro
Ricardo Antunes Machado
Suporte Técnico
Adílson Heck
Cleber Righi
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
Sumário
Unidade B - O LÉXICO.........................................................................................15
1. As propriedades do léxico...............................................................................................................15
1.1 Propriedades morfológicas dos itens lexicais...................................................................16
1.2 Propriedades distribucionais dos itens lexicais..............................................................16
2. Predicados e argumentos- papéis semânticos.........................................................................18
3. Tipos de argumentos........................................................................................................................21
Referências bibliográficas.....................................................................................................................23
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
Unidade A
NOÇÕES GERAIS
Introdução
Nesta unidade, vamos estudar alguns aspectos gerais da gramáti-
ca, tais como seu conceito e as abordagens mais conhecidas dos fatos
lingüísticos. A seguir, vamos tratar do objeto e dos objetivos do ensino
da sintaxe e verificar brevemente como a sintaxe se relaciona com
outro componente da gramática, a semântica.
Objetivos
Ao final desta unidade, os alunos deverão ser capazes de:
•• identificar as principais formas de abordagem dos estudos gramati-
cais;
1. Noção de gramática
Um dos conceitos de gramática que todos temos é o de um manu-
al com regras de bom uso da língua a serem seguidas por aqueles que
desejam expressar-se adequadamente. Essa concepção corresponde
à gramática normativa, que se preocupa com a prescrição de regras
para bem falar e escrever. Essa gramática trabalha com a noção de
certo e errado.
Outra concepção de gramática é aquela denominada de descri- FIQUE ATENTO
tiva, que se ocupa em descrever a estrutura e o funcionamento da
língua, a sua forma e função. Essa gramática consiste num conjunto É importante dizer que grama-
tical é a sentença produzida e
de regras depreendidas dos dados analisados pelo lingüista, segundo interpretada pelo falante nativo
determinada teoria, a fim de associar cada expressão de determinada e que agramatical é sentença
não produzida e não interpreta-
língua a uma descrição de sua estrutura e de estabelecer suas regras
da pelo falante nativo. Essas são
de uso. Essa concepção de gramática trabalha com a noção de grama- noções diferentes das noções de
tical e não-gramatical. certo e errado, usadas pela gra-
mática normativa.
Uma terceira concepção de gramática refere-se ao conjunto de
regras que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão ao falar.
Trata-se da gramática internalizada, que não depende de aprendiza-
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Sintaxe do Português
( 9) S- V- OD- OI
(10) OD- S- V- Circ.
(11) Circ._ V- S
(12) OD- S- V- OI
(13) S- V- OD- Circ.
(14) S- V- Circ.
(15) V- S- Circ.
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Sintaxe do Português
Mais uma vez, notamos que o verbo perder às vezes aceita a voz
passiva, às vezes, não. Esses casos mostram que não é possível gene-
ralizar a aplicação da passiva a toda a classe de verbos transitivos di-
retos. Esse princípio se aplica a outros verbos, como romper, queimar,
arranhar, etc.
Esse princípio aplica-se também aos chamados verbos psicológi-
cos, que denotam um estado emocional, como amar, chatear, preocu-
par, respeitar, etc. Vejamos os exemplos abaixo:
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Sintaxe do Português
Referências bibliográficas
B E R L I N C H , R . A . ; A U G U S T O , M . R . A ; S C H E R , A . P. S i n t a x e .
In:MUSSALIM.F.;BENTES, A.C.; Introdução à lingüística: domínios e
fronteiras.Vol. 1, 6ª ed. SP: Cortez,2006.
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Sintaxe do Português
Unidade B
O LÉXICO
Introdução
Nesta unidade, vamos tratar das propriedades do léxico, um dos
componentes essenciais da estrutura frasal, e de como o nosso conhe-
cimento lingüístico pode ser usado para nos orientar no trabalho de
análise da estrutura das sentenças de nossa língua.
Também vamos abordar especificamente o funcionamento sintá-
tico e semântico dos constituintes da oração, ou seja, o predicado e
seus argumentos, os tipos de argumentos e os sintagmas que com-
põem a frase do português.
No final desta unidade, os alunos deverão ser capazes de:
1. explicar as propriedades dos itens lexicais presentes nas estru-
turas frasais;
2. identificar a estrutura dos constituintes da oração, do ponto de
vista sintático e semântico.
1. As propriedades do léxico
Segundo Negrão, Scher e Viotti(2003), os falantes de uma língua
sabem que um certo item lexical pertence a uma determinada cate-
goria gramatical. Sabe, por exemplo, que a palavra gato é do mesmo
tipo que mesa ou homens e de um tipo diferente das palavras vender,
vendeu, venderia que, por sua vez, são do mesmo tipo que falar, fala-
mos, falaria. Uma evidência de que esse conhecimento não se deriva
do conhecimento do significado do item lexical em questão ocorre
quando expusemos um falante a sentenças com palavras inventa-
das, que não existem no dicionário da língua, mas que se comportam
como outros itens lexicais pertencentes a uma determinada categoria
de palavras. Esse falante reconhece que a palavra pertence à categoria
condizente.
Os autores (p. 83) apresentam um conjunto de sentenças que são
construídas com o item lexical plongar, palavra não encontrada em
nenhum dicionário da língua portuguesa:
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3. Tipos de argumentos
Como já vimos, as línguas naturais são usadas para a expressão do
pensamento, ou seja, elas se relacionam às representações mentais
que correspondem a determinados papéis semânticos ou temáticos
desempenhados pelos constituintes oracionais. Essa noção é impor-
tante porque nos permite fazer a representação conceitual entre even-
tos e objetos e as expressões a que se referem. A noção de papéis
temáticos foi introduzida por Fillmore, com a sua Gramática dos Casos
(1968). Esse autor acreditava que essa noção permitia suprir a insu-
ficiência das explicações dadas pela gramática tradicional a respeito
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pôs um poema.”
Referências bibliográficas
ABREU, A. S. Gramática mínima. Cotia, São Paulo: Ateliê Editorial,
2003.
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Sintaxe do Português
UNIDADE C
CONSTITUINTES FRASAIS
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1.1 SUJEITO
Sujeito é o termo da oração com o qual o verbo concorda. Na ora-
ção “Os jogadores partiram atrasados”, o verbo partir concorda com os
jogadores. Por isso, dizemos que esse termo é o sujeito da oração.
O sujeito em português manifesta-se, na maior parte das vezes
(sujeito prototípico- o que aparece de forma mais freqüente), como
AGENTE, HUMANO, DETERMINADO, conforme o exemplo acima: os
jogadores. Um exemplo de sujeito não-prototípico seria A fruta caiu da
árvore em que o sujeito não é humano e não é agente.
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LETRAS/PORTUGUÊS
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FIQUE ATENTO
b. Sujeito elíptico
Essa realização do sujeito costuma ocorrer quando, dentro de um
texto, o sujeito determinado é retomado mais adiante, no mesmo tex-
to, e desaparece como item lexical. Vejamos o texto a seguir:
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
1.3 PREDICADO
O predicado é tudo o que resta de uma oração, uma vez separado
o seu sujeito. Em uma oração como “Os rapazes fizerem um churrasco
no domingo”, se separarmos o sujeito os rapazes, o predicado será
prepararam um churrasco no domingo. Em uma oração como “Nevou
na serra neste inverno”, como não há sujeito, porque o verbo denota
fenômeno natural e é, portanto, impessoal, o predicado é toda a ora-
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Nesse caso, não podemos dizer que para mim seja complemento
de viajar, porque os complementos, como vimos, são funções sintá-
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Sintaxe do Português
a) Predicativo do sujeito
Como vimos no capítulo 2 da unidade B, além do verbo, os adje-
tivos também podem funcionar como predicadores. Isso significa que
um adjetivo pode ter uma estrutura argumental, que é de um argu-
mento apenas; esse argumento único exerce normalmente a função
semântica de objeto afetado ou experienciador. O adjetivo predicador
de oração recebe o nome de predicativo e seu argumento terá sempre
a função sintática de sujeito, se o adjetivo for o único predicador den-
tro da oração. Por isso, dizemos que ele é um predicativo do sujeito.
Vejamos os exemplos:
A rosa é amarela.
A criança era feliz.
A rosa é amarela
*A rosa é feliz
A criança era feliz
*A criança era amarela
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Sintaxe do Português
Predicado primário
[O presidente considera [ a economia excelente]].
Predicado secundário
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1.7 ADJUNTOS
a) Adjunto adverbial
Vimos que um verbo pode aparecer junto de adjuntos, isto é, cons-
tituintes que não fazem parte da estrutura argumental dos verbos. A
ausência desses constituintes não implica agramaticalidade para a es-
trutura.
Nas sentenças abaixo, exemplificamos alguns deles:
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
b) Adjunto adnominal
Qualquer nome (substantivo), independentemente da função
sintática que desempenhe na frase, pode vir acompanhado de deter-
minantes ou modificadores. De acordo com a Gramática Tradicional,
esses determinantes ou modificadores desempenharão a função de
adjuntos adnominais. Essa palavras da língua, que compreendem os
artigos, os pronomes adjetivos, os numerais e os adjetivos, serão tra-
tadas no próximo item, quando virmos a estrutura sintagmática dos
constituintes.
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Sintaxe do Português
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
A. O sintagma nominal
Um sintagma nominal compõe-se de um núcleo substantivo ou
pronome substantivo. Exemplos:
Esse núcleo pode ser modificado por elementos de três tipos: es-
pecificadores (artigos, pronomes demonstrativos, pronomes posses-
sivos), quantificadores (numerais ou pronomes indefinidos) e quali-
ficadores (adjetivos ou outros grupos nominais introduzidos por uma
preposição). Por exemplo:
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LETRAS/PORTUGUÊS
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1 Aposto
Denomina-se aposto o termo que modifica o núcleo de um sintag-
ma nominal e SE IDENTIFICA COM ELE. Vejamos o seguinte exemplo:
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LETRAS/PORTUGUÊS
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Exemplo:
2 Complemento nominal
Às vezes, o núcleo de um sintagma nominal é constituído por um
substantivo predicador. São os substantivos relacionais ou os dever-
bais (derivados de verbos), que possuem uma estrutura argumental.
Os modificadores desses núcleos predicadores materializam-se como
objeto afetado, paciente, resultativo, objetivo, dativo e locativo e são
denominados de complementos nominais. Exemplos:
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
FIQUE ATENTO
B. O sintagma adjetival
Os adjuntos adnominais podem ser representados por adjetivos -
os sintagmas predicativos, que vamos denominar de agora em diante
de sintagmas adjetivais (SA). Um sintagma adjetival tem como núcleo
um adjetivo, que, como ocorre com os demais tipos de sintagmas,
pode vir sozinho ou acompanhado de outros elementos: intensifica-
dores (intens.) e modificadores adverbiais (SPA), antepostos ao nú-
cleo, e sintagmas preposicionados, pospostos a ele. Vejamos alguns
exemplos:
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
C. O sintagma verbal
Os sintagmas verbais podem, muitas vezes, ser constituídos de es-
truturas complexas, ou seja, de mais de um verbo; assim como podem
conter apenas uma categoria lexical principal, denominada núcleo. O
núcleo de um sintagma verbal é o verbo principal, que é o responsável
pela estrutura argumental da oração. Exemplos:
D. O sintagma preposicionado
De maneira geral, o sintagma preposicionado é constituído de uma pre-
posição seguida de um SN: SP a prep + SN (lê-se sintagma preposicionado
reescreve-se como preposição mais sintagma nominal).
Souza e Silva; Koch (1986) propõem que o SP pode desempenhar múlti-
plas funções na oração. Vamos analisar algumas orações e explicar quais são
essas funções:
3. Ambigüidade estrutural
Às vezes uma sentença pode ter mais de uma interpretação, ou
seja, apresentar ambigüidade. Mesmo considerando a possibilidade
de que, num contexto apropriado, ela deixe de ser ambígua, cabe à
sintaxe verificar se a ambigüidade de uma sentença está associada a
diferentes estruturas. Vejamos alguns exemplos:
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Sintaxe do Português
(ii) Passivização
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Sintaxe do Português
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Sintaxe do Português
(ii) Passivização
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
Figura 1
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
núcleo (N). O SV, por sua vez, representa-se por meio do núcleo (V) e
de um outro SN (objeto direto). Dessa forma, temos a representação da
hierarquia dos constituintes da oração. Vejamos um outro exemplo:
Figura 2
Figura 3
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
Figura 4
FIQUE ATENTO
Figura 5
Cópula ou verbos copulativos
(5) O presidente anunciou novo pacote econômico. (Fig. 5) são os verbos ser e estar e os
demais verbos de ligação.
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Sintaxe do Português
Figura 6
Figura 7
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Sintaxe do Português
Figura 8
Figura 9
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Sintaxe do Português
Figura 10
Referências bibliográficas
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
UNIDADE D
OS CASOS
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
(2) a. Eu vi a Inês.
b. A Inês me viu.
c. A Inês olhou para mim.
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Sintaxe do Português
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LETRAS/PORTUGUÊS
Sintaxe do Português
Em (9) João não pratica ação nenhuma, uma vez que ele sofre a
ação de cair da escada. Contudo, ainda assim sabemos que esse cons-
tituinte é o sujeito, pois ele aparece anteposto ao verbo e recebe caso
nominativo da flexão de caiu. Logo, podemos definir a função sintática
sujeito no português como aquele constituinte que recebe caso nomi-
nativo, independentemente da função semântica que desempenha na
sentença.
Referências bibliográficas
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